Revista piauí agora(1)

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Piauí - 300 anos Em 2018 o Piauí vai comemorar 300 anos desde sua criação como Capitania de São José do Piauí. Destaque-se que as comemorações de 19 de outubro, relativas ao Dia do Piauí, não estão associadas à criação do território piauiense, mas sim à participação do Piauí no processo de Independência nacional em relação a Portugal. Aqui a aclamação ocorreu em Parnaíba, a 19 de outubro de 1822 – um mês e poucos dias após a declaração de Pedro I, a 7 de setembro daquele ano. O evento de importância seguinte foi a Batalha do Jenipapo. A singular oportunidade de analisar o Piauí a partir da sua origem é inevitável. São notáveis os avanços conseguidos na escolaridade de nossa gente, com acesso irremediável ao ensino superior. Na qualidade dos serviços de saúde, com o aprimoramento material e profissional do setor médico. Neste comércio vibrante, na linha da modernidade e da globalização. Na pluralidade magnífica das opções turísticas. No produto cultural excelente de que dispomos. Precisamos de mais, porque a população cresce e se expande, exige mais presença do Estado, e mais ainda da iniciativa privada, com seus investimentos essenciais. Mas aos poucos haveremos de alcançar o grau de satisfação de

Rosa Nunes Damazio

DIRETORA

que é merecedora nossa gente. Nesta edição da Revista PIAUÍ AGORA, que anuncia também a implantação do novo meio de comunicação virtual – o site de notícias piauiagora.com.br –, apresentamos um painel histórico do nosso estado, por entendermos que este conhecimento faz parte do processo de transformação social de que tanto reclamamos, essencial para a igualdade de oportunidades, para o fortalecimento sentimental à terraberço, e sobretudo para que tenhamos sempre presente o reconhecimento das nossas carências clássicas, históricas, porém superáveis. Felicidades a todo o povo piauiense pelo 19 de outubro – Dia do Piauí.

ÍNDICE

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EDUCAÇÃO

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SAÚDE

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ESPORTES

O desafio maior de todos os tempos

O médico no Piauí

Acidente e tragédias no melhor momento do futebol

ARTIGOS

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AGRICULTURA

28

COMÉRCIO

35

INFRAESTRUTURA

A tradição que vem do campo

A grande vocação piauiense

E lentamente se fez o Estado

CURIOSIDADES

Fonseca Neto Valdeci Cavalcante

41 42

10 20 33 39

EDIÇÃO COMEMORATIVA DO DIA DO PIAUÍ 19 DE OUTUBRO DE 2017

www.piauiagora.com.br Av. Centenário, 2100 - Sala 06 Bairro Aeroporto - Teresina - PI CEP: 64003-700 Tels.: (86) 98896.3446 email: piauiagora@gmail.com

Rosa Nunes Damazio Márcia Gabriele Toni Rodrigues Wilson Chaves Cláudio Costa Paulo Chaves

Diretora Secretária de Redação Jornalista Responsável Gerente de Projeto Projeto Editorial Projeto Gráfico e Pesquisa

IMPRESSÃO: GRÁFICA DO POVO (86.3214.1744)


A velha e primitiva Oeiras, século e meio após o início do povoamento iniciado por Mafrense e Jorge Velho

E

mbora o 19 de outubro que assinala o Dia do Piauí remeta aos eventos da Independência nacional, declarada a 7 de setembro de 1822, estamos diante da grande oportunidade de aprofundar o olhar na história estadual, iniciada 160 anos antes da separação brasileira do domínio português. Vamos a ela. No princípio a vastidão do nada. Imaginar agora o ano de 1661 é supor a fartura de verde, de animais libertos, vorazes, de água e sol, de índios intrigados com a presença de homens nem sempre brancos, poucos e estranhos, a percorrer os ermos em busca do inominável, ou do povoamento. A partir da sua elevação, em 1718, à condição de Capitania – a Capitania de São José do Piauí –, foram desperdiçados 40 anos até que se organizasse em sete vilas: da Mocha (a posterior Oeiras, sede do poder

político), São João da Parnaíba (Parnaíba), Parnaguá, Jerumenha, Valença, Marvão (Castelo do Piauí) e Santo Antônio de Campo Maior (Campo Maior). Daí foi começar a nascer. Tinha-se parcos dez mil e seiscentos habitantes, então. A província, de 1822, que resultou da Independência do Brasil, contava naquele momento, nos seus sete municípios, com 100 mil habitantes. Alguns destes tombaram na célebre Batalho do Jenipapo, em luta contra o exército português. Era outra a configuração territorial, mas o mesmo acanho estrutural, com tudo a se fazer. 30 anos depois, quando já habitavam o território cerca 150 mil almas, vivendo em 15 municípios, Oeiras perde o status de capital, deslocada para Teresina, a partir de onde teve início o processo de organização, estruturação e formação da infraestrutura essencial para o desenvolvimento estadual. Frágil, lento, gradual e trêmulo experimentou-

se algum progresso, sim – o Liceu educando as gentes; a navegação do Parnaíba entre o Litoral e Amarante animando o comércio e o contato com as coisas do mundo civilizado, gerando riquezas, moldando costumes, abrindo perspectivas econômicas, sociais, culturais; as cidades surgindo, praticando de fato o povoamento; o telégrafo, facilitando a comunicação; e a imprensa, no seu papel de dizer os fatos, versões, orientar, participar, enfim, do momento. Com a República, em 1889, contando o Piauí com 330 mil pessoas habitando seus 34 municípios, a água encanada; a energia elétrica; estradas; profissionais de saúde que retornavam de graduações Brasil afora, e exterior. Não apenas estes, mas engenheiros, bacharéis em Direito, farmacêuticos, odontólogos. E por aqui mesmo as dóceis professorinhas da Escola Normal, resultando no fortalecimento da educação escolar. Com a Nova República


a estrutura fortalecida de saúde, serviços médicos eficientes; a graduação jurídica com a velha Salamanca; de Filosofia; a comunicação das rádios; o trem; o avião. No período dos governos militares o asfalto, a popularização do turismo, abrindo as portas do Litoral de poucos privilegiados aos filhos de Deus mais modestos. O comércio forte, de quase tudo. A velha Usina Diesel apagando suas forças com o surgimento da potente Boa Esperança. A valorização do esporte, saindo-se dos Rivengos habituais, tão nossos, para o sucesso do Tiradentes empolgante, garantindo visibilidade ao amado Piauí nos gramados nacionais. Aeroportos e pistas de pouso nas cidades interioranas. E quando então se destampou o progresso irreversível, eis aí os shoppings centers, as cidades semiindependentes, parte boa com destacáveis potencialidades e atrativos interessantes, de alto valor, outras nem tanto. A estrutura educacional, de formação superior, de ponta a ponta. Telefonia em todo canto. Mas, como o

Piauí não é independente, sofre as consequências dos momentos, e parece parar no tempo, provocando a capacidade de reação dos seus filhos, numa exigência urgente-urgentíssima de soluções seguras, competentes,

eficazes, que revertam o quadro desagradável de agora, quase às portas da pavorosa falta de perspectivas. Trabalhemos todos, para que possamos, enfim, partir para as justas comemorações.

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U

m olhar minimamente crítico sobre o que já se escreveu da história piauiense, há que considerar descabida a declaração de Dia do Piauí ao 19 de outubro. Não por desmerecer, mas por absoluta falta de conexão entre o evento e a homenagem. Por que? Antes de tudo, o 19 de outubro remete ao célebre evento da adesão do Piauí à declaração de independência do Brasil em relação a Portugal, através de Pedro I, no 7 de setembro de 1822, mês e pouco antes do apoio oferecido pelos grandes homens da Vila de São João da Parnaíba. Em Oeiras, por meio do futuro Visconde da Parnaíba, a adesão somente aconteceu no dia 24 de janeiro de 1823, três meses depois, quando Fidié já trabalhava para reprimir o ato adesista piauiense, e que afinal gerou a Batalha do Jenipapo, onde o dia 13 de março de 1823 é a data de referência – um dos confrontos que mais gerou mortes de brasileiros dentre as lutas pela independência. Daí vieram as confusões, os devaneios, as bravatas telúricas, que enfim promoveram esse entendimento obtuso em relação ao Dia do Piauí. Uns queriam que 19 de Outubro fosse “o dia”, porque foi o primeiro gesto da adesão piauiense à Independência. Outros o 24 de Janeiro, porque resguarda a formalidade de ser o ato oficial da Província, promovido capital da província, também em relação à Independência. E

outros mais queriam o 13 de março, por conta da Batalha do Jenipapo. Nenhum, no entanto, cogitou de se declarar tal dada o 18 de novembro de 1718, quando D. João V assinou o alvará de criação da Capitania, que legalmente cria o Piauí, ainda que efetivamente sua instalação só tenha ocorrido 40 anos depois, quando ocorreu a nomeação de João Pereira Caldas como seu primeiro governador. De qualquer modo, o próprio povo do Piauí ignora esses fatos. Poucos, muito poucos, são capazes de explicar a razão do “feriado” de 19 de outubro, esclarecendo devidamente o porquê de tal data assinalar o Dia do Piauí. Até porque, o “dia” de algo ou alguém remete ao tempo de seu surgimento, nascimento ou do estabelecimento de um momento certo para a homenagem. Contudo, a determinação de o dia 19 de Outubro ser declarado o Dia do Piauí, resulta de lei de 1937, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado, e de autoria do deputado José Auto de Abreu. Merecimento há. Falta somente objetividade. Em vista disto, o portal piauiagora.com.br chama a atenção para a passagem dos 299 anos em que, mesmo por força de lei, nasceu o amado Piauí, que tem seu empolgante hino oficial, com letra do consagrado poeta amarantino Da Costa e Silva, e letra da professora Firmina Sobreira; seu brasão e sua bandeira respeitosa.

Bandeira Além de sugerir a integração do estado com o país, as cores principais e os elementos da bandeira piauiense representam riqueza mineral; esperança; a estrela Antares, que na bandeira nacional é o Estado do Piauí; e a inscrição "13 DE MARÇO DE 1823", faz referência ao dia da Batalha do Jenipapo, mediante proposta do ex-deputado Homero Castelo Branco aprovada pela Assembleia Legislativa.



CURIOSIDADES


19 10 2017

CONSTRUÇÃO DO MURO DO CEMITÉRIO SÃO JOSÉ.


O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

Acima, o prédio onde funcionou a Escola Normal, criada na gestão do governador Antonino Freire (lado), em 1909. Embaixo, a sede da velha ’’Salamanca’’


www.piauiagora.com.br

O Liceu (acima), criado anos antes da mudança da Capital de Oeiras para Teresina, somente ganhou prédio próprio em 1936, 90 anos após sua fundação. Abaixo, o portal de acesso à Universidade Federal do Piauí.

VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO NO PIAUÍ Televisão

Jornal e Gráfica

Rádio


FACULDADE DE ODONTOLOGIA

A

criação da Faculdade de Odontologia do Piauí resulta de uma das mais belas e abnegadas lutas já travadas em nome da graduação superior no Estado. Tudo começou com o padre Alberto de Freitas Santos, então diretor do Colégio Diocesano, que em 12 de outubro de 1947 começou a defender a ideia de se criar a Faculdade de Odontologia, com apoio de dentistas, médicos e farmacêuticos graduados em outros estados. À testa da manifestação estava Oscar Olímpio Cavalcante, cirurgiãodentista, advogado e proprietário da única loja de material odontológico da Teresina de então, que viria a ser o primeiro diretor da faculdade. Foi ele que de forma ardorosa atuou na defesa e nos procedimentos burocráticos que enfim viabilizaram a criação da instituição, fundada a 19 de junho de 1959, e autorizada a funcionar

Oscar Olímpio, primeiro diretor da Faculdade

mediante o Decreto Nº 48.525, de 15 de julho de 1960. Seu primeiro vestibular, no entanto, só veio a se realizar entre os dias 20 e 22 de fevereiro de 1961, com 41 candidatos disputando 25 vagas, sendo 20 os aprovados. O corpo de professores, no advento da primeira turma, era composto por três médicos e nove dentistas. Os médicos eram Dirceu Mendes Arcoverde, que viria a ser governador do Estado e senador da República; Carlos Maia e Silva; e Francisco das Chagas Machado

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Lopes, que participou da fundação da Universidade Federal do Piauí e nela dirigiu por vários anos a comissão que organizava os exames vestibulares. Dentre os nove cirurgiões-dentistas que lecionaram logo no início da Faculdade de Odontologia estavam: Oscar Olímpio Cavalcante; Waldimir Elias Hidd; Francisco das Chagas Franco; Sebastião Rocha Leal, que seria deputado estadual por oito mandatos, vicegovernador e presidente da Assembleia Legislativa do Piauí; João de Almeida Costa; e Creso Genuíno de Oliveira. O curso foi reconhecido através do Decreto Nº 58.032, de 21 de março de 1 9 6 6 , q u a n d o a Fa c u l d a d e d e Odontologia já ia com quatro turmas de graduados. Em 1968 foi criada a Universidade Federal do Piauí, que unificou em torno de si as quatro faculdades que funcionavam independentemente uma das outras.



O MÉDICO NO PIAUÍ

S

egundo historiadores arrojados, em 1746 o Brasil possuía seis profissionais atuando na Medicina, todos formados na Europa. Somente em 1808, com a presença da corte portuguesa entre nós, foram criadas as primeiras escolas médicocirúrgicas no Brasil, a partir da Bahia. Na Capitania do Piauí, o primeiro médico chegou em Oeiras no ano de 1803 – José Luiz da Silva, formado em Lisboa. A prática cirúrgica, por sua vez, foi iniciada aqui com a passagem por Oeiras do médico naturalista inglês George Gardner, em 1836, que realizou procedimentos, como operações de catarata e litotomia, sendo esta última uma intervenção urológica objetivando a extração de pedras renais. Detalhe: procedimento realizados sem anestesia, uma vez que esta somente passou a ser utilizada em 1846, nos Estados Unidos. O sonho da graduação em Medicina, no Piauí, ganhou força a partir de 1965,

A realização de um simples Raio x, nos idos do Século XIX, parecia coisa do outro mundo.

com a idealização da Faculdade de Medicina, enfim entrando em funcionamento a partir de janeiro de 1968. Foi o Dr. Zenon Rocha seu primeiro diretor, além de atuar também

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como professor. Posteriormente, com a criação da Universidade Federal do Piauí, todas as faculdades existentes então – Direito, Filosofia, Odontologia, Administração (com sede em Parnaíba)


e Medicina –, passaram a formar um conjunto único de graduação superior. Hoje, no Piauí, pelo menos sete instituições superiores oferecem graduação em Medicina. De acordo com o médico urologista Eulálio Damázio, a Medicina evoluiu significativamente e continua este processo de aprimoramento em todas as áreas médicas. Destaca que é grande a preocupação com o desenvolvimento de tecnologias no segmento, objetivando a melhoria nos métodos diagnósticos, no desenvolvimento de novas medicações com maior eficácia e menor efeito colateral, e implantação de novas técnicas e tecnologias cirúrgicas visando reduzir o trauma cirúrgico e maior eficácia no tratamento. Essa evolução médica continua e agora impulsionada pela internet que facilitou o acesso ao conhecimento, globalizou a informação. O Brasil ocupa uma posição de destaque na medicina mundial e acompanha a evolução junto aos países

desenvolvidos. No Brasil, a medicina do Piauí tem destaque pela sua qualidade em recursos humano e tecnológico, sendo referência em saúde. Os

profissionais estão em constante qualificação, participando de treinamentos e congressos no Brasil e no mundo.

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ESPORTES S

em fugir à regra, também no Piauí o futebol sempre foi a atividade esportiva com maior número de apreciadores. É, também, a mais antiga das práticas esportivas. Os registros históricos apontam o Parnahyba Sport Club como o mais antigo dos clubes de futebol do Piauí, com data de fundação assinalada em 01 de maio de 1913. E de acordo com o site C a m p e õ e s d o Fu t e b o l (http://www.campeoesdofutebol.com.b r/hist_fut_piaui.html), existiram diversas outras equipes, que desapareceram com o tempo, já que não havia profissionalismo naqueles tempos que antecederam 1941, quando foi criada a Federação Piauiense de Futebol, antecedida, entre 1916 e 1940 por sete ligas esportivas, sendo duas em Parnaíba e cinco em Teresina: LSP L i g a S p o r t i v a Pa r n a h y b a n a (Parnaíba), LPET - Liga Piauiense de Esportes Terrestres (Parnaíba), DPET Diretório Piauhyense de Esportes Terrestres (Teresina), LST - Liga Sportiva Theresinense (Teresina), LPSA - Liga Piauhyense de Sports Athleticos (Teresina), LPST - Liga Piauhyense de Sports Terrestres (Teresina), LTET - Liga Teresinense de Esportes Terrestres (Teresina). Quanto a times, são de ser citados o Automóvel, Artístico, Botafogo, Flamengo e Terríveis, que por fim promoveram a fundação da Federação Piauiense de Futebol, elegendo como seu primeiro presidente o desportista Raimundo Ney Baumann, que além de prefeito de Campo-Maior, ajudou a criar

a Liga Municipal Campomaiorense de Desportos, em 1942. Outros times de futebol piauienses não listados no evento de fundação da Federação, foram, em Teresina: Piauí, River, Auto-Esporte, Fluminense, Militar, Tiradentes, Theresinense, Palmeiras. Fora de Teresina, Comercial e Caiçara (Campo Maior), SírioBrasileiro (Parnaíba), Barras, Picos, Ferroviário, e Cori-Sabbá (Floriano), 4 de Julho (Piripiri), Altos, Oeiras. Além da grande rivalidade consagrada em Rivengos (River x Flamengo), a partir dos anos 60, outro movimento que mexeu com a torcida local foi a campanha do Tiradentes 18

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(Sociedade Esportiva Tiradentes), fundado em 1959 por subtenentes e sargentos do Polícia Militar. Em 1972, sob as atenções do então comandante da PM, Coronel Tupi Caldas, o time fez uma campanha brilhante, com bons jogadores, boa parte egressa dos campos do sul do país. Dois desagradáveis incidentes marcam a história da agremiação: o primeiro o acidente ocorrido na inauguração do Estádio Albertão, na tarde de 26 de agosto de 1973, onde o jogo do Fluminense (RJ) e Tiradentes (PI), abriu o campeonato brasileiro. Cerca de 30.000 pessoas estavam presentes, e o estádio ainda não estava concluído.


De repente alguém gritou na Geral que o estádio estava caindo. Dizem que a sensação de r uína da obra foi provocada pelo sobrevoo de um avião. Daí muita gente caiu no fosso que separa a Geral do gramado, na tentativa de atravessa-lo num salto. Outros caíram empurrados por uma avalanche humana, naquele “salve-se quem puder” desesperado. Dizem que do acidente restaram cerca de 20 mortos e dezenas de feridos. O outro acidente aconteceu fora de campo, e foi determinante para o ocaso do grande time. Em junho de 1976, estavam alguns jogadores reunidos em uma “casa de tolerância”, a então f a m o s í s s i m a B o a t e A n a Pa u l a , localizada no Bairro Vermelha, quando aconteceu desentendimento envolvendo um cliente e jogadores. Pancadaria geral, tiros, e a morte do cliente (morreu em consequência do linchamento que sofreu de pelo menos seis jogadores do Tiradentes) resultaram na retirada do time do campeonato. E o desmantelamento da equipe, que nunca mais voltou a brilhar nos campos de futebol. Saindo do futebol, dois nomes piauienses representaram com sucesso o Brasil em Olimpíada – a judoca Sarah Meneses, primeira mulher do país a conquistar uma medalha de ouro neste esporte em Jogos Olímpicos (2012); e Cláudio Roberto Souza, que em 2000 conquistou medalha de prata nas Olímpiadas, em Sidney, no revezamento 4x100 no Atletismo.

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CURIOSIDADES

Piauí Pitoresco

A VIDA CULTURAL E SOCIAL A PARTIR DE TERESINA

TEATRO O Teatro foi das primeiras atividades culturais de Teresina, ganhando a Capital sua casa de espetáculos logo após a chegada de Saraiva. O Teatro Santa Teresa foi instalado em prédio próprio em 1858, no local onde funcionou a Assembleia Legislativa, hoje ocupado pela Secretaria Estadual de Cultura. Conta Aci Campelo, em 'História do Teatro Piauiense', que após o Santa Teresa surgiu o Teatro 06 de Julho, implantado em uma residência no ano de 1875, para onde voltaram as representações teatrais em Teresina. Em 13 de junho de 1879 surgiu o Teatro Concórdia, fechado em 1890, quando “teatro, palestras literárias e outros eventos oficiais ou particulares passam a ter sede no Palacete da Assembleia Provincial”. A 21 de abril de 1894 era inaugurado o Theatro 4 de Setembro.

CARNAVAL Hoje, representando o que ainda resta do Carnaval teresinense, repete-se anualmente o Corso – reformado, remodelado, renascido, mas já cansando... No passado remoto era realizado o entr udo - festa popular com as características do Carnaval dos Anos 70, em que os foliões atiravam uns nos outros talco, pós alimentícios, e outros produtos que um bom banho retirava com facilidade, até que, por conta de uma certa violência, saiu de cena na segunda metade do Século XIX. Dos bailes de fantasia realizados no Clube dos Diários ao Corso, com desfile de automóveis pelas ruas principais da cidade, Teresina vivia um animado período dito momino. Nos bailes e no Corso eram, se ainda não são, comuns as cenas de pessoas de alto nível social e financeiro desfilando fantasias as mais improváveis, como homens vestidos de mulher, de padre, de super-herói... No passado carnavalesco de Teresina há a lembrança de bailes de fantasias luxuosas, de desfiles de escolas de samba rivais como Escravo do Samba, Império do Samba, Brasa Samba, Piratinga do Ritmo, dentre tantas do passado. Carnavalescos com suas fantasias animadas, como Wortigern Rocha, Dom Ratim, Nicinha. Com o Carnaval teresinense resumido ao Corso, cópia infiel dos eventos do passado, nem mesmo o velho e emblemático “Caminhão das Raparigas” existe mais, seja porque são utilizadas atrizes em encenação, seja porque aquelas estão verdadeiramente em extinção...

Praça Pedro II e o Theatro 4 de Setembro: foto de 1910

CINEMA Já o cinema sempre teve boa acolhida junto aos teresinenses e parnaibanos, com maior ênfase. Na capital fizeram história o Cine Olímpia, que tinha endereço na Rua Simplício Mendes, pertinho da Praça Rio Branco; o Cine Rex, localizado na Praça Pedro II, ao lado do Theatro 4 de Setembro, onde por muito tempo a exibição de filmes subverteu as apresentações teatrais. Houve ainda o Cine São Luiz, que ficava na Rua 13 de Maio próximo ao Clube dos Diários. Em 1966 foi inaugurado o Cine Royal. Mas foi no Theatro 4 de Setembro que ocorreu a primeira exibição de cinema de Teresina, exatamente no dia 29 de maio de 1901. Em Parnaíba, sabe-se que a partir do ano de 1903 aconteciam primeiras projeções realizadas por um exibidor ambulante egresso do Maranhão, chamado Moura Quineau. De acordo com estudos da acatada professora Teresinha Queiroz, “os pioneiros na instalação da primeira sala de projeção foram os integrantes da família de libaneses que adotaram o sobrenome de Ferreira em uma espécie de tradução livre do original libanês. A princípio, o patriarca da família, o senhor Zacarias, projetava filmes em lençóis colocados no centro da cidade, sendo, mais tarde, substituído pelos filhos Miguel e Alfredo. Os irmãos Ferreira criaram, com base nessa experiência, a firma "Ferreira e Irmão" tornando-se, assim, os precursores das grandes salas de projeções... O dia 15 de novembro de 1924 foi marcado pela inauguração da ampla sala de projeção, Cine Teatro Éden, que durante aproximadamente seis décadas exibiu produções do cinema mundial e nacional”. Lembrando que a primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em 1896. 20

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CLUBES SOCIAIS O primeiro clube social formal do estado foi o Clube dos Diários, inaugurado em 1922. Antes dele, as festas familiares e alguns dos mais destacados eventos sociais da cidade/estado eram realizados em residências de pessoas gradas locais que abriam as portas de seus palacetes para as festividades. Mais para a frente foram surgindo outros clubes, outros espaços de sociabilidade, sendo que uns se perderam na memória teresinense: Tabajaras, Piauí Esporte Clube, River, Flamengo; Classes Produtoras, Jockey... outros arquejam: Círculo Militar, Iate, AABB... Estes centros de lazer coletivo trazem a lembrança de dois pontos de encontro que marcaram época na capital piauiense: Prainha e Poticabana. A primeira resultou da iniciativa popular que acorreu ao prolongamento, em obras, da Avenida Maranhão, parte frontal ao Centro Administrativo. Tudo ali era improvisado, mas enorme a frequência. Em certo momento o governo estadual resolveu intervir, criando uma estrutura decente, com bares padronizados, banheiros, iluminação, pavimentação, segurança, e tudo o mais. Embora plasticamente elogiável, nunca mais o local foi o mesmo, e com o tempo desapareceu. O segundo, o Parque Poticabana, criado pelo então governador Alberto Silva, no seu segundo governo, surgia de um excelente projeto arquitetônico, dotado de bares, espaços para lazer e esportes, e uma inacreditável piscina de ondas, para dar ao teresinense a sensação de estar nadando no mar. Em breve desapareceu o parque, sua estrutura, e mesmo reformado, remodelado e belo, o parque nunca mais recebeu a maciça visita dos teresinenses.





A CONQUISTA DOS AMBULANTES

A

definição de camelô, ou vendedor ambulante, nos mais renomados dicionários é

essa: 1. Comerciante que vende os seus artigos na r ua, geralmente sem autorização legal; vendedor ambulante. (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa) 2. Mercador que apregoa e vende na rua objetos de pouco valor. (Aurélio) 3 . Ve n d e d o r q u e c o m e r c i a bugigangas, miudezas ou qualquer artigo vendável, expondo-os nas calçadas, ou em tabuleiros, comumente de forma clandestina, sem autorização legal, apregoando essas mercadorias em voz alta e, às vezes, de forma pitoresca (http://michaelis.uol.com.br/) No Piauí. Ou melhor, em Teresina, por decisão e ação do então prefeito Sílvio Mendes, camelô é um comerciante com endereço fixo, documentos, algum conforto e espaço definido – um shopping, espaço com ampla estrutura boa localização, na área central da cidade. Sol e chuva ficaram para o passado. E o melhor: a ideia deu muito certo, pois em Teresina não há praticamente vendedor ambulante nas ruas, e a intenção da

O espaço é referência em Teresina, quando se procura especialmente produtos eletrônicos e preços atraentes.

Prefeitura foi bem assimilada tanto da parte dos vendedores, quanto da parte da clientela. Por incrível que possa parecer! A obra, orçada na época em R$ 15 milhões, foi inaugurada no dia 29 de junho de 2009. A área total da construção é de 13,5 mil m², espalhada em três pavimentos onde estão cerca de 1.900 boxes. O espaço conta com elevador, escada rolante, praça de

alimentação, serviços bancários, ê nos seus corredores se destacam comércios de eletrônicos, artigos de vestuário, calçados e produtos típicos.

A MAÇONARIA NO PIAUÍ O Piauí teve loja maçônica tão logo Teresina se tornou Capital

S

eis anos após se tornar capital da Província, Teresina, ou o Piauí, ganhou sua primeira loja maçônica – a Caridade II, fundada em 29 de outubro de 1858, há exatos 159 anos. A sede da Loja está situada à Rua Senador Teodoro Pacheco, 882, ao lado do prédio que abriga a 26ª Circunscrição do Serviço Militar. Nela tiveram assento os mais ilustres nomes da política, economia, cultura e sociedade piauiense, como devem ser citados, dentre outros, os

Fachada da Loja Maçônica Caridade II, localizada à Rua Sen. Teodoro Pacheco, no Centro de Teresina

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EDIÇÃO COMEMORATIVA DO DIA DO PIAUÍ

ex-governadores Arlindo Nogueira, Álvaro Mendes, Antonino Freire, Miguel Rosa e Matias Olímpio, da primeira fase da República. E literatos como Clodoaldo Freitas, Abdias Neves, Jonatas Batista, Higino Cunha e tantos mais. A fundação da Loja Caridade II foi prestigiada por uma comitiva de maçons que integravam a Loja "Humanidade e Concórdia", de São Luis do Maranhão, que percorreu a cavalo a distância de 70 léguas (420 km), no intuito de participar do evento.



AGRICULTURA

AGRICULTURA A tradição que vem do campo Desde o sucesso da pecuária, com o famosos boi do Piauí, o campo sempre gerou esperanças e muita riqueza

N

o início, o Piauí teve sua atividade econômica toda ela concentrada na produção de carne e couro bovinos, que eram exportados a números ainda hoje surpreendentes. Isso mais marcantemente pelos idos dos séculos XVIII, até perder para o Pará o status de grande produtor e exportador. Depois, ainda com base rural, a economia piauiense assentou na produção agrícola, com a maniçoba planta nativa da caatinga, encontrada em diversas áreas do semiárido nordestino e de grande resistência às secas, destinada à produção de borracha para a indústria automobilística, especificamente nos últimos 5 anos do Século XIX e primeiros 15 anos do século seguinte; e na carnaúba - cuja cera é o produto de referência, utilizado

EXPORTAÇÕES DO PIAUÍ/1º SEMESTRE DO ANO DE 2015 PRODUTO

VALOR EXPORTADO (em dólares)

Soja Ceras Vegetais (principalmente Carnaúba)

125.795.471 30.688.286

Mel Algodão

4.459.002 4.028.860

Pilocarpina EXPORTAÇÕES TOTAIS

1.091.425 168.510.436,00

FONTE: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

em industrialmente em polimentos, vernizes, produtos cosméticos, dentre outros, sendo o Piauí seu maior produtor nacional, destacando-se ainda hoje com principal produto da pauta de exportação, em especial para a Europa. Mas os dias do presente sublinham o Piauí como última fronteira agrícola do país, onde os produtos de maior apelo são a soja e o algodão, cultivados na

região dos Cerrados, cuja “capital” é o município de Ur uçuí, onde está localizada a sede da empresa Bunge Alimentos, uma das maiores compradoras de soja do mundo. Graças ao sucesso do Agronegócio – evolução econômica e tecnológica dos sistemas de produção do campo –, o Piauí hoje tem espaço garantido nos mapas de exportação nacional.

Do campo saíram a carne e o couro bovinos, que aqui geraram fortunas. No futuro, viriam a carnaúba, valorizada em produtos como a cera de polimento, e a soja, hoje a mais valoriza commodity

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Safra do Piauí cresceu 200% em relação a 2016 Safra 2016/2017 registrou recorde e elevou PIB piauiense em 1,7%, o resultado fez com que o Piauí crescesse mais de três vezes que a média nacional FOTO/CCOM

Colheita de soja em Uruçuí, safra 2017

Segundo dados da Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento ( C o n a b ) e d a S e c re t a r i a d e E s t a d o d o Desenvolvimento Rural (SDR), o Piauí deve fechar o período de safra 20162017 com 3,8 milhões de grãos colhidos. Os números representam um crescimento de 200% em relação ao ano anterior, quando a produção piauiense girou em torno de 1,3 milhão de toneladas. Os números recordes consideram as culturas de arroz, algodão, feijão, mamona, milho, soja e sorgo, com produtividade por hectare de 2.783 kg. O aumento da produção agrícola afeta diretamente o Produto Interno Bruto (PIB) do estado. A expectativa é de que, com a boa safra registrada, o Estado registre crescimento de 1,7% no PIB estadual e 45% no PIB agrícola. O resultado faz com que o Piauí cresça mais de três vezes que o Brasil, Ceará e Rio Grande do Norte. “O desenvolvimento de nossa produção é o carro chefe da economia. Enquanto no ano passado cada hectare resultava em 1.143 quilos de soja produzidos, este ano os produtores colheram 2.952 quilos por hectare”, destaca o governador Wellington Dias. Para o ano agrícola 2017/2018 a previsão é de aumento também para a agricultura familiar. Através do Plano Safra estão previstos para todo o país cerca de R$ 30 bilhões em crédito até 2020, com variação de juros do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) entre 2,5 e 5,5% ao ano. 27

Geração de emprego Atualmente, 229 mil pessoas são empregadas ou ocupadas no Piauí pelo setor agropecuário, segundo o IBGE. O crescimento na geração de emprego foi de 15,2% de janeiro a agosto deste ano, no setor, segundo o Ministério do Trabalho. A alta é mais que o dobro do segundo ramo que mais cresceu no período no Piauí, a extração mineral, que subiu 6,17%. De acordo com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR), o agronegócio gera, para o Piauí, mais de 3 mil empregos com carteira assinada. No estado, se destacam a produção de grandes culturas, como arroz, algodão, feijão, mamona, milho, soja e sorgo. Crédito Fundiário Além da geração de renda, por meio da abertura de novos postos de trabalho no campo, o Governo do Estado estimula outras modalidades de crescimento do agronegócio. Por meio do desenvolvimento da política de crédito fundiário, que oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento, o Estado já assegurou acesso à terra para 18.405 famílias. Ao todo, 489.282 h e c t a re s f o r a m a d q u i r i d o s , re c e b e n d o investimentos de R$ 363.748.468. Deste montante, cerca de 180 milhões foram aplicados em investimentos comunitários não reembolsável, como construção de habitações, energia elétrica, abastecimento d'água e projetos produtivos. Os R$ 183 milhões restantes foram utilizados na aquisição de terras com recursos reembolsável no prazo de até 20 anos. Outras ações voltadas para o desenvolvimento da agricultura familiar têm fomentado a agricultura familiar e o combate às desigualdades sociais, principalmente no interior do estado. Através do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e da agência internacional ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), o Piauí aplica R$ 53 milhões para financiamento de ações que reduzam a pobreza e aumente a geração de renda na região do semiárido.

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COMÉRCIO

COMÉRCIO A grande vocação piauiense

Com a forte presença de emigrantes sírios e libaneses, ficou fortalecida a tese de que a atividade comercial é o ponto forte do Estado

A

ntes de Teresina, os nomes destacados no movimento comercial do Piauí eram negociantes de gado – carne e pele, quase exclusivamente em Parnaíba. De acordo com pesquisas dos saudosos Moysés Castello Branco Filho e do Padre Joaquim Chaves, os primeiros comerciantes de Teresina vieram parte do Vila do Poti, que enfim deu origem à nova Capital; parte de Caxias, esta última até então hegemônica nas atividades comerciais por toda a região, e um dos motivos que estimularam Saraiva a optar pela Vila Velha do Poti para assentar a capital da província. Contribuiu para o fortalecimento da

À esquerda, Roland Jacob do Grupo Marc Jacob. Acima, Nagib Demes do comércio florianense.

atividade comercial teresinense, a navegação do Rio Parnaíba, que trouxe consigo tantas novidades europeias e de países desenvolvidos, e que logo caíram no gosto, preferência e costume local,

fosse em comestíveis, leitura, vestuário ou mobília. São citados como maiores comerciantes os senhores Manuel Raimundo da Paz, natural de N. S. dos

19 de Outubro

Dia do Piauí

Homenagem da Loja Viana, agradecendo ao bom e hospitaleiro povo piauiense. São 30 anos de uma parceria vitoriosa.

Feliz Dia do Piauí.

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Humildes, atual Alto Longá, que era proprietário da casa de modas Bom Marché. Esteve por aqui desde 1860, tendo no futuro ingressado na política. Foi sogro dos intelectuais Higino Cunha e Abdias Neves; Antônio Alves de Noronha e seu genro, Marcelino José Couto, portugueses, que vieram de Caxias, no Maranhão, pelo mesmo 1860; Antônio Gonçalves Portelada, tio e sobrinho homônimos, naturais de Lisboa-Portugal, sócios em empresa de importação e exportação; os irmãos Firmino, José João, Leocádio e João da Cruz Santos, da Casa Cruz e negócios financeiros. Quase no final do século, em 1890, José Furtado Beleza, piauiense, proprietário da Casa Beleza, e João Maria Broxado, maranhense, da Casa Broxado, e que em futuro próximo implantaria em Teresina o serviço telefônico. Também são mencionados os comerciantes do ramo farmacêutico Eugênio Marques de Holanda, da Drogaria Imperial, a mais antiga da cidade, ativa em 1861, e de José Pereira Lopes, da Botica do Povo, situando-a em 1886. Um outro fator importante no êxito da atividade comercial entre os piauienses foi a presença da comunidade síria e libanesa, que começou a migrar para a região no início do Século XX, por volta de 1903. Pelos levantamentos de Moysés Castello Branco, os primeiros sírios a chegar a Teresina foram os irmãos Sérgio e Nicolau Tajra (1903), Thomaz Jorge e Tuffy Jorge Tajra, também irmãos (1909), e Elias Missara (1910). Vários outros sírios são citados, pelo sobrenome: Chaib, Caddah, Hidd, Adad, Mualem, Said, Budaruiche, Ommati. Dentre os libaneses destaca a Família Sady. Forte também foi e é a presença destes ilustres imigrantes sírios e libaneses em Floriano, outro município beneficiado pelo movimento comercial promovido pela navegação do Rio Parnaíba. Alguns nomes: Antun Zarur, o primeiro a chegar a Floriano, segundo a “Coleção Florianenses”, editada pela Fundação Floriano Clube. Consta que instalou a primeira padaria do Estado

do Piauí, quando Floriano ainda era um embrião da consagrada Colônia Agrícola São Pedro de Alcântara, nos arredores dos anos de 1880/1890; Gabriel Zarur; Assad e Milad Kalume; Dib Jorge e Salomão Barguil; Salomão Mazuad, seu sobrinho Hagem Mazuad, que chegou em 1947, e seu genro Constantin Philippe Salha; Adala Attem; Calisto Lobo; Defala Attem... Em Parnaíba, os nomes maiores no passado do seu comércio repousam na Casa Inglesa, fundada em 1849,que ertencia a emigrantes ingleses; Casa Marc Jacob, pertencente a emigrantes franceses, fundada em 1875, abrindo depois filiais em Campo Maior, Floriano, União, Piripiri, Luzilândia e Teresina; Franklin Veras, desde 1875; “Ribeiro, Moraes & Santos”, a partir

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de 1904, de onde surgiu a empresa Moraes S/A; Delbão Rodrigues & Cia, que iniciou suas atividades em 1890, e era proprietária da Empresa de Navegação Fluvial do Rio Parnaíba. Atualmente, apesar da forte concorrência de grupos empresariais de outros estados, deles com participação de recursos externos, o comerciante piauiense prossegue na sua luta, se mantendo bem na atividade. São hoje os maiores empreendimentos comerciais as empresas do Grupo Claudino, Comercial Carvalho, Grupo Jorge Batista, R Damásio, sediada em Teresina, com escritório na China e atuação em todos os estados do Brasil, a maior importadora e distribuidora de peças para motos e bicicletas da América Latina, com mais de 50 anos de mercado.



INFORME PUBLICITÁRIO

Piauí reduz analfabetismo e lança mão da tecnologia no combate à evasão escolar

JORGE HENRIQUE BASTOS

Investimentos na infraestrutura das escolas também têm transformando a realidade da educação pública no interior do estado

Alunos beneficiados com o Poupança Jovem

Com mais de 263 mil alunos matriculados, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) vem reduzindo os números de evasão escolar e analfabetismo. Nesse ponto, o Piauí tem avançado na correção de um problema histórico que atrasa o desenvolvimento do estado, o analfabetismo. Somente em 2016 as matrículas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresentaram crescimento de 127%. O último levantamento da Organização das Nações Unidas referente à educação, ciência e cultura (Unesco) aponta um total de 13 milhões de analfabetos no Brasil. Segundo a ONU, o país tem diminuído a oferta de matrículas e investimentos direcionados ao combate do analfabetismo. Em direção contrária a esses índices, o Piauí tem 31

conseguido uma rápida evolução nas matrículas na EJA na rede estadual de ensino. Em 2014 foram 35 mil matrículas; 45 mil em 2015; e 100 mil novos alunos em 2016. A diretora da Unidade de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Conceição Andrade explica como esse resultado vem sendo alcançado. " A iniciativa da Seduc de melhorar a demanda por Educação de Jovens e Adultos é de importância crucial e se situa dentro do espírito que inspira várias estratégias do Plano Nacional de Educação. Destacamos o diagnóstico dos que tem Ensino Fundamental e Médio incompletos, para identificar a demanda ativa por vagas e realizar chamadas públicas regulares para a EJA e, assim, promover a busca ativa em regime de colaboração

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entre entes federados e em parceria com organizações da sociedade civil", afirmou. Tecnologia a serviço da educação Com relação à evasão escolar, a tecnologia tem sido uma aliada fundamental para atrair e manter alunos próximos ao ambiente educacional, auxiliando no rendimento do ensino. Um exemplo que tem destacado o Piauí no cenário nacional é o Mobieduca.me que integra consultoria tecnológica e pedagógica ao acompanhamento escolar. O sistema traz grandes benefícios para a educação no Estado, combatendo a evasão escolar e o bullying. Até 2016, a tecnologia estava presente em 127 escolas. No início deste ano de 2017, mais de 335 escolas já possuíam este benefício. De acordo com a secretária da Educação, Rejane Dias, até o final do ano, mais de 150 mil alunos estarão cobertos com essa tecnologia em todo Estado. " O Mobieduca.me é uma ferramenta fundamental para a gestão escolar, tanto que nas escolas que a possuem, houve a diminuição de 75% de evasão dos alunos. Outro ponto de destaque é a integração entre escola, família e comunidade, a queda na infrequência de professores e gestores, entre tantos outros benefícios", afirma a secretária Rejane Dias. Alguns fatores de sucesso do Mobieduca.me estão relacionados ao baixo custo de manutenção dos equipamentos e serviços; a utilização de infraestrutura existente na escola, sem necessidade de reformas ou adaptações e a utilização de recursos humanos existentes na escola, com necessidades de treinamento mínimo. Outra ferramenta de combate à evasão é o programa Poupança Jovem, no qual os estudantes recebem, durante o Ensino Médio, uma bolsa de 1.500 reais. " O Poupança Jovem causou uma mobilização e fez com que os estudantes se sentissem mais incentivados a concluir o ensino", diz Rejane Dias. O programa é executado nas 44 cidades do Piauí com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Pelo programa, ao concluir o primeiro ano o estudante recebe R$ 400. As demais parcelas são de R$ 500 no segundo ano e R$ 600 no último ano do Ensino Médio. O estudante ou responsável tem o direito de retirar 40% de cada um dos dois primeiros depósitos efetuados. Somente a última 32

parcela pode ser retirada integralmente junto com o saldo remanescente das anteriores e os rendimentos. Para receber cada pagamento, o aluno precisa ser aprovado ao final do ano. Os recursos são disponibilizados por meio de empréstimo com o Banco Mundial e a operacionalização por convênio com o Banco do Brasil. No total, serão utilizados R$ 35,5 milhões para executar o programa entre os anos de 2015 e 2019. Infraestrutura escolar Com mais de R$ 135.500.00,00 investidos, a Seduc já concluiu 188 obras das 324 que estavam em andamento. Essas obras foram construção de novas escolas técnicas e profissionalizantes, ampliação de polos da Universidade Aberta (UAB), construção e reforma de quadras poliesportivas, além de obras estruturantes voltadas à parte elétrica, hidráulica, instalação de caixas d'água, recuperação de telhado, de muros, recuperação de lajes e demais serviços de engenharia. O gerente de engenharia da Seduc, Alex Fabiano, ressalta o trabalho da Seduc na execução de obras com recursos próprios. " É com muito esforço que a Seduc realiza grandes investimentos por todo o Estado com recursos do tesouro estadual. São obras que mudam a realidade dos alunos e garantem um ambiente adequado aos estudos" , afirmou. Fazendo mais investimentos na infraestrutura escolar, a Seduc dá prosseguimento a 136 obras, dentre elas a construção de novas unidades de ensino, reforma e ampliação de vários centros educacionais, construção de quadras poliesportivas cobertas e equipadas com vestiários e melhorias na parte externa e interna das escolas. Dentre as obras estaduais em educação realizadas neste segundo semestre estão as que investiram mais de 2 milhões de reais em reformas de escolas na região sul do Piauí. Com recursos próprios, a Seduc melhorou a infraestrutura das escolas da rede estadual nos municípios de Jaicós e São Julião. “Nossas escolas atendem um número significativo de alunos e temos que ter esse cuidado com a melhoria das estruturas para que elas se tornem ambientes atrativos, além de podermos estimular o esporte e a cultura para evitar a evasão e a reprovação," afirmou a secretária Rejane Dias.

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CURIOSIDADES

Piauí Pitoresco PALÁCIO DE GOVERNO Dos prédios governamentais do Piauí – em Oeiras foram pelo menos três, e os dois de Teresina, somente o Palácio de Karnak teve sua arquitetura alterada. Zacarias de Gois mandou construir um novo prédio, que foi deixado de lado por Manuel de Sousa Martins, o Visconde da Parnaíba, que fez de sua residência o palácio. Em Teresina, Saraiva no pouco tempo em que por aqui permaneceu, governou em espaço oferecido por Manuel Domingos, até que a presidência da província alugou, em 1959, o casarão recém construído pela viúva do rico fazendeiro Jacob Manoel D'almeida, Dona Lina Clara de Castelo Branco, casa esta que posteriormente foi comprado por parte do governo de uma das herdeiras do casal. O casarão depois de servir de sede governamental, entre 1859 e 1923, abrigou o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, e desde 1980 é o endereço do Museu do Piauí. O Palácio de Karnak, que passou a sede do governo estadual na gestão de Matias Olímpio, em 1926, mas foi “adquirido” pelo governo na gestão anterior, de João Luis Ferreira. Assim ocorreu a história: Dona Elvira Freire, esposa do ex-governador Antonino Freire, e irmã do também ex-governador Eurípedes de Aguiar, residia em frente ao Karnak, que depois de ter sido uma escola (Instituto Karnak), quando pertencia a Gabriel Ferreira, pai de João Luis Ferreira, foi adquirido pelo Barão de Castelo Branco, que ali residia (Solar de Karnak). Certa vez, em trânsito pela rua, foi abordado por Dona Elvira, que sondou o Barão sobre a possibilidade de vender o imóvel para o governo, que instalaria no local sua sede administrativa. Por sua vez, foi Dona Elvira conversar com João Luis Ferreira, sugerindo a compra da propriedade do Barão, em vista de a mesma haver pertencido ao seu pai e ser aquele o local ideal para alojar a administração pública. João Luis concordou. Restava esperar a resposta do Barão, que dias depois manifestou o interesse em vender a área por cem contos de réis. O negócio foi feito no último ano da gestão de João Luis, mas somente no ano seguinte, quando já era governador o Dr. Matias Olímpio, foi que o Barão de Castelo Branco recebeu o pagamento, e o espaço passou a ser denominado de Palácio de Karnak. O Palácio de Karnak foi sede do governo e residencial oficial do governador, desde Matias Olímpio (1926) até Petrônio Portela (1963/1966). No início dos anos 70, na primeira gestão de Alberto Silva, o Karnak sofreu profundas alterações arquitetônicas, como jardins projetados pelo célebre paisagista Roberto Burle Marx, e reformas coordenadas pelos arquitetos Acácio Gil Borsoi e Janete Costa, transformando-o em um dos mais belos cartões postais do Estado. 33

Acima, o primeiro Palácio do Governo, na Praça Marechal Deodoro, hoje abrigando o Museu do Piauí

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Embaixo, o Palácio atual do Governo, na Av. Antonino Freire, reformado e belo.


PODER LEGISLATIVO Na Província do Piauí, o Conselho de Governo foi instalado a 16 de agosto de 1825 e funcionou até o ano de 1835, quando foi instalada a Assembleia Provincial, que teve entre seus primeiros membros Manoel de Sousa Martins, presidente; Marcos de Araújo Costa, vicepresidente; e como conselheiros Inácio de Araújo Costa, João Nepomuceno Castelo Branco, José Inácio Madeira de Jesus, Joaquim Santana Ferreira e Raimundo de Sousa Martins. No segundo Reinado, foi promulgada a Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834, que criou as assembleias legislativas províncias. A piauiense, foi instalada em Oeiras, então Capital da Província, no dia 04 de maio de 1835. Posteriormente, com a mudança da capital para Teresina, mudou-se também a Assembleia. Cinco dias após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foram dissolvidas as assembleias provinciais, através de decreto, dando autonomia às administrações estaduais para decidir assuntos relacionados a finanças, segurança pública, desapropriações, serviços públicos, divisão civil, judiciária, eclesiástica, dentre outros. Em 03 de março de 1891 foram realizadas eleições para deputados à Câmara Legislativa do Piauí, com poderes para elaboração da primeira constituição republicana do Piauí, o que ocorreu entre 30 de abril e 27 de maio de 1891, sendo a primeira constituição do Estado do Piauí promulgada pela câmara constituinte naquele mesmo ano, e vigorando por um ano. Os 28 deputados responsáveis pela elaboração da constituição for Os deputados que participaram como constituintes em 1891 foram: Simplício de Sousa Mendes, presidente; José Pereira Nunes, vice-presidente; Antônio Vasconcelos de Meneses, Raimundo Antônio de Farias, Gervásio de Brito Passos, Manoel José Cardoso, Franklin Gomes Veras, Bertolino Alves e Rocha Filho, Helvídio Clementino de Sousa Martins, Teodoro José da Silva e Sousa Boavista, Benedito Canário Porto, José Martins Teixeira, Numa Pompílio Lustosa Nogueira, Florentino José Cardoso, Manoel Raimundo da Paz, José Ribeiro Gonçalves, Antônio de Hollanda Costa Freire, Raimundo Antônio Lopes, Raimundo de Carvalho Palhano, Almiro Soares do Nascimento, Aristarco Clementino de Sousa Martins, Armínio Benevides de Araújo Rocha, Salustiano Hollanda Bezerra Campos, Lisandro Francisco Nogueira, Raimundo Nonato da Cunha, João de Castro Lima e Almeida, e Francisco Santana Castello Branco. Quatro anos após a promulgação da primeira, a Câmara Legislativa promulgou, no dia 13 de junho de 1892, a segunda constituição piauiense, e a 14 de outubro de 1935, a terceira constituição local, com o advento do chamado Estado Novo. No futuro, haveriam ainda as constituições de 1947, 1967 e 1989. Duas notas interessantes sobre o Legislativo estadual do Piauí: de 1947 até 1975, o vice-governador era quem presidia a Assembleia. Outra – na Assembleia Legislativa haviam, em 1947, 30 deputados e 100 funcionários para lhes assessorar. Em 2017 continua o mesmo número de deputados (30), mas o de servidores ultrapassa 5 mil.

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PODER JUDICIÁRIO A atuação do Judiciário, tal como se pode imaginar, somente veio existir no Brasil após a República (1889), e com a Constituição de 24 de fevereiro de 1891, que instituiu a Justiça nos planos federal e estadual, abrindo assim aos estados a possibilidade da organização do judiciário estadual. Pela primeira Assembleia Constituinte do Piauí, votada em 17 de maio de 1891, foram criados os juízes distritais, os juízes de direito, o júri e o Tribunal de Justiça, que seria composto por cinco membros, mais um procurador-geral e um secretário. Dessa forma, decreto do então governador Gabriel Luís Ferreira fixou o dia 1º de outubro para a instalação solene do Tribunal de Justiça, para o qual foram nomeados os desembargadores Álvaro de Assis Osório Mendes, que mais tarde seria governador do Estado; Helvídio Clementino de Aguiar, que viria a ser sogro de dois governadores (Antonino Freire e Joca Pires), e pai de outro (Eurípedes de Aguiar); João Gabriel Baptista, Augusto Collin da Silva Rios e Polidoro César Burlamaqui. O procurador-geral foi o juiz de Direito Joaquim Ribeiro Gonçalves, e o secretário Jeremias José da Silva Melo. Foi ainda Helvídio de Aguair o primeiro presidente do Tribunal de Justiça do Piauí. Na sua história, que alcança em 2017 126 anos desde sua criação, o TJ teve/tem 45 presidentes, dentre seus 103 componentes. Dois destes tiram mandatos consecutivos superiores a dez anos – Adalberto Correia Lima (15 anos), e Edgar Nogueira (13 anos). Um dos fatos mais marcantes da história do Tribunal de Justiça do Piauí se deu no período governamental de Leônidas Melo (1935-1945), quando este, para garantir a investidura do irmão, Eurípedes de Castro Melo, no cargo de desembargador, aposentou “na marra” os três desembargadores que se opunham à indicação: Arimathéa Tito, Esmaragdo de Freitas e Simplício Mendes. Com relação a endereços, o TJ-PI teve somente três: o primeiro, onde hoje está o Luxor Hotel, ao lado da Igreja de N. Sra. do Amparo, até 30 de setembro de 1926; o segundo, no prédio que era o Palácio do Governo, e onde hoje funciona o Museu do Piauí; e o atual, desde o dia 13 de março de 1975.

Primeira sede do Tribunal de Justiça do Piauí. A edificação estava situada onde hoje existe o Luxor Hotel, ao lado da Igreja de N Sra do Amparo

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INFRAESTRUTURA

INFRAESTRUTURA E lentamente se faz o Estado Sem uma estrutura financeira que lhe permitisse qualquer agilidade, os primeiros passos no sentido da modernidade no Piauí, dentre os serviços públicos tradicionais, foram, depois da Educação, o abastecimento dágua e a energia elétrica. Ambos, ou melhor, os três, têm em comum a participação do engenheiro civil Antonino Freire – a água, quando era diretor de Obras, enquanto a Escola Normal, passo maior no sentido da eficiência do processo educacional, e a energia elétrica quando era ele o governador do Estado. Abastecimento Dágua

Energia Elétrica

Barragem de Boa Esperança

Depois do fracasso nas diversas tentativas de se conceder à iniciativa privada o privilégio na exploração do serviço de oferta de água encanada à população, por absoluta falta de recursos para bancar as obras, estas começaram na gestão de Arlindo Nogueira, em 1903, e foram concluídas na administração de Álvaro Mendes, sendo inaugurado o serviço no dia 1º de maio de 1906. Conforme Mons. Chaves, “Antonino, sozinho, fez os estudos, traçou esquemas, levantou a planta de Teresina, calculou tudo e apresentou um projeto neste sentido ao governador... Para não encarecer a mão-de-obra, o próprio Antonino prontificou-se a dirigir os trabalhos, sem ônus para o Estado... (e) desdobrou-se numa atividade verdadeiramente espantosa para dar conta daquele trabalho em tempo recorde. Varava pelas noites, e algumas vezes o sol do dia seguinte ia surpreendê-lo dentro das valas, trabalhando com os operários como se fora simplesmente um deles. Quando chegaram as máquinas, para montá-las seria preciso gastar mais dinheiro contratando um especialista montador, que viria de outra terra. Para que o Estado não gastasse aquele dinheiro, Antonino estudou os esquemas e ele próprio montou as máquinas”.

Teresina, Capital, só viu suas ruas iluminadas em 1882, através de oitenta lampiões a querosene, colocados em postes de madeira. Quando o Século XIX apagava suas luzes, o número de lampiões subiu a 116, e para 140 em 1901. No último ano do Governo Antonino Freire, 1912, o serviço de iluminação elétrica de Teresina foi iniciado, mediante empréstimo de 150 contos de réis com o financista José de Lobão Portelada. A usina de geração de energia foi montada pelo engenheiro a l e m ã o R u d o l p h B e c k e r, d e Hannover, a quem se atribui a responsabilidade pelo projeto, plantas, construção e administração da obra, auxiliado pelo também alemão Michael Zagh, montadorchefe das máquinas, e mais Victor Roland e José Cunha, que fizeram a montagem elétrica externa, sendo o piauiense Santídio Monteiro responsável pela montagem elétrica interna. Posteriormente transformado em diretor da usina. A primeira experiência do serviço de luz elétrica público se deu na noite de um domingo, 10 de maio de 1914, já no Governo Miguel Rosa, quando foi inaugurada a iluminação da Praça Rio Branco, que também ganhava novos e imponentes jardins.

Desde 1957 o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-DNOCS realizou estudos e definiu, o eixo para implantação da barragem de Boa Esperança. Em 1963 foi criada a Companhia Hidroelétrica da Boa Esperança-Cohebe, para construir e operar a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, entrando em operação, em 1965, a primeira unidade geradora. Em 1970 a usina já supria o mercado de energia elétrica do Nordeste Ocidental, representados pelos estados do Maranhão e Piauí. Em 1974 a Cohebe foi incorporada pela Chesf, e conseqüentemente a Usina e o sistema de transmissão passaram a ser operados e mantidos em conjunto com as demais instalações da Chesf. A capacidade da Usina de Boa Esperança é de 235.300 KW, divididos entre quatro unidades geradoras, acionadas por turbinas Francis. No sítio da Usina está implantada uma Subestação de 500 KV, principal ponto de interligação do sistema elétrico Norte/Nordeste. O lago formado pelo represamento do Rio Parnaíba tem capacidade de armazenamento de 5 bilhões de metros cúbicos de água, sendo superior a 300 metros a sua profundidade. A Prefeitura de Guadalupe construiu numa das margens do lago um bonito balneário.

Rodoviária O Terminal Rodoviário de Teresina foi construído na gestão do governador Lucídio Portela, e leva seu nome. Foi inaugurado no último ano de sua gestão e 1983, dotando a capital piauiense de uma estrutura à altura de sua importância enquanto capital do estado, substituindo o antigo termina da Lucaia, que atualmente serve de sede para a Strans - Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito. O antigo terminal localizado na Lucaia, substituía o improvisado ponto onde as pessoas costumavam tomar condução para o interior piauiense ou para outros estados, e situava-se na Praça Saraiva, com uma frente para a Rua Olavo Bilac, fundos da Igreja de N Sra das Dores, e outra para a atual Av. José dos Santos e Silva, bem próximo da antiga oficina do “Zezim Machão”. 35

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COM INFORMAÇÕES DA CHESF www.chesf.gov.br


Aeroporto de Teresina

O Porto de Luís Correia Luta que vence mais de 100 anos, a ideia do Porto marítimo de Luís Correia é, certamente, a obra mais reclamada pelos piauienses, que deixa uma marca lamentável: o Piauí é o único estado do Brasil que tem mar, mas não tem porto. Estudos técnicos confiáveis indicam a pouca profundidade marítima como causa da inviabilidade da obra. Enquanto outros defendem a interferência dos recursos da engenharia como forma de vencer esta dificuldade, que é real. Mas permanece a situação. Muito dinheiro já foi investido – fala-se em mais de R$ 390 milhões - , enquanto a conclusão está orçada em... R$ 390 milhões. Enquanto não há solução aparente quanto ao porto, o governo do estado tem se dedicado à implantação, no Litoral, de uma ZPE - Zona de Processamento de Exportação (ZPE), área de livre comércio onde as empresas com produção voltada para o mercado internacional receberão incentivos tributários, cambiais e administrativos para exportar, só que através dos portos de Pecém, no Ceará, que fica 471 Km, ou de Itaqui em São Luís, a 434 Km.

Acima, o estado em que se encontra a estrutura do Porto. Abaixo, a área da ZPE de Parnaíba.

Obra autorizada e construída em sua maior parte pelo então presidente Jânio Quadros, o Aeroporto de Teresina, depois denominado Aeroporto Petrônio Portela, foi o grande passo para pousos e decolagem de grandes aeronaves no Piauí. Foi inaugurado em 30 de setembro de 1967 pelo governador Helvídio Nunes de Barros, tendo completado, em 2017, 50 anos de operacionalização. Antes deste aeroporto, na capital os hidroaviões pousavam na coroa do Rio Parnaíba. No interior do Estado, há notícia de uma escala em Parnaíba, em 1929, da linha Nova Iorque-Buenos Aires, onde o hidroavião faria pouso no Rio Igaraçu. Posteriormente, em Floriano, também há notícias de que um hidroavião JU 52 fazia linha regular, ligando Floriano a Parnaíba. O Aeroporto Internacional de Parnaíba João Silva Filho completa, neste dia 19 de outubro de 2017, 46 anos de operacionalização, inaugurado que foi em 1971.

Aeroporto de Parnaíba

COMUNICAÇÃO NO PIAUÍ A inauguração da primeira linha telegráfica ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1852, mas somente viria a se expandir Brasil afora a partir de 1970. Das vinte províncias em que se dividia o Império, treze já haviam recebido a rede telegráfica em 1879. No Piauí, onde o telégrafo foi o primeiro meio de comunicação com o mundo, ele só foi implantado em 5 de novembro de 1884, ligando o Piauí ao Maranhão, e em seguida expandido para o Ceará e as demais províncias. Após o Telégrafo foi a vez de Teresina ganhar o telefone. Implantado no Brasil em 1879, três anos após sua invenção, o telefone chegou ao Piauí, a partir de Teresina, em 1907, trazido pelo comerciante e industrial piauiense João Maria Broxado, o Joca Broxado. Inicialmente, foram apenas 36

18 aparelhos servindo a repartições públicas e casas comerciais. Raríssimas residências eram dotadas da novidade. A primeira ligação telefônica foi feita entre Joca Broxado e o governador Álvaro Mendes, na manhã do dia 13 de junho de 1907. Ficava a sede da empresa onde até poucos anos atrás funcionou a Câmara Municipal (confluência das ruas Barroso e Eliseu Martins), e sua clientela foi lenta na aquisição da novidade, pois até 1911 somente 57 aparelhos haviam sido instalados. Depois de Teresina quem teve instalada linha telefônica foi Parnaíba, em 1938, quando o serviço chegou pelas mãos da Sociedade Ericsson do Brasil, dispondo de 200 telefones e média de 4000 chamadas diárias.

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ACESSOS

O PIAUÍ E OS OUTROS ESTADOS Eram por demais penosas as viagens de qualquer parte do Piauí para outros estados, notadamente para aqueles do Sul brasileiro. O acesso mais fácil era pelo Maranhão, para onde se ia de cavalo até Caxias, e de lá à capital maranhense pelo Rio Itapecuru ou pela linha de trem, inaugurada no início do Século XX.

Linha férrea de São Luis a Teresina O trecho de linha férrea ligando Timon, então denominado Cajazeiras, a Caxias, foi a primeira estrada de ferro de caráter estratégico para a economia maranhense, inaugurada em 1895. Chegar às margens do Rio Parnaíba, em frente a Teresina, mas a ligação completa entre São Luís e Teresina somente ocorreu em 1940, quando foi inauguração a ponte metálica João Luiz Ferreira, com 270 metros de extensão sobre o Rio Parnaíba. As viagens de São Luís a Teresina aconteciam às segundas, quartas e sextas, e de Teresina para São Luís às terças, quintas e sábados. A partir do ano de 1957, o trecho São Luís-Teresina integrou a Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA, que em 1965 foi incorporada à Estrada de Ferro Central do Piauí (veja abaixo). Privatizada na década de 1990, a via foi adquirida pela Companhia Ferroviária do Nordeste, ficando inutilizada até o início dos anos 2000, fazendo parte hoje da Transnordestina Logística, no transporte de combustíveis. Embora tendo à disposição a malha rodoviária, até o início de 1991 o trem transportou passageiros entre o Maranhão e o Piauí. No formato atual mede 472 quilômetros.

PIAUÍ EM DADOS ÁREA

251,5 MIL Km2

16,18% do Nordeste

2,95% do Brasil

LIMITES Oceano Atlântico Maranhão Ceará Bahia Pernambuco Tocantins PIB R$ 37,7 bilhões (2014)

Renda per capita R$ 11.808,00 (2014)

PRIMEIROS MUNICÍPIOS DO PIAUÍ POR ANO DE CRIAÇÃO Oeiras

1717

Piracuruca

1832

Parnaguá

1762

Jaicós

1834

Jerumenha

1762

Barras

Campo Maior

1762

Parnaíba

EVOLUÇÃO HISTÓRICA QUANTO AO NÚMEROS DE MUNICÍPIOS

1778

07

1970

114

1842

1852

12

1990

118

São Raimundo Nonato

1851

1900

34

2000

221

1762

Teresina

1852

Marvão (Castelo)

1762

União

1854

1940

47

2010

224

Valença

1762

Pedro II

1855

1960

71

2017

224

37

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Estrada de Ferro Central do Piauí Criada no início do século XX, inicialmente ligando a Vila de Amarração (Luís Correia) a Piracur uca. Posteriormente foi interligada a Piripiri e Altos, chegando a Teresina. A grande ideia era escoar produtos até o almejado porto marítimo de Luís Correa, que nunca se concretizou. Devido ao seu pouco uso, foi desativada na década de 90 do século anterior. O que explica a inexistência de linha férrea no sentido do Sul piauiense. Quando funcionou, serviu às cidades de Teresina, Altos, Campo Maior, Cocal de Telha, Capitão de Campos, Piripiri, Piracuruca, Brasileira, Cocal, Buriti dos Lopes, Parnaíba e Luís Correia, integrando o sistema da Rede Ferroviária Federal S/A, estatal.

Estação Ferroviária de Parnaíba/PI

Ponte Metálica Enfim denominada Ponte João Luiz Ferreira, em homenagem ao governador piauiense em cujo governo a obra foi iniciada. João Luiz era engenheiro, trabalhou na Inspetoria Federal de Estradas de Ferro, e foi diretor da Estrada de Ferro São LuísTeresina. Foi ele que definiu o local da construção, fiscalizou a execução do projeto da ponte e trabalhou por sua concretização. Já não estava mais vivo no momento da inauguração, no dia 2 de dezembro de 1939. Projetada pelo engenheiro alemão Germano Franz, a estrutura consumiu 702 toneladas de ferro na sua construção e demorou 17 anos para ser concluída. Foi a primeira ponte construída sobre o Rio Parnaíba.

Rodovias

Com exceção da estrada ligando Floriano a Bom Jesus, inaugurada em 1932, com 400 km, construída numa parceria do comerciante Cristino Castro e o governo estadual, no Piauí, somente nos primeiros 50 anos do Século XX foram abertas estradas no formato que se aceita hoje. E todas carroçáveis, pois asfalto só nos anos 70, a exemplo da Rodovia PI-4, também denominada “Transpiauí”, ligando o Piauí a Brasília.

SITUAÇÃO HABITACIONAL DOS PRIMEIROS MUNICÍPIOS DO PIAUÍ POSIÇÃO EM Nº HAB*

MUNICÍPIOS

POP. ATUAL

Oeiras

35.640

13º

Parnaguá

10.276

56º

Jerumenha Campo Maior Parnaíba Marvão (Castelo) Valença

4.390

172º

45.177

145.705

18.336

29º

20.326 *Posição dentre os municípios piauiense

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25º Dados do IBGE/Censo 2010

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POPULAÇÃO/ANO E NÚMERO DE HABITANTES

1776

26.400

1800

51.721

1854

152 mil

1872

202 mil

1890

267 mil

1900

334 mil

1920

609 mil

1940

817 mil

1950

1.045.000

1960

1.242.000

1970

1.680.000

1980

2.139.000

2000

2.843.000

2010

3.118.000

2017

3.220.000* *PROJEÇÃO


CURIOSIDADES

Piauí Pitoresco OS FINANCISTAS O primeiro serviço bancário do Piauí f u n c i o n o u e m Pa r n a í b a , a t r a v é s d e agenciamento dos irmãos Jacob. Logo depois, a 14 de janeiro de 1917, a mesma Parnaíba recebeu a primeira agência bancária do Piauí, do Banco do Brasil, que abria a 23ª agência do país. Em Teresina, o Banco do Brasil só foi instalado em 1921. Somente em 21 de janeiro de 1927 foram iniciadas as atividades Banco Agrícola do Piauí, mais tarde denominado Banco do Estado do Piauí, o velho BEP. Em Teresina, haviam os financistas, gente endinheirada por conta de atividades comerciais que emprestavam principalmente ao governo parte do seu dinheiro. Destacam-se os nomes de Antônio Gonçalves Portelada, José de Lobão Portelada, e os irmãos Firmino, José João, Leocádio e João da Cruz Santos (futuro Barão de Uruçuí). As mulheres também tinham forte atuação neste negócio, sendo citadas Maria Germana da Cruz Santos, irmão do Barão de Uruçuí, que financiou parte considerável da implantação do serviço de abastecimento d'água de Teresina; Maria José Mendes da Silva, e dona Lili Lopes, proprietária da Botica do Povo.

O PRIMEIRO PRESIDENTE NO PIAUÍ O primeiro presidente da República a visitar o Piauí, embora ainda não estivesse empossado, foi Afonso Pena, ocorrendo a visita em 14 de julho de 1906. Chegou num sábado, por volta das 10h da manhã, hospedando-se posteriormente na residência conhecida como Chácara Lavinópolis, do comerciante Antonio Collet da Fonseca, a melhor da cidade, onde à noite lhe foi oferecido lauto banquete. A residência estava localizada na Avenida Frei Serafim, onde tempos depois passou a funcionar um posto de combustíveis. A demora de Afonso Pena no Piauí se estendeu até a tarde do dia seguinte, domingo, quando às 17h atravessou o Parnaíba, tomando o rumo de São Luís. O grande resultado desta viagem foi o início da ampliação das estradas de ferro no Norte/Nordeste brasileiros. O curioso é que Afonso Pena faleceu em junho de1909, e seu vice, Nilo Peçanha, concluiu o mandato. A mesma coisa se deu no Piauí, onde o governador Anísio de Abreu faleceu em dezembro do mesmo ano, com o vice, Antonino Freire concluindo o mandato.

PIAUÍ INDUSTRIAL As charqueadas foram as primeiras manifestações industriais do Piauí. Há quem diga que o estado foi o precursor do processo de conservação de carne bovina no Brasil, sendo ainda o Piauí o maior criador de gado brasileiro, até os primeiros anos do Século XIX. Parnaíba foi o grande centro produtor de charque/criador de gado, em torno de 1770, ano aliás de grande seca. Destacavam-se os pecuaristas/exportadores João Paulo Diniz, Domingos Dias da Silva e seu filho e sucessor, Simplício Dias da Silva. Os números históricos indicam o abate, em média e por volta de 1871, de 40 mil reses em suas charqueadas, com exportação de 30 toneladas de couro 4 toneladas de sola. Depois da charqueada, a atividade gráfica foi a manifestação industrial seguinte, iniciada em Oeiras, em 1824, pelo Monsenhor Antônio Fernandes da Silveira, natural de Sergipe. No seu equipamento foi impresso o primeiro jornal piauiense – O Piauiense, em 15 de agosto de 1832. Pelo Século XX, e no fechamento do século anterior, há notícias de que no Piauí existiram indústrias de charutos, fiação de tecidos, curtume, sal refinado, biscoitos, cerveja, gelo, bebidas gasosas, óleos vegetais e sabão, dentre outros, algumas delas ainda atuantes, inclusive pelas diversas cidades interioranas.

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ARTIGO 1

Piauí, rio abaixo e rio arriba Que é o Piauí? O Piauí é uma entidade histórica elaborada em fluxos de vida cultural-social no tempo que não para. A expressão vocabular que o nomeia – piauí – diz de sua origem no tempo, desentranhado dos povos tupi da selva, quando as vagas opressivas coloniais lusas, a ferro, e fogo, surrupiavam-lhe a natureza terreal de que eram filhos. O que virá depois, o que acontecerá no tempo seguinte, não será mais que o real e a realidade dessas porfias antecipadoras. No grande palco da história humana, o rio que hoje chamamos de Parnaíba, e os veios de sua teia de afluentes, recepcionam frações da tribo terrena, que se nutrem de uma flora dadivosa e de fauna entre piscosa, melífera e avoante. Há equilíbrio nas consumações, pois o vivente ancestral come para viver, e vergasta a flora apenas quando urge a busca de sua proteção. O invasor colonial é o exato contrário disso: devassa o vale parno-punarenho, encharcando-lhe de sangue vivo, fazendo do corpo humano mercadoria e das campinas nativas o triunfo do criatório gadeiro. Gado para os talhos e bolandeiras das cidadelas litorâneas e para ganhos e arreganhos dos feitores mercantis. A primeira riqueza que os sertões do Piauí deu ao dominador que a buscava, com avidez, foi o próprio corpo dos nativos para o mercado interno colonial da escravaria; logo viriam o gado de muita espécie e as próprias especiarias de fáceis extrações. Desse entre e sai de gente transitando o extenso vale parnaibano, cruzando culturas, terçando armas e bactérias, falo-deflorando e fundindo etnias; de seu labor, força e engenho, de sua espada fumegando de sangue quente, de tudo isso, molda-se o Piauí, corpo socialmente formado por essa espécie de guerra de mundos. Tratase de contexto indutor do estabelecimento de um aparato de ordem para organizar, sertão a dentro, a experiência de exploração econômica pelas várzeas e chapadas do grande vale. A atividade econômica em franca implantação conduz à constituição do referido aparato, primeiramente encaminhando o enquadramento e parcelamento da terra sob a forma de sesmarias, para uso de um patronato-fazendeiro privado que, erga omnes, antes de outro qualquer marco de jurisdição comunal-local, empodera-se na titularidade fundiária das terras frescas e águas vertentes. Não tardará a chegada do aparato ordenador – expressão de governo –, a mão literalmente regedora de tudo, pois do rei de longe emanavam as leis que submetiam a vida de todos. Com efeito, nessa dimensão, o Estado português chega, pela vontade pastoral do bispo, paroquializando a vida social, quando se intensificam as disputas pelas referidas terras, águas e pastos; sesmeiros já estão em guerra aberta entre si e contra eles se movem as frações humanas que vão sendo despojadas de espaços vitais para seguir vivendo. Organizada a primeira paróquia, com sua matriz erguida no coração da ribeira do Canindé (1697), foi logo esta última derrubada pela fúria do potentado fundiário. Todavia, valeu mais forte a vontade do bispo em favor de sua freguesia, que a caneta tinteira do governador litorâneo que concedia as chancelas sesmeiras a fidalgos da gadaria. Do aguçamento desse conflito pelo controle da terra, também logo seriam implantadas as repartições fiscais e judicantes (1702) para haver os tributos de el rei. E logo o triunfo da vida política local (1712), significada na constituição da primeira municipalidade, a vila-município da Mocha. Em 1718, os levantes de despojados da terra se generalizados por todo o vale rio-parnaibano, uma guerra quente sangrando os sertões, surge o Piauí em sua forma jurídica – uma capitania – no concerto organizacional do vasto e intercontinental Império português. A obra jurídico-política estava dada; precisava assentar-se em bases firmes. Padres, nativos resistentes,

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Fonseca Neto¨*

sesmeiros, vaqueiros, posseiros insones, arrendatários, continuaram instabilizando a fronteira entre os Estados do Brasil e do Maranhão. Chegada a sexta década do século XVIII, já levantada a cartografia do grande e diversificado vale, e redividido o município da Mocha em sete municipalidades, além da posse do primeiro governador, o Piauí alcança o nível de organização social e política para avançar ao futuro, perlustrando os séculos. Tem um território com diversidade para a ação econômica, e tem um quadro administrativo, mas, capitania proeminentemente articulada ao nível dos sertões, as capitanias ancoradas nas velhas feitorias litorâneas – BA, MA, PE, por exemplo – levam vantagem relativa sobre ela, pois, em geral, todas se inserem e se movem mais diretamente na dinâmica da colonização mercantil que a tudo governa. Lançando as vistas sobre os elementos formadores do Piauí numa perspectiva multissecular, vislumbradas as linhas longas do seu processo constituidor, logo há que se notar a implantação no vale parnaibano de uma estrutura de pura engenharia socialprodutiva fundada em sesmarias, capelas e currais, estes com evidentes limites para maior expansão, num contexto de economia colonial-mercantil voltada para a banda exterior do sistema maior. Maior, aliás, porque organizado e dinamizado pela intensa traficância lucrativa de corpos humanos para a escravidão, a economia açucareira, pedras e metais preciosos, além de agricultura em escala expressiva. Noutra dimensão e foco, o Piauí é organizado para modelar uma atividade econômica que, no máximo - quando se pensa no gado, sua maior expressão de riqueza –, conseguirá fluxos virtuosos de comércio no interior colonial, quando as cidades litorâneas mais prósperas demandam por comida/proteína animal e o que mais deriva da rês, tal o couro, chifres, ossos. Durante algum tempo, produzirá e exportará algodão em pluma, extrairá e venderá látex borrachoso, cera de palha de carnaúba; até venderá coco babaçu. Nunca deixou de ter fluxos comerciais – mais importando que exportando –, pelos caminhos boiadeiros, pela hidro navegação, ferrovias, rodagens, rotas aéreas. As culturas agrícolas e uma certa modalidade de extrativismo, lastreiam a vida social, material e cultural do Piauí em séculos. Ter sido modelado como entidade política em todo o tempo de sua configuração, desde que foi mero sítio de exploração colonial, ora como “capitania”, ora como “província”, agora como “estado”, nada disso alterou, ou altera, suas embasantes históricas, que explicam sua condição de atraso, ou os avanços que alcançou. Abate a consideração de muitos a percepção de que o Piauí seria atavicamente fadado ao atraso, como se isso fosse uma predestinação, uma condenação. Outros se animam com narrativas que sugerem que tudo floriria de um dia para outro, dadas algumas condicionalidades que ninguém – porque não parecem existir – ousa qualificar. São considerações extremadas: o Piauí é um corpo em fluxos deslizando sobre a face líquida da história que seus filhos-mundo elaboram. Não há predestinação; há um presente desafiador entregue ao discernimento coletivo, que, quando quiser, alterará os rumos a seguir.

(*) ANTONIO FONSECA DOS SANTOS NETO. Professor Da UFPI. Advogado. Membro Titular da Cadeira 1 da Academia Piauiense de Letras, e também membro titular da Academia de Letras, História e Ecologia de Pastos Bons (Cadeira 11). Titular da Cadeira 52 da Academia de Ciências do Piauí. É atualmente o presidente do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense (e nessa condição sócio adido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Também sócio honorário do Instituo Histórico de Oeiras, PI, pela titularidade da Medalha Visconde da Parnaíba, e da Academia Caxiense de Letras.

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ARTIGO 2

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