Renováveis (edição 146 - Março/2018)

Page 1

Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES

Ano 2 - Edição 21 / Março de 2018

Solar fotovoltaica e hidroeletricidade Estudo avalia complementaridade entre as duas fontes nos próximos anos Energia eólica: ABEEólica avalia comportamento da fonte em 2017 Energia solar: Programa Goiás Solar e os resultados para a região *Notícias selecionadas sobre as fontes renováveis que mais crescem no país* APOIO


Apoio

46

Fascículo Por Fernando Ramos Martins, Enio Bueno Pereira e Maria Francisca Velloso Azeredo*

Capítulo II Complementaridade entre a energia solar e a energia hidroelétrica

Renováveis


Apoio

47

A oferta de energia é condição básica para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação.

O mundo tem passado por um intenso crescimento populacional e o aprimoramento da qualidade de vida e do bem-estar humano está acarretando um forte crescimento na demanda de energia, principalmente nos países em desenvolvimento, o que traz consigo uma crescente preocupação com os impactos socioambientais decorrentes.

A demanda de energia crescente vem conduzindo profundas mudanças no meio ambiente,

colocando a humanidade diante de novos desafios em um planeta com recursos naturais finitos. Além disso, o crescimento da demanda energética, somado à perspectiva de redução dos suprimentos de fontes convencionais de energia, tem sido motivo de preocupação com implicações na economia global. Qualquer país que busque alcançar indicadores de desenvolvimento humano mais elevados, necessita de segurança em seu sistema energético. Em relatório, a Agência Internacional de Energia (IEA, 2014) afirma que a demanda mundial de energia crescerá mais de um terço até 2035. No entanto, apesar do esforço realizado em diversos países, sobretudo na Comunidade Europeia, com a adoção de políticas energéticas focadas no incentivo do uso de fontes renováveis de energia, o mundo não tem conseguido colocar o sistema global de energia numa trajetória mais sustentável.

Diversos fatores influem no consumo de eletricidade de um país, como o produto interno bruto

e a taxa de crescimento econômico. O Brasil vem apresentando consumo inferior ao consumo médio mundial nos últimos anos, mas o governo brasileiro tem executado programas e ações que visam promover o acesso a eletricidade em todo o território nacional de modo que um aumento no consumo per capita de eletricidade é esperado para os próximos anos. Os parâmetros econômicos e sociais em conjunto com valores da série histórica do consumo de energia possibilitam estudar e prever valores da demanda futura de energia. O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2026), prevê o consumo per capita de eletricidade de 3370kWh/hab. para 2026.

Aproveitamento dos recursos renováveis

Em termos mundiais, houve pequeno crescimento da contribuição da hidroeletricidade no

mundo entre 1973 e 2014, de 1,8% para 2,4% (IEA, 2016). Atualmente no Brasil, cerca de 62% da demanda de energia elétrica é suprida pela hidroeletricidade por meio de usinas com grandes reservatórios de acumulação de água. No entanto, todas as principais bacias hidrográficas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil já foram exploradas quase integralmente para a composição da base do Sistema Interligado Nacional (SIN). Cerca de 45% do potencial remanescente encontra-se na Região Amazônica, onde a topografia, uso do solo e outras características ambientais tornam desfavorável formação de reservatórios de acumulação em razão da necessidade de inundações de grandes áreas.

A hidroeletricidade apresentou uma redução significativa no Brasil, passando de 83%

de participação em 2006 para 61% em 2017, adotando como referência a capacidade total instalada no Sistema Elétrico Brasileiro. As restrições socioambientais e o enfrentamento da opinião pública em questões relativas à formação de reservatórios de acumulação em hidroelétricas na região amazônica têm contribuído para a redução da taxa de crescimento da capacidade instalada desta fonte de energia. Além disso, a escassez de investimento na construção e implementação de novas plantas e a ocorrência de crises hídricas intensas em grande parte do território brasileiro levaram à diversificação da matriz elétrica brasileira com o uso de plantas térmicas alimentadas por combustíveis fósseis e biomassa.

Foi a partir da primeira crise hídrica que a geração térmica passou a receber atenção de

políticas energéticas brasileiras com o intuito de garantir a segurança do SIN em períodos prolongados de seca. Desde então, as usinas termelétricas têm desempenhado um papel de complementariedade na geração elétrica. É possível notar na Figura 1 o crescimento acentuado


Apoio

Fascículo

48

Renováveis

da geração térmica a partir de 2012. A Figura 1 também permite

públicos e ao bombeamento de água. Em 2017, somente 0,71% dos

observar a redução da geração hidroelétrica entre os anos 2000 a 2003

empreendimentos de geração em operação no Brasil correspondem

e entre 2012 e 2015, associadas às duas crises hídricas causadas por

a fonte solar, segundo a Aneel, no entanto, estudo desenvolvido pela

período prolongado de seca extrema. Nos dois períodos em destaque, a

Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a mesma fonte

quantidade de água armazenada nos reservatórios das principais UHE

estará representando cerca de 3,3% da matriz em 2024. Atualmente,

brasileiras sofreu redução significativa afetando não apenas a geração

o crescimento da geração solar acontece através de contratações

de eletricidade, mas também outros usos do recurso hídrico, como

de parques fotovoltaicos por meio do leilões de energia realizados

abastecimento urbano e irrigação de culturas agrícolas. Programas

especificamente para esta tecnologia de geração ou por meio da micro/

de incentivo às energias alternativas e renováveis, como o Proinfa,

minigeração seguindo a regulamentação para a geração distribuída no

também foram adotados a partir de 2001 para diversificação da matriz

país. Segundo dados divulgados pela EPE, o primeiro Leilão de Energia

elétrica do Brasil. Como resultado deste programa, destaca-se o intenso

de Reserva (LER) específico para energia solar ocorreu em 2014 e foram

crescimento da geração eólica atingindo participação de 6,5% na matriz

contratados 31 projetos com potência de 1048 MWp (EPE, 2014).

elétrica nacional em 2017, segundo informações disponíveis Banco de

Em agosto de 2015, ocorreu outro LER com a seleção de 382 projetos

Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

cadastrados dos quais 30 foram contratados com potência total de 1043 MWp.

Com base nas informações sobre a disponibilidade e variabilidade

do recurso de energia solar incidente no território nacional apresentadas na segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar (2017), entende-se que a geração fotovoltaica pode contribuir como uma energia complementar para garantir a segurança energética do Brasil em momentos de crise hídrica sem acarretar o aumento das emissões de gases de efeito estufa pelo setor de geração. A complementaridade entre a geração solar e hidroelétrica também pode trazer outros benefícios em regiões com escassez hídrica como Figura 1 – Geração hidráulica e térmica, de 2000 até 2015 com base em dados disponibilizados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS, 2016).

o semiárido brasileiro. O uso combinado da geração solar com a geração hidroelétrica pode manter níveis de acumulação de água nos reservatórios viabilizando a geração em períodos de crise hídrica ou

Diante de tais perspectivas, a expansão do Sistema Elétrico

para destinação para outras finalidades e demandas associadas com

Brasileiro deve ser analisada de forma integrada tomando como base

abastecimento urbano, irrigação de culturas, produção agropecuária e

não apenas conhecimento sobre a disponibilidade de recursos e fontes

preservação de áreas de proteção ambiental.

de energia, mas também aspectos relativos às dimensões social,

ambiental, técnica e econômica. Dessa forma, o planejamento precisa

geração da geração fotovoltaica em grande escala traz para o sistema

sinalizar as mudanças necessárias para promover a diversificação

elétrico. A não possibilidade de geração contínua (energia despachável)

de fontes de energia reduzindo a vulnerabilidade do sistema elétrico

por fatores relacionados à sua intermitência natural tornam a

nacional à variabilidade climática e contribuindo para o aumento da

distribuição da energia fotovoltaica mais complexa que a hídrica e

segurança energética sem comprometer os compromissos assumidos

a termoelétrica. Em adição à variação dos ciclos diário e sazonal,

pelo Brasil nos acordos internacionais para controle das emissões de

perfeitamente conhecidos e previsíveis, as flutuações randômicas de

gases do efeito estufa.

irradiância solar podem ser observadas em escala de tempos diferentes,

com médio e curto prazo diante de passagem de nuvens dependendo de

Nos últimos anos, a geração fotovoltaica destacou-se com o

Deve-se ter em mente os desafios tecnológicos que a inserção da

maior aumento porcentual de capacidade instalada no mundo. Em

tamanho e velocidade de deslocamento.

diversos países foram aplicados incentivos fiscais e econômicos

para desenvolvimento da geração fotovoltaica em termos de avanço

flutuações na rede devidas à geração fotovoltaica também passem a

tecnológico e expansão de mercado. A preocupação com a redução

fazer parte do sistema. Contudo, esse problema pode ser minimizado

de emissões de gases de efeito estufa estimulou o desenvolvimento

com base em tecnologias já existentes ou em desenvolvimento,

tecnológico no setor fotovoltaico, porém, a redução significativa do

seja de forma passiva pelo número de sistemas fotovoltaicos e pela

valor dos módulos foi determinante para tal crescimento do mercado

sua dispersão geográfica, ou de forma ativa com uso de baterias

observado na última década. Atualmente, a geração fotovoltaica

eletroquímicas, a produção de hidrogênio associado à célula a

mostra competitividade econômica diante de tecnologias eólicas e

combustível, os volantes de inércia, as bobinas supercondutoras,

termelétricas em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil.

os supercapacitores, o ar comprimido, o bombeamento reversível

de água em hidrelétricas e o armazenamento térmico na forma

No Brasil, as primeiras aplicações da tecnologia fotovoltaica

foram relativas à telecomunicação, à eletrificação rural, aos serviços

A variabilidade temporal do recurso solar faz com que as

de calor. Porém, em se tratando de um mecanismo tão complexo,



Apoio

Fascículo

50

Renováveis

faz-se necessária uma busca prévia de soluções que mantenham estável e seguro o despacho de energia pelo Sistema Interconectado Nacional (SIN). Estudo realizado pela Agência Internacional de Energia (IEA, 2014) afirma que, no geral, uma participação energética da geração intermitente de 25% é suportada em todos os casos, com destaque para o Brasil que, devido a sua matriz elétrica baseada em hidrelétricas, possui grande flexibilidade. ALMEIDA (2017) afirma que medidas decentralizadoras podem vir a ser necessárias no Brasil uma vez que a região Nordeste do Brasil concentra a maioria das usinas listadas nos leilões de Energia de Reserva. O autor afirma que, se a tendência de instalar usinas fotovoltaicas de grande porte nesta região permanecer, as redes de transmissão que interligam o subsistema nordestino aos demais subsistemas que compõem o SIN deverão ser adaptadas a uma nova realidade.

Estudo de caso para geração hibrida hidrofotovoltaica

Figura 2 – Série histórica da geração mensal na UHE Sobradinho e da fração do volume de água armazenada em relação ao volume útil do reservatório entre 1990 e 2015. Fonte: Velloso (2017).

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco,

os conflitos pelos usos múltiplos da água estão ligados às atividades de atendimento ao abastecimento humano, agricultura

A região do Nordeste do Brasil (NEB) é aquela com o maior potencial

irrigada, geração de energia, navegação, diluição de efluentes

de energia solar do país, com média anual estimada em 5.5 kWh/m2

urbanos, industriais e da mineração e ainda a manutenção dos

de irradiação solar global diária. A região do semiárido, no interior do

ecossistemas. A irrigação de culturas é a atividade que apresenta

NEB, apresenta períodos prolongados de estiagens e, assim, recebe

maior demanda entre aquelas mencionadas, quase 95% da vazão

grande incidência de radiação solar do país. É exatamente no semiárido

de consumo. No caso da mineração, o uso se dá para abastecimento

nordestino que fica localizada a maioria das usinas hidrelétricas da

de mina de cobre localizada a aproximadamente 80 km do Lago de

Bacia do São Francisco. O Rio São Francisco tem sua nascente no Parque

Sobradinho, no município de Caraíba (BA). A água do reservatório

Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e chega a sua foz, no

é ainda utilizada para abastecer a Usina Termelétrica Petrolina, da

Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800

Companhia Energética de Petrolina (CEP).

km de extensão. O Velho Chico atravessa três diferentes biomas –

Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica passando pelos Estados de Minas

solar na região da Bacia do São Francisco com base nos dados

Gerais (MG), Distrito Federal (DF), Bahia (BA), Pernambuco (PE), Alagoas

disponibilizados na Atlas Brasileiro de Energia Solar. Na região do

(AL) e Sergipe (SE). As usinas hidrelétricas instaladas no Rio São

Alto e Médio São Francisco, a irradiação solar apresenta valores

Francisco na região do NEB são UHE Xingó, UHEs Paulo Afonso I, II, III e

entre 4,6 kWh/m2.dia e 7,00 kWh/m2.dia. A região com maiores

IV, UHE Apolônio Sales, UHE Luiz Gonzaga e UHE Sobradinho, totalizando

índices de irradiação solar está localizada entre o São Francisco

9.971.501 kW de potência instalada, o que representa 9,9% do total

Médio e Submédio, tendo uma grande região do entorno do Lago de

do pais (ANA, 2017; CHESF, 2017).

Sobradinho e registra índices maiores de 7,00 kWh/m2.dia.

Em média, a Usina Hidrelétrica de Sobradinho contribui com

A Figura 3 apresenta a média anual do total diário de irradiação

Estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas

cerca de 7% de toda a geração da Região Nordeste. A média anual de

Espaciais avaliou a operação de um sistema híbrido de geração de

geração da usina em 26 anos (1990 – 2015) é de 3.715,23 GWh.

eletricidade combinando as fontes solar e hídrica na área da UHE

A maior geração total anual deu-se em 2007, quando foi gerado

de Sobradinho de modo a aproveitar o recurso solar disponível na

5.141,29 GWh, e a mínima foi no ano de 2015, com um total de

região e a infraestrutura do SIN já disponível no local.

1.683,90 GWh, uma diferença de 67,25%. O gráfico apresentado na

Figura 2 mostra o histórico de geração mensal da UHE Sobradinho,

contribuiria para o aumento do fator de capacidade da geração

a média e os valores mensais do volume útil acumulado na represa

na UHE Sobradinho, evitaria a emissão de gases de efeito estufa

de Sobradinho. O fator de capacidade da planta ao longo da sua

em plantas térmicas em períodos prolongados de seca extrema,

operação foi de 40,4%.

e ainda tonaria possível o acúmulo de água no reservatório. As

simulações realizadas para o período de 2006-2015 mostraram

Percebe-se que, durante o período 2013–2015, a estiagem

Os resultados mostraram que a adoção de plantas fotovoltaicas

afetou diretamente a geração na UHE Sobradinho e, em nenhum outro

que o aproveitamento solar através da geração fotovoltaica na

momento, nos 26 anos analisados, a geração e o volume útil atingiram

região possibilitaria um aumento de 11% a 91% na geração de

valores tão baixos quanto neste período. O fator de capacidade dessa

eletricidade em relação ao que foi gerado pela UHE Sobradinho,

planta foi de 23% entre os anos de 2013 e 2015 (praticamente metade

dependendo das dimensões da planta fotovoltaica adotada.

do fator de capacidade médio) e apenas 18% em 2015.

O aproveitamento do recurso solar evitaria a emissão de até a


51

Apoio


Apoio

Fascículo

52

Renováveis

Figura 3 – Média anual do total diário da irradiação solar global na bacia do Rio São Francisco (kWh/m2.dia).

81.000 t CO2 lançados para a atmosfera no período dos dez anos analisados se a mesma quantidade de energia fosse gerada com

Referências

o uso de plantas térmicas alimentadas por gás natural. Diante da

demanda de água do reservatório da UHE Sobradinho para usos

São Francisco. Brasília, 2017. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/

múltiplos, mesmo a menor planta fotovoltaica simulada, ocupando

Paginas/servicos/saladesituacao/v2/saofrancisco.aspx

uma área equivalente a 0,05% do reservatório de Sobradinho, foi

capaz de suprir a totalidade da demanda de água do reservatório da

de geração. http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/

UHE Sobradinho.

capacidadebrasil.cfm

No período em que foi registrado forte déficit hídrico, entre

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Bacia Hidrográfica do Rio

Agência Nacional de Energia Elétrica (2018) Banco de informações

ALMEIDA, M. P. (2017). Implicações técnicas da inserção em grande escala

os anos de 2013 e 2015, as plantas fotovoltaicas simuladas

da geração solar fotovoltaica na matriz elétrica. 193 p. São Paulo: EDUSP.

chegariam a gerar de 19,3% a 154,5%, em relação ao que a UHE

Sobradinho produziu no mesmo período. O uso das plantas de geração solar possibilitaria um acúmulo de volume de água no reservatório de até 13,7% do seu volume total, o que se equivale a 4675 Hm 3 de água.

O aproveitamento solar para geração de energia elétrica

fotovoltaica representa um fator de resiliência aos extremos climáticos da região do semiárido nordestino, pois é capaz de aumentar a segurança energética e gerar um acúmulo maior de água em uma região que sofre estiagem prolongada.

COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO (CHESF). Descrição

do Aproveitamento de Sobradinho. 2017. Disponível em: <https://www. chesf.gov.br/SistemaChesf/Pages/SistemaGeracao/Sobradinho.aspx>.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Plano Decenal de

Expansão de Energia 2026. Rio de Janeiro, 2017.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (2015). Plano Decenal de

Expansão de Energia 2024. Rio de Janeiro.

GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. (2012), Energia, meio ambiente e

desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 400 p. ISBN (978-85-314-1113- 7).


Apoio

53

TEMOS UM CABO, ESPECIALMENTE DESENVOLVIDO,

INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2014). World Energy

PARA CADA SEGMENTO DE MERCADO

Outlook 2014. Paris. Disponível em: http://www.iea.org/ publications/freepublications/publication/WorldEnergyOutlook201 4ExecutiveSummaryPortugueseversion.pdf.

INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2016). Snapshot of global

photovoltaic markets. Paris. Disponível em: <http://www.iea-pvps.org/ index.php?id=266>.

JONG, P.; KIPERSTOK, A.; TORRES, E. A. (2015). Economic and

environmental analysis of electricity generation technologies in Brazil. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 52, p. 725–739.

NDC (2018), Contribuição Nacionalmente Determinada para

Consecução do Objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [arquivo em PDF] disponível em: http://www. itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/BRASIL-iNDC-portugues.pdf

OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA (ONS). Geração de Energia. Rio

de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.ons.org.br/historico/ geracao_energia.aspx>.

Pereira, E. B.; Martins, F. R.; Gonçalves, A. R.; Costa, R. S.; Lima, F. J. L.;

Rüther, R.; Abreu, S. L.; Tiêpolo, G. M.; Souza, J. G.; Pereira, S. V. (2017) - Atlas Brasileiro de Energia Solar. São José dos Campos: INPE, v.1. segunda edição, p.84.

SANTOS, R. L. P.; ROSA, L. P.; AROUCA, M. C.; RIBEIRO, A. E. D.

(2013). The importance of nuclear energy for the expansion of Brazil’s electricity grid. Energy Policy, v. 60, p. 284–289.

TIEPOLO, G. M. Estudo do potencial de geração de energia elétrica

através de sistemas fotovoltaicos conectados à rede no estado do Paraná. 2015. 228 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas) - Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba.

TUNDISI, J. G. (2007). Exploração do potencial hidrelétrico da

Amazônia. Estudos Avançados, v. 21, n. 59, p. 109–117.

Velloso, Maria Francisca. Azeredo, 2017.Possibilidade de Geração

Híbrida Hidro-Solar na Bacia do São Francisco / Maria Francisca Azeredo Velloso. - São José dos Campos: INPE.

WINEMILLER, K. O.; MCINTYRE, P. B.; et al., (2016). Balancing

hydropower and biodiversity in the Amazon, Congo, and Mekong. Science, v. 351, n. 6269, p. 128–129. *Enio Bueno Pereira é graduado em Física pela Universidade de São Paulo e doutor em Geociências pela W.M.Rice University, nos Estados Unidos. É pesquisador titular sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia. Fernando Ramos Martins é bacharel em Física pela Universidade de São Paulo, mestre em Tecnologia Nuclear pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Atualmente, é docente adjunto da Universidade Federal de São Paulo campus Baixada Santista. Maria Francisca Azeredo Velloso é pesquisadora do Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

www.cabelauto.com.br

+55 (35) 3629-2500


Energia Eólica

54

Elbia Gannoum é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

O ano de 2017 da energia eólica projetos contratados em anos

chamada “safra dos ventos”.

20 de dezembro, com a realização

início de abril, seu Boletim

anteriores.

dos leilões A-4 e A-6, sendo

Anual de Geração da ABEEólica,

das comparações mundiais. De

que foi neste último que a fonte

um compilado dos principais

período em que os benefícios

acordo com dados do Global Wind

eólica se destacou. No A-6 foram

dados do setor em 2017. As

da fonte eólica ficaram ainda

Energy Council (GWEC), o Brasil

comercializados 1,39 GW de

informaçôes mostram um setor

mais presentes. No Nordeste,

ultrapassou o Canadá e ocupa

capacidade eólica. Considerando

maduro, dinâmico e que cresce de

por exemplo, a fonte eólica foi a

agora a oitava posição no ranking

também o resultado do A-4,

forma vigorosa. Em 2017, foram

salvação num ano de secas de

mundial de capacidade instalada

foram comercializados um

adicionados à matriz elétrica

reservatórios das hidrelétricas,

de energia eólica.

total de 1,45 GW de energia

brasileira mais 2 GW de energia

chegando a suprir mais de 60%

eólica em 2017, o que equivale

eólica em 79 novos parques,

da energia da região. No total,

2017 os bons resultados

a um investimento de mais

fazendo com que o setor chegasse

a produção de energia eólica

dos leilões de transmissão,

de R$ 8 bilhões. Importante

ao final de 2017 com 12,77 GW

de 2017 apurada pela Câmara

indicando que estamos no

registrar que a fonte eólica foi

de capacidade instalada em 508

de Comercialização de Energia

caminho certo para uma solução

a mais competitiva, atingindo

parques eólicos, representando

Elétrica (CCEE) foi 26,5%

estrutural do problema de

valores menores que as grandes

8,1% da matriz. Foram gerados

superior à de 2016 e, pela

escoamento de energia. No que

hidrelétricas, o que está em

mais de 30 mil postos de trabalho

primeira vez, a fonte chegou a

se refere a financiamentos, o

linha com tendências mundiais,

em 2017 e o investimento no

atingir dois dígitos na matriz

que observamos no ano foi uma

como bem indicou o relatório

período foi de R$ 11,4 bilhões.

de produção, representando

movimentação em direção ao

“Renewable Power Generation

Estes dados principais mostram

10% da energia do país em

fortalecimento do mercado

Costs in 2017”, lançado pela

um ano de trabalho intenso e

agosto e 11% em setembro,

de bancos privados, o que

International Renewable Energy

de implantação consistente de

meses que fazem parte da

deve levar a uma ampliação

Agency (Irena) e que mostra a

de ofertas de possibilidades

queda de preços das energias

de financiamento para os

eólica e solar no mundo.

empreendedores do setor.

Este novo cenário que vai se

2017 foi um bom ano para o setor

desenhando e que a indústria

de energia eólica, não apenas

eólica avalia como positivo foi

pelos dados de crescimento de

impulsionado, entre outras

produção e de novas instalações,

coisas, pela decisão do BNDES

mas, principalmente, pela

de substituir a Taxa de Juros de

retomada dos leilões. Convido,

Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de

portanto, todos os leitores da “O

Longo Prazo (TLP).

Setor Elétrico” a consultarem os

dados do Boletim Anual de Dados

A ABEEólica lançou, no

2017 também foi um

Boas notícias também vieram

Presenciamos ainda em

A principal notícia do setor

De forma geral, portanto,

no ano, no entanto, veio “aos 45

da ABEEólica, que está disponível

do segundo tempo”, nos dias 18 e

no www.abeeolica.org.br.



Energia solar fotovoltaica

56

Ronaldo Koloszuk é diretor da Divisão de Energia do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, conselheiro da Absolar e diretor comercial da Solar Group.

http://www.goiasagora.go.gov.br

Programa Goiás Solar: exemplo para o Brasil

O que fez Goiás sair da 16ª

Programa Goiás Solar em

de geração distribuída por meio

licenciamento ambiental e,

colocação para a 8ª no ranking

fevereiro de 2017, com o

do Convênio ICMS 16/2015 e

na sequência, a Lei Goiás nº

nacional da geração distribuída

objetivo de fomentar a geração

Decreto Goiás nº 8.597/2016,

16.618/2017 para a isenção

em menos de 1 ano? Este

de energia a partir de fontes

decisão que criou condições

de ICMS para insumos e

artigo mostra como a vontade

renováveis, em especial, a

para a instituição do Programa

equipamentos fotovoltaicos.

de um governo fez a diferença

solar fotovoltaica e, com

Goiás Solar por meio do

para o desenvolvimento do

isso, viabilizar a atração de

Decreto Goiás nº 8.892/2017.

tomadas para que o ambiente

setor fotovoltaico.

empreendimentos.

de inovação se formasse:

Concomitante ao

Outras ações foram

lançamento do programa, foi

participação do Goiás Fomento

em conjunto com a Associação

ações concretas foram

publicada a Portaria SECIMA

com a ampliação do crédito

Brasileira de Energia Solar

tomadas: adesão do estado à

036/2017, que propiciou

produtivo para energia solar

Fotovoltaica (Absolar), o

isenção de ICMS aos sistemas

a desburocratização do

fotovoltaica; financiamento de

O estado de Goiás lançou,

Logo de início, algumas


Energia solar fotovoltaica

57

Figura 1 – Evolução da geração distribuída em Goiás.

projetos de energias renováveis através

de energia solar, que triplicou desde

do Fundo Constitucional do Centro

fevereiro de 2017, e o incremento na

Oeste-FCO e o lançamento do programa

qualificação da mão de obra.

BB Agro energia, ambos geridos pelo

Banco do Brasil; acordos de cooperação

lançamento do Programa Goiás Solar, o

com outros agentes financeiros; e

estado possuía cerca de 170 unidades

criação do Comitê Estadual de Energia

consumidoras recebendo créditos com

Solar Fotovoltaica, integrando os

sistemas de geração distribuída, que

principais atores da cadeia produtiva

juntas somavam 2000 kW; após a sua

com o objetivo de operacionalizar o

inauguração e até o final de 2017, eram

modelo de governança.

mais de 470 unidades consumidoras

com um total de 7000 kW instalados,

A governança do Programa Goiás

Os dados apontam que, até o

Solar articula a sua rede sistêmica

subindo da 16ª colocação para a 8ª no

por meio da ação interdisciplinar

ranking nacional da geração distribuída.

dos seguintes stakeholders: estado,

empresas, universidades, sociedade

anos da geração distribuída em Goiás.

civil organizada. Também promove

a intersetorialidade ao articular

Goiás esteja entre os cinco maiores

secretarias do governo e órgãos

estados brasileiros neste ranking, o

estratégicos, por meio de alianças

que fomentará a geração de emprego

facilitadoras, com o objetivo de

e renda, fortalecerá a cadeia produtiva

desenvolver os seus eixos principais:

e promoverá a sustentabilidade

tributação, financiamento,

econômica, social e ambiental.

desburocratização, educação,

comunicação e fortalecimento da

há sinais de que outros estados estão

cadeia produtiva.

seguindo o seu exemplo.

O gráfico mostra a evolução dos últimos A expectativa para 2018 é que

Goiás deu um importante passo e já

Após o primeiro ano, o programa

comemora a redução da carga tributária, a criação e desenvolvimento de empresas no estado, a oferta de linhas de financiamento com prazos e juros competitivos, a simplificação do processo de licenciamento ambiental, o crescimento da geração distribuída

Este artigo contou com a coautoria da superintendente de Energia, Telecomunicações e Infraestrutura da SECIMA Goiás, Danúsia Arantes. Danúsia é também vice-presidente do Fórum Goiano de Mudanças Climáticas e membro do Fórum Permanente de Assuntos Relacionados ao Setor Energético.


58

Notícias

renováveis

Energia solar cresce no Brasil Empresa do setor triplica número de sistemas fotovoltaicos instalados em Santa Catarina

Segundo os números anuais

último ano, através da revenda e

da Bloomberg New Energy

distribuição dos painéis solares

Finance (BNEF) os investimentos

especialmente ao Vale do Itajaí,

mundiais em energia solar

triplicou o número de instalações

somaram US$ 160,8 bilhões

realizadas em comparação

em 2017, representando um

ao ano anterior. Prevê ainda

aumento de 18% a mais que

um crescimento de 300% no

o ano anterior. No Brasil, os

resultado com novos projetos até

investimentos, no ano passado,

o final deste primeiro semestre

alcançaram US$ 6,2 bilhões,

de 2018.

representando alta de 10% em

relação a 2016.

Energy foi bastante diversificada

atingindo desde indústrias,

sul. Notamos que a população

alemã inédita ao Brasil,

Nacional de Energia Elétrica

empresas, residências e até

está mais confiante e que os

semelhante à pele de vidro, que

(Aneel), até 2024, cerca de

veículos. Considerando o tempo

empresários estão mais maduros

vem chamando a atenção de

1,2 milhão de geradores de

de apenas dois anos de atuação no

em relação ao uso dos painéis

indústrias, residências e setores

energia solar ou mais deverão ser

mercado, a média de geração de

fotovoltaicos. Conseguem

como a construção civil por

instalados em casas e empresas

energia dos projetos da empresa

perceber que é possível ter

aliar a beleza, funcionalidade

em todo o Brasil. Em Santa

chega a faixa de 8 MW/h/m que

o retorno do investimento e

e sustentabilidade. Tratam-se

Catarina, estado com cerca de

seria suficiente, por exemplo, para

reduzir custos além de ajudar na

dos painéis solares de Telureto

10% dos sistemas fotovoltaicos

atender 40 casas com consumo

preservação do meio ambiente”,

de Cádmio (CdTe) da Calyxo

em funcionamento do país,

médio de 200 kwh/m.

avalia o diretor comercial da Tek

que podem ser facilmente

empresas como a Tek Energy têm

Energy Douglas Salgado.

incorporados aos projetos

contribuído para ampliar ainda

evolução da energia solar no

arquitetônicos como acabamento

mais este cenário. Somente no

Brasil e especialmente na região

Tek Energy trouxe uma tecnologia

De acordo com a Agência

A aplicação dos painéis pela Tek

“Temos acompanhado a

Além disso, recentemente, a

ou revestimento.

Yaskawa Elétrico do Brasil entra no mercado de geração solar O grupo, no mundo, fechou 2017 com mais de 500 megawatts vendidos em energia solar com código FINAME 3460420,

brasileiro foi desenvolvido

em energia solar, sendo 90%

recentemente a marca

atendendo às exigências de

para atender principalmente

para os Estados Unidos.

histórica de 1 GW de potência

nacionalização e os projetos de

aos grandes projetos solares,

instalada em usinas de fonte

clientes via BNDES.

o que chamamos de geração

um novo inversor fotovoltaico, a

solar fotovoltaica conectados

centralizada. Ao lado do México,

empresa projeta crescer no País

à matriz elétrica nacional.

Yaskawa Elétrico do Brasil, Luís

o Brasil é um dos maiores países

em geração solar. “Nossa fábrica

Atenta a esse novo nicho de

Simione, a produção do novo

em potencial para desenvolver

tem uma capacidade anual de

mercado, a Yaskawa Elétrico

inversor fotovoltaico na planta

um parque solar e temos a

100 MW, que pode ser ampliada

do Brasil, fabricante de

da Yaskawa, em Diadema (SP)

possibilidade de exportações

dependendo dos pedidos

inversores de frequência e servo

só foi possível porque a Yaskawa

para outros países que investem

para 500 MW. Estima-se que

acionamentos, e integrante

Electric Corporation adquiriu

em solar, como Colômbia, Peru

vendamos entre 15 MW a 30

do grupo Yaskawa Electric

há três anos a americana

e Argentina”, afirma Simione,

MW neste primeiro ano”, prevê

Corporation, iniciou no país a

Solectria (a maior fornecedora

que ainda destaca que o grupo

Mercedes Pereyra Boue, gerente

fabricação de um novo inversor

de inversor comercial no

no mundo fechou em 2017 com

de negócios internacionais para

fotovoltaico, já certificado e

mercado local). “O inversor

500 megawatts (MW) vendidos

a América Latina da Yaskawa.

O Brasil alcançou

Segundo o diretor geral da

Com a produção nacional de


Notícias

59

Cai a atratividade das fontes limpas de energia no Brasil Índice FDR revela que apenas três estados mantiveram boa competitividade para migração ao Ambiente de Contratação Livre (ACL) em março

A FDR Energia, empresa de

Paraíba e São Paulo. O índice,

geração e comercialização de

tal qual o modelo do Índice de

eletricidade, acaba de concluir o

Desenvolvimento Humano (IDH),

Índice Nacional de Atratividade

elaborado pela Organizações das

do Mercado Livre para Fontes

Nações Unidas (ONU), é calculado

Limpas de Energia do mês de

em um intervalo de “0,000” (para a

março. O estudo mostra que

menor atratividade) e “1,000” para

apenas os estados de Tocantins

a maior atratividade.

com a nota “0,674”, Pará com

“0,663” e Amazonas com

com base no preço médio

“0,646” mantiveram a boa

comercializado no mercado livre

viabilidade para a migração para

entre as fontes incentivadas 50

o Ambiente de Contratação

(energia proveniente de Pequenas

Livre (ACL), quando comparado

Centrais Hidrelétricas e usinas

com o ranking de fevereiro que

eólicas, solares e de biomassa)

destacava 12 estados. O valor

comparadas com as tarifas de

médio do Índice FDR Energia para

distribuidoras que representam

todo o Brasil ficou em “0,514” no

98% do mercado cativo brasileiro.

mês, menor índice desde janeiro.

Em linhas gerais, pode-se

considerar que valores no índice

O ranking também destaca

O índice foi calculado

entre os 15 estados mais atrativos:

abaixo de 0,4 como inviáveis

Tocantins, Pará, Amazonas,

financeiramente para migração

Espírito Santo, Goiás, Rio de

para o ACL. Entre 0,4 e 0,6, com

Janeiro, Santa Catarina, Mato

viabilidade moderada. Entre 0,6

Grosso, Paraná, Rondônia, Distrito

e 0,8, boa viabilidade. Acima de

Federal, Mato Grosso do Sul, Piauí,

0,8, com alta viabilidade.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.