Renováveis (edição 150 - Jul/2018)

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Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES

Ano 2 - Edição 25 / Julho de 2018

Energia solar heliotérmica

Aproveitamento de energia solar a partir de Sistemas de Concentração de Potência Solar (CSP) e tecnologias de geração disponíveis Energia eólica: Abeeólica antecipa discussões que acontecerão no Brazil Wind Power 2018 Energia solar: Geração centralizada e seu valor para a sociedade APOIO


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Fascículo

Renováveis

Por Leonardo S. R. Vieira, Ana Paula C. Guimarães e Pablo A. Lisboa*

Capítulo VI Geração heliotérmica: estado da arte e experiência do Cepel


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45

As plantas de geração termossolar produzem energia elétrica a partir da conversão da

energia solar em calor com alta temperatura, com emprego de diferentes arranjos de espelhos concentradores da radiação direta normal (DNI – Direct Normal Irradiance). A terminologia utilizada de forma genérica para essas tecnologias de aproveitamento da energia solar na produção de energia elétrica é “Sistemas de Concentração de Potência Solar”, mais conhecida pelo termo em inglês Concentrated Solar Power (CSP). O calor produzido pela concentração da energia solar é utilizado em um ciclo térmico convencional de potência, com emprego de turbinas a vapor ou a gás, ou com a utilização de motores Stirling. As aplicações cobrem uma faixa de potência bastante ampla (kW a MW) dependendo da tecnologia utilizada. Alguns sistemas prevêem o armazenamento térmico (TES - Thermal Energy Storage) para utilização durante períodos de baixa insolação ou até mesmo durante a noite. Os sistemas CSP se baseiam em quatro tecnologias: cilindros parabólicos (CP), torre central (TC), concentradores lineares Fresnel e discos parabólicos. Estas tecnologias encontram-se descritas resumidamente na Figura 1.

Figura 1 – Tecnologias de geração CSP [1].

O aproveitamento da energia solar a partir de tecnologias de CSP requer níveis elevados

de DNI, superiores a 1.800 kWh/m2/ano, condições topográficas adequadas, ventos de baixa velocidade e, para as aplicações de grande porte, é importante haver disponibilidade de infraestrutura de acesso (rodovias), disponibilidade de água para os sistemas convencionais de geração de vapor e limpeza dos espelhos além de acesso ao sistema interligado para conexão à rede.

Ressalta-se que a possibilidade de implementar sistemas TES é a principal vantagem das

plantas CSP em relação às outras fontes renováveis intermitentes, como solar fotovoltaica e eólica, pois fornece à planta a capacidade de produzir energia elétrica sempre que houver


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Renováveis

Figura 2 – Distribuição dos sistemas CSP operacionais, em construção e em planejamento no mundo [1].

demanda e de forma contínua (despachabilidade). O TES pode ser

integrado em cada uma das tecnologias comercialmente disponíveis em

crescendo. De acordo com o SolarPACES [1], atualmente, os projetos em

larga escala.

planejamento correspondem percentualmente, em termos de potência a ser

instalada, em 60,32% do tipo torre, 33,45% do tipo CP e 6,23% do tipo

Nas plantas sem TES, há necessidade de uma pequena fração

Nos últimos anos, porém, os projetos relativos à implantação de TC vêm

de combustível de backup com o objetivo de manter a estabilidade

linear Fresnel.

operacional de geração de energia elétrica.

A crescente integração dos TES às plantas CSP é notadamente observada

através dos cenários presente e futuro dos projetos existentes no mundo, Geração heliotérmica no mundo

os quais estão representados pelos valores percentuais seguintes [1]: 50% das plantas em operação possuem TES, 64% das plantas em construção

Atualmente, existem 94 sistemas CSP em operação no mundo

possuem TES e 100% das plantas em planejamento possuem TES.

totalizando uma potência instalada de 5.206 MW [1]. A Espanha e os

Estados Unidos respondem por 77,8% desse total com capacidades

incipiente. Embora, no território nacional existam regiões privilegiadas quanto

de 2.304 MW (44,26%) e 1.745 MW (33,52%), respectivamente,

ao nível de incidência da DNI para instalação de plantas dessa natureza,

liderando o ranking mundial de plantas em operação, sobretudo,

comparáveis ao sul da Espanha, os elevados custos da tecnologia ainda

porque, em ambos os países, foram estabelecidas políticas de incentivo

são proibitivos para aplicação no país quando comparados às outras fontes

que impulsionaram a aplicação da tecnologia CSP. Na Figura 2 estão

renováveis como solar fotovoltaica e eólica. Entretanto, existem, atualmente,

destacados todos os países que possuem plantas em operação, em

algumas iniciativas, tanto por instituições do governo quanto por instituições

construção e em planejamento, e suas correspondentes capacidades.

privadas, no sentido de fomentar e desenvolver estudos e projetos de

pesquisa em CSP no país. As iniciativas mais recentes envolvendo o Cepel

A tecnologia de CP é a mais utilizada, até o momento, por apresentar

maior maturidade e menor custo de potência instalada. A Figura 3

Em relação ao Brasil, o mercado referente às tecnologias CSP é ainda

estão descritas a seguir.

mostra a participação dos principais tipos de plantas CSP em operação no cenário mundial atual.

Custos estimados e potencial para redução dos custos

Os custos de CSP variam, dependendo da situação econômica específica

e dos níveis de DNI de um determinado local. Atualmente, o custo de geração de energia de sistemas desta natureza ainda é considerado elevado, embora venha diminuindo nos últimos anos. As informações da Figura 4 refletem o comportamento dos custos médios, no mundo [2]. Em 2011, o DOE (Departamento de Energia dos EUA) lançou a iniciativa SunShot para reduzir os custos totais da energia solar em 75% até o ano de 2020, visando atingir um valor de 0,06 US$/kWh. Embora dificilmente este valor possa ser obtido Figura 3 – Participação de potência instalada das tecnologias CSP em plantas operacionais no mundo.

até 2020, foi possível obter grande redução do custo ao longo deste período nos Estados Unidos. Por exemplo, em 2012 era registrado um custo de US$



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Renováveis

Figura 4 – Comparação do custo de CSP com outras tecnologias [2].

0,206/kWh para uma instalação com tecnologia de CP, operando com fluido de transferência de calor e TES. Em 2015, foi alcançado um valor de US$ 0,12/kWh para uma instalação com tecnologia de TC e TES de 10 horas [3]. Reduções de custo foram também observadas em outros países. Por exemplo, no Chile, recentemente foi realizada uma licitação com custo da energia solar de 0,068 US$/kWh para uma planta de 240 MW, 14 horas de TES e para uma DNI anual de 3.800 kWh/m2/ano.

Nos sistemas CSP, o capital é o principal elemento no custo de geração de

energia elétrica. Assim, de forma simplificada, o custo anual da geração pode ser estimado como sendo a relação entre o capital, anualizado a uma taxa de desconto, e a geração anual de energia elétrica, calculada pelo produto da potência nominal da usina pelo fator de capacidade anual da mesma. Dessa

Figura 5 – Potência acumulada instalada (GW) CSP desde 2008 até 2016 [3]

forma, o custo de geração pode ser reduzido: i) reduzindo-se o capital, ii)

de horas diárias). Na Figura 6, observa-se que os fatores de capacidade de

aumentando-se a produção anual de energia elétrica.

plantas sem TES (TES = 0) são inferiores a 30% e para plantas com TES = 15,

por exemplo, é possível aumentar o fator de capacidade para até 70%.

A exemplo do que ocorreu com os sistemas fotovoltaicos entre 1975 e

2015, para os quais se observou uma redução de aproximadamente 18% do custo dos painéis a cada vez que a produção dos painéis duplicava [4], também para a tecnologia CSP é esperada uma redução do capital em função do crescimento da potência total instalada. A Figura 5 mostra o aumento da potência acumulada instalada desde 2008 até 2016 [3].

O aumento da produção anual de energia elétrica de uma planta CSP tem

sido alcançado aumentando-se o fator de capacidade da planta, mediante a adoção de TES. A Figura 6 apresenta resultados de simulações realizadas pelo Cepel para usinas de 100 MW, para a localidade de Petrolina (PE), utilizando-se o programa SAM (Solar Advisor Model). Nestas simulações é avaliado o fator de capacidade da usina em função da área do campo solar (expresso pelo múltiplo solar) e do tamanho do TES (expresso pelo número

Figura 6 – Efeito da área do campo solar e do tamanho do TES no fator de capacidade da planta.


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Projeto Helioterm Escolha da localidade

Em 2010, foi realizado, pelo Cepel, um estudo de

caracterização de localidades potenciais para implantação de uma planta piloto CSP, que teve como resultado a identificação da cidade de Petrolina (PE) como a mais indicada, e, mais especificamente, de um terreno destinado a projetos de irrigação da Codevasf. Neste estudo foi realizada uma hierarquização de localidades na região do semiárido estabelecendo como critérios não apenas os índices de DNI, a existência de recurso hídrico e a proximidade de subestações, como também aspectos relacionados à infraestrutura local (universidades, escolas técnicas, rodovias, aeroporto, entre outros). O critério referente à infraestrutura foi considerado relevante por se tratar de uma planta experimental com objetivos específicos de P,D&I, além de constituir o marco inicial da criação de uma plataforma de pesquisa no Brasil para o desenvolvimento de diferentes tecnologias de energia solar. Por este motivo, a localidade escolhida não é necessariamente a mais adequada para instalação de uma planta comercial. No Brasil existem localidades com valores de DNI superiores ao local selecionado para a instalação da planta piloto.

A metodologia desenvolvida [5]

para a hierarquização de localidades e seleção da localização da planta piloto compreendeu as seguintes etapas: (i) obtenção de dados do número de horas de insolação, de mapas georreferenciados das rodovias e do recurso hídrico e de dados socioambientais das áreas consideradas mais promissoras; (ii) determinação da DNI através de modelos matemáticos; (iii) identificação e definição de critérios para hierarquização das áreas mais promissoras; (iv) hierarquização das áreas; (v) obtenção de dados adicionais nas áreas mais promissoras através de visitas técnicas e reuniões locais; (vi) diagnóstico ambiental preliminar; (vii) identificação de pontos principais nas áreas promissoras; (viii) definição da localização da planta piloto; (ix) disponibilização do terreno. Na Figura 7 está apresentado o gráfico resultante do estudo de hierarquização em questão.

Figura 7 – Hierarquização de localidades na região do semiárido para implantação de planta de pesquisa CSP.


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Características da planta-piloto

Renováveis DNI de 1.830 kWh/m2/ano [6] foi utilizado para o dimensionamento do campo solar na concepção da planta, de acordo com o Atlas Brasileiro de

O projeto da planta-piloto foi concebido para utilização da

Energia Solar. Nota-se que as médias anuais nos anos de 2015 e 2016

tecnologia de CP com capacidade de 1 MWe e contando com um TES

dos dados medidos na estação são superiores ao valor utilizado para o

de apenas dez minutos para a estabilidade operacional do sistema. As

dimensionamento;

características principais estão relacionadas a seguir: • Potência nominal: 1 MWe; • Temperatura do vapor : 375 °C; • Pressão do vapor: 40 bar; • Produção anual de energia líquida (estimada): 1.967 MWh; • Área dos espelhos: 9936 m²; • Número de coletores: 3 loops com 4 coletores cada; • Comprimento de cada coletor: aproximadamente 150 m.

A Figura 8 mostra um diagrama esquemático da planta-piloto.

Figura 9 – Resumo dos dados de irradiação coletados no período de junho de 2014 a março de 2017.

• Estabelecimento de um acordo de cooperação com a Univasf (Universidade Federal do Vale de São Francisco), em Petrolina, visando, essencialmente, à elaboração de pesquisas futuras ligadas ao Cresp; • Emissão de um termo de referência, pela agência municipal de meio ambiente (AMMA), específico para a elaboração de estudo técnico ambiental (ETA) de usinas heliotérmicas, como parte do Figura 8 – Diagrama esquemático da planta-piloto.

processo de licenciamento ambiental, que poderá ser utilizado de base para projetos similares.

Resultados obtidos com o Projeto Helioterm CRESP No Projeto Helioterm, embora não tenha sido possível iniciar a construção da planta piloto de 1 MWe, foram alcançados os seguintes

resultados, a seguir relacionados:

lançamento do Cresp em Petrolina pelo ministro de Minas e Energia,

Conforme já mencionado, em junho de 2017, foi realizado o

contando com a participação do Cepel e da Chesf. O terreno cedido • Consolidação da iniciativa de construção da plataforma experimental

pela Codevasf possui uma área de 45 hectares para a construção

de energia solar, denominada oficialmente de Centro de Referência em

de plantas solares, conforme indicação na Figura 10. Estão

Energia Solar de Petrolina (Cresp), no terreno cedido pela Codevasf. Em junho de 2017, deu-se o lançamento do Cresp pelo ministro de Minas e Energia, contando com a participação do Cepel e da Chesf. A planta de 1 MWe, planejada no Projeto Helioterm, é uma das instalações a serem construídas no centro; • Consolidação de uma especificação técnica, ainda inédita no Brasil, parte integrante de um processo de licitação para compra e construção de usinas CSP, incluindo informações sobre ensaios de comissionamento da instalação; • Instalação e operação de uma estação meteorológica classificada dentro dos padrões da Aneel para usinas heliotérmicas e obtenção dos dados medidos por um período completo de três anos, até o momento, em localidade distante 14 km do terreno destinado ao Cresp. Um resumo destes dados está apresentado na Figura 9. O valor estimado de

Figura 10 – Plantas solares previstas para compor o Cresp.


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Tabela 1 – Resultado das simulações

Potência

Múltiplo

TES

Altura da

Fator de

Área do

Energia

(MWe)

solar

(horas)

torre

capac.

campo solar

anual gerada

(m)

(%)

(hectares)

(kWhe)

2

1,5

3

61,3

21,60

6,78

3.295.589

3

1

0

61,3

13,10

6,78

3.006.398

3

1

0

52,9

13,10

6,59

3.003.662

2

1,5

3

41,5

19,60

6,84

2.981.757

1,5

1,5

3

41,6

21,10

6,10

2.409.758

1,5

1,5

5

41,6

20,8

6,10

2.381.435

1,5

1,5

3

47,8

20,7

5,51

2.368.683

contempladas a planta CSP de 1 MWe, com tecnologia de CP, uma

o desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados à

planta fotovoltaica de 3 MW integrada à rede e uma área livre para

implantação de sistemas CSP piloto no país que permitam acesso

desenvolvimento de projetos futuros. A planta fotovoltaica de 3

a esta tecnologia e forneçam subsídios técnicos para tomadas de

MW, cujo projeto está sendo desenvolvido pela Chesf, em parceria

decisões futuras. No ano passado, houve, por parte do Ministério

com o Cepel, conta com uma planta base de 2,5 MW, usando

de Minas e Energia, o anúncio oficial da iniciativa de construção da

tecnologia convencional para os painéis fotovoltaicos e uma planta

plataforma experimental de energia solar, denominada de Centro de

tecnológica de 0,5 MW, utilizando tecnologias avançadas de

Referência em Energia Solar de Petrolina (Cresp). Nesta plataforma

painéis fotovoltaicos.

estão contemplados projetos de plantas solares, de diferentes

tecnologias, incluindo a planta-piloto do Projeto Helioterm do

O Cepel realizou um estudo de viabilidade técnica para possíveis

configurações de uma planta-piloto CSP com tecnologia de TC para

Cepel.

ser instalada na área disponível do terreno, mostrada na Figura 10. Um estudo foi realizado por meio de simulações, buscando-se o

Referências bibliográficas

dimensionamento de uma planta que se adequasse às dimensões limitadas do terreno. Foi utilizado o programa SAM, buscando-se

[1] SolarPACES, 2018. <disponível em: http://www.solarpaces.

alternativas que fornecessem maior produção e menor custo de

org>

energia, considerando a limitação do terreno. O programa tem

[2] IRENA, Renewable Power generation Costs in 2017, Key findings

como resultados a altura da torre e a área do campo solar, além da

and Executive Summary, 2017.

produção anual de energia e o seu custo nivelado. Os resultados

[3] REN21, Renewables 2017 Global Status Report, 2017.

mostraram que a área disponível é adequada para a implantação de

[4] Varun Sivaram, & Shayle Kann, Solar Power Needs A More

uma das seguintes configurações: i) potência bruta de 2 MWe, com

Ambitious Cost Target, Nature Energy Volume1, Article Number:

TES de 3 horas, com múltiplo solar igual a 1,5; ii) potência bruta de

16036, 2016. <disponível em: https://www.nature.com/articles/

1,5 MWe, com TES de 3 ou 5 horas, com múltiplo solar igual a 1,5;

nenergy201636#f2>

e iii) potência bruta de 3 MWe, sem TES, com múltiplo solar igual

[5] VIEIRA, L.R.S., GUIMARÃES, A.P.C, BEZERRA. L.B., SERRA,

a 1. A Tabela 1 mostra as melhores configurações que são viáveis

E.T.I., FILHO, J.B.M., ESTUDO DE LOCALIZAÇÃO DE UMA CENTRAL

tecnicamente considerando a limitação da área.

HELIOTÉRMICA DE 1MW NA REGIÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, V CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR E V CONFERÊNCIA

Conclusão

LATINO-AMERICANA DA ISES – SÃO PAULO, 2012. [6] VIEIRA, L.R.S., GUIMARÃES, A.P.C, BEZERRA. L.B., SERRA, E.T.I.,

A expansão das plantas CSP em operação no mundo nos

FILHO, J.B.M., PROJETO BÁSICO DE UMA CENTRAL HELIOTÉRMICA DE

últimos anos e a queda dos custos da tecnologia, mesmo

1MW EM PETROLINA-PE, V CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR

que ainda de forma lenta em relação às outras tecnologias

E V CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DA ISES – SÃO PAULO, 2012.

renováveis, vem demonstrando o amadurecimento da tecnologia e o reconhecimento de seus valores, benefícios econômicos e confiabilidade, principalmente, quando associado ao armazenamento térmico.

Uma vez que o Brasil possui uma área privilegiada em termos

do recurso solar, tem se tornado cada dia mais importante

Leonardo dos Santos Reis Vieira, Ana Paula Cardoso Guimarães e Pablo de Abreu Lisboa são pesquisadores do Departamento de Materiais, Eficiência Energética e Geração Complementar (DME) do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel).


Energia Eólica

52

Elbia Gannoum é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

O Brazil Wind Power e a energia do futuro

Tecnologias disruptivas,

forma de gerar, consumir e

tanto a onshore como a offshore.

região Nordeste (mais de 57

choque de demanda de

distribuir energia.

De acordo com o Conselho

milhões de pessoas). O Brasil

energia, carros elétricos,

Global de Energia Eólica (Global

passou do 15º lugar no Ranking

baterias, parques híbridos,

empresas, associações e

Wind Energy Council – GWEC),

de Capacidade Instalada de

Indústria 4.0, desafios e mais

sociedade civil precisam

mais de 52 GW de energia

energia eólica em 2012 para

desafios. Estas são palavras

discutir tal futuro em

eólica limpa e livre de emissões

a 8ª posição no ano passado

cada vez mais frequentes nas

profundidade e temos muitas

foram adicionadas em 2017,

(dado GWEC). Importante ainda

discussões do setor elétrico,

perguntas a enfrentar. Que

levando o total de instalações

mencionar que, no ano passado,

considerando as grandes

mudanças regulatórias serão

a 539 GW globalmente. Além

a BNEF – Bloomberg New Energy

mudanças que esperamos ver

necessárias? Que novas

disso, com novos recordes

Finance estimou o investimento

num futuro nem tão distante

tecnologias serão utilizadas

estabelecidos na Europa,

do setor eólico no Brasil em

assim. Por isso, preparamos

no setor? Estamos preparados

na Índia e no setor offshore,

US$ 3,57 bilhões (R$ 11,4

a grade de discussões do

para o choque de demanda

os mercados retomarão um

bilhões), representando 58%

Brazil Wind Power 2018 com

que se avizinha como, por

crescimento rápido após 2018,

dos investimentos realizados em

a preocupação de discutirmos

exemplo, os veículos elétricos?

analisa o GWEC, frisando que

renováveis no País (eólica, solar,

exatamente este futuro

São muitos os desafios

a energia eólica está liderando

biomassa, biocombustíveis

que chega cada vez mais

e precisamos de todos

a mudança na transição para

e resíduos, PCH e outros).

rápido e que vai significar

engajados! A diversidade de

longe dos combustíveis fósseis

Considerando o período de 2010

profundas mudanças no setor

saberes e de opiniões será

e continua a impressionar em

a 2017, o investimento já passa

elétrico brasileiro. Uma das

fundamental para este futuro

competitividade, desempenho e

dos US$ 30 bilhões.

discussões mais interessantes

inovador.

confiabiliade.

e importantes que vamos ter

no Brasil, país que tem um dos

está relacionada com a quarta

para enfrentar, é importante

tem mostrado um crescimento

melhores ventos do mundo,

revolução industrial e o que

destacar que não há dúvidas em

consistente, passando de

é, portanto, de muito sucesso

estamos chamando também

relação a uma coisa: a crescente

menos de 1 GW em 2010

e de consolidada eficiência.

de Wind 4.0, uma nova fase

demanda de energia tem que ser

para 13,4 GW em agosto de

Temos certeza que estes bons

da indústria eólica que deverá

atendida com geração de fontes

2018, abastecendo cerca

ventos estarão também neste

responder às demandas deste

renováveis. E a energia eólica tem

de 67 milhões de pessoas,

futuro tão inovador para o

futuro cheio de novidades na

grande destaque neste futuro,

população maior que a da

setor elétrico.

Acreditamos que governo,

Com tantas perguntas

No Brasil, a fonte eólica

A história da energia eólica



Energia solar fotovoltaica

Ronaldo Koloszuk é presidente do Conselho da ABSOLAR.

54

Rodrigo Sauaia é presidente executivo da ABSOLAR.

O papel e o valor agregado da geração centralizada solar fotovoltaica para a sociedade* atingiu novo patamar de preços

energia a partir dos anos de

de contratação atualmente

anos e fortemente acentuado

no Brasil de R$ 145,68/

2021, 2022 e 2023 tiveram

utilizados pelo MME.

pela crise hídrica e pelo baixo

MWh (LEN A-4/2017) e R$

demanda total declarada pelas

A geração centralizada solar

volume nos reservatórios das

118,07 (LEN A-4/2018),

distribuidoras muito aquém

fotovoltaica tem hoje potência

hidrelétricas é que o Operador

conforme os resultados dos

das expectativas. Todos estes

nominal de aproximadamente

Nacional do Sistema Elétrico

dois últimos leilões de energia

leilões contratam energia menos

1.300 MW em operação no

(ONS) tem despachado por

dos quais a fonte participou,

poluente e mais barata do que as

Brasil, suficientes para atender

longos períodos termelétricas a

além de contribuir com outros

termelétricas a óleo combustível,

ao consumo residencial de cerca

óleo combustível, em especial

atributos importantes para

mas não em prazo ou volume

de 2 milhões de brasileiros.

na região Nordeste, a preços

o país: rápida implantação,

suficiente para solucionar o

Teremos aproximadamente

superiores a R$ 800,00/MWh

redução das emissões de gases

problema de recorrente despacho

3.700 MW de geração

(somadas a receita fixa e o custo

do efeito estufa, geração de

termelétrico identificado neste

centralizada solar fotovoltaica

variável pago ao gerador apenas

empregos locais e qualificados,

artigo.

em operação até o final de 2022,

se o ONS precisar operar).

contribuição ao atendimento da

com uma meta modesta de

Um fato presente nos últimos

Apesar das notáveis

ponta de demanda vespertina

qualidades e benefícios da

13.300 MW acumulados até

termelétricas a óleo combustível,

e no verão, possibilidade de

fonte solar fotovoltaica ao

2026, segundo o Plano Decenal

por motivos de segurança

prestação de serviços ancilares

Brasil, o MME excluiu a fonte

de Expansão de Energia 2026

energética, acaba onerando

ao sistema, entre outros. Em se

solar fotovoltaica do Leilão

(PDE 2026).

a sociedade brasileira, pois

tratando de rápida implantação,

de Energia Nova A-6 de

seus custos são arcados

é importante destacar que

2018, medida avaliada pela

quando comparados à necessidade

pelo Encargo de Serviços do

nos projetos mais otimizados

Associação Brasileira de Energia

de expansão da matriz elétrica

Sistema (ESS), pago por todos

é possível iniciar a operação

Solar Fotovoltaica (Absolar) e

brasileira. Os valores desapontam

os consumidores do país. A

comercial 30 meses depois da

pelo setor solar fotovoltaico

quando comparados aos números

operação destas térmicas é

data de realização do leilão, já

brasileiro como em desacordo

de outros países representativos

feita pelo ONS por necessidade,

incluído o período de construção,

com os princípios da isonomia,

no setor solar fotovoltaico: Índia,

e não por preferência, para

tipicamente de 8 a 12 meses.

transparência e coerência

com meta nacional de 100.000

mitigar o risco de suprimento da

defendidos pelo próprio MME

MW até 2022; Japão que já

demanda de energia elétrica dos

agosto de 2018 contratará

e pelo setor. Entende-se

ultrapassa 49.000 MW e com

consumidores.

energia para entrega a partir de

fundamental a inclusão da

meta de 200.000 MW até 2050;

2024. Outros leilões realizados

fonte solar fotovoltaica nos

China que ultrapassou 131.000

recentemente para entrega de

leilões A-6, principais veículos

MW já operacionais, com meta de

A operação destas

Enquanto isso, a geração

centralizada solar fotovoltaica

O leilão A6 previsto para

Tais valores são tímidos


Energia solar fotovoltaica Tabela 1 – Países com maior capacidade instalada anual e acumulada

55 213.000 MW até 2020; e EUA que passou a marca de 51.000 MW e com meta de 405.000 MW para a fonte solar fotovoltaica até 2030.

Para que o Brasil possa

avançar com protagonismo no desenvolvimento da fonte solar fotovoltaica, a Absolar recomenda ao MME e à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) uma meta realista de, pelo menos 30.000 MW até 2030, incluindo os segmentos de mercado de geração centralizada e geração distribuída Tabela 2 – Metas internacionais de energia solar fotovoltaica

solar fotovoltaica. A meta de 30 GW até 2030, com a qual o setor solar fotovoltaico brasileiro está disposto e preparado a trabalhar, representaria a atração de mais de R$ 100 bilhões em novos investimentos privados, com a geração de mais de 1 milhão de empregos qualificados, valores bastante significativos para o país. *Este artigo contou com a colaboração de Ricardo Barros, vice-presidente de geração centralizada da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).



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