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Conheça os mecanismos de reprodução de nossos peixes Para que possamos conhecer o funcionamento do sistema reprodutivo e quais os mecanismos que nele interferem, é importante sabermos diferenciar duas principais categorias de peixes: primeiro as espécies que vivem e se reproduzem em locais de água parada, como tanques, açudes e represas. Em segundo as espécies que se reproduzem em águas correntes, como os córregos e rios. Dentre as espécies de reprodução em água parada, podemos exemplificar a tilápia, acará, traíra e carpa comum. Para as espécies de água corrente, os quais podemos chamar de peixes de piracema, exemplificamos o pacu, tambaqui, matrinxã, dourado, pintado e curimbatá e muitos outros. Ambas as categorias reproduzem-se de forma diferenciada, conforme descreveremos a seguir. As espécies de águas paradas reproduzem-se de maneira muito mais simplificada, pois estão condicionadas diretamente ao clima. Para que sua reprodução aconteça, são requisitos necessários apenas a temperatura favorável e espaço físico. Isto torna estes peixes muito prolíferos, alguns deles inclusive podendo reproduzir-se até quatro vezes ao ano. Quando o calor começa a se manifestar e a temperatura da água sobe, automaticamente o metabolismo destes peixes se ativa, de forma que passam a ingerir uma quantidade muito maior de alimentos. Estes alimentos são em parte consumidos no gasto de energia para a manutenção das atividades metabólicas normais do organismo do peixe, e em parte reservados ao desenvolvimento das gônadas sexuais (que são os ovários das fêmeas e os testículos dos machos). Após a maturação das gônadas, que dura cerca de um mês, inicia-se em algumas espécies a fase do cortejo, onde são formados os casais. Há espécies que formam pares somente nos momentos que antecedem a desova, e outras monogâmicas, que formam casais para a vida toda, como no caso do apaiari da região amazônica. A desova pode ocorrer em ninhos feitos no solo do fundo dos lagos, em plantas submersas ou até na própria coluna d'água. Existem espécies Foto 1- Nadadeira adiposa (atrás da ventral) – característica que têm o costume de proteger suas desovas, aumentando ainda assim a exclusiva de peixes de piracema. porcentagem de sobrevivência da prole. Caso a temperatura mantenha-se alta após a desova, muitas destas espécies de água parada reiniciam novamente a fase de maturação reprodutiva, para mais uma vez praticarem a desova. Os peixes de águas correntes, espécies que conhecemos como peixes de piracema, são espécies de migração. Como já é sabido, eles sobem a correnteza dos rios na época das chuvas, em direção às suas nascentes, para poderem desovar. Seu preparo para a reprodução inicia-se em meados de julho, quando os peixes começam a se alimentar com muito mais intensidade, visando formar reservas de proteínas e energia que serão posteriormente utilizados na formação das partes reprodutivas e também consumidos na subida da piracema. A reprodução propriamente dita depende da estação chuvosa, onde ocorre uma série de alterações nas águas dos rios, que resultam na maturação sexual dos peixes. Nesta fase antes de iniciar o movimento de subida, os peixes já estão com seus ovários e testículos desenvolvidos, mas imaturos ainda para a reprodução. As águas das chuvas caem sobre as florestas e matas ciliares, levando das folhas e dos terrenos por onde escorrem uma série de pequenas partículas para os rios. Estas partículas irão provocar uma alteração nas características físico-químicas da água, que agregadas ao maior volume dos rios ocasionado pelas chuvas, darão estímulo ao início da piracema dos peixes. No começo e decorrer da piracema os peixes sofrem alterações, como o consumo de gorduras acumuladas e a formação de ácido lático na musculatura, em virtude do esforço contínuo para nadar. Estas alterações e uma série de outros pequenos fatores, fazem com que haja a liberação de hormônios que provocarão o amadurecimento final dos ovários e testículos. Conforme avançam na piracema, sempre em numerosos cardumes, os peixes vão gradualmente se maturando através da ação dos hormônios, até que ocorra a ovulação, desova e simultânea fecundação nas águas mais oxigenadas, calmas e límpidas das cabeceiras dos rios. Algumas espécies chegam a nadar mais de dois mil quilômetros até que atinjam as nascentes. Ao final de dois a três dias após a desova, os ovos eclodem dando lugar a pequenas e sensíveis larvas, que em poucos dias irão se transformar em alevinos (filhotes de peixes já com a forma do adulto). Estes pequenos e frágeis seres são levados pelo curso d'água para as represas marginais que se formam nas adjascências dos rios, onde permanecerão o ano todo crescendo. Na estação chuvosa do ano seguinte, quando as águas dos rios passam a se comunicar novamente com estes ambientes, tais peixes já crescidos retornam espontaneamente para o curso dos rios. Nos pesqueiros, a manutenção das espécies de piracema é garantida graças à uma técnica de reprodução destas espécies com uso de hormônios, chamada de reprodução induzida. Texto: Fábio Mori - CREA 608.509.744-4 Página 10
Foto 2- Injeção de hormônio em fêmea de pacu,para realização da desova induzida.
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