Ano 11 - Edição 132 Janeiro de 2017
Mercado de fios e cabos elétricos Empresas preveem leve recuperação do setor para este ano. Desaceleração econômica ainda pode comprometer resultados
Desafios na proteção de microrredes Suplemento Renováveis Impactos da geração fotovoltaica na distribuição Novos fascículos: Aterramento elétrico Internet das coisas Manutenção de equipamentos elétricos Ensaios em instalações elétricas industriais
Sumário atitude@atitudeeditorial.com.br Diretores Adolfo Vaiser Simone Vaiser vCoordenação de circulação, pesquisa e eventos Marina Marques – marina@atitudeeditorial.com.br Assistente de circulação, pesquisa e eventos Bruna Leite – bruna@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho administrativo@atitudeeditorial.com.br Editora Flávia Lima - MTB 40.703 - flavia@atitudeeditorial.com.br Publicidade Diretor comercial Adolfo Vaiser - adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos publicitários Ana Maria Rancoleta - anamaria@atitudeeditorial.com.br Representantes Paraná / Santa Catarina / Rio Grande do Sul / Minas Gerais Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br (11) 3872-4404 / 99488-8187 Direção de arte e produção Leonardo Piva - atitude@leonardopiva.com.br Denise Ferreira Consultor técnico José Starosta
Suplemento Renováveis 47 Avaliação dos impactos técnicos e econômicos da geração solar fotovoltaica em Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica (SDEE).
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Agenda Cursos e eventos do setor.
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Painel de notícias Museu da Energia de Itu apresenta exposição sobre energia e cotidiano; Aneel quer investidores mais qualificados; MME abre consulta público para motores eficientes; Prysmian inaugura filial no Chile; Foxlux comemora 20 anos; ABB e Belo Monte fecham contrato de US$ 75 milhões. Estas e outras notícias sobre empresas, mercado e produtos do setor elétrico brasileiro.
Colaborador técnico de normas Jobson Modena Colaboradores técnicos da publicação Aléssio Borelli, Cláudio Mardegan, João Barrico, Jobson Modena, José Starosta, Juliana Iwashita, Luiz Fernando Arruda, Marcelo Paulino, Michel Epelbaum, Roberval Bulgarelli e Saulo José Nascimento. Colaboradores desta edição: Afonso Schreiber, Alan Rômulo Queiroz, Alberto De Conti, Alexandre Albarello, Alexis Rafailov, Benemar de Souza, Camila Zimmer, Diogo Dahlke, Eduardo César Senger, Fabio Retorta, Fábio Y. Niizu, Fernando Basseto, Henry Salamanca, Israel Resende Rodrigues, José Barbosa Oliveira, José Maurílio da Silva, Jovelino Simão Filho, Luciene Queiroz, Luiz Gamboa, Mateus Teixeira, Maurício Correa, Núbia Brito, Otávio Shiono, Pedro Block, Ricardo Scholz, Rinaldo Botelho, Rivanildo Soares, Rosane Ribas, Selma Oliveira e Vinícius G. de Oliveira Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude Editorial Ltda. A Revista O Setor Elétrico é uma publicação do mercado de Instalações Elétricas, Energia, Telecomunicações e Iluminação com tiragem de 13.000 exemplares. Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação, manutenção, industrias de diversos segmentos, concessionárias, prefeituras e revendas de material elétrico, é enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. Capa: Scharfsinn | Shutterstock.com Impressão - Ipsis Gráfica e Editora Distribuição - Correio Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda. Av. General Olímpio da Silveira, 655 – 6º andar, sala 62 CEP: 01150-020 – Santa Cecília – São Paulo (SP) Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.osetoreletrico.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br
Filiada à
17
Fascículos
40
Aula prática – Microrredes O desafio de se utilizar um sistema de proteção confiável que garanta seletividade e coordenação nas mais diversas condições operativas.
56
Pesquisa – Fios, cabos e acessórios Empresas deste mercado preveem leve melhoria para o setor, mas construção civil desaquecida e desaceleração econômica podem comprometer resultados.
68
Espaço 5419 Os cuidados na fixação dos condutores de um SPDA.
70 72 74 76 78
Colunistas Jobson Modena – Proteção contra raios José Starosta – Energia com qualidade Roberval Bulgarelli – Instalações Ex João José Barrico – NR 10 Plinio Godoy – Falando sobre a luz
80
Dicas de instalação Fusíveis HH de média tensão: interrompendo correntes e temperaturas.
84
Ponto de vista As vantagens da certificação de Leds.
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Editorial
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Capa ed 132.pdf
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2/7/17
7:32 PM
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Ano 11 - Edição 132 Janeiro de 2017
Mercado de fios e cabos elétricos Empresas preveem leve recuperação do setor para este ano. Desaceleração econômica ainda pode comprometer resultados
Desafios na proteção de microrredes O Setor Elétrico - Ano 11 - Edição 132 – Janeiro de 2017
11 anos
Suplemento Renováveis Impactos da geração fotovoltaica na distribuição Novos fascículos: Aterramento elétrico Internet das coisas Manutenção de equipamentos elétricos Ensaios em instalações elétricas industriais
Edição 132
Esta é uma edição comemorativa. Completamos neste mês de janeiro mais um ciclo. São 11 anos e a marca de 132
exemplares inéditos publicados. Religiosamente, a cada mês, uma nova revista sai do forno – algumas vezes no tempo certo, outras vezes, um tanto “passada”, com os fatídicos prazos extrapolados. Fato é que todo ano, a promessa se renova: neste ano, todas as revistas sairão no prazo! E haverão de sair – com exceção desta, é claro.
Caro leitor, gostaria de enfatizar que mais do que prazos, nosso compromisso é com a qualidade do conteúdo publicado.
Nos esforçamos sobremaneira para selecionar os melhores temas, os melhores autores e as melhores notícias para compor cada edição. O mês de janeiro marca não apenas nosso aniversário, mas também o período em que iniciamos novos fascículos e decidimos os principais temas a serem abordados durante todo o ano. É o tempo em que pensamos em mudanças, em novas seções, em assuntos interessantes e planejamos também novos negócios, novas investidas e estratégias.
Esta edição inaugura os temas a serem abordados pelos fascículos durante 2017. Aterramentos elétricos,
manutenção de equipamentos elétricos industriais, Internet das Coisas, ensaios de equipamentos elétricos e iluminação na prática são os assuntos eleitos como prioritários neste ano. Em artigos continuados, os maiores especialistas nestes assuntos contribuirão mensalmente para a formação e informação dos leitores. A proposta do fascículo é se tornar, ao fim de 12 ou seis artigos, uma espécie de curso a distância, em que o leitor que acompanha cada um dos artigos, tenha a oportunidade de aprender, aperfeiçoar seus conhecimentos e tirar dúvidas com os próprios autores – por intermédio da revista ou não. Assim, deixo aqui um importante conselho: aproveite este espaço dedicado ao seu aprendizado. Leia, colecione, releia e consulte o autor especialista se tiver dúvidas (críticas também valem).
Ademais, o Suplemento Renováveis volta a ser publicado – depois de uma breve pausa de dois meses – com os
principais artigos e notícias sobre o universo das fontes renováveis complementares eólica e solar. As perspectivas para estes dois tipos de geração são as melhores possíveis e queremos acompanhar essa evolução de muito perto.
Aproveito o espaço ainda para falar sobre o Circuito Nacional do Setor Elétrico (CINASE), congresso itinerante
promovido pela revista O Setor Elétrico que se propõe a levar conhecimento técnico de qualidade para os profissionais de diversas regiões do país. Entre os assuntos abordados pelo evento, estão: fontes renováveis, subestações elétricas, painéis de baixa e média tensão, transformadores, qualidade da energia elétrica, eficiência energética, aterramento, segurança e iluminação. As palestras são proferidas por profissionais do mais alto gabarito em suas áreas de atuação. Paralelamente ao congresso, há ainda uma exposição de produtos e tecnologias apresentadas pelas empresas patrocinadoras do evento. Neste ano, o CINASE passará por Goiânia (GO), Belém (PA) e Vitória (ES). Para saber a programação e as datas, basta acessar: www.cinase.com.br
Por fim, acompanhe a nossa publicação em todas as redes sociais: Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn. Basta
procurar por “Revista O Setor Elétrico” ou @osetoreletrico.
Boa leitura!
Abraços,
flavia@atitudeeditorial.com.br Redes sociais Acesse o Facebook e o Twitter da revista O Setor Elétrico e fique por dentro das notícias da área elétrica!
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Agenda 6 a 10 de março
Cursos
Proteção e seletividade em sistemas elétricos industriais
Descrição
Informações
O objetivo deste curso é fornecer aos participantes importantes conhecimentos sobre práticas e cálculos de faltas (curto-circuito) trifásicas, bifásicas, fase-terra, e por arco. O aluno deverá entender os fundamentos de TCs, TPs, das bobinas de Rogowski e dos principais dispositivos de proteção; e aprender como coordenar e tornar seletivos disjuntores, fusíveis, relés de proteção, etc.; entre outros tópicos.
Local: São Paulo (SP) Contato: (11) 3579-8768 treinamentos@engepower.com
28 a 30 de março
Formação de preços de energia no Brasil
Descrição
Informações
Compreender o processo de formação dos preços de energia no Brasil não é uma tarefa simples. Pensando nisso, o Centro de Treinamento e Estudos em Energia (CTEE) oferece um curso que objetiva fornecer uma completa visão da formação dos preços de energia e suas incertezas. O programa é constituído por três módulos - cada um com oito horas de duração – em dias consecutivos, estruturados de modo a fornecer aos participantes os conceitos fundamentais e as bases regulatórias das principais atividades do setor.
Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 3154-9400 www.ctee.com.br
Diagnósticos e ensaios em transformadores
25 a 29 de abril Descrição
Informações
Promovido pelo Lactec, o curso tem a proposta de ensinar como manusear os instrumentos de ensaios de maneira segura e adequada. Os estudantes conhecerão ainda os procedimentos de ensaios de campo para os transformadores de potência e de instrumentos. A carga horária é de 32 horas e o curso é direcionado a técnicos, engenheiros, supervisores e outros responsáveis por ensaios e manutenção de transformadores.
Local: Curitiba (PR) Contato: (41) 3361-6276 cursos@lactec.org.br
22 de março
Fórum de concessões, privatizações e PPPs em infraestrutura
Descrição
Informações
Reunindo concessionárias de infraestrutura, investidores de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrovias e geração de energia, bancos de investimentos e construtoras, o evento pretende garantir que os alicerces para o desenvolvimento de concessões e Parcerias Público-Privada (PPPs) sejam amplamente tratados sob a ótica jurídica, regulatória e de negócios. O fórum terá um formato interativo e contará com painéis de debates, com a participação de autoridades e agentes do setor. O público será formado por profissionais de diferentes áreas que buscam informações atualizadas sobre o processo de concessões de projetos de infraestrutura.
Local: São Paulo (SP) Contato: (11) 5051-6535 info@viex-americas.com
22 e 23 de março
Eventos
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Agenda Setorial
Descrição
Informações
Reunindo os principais nomes do setor elétrico brasileiro, entre órgãos públicos, empresas privadas e associações correlatas, a Agenda Setorial deverá discutir os principais assuntos relacionados ao segmento. Seu público alvo é formado por técnicos, analistas, consultores, profissionais liberais, estudantes, políticos e profissionais em geral que atuam no setor elétrico.
Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 3154-9400 www.ctee.com.br
4 e 5 de abril
6º Fórum Cenocon
Descrição
Informações
O 6º Fórum sobre Centros de Operação e Controle das Empresas de Energia Elétrica (Cenocon) discutirá os novos cenários e experiências em desenvolvimento sobre a transformação dos centros de operação e controle das empresas de energia. Entre os assuntos tratados, estarão os desafios para a operação do sistema elétrico, automação, fiscalização, novas formas de geração de energia, análise da operação e desempenho do sistema. O evento é direcionado a todos os profissionais que atuam nos setores de operação, engenharia, planejamento, projeto e demais áreas do mercado de energia elétrica.
Local: São Paulo (SP) Contato: (11) 3051-3159 rpmbrasil@rpmbrasil.com.br
Painel de mercado
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Notícias relevantes dos mercados de instalações elétricas de baixa, média e alta tensões.
O cotidiano transformado pela eletricidade Museu da Energia, em Itu (SP), apresenta exposição que reúne imagens históricas, objetos e curiosidades sobre a luz e mostra como a energia elétrica mudou a rotina dos brasileiros ao longo do tempo
Localizado no centro histórico de Itu, o
Museu da Energia é um dos principais pontos turísticos da cidade. Instalado em um sobrado do século 19, o espaço reabriu o seu piso superior, recém-remodelado com a exposição “História, Energia e Cotidiano”. A mostra de longa duração apresenta nova ambientação, com maquetes, imagens, objetos e curiosidades, destacando como os novos modos de iluminar e a chegada da eletricidade mudaram a vida cotidiana e doméstica dos brasileiros. O casarão que hospeda, atualmente, o Museu da Energia foi uma das primeiras residências ituanas a receber iluminação elétrica. Com a popularização da iluminação artificial elétrica, a rotina dos brasileiros mudou gradativamente, especialmente, os momentos
Sobrado ocupado pelo Museu da Energia foi um dos primeiros a receber luz elétrica no século XIX.
de despertar e de se recolher. A exposição busca, dentro desta perspectiva, revelar a
informações sobre as técnicas construtivas e as
na Rua Paula Souza, 669, Centro, e pode ser
evolução da iluminação, dos equipamentos e
ocupações do sobrado;
visitado de terça a domingo, das 10h às 17h e
dos utensílios domésticos.
"As Cias. de energia" - painéis expositivos e
os ingressos custam R$ 4,00.
"História, Energia e Cotidiano" revela ao
objetos que narram a trajetória das companhias
visitante como a energia elétrica participou das
de energia que ocuparam o sobrado durante o
A Fundação
intensas transformações do último século que
século XX;
influenciam, até hoje, o comportamento em
"As formas de iluminar" - composta por
em várias regiões do Estado de São Paulo por
sociedade, ao proporcionarem um estilo de vida
objetos
antes
meio da sua rede de museus (São Paulo, Itu
de maior conforto e praticidade.
da implantação da energia elétrica, como
e Salesópolis). Além disso, a partir do Núcleo
O público poderá conferir ainda a
lamparinas e luminárias. Também há um jogo
de Documentação e Pesquisa, a Fundação
memória arquitetônica e a história do antigo
sobre a instalação elétrica;
promove ainda ações culturais e educativas que
sobrado onde está instalado o Museu
"Sociedade e consumo: tarefas domésticas"
reforçam conceitos de cidadania e incentivam
da Energia, construído em 1847, com as
- por meio de propagandas e objetos, apresenta
o uso responsável de recursos naturais,
técnicas de taipa de pilão e pau a pique. O
a evolução dos eletrodomésticos e o papel da
trabalhando nos eixos de história, ciência,
casarão passou por diversas ocupações e
mulher na sociedade;
tecnologia e meio ambiente. Para saber mais:
modificações ao longo do tempo, tendo sido,
"Sociedade e consumo: lazer" - sala de visitas
www.museudaenergia.org.br
inclusive, uma agência da antiga companhia
dos anos 50 que explora as primeiras formas de
de energia Light & Power.
lazer proporcionadas pela energia elétrica;
de
iluminação
doméstica
A Fundação Energia e Saneamento atua
"Um século de transformações" - por
A mostra
meio de maquetes, mostra a evolução das
A mostra é constituída por objetos e
residências com o uso da energia elétrica
imagens do acervo da Fundação Energia e
durante o século XX; conta com painéis
Saneamento e dividida em seis salas temáticas:
expositivos, objetos e um jogo eletrônico sobre sustentabilidade.
"O sobrado no século XIX" - ambiente que representa uma sala de visitas oitocentista, com
O Museu da Energia de Itu está localizado
Uma das salas temáticas da exposição.
Painel de mercado
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Aneel quer investidores mais qualificados Para isso, Agência pretende melhorar remuneração e prazo dos contratos de energia
O setor elétrico não é para aventureiros,
diz Romeu Rufino, diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para atrair investidores mais qualificados e garantir que as usinas elétricas e as linhas de transmissão de
energia
necessárias
ao
país
sejam
erguidas, a Aneel pretende mudar as regras de remuneração de concessões e oferecer prazos mais realistas. “Temos que atrair gente com expertise, conhecimento e nível de compromisso. Hoje o empreendedor se lança em aventuras e depois corre atrás para viabilizar projetos. O setor elétrico não pode conviver com esse tipo de risco”, afirmou o diretor Rufino.
Ele admite a necessidade de estabelecer
critérios mais rigorosos de seleção dos participantes dos leilões de energia. “Tanto em geração como transmissão de energia, aconteceram vários casos em que tivemos que revogar obra em que o empreendedor sequer havia começado. Significa que o processo de seleção não foi bem-sucedido”. O dirigente se referia a casos como o da empresa de transmissão espanhola Abengoa, que entrou em recuperação judicial em 2016 no Brasil e interrompeu a construção de cerca de cinco mil quilômetros de linhas de transmissão. Rufino afirma que a Aneel estuda leiloar novamente os ativos, mas
depende de autorização judicial para levar a
mas as linhas de transmissão não. E vice-versa.
iniciativa adiante.
Concatenar tudo isso é um desafio”.
Uma das medidas de melhoria mencionadas
Para facilitar o processo, Rufino disse
por Rufino é criar condições financeiras mais
que o papel fiscalizador da agência será
atrativas, “deixando claro nos editais qual será
flexibilizado com abordagens preventivas e
a matriz de risco para o empreendedor e uma
de orientação quanto aos procedimentos a
remuneração adequada”. A redefinição dos
serem seguidos. “Mas quando for necessária,
prazos dos projetos também foi abordado pelo
a atuação da agência será punitiva”, ressalta.
dirigente. “Para usinas estruturantes, como é
Em relação às distribuidoras de energia, Rufino
o caso de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau,
disse que a agência vai flexibilizar as regras de
vamos colocar prazos realistas porque sabemos
privatização de seis companhias deficitárias da
ser um grande desafio construir projetos desse
Eletrobrás no Norte e Nordeste. “Vamos fazer
porte”.
a transferência do controle societário com um
O rigor maior na gestão dos contratos foi
novo contrato de concessão, que não vai ser
um ponto que Rufino chamou a atenção. “Temos
radicalmente diferente do modelo atual. Para
que garantir a efetividade das contratações,
que elas continuem operando, terão acesso
pois o atual nível de inadimplência dos contratos
a financiamento em condições especiais para
de concessão torna impossível de se trabalhar.
equilibrar minimamente o fluxo de caixa”, detalha
Tem caso de usina de geração que fica pronta,
Rufino.
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Motores eficientes Ministério de Minas e Energia abre consulta pública sobre eficiência energética de motores elétricos trifásicos
O Ministério de Minas e Energia colocou
em Consulta Pública a regulamentação específica dos Motores Elétricos Trifásicos de Indução Rotor Gaiola de Esquilo. A consulta visa receber contribuições para instituição de regras para motores fabricados e comercializados no país, buscando a melhoria da eficiência energética desses equipamentos, utilizados em grande escala na indústria nacional. No campo de “Consultas públicas”, no site do MME (www.mme.gov.br), é possível ter acesso ao relatório de estudo sobre impacto de regulamentação de motor premium como mínimo a ser exigido para fabricação, importação e comercialização dos motores de indução trifásicos no Brasil. O estudo atende à 24ª Reunião do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE) e analisou o efeito desta regulamentação em diversos setores produtivos. Os Consulta
interessados Pública
em
deverão
participar deixar
da suas
contribuições, mediante cadastro prévio, até o dia 08 de março de 2017.
Motores de indução trifásicos
Os motores elétricos de indução trifásicos
são os equipamentos de uso final responsáveis por processar a maior parcela de energia elétrica. Mesmo
sendo
máquinas
intrinsecamente
eficientes, constituem-se como um grande potencial de conservação de energia, seja pela grande quantidade de motores instalados, seja pela aplicação ineficiente dos mesmos. A proposta de novos níveis mínimos de eficiência energética para os motores fabricados e comercializados no país com a consequente retirada dos menos eficientes do mercado é uma política pública eficaz e impactante para promover o uso mais eficiente de energia elétrica atendendo as metas do planejamento energético estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia.
Painel de produtos
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Novidades em produtos e serviços voltados para o setor de instalações de baixa, média e alta tensões.
Cabo para energia solar
Fita isolante líquida
www.condumax.com.br
www.quimatic.com.br
Tendo em vista o crescimento da geração de energia solar
A novidade da Quimatic Tapmatic é a fita isolante líquida em
fotovoltaica no país, a Condumax foi uma das primeiras companhias
embalagem econômica de 16 g. Com linhas mais modernas e
a investir em produtos especiais
sofisticadas, a nova embalagem é mais atrativa para venda de prateleira.
para esta aplicação. O Solarmax
é um cabo desenvolvido para
para o usuário que realiza pequenos reparos e deseja comprar
ser empregado em sistemas
somente o necessário para a manutenção. “Com o produto, fica
fotovoltaicos e está em
muito mais prático e seguro fazer aquela instalação do chuveiro,
conformidade com as normas TUV
colocar luminárias no jardim e isolar fios em geral, já que o prático
2Pfg 1169: 2007 e EM 50.618:
bico aplicador permite chegar em locais que a fita isolante adesiva
2014. A certificação (voluntária)
não alcança, evitando assim o risco de infiltrações e curtos-circuitos.
assegura que o produto atende aos
A aplicação de 1 mm de espessura isola circuitos de até 6500 V”,
padrões internacionais de qualidade,
explica o químico sênior da Quimatic Tapmatic, Marcos Pacheco.
segurança e durabilidade.
materiais elétricos e de construção em bisnagas de 16 g e de 50 g,
Segundo a empresa, os cabos
De acordo com a empresa, a nova embalagem é mais vantajosa
O produto pode ser encontrado em home centers e em lojas de
são utilizados em todo o sistema
somente na cor preta. Há ainda a versão em lata de 200 ml, neste
fotovoltaico, desde a interligação
caso, em diversas opções de cores: preta, vermelha, azul e branca,
dos painéis solares, passando
além de incolor, para combinar com todas as fiações.
pelos controladores de carga e os inversores, até chegar à bateria, onde é armazenada a energia.
O Solarmax é isento de metais
pesados em sua composição, atendendo às diretivas europeias Rohs (2000/53 CE e 2002/95 CE) e lista GADS. Além disso, não são halogenados (baixa emissão de fumaça).
Resistente a intempéries, o cabo Solarmax é projetado para durar em torno de 25 anos.
Fita isolante líquida está disponível em bisnagas de 16 g e 50 g.
Cabos não halogenados www.cobrecom.com.br
A Cobrecom reforça para o mercado a sua linha de cabos não halogenados,
a família Superatox, constituída pelos cabos Superatox Flex 70 °C e o Superatox HEPR 90 °C para até quatro condutores. O primeiro é indicado para tensões nominais de até 450/750 V e é composto por fios de cobre nu, eletrolítico, têmpera mole e encordoamento classe 4 (flexíveis). O produto está disponível nas seções nominais 1,5 mm²; 2,5 mm²; 4 mm² e 6 mm².
O cabo Superatox Flex HEPR 90 °C para 1, 2, 3 e 4 condutores é usado
Família Superatox de cabos não halogenados.
em circuitos elétricos com tensões nominais de até 0,6/1 kV e tem como grande diferencial o fato de ter sua isolação em HEPR, que permite temperaturas de até 90 °C em regime permanente de trabalho, 130 °C em caso de sobrecarga e 250 °C quando em curto-circuito. Já o cabo Superatox Flex HEPR 90 °C é formado por fios de cobre nu, eletrolítico, têmpera mole e encordoamento classe 5 (flexíveis). De acordo com o fabricante, a isolação HEPR oferece maior resistência à ionização do que os compostos em PVC e polietileno e apresenta baixa dispersão dielétrica.
Painel de empresas
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Um giro pelas empresas que compõem o setor elétrico brasileiro.
Grupo Prysmian inaugura filial no Chile Proposta da companhia é expandir seu alcance no país e reforçar a marca no mercado sulamericano
Para o CEO da Prysmian, Marcello Del Brenna, a proposta da filial no Chile é fortalecer as relações em nível local e regional.
Com o objetivo de ampliar a atuação
mais fácil e eficiente o acesso a toda a
da empresa no mercado sulamericano, o
gama de produtos do Grupo”, diz Germán
Grupo Prysmian anunciou a criação de
Aparicio, diretor executivo da Prysmian
uma filial na China totalmente operacional.
Chile.
Inicialmente, a Prysmian Chile irá operar
por meio de um centro de distribuição
mundo oferecendo soluções em cabos
disponibilizando todo seu portfólio de
de energia e de telecomunicações. Conta
produtos ao mercado local.
com quase 140 anos de experiência,
A empresa já comercializava seus
vendas de cerca de € 7,5 bilhões em 2015,
produtos no mercado chileno há mais de
mais de 19 mil funcionários em 50 países
três décadas, mas decidiu abrir legalmente
e 88 fábricas. O Grupo atua nos negócios
uma unidade local para expandir seu
de cabos subterrâneos e submarinos e
alcance no país. “A primeira prioridade da
sistemas de transmissão e distribuição
Prysmian Chile é ficar perto dos clientes
de energia, de cabos especiais para
chilenos, fortalecer as relações em nível
aplicações em diversas indústrias e de
local e regional, tornar os produtos e
cabos de média e baixa tensão para os
serviços de alta qualidade disponíveis, com
setores de construção e infraestrutura.
um olhar atento a todas as oportunidades
Para o setor de telecomunicações, o
de crescimento que possam surgir neste
Grupo fabrica cabos e acessórios para
país dinâmico”, afirmou o CEO da empresa
transmissão
na América do Sul, Marcello Del Brenna.
oferecendo uma ampla gama de fibras
ópticas, cabos ópticos e cobre e sistemas
“Este novo marco traz à Prysmian uma
maior proximidade aos clientes, tornando
O Grupo Prysmian atua em todo o
de
de conectividade.
voz,
vídeo
e
dados,
Painel de empresas
16
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Foxlux comemora 20 anos Em março deste ano, Grupo Foxlux completa 20 anos de atividades e celebra a marca de 800 produtos no portfólio Constituída pelas marcas Foxlux e UD Mais,
vantajosa: os dois lados têm que ter vantagens
o Grupo Foxlux está completando 20 anos de
na relação, caso contrário, ela não é válida”,
existência no próximo dia 10 de março, com
analisa o diretor geral e fundador da Foxlux,
um portfólio que incorpora lâmpadas, materiais
Paulo Velloso Ribeiro.
elétricos, ferramentas e utilidades domésticas.
O diretor afirma ainda que, apesar
A empresa começou sua história em
dos momentos tempestuosos enfrentados
1997 com a comercialização de lâmpadas
pela macroeconomia e das dificuldades de
tubulares fluorescentes e chega, ao fim de
empreender no Brasil, a Foxlux chega aos 20
duas décadas, com duas marcas e cerca de
anos com um crescimento sólido e constante.
800 produtos no catálogo. De acordo com
Para
a empresa, as duas marcas estão presentes
colaboradores é fundamental para o sucesso
hoje em mais de oito mil estabelecimentos
da empresa. Logo, as comemorações de
comerciais em todo o país.
aniversário foram direcionadas, principalmente,
o
diretor,
a
participação
dos
Em um cenário cada vez mais competitivo
para eles. A festa de final de ano foi uma delas.
e oscilante, as empresas necessitam de sólidos
Outras ações estão sendo organizadas ao
pilares para a sustentação e crescimento do
longo desse primeiro trimestre do ano, como
negócio. “Desde o começo, eu e os sócios
café da manhã especial de boas-vindas, entre
que me acompanharam em algumas etapas
outras festividades.
da história da Foxlux sempre pautamos nosso
crescimento na ética e na transparência do
primeira fábrica, a unidade de cabos coaxiais,
relacionamento. Ou seja, a contrapartida
que em 2016 recebeu novos investimentos
de uma relação comercial deve ser sempre
para aumentar sua capacidade produtiva.
Em 2015, o Grupo Foxlux inaugurou sua
ABB e Belo Monte fecham contrato de US$ 75 milhões Transformadores de ultra alta tensão serão entregues e levarão energia para 10 milhões de pessoas
A ABB recebeu pedido de cerca de US$
são um dos focos de nossa estratégia Next
75 milhões para fornecer transformadores
Level. Nossos transformadores conversores
conversores com tecnologia de ponta para
vão possibilitar a integração de fontes de
a conexão de Belo Monte, que realizará
energia renováveis e transmissão de energia
a transmissão de 800 kV de ultra alta
limpa para milhões de pessoas, a longa
tensão em corrente contínua (UHVDC). A
distância e com perdas mínimas, de forma
conexão, de 2.518 km, irá transmitir energia
confiável e eficiente", afirma o presidente
limpa gerada no norte do Brasil, a partir da
da divisão Power Grids da ABB, Claudio
subestação Xingu para a subestação Rio, no
Facchin.
sudeste.
Para a conexão UHVDC de Belo
Os transformadores serão capazes de
Monte, o fornecimento da ABB inclui 14
transportar até 4000 MW - o suficiente para
transformadores conversores de 400 MVA, de
fornecer energia para aproximadamente
400 kV, e outros equipamentos relacionados.
10 milhões de pessoas, com base na
Os transformadores conversores estão entre
média nacional de consumo. O pedido foi
os componentes mais vitais em um sistema
registrado no quarto trimestre de 2016.
de transmissão, permitindo a confiabilidade e
a estabilidade da energia da rede.
"As tecnologias de ultra alta tensão
18
ATERRAMENTO ELÉTRICO Rinaldo Botelho, Rosane Ribas e José Maurílio da Silva Capítulo I – Introdução • ABNT NBR 16254-1 • Melhoramento do solo • Corrosão
Ensaios em instalações elétricas industriais Mateus Teixeira, Luiz Gamboa, Pedro Block, Otávio Shiono, Ricardo Scholz,
24
Diogo Dahlke, Henry Salamanca, Alexandre Albarello e Fábio Retorta Capítulo I - Introdução • Ensaios elétricos em instalações industriais • Ensaios de aterramento • Metrologia na indústria • Qualidade da energia elétrica • Eficiência energética na indústria
INTERNET DAS COISAS
32
Vinicius de Oliveira, Fábio Niizu e Fernando Basseto Capítulo I – Introdução • O nascimento da Internet das Coisas (IoT) • A terceira onda da internet • Tecnologias da IoT • Cenários e perspectivas
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
36
Alan Rômulo Queiroz, Eduardo César Senger e Luciene Queiroz Capítulo I – Estratégia de manutenção de equipamentos elétricos baseada na filosofia de operações integradas – Apresentação e breve histórico • A evolução da manutenção industrial • Manutenção centrada em confiabilidade • Manutenção produtiva total
Fascículos
Apoio
Apoio
Por Rinaldo Botelho, Rosane Ribas e José Maurílio da Silva*
Aterramento elétrico
18
Capítulo I Introdução
A proposta desta série de artigos é levar
alinhadas à evolução do conhecimento e
aos leitores o conhecimento obtido ao longo
dos dispositivos e equipamentos que devem
do tempo e detalhar pontos importantes de
ser protegidos.
cada norma ligada ao assunto “aterramento elétrico”.
A
norma
brasileira
ABNT
NBR
15749:2009 – Medição de resistência de
Mas um sistema de proteção e
aterramento e de potenciais na superfície
aterramento não visa apenas atender às
do solo em sistemas de aterramento já
A Comissão de Estudos que atua na
necessidades de proteção de equipamentos,
apresentava um anexo com esta orientação,
área especifica de “aterramentos elétricos”
mas, fundamentalmente, a proteção à vida.
indicando a necessidade de medição com
é a CE-03.102, reativada em setembro de
Para tanto, há que se estabelecer normas
terrômetro de 25 kHz, apresentando um
2004, após desenvolvimento de trabalhos
que tornem os sistemas mais seguros e
grande avanço em nível mundial.
árduos
confiáveis
e
extremamente
produtivos
Outra inovação foi o estabelecimento de
no âmbito do Comitê de Distribuição
É de suma importância destacar que
uma norma de “materiais de aterramento” e
(CODI) nos anos de 1980. Daquele comitê
as revisões das normas internacionais
mais ainda, incluir nesta norma “tratamento
participaram profissionais de todas as
(IEEE e IEC) também impactam nossas
para solo de alta resistividade”, que também
empresas de distribuição de energia elétrica
normas e a comissão atua na vanguarda
está muito alinhada às internacionais IEC
do país sendo os trabalhos interrompidos
destas atualizações. A norma IEEE 80, por
62305 e IEC 62561.
no início do processo de privatização destas
exemplo, (serviu e serve como guia para
empresas.
projeto de sistemas de aterramento em
A
Fascículo
type of tester".
nova
comissão,
e já publicadas pela ABNT são:
por
subestações) indicou em sua revisão de 2012
representantes de empresas concessionárias
a necessidade de medir as componentes
NBR 7117 – Medição de resistividade
de energia elétrica, projetistas, consultores,
reativas das resistências de aterramento
do solo pelo método dos quatro pontos
fabricantes
(Wenner);
de
integrada
As normas desenvolvidas pela comissão
de
com alta frequência (dezenas de kilohertz).
medição e materiais para aterramento e
equipamentos
A versão de 2012, parágrafo 12.1,
instituições de pesquisa, teve então como
traz: "Traditional ground test instruments
subestações – Requisitos;
escopo a normalização sobre assuntos
operate using a low-frequency ac balanced
NBR 15749 – Medições de potenciais
relacionados a aterramento. Este tema
bridge or other similar methods, and the
superficiais – Toque e Passo;
inclui resistividade de solos, medições
impedance measured is the resistance
NBR 16527-1 – Aterramento para sistema
em sistemas de aterramento de qualquer
nearly equal to dc, thus, not including
de distribuição – Parte 1;
natureza energizados ou não energizados,
high-frequency
NBR 16254 -1 – Materiais para sistema de
projetos de aterramentos para sistemas de
Testers used to evaluate the high-frequency
distribuição de energia elétrica, critérios
reactance of a ground electrode system
de projetos para subestações de energia
apply either a high-frequency current in
A norma ABNT NBR 16527-1 foi
elétrica, materiais de aterramento, etc.
the tens of kHz range or a sharp impulse
publicada em 06/10/2016 sendo, portanto,
reactance
components.
NBR 15751 – Sistemas de aterramento de
aterramento – Parte 1.
Ao longo dos anos, o tema “aterramento
with a fast rise time (1 μs). The three-point
o mais recente trabalho da comissão. As
elétrico” vem exigindo cada vez mais
method or the fall-of-potential method test
demais estão em revisão e complementação,
estudos e incorporação de novas técnicas
configurations are typically used for this
conforme tabela a seguir:
Apoio
19
Tabela 1 – Cronograma das normas em revisão na área de aterramentos elétricos
NBR
POSIÇÃO
NBR 16254-1
Publicado em 08/01/2014
Título Materiais para sistema de aterramento - parte 1
Requisito Gerais
Materiais para sistema de aterramento - parte 2
Hastes de aterramento
Em estudo
Materiais para sistema de aterramento - parte 3
Condutor de aterramento
Em estudo
Materiais para sistema de aterramento - parte 4
Conector de aterramento
Em estudo
Materiais para sistema de aterramento - parte 5
Práticas recomendadas
Aterramento para sistema de distribuição - Parte 1
Requisitos Gerais
Aterramento para sistema de distribuição - Parte 2
Procedimentos construtivos
Em estudo
Aterramento para sistema de distribuição - Parte 3
Sistema monofilar com
Em estudo
Em estudo Publicada em 06/10/2016
NBR 16527 -1
retorno pela terra Sistema de aterramentos de subestações - parte 1
Requisitos Gerais
NBR 15751
Publicado em 21/01/2010 -
Medição de resistência de aterramento e de potenciais
Requisitos Gerais
NBR 15749
Publicada em 13/08/2009
NBR 7117
Publicada em 19/07/20-12 -
em revisão na superfície do solo em sistemas de aterramento Medição da resistividade e determinação
em revisão
da estratificação do solo Neste primeiro artigo, abordaremos a
em seu primeiro capítulo, os requisitos
A ênfase da ABNT NBR 16254 – Parte 1
ABNT NBR 16254-1 - Parte 1 – Materiais
gerais
em
está nas características funcionais e não nas
para sistemas de aterramento – Requisitos.
sistemas de aterramento. A Comissão de
características construtivas dos materiais,
Estudos já iniciou os trabalhos para os
assuntos que serão objeto dos capítulos
demais capítulos (hastes de aterramento,
subsequentes.
ABNT NBR 16254-1
para
materiais
utilizados
conectores, condutores, etc.), conforme A norma ABNT NBR-16.254 traz,
descrito na Tabela 1.
As
instalações
características,
atuais
como,
apresentam
aterramento
de
Apoio
Aterramento elétrico
20
transformadores de distribuição na área urbana, sistemas de telefonia, além de,
Estes materiais devem ter as seguintes características mínimas:
geralmente, terem limitações de espaço
umidade; - Grau de absorção de umidade.
para desenvolvimento de grandes malhas
- Não tóxico, não agressivo ao meio
de aterramento, ou ainda, parques de
ambiente;
geração fotovoltaica ou eólica que, em geral,
- Não causar efeitos na pele;
A condução de corrente por um
são instalados em solos de alta resistividade. Isso, muitas vezes, obriga o projetista, a
- Variação da resistividade com o teor de
determinado elemento está ligada à sua estrutura atômica, definida por seus
E devem ser analisados quanto à:
partir das medições de resistividade do solo
elétrons livres ou ainda por troca iônica. Quando utilizamos um tratamento
e da análise geométrica da malha, a usar
- Determinação da condutividade e
para o solo, o mesmo pode ser um condutor
elementos (aditivos para tratamento de
resistividade;
ou um eletrólito, facilitando o trânsito de
solo) que reduzam a resistividade do solo,
- Determinação da capacidade de retenção
elétrons entre a malha e o solo. A resistência
conferindo resistência e impedância baixas
de água;
e a impedância do sistema também estão
ao sistema.
- Determinação da umidade do solo;
ligadas à geometria da malha, ao tipo de
- Determinação do potencial de corrosão;
condutor utilizado (seção condutora e
- Determinação do pH do solo saturado
geometria) e também às características do
com água;
solo.
Melhoramento do solo A ABNT NBR 16254-1 trata no item 8, especificamente, sobre melhoramento
- Determinação da sobretensão do
do solo. Este trabalho foi desenvolvido a
hidrogênio;
tratamento que apresente baixa resistividade
partir de uma série de estudos, análises
- Determinação do potencial Redox;
e, consequentemente, boa condutividade,
em laboratório e em campo. Também
- Determinação do pH do extrato aquoso;
significa que se está ampliando o contato
foi baseado na norma internacional IEC
- Determinação de cloretos;
dos eletrodos com o solo e permitindo
62561 - 7 Lightning protection system
- Análise qualitativa de sulfatos.
melhor escoamento e dispersão de corrente.
components (LPSC) – Part 7: Requirements for earthing enhancing compounds.
Quando se utiliza um componente para
A análise estabelecida em norma visa a Os dois primeiros itens devem ser
verificação e a comprovação destes fatores,
Muitos artifícios eram e ainda são
comprovados através de testes específicos
que influenciarão na resistência final de
utilizados visando obter aterramentos de
em laboratórios especializados; para os
aterramento.
baixa resistência, embora a obtenção de
demais a norma estabelece os padrões de
resistência pré-definida (10 ohms, por
ensaios.
comportamento da variação da resistividade
exemplo) já não conste nas normas como exigência, mas como recomendação, sendo
A Figura 1 apresenta o perfil do com teor de água para um solo hipotético.
Quanto à resistividade
Já a Figura 2 mostra a curva característica
mais importantes a eliminação de potenciais
A determinação da resistividade do
de um tratamento de solo hipotético e,
perigosos e a equalização destes potenciais.
aditivo para tratamento do solo leva em conta:
por fim, a Figura 3 traz o comportamento
O conjunto resistência e impedância ainda influencia na análise independente de
característico um tratamento de solo - Resistividade do produto seco;
misturado a areia lavada.
Fascículo
cada sistema de aterramento e sua função (surtos, corrente de curto circuito etc.). Era comum se utilizar carvão, produtos químicos altamente danosos ao meio ambiente (sais e sulfatos), geralmente, produtos facilmente lixiviáveis, e através destes tentar obter baixas resistências e “melhorar o aterramento”. Esta seção da norma define justamente os ensaios a serem realizados em aditivos (também chamados de despolarizantes) que podem ser aplicados em solos, envolvendo condutores e/ou hastes de aterramento com objetivo de reduzir a resistência de aterramento.
Figura 1 – Variação da resistividade do solo em função do teor de umidade.
Apoio
21
Apoio
22
relativa).
Aterramento elétrico
Os
parâmetros
relacionados
aos
fatores externos estão detalhados no Anexo B da norma NBR 16254-1. A agressividade específica, por sua vez, está intimamente ligada às propriedades locais do solo, como: resistividade elétrica, teor de umidade, acidez ou alcalinidade, permeabilidade, presença de sais solúveis e micro-organismos. Estes fatores atuam de forma conjunta e, por este motivo, a agressividade ou corrosividade dos solos não pode ser avaliada com base em propriedades isoladas. A norma NBR 16254 – 1 estabelece os métodos de medição em laboratório, dos Figura 2 – Curva característica de um tratamento de solo puro versus adição de água.
principais parâmetros que influenciam a corrosividade dos solos e fornece alguns métodos e critérios básicos para a sua avaliação. Estes métodos e critérios não são únicos, havendo várias proposições que apresentam, na maioria dos
casos,
resultados
satisfatórios
quando comparados com os observados em campo. No entanto, nenhum desses métodos envolve todas as variáveis que atuam no processo de corrosão pelo solo, devendo ser sempre analisados caso a caso, verificando o mais adequado para cada situação. As tabelas 2, 3, 4 e 5 reproduzem, respectivamente, as tabelas B.4, B.5, B.6 e B.7 da norma. Tratam-se dos critérios propostos para analise de corrosão do
Fascículo
solo. Tabela 2 – Critério proposto para
Figura 3 – Curva característica de um tratamento do solo misturado com areia tratada versus adição de água.
Os anexos C e D da norma ABNT NBR
16254-1
apresentam
portanto, deve-se sempre analisar os
ensaios
materiais empregados em um sistema de
para a caracterização do aditivo ou
aterramento quanto à vida útil e ao grau
despolarizante
de corrosividade.
pela
obtenção
da
resistividade mínima e pela capacidade de retenção de água.
A corrosão de estruturas enterradas é causada tanto pelas propriedades físico-químicas e biológicas do solo
Quanto à corrosão
(agressividade específica), como também
Quanto mais condutor é um solo,
por fatores externos que interferem no
maiores serão os índices de corrosão,
processo de corrosão (agressividade
classificação de solos com base na resistividade mínima
ρminima Ω m > 1 000
(IEEE 2002)
Corrosividade do solo Não agressivo (< 25µm/ano)
250 a 1 000
Pouco agressivo (25 a 100) µm/ano
70 a 250
Média agressividade (100 a 200) µm/ano
25 a 70
Agressivo (200 a 300) µm/ano
< 25
Muito agressivo (>300 µm/ano)
23 Tabela 3 – Critério proposto para
classificação de solos com base na porcentagem de água no ponto de retenção
(ASTM D2017-81, 11.1.1)
C.R.H2O (%)
Corrosividade do solo
< 15
Não agressivo
15 a 30
Pouco agressivo
> 30
Agressivo
Tabela 4 – Critério proposto para avaliação da corrosividade de solos com base no pH (IEEE-2002)
Em que: ρa é a resistividade aparente, expressa em ohms metro (Ω m); L é o comprimento da haste, expressa em metros (m); d é o diâmetro do eletrodo, expresso em metros (m); kT é a resistência após o tratamento/ resistência antes do tratamento. Nota: Os coeficientes de redução (kT) obtidos na prática variam de 0,05 a 0,50.
pHágua
Corrosividade do solo
>7
Não agressivo
Com todos estes parâmetros definidos
(<25 µm/ano)
e ensaiados, é possível estabelecer um
4a7
Média agressividade
tratamento para o solo adequado, com
(25 a 300) µm/ano
longa vida útil, sem contaminar o meio
<4
Muito agressivo (>300 µm/ano)
ambiente. Convém lembrar ainda que a ABNT NBR 16 254-1 é finalizada com um item
Tabela 5 – Critério proposto para avaliação da corrosividade de solos com base na
(KAIN, R.M.; OLDFIELD, J.W. 1990)
quantidade de cloretos
[cloretos]/PPM Corrosividade do solo <40
Não agressivo
40 a 90
Pouco agressivo
90 a 180
Média agressividade
>180
Agressivo
Além dos critérios já mencionados, a norma abrange outros, como: par galvânico, potencial Redox, etc. Estas analises podem ser feitas no solo, no tratamento do solo (aditivo) e no solo tratado. O solo tratado sofrerá alteração em suas características ao redor dos eletrodos que resultará em redução da resistividade, sendo esta diferença entre um eletrodo tratado e um eletrodo sem tratamento traduzido em um coeficiente (kT). Este coeficiente será tanto menor quanto maior for a resistividade do solo. Na prática, pode-se determinar o coeficiente
de
redução
comparando
um eletrodo tratado e um eletrodo não tratado e definir a resistência de uma haste tratada (R 1hT) conforme equação:
sobre segurança a ser seguido durante a etapa de campo e/ou de laboratório. *Rinaldo Junior Botelho é matemático, engenheiro eletricista e sócio fundador da empresa Fastweld. Atua há 30 anos no segmento de materiais para aterramento. É membro da CE 03:102 – Comissão de estudos de “Segurança em Aterramento Elétrico de Subestações C.A”, que faz parte do Comitê Brasileiro de Eletricidade (CB-03), do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (Cobei). Rosane Maris Ribas é engenheira, trabalhou por 30 anos no departamento de engenharia da Copel, é membro da CE 03:102 – Comissão de estudos de “Segurança em Aterramento Elétrico de Subestações C.A”, que faz parte do Comitê Brasileiro de Eletricidade (CB-03), do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (Cobei). José Maurílio da Silva é pesquisador, doutor em físico química, especialista em corrosão pelo solo, trabalhou no Lactec e é membro da CE 03:102 – Comissão de estudos de “Segurança em Aterramento Elétrico de Subestações C.A”, que faz parte do Comitê Brasileiro de Eletricidade (CB-03), do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (Cobei). Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
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Ensaios em instalações elétricas industriais
24
Por Mateus Teixeira, Luiz Gamboa, Pedro Block, Otávio Shiono, Ricardo Scholz, Diogo Dahlke, Henry Salamanca, Alexandre Albarello, Fabio Retorta*
Capítulo I Introdução
Toda instalação industrial, independentemente de seu ramo de atuação e tamanho, possui um sistema de distribuição de energia
ambiente industrial, aspectos fundamentais que podem acarretar num impacto financeiro e social danoso à indústria.
elétrica. Dependendo do tamanho, do layout da planta, da fonte de
Dessa forma, medições, ensaios e ações devem ser sempre
energia e operação, o sistema pode ser mais ou menos complexo.
considerados desde o momento do projeto, passando pelo
No que diz respeito ao parque industrial brasileiro, podemos
comissionamento da planta e ao longo dos anos de operação
encontrar desde grandes plantas eletrointensivas com seu sistema
do sistema elétrico. Exemplo disso está no levantamento da
próprio de geração, como é o caso de grandes siderúrgicas e
resistividade do solo, que, realizado antes do projeto e construção
papeleiras, indústrias de porte médio que recebem energia em
da indústria, pode resultar em um sistema de aterramento e
extra-alta (EAT) e alta tensão (AT) diretamente de concessionárias
proteção de descargas atmosféricas que consiga evitar, ao longo
de energia elétrica, assim como pequenas indústrias conectadas
dos anos, queimas de equipamentos elétricos e danos pessoais.
diretamente à baixa tensão (BT) de transformadores de distribuição
Da mesma forma, a realização de ensaios elétricos na subestação
das concessionárias.
principal, condutores e painéis de distribuição de carga podem
Seja qual for o caso, o projeto, a operação e a manutenção desse sistema passa pela análise de uma série de normas técnicas,
identificar possíveis falhas nos equipamentos, evitando danos desde a energização inicial da planta.
ensaios elétricos e boas práticas que juntos colaboram para uma melhor eficiência na utilização da energia elétrica e baixo custo de manutenção do sistema e de equipamentos, sejam eles parte integrante do sistema de distribuição, como cabos e transformadores, sejam eles cargas elétricas, como dispositivos
Fascículo
eletroeletrônicos e motores elétricos. Além disso, tais observações são de vital importância para a garantia da segurança pessoal e patrimonial durante a utilização da energia elétrica dentro do
Figura 2 – Painéis elétricos de baixa tensão.
Com isso em mente, o presente artigo, primeiro de uma série de 12, tem como objetivo apontar para um conjunto de ensaios elétricos e boas práticas a serem adotados por técnicos e engenheiros eletricistas que estejam envolvidos, direta ou indiretamente, com o projeto, instalação, operação e manutenção de sistemas industriais de distribuição de energia elétrica. Assim, os próximos itens têm por objetivo chamar atenção para alguns Figura 1 - Subestação de energia em 13,8 kV.
aspectos importantes a serem observados no sistema elétrico de
Apoio
uma indústria, os quais serão mais bem detalhados ao longo dos
de isolamento AC e DC, que requerem paradas e desligamentos,
próximos meses.
são coletadas periodicamente amostras de óleo isolante do tanque
Diagnósticos e ensaios elétricos em instalações industriais
principal, que podem indicar, desde problemas incipientes, como no caso da degradação das características do óleo – como aumento da acidez, fator de potência, teor de umidade, etc., identificadas nos ensaios físico-químicos –, até a detecção de perigo iminente
Os
ensaios
elétricos
que
são
realizados
durante
o
de falha da isolação – quando há presença de gases provenientes
comissionamento de uma instalação industrial, além de validar as
de pontos quentes ou centelhamento obtidos na gascromatografia.
condições operacionais dos equipamentos, permitem estabelecer
Outros indicadores de envelhecimento da celulose, como o teor
parâmetros de referência para os ensaios periódicos definidos para
de furfuraldeídos, também são obtidos por coleta de óleo com o
as manutenções preventiva, corretiva e preditiva. O detalhamento e
equipamento energizado.
a periodicidade dos ensaios requeridos dependem da importância
A segunda tendência que pode ser destacada é a utilização
do equipamento na instalação, sendo, portanto, maiores para
de equipamentos que realizam baterias programáveis de ensaios
geradores, transformadores de potência, tensão e corrente,
integrados, possibilitando a obtenção de dados e diagnósticos imediatos, além das facilidades de registro e emissão de relatórios. Dessa forma, reduz-se o tempo de execução de ensaios que antes requeriam vários equipamentos, fontes e conjuntos de cabos de ensaio para a mesma finalidade. Junto a essas tendências, têm sido desenvolvidos novos ensaios, como a medição da relação de transformação e a impedância de curto-circuito de um transformador em função da frequência. Com a curva resposta em frequência destas grandezas, em módulo e ângulo, podem-se distinguir deformações radiais ou axiais dos enrolamentos, ou problemas de curto-circuito entre chapas e entreferros no núcleo
Figura 3 – Grupo motor-gerador utilizado em instalações industriais.
magnético. Cada uma destas variações se apresenta em faixas diferentes
Alguns ensaios tradicionais, como os de isolamento elétrico
de frequência. Para realizar ensaios desse tipo, até recentemente, era
em CC e AC, têm tratamento diferenciado quanto às variáveis que
necessário deslocar o transformador para laboratórios especializados.
intervêm para cada equipamento. Parâmetros como a temperatura
Outro exemplo que ilustra a evolução das técnicas de diagnóstico
requerem fatores de correção específicos. O efeito da tensão e da
refere-se aos testes em para-raios de ZnO. Tradicionalmente, são
frequência da fonte utilizada, de acordo com o material isolante e
realizados ensaios periódicos de isolamento em CC e CA, bem como
o grau de envelhecimento da isolação, podem revelar problemas
o acompanhamento por termovisão, que visa comparar aquecimentos
incipientes.
diferenciais entre seções ou regiões do mesmo equipamento ou com
As instalações industriais merecem cuidados especiais, uma
relação aos vizinhos, de igual modelo, instalados na mesma barra. A
vez que dificilmente possuem quantidades significativas de
interpretação dos resultados depende da experiência da equipe e de
equipamentos similares para cada tensão operativa, diferentemente das concessionárias de energia, que adotam critérios de acompanhamento baseados em estatísticas de falhas e defeitos, com amostragens significativas. As pesquisas também são dominadas pelas concessionárias, uma vez que a legislação as obriga a investir uma fração de recursos da tarifa de energia para esta finalidade e organizam mais grupos e eventos de manutenção. Dessa forma, é importante concentrar esforços na seleção de ensaios com maior relação custo-benefício para se estabelecer critérios de manutenção adequados nas instalações industriais, além de acompanhar a evolução das técnicas atualmente em uso. Para ilustrar essa evolução, podem-se usar como exemplo as técnicas de diagnóstico aplicadas a transformadores de potência isolados com óleo mineral. Duas tendências podem ser observadas. A primeira tem relação com a adoção cada vez mais frequente de técnicas não invasivas de acompanhamento. No lugar de ensaios
Figura 4 - Espectro de tangente delta da isolação de transformadores de potência.
25
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
26
Figura 5 - Transformador de distribuição sob ensaio de Impulso atmosférico.
um histórico dos parâmetros de equipamentos da mesma família, no caso dos ensaios de isolamento. Esses equipamentos apresentam um comportamento da resistência de isolamento muito sensível com a temperatura e com a tensão de ensaio. Não raro, a evolução entre um defeito incipiente e a falha do pararaios – durante um surto atmosférico ou até em operação normal –, é rápida demais para ser detectada em ensaios periódicos preventivos.
Figura 6 – Malha de aterramento proposta para o neutro de transformadores de distribuição.
Problemas de vedação são típicos para a ocorrência deste tipo de falha intempestiva. Uma das técnicas desenvolvidas para verificar
com outras malhas, o que muitas vezes impossibilita a medição da
descargas parciais internas consiste em se utilizar transdutores de
resistência de aterramento se não houver um planejamento cuidadoso.
corrente para alta frequência no cabo de aterramento do para-raios.
Outro aspecto importante a ser considerado é quando se
Dessa forma, defeitos de fabricação no revestimento polimérico das
interligam aterramentos com finalidades diferentes. É o caso de
pastilhas de ZnO, que geram centelhamentos na faixa de dezenas a
compartilhar aterramentos para descargas atmosféricas –SPDA –, de
centenas de kHz, podem ser detectados antes de o defeito evoluir para
frequência industrial para equipamentos eletrônicos, comunicação e
uma falha catastrófica.
controle. Nesses casos, eventos tais como faltas por falha da isolação
Um resumo do estado da arte das técnicas de diagnóstico
de equipamentos e máquinas, ocorrência de descargas atmosféricas e
aplicáveis aos equipamentos elétricos de maior relevância nas
desequilíbrio de correntes em frequência industrial, podem transferir
instalações industriais será apresentado nesta revista durante 2017.
ou induzir tensões e correntes perigosas aos componentes mais
Ensaios de aterramento em instalações elétricas industriais
sensíveis desses sistemas. Quando o sistema de aterramento da instalação industrial é complexo e inclui as malhas da subestação e da geração própria, o
Fascículo
projeto deve contemplar recomendações específicas, como as do Guia Entre os principais objetivos de um aterramento elétrico estão:
de compatibilidade para SEs e usinas do Cigré. Não raro, quando se
prover um caminho de baixa impedância para as correntes em
desconsideram esses critérios, a simples medição da resistência de
condições normais de operação (componentes de sequência zero) e
aterramento pode ser ineficiente para avaliar falhas em componentes
de falta para a terra (sem afetar a continuidade do serviço); garantir
do sistema de aterramento.
a segurança pessoal dentro dos limites toleráveis para choque
O valor da resistência de aterramento se mantém praticamente
elétrico provenientes das tensões de passo, toque e transferidas
constante durante a vida útil da instalação, uma vez que depende
numa instalação elétrica; além de fornecer uma referência adequada
basicamente da resistividade do solo, da profundidade dos eletrodos
para o sistema de proteção da instalação. Junto com seu adequado
e da área ocupada por estes, além da sazonalidade. Dessa forma, a
dimensionamento, é necessário realizar medições periódicas para
funcionalidade pode estar comprometida severamente, como no caso
garantir a integridade do sistema de aterramento.
do rompimento de uma conexão de equipamento ligado à terra, sem
Muitas instalações industriais possuem malhas de aterramento
que o valor de resistência tenha mudado.
cuja medição deve respeitar a norma ABNT NBR 15749:2009 -
Técnicas específicas são necessárias para a avaliação das conexões
Medição de resistência de aterramento e de potenciais na superfície
enterradas. Também é necessário escolher a instrumentação adequada
do solo em sistemas de aterramento. É fácil verificar que, quando não
para esse fim, que pode ser baseada em AC, DC ou alta frequência.
se respeitam as distâncias mínimas entre eletrodos do circuito de
Métodos de injeção de corrente na faixa de 25 kHz requerem de um
medição, os valores obtidos são não conservativos. Estas distâncias
levantamento cuidadoso dos potencias numa malha de SE para se
dependem das dimensões da malha e de eventuais interligações
detectar problemas de conexão. Terrômetros do tipo alicate podem
Apoio
de aterramento do eletrodo auxiliar de corrente. Ambientes de alta interferência e solos de alta resistividade são especialmente críticos na escolha do método e da instrumentação a serem adotadas. Entre os métodos atualmente desenvolvidos está o uso da corrente de frequência industrial que é escoada pelo sistema de aterramento em operação. Transdutores de corrente fornecem a corrente residual (corrente líquida injetada no solo pela malha de terra) e os potenciais de superfície são levantados na forma de uma curva de potenciais, cujo valor é diretamente proporcional à corrente que nesse momento está sendo medida, dividida pela constante Rm (Resistência da malha) sob análise. Esse método dispensa o uso de fontes de corrente Figura 7 - Potenciais de superfície em malhas de aterramento.
e tem sido empregado em SEs e torres de transmissão em operação com sucesso.
auxiliar para uma avaliação rápida e microohmímetros com maior
O método de medição em alta frequência pode ser muito
capacidade de corrente são indicados para dirimir dúvidas desses
útil quando se deseja desacoplar malhas de aterramento com
diagnósticos antes de se proceder a uma inspeção e manutenção
finalidades diferentes, mas interligadas. Uma aplicação específica
corretiva das conexões enterradas.
é o desacoplamento das malhas de torres de LTs interligadas pelo
Quanto à medição do valor global de resistência de aterramento
cabo para-raios à malha da SE sob teste. Entretanto, alguns cuidados
de uma instalação, equipamentos comerciais podem ser inadequados
devem ser tomados em função da quantidade de LTs envolvidas e do
para instalações quando em operação, especialmente se o circuito de
valor da resistência da malha da SE. Medidas adicionais podem ser
medição de potenciais é suscetível a correntes induzidas com valor,
necessárias para uma correta aplicação do método.
frequência e forma de onda de regime. Esse problema é comum com o
Assim, para uma correta avaliação do sistema de aterramento de
emprego de equipamentos comerciais portáteis de potência reduzida,
uma instalação industrial, é necessária uma análise cuidadosa dos
onde a qualidade da medição depende fortemente da resistência
métodos de medição e instrumentação disponíveis hoje no mercado.
27
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
28
O detalhamento destas variáveis e alguns exemplos típicos serão
É dividida em três áreas: científica, industrial e legal. A metrologia
objeto de um artigo a ser apresentado em uma próxima edição da
científica tem por base padrões de medição nacionais e internacional
revista.
sendo a referência de comparação metrológica para a indústria;
Metrologia na indústria
no Brasil, o Inmetro é o órgão responsável. A metrologia legal está relacionada a sistemas de medição nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente. E a metrologia industrial atua nos sistemas de
Em processos produtivos, desvios de medição levam a desvios nos processos e consequentes prejuízos. Imaginemos um processo
medição industriais que controlam processos produtivos e são responsáveis pela garantia da qualidade dos bens de consumo.
de produção contínuo, em que o envaze de um líquido depende da
Um padrão de medição é um instrumento de referência com
medição do volume do líquido dispensado. Um erro de medição de
grande estabilidade ao longo do tempo, e incerteza de medição ao
-1% do volume diz que a cada frasco 1% a mais de líquido é envazado,
menos três vezes inferior ao instrumento a ser comparado com ele,
representando um frasco de prejuízo a cada 100 unidades, em que
sendo os padrões nacionais do Inmetro os instrumentos com maior
em um volume de um milhão de frascos ao mês temos 10000 frascos
estabilidade e menor incerteza do Brasil. Esses padrões nacionais são
perdidos em volume, e ao final de um ano 120000 frascos. Agora
periodicamente comparados aos padrões internacionais do Bureau
imaginemos que esse erro de -1% em volume aumenta mensalmente
Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), na França, garantindo,
a uma taxa de -0,01% devido a um defeito no sensor do processo,
assim, a uniformidade e rastreabilidade das medidas com relação ao
dessa forma, ao final de um ano, teremos 126600 frascos de prejuízo,
resto do mundo.
ou seja, 6600 frascos a mais de prejuízo, devido a um pequeno incremento de -0,01% no erro de medição. É uma conta simplória com valores inteiros para representar o quanto um pequeno erro na medição pode impactar no caixa de uma empresa. Outro exemplo clássico é a medição de energia elétrica, em que o erro dos milhares de medidores pode resultar em uma perda brutal de receita para as distribuidoras de energia caso os medidores não mantenham sua qualidade de medição ao longo dos vários anos que permanecem funcionando ininterruptamente. Esses dois exemplos mostram a importância da medição em processos produtivos e o quanto um pequeno descuido pode impactar em resultados, em outras palavras, eis a importância da chamada metrologia. A metrologia é a ciência das medidas e das medições, abrangendo todos os aspectos teóricos e práticos para assegurar a exatidão exigida em determinado processo produtivo. A metrologia é parte formadora da base de qualidade das indústrias, sendo fundamental para a competitividade das empresas. Medir corretamente é enxergar a realidade física do mundo que estamos inseridos, permitindo assim
Fascículo
interação e controle nos processos perante as necessidades humanas.
Figura 9 – Padrão de calibração de grandezas elétricas.
Metrologicamente, um instrumento de medição possui duas características importantes relativas à qualidade das suas medidas: erro de medição e incerteza de medição. O erro de medição se refere ao desvio permanente do valor medido com relação ao valor medido por um padrão de medição. A incerteza de medição representa o intervalo de valores em que é estatisticamente provável que se encontre o valor real da medida, em outras palavras, considera com determinado grau de confiança os principais parâmetros que interferem no instrumento e no processo de medição de forma a desviar o valor lido do valor correto. A calibração é o ato de comparar a medição de determinado instrumento a um padrão de medição, determinando assim seu erro e incerteza de medição associados a cada faixa de medição. O ajuste, ou reparo, é o ato de corrigir a leitura do equipamento readequando os valores obtidos para dentro dos limites adequados ao processo em que é usado, sendo que, normalmente, os ajustes são realizados pelos fabricantes e redes autorizadas. Esses termos ganharam esses significados a partir de 1996, pois, antes desta data, o termo calibração era sinônimo
Figura 8 - Fornos para calibração de sensores de temperatura.
de ajuste. Ainda hoje, 20 anos após a atualização das terminologias, faz-se
Apoio
confusão com ambos os termos muitas vezes se referindo ao ajuste de um
podem, por exemplo, causar aquecimento e consequente queima de
equipamento como calibração.
motores de indução.
A importância da metrologia é proporcional ao desejado incremento
A observação de indicadores e limites presentes em recomendações
na qualidade de bens e serviços para o atendimento das populações,
e normas, nacionais e internacionais, é fundamental para, a despeito do
melhorando a aceitação dos produtos, e evitando desperdícios de
caráter regulatório, o correto funcionamento e preservação da vida útil de
matérias primas com processos inadequados.
equipamentos eletroeletrônicos.
Qualidade da energia elétrica
Documentos, como o Submódulo 2.8 do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) e o Módulo 8 do Prodist, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), devem nortear ações voltadas à medição e mitigação
O termo qualidade da energia elétrica (QEE) está relacionado
de distúrbios de QEE. DA mesma forma, documentos internacionais,
com qualquer desvio que possa ocorrer na magnitude, forma de onda ou frequência da tensão e/ou corrente elétrica, que resulte em falha ou operação indevida de equipamentos elétricos. Dessa forma, a ocorrência de distúrbios de qualidade de energia, introduzidos pela concessionária ou dentro da própria indústria, pode trazer impactos consideráveis, sobretudo econômicos, para o setor industrial. Alguns cuidados na definição de equipamentos industriais podem ser determinantes na suportabilidade dos mesmos eventos, como variações de tensão de curta duração, como afundamentos de tensão e surtos elétricos, assim como na geração de distúrbios como distorções harmônicas de tensão e corrente, que podem gerar sobretensões ressonantes e aquecimento em condutores e conexões. Da mesma forma, a distribuição criteriosa de cargas monofásicas desde o projeto pode evitar a ocorrência de desequilíbrios de tensão ao longo do sistema que
Figura 10 - Curvas de sensibilidades de processos industriais relacionadas com medições em campo de afundamentos de tensão.
29
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
30
como a IEEE Std 519, IEEE Std. 1159, além de um conjunto de normas
Procel e o Conpet são vinculados ao Ministério de Minas e Energia; o
da IEC série IEC 61000-4, auxilia muito na definição de metodologias
Programa de apoio a Projetos de Eficiência Energética (PROESCO), cuja
e equipamentos de monitoração, além de estabelecerem alguns limites
coordenação executiva pertence ao Banco Nacional de Desenvolvimento
para conexão de cargas perturbadoras no sistema elétrico.
Econômico e Social (BNDES). Além desses programas, existem os Planos
Assim, baseado em indicadores normativos e medições de campo consistentes, estudos computacionais colaboram para a identificação
(PNEf) e o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030).
das causas e elaboração de soluções, as quais, na maioria das vezes,
No contexto industrial, existe o Programa de Eficiência Energética
devem ser customizadas para cada caso. Tais soluções podem passar
(PEE), da Aneel, que incentiva a eficientização dos processos, tais como,
pela instalação de equipamentos como filtros sintonizados ou ativos,
sistemas motrizes, condicionamento ambiental, aquecimento de água,
para o caso de problemas de distorções harmônicas, ou compensadores
iluminação, entre outros.
estáticos ou condicionadores de energia para o caso de variações de
O ponto de partida para a verificação da viabilidade de implantação
tensão de curta duração (VTCD), a alterações na distribuição de carga
de um projeto de eficiência energética é a realização do diagnóstico
em um dado circuito de distribuição ou até mesmo a mudança da tensão
energético da unidade consumidora. Esta etapa consiste, primeiramente,
de alimentação da planta.
com base na análise das tarifas, identificar os potenciais de eficientização da instalação, assim como sua representatividade no valor média da energia elétrica. Em uma etapa posterior é realizado um estudo detalhado sobre as possíveis ações de eficiência através de medições, entrevistas e maior entendimento do processo produtivo da instalação. A realização de medições específicas para levantamento de parâmetros necessários ao estudo, por exemplo, o carregamento de motores, pode não ser trivial dependendo das características e particularidades de cada carga. A medição realizada com medidores de grandezas elétricas ou
Figura 11 – Forma de onda da corrente na saída de conversor de energia (PQF)*.
medidores de qualidade de energia, quando instalados corretamente em pontos estratégicos e por um período de tempo adequado, permitem:
Desta maneira, evidencia que a manutenção da qualidade de energia
calcular os indicadores de uso de energia elétrica; obter a curva de carga;
é um desafio para o setor industrial, uma vez que investir num estudo
obter o consumo reativo; estimar a participação dos usos finais. Tal
para identificação de problemas de queima de equipamentos ou mesmo
tópico será melhor detalhado futuramente em um fascículo especifico,
adequação à limites impostos por normas reguladoras, pode também
com foco nas medições em instalações industriais.
significar a economia de vultuosos valores em manutenção e troca de equipamentos.
Eficiência energética na indústria A eficiência energética é um vetor de desenvolvimento para o país. Isto ocorre pelo fato da eficiência energética reduzir gastos, aumentar a
Fascículo
Decenais de Energia (PDEs), Plano Nacional de Eficiência Energética
competitividade, melhorar a balança comercial (redução da importação de diesel e GLP), postergar investimentos na GT&D (geração, transmissão e distribuição) e reduzir os impactos socioambientais (Metas do Brasil na COP 21). No Brasil, diversas iniciativas sistematizadas vêm sendo empreendidas há mais de 20 anos. Destacam-se o Programa Brasileiro de
Considerações finais Conforme pode ser visto ao longo deste artigo, são inúmeros aspectos técnicos a serem considerados quando se trata das instalações elétricas de uma determinada indústria. A atenção dispensada sobre esses e outros aspectos será determinante para o correto funcionamento das instalações. Além disso, possibilitará a preservação de sua vida útil, reduzindo os gastos de manutenção e com a conta de energia. Ao longo dos próximos 11 meses serão apresentados mais detalhes sobre cada um dos tópicos abordados. (*) Figura gentilmente cedida por Sérgio Ferreira de Paula (Uberlândia – 2016).
Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia e vinculado ao ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC); Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro); o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL),
*Mateus Teixeira, Luiz Gamboa, Pedro Block, Otávio Shiono, Ricardo Scholz, Diogo Dahlke, Henry Salamanca, Alexandre Albarello, Fabio Retorta são especialistas dos Institutos Lactec.
cuja coordenação executiva está a cargo das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras); o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet), cuja coordenação executiva é de responsabilidade da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) –
Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
31
Apoio
Vinícius G. de Oliveira, Fábio Y. Niizu e Fernando Basseto*
Internet das Coisas
32
Capítulo I Introdução
A Internet das Coisas (IoT – Internet of
Já em 1999 foi a primeira vez em que o
Things) pode ser definida como objetos de
termo foi utilizado, quando Kevin Ashton,
uso cotidiano, pessoal ou industrial, dotados
profissional de RFID (Radio Frequency
de computação embarcada e unicamente
Identification),
tivéssemos
Liberdade na aplicação de dados: para que o
identificados, os quais trocam dados entre si
computadores que soubessem tudo que há
compartilhamento de recursos ocorra devem
e também com pessoas por meio da Internet,
para saber sobre as coisas, usando o dado que
ser estabelecidos mecanismos padronizados
permitindo a criação de serviços e experiências
eles coletaram sem a nossa ajuda, nós seríamos
que possibilitem às aplicações o acesso aos
de uso adaptadas ao contexto. A IoT traz consigo
capazes de acompanhar e contabilizar tudo e
dados, fomentando um ecossistema multi-
a possibilidade de conectar o mundo físico e o
assim reduzir enormemente o desperdício, a
vendor.
digital das mais variadas formas e nenhum setor
perda e o custo”.
econômico estará imune ao seu impacto.
“Se
A evolução para a materialização da IoT
importante quanto as suas funcionalidades.
Cooperação
entre
todas
as
coisas:
Para muitos analistas, a IoT pode ser
passa pelos sistemas de comunicação máquina
adicionalmente, com a possibilidade de
considerada a base para uma nova revolução
a máquina (M2M – Machine to Machine), em
comunicação direta entre diversos tipos de
industrial – como foram a máquina a vapor,
que duas ou mais máquinas se comunicam
dispositivos e aplicações, por meio da troca
a eletricidade e a eletrônica. Inovações desta
sem a necessidade de interação humana, e que
de informações e comandos de atuação, será
magnitude sempre resultam em grandes
teve início em aplicações como identificadores
possível a interação mais rápida, autônoma e
transformações sociais.
de chamada e sistemas SCADA (Supervisory
inteligente nos dispositivos de formas como
Control and Data Acquisition), em operação
não se imagina hoje.
Assim, este artigo, que é o primeiro de uma série de seis, visa introduzir a temática da
Fascículo
escreveu:
compartilhamento do recurso torna-se tão
desde a década de 1960.
Internet das Coisas abordando o seu histórico,
Contudo, as aplicações de M2M se limitam
Invisibilidade da tecnologia: todas estas
as tecnologias habilitadoras, os cenários de
a resolver um problema bem caracterizado e
características somadas propiciarão que o
aplicações e perspectivas.
específico (problem centric), sendo soluções
usuário final interaja com todos estes objetos
verticalizadas. Dessa forma, em geral, têm
sem se preocupar com a tecnologia embarcada,
como características a comunicação apenas
com a forma com que eles se comunicam ou
entre dispositivos do mesmo tipo e a utilização
com as complexidades por detrás da operação.
O nascimento da IoT Ainda de uma forma utópica, quando ainda não existia tecnologia para viabilizar
de tecnologias proprietárias para a sua implementação.
A terceira onda da Internet
o conceito, Nikola Tesla, pai da corrente
Para que seja possível a evolução destas
alternada, já trazia uma visão que corrobora
soluções M2M para IoT em toda a sua
Associando esta visão da evolução das
com o preceito da IoT, conforme citação
potencialidade, alguns requisitos básicos têm
coisas conectadas e suas aplicações com a
de 1926: “Quando a tecnologia sem fio for
que ser atingidos:
evolução da Internet, assistimos à consolidação
perfeitamente aplicável, a Terra inteira será
O
convertida em um imenso cérebro, o que de fato
recurso deve ser concebido para atender a
A primeira onda se caracterizou pela
é, com todas as coisas sendo partículas de um
diversas aplicações e não para solucionar um
comercialização do acesso à Internet, que
todo real e rítmico”.
único problema. Assim, a possibilidade do
permitiu que residências e negócios se
compartilhamento
de
recursos:
um
da chamada terceira onda da Internet.
Apoio
33
valessem de uma mesma infraestrutura global para a conexão de computadores. A segunda onda se constituiu a partir da conectividade e produção de conteúdo ao nível do indivíduo. Por sua vez, a terceira onda traz para o mundo virtual o mapeamento do mundo físico e a possibilidade de atuação neste, por meio do uso de incontáveis dispositivos conectados, conforme apresentado na Figura 1. Uma nova onda da Internet se torna possível a partir do momento em que as tecnologias habilitadoras atingem grau de maturidade suficiente para a viabilidade
Figura 1 - Crescimento na quantidade de conexões de acordo com a evolução da Internet. Fonte: Electronic Design.
Internet pelas pessoas e empresas. Na segunda onda, a evolução da
comercial.
ampla escala da IoT. A seguir apresentamos as mais significativas agrupadas nas temáticas de
Na primeira onda tivemos a confluência
microeletrônica e do software embarcado
da evolução das redes óticas de alta capacidade
possibilitou o advento do smartphone, e
com o computador pessoal e os softwares de
novas tecnologias baseadas em webservices
Dispositivos: a evolução da microeletrônica
uso amigável para o acesso às páginas HTML
possibilitaram o surgimento das mídias sociais
permitiu
(Hyper Text Markup Language) via HTTP
como Twitter e Facebook.
microprocessadores de 32-bit, que já podem ser
(Hypertext Transfer Protocol). Tecnologias como
o
WDM
(Wavelenght
Division
Multiplexing), os amplificadores dopados a
Tecnologias habilitadoras da IoT
érbio (EDFA – Erbium Doped Fiber Amplifier),
dispositivos, conectividade e computação.
a
queda
do
custo
dos
encontrados a menos de um dólar em alguns casos, e a criação dos SoC (System on a Chip) que congregam processamento, memórias voláteis e não voláteis e diversos periféricos em
e navegadores com interface gráfica como
Um número ainda maior de tecnologias
um mesmo componente integrado. Já o MEMS
o Mosaic possibilitaram a ampla adoção da
são necessárias para viabilizar a adoção em
(Microelectromechanical Systems) possibilitou
Apoio
Internet das Coisas
34
o surgimento de sensores capazes de medir
realização da IoT. Igualmente, os avanços nas
seus dois aspectos fundamentais - armazenagem
vibrações, deslocamentos, presença de gases,
técnicas de aprendizagem de máquina (Machine
e movimentação, aplicações para logística
entre outros, com grande precisão e custos
Learning), assim como novas arquiteturas de
representam aproximadamente 12,5% do
bastante acessíveis. Outra evolução significativa
computadores voltadas para o processamento
impacto total da IoT, sendo 60% deste para as
ocorreu nos modems wireless que tiveram
vetorial e paralelo, tem sido um dos principais
aplicações voltadas para o controle de inventário
grande redução do consumo energético e
fatores para o crescimento da IoT.
e 40% para a gestão da movimentação dos
possibilitam que um dispositivo opere por até 10 anos sem a necessidade da troca da bateria,
materiais e produtos.
Cenários de aplicação
Saúde: com potencial para responder por quase
se valendo para tal de mecanismos como sleep cycles.
Um extenso estudo conduzido pelo
12% do valor que pode ser capturado pela IoT,
McKinsey Global Institute estimou que até
deste, mais de 75% se deve a soluções para
Conectividade: diferentemente da conecti
2025, em nível global, a IoT trará um impacto
monitoração e tratamento de doenças, ao passo
vidade sem fio requerida para o acesso humano
econômico entre 3,9 a 11 trilhões de dólares
que o restante advém de aplicações voltadas a
à Internet, que é focada no provimento de
anuais. Esta estimativa foi realizada através
melhoria da qualidade de vida e bem-estar das
banda larga, a maioria dos cenários de IoT
do mapeamento de mais de 150 casos de usos
pessoas, como por exemplo aplicações voltadas a
requer baixa capacidade de transmissão e maior
aplicados a diversos setores da economia.
monitoramento de execução de atividades físicas.
alcance, além de baixo consumo energético,
Para um entendimento mais completo do
baixo custo e capacidade de atender centenas
potencial do IoT, apresentamos a seguir um
Recursos: Outro grande grupo de casos de uso
ou mesmo milhares de conexões em um
agrupamento destes casos de uso em cenários
para IoT, responsável por 10% do impacto,
único ponto de acesso. Para tanto, as principais
de aplicações.
advém do monitoramento de dados ambientais,
tecnologias wireless de acesso ganharam novas
como qualidade do ar, geração de lixo e esgoto,
versões aderentes a estes requisitos, como o
Produção: 28% do impacto virá de aplicações
além da otimização do consumo de energia
WiFi 802.11ah, o Bluetooth Low Energy, e o
voltadas para a otimização da produção. Tais
elétrica e água.
IEEE 802.15.4g. Além disso, um novo grupo
aplicações serão desenvolvidas visando atingir
de tecnologias, definido como LPWA (Low
os mais variados ambientes, contribuindo
Consumidor: esse agrupamento de casos de uso
Power Wide Area) surgiu especificamente para
desde a melhora nas colheitas por meio de
refere-se a aplicações voltadas ao consumidor
atender à IoT. Iniciativas como LoRa, Ingenu
soluções para agricultura de precisão, passando
em sentido amplo, respondendo por cerca de
e Sigfox nasceram dentro deste contexto, se
pelo ambiente fabril propriamente dito, o qual
5% do valor potencial da adoção de soluções
valendo de bandas não licenciadas do espectro
sozinho responderá por mais de 15% de todo o
para IoT. Tais aplicações vão desde promoções
de frequências para operar. Por sua vez, o 3GPP
valor potencialmente capturado.
dentro de estabelecimentos comerciais até a
Fascículo
(3rd Generation Partnership Project), órgão de
otimização do layout de lojas com o objetivo de
padronização do 3G e 4G (e posteriormente o
Digitalização: representando 14% do impacto
5G), também lançou a sua versão de LPWA, com
da IoT, consiste em coletar e armazenar os dados
variantes como o LTE-M (Long Term Evolution
de sensoriamento relacionados a um dado ativo,
Demais casos de usos somam 4% do
– Machine type communication), NB-IoT
por exemplo, um motor elétrico, agrupando
impacto, alguns destes são: automação de tarefas
(Narrow Band IoT) e EC-GPRS (Extended
e organizando-os em uma série histórica. O
domésticas, segurança predial e prevenção de
Coverage General Packet Radio Service), que
conjunto destes dados representa digitalmente o
desastres. A Figura 2 sumariza esses cenários de
utilizam a infraestrutura atual das redes celulares
ativo, contendo as condições pelo qual o mesmo
aplicações.
para também transportar o tráfego gerado pelos
foi submetido. Desta forma, técnicas de análise
dispositivos conectados.
são aplicadas para pautar ações comumente divididas em dois grupos – manutenção e design.
Computação: todos os dados gerados pelos
melhorar a experiência de compra.
Perspectivas A partir da evolução das tecnologias habilitadoras e da grande expectativa sobre o
bilhões de dispositivos devem ser armazenados
Transporte: cerca de 14% do impacto se
impacto econômico em praticamente todos os
e processados antes que as aplicações possam
concentra em casos de uso relacionados ao
setores, surge a questão de quando e como tudo
se valer dessas informações. Para tal, a
transporte de pessoas ou cargas, sendo que
isso irá acontecer para que a sociedade usufrua
evolução das tecnologias de armazenamento
85% desse se divide em dois grupos distintos:
de seus benefícios.
de dados, o constante aumento no poder dos
mobilidade
processadores e as ferramentas de softwares
autônomos (46,5%).
nas ondas anteriores da Internet, pode trazer
para a gestão da computação elástica e em
Logística: definida como o fluxo de coisas entre
consequências negativas. Por exemplo, a
nuvem são importantes habilitadores para a
o ponto de origem e o ponto de consumo, em
expectativa sobre o crescimento da Internet
urbana
(38,5%)
e
veículos
Esta expectativa, que também foi observada
Apoio
35
no início dos anos 2000 gerou a chamada bolha da Internet. Startups com modelos de negócio ainda incipientes receberam aportes de capital ou foram adquiridas por valores muito superiores à sua capacidade de gerar retorno. Igualmente, os investimentos em infraestrutura foram exagerados, de forma que a demanda naquele momento não foi capaz de acompanhar o crescimento da oferta. É
necessário
observar
que
toda
transformação de grande porte possui fases de desenvolvimento que precisam ser percorridas até que os ganhos esperados se realizem. Durante esse processo também são
Figura 2 – Os cenários de aplicação e seu potencial de impacto.
endereçadas as questões que se configuram como barreiras que impedem a adoção rápida e massiva. No caso da IoT estas barreiras seriam questões como segurança, privacidade dos dados, padronização e interoperabilidade. A Figura 3 apresenta o modelo de três fases para o desenvolvimento da IoT. Este modelo também é válido para analisar o desenvolvimento das duas ondas anteriores. Na primeira fase é estabelecida a infraestrutura que suportará as aplicações. Por esse motivo, empresas de equipamentos de rede, como Cisco e Juniper, foram os principais atores no desenvolvimento da Internet comercial entre
Figura 3 – As fases do desenvolvimento da IoT.
meados das décadas de 1990 e 2000. No caso da segunda onda, os fabricantes de smartphones,
começam a ganhar espaço. Contudo, ainda não
como Apple e Samsung predominaram.
é possível identificar os negócios adjacentes
Já na segunda fase o foco está na organização lógica, como a localização e o acesso aos dados,
que surgirão, o que mostra que as grandes oportunidades da IoT ainda estão para nascer.
o controle dos usuários, os modelos analíticos,
Assim, nas próximas cinco edições da
a segurança, entre outras. Na primeira onda foi
revista, os profissionais do CPqD irão tratar
nesta fase que emergiu a Google e, na segunda
com detalhes os temas em IoT que representam
onda, o Facebook.
grandes oportunidades a serem exploradas
Por fim, na terceira fase surgem os
dentro do setor elétrico, a começar pela Smart
chamados negócios adjacentes, ou seja, as
Grid, passando também pelos lares inteligentes,
aplicações que a partir desta infraestrutura
carros inteligentes e a nova era da indústria. O
física e organização lógica desenvolvem novos
último artigo fechará a série com insights sobre
mercados. No caso da primeira onda podemos
modelos de negócio e geração de valor.
utilizar como exemplo o Netlfix, e, na segunda, o Uber. A Internet das Coisas encontra-se na
Referências • Wikiquote
transição da primeira para a segunda fase. Desta
• RFID Journal
forma, as empresas que atuam em infraestrutura,
• Electronic Design
como a Sigfox e ARM, são as mais notórias,
• The Internet of Things: mapping the value
enquanto aquelas focadas na organização lógica,
beyond the hype – June 2015.
como a Amazon com sua plataforma IoT AWS
• McKinsey Global Institute
*Vinícius Garcia de Oliveira é engenheiro eletricista com especialização em Telecomunicações, mestrado em Engenharia Elétrica e MBA em marketing. Desde 2015, tem se dedicado a participar e palestrar em eventos que debatam a temática Internet das Coisas no Brasil. Atualmente, é o líder de tecnologia do estudo nacional em IoT coordenado pelo BNDES e MCTIC. Fabio Yuasa Niizu possui graduação em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (2001) e MBA em Gestão Estratégica em Marketing pela ESAMC (2012). Atua com pesquisa e desenvolvimento desde 1994, quando trabalhou em projetos na área de instrumentação no IPT. Atualmente, trabalha na Fundação CPqD. Fernando Basseto é engenheiro eletricista, com especialização e mestrado em Engenharia Elétrica pela Unicamp. Atua como consultor especialista em regulamentação de telecomunicações na Fundação CPqD. Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
Manutenção de equipamentos elétricos
36
Por Alan Rômulo Queiroz, Eduardo César Senger e Luciene Queiroz*
Capítulo I Estratégia de manutenção de equipamentos elétricos baseada na filosofia de operações integradas Apresentação e breve histórico de manutenção
Este fascículo abordará aspectos relativos
processo de manutenção junto às etapas
em um ambiente colaborativo pautado na
à manutenção industrial e confiabilidade,
de implantação de um projeto de capital.
filosofia de Operações Integradas. Esta tendo
com a apresentação de um método para
Contudo, a estratégia proposta também
sido desenvolvida pela indústria norueguesa
definição da estratégia de manutenção para
pode ser aplicada na revisão da estratégia
de exploração e produção de petróleo para
equipamentos elétricos, mas que também
de manutenção em unidades que já se
otimizar a produção de seus campos que já
é útil para outras áreas. Este método está
encontram em operação.
estão em fase de amadurecimento.
aderente à filosofia das Operações Integradas, que será detalhada ao longo deste fascículo.
Fascículo
Introdução
Dentre os principais itens que serão abordados nos capítulos seguintes, estão os procedimentos propostos para elaboração
A evolução da manutenção industrial
da hierarquia de equipamentos e definição das tarefas de manutenção com base nos
Ao longo dos últimos trinta anos, a
A manutenção industrial sempre teve
modos de falha dos equipamentos, sempre
atividade de manutenção sofreu mudanças
uma importância estratégica para garantir
com o foco em otimizar o uso dos recursos
na gestão da produção. Essas mudanças
o cumprimento das metas de produção de
humanos e materiais, na visão das Operações
devem-se ao aumento do número e variedade
qualquer empresa, sendo relevante para que
Integradas. Outro item é relacionado ao
de plantas, à quantidade de equipamentos
os requisitos de segurança, meio ambiente
procedimento proposto para classificação da
e instalações que devem ser mantidos, ao
e econômico sejam plenamente atendidos.
criticidade de equipamentos.
desenvolvimento de projetos de engenharia
Contudo, na grande maioria dos casos, a
Esta metodologia adota como premissas
mais complexos, às novas técnicas de
definição de uma estratégia de manutenção
a Manutenção Centrada em Confiabilidade
manutenção e à evolução da organização e
é decorrente da experiência de um grupo de
(MCC) e a integração da manutenção na
das responsabilidades da manutenção.
pessoas, podendo ter como resultado planos
filosofia de Operações Integradas. Ambas
de manutenção carregados de tarefas, que
as premissas representam o estado da arte
evolução
não necessariamente estão relacionadas com
em suas respectivas áreas, cabendo a este
criam-se algumas expectativas sobre essa
os modos de falha do equipamento que se
trabalho definir o método adequado para
atividade, tais como: o impacto da falha
deseja manutenir.
integração das mesmas desde a fase de projeto
de um equipamento na segurança e meio
Moubray da
destaca gestão
que, da
com
essa
manutenção,
Com o objetivo de otimizar o processo
de uma unidade, passando pelas etapas
ambiente; a ligação entre manutenção e
de manutenção, este trabalho propõe uma
intermediárias até o início da operação, em
qualidade do produto; conseguir uma planta
estratégia que atende aos requisitos legais
que os produtos resultantes da aplicação da
com alta disponibilidade e com custos
vigentes, inserida em um novo paradigma
metodologia proposta deverão garantir a
reduzidos. Segundo Moubray, a evolução da
de forma de trabalho, as Operações
máxima disponibilidade dos equipamentos
manutenção pode ser descrita através de três
Integradas, alinhando a estruturação do
e a integração dos processos de manutenção
gerações.
Apoio
A
primeira
desenvolvimento
geração da
descreve
manutenção
o
máquinas e suas complexidades.
que trouxeram mais dinamismo para as
no
A indústria começou a ficar, cada
período que antecede a Segunda Guerra
vez mais, dependente das máquinas. A
A indisponibilidade já era a maior
Mundial. Nessa época, a indústria não
inatividade dessas máquinas começou a
preocupação de diversos setores da indústria
era muito mecanizada e a prevenção de
preocupar os gerentes, o que levou à ideia
nas décadas de 1960 e 1970, pois ela sempre
falha em equipamentos não era uma
de que as falhas nos equipamentos podiam
afeta a capacidade produtiva dos ativos
prioridade para os gerentes. Ao mesmo
e deveriam ser prevenidas. Na década de
reduzindo seu output, aumentando os custos
tempo, os equipamentos, em sua maioria,
1960 surgia o conceito de manutenção
de operação e interferindo diretamente
eram simples e sobreprojetados para as
preventiva como uma atividade de reparo
no atendimento ao cliente. Os efeitos da
operações que exerciam e isso os tornavam
nos equipamentos realizada em intervalos
indisponibilidade na manufatura estavam
confiáveis e fáceis de reparar. Por isso não
fixos de tempo. Outra consequência gerada
mais agravados pelo movimento mundial em
era necessária uma estruturação sistemática
pela guerra foi o aumento acentuado dos
torno dos sistemas just in time, nos quais o
da manutenção, além das simples rotinas de
custos de manutenção comparado aos
objetivo era reduzir os estoques de produtos
limpeza, reparo e lubrificação. A necessidade
custos de operação, o que levou à ideia
em processo o que significava que qualquer
de capacitação também não era tão exigida
do planejamento e controle do sistema de
quebra poderia parar a produção da planta.
com nos dias atuais.
manutenção.
indústrias e que engloba os dias atuais.
O aumento da mecanização e automação
A segunda geração da evolução foi
Todo o valor do capital gasto com
da produção tornam a confiabilidade
marcada pelas grandes mudanças causadas
reparos de equipamentos mais o aumento
e a disponibilidade itens fundamentais
pela Segunda Guerra Mundial na indústria,
dos custos com manutenção levaram os
na maioria dos setores produtivos. Com
que aumentou a demanda de bens de todos
gerentes a procurarem formas de maximizar
esse aumento, as falhas começam a afetar
os tipos e diminuiu a oferta da mão de obra.
a vida dos ativos físicos nas empresas.
cada vez mais os padrões de qualidade,
Por isso surgiu a necessidade de aumentar
Ainda segundo Moubray, a terceira
tanto do produto, como do serviço. As
a mecanização das operações na indústria,
geração
manutenção
falhas em equipamentos de automação
o que levou ao aumento do número de
marca o período que envolve as mudanças
alteram medições de temperatura, pressão,
da
evolução
da
37
Apoio
Manutenção de equipamentos elétricos
38
dosagem, enfim, fatores que interferem consistentemente
nas
tolerâncias
de
especificação do produto. As falhas também podem
impactar
questões
relativas
à
momento,
a
segurança e ao meio ambiente. Em
um
primeiro
visão de falha era bastante simples. Ao longo de sua vida, o equipamento tinha uma probabilidade constante de falha (falha aleatória) e, ao final da vida, essa probabilidade crescia exponencialmente, correspondendo ao final de sua vida útil. Já na segunda geração, o conceito de mortalidade infantil, que era a possibilidade de o equipamento falhar logo no princípio de seu funcionamento, gerou uma nova visão de falha que ficou conhecida como “curva da
Figura 1 – Evolução da visão da falha.
banheira”. Na terceira geração, após muitas
A Tabela 1 resume as principais
pesquisas, foram descobertos não apenas
evoluções das expectativas e técnicas ao
dois tipos de comportamento, mas sim seis
longo do tempo.
2 são definidas como: a) MCC - Manutenção Centrada em
tipos de comportamentos predominantes.
Por meio desse retrospecto da evolução
Essa descoberta causou profundo efeito
da manutenção, é possível notar a mudança
Trata-se de um método estruturado para
na forma de conduzir a manutenção
do conceito da atividade de manutenção,
estabelecer uma estratégia de manutenção
nos equipamentos, visto que diferentes
que, a princípio, era focada em restabelecer
para um dado sistema ou equipamento com
comportamentos
requerem
com mais rapidez possível as condições dos
base na sua funcionalidade ou desempenho
diferentes estratégias de manutenção. Este
ativos físicos e passou a se preocupar em
requerido, identificando os modos de
trabalho considera apenas equipamentos
prevenir a ocorrência das falhas garantindo
falha e suas consequências. A metodologia
com taxa de falha constante.
a disponibilidade do equipamento para
permite selecionar as tarefas adequadas de
atender
manutenção direcionadas para os modos de
de
falha
A Figura 1 mostra a visão do
à produção, sempre
com
a
comportamento das falhas na vida do
preocupação em segurança, preservação do
equipamento ao longo das três fases de
meio ambiente e redução de custos.
evolução da manutenção.
Wyrebski
resume
a
evolução
da
Confiabilidade
falha identificados. b) MPT – Manutenção Produtiva Total
A partir da terceira geração, foram
manutenção conforme disposto na Figura 2.
Filosofia de manufatura que enfoca
desenvolvidos diversos conceitos e técnicas
As metodologias apresentadas na Figura
e valoriza o relacionamento efetivo dos
que serviram como ferramentas de apoio
Fascículo
para as atividades de manutenção: • Novas técnicas de monitoramento da condição do equipamento; • Projetos com foco em confiabilidade e manutenibilidade; • Ferramentas de suporte a decisão; • Análises de risco das atividades de manutenção; • Análise de modo e efeito da falha; • Sistemas especializados; • Organização do trabalho com capacitação de profissionais e formação de grupos de trabalho.
Tabela 1 – Evolução das expectativas e técnicas da manutenção
Apoio
operadores com o equipamento e suas
principais conceitos de manutenção e a sua
funções, tendo em vista a eliminação total de
aplicação no método proposto.
perdas. A MPT estimula a participação dos
Referências
operadores em um esforço de manutenção preventiva e corretiva através da técnica conhecida como manutenção autônoma. Alguns autores apresentam motivações para que seja determinada uma quarta geração da manutenção. Labib destaca como um diferencial para essa nova geração os sistemas informatizados “automanuteníveis”. Manickam
destaca
a
tecnologia
de
informação embarcada nos equipamentos e os sistemas especialistas como principal item desta nova geração. Para Adamatti, a quarta geração é caracterizada pela gestão de ativos, tendo como base a norma PAS 55. Já para Dunn, a quarta geração foca na eliminação da falha, ao invés da predição ou prevenção. Contudo, até o momento não há na literatura nenhuma evidência concreta e aceita pela comunidade técnica sobre a quarta geração da manutenção. O
próximo
capítulo
abordará
os
• Adamatti, G. A. “Gestão de Ativos”. NTT Treinamentos Avançados. Rio de Janeiro, 2013. • BSI PAS 55. “Specification for the optimized management of physical assets”. Londres, 2008. • Dunn, S. “The Fourth Generation of Maintenance”. Disponível em: http://www.plant-maintenance.com. Acesso em 04/08/2013. • Labib, A. W. Next Generation Maintenance Systems: Towards the Design of a Self-maintenance Machine. In: “IEEE International Conference on Industrial Informatics”, 2006. • Manickam, L. R. A. “Proposal for the fourth generation of maintenance and the future trends & challenges in production”. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Mälardalen University. Suécia, 2012. • Moubray,J. “RCM II Reliability-Centered Maintenance”. 2ª Edição, Editora Industrial Press Inc, Nova York, 1997. • Nakajima, S. “Introduction to TPM: Total Productive Maintenance”. 1ª Edição. Editora Productivity Press, 1988. 129p. • NASA - National Aeronautics and Space Administration. "Reliability Centered Maintenance Guide for Facilities and Collateral Equipment". Washington D.C. 2000. 356p. • Queiroz, A. R. S. Estratégia de manutenção de equipamentos elétricos em unidades offshore de produção de petróleo e gás baseada na filosofia de operações integradas. Tese (Doutorado em Ciências – Engenharia Elétrica). Universidade de São Paulo, 2016. • Smith, A. M; Hincheliffe, G. R. “RCM: Gateway to World Class Maintenance”. 1ª Edição. Editora Elsevier, 2003. 337p.
• Takayama, M. A. S. “Análise de falhas aplicada ao planejamento estratégico da manutenção”. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia de Produção). Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008. • Wireman, T. “Total Productive Maintenance: An American Approach”. 1ª Edição. Editora Industrial Press, 1992. 206p. • Wyrebski, J. “Manutenção produtiva total – Um modelo adaptado”. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1998.
*Alan Rômulo Silva Queiroz é engenheiro eletricista graduado pela Universidade Santa Cecília (Santos – SP), mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. *Eduardo César Senger é engenheiro eletricista e doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É professor livre-docente na área de Proteção de Sistemas Elétricos pela Universidade de São Paulo e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Proteção de Sistemas Elétricos (Lprot). *Luciene Coelho Lopez Queiroz é bacharel em Ciências da Computação graduada pela Universidade Católica de Santos e mestre em Engenharia da Computação pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
39
40
Aula Prática
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Desafios na proteção de microrredes Por Israel Resende Rodrigues e Alberto De Conti*
A sociedade atual apresenta uma
Em países desenvolvidos, como Estados
em baixa ou média tensão, controlável, com
crescente demanda por uma energia de
Unidos, Canadá, Japão, bem como União
geração distribuída (GD) e capacidade de
melhor qualidade, com um número menor
Europeia, a presença de geração distribuída
armazenamento de energia apta a operar
de interrupções em seu fornecimento.
vem se acentuando com a expansão das
conectada (on-grid) ao sistema elétrico de
Paralelamente, são cada vez maiores a
chamadas microrredes. A microrrede pode
potência ou desconectada (off-grid) desse
necessidade e a pressão por uma transição
ser entendida como uma rede autônoma
sistema. As fontes mais apropriadas para
para uma sociedade sustentável, buscando a redução de emissões de CO2 através da utilização de fontes alternativas ao petróleo e o aumento da eficiência energética. Neste contexto, as redes de distribuição de energia convencionais estão sofrendo uma grande mudança, transformando-se de redes radiais de fluxo unidirecional de potência para redes ativas em que o fluxo de potência se dá em múltiplas direções devido à presença cada vez maior da geração distribuída.
Figura 1 – Exemplo de microrrede
41
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
a utilização em microrredes são pequenas
de carga;
menor, a eliminação de faltas temporárias
unidades do tipo microturbina, painéis
• Coordenação entre os equipamentos de
por meio do religador que se encontra na
fotovoltaicos e células a combustível,
proteção;
subestação é aceitável em comparação
todas integradas ao sistema por meio de
• Seletividade na operação;
com o rompimento de um elo fusível mais
eletrônica de potência. O diagrama unifilar
• Religamentos automáticos.
próximo a um consumidor.
simplificado de uma microrrede é ilustrado
Para alimentadores urbanos, a atuação
Para garantir uma proteção seletiva
de
traz
em alimentadores de distribuição são
afastados do ponto de defeito leva a um
diversos benefícios em consonância com
instalados vários dispositivos de proteção
número grande de unidades de consumo
a preocupação da sociedade atual, como
em série. O objetivo é isolar o menor trecho
desligadas, piorando os índices DEC/FEC da concessionária.
na Figura 1.
A
tecnologia
de
microrredes
equipamentos
de
proteção
mais
a redução de emissão de CO2 através
defeituoso possível por meio da atuação
do uso de fontes renováveis, melhoria
do dispositivo mais próximo à falta. Com
na eficiência energética com a redução
isso, pretende-se limitar a interrupção no
Impactos da presença de microrredes
nas perdas no sistema de transmissão e
fornecimento de energia ao menor número
nas redes de distribuição
distribuição, e o aumento da confiabilidade
possível de clientes. Todavia, a proteção
A
no fornecimento de energia, já que as
deve ser também coordenada de forma
redes de distribuição convencionais influi
microrredes são projetadas para operar
que faltas temporárias sejam eliminadas
diretamente no desempenho do sistema
mesmo na ausência do sistema elétrico de
por religadores e faltas permanentes sejam
de proteção convencional. A adição de
potência.
introdução
de
microrredes
nas
extintas pelo equipamento mais próximo
geração distribuída torna a rede ativa, com
as
à falta, geralmente, chaves fusíveis que
fluxo de potência bidirecional e alteração
microrredes impõem diversos desafios à
demandam das equipes de manutenção
nos valores da corrente de curto-circuito
sua implementação. Dentre estas, pode-se
maior tempo de reparo.
dependendo de quantas fontes estão em
destacar a utilização de um sistema de
operação no momento da falta.
proteção confiável que garanta seletividade
depende muito das características do
e coordenação nas mais diversas condições
alimentador (urbano, rural ou com clientes
de proteção em série, como no esquema
operativas. Neste trabalho, são discutidas,
especiais, tais como hospitais ou bancos) e
típico religador-fusível muito utilizado em
de
dificuldades
da filosofia da concessionária (uso de elo-
redes rurais, pode não ser mais garantida
impostas por esta nova tecnologia, com
fusível, possibilidade de alimentação dupla
na presença de microrredes, acarretando
foco na identificação de que a proteção
ou transferência de carga). Por exemplo,
desligamentos desnecessários, dificuldade
convencional
de
em circuitos rurais, nos quais o alimentador
de localização de faltas, aumento no
distribuição radiais não é adequada para
é longo e possui uma densidade de clientes
tempo de interrupções e maior custo de
Apesar
forma
de
suas
preliminar,
utilizada
vantagens,
as
em
redes
O grau de coordenação/seletividade
A coordenação entre os equipamentos
aplicação em uma microrrede. Também se apresenta uma análise crítica das soluções que vêm sendo propostas para contornar as dificuldades técnicas relacionadas à proteção de uma microrrede. Proteção
convencional
e
impactos
da presença de microrredes nas redes de distribuição
Princípios da proteção convencional de redes de distribuição
A proteção de redes de distribuição
radiais é baseada em alguns princípios: • Fluxo de potência unidirecional; • Alta relação corrente de falta / corrente
Figura 2 – Exemplo de perda de coordenação da proteção na presença de geração distribuída.
42
Aula Prática
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
manutenção.
microrrede detectar o defeito e se isolar da
pode não ser suficiente para sensibilizar
análise
rede. Todavia, o aumento deste tempo traz
proteções baseadas em sobrecorrente ou
dos principais impactos causados pela
como consequência a queda nos índices de
nos casos em que essas proteções forem
presença de uma microrrede em um ramal
qualidade de energia da concessionária.
sensibilizadas, a atuação pode ocorrer em
de distribuição.
Analisando, primeiramente, a falta F1
sincronismo no religador poderiam diminuir
indicada na Figura 2, observa-se que a
o tempo morto. O religamento ocorreria
simulação de uma microrrede no programa
contribuição da corrente de curto-circuito
quando a linha fosse desenergizada (barra-
Matlab, que a proteção 50/51 é incapaz
associada à microrrede faz com que a
viva / linha-morta), confirmando que a
de proteger uma microrrede devido à
corrente de falta que passa pelo fusível
microrrede passou a operar ilhada. Com
limitação do valor da corrente de curto-
não seja a mesma medida pelo religador à
a microrrede isolada, a concessionária
circuito. Mesmo com a utilização de uma
montante. Dessa forma, há a possibilidade
estará apta a restabelecer a energia aos
unidade de corrente direcional (67), não
de queima de um fusível antes da atuação
demais consumidores e, em um momento
foi possível garantir a operação correta e
da curva rápida do religador. Como
oportuno, a microrrede poderá decidir
seletiva da proteção. Soluções baseadas
consequência, uma falta que poderia ser
voltar a operar no modo on-grid a partir
em tensão, como o uso da função de
transitória passa a ser permanente.
do fechamento do ponto de acoplamento
restrição de tensão (51 V), também são de
A proteção da concessionária pode
comum
difícil aplicação, uma vez que microrredes
ainda sofrer perda de sensibilidade ou
sincronismo do tipo linha viva -barra viva.
A
Figura
2
permite
uma
Esquemas
com
(PCC)
verificação
com
verificação
de
de
causa o efeito de infeed, diminuindo a
Em [10] é demonstrado, por meio da
são
geograficamente
pequenas
e
o
afundamento de tensão tende a ser o
alcance, como no caso da falta F2 indicada na Figura 2. A presença da microrrede
tempos inaceitáveis.
Desafios para a proteção de microrredes
mesmo em todas as suas barras. Mesmo na condição de operação off-grid
contribuição de corrente de falta que passa
podem
ocorrer
variações
na
pelo religador 1, podendo levar a situações
técnicos
potência de curto-circuito dependendo da
em que o defeito só é percebido após a
relacionados à proteção de microrredes.
quantidade de fontes, suprindo a demanda
desconexão da microrrede.
Como
desenvolvimento
Existem
diversos
objetivo
desafios
geral,
busca-se
o
atual dentro da microrrede. Além disso,
sistema
de
é desejável que as microrredes sejam
Figura 2 poderia causar outro impacto
proteção que seja capaz de garantir a
capazes de suportar a inclusão de fontes
na proteção da distribuidora, conhecido
segurança dos equipamentos e de pessoas
do tipo plug-andplay, ou seja, elas devem
como trip indevido. A microrrede pode
em todas as condições operativas possíveis.
ser projetadas de modo a prever a inserção
contribuir com corrente para defeitos em
Alguns dos principais pontos que devem
de novas fontes de geração distribuída
um alimentador adjacente, cujo valor pode
ser considerados na implementação de um
com
sensibilizar a proteção do ramal onde está
sistema de proteção de uma microrrede
proteção, controle e regulação sem que
instalada a microrrede. No caso ilustrado
são discutidos a seguir.
toda a engenharia das demais partes da
Um defeito no ponto F3 da mesma
de
um
seus
próprios
equipamentos
de
microrrede precise ser revista. Em [11] é
seria verificada a abertura do religador 1 para um defeito no ramal do religador 2, o
Corrente de curto-circuito
que é indesejável.
O ajuste dos relés deve levar em
central que se comunica com as fontes
consideração
de
e os relés dentro da microrrede. Com
restrições para religamentos automáticos,
corrente de falta quando se passa da
as informações sobre a geração atual é
uma vez que elas podem permanecer
situação on-grid para off-grid. Esta variação
possível calcular a contribuição de corrente
alimentando
As
microrredes
impõem
ainda
a
drástica
redução
proposto um esquema com uma unidade
tempo
ocorre devido à perda da contribuição
de falta a cada momento e atualizar os
morto de religamento, caso a proteção
proveniente da concessionária por meio dos
valores de ajuste nos relés de proteção da
parametrizada
faltas
durante
o
não
grandes geradores síncronos do sistema
instalação. Este tipo de filosofia, em que a
estejaadequada e consequentemente o
de potência e à utilização de interface em
parametrização varia dinamicamente com
arco elétrico associado ao curto-circuito
eletrônica de potência das fontes em uma
o estado operativo da rede, é conhecida
não será extinto. A falta temporária pode se
microrrede, que limita a injeção de corrente
como proteção adaptativa. É necessário
tornar permanente, levando o religamento
das fontes interfaceadas a algo entre 2 pu
avaliar o desempenho do sistema de
ao estado de lockout. Fechamentos fora de
e 3 pu no momento do defeito. A possível
proteção na eventual falha do link de
sincronismo podem ainda acarretar danos à
presença de grupos motogeradores que
comunicação com a central. A perda de
geração distribuída. Uma possível solução
possuem maior relação entre a corrente
seletividade e coordenação devido à
seria elevar o tempo de religamento,
de curto-circuito e a corrente nominal
perda de comunicação é aceitável, porém,
aumentando as chances de a proteção da
em conjunto com as fontes renováveis
a proteção deve ainda ser capaz de ter
na
microrrede
43
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
sensibilidade para os mais diversos tipos de falta que podem ocorrer na microrrede.
Faltas com alta impedância também
se tornam um desafio à medida que o defeito vai se afastando eletricamente da fonte. Sua identificação não deve se basear apenas no valor de corrente, que se torna próximo do valor da corrente de carga.
Em [10] é demostrado que nem mesmo
a proteção diferencial é eficaz para este tipo de ocorrência. Nesta referência, é proposto um novo algoritmo que leva em consideração características aleatórias de faltas com alta impedância, como a variação da resistência de falta e sua duração dentro da mesma ocorrência, simulando um possível cabo partido tocando diversas vezes o solo. A detecção deste tipo de situação passaria pela análise da forma de onda da corrente no tempo e de suas componentes harmônicas.
Coordenação e seletividade no modo off-grid
É
esperado
que
um
sistema
de
proteção tenha seletividade e coordenação para qualquer tipo de falta dentro de uma microrrede de forma a se evitar o desligamento de todas as fontes de geração distribuída para uma ocorrência dentro da microrrede. A solução convencional baseada em curvas inversas de corrente não é mais adequada devido à limitação de
corrente
de
falta
já
mencionada
anteriormente. Outras proteções seletivas, como proteções baseadas em corrente diferencial ou esquemas de teleproteção, devem ser avaliadas.
Em [15] é proposto um esquema de
proteção diferencial (87) com unidades 50/51 e 27/59 como backup em caso de perda de comunicação entre os relés diferenciais. A vantagem da utilização da proteção diferencial é sua característica seletiva, rápida e sensível. Todavia, pressupõe-se que existam disjuntores em cada ponta da linha de distribuição e também que exista um link de comunicação que permita a troca de informações com o valor da
44
Aula Prática
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
corrente em cada terminal entre os relés.
subtensão, seria necessário algum tipo
ainda a opção de sincronização manual, o
Esta solução pode ser economicamente
de tecnologia para atender à SEMI-F47,
que acarretaria um operador experiente
inviável para microrredes menores, já que
tendo em vista que disjuntores tradicionais
para levar a GD a níveis compatíveis ao SEP
relés diferenciais são uma tecnologia mais
levam até cinco ciclos para efetivamente
e comandar o fechamento do PCC. Nesta
cara, que requer mais disjuntores e links de
interromper o circuito. Chaves estáticas
opção, os relés de proteção podem ter a
comunicação confiáveis. Contudo, alguns
surgem como opção para utilização no
função sincrocheck (ANSI 25) habilitada,
trabalhos vêm sendo realizados [9, 16] com
PCC.
permitindo o fechamento dos disjuntores somente para condições de diferença de
o intuito de usar a facilidade de troca de informações entre relés em uma smartgrid
Desconexões espúrias
para que os IEDs sejam capazes de garantir
a seletividade dentro da microrrede.
qualidade e confiabilidade, a proteção no
Para
atender
aos
tensão, frequência e ângulo dentro de uma requisitos
de
janela segura.
PCC pode ser ajustada de forma sensível,
Sistema de aterramento
uma alternativa natural para troca de
desconectando
informações de proteção entre os IEDs por
ao menor sinal de perturbação na rede.
aterramento da microrrede na ocorrência
meio de mensagens do tipo GOOSE [17].
Unidades de tensão e frequência podem
de separação do SEP e avaliar questões
O protocolo IEC 61850 surge como
Filosofias
de
coordenação
a
microrrede
do
SEP
É
preciso
verificar
como
fica
o
fusível-
ser ajustadas para isolar a microrrede para
como
religador são de difícil aplicação, uma vez
pequenos desvios dos valores nominais.
segurança e atuação da proteção para
que a fusão do fusível se dá para correntes
Esta filosofia pode não ser aceitável para
faltas a terra. Na hipótese da presença
muito superiores à corrente nominal, sendo
microrredes exportadoras de energia que
de um transformador na microrrede, a
este um equipamento de proteção de
em momentos de baixa carga vendem sua
definição do tipo de conexão (delta-estrela)
pouca eficácia dentro de uma microrrede.
energia para a concessionária.
deve ser criteriosamente selecionada.
Separações para condições de não falta
isolação,
uso
de
para-raios,
No PCC pode ser necessária a utilização
Velocidade de operação
representariam perda de receita. Há ainda a
de um transformador para adequar a
Um dos objetivos das microrredes
possibilidade de a microrrede ser projetada
tensão da concessionária à média tensão
é garantir o fornecimento de energia
com menos GD do que a carga total e um
dentro da microrrede. A utilização de
ininterrupto
ou
esquema de alívio de carga entrar em ação
um Trafo com ligação estrela para o lado
sensíveis, como hospitais ou indústrias.
na ocorrência de separação do SEP. Para
do sistema e delta para a microrrede
Distúrbios na rede da concessionária
estas microrredes, separações indevidas
pode ser interessante para a microrrede,
podem causar afundamentos de tensão
representariam o não atendimento a cargas
já que faltas monofásicas do lado da
dentro da microrrede, prejudicando a
não essenciais e, consequentemente, os
concessionária causariam um afundamento
qualidade e a confiabilidade da energia
índices de qualidade seriam afetados.
de tensão menor, próximo a 57% do valor
para
cargas
críticas
nominal, e defeitos do lado da microrrede
oferecida aos consumidores. A rápida separação da microrrede pode minimizar
Ressincronização
não
os impactos sentidos pelas cargas.
A operação da microrrede deve privilegiar
minimizando o efeito danoso de altas
teriam
contribuição
do
sistema,
Normas internacionais, como a IEEE
a condição on-grid, mais segura para
correntes. Neste tipo de ligação, algum
1547, que trata de requisitos técnicos para
seus consumidores. Na ocorrência de
meio de aterramento do neutro deve ser
a conexão de GD de até 10 MVA ao SEP,
separação do SEP, faz-se necessária a
avaliado para evitar sobretensões na média
permitem tempos de até 160 ms para a
ressincronização a partir do momento em
tensão da microrrede na operação off-
desconexão da GD para afundamentos
que o distúrbio original que provocou a
grid. O aterramento da GD, que pode ser
de tensão superiores a 50%. Já a norma
separação não está mais presente na rede.
diretamente aterrada por impedância ou
americana SEMI-F47, focada na qualidade
Para sincronismos automáticos, deve-se
até mesmo isolada. Da mesma maneira,
de energia do ponto de vista da carga,
utilizar um sistema de supervisão de forma
o uso de transformadores entre a GD e as
estipula que a tensão não pode ser inferior
a garantir o fechamento seguro do PCC
cargas da microrrede deve ser avaliado.
a 50% do valor nominal por tempo superior
com verificação de sincronismo entre o SEP
a 50 ms. A proteção da microrrede, nesse
e a GD na microrrede. Para microrredes
na área de concessão da Companhia
caso, deve ser capaz de identificar o defeito
com
de
Energética de Minas Gerais (Cemig) é usual
no sistema elétrico e isolar a microrrede
sincronismo deve ter uma interface com
a ligação em delta no enrolamento de
dentro de tal intervalo. Considerando
as diversas fontes, levando-as a valores de
média tensão e a ligação em estrela aterrada
que são necessários dois ciclos para a
tensão e frequência dentro da janela de
no lado de baixa tensão para prover um
identificação segura da proteção de sobre/
sincronismo para fechamento do PCC. Há
ponto de aterramento do neutro para as
múltiplas
fontes,
o
sistema
Nas redes de distribuição instaladas
45
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Institution of Engineering and Technology, London, UK,
cargas. Caso a microrrede seja conectada
diretamente na baixa tensão, deve ser
atuais redes de distribuição de energia não
avaliado algum tipo de aterramento, via
será capaz de prover segurança operacional
Trafo de aterramento próprio ou pelo
para as microrredes devido à característica
neutro da GD, para a condição operativa
bidirecional do fluxo de potência e à
off-grid em que o transformador da
limitação de corrente de falta imposta
[10] E. Sortomme, S. S. Venkata, and J. Mitra, “Microgrid
concessionária que provia o caminho para
pela eletrônica de potência presentes nas
Protection Using Communication-Assisted Digital Relays”
a corrente de sequência zero não está mais
microrredes. Novas formas de se projetar
– IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 25, no. 4, pp.
conectado à microrrede.
o sistema de proteção deverão levar em
A proteção convencional utilizada nas
consideração, além das questões acima,
Viabilidade econômica
2009. [9] C. M. Luiz, A. S. Braz, I. H. Pereira Jr., “Impactos da Geração Distribuída para Proteção dos Sistemas Elétricos”, in: XI Seminário Técnico de Proteção e Controle (STPC), Florianópolis, SC, 18-21 Nov. 2012.
2789-2796, Oct. 2010. [11] T. S. Ustun, C. Ozansoy, A. Zayegh, “Fault Current Coefficient and Time Delay Assignment for Microgrid
aspectos como seletividade e velocidade
Protection System with Central Protection Unit”, – IEEE
ordem
de atuação, de forma a garantir que a
Trans. Power Delivery, vol. 28, No. 2, pp. 598-606, May 2013.
técnica, o sistema de proteção de uma
microrrede atenda a requisitos de qualidade
[12] IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources
microrrede pode se tornar tão complexo
de fornecimento de energia.
with Electric Power Systems, IEEE Std. 1547, Jul. 2003.
que o custo em viabilizá-lo não justificaria o
investimento.
baseados em proteção diferencial e novos
Devido
A
às
dificuldades
tendência
para
de
proteção
Proteções
que
utilizam
algoritmos
[13] Specification for Semiconductor Processing Equipment Voltage Sag Immunity, SEMI F47-0706 Std., Aug. 2012. [14] W. E. Feero, D. C. Dawson, and J. Stevens, “White
de
algoritmos que usam dos benefícios da
Paper on Protection Issues of the Microgrids Concept” –
microrredes é o uso de modernos relés
troca de informações entre relés mostram-se
Consortium for Electric Reliability Technology Solutions,
digitais com capacidade de troca de
promissores para serem aplicados na solução
Mar. 2002.
informações e algoritmos mais elaborados
do problema. Contudo, questões como
[15] M. Dewadasa, A. Ghosh and G. Ledwich, “Protection
que possuem custo elevado. O uso de
indisponibilidade ou falha de comunicação,
disjuntores em cada terminal da linha de
faltas com alta impedância e limitações
distribuição para garantir a seletividade
de ordem econômica devem ser tratadas.
dentro da rede também resulta em elevação
[16] J. O. C. P. Pinto, F. B. Reis, and J. G. Rolim, “Identificação
Todos estes aspectos estão atualmente
da Seção em Falta em uma Microrrede através de um
dos custos. Uma forma de minimizar o
sendo investigados pelos autores.
Sistema Multiagente para Proteção”, in: XII Simpósio
impacto financeiro seria por meio de condizentes com o custo de instalação
[1] Math H. J. Bollen, The Smart Grid - Adapting the Power
e manutenção do sistema de proteção
System to New Challenges, Morgan & Claypool Publishers,
aplicado. A tarifação em tempo real,
2011.
possível através dos medidores inteligentes
[2] B. Kroposki, R. Lasseter, T. Ise, S. Morozumi, S.
microrredes.
Papathanassiou, and N. Hatziargyriou, “Making Microgrids Work”, IEEE Power and Energy Magazine, vol. 6, no. 3, pp.40-53, 2008. [3] N. Hatziargyriou, H. Asano, R. Iravani, and C. Marnay, “Microgrids”, IEEE Power and Energy Magazine, vol. 5, no.
Conclusões
4, pp. 78-94, 2007. [4] X. Zhou, T. Guo, and Y. Ma, “An Overview on Microgrid
As microrredes são uma evolução natural
da tecnologia de redes inteligentes. Vários de seus benefícios podem ser enumerados,
Technology”, in: Int. Conf. Mechatronics and Automation, Beijing, China, 2015. [5] S. Conti, “Protection Issues and State of the Art for
Microgrids
with
Inverted-Interfaced
Distributed
entre eles a maior confiabilidade e eficiência
Generators”, in: Int. Conf. Clean Electrical Power (ICCEP),
energética, bem como a utilização das
Ischia, 14-16 Jun. 2001.
novas formas de energia limpa. Entretanto,
[6] D. M. Falcão, “Smart Grids e Microrredes: O futuro já
antes que as microrredes se tornem parte do cotidiano da sociedade atual, é necessário que diversas questões, entre elas, a proteção
Brisbane, Australia, 25-28 Sept.2011.
25-28 Oct. 2015.
Referências
trazer benefícios de ordem econômica às
Universities Power Engineering Conference (AUPEC),
Brasileiro de Automação Inteligente (SBAI), Natal, Brasil,
incentivos fiscais e tarifas de energia
presentes nas smartgrids, poderia também
of Microgrids Using Differential Relays”, in: 21st Australasian
é presente”, VIII Simpase – Simpósio de Automação de Sistemas Elétricos, Rio de Janeiro, 9-14 Aug. 2009. [7] M. R. Miveh, M. Gandomkar, S. Mirsaeidi, M. R. Gharibdoosr, “A Review on Protection Challenges in
elétrica para as condições on-grid e off-grid,
Microgrids”, in: Proc. 17th Conf. Electrical Power Distribution
sejam bem esclarecidas e dominadas pelos
Networks (EPDC), Tehran, Iran, 2012.
engenheiros responsáveis pelo seu projeto
[8] S. Chowdhury, S.P. Chowdhury and P. Crossley,
e operação.
“Microgrids and Active Distribution Networks”, The
[17] H. J. Laaksonen, “Protection Principles for Future Microgrids” – IEEE Transactions on Power Eletronics, vol. 25, No. 12, pp. 2910-2918. Dec. 2010. [18] E. Sortomme, G. J. Mapes, B. A. Foster, S. S. Venkata, “Fault Analysis and Protection of a Microgrid”, in: 40th Northe American Power Symposium (NAPS), Calgary, Canada, 28-30 Sept. 2008.
*Israel Rodrigues é engenheiro eletricista, com especialização em Sistemas Elétricos de Potência e é aluno de mestrado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, trabalha como engenheiro eletricista na Omexom Power & Grid, uma empresa do grupo Vinci Energies na área de proteção e controle de sistemas elétricos. Alberto De Conti possui graduação (1999), mestrado (2001) e doutorado (2006) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2006, desenvolveu atividades de pós-doutorado como pesquisador visitante na Universidade de Uppsala, Suécia. Desde 2009 é Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG e membro do permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica dessa mesma instituição. É ainda pesquisador associado ao Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Descargas Atmosféricas (LRC) da UFMG.
Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES
Ano 1 - Edição 7 / Janeiro de 2017
Geração fotovoltaica
Avaliação dos impactos técnicos e econômicos no Sistema de Distribuição de Energia Elétrica (SDEE) *Notícias selecionadas sobre o mundo das energias renováveis complementares eólica e solar* APOIO
Solar
48
Artigo
Por Selma Oliveira, Núbia Brito, Maurício Correa, Benemar de Souza e Rivanildo Soares*
Geração fotovoltaica na distribuição
Uma breve avaliação dos impactos técnicos e econômicos
constitui atualmente uma área de pesquisa
monitoramento dos limites permissíveis
com processos de controle cada vez mais
efervescente. De um modo geral, a inserção de
de tensão é necessário, visto que que a
sofisticados e sensíveis à qualidade da energia
qualquer equipamento ou elemento ao SDEE
ocorrência de fluxo reverso pode provocar
elétrica, associado à demanda crescente
pode gerar impactos positivos e/ou negativos.
elevação da tensão no ponto de conexão da
por energia elétrica, à preservação do meio
Esse fato aplica-se também à inserção de
GSF com o SDEE. Quanto às perdas técnicas, o
ambiente e à escassez de água, evidencia a
geradores distribuídos, cujos impactos são
fato de elas serem diretamente proporcionais
necessidade de se agregar fontes renováveis
maiores quando o número de geradores
ao nível de carregamento do sistema, a
à matriz energética do país, o que representa
cresce. Além disso, tais impactos dependem
presença de GSF próximo à carga pode
um dos grandes desafios da sociedade
da configuração e das características do
contribuir para minimizá-las, uma vez que o
moderna: a sustentabilidade energética.
sistema elétrico e dos locais de conexão
fornecimento de potência ativa à carga por
Dentre as fontes renováveis, destaca-se aqui
dos geradores. Dentre os diversos impactos
parte da GSF reduz a corrente da subestação
a solar fotovoltaica, que ainda é muito pouco
resultantes, destacam-se aqui as variações
ao ponto de conexão.
explorada no Brasil.
nos níveis de tensão e nas perdas variáveis na
condição de operação em regime permanente.
que a maioria dos estudos contempla a
necessidade de diversificação da matriz
inserção em pequena escala e conectada ao
energética mundial, o estudo dos impactos
(GSF) pode contribuir positivamente na
sistema secundário. Este trabalho apresenta
da inserção deste tipo de geração no Sistema
minimização dos problemas relacionados
um estudo dos impactos gerados pela
de Distribuição de Energia Elétrica (SDEE)
com variações de tensão, entretanto, o
conexão de uma usina de GSF no sistema
O uso crescente de aparatos tecnológicos,
Dados o seu grande potencial e a
É fato que a Geração Solar Fotovoltaica
A análise do estado da arte atual mostrou
Artigo
Solar
49
primário. Para isso, fez-se uso de métodos
Em relação ao modelo de carga,
consolidados para obtenção do estado da
selecionou-se o tipo potência constante,
rede, considerando níveis de penetração da
visto que é o mais utilizado em estudos de
GSF e de patamares de carga diversos, visando
fluxo de carga e se adequa bem quando se
a avaliação dos níveis de tensão e de perdas
utiliza curva de duração de carga segmentada.
elétricas em um sistema teste. O estudo
Soma-se a isso a sua facilidade de cálculo e
foi concluído com uma análise de custos
implementação computacional.
visando o cálculo da estimativa do tempo
de recuperação do capital investido e de
definida como sendo a relação carga versus
viabilidade do projeto de implantação de uma
tempo de um dispositivo elétrico) foi feito
usina solar fotovoltaica.
considerando medição realizada em intervalos
O levantamento da curva de carga (é
de cinco minutos, resultando na curva
Formulação do problema
de carga diária, que, posteriormente, foi segmentada. O procedimento de segmentação
A formulação do problema foi feita
segundo as etapas apresentadas a seguir.
é normalmente realizado considerando um número de intervalos pré-definidos, nos quais a carga é considerada constante. Tais
• Seleção do sistema teste;
intervalos equivalem a patamares de carga
• Escolha do modelo do SDEE;
e representam níveis distintos, sendo o
• Escolha do modelo da carga;
número de níveis definido conforme o tipo
• Levantamento da curva de carga;
de aplicação e o grau de precisão desejado
•
e, para sua implementação, requer o uso
Seleção do método para cálculo do fluxo
de técnicas de otimização numérica. Neste
de carga.
trabalho, optou-se pela segmentação em
Como sistema teste, utilizou-se um
três níveis, que representam cargas leve,
sistema baseado em um alimentador real
média e pesada. Para isso, empregou-se uma
e, para formulação do modelo do SDEE,
rotina computacional para segmentar curvas
consideraram-se: sistema trifásico radial
de carga, baseada em algoritmo genético
e balanceado, linhas de distribuição
elaborada por [9].
representadas por resistência e reatância
série, alimentador primário dividido em
considerado uma das etapas mais
trechos, os quais são limitados por nós
importantes nos estudos relacionados aos
ou barras, sendo cada nó representando
sistemas de potência, utilizou-se um método
um ponto em que pode estar instalado um
de varredura do tipo backward-forward,
transformador de distribuição, existir uma
atualmente, o mais utilizado para SDEE.
bifurcação ou ocorrer mudança de bitola.
Especificamente, empregou-se o Método da
Soma das Potências (MSP) proposto por [11],
Um trecho de alimentador é
Para o cálculo do fluxo de carga,
esquematizado na Figura 1, em que se
o qual tem formulação matemática simples,
considerou cada trecho como sendo formado
é robusto, converge rapidamente e se aplica
pelo ramo correspondente juntamente com o
a sistemas monofásicos ou trifásicos, desde
seu nó terminal.
que tenha configuração radial.
Figura 1 – Trecho de um alimentador radial monofásico.
Solar
50
Artigo empregando as equações (1) e (2) e seguindo
projeto se pague. Ele pode ser computado,
consiste em resolver, para cada trecho do
a direção da subestação para as barras
conforme [12], por:
alimentador, uma equação biquadrada
terminais;
mediante a qual se relacionam o fluxo de
4 - Calcular as perdas ativa e reativa em cada
potência em seu final e as tensões nos
trecho empregando a equação (3);
extremos do trecho. O fluxo de potência
5 - Repetir os passos 2 a 4 enquanto houver
no final de um trecho corresponde à carga
variação significativa nas perdas totais do
custo de capital do empreendimento); e T o
instalada na barra do trecho mais a soma das
alimentador de uma iteração para outra.
tempo necessário para que o projeto se pague,
O problema de fluxo de carga via MSP
ou seja, o Payback.
potências instaladas e das perdas à jusante. Daí o nome do método, que é interativo nas
Em que: K é a taxa de desconto (igual ao
Análise econômica
variáveis perdas. A estimativa inicial é de
Metodologia
perdas nulas e a cada interação seus valores
são corrigidos até que essas correções deixem
econômica e de rentabilidade das alternativas
de ser significativas.
de investimento, foram avaliados os seguintes
estudo realizado é apresentada de forma
métodos: Método do Valor Presente Líquido
resumida na Figura 2 e baseou-se nos
(VPL), Método da Taxa Interna de Retorno
critérios estabelecidos pelos órgãos
(TIR) e Payback.
reguladores. Considerou-se o sistema
teste apresentado na Figura 3 (extraído de
Ao final da análise extrai-se o seguinte
equacionamento:
Para realizar o estudo de viabilidade
O VPL tem como objetivo calcular o
A metodologia desenvolvida para o
impacto dos eventos futuros associados a um
[13]), que representa um alimentador de
projeto de investimento em relação ao valor
distribuição da Companhia Energética da
presente, ou seja, calcula o valor presente
Borborema (Celb), atualmente, Energisa
dos fluxos de caixa gerados pelo projeto ao
Borborema, suprido pela subestação
longo de sua vida útil. Matematicamente,
Bela Vista, situada na cidade de Campina
o VLP é simplesmente a diferença entre os
Grande, na Paraíba. O sistema teste possuía
aditamentos gerados pelo projeto e os custos
aproximadamente 14,5 km de extensão,
associados a ele:
103 barramentos e atendia a uma área predominantemente residencial.
No sistema teste foram inseridos
geradores fotovoltaicos em alguns Em que:
Em que:
barramentos e avaliados diferentes níveis de
Pi e Qi são, respectivamente, o fluxo de
I o investimento inicial;
penetração fotovoltaica (ou seja, diferentes
potência ativa e reativa no fim do trecho i;
ƒct o fluxo de caixa do projeto no período de
níveis de geração fotovoltaica) e de patamares
PLi e QLi são, respectivamente, cargas ativa e
tempo t;
de carga, o que resultou em diversos cenários,
reativa instaladas no fim do trecho i;
r a taxa de desconto e n, o horizonte de análise
conforme mostrado na Tabela I.
ΔPK e ΔQK são, respectivamente, as perdas ativa
do fluxo de caixa. O critério de decisão será
e reativa no fim do trecho k;
positivo quando seu valor for maior que zero.
de instalação e distribuição dos geradores
Ωi é o conjunto de todos os trechos que derivam do trecho i.
O algoritmo de solução pode ser resumido
da seguinte maneira:
O critério para definição dos pontos
fotovoltaicos foi realizado por meio da
O TIR tem como objetivo encontrar uma
inspeção visual do perfil de tensão do
taxa intrínseca de rendimento. Segundo
sistema, após análise de fluxo de carga, sem
[12], trata-se de uma taxa de retorno do
levar em consideração as curvas de cargas.
investimento, ou seja, é o valor de i* que
Foram avaliados no perfil de tensão os
satisfaz:
pontos de maior queda de tensão, os quais
1 - Inicialmente, considerar nulas as perdas
foram selecionados para alocar os geradores
ativa e reativa no alimentador;
fotovoltaicos.
2 - Calcular os fluxos em cada trecho
O estudo consistiu em avaliar os
considerando a configuração do alimentador, a
O projeto é economicamente viável se i*
impactos no perfil de tensão e nas perdas de
carga instalada em cada barra e as perdas por
for maior que a taxa mínima de atratividade
potência em diversos cenários de penetração
trecho do alimentador utilizando as equações
aplicada.
fotovoltaica. O estudo foi concluído com
(3) e (4) e seguindo a direção das barras
uma análise de custos, visando cálculo da
terminais para a subestação;
investimento é caracterizado pelo número
estimativa do prazo de recuperação do capital
3 - Calcular a tensão em cada trecho
de períodos (tempo) necessário para que o
investido.
O Payback ou tempo de retorno sobre o
Artigo
Solar Tabela I – Cenários de estudo
Cenário
Geração fotovoltaica
Carga do sistema
A
Máxima
Leve
B
Máxima
Média
C
Máxima
Pesada
D
Média
Leve
E
Média
Média
O modelo de gerador fotovoltaico
proposto foi utilizado por [14], segundo o qual, a potência de saída, sob dadas irradiância e temperatura, é a seguinte:
F
Média
Pesada
G
Baixa
Leve
H
Baixa
Média
saída do módulo fotovoltaico (250W),
I
Baixa
Pesada
o coeficiente de temperatura (%/ºC), o
Em que: Pnom , Kp , ΔT , η , Sm e Snom são, respectivamente: a potência máxima de
desvio de temperatura (ºC), o rendimento do inversor (0,96), a irradiância no módulo PV (W/m²) e a irradiância nominal (1000W/ m²). A temperatura foi considerada constante.
Os dados de irradiância da geração
fotovoltaica, obtidos com a segmentação da curva de duração de carga, conforme mostrado nas Figuras 4 e 5, constituem a entrada para a variável Sm do modelo da Equação (8). A resposta do modelo é alocada dentre os dados de potência ativa de entrada, nos barramentos de alocação do GF, para execução do MSP.
Análise dos resultados Figura 2 – Fluxograma da metodologia proposta.
A avaliação da variação dos níveis de
tensão do sistema baseou-se nos limites permissíveis de tensão determinados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no módulo 8 do Prodist, que considera uma faixa de variação de ±5%.
Para avaliação do efeito da geração
fotovoltaica, tomou-se como referência o caso do alimentador sem conexão dos geradores fotovoltaicos e operando em seu pior cenário (situação de carga pesada sem geração fotovoltaica), denominado aqui de
Figura 3 – Diagrama unifilar do sistema teste.
caso base.
A título de comparação e melhor
visualização, optou-se pela exibição dos resultados apenas para os barramentos críticos, ou seja, barramentos de maior regulação, que são: barramentos terminais, barramentos de conexão de grandes ramais e barramentos de conexão dos geradores fotovoltaicos. Os valores de tensão nesses Figura 4 – Curva de duração de carga do sistema teste proposto.
Figura 5 - Curva de duração de irradiância média global proposta.
barramentos são fornecidos em valor por unidade (pu) e apresentados nas Figuras 6 a 8.
51
Solar
52
Figura 6 - Tensões resultantes nos barramentos de maior regulação do sistema-teste com GSF instalada nos barramentos 31 e 54.
Artigo as elevações nos níveis de tensão foram menores;
como sendo a estimativa do valor da energia
• Quando o nível de penetração da GSF foi médio,
anual economizada considerando a redução das
os resultados foram melhores sob o ponto de
perdas. A tarifa atual para a classe consumidora
vista técnico, em particular na configuração GSF
B1 residencial de baixa tensão, monofásico
conectada às barras 23 e 92, pois nessa situação,
220/127 V adotada pela Energisa/Paraíba,
ocorreu elevação de tensão com ausência de
é de 0,2898 R$/KWh. A perda de energia é
picos proeminentes.
obtida fazendo-se uso da perda de energia diária calculada pelo MSP e orçada com base na curva
de carga diária, de onde se extrai posteriormente
Os resultados referentes às perdas técnicas
totais são apresentados nas Tabelas II, III e IV. Elas
seu equivalente anual.
foram calculadas via método da soma de potência,
fazendo-se uso das equações (3) e (4). Os cenários
importante destacar que essa etapa foi realizada
com menores valores de perdas estão destacados
sob a ótica do produtor de energia, com base em
em negrito. Análise dos resultados mostrou:
um projeto de uma usina solar fotovoltaica de 3
Em relação ao estudo de análise econômica, é
MWp, composta por aproximadamente 19.400
Figura 7 - Tensões resultantes nos barramentos de maior regulação do sistema-teste para GSF instalada nos barramentos 23 e 92.
Figura 8 – Tensões resultantes nos barramentos de maior regulação do sistema-teste para GSF instalada nos barramentos 31 e 92.
• Atuação positiva da GSF no sentido de redução
módulos fotovoltaicos de 250 MWp. O modelo
das perdas;
tomado como base foi o proposto por [16] e
• O cenário G foi o que apresentou a maior redução
apresenta os seguintes parâmetros adaptados:
de perdas, entretanto, não possui menores níveis de tensão;
• Vida útil da usina: 25 anos;
• O cenário F, em particular os valores destacados
• Custos com manutenção e operação do sistema
em vermelho, resultou: i) em redução significativa
estimado em 0,05% do investimento inicial ao ano;
nos valores de perdas; ii) nos melhores níveis de
• Juros de 7%, 14% e 15,5% ao ano;
tensão; iii) no menor valor de perdas de energia
• Venda da energia produzida pela usina pelo valor
quando se considerou análise integrada.
do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), que
O gráfico de barras das perdas de energia
sofrerá redução progressiva de 9,55% ao ano
calculadas para todos os cenários e configurações
alcançando o valor máximo de R$ 2.183,81;
avaliadas é apresentado na Figura 9, calculado
• Investimento inicial de R$ 30.000,00.
Tabela II – Perdas nas condições de carga leve
Carga leve
especificados na Tabela I, foram conforme o esperado, pois a tensão elevou-se em todos os cenários e barramentos, independentemente do
Perda ativa (MW)
nível de penetração da GSF.
GD (23 e 92)
GD (31 e 54)
GD (31 e 92)
Caso base
0,00422722
0,00422722
0,00422722
Cenário A
0,09354976
0,13156305
0,13558524
Os resultados do cálculo do fluxo de carga
em todos os casos estudados, os quais estão
Para os cenários exibidos nas Figuras 6 a 8:
• Observaram-se picos de tensão nos entornos onde os GSF foram instalados para todos os
Perda reativa (MVAr)
cenários e configurações, exceto para o cenário I,
Cenário D
0,03069202
0,04635174
0,04690821
Cenário G
0,00136102
0,00183562
0,00143313
Caso Base
0,00694496
0,00694496
0,00694496
Cenário A
0,15213564
0,14639278
0,14639278
Cenário D
0,04899449
0,04813409
0,04690821
Cenário G
0,00192401
0,00237258
0,00237258
Tabela III – Perdas nas condições de carga média
que apresentou o pior resultado dentre os demais;
Carga média
• Quando comparada às demais configurações, a GD (23 e 92)
GD (31 e 54)
GD (31 e 92)
Caso base
0,00604998
0,00604998
0,00604998
Cenário B
0,08757543
0,12579469
0,12894881
tensão da configuração GSF conectada às barras 23 e 92 apresentou: i - comportamento menos oscilatório; ii - crescimento constante nos níveis de tensão e valores próximos a 1pu; iii - ausência de picos proeminentes de tensão ao longo do
Perda ativa (MW)
alimentador, exceto nos barramentos terminais; • O cenário A apresentou as maiores elevações nos níveis de tensão sem, entretanto, ultrapassar o limiar máximo de 1,05 pu (pico máximo de 1,02 pu); • Quando o nível de penetração da GSF foi mínimo,
Perda reativa (MVAr)
Cenário E
0,02745867
0,04324382
0,04322213
Cenário H
0,00235151
0,00284482
0,00234306
Caso Base
0,00993909
0,00993909
0,00993909
Cenário B
0,1416743
0,13695264
0,12894881
Cenário E
0,04327541
0,04307972
0,04322213
Cenário H
0,003487
0,00404577
0,00404577
Artigo
Solar Tabela IV – Perdas nas condições de carga pesada
comportamento da rede, sem exigir modificações
Carga máxima
significativas nas ferramentas existentes.
GD (23 e 92)
GD (31 e 54)
GD (31 e 92)
Caso base
0,01707493
0,01707493
0,01707493
Perda ativa
Cenário C
0,06599204
0,10511748
0,10460161
(MW)
Cenário F
0,0173304
0,03367091
0,03120286
Cenário I
0,00989249
0,01046953
0,00954724
Caso Base
0,02804516
0,02804516
0,02804516
Perda reativa
Cenário C
0,10354102
0,1031318
0,10460161
(MVAr)
Cenário F
0,02495014
0,02756449
0,03120286
Cenário I
0,01560594
0,01663142
0,01663142
Conclusões
Corroborando a literatura especializada, a
geração fotovoltaica constitui uma alternativa promissora para atuação conjunta com o sistema elétrico interligado brasileiro. A injeção de potência ativa resultante da conexão desse tipo de fonte ao sistema primário provocou elevação
Figura 9 - Gráficos de barra de perdas de energia calculadas para todos os cenários estudados.
das tensões em todos os barramentos do sistema para todos os cenários avaliados.
Na condição de baixa penetração fotovoltaica,
observou-se que sua influência é pequena,
entretanto, quando instalados em determinadas
O estudo não contemplou as taxas de juros
que possam ser, eventualmente, aplicadas e os
condições, a geração solar fotovoltaica pode
custos associados à depreciação dos módulos e
promover impactos positivos, tanto nos níveis
equipamentos que constituem a usina em questão.
de tensão, quanto na minimização das perdas
técnicas e de energia.
Os dados do PLD médio foram extraídos de
[17] e a taxa considerada baseou-se na Selic (Taxa
Do estudo realizado, verificou-se que cenários
Básica). Os resultados obtidos são apresentados
que combinem carga máxima com penetração
na Tabela V, dos quais se pode concluir:
fotovoltaica média (cenário F) tendem a ser muito atrativos para a redução do uso de equipamentos
• O tempo para o projeto ter seu investimento
reguladores de tensão e também para a melhoria
saldado em sua totalidade está diretamente
geral da qualidade da energia fornecida.
relacionado com a taxa aplicada, pois quanto
menor ela for, menor também será o payback do
o quão sensível é a implementação de
projeto e, consequentemente, maiores serão os
empreendimentos para geração solar fotovoltaica
valores de VPL obtido;
às taxas vigentes e aplicáveis no Brasil e o quão
• A TIR está intimamente relacionada ao VPL
pouco atrativos ainda são tais projetos, do ponto
e, portanto, só faz do projeto viável para a taxa
de vista econômico-financeiro.
de 7%, já que seu valor é maior que a taxa, nas
demais o projeto é inviável.
implementada é simples e eficaz na avaliação do
A avaliação econômica realizada demonstrou
Ao final, contatou-se que a metodologia
Tabela V – Análise econômicav
Resultado Taxa (%)
Método atuarial 7,00
14,00
15,50
VPL (R$)
37.099.463,16
3.947.937,64
115.813,13
TIR (%)
7,991
4,416
3,060
Payback descontado (anos)
11
18
25
Referências [1] L. D. M. Guedes, “Localização e dimensionamento de unidades de geração distribuída em redes de distribuição radiais”, Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, 2006. [2]T. Chang, “Impact of distributed generation on distribution feeder protection”, Doctoral Thesis, University of Toronto, 2010. [3] T. C. D. C. Fernandes, “Aplicação de técnicas de estimação modal para análise da estabilidade a pequenas perturbações de sistemas de distribuição com geração distribuída”, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2012. [4] R. A. Shayani, ”Método para determinação do limite de penetração da geração distribuída fotovoltaica em redes radiais de distribuição”, Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, 2010. [5] M. P. S. Martins, ”Inovação tecnológica e eficiência energética”, Monografia de Pós-Graduação, Instituto de Economia-UFRJ, 1999. [6] L. N. Padilha, “Análise comparativa de estratégias para regulação de tensão em sistemas de distribuição de energia elétrica na presença de geradores distribuídos”, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2010. [7] J. A. Paludo, ”Avaliação dos impactos de elevados níveis de penetração da geração fotovoltaica no desempenho de sistemas de distribuição de energia elétrica em regime permanente”, Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, 2014. [8] M. M. Frigo, “Impacto da microgeração de energia elétrica em sistemas de distribuição de baixa tensão”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 2013. [9] H. Ferreira, ”Sistemas de distribuição de energia elétrica: um algoritmo genético para alocação ótima de capacitores” Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Campina Grande, julho, 2002. [10] D. Shirmohammadi, H. W. Hong, A. Semlyen and G. X. Luo, “A compensation-based power flow method for weakly meshed distribution and transmission networks,” IEEE Transactions on Power Systems, v. 3, n. 2, p. 753-762, 1988. [11] R. P. Broadwater, A. Chandrasekaran, C. T. Huddleston and A. H. Khan, “Power flow analysis of unbalanced multiphase radial distribution systems”, Electric Power Systems Research, v. 14, n. 1, p. 23-33, 1988. [12] C. P. Samanez, ”Engenharia Econômica, ” Editora: São Paulo, 2009. [13] B. A. de Souza, H. A. Ferreira, R. J. A. Loureiro, L. F. Cavalcanti, & S. Lima,“Segmentação ótima da curva de duração de carga anual”, Congresso Internacional de Distribuição Elétrica (CIRED), 2002 [14] T. Yao, Y. Tang, and R. Ayyanar, “High resolution output power estimation of large-scale distributed PV systems”, IEEE In Energy Conversion Congress and Exposition (ECCE), 2014. [15] ANEEL, “Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica – PRODIST, Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica”, 2010. [16] ABINEE, “Propostas para inserção da energia solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira, 1ª edição, 2012. [17] CCEE, Disponível em: http://www.ccee.org.br, Acesso em 10/01/2016. *Selma Alves de Oliveira é engenheira eletricista com mestrado em sistemas elétricos de potência. Atualmente, é professora dos colegiados de engenharia elétrica das faculdades Maurício de Nassau e Fainor - Faculdade Independe do Nordeste. Núbia Silva Dantas Brito é engenheira eletricista, com especialização, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica. Atualmente, é professora do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Maurício Beltrão de Rossiter Correa é engenheiro eletricista, com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica. É professor adjunto da UFCG. Benemar Alencar de Souza é engenheiro eletricista, com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica. Atualmente, é professor associado da UFCG. Rivanildo Alves Soares é técnico em Eletrotécnica e graduando em Engenharia Elétrica na UFCG.
53
Renováveis
54
notícias
Ceará tem fundo de incentivo à GD
Governador sancionou Fundo de Incentivo à Eficiência Energética e Geração Distribuída
nessa área. Esse fundo tem
de energia nas residências, que
Secretaria da Infraestrutura do
Santana sancionou, no último
um aspecto concreto para
será o grande salto que o Ceará
Estado do Ceará (Seinfra).
dia 13 de janeiro, uma lei que
colocar em prática esse
vai dar na frente de todos",
cria o Fundo de Incentivo à
objetivo, e parabenizo todo o
afirmou.
Eficiência Energética e Geração
Eficiência Energética e Geração
planejamento feito em parceria
Distribuída (FIEE). O objetivo
com a Fiec", disse.
é promover o desenvolvimento
e financiamento de projetos
das Indústrias do Estado do Ceará
de eficiência energética
(Fiec), Beto Studart, destacou
governador fica autorizado
com o intuito de abrir um
e de micro e minigeração
que o Estado está caminhando
a abrir crédito adicional
crédito orçamentário para a
de energia elétrica como
para projetos ainda maiores.
especial na importância de
compra de energia solar para
estímulo à energia com base
"O Ceará está sempre inserido
R$ 10 milhões para destinar
as instalações elétricas do
nas fontes renováveis, bem
nesse contexto de geração de
ao Fundo de Incentivo à
Governo do Ceará.
como no apoio à modernização
energia, que é um tema global.
Eficiência energética. Um
das instalações elétricas
Então, hoje, o governador criou
Conselho Gestor foi criado com
adicional no Orçamento
dos órgãos e entidades da
um fundo específico para iniciar
o intuito de analisar e escolher
daquele ano de R$ 10 milhões
administração pública.
um programa, que eu considero
os projetos que receberão
para despesas do instrumento
O governador Camilo
O Fundo de Incentivo à
Distribuída é uma ampliação
Fundo de incentivo
O presidente da Federação
do Fundo de Incentivo à Energia Solar do Estado do
A partir dessa lei, o
Ceará (Fies), criado em 2009,
Foi aberto um crédito
piloto, para incentivar as
recursos financeiros e definir
de captação financeira, e
a importância de diversos
unidades do Governo e estimular
as diretrizes de aplicação de
ainda, a alteração do art. 8º
setores para que o projeto
as indústrias para que possam
tais recursos. O Conselho irá
da lei nº 10.367/79, para
fosse realizado. "Essa questão
fornecer as próprias unidades.
encaminhar relatório semestral
permitir a destinação de
da energia renovável tem sido
É um passo importante, pois
à Assembleia Legislativa do
0,5% para o fundo solar do
um esforço para que o Ceará
existem recursos e precisamos
Estado do Ceará sobre todos
valor desembolsado pelos
retome em médio a curto prazo
avançar. Em breve poderemos
os programas desenvolvidos
beneficiários do Fundo de
a condição de vanguarda,
ter esse programa de eficiência e
pelo FIEE, que será gerido
Desenvolvimento Industrial do
que sempre foi característica
geração de micro e minigeração
financeiramente pela
Ceará (FDI).
O Governador destacou
Renováveis
notícias
Brasil ultrapassa sete mil conexões de micro e minigeração O número passou de quatro conexões registradas em dezembro de 2012 para 7.658 ligações em janeiro de 2017 de São Paulo (1.370) e Rio
2024 mais de 1,2 milhão de
sua própria energia, o equivalente
conexões de micro e minigeração
Grande do Sul (782).
consumidores passem a produzir
a 4,5 GW de potência instalada.
de energia superou sete mil
instalações. O número cresceu de
próprios consumidores tornou-se
quatro conexões registradas em
possível a partir da Resolução
dezembro de 2012 para 7.658
Normativa Aneel nº 482/2012.
ligações registradas na Agência
A norma estabelece as condições
Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
gerais para o acesso de micro
em 25 janeiro de 2017, o que
e minigeração aos sistemas de
representa uma potência instalada
distribuição de energia elétrica e
de 75.071,09 kW – suficiente
cria o sistema de compensação
para abastecer 60 mil residências.
de energia elétrica, que permite
ao consumidor instalar pequenos
Em quatro anos, o número de
A fonte mais utilizada pelos
A geração de energia pelos
consumidores-geradores é a solar
geradores em sua unidade
com 7.568 adesões, seguida
consumidora e trocar energia
da eólica com 45 instalações. O
com a distribuidora local. A
estado com o maior número de
resolução 482 foi revista em
micro e minigeradores é Minas
novembro de 2015 e, na época,
Gerais (1.644 conexões), seguido
estimou-se que no ano de
55
Pesquisa - Fios, cabos e acessórios
56
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Fios, cabos e acessórios Fabricantes e distribuidores de fios, cabos e acessórios preveem leve melhoria do setor para este ano de 2017, mas construção civil desaquecida e desaceleração econômica podem comprometer os resultados
A indústria elétrica e eletrônica tem apresentado melhora em alguns
A pesquisa foi dividida em duas partes. A primeira, realizada com
indicadores do setor, no entanto, não se verifica reversão completa dos
fabricantes e distribuidores de fios e cabos elétricos; a segunda, com
resultados. A atividade do setor permanece retraída. Esta é a conclusão
empresas de acessórios para fios e cabos.
da mais recente avaliação setorial realizada pela Associação Brasileira da
Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), divulgada no fim do ano passado.
e cabos elétricos, o ano de 2016 foi de queda. Seus resultados
Segundo o levantamento, entre os indicadores que apontaram
apresentados no ano passado foram, na média, 1% inferiores aos
resultados mais favoráveis na comparação com sondagens anteriores
registrados no ano anterior. Já as empresas de fios e cabos registraram,
feitas pela própria associação, estão: redução de empresas que apontaram
na média, uma pequena alta frente a 2015: de cerca de 3%. A meta
queda nas vendas/encomendas comparadas com igual período do ano
das empresas pesquisadas é alcançar aumento de até 10% neste ano
anterior; menor percentual de empresas que tiveram negócios abaixo das
de 2017. No que se refere às expectativas de contratação, ambos os
expectativas; ajustes de estoques de produtos acabados; maior número
mercados pesquisados projetam acréscimo médio de 5% de funcionários
de empresas que aumentaram as exportações.
em suas folhas de pagamento.
Por outro lado, as indicações sobre desemprego continuam elevadas,
Segundo os fabricantes e distribuidores de acessórios para fios
Estas projeções vislumbram um cenário econômico levemente mais
como já vem sendo constatado desde 2014. A boa notícia é que, para
favorável a depender, especialmente, de programas de incentivo do
2017, as expectativas são mais favoráveis, com 70% das empresas
Governo. De acordo com as empresas que participaram deste levantamento,
pesquisadas projetando crescimento, 20% estabilidade e 10% queda.
a desaceleração da economia brasileira e o desaquecimento do setor da
construção civil são os principais fatores que influenciam, negativamente, o
Um dos mercados mais importantes do setor elétrico é o de fios
e cabos, alvo da pesquisa desta edição realizada pela revista O Setor
crescimento do mercado de fios, cabos e acessórios no país.
Elétrico. Os números apurados vão ao encontro do que foi apresentado
pela sondagem feita pela Abinee.
e informações sobre as empresas participantes, como: quadro de
Confira, a seguir, a pesquisa na íntegra, com números de mercado
57
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
funcionários, produtos e serviços oferecidos, certificações conquistadas,
segmentos de atuação, canais de vendas disponíveis, entre outras. A
segmento na hora de fazer suas vendas, ainda prevalece a venda direta ao
primeira parte diz respeito aos fabricantes e distribuidores de fios e cabos;
consumidor final, especialmente, no caso dos distribuidores de materiais
a segunda, sobre o mercado de acessórios para fios e cabos elétricos.
elétricos.
Números do mercado de fios e cabos
Canais de vendas
Assim como foi registrado pelas edições passadas desta pesquisa,
7%
a indústria é apontada como o principal segmento de atuação dos fabricantes e distribuidores de fios e cabos elétricos. Confira:
17%
Principais segmentos de atuação
44%
No que se refere ao modo mais empregado pelas companhias deste
Internet Outros
27%
Telemarketing
Residencial
61%
85%
Revendas / varejistas
68%
Distribuidores / atacadistas
85%
Comercial
76%
68%
Venda direta ao cliente final
Transmissão e distribuição Industrial
No que se refere ao modo mais empregado pelas companhias
deste segmento na hora de fazer suas vendas, ainda prevalece a venda direta ao consumidor final, especialmente, no caso dos distribuidores de materiais elétricos.
Pesquisa - Fios, cabos e acessórios
58
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Faturamento bruto anual das empresas de fios e cabos
As previsões de crescimento mostram-se moderadas diante do ano que
se inicia. As empresas, que apresentaram crescimento médio de 3% em 2016 19%
19%
Até R$ 3 milhões
Acima de R$ 200 milhões
15%
De R$ 3 milhões a R$ 10 milhões
12%
De R$ 100 milhões a R$ 200 milhões
na comparação com 2015, esperam crescer 10% neste ano. As companhias projetam 5% de aumento na contratação de colaboradores neste ano de 2017. Previsões de crescimento
3%
3%
De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões 16%
16%
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
Crescimento médio das empresas em 2016 comparado ao ano anterior
5%
De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões
5%
Acréscimo ao quadro de funcionários da empresa em 2017 Previsão de crescimento do tamanho mercado para o ano de 2017
10%
Organizamos, na tabela a seguir, a opinião das empresas
Previsão de crescimento das empresas em 2017
pesquisadas sobre o tamanho anual total dos mercados de fios e cabos nus; fios e cabos isolados em baixa tensão; cabos para comunicação e dados; e cabos para média tensão. Na opinião de 46% das companhias, o mercado de fios e cabos de baixa tensão fatura mais de R$ 500 milhões por ano.
De R$ 200 milhões a R$ 500 milhões
Acima de R$ 500 milhões
De R$ 30 milhões a R$ 50 milhões
16% 13%
De R$ 100 milhões a R$ 200 milhões
De R$ 10 milhões a R$ 30 milhões 23%
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
Até R$ 10 milhões 16%
3%
13%
17%
Fios e cabos isolados em baixa tensão
9%
6%
10% 13%
6%
9%
46%
(até 1000 V) 11%
19%
11% 12%
15%
9%
23%
dados Cabos para média tensão
3%
Outros
6%
Programas de incentivo do governo 3%
19%
Crise política
Bom momento econômico do país 27%
4%
Incentivos por força de legislação ou normalização
Desaceleração da economia brasileira
5%
Cabos para comunicações e
Veja, a seguir, gráfico que ilustra os fatores que influenciam os
resultados do mercado de fios e cabos neste ano. Fatores que devem influenciar o mercado de fios e cabos em 2017
Tamanho anual total dos mercados de:
Fios e cabos nus
Crise internacional 12%
10%
4%
13% 14%
7%
17%
34%
Projetos de infraestrutura
21%
Setor da construção civil desaquecido
60
Pesquisa - Fios, cabos e acessórios
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Números do mercado de acessórios para fios e cabos elétricos
Da mesma maneira que a pesquisa anterior, também os fabricantes e distribuidores de acessórios
para fios e cabos consideram a indústria como principal destino dos seus produtos. Apenas 26% das pesquisadas apontaram o segmento residencial como um dos principais campos de atuação. Principais segmentos de atuação
26%
Residencial Transmissão e distribuição
56% 61%
Comercial Industrial
79%
As vendas diretas ao consumidor final são indicadas como o principal meio de vendas, assim
como afirmam as empresas de fios e cabos. Apenas 23% das pesquisadas mencionaram a internet como um dos principais meios de comercialização de seus produtos. Canais de vendas
16%
Outros
23%
Internet
32%
Telemarketing
66%
Distribuidores / atacadistas
71% 74%
Revendas / varejistas Venda direta ao cliente final
Diferentemente da pesquisa feita com os fabricantes/distribuidores de fios e cabos, nesta
segunda parte do levantamento, pode-se definir um perfil dos pesquisados. A maioria deles apresenta faturamento bruto de até R$ 10 milhões por ano. Faturamento bruto anual das empresas de acessórios para fios e cabos
3% 8%
De R$ 100 milhões a R$ 200 milhões
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
24%
Até R$ 3 milhões
16%
De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões 18%
De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões
31%
De R$ 3 milhões a R$ 10 milhões
61
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Na tabela a seguir, apresentamos a opinião das empresas
Previsões de crescimento
pesquisadas no tocante ao tamanho anual total de alguns mercados de acessórios para fios e cabos. A maior parte das empresas, por exemplo,
Percentual de contratação de funcionários para 2017 Previsão de crescimento do tamanho anual total do mercado de acessorios 6% para cabos para o ano de 2017
acredita que o mercado de materiais para identificação de cabos seja
5%
de até R$ 10 milhões por ano. Veja o que as empresas consideram para outros mercados:
8% Acima de R$ 500 milhões
De R$ 200 milhões a R$ 500 milhões
De R$ 100 milhões a R$ 200 milhões
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
De R$ 30 milhões a R$ 50 milhões
De R$ 10 milhões a R$ 30 milhões
Até R$ 10 milhões
Tamanho anual total dos mercados de:
Conectores e ferramentas
9%
39% 27% 15%
6%
3%
0%
8%
8%
4%
de baixa tensão Fitas isolantes de baixa
32% 32% 12%
4%
-1%
Percentual de crescimento da sua empresa em 2016 comparado ao ano anterior
Desaceleração da economia brasileira e construção civil desaquecida
continuam intimidando as empresas deste segmento. Fatores que devem influenciar o mercado de acessórios para fios e cabos em 2017
5%
tensão Materiais para
43% 25% 10% 10%
7%
0%
4% 18%
amarração de cabos Materiais para
45% 17% 12% 17%
4%
4%
0%
6%
7%
4%
0%
4%
0%
0%
15% 30% 30% 12% 12%
0%
0%
Outros
identificação de cabos Conectores e ferramentas
43% 30%
9%
13%
média tensão Terminações de cabos de média tensão Emendas de cabos de
15% 42% 19% 15%
4%
0%
4%
Crise Política
1%
Bom momento econômico do país
Crise Política
7%
Incentivos por força de legislação ou normalização
4%
Setor da construção civil aquecido 18%
3%
Em 2016, as empresas de acessórios para fios e cabos apresentaram
23%
Desaceleração da economia brasileira
6%
média tensão
Programas de incentivo do governo
6% 28% 38% 17%
de média tensão Fitas isolantes de
Expectativa de crescimento percentual para sua empresa em 2017
Crise internacional
queda de 1%, na média, frente ao ano anterior. A projeção é de que neste
9%
ano, o mercado se recupere e as empresas voltem a crescer (8%, na média).
Projetos de infraestrutura
Setor da construção civil desaquecido
Pesquisa - Fios e cabos
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
X
X
BRASFIO INDÚSTRIA E COM. NE S.A.
(81) 3673-4800
www.brasfio.com.br
Catende
PE
X
X X
X X
X
CABELAUTO CABOS ELÉTRICOS
(35) 3629-2500
www.cabelauto.com.br
Itajubá
MG
X
X
X X
X
CABLENA
(11) 3587-9590
www.cablena.com.br
São Paulo
SP
X
X
COBRECOM
(11) 2118-3200
www.cobrecom.com.br
Itu
SP
X
X
X
COBREMACK
(11) 4156-5531
www.cobremack.com.br
Santana de Parnaíba
SP
X
X
X X
Cofibam Ind. e Com. Ldta
(11) 4182-8516
www.cofibam.com.br
Outors estados
SP
X
X
Condumax Fios e Cabos Elétricos 0800 701 3701
www.condumax.com.br
Olímpia
SP
X
X
X X
Condumig
(37) 3229-2000
www.condumig.com.br
Divinópolis
MG
X
X
X X
CONDUSPAR
(41) 2109-6000
www.conduspar.com.br
São José dos Pinhais
PR
X
X
X X
COPPER 100
(11) 3478-6900
www.copper100.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X X
COPPERTHREE
(11) 2293-1808
www.copperthree.com.br
São Paulo
SP
X
X X
CORDEIRO
(11) 4674-7400
www.cordeiro.com.br
Ferraz de Vasconcelos
SP
X
X
Corfio
(49) 3561-3777
www.corfio.com.br
Caçador
SC
X
X
Crossfox Elétrica
(11) 2902-1070
www.crossfoxeletrica.com.br
São Paulo
SP
X
D´LIGHT
(11) 2937-4650
www.dlight.com.br
Guarulhos
DISNACON CONDUTORE ELÉTRICOS
(11) 2061-8461
www.disnacon.com.br
São Paulo
ELEFIO
(11) 2888-5000
elefio.com.br
Embramat
(11) 2098-0371
www.embramataltatensao.com.br
General Cable
(11) 3457-3000
Grupo INTELLI
(16) 3820-1500
ICE CABOS INCABLE
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
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X
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X X
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X X
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X X
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X X
São Paulo
SP
X X
São Paulo
SP
X
www.generalcablebrasil.com
São Paulo
SP
X
X
X
X
www.grupointelli.com.br
Orlândia
SP
X
X
X X
X
(11) 4676-4963
www.icecabos.com.br
São Paulo
SP
X
(15) 32434098
www.incable.com
Votorantim
SP
X
Induscabos Condutores Elétricos (11) 4634-9000
www.induscabos.com.br
Poá
SP
X
X
Innovcable
(19) 3090-3350
www.innovcable.com.br
Sumare
SP
X
X
ISOTECK BRASIL
(11) 5612-9500
www.isoteck.com.br
São Paulo
SP
Lamesa
(19) 3623-1518
www.lamesa.com.br
São João da Boa Vista
SP
X
X
X X
X
MEGATRON FIOS E CABOS
(11) 4636-1920
www.megatroncabos.com.br
Cachoeira de Minas
MG
X
X
X X
X
Nambei Fios e Cabos
(11) 5056-8900
www.nambei.com.br
São Paulo
SP
X
Nexans
(11) 3084-1600
www.nexans.com.br
São Paulo
SP
X
ONIX DISTR. DE PROD. ELET. LTDA
(44) 3233-8500
onixcd@onixcd.com.br
Maguari
PR
Pan Electric
(54) 2102-3333
www.pan.com.br
Bento Gonçalves
RS
X
X
Proauto
(15) 3031-7400
www.proautomacao.com.br
Sorocaba
SP
X
X
X
PROCABLE
(11) 4061-9101
www.procable.com.br
Diadema
SP
X
PRYSMIAN
(11) 4998-4155
www.prysmiangroup.com.br
Sorocaba
SP
X
X
X X
SIL Fios e Cabos Elétricos
(11) 3377-3333
www.sil.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X X
SULMINAS FIOS E CABOS LTDA
(35) 3714-2660
www.sulminasfiosecabos.com.br
Poços de Caldas
MG
Tramar Cabos e Isolantes Especiais (11) 4528-6000
www.tramar.com.br
Cabreúva
SP
X
X
Wirex
www.wirex.com.br
Santa Branca
SP
X
X
(11) 3972-6000
X
X
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X X
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Fios e cabos Nus
SP
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Oferece treinamento técnico para os clientes
SP
Rio Claro
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Possui corpo técnico especializado para oferecer suporte aos clientes
São Paulo
www.brascabos.com.br
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Importa produtos acabados
www.bancor.com.br
(19) 3522-5122
X
Exporta produtos acabados
(11) 2959-8228
Brascabos
X X
Programas na área de responsabilidade social
BANCOR-COPPRAL
X
X
Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet
PA
14001 (ambiental)
Barcarena
9001 (qualidade)
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www.alubar.net
Outros
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(91) 3754-7155
Internet
X
SP
Alubar
Telemarketing
X X
Guarulhos
X X
Venda direta ao cliente final
X
Cidade
www.acabine.com.br
Revendas / varejistas
Distribuidores / atacadistas
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Site
Acabine materiais eletricos ltda (11) 2842-5252
Certificado ISO
Principal canal de vendas
Transmissão e distribuição
Residencial
Estado
Principal segmento de atuação
Comercial
Telefone
Distribuidora
Empresa
Fabricante
A empresa é
Industrial
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O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
X
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PA
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BANCOR-COPPRAL
(11) 2959-8228
www.bancor.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
X
X
X
Brascabos
(19) 3522-5122
www.brascabos.com.br
Rio Claro
SP
X
BRASFIO INDÚSTRIA E COM. NE S.A.
(81) 3673-4800
www.brasfio.com.br
Catende
PE
X
X
X
CABELAUTO CABOS ELÉTRICOS
(35) 3629-2500
www.cabelauto.com.br
Itajubá
MG
X
X
X
CABLENA
(11) 3587-9590
www.cablena.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
COBRECOM
(11) 2118-3200
www.cobrecom.com.br
Itu
SP
X
X
X
COBREMACK
(11) 4156-5531
www.cobremack.com.br
Santana de Parnaíba
SP
X
X
X
Cofibam Ind. e Com. Ldta
(11) 4182-8516
www.cofibam.com.br
Outors estados
SP
X
X
X
Condumax Fios e Cabos Elétricos 0800 701 3701
www.condumax.com.br
Olímpia
SP
X
X
X
Condumig
(37) 3229-2000
www.condumig.com.br
Divinópolis
MG
X
X
CONDUSPAR
(41) 2109-6000
www.conduspar.com.br
São José dos Pinhais
PR
COPPER 100
(11) 3478-6900
www.copper100.com.br
Guarulhos
SP
COPPERTHREE
(11) 2293-1808
www.copperthree.com.br
São Paulo
SP
CORDEIRO
(11) 4674-7400
www.cordeiro.com.br
Ferraz de Vasconcelos
SP
Corfio
(49) 3561-3777
www.corfio.com.br
Caçador
SC
Crossfox Elétrica
(11) 2902-1070
www.crossfoxeletrica.com.br
São Paulo
D´LIGHT
(11) 2937-4650
www.dlight.com.br
DISNACON CONDUTORE ELÉTRICOS
(11) 2061-8461
www.disnacon.com.br
ELEFIO
(11) 2888-5000
Embramat
(11) 2098-0371
General Cable Grupo INTELLI
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SP
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Guarulhos
SP
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São Paulo
SP
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X
elefio.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
X
X
X
www.embramataltatensao.com.br
São Paulo
SP
X
(11) 3457-3000
www.generalcablebrasil.com
São Paulo
SP
X
(16) 3820-1500
www.grupointelli.com.br
Orlândia
SP
X
ICE CABOS
(11) 4676-4963
www.icecabos.com.br
São Paulo
SP
X
INCABLE
(15) 32434098
www.incable.com
Votorantim
SP
X
X
Induscabos Condutores Elétricos (11) 4634-9000
www.induscabos.com.br
Poá
SP
X
X
X
X
X
X
Innovcable
(19) 3090-3350
www.innovcable.com.br
Sumare
SP
X
X
X
X
X
X
ISOTECK BRASIL
(11) 5612-9500
www.isoteck.com.br
São Paulo
SP
X
X
Lamesa
(19) 3623-1518
www.lamesa.com.br
São João da Boa Vista
SP
X
X
MEGATRON FIOS E CABOS
(11) 4636-1920
www.megatroncabos.com.br
Cachoeira de Minas
MG
X
X
X
X
X
Nambei Fios e Cabos
(11) 5056-8900
www.nambei.com.br
São Paulo
SP
X
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X
X
Nexans
(11) 3084-1600
www.nexans.com.br
São Paulo
SP
X
X
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X
X
ONIX DISTR. DE PROD. ELET. LTDA
(44) 3233-8500
onixcd@onixcd.com.br
Maguari
PR
Pan Electric
(54) 2102-3333
www.pan.com.br
Bento Gonçalves
RS
Proauto
(15) 3031-7400
www.proautomacao.com.br
Sorocaba
SP
PROCABLE
(11) 4061-9101
www.procable.com.br
Diadema
PRYSMIAN
(11) 4998-4155
www.prysmiangroup.com.br
Sorocaba
SIL Fios e Cabos Elétricos
(11) 3377-3333
www.sil.com.br
SULMINAS FIOS E CABOS LTDA
(35) 3714-2660
www.sulminasfiosecabos.com.br
Tramar Cabos e Isolantes Especiais (11) 4528-6000 Wirex
X X
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(11) 3972-6000
X
Cabos isolados em média tensão (1 kV < U ≤ 36,2 kV)
Cabo para ligação de equipamentos
SP
Barcarena
Estado
Cabos cobertos (revestidos, não isolados)
Cabo resistente ao fogo para circuitos de segurança
Guarulhos
www.alubar.net
Cidade
Cabos para média tensão
Cabos para cabeamento estruturado
Cabo com baixa emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos
www.acabine.com.br
(91) 3754-7155
Site
Cabos ópticos
Cabo com isolação termofixa
(11) 2842-5252
Alubar
Telefone
Cabos coaxiais
Cabo com isolação termoplástica
Acabine materiais eletricos ltda
Empresa
Fios e cabos telefônicos metálicos
Cabos para comunicações e dados Cabos para instrumentação, sinalização, comando, controle
Fios e cabos isolados para baixa tensão (até 1000 V)
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SP
X
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SP
X
Guarulhos
SP
Poços de Caldas
MG
www.tramar.com.br
Cabreúva
www.wirex.com.br
Santa Branca
X X
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Pesquisa - Acessórios para Fios e Cabos
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Oferece treinamento técnico para os clientes
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Possui corpo técnico especializado para oferecer suporte aos clientes
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Programas na área de responsabilidade social
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Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet
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14001 (ambiental)
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9001 (qualidade)
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Outros
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Telemarketing
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Venda direta ao cliente final
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Revendas / varejistas
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Distribuidores / atacadistas
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Importa produtos acabados
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Internet
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Exporta produtos acabados
www.condumax.com.br www.connectwell.com.br www.contactus.net.br www.crimper.com.br www.crossfoxeletrica.com.br www.dlight.com.br www.decorlux.com.br www.dutoplast.com.br www.eletrosantini.com.br www.perfilduto.com.br www.elos.com.br www.embramataltatensao.com.br www.enerbras.com.br www.engeduto.com.br www.exosolda.com.br www.calhasfacilit.com.br www.fastweld.com.br www.frontec.com.br www.hager.com.br www.hellermanntyton.com.br
Cidade Estado X Sumare SP Guarulhos SP Criciúma SC X São Paulo SP X São Paulo SP X Itu SP X Contagem MG X São Paulo SP X São Paulo SP X Bragança Paulista SP X São Bernardo do Campo SP X Olímpia SP X São Paulo SP X Rio de Janeiro RJ X Campinas SP X São Paulo SP Guarulhos SP Curitiba PR X São Paulo SP Maringa PR X São Paulo SP São José dos Pinhais PR São Paulo SP X Campo Largo PR X Rio de Janeiro RJ X São Paulo SP X São Paulo SP X Guarulhos SP X São Leopoldo RS Rio de Janeiro RJ X Jundiaí SP
Transmissão e distribuição
Site www.3m.com.br/eletricos www.acabine.com.br www.agpr5.com www.automatus.com.br www.autonics.com.br www.axt.com.br www.belgobekaert.com.br www.building.ind.br www.burndy.com www.chardongroup.com www.coflex.com.br
Certificado ISO
Principal canal de vendas
Residencial
Telefone (19) 3838-7000 (11) 2842-5252 (48) 3462-3900 (11) 3368-6869 (11) 2307-8480 (11) 4025-1300 0800 727 2000 (11) 2621-4811 (11) 5515-7225 (11) 4033-2210 (11) 4330-3347 0800 701 3701 (11) 5844-2010 (21) 3593-5001 (19) 3246-1722 (11) 2902-1070 (11) 2937-4650 (41) 3029-1144 (11) 2524-9055 (44) 3227-4317 (11) 4230-1866 (41) 3383-9290 (11) 2098-0371 (41) 2111-3000 (21) 3325-0406 (11) 3965-9967 (11) 4267-0049 (11) 2425-7180 (51) 3201-2477 0800 724 2437 (11) 2136-9000
Comercial
3M Acabine Materiais Eletricos AGPR5 Automatus Autonics do Brasil AXT TERMINAIS Belgo Bekaert Arames BUILDING BURNDY CHARDON GROUP Coflex Condumax Fios e Cabos Elét. CONNECTWELL DO BRASIL CONTACTUS Crimper do Brasil Crossfox Elétrica D´LIGHT DECORLUX Dutoplast do Brasil Eletro Santini Eletrocalhas Perfilduto ELOS Embramat ENERBRAS MATERIAIS ELÉTRICOS Engeduto EXOSOLDA Facilit FASTWELD FRONTEC Hager Brasil Ltda HellermannTyton
Principal segmento de atuação
Industrial
Empresa
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A empresa é
Fabricante
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Oferece treinamento técnico para os clientes
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Possui corpo técnico especializado para oferecer suporte aos clientes
Programas na área de responsabilidade social
Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet
14001 (ambiental)
Outros
Internet
9001 (qualidade)
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Telemarketing
Venda direta ao cliente final
Distribuidores / atacadistas
Revendas / varejistas
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Transmissão e distribuição
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Certificado ISO
Principal canal de vendas
Importa produtos acabados
X X X X X
Residencial
Cidade Estado TATUI SP X Olímpia SP X Bauru SP X Orlândia SP X São Paulo SP X Joinville SC X Cotia SP X Rio de Janeiro RJ X São Paulo SP X Indaiatuba SP X São Paulo SP X Rio de Janeiro RJ São Bernardo do Campo SP X Guarulhos SP Campinas SP Sorocaba SP X Mandaguari PR Contagem MG São Paulo SP Sao Paulo SP X Cajamar SP X Sorocaba SP X Caieiras SP X Poços de Caldas MG Maringá PR X Bragança Paulista SP X Belo Horizonte MG X Carlos Barbosa RS X Mairiporã SP X Itupeva SP X Diadema SP X
Comercial
Site www.hummel.com.br www.incesa.com.br www.indelbauru.com.br www.intelli.com.br www.jdemitoeletrica.com.br joarp@joarp.com.br www.kanaflex.com.br www.kitacessorios.com.br www.krj.com.br www.kssbrasil.com.br www.legrand.com.br www.linkofamericas.com www.mmmagnet.com.br www.mediatensao.com.br www.transformadoresminuzzi.com.br www.obo.com.br www.onixcd.com.br www.paraeng.com.br www.erico.com www.phoenixcontact.com.br www.plp.com.br www.proautomacao.com.br www.reimold.com.br www.sulminasfiosecabos.com.br www.tcmterminais.com.br www.te.com/energy www.tel.com.br www.tramontina.com www.wabe.com.br www.wago.com.br www.weidmuller.com.br
Industrial
Telefone (15) 3322-7000 (17) 3279-2600 (14) 3281-7070 (16) 3820-1500 (11) 3459-4744 (47) 3473-0281 (11) 3779-1670 0800 025 1588 (11) 2971-2300 (19) 3936-9111 0800 118 008 (21) 2585-3530 (11) 4176-7877 (11) 2384-0155 (19) 3272-6380 (15) 3335-1385 (44) 3233-8556 (31) 3394-7433 (11) 3623-4338 (11) 3871-6400 (11) 4448-8000 (15) 3031-7400 (11) 3904-3554 (35) 3714-2660 (44) 3026-4317 (11) 2103-6000 (31) 3308-7000 (54) 3461-8200 (11) 4484-4147 (11) 4591-0199 (11) 4366-9600
Principal segmento de atuação
Exporta produtos acabados
HUMMEL INCESA Indel Bauru INTELLI J.DEMITO Joarp KANAFLEX KIT ACESSÓRIOS KRJ KSS BRASIL Legrand LINK OF AMERICAS MAGNET MÉDIA TENSÃO MINUZZI OBO BETTERMANN Onix Distr. De Prod. Elé. Ltda. Paraeng Para raios Pentair Phoenix Contact PLP Proauto REIMOLD SULMINAS FIOS E CABOS LTDA TCM TERMINAIS TE Connectivity Termotecnica Pára-raios Tramontina Eletrik S.A. Wabe Conectores WAGO Brasil Weidmuller
Distribuidora
Empresa
Fabricante
A empresa é
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Pesquisa - Acessórios para Fios e Cabos
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Emendas
Terminações
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Fitas Isolantes
Ferramentas para aplicação de conectores
Conectores
Estado
MÉDIA TENSÃO
Outros
Sumare Guarulhos Criciúma São Paulo São Paulo Itu Contagem São Paulo São Paulo Bragança Paulista São Bernardo do Campo Olímpia São Paulo Rio de Janeiro Campinas São Paulo Guarulhos Curitiba São Paulo Maringa São Paulo São José dos Pinhais São Paulo Campo Largo Rio de Janeiro São Paulo São Paulo Guarulhos São Leopoldo Rio de Janeiro Jundiaí
Materiais para identificação de cabos
Cidade
www.3m.com.br/eletricos www.acabine.com.br www.agpr5.com www.automatus.com.br www.autonics.com.br www.axt.com.br www.belgobekaert.com.br www.building.ind.br www.burndy.com www.chardongroup.com www.coflex.com.br www.condumax.com.br www.connectwell.com.br www.contactus.net.br www.crimper.com.br www.crossfoxeletrica.com.br www.dlight.com.br www.decorlux.com.br www.dutoplast.com.br www.eletrosantini.com.br www.perfilduto.com.br www.elos.com.br www.embramataltatensao.com.br www.enerbras.com.br www.engeduto.com.br www.exosolda.com.br www.calhasfacilit.com.br www.fastweld.com.br www.frontec.com.br www.hager.com.br www.hellermanntyton.com.br
BAIXA TENSÃO
Materiais para amarração de cabos
Site
(19) 3838-7000 (11) 2842-5252 (48) 3462-3900 (11) 3368-6869 (11) 2307-8480 (11) 4025-1300 0800 727 2000 (11) 2621-4811 (11) 5515-7225 (11) 4033-2210 (11) 4330-3347 0800 701 3701 (11) 5844-2010 (21) 3593-5001 (19) 3246-1722 (11) 2902-1070 (11) 2937-4650 (41) 3029-1144 (11) 2524-9055 (44) 3227-4317 (11) 4230-1866 (41) 3383-9290 (11) 2098-0371 (41) 2111-3000 (21) 3325-0406 (11) 3965-9967 (11) 4267-0049 (11) 2425-7180 (51) 3201-2477 0800 724 2437 (11) 2136-9000
Autofusão
Telefone
3M Acabine Materiais Eletricos AGPR5 Automatus Autonics do Brasil AXT TERMINAIS Belgo Bekaert Arames BUILDING BURNDY CHARDON GROUP Coflex Condumax Fios e Cabos Elét. CONNECTWELL DO BRASIL CONTACTUS Crimper do Brasil Crossfox Elétrica D´LIGHT DECORLUX Dutoplast do Brasil Eletro Santini Eletrocalhas Perfilduto ELOS Embramat ENERBRAS MATERIAIS ELÉTRICOS Engeduto EXOSOLDA Facilit FASTWELD FRONTEC Hager Brasil Ltda HellermannTyton
FITAS ISOLANTES BT
Plástica
Empresa
Ferramentas para aplicação de conectores
BAIXA TENSÃO
Conectores
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X X X X
X X X X X X
X
X X X
X X X
X X X X
X
X
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X X X
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X X X X X
X X X
X X X X X
X X X X
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X X X X X X X
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X
67
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
(21) (11) (11) (19) (15) (44) (31) (11) (11) (11) (15) (11) (35) (44) (11) (31) (54) (11) (11) (11)
2585-3530 4176-7877 2384-0155 3272-6380 3335-1385 3233-8556 3394-7433 3623-4338 3871-6400 4448-8000 3031-7400 3904-3554 3714-2660 3026-4317 2103-6000 3308-7000 3461-8200 4484-4147 4591-0199 4366-9600
SP SP SP SP SP SC SP RJ SP SP SP RJ SP SP SP SP PR MG SP SP SP SP SP MG PR SP MG RS SP SP SP
X X X X X X
X X
X
X X X
X X X X X X
X X
X X X X
X
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X X X X X X X X
X X X
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X X X X
X X X
X X
X
X X
X X X X
X X
X X X X X X
Emendas
Terminações
Fitas Isolantes
Ferramentas para aplicação de conectores
Conectores
MÉDIA TENSÃO
Outros
Estado
Materiais para identificação de cabos
TATUI Olímpia Bauru Orlândia São Paulo Joinville Cotia Rio de Janeiro São Paulo Indaiatuba São Paulo Rio de Janeiro São Bernardo do Campo Guarulhos Campinas Sorocaba Mandaguari Contagem São Paulo Sao Paulo Cajamar Sorocaba Caieiras Poços de Caldas Maringá Bragança Paulista Belo Horizonte Carlos Barbosa Mairiporã Itupeva Diadema
BAIXA TENSÃO
Materiais para amarração de cabos
Cidade
www.hummel.com.br www.incesa.com.br www.indelbauru.com.br www.intelli.com.br www.jdemitoeletrica.com.br joarp@joarp.com.br www.kanaflex.com.br www.kitacessorios.com.br www.krj.com.br www.kssbrasil.com.br www.legrand.com.br www.linkofamericas.com www.mmmagnet.com.br www.mediatensao.com.br www.transformadoresminuzzi.com.br www.obo.com.br www.onixcd.com.br www.paraeng.com.br www.erico.com www.phoenixcontact.com.br www.plp.com.br www.proautomacao.com.br www.reimold.com.br www.sulminasfiosecabos.com.br www.tcmterminais.com.br www.te.com/energy www.tel.com.br www.tramontina.com www.wabe.com.br www.wago.com.br www.weidmuller.com.br
Autofusão
Site
(15) 3322-7000 (17) 3279-2600 (14) 3281-7070 (16) 3820-1500 (11) 3459-4744 (47) 3473-0281 (11) 3779-1670 0800 025 1588 (11) 2971-2300 (19) 3936-9111 0800 118 008
FITAS ISOLANTES BT
Plástica
Telefone
HUMMEL INCESA Indel Bauru INTELLI J.DEMITO Joarp KANAFLEX KIT ACESSÓRIOS KRJ KSS BRASIL Legrand LINK OF AMERICAS MAGNET MÉDIA TENSÃO MINUZZI OBO BETTERMANN Onix Distr. De Prod. Elé. Ltda. Paraeng Para raios Pentair Phoenix Contact PLP Proauto REIMOLD SULMINAS FIOS E CABOS LTDA TCM TERMINAIS TE Connectivity Termotecnica Pára-raios Tramontina Eletrik S.A. Wabe Conectores WAGO Brasil Weidmuller
Ferramentas para aplicação de conectores
Empresa
Conectores
BAIXA TENSÃO
X X
X
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X X X
X X
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X X X
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X X X
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X
Espaço 5419
Espaço 5419
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
José Barbosa de Oliveira*
Os cuidados na fixação dos condutores de um SPDA
A instalação dos elementos que compõem o Sistema de Proteção contra Descargas
Atmosféricas (SPDA) exige vários cuidados para atender às exigências da ABNT NBR 5419:2015 (veja a figura 1). Temos um condutor em cabo de cobre nu, instalado diretamente sobre um rufo metálico em aço galvanizado. O cabo de cobre causou a oxidação do rugo metálico, com o auxílio do acúmulo de água entre os dois condutores. Esta combinação causou uma pilha galvânica, danificando, significativamente, o rufo que teria a função de impedir que a água penetre a alvenaria da platibanda e conseguintemente infiltrações na estrutura.
Figura 1 – Cabo de cobre oxidando o rufo de aço galvanizado.
Quando estamos dimensionando,
projetando
um
SPDA,
pensamos
nos elementos e componentes do sistema e às vezes esquecemos da estrutura que irá recebê-los. A Figura 1 é um caso que ilustra esta situação. Neste caso, deveria ser observado o contato direto do cabo com o rufo ou afastando o cabo do rufo, conforme mostra a Figura 2, ou utilizar um condutor, por exemplo, aço galvanizado a quente, que possa ficar em contato direto com o rufo.
Figura 2 – Cabo de cobre afastado do rufo metálico.
69
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Uma outra alternativa é a fixação através de colagem. Normalmente, os condutores
do SPDA ficam sobre as platibandas, que conforme vimos, são protegidas neste ponto contra infiltrações. Ora, se perfurarmos esta proteção para a fixação dos condutores do SPDA, poderemos causar uma infiltração e gerar um enorme problema para o cliente e, por consequência, para os responsáveis pela instalação. Neste caso, colar a fixação dos condutores é uma alternativa disponível no mercado e elimina o risco de infiltração. Na Figura 3, podemos observar a fixação através de cola sobre uma platibanda. A cola fica dentro do “cone”, que é responsável por interligar o condutor à estrutura metálica do rufo.
Figura 3 – Fixação através de colagem em platibanda.
O mesmo vale para a fixação dos condutores em telhas. A alternativa de fixação dos
condutores tendo que perfurar as telhas acarreta o mesmo problema de infiltração do caso anterior, platibandas. A fixação através da colagem também é uma alternativa de contorno para este problema. A Figura 4 ilustra a fixação através de colagem de um condutor em aço galvanizado a fogo a uma telha de fibrocimento.
Figura 4 – Fixação através de colagem em telha de fibrocimento.
Para a fixação dos condutores por meio de colagem, é necessário que a cola suporte
as intempéries no local da aplicação, como umidade, temperatura e raios ultravioletas. Também tem que ser capaz de suportar os esforços mecânicos exigidos aos condutores. Esforços estes causados pelas descargas atmosféricas ou pela necessidade de se tensionar os condutores, por exemplo.
A aplicação da cola também exige cuidado. Há no mercado colas destinadas para
superfícies lisas e outras para superfícies porosas. Elas devem ser aplicadas em superfícies livres de poeira, óleos, graxas e outras impurezas. Além disso, a superfície onde a cola será aplicada deve também suportar os esforços mecânicos solicitados. Ou seja, se colarmos sobre um reboco frágil, por exemplo, a cola não irá se desprender do reboco, mas o reboco poderá se desprender da parede, danificando a fixação e a parede. *José Barbosa de Oliveira é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.
70
Proteção contra raios
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br
Mais um...
O caso de uma pessoa ter sido vítima
A primeira providência, uma constante
de impacto direto de raio não foi o primeiro
na vida, é prover informação aprimorando a
e tão pouco será o ultimo no Brasil. No dia
educação da população. Fazer com que todos,
01.01.2017, contrariando os alertas e as
desde as pessoas que trabalhem em áreas
recomendações dos guarda-vidas, pessoas
abertas até aquelas que simplesmente estejam
caminhavam sob a chuva na Praia dos
circulando pelo local, saibam dos riscos reais
Sonhos em Itanhaém, litoral sul de São Paulo,
envolvidos num simples passeio à beira-
quando uma descarga atmosférica atingiu
mar, num parque ou quando jogam futebol
diretamente uma delas.
sob as nuvens eletricamente carregadas, mesmo sem a presença de chuva. Após essa conscientização massiva, criar parâmetros, regras, sinalização e métodos seguros de evacuação para locais de menor risco.
Nós da CE-64.10, comissão que trata
do assunto “proteção contra descargas atmosféricas” para a Associação Brasileira de
Normas
Técnicas
(ABNT),
temos
como meta publicar ainda neste ano dois documentos para ajudar a parametrizar a proteção contra raios em áreas abertas.
O primeiro documento trata de um conjunto
de sugestões para procedimentos e regras de conduta; o segundo é uma norma relacionada a aparelhos que têm a capacidade de detectar Momento em que a descarga atmosférica atinge à pessoa (foto retirada da Internet).
com bastante precisão a possibilidade de impacto direto de raio em uma área definida. Isso permitiria sinalizar a necessidade da retirada
O fato é lamentável e é importante
das pessoas do local com certa vantagem de
esclarecer que a proteção das pessoas em
tempo, o que daria aos atuais e quase inócuos
áreas abertas é um dos assuntos mais difíceis
avisos um poder quase que mandatário.
de ser tratado. Neste caso, 100% de proteção
só pode ser obtido de duas formas: se não
proteção em áreas abertas e densamente
houver pessoas ou se não houver raios, o resto
povoadas. Não podemos continuar acreditando
é conversa dos já famosos e tão combatidos
no
vendedores de ilusão. No entanto, há como
acontecerá”. Lembremo-nos que, em eventos
minimizar, e muito, o numero de acidentes com
probabilísticos, quanto mais passar o tempo sem
raios em situações como essa.
a ocorrência, mais próximos estaremos dela.
Enfim, passou da hora de termos mais
pensamento
popular
“comigo
não
72
Energia com qualidade
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br
A revisão do Módulo 8 – critérios de avaliação das variações de tensão de curta duração (VTCDs) – Parte 2
A Revisão 8 do Módulo 8 do Prodist/
Aneel, prevista para começar a vigorar em 2017,
independentemente
relacionados decorrentes
aos de
sua
dos
custos
aspectos envolvidos
implantação
pelas
distribuidoras e outros agentes, traz ao mercado (distribuidoras e consumidores) uma oportunidade de melhoria dos padrões de fornecimento de energia baseado no modelo que considera a aplicação do Fator de Impacto (FI) e outros associados. Este artigo continua essa discussão, que foi iniciada na coluna publicada na edição anterior desta publicação. Figura 1 - Medição de período de 19 dias de ponto de acoplamento de comum de consumidor em 34,5 kV.
Análise de caso
A medição efetuada e representada na
Figura 1 considera a avaliação de um circuito alimentador com medição próximo ao ponto de conexão (PAC) em 34,5 kV. A medição foi tomada com instrumento classe A- IEC,
Nota: O período de medição foi de 19 dias, apesar de o documento especificar um período de leitura de 30 dias.
A Figura 2 apresenta a classificação
frequências
de
ocorrências,
fatores de ponderação e cálculo do fator de
de acordo com a tabela 13 da resolução.
impacto “absoluto” FI(abs) e em “pu”: FI pu,
Esta análise permite que se construa a
representada na Figura 3.
integração em valores rms a cada meio ciclo. Foram identificados 12 eventos de VTCDs
representadas na tabela junto ao gráfico que foram utilizados para o cálculo do fator de impacto. Há de se considerar os aspectos de agregação de eventos consecutivos em períodos menores que três minutos. Neste caso, deve ser considerado somente um evento durante o período de ocorrência, com o menor valor de tensão e período total desde a “saída” do limite de 0,9 pu da primeira fase e retorno a este limite da última fase.
de
dos 12 pontos registrados na medição
com resolução de 1024 amostras por ciclo e
tabela
Figura 2 – Classificação de pontos.
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
73
A Figura 2 apresenta a classificação dos 12 pontos registrados na
medição de acordo com a tabela 13 da resolução. Esta análise permite que se construa a tabela de frequências de ocorrências, fatores de ponderação e cálculo do fator de impacto “absoluto” FI(abs) e em “pu”: FI pu, representada na Figura 3.
Figura 3 – Cálculo do Fator de Impacto.
Da medição do fator de impacto de 1,09 pu, pode-se concluir que houve
transgressão das VTCDs, mesmo com período de monitoração menor que 30 dias. Possivelmente, a monitoração em 30 dias aumentaria o fator de impacto.
Algumas conclusões e pontos para discussão
• Será necessária a instalação nos pontos de conexão, ou de interesse, sistemas de medição de qualidade de energia adequados que permitam avaliar o impacto e transgressão das distribuidoras; • Há de se discutir se as VTCDs se originam na própria rede da distribuidora ou se é função de comportamento das cargas ou mesmo da fonte (transmissão); • Aspectos de justiça, isto é, éticos (e não judiciais) sobre a penalização. Efetivamente o prejuízo causado por parada de produção é muito superior a qualquer penalidade que venha a ser definida. Portanto, a oportunidade de melhoria do fornecimento é muito mais importante do que qualquer penalização. A medição deve ser utilizada como instrumento de ação corretiva, fundamentalmente; • De acordo com a IEC61000-4-30, os instrumentos classe A são aplicados onde medições precisas são necessárias. Como na avaliação de cumprimentos contratuais, verificação de concordância com normas e mesmo disputas; • Outros pontos a serem considerados estão relacionados ao período de transição quando o assunto será de fato considerado pelas distribuidoras e consumidores, avanço tecnológico necessário com instrumentação e capacitação técnica, diferenças regionais entre distribuidoras e perfis dos consumidores.
Agradecimentos
Aos colegas Mateus Duarte Teixeira, do Lactec; Gilson Paulillo, da Energisa;
Rogério Lourenção e Rodolfo de Sousa, da AES Eletropaulo; pelos importantes comentários e sugestões.
Referências [1] ANEEL - Prodist Modulo 8; revisão 8 [2] TUTORIAL: Agregação de Eventos de Variação de Tensão de Curta Duração [3] Revisão 3 – Dezembro/2016 - Prof. Dr. José Rubens Macedo Jr.; UFU
74
Instalações Ex
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Roberval Bulgarelli é consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx e coordenador do Subcomitê SC-31 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).
Novos requisitos para instalações elétricas em atmosferas explosivas A primeira norma técnica brasileira sobre
a norma Internacional IEC sobre instalações
ABNT NBR IEC 60079-14, com um total de
instalações elétricas em atmosferas explosivas
elétricas “Ex” foi publicada como uma norma
153 páginas, tendo como base a IEC 60079-
foi publicada em 1969, por meio do projeto
técnica brasileira adotada, ou seja, idêntica
14 Edição 5.0, publicada em 2013.
experimental de norma P NB-158 – Instalações
em conteúdo técnico, forma e apresentação,
Elétricas em Ambientes com Líquidos, Gases
sem desvios técnicos nacionais, em relação à
nesta atual edição 2016, destacam-se as
ou Vapores Inflamáveis, com um total de
respectiva norma internacional IEC 60079-14
seguintes:
dez páginas. Aquele projeto de norma teve
Edition 3.0, que havia sido publicada em 2002
como base o Artigo 500 do NEC, indicando
pelo TC-31 da IEC.
• Introdução de um guia de seleção dos tipos
a classificação de áreas em Divisões (1 e 2)
Em 2009 foi elaborada pela Comissão
de proteção “Ex” adequados para prensa-
e Classes (I, II e III), embora também fossem
de Estudo CE 003:031.01 do Subcomitê
cabos, adaptadores de rosca ou bujões de
feitas referências à normas da IEC (sem citação
SC-31 do Cobei a atualização desta norma,
vedação “Ex” em função do tipo de proteção do
específica de números). A norma ABNT NBR
com o título de ABNT NBR IEC 60079-14
invólucro do equipamento “Ex”;
5418 - Instalações elétricas em atmosferas
- Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto,
• Especificação de cabos com seção circular
explosivas foi inicialmente publicada pela ABNT
seleção e montagem de instalações elétricas,
e isolamento compacto para instalação em
em 1977, tendo ainda como base os requisitos
com um total de 94 páginas, tendo como base
atmosferas explosivas;
do NEC, mantendo os mesmos requisitos
a IEC 60079-14 Edição 4.0, publicada em
• Alteração da metodologia de especificação
existentes no projeto P NB-158 (1969).
2007.
de
Dentre as principais alterações introduzidas
cabos
e
prensa-cabos
Ex
“d”
do
Foi elaborada pela Comissão de Estudo CE
tipo de compressão ou do tipo barreira,
atualização da ABNT NBR 5418, baseando-se
003:031.01 do Subcomitê SC-31 do Cobei e
independentemente do volume do invólucro Ex
na primeira edição da IEC 79-14, que havia sido
publicada em 07/11/2016 a sua atualização,
“d”;
Em 1992 foram iniciados os trabalhos de
publicada pela IEC em 1984. Este trabalho de atualização durou três anos, sendo publicada a nova edição da NBR 5418 pela ABNT em 1995, com um total de 13 páginas.
A Edição de 1995 da ABNT NBR 5418
permaneceu sem revisão ou atualizações técnicas pelo longo período de onze anos, até a data de 18/12/2006, quando a nova Comissão de Estudo CE 003:031.01 do Subcomitê SC-31 do Cobei, constituída em 2003, elaborou e publicou, no âmbito da ABNT, a norma ABNT NBR IEC 60079-14 - Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - Parte 14: Instalação elétrica em áreas classificadas (exceto minas), com um total de 42 páginas.
Foi a primeira vez na história da ABNT que
75
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
• Introdução de nova seção sobre inspeção
ensaios, usuários e organismos de certificação
são adicionais aos requisitos de instalações
inicial das instalações “Ex”;
de produtos brasileiros com o mercado e a
para áreas não classificadas”. Ainda sobre
• Novos critérios para a seleção de baterias,
comunidade “Ex” internacional, bem como para
este aspecto, na seção “Requisitos gerais”
identificação de tags por RFID e equipamentos
a elevação dos níveis de tecnologia e segurança
desta norma é indicado que “as instalações
para a detecção de gases inflamáveis;
dos produtos e das instalações nacionais.
elétricas em áreas classificadas também devem
• Maior detalhamento dos equipamentos
Dessa
técnicas
estar de acordo com os requisitos apropriados
simples para instalação em circuitos Ex “i”;
internacionais da série IEC 60079 (Atmosferas
para instalações em áreas não classificadas.
• Novo Anexo para inspeção inicial detalhada
explosivas) ou ISO/IEC 80079 (Equipamentos
Entretanto, os requisitos para áreas não
“Ex”, com programas de inspeção para
mecânicos “Ex”) é adotada pela ABNT
classificadas são insuficientes para instalações
equipamentos específicos;
na forma de normas técnicas brasileiras
em áreas classificadas”.
• Novo Anexo (informativo) para ensaio de
equivalentes, em termos de conteúdo técnico,
cabos com respiração restrita capazes de evitar
forma e apresentação em relação à respectiva
60079-14, esta norma encontra-se novamente
propagação de chama pelo seu interior;
norma internacional ISO ou IEC, uma vez
no mesmo nível de atualização e equivalência,
• Novo Anexo sobre instalação de sistemas de
que tais normas internacionais já passaram
em termos de requisitos técnicos, de qualidade,
aquecimento por traceamento elétrico “Ex”.
por um processo de avaliação de análise
de segurança e de gestão, àqueles praticados
forma,
as
normas
Com a Edição 2016 da ABNT NBR IEC
pelas Comissões de Estudo do SC-31 do
internacionalmente por todos os países do
O trabalho de atualização desta norma
COBEI, tendo sido previamente discutidas,
mundo que adotam as normas da IEC como
contou com a presença de representantes das
comentadas e aprovadas, incorporando os
base para a sua normalização nacional, tal
seguintes empresas ou entidades, envolvidas
comentários aplicáveis feitos tanto pelo Brasil
como o Brasil.
com instalações em atmosferas explosivas:
como pelos demais países participantes
Brasken, Comgas, Conex, Eaton/Blinda, Eletro
do TC 31 da IEC (Equipment for explosive
em 10/2016 em Frankfurt, na Alemanha,
Sossai, Obo Bettermann, Petrobras, Project-
atmospheres).
com a participação do Brasil, uma reunião
Explo, SBM Offshore, Senai/Benfica, Senai
Existe frequentemente a preocupação
do Maintenance Team MT-60079-14 para a
(Santos), Sew Eurodrives, Siemens, Tramontina,
em se entender quais são as “interfaces”
elaboração da próxima Edição 6.0 da norma
UL do Brasil e Weg.
ou as “superposições” existentes entre esta
internacional IEC 60079-14 sobre instalações
Deve ainda ser ressaltado que foi realizada
As normas técnicas brasileiras das séries
norma ABNT NBR IEC 60079-14 sobre
elétricas “Ex”, prevista para ser publicada em
ABNT NBR IEC 60079 e ABNT NBR ISO/
instalação elétrica em atmosferas explosivas
2019.
IEC 80079 são normas equivalentes adotadas
e as normas sobre instalações elétricas em
no Brasil do tipo NBR IEC ou NBR ISO/
áreas não classificadas, tais como a série
SC-31 do Cobei está acompanhando, assim
IEC, sem desvios técnicos em relação às
IEC 60364 (Instalações elétricas em baixa
como tem feito desde 2003, todo o processo
respectivas normas internacionais da IEC
tensão), a série IEC 61936 (Instalações
de revisão, atualização, comentários, votação e
e da ISO/IEC. Seguindo a tendência e a
elétricas acima de 1.0 kV), a ABNT NBR
aprovação desta nova edição, para que, assim
convergência normativa mundial dos países
5410 (instalações elétricas em baixa tensão)
que for publicada, trabalhar para a atualização e
membros da IEC, incluindo o Brasil, as normas
e a ABNT NBR 14369 (Instalações elétricas
incorporação dos novos requisitos na respectiva
que envolvem Certificação de Conformidade
acima de 1.0 kV até 36.2 kV). A resposta para
ABNT NBR IEC 60079-14.
de equipamentos, instalações e competências
esta questão é relativamente simples: não
pessoais “Ex” são normas equivalentes às da
existem propriamente “sobreposições” entre
de Estudo do Subcomitê SC-31 do Cobei
IEC ou da ISO/IEC.
estas normas, uma vez que os requisitos para
têm acompanhado de perto todo o processo
Esta política de normalização tem por
instalações “Ex” começam onde terminam
de revisão e atualização das normas técnicas
objetivo harmonizar as normas nacionais
os requisitos para instalações não “Ex”. Isto
internacionais sobre atmosferas explosivas, de
dos diversos países com a normalização
significa que o que existe na realidade é
forma a manter a normalização brasileira “Ex”
internacional, de forma a padronizar os requisitos
uma “fronteira”: todos os requisitos para
adotada pela ABNT totalmente atualizada,
e procedimentos para competências, projeto,
instalações em áreas não classificadas são
alinhada e harmonizada com as melhores
classificação de áreas, fabricação, ensaios,
também aplicáveis para áreas classificadas,
práticas
marcação, certificação, sistemas de gestão da
ou seja, os requisitos para instalações “Ex”
consensadas pelos países participantes do
qualidade, competências pessoais, instalação,
são “adicionais” ou “complementares” aos
TC-31 da IEC, incluindo o Brasil.
montagem, inspeção, manutenção, reparos,
requisitos para instalações em áreas não
revisão e recuperação de equipamentos e
classificadas.
ABNT NBR IEC 60079-14 estão disponíveis
instalações “Ex”.
Este requisito é inclusive indicado na
no website ABNT Catálogo:
Ações como estas contribuem para a
seção “Escopo” da norma ABNT NBR IEC
http://www.abntcatalogo.com.br/norma.
integração dos fabricantes, laboratórios de
60079-14/2016: “Os requisitos desta norma
aspx?ID=362890
A Comissão de Estudo CE 003:031.01 do
Como pode ser verificado, as Comissões
internacionalmente
discutidas
e
Mais informações sobre a nova edição da
76
NR 10
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Segurança nos trabalhos com eletricidade
João José Barrico de Souza é engenheiro eletricista e de segurança no trabalho, consultor técnico, diretor da Engeletric, membro do GTT-10 e professor no curso de engenharia de segurança (FEI/PECE-USP/Unip).
Sobre os equipamentos de proteção individual Talvez por facilidade de entendimento
de proteção das pessoas da forma como
capacetes e toda a sorte de EPI, que são
ou por uma razão própria da ciência da
estão descritos nas normas técnicas, em
fundamentais, na oportunidade e dose certa
comunicação, algumas imagens ou símbolos
especial, o capítulo 5 da ABNT NBR 5410.
para não se tornarem agravantes.
explicativos podem desviar o verdadeiro
Sobram ainda, no entanto, algumas
Uma boa análise de risco com a
sentido e objetivo do assunto que querem
situações que requerem o uso de medidas
participação dos trabalhadores é elemento
lembrar.
complementares de proteção, de natureza
fundamental para a adoção de medidas
Vejamos: a medicina é simbolizada
individual, o Equipamento de Proteção
gerais de trabalho, procedimentos seguros
por um bordão e duas serpentes; a
Individual (EPI).
e, em último caso, a adoção de EPI
farmácia por serpentes; a odontologia por
(correto).
serpentes; a engenharia por engrenagens e
da instalação acabamos por ter que colocá-la
o busto de Minerva, a deusa da sabedoria
no instalador.
e aprendizagem; a engenharia elétrica
associa-se a uma faísca; e a engenharia de
está mencionado no item 10.2.9 da NR 10,
segurança por um capacete!
deve ser aplicado mediante uma análise de
risco.
Ora, as profissões da área médica e a
Todas as vezes que retiramos a proteção
Aí começa a história: o uso do EPI, que
engenharia têm seus símbolos ligados à
mitologia grega ou greco-romana, mas a
da norma, em que as medidas de proteção
engenharia de segurança é lembrada por um
coletiva forem inviáveis de adoção ou
equipamento de proteção individual, aquele
não forem suficientes para a completa
que se aplica justamente quando as medidas
prevenção do risco elétrico e, ainda, para
de engenharia falharam ou são impossíveis
atender a situações de emergência, e
de serem implementadas.
mediante fundamentação técnica cabível,
É interessante observar nos noticiários,
a norma libera o uso de EPI para proteção
todas as vezes em que uma comitiva de
da segurança e prevenção à saúde dos
políticos se apresenta para uma inauguração
trabalhadores. Equipamento de proteção
de obra, eles comparecem portando lindos
individual é todo dispositivo ou produto,
capacetes de proteção. Proteção contra o
de uso individual utilizado pelo trabalhador,
quê?
destinado à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no
Esse introito para lembrar que a NR
Nas condições de risco elétrico, objeto
10 preconiza como prioritária a eliminação
trabalho (definição da NR-6).
do risco, mediante a desenergização. Um
procedimento em seis etapas enumerado e
uma avaliação detalhada em análise de risco
detalhado no item 10.5 do documento.
para determinar a necessidade ou não de
Naturalmente, nem sempre é viável
um equipamento de proteção, lembrando
eliminar a presença da eletricidade, de forma
sempre que nessa avaliação estão envolvidos
que, em lugar da eliminação, passamos à
aspectos ergonômicos.
alternativa de controlá-la.
proteção, com os calçados e luvas, com os
Para isso, usamos dos vários recursos
É preciso mais que bom senso, mas
Assim deve ser feito com as roupas de
Figura 1 – Ilustrações bem humoradas do uso de equipamentos de proteção individual.
78
Falando sobre a luz Plinio Godoy é engenheiro eletricista e atua no campo da iluminação desde 1983. É proprietário do escritório CityLights Urban Solutions, especializado em iluminação urbana; da Godoy Luminotecnia, voltada para iluminação arquitetônica; e da Lienco Lighting Solutions, onde atua no campo da integração da iluminação e controles digitais. É coautor do livro Iluminação urbana e professor do curso de pós-graduação em Instalações Elétricas na Facens-Sorocaba. É palestrante em diversos congressos nacionais e internacionais.
Defendendo a qualidade No
em
aspectos internos, as pessoas, até os
outros tantos campos da economia, há
campo
da
iluminação
e
aspectos externos, inter-relacionados no
constantemente uma queda de braço entre
sentido das consequências da qualidade no
a qualidade e as forças de mercado que
dia a dia.
insistem em entregar soluções de baixo
custo.
as necessidades naturais, no campo da
No que diz respeito às pessoas, existem
Não quero aqui definir qualidade por
iluminação, ligada à visão, às consequências
questões regionais, pois, em todas as
da luz nos sistemas hormonais, influências no
economias
sono, na fadiga, até na motivação.
produtoras
de
tecnologia,
podemos achar soluções que atendam aos
Naturalmente
compradores de todas as categorias.
participando de qualquer tarefa, desde
Então, qual o motivo da defesa da
acordar até dormir, nosso corpo espera uma
qualidade?
ambiência adequada com a qual ficamos
Em
quais
circunstâncias
a
qualidade se mostra importante e quando o
preparados para agir.
custo deve ser o foco da decisão?
Quando
A
resposta,
“Sociedade”.
caro
Trata-se
leitor, do
chama-se
impacto
quando
estas
estamos
expectativas
são
atendidas, por exemplo, na quantidade
que
correta de luz, no posicionamento e, por
esta decisão cria na qualidade de vida das
consequência, na intensidade, na cor, na
pessoas.
capacidade de reproduzir cores, enfim,
Então, vamos conversar sobre qualidade,
em muitos aspectos, conseguimos realizar
mas não sob o aspecto do produto, vamos
nossos objetivos com máxima produtividade,
sim conversar sobre qualidade no âmbito da
eficácia. No entanto, quase não percebemos
pessoa, da sociedade e como entender os
o ambiente corretamente iluminado, o que é
processos que chegam até isso.
natural, como que o que deve ser feito não passasse de obrigação. Aí, caro leitor, vem a primeira questão
Entender a qualidade passa por um
importante na percepção da qualidade, que
processo
é o fato de não percebermos imediatamente
de
múltiplas
análises,
desde
blog/39/blackout-bad-lighting-makes-dead/
Fonte: http://www.design2sense.com/en/
Entendendo a qualidade
quando um sistema nos atende perfeitamente.
Especificando a qualidade
destas pessoas, as preferências pessoais,
O que nos é mais natural é perceber o
entender como a relação com as diversas
que não nos atende, o que não atende às
Vamos lá. Se você está com uma situação
características do dia podem influenciar a
expectativas iniciais, naturais para a execução
específica na empresa para qual presta
tarefa, a conexão com outros fusos horários,
da determinada tarefa. Mesmo quando não
serviço, seu cliente ou mesmo seu escritório,
enfim, muitas questões que um especialista
estamos bem atendidos, há uma péssima
vamos começar a trabalhar.
pode perceber.
qualidade humana em relação à luz que se
Inicialmente,
chama “adaptação”.
do espaço a ser iluminado é fundamental,
entendimento dos quesitos técnicos para que
Então, falando de iluminação, quando
fazendo um breve checklist:
as expectativas das pessoas sejam atendidas.
entender
as
utilizações
Entendida a situação, passamos para o
recebemos algo bom, não percebemos, e
As
quando recebemos algo ruim, nos adaptamos.
•
percebidas pelos leigos são:
• Atividade;
Ocorre que a adaptação não significa
Espaço;
questões
luminotécnicas
mais
que as expectativas sejam atendidas. Entre as
• Empenho visual;
• Quantidade de luz;
consequências dessa aceitação estão dores
• A importância da cor;
• Uniformidade.
de cabeça, indisposição, baixa produtividade,
• Layout;
sono, enfim, consequências que impactam
• Posição de trabalho e observação;
• Presença de luz natural.
e, normalmente, utilizados para caracterizar
no nosso dia a dia e no resultado das nossas
Estes quesitos são muito expressivos
a avaliação de qualidade em um projeto.
tarefas. Então, onde se inicia a qualidade?
Porém, caro leitor, está aí o grande
Caro leitor, a qualidade inicia-se na
análise das necessidades das pessoas, não
estes e outros que possam ser entendidos
problema!
de luxímetros, precisamos entender que o que
caso a caso.
No próximo artigo vamos conversar sobre
projetamos e especificamos será utilizado
esta questão no âmbito da especificação e
em sistemas para as pessoas e é nisso que
por
qualquer decisão deve se basear.
desenvolvendo as atividades, qual a idade
Enfim, são listados vários aspectos como
Um bom estudo das situações passa entender
quem
estará
presente
entender como buscar atender quantidades nos afasta das qualidades. Até lá!
80
Dicas de instalação
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Por Alexis Rafailov, Camila Zimmer e Jovelino Simão Filho*
Fusíveis HH de Média Tensão (MT): interrompendo correntes e temperaturas
Os fusíveis de média tensão, fabricados
operação a olho nu.
conforme a norma IEC 60282-1 e DIN
43625, têm sido utilizados no sistema
a cor vermelha, uma mola helicoidal que
O pino de disparo geralmente possui
elétrico de distribuição por muitos anos e são
fornecerá a força de ruptura (abertura), um
denominados como HH, conforme Figura 1.
fio de retenção que prende a mola e um fio de alimentação que fará o sistema de abertura.
A Figura 2 mostra a estrutura interna
de montagem do pino percussor, enquanto a Figura 3 apresenta o esquema completo mostrando o pino percussor conectado em paralelo com o elemento fusível. Se houver
Figura 2 – Pino percussor.
uma condição de sobrecorrente com tempo de fusão acima do limite da corrente, o Figura 1 - Característica construtiva do fusível HH de média tensão, fabricados conforme as normas IEC 60282-1 e DIN 43625.
elemento fusível derrete e o pino percussor
imediatamente atuará. No caso do tempo de fusão muito curto, isto é, com aumento do
Um importante passo foi o avanço do
tempo da corrente de falta (curto-circuito),
pino percussor (striker pin) que possui dupla
o pino percussor atuará praticamente no
função, isto é, atuação por sobrecorrente
mesmo momento em que os elementos
(curto-circuito) e por aumento da temperatura
fusíveis são interrompidos.
(sobrecarga). Além dos fusíveis atuarem
devido a uma corrente de falta, agora os
valor da energia para o rompimento é
fusíveis podem atuar também devido ao
aproximadamente de 1 joule e os valores
sobreaquecimento no ambiente onde está
típicos para a força de atuação do pino
instalado.
percussor são 50 N, 80 N ou 120 N,
Para os fusíveis de média tensão, o
entretanto, o mais utilizado é o de 80 N. O
A função do pino percussor
Figura 3 – Esquema de conexão entre o pino percussor (Striker Pin) e o elemento fusível.
Temperatura limite do pino percussor
pino percussor do fusível possui diâmetro de 10 mm e comprimento de 35 mm. A duração
Se pelos fusíveis passar uma corrente
A primeira função do pino percussor
do movimento de atuação é definido como
de carga inadmissível, porém menor que
é a indicação de que o fusível atuou após
um intervalo entre o final do tempo de fusão
a corrente mínima de ruptura, eles podem
a ocorrência de um curto-circuito. O
e o momento em que o pino percussor sobe
sobreaquecer. Esse sobreaquecimento, é
surgimento do pino percussor em um dos
com uma distância de atuação de 20 mm.
resultado da temperatura de fusão da prata
lados do fusível permite a visualização da
Este tempo é da ordem de milissegundos.
de 960 ºC, que é o material do elemento
81
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
fusível.
Dependendo
das
características
do
O termo definido por “zona proibida” ou
invólucro onde o fusível é instalado, o limitador
“zona crítica” é o intervalo entre a corrente
térmico pode atuar antes, prevenindo danos à
nominal do fusível (IN) e a corrente mínima
instalação. Ensaios práticos com o objetivo
de ruptura (I3) sendo uma região na qual a
de fornecer recomendações para a proteção
atuação do fusível não é garantida, isto é, o
de um transformador de 1000 kVA – 20 kV
fusível pode atuar ou não. Estes intervalos
revela as diferenças. O fusível recomendado
podem ser visualizados na Figura 4.
para proteção deste transformador, de acordo
As
imediações
também
com a norma VDE 0670-402, tem corrente
devem ser capazes de suportar estas altas
nominal IN de 63 A e a corrente mínima de
temperaturas e isso é notado quando se
ruptura deste fusível é 210 A. Este fusível
observa
o
do
fusível
do
sofre um aquecimento para corrente abaixo da
encapsulamento (câmara do fusível) em
corrente mínima de ruptura (I3), no exemplo
uma chave seccionadora isolada a gás
prático, o valor máximo da temperatura já é
SF6, que limita a dissipação de calor. Nesta
alcançado com duas vezes o valor da corrente
“faixa crítica”, os materiais de plástico do
nominal, aproximadamente 120 A. Na Figura
encapsulamento podem atingir temperaturas
5, os valores de temperatura do invólucro do
superiores a 150 ºC e isto pode ser evitado
fusível são mostrados com e sem a função de
com a utilização do pino percussor limitador
limitação térmica.
de temperatura. Quando o dispositivo de
atuação térmica é previsto no fusível e este
com
atingir uma temperatura predefinida, o pino
componentes como chave seccionadora e
percussor é liberado, consequentemente
fusível permanecem relativamente frios. A
ocorre
temperatura de 100 ºC não apresenta riscos
a
comportamento
abertura
trifásica
térmico
da
chave
Ao utilizar o fusível com pino percussor limitador
de
temperatura,
os
seccionadora e o desligamento do sistema.
para o invólucro do fusível, mesmo em casos
frequentes de sobrecarga.
Na Figura 4 estão ilustrados os intervalos
de tempo mais importantes, sendo a fase operacional do fusível representado pelo intervalo entre “0” e a corrente nominal do
Desempenho da curva característica tempo x corrente
fusível “IN”. Para valores acima da corrente nominal, o pino percussor realiza a função
Apesar
de controle térmico e o desligamento é
elétrico do fusível, a existência ou não do pino
efetuado através da combinação entre chave
percussor com limitador de temperatura não
seccionadora e fusível. Nesta condição, o
altera a característica da curva do fusível tempo
valor da corrente pode ser superior à corrente
X corrente. Tanto para valores de corrente de
mínima de ruptura (I3), conforme pode ser
falta quanto para o tempo, a representação
visualizado na Figura 4. Em caso de curto-
da curva com o pino percussor somente
circuito franco, devido aos altos valores de
pode ser ilustrado de maneira qualitativa no
corrente, o pino percussor é ativado e o
que diz respeito ao seu intervalo de atuação,
fusível atua, com corrente maior que I MIN.
conforme Figura 6. A Figura 6 apresenta a
Figura 4 – Operação/abertura do fusível de média tensão HH.
de
refletir
no
desempenho
82
Dicas de instalação
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Figura 5 – Temperaturas do fusível e do invólucro (a) SEM e (b) COM limitador térmico
nominal do fusível (63 A) e de sobrecarga do transformador (43 A), pode-se dizer que esta diferença representa um longo caminho de sobrecarga admitida para este transformador.
Os fusíveis de média tensão limitando correntes e também temperaturas Os fusíveis são fabricados com pino percussor com limitação de temperatura desde 2008. No início os fusíveis tinham um status “especial”, entretanto, o novo dispositivo de disparo térmico foi incorporado em todos os fusíveis com striker pin com força de atuação de 80 N. Muitas concessionárias incluíram
o
pino
percussor
em
suas
especificações técnicas.
Além disso, os fusíveis de média tensão com
a função de limitação térmica são capazes de prevenir distúrbios no sistema de distribuição,
Figura 6 – Curva característica tempo x corrente para fusível HH 63 A.
os quais podem ser atribuídos por: curva característica tempo X corrente para
O
o fusível HH com corrente nominal de 63 A
pela área a-d-e da Figura 6, garante que
• Correntes de falta causadas por falhas nos
com pino percussor limitador de temperatura
os pinos percussores dos fusíveis não se
enrolamentos do transformador;
em relação as correntes de operação de um
comportem de maneira instável. Isto pode ser
• Fusível selecionado para uma baixa corrente
transformador de 1000 kVA / 20 kV.
ilustrado conforme mostra o exemplo a seguir,
nominal;
considerando o transformador:
• Fusíveis operando em valores abaixo da
Uma vez que a função de limitar a temperatura
intervalo
de
sobrecarga,
definido
só pode ser ativada por um aquecimento no
corrente mínima de ruptura;
fusível, o tamanho do triângulo (a-d-e) mencionado
• Potência nominal e tensão do transformador
na Figura 6 vai depender também da corrente
nominal do fusível. Por este motivo, o intervalo de
• Corrente nominal do transformador (IN Transformer)
* Este artigo foi publicado originalmente pelo
operação do pino percussor é considerado menor
autor Heinz Ulrich Haas, da SIBA GmbH & Co.
no caso de um fusível de corrente nominal de 10
• Sobrecarga assumida (1,5 x I N Transformer)
• Fusível com contato defeituoso.
1000 kVA / 20 kV 29 A
KG, Lünen: HV Fuses “Interrupting Currents and
A do que no caso de um fusível com uma corrente
nominal de 100 A. O que é decisivo, entretanto, é
• Corrente nominal recomendado do fusível (IN HV FUSE)
Sob licença do autor, o artigo foi traduzido e
que quando qualquer temperatura inadmissível é
adequado pelos engenheiros Alexis Rafailov,
43 A 63 A
“percebida” pelo fusível, resultará na atuação do pino percussor.
Temperatures”, em 19 de setembro de 2008.
Camila Zimmer e Jovelino Simão Filho, da Elos
Considerando os valores da corrente
Eletrotécnica Ltda.
84
Ponto de vista
O Setor Elétrico / Janeiro de 2017
Os benefícios da certificação Led
Até 2020 a expectativa é de que cerca
isso, é preciso que os clientes fiquem atentos
de 70% do faturamento em iluminação seja
aos detalhes da embalagem.
em Led. Há alguns anos, seria inimaginável
afirmar esse percentual já que, apesar dos
beneficia desde consumidores e lojistas até
benefícios oferecidos por essa tecnologia,
importadores e fabricantes, já que acaba com
o alto valor para aquisição desses produtos
a competição desleal e garante a qualidade
tornava inviável a popularização. No entanto,
dos produtos, estimulando a concorrência
o Led avançou e a certificação do Inmetro
saudável.
marca um importante momento de respeito à
O
qualidade e aos consumidores.
promissor em todo o mundo e, evidentemente,
Atualmente, cerca de 20% da população
É importante ressaltar que a certificação
futuro
do
Led
é
extremamente
no Brasil não seria diferente. Mais econômico,
Muitos,
duradouro, eficiente e sustentável, já que não
motivados pela necessidade de economia
leva mercúrio na produção, são diversas
após o aumento nas faturas de energia,
as vantagens desse tipo de tecnologia.
optaram por essa tecnologia que consome
Estamos dando um importante passo com a
até 90% menos. Porém, há ainda outras
certificação, uma demonstração de que, aos
vantagens capazes de conquistar quem
poucos, avançamos na construção de um
decide adquirir produtos em Led, como, por
ambiente saudável para o crescimento do
exemplo, a durabilidade de até 50 vezes
Led e desenvolvimento dessa área.
brasileira
utiliza
lâmpadas
Led.
mais, completando aproximadamente 25 mil horas. No entanto, para assegurar que todos esses benefícios sejam, de fato, entregues às pessoas é fundamental a certificação do Inmetro. Desde o final de 2016 uma nova regulamentação
obriga
que
todas
as
lâmpadas de Led importadas e produzidas no Brasil sejam certificadas. A mudança visa garantir um melhor custo-benefício ao consumidor, garantindo produtos com maior qualidade e durabilidade. Porém, até 17 de junho do próximo ano ainda será possível encontrar nas prateleiras do varejo produtos sem o selo do Inmetro, que foram adquiridos pelos lojistas antes da obrigatoriedade. Por
Por Afonso Schreiber, presidente da Taschibra.
86
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