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quarta-feira 28 de setembro de 2011
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EDITORIAL
HORA
DECIDIR
Caro torcedor, Esta noite Belém recebe a decisão do Superclássico das Américas, competição que revive uma das maiores rivalidades do mundo do futebol: Brasil e Argentina. Para acompanhá-lo nesta partida produzimos a revista Preliminar Superclássico. Já estamos presentes nos jogos da Seleção Brasileira realizados em território nacional, e hoje, fazemos parte da competição que durante os próximos oito anos fará parte do calendário internacional do futebol. Nesta edição você poderá conferir uma entrevista exclusiva com o atacante Neymar. Ele fala sobre sua carreira, a Seleção Brasileira e o projeto que pretende levar o Brasil ao título da Copa do Mundo de 2014. Além disso, analisamos como o Brasil vem para a partida dessa noite, assim como os argentinos se prepararam para o confronto, com uma análise tática completa de nossos rivais. Também relembramos vitórias épicas de nossa Seleção sobre os hermanos, e apresentamos o histórico da Copa Roca, competição que foi a inspiração para o Superclássico das Américas. Brasil e Argentina, países tão diferentes em diversos aspectos, mas, também unidos em várias situações. Uma dessas situações é o futebol, e Preliminar relembra os craques brasileiros que brilharam nas terras vizinhas, além dos hermanos que deixaram suas marcas nos gramados brasileiros. Em se tratando de Brasil e Argentina não poderíamos deixar de falar de Pelé e Maradona, afinal, quem foi melhor? Isso fica a seu cargo. Tenha um bom jogo e até a próxima.
Seleção vai em busca do título do Superclássico das Américas
MOWAPRESS
DE
10 - MAIS ENTROSADA
14 - REFORMULAÇÃO TOTAL Eliminação precoce da Copa América iniciou processo de renovação na Argentina
13 OS ESTRANGEIROS relembre o intercâmbio de jogadores entre brasil e argentina
28 - OS NOVATOS dez atletas foram convocados pela primeira vez para a seleção
26 - ETERNA DISCUSSÃO 30 - COPA ROCA
relembre a competição que foi a inspiração do superclássico
Preliminar a revista preliminar é produzida por stadium comunicação sob licença de klefer marketing esportivo STADIUM COMUNICAÇÃO/BANQUINHO PUBLICAÇÕES jornalista responsável: gustavo machado drt 7637/pr redação: eriksson denk, bábylla miras, bruno rolim, marcos monteiro, andré marques, matheus dias, andrea maciel, luiz gustavo vilela, fernanda foggiato, heitor humberto, nicole zancanaro, carolina chinen, amanda ludwig, luciane degraf, sofia ricciardi, vinícius salvino, líris weinhardt, isabela fantinato e daniel moraes edição: gustavo machado, gustavo ferreira e téo arruda KLEFER MARKETING ESPORTIVO diretoria: eduardo leite e sérgio campos gerente de projetos: débora de luca design: raul pereira e rodrigo prieto
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ENTREVISTA | NEYMAR
CRAQUE
EM EVIDÊNCIA
MOWAPRESS
ATACANTE DO SANTOS VIRA PRESENÇA CONSTANTE NAS CONVOCAÇÕES DE MANO Moleque atrevido, franzino e bom de bola, este é Neymar da Silva Santos Júnior. Talentoso dentro de campo e famoso fora dele, é uma das maiores estrelas do futebol brasileiro atual. Menino da Vila, revelado na mesma base que Robinho, é a principal esperança de espetáculo e gols da Seleção Brasileira. Nas categorias de base do Santos desde os 12 anos, o garoto nascido em Mogi das Cruzes só foi estrear na equipe principal em março de 2009, em partida válida pelo Campeonato Paulista. O Peixe ficaria com o vice-campeonato e Neymar seria eleito a revelação do Paulistão daquele ano. A consagração definitiva viria em 2010. Neymar conquistaria no Santos o Campeonato Paulista, marcando gols em todos os clássicos. Mais tarde, os Meninos da Vila se tornariam campeões da Copa do Brasil, em uma campanha marcada por goleadas memoráveis, como o 10 x 0 contra o Naviraiense (MS) e o 8 x 1 contra o Guarani. Com 11 gols marcados, Neymar terminaria a Copa do Brasil como artilheiro e o Santos garantiria vaga na Libertadores da América. O primeiro semestre de 2011 ainda nem terminou e Neymar já ajudou o Santos a sagrar-se bi-campeão paulista, marcando um dos gols na final contra o Corinthians. Pela Libertadores, o atacante também vem realizando ótimas partidas e o Peixe é o melhor representante brasileiro na competição internacional. Na Seleção Brasileira, o jovem craque também não tem decepcionado. Sua estreia se deu em agosto de 2010 em amistoso diante dos Estados
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Unidos. Com 18 anos na época, não se intimidou e marcou de cabeça logo em sua chegada. Sua melhor partida pela Seleção Brasileira foi contra a Escócia em 27 de março de 2011, jogo em que o marcaria dois gols. Desde então, o craque é presença constante nas convocações do treinador Mano Menezes. A revista Preliminar Superclássico conversou com Neymar antes da partida desta quartafeira. No babte-papo, o atacante falou das diferenças entre atuar pelo Santos e pela Seleção, a dolorosa eliminação da Copa América, além do projeto para conquista da Copa do Mundo de 2014 pelo Brasil.
Preliminar - A renovação da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 2010 deu prioridade aos jovens jogadores, até que ponto a pouca experiência pode prejudicar o desempenho da equipe? Neymar - Não acho que prejudica não, até porque somos jovens mas todos com conquistas na carreira.
“NÃO ME VEJO COMO UMA PEÇA FUNDAMENTAL, SOU MAIS UM DENTRO DO GRUPO. TODOS NÓS TEMOS RESPONSABILIDADES”
Preliminar - Você é considerado uma das maiores revelações do futebol brasileiro nos últimos anos, com isso, a cobrança tende a ser maior, como você lida com essa pressão? Neymar - Não vejo como pressão. É o reconhecimento do meu trabalho. É uma coisa pelo que sempre lutei. Preliminar - Existe alguma diferença entre o Neymar que atua pela Seleção e o que joga pelo Santos? Neymar - Não. Procuro sempre dar o máximo em todos os treinos e jogos.
06
gols
12
jogos
963
minutos
FICHA TÉCNICA Neymar da Silva Santos Júnior atacante
05/02/92 mogi das cruzes (sp)
clube: santos
Preliminar - Jogar ao lado de grandes estrelas, como Ronaldinho Gaúcho, é uma motivação a mais para você na Seleção? Neymar - Sem dúvida nenhuma. Ele é um dos meus ídolos.
Preliminar - A desclassificação prematura do Brasil da Copa América foi um baque para os jogadores? Neymar - Foi. Ninguém queria e não esperava sair daquela forma, mas nas derrotas a gente aprende muito. Preliminar - Como você encara ser uma peça fundamental no esquema de Mano Menezes na Seleção Brasileira? Neymar - Não me vejo como uma peça fundamental, sou mais um dentro do grupo. Todas nós temos responsabilidades. Preliminar - O grande objetivo deste ciclo da Seleção Brasileira é a conquista da Copa do Mundo Fifa de 2014, que será disputada no Brasil, como o grupo de jogadores assimila essa responsabilidade? Neymar - Já é uma grande responsabilidade defender o seu país, e ainda em casa, essa responsabilidade aumenta mais ainda. Mas todo mundo sonha em jogar uma Copa do Mundo e quem estiver no grupo, com certeza tem capacidade para enfrentar esse desafio. Preliminar - O que o torcedor pode esperar na partida contra a Argentina, em Belém? Neymar - Muita luta, muita vontade e empenho de todo o grupo. Empatamos lá e agora precisamos ganhar. Preliminar - A Seleção está voltando a atuar no Brasil com mais frequência, isso aproxima mais os jogadores da torcida? Neymar - Claro, sem dúvida. É uma ótima oportunidade de estarmos mais próximos da torcida brasileira.
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Seleção chega a Belém em busca do título do Superclássico das Américas
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estádio Mangueirão recebe na noite desta quarta-feira a decisão do Superclássico das Américas. O Brasil recebe a Argentina na partida de volta da competição, após o empate por 0 a 0 no jogo de ida, disputado em Córdoba, há duas semanas. Apesar dos atletas brasileiros se conhecerem, pois todos os convocados atuam no Brasil devido ao regulamento da competição, a falta de entrosamento foi apontada por todos como uma das maiores
dificuldades na partida na Argentina. “Foi complicado, todos sabiam que teríamos dificuldade. No amistoso no Brasil, vamos conseguir a vitória”, disse o atacante Ronaldinho Gaúcho, um dos destaques do Brasil na primeira partida. O também atacante Neymar compartilha da mesma opinião: “O nosso time criou, mas achei que faltou um pouco de afinidade, que a gente só vai adquirir com o tempo. Mas tenho certeza que vai melhorar, porque somos trabalhadores e
estamos sempre em busca disso”, disse o jogador. O treinador Mano Menezes acredita que além de mais entrosamento, a análise da primeira partida fará com que o time tenha um desempenho melhor contra os argentinos. “Na segunda partida, em Belém, certamente com o que vimos na Argentina e os ajustes que podemos fazer na equipe, teremos uma produção muito melhor”, afirmou Mano. Sobre o desempenho da Seleção
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MAIS ENTROSADA na primeira partida disputada em Córdoba, Mano disse que não é possível fazer uma análise aprofundada do desempenho da equipe, por se tratar de um time com diversos novos jogadores, e com pouco tempo de treinamento. “Não posso me decepcionar nem me empolgar demais em uma partida que você reúne jogadores novos, que pouco se conhecem e treinam apenas 45 minutos”, explicou o treinador. Com o resultado de empate na
“TENHO CERTEZA QUE NOSSO DESEMPENHO VAI MELHORAR, PORQUE SOMOS TRABALHADORES E ESTAMOS EM BUSCA DISSO” neymar, atacante
primeira partida do Superclássico das Américas, uma vitória simples garante o título do Brasil na competição. Em caso de empate, a decisão irá para a disputa de pênaltis. O troféu do torneio, desenhado pelo artista plástico uruguaio Paez Vilaró, estará em disputa pelos próximos oito anos. O próximo compromisso da Seleção Brasileira será o amistoso contra a Costa Rica, no próximo dia 7 de outubro.
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JOGO TRUNCADO Brasil e Argentina fizeram jogo com poucas emoções em Córdoba
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primeira partida do Superclássico, disputada no dia 14 de setembro, foi um jogo truncado e de muita marcação. Brasil e Argentina empataram por 0 a 0 no estádio Mário Alberto Kempes, em Córdoba. Sem gols e muita correria, em embate que nem de longe lembrou confrontos épicos entre brasileiros e argentinos. Com novo empate no jogo de hoje, a disputa será decidida nos pênaltis. Como destaque, Leandro Damião, com seu “drible lambreta” e duas bolas na trave, e Ronaldinho Gaúcho, que
exigiu uma grande defesa de Orión em cobrança de falta. Jogando em casa, a Argentina partiu para cima do Brasil logo no início e chegou a assustar em lances do inquieto Mauro Boselli. Mais organizada, a seleção alviceleste dominou as ações nos minutos iniciais. O Brasil só foi acordar em grande lance de Neymar, aos 11 minutos, que driblou dois adversários, entrou na área e cruzou para Leandro Damião, que acertou a trave mesmo com goleiro batido na jogada. A Argentina, porém, continuava
dominando as ações do meio, porém, sem objetividade. Após o intervalo, as ações passaram a se igualar. Mano Menezes e Alejandro Sabella não mudaram as formações para o segundo tempo e assistiram a um jogo truncado, de poucas triangulações, muitos erros de passe e jogadas individuais de Neymar e Ronaldinho Gaúcho, que passaram a puxar a partida pelo meio. Aos 10, Gigliotti se atrapalhou com a bola e perdeu uma ótima oportunidade de incomodar Jefferson, pouco exigido. Cansados, Neymar e
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facebook.com/preliminar reveja os melhores momentos do jogo em nossa página no facebook
dureza jogadoresdo brasil tiveram dificuldades para furar o bloqueio argentino
POUCAS CHANCES, MUITA MARCAÇÃO E A BELA JOGADA DE LEANDRO DAMIÃO FORAM AS MARCAS DO PRIMEIRO JOGO DO SUPERCLÁSSICO DAS AMÉRICAS
Ronaldinho caíram de produção. Aos 31, porém, o lance de grande emoção da partida. Leandro Damião se deslocou para a lateral direita e aplicou uma bela “lambreta”, ou “carretilha”, no baixinho Papa e em tentativa de cruzamento acertou a trave direita de Orión, arrancando aplausos até da torcida adversária. O Brasil acordou e quase no fim do jogo o mesmo goleiro efetuou uma bela defesa em uma cobrança quase perfeita de Ronaldinho Gaúcho. Era tarde. A partida terminou como começou: morna e sem gols.
0x 0 superclássico das américas 2011 primeiro jogo local estádio mário kemps córdoba - argentina arbitragem enrique osseas zencovich (chile) patrício bassualto vargas (chile) carlos astroza cárdenas (chile)
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REFORMULAÇÃO
TOTAL Eliminação precoce da Copa América iniciou processo de renovação na Argentina
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Seleção Argentina vem sofrendo um processo de reformulação, após o fraco desempenho em casa na Copa América e a eliminação violenta do último Mundial, quando foram derrotados de forma vexatória por 4 a 0 para a Alemanha. Os hermanos demitiram Sergio Batista, que herdou algumas ideias de Maradona, e colocaram Alejandro Sabella no seu lugar. Mesmo com pouca experiência na formação de times, Sabella é um vencedor. No comando do Estudiantes, seu primeiro trabalho como técnico, levou a Copa Libertadores da
América de 2009 em cima do Cruzeiro e o Torneio Apertura de 2010. Aos 56 anos, ele também conta com quatro conquistas como jogador: tetracampeão do Campeonato Argentino (duas com o River Plate, em 75 e 77, e duas com o próprio time de La Plata, 82 e 83). Seus primeiros testes no comando da Argentina renderam bons frutos, ainda que contra seleções de pouca expressão no futebol mundial. No primeiro confronto, contra a Venezuela, na Índia, Sabella armou um 4-3-3 diferente dos montados por Batista e Maradona. Ao invés do tripé de volantes
dos antecessores, o treinador optou pela criatividade no meio-campo com Lucho González e Ricky Álvarez ao lado do caçador Mascherano. Na frente, apostou em Di María e Messi abertos nas pontas e Higuaín na posição de camisa 9. A combinação funcionou com os apoios dos laterais Rojo e Zabaleta. No gol a aposta foi em Romero e na zaga no destaque portista Otamendi e no veterano Demichelis. No decorrer da partida entraram Pastore, Agüero e Sosa, mas pouco mudaram a formação pretendida. O confronto terminou com vitória alviceleste por 1 a 0, gol de Otamendi.
AFP
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acima sabella conversa com os jogadores durante treinamento
Na segunda partida, contra a Nigéria, Sabella optou por uma variação tática: do 4-3-3 para o 3-4-3. Na zaga, ao lado de Otamendi e Demichelis atuou o veterano Burdisso, da Roma. No meio, Ricky Álvarez e Lucho González deram espaço à Sosa, que formou o setor com os laterais Zabaleta e Rojo, e Mascherano. Na frente, o mesmo trio: Messi, Higuaín e Di María. Na segunda etapa entraram Agüero, Banega, Gutiérrez, Álvarez, Pastore e Fernandez. Foi uma vitória convincente, por 3 a 1, com gols de Higuaín, Di María e Aguero. Nessa partida, porém, Rojo e Zabaleta se mostraram fracos tanto na marcação
SABELLA RECEBE ELOGIOS DOS ARGENTINOS POR MONTAR UM ESQUEMA QUE HÁ MUITO TEMPO ERA ESPERADO PELOS TORCEDORES
como no apoio ao ataque, e algumas triangulações furadas começaram a preocupar. Messi, mais uma vez, jogou solto e foi decisivo. Elogiado na Argentina, Sabella vem mostrando o que muitos queriam à tempos na seleção: Messi livre e um líder em campo, como no Barcelona. No apoio, conseguiu dar gordura ao meio-campo antes travado e consistência ao ataque, com os jovens Di María, Agüero, Higuaín e Pastore. No gol, manteve a aposta em Romero, que pode ser mais que um goleiro mediano, e na zaga começou uma reformulação que só não é mais brusca por
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falta de talento. Otamendi, Demichellis e Burdisso podem se revezar, e algumas apostas da base já começam a aparecem. No meio, Sabella ainda deu poder a Mascherano e chamou alguns jovens concorrentes que podem acirrar as disputas por vaga. Após um longo hiato de títulos, a AFA entregou à seleção uma comissão técnica que se mostra comprometida por mudanças estruturais no futebol e mentalidade locais. Mesmo na base, a seleção parou de figurar entre os destaques nos mundiais sub-17 e sub-20, provando que esse trabalho é mais do que necessário para entregar um time à batuta do melhor do mundo, o mágico Lionel Messi. Agora, nos jogos contra o Brasil, a aposta é na recuperação do combalido futebol argentino, que perde
ANÁLISE
TÁTICA ARGENTINA UTILIZA BASE DO VÉLEZ SARSFIELD NO SUPERCLÁSSICO
A Argentina que vem ao Brasil para a decisão do Superclássico das Américas, com jogadores que atuam no país é uma cópia do Vélez Sarsfield — um dos grandes times da atualidade no continente. O esquema de Alejandro Sabella, porém, é cauteloso. Recém-chegado à seleção, Sabella montou um esquema seguro, que ataca pouco e vive de lampejos dos craques, da insistência dos atacantes e dos contra-ataques. A formação é o 3-5-2, com zagueiros bem postados, dois volantes marcadores, alas que não atacam muito e um meia habilidoso; na frente, atacantes rápidos que marcam a saída de bola e trocam de posição. A marcação é sob pressão, com sete jogadores postados atrás da linha que divide o gramado. No jogo de ida, Canteros e Zapata ainda se revezaram na marcação sobre Ronaldinho. A defesa é bastante sólida, com o bom Orión no gol. O jogador se destacou no Estudiantes de La Plata e atualmente é titular do Boca Juniors. Na zaga, Domínguez, do Vélez, e Desábato e German Ré, do Estudiantes, formam uma linha compacta e entrosada, que tem forte presença de área e físico para brigar com atacantes goleadores. Os jogadores, porém, pecam na saída de bola e na falta de habilidade. No meio, o retrato do Vélez. Canteros, Zapata, Fernández e Papa jogam pelo time e mostram desenvoltura na marcação e na armação de jogadas, mesmo não se adaptando muito bem ao esquema tático.
promessa atrás de promessa para o futebol europeu. A busca é por valores esquecidos e velhos conhecidos que podem ajudar na formação de uma nova consciência. Riquelme e Verón foram chamados, mas acabaram cortados por lesão. A base agora conta com um bom goleiro, o jovem Orión, com meio-campos regulares e atacantes dispostos, como Boselli, Martínez e Mouche. Há ainda uma aposta muito grande em Papa na lateral esquerda e a expectativa pela evolução de Canteros e Zapata, ambos do Vélez. Após o empate sem gols em casa, a Argentina vem ao Brasil para uma tarefa difícil. Mesmo sabendo das dificuldades, da inferioridade em talento e da troca recente de técnico, a expectativa é a longo prazo.
Pillud, do Racing, completa a formação na lateral direita. Zapata e Canteros se revezam na marcação de Neymar e Ronaldinho, com o suporte de Fernández. A surpresa positiva do lado argentino foi Canteros, que precisou contar com a saída de um companheiro do time (Somoza) e a lesão de outro (Razzotti) para entrar na equipe. No ataque, quem comanda é Boselli, que pode jogar na área ou pelos lados, onde se dá melhor. Atacante que lembra Herrera, do Botafogo, Boselli se lesionou na partida de ida e foi pouco produtivo. Seu companheiro pode ser o jovem Martínez, de 25 anos, ou Mouche, revelação do Boca Juniors.
martínez
boselli
zapata
emiliano papa
iván pillud
fernandez
canteros
domínguez
germán ré desábato
orión
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12/6/1989
BRASIL X ARGENTINA
maracanã rio de janeiro
SEM CHANCES A Argentina de Maradona não foi páreo para o Brasil
AFP
NOITE DE GOLAÇOS
copa américa
2x 0 GOLS bebeto romário
Entre os dias 1.º e 16 de julho de 1989, o Brasil organizou a Copa América pela quarta vez. Quatro cidades receberam os jogos: Goiânia, Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Após passar com dificuldades pela primeira fase da competição, com uma vitória sobre a Venezuela e dois empates, contra Peru e Chile, o Brasil iniciou a fase final da competição jogando contra a Argentina, em um jogo que entrou para a história do torneio sulamericano. Na partida, vista por 110 mil pessoas no Maracanã, o a seleção que contava com craques como Bebeto, Romário e Taffarel fez uma grande partida e dominou o time de Maradona. Na época, a geral do Maracanã ficava quase
dentro do campo e dava para sentir de perto o calor da torcida que gritava e apoiava a cada lance da Seleção. O jogo começou sob certa desconfiança, após a classificação no sufoco, e o primeiro tempo foi agitado com mais chances para o time brasileiro, que forçou para abrir o placar. Em chute de Dunga, o goleiro argentino Pumpido bateu roupa e Bebeto quase marcou no rebote. Minutos depois, em belo lançamento de Silas, Bebeto fica cara a cara com o goleiro adversário, o zagueiro corta a bola e o número 7 brasileiro vai ao chão. Mais de 100 mil vozes gritam pedindo pênalti, o juiz nada faz. O final do primeiro tempo chegou com o placar ainda fechado. A vitória e os gols viriam somente na segunda etapa, quando logo no início Branco fez bela jogada pela esquerda e cruzou para Silas. O meia colocou na área e Romário ajeitou para Bebeto que, de voleio, colocou a bola no ângulo direito do gol adversário.
A Argentina sentiu o golpe. Aos nove minutos Romário matou a partida. Mauro Galvão resolveu se arriscar na ponta esquerda, lançou Bebeto que de letra tocou a bola para Romário. O zagueiro argentino tentou cortar, mas acabou deixando o baixinho frente a frente com o goleiro. O camisa 11 deixou o arqueiro no chão e colocou a bola suavemente no fundo das redes. O placar fechou em 2 a 0. O Brasil seria campeão da Copa América em cima do Uruguai, no Maracanã. Temendo um novo “maracanazzo”, o jogo foi cheio de tensão, acabou com o placar mínimo, em gol marcado por Romário, aos 4 minutos do segundo tempo, para alegria dos 132 mil torcedores presentes no Maracanã.
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2/6/2004
BRASIL X ARGENTINA
mineirão belo horizonte
SEMPRE ELE Ronaldo marcou os três gols brasileiros na partida
AFP
JOGO FENOMENAL
eliminatórias copa 2006
3x 1 GOLS ronaldo (3)
sorín
Em noite de gala de Ronaldo, 48 mil pessoas acompanharam a partida entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Com um toque de bola rápido, ritmo cadenciado e a inspiração de Ronaldo, o Brasil fez 3 a 1 na Argentina. De pênalti, o então astro do Real Madrid, marcou os três gols da vitória sobre os hermanos. A velocidade foi a característica da noite; ambas as equipes foram em busca do ataque desde o começo da partida. A primeira chance brasileira ocorreu logo aos cinco minutos: Luis Fabiano se livrou
do marcador, mas errou o chute. A resposta argentina veio em seguida com Sorín. O ex-lateral do Cruzeiro invadiu a área, mas foi travado antes de realizar o passe para Crespo. O primeiro gol do jogo aconteceu aos 16 minutos do primeiro tempo. Ronaldo driblou o defensor argentino, e no segundo toque foi ao chão da pequena aérea. O camisa 9 converteu o primeiro pênalti do jogo, mas o árbitro da partida, Oscar Ruiz, assinalou uma invasão e mandou voltar a cobrança. Com um chute no meio do gol, o Fenômeno abriu o placar. A partir disso, os argentinos pressionaram com as bolas aéreas, e a seleção desacelerou o ritmo, e nem o entrosamento dos ex-são-paulinos Kaká e Luis Fabiano foi o suficiente. Era o fim do primeiro tempo. O segundo tempo começou sem muita criatividade. Os argentinos arriscavam chutes de meia distância
e sem muita objetividade. A Seleção ameaçou com dois tiros, que nem passaram perto da meta do goleiro Caballero. Mas explorando bem um contra-ataque, o Brasil chegou ao segundo gol. Aos 22 minutos, Ronaldo seguiu em arrancada e só foi parado pela falta de Mascherano: pênalti. Com categoria, o maior artilheiro de todas as Copas ampliou o placar. A Argentina descontou aos 34 minutos da partida com Sorín, mas o gol não apagou o brilho da noite. A noite era do Fenômeno. Embalado pelos gritos de “Olé” da torcida, o goleador sofreu mais um pênalti. Conclusão: 3 a 1 para o Brasil sobre os rivais.
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25/7/2004
BRASIL X ARGENTINA
estádio nacional lima, peru
NA RAÇA Adriano marcou o gol de empate do Brasil já nos acréscimos
AFP
EMOÇÃO ATÉ O FIM
copa américa
2x 2 (4 x 2) GOLS luisão adriano
kily gonzález delgado
As partidas entre Brasil e Argentina sempre são marcantes, mas a final da Copa América de 2004, disputada no Peru, certamente é listada como um dos jogos mais emocionantes do tradicional clássico. Como de costume, a equipe brasileira foi convocada com vários atletas que não vinham sendo titulares da Seleção, para que fossem observados visando à Copa de 2006. O resultado foi bom, o setor ofensivo do time fez sucesso e Adriano seguiu como titular até o Mundial da Alemanha. A Argentina era treinada por Marcelo “El Loco” Bielsa e também estava com uma equipe que não vinha sendo a principal do país. Os hermanos iniciaram a partida melhor
que a Seleção de Parreira. Pressionando a saída de bola do time brasileiro, os argentinos conseguiram se dar bem aos 20 minutos do primeiro tempo. Luisão cometeu pênalti em Tévez, e Kily González não perdoou: 1 a 0. Ainda na primeira etapa, o Brasil conseguiu o gol de empate. Em cobrança de falta, Alex colocou a bola na cabeça de Luisão, que balançou as redes aos 46 minutos. O segundo tempo da decisão continuou sendo favorável aos argentinos, que logo no início colocaram uma bola na trave. Tévez aproveitou a falha na defesa e quase fez o seu. Faltando três minutos para o fim do tempo regulamentar, os hermanos conseguiram voltar à frente do placar. Delgado ficou com a sobra da zaga canarinho e marcou o gol. Gastando tempo, D’Alessandro e Tévez driblavam e provocavam a equipe de Parreira. Engasgados com os dribles na linha de fundo feitos por Carlitos, o Brasil partiu com garra em busca do empate, que
chegou aos 48 minutos. Diego arrancou para o meio do campo e lançou a bola para a área. Luis Fabiano conseguiu tocar na redonda e mandá-la para o pé esquerdo de Adriano, que de virada e sem deixar a bola cair, fez um golaço. Nos pênaltis, Júlio César brilhou, e na primeira cobrança conseguiu defender o chute de D’Alessandro. Com tranqüilidade, Adriano fez o seu. Heinze complicou a vida dos hermanos depois de isolar a segunda penalidade da sua equipe. Após as cobranças bem sucedidas de Edu e Diego pelo Brasil, e Kily González e Sorín pela Argentina, a decisão ficou nos pés do zagueiro Juan, que não decepcionou e garantiu o sétimo título da Copa América ao Brasil.
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29/6/2005
BRASIL X ARGENTINA
commerzbank frankfurt
TRABALHO EM EQUIPE Kaká marcou um dos gols brasileiros sobre os argentinos
AFP
GOLEADA E TÍTULO
copa das confederações
4x 1 GOLS adriano (2) kaká ronaldinho
aimar
A final da Copa das Confederações de 2005, em Frankfurt, na Alemanha, contou com um grande espetáculo da Seleção Brasileira. A decisão foi logo contra a Argentina, que teve que presenciar a equipe brasileira esquecer o futebol irregular praticado na primeira fase e fazer uma exibição impecável. O Brasil goleou os rivais por 4 a 1, sem pena. Com um futebol leve e cheio de craques, o então treinador do Brasil, Carlos Aberto Parreira, montou uma equipe bastante ofensiva para disputar o torneio. O grupo da
Argentina que passou vexame na final da Copa das Confederações era comandado por José Pekerman. O Brasil foi para cima da Argentina desde o início da partida, e aos 11 minutos marcou seu primeiro gol. Após ótima troca de passes entre os meias, Adriano recebeu na meia-lua adversária e mandou um potente chute de canhota, abrindo placar. Cinco minutos depois foi a vez de Kaká, que em mais uma bela jogada ampliou o marcador. O primeiro tempo terminou em 2 a 0, com grande domínio da Seleção na partida. A segunda etapa também não foi diferente e, aos 2 minutos, Ronaldinho Gaúcho fez o terceiro. Cicinho correu para a linha de fundo e mandou para o meio da área. Sem deixar a bola cair, o camisa 10 chutou de primeira para estufar a rede adversária. O último gol do Brasil foi novamente
do Imperador, aos 18 do segundo tempo. Em mais um cruzamento pelo lado direito, feito por Cicinho, o atacante meteu a cabeça na bola e estufou a rede de Lux. O gol de honra dos hermanos saiu dois minutos depois, com Aimar. O meia aproveitou um cruzamento em meia altura e se jogou de cabeça na bola, fechando o placar da final. Com a vitória o Brasil sagrou-se bicampeão da Copa das Confederações, torneio considerado pela Fifa preparatório para a Copa do Mundo, e que reúne os campeões de todos os continentes, o país sede da competição e o último campeão mundial.
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15/7/2007
BRASIL X ARGENTINA
josé romero, maracaibo
ROTINA Júlio Baptista marcou um dos três gols brasileiros na final
AFP
TERCEIRA SEGUIDA
copa américa
3x 0 GOLS júlio bapstista aymar (contra) daniel alves
A última conquista do Brasil na Copa América teve o gostinho especial de vencer a Argentina na final da competição. O domingo do dia 15 de julho foi totalmente verde e amarelo em Maracaibo, Venezuela, com vitória por 3 a 0 sobre os hermanos. O Brasil era comandado por Dunga e atuava no 4-4-2, com a seguinte escalação: Doni; Gilberto, Alex, Juan e Maicon; Elano, Mineiro, Josué e Júlio Baptista; Vagner Love e Robinho. Daniel Alves, Fernando e Diego também jogaram a
decisão. O treinador da Argentina era Alfio Basile, e entrou em campo com: Abbondanzieri; Heinze, Ayala, Gabriel Milito e Zanetti; Mascherano, Cambiasso, Riquelme e Verón; Messi e Tevez. Pablo Aimar foi o único suplente que participou da derrota. Mesmo com a Argentina repleta de estrelas, foi o Brasil quem começou a partida em grande estilo. Depois de Vagner Love roubar a bola no meio de campo, Elano recebeu e fez um lançamento perfeito para Júlio Baptista. O meia limpou o marcador e mandou no ângulo, um golaço. O gol tomado acordou os hermanos, que partiram para cima e criaram boas chances, principalmente com Riquelme. Ainda na primeira etapa, o placar do jogo foi ampliado com um gol contra de Ayala. O veterano tentou cortar um cruzamento feito por Daniel
Alves e acabou mandando contra o gol de Abbondanzieri. Com a diferença de dois gols, a Argentina foi para o segundo tempo sem empolgação e parecia que estava apenas esperando o apito final. Sem mostrar reação, o rival levou o golpe final aos 23 minutos. Vágner Love fez um ótimo passe para Daniel Alves e o lateral chutou no canto esquerdo do gol. O Brasil só precisou esperar fim do jogo para poder comemorar o terceiro título seguido da Seleção conquistado em cima dos argentinos, que também perderam na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações, em 2005.
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SUCESSO EM TERRAS ESTRANGEIRAS
Apesar da intensa rivalidade entre Brasil e Argentina, não foram poucos os jogadores naturais de um país que fizeram sucesso jogando em times do outro. Preliminar reuniu um time de craques que fizeram história promovendo o intercâmbio entre as duas nações e fortalecendo os clubes locais. Relembre alguns desses nomes, por onde passaram, seus títulos e outros fatos marcantes.
ORLANDO PEÇANHA Orlando Peçanha jogou pelo Boca Júniors entre os anos de 1961 e 1965. Nunca marcou um gol pelo clube, apesar de ter atuado em 105 partidas. Foi campeão argentino em 1962 e 1964, como capitão da equipe nas duas oportunidades.
NARCISO DOVAL
PAULO VALENTIM
Narciso Doval é fácil um dos maiores craques argentinos a jogarem no Brasil. Após se destacar no San Lourenzo, foi contratado pelo Flamengo em 1969, permaneceu na Gávea até 1975, quando se tranferiu para o Fluminense, onde jogou até 1978. No total pelo rivais cariocas, marcou 160 gols.
Paulo Valentim foi revelado pelo Guarani, mas brilhou no AtléticoMG e no Botafogo. Em 1960, Valentim se tranferiu para o Boca Júniors. No clube xeneize foi duas vezes campeão e artilheiro do campeonato argentino, fazendo no total 67 gols. Valentim é até hoje o maior goleador do clássico Boca x River, com dez gols em sete jogos.
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ANDRADA O goleiro Edgardo Andrada chegou ao Vasco em 1969, vindo do Rosário Central, da Argentina. Ficou famoso por ter sofrido o milésimo gol de Pelé, no Maracanã, em 1971. Defendeu o Vasco até 1975, em seguida jogou por uma temporada no Vitória da Bahia e encerrou a carreira no Colón, da Argentina, em 1982.
WALDEMAR DE BRITO
SCOTTA
Foi o primeiro brasileiro de renome a atuar no futebol argentino. Após atuar na Copa do Mundo de 1934, se transferiu para o San Lorenzo. Ficou mais conhecido por, anos mais tarde, ter sido o treinador que revelou Pelé para o futebol no Bauru Atlético Clube, no interior de São Paulo.
O argentino Néstor Scotta foi emprestado pelo River Plate ao Grêmio no inicio de 1971. Com fama de goleador, não teve grande sucesso em Porto Alegre e marcou poucos gols pela equipe gaúcha. Porém, entrou para a história do futebol brasileiro. Em 1971, em um jogo contra o São Paulo, no Morumbi, marcou o primeiro gol da história do Brasileirão.
AUGUSTÍN CEJAS
FILLOL
O goleiro Augustín Cejas chegou ao Santos em 1970, vindo do Racing, da Argentina. Defendeu a equipe paulista durante cinco anos, levando o título do Campeonato Paulista de 1973, além do prêmio Bola de Ouro, como melhor jogador do Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Após deixar o Santos, defendeu o Grêmio por uma temporada.
Outro goleiro argentino que autou no futebol brasileiro foi Ubaldo Fillol, que defendeu o Flamengo em 1984 e 1985. Chegou ao rubro-negro carioca após participar com a Argentina das Copas de 1974, 1978 e 1982. Deixou o clube para atuar no Atlético de Madrid.
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MANCUSO
D’ALESSANDRO
O volante Alejandro Mancuso chegou ao Palmeiras em 1995, após jogar pelo Vélez Sarsfield e pelo Boca Juniors. Conhecido por jogar duro e ter muita raça, virou ídolo da torcida do Porco. Em 1996, jogou pelo Flamengo. Mais tarde, ainda jogaria pelo Santa Cruz, antes de voltar à Argentina.
SORÍN
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IARLEY
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D’Alessandro surgiu no River Plate, ficando conhecido por seus passes precisos e dribles rápidos. Após jogar na Alemanha, na Espanha e na Inglaterra, voltou à Argentina e mais tarde foi contratado pelo Internacional. No Beira-Rio, virou ídolo, após fazer parte de um dos times mais vitoriosos do Colorado, vencendo campeonatos gaúchos, a Recopa e a Libertadores.
MASCHERANO Contratado a preço de ouro pelo Corinthians em 2005, o raçudo volante Javier Mascherano rapidamente se tornou ídolo da Fiel. Ao lado de Tévez, o jogador foi um dos destaques do time que conquistou o Campeonato Brasileiro daquele ano.
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Após marcar o gol da vitória do Paysandu sobre o Boca Juniors pela Libertadores de 2003, em plena La Bombonera, Iarley foi contratado pelo time xeneize. Na Argentina, teve boa passagem, brilhando em um clássico entre River e Boca, e conquistando o Mundial Interclube.
Um argentino que fez história atuando com a camisa do Cruzeiro foi o lateral esquedo Juan Pablo Sorín. Conhecido por sua versatilidade e raça, o jogador chegou em 2000 à Toca da Raposa e conquistou a torcida celeste, sendo considerado um dos maiores ídolos recentes do clube. Em 2008, Sorín retornou ao Cruzeiro, encerrando sua carreira no ano seguinte.
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CONCA Darío Conca chegou ao Vasco em 2007, contratado junto ao River Plate. No ano seguinte foi para o Fluminense, onde viveu o melhor momento de sua carreira, em 2010. No ano passado, Conca levou o título do Brasileirão, além do prêmio de melhor jogador da competição.
GUIÑAZÚ Montillo chamou a atenção do futebol brasileiro após ser um dos responsáveis pela eliminação do Flamengo na Libertadores de 2010. O meia foi então contratado pelo Cruzeiro, onde conquistou a Bola de Prata, da revista Placar, como melhor meia da competição. Além disso também foi escolhido como melhor meia por votação popular no prêmio “Craque do Brasileirão”.
SILAS Após passagens por clubes do Brasil, Portugal, Uruguai, Japão e Itália o meia Silas chegou ao San Lorenzo em 1995. No mesmo ano conquistou o título nacional pela equipe, que defendeu até 1997. Até hoje, é considerado pelos torcedores como o melhor meia da equipe nos anos 90.
O volante Pablo Guiñazú chamou a atenção do Internacional na disputa da Libertadores de 2007, quando defendia o Libertad, do Paraguai. Chegou ao Inter no mesmo ano, onde já conquistou três Campeonatos Gaúchos (2008, 2009 e 2011), a Copa Sul-Americana em 2008, a Taça Libertadores da América em 2010 e a Recopa SulAmericana em 2011.
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MONTILLO
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CARLITOS TÉVEZ Carlitos Tévez iniciou sua carreira no Boca Juniors, onde rapidamente tornou-se ídolo. O sucesso na Argentina fez com que fosse contratado pelo Corinthians em 2005 por US$ 19,5 milhões.A raça do argentino, aliada ao seu bom futebol, conquistaram a torcida corinthiana. No ano de sua contratação, Tévez foi um dos principais responsáveis pelo título Brasileiro do Timão. No ano seguinte, os investidores que detinham seus direitos econômicos, o levaram para o West Ham, da Inglaterra. Hoje defende o Manchester City.
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Edson Arantes Pelé o Rei, o maior De Três Corações e três camisas. Em 21 anos de carreira profissional foram apenas três times defendidos: Santos, Cosmos e Seleção Brasileira. Com apenas 11 anos Pelé já jogava em um time infanto-juvenil, com idade mínima de 13 anos. Posteriormente, foi para o Bauru Atlético Clube, time de maior expressão no interior de São Paulo, onde ocorreu um fato que mudaria a vida de Pelé e também da história do futebol. Edson passa a ser treinado por Waldemar de Brito que, vendo a habilidade e genialidade do garoto, leva-o para o Santos. Com apenas 15 anos ele faz sua estreia pelo clube praiano. Pelé é detentor de grandes marcas. Foi o jogador mais novo a vestir a camisa da seleção principal. O mais jovem também a ser campeão mundial, além de ser o maior artilheiro da história do futebol, com 1282 gols em 1367 jogos disputados. No Campeonato Paulista de 1958, Pelé marcou 58 gols, o maior recorde da história da competição. Na temporada de 1961, foram 111 gols em 75 partidas. Ficou no Santos até 1974, no ano seguinte foi para o New York Cosmos. Passou duas temporadas nos Estados Unidos e tornouse ídolo. Conquistou a taça da Liga Norteamericana de Futebol, em 1977. O jogo de despedida do Rei Pelé foi em 1.º de outubro de 1977. Se enfrentaram no Giants Stadium, Cosmos e Santos, com vitória dos americanos por 2 a 1. Pelé jogou um tempo com cada camisa e marcou o primeiro gol para o time norte-americano, de falta. Na Seleção Brasileira o jogador estreou na Copa Roca, em uma derrota de 2 a 1 para a Argentina, no Maracanã, em 1957. Disputou quatro Copas do Mundo pelo time canarinho, em 58, 62, 66 e 70, conquistando três títulos para o Brasil.
Don Diego, el diez el Dios la mano Maradona é um Deus para os argentinos, que criaram até uma igreja para reverenciá-lo. De 1976 até 1997, “El Pibe de oro” encantou os hermanos. Dono de um passe e uma inteligência fora do normal, Maradona teve altos e baixos dentro das quatro linhas. Fora delas, a polêmica tomou conta de sua carreira. Aos 9 anos, foi contratado pelo Argentinos Juniors, descoberto em um campinho perto de sua casa. As boas apresentações pelo pequeno time de Buenos Aires o levaram à Seleção Argentina, aos 17 anos. Maradona ficou no Argentinos até 1981, quando, por empréstimo, foi para o Boca Juniors e realizou o sonho de atuar pelo clube do coração. O sucesso foi imediato e ao final de sua primeira temporada, o jogador foi vendido para o Barcelona. A passagem pelo time espanhol foi prejudicada por contusões, além de uma hepatite que acometeu o craque. Maradona saiu do Barça pelas portas dos fundo; o destino: Napoli. Chegando ao modesto time italiano, Maradona virou ídolo. Levou o Napoli a títulos inéditos até então: como a Série A italiana, a Copa da Itália e a Copa da UEFA. Após sete temporadas na Itália, Diego deixou o Napoli rumo ao Sevilla. Pego diversas vezes no antidoping por uso de substâncias proibidas e drogas, uma delas durante a Copa do Mundo de 1994, Maradona voltou ao Boca Juniors, onde em 1997 realizou sua última partida como jogador profissional. Na seleção, Maradona foi mito e fez suas melhores exibições, embora tenha marcado pouco. Em 91 jogos, balançou as redes em apenas 34 oportunidades. Disputou quatro Copas: 1982, 1986, 1990 e 1994, e saiu campeão em 86, anotando um dos mais belos gols de todas as Copas contra a Inglaterra.
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RECHEADA DE
NOVATOS
SUPERCLÁSSICO DAS AMÉRICAS FOI A PRIMEIRA CONVOCAÇÃO PARA TREZE JOGADORES DA SELEÇÃO BRASILEIRA
novatos volante paulinho e lateral cortês foram chamados pela primeira vez por mano
Ronaldinho está em sua 111ª convocação, 13 jogadores representam o país pela primeira vez. O goleiro Rafael tem sido um dos principais destaques do Santos. Aos 21 anos de idade, já foi titular do Peixe na conquista da Libertadores da América e do Campeonato Paulista de 2011. O lateral-direito Mário Fernandes tem apenas 20 anos e está no Grêmio desde 2009, quando foi
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A Seleção Brasileira formada para a disputa do Superclássico das Américas tem uma particularidade: é formada apenas por jogadores que atuam no futebol brasileiro. O fato de não haver jogadores do futebol europeu, geralmente a base da equipe nacional, deu chance a um promissor grupo de atletas, nunca chamados antes para vestir a camisa canarinho. Enquanto
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promessa destaque do sub-20 oscar recebeu a primeira chance na seleção principal
contratado junto ao São Caetano. Zagueiro de origem, o atleta mostrou capacidade e técnica para atuar pela lateraldireita, garantindo assim uma vaga na Seleção. O zagueiro Rhodolfo tem 25 anos, mas postura de veterano. Destaque do União Bandeirante, equipe do interior do Paraná, com 15 anos chegou ao Atlético-PR, onde se firmou na equipe principal, atuando durante quatro anos no posto de titular. Em fevereiro de 2011, deixou o clube paranaense rumo ao São Paulo. Ao seu lado, Emerson, que defende o Coritiba, e recebe sua primeira chance com 28 anos. Após passagens por muitos clubes, se destacou no Avaí, e hoje integra a equipe paranaense, vice-campeã da Copa do Brasil. O lateral-esquerdo Bruno Cortês, por sua vez, prima pela humildade e simplicidade. O jogador do Botafogo, com 24 anos, tem passagens pelo futebol do Qatar e do Espírito Santo, antes de acabar no Nova Iguaçu, onde se destacou no Estadual do Rio de Janeiro deste ano. O Alvinegro contratou o jogador, que vem sendo um dos principais jogadores da equipe na boa campanha do Glorioso no Campeonato Brasileiro. Os volantes foram, quase em sua totalidade, novatos na convocação. O são-paulino Casemiro, 19 anos, está no clube desde os 11 anos de idade, tendo sido promovido à equipe principal tricolor no ano passado. Foi um dos destaques da Seleção Sub-20 campeã do mundo, em agosto, na Colômbia.
Paulinho, que defende o rival Corinthians, se destacou no futebol em 2009, com a camisa do Bragantino. Mas, com 23 anos, já teve passagens pelo futebol lituano e polonês. No Timão desde 2010, ganhou destaque pelo poder de marcação e pela capacidade de apoio ao ataque. Finalizando a trinca de volantes, o vascaíno Rômulo, com 20 anos, atuou durante cinco anos nas categorias de base do Porto, de Caruaru. Após períodos treinando no Benfica e Atlético-PR, acertou com o Vasco da Gama. Outro setor recheado de novos convocados é o de criação. O jovem Oscar, com apenas 20 anos, fez parte das categorias de base do São Paulo até 2010. Após rescindir seu contrato, acertou com o Internacional. Em 2011, assumiu de vez um posto de titular. Brilhou pela Seleção Sub-20, marcando os três gols brasileiros na final da Copa do Mundo, vencida por 3 a 2 contra o forte time de Portugal. Elkeson, com 22 anos, brilhou desde as categorias de base do Vitória, até se transferir para o Botafogo em 2011. No Alvinegro, tem sido um dos maiores destaques. E a última novidade é o atacante Borges, do Santos. Com 30 anos, é o maior destaque do futebol nacional no momento, artilheiro do Brasileiro com 18 gols em 21 partidas. Após passagens por São Paulo e Grêmio, o centroavante se encontrou no Peixe. Além dos convocados para o jogo de Belém, os outros novatos foram os meias Cícero e Renato Abreu, que estiveram no primeiro jogo do Superclássico, em Córdoba.
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COPA ROCA:
CELEBRAÇÃO DA RIVALIDADE
Brasil e Argentina fazem uma das maiores rivalidades futebolísticas do mundo, em jogos com emoção, decisões sempre dramáticas e muitas brigas. É o maior clássico da América, e certamente nossos vizinhos argentinos têm participação na grandeza da Seleção Brasileira. E a primeira partida entre os países foi justamente a edição inaugural da Copa Roca — torneio concebido pelo general argentino Julio Roca, como uma forma de fortalecer as relações entre os dois maiores países da América do Sul. Mal sabia o seu criador que Brasil e Argentina teriam um clássico em dimensões muito maiores do que o esperado. Durante muito tempo, a Copa Roca serviu como um indicador sobre qual das seleções era a mais forte, simbolizando uma rivalidade de extrema paixão. Em uma história que começou em 1913, com a concepção do torneio, que veio a ser realizado no dia 27 setembro de 1914, no Gimnasia y Esgrima, de La Plata. Rubens Salles, em um chute de longa distância, abriu o placar para o Brasil no primeiro tempo. Na etapa complementar, o argentino Leonardi marcou o gol de empate em uma jogada irregular — o atacante havia dominado a bola com a mão. O árbitro, o brasileiro Alberto Borgerth, validou o lance. Mas ninguém comemorou o gol, e, no primeiro capítulo de fair-play da história do clássico, o capitão Gallup Lanús comunicou ao árbitro que a equipe argentina não aceitava a marcação do gol, pela irregularidade. O Brasil acabou vencendo por 1 a 0, conquistando sua primeira Copa Roca. Em 1922, a segunda edição da competição foi organizada pela extinta Confederação Brasileira de Desportos, em São Paulo — e o Brasil faturou seu segundo título, vencendo por 2 a 1. Mas a supremacia durou apenas um ano, pois a Argentina venceu por 2 a 0 a terceira edição, disputada em Buenos Aires. A rivalidade se acendeu de vez durante a quarta Copa Roca, realizada
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O jogadores que representaram o brasil na primeira edição do torneio, em 1913.
em quatro partidas, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Após uma retumbante goleada por 5 a 1, mesmo jogando fora de casa, os argentinos ficaram revoltados com a marcação de um pênalti para o Brasil no segundo jogo, com o placar marcando 2 a 2 — a penalidade foi convertida após a seleção da Argentina ter saído de campo em protesto. Com a vitória por 3 a 2, mais dois jogos foram realizados, com um empate em 2 a 2 e uma vitória argentina por 3 a 0, igualando as conquistas em duas para cada país. Um mês depois, a quinta edição, em Buenos Aires, se iniciou com uma goleada de 6 a 1 a favor dos argentinos, com o Brasil vencendo
por 3 a 2 o segundo jogo e outra goleada argentina por 5 a 1 no jogo decisivo. Eles haviam virado o placar, com três copas Roca contra duas do Brasil. A curiosidade aconteceu na segunda partida: uma penalidade marcada de forma equivocada contra o Brasil gerou protestos da torcida argentina contra o lance. O capitão argentino Arico Suárez chutou a bola para fora de forma proposital. Ainda havia fairplay no clássico. Em 1945, o Brasil perdeu a primeira partida por 4 a 3, em São Paulo, mas com duas vitórias no Rio – 6 a 2 (maior goleada brasileira sobre a Argentina até hoje) e 3 a 1 - igualou novamente a competição, conquistando seu terceiro troféu. A sétima
A COPA ROCA FOI UM INDICADOR SOBRE QUAL DAS SELEÇÕES ERA A MAIS FORTE, SIMBOLIZANDO UMA RIVALIDADE DE EXTREMA PAIXÃO
Títulos do Brasil
Títulos da Argentina
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FREGUESIA BRASIL SOBRA EM TÍTULOS DA COPA ROCA SOBRE A SELEÇÃO RIVAL
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O time brasileiro que disputou a copa roca de 1963.
edição, em 1957, marcou a estreia de Pelé, com apenas 16 anos de idade. Seu primeiro gol pelo Brasil foi marcado em uma derrota por 2 a 1, no Maracanã. Mas, no segundo jogo, o Rei brilhou, marcando um dos gols da vitória brasileira por 2 a 0, que garantiu a quarta Copa Roca para os brasileiros. A brilhante geração bicampeã do mundo em 1958 e 1962 garantiu mais duas conquistas em 1960 e 1963. Em 1960, a competição foi disputada em Buenos Aires, e apesar da derrota por 4 a 2 no primeiro jogo, uma goleada convincente por 4 a 1 deu aos brasileiros sua quinta Copa Roca. A sexta conquista
veio três anos depois, após uma derrota por 3 a 2 em São Paulo e uma vitória por 5 a 2 no Rio de Janeiro. Depois disso, um hiato de oito anos, até 1971, quando uma das edições mais curiosas da competição foi realizada, em Buenos Aires. O Brasil veio com a base da Seleção tricampeã do mundo, ainda que sem a presença de Pelé. Após um empate por 1 a 1, a segunda partida também terminou empatada, desta vez por 2 a 2, após prorrogação. A organização do torneio decidiu dividir a taça, na única Copa Roca que terminou com os dois países vencedores. Em 1976, pela primeira vez o torneio foi realizado em partidas de ida e volta nos
EM 1957, A COPA ROCA CONTOU COM A ESTREIA DE PELÉ, COM APENAS 16 ANOS DE IDADE. NA PARTIDA, ELE FEZ SEU PRIMEIRO GOL PELA SELEÇÃO
dois países. O primeiro jogo foi vencido pelo Brasil no Monumental de Nuñez, por 2 a 1, com gols de Zico e Lula, contra um gol de pênalti marcado por Mario Kempes. Na segunda partida, realizada no Maracanã, o Brasil venceu por 2 a 0 — com gols de Lula e Neca. Com essa última vitória, a Seleção Brasileira garantiu seu oitavo troféu, contra quatro da Argentina. Desde então, não houve mais nenhuma edição da competição, por conta das dificuldades no calendário dos dois países. Este ano, um acordo entre a Confederação Sul-Americana de Futebol, Confederação Brasileira de Futebol e a Associação do Futebol Argentino resgatou a competição, desta vez chamada de Superclássico das Américas. A primeira partida, realizada em Córdoba, terminou em um empate sem gols. Agora, Belém recebe a grande decisão: quem irá faturar a Copa Dr. Nicolas Leoz?
facebook.com/preliminar reveja os gols desta partida no facebook da revista preliminar
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Dois países; dois irmãos Vizinhos tão diferentes, mas tão iguais. Para muitos, a Argentina é a grande rival do Brasil no futebol — é aquela equipe sobre a qual o gostinho de vencer é diferente, mais especial. Mas a nossa vizinha platina não é somente o país onde brilhou Maradona e onde se destacam os craques Messi e Agüero. Buenos Aires, sua capital, é uma cidade extremamente charmosa, com grandes avenidas e muitas livrarias. O hábito da leitura na Argentina é algo cultural, herança de muitas gerações e de um grande investimento em educação no século XIX. A rivalidade extrafutebolística, mais bem-humorada, é cultivada com toques de admiração: enquanto os brasileiros admiram o engajamento político, escritores como Jorge Luis Borges e o brilho do cinema argentino, nossos hermanos gostam muito do povo brasileiro, da música de Tom Jobim, dos livros de Jorge Amado e da beleza do Rio de Janeiro. Mas o que separa, e ao mesmo tempo une, dois povos tão próximos, além da óbvia barreira do idioma? Podemos começar na política, na qual o Brasil prima pela continuidade, enquanto a Argentina, mais passional, enfrenta seguidas crises econômicas. O brasileiro é conhecido por ter uma visão mais otimista, com mais nuances, fruto de uma grande mistura étnica, de um país multifacetado. Os argentinos, por sua vez, são conhecidos como um povo soberbo, que exagera ao falar de seu país. O que poucos sabem é que, ao mesmo tempo que exaltam as coisas boas, as coisas ruins também são superestimadas.
Na música, o cenário pop é mais semelhante, mas as diferenças surgem nos ritmos considerados “típicos”: o Brasil tem o samba como seu cartão de visitas. A Argentina, por sua vez, tem o tango como a música nacional. Mas há outros ritmos: o sertanejo brasileiro, o pagode, as cumbias e milonga. Os argentinos costumam endeusar seus ídolos. Mesmo aqueles que não estão comprovadamente ligados ao país, como o cantor Carlos Gardel, recebem tratamento de divindade. Nomes como Evita Perón e Diego Maradona, considerados mitos pelos hermanos, se enquadram no mesmo caso. No Brasil, não é algo muito comum, exceto na própria área esportiva, onde nomes como Pelé e Ayrton Senna são vistos como acima do bem e do mal. Um prato comum aos dois países, o churrasco, tem como diferença a sua forma de preparo. A comparação entre o churrasco brasileiro e o “asado” argentino é fruto de muitas discussões. O ato de se comer a carne assada na brasa se diferencia na experiência: o brasileiro prefere aproveitar tomando cerveja gelada, em restaurantes, enquanto na Argentina é quase um ritual. Um prato comum na Argentina é a parrillada, que leva praticamente todo pedaço de carne bovina, muitos deles desprezados pelos brasileiros, como miúdos. A erva-mate e as milanesas também são extremamente comuns, sendo símbolos argentinos. No Brasil, seu consumo fica mais restrito aos estados do Sul, que compartilham grande parte do perfil cultural. O doce de leite é considerado um cartão de visitas argentino, mas o Brasil também é um grande produtor. Na Argentina, a utilização do doce de leite é mais ampla, sendo a sobremesa nacional: desde sorvetes até o alfajor, um biscoito recheado preparado com o doce e coberto por chocolate ou açúcar. Os dois maiores países da América do Sul são também um caso de grande parceria econômica, social e política. Mais do que rivais no futebol, Brasil e Argentina são dois lados de uma mesma moeda, concorrentes e complementares. Aprendemos com os hermanos, assim como eles aprendem conosco. Mas, dentro das quatro linhas, sabemos que não há sensação como vencê-los, e eles encaram o Brasil da mesma forma.
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O QUE DIZEM OS NÚMEROS? OS JOGADORES QUE MAIS MARCARAM NO CLÁSSICO
Pelé Masantonio
Ronaldo
5 gols
Leônidas
Boldonedo
Mendez
5 gols
6 gols
CIDADES QUE MAIS RECEBERAM JOGOS ENTRE BRASIL E ARGENTINA
9 jogos SÃO PAULO
7 gols
19 jogos
RIO DE JANEIRO
7 gols
8 gols
28 jogos
BUENOS AIRES
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TOTAL DE JOGOS ENTRE AS SELEÇÕES
BRASIL 37 vitórias ARGENTINA 34 vitórias 24 EMPATES HAT-TRICK RELEMBRE OS JOGADORES QUE MARCARAM 3 OU MAIS GOLS EM JOGOS ENTRE BRASIL E ARGENTINA
OS GOLS DO CONFRONTO
BRASIL 138 gols ARGENTINA 138 gols
Seoane
2/6/2004
BRA 1 X 3 ARG
Copa América
Peucelli
5/3/1940
BRA 1 X 6 ARG
Copa Roca
Méndez
14/2/1945
BRA 1 X 3 ARG
Copa América
Sanfilippo
22/12/1959
BRA 1 X 4 ARG
Copa América
Pelé
16/4/1963
BRA 5 X 2 ARG
Copa Roca
Rivaldo
7/9/1999
BRA 4 X 2 ARG
Amistoso
Ronaldo
2/6/2004
BRA 3 X 1 ARG
Eliminatórias
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CURIOSIDADES Além da Copa Roca e do Superclássico das Américas, Brasil e Argentina protagonizaram vários outros grandes jogos durante a história. Nestas partidas, muitos fatos curiosos marcaram o confronto, dando mais cores, nuances e tonalidades a uma das maiores rivalidades futebolísticas do mundo.
ofensas. Eram chamados de macaquitos, e provocados com perguntas sobre um pretenso atraso brasileiro — Buenos Aires era conhecida como uma capital antenada com as novidades do mundo. Em uma partida na qual quatro atletas brasileiros saíram lesionados, o jogo foi até a prorrogação, quando os argentinos fizeram 2 a 0. Inconformados com a arbitragem e as condições do estádio, os brasileiros tentaram abandonar o jogo, mas as portas do vestiário estavam trancadas. Na época, a imprensa brasileira qualificou o duelo contra os hermanos como o “jogo da vergonha”.
AFP
A revanche Dois anos depois, na Copa Roca de 1939, em jogo disputado no estádio de São Januário, um pênalti duvidoso a favor do Brasil, com o placar apontando 2 a 2, os jogadores argentinos foram para o vestiário. Desta vez, a porta estava aberta e o Brasil cobrou o pênalti sem goleiro adversário, fazendo 3a2.
três vezes rivaldo marcou três gols contra os hermanos em 1999
Hat-tricks O ato de fazer três gols em uma única partida. Somente sete jogadores realizaram esta façanha – quatro argentinos (Seoane, Peucelle, Méndez e Sanfilippo) e três brasileiros (Pelé, Rivaldo e Ronaldo). Um jogador argentino não faz três gols em um jogo contra o Brasil desde a Copa América de 1959. Fair play Quem vê as disputas ríspidas e duras não acredita que os duelos entre Brasil e Argentina guardem espaço para atos de cavalheirismo. No dia 27 de setembro de 1914, o primeiro jogo entre os rivais foi realizado. O Brasil marcou 1 a 0 no primeiro tempo, mas a Argentina igualou o marcador na etapa complementar, em uma jogada na qual o atacante Leonardi dominou a bola com o braço. O juiz validou o gol, mas o capitão argentino, Gallup Lanús, comunicou que sua equipe não aceitaria o gol, que foi prontamente anulado. Isso
garantiu a primeira vitória brasileira, no primeiro clássico contra os argentinos. Pelé e a Copa Roca O duelo contra a Argentina marcou a estreia de Edson Arantes do Nascimento. Em 1957, o menino de 16 anos marcou em seu primeiro jogo — mas o Brasil perdeu o clássico por 2 a 1. Na partida de volta, outro gol de Pelé, a vitória vindo por 2 a 0 e o troféu garantido para os brasileiros. Macaquitos Em 1937, os brasileiros ouviram
Copas do Mundo Apesar de ser uma das grandes rivalidades do planeta, Brasil e Argentina somente se enfrentaram em três oportunidades pelo Mundial — nenhuma em finais. Em 1974, vitória brasileira por 2 a 1; em 1978, um empate sem gols que, no fim, classificou os argentinos à grande final; em 1982, vitória do Brasil por 3 a 1, em jogo marcado pela expulsão de Maradona; e, nas oitavas de final do Mundial de 1990, a redenção de Dieguito, ao fazer todo o lance do gol de Caniggia, numa vitória argentina por 1 a 0, em um jogo dominado pelo Brasil. La mano de Túlio Se houve fair play em 1914, 81 anos depois tudo mudou: nas quartas de final da Copa América de 1995, a Argentina vencia por 2 a 1, quando o brasileiro Túlio, após dominar a bola com o braço, marcou o gol de empate, validado pela arbitragem. O Brasil veio a vencer nas cobranças de pênalti.