PRODUZ MODA

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PRODUZ OUTUBRO 2020

CONSTRUINDO IMAGEM

moda

PRODUZINDO IDENTIDADE VISUAL DE MODA CONCEITUAL, SOCIAL E COMERCIAL


Editorial CARTA AO LEITOR

Nunca esteve tão na moda, falar sobre moda. Seja para falar sobre suas mais novas tendências, para se falar do seu impacto social ou ecológico, o certo é que sob diversos aspectos, a moda (e sua multibilionária indústria) tomou seu lugar de destaque por direito, e hoje já é objeto e motivo de estudo, mas principalmente é entendida como integrante do processo de construção de nossas identidades. Você pode até não perceber, mas por trás daquele terno em cores sóbrias que veste o jornalista sério do jornal televisivo, daquelas imagens frenéticas de seu videoclipe favorito, daquele anuncio do produto que você ama, da maquiagem e dos figurinos preciosos do seu filme preferido, daquelas fotos que compõem o editorial da revista referência de moda e dos sapatos e acessórios que são vendidos pelo e commerce daquele site de luxo, aquele show inesquecível e até daquelas vitrines das lojas do Shopping, existem diversos profissionais que criam todas estas experiências e usam a moda para potencializar sua mensagem; Aqui você conhecerá o trabalho de um profissional essencial para a indústria e que possui um trabalho sempre tão confundido com outros ou até mesmo desconhecido das pessoas: o Produtor de Moda, aquele profissional incansável quando se trata de buscar múltiplas escolhas para se criar uma boa imagem. Através de textos, reportagens e entrevistas, você conhecerá as ferramentas de trabalho e os desafios desse profissional tão importante; E tudo sob o olhar curioso e sensível de novos Produtores de Moda, que contribuíram com suas idéias para criação do número 0 da PRODUZMODA. Venha conosco e embarque nessa jornada por um mundo de criatividade e beleza infindáveis.


Produção e pesquisa de Moda 05 Produção de Moda e Música A importância da pesquisa para uma produção de moda O Militarismo Editorial - Back to Black

oirámuS

Arte e Moda Não toque, isso é arte Moda, Indumentária e vestuário Moda na arte e arte na moda

24

Arte Drag e Moda O papel da arte drag e sua influência na moda

34

Fotografia de Moda Os porquês de fotografar Editorial - No quintal eu fiz Entrevista com Mãdchen Vivi

42

Segmentações de Moda O que é segmentações de moda? All Jeans Candy color Color block Navy Street Style

67

Consumo consciente 80 Mudanças nos hábitos de consumo Impactos ambientais e sociais Mitos e vantagens de comprar peças em segunda mão O que é slow fashion? Qual é o futuro da Moda?


oirámuS

Moda Susténtavel e figurino Produção de Moda, Figurino e Sustentabilidade Moda Susténtavel

87

Coll Hunter na Moda Caçador de Tendências?

105

Ícones na Moda Quebrando espartilhos - Manual do estilista Conquistando território

112

Música e Moda Põe a moda para rodar

119

Maquiagem e Moda O surgimento da Maquiagem Liberdade para a maquiagem - Anos 20 O auge do glamour - Anos 30 Agora é a hora da Femme fatales - Anos 40 A sensualidade natural - Anos 50 A invasão do brilho - Anos 60 A força da cor - Anos 70 A dácada over - Anos 80 Equilíbrio - Anos 90 Anos 2000 até a atualidade

130

Cabelos e Moda Impossível falar de moda e não falar sobre a moda dos cabelos A era egípcia 1910 : A era da Belle Époque A década das melindrosas 1930 : A década das incertezas e da revolução dos cosméticos 1940 : A década da pequena notável... Carmem Miranda 1950 : Os Anos Dourados 1960 : A década da Rebeldia 1970 : A década de Paz e Amor 1980 : A nova onda 1990 : A década da virada 2000 : O novo século 2010 : A década digital Ínicio da década de 2020

146


Produção e pesquisa de

moda

POR

VITÓRIA LIMA


Produção de moda Moda é imagem, é passar a sua mensagem para o mundo. Este é o principal trabalho do produtor de moda. Ele trabalha com a criação e projeção de imagens, fazendo com que o consumidor tenha o desejo de vivenciar sua ideia. Sua responsabilidade é organizar e preparar todas as etapas de um evento. Este profissional está envolvido com a pesquisa, criação, produção e contato com fornecedores. Geralmente, essa profissão é muito confundida com Styling e Consultoria de Moda. O Stylist trabalha com o conceito, ele está a frente do projeto, onde unirá todas

e música as ideias e materiais que o produtor de moda reunirá. Após sua análise, fará o desfecho da proposta. Já o Consultor de Moda trabalha com a estética de indivíduos ou empresas. Seu trabalho está voltado para a psicologia e estudo de silhuetas. O objetivo do consultor de moda é descobrir qual peça valoriza o seu corpo, de acordo com suas necessidades, respeitando sua história e seu life-style.


É normal ficar confuso com essas três profissões, já que todas trabalham com a construção de imagem. Só não podemos esquecer que o produtor de moda é quem realmente faz a ideia acontecer, como muitos dizem, é ele quem "coloca a mão na massa".

EM QUAIS ÁREAS O PRODUTOR DE moda pode atuar?

Normalmente é um trabalho autônomo, onde o profissional tende a escolher a área que mais se identifica, seja em editoriais,

desfiles, filmes, catálogos, campanhas e eventos de moda em geral, ou ele pode circular por todas elas.

E QUAIS AS FUNÇÕES DE UM produtor de moda?

Com base na pesquisa feita pelo Stylist, o produtor de moda irá atrás de todos os materiais necessários para a construção do projeto. Isso inclui seleção e organização de casting, roupas, calçados e acessórios, ou seja, ele é responsável por visitar acervos

de moda, tendo assim, contato com fornecedores. Além de pesquisar locações, sua missão é selecionar toda a equipe de produção executiva: fotógrafos, maquiadores e hair stylist.


Quais as competências necessárias

para uma boa produção de moda?

A organização e comprometimento são os dois pontos chave para uma produção de sucesso. Diante tantas funções, saber administrar cada etapa faz com que o trabalho do produtor de moda flua de maneira natural, pois mesmo que aconteçam imprevistos, ele estará preparado para lidar com a situação, ou seja, sempre terá uma carta na manga.

Outra competência essencial é sempre buscar conhecimento, principalmente sobre design, história da arte, fotografia, estética, história da moda e estar por dentro de temas atuais. Quanto mais repertório e pesquisa de imagens um produtor de moda tiver, mais rico será o seu trabalho, além de ser uma ótima forma de estimular a imaginação.

É de extrema importância estar atento aos detalhes e ter um olhar crítico, para que não haja erros e que o objetivo seja atingido com êxito no tempo certo.


A importância

da pesquisa para uma produção de moda -indo as apresentações ao vivo na TV por gravações, em 1964. Porém, só em 1981 que essa ideia se popularizou, através da Music Television, a MTV Americana. Uma época que ficou conhecida como a “década dos videoclipes”. No início as pessoas tinham poucas ideias originais, mas com o passar do tempo, começaram a produzir imagens em ritmos alucinantes, com uma história por trás. E por falar em história, o exemplo que trago foi uma experiência que tive durante o curso de produção de moda, no Senac Penha. ”thgiN s'yaD draH A“ odnatneserpa seltaeB sod epilcoediV

Quando falamos de produção de moda, falamos também de pesquisa. Afinal, o que seria do produtor de moda sem repertório? A produção de moda se aplica na música também. Já pararam para pensar sobre a história dos videoclipes? Os Beatles foram a primeira banda a mesclar cinema com música, substitu-


Sempre fui apaixonada pela história da moda e como cada peça traz uma mensagem, uma história. Com o intuito de mostrar como funciona o trabalho de um produtor de moda na construção de videoclipes, nosso docente João Nell pediu que fossemos buscar as

referências que um produtor de moda pudesse ter usado para criar uma história. Minha escolha obviamente foi o single “Candyman”, de Christina Aguilera, onde há inúmeras referências da década de 40, dentre elas:

lenahC ocoC

Atriz Anita Louise

O Navy Style Uma das primeiras aparências do “estilo náutico” foi em 1913, quando Coco Chanel inaugurou sua primeira boutique com uma coleção inspirada nos uniformes dos marinheiros. O Navy Style se resume nas cores azul marinho e branco. listras e âncoras, tanto

em chapéus como no resto vestuário. Duas grandes atrizes dos anos 30 e 40, Anita Louise e Shirley Temple, usaram referências do Navy Style em seus looks, o que contribuiu para a construção do figurino e cenário de Candyman.


O Militarismo Com a Segunda Guerra Mundial, a moda foi abalada pela falta de matéria-prima, o que fez com que a sociedade adapta-se o vestuário e a beleza. O corte militar caiu bem às mulheres. Usavam-se conjuntos de saias e blazers. Também se produziam lenços pela falta de cabeleireiros. Naquela época as mulheres ficavam encantadas pelos soldados americanos, então havia um ar de sedução e graça entre eles. A Segunda Guerra Mundial teve uma particular importância para a

expansão do papel feminino na sociedade. Com os homens partindo para a guerra, houve necessidade de encontrar novos meios de sustento para as lacunas econômicas dessa época. As mulheres tinham que assegurar o sustento e a evolução da economia. O direito ao voto, ingressar nas instituições escolares e trabalhar fora de casa foram as vitórias femininas das décadas de 30 e 40.


Rita Hayworth

Betty Grable

A estética das pin-ups Nos anos 40 e 50, era passatempo entre os soldados americanos pendurar (em inglês, pin-up) foto de mulheres bonitas em poses sensuais nos seus alojamentos. Com o tempo, foi se estabelecendo um padrão específico. Pin-up passou a ser necessariamente uma mulher com o ar clássico e retrô.

As pin-ups mais famosas dos anos 40 foram Rita Hayworth e Betty Grable, atrizes que incentivaram a ideia de mostrar uma mulher sensual. Christina Aguilera sempre trouxe essa estética para seus trabalhos, sendo assim, considerada uma pin-up do século XXI.


tributo ao trio feminino da década de 40 As Andrews Sisters são normalmente conhecidas como o grupo vocal feminino mais conhecido do século XX. O grupo é formado pelas irmãs LaVerne Sophie (1911-1967), Maxene Angelyn (1916-1995) e Patricia Marrie (Patty) Andrews (1918-2003). Seu hit de 1941, "Boggie Woogie Bugle Boy", é considerado umas das primeiras canções de jump blues. O gênero musical do grupo é swing/boogie woogie.

(The Andrew Sisters) Na Segunda Guerra Mundial, elas uniram forças com a América, na África e na Itália, visitando o Exército, Marinha e campos de guerra. Christina Aguilera se inspirou nas três irmãs e nesse hit para criar Candyman. Percebe-se que no clipe ela faz as 3 versões (loira, ruiva e morena) para representálas.


Os bailes de swing com jazz e blues A Guerra também influenciou na música, popularizando os instrumentos amplificados. Surgiram-se o Rhythm'n'Blues, o Jazz e Swing. Haviam muitos bailes de Swing na época. A sociedade tentava se animar numa época de guerra.


Candyman retrata muito a moda retrô, tanto nas vestimentas como no próprio cenário. A inspiração veio das famosas lanchonetes de Hollywood. Christina junto com sua produção, seguiram fielmente todos os detalhes dos anos 40 e o começo da década de 50. Os cenários de bailes de swing que eram bastante famosos na época trazem a ideia de uma sociedade festeira. Outro cenário do clipe foi gravado em um Hangar, um grande galpão

O cenário no qual estacionavam-se aeronaves para manutenção e preparação de vôos. É incrível como um videoclipe de 3:14 minutos possa abordar tanta informação de moda assim. Com base nisso, levanto a seguinte pergunta: Seria possível realizar uma produção desse nível sem uma pesquisa de moda?


Ao conseguir analisar todas as referências, percebi como o trabalho de um produtor de moda é complexo. Assim como toda produção audiovisual, há inúmeros detalhes que precisam ser analisados, pois o videoclipe é como um cartão de visita do artista/banda. O produtor é

responsável por representar de forma imagética a mensagem que o cliente quer passar. Tanto a moda como a música se apropriam de símbolos, códigos e gêneros, a fim de abordar comportamentos sociais e expressar uma identidade, transmitindo sensações e sentimentos.

A relação entre moda e música está se expandindo cada vez mais, uma vez que entendemos que um dos motivos do crescimento do mercado audiovisual se dá pela busca de uma estética visual mais rica e com mais informação de moda. A influência dessas duas áreas perante á sociedade só

comprovam a importância do papel do produtor de moda e como esse profissional deve ser valorizado. Afinal, mesmo que ele faça parte dos bastidores, o seu trabalho é o que irá definir o sucesso de um projeto.


Editorial

Back to Black

Fotografia: Carolina Belem | Styling: Natan GuimarĂŁes | Modelos: Lucas Moura, Geyse Silva e


Com base na milenar e diversa cultura do oriente, buscamos interpretar as influências da diáspora asiática na sociedade brasileira. Seus costumes e as adaptações reinterpretadas pelo povo brasileiro, tudo isso calcado na estética minimalista e arquitetônica do trabalho do designer japonês Yohji Yamamoto (1943 -). Com uma cidade cosmopolita como São Paulo, vamos contextualizar a presença maciça das colônias asiáticas aqui presente e sua influência na culinária, na arquitetura, na moda, nas artes, na espiritualidade e no comportamento do brasileiro por meio de imagem de moda conceitual, refletindo a dinâmica da adaptação de asiáticos e descendentes no território brasileiro.







Arte e moda

POR

LUCAS PICHIM


0 a.C adamente 1500 im ox pr A . a panh Altamira, Es de s re t s pe ru Pinturas

NÃO TOQUE,

isso é arte

Ao longo da história, nenhuma civilização deixou de produzir arte, seja ela demonstrada de forma material ou abstrata. Arte nada mais é do que a expressão da criatividade humana, que, por meio de interpretações sensoriais e estéticas, representa experiências individuais ou coletivas. Essas representações variam radicalmente, pois estão diretamente ligadas ao período, localização e acontecimentos socioculturais. Por exemplo, acredita-se que a pintura rupestre

tenha tido grande importância na realização de rituais das comunidades. Após o surgimento de nações com hierarquia clara (civilizações da Mesopotâmia e Egito), a arte passou a ser usada à serviço dos nobres e governantes, além de ser uma grande aliada das religiões organizadas para decoração de templos e representações mitológicas.


E assim seguiu até o século XVI,

Hans Memling: Tríptico do Juízo Final, 1471.

com uma série de revoluções intelectuais desencadeadas por Martinho Lutero e João Calvino, período que coincide com o Renascimento (movimento que surgiu na Itália, e resgatava a cultura clássica greco-romana) e com a valorização da pintura (até então, a mesma era usada apenas terístico da moda atual. Grifes e como um complemento da marcas de alta costura apresentam escultura). suas coleções nas semanas de O Renascimento e, mais tarde, o moda. Posteriormente, essas peças Iluminismo, aconteciam de forma servem de inspiração para as simultânea ao enriquecimento da marcas de fast fashion (como por burguesia, fato que possibilitou exemplo C&A, Renner, H&M), criar que artigos tidos como exclusivos produtos semelhantes e mais da nobreza circulassem fora dela, acessíveis para a grande massa. como peças de roupa. Os nobres Vestuário feminino século XV usavam peças bem elaboradas com tecidos finos, algumas vezes feitos com fios de ouro. Enquanto isso, a burguesia, que estava extremamente rica, adquiria peças semelhantes para se parecerem com os nobres. Para não serem confundidos com os burgueses, a nobreza providenciava novas peças, e, novamente, a burguesia copiava, formando assim, um ciclo de consumo de ambas as partes. Esse ciclo de consumo é carac-


MODA, INDUMENTÁRIA e vestuário

Papa Bento XVI, 2008

Moda, indumentária e vestuário são, constantemente, confundidos entre si. A moda, está ligada com o comportamento social e, como dito anteriormente, tem ligação com costumes adotados pela burguesia. Indumentária, é o traje de determinada época, local ou cultura, como por exemplo, as vestes do Papa. Já vestuário, é o conjunto de peças a se vestir.

MODA NA ARTE E Arte e moda sempre caminharam juntas. Ambas eram usadas pelos mais ricos como forma de demonstrar poder, além disso, cresceram juntas e no mesmo período. Enquanto a criatividade humana prosperava e mentes brilhantes criavam quadros e esculturas admiradas até hoje, um ciclo de consumo se instalava entre os mais ricos e a grande população. A junção entre arte e moda no século XX teve seu início quando o francês Henri Matisse utiliza elementos típicos do cubismo na elaboração de figurinos para The Ballets Russes (Balé Russo), no início da década de 1920. As aplicações geométricas acrescentavam na apresentação do grupo, trazendo, visualmente, um efeito de movimento.

arte na moda

The Ballets Russes


KATY PERRY, THIS IS HOW WE DO (2015)

O icônico vestido tubinho com a estampa inspirada em uma obra de Piet Mondrian é reconhecido como um dos mais importantes e memoráveis momentos da moda no século XX. Inclusive, recentemente um dos maiores ícones do pop mundial, Katy Perry, usou a criação como referência na produção de um de seus videoclipes.

"Arte e moda sempre caminharam juntas. Ambas eram usadas pelos mais ricos como forma de demonstrar poder, além disso, cresceram juntas e no mesmo período".

TNERUAL TNIAS SEVY ED OHNIBUT ODITSEV

Matisse não foi o único que incluiu a arte em padronagens têxteis. Alguns anos mais tarde, o vestido tubinho triunfava nas ruas e vitrines. E um dos designers mais importantes da época, Yves Saint Laurent, recria-o de forma inusitada quando decide homenagear alguns artistas modernistas.


Outro grande precursor da arte Paris Hilton no programa SNL com bolsas Murakami na moda é o designer multicolore, da Louis Vuitton. estadunidense Marc Jacobs, que renovou a Louis Vuitton e fez com que ela se tornasse uma das mais valiosas grifes mundiais. Na tentativa de trazer um toque de modernidade para a marca, Marc colaborou com diversos artistas, e um deles é o japonês Takashi Murakami. "Há um grande debate sobre a relação da moda com a arte e se a moda pode ou não ser classificada como expressão artística."

A colaboração entre eles começou na temporada primavera/verão 2003, onde a clássica bolsa estampada com monogramas ganhava cor. A coleção denominada Murakami Multicolore logo virou um sucesso, e uma das personalidades que mais se afeiçoaram com o produto recém revelado foi a socialite Paris Hilton, que divulgou as bolsas no programa SNL e frequentemente era fotografada usando as mesmas. Essa colaboração com a Louis Vuitton foi um importante acontecimento na carreira de Murakami e fez com que o artista tivesse projeção mundial.

Capa da Vogue Japão 2020, desenhada por Takashi Murakami


Talvez uma das mais importantes colaborações da Louis Vuitton tenha sido com Yayoi Kusama, uma artista plástica e escritora japonesa, que une pintura, colagens, esculturas e instalações, conhecida pela obsessão e repetição de bolinhas em suas obras. Kusama possui transtornos psicológicos, e representa na arte, a principal característica de seu diagnóstico, ou seja, as bolinhas e formas abstratas que Kusama cria, são alucinações causadas pela sua esquizofrenia. Sua parceria com a Louis Vuitton chegou às lojas em 2012 e contava com roupas, bolsas, sapatos e acessórios.

Yayoi Kusama para Louis Vuitton

Á esquerda, obras de M.C Escher. Á direita, vestido Alexander McQueen Fall 2009. Nota-se que as estampas presentes no vestido são reproduções das obras de M.C. Escher.

Há um grande debate sobre a relação da moda com a arte e se a moda pode ou não ser classificada como expressão artística. Para tomar uma posição, é necessário conhecer os dois lados. Um dos principais questionamentos é a reprodução das peças, no caso, as de roupa. Pois um dos pontos que fazem uma obra ser considerada arte é a exclusividade dela, e se essa obra é reproduzida, mesmo que na reprodução mais perfeita, uma coisa fica ausente: a sua autenticidade.

E é nessa autenticidade que se desdobra uma obra de arte. Caso uma obra seja reproduzida em padronagem têxtil - como uma estampa - ela estará na peça de roupa com o objetivo de homenagear o artista, fazer referências sobre um período ou acontecimento, ou apenas como forma de decoração, porém, a crítica que a obra carrega, não necessariamente estará presente na peça. Isso acontece porque a aura presente na obra de arte, aura esta que foi inserida pelo artista no momento de sua criação, não pode ser transmitida através de reproduções, pois ela está diretamente ligada aos sentimentos do criador presentes no momento de elaboração da obra.


Por outro lado, existem peças extremamente elaboradas que foram desenvolvidas manualmente com o propósito de encantar e provocar o observador. Um grande exemplo é o britânico Alexander McQueen, considerado o maior designer do século XXI. Além do grande poder de fascínio presente nas suas criações, McQueen fazia uso de elementos lúdicos e poéticos em suas performances, para transmitir as sensações que desejava. Uma das mais icônicas foi no desfile de primavera 1999, onde jatos de tinta pintaram um vestido branco ao vivo.

ALEXANDER MCQUEEN, SPRING 1999

A união entre arte e moda é muito clara nas criações dos irmãos Viktor&Rolf.

A

coleção

de

alta

costura apresentada no outono de 2015 é uma prova disso. Intitulada “Wearable Art”, no português ‘arte vestível’, o desfile performático de apresentação da coleção mostra os irmãos desvestindo as modelos, e pendurando as peças que possuem formato de quadro na parede.

VIKTOR&ROLF, WEARABLE ART (FALL 2015)


As roupas, muitas vezes são usadas como imagem de movimentos culturais e críticas sociais. Uma forma eficaz de se manifestar e fazer com que o seu discurso atinja uma grande quantidade de pessoas. Em 2019, a marca Estamparia Social utilizou seu espaço no Desfile Casa de Criadores, em São Paulo, para Iris Van Herpen, estilista holandesa que faz a junção entre arte, moda, tecnologia e design.

apontar as dificuldades sofridas por egressos do sistema penitenciário que buscam a recolocação no mercado de trabalho.

Estamparia Social, Desfile Casa de Criadores 2019


Lady Gaga e seu vestido de Carne (2010)

que cobre nossos ossos. Eu não sou um pedaço de carne”, disse Lady Gaga em uma entrevista na época. Atualmente, o vestido encontra-se exposto na Haus Of Gaga, em Las Vegas. .uesum me otsopxe enrac ed oditseV

Outra situação, é o polêmico vestido de carne usado em 2010 pela cantora e atriz Lady Gaga em uma importante premiação. O objetivo, era protestar contra a lei “Don’t ask, don’t tell” (não pergunte e não fale), que impedia que soldados homossexuais prestassem serviços para o exército estadunidense. “Se não defendermos o que acreditamos e não lutarmos pelos nossos direitos, logo teremos tantos direitos quanto a carne

Talvez toda essa discussão sobre a moda ser ou não considerada arte, nunca acabe. De fato, assim como a arte, a moda é uma expressão da criatividade humana e é utilizada como forma de manifestação e críticas. O que difere uma da outra, é a indústria por trás dela (moda) que visa o lucro e o luxo programado. E, como diz Walter Benjamin em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica: “A obra de arte reproduzida, é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida”.


Arte drag e

moda

POR

YURI CARVALHO


O papel da arte drag e sua influência na moda Drag Queen segundo Rita Von Hunty ser Drag é uma linguagem artística uma das formas Léo Fagherazzi para revista Claudia em 20 de de se manifestar artisticamente, sendo um Outubro de 2019 personagem, um ato político. A Drag Queen não tem relação com identidade de gênero, simplesmente pode ser um homem ou uma mulher sendo chamadas de Drag king, questionando os conceitos de gêneros que são envolvidos com símbolos e ícones estigmatizados, no qual a partir de performances vão ganhando um novo significado. Os primeiros relatos que temos de homens que se vestiam de mulher são da Grécia antiga, quando nascia o teatro, ao Kabuki no Japão, os papéis femininos eram feitos por homens, já que mulheres eram proibidas de se apresentar no teatro, mas a frente na época do teatro elisabetano não era diferente. Uma das primeiras Drag do ocidente surgiu a partir do movimento do Vaudeville, Julian Eltinge fez muito sucesso por volta de 1910 e se tornou um dos artistas mais bem pagos dos estados unidos da época. Os homens que se vestiam de mulher eram denominados como Female Impersonator. Nesta época as Drags não tinham relação com o mundo gay da época, muitos negavam qualquer questionamento sobre ser gay. Por volta de 1920-1930 que a arte Drag ganha visibilidade e apoio da comunidade gay da época devido a proibição do álcool quando surgiram os bares clandestinos.


A Drag Queen se caracteriza por um figurino. através dele se cria uma linguagem usa-se das formas, cores, texturas, transmite a época, a situação econômica política e social, indica a região ou cultura, estilo do personagem, estação climática, aspecto psicológico, ou seja os elementos necessários para passar ao espectador o sentido do espetáculo. Quando uma Drag se caracteriza por objetos e símbolos que são estigmatizados pela sociedade, ganha um outro sentido a fim de ter um discussão comportamental em relação aos gêneros. A década de 60 é marca até hoje para a comunidade LGBTQIA+ devido a revolta de Stonewall. neste cenário figuras importantes como Marsha P. Johnson, Flawless Sabrina foram importantes para comunidade contra a repressão do estado.

Personalidades como Marcel Duchamp, renomado pintor e escultor francês do início do século XX "pai do dadaísmo" fez Drag Rrose Sélavy. Andy Warhol, pintor e cineasta norte-americano, um importante artista da Pop Art, fundador da revista Interview e a RuPaul, responsável por fazer a arte Drag virar streaming, nos provam que a arte é um dos pilares importantes para construção da imagem da Drag, no qual influenciaram e influenciam a cultura e arte contemporânea.

Andy Warhol

Rupaul - Andre Charles

Marcel Duchamp


Diante o avanço da internet, plataformas como youtube e redes sociais, puderam dar voz a artísticas, em 2009 quando surge reality show RuPaul's Drag Race que é apresentado até hoje. Houve uma abertura no cenário da cultura POP para outros artistas DragQueen, isso gera representatividade para novos artistas, hoje vemos reconhecimentos de grandes trabalhos como Pabllo Vitta abrindo a premiação do MTV EMA 2019 com sua música Flash Pose. A indústria da moda reconhece esse trabalho artístico é resultado disso são grandes

marcas como Adidas que lançou uma campanha com a Pabllo Vittar da coleção Pride Pack, Desfiles de moda para marca de lingerie como Savage X Fenty dá Rihanna trazendo a Drag Aquária ganhadora do RuPaul's Drag Race, Bianca Dellafancy e Halessia youtubers e modelos, convidadas para o baile da Vogue uma das principais revistas de moda do mundo.

A" montação " termo utilizado entre meio gay consegue movimentar a moda customizada, encontramos marcas como Domínio da Moda com parcerias com a Rebecca Foxx, Glória Groove permitindo a marca alcançar o seu público. Segundo Folha de São Paulo publicada 07/2019 a marca anualmente conseguiu faturar R$1,3 milhões. Fernando Pires foi precursor nesse mercado, nos anos 90 seus sapatos eram calçados por Salete campari, Nanny People, a musa do Herchcovitch Márcia Pantera já realizou desfiles com Fernando Pires.


Rainha do bate-cabelo, Nome Márcia veio de Márcio, mas a origem do nome Pantera veio de sua paixão pelo irmão da Monique Evans, o modelo Marcos Pantera. Márcia inicia sua carreira como performer na balada Nostro Mondo, primeira boate gay do país a partir daí, começou a mostrar seu brilho para o mundo. É uma das musas do estilista Alexandre Herchcovitch. Realizou trabalhos para revista ELLE, VOGUE foi capa da INTERVIEW.

Atualmente continua movimentado o mercado de moda e cada vez mais abrindo portas para novas profissões como personal stylist, responsáveis por trazer cada vez mais irreverência, personalidade e dar identidade visual para essas construções de personagens. Grandes e pequenas marcas brasileiras q vem abraçando a causa, dando visibilidade e gerando espaço na indústria da moda. Onde podemos ver a arte drag, diariamente presente em grandes setores da moda principalmente nos quais se trabalham como beleza e imagem fashion de moda.


Perukelly

Perukelly Marca de perucas

Boldstrap

Marca do segmento underwear com uma pegada fetichista.

Allan Lenhel

Estilista focada no underwear que cria figurinos e diversos acessรณrios para shows e videoclipes.


O stylist

Olavo Dias (@olavoides) vem ganhando espaço no mercado através de trabalhos para shows e videoclipes da Pabllo Vittar, Lia Clarcke e Kika Boom.

Lucas Pichim

Assinou styling da Romagaga para videoclipe Tagaragada, no qual em parceria tinha a maravilhosa romagaga, onde foi assistente de produção Sasha Zimmer e o Stylist dela foi assinado pelo Felipe Swab.


A Moda é comportamento de uma dada época sendo um fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade, varia por hábitos e costumes em um determinado momento. A sociedade nos divide no conceito binário, Sendo homem ou mulher. No qual a Arte Drag tem papel fundamental e de Influência sobre a moda, trazendo um novo significado as peças que remetem um simbolo opressor como o espartilho, causando uma discursão e influência para aqueles que se identificam com a moda GENDERLESS, ou até mesmo gays mais afeminados que muitas vezes se apropria de símbolos ditados como femininos. Após anos hoje de luta a comunidade se sente representada, então podemos encontrar recentemente a vogue trazendo na sua capa para edição de outubro de 2020, Duas Drag Queens, no qual suas músicas são as mais ouvidas, tanto o público LGBTQIA+ quanto heteros. Após mais ou menos um século de luta, defendendo aquilo que era dito como errado para uma sociedade, que idealizava e idealizava uma figura masculina engessada, pessoas empoderadas se libertando dos estereótipos do masculino e feminino. A arte Drag, portando descentraliza a figura hetero normativa, descategoriza corpos e desocidentaliza as influências da epistemologia vigente na história da arte. Diante desse poder e discurso que sua imagem nos traz, vemos grandes personalidades ocupando espaços como teatro, cinema, música, stand up, desfile de moda, influencers, campanhas publicitárias, filmes, premiações, lugares onde podem performar e levar mais empoderamento. Precisamos entender que a arte Drag surge através do machismo que proibia as mulheres de

representa sua própria imagem. Tudo que é mais próximo da imagem do feminino é reprimido. Por meio disso idealizou a arte Drag como instrumento de ensino para evoluir culturalmente uma nação. Acredito que Arte Drag já ocupou seu espaço, mas ainda precisa ganhar respeito, dentro do meio LGBTQIA+ quanto por fora.


Fotografia de

moda

POR

CAROLINA BELEM


O que seria da moda

sem a imagem?


Os porquês de fotografar Com a necessidade de melhorar a qualidade das ilustrações artísticas em veículos de comunicação, a fotografia de moda surgiu inicialmente para apresentar com mais precisão as criações de estilistas e costureiros. Muito antes da fotografia entrar no mundo da moda, nos século XIX, as revistas representavam através de técnicas de ilustrações e pinturas as mulheres da alta sociedade. Até à primeira década do século XX, o uso mais comum para as imagens fotográficas era para documentar ou servir de apoio e referências para os ilustradores.


Ilustração de

RENÉ GRUAU


Apesar da fotografia ter iniciado formalmente em 1839 com a divulgação do daguerreótipo, sua aplicação nas artes gráficas design, publicidade e revistas especializadas - foi um pouco tardia, em partes por uma cultura visual solidificada para a ilustração e pintura, mas também pela indisponibilidade de conseguir uma impressão, em larga escala e com qualidade, de texto e imagem na mesma página. A imagem fotográfica é o resultado da sensibilidade de um olhar sobre

cações de moda. Embora as primeiras fotografias de moda conhecidas são da década de 1850, lá da corte de Napoleão III, o uso da fotografia como ferramenta publicitária só se tornou popular no início do sé-

um objeto, mas também é uma importante ferramenta de registros de acontecimentos e costumes, e foi graças aos avanços tecnológicos e à criação da técnica de fotogravura técnica que possibilita à impressão de texto e foto em uma mesma página - que ela conseguiu seu espaço nas publi-

amplo. Pela sua característica de eternizar um momento, a fotografia é de suma importância para moda - que necessita ser vista - pois ela assegura à sua sobrevivência, uma vez que atuando como documento pode relatar o seu desenvolvimento.

culo 20 quando à Editora Condé Nast contratou o Barão Adolph Meyer para fotografar retratos de modelos, atrizes e aristocratas para a Vogue. A partir daí as fotos passaram à ser utilizadas em editoriais e tornou à moda mais acessível ao um público mais


Nos anos 90 com a revolução tecnológica que globalizou o mundo e consolidou a comunicação através das imagens, a divulgação de produtos e pessoas era cada vez mais frequente e importante. Essa supervalorização da imagem fez com que outros profissionais ganhassem importância na propagação de novos conceitos dentro da moda, como o produtor de moda, o design gráfico e o fotógrafo, que já fazia parte da construção da publicação de moda. A fotografia é a linguagem não verbal que interpreta o conceito por trás da moda. É aquela que cria um momento, desenvolve uma ideia e constrói o desejo de consumo por um produto. Com o objetivo de divulgar peças de vestuários, acessórios e produtos de beleza com caráter comercial ou artístico, hoje a fotografia de moda assume muitas formas, passando pelos editoriais, campanhas publicitárias, fotografia still e até os lookbooks que são vistos em revista especializadas ou outros veículos de comunicação.

"A fotografia de moda se aperfeiçoou muito durante à sua história."


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roiD ahnapmaC

E AI, QUAIS A moda que sempre dialogou com a arte, encontrou na fotografia, um dos meios de aproximação dessa linguagem, assim reforçando ainda mais a importância da imagem para a valorização das publicações de moda. A fotografia de moda que é produzida com o objetivo de apresentar uma vestimenta ou acessório, de forma clara e objetiva a fim de introduzir um produto no mercado, pode ser definida exclusivamente como comercial.

são as opções? Quando as imagens carregam, além do seu objetivo principal, uma temática que pode envolver à ficção, o sonho ou uma perfeição na sua composição saindo do “basiquinho” - ou um conceito de forma a se aproximar mais da arte, é definida como fotografia de moda conceitual.


EDITORIAL de moda

O editorial de moda pode ser entendido como um conjunto de imagens que através de um tema contam uma história, normalmente são encontradas nas revistas e reúnem peças, acessórios e calçados de diferentes marcas e até outros objetos que gere interesse ao leitor. Além da sua função comercial com o objetivo de divulgar as marcas, os editoriais transformam as revistas em algo mais

dinâmico e servem como fonte de inspiração para projetos visuais. Esse estilo de fotografia é o mais poderoso instrumento de divulgação no mercado. Diferente da foto publicitária de moda, o editorial tem mais liberdade de criação na sua produção e apresenta um conceito com a intenção de direcionar um comportamento de forma poética sem deixar explícito.

Fotografia de

MISS BEAN


Fotógrafa que trabalha com arte, música e moda. Começou a sua carreira como fotógrafa depois de estudar Comunicação Visual na School of Design da Polytechnic University of Hong Kong. Seus trabalhos podem ser encontrados em anúncios impressos, videoclipes, capas de álbuns musicais e de revistas. Miss Bean atualmente vive e trabalha em Hong Kong e Tóquio, representada pelo escritório de fotografia Mikiya Takimoto em seu trabalho no Japão.

Miss Bean @missbeann


O diferencial desse estilo de fotografia é A LIBERDADE PARA CRIAR Sabemos que muitos trabalhos na área de comunicação envolvem uma equipe, para uma produção fotográfica não é diferente. O fotógrafo de moda tem que usar suas habilidades e seu olhar apurado para mostrar com perfeição os detalhes, o corte, a cor e até o caimento das peças. Quando a produção segue para o lado conceitual, esse profissional, normalmente, segue um briefing desenvolvido pelo diretor ou editor de arte responsável pelo projeto. A partir disso, o fotógrafo desenvolve um moodboard com as

referências de cenário, luz, ângulos e poses que podem representar a ideia. Para somar os talentos artísticos, o produtor de moda entra para transformar o conceito em peças. Seu objetivo é tornar o produto mais atrativo, comercial e chamativo. O produtor de moda tem um olhar apurado para a curadoria das peças, carrega consigo uma bagagem artística e histórica bem profunda, além de conhecer muito sobre a teoria das cores e os estilos presente nas segmentações de moda.


Make-Hair O responsável da maquiagem e dos

Styling

penteados pode ser a

É responsável por pegar as

mesma pessoa, ou dividir

peças escolhidas pelo

as funções entre pessoa

produtor e montar looks

distintas, mas tudo isso é

lindos, harmônicos e

imprescindível para dar

diferentes, tudo isso dentro

vida à produção.

do conceito determinado e das tendências atuais.

Fotógrafa Deve estar integralmente envolvida no projeto, pois através dos ângulos, da iluminação e das lentes que utiliza é que as imagens darão vida e expressão ao editorial. Deve se envolver e interagir com o conceito de uma

Produtora

maneira profunda.

Ela deve criar o conceito, encontrar as locações, fazer as autorizações, escolher as modelos, vasculhar brechós e lojas para conseguir as peças necessárias que interprete o

A fotografia é

conceito.

UMA CONSTRUÇÃO EM EQUIPE


Editorial

No quintal eu fiz


Ensaio Autorretrato feito em casa Produção e fotografia de Carolina Belem Roupas de brechó


Dica para uma boa produção: Pesquise referências de cenários, cartela de cores, poses e ângulos. Lembre-se criatividade é tudo! Não tenha medo de arriscar.




Uma dica muito legal para quem não está familiarizado com poses, é utilizar a câmera frontal para conseguir se ver e não se esqueça de ligar o temporizador, isso facilita.



Não se esqueça, a luz é tudo para uma boa foto. Sempre prefira a luz do sol. Os melhores horários são durante a manhã até as 11h e depois das 15h30 da tarde para se ter uma luz suave.


Ensaio Autorretrato feito em casa Produção e fotografia de Carolina Belem Roupas de brechó


"Eu não decidi ser fotógrafa, rs. Colocaram uma câmera na minha mão, muitas lentes na minha cintura e disseram: - “Vai, você consegue!”. E assim foi."

- MÄDCHEN VIVI


Olá, Vivi! Primeiramente, eu agradeço por ceder um tempo para essa entrevista. Para iniciarmos essa entrevista, vou te contar um pouquinho sobre o nosso projeto. A produzmoda é uma revista digital que tem como objetivo apresentar para o público como é à profissão Produtor de Moda e onde encontramos seu trabalho. Como sua colega de trabalho, eu percebi que sua relação com a produção e o styling é bem forte, e para essa coluna sobre fotografia queremos, entender melhor na prática e com uma profissional como é esse casamento da fotografia e à produção de moda no dia-a-dia. Sendo assim, seguiremos com essa abordagem. Sinta-se a vontade para dizer o que acha importante sabermos. Vamos começar com uma apresentação pessoal para os nossos leitores

ENTREVISTA COM Mädchen Vivi

Conte um pouco sobre você, quem é a Vivi? Onde nasceu, onde vive e trabalha atualmente? Agradeço o convite, Carol. Parabéns a todos pela iniciativa do projeto. Espero conseguir transmitir através de palavras um pouco da minha experiência e minhas vivências na arte da fotografia. Nasci em São Paulo e vivo no centro. Bairro República. Atualmente trabalho com fotografia de moda e direção criativa.

Quando teve o primeiro contato com a fotografia? Desde muito cedo eu tive a oportunidade de ter contato com a fotografia através de livros. Foi em um livro de fotojornalismo que escolhi o que queria estudar. Comecei com comunicação social. A criação antecedeu ao entendimento da fotografia. Sempre me identifiquei com artes visuais. Criar e recriar - a princípio na minha mente.

Não lhe Prometi,2019

Desde quando e onde começou a sua carreira na fotografia? por que decidiu se tornar fotógrafa? Comecei com tratamento de imagem fotográfica para uma agência de fotojornalismo, em 2007 / 2008, em São Paulo. Na agência eu aprendi a exercitar meu olhar fotográfico. Vi materiais incríveis, de amigos que participaram com suas câmeras e com


seus olhares de momentos

Projeto Lafemme Diary, 2015

decisivos no nosso país e fora dele. Pude absorver e me apaixonar desde o primeiro instante. Depois de um longo tempo no tratamento de imagem, em 2011

fui

fotografar.

Minha

primeira pauta fotográfica foi uma greve de bancários no centro de São Paulo. Eu não decidi ser fotógrafa, rs. Colocaram uma câmera na minha mão, muitas lentes na minha cintura e disseram: - “Vai, você consegue!”. E assim foi. No processo todo do tratamento de imagem eles perceberam a capacidade que eu tinha nos cortes e viram que eu poderia seguir os passos sem problema algum. A técnica aperfeiçoou em um segundo momento.

uma agência e me convidou para ser parte da equipe. Na época eu trabalhava em uma galeria de fotografia.

Fotografia de moda representa um terceiro momento da minha vida profissional. Sempre tive o olhar para moda, mas nunca havia me dado conta que eu conseguiria seguir No começo do meu trabalho comercial foi profissionalmente. Foi através dos meus difícil ter uma linha de raciocínio criativo projetos que entendi o caminho a que atendesse uma demanda focada em percorrer. vendas. Vinha de projetos pessoais sem nenhum tipo de pretensão em venda, mas Como você vê o mundo da fotografia de sim focada em exposições. Esse foi meu moda atualmente e no futuro? O que mudou? maior desafio. Dos enquadramentos até a Muita coisa mudou se falarmos em um produção de moda primeiro momento sobre as plataformas, softwares, equipamentos e Como você se envolveu com a fotografia de suas infinitas possibilidades do moda? E o que ela representa para você? analógico ao digital e virtual. Me envolvi através de um convite. Uma participante do meu primeiro projeto Vi na resistência das Revistas impressas pessoal, o LaFemme, estava abrindo um ponto de partida. Foi nelas que


estudei e admirei grandes fotógrafos de moda e seus ângulos, a importância da diagramação, a magia da produção de moda e cenografia... Hoje entendo como acontece e como isso mudou com o tempo na sua apresentação de impresso para o virtual.

Notas Intimas, 2020

Onde vai buscar a inspiração necessária para criar o seu trabalho? Como descreve o seu estilo fotográfico? Meu trabalho autoral é construído a partir de referências autobiográficas, provenientes da sensualidade do feminino, de inquietações sociais, da moda, música e comportamento, a fim de desenvolver a fotografia integrada à outras linguagens.

Sabemos que você tem projetos autorais, eles têm alguma relação com à moda (direta ou indiretamente)? Segue um tema ou conceito? Conte-me mais. Sim, e eu nunca tinha parado para observar esse olhar que a princípio é indireto. Só consegui traçar esse caminho após algumas consultas com uma amiga coaching artística. Existem muitos temas que eu busco abordar, mas a mensagem do meu trabalho autoral é retratar a beleza, poder feminino, satisfação pessoal, liberdade e a sensualidade na mesma medida em que os elementos pessoais inseridos evidenciam a agre-

ssividade que usualmente é questionada e velada na figura feminina representada arquetipicamente como um ser dócil, submisso e receptivo.

'''Fotografia de moda representa um terceiro momento da minha vida profissional''.


O que é fotografia de moda para a Vivi? E qual a importância da produção em uma fotografia para ecommerce? Fotografia moda é um caminho que eu decidi estar. Entendo a necessidade de mudanças na moda e a fotografia vai seguir junto retratando seja como for. A produção de moda e a sua importância para e-commerce acredito que não tenha nenhuma regra ou fórmula. Depende de muitos aspectos para ela funcionar.

como alcançar seu objetivo. Leia sobre sustentabilidade e bons impactos. Um bom trabalho segue junto com práticas que falam além, que enxergam além e que façam diferença.

"No começo do meu trabalho comercial foi difícil ter uma linha de raciocínio criativo que atendesse uma demanda focada em vendas. Vinha de projetos pessoais sem nenhum tipo de pretensão em venda, mas sim focada em exposições. Esse foi meu maior desafio. Dos enquadramentos até a produção de moda"

Qual o seu diferencial para que os clientes cheguem até você? Como divulga o seu trabalho? Meu trabalho autoral nunca foi produzido com intenção de chamar clientes. Apenas passo a mensagem. Já o trabalho comercial é feito para duas marcas onde me dedico fulltime. Alguns clientes chegam até mim pelo meu instagram, Linkedin, Behance. Depende muito.

E para fechar, você teria alguma dica para quem quer trabalhar nessa área? Observe artistas que te inspiram, estude a vanguarda através dos filmes, das artes visuais, vá em exposições, converse com quem está na área e pode dar dicas de

Comercial work


Segmentações de

moda

POR

DAIANE TEODORO


O que é segmentações?

Segmentações é a forma de classificação, definindo pontos específicos e trazendo a tona o que realmente faz parte e esclarecendo os estilos no mercado da moda.

E quais são essas segmentações de moda?

As príncipais segmentações de moda são o All Jeans/Total Jeans, Candy color, Color Block, Navy e Street Style... é importante sabermos sobre esses estilos com uma história por trás, assim obtendo mais conhecimentos para um bom produtor(a) de moda. Por fim, mas não menos importante, saiba que todos esses modos estão na moda feminina e masculina independente da idade, vista-se para você, sentir bem e bonitos.

Agora, vamos conhecer e ter inspirações em cada um desses estilos:


O Versátil do All Jeans Jeans, uma das peças mais populares de um acervo pessoal, muito atemporal e combina com qualquer ocasião. "Porém, nem sempre o jeans foi um tecido para roupas" Começou quando Levis Strauss vendia tecidos de lona para cobertura de tendas e carroças na Califórnia, ele observou que as calças que os garimpeiros usavam desgastava muito rápido e teve a idéia de fazer calças com os tecidos que tinha. Com isso, as lonas eram muito resistentes, porém desconfortáveis. Depois de um tempo começou a usar algodão sarjado em suas peças, conhecido como Denim para deixar mais flexível.

Ainda assim, não tinha a cor índigo, era marrom. A cor azul que é tão comum hoje em dia, só teve inicio em 1890. Para ter jeans mais atraentes Levis (fundador da marca Levi’s) tomou a iniciativa de tentar tingir as peças com o corante de uma planta chamada Indigus e ficou com a cor que é conhecido mundialmente. E com essa opção, temos a segmentação "All Jeans" ou seja, looks compostos por total Jeans com varias composições, lavagens, texturas, degradê de azuis podendo ter aplicações ou até mesmo customizar. Alterando seus modelos além de calças, shorts e jaquetas, vestindo as pessoas das mais simples á mais sofisticadas.


Macaquinho + Jaqueta Cropped Um macaquinho sem manga super descontraído com uma jaqueta cropped como sobreposição, podendo dobrar as mangas e abusar nos acessórios.

Camisa escura + Calça Clara

Combinações certeiras

Top preto com camisa jeans escura com dois fechamentos apenas na parte superior, para dar um diferencial no estilo. Calça jeans clara cintura alta e cinto preto, para marcar a cintura e por fim um All Star azul. Um look total denim, solto e prático.

Vestido + Jaqueta Vestido com manga, acima do joelho, com uma jaqueta comprida repleta de detalhes nas costas, podendo usar por cima do vestido ou até mesmo amarrada na cintura, um modo moderno e jovial.


Cores nos tons claros, leves e variadas...

Candy Color?

Isso mesmo! Muito conhecida como cores doces, por lembrar muito as tonalidades de marshmalows, cupcakes e guloseimas. Apesar de estar muito ligada á infância, passa um efeito de leveza e delicadeza quando se usa nas roupas. Calmaria e harmonia são as palavras que definem essa paleta. A influência veio do período pós guerra-fria, e está presente na moda até hoje.

Diversas peças possuem o famoso tom pastel como amarelo candy, verde menta, lilás, rosa candy, nude entre outros... Para combinar esses tons, você pode apostar em looks monocromáticos e para dar um charme a mais, colocando acessórios delicados ou tente mesclar duas ou mais cores candy. Veja, a seguir, inspirações de looks com essas cores;


Look meia estação na cor verde menta. Bruna Marquezine

Alicia Roddy

Look formal na cor amarelo candy. Rosa + Azul = Combinação perfeita Oriane Adjibi

Candy Color + Street Style Kate Ogata


Chamativa

Criativo

Ousada Pessoas que não querem passar despercebidas com suas produções arrasadoras.

Color Block É assim que se destaca as personas que usam esse segmento Color Block, traduzindo, Bloco de Cor usando cores bem vibrantes e com contraste no mesmo look. O bom é apostar em qualquer

cor como laranja, azul, amarelo, rosa, verde, vermelho, roxo entre outras muito fortes e lisas, que se conversem entre si e se complementam no circulo cromático.

Para não errar e criar combinações certeiras o círculo cromático te ajuda nisso, veja a seguir :


Cores Complementares São cores opostas que causam muito impacto visual. Exemplo : azul e laranja

Cores Tríades Utilizamos três cores igualmente distintas do círculo cromático. Exemplo : vermelho, verde e amarelo

Cores Análogas Cores vizinhas, uma do lado da outra contendo duas ou mais cores. Exemplo : rosa e vermelho.


Navy Mas só conseguimos isso hoje A palavra “Navy” significa “marinha" esse estilo é composto por peças de através de muita luta, já que na era roupas nas cores azul marinho, branco, medieval era proibido o uso de vestimentas com listras, pois eram vermelho designadas á pessoas e amarelo/dourado criminosas, prostitutas e (nos detalhes/acessórios) carcereiros, era podendo ter cores neutras praticamente censurado. como bege e nude, lembrando muito a Hoje em dia, podemos usar vida marítima e por livre e espontânea vontade, a beleza na vida da praia. por temos ganhado espaço e respeito. Esse estilo é marcante por ter listras, Depois que Coco Channel se inspirou âncoras e conchinhas, tanto nos looks nos uniformes da marinha, várias como em decorações. Um modo celebridades começaram a obter esse estilo, no qual está mais presente no simples e prático. verão como algo mais clássico e alegre.

Veja a seguir, as inspirações de looks no clima Marítimo:


Camiseta + Bermuda Uma camiseta branca com listras azul marinho e sapato vermelho = tudo para um look fresquinho e despojado, usando acessórios como óculos e um chapéu para complementar o visual.

Regata + Short Branco

Muito a cara do verão! Essa regatinha na cor nude e short branco com rasteirinha, mais uma mini bolsa = ótima combinação para um passeio na orla da praia.

Camisa Pólo + Bermuda Crianças no estilo SIMMM! Uma camisa pólo com bermuda de listras nas horizontais e tênis, super fresquinho.


O modo real Street Style

O segmento "Street Style" no qual podemos designar por estilo de rua, onde é cada indivíduo dita seu próprio estilo, misturando várias peças de guarda roupas diferentes, com mix de elementos e culturas. Foi na década de 70, com o movimento punk e a popularidade da música do hip-hop deu a origem a moda urbana. Atingidos por esses movimentos a juventude da época começaram a se vestir de forma “fora da caixinha” sem nenhum padrão específico e bem descolados, expressando a individualidade de cada um, com uma mistura entre música, cotidiano, arte, esporte e política. A partir desse dois movimentos, foram nascendo cada vez mais estilos, com o advento da internet e das câmeras digitais, tudo ficou mais acessível e prático, as barreiras sobre os estilos foram quebradas, e se mesclando ou generalizando.

Com todas essas transformações, Bill Cunningham foi o pioneiro a registrar o estilo de rua em New York, o fotografo começou a capturar a espontaneidade das pessoas na rua com seus diversos estilos de se moldar, uma elegância descontraída e urbana, isso foi cada vez mais observado nas ruas e nas mídias sociais que atraiu a atenção nos blogueiros, marcas e todos que vissem. Hoje em dia, nas redes sociais está cada vez mais comum os blogueiros e influenciadores digitais se verem no Street style que começaram a ganhar espaços em 2006, mas antes disso já era feito pelos caçadores de estilo ou coolhunters (nome mais conhecido) que tiravam fotos de looks nas ruas, como referencias para marcas, desde então varias marcas buscavam inspirações nas cidades.


Look simples, porém nada básico, modelo com camisa oversized, acessórios para arrematar o look e um chinelo birken, combinadissimo para um dia lindo de verão. A mom jeans voltou pra ficar! Nessa lavagem clarinha então, melhor ainda, que valoriza a silhueta junta com uma camisa linda + corrente lateral e chinelo birken, fica tudo.

Dias quentes pedem shorts e camiseta, para completar e estar preparades pra sair, tênis + pochete e óculos de sol, segura esse detalhe do cinto de corda.

Para uma noite mais fria podemos apostar numa sobreposição de segunda pele de golinha estampada + cropped de moleton, calça alfaiataria verde + cinto western e o queridinho de todes o coturno + bandana e máscara

My body My rules Fotos : @dt_fotografias


No frio um conjunto de alfaitaria fica mega quentinho e estiloso.

Protegido (em meio a uma pandemia) e no style com camiseta vermelha e com essa calça descontruida de uma técnica Upcyling ficou perfeitamente fashionista.

Camiseta é indispensavel + calça pantacourt soltinha+ mini bag transparente = total street style, descolado e único.

Tie dye super tendência no momento e para colorir esse calor, ficou o máximo.

@joaonell

@r.afa


Consumo

Consciente

POR

REINAN ROCHA


O mundo mudou, e o perfil do consumidor também. Segundo o Sebrae, na primeira semana de fechamento do comércio, a queda de faturamento do setor chegou a 74%; Fazendo com que as lojas físicas migrassem para o mercado virtual durante a pandemia, mas nem mesmo a alta exponencial do e-commerce, principalmente no brasil, foi suficiente para alavancar o setor da moda nesse período. Os efeitos da pandemia no setor vai muito além da queda nas vendas, pois a cadeia de produção foi a primeira a se prejudicar, já que boa parte dela está localizada na China onde ocorreu a primeira paralisação do mercado. Segundo a Câmara Internacional do Comércio, o setor da moda está entre

as áreas mais afetadas pela pandemia junto com o turismo e aviação. No último ano esse era um mercado que vinha crescendo bastante, mas agora durante a pandemia podemos notar algumas mudanças na forma de consumo, pois as pessoas hoje mais do que nunca estão desenvolvendo um lado crítico em relação às formas em que as empresas se posicionaram. Gerando assim o cancelamento de algumas marcas que não se posicionaram da maneira correta perante o momento atual, porém muito antes da pandemia algumas marcas já estavam envolvidas em casos de exploração trabalhista e impactos ambientais gerado pela produção disseminada de vestuário.


Modelos de negócio como o fast fashion, se baseiam em uma linha de produção rápida e barata. O que acaba gerando impactos negativos ao meio ambiente. A indústria têxtil é umas das que mais causa impactos ambientais, desde a sua linha de produção quando dados afirmam que o algodão representa 3% das plantações no mundo e é responsável por consumir 16% dos inseticidas produzidos globalmente. É um tema ainda muito complexo já que a indústria têxtil não abrange só o ramo do vestuário, então seria difícil conseguir uma estimativa correta relacionada a esse setor.

O fast fashion é responsável também por causar grandes impactos sociais, tendo em vista que para diminuir ao máximo os recursos financeiros na produção das peças, podendo assim levar algo extremamente acessível ao consumidor, marcas acabam implantando condições análogas a escravidão. O documentário The true Cost dirigido por Andrew Morgan, retrata os impactos da indústria da moda na sociedade, já que grande parcela da produção têxtil é direcionada a países de terceiro mundo onde a mão de obra é barateada e as condições de trabalho são extremamente precárias. Um caso que chamou a atenção de todos para essa situação foi o desmoronamento de uma fábrica em Dhaka capital de Bangladesh, onde cerca de 1127 trabalhadores morreram.


Algumas das vantagens em consumir roupas de segunda mão é que você acaba movimentando economicamente o comércio local, ou ajudando instituições de caridade no caso do bazar. Provavelmente "você já ouviu alguém falar só tem roupas muito velhas ou estragadas em brechó”.

Mas não é bem assim, em alguns brechós você consegue peças de ótima qualidade e com um preço bastante acessível. E o mais importante, essas peças não passaram por exploração para chegar até você.

Dizem por aí que roupas de segunda mão carregam energias de seus antigos donos, mas se pararmos pra pensar, tudo que nós consumimos passa pelas mãos de outras pessoas. Aliás, o que é preciso para passar energia negativa ou positiva? O ato de usar a peça? Fica a questão.

Afinal peças geralmente são usadas por várias pessoas em lojas de departamento por exemplo, mas em todo caso basta lavar a roupa com sal grosso e água benta. Pense sempre pelo lado positivo, roupas de segunda mão geralmente ajudam instituições de caridade, movimentam o comércio local e pequenas empresas.


Outra forma de consumir com consciência e responsabilidade é o Slow Fashion, aposto que você já ouviu falar sobre, mas você sabe o que é? Oposto ao fast fashion, o slow fashion se adequa a práticas mais sustentáveis na sua linha de produção, onde preza uma cadeia produtiva de menor escala, utilizando materiais duráveis e design atemporal, fazendo

Por falar em cuidados, cada peça dependendo do material tem uma forma correta de ser higienizada, na etiqueta de cada peça contém instruções de como se deve lavar, secar e passar, entre outros cuidados que se deve ter. Você sabe o que significa cada simbola na etiqueta?

com que a peça tenha mais qualidade e durabilidade. Um ponto que vale ressaltar é que as peças acabam tendo um valor elevado em comparação ao produto de um fast fashion por exemplo, porém deve se levar em conta que se trata de uma peça com maior qualidade, que irá durar bastante tempo, se cuidada da maneira correta.


PRINCIPAIS MARCAS QUE TRABALHAM NA PRÁTICA, MUDANÇAS NOS HÁBITOS DE CONSUMO Flavia Aranha, a marca da estilista de mesmo nome, é referência no Brasil quando se fala em moda sustentável e slow fashion, peças atemporais criadas com base em um processo de produção que causa menos impactos ambientais.

A Osklen é econhecida nacional e internacionalmente por seu pioneirismo nas ações em busca da sustentabilidade socioambiental. Em 1998 o Diretor Criativo Oskar Metsavaht começou a desenvolver uma t-shirt de algodão orgânico, na época, pouco se ouvia falar sobre.

Após deixar uma grande marca nacional, Flavia Aranha decidiu empreender em uma marca com base nos seus preceitos. As peças são tingidas naturalmente utilizando, camomila, capim-limão, pau-brasil e outras especiarias que dão tom a marca.

Oskar criou em 2006 o Instituto E, cujo o objetivo é transformar o Brasil em referência em práticas sustentáveis. Osklen e Instituto-E seguem trabalhando não apenas na busca de matérias-primas e processos mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, mas também no apoio à estruturação e à adequação de pequenos a grandes fornecedores no âmbito social.


A IMPORTÂNCIA DE CONHECER O SEU ESTILO NA HORA DA COMPRA Outro fator importante para diminuir o descarte de roupas, é conhecendo o seu estilo, fugindo assim de modismos. Aposto que você já parou pra refletir e pensou: “por que eu comprei essa peça de roupa?”. Isso acontece geralmente quando se compra por impulso ou quando você não conhece o seu próprio estilo. Muitas vezes consumimos para

satisfazer uma felicidade momentânea, não levando em consideração a sua personalidade. Uma das maneiras de conhecer mais sobre o seu estilo, é analisando os seus gostos, lugares que frequenta, se você gosta de algo mais chamativo ou mais minimalista, observando sempre o seu guarda roupa e vendo o que você gosta, o que não gosta e o porque não gosta.

QUAL É O FUTURO POSSÍVEL DA MODA? A moda do futuro gira em torno da sustentabilidade, comunicação digital e formas de consumo, com um olhar voltado para nova geração que vive conectada e trocando informação a todo momento. Considerada a geração mais engajada em causas socioambientais, é dela a voz que ditará a moda do futuro.


Moda Susténtavel e Figurino

POR

REGIANE OLIVEIRA


Produção de Moda, Figurino e Sustentabilidade Você já parou para pensar que aquela personagem encantadora, de filmes, peças de teatro, novelas, anúncios publicitários e shows só consegue chamar sua atenção porque suas roupas e acessórios foram estrategicamente pensados por um Produtor de Moda que compôs os figurinos? O Figurino é a caracterização visual de uma personagem, onde roupas e assessórios se entrelaçam com a narrativa e ajudam a contar sua história. Ao criar uma persona para ser apresentada, é importante pensar em códigos ou características visuais que transmitirão de forma nítida e coerente sua mensagem e que contribuirá para sua identidade visual, sendo fiel a obra e traduzindo-a de forma objetiva, mantendo um elo forte entre o público e a moda. O Figurino não é apenas uma roupa usada em cena, mas também uma forma de comunicação não verbal, da qual podese retratar muitos aspectos do personagem perante o espectador.

Paolla Oliveira em Além do Tempo Fábio Rocha/Gshow


Contando histórias Isso quer dizer que as roupas falam? Bela Gil para campanha de leitura Miro / Leia.Seja. Não literalmente, mas sabemos que as roupas têm muito a dizer sobre quem as usa, pois elas são capazes de traduzir de forma visual certos sentimentos, características e aspectos da vida. E ao utilizá-las para se montar um figurino isso não é diferente, na verdade seus significados se tornam ainda maiores. Em uma narrativa, independentemente do tipo de espetáculo a ser trabalhado, o Figurino é capaz nos fazer visualizar e

sentir sensações da época em que o personagem está por exemplo, notar se um período atual ou histórico. Podemos assimilar a estação do ano, o clima ou até mesmo em que hora do dia a personagem está. E ele também nos auxilia a reconhecer aspectos socioculturais, reconhecer a representatividade de outras nações, ou as diferenças entre classes sociais.


Presente, passado e futuro Para usá-lo de forma adequada, o figurino foi dividido em categorias para servir como guia, sendo eles, Figurino Realista, Para-Realista e o Simbólico.

O Figurino Realista retrata de forma fiel as vestimentas de certa época, com bases em fatos históricos ou culturais, não havendo nenhuma liberdade criativa para o Figurino. Podemos observar isso na série Anne with an E, contextualizada no início do século XX, onde as vestes remetem não somente à época de ambientação, mas também as questões socioculturais presentes nesse período. Foi totalmente revigorante fazer parte da equipe criativa e colaborar na exploração de um mundo épico, mas íntimo, corajoso e visceral ambientado nas

Figurinos Realistas na série Anne With an E

regiões Marinhas antes da virada do século XX. Criei tabelas de cores e texturas, certificando-me de que tínhamos o pulso da ilha [certo]; dos fazendeiros, aos pescadores e aos pátios das escolas. Formamos silhuetas e em seguida construímos personagens intrincados e complexos. De malhas feitas à mão, a algodões, couros, palha, peles e feltros - tudo foi tingido, tingido demais, pintado e quebrado. Muito energizante! - relata Anne Dixon, figurinista da adaptação em entrevista para a Universidade de Artes de Londres.


O Figurino e a caracterização de ‘Meu Pedacinho de Chão’ possuem uma estética que remete a um conto de fadas atemporal. O figurino assinado por Thanara Schönardie caracteriza os personagens de forma lúdica, como se fossem ilustrações de um mundo mágico. Como ponto de partida para essa atemporalidade, a figurinista buscou como referência o período entre o final do século XVIII e século XIX. Mesclando materiais e peças originais dessa época como renda e cartolas

garimpados em brechós e feiras de antiguidades em Londres –, com tecidos tecnológicos e até mesmo materiais insólitos como vinil, borracha e plástico, Thanara fez uma releitura desse período conferindo ao figurino uma modernidade. Usa-se de tudo: desde as rendas inglesas de época até bolinhas de ping-pong, toalha de mesa de plástico e cortinas de banheiro que são costurados um a um, peça por peça, fazendo deste, um trabalho artesanal. Diz nota de imprensa da rede Globo.

Figurinos Para-Realista da Telenovela Meu Pedacinho de Chão


O Figurino Simbólico não tem relação com o contexto histórico. O objetivo principal é mostrar a atitude, caráter, pensamentos e as características do personagem. Podemos observar isso nitidamente em toda a saga de Star Wars, lançada em meados de 1977 e presente até os dias atuais. Os figurinos são sempre únicos e extremamente bem elaborados, por vezes sendo apresentados em vestes riquíssimas cheias de adornos, ou em trajes mais simples e minimalistas. E por mais que haja influências de diversas

culturas nas elaborações das peças, a obra não tem referências direta há nenhuma delas, essas alusões foram apenas motivo de inspiração para tais personagens. E se olhar de forma mais abrangente, a obra tornou-se seu próprio fator Histórico, muitos de seus lançamentos subsequentes tiveram a si mesmo como referência para novas adaptações.

Figurinos Simbolicos Divulgação / Lucasfilm


É Figurino ou Fantasia?

Arlequina do filme Esquadrão Suicida Reprodução/Amazon

Comumente confundido com fantasias, o Figurino ajuda na caracterização de uma personagem, ou seja, temos um profissional interpretando um papel, no qual ele utiliza não apenas seus talentos artísticos, como também faz uso de toda a sua imagem para transmitir sua história ou mensagem.

Fãs caracteriza dos como a pe rsonagem Arle quina Mariana Pekin /UOL

Já a Fantasia, é algo utilizado de forma mais livre por qualquer pessoa que assim o queira, sendo ele inspirado ou interinamente reproduzindo os trajes do personagem ao qual está ligado.


Produtor de Moda ou Figurinista?

Filme : O diabo Veste Prada Fotos 20 Century fox Tanto o Produtor de Moda como o Figurinista, são profissões que exigem trabalho em equipe e muita pesquisa e conhecimento de Arte, História Geral e da Moda, Sociologia, Filosofia, Materiais Têxteis, Marketing, Desenvolvimento de Coleção e novidades tecnológicas, entre outros. Embora um Produtor de Moda possa ser um Figurinista e vice versa, a sutil diferença entre eles é que enquanto o Produtor de Moda precisa ter uma visão mais global e versátil do mercado de moda, o Figurinista tem uma relação íntima com a criação e o desenvolvimento de coleções. Bons contatos e uma relação de confiança com fornecedores, são fundamentais para o sucesso dos profissionais.

Patrícia Field, figurinista do filme referência fashion O Diabo Veste Prada, e sua boa relação com a Moda, investiu em parcerias com diversos designers e marcas renomadas do mercado, na escolha de peças atemporais e eternamente desejadas, e utilizou da criatividade de outros estilistas, para complementar sua idealização das características dos personagens que apresentaria. Os looks usados por Andy Sachs (Anne Hathaway) e Miranda Priestly (Meryl Streep) foram motivo de desejo e cobiça durante a divulgação do filme, devido à grande parte das peças serem produtos que se antecipavam a tendências e a coleções.


Interpretar e Recriar! Vamos montar um figurino? Antes de qualquer outra coisa, é necessário conhecer bem a obra que será adaptada, aprofundar-se ao máximo em seu enredo, destrinchando detalhes que envolve os personagens, como suas características físicas, psicológicas, sociais e seus trejeitos, analisar o ambiente que frequenta, as influências do período histórico e até mesmo o clima no seu dia a dia, além de suas relações com outros personagens durante a narrativa. Ou seja, uma boa pesquisa é fundamental e um bom figurinista vai além do que se é obtido na obra em si, devendo aprofundar-se mais no tema e no contexto que ela o fornece. Para produções cinematográficas, como filmes e novelas, ou até mesmo para o teatro, é comum que este profissional e sua equipe recrie e produza as peças que serão utilizadas pelos personagens do zero. Mas isso não é uma regra! A criatividade é um ponto forte, e isso não apenas para criar trajes exuberantes, mas para ser capaz de fazer o necessário com o que tiver em mãos, pois haverá projetos que exigirão peças específicas de épocas passadas por exemplo, e saber onde encontrá-las será de grande importância, mas, mais do que isso, ter a noção de que conhecendo os materiais necessários para recria-las, isso permitirá com que encontre alternativas assertivas para o projeto.

É preciso ir à caça. Garimpar lojas de roupas, de acessórios e de produtos para confecção, analisando cuidadosamente as possibilidades de uso de cada peça encontrada, pois nem tudo precisa ser fiel ao projeto idealizado, há inúmeras possibilidades de adaptações para se chegar a ele, como envelhecer as roupas para uma produção de época por exemplo. E com isso em mente, uma ótima opção é a busca de trajes em Brechós, além de uma maior facilidade para encontrar peças de períodos específicos, há também um maior custo benefício, já que levar em consideração os gastos do projeto é fundamental. Pode-se também consignar todo o acervo necessário para o uso em projetos em que o tempo de execução é menor ou que tenha um baixo orçamento, como para programas de TV ou minisséries. Compilar todas as informações coletadas em um relatório de projeto é essencial, ao final será ele o guia para dar início a produção dos figurinos, mostrando onde haverá a coleta de materiais, quais serão as alterações necessárias e as opções de substituições em caso de infortúnios no processo. Após toda a etapa de teste e ajustes quanto ao que for necessário, é feito então um orçamento e depois de tudo acertado, dá-se início à preparação das vestes, que serão sempre coordenadas pelo próprio figurinista.

Downton Abbey Fotos Focus Features


E o Oscar vai para... Já imaginou ganhar um prêmio reconhecendo toda a grandeza do seu trabalho? Felizmente podemos contar com isso. Figurinistas tem grande prestígio no cinema mundial e muitos foram consagrados em premiações, como na mais conhecida e renomada, o Oscar, que desde 1948 concede o prêmio de melhor figurino dentre todos os lançamentos do ano. Uma grande Figurinista da atualidade é Colleen Atwood, nascida em Yakima, Washington e que começou sua carreira na moda como consultora de estilo no iníciodos anos 1970 e que em 1980, deixou sua cidade natal para estudar arte na Universidade de Nova York No mesmo ano, surgiu uma oportunidade e ela começou a trabalhar como assistente de produção do filme Ragtime, onde conseguiu fazer par com uma figurinista. Depois disso, continuou a trabalhar como figurinista para teatro e cinema, mas a virada veio quando ela conheceu o diretor Tim Burton, sendo Edward Mãos-deTesoura a primeira de muitas colaborações entre os dois.

Colleen Atwood para a edição 2013 do The Hollywood Reporter Oscar Icons Atwood já ganhou diversos prêmios devido ao seu trabalho, entre eles o Oscar de melhor figurino por; Chicago em 2003, Memórias de uma a Geisha em 2006, Alice No País das Maravilhas em 2011 e mais recentemente, Animais fantásticos e Onde Habitam em 2017.


Figurino +

= Passarelas

Moda Uma das marcas mais famosas da atualidade e que consegue conciliar figurino e moda, é a marca Comme de Garçons. Criada pela estilista Rei Kawakubo em Tóquio, sua marca é conhecida pela sua criatividade que não segue tendências e regras, e que faz uso de diversas referências e proporções que remetem ao abstrato, a marca é considerada uma das mais expressivas e criativas do mundo da moda. Durante o Paris Fashion Week de 2019, Comme de Garçons apresentou ao mundo sua mais nova coleção, que mais uma vez, surpreendeu a todos. Suas peças exuberantes e atrativas sempre causam curiosidade e certa afronta a imaginação, dessa vez com uma coleção baseada em Orlando de Virginia Woolf. A obra não serviu apenas como fonte de inspiração para as passarelas, aquelas mesmas peças seriam utilizadas na mais nova adaptação de Ópera a ser exibida em Viena.

Desfile Paris Fashion Week/ Vogue

Opera Orlando Michael Pöhn para Wiener Staatsoper Além disso, devido toda sua genialidade e criatividade, a marca já ganhou uma exposição com suas peças no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque em 2017, onde foi possível ter um vislumbre de sua visão em relação a moda e de como credita suas obras como sendo uma extensão do corpo.


De modo geral, esse termo vem descrever a necessidade de amenizar os danos causados ao nosso planeta, diminuindo o consumo excessivo de matérias primas naturais e o descarte de lixo não tratado no meio ambiente, tendo propósito de encontrar alternativas mais avançadas e menos agressivas, além de propor-se a restaurar de forma gradual o que já se encontra em degradação. Para compreender melhor sua importância, precisamos conhecer um pouco de como é confeccionado os materiais têxteis e de vestuário que consumimos. Muita empresa durante o processo de produção, conta com um grande desperdício de energia elétrica por exemplo, outras fazem descarte de resíduos de forma irregular, tais como: materiais químicos e resto de insumos que podem atingir o solo ou áreas pluviais. Além da extração exacerbada de matérias primas do meio ambiente, sem que haja uma reposição adequada. Mas não são apenas as indústrias e confecções que causam danos, o consumismo desenfreado também contribui para que esse ciclo continue em expansão, quanto maior a procura, maior a quantidade de produtos que serão produzidos, e uma maior quantidade de produtos serão descartados.

Sendo assim, a Moda Sustentável vem como uma alternativa para reeducar e colaborar para a melhora de toda a cadeia de produção, refletindo também no consumidor final, apresentando-lhes diversas opções de melhorias de hábitos. Algumas mudanças que já estão sendo utilizadas e podem contribuir de diversas maneiras para a preservação e a melhoria do nosso eco sistema, como por exemplo indústrias de tecidos que promovem a fabricação de materiais têxteis totalmente sustentáveis e naturais, como o algodão orgânico, que é cultivado sem que haja uso de fertilizantes e pesticida e há as inovações com fibras vindas da soja, do milho e do bambu, materiais que podem ser totalmente degradados no solo após sua vida útil. Além disso, pode-se ainda contar com os tingimentos naturais, evitando assim que agentes químicos do processo de coloração atinjam o meio ambiente no processo de descarte. Por fim, existe a opção de produção de tecidos reciclados, que podem ser conseguidos com a coleta de retalhos ou até mesmo com o reaproveitamento de peças não comercializáveis, sejam elas por defeito ou descarte de seus usuários.


Vamos conhecer algumas atitudes sustentáveis que já estão sendo utilizadas por marcas nacionais e que servem de inspiração no universo da moda. Há uma outra opção similar a reciclagem de tecidos, mas aqui sendo diretamente ligado ao produto final, esse método tem ganhado muito espaço e possui uma terminologia própria para ser identificado, o Upcycling. Upcycling é um processo de criar algo novo a partir de itens antigos. Ou seja, usando materiais já existentes e que seriam descartados, dando-lhes novos aspectos. A Think Blue é uma marca carioca, idealizada por Mirella Rodrigues e sua finalidade é criar peças únicas e exclusivas feitas com matéria-prima descartada, produzindo peças que combinam design com consumo consciente. Faz uso do Jeans como seu material principal devido sua durabilidade e resistência.

Imagens - think blue upcycled


Temos ainda empresas com a missão de preservar não somente o meio ambiente, como também todos os seres vivos presentes neles, elas são conhecidas pelo termo ‘Vegana’, essas empresas, independe seu tamanho, garantem que todos os seus produtos sejam de origem 100% orgânicas e que durante todo o seu processo de produção, nenhum ser vivo tenha sido lesado, com o uso de suas peles, em testes realizados nos mesmos, entre outras coisas.

A marca Urban Flowers originou-se com o propósito de se criar produtos sustentáveis e sem nenhuma crueldade animal e com boas e justas relações trabalhistas. Priorizam o sistema de lixo zero, onde as escolhas das matérias primas são feitas em lixeiras por exemplo, tem o método de produção Slow fashion, pois o processo é inteiramente artesanal e confeccionado por pequenos produtores da região e garante que os demais produtos necessários sejam 100% orgânicos e que nenhum veja de origem animal, como a cola e os corantes.


Aposto que você nunca pensou dessa maneira, não é mesmo? Mas os brechós permitem que peças que foram descartadas e que ainda se mantém em ótimo estado continuem com sua missão, a de serem usadas. Prolongar ao máximo a vida útil de uma peça de vestuário é uma atitude extremamente sustentável, você está dando valor a todo o seu processo de produção.

Brechós como Capricho à Toa e Minha Vó Tinha e B.luxo são uns dos mais reconhecidas do país, tem grande variedades de produtos não apenas para o Consumo pessoal, mas ambos são ótimos para o uso em produções de figurinos, devido sua diversidade e acervo.

O Capricho à Toa, fundado por Denise Pini, tem uma pegada mais fashionista e tem como propósito democratizar o acesso a grifes e marcas famosas sejam elas nacionais ou internacionais, praticando um preço justo tanto para quem vende, quanto para quem compra.


Imagens : Brechรณ B.Luxo

Imagens : Brechรณ Minha Vรณ Tinha


Manu & Carol Looks Conscientes É possível conciliar a moda sustentável à criação de figurinos, cabe ao responsável pela caracterização se atentar a isso, seja ele um Produtor de moda, Stylist e Figurinista, está em suas mãos e em sua mente criativa o poder de reproduzir suas ideias de forma mais consciente. Um ótimo exemplo disso são Manu Gavassi e sua Stylist, Carol Roquete, que trabalham juntas há quase três anos e essa união e trouxe um ar bem mais fashionista ao guarda-roupa da cantora, deixando-o mais versátil e moderno.

Carol procura trabalhar com uma pegada mais urbana, tendo como um dos principais estilos criativo o Street Style, onde permite que Manu se expresse sem amarras nenhuma, mas ainda assim, garante que a associá-la a um certo segmento não é apropriado, pois Manu está sempre se reinventando e para a sua criatividade não há limites. Muitas de suas produções são feitas com peças produzidas de forma mais consciente, da reutilização de coleções passadas e das maravilhas encontradas em brechós.

Manu Gavassi usa B.Luxo

Manu Gavassi vestindo Peças do brechó Minha Vó Tinha


Em seu vídeoclipe ‘Áudios de Desculpa’, Manu apresentou um cenário mais vintage, com influências do barroco e do contemporâneo. Com figurino que mescla peças modernas e outras provindas de brechós, sua persona aparenta viver uma sociedade Aristocrática, onde sua nobreza fica em evidência devido as suas jóias, acessórios de cabelos e roupas com riquíssimos detalhes, como rendas e babado. E para complementar os looks, foram utilizados calçados da marca Melissa, que deram uma leve sensação de conflito entre o passado e presente, mas sinalizando que para um acessório de moda ser utilizado, é necessário apenas usá-lo, recriando tendências.

É possível transpor identidades visuais de inúmeras formas, sejam elas em produções fashionistas, com editoriais de moda ou campanhas comerciais, em produções artísticas com a elaboração de figurinos ou simplesmente no seu dia-adia. Lembre-se que a Moda não é uma prisão, ela é um meio de liberdade e expressão, a sustentabilidade já está entrelaçada a ela por fazer parte do nosso cotidiano e do nosso futuro, então use, reuse e reinvente-se.


Cool Hunter na Moda

POR

RAFAEL BELLE


Para que se possa sobreviver em um mercado global de produtos de consumo, neste caso, no âmbito da moda, é preciso estar sempre, minimamente, um passo à frente da concorrência, uma vez que as redes sociais, alavancadas pela Internet, transformaram conteúdos bem elaborados e confiáveis, que tinham um tempo de vida útil e de novidade de semanas, quiçá meses, em informação instantânea e superficial. Para resolver esse imbróglio surge uma personagem “quase anônima”, que pode ser facilmente confundida com um Antropólogo, pela sua prática de observação e anotações de fatos e comportamentos ou simplesmente como um turista em as suas incontáveis “selfies”, a quem o marketing e a publicidade batizaram acertadamente de CoolHunter.

CAÇADOR DE

tendências?

surgimento A prática da atividade, início do século XX, sempre esteve associada ao mercado de produtos de moda. De câmera fotográfica pendurada no pescoço, bloco de notas moleskine nas mãos e olhares atentos a tudo e a todos, os caçadores de tendências saíam às ruas em busca de novos estilos e apropriações de objetos que pudessem sofrer uma releitura ou se transformar em elementos de moda. Com o passar do tempo e por parecer uma profissão relativamente fácil de ser exercida, aconteceu uma banalização da prática do conceito, quando muitas pessoas passaram a se auto intitular cool

hunters, mesmo não sendo capazes de fazer simples associações entre os sinais de possíveis tendências futuras e fornecer insights interessantes para as empresas, resultando em descrédito para a atividade. Na segunda década deste século, novos teóricos e pensadores retomaram a prática, dessa vez, descrevendo melhor uma metodologia. Foi assim que o coolhunting tornou-se novamente uma ferramenta importante no estudo de tendências.


O QUE FAZ

o cool hunter?

Originalmente, o cool hunter é um profissional de pesquisa, que se utiliza de diversos métodos de coleta de dados para identificar os sinais cool. Esses métodos podem ser convencionais, como enquetes e pesquisas de opinião ou experimentais, como a prática de caminhar pela cidade com o objetivo de observar e captar as significações expressas nos diversos elementos socioculturais das ruas, imperceptíveis para um olhar menos apurado. O importante é que essas investigações forneçam sinais cool para a análise, que nada mais são que objetos ou comportamentos que indicam mudanças no inconsciente coletivo. Eles podem se manifestar sob a forma de produtos, comportamento de compras e consumo consciente, inquietações sobre o meio ambiente, novos locais na cidade que, de repente, entram no hype, entre outras possibilidades. Esses métodos também podem ser utilizados em pesquisas sistemáticas na internet. Por esse motivo, é preciso ter um olhar sempre muito atento. O cool pode estar em qualquer lugar. Depois de coletar os sinais, o cool hunter precisa interpretá-los e encontrar padrões entre eles. O objetivo é entender quais são as mentalidades por trás de cada sinal. A partir dessa análise, o profissional conseguirá fornecer insights para a empresa promover as suas inovações. Essa “caça” aos sinais cool serve para identificar mudanças no comportamento das pessoas. Por isso, ela está muito relacionada à pesquisa de tendências. O objetivo do cool hunter é identificar essas transformações ainda nos primeiros sinais e interpretá-las. Ou seja, além de conseguir enxergar o que é cool, ele precisa entender bem o que está por trás disso e estabelecer relações com outros sinais que, muitas vezes, estão tão distantes quanto a gastronomia e a arquitetura. Com essas análises e interpretações, o cool hunter consegue orientar a empresa a promover inovações para estar sempre na vanguarda do mercado.


COOLHUNTING

na moda

A moda foi o primeiro domínio dos cool hunters e segue sendo um dos principais campos de atuação desses profissionais. Muito mais do que apontar qual será o tecido do verão ou a cor do inverno, o cool hunter de moda tenta entender como as pessoas utilizam suas roupas em situações específicas e o que comunicam através delas, uma vez que moda é o reflexo do comportamento sociocultural, carregada de sentidos múltiplos e necessidades emocionais individuais e coletivas. Dessa forma, designers e marcas acompanham atentamente as manifestações de street style, por se tratar de fonte inesgotável de novas tendências, tanto para descobrir o que está por vir, quanto para medir o que foi adotado ou não das propostas apresentadas nas passarelas. Isso significa que as sociedades contemporâneas cultivam um diálogo entre os dois lados, indústria da moda e moda de rua, que se traduz em algo super positivo para o mundo global.


O QUE É O

street style ?

A moda streetwear, exemplo da teoria Bubble-up que define o ciclo de tendência de moda de baixo para cima, é considerada autêntica por ter sua origem nas ruas e influenciar as passarelas. A moda de rua geralmente está associada à cultura de grupos de jovens – as tribos urbanas, que se juntam em grandes centros urbanos com o objetivo de expressar seu gosto musical, suas gírias e principalmente e seu estilo visual. O Street style pode ser entendido como a moda que vem das cidades, dos indivíduos, independente de classe social, cultura ou etnia, e não das marcas ou semanas de moda. Esse tipo de tendência vem ganhando cada vez mais espaço em blogs e sites especializados no street, e dando cada vez mais atenção a esses novos” ditadores” de moda, que se comunicam diretamente com o consumidor, numa relação próxima e direta, que busca mostrar um pouco mais da moda pessoal. O estilo de cada um. Esse trabalho é feito com extremo cuidado, aos poucos vão se achando indivíduos, em meio a multidões, cheios de personali -dade e estilo próprio. Os resultados são belas fotografias que inspiram, a todo momento, pessoas do mundo todo. Pessoas, cores, culturas, natureza, inspirações do mundo, a rua… A moda é tudo aquilo que está porta à fora. Aos poucos a moda vem se democratizando, juntando todos os estilos e formando um só, o meu estilo, o seu estilo… o nosso estilo!


S o b r e . . . Sabina Deweik é referência mundial em pesquisa de Tendências e Consumo, unindo com maestria uma formação acadêmica bem fundamentada à experiências marcantes em pesquisas práticas e em projetos importantes com as melhores empresas nacionais e internacionais. É formada em jornalismo e tem dois mestrados no currículo: em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e em Comunicação de Moda pela Domus Academy, de Milão. Conteúdo visionário, bem atualizado e linguagem acessível são marcas da palestrante, que traz na bagagem clientes como: Ferrero Rocher, Samsung, Fiat, Petrobrás etc. Sabina é uma cool hunter, literalmente, caçadora de tendências, expert em perceber e antecipar mudanças de comportamento. O cool hunter radiografia pessoas, cidades e comportamentos para descobrir quais os próximos passos que as empresas devem tomar para alcançar o sucesso. Precursora do Coolhunting, foi responsável por criar o primeiro curso da área em São Paulo, no Instituto Europeu di Design. Mais tarde, foi convidada para iniciar e comandar o curso na Escola São Paulo, onde é coordenadora e docente do mesmo.


S o b r e . . . Magá Moura, nascida na Bahia, atualmente residente em São Paulo, formada em Relações Públicas pela Casper Líbero, cursou Coolhunting no Instituto Europeo di Design e também Fashion Marketing na London College of Fashion. Maga é uma influenciadora digital, trabalha com marcas fortes no mercado brasileiro de moda, decoração e gastronomia, pela sua forma abrangente, descontraída e diferenciada! Colorida de todas as formas, Maga traz muita personalidade nas suas vestimentas pois abusa muito do segmento street style, onde mistura diversos estilos, cores e texturas!Uma mulher extremamente empoderada, atualmente dona de uma marca de roupas que traz toda sua identidade visual e fashion!


Ícones da

Moda

POR

ELANE SOUZA


Quebra n espartilhos do 95 - 18

Manual do estilista

Para ser um bom estilista, é preciso ser criativo e estar atento aos acontecimentos sociológicos e globais. No início, as próprias clientes eram autoras de seus vestidos, algumas delas os costuravam com suas próprias mãos. Isso mudou quando Paris decidiu se tornar chique, sofisticada, luxuosa, requentada entre outros, realmente, todo o esforço foi reconhecido e até hoje, Paris é uma das maiores potências de moda. Tudo começou quando Worth (Charles Frederik Worth) um simples costureiro literalmente quis “sair pra fora da caixinha”, ou seja, ele começou a explorar sua criatividade, sensibilidade, personalidade entre outros, assim, abriu um espaço onde mulheres de todas as idades poderiam encontra - ló pra fazer seus belos e extravagantes vestidos que estavam na moda no século XIX.

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A partir da década de 20, a moda

feminina

passou

Pa u

lP oire

por

grandes mudanças, Paul Poiret foi

t1 8791944

o responsável por grande parte delas,

desde

muito

novo

trabalhava com tecidos, com as sobras fazia vestidos de boneca para suas irmãs, no entanto, chegou a vender esboços para estilistas. Sua paixão por moda foi grande o bastante para torna – se aprendiz de designer de Jacques Doucet, com quem aprendeu e adquiriu

muitas

habilidades

criativas na profissão. Por volta de

Vestido de gala sorvete Paul Poiret 1912

Vestido Paul Poiret

1901, logo após seu regime militar, entrou na oficina de Worth onde não ficou muito tempo e posteriormente abriu seu primeiro espaço de moda. Em poucos anos promoveu um dos primeiros atos que gerou a liberdade da silhueta feminina, alongando os quadris, reduzindo notavelmente a quantidade de peças íntimas usadas por cada uma delas, tirando os espartilhos de seus guardaroupas, de modo que, as curvas ficaram bem mais evidentes, então criou o vestido conhecido como "A onda" que tinha pequenos ajustes abaixo dos seios e o tecido decorria sobre todo seu corpo, inspirou-se no século anterior para criá-lo. Também trouxe vida através de estampas e cores de origem japonesa, ele foi um importante apoiador a essa cultura.


Manto de lã usado por Emilie Grigsby por paul Poiret

Vestido de noite " Josephine" paul Poiret

Imagem de Tarsila vestindo Poiret Vestido Paul Poiret

Depois de um tempo, Paul desenvolveu muitas obras como seus livros, panfletos de moda, documentários entre outros, isso foi muito inspirador para os atuais designs do mercado, ele fundou uma escola de artes em tecidos no intuito de ajudar jovens desfavorecidos a se desenvolverem em moda. É perceptível que ele foi um grande inovador para a época e tinha toda a atenção voltada para seus grandes trunfos, como seus perfumes e acessórios que foram lançados bem antes de outras marcas que já existiam naquele tempo. Paul inconscientemente criou uma estratégia de marketing que é muito atual, viajou o mundo inteiro levando consigo suas criações, documentários, coleções e mostrando mundo afora seu trabalho, isso acrescentou positivamente em sua carreira, seus vestidos alcançou a grande artista plástica Tarsila do Amaral, mais uma prova que seus modelos tinham grande bagagem artística e culturais, os artistas veem as coisas de um ângulo diferente, não? Como todo criador, ele também foi copiado por diversas vezes, e revogou seu direito, mas logo a guerra estourou o que de fato atingiu sua carreira de maneira desastrosa, pois a partir daí, Paul não conseguiu recuperar seus clientes mesmo usando várias estratégias para isso. Foi abandonado por sua esposa e morreu sozinho e esquecido pela sociedade.


Christian Dior 1905-1957

Conquistando território

Desde

poiret

o

estilista

que

deu

Vestido icônico Dior

continuidade com louvor na moda lado a lado a arte foi Christian Dior, ele nasceu

new look

em 21 de janeiro de 1905, na cidade de Granville França. Dior veio de família rica, o

que

lhe

proporcionou

a

melhor

educação, viagens, artes entre outros. Durante um tempo sofreu com uma forte doença que afetou consideravelmente as condições financeiras de sua família, após quatros anos foi assistente de Robert Piguet um estilista da suíça. O gosto pela

vestido Dior 1998

alta-costura só foi crescendo dia após dia na vida de Dior, tanto que, a essa altura, o grande desejo dele era ter seu próprio ateliê. Decidiu então trabalhar para outro estilista, Pierre Balmain, um francês isso ampliou seus conhecimentos. A realização do de seu sonho aconteceu em 1946, o ateliê foi inaugurado na Avenida Montaigne em Paris. Aliás, o mesmo endereço da Dior até hoje (vale muito a pena conferir).Um ano depois lançou sua primeira coleção o conjunto de peças foi batizado como New Look por uma revista norte-americana. As peças surpreenderam bastante às pessoas da alta sociedade. Isso porque, ao contrário de outras marcas que seguiam tendências mais “simples”, como a Chanel, Christian Dior quis dar um toque de luxo e extravagância para as mulheres. Assim, as saias eram compridas, com grande volume e, além disso, estilo plissado. Casacos de seda, calçados de salto altoe tailleurs de cintura bem marcada também fizeram história, tudo isso para dar mais feminilidade e poder as mulheres.


Apenas dez anos após o grande sucesso de New Look, Christian Dior Yves saint Laurent primaveraverão 1999

morreu por causa de um infarto. Em 73 anos de marca os estilistas, Yves Saint Laurent e outros estilistas

Yves Saint Laurent

Christian Dior

2001

outono/inverno 2018

conseguiram manter o Yves Saint Laurent 1936-2008

legado de Christian Dior,

cada design a sua própria maneira com criações elegantes, sofisticadas, refinadas dignas do tapete vermelho. No comercial suas peças tem uma modelagem e caimento surpreendentemente perfeitos e isso faz parte do que Dior deixou. E falando em legado tudo isso é herança de Paul Poiret, pois suas criações sempre foram sinônimas de perfeição. Yves (Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent) nasceu em Orã, que na época era uma colônia francesa, no dia 1 de agosto de 1936. Filho de um homem de negócios deixou a casa de seus pais aos 17 anos para trabalhar como braço direito do estilista Christian Dior. Aos 21 anos, assumiu a direção da Christian Dior, que na época era a maison mais importante, isso aconteceu por consequência da morte de seu criador. Depois de muitos anos, Yves deixou a Dior para fundar sua própria loja, a YSL, financiada por Pierre Bege, um grande homem de negócios, que também era seu companheiro, mesmo com o fim da relação continuou sócio e amigos até a morte de Yves. Entre os anos 60 e 70, sua marca tornou - se conhecida mundialmente por sua precisão na alfaiataria, a grande alta do estilista foi à criação do Prêt-a-porter, a moda feita industrialmente, com corte e roupas sofisticadas além de mais acessíveis ao público geral.


Outra realização importante de Yves foi á criação de coleções masculinas adaptadas às mulheres o chamado “Smoking feminino”. Isso foi relevante no que diz respeito ao comportamento da época, pois as mulheres começaram a usar calça

comprida, o que a

sociedade rejeitava até então. Yves Saint Laurent faleceu em Paris, no dia 1 de junho de 2008 vítima de câncer cerebral. Desde 1999 a YSL foi adquirida pelo PPR Group- Pinault Printemps Redoute, após aposentadoriade Yves os estilistas, Stefano Pilati, hedi slimane, Anthony Vaccarello já estiveram à frente da marca apesar de deixar a marca mais jovial e contemporânea, YSL nunca deixou de ser sofisticada, cobiçada, e bem falada nomundo da moda até hoje.

Esses foram os mais importantes ícones que colocaram no papel a moda que conhecemos hoje. Lembre uma roupa nunca será só uma roupa tem muita história por trás daquela peça.


Música e

Moda

POR

NATHAN GUIMARÃES


PÕE A MODA PARA Moda e música, dois fenômenos que são influenciados por sua época, cultura e contexto social, uma relação coexistente que define novas estéticas e antecipa mudanças culturais e de comportamentos. Muito mais que só Bowie e Kansai Yamamoto¹ ou Cher e Bob Mackie² e até mesmo Grace Jones e Jean-Paul Goude, a estética (seja ela musical ou visual) provém de inspirações mais profundas e complexas e possuem características comportamentais do seu período.

¹Estilista japonês, que ficou famoso por suas criações extravagantes e por desenvolver o figurino do cantor David Bowie. ²Robert Gordon Mackie, estilista e costureiro americano do ícone do entretenimento Cher.

R O R DA


Nascido nas ruas sinistras do Bronx da década de 1970, em Nova York, o Hip-Hop surge primeiro como música de apoio para festas locais do bairro e depois se transformam em letras que comentavam as questões sociais e relatavam as condições de vida de pessoas desde sempre relegadas à marginalidade dos subúrbios; com o desenvolvimento do Hip-Hop, e o seu sucesso comercial, além da música, os grupos de rap e o seu Mc’s exportaram sua vestimenta para toda uma geração. O visual do RUN-DMC, NWA e WU-TANG CLAN, tinha diversos códigos que traduziam suas raízes, a calça larga e caída, com o cós baixo e sem sinto, remetia aos presidiários, cujos cintos e cadarços eram retirados ao chegar a prisão; usavam conjuntos de moletom, jaqueta bomber, chapéu Kangol³ e Adidas Superstar, jóias de ouro pesado criavam um jogo de poder – um índice de riqueza e sucesso. A moda hip-hop tornou-se um grande negócio de mercado á medida que crianças brancas dos subúrbios desenvolviam um apreço pelo guarda-roupa típico das ruas.

³Marca inglesa que fabrica chapéus e bonés desde 1938.


Dapper Dan, lendário designer do Harlem se tornou estilista favorito de todas as estrelas do Rap e do esporte, contrabandeando centenas de quilômetros de tecidos estampados com monogramas das marcas de moda do segmento luxo Louis Vuitton e Fendi, para criar roupas que elevavam o status de quem as usava. Tommy Hilfinger foi uma das marcas tradicionais que colheu frutos (milhares deles) com a geração Hip-Hop, traduzindo o estilo das ruas para a moda esportiva e casual, um mix de preppy⁴ com urbano, abrindo espaço para modelos negros e artistas da cena. ⁴ Estilo difundido por estudantes de escolas da elite americana composto por blazer azul com brasões bordados no bolso, camiseta clássica estilo marinheiro, calças cáqui, saia pregueada xadrez, camisa branca e suéter colorido.


Saindo de Nova York e indo em direção a Washington do início dos anos de 1990, descobrimos Seattle, que pelo seu clima frio e úmido na maior parte do ano ficou conhecida como “A cidade mais mal vestida, com a melhor cena musical do mundo", que manifesta seu estilo em moletons, camisas de flanela, gorros, coturnos, jeans e tudo o que compunham a roupa de todo dia da classe trabalhadora e foram adotados pelos músicos e seguidores da nova cena underground que emergia na cidade; Inspirada e influenciada pelo Punk, Heavy Metal e o Indie, o Grunge era a junção da rebeldia com o não conformismo, que criava uma música altamente mordaz e angustiante. Bandas como o Nirvana, Alice Chains, Pearl Jam e Hole se abasteciam de uma estética despojada, e que foi basicamente conhecida como “desleixada", tratava-se mais de “desaparecer" do que “aparecer". Era uma maneira de desvencilhar da pressão de ter de se sujeitar aos padrões, uma possibilidade de negar a obrigação da boa aparência.


Havia muito que a mídia e a cultura popular do Estados Unidos, eram dominadas por imagens de corpos belos, e o grunge unia as pessoas que se esforçavam para ter um “não visual". Compravam roupas em brechós e bazares beneficientes e não em lojas de renome. Até que em 1992, um desconhecido designer estreante conhecido por Marc Jacobs, apresentou sua coleção de primavera verão para a marca Perry Ellis, fotografado por Steven Meisel em editorial para Vogue US com Naomi Campbell e Kristen McMenamy, com inspiração grunge e transformou um estilo cotidiano em informação de moda. Com peças que mais pareciam ter saído do guarda-roupas da Courtney Love⁵, Jacobs captou o visual: vestidos florais bem soltos usados com camisas de flanela e coturnos por modelos sem maquiagem, em que o único acessório era um piercing, foi uma novidade e democratizava ainda mais a “não-moda" dos grunge. Em 1994 Kurt Cobain – um dos ícones do grunge – se suicidou aos 27 anos de idade, a recessão global deu as caras e as pessoas perderam interesse por roupa com “cara de barata", o movimento estético-musical no entanto, virou história e referência sendo vez ou outra revisitado por músicos ou designers. ⁵Cantora e compositora da Banda Hole, esposa de Kurt Cobain da Banda Nirvana.


Algumas décadas antes do Grunge, mais precisamente os anos de 1960, a máxima música e moda já se mostrava coexistente. O Rock n Roll nascido uma década antes, já passava por uma modernização sonora e já abarcava uma nova atitude, muito mais rebelde e contestadora. Os britânicos foram em parte responsáveis por influenciar toda uma geração com sua moda, música e arte. Como escreveu um jornalista norte-americano no jornal Daily Telegraph “A juventude capturou essa ilha antiga e assumiu o comando do país, onde antes ela sempre havia se mantido corretamente em seu lugar. De repente os jovens eram os donos da cidade". A cultura popular foi regenerada, mas foram na música e na moda, que essa revolução tornou-se mais visível, os jovens não queriam mais se vestir como seus pais, e sim usar roupas e ouvir músicas que expressassem seu espírito jovem, iconoclasta e constestador.

Os Beatles, usando terno clássico preto que evolui para cinza e perde o colarinho e lapela, numa clara referência de seu alfaiate Douglas Millings ao collarless jacket de Pierre Cardin, camisa branca, gravata e botinhas, e os Rolling Stones, que criaram a imagem do astro do rock moderno com looks vagamente desleixado, meio punk e por vezes psicodélico, se tornaram febre em toda América e constituíram uma nova fase para a música pop moderna. Com a crescente conscientização sobre o consumismo desenfreado, a ecologia, direitos civis de afro-americanos e o novo movimento feminista, a arte refletia toda essa ebulição de quebra de costumes e projetou o movimento Hippie, em que os ideias de paz e amor governavam um estilo de vida que abraçava a liberdade sexual, a vida comunitária, o uso recreativo de drogas e uma inclinação para o vegetarianismo, assim como, para tudo o que era não-ocidental, tal como o misticismo e as indumentárias indianas.


Bandas como Jimmi Hendrix Experience, Jefferson Airplane, Sly and the Family Stone e músicos como Bob Dylan, Joni Mitchell e Janis Joplin tornaram-se referências musicais e seus trajes eram tão psicodélicos quanto sua música; o público se abastecia de drogas em seus shows, e as roupas refletiam a onda das “viagens". Cores berrantes e texturas chamativas, calça boca de sino, peças vintages, xales e lenços mil, costumes indígenas, crochês e miçangas eram misturados e adaptados com a técnica de Tye Die, grande parte das roupas hippies era feita por quem as usava, em protesto contra a cultura ocidental consumista.

A nova geração de estilistas reagiu, usando da iconografia psicodélica ou inspirando-se em trajes étnicos não ocidentais, como a coleção africana de Yves Saint Laurent. Muitos designers diferentes entre si como Emilio Pucci, Zandra Rhodes⁶, Valentino entre tantos outros tentaram abraçar a estética hippie, só que o “Do it Yourself"⁷, essencial do estilo, era muito difícil de ser incorporado em uma peça assinada. No final dos anos de 1960, o mercado de massa já havia absorvido os motivos hippies e os ideais do movimento cairam em desilusão e ostracismo. ⁶Designer de padronagens têxteis. ⁷Conceito de confecção, modificação e reparação de roupas e acessórios sem a utilização de profissionais especializados.


Com tudo, não podemos esquecer que nem só de movimentos estéticos/musicais vive a relação moda x música e Madonna é a perfeita tradução disto. Desde seu surgimento no começo da década de 1980, a jovem artista já possuia estilo de sobra com um mix de crucifixos, luvas sem dedos, cabelos desgrenhados, amarrados com laços de lenços frouxos eram elementos que compunham o visual da Early Madonna e que fizeram a cabeça das garotas da época. Sua capacidade em servir-se de uma série de personas de si mesma totalmente diferentes umas das outras, colocou-a como descendente direta de David Bowie. Mas foi sua parceria com o estilista iconoclasta francês Jean Paul Gaultier que a magia realmente aconteceu. No primeiro ano da década de 1990, Madonna iniciou sua turnê mais icônica “Blond Ambition", que durante 6 meses levou temas como sexualidade, religião e feminismo tudo regado a música e figurinos fabulosos, como o bustiê de cone (que espetava os conservadores) ou o blazer risca de giz com recorte somente nos seios, menos polêmica e muito mais arte.

Com isso pode se dizer que a dupla impôs um padrão a ser seguido posteriormente por artistas e designers. O tunisiano Azzedine Alaia, mestre da alta-costura foi um grande amigo de suas clientes e marcou sua moda no tempo assinando o figurino de uma Tina Turner no apogeu da sua carreira com a turnê mundial “Private Dancer", criando peças que se tornaram referência para uma colossal Grace Jones (como o vestido de tiras de couro com braços a mostra e touca) e fazendo história nos 200 anos da queda da Bastilha em que com motivos das cores da bandeira francesa, fez um vestido com calda quilométrica para uma gigante Jessye Norman, soprano norte-americana;


aqui podemos citar infinitos exemplos em que a relação estreita entre artirtas e designers foram coexistentes para se criar momentos que viraram história como o vestido de musselina de seda com decote generoso que Donatella Versace criou para Jennifer Lopez usar no Grammy ou Beyoncé e seu já histórico “BeyChella" com figurinos assinados exclusivamente por Olivier Rousteing da Balmain.

Mas na última década nenhum artista foi tão incrivelmente deslumbrante quanto Lady Gaga, desde que apareceu para o sucesso, suas performances e vídeo-clipes são recheados de referências artísticas e fashion, abastecendo-se do que há de melhor em termos de moda e design, usando desde Alexander Mcqueen à Alexandre Hercovicth e colaborando para campanhas da Versace e servindo de modelo para Marc Jacobs e Mugler.


Pode se dizer que a troca entre música e moda/moda e música é irrestrita e infinita. Um fenômeno agrega e da força ao outro mesmo sem se dependerem para continuarem sobrevivendo. Desde os anos 2000 vimos a cultura Rave criando novas possibilidades estéticas e assim foi com vários outros movimentos aqui não citados. As referências são infinitas e provém de diversos lugares, surgem por consequências de contestações e não conformismo, e por ai nós já entendemos que jamais deixaremos de ver novos fenômenos estéticos surgirem a qualquer lugar e tempo.


Maquiagem e Moda

POR

KELLY CRISTINA


Maquiagem ajuda a transmitir a personalidade e revela a forma que queremos nos apresentar ao mundo.

Qual o seu estilo de maquiagem favorito? Você gosta de uma make nude e minimalista ou de um look mais moderno com batom vermelho, isso diz bastante sobre a sua personalidade. Os primeiros passos no mundo da maquiagem são decisivos para a definição da identidade, variando ao longo da vida de acordo com os gostos de cada uma. Isso ajuda a construir a confiança, mostrando as virtudes que você tem ou quer ter - como poder, sensualidade, segurança, estilo, atitude - sem precisar falar nada.


O Surgimento da maquiagem A maquiagem, assim como os cosméticos, é muito antiga, provavelmente utilizada desde a Pré-história para a prática de rituais xamânicos, cultos funerários ou cultos à fertilidade. Três mil anos antes de Jesus Cristo, os egípcios já conheciam a maquiagem: batom, maquiagem branqueadora e de luminosidade, maquiagem para reforçar os olhos e sobrancelhas (a base de chumbo, malaquita, antimônio, Kohl), blush para corar as bochechas (a partir de produtos vegetais, como pétalas de rosa ou de papoulas; animais, como larva de cochonilha; ou mineral, como argilas, óxido de cobre ou ferro ocre), pós que eram misturados com óleos ou pomadas. Outros pigmentos também eram utilizados para a maquiagem: o azul do óxido de cobre, o amarelo do aupigmento, o preto do carbono, o verde da malaquita e mais numerosas nuances obtidas dos óxidos de cobre ou ferro. As caravanas que levavam especiarias e seda para a Europa introduziram os cosméticos e a maquiagem na Grécia (ela não se desenvolveria verdadeiramente até o início do século III, sendo anteriormente um atributo das cortesãs) e ao império romano (Nero e Popeia Sabina maquiavam-se com os mesmos produtos no século I): a maquiagem para rosto, o Kohl, foi

substituído por uma maquiagem à base de açafrão, antimônio, cortiça queimada, fuligem ou cinzas; o blush corava as bochechas através de amoras esmagadas ou cinábrio. Muitos produtos da época à base de metais (chumbo, mercúrio) eram tóxicos, estragando a aparência da pele e provocando um envelhecimento prematuro da mesma. Dentre os escritos sobre cosméticos da época: A arte de amar, Os remédios do amor, Os produtos de beleza para o rosto da mulher, de Ovídio, foram perdidos. A atividade da maquiagem, que visava atender um ideal de beleza, estava sujeito a controvérsias religiosas e filosóficas da época grega. Foi com o retorno das cruzadas que a maquiagem se espalhou pela Europa nórdica, onde ela era somente utilizada quanto para pintura quanto para rituais. Desde o século XVIII, os nobres utilizavam bases faciais, pintura para cabelos e perfume. No século XVI, as mulheres utilizavam pó branco, bochechas vermelhas e nos lábios, uma mistura de corante de cochonilha. Os olhos, contrariamente ao período anterior, jamais eram maquiados, a fim de não esconder “a janela da alma”. Desde o século XVII, a maquiagem é utilizada por todas as classes sociais. As mais abastadas utilizavam preciosidades em suas maquiagens, como pó de ouro, prata e pedras preciosas..


Os manuais de civilidade dos séculos XVI e XVII recomendavam não abrir a boca, símbolo da oralidade e animalidade, devido aos dentes apodrecidos desde a introdução do açúcar no ocidente; assim, a maquiagem escondia a boca nesses séculos. As maquiagens à base de substâncias metálicas, emprestadas das artes das pinturas e das miniaturas, continuaram a ser muito tóxicas, como podemos exemplificar citando o “sublimado de mercúrio”, comum no século XVI. No Japão, as gueixas usavam batom feito de pétalas de açafrão esmagados para pintar as sobrancelhas e bordas dos olhos, bem como os lábios e bastões de cera bintsuke, uma versão mais suave suave da cera de cabelo dos lutadores de sumô foram usados por geisha como uma maquiagem base. Cores pó de arroz no rosto e nas costas; rogue nos contornos da órbita dos olhos para definir o nariz. Ohaguro espécie de tinta preta colocada nos dentes para a cerimônia.

A maquiagem moderna tornou-se popular através do cinema dos anos 1920. Ainda no começo do século XIX, os cosméticos continham chumbo, mas os produtos modernos são testados em laboratórios e fabricados com recursos neutros como talco, caulim e amido de arroz, aos quais são adicionados óleos e corantes sintéticos.


Liberdade para a maquiagem Anos 20

Os lábios e os olhos brigavam pelo centro das atenções. O batom em bastão, como conhecemos hoje, foi inventado mais ou menos nessa época, o que facilitou muito a sua aplicação. As bocas eram coloridas com tons marcantes e desenhadas em formato de coração, realçando a sensualidade feminina.

Maquiagem na década de 20


O auge do glamour

Anos 30

A pele era pálida, e as pálpebras sutilmente coloridas com sombras em pó. Para complementar, sobrancelhas arqueadíssimas e muito finas, desenhadas a lápis. As divas (e quem as copiava) tinham o olhar lânguido e quase displicente – elas não pareciam se importar com os dramas que abalavam o mundo. Cílios curvados, recobertos por várias camadas de máscara. Para evitar todo o excesso considerado vulgar, a maquiagem dos lábios.


Agora e a vez das femmes fatales Anos 40 Toda a forรงa das novas mulheres acabou se refletindo na maquiagem. Ela ficou mais carregadas, com muito batom vermelho, lรกbios cheios e bem delineados. As sobrancelhas continuam desenhadas, mas ficaram mais espessas, deixando o rosto com um ar agressivo e sensual.


A sensualidade natural Anos 50 Sombras nas pálpebras, delineadores, lápis de sobrancelha, e máscaras para cílios faziam todas as atenções ficarem voltadas para os olhos. Os lábios até eram bem desenhados, mas os batons de cores mais suaves deixavam essa parte do rosto em segundo plano. Usava-se a abusava-se de ‘pós-de-arroz’ e pó compacto. Foi nessa época que surgiram os pós faciais puxados para o dourado, imitando o bronzeado e quebrando a palidez do rosto.


A invasão do brilho Os olhos estavam em alta outra vez. Além das sombras metalizadas e multe coloridas, aplicadas em dégradée, o delineador e os cílios postiços (tanto na parte de cima como na de baixo) garantiam o lugar de destaque para esta área do rosto. Para os lábios, quase nada restou: cores claras e apenas uma insinuação de rosa. A pele foi pelo mesmo caminho, o da palidez; a ideia era não tirar a força do olhar.

Anos 60


A força da cor Anos 70 Os olhos eram maquiados em tons de verde, rosa, azul… O delineador e o rímel ficaram em segundo plano, perdendo a força que tinham na década anterior. Na boca continuaram as cores claras, mas com uma diferença: os lábios vinham cobertos por uma generosa camada de brilho.


A década over Anos 80

Luzes estroboscópicas, dourado e lantejoulas. Muito batom, sombra, rímel e blush (bem marcado) compunham o visual das mulheres dessa época. Na boca, além dos batons de cores fortes como vermelho, ainda havia espaço para o brilho labial. Nos olhos, imperou uso de dégradées combinando grafite, marrom com outras tonalidades fortes como o Pink e o violeta, em arco-íris. Para combinar lápis com bastante marcação, os cílios alongados com máscaras pretas ou coloridas (verde e azul). Tudo à prova d’água. Definitivamente, sutileza era coisa do passado.


Joan Collins

Nesses anos é possível perceber duas tendências. De um lado, mulheres dinâmicas, que conquistaram seu espaço no mundo dos negócios e que usavam pouca maquiagem. Afinal, num mundo predominantemente masculino, ser clean era sinônimo de ser competente.

Referências da Década de 80

De outro, as super produzidas, com seus cabelos de pantera, unhas longas e sapatos de salto. Seguras de sua sensualidade – a liberdade sexual já estava mais do que conquistada – usavam roupas justas e carregavam nas cores da maquiagem, quase beirando a vulgaridade.

Victoria Ree Principale


Equilíbrio Produção sim, mas na medida certa. Depois de uma overdose de cor, as mulheres resolveram dar preferência a um visual mais limpo e elegante. Outra grande razão para essa economia no uso das cores é que a beleza natural — aquela que vem de um corpo bonito e de uma pele bem cuidada — ganha cada vez mais adeptas. A ideia é usar a maquiagem apenas para realçar os pontos fortes. Mas nesse mundo onde a moda muda sempre, também há espaço para reviver os looks das outras décadas. Já foram relançadas as maquiagens dos anos 60 e 70, e a de 50 vem por aí. A mulher dos anos 90 tem todos os recursos à mão e os melhores produtos para criar os mais diferentes visuais, mas, nem por isso, exagera na dose. O grande truque é ser um camaleão e adaptar cada tendência a seu próprio estilo.

Anos 90 Cansada dos agitos dos anos 80, as mulheres dos anos 90 apresentam uma beleza esquálida e perturbadora que representa uma sociedade em fase de mutação. Tatuagem e piercings fazem do corpo um campo de expressão da feminilidade “debochada”. Por mais que o mundo fashion diga que não, tons neutros sempre vão ser uma boa pedida. Cores como o bege, as variações de marrom e o marfim são campeãs e os batons cor-deboca não deixam você errar nunca.


Anos 2000 até a atualidade

Não há como negar. A maquiagem hoje é um de fragmentos de todas as décadas passadas. momento ou estação sempre ressurgem os azuis metálicos, os olhos marcados, os lábios marcados, tudo separado, não importa a cor ou a forma.

amontoado Em algum e rosas, os tudo junto,


Inspiração no Estilo do anos 80:

o desfile da coleção Cruise 2020 da Louis Vuitton.

O desfile da coleção Cruise da Louis Vuitton foi um verdadeiro presente para os admiradores da moda dos anos 80. A grife que fez o desfile todo ambientado no hotel do JFK airport, em Nova York, trouxe de volta as bermudas de alfaiataria em cetim, color blocking, calças fusô, jaquetas biker com cetim na lateral e muito mais. O glamour se fez presente no desfile e misturou tecidos leves e pesados com um toque bem descolado e vibrante, com cabelos e a maquiagem tendência na época.


A importância da maquiagem Uma beleza além dos olhos!

“Eu acredito no poder da maquiagem, muito mais do que algo acessório, acredito que a maquiagem tem o poder de devolver alegria e elevar a sua estima, especialmente em momentos delicados. Adicionar uma cor ao rosto, pode trazer alegria e confiança. Pode ser um pouquinho a cada dia, mas já será um começo! Não se trata de esconder ou camuflar algo não… mas sim em ressaltar a sua real beleza, aquela que vem lá de dentro, a sua força interior, mulher! Lembre-se: somos o que a nossa mente deseja e o final feliz é sempre a gente que faz! “

Mari Saad.


Cabelos e Moda

POR

JOELMA BARBOSA


Impossível falar de moda e não falar sobre a moda dos cabelos. Ao longo das décadas, os cabelos perderam a função apenas protetora para se tornarem importantes instrumentos fashion e de beleza (além de sedução). Você sabia que, nos dias de hoje, alguns dos significados atribuídos aos fios são força, posição social e até mesmo poder? Pensando nisso, preparamos uma cronologia dos cortes de cabelo e seus significados de 1910 aos dias de hoje. Curiosos? Então confira a evolução das madeixas:


A era egípcia

O cuidado com os cabelos começou na pré-história, fato comprovado nos achados arqueológicos, como pentes e navalhas de pedra. Contudo, foi no Egito, há aproximadamente 5.000 a.c Para os egípcios a beleza era algo muito importante, pois ela também era essencial para a saúde, eles desenvolveram vários óleos para se protegerem do sol, do vento e da poeira, eles usavam extratos de plantas misturados com gordura animal. E os cuidados com os cabelos não eram exceção.

Muitos homens e mulheres usavam navalhas de cobre para raspar as suas cabeças, as classes medias e altas usavam perucas quando saíam ao ar livre para se protegerem do sol, e também em eventos sociais, algumas perucas eram feitas de cabelos naturais e outras eram misturadas a fibras vegetais. Quando os egípcios morriam as perucas eram armazenadas em caixas e guardadas junto aos seus corpos, para serem usadas em outro mundo.


O verdadeiro rosto de Cleópatra Baseando-se em gravuras de moedas antigas, esculturas e reproduções de decorações de diversos templos da cidade de Dendera, cidade a Oeste do Rio Nilo, a egiptóloga Sally-Ann Ashton recriou as verdadeiras feições da rainha. De acordo com suas conclusões, Cleópatra média 1,52 metro de altura, tinha uma pele distintamente escura e estava ligeiramente acima do peso. Seu rosto se caracterizava por ter um nariz adunco, lábios finos,

queixo pontudo e cabelos encaracolados. Com a divulgação do rosto bem diferente do retratado no mundo ocidental, pode-se destacar que na verdade seu poder de sedução estava fortemente relacionado a sua inteligência e capacidade de articulação. A mulher desavergonhadamente sexual, de acordo com a construção que lhe foi dada pela história e pelas artes, era, na verdade, um genuíno ser político.


Tendências atuais:

1910: A década da Belle Époque Nessa década nenhuma mulher ousava em cortar os cabelos, muito pelo contrário: muitas delas compravam apliques para aumentar ainda mais o volume dos penteados. Mas tudo mudou quando a dançarina “Irene Castle” surgiu com os cabelos curtos e com mechas onduladas, conhecidas também como Bobs.


Cabelos da

TendĂŞncias

dĂŠcada de 1910:

atuais:


A década das melindrosas

A década de 1920 marcou com o surgimento do estilo melindrosa, as mulheres se libertaram dos tabus impostos pela sociedade da década de 10 e com os cabelos não seria diferente. Muitas passaram a adotar mechas na altura das orelhas conhecidas (popularmente conhecidos como à la garçonne ou bob cut.) os cabelos eram usados lisos ou ondulados, mas sempre estavam acompanhados do chapéu cloche.

Cabelos da década de 1920:


Impossível falar da década de 20 sem falar dela

Como o próprio nome já diz, o corte Chanel foi criado pela estilista Coco Chanel. Alguns dizem que ela o criou por acaso minutos antes de um desfile, pois queria inovar: pegou as madeixas de uma modelo, colocou para trás e passou a tesoura (deixando assimétrico - base reta na nunca e frente maior). Outras pessoas dizem que Coco inventou o clássico corte Chanel se arrumando para uma reunião, quando o secador estourou e queimou parte do seu cabelo. Com pressa, foi ousada e fez um corte de cabelo rente a nuca.

Tendências Inspiradas em 1920 :


1930: A década das incertezas e da revolução dos cosméticos

Enquanto nos anos 20 as mulheres usavam cabelos curtos, nos anos 30 os cabelos longos estavam em alta. Usavam-se penteados com onda, tudo colaborava para uma imagem mais adulta, sóbria e sofisticada. A moda para cores sólidas e profundas contribuiu para o rápido desenvolvimento do mercado de tinturas para cabelos caseiros. Loiras, morenas, ruivas - as garotas daqueles anos não queriam ser ratos cinzentos, e escolhiam encarnações de cores radicais para suas fantasias. Tendências Inspiradas em 1930


1940: A década da pequena notável... Carmem Miranda

Uma década que guarda na memória a Segunda Guerra Mundial. Após 1945, as mulheres lutam pela sua liberdade e independência. Os looks tornam-se mais glamorosos e os penteados, mais aprumados e modernos. A pequena notável Carmem Miranda, que se consagrou um marco cultural do período no Brasil e no mundo através de sua arte. Sua aparição cantando Brasil tornou-se um dos símbolos da política de boa vizinhança junto também da personagem de Zé Carioca.

A permanente: Destinada a criar caracóis ou simplesmente para criar algum movimento aos cabelos de forma duradoura. A mecha em rolo. Esta espécie de coque banana usado no topo da cabeça simboliza amplamente os anos 40. Bastante emblemática, esta linda mecha em rolo foi essencialmente usada pelas pinups. O turbante à pin-up. As pinup têm um sucesso fulgurante que se mantém até aos anos 70. Nessa época também conheceríamos a Diva Marilyn Monroe.


Inspiradas em 1940 por Dolce & Gabanna

TendĂŞncias Inspiradas em 1940:


1950: Os Anos Dourados Nos anos 50 temos um maior desenvolvimento da indústria de cosméticos. Com isso, os produtos começam a fazer parte do dia-a-dia das mulheres, que passam a exercer um cuidado maior com elas mesmas. A beleza e a sensualidade passam a ser valorizadas. Na maquiagem, sobrancelhas arqueadas e escuras, muito batom e rímel, davam um tom sensual ao look. O advento da indústria cosmética também fez com que as tinturas se popularizassem, principalmente na forma de reflexos.

1952 – HELMET Helmet (Capacete) -Nessa época, a mídia passa a exercer influência na moda, principalmente através do cinema, no comportamento das pessoas e, assim, na moda. O Helmet, cabelo utilizado por Doris Day, tornou-se referência para todas as mulheres que, na tentativa de obterem o visual igual ao da estrela, ficavam dependentes dos cabeleireiros.

Tendências Inspiradas em 1950:


1960: A década da Rebeldia Atrizes como Brigitte Bardot ditavam moda, quando predominavam cabelos longos e desalinhados. Também aparece o Chigonon, sob a influência dos cabeleireiros de Paris, os cabelos ganharam volume. Nessa época, com o uso de esponja de aço como enchimento e da cerveja e água com açúcar como fixadores faziam-se penteados. Época do volume e da franja (banana), clássico dos penteados. A história dos cabelos não poderia ser escrita sem passar pelo “banana”, que passou por várias releituras, sendo usado até hoje. Época do black power. Angela Davis torna-se símbolo do black pride (orgulho negro). Figuras como o americano Jimmy Hendrix e o brasileiro Tony Tornado, também marcam esta época. Surge o Rock e com ele a revolução dos hábitos, a música das guitarras elétricas toma conta do mundo através de Elvis Presley, Beatles etc. Os cabelos passam a ser adornados com enfeites de proporções exageradas. Os homens, por sua vez, aderem aos cabelos mais compridos. Rabos de cavalo, franjas também são bem requisitados.


TendĂŞncias Inspiradas em 1960:


1970: A década de Paz e Amor Lá vem os Hippies. Movimento que foi a expressão máxima da liberdade, por meio da geração paz e amor. Os cabelos eram longos, sem compromisso, geralmente divididos ao meio, e enfeitados com faixas e flores. Também no ano de 1970, o corte em camada foi considerado o máximo, inspirado nos cabelos da atriz norte americana Farrah Fawcet, do seriado As Panteras. A era Punk. Movimento que surgiu na Inglaterra, em meados dos anos 1970, adotado por adolescentes, desempregados e estudantes, que queriam agredir a todos com suas roupas, acessórios, cores fortes e muita ousadia no cabelo. Época do Rastafari. Mais uma vez o cinema influencia o comportamento e a moda. Com o filme “Mulher Nota 10”, o cabelo de Bo Derek torna-se uma referência de estilo, ganhando, depois, variações, e sendo usado até hoje por jogadores da NBA.

Tendências Inspiradas em 1970


1980: A Nova Onda

Tendências Inspiradas em 1980

A década de 80 é conhecida como a década do exagero. A moda era marcada por cores, glitter, ombreiras e com os cabelos não foi diferente. As madeixas eram cheias de volume e os cachos estavam em seu auge. Nessa época surgiram os mullets - quando o volume é concentrado na frente, cortado mais curto e repicado (o famoso corte Chitãozinho e Xororó). No Brasil as influências das novelas no comportamento e na moda. Os permanentes, que já existiam há muito tempo, ressurgem com força total chamados de suportes. As mulheres procuram imitar as atrizes de novelas, como Irene Ravache, Regina Duarte e Elizabeth Savalla. LOOK MADONNA A cantora Madonna explode com sua música Everybody e um estilo completamente despojado com muitos adornos, cabelos presos informalmente com faixas e correntes na cabeça. Passa a ser um ícone de estilo na década ditando moda em penteados com estilos repaginados de décadas passadas, maquiagem, acessórios e vestuário.


1990: A década da Virada

Os mullets permaneceram firmes e fortes no início da década de 90, mas muitos outros estilos de cabelo surgiram nessa época. O curtinho espetado, os penteados com gel, as mechas coloridas, tudo isso fez parte dos últimos anos do século 20. As franjas lisas com cabelos cacheados e as franjas bem fininhas também eram moda na época. A principal marca dos anos 90 foram as franjas.

Outros penteados que fizeram sucesso na década foram os rabos de cabelo bem altos e presos com elásticos bem volumosos, além dos cabelos repartidos ao meio. No final da década, quem deu o tom das madeixas foi uma personagem do seriado Friends. O corte repicado com bastante volume e fixador ficou conhecido como “corte Rachel”.

Tendências Inspiradas em 1990


2000: O novo Século

As madeixas bagunçadas disputavam espaço com os ondulados ou cacheados com franja lisa e as mechas bem marcadas. As trancinhas bem finas e os acessórios estavam com tudo também. No final da década de 2000, as camadas e repicados estavam em todos os cabelos. As franjas passaram de curtas para maiores e laterais. O rabo de cavalo com fios soltos e o coque desarrumado eram muito comuns. Nessas épocas os cabelos lisos ganharam força total (haja progressiva!) e as pontas viradas para fora viraram tendência.


2010: A década digital

A moda dos cabelos extremamente lisos perde a vez em 2010. A tendência era cabelos naturais, soltos e com ondulações. Rabos de cavalo, coques e tranças, mas as os fios soltos eram os mais requisitados. Os fios tinham um leve volume e uma ondulação suave. Os cachos estavam voltando em todos os tamanhos e para todos os cabelos. Sobre as cores os cabelos eles eram levemente “queimadas do sol”, esse efeito pode ser feito no salão com mechas bem fininhas e também as californianas, com mechas nas pontas dos cabelos. Os tons loiro bege, marrom frio, caramelo, dourado e loiro pastel são as cores da estação. Todas elas com trabalhos suaves de mechas em efeito tom sobre tom.


Início da década de 2020:

Lace Wig: A nova tendência entre as famosas O nome Lace Wig vem do Inglês, onde lace significa tela e wig peruca. Ou seja, é uma peruca. As Lace Wigs são perucas sim, mas com uma característica especial que é possuir uma tela interna que simula o couro cabeludo onde os fios de cabelo são costurados um a um. O resultado disso é uma peruca com um efeito mais natural do que as tradicionais.


Passo a passo de como colocar a sua Lace Wig:

Primeiro você vai ter que cortar a parte excedente da lace rente aos fios. Para colar sua lace, você vai precisar limpar a área a ser colada com álcool 70%, depois passar a cola ou fita adesiva no lugar.

Começar prendendo a lace por trás, colando ou prendendo o pentinho e depois colocar a lace na posição correta na frente, e prender sobre a cola. É recomendado usar uma faixa em volta da lace por pelo menos meia hora antes de soltar a lace e usar para sair ou ir à praia ou piscina.


2020 Uma nova História Desde 2016, há um movimento significativo de mulheres assumindo as madeixas naturais. Meninas que foram apresentadas desde cedo à progressiva estão deixando o crespo aparecer como coroa. Pessoas com cabelos crespos e cacheados nunca tiveram tanta opção de produtos e de cortes de cabelo. Com o isolamento social provocado pela pandemia do novo corona vírus as mulheres aprenderam a cuidar dos seus próprios fios em casa, dando assim início a uma nova tendência da década de 2020 “A aceitação” seja ela na textura ou na cor dos fios, enquanto por outro lado muitas mulheres aprenderam a se reinventar, criando corte e até mesmo textura e cores criadas por ela mesmas.


PRODUZ

moda

Projeto de conclusão de curso dos alunos do ensino técnico de produção de moda do Senac Penha. Corpo docente Edilma Ferreira de Queiroz Eduardo Laurino João Manoel Naves Corpo dicente Beatriz Ferrazin Carolina Belem Daiane Teodoro Elane Souza Joelma Barbosa Kelly Cristina Lucas Pichim Natan Guimarães Rafael Belle Regiane Oliveira Vitória Lima Reinan Rocha Yuri Carvalho

Arte Diretora de arte CAROLINA BELEM Designers revista CAROLINA BELEM e DAIANE TEODORO Designer intagram RAFAEL BELLE

Assessoria de imprensa LUCAS PICHIM E YURI CARVALHO Planejamento e cronograma CAROLINA BELEM Revisão NATAN GUIMARÃES, VITÓRIA LIMA e REGIANE OLIVEIRA

Convidada Mädchen Vivi

OUTUBRO DE 2020 @produzmoda


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