Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES
Ano 2 - Edição 21 / Março de 2018
Solar fotovoltaica e hidroeletricidade Estudo avalia complementaridade entre as duas fontes nos próximos anos Energia eólica: ABEEólica avalia comportamento da fonte em 2017 Energia solar: Programa Goiás Solar e os resultados para a região *Notícias selecionadas sobre as fontes renováveis que mais crescem no país* APOIO
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Fascículo Por Fernando Ramos Martins, Enio Bueno Pereira e Maria Francisca Velloso Azeredo*
Capítulo II Complementaridade entre a energia solar e a energia hidroelétrica
Renováveis
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A oferta de energia é condição básica para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação.
O mundo tem passado por um intenso crescimento populacional e o aprimoramento da qualidade de vida e do bem-estar humano está acarretando um forte crescimento na demanda de energia, principalmente nos países em desenvolvimento, o que traz consigo uma crescente preocupação com os impactos socioambientais decorrentes.
A demanda de energia crescente vem conduzindo profundas mudanças no meio ambiente,
colocando a humanidade diante de novos desafios em um planeta com recursos naturais finitos. Além disso, o crescimento da demanda energética, somado à perspectiva de redução dos suprimentos de fontes convencionais de energia, tem sido motivo de preocupação com implicações na economia global. Qualquer país que busque alcançar indicadores de desenvolvimento humano mais elevados, necessita de segurança em seu sistema energético. Em relatório, a Agência Internacional de Energia (IEA, 2014) afirma que a demanda mundial de energia crescerá mais de um terço até 2035. No entanto, apesar do esforço realizado em diversos países, sobretudo na Comunidade Europeia, com a adoção de políticas energéticas focadas no incentivo do uso de fontes renováveis de energia, o mundo não tem conseguido colocar o sistema global de energia numa trajetória mais sustentável.
Diversos fatores influem no consumo de eletricidade de um país, como o produto interno bruto
e a taxa de crescimento econômico. O Brasil vem apresentando consumo inferior ao consumo médio mundial nos últimos anos, mas o governo brasileiro tem executado programas e ações que visam promover o acesso a eletricidade em todo o território nacional de modo que um aumento no consumo per capita de eletricidade é esperado para os próximos anos. Os parâmetros econômicos e sociais em conjunto com valores da série histórica do consumo de energia possibilitam estudar e prever valores da demanda futura de energia. O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2026), prevê o consumo per capita de eletricidade de 3370kWh/hab. para 2026.
Aproveitamento dos recursos renováveis
Em termos mundiais, houve pequeno crescimento da contribuição da hidroeletricidade no
mundo entre 1973 e 2014, de 1,8% para 2,4% (IEA, 2016). Atualmente no Brasil, cerca de 62% da demanda de energia elétrica é suprida pela hidroeletricidade por meio de usinas com grandes reservatórios de acumulação de água. No entanto, todas as principais bacias hidrográficas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil já foram exploradas quase integralmente para a composição da base do Sistema Interligado Nacional (SIN). Cerca de 45% do potencial remanescente encontra-se na Região Amazônica, onde a topografia, uso do solo e outras características ambientais tornam desfavorável formação de reservatórios de acumulação em razão da necessidade de inundações de grandes áreas.
A hidroeletricidade apresentou uma redução significativa no Brasil, passando de 83%
de participação em 2006 para 61% em 2017, adotando como referência a capacidade total instalada no Sistema Elétrico Brasileiro. As restrições socioambientais e o enfrentamento da opinião pública em questões relativas à formação de reservatórios de acumulação em hidroelétricas na região amazônica têm contribuído para a redução da taxa de crescimento da capacidade instalada desta fonte de energia. Além disso, a escassez de investimento na construção e implementação de novas plantas e a ocorrência de crises hídricas intensas em grande parte do território brasileiro levaram à diversificação da matriz elétrica brasileira com o uso de plantas térmicas alimentadas por combustíveis fósseis e biomassa.
Foi a partir da primeira crise hídrica que a geração térmica passou a receber atenção de
políticas energéticas brasileiras com o intuito de garantir a segurança do SIN em períodos prolongados de seca. Desde então, as usinas termelétricas têm desempenhado um papel de complementariedade na geração elétrica. É possível notar na Figura 1 o crescimento acentuado
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Fascículo
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Renováveis
da geração térmica a partir de 2012. A Figura 1 também permite
públicos e ao bombeamento de água. Em 2017, somente 0,71% dos
observar a redução da geração hidroelétrica entre os anos 2000 a 2003
empreendimentos de geração em operação no Brasil correspondem
e entre 2012 e 2015, associadas às duas crises hídricas causadas por
a fonte solar, segundo a Aneel, no entanto, estudo desenvolvido pela
período prolongado de seca extrema. Nos dois períodos em destaque, a
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a mesma fonte
quantidade de água armazenada nos reservatórios das principais UHE
estará representando cerca de 3,3% da matriz em 2024. Atualmente,
brasileiras sofreu redução significativa afetando não apenas a geração
o crescimento da geração solar acontece através de contratações
de eletricidade, mas também outros usos do recurso hídrico, como
de parques fotovoltaicos por meio do leilões de energia realizados
abastecimento urbano e irrigação de culturas agrícolas. Programas
especificamente para esta tecnologia de geração ou por meio da micro/
de incentivo às energias alternativas e renováveis, como o Proinfa,
minigeração seguindo a regulamentação para a geração distribuída no
também foram adotados a partir de 2001 para diversificação da matriz
país. Segundo dados divulgados pela EPE, o primeiro Leilão de Energia
elétrica do Brasil. Como resultado deste programa, destaca-se o intenso
de Reserva (LER) específico para energia solar ocorreu em 2014 e foram
crescimento da geração eólica atingindo participação de 6,5% na matriz
contratados 31 projetos com potência de 1048 MWp (EPE, 2014).
elétrica nacional em 2017, segundo informações disponíveis Banco de
Em agosto de 2015, ocorreu outro LER com a seleção de 382 projetos
Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
cadastrados dos quais 30 foram contratados com potência total de 1043 MWp.
Com base nas informações sobre a disponibilidade e variabilidade
do recurso de energia solar incidente no território nacional apresentadas na segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar (2017), entende-se que a geração fotovoltaica pode contribuir como uma energia complementar para garantir a segurança energética do Brasil em momentos de crise hídrica sem acarretar o aumento das emissões de gases de efeito estufa pelo setor de geração. A complementaridade entre a geração solar e hidroelétrica também pode trazer outros benefícios em regiões com escassez hídrica como Figura 1 – Geração hidráulica e térmica, de 2000 até 2015 com base em dados disponibilizados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS, 2016).
o semiárido brasileiro. O uso combinado da geração solar com a geração hidroelétrica pode manter níveis de acumulação de água nos reservatórios viabilizando a geração em períodos de crise hídrica ou
Diante de tais perspectivas, a expansão do Sistema Elétrico
para destinação para outras finalidades e demandas associadas com
Brasileiro deve ser analisada de forma integrada tomando como base
abastecimento urbano, irrigação de culturas, produção agropecuária e
não apenas conhecimento sobre a disponibilidade de recursos e fontes
preservação de áreas de proteção ambiental.
de energia, mas também aspectos relativos às dimensões social,
ambiental, técnica e econômica. Dessa forma, o planejamento precisa
geração da geração fotovoltaica em grande escala traz para o sistema
sinalizar as mudanças necessárias para promover a diversificação
elétrico. A não possibilidade de geração contínua (energia despachável)
de fontes de energia reduzindo a vulnerabilidade do sistema elétrico
por fatores relacionados à sua intermitência natural tornam a
nacional à variabilidade climática e contribuindo para o aumento da
distribuição da energia fotovoltaica mais complexa que a hídrica e
segurança energética sem comprometer os compromissos assumidos
a termoelétrica. Em adição à variação dos ciclos diário e sazonal,
pelo Brasil nos acordos internacionais para controle das emissões de
perfeitamente conhecidos e previsíveis, as flutuações randômicas de
gases do efeito estufa.
irradiância solar podem ser observadas em escala de tempos diferentes,
com médio e curto prazo diante de passagem de nuvens dependendo de
Nos últimos anos, a geração fotovoltaica destacou-se com o
Deve-se ter em mente os desafios tecnológicos que a inserção da
maior aumento porcentual de capacidade instalada no mundo. Em
tamanho e velocidade de deslocamento.
diversos países foram aplicados incentivos fiscais e econômicos
para desenvolvimento da geração fotovoltaica em termos de avanço
flutuações na rede devidas à geração fotovoltaica também passem a
tecnológico e expansão de mercado. A preocupação com a redução
fazer parte do sistema. Contudo, esse problema pode ser minimizado
de emissões de gases de efeito estufa estimulou o desenvolvimento
com base em tecnologias já existentes ou em desenvolvimento,
tecnológico no setor fotovoltaico, porém, a redução significativa do
seja de forma passiva pelo número de sistemas fotovoltaicos e pela
valor dos módulos foi determinante para tal crescimento do mercado
sua dispersão geográfica, ou de forma ativa com uso de baterias
observado na última década. Atualmente, a geração fotovoltaica
eletroquímicas, a produção de hidrogênio associado à célula a
mostra competitividade econômica diante de tecnologias eólicas e
combustível, os volantes de inércia, as bobinas supercondutoras,
termelétricas em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil.
os supercapacitores, o ar comprimido, o bombeamento reversível
de água em hidrelétricas e o armazenamento térmico na forma
No Brasil, as primeiras aplicações da tecnologia fotovoltaica
foram relativas à telecomunicação, à eletrificação rural, aos serviços
A variabilidade temporal do recurso solar faz com que as
de calor. Porém, em se tratando de um mecanismo tão complexo,
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Renováveis
faz-se necessária uma busca prévia de soluções que mantenham estável e seguro o despacho de energia pelo Sistema Interconectado Nacional (SIN). Estudo realizado pela Agência Internacional de Energia (IEA, 2014) afirma que, no geral, uma participação energética da geração intermitente de 25% é suportada em todos os casos, com destaque para o Brasil que, devido a sua matriz elétrica baseada em hidrelétricas, possui grande flexibilidade. ALMEIDA (2017) afirma que medidas decentralizadoras podem vir a ser necessárias no Brasil uma vez que a região Nordeste do Brasil concentra a maioria das usinas listadas nos leilões de Energia de Reserva. O autor afirma que, se a tendência de instalar usinas fotovoltaicas de grande porte nesta região permanecer, as redes de transmissão que interligam o subsistema nordestino aos demais subsistemas que compõem o SIN deverão ser adaptadas a uma nova realidade.
Estudo de caso para geração hibrida hidrofotovoltaica
Figura 2 – Série histórica da geração mensal na UHE Sobradinho e da fração do volume de água armazenada em relação ao volume útil do reservatório entre 1990 e 2015. Fonte: Velloso (2017).
Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco,
os conflitos pelos usos múltiplos da água estão ligados às atividades de atendimento ao abastecimento humano, agricultura
A região do Nordeste do Brasil (NEB) é aquela com o maior potencial
irrigada, geração de energia, navegação, diluição de efluentes
de energia solar do país, com média anual estimada em 5.5 kWh/m2
urbanos, industriais e da mineração e ainda a manutenção dos
de irradiação solar global diária. A região do semiárido, no interior do
ecossistemas. A irrigação de culturas é a atividade que apresenta
NEB, apresenta períodos prolongados de estiagens e, assim, recebe
maior demanda entre aquelas mencionadas, quase 95% da vazão
grande incidência de radiação solar do país. É exatamente no semiárido
de consumo. No caso da mineração, o uso se dá para abastecimento
nordestino que fica localizada a maioria das usinas hidrelétricas da
de mina de cobre localizada a aproximadamente 80 km do Lago de
Bacia do São Francisco. O Rio São Francisco tem sua nascente no Parque
Sobradinho, no município de Caraíba (BA). A água do reservatório
Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e chega a sua foz, no
é ainda utilizada para abastecer a Usina Termelétrica Petrolina, da
Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800
Companhia Energética de Petrolina (CEP).
km de extensão. O Velho Chico atravessa três diferentes biomas –
Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica passando pelos Estados de Minas
solar na região da Bacia do São Francisco com base nos dados
Gerais (MG), Distrito Federal (DF), Bahia (BA), Pernambuco (PE), Alagoas
disponibilizados na Atlas Brasileiro de Energia Solar. Na região do
(AL) e Sergipe (SE). As usinas hidrelétricas instaladas no Rio São
Alto e Médio São Francisco, a irradiação solar apresenta valores
Francisco na região do NEB são UHE Xingó, UHEs Paulo Afonso I, II, III e
entre 4,6 kWh/m2.dia e 7,00 kWh/m2.dia. A região com maiores
IV, UHE Apolônio Sales, UHE Luiz Gonzaga e UHE Sobradinho, totalizando
índices de irradiação solar está localizada entre o São Francisco
9.971.501 kW de potência instalada, o que representa 9,9% do total
Médio e Submédio, tendo uma grande região do entorno do Lago de
do pais (ANA, 2017; CHESF, 2017).
Sobradinho e registra índices maiores de 7,00 kWh/m2.dia.
Em média, a Usina Hidrelétrica de Sobradinho contribui com
A Figura 3 apresenta a média anual do total diário de irradiação
Estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas
cerca de 7% de toda a geração da Região Nordeste. A média anual de
Espaciais avaliou a operação de um sistema híbrido de geração de
geração da usina em 26 anos (1990 – 2015) é de 3.715,23 GWh.
eletricidade combinando as fontes solar e hídrica na área da UHE
A maior geração total anual deu-se em 2007, quando foi gerado
de Sobradinho de modo a aproveitar o recurso solar disponível na
5.141,29 GWh, e a mínima foi no ano de 2015, com um total de
região e a infraestrutura do SIN já disponível no local.
1.683,90 GWh, uma diferença de 67,25%. O gráfico apresentado na
Figura 2 mostra o histórico de geração mensal da UHE Sobradinho,
contribuiria para o aumento do fator de capacidade da geração
a média e os valores mensais do volume útil acumulado na represa
na UHE Sobradinho, evitaria a emissão de gases de efeito estufa
de Sobradinho. O fator de capacidade da planta ao longo da sua
em plantas térmicas em períodos prolongados de seca extrema,
operação foi de 40,4%.
e ainda tonaria possível o acúmulo de água no reservatório. As
simulações realizadas para o período de 2006-2015 mostraram
Percebe-se que, durante o período 2013–2015, a estiagem
Os resultados mostraram que a adoção de plantas fotovoltaicas
afetou diretamente a geração na UHE Sobradinho e, em nenhum outro
que o aproveitamento solar através da geração fotovoltaica na
momento, nos 26 anos analisados, a geração e o volume útil atingiram
região possibilitaria um aumento de 11% a 91% na geração de
valores tão baixos quanto neste período. O fator de capacidade dessa
eletricidade em relação ao que foi gerado pela UHE Sobradinho,
planta foi de 23% entre os anos de 2013 e 2015 (praticamente metade
dependendo das dimensões da planta fotovoltaica adotada.
do fator de capacidade médio) e apenas 18% em 2015.
O aproveitamento do recurso solar evitaria a emissão de até a
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Renováveis
Figura 3 – Média anual do total diário da irradiação solar global na bacia do Rio São Francisco (kWh/m2.dia).
81.000 t CO2 lançados para a atmosfera no período dos dez anos analisados se a mesma quantidade de energia fosse gerada com
Referências
o uso de plantas térmicas alimentadas por gás natural. Diante da
demanda de água do reservatório da UHE Sobradinho para usos
São Francisco. Brasília, 2017. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/
múltiplos, mesmo a menor planta fotovoltaica simulada, ocupando
Paginas/servicos/saladesituacao/v2/saofrancisco.aspx
uma área equivalente a 0,05% do reservatório de Sobradinho, foi
capaz de suprir a totalidade da demanda de água do reservatório da
de geração. http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/
UHE Sobradinho.
capacidadebrasil.cfm
No período em que foi registrado forte déficit hídrico, entre
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Bacia Hidrográfica do Rio
Agência Nacional de Energia Elétrica (2018) Banco de informações
ALMEIDA, M. P. (2017). Implicações técnicas da inserção em grande escala
os anos de 2013 e 2015, as plantas fotovoltaicas simuladas
da geração solar fotovoltaica na matriz elétrica. 193 p. São Paulo: EDUSP.
chegariam a gerar de 19,3% a 154,5%, em relação ao que a UHE
Sobradinho produziu no mesmo período. O uso das plantas de geração solar possibilitaria um acúmulo de volume de água no reservatório de até 13,7% do seu volume total, o que se equivale a 4675 Hm 3 de água.
O aproveitamento solar para geração de energia elétrica
fotovoltaica representa um fator de resiliência aos extremos climáticos da região do semiárido nordestino, pois é capaz de aumentar a segurança energética e gerar um acúmulo maior de água em uma região que sofre estiagem prolongada.
COMPANHIA HIDRELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO (CHESF). Descrição
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TEMOS UM CABO, ESPECIALMENTE DESENVOLVIDO,
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PARA CADA SEGMENTO DE MERCADO
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www.cabelauto.com.br
+55 (35) 3629-2500
Energia Eólica
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Elbia Gannoum é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
O ano de 2017 da energia eólica projetos contratados em anos
chamada “safra dos ventos”.
20 de dezembro, com a realização
início de abril, seu Boletim
anteriores.
dos leilões A-4 e A-6, sendo
Anual de Geração da ABEEólica,
das comparações mundiais. De
que foi neste último que a fonte
um compilado dos principais
período em que os benefícios
acordo com dados do Global Wind
eólica se destacou. No A-6 foram
dados do setor em 2017. As
da fonte eólica ficaram ainda
Energy Council (GWEC), o Brasil
comercializados 1,39 GW de
informaçôes mostram um setor
mais presentes. No Nordeste,
ultrapassou o Canadá e ocupa
capacidade eólica. Considerando
maduro, dinâmico e que cresce de
por exemplo, a fonte eólica foi a
agora a oitava posição no ranking
também o resultado do A-4,
forma vigorosa. Em 2017, foram
salvação num ano de secas de
mundial de capacidade instalada
foram comercializados um
adicionados à matriz elétrica
reservatórios das hidrelétricas,
de energia eólica.
total de 1,45 GW de energia
brasileira mais 2 GW de energia
chegando a suprir mais de 60%
eólica em 2017, o que equivale
eólica em 79 novos parques,
da energia da região. No total,
2017 os bons resultados
a um investimento de mais
fazendo com que o setor chegasse
a produção de energia eólica
dos leilões de transmissão,
de R$ 8 bilhões. Importante
ao final de 2017 com 12,77 GW
de 2017 apurada pela Câmara
indicando que estamos no
registrar que a fonte eólica foi
de capacidade instalada em 508
de Comercialização de Energia
caminho certo para uma solução
a mais competitiva, atingindo
parques eólicos, representando
Elétrica (CCEE) foi 26,5%
estrutural do problema de
valores menores que as grandes
8,1% da matriz. Foram gerados
superior à de 2016 e, pela
escoamento de energia. No que
hidrelétricas, o que está em
mais de 30 mil postos de trabalho
primeira vez, a fonte chegou a
se refere a financiamentos, o
linha com tendências mundiais,
em 2017 e o investimento no
atingir dois dígitos na matriz
que observamos no ano foi uma
como bem indicou o relatório
período foi de R$ 11,4 bilhões.
de produção, representando
movimentação em direção ao
“Renewable Power Generation
Estes dados principais mostram
10% da energia do país em
fortalecimento do mercado
Costs in 2017”, lançado pela
um ano de trabalho intenso e
agosto e 11% em setembro,
de bancos privados, o que
International Renewable Energy
de implantação consistente de
meses que fazem parte da
deve levar a uma ampliação
Agency (Irena) e que mostra a
de ofertas de possibilidades
queda de preços das energias
de financiamento para os
eólica e solar no mundo.
empreendedores do setor.
Este novo cenário que vai se
2017 foi um bom ano para o setor
desenhando e que a indústria
de energia eólica, não apenas
eólica avalia como positivo foi
pelos dados de crescimento de
impulsionado, entre outras
produção e de novas instalações,
coisas, pela decisão do BNDES
mas, principalmente, pela
de substituir a Taxa de Juros de
retomada dos leilões. Convido,
Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de
portanto, todos os leitores da “O
Longo Prazo (TLP).
Setor Elétrico” a consultarem os
dados do Boletim Anual de Dados
A ABEEólica lançou, no
2017 também foi um
Boas notícias também vieram
Presenciamos ainda em
A principal notícia do setor
De forma geral, portanto,
no ano, no entanto, veio “aos 45
da ABEEólica, que está disponível
do segundo tempo”, nos dias 18 e
no www.abeeolica.org.br.
Energia solar fotovoltaica
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Ronaldo Koloszuk é diretor da Divisão de Energia do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, conselheiro da Absolar e diretor comercial da Solar Group.
http://www.goiasagora.go.gov.br
Programa Goiás Solar: exemplo para o Brasil
O que fez Goiás sair da 16ª
Programa Goiás Solar em
de geração distribuída por meio
licenciamento ambiental e,
colocação para a 8ª no ranking
fevereiro de 2017, com o
do Convênio ICMS 16/2015 e
na sequência, a Lei Goiás nº
nacional da geração distribuída
objetivo de fomentar a geração
Decreto Goiás nº 8.597/2016,
16.618/2017 para a isenção
em menos de 1 ano? Este
de energia a partir de fontes
decisão que criou condições
de ICMS para insumos e
artigo mostra como a vontade
renováveis, em especial, a
para a instituição do Programa
equipamentos fotovoltaicos.
de um governo fez a diferença
solar fotovoltaica e, com
Goiás Solar por meio do
para o desenvolvimento do
isso, viabilizar a atração de
Decreto Goiás nº 8.892/2017.
tomadas para que o ambiente
setor fotovoltaico.
empreendimentos.
de inovação se formasse:
Concomitante ao
Outras ações foram
lançamento do programa, foi
participação do Goiás Fomento
em conjunto com a Associação
ações concretas foram
publicada a Portaria SECIMA
com a ampliação do crédito
Brasileira de Energia Solar
tomadas: adesão do estado à
036/2017, que propiciou
produtivo para energia solar
Fotovoltaica (Absolar), o
isenção de ICMS aos sistemas
a desburocratização do
fotovoltaica; financiamento de
O estado de Goiás lançou,
Logo de início, algumas
Energia solar fotovoltaica
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Figura 1 – Evolução da geração distribuída em Goiás.
projetos de energias renováveis através
de energia solar, que triplicou desde
do Fundo Constitucional do Centro
fevereiro de 2017, e o incremento na
Oeste-FCO e o lançamento do programa
qualificação da mão de obra.
BB Agro energia, ambos geridos pelo
Banco do Brasil; acordos de cooperação
lançamento do Programa Goiás Solar, o
com outros agentes financeiros; e
estado possuía cerca de 170 unidades
criação do Comitê Estadual de Energia
consumidoras recebendo créditos com
Solar Fotovoltaica, integrando os
sistemas de geração distribuída, que
principais atores da cadeia produtiva
juntas somavam 2000 kW; após a sua
com o objetivo de operacionalizar o
inauguração e até o final de 2017, eram
modelo de governança.
mais de 470 unidades consumidoras
com um total de 7000 kW instalados,
A governança do Programa Goiás
Os dados apontam que, até o
Solar articula a sua rede sistêmica
subindo da 16ª colocação para a 8ª no
por meio da ação interdisciplinar
ranking nacional da geração distribuída.
dos seguintes stakeholders: estado,
empresas, universidades, sociedade
anos da geração distribuída em Goiás.
civil organizada. Também promove
a intersetorialidade ao articular
Goiás esteja entre os cinco maiores
secretarias do governo e órgãos
estados brasileiros neste ranking, o
estratégicos, por meio de alianças
que fomentará a geração de emprego
facilitadoras, com o objetivo de
e renda, fortalecerá a cadeia produtiva
desenvolver os seus eixos principais:
e promoverá a sustentabilidade
tributação, financiamento,
econômica, social e ambiental.
desburocratização, educação,
comunicação e fortalecimento da
há sinais de que outros estados estão
cadeia produtiva.
seguindo o seu exemplo.
O gráfico mostra a evolução dos últimos A expectativa para 2018 é que
Goiás deu um importante passo e já
Após o primeiro ano, o programa
comemora a redução da carga tributária, a criação e desenvolvimento de empresas no estado, a oferta de linhas de financiamento com prazos e juros competitivos, a simplificação do processo de licenciamento ambiental, o crescimento da geração distribuída
Este artigo contou com a coautoria da superintendente de Energia, Telecomunicações e Infraestrutura da SECIMA Goiás, Danúsia Arantes. Danúsia é também vice-presidente do Fórum Goiano de Mudanças Climáticas e membro do Fórum Permanente de Assuntos Relacionados ao Setor Energético.
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Energia solar cresce no Brasil Empresa do setor triplica número de sistemas fotovoltaicos instalados em Santa Catarina
Segundo os números anuais
último ano, através da revenda e
da Bloomberg New Energy
distribuição dos painéis solares
Finance (BNEF) os investimentos
especialmente ao Vale do Itajaí,
mundiais em energia solar
triplicou o número de instalações
somaram US$ 160,8 bilhões
realizadas em comparação
em 2017, representando um
ao ano anterior. Prevê ainda
aumento de 18% a mais que
um crescimento de 300% no
o ano anterior. No Brasil, os
resultado com novos projetos até
investimentos, no ano passado,
o final deste primeiro semestre
alcançaram US$ 6,2 bilhões,
de 2018.
representando alta de 10% em
relação a 2016.
Energy foi bastante diversificada
atingindo desde indústrias,
sul. Notamos que a população
alemã inédita ao Brasil,
Nacional de Energia Elétrica
empresas, residências e até
está mais confiante e que os
semelhante à pele de vidro, que
(Aneel), até 2024, cerca de
veículos. Considerando o tempo
empresários estão mais maduros
vem chamando a atenção de
1,2 milhão de geradores de
de apenas dois anos de atuação no
em relação ao uso dos painéis
indústrias, residências e setores
energia solar ou mais deverão ser
mercado, a média de geração de
fotovoltaicos. Conseguem
como a construção civil por
instalados em casas e empresas
energia dos projetos da empresa
perceber que é possível ter
aliar a beleza, funcionalidade
em todo o Brasil. Em Santa
chega a faixa de 8 MW/h/m que
o retorno do investimento e
e sustentabilidade. Tratam-se
Catarina, estado com cerca de
seria suficiente, por exemplo, para
reduzir custos além de ajudar na
dos painéis solares de Telureto
10% dos sistemas fotovoltaicos
atender 40 casas com consumo
preservação do meio ambiente”,
de Cádmio (CdTe) da Calyxo
em funcionamento do país,
médio de 200 kwh/m.
avalia o diretor comercial da Tek
que podem ser facilmente
empresas como a Tek Energy têm
Energy Douglas Salgado.
incorporados aos projetos
contribuído para ampliar ainda
evolução da energia solar no
arquitetônicos como acabamento
mais este cenário. Somente no
Brasil e especialmente na região
Tek Energy trouxe uma tecnologia
De acordo com a Agência
A aplicação dos painéis pela Tek
“Temos acompanhado a
Além disso, recentemente, a
ou revestimento.
Yaskawa Elétrico do Brasil entra no mercado de geração solar O grupo, no mundo, fechou 2017 com mais de 500 megawatts vendidos em energia solar com código FINAME 3460420,
brasileiro foi desenvolvido
em energia solar, sendo 90%
recentemente a marca
atendendo às exigências de
para atender principalmente
para os Estados Unidos.
histórica de 1 GW de potência
nacionalização e os projetos de
aos grandes projetos solares,
instalada em usinas de fonte
clientes via BNDES.
o que chamamos de geração
um novo inversor fotovoltaico, a
solar fotovoltaica conectados
centralizada. Ao lado do México,
empresa projeta crescer no País
à matriz elétrica nacional.
Yaskawa Elétrico do Brasil, Luís
o Brasil é um dos maiores países
em geração solar. “Nossa fábrica
Atenta a esse novo nicho de
Simione, a produção do novo
em potencial para desenvolver
tem uma capacidade anual de
mercado, a Yaskawa Elétrico
inversor fotovoltaico na planta
um parque solar e temos a
100 MW, que pode ser ampliada
do Brasil, fabricante de
da Yaskawa, em Diadema (SP)
possibilidade de exportações
dependendo dos pedidos
inversores de frequência e servo
só foi possível porque a Yaskawa
para outros países que investem
para 500 MW. Estima-se que
acionamentos, e integrante
Electric Corporation adquiriu
em solar, como Colômbia, Peru
vendamos entre 15 MW a 30
do grupo Yaskawa Electric
há três anos a americana
e Argentina”, afirma Simione,
MW neste primeiro ano”, prevê
Corporation, iniciou no país a
Solectria (a maior fornecedora
que ainda destaca que o grupo
Mercedes Pereyra Boue, gerente
fabricação de um novo inversor
de inversor comercial no
no mundo fechou em 2017 com
de negócios internacionais para
fotovoltaico, já certificado e
mercado local). “O inversor
500 megawatts (MW) vendidos
a América Latina da Yaskawa.
O Brasil alcançou
Segundo o diretor geral da
Com a produção nacional de
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Cai a atratividade das fontes limpas de energia no Brasil Índice FDR revela que apenas três estados mantiveram boa competitividade para migração ao Ambiente de Contratação Livre (ACL) em março
A FDR Energia, empresa de
Paraíba e São Paulo. O índice,
geração e comercialização de
tal qual o modelo do Índice de
eletricidade, acaba de concluir o
Desenvolvimento Humano (IDH),
Índice Nacional de Atratividade
elaborado pela Organizações das
do Mercado Livre para Fontes
Nações Unidas (ONU), é calculado
Limpas de Energia do mês de
em um intervalo de “0,000” (para a
março. O estudo mostra que
menor atratividade) e “1,000” para
apenas os estados de Tocantins
a maior atratividade.
com a nota “0,674”, Pará com
“0,663” e Amazonas com
com base no preço médio
“0,646” mantiveram a boa
comercializado no mercado livre
viabilidade para a migração para
entre as fontes incentivadas 50
o Ambiente de Contratação
(energia proveniente de Pequenas
Livre (ACL), quando comparado
Centrais Hidrelétricas e usinas
com o ranking de fevereiro que
eólicas, solares e de biomassa)
destacava 12 estados. O valor
comparadas com as tarifas de
médio do Índice FDR Energia para
distribuidoras que representam
todo o Brasil ficou em “0,514” no
98% do mercado cativo brasileiro.
mês, menor índice desde janeiro.
Em linhas gerais, pode-se
considerar que valores no índice
O ranking também destaca
O índice foi calculado
entre os 15 estados mais atrativos:
abaixo de 0,4 como inviáveis
Tocantins, Pará, Amazonas,
financeiramente para migração
Espírito Santo, Goiás, Rio de
para o ACL. Entre 0,4 e 0,6, com
Janeiro, Santa Catarina, Mato
viabilidade moderada. Entre 0,6
Grosso, Paraná, Rondônia, Distrito
e 0,8, boa viabilidade. Acima de
Federal, Mato Grosso do Sul, Piauí,
0,8, com alta viabilidade.