Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES
Ano 2 - Edição 19 / Janeiro de 2018
O novo perfil do parque gerador brasileiro e seus impactos para o sistema Novos colunistas
Elbia Gannoum avalia a adesão do Brasil à Agencia Internacional de Energia Renovável Ronaldo Koloszuk faz um panorama acerca da evolução da energia solar fotovoltaica no país *Notícias selecionadas sobre as fontes renováveis que mais crescem no país* APOIO
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Fascículo
Renováveis
Por Luiz Marzano, Maria Maceira e Thatiana Justino*
O impacto do aumento das fontes intermitentes na operação do sistema
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O setor elétrico brasileiro vem passando por uma mudança no perfil de seu parque gerador,
com o aumento da participação de fontes renováveis intermitentes, como a eólica e a solar, e com a construção de usinas hidrelétricas na região Norte do país com reservatórios com pouca capacidade de regularização. As afluências da região Norte apresentam comportamento extremamente sazonal e, mantida a tendência de se evitar a construção de reservatórios de regularização na exploração do potencial hidrelétrico desta região, não será possível mitigar a característica altamente sazonal das afluências de seus rios. É importante ressaltar que o período úmido da região Norte coincide em grande parte com o período em que as usinas com grandes reservatórios de regularização apresentam atualmente maior geração de energia. Para exemplificar esta mudança no perfil do parque gerador, no Plano Decenal de Expansão de Energia 2024, a participação da fonte eólica passa de 3,7% em 2014, com 5 GW de potência instalada, para 11,6% em 2024, com 24 GW de potência instalada. Já a fonte solar apresenta participação nula em 2014, alcançando 3,3% em 2024 (com 7 GW de potência instalada). Com relação à fonte hidrelétrica, a participação é de 67,6% (90 GW) em 2014 e de 56,7% (117 GW) em 2024. Porém, o aumento da energia armazenável máxima do sistema no horizonte decenal é de apenas 0,91%, enquanto que o crescimento do mercado de energia é de aproximadamente 45%.
Este trabalho tem como objetivo avaliar o impacto no perfil de operação do Sistema
Interligado Nacional, causado pela evolução de seu parque gerador. Para a análise, será utilizada a configuração do Plano Decenal de Expansão de Energia 2024. Para alguns anos do horizonte de estudo serão apresentados resultados de simulações semelhantes àquelas necessárias para o cálculo das garantias físicas de energia, isto é, resultados associados à configuração estática do mês de dezembro dos anos em questão. Nestas simulações, a carga crítica de energia será ajustada de modo que o critério de garantia de suprimento energético vigente seja atendido. Ou seja, para as configurações dos anos em questão, a operação do sistema será simulada repetidas vezes, alterando-se em cada simulação os valores da demanda de energia até atingir o critério de convergência de igualdade dos custos marginais de expansão (CME) e de operação (CMO), respeitando-se o limite de 5% para o risco de déficit de energia.
Para cada configuração serão avaliados valores de variáveis como a carga crítica de energia,
bloco hidráulico, bloco térmico, geração das fontes não despacháveis, geração hidrelétrica, geração termelétrica e nível de armazenamento dos reservatórios.
No SNPTE de 2013 foi apresentado um trabalho que discutiu a utilização de modelos de
simulação a usinas individualizadas na avaliação da capacidade de atendimento à demanda máxima do SIN [5]. Naquele trabalho foi introduzido o conceito de potência disponível revisada, que se caracteriza como a maior potência que uma usina hidrelétrica consegue fornecer para o atendimento à ponta do sistema, considerando que a quantidade máxima de água disponível para o turbinamento na usina é proveniente da máxima vazão defluente das usinas de montante pela afluência incremental à própria usina, e pelo volume de água armazenado no seu reservatório que pode ser desestocado. Nesse sentido, este trabalho também avaliará o impacto na capacidade de atendimento à ponta do sistema por meio das potências disponíveis revisadas das usinas hidrelétricas causado pela alteração do perfil do parque gerador do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Análise da operação hidrotérmica
O programa Newave é a ferramenta computacional utilizada pelo setor elétrico brasileiro
em estudos de planejamento da operação energética, em estudos de planejamentos decenais da expansão do sistema interligado nacional e em estudos para cálculo e revisão das garantias físicas de energia. É um modelo de otimização baseado na técnica de programação dinâmica
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Renováveis
dual estocástica, que minimiza os custos de operação para uma dada
tais estudos se estendem até o ano de 2029 de modo a acomodar
configuração do parque gerador hidrotérmico. Neste trabalho, ele será
melhor a expansão do sistema.
utilizado para identificar as possíveis mudanças do perfil de geração das usinas hidráulicas e termelétricas que compõem o sistema, devido à participação crescente de usinas geradoras com perfil sazonal na matriz elétrica.
As simulações com o programa Newave foram feitas utilizando
arquivos de dados construídos com base naqueles associados ao Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 (PDE 2024), este último disponível no portal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Para alguns anos do horizonte de estudo foram feitas simulações semelhantes àquelas necessárias para o cálculo da garantia física de energia, ou seja, para tais anos de estudo considerou-se uma configuração estática referente ao seu último mês e simulou-se o programa Newave repetidas vezes, alterando-se em cada simulação os valores de demanda de energia até atingir o critério de convergência de igualdade dos custos marginais de expansão (CME) e operação (CMO), com risco de déficit de energia não superior a 5%. Nestas simulações foram considerados 2000 séries sintéticas de energia natural afluente, limites de intercâmbios abertos, valor de CME igual a 139,00 R$/MWh e período de estudo igual a dez anos.
Figura 2 – Expansão Hidráulica Anual no PDE 2024
Na Figura 2 se verifica que as principais expansões hidrelétricas
ocorrem no Norte do Brasil: até 2019 ocorre a implantação da usina de Belo Monte; a partir de 2024 ocorre a expansão das usinas do subsistema Teles Pires/Tapajós. Estas usinas se localizam em uma região onde as aflências apresentam comportamento bastante sazonal e são construídas sem ou com pouquíssima capacidade de regularização.
Sistema teste
A configuração do sistema elétrico utilizada no PDE 2024
considera nove subsistemas elétricos: Sudeste/Centro-Oeste (SE), Sul (S), Nordeste (NE), Norte (N), Manaus/Amapá/Boavista (MAN/ AP/BV), Itaipu (IT), Acre/Rondônia (AC/RO), Belo-Monte (BM) e Teles Pires/Tapajós; e também os nós fictícios: Ivaiporã, Imperatriz e Xingu. Os subsistemas e suas interligações estão ilustrados de forma simplificada na Figura 1.
Figura 3 – Expansão térmica anual no PDE 2024.
Figura 1 – Configuração do Sistema no PDE 2024 (Fonte: [1]).
Nas Figuras 2 e 3 são mostradas as expansões hidráulicas e
Figura 4 – Razão entre a geração das fontes não despacháveis e o mercado de energia do SIN.
Da Figura 3 verifica-se a tendência de construção de usinas
térmicas nos subsistemas Sudeste e Sul, região que concentra o
térmicas previstas para cada subsistema ao longo do horizonte de
principal mercado consumidor do país.
planejamento. Ressalta-se que, apesar do horizonte do PDE ser 2024,
Na Figura 4 é apresentada a razão entre a geração das usinas não
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despacháveis (eólica, solar e pch) e o mercado do SIN para os anos de
Discussão dos resultados
2014, 2019, 2024 e 2026. Verifica-se que a participação de tais fontes no atendimento ao mercado aumenta consideravelmente ao
longo do horizonte de estudo. Para o ano de 2014 a maior participação
2024 referentes aos seguintes meses: (i) dezembro de 2014; (ii) dezembro
ocorre em agosto, com valor de 12%. Em 2026 esta participação
de 2019; (iii) dezembro de 2024; e (iv) dezembro de 2026.
alcança 26% em agosto e setembro.
mensais, representando a sazonalidade do consumo. Neste trabalho,
Para o ano de 2026, 84% do mercado de energia da região Nordeste
Foram analisadas configurações estáticas obtidas a partir do PDE
A carga crítica de energia do sistema é composta por 12 valores
será atendido por geração não despachável localizada também no
sempre que houver menção a carga crítica, tal valor se refere à média dos
Nordeste, conforme pode ser visto na Figura 5.
doze valores mensais.
A Figura 6 mostra a carga crítica líquida, isto é, a carga crítica abatida
da geração das usinas não despacháveis obtida para cada uma destas configurações. Verifica-se, como é de se esperar, um aumento da carga
Figura 5 – Razão entre a geração das fontes não despacháveis e o mercado de energia no Nordeste.
Figura 6 – Carga crítica líquida do SIN.
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Renováveis
crítica ao longo do horizonte de planejamento, devido à entrada em
líquida total do SIN. A carga crítica líquida do SIN é dada pela carga crítica total
operação de novos projetos.
abatida da geração das fontes não despacháveis. A Figura 11 apresenta esta
mesma relação, porém, para a soma das gerações hidráulicas das usinas
As Figuras 7, 8 e 9 apresentam, respectivamente, a razão entre o bloco
hidráulico e a carga crítica bruta do SIN (não abatida da geração das usinas
localizadas nos subsistemas Belo Monte, Teles Pires/Tapajós e Acre/Rondônia.
não despacháveis), a razão entre o bloco térmico e a carga crítica bruta do
SIN, e a razão entre a geração das usinas não despacháveis e a carga crítica
soma das gerações dos subsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste,
bruta do SIN. Observa-se uma tendência de diminuição da participação
Norte e Itaipu no período úmido do SIN, de modo a acomodar a geração
do bloco hidráulico no atendimento à carga crítica, diminuindo de 76% na
das novas usinas da região Norte (subsistemas Belo Monte, Teles Pires/
configuração de 2014 para 64% na configuração de 2026. A participação
Tapajós e Acre/Rondônia). Historicamente, a geração hidráulica dos
do bloco térmico se reduz de 17% na configuração de 2014 para 15%
subsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste, Norte e Itaipu apresentava
na configuração de 2026. Por outro lado, a participação das fontes não
uma sazonalidade, em que as gerações mais elevadas coincidiam com o
despacháveis no atendimento a carga crítica aumenta de 8% (configuração
período úmido. Entretanto, com a entrada em operação das novas usinas
de 2014) para 21% na configuração de 2026.
a fio d´água da região Norte, o perfil sazonal é atenuado e há uma pequena
Das Figuras 10 e 11 verifica-se uma diminuição da participação da
tendência a se verificar gerações mais elevadas no período seco.
Figura 7 – Razão entre o bloco hidráulico e a carga crítica bruta. Figura 10 – Razão entre a geração das usinas dos subsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste, Norte e Itaipu e a carga crítica líquida do SIN.
Figura 8 – Razão entre o bloco térmico e a carga crítica bruta. Figura 11 – Razão entre a geração das usinas dos subsistemas Belo Monte, Teles Pires/Tapajós e Acre/Rondônia e a carga crítica líquida do SIN.
Figura 9 – Razão entre a geração das fontes não despacháveis e a carga crítica bruta.
A Figura 10 apresenta a relação entre a soma das gerações hidráulicas dos
subsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste, Norte e Itaipu e a carga crítica
Figura 12 – Razão entre a geração térmica do SIN e a carga crítica líquida do SIN.
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A Figura 12 apresenta a razão entre a geração térmica e a carga crítica
Renováveis de 2026. A participação térmica (bloco térmico) no atendimento à
do SIN. Verifica-se um ligeiro aumento da participação da geração térmica
carga crítica também se reduz (de 17% na configuração de 2014 para
do atendimento à carga crítica conforme a evolução do perfil do parque
15% na configuração de 2026). Por outro lado, a participação das
gerador.
fontes não despacháveis no atendimento à carga crítica aumenta de 8%
(configuração de 2014) para 21% na configuração de 2026.
A Figura 13 apresenta a energia armazenada final percentual do
SIN. Verifica-se também uma tendência de redução do armazenamento
Observou-se uma diminuição da participação da soma das gerações
conforme a evolução do perfil do parque gerador.
dos susbsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste, Norte e Itaipu no período úmido do SIN, de modo a acomodar a geração das novas usinas da região Norte (subsistemas Belo Monte, Teles Pires/Tapajós e Acre/ Rondônia). Historicamente, a geração hidráulica dos subsistemas Sudeste, Paraná, Sul, Nordeste, Norte e Itaipu apresentava uma sazonalidade, onde as gerações mais elevadas coincidiam com o período úmido. Entretanto, com a entrada em operação das novas usinas a fio d´água da região Norte, o perfil sazonal é atenuado e há uma pequena tendência a se verificar gerações mais elevadas no período seco.
Com relação à potência disponível revisada do SIN, verificou-se uma
redução no período seco do sistema e uma acentuação do perfil sazonal, Figura 13 – Energia armazenada - Final percentual do SIN.
A Figura 14 apresenta a razão entre a potência disponível revisada
obtida através de uma simulação a usinas individualizadas para avaliação da capacidade de atendimento à demanda máxima do SIN, e a carga crítica líquida do SIN. Vale esclarecer que esta razão não indica a participação das usinas hidrelétricas no atendimento à ponta do sistema, uma vez que se considerou no denominador a carga crítica de energia. Dos resultados apresentados, verifica-se uma redução da potência disponível revisada no período seco do sistema conforme a evolução do parque gerador. Isto decorre da redução da capacidade de regularização do parque hidrelétrico. Verifica-se também uma acentuação do perfil sazonal.
Figura 14 – Potência Disponível Revisada do SIN
Este trabalho teve como objetivo avaliar o impacto no perfil de geração
do Sistema Interligado Nacional causado pela evolução do seu parque gerador. Foram analisadas configurações estáticas obtidas a partir do PDE 2024 referentes aos seguintes meses: (i) dezembro de 2014; (ii) dezembro de 2019; (iii) dezembro de 2024; e (iv) dezembro de 2026.
Conforme o perfil do parque gerador se altera, com a entrada em
operação das usinas a fio d´água da região Norte do país e também com o aumento da participação das fontes não despacháveis (eólica, solar e PCH), verificou-se uma tendência de diminuição da participação hidrelétrica (bloco hidráulico) no atendimento à carga crítica do sistema, diminuindo de 76% na configuração de 2014 para 64% na configuração
conforme a evolução do parque gerador. Isto decorre da redução da capacidade de regularização do parque hidrelétrico.
Referências (1) Ministério de Minas e Energia (MME) / Empresa de Pesquisa Energética (EPE), “Plano Decenal de Expansão de Energia 2024”, dezembro de 2015. (2) Ministério de Minas e Energia (MME), Portaria Nº 101, de 22 de março de 2016, disponível em www.aneel.gov.br. (3) Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), Resolução CNPE nº 9, 28 de julho de 2008, disponível em www.mme.gov.br. (4) L.G.B. Marzano, M.E.P. Maceira, T.C. Justino, A.C.G. Melo, “Avaliação de Critérios de Cálculo da Garantia Física Total do SIN”, XXII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Brasília, 2013 (5) L.G.B. Marzano, F.R.S. Batista, M.E.P. Maceira, A.C.G. Melo, T.C. Justino, A. Ginaid, “Avaliação da Capacidade de Atendimento à Ponta do Sistema Elétrico Brasileiro Utilizando Modelo de Simulação a Usinas Individualizadas”, XXII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Brasília, 2013. (6) M.E.P. Maceira, V.S. Duarte, D.D.J. Penna, L.A.M. Moraes, A.C.G. Melo, “Ten Years of Application of Stochastic Dual Dynamic Programming in Official and Agent Studies in Brazil - Description of the NEWAVE Program”, Proceedings of the 16th Power Systems Computation Conference, Glasgow, Scotland, 2008.
Este trabalho foi originalmente apresentado na última edição do Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), realizado entre os dias 22 e 25 de outubro de 2017, na cidade de Curitiba (PR). *Luiz Guilherme Barbosa Marzano é engenheiro eletricista, com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica. Desde 1996 é pesquisador do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). Maria Elvira Piñeiro Maceira é graduada em engenharia civil, com mestrado e doutorado em Engenharia Civil. Desde 1985 é pesquisadora do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). Também é professora adjunta da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e membro do Cigré. Thatiana Conceição Justino é engenheira eletricista, com mestrado em Engenharia Elétrica. Desde 2006 é pesquisadora do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel).
Energia Eólica
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Elbia Gannoum é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Ventos que fortalecem o Brasil
Para o setor de energias
certamente nos beneficiaremos
salvado o Nordeste da seca já
com grande conhecimento do
renováveis, o ano de 2018
muito do conhecimento que a
há bastante tempo devido ao
setor. Um dos últimos estudos
começou com uma ótima
agência tem acumulado.
baixo volume dos reservatórios
divulgados pela agência, por
notícia: o Governo Brasileiro
da região. Há dias em que
exemplo, o “Renewable Power
aprovou, no dia 17 de janeiro,
interessam a todos os países,
atendemos mais de 60% da
Generation Costs in 2017”,
por unanimidade, o início do
como é o caso, por exemplo, do
região. Isso mostra a força
trouxe um panorama da queda
processo de adesão do Brasil
potencial disruptivo da energia
das eólicas, já consolidada
dos custos das renováveis
à Agência Internacional de
eólica e de todas as novas
como sendo de fundamental
ao redor do mundo, fato este
Energia Renovável (Irena). Fazer
renováveis, exigindo evolução
importância na matriz elétrica
que estamos constatando nos
parte da Irena certamente nos
de sistemas e formas de atuar
brasileira e representa um
últimos leilões realizados no
colocará num novo patamar
que perderam sua validade
aprendizado brasileiro que
Brasil e em outros países.
de maturidade perante a
frente às necessidades do
pode ser compartilhado com
comunidade internacional.
mundo moderno. Para as
outros países. Este é apenas
de aderir à Irena foi uma atuação
eólicas, por exemplo, existe um
um dos exemplos de temas que
certeira do Governo Brasileiro
vem apresentando resultados
desafio muito importante e que
podem ser de interesse global.
que nos trará resultados
sólidos e positivos em relação à
tem sido enfrentado de forma
positivos concretos. Nós temos
importância da eólica na matriz
muito eficiente pela indústria
países membros e cerca de 30
um dos melhores ventos do
elétrica, com crescimento
e pelo Operador Nacional do
estão em processo de adesão,
mundo e estamos conseguindo
sustentável e sucessivos
Sistema (ONS): trata-se da
como o Brasil. Criada em 2009,
utilizá-lo de maneira muito
recordes de geração. Com seus
inserção das eólicas na matriz
a agência tem realizado um
eficiente, com resultados
mais de 500 parques eólicos
considerando sua variabilidade.
trabalho sério, sistemático e
consistentes nos últimos anos.
em operação, produtividade
Em um vídeo* sobre disrupções
profundo, o que a colocou, em
São ventos que não apenas
bem acima da média mundial,
produzido pela ABEEólica no
pouco tempo, numa posição de
abastecem cada vez mais lares
leilões com alta competitividade
ano passado, o ONS conta,
autoridade mundial em energia
e indústrias brasileiras, mas
e um crescimento sustentável
por exemplo, como tem lidado
renovável. Os estudos realizados
também são ventos que podem
da fonte eólica com benefícios
com a variabilidade natural da
pela agência, por exemplo,
ajudar o País a ir mais longe na
sociais concretos, acredito que o
fonte de uma forma previsível
são largamente utilizados por
arena internacional e conquistar
Brasil tem muito a contribuir nas
e que não tem causado
empresas e governo, uma vez
um papel de destaque nas
discussões da Irena. Além disso,
qualquer prejuízo ao sistema.
que trazem leituras de cenário
discussões sobre energia eólica.
temos muito a ganhar com o
Além disso, é importante
amplas, de alta inteligência,
*https://www.youtube.com/
aprendizado de outros países e
lembrar que as eólicas têm
produzidas por profissionais
watch?v=UNhWxnMYXws&t=340s
Nos últimos anos, o Brasil já
Há discussões amplas que
A Irena possui hoje 152
Estou certa de que a decisão
Energia solar fotovoltaica
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Ronaldo Koloszuk é diretor da Divisão de Energia do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, conselheiro da Absolar e diretor comercial da Solar Group.
Energia solar fotovoltaica no Brasil
Recebi o convite de O
Setor Elétrico para escrever mensalmente sobre esta fonte de energia que deixou de ser uma tendência mundial para se tornar uma realidade em muitos países. Vamos inaugurar a coluna oferecendo um breve panorama sobre a fonte.
A energia solar fotovoltaica
(FV) cresce com robustez no Brasil. Mesmo o país atravessando umas das mais graves crises de sua história, esta fonte de energia conseguiu se sobressair e atrair a atenção de todos.
Vejam a comparação entre o
desempenho do PIB e o da geração distribuída solar FV, por número de instalações, nos últimos 3 anos:
um sistema fotovoltaico caíram cerca de 80% nos últimos dez anos, enquanto o custo da energia elétrica subiu acentuadamente.
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) prevê que em 2024 o Brasil terá 886,7 mil de sistemas instalados, o que corresponde a menos de 1% das unidades consumidoras possíveis. Hoje, para se ter uma ideia do
Figura 1 – Irradiação solar no mundo.
crescimento que nos espera, temos cerca de 20 mil sistemas
instalados, segundo dados da
fonte complementar, a energia solar
Além de ser uma importante
energia excedente gerada em uma
Aneel, o que significa que o setor
fotovoltaica apresenta vantagens
residência é injetada novamente
deverá crescer 4333,5% nos
ao ser instalada no Brasil, pois
na rede e é consumida quase que
próximos sete anos.
temos uma alta incidência de
imediatamente por outra.
A energia solar FV representa
radiação solar no país. O pior sol no
hoje apenas 0,02% da matriz. No
Brasil é melhor que o melhor sol na
ainda precisam ser superados,
entanto, a Empresa de Pesquisa
Alemanha. Além disso, o pico de
tais como: desconhecimento
Energética (EPE) divulgou
consumo no Brasil ocorre entre 12h
da tecnologia pela maior parte
e 17h, o que coincide com o pico de
da população, carência de
se reduz a quase zero, pois a
Porém, alguns gargalos
PIB
Solar FV (GD)
2015 -3,80%
+313%
recentemente que a participação da
2016 -3,60%
+320%
fonte deverá passar para 10% da
geração de energia dos sistemas
financiamento de médio e longo
2017
+174%
matriz até 2030. Um crescimento
fotovoltaicos.
prazo, tributação excessiva,
de 500 vezes em 13 anos.
segurança jurídica que garanta
matriz elétrica extremamente
o cumprimento dos contratos,
Brasil foi a edição da resolução
limpa, cerca de 15% dessa
falta de políticas públicas para
normativa 482/12 da Aneel,
energia se perde na transmissão
incentivo do setor, etc.
sobre o investimento) de um
que regulamentou a micro e a
e na distribuição. Esse volume
sistema instalado varia, em
minigeração distribuída ao criar
é significativo e equivale a
todas estas frentes, capitaneados
média, no Brasil, entre quatro e
um sistema de compensação de
toda energia consumida pelo
pela Associação Brasileira de
seis anos. Difícil uma aplicação
energia elétrica. Esta resolução foi
comércio no país. Aqui se destaca
Energia Solar (Absolar) e outras
trazer tão rápido retorno. Isso
aprimorada pela RN 687/15. Para
uma outra relevante vantagem
associações para que a energia
se explica porque os preços dos
aqueles que estudam investir no
da energia solar – na geração
solar FV continue crescendo
equipamentos que compõem
setor, é necessário se aprofundar.
distribuída, esse percentual
aceleradamente.
+1% (projeção FOCUS)
O payback (tempo de retorno
Um marco para o setor no
Embora o Brasil tenha uma
Já existem trabalhos, em
56
Notícias
renováveis
Governo de São Paulo isenta de ICMS componentes de geração solar fotovoltaica Medida é válida apenas para prédios públicos e visa ampliar a oferta da energia solar na matriz energética do Estado
passa a isentar de ICMS
partes, peças, estruturas de
na produção dos itens
equipamentos e componentes
maior Estado do Brasil em
suporte, transformador, cabos
necessários, quanto os
para geração de energia
número de unidades geradoras
elétricos, disjuntor, inversor
órgãos públicos a fazerem
elétrica solar fotovoltaica
de energia fotovoltaica com
CC/CA ou conversor, string
uso de fontes sustentáveis
destinada ao atendimento do
quatro mil instalações e
box ou quadro de comando e
com economia de recursos.
consumo de prédios próprios
um potencial de 24 MW.
seguidor solar tipo “tracker”,
Um ganha-ganha para toda a
públicos estaduais. A medida
Esse decreto assinado pelo
produtos utilizados na
sociedade paulista”, afirmou
consta no Decreto 63.695ª,
Governador Alckmin dá
montagem das usinas.
o secretário da Fazenda do
publicado em dezembro
garantia para o investidor e
Estado, Helcio Tokeshi.
de 2017 e atende a uma
gera economia para os prédios
partes e peças utilizadas na
demanda do setor fotovoltaico
públicos, uma combinação
fabricação de equipamentos
prédios próprios públicos
ao validar o convênio ICMS
perfeita”, disse o secretário
para a geração de energia
estaduais, tais como escolas,
114/2017 celebrado pelo
de Energia e Mineração, João
limpa no Estado de São
presídios e outros, poderão se
Conselho Nacional de Política
Carlos Meirelles.
Paulo, o Governo incentiva
beneficiar da medida.
O Governo de São Paulo
“São Paulo é o segundo
O benefício impacta as
tanto o setor econômico
Fazendária, CONFAZ.
“Além de desonerar
Pelo decreto todos os
Investimento mundial em energia limpa totalizou US$ 333,5 bilhões em 2017 Valor representa uma alta de 3% em relação a 2016 e é o segundo maior investimento anual da história, levando o montante acumulado desde 2010 para US$ 2,5 trilhões energia atingiram US$ 333,5
de energia fotovoltaica de 53 GW
alta de 150%, e de US$ 6,2
extraordinário nas instalações
bilhões no ano passado, um
em 2017, contra os 30 GW em
bilhões no México, alta de 516%.
fotovoltaicas fez de 2017
aumento de 3% em relação aos
2016.
Por outro lado, o Japão viu seus
um ano recorde para a China
números revisados de 2016,
em termos de investimento
US$ 324,6 bilhões, e apenas 7%
em energia limpa. Esse boom
inferior ao recorde histórico de
ofuscou as mudanças ocorridas
US$ 360,3 bilhões registrado em
em outros países, como o
2015.
132,6 bilhões em tecnologias
bilhões; no Reino Unido, os
salto nos investimentos na
de energia limpa, montante que
investimentos caíram 56%
Austrália e México e a queda nos
investimentos em energia solar
representa um salto de 24% e
devido a mudanças na política
investimentos no Japão, Reino
somaram US$ 160,8 bilhões em
um novo recorde. O segundo país
de apoio, totalizando US$ 10,3
Unido e Alemanha.
2017, 18% a mais em relação
que mais investiu foi os Estados
bilhões. No total, a Europa
Um crescimento
Mundialmente, os
investimentos caírem 16% em Investimento por país
2017, para US$ 23,4 bilhões. Na Alemanha, os investimentos
No total, a China investiu US$
caíram 26%, para US$ 14,6
ao ano anterior mesmo com as
Unidos, com US$ 56,9 bilhões,
investiu US$ 57,4 bilhões,
da Bloomberg New Energy
reduções de custo. Pouco mais
montante 1% superior ao de
representando uma queda de
Finance (BNEF), baseados em
da metade desse total, US$ 86,5
2016.
26% em relação ao ano anterior.
sua base de dados de projetos
bilhões, foi gasto na China. Esse
e contratos, os investimentos
montante é 58% superior ao
projetos eólicos e solares
montante de US$ 6,2 bilhões,
mundiais em energia renovável
de 2016, com uma capacidade
resultaram em um investimento
representando uma elevação de
e tecnologias inteligentes de
instalada adicionada de geração
de US$ 9 bilhões na Austrália,
10% perante 2016.
Segundo os números anuais
Financiamentos de grandes
O Brasil investiu o