Ragga #41 - Independência

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REVISTA

Grito de independência

Se não fosse D. Pedro Um artigo sobre o grito às margens do Ipiranga

On the road Perrengue em Paris

#41

setembro 2010 ANO 5

www.revistaragga.com.br

Shaun White snowboard em areas de avalanche

não tem preço

Astrid Fontenelle fala sobre família, TV e música: “Ai, meu Deus! O que fizeram com a MPB?”




*NÃO CUMULATIVO COM OUTRAS PROMOÇÕES, DESCONTOS E CONVÊNIOS.


O SEU ANIVERSÁRIO NO PONTO CERTO. PROMOÇÃO VÁLIDA NO DIA DO ANIVERSÁRIO, PARA O RODÍZIO DO ANIVERSARIANTE. INDISPENSÁVEL A APRESENTAÇÃO DO RG E MÍNIMO DE UM ADULTO PAGANTE.

RESERVAS: 31 3293 8787

,

BH E * T O N O I Ã Z A C Í I R D R O P RSA RO O A E N IV AG AN O P NÃ




CARLOS HAUCK

Já cheguei a achar que o cara que inventou as palavras poderia ter economizado e feito uma palavra só para contextualizar o significado de independência e liberdade. No entanto, por sorte, percebi a tempo a sutil diferença entre elas. Assim como irmãs gêmeas idênticas têm suas particularidades, o mesmo acontece nesse caso. Acabei concluindo que a independência, na maioria das vezes, nos leva a liberdade, mas ela carrega um tom diferente, um tom de conquista, nos dá a sensação de uma liberdade mais suada, lutada. A independência financeira, por exemplo, exige muito trabalho, determinação, coragem. O mesmo acontece na independência de uma nação, de uma empresa, de uma banda de música ou de um veículo de comunicação, como é o nosso caso. Admiro realmente tudo que o é independente, pois a independência carrega uma marca de batalha e de defesa do que cada um acredita. É fácil perceber como tudo que é independente é mais verdadeiro. A música independente é muito mais sincera, simplesmente por não precisar da aprovação ou reprovação de ninguém para existir. Ela é aquilo ali, por ser exatamente o que os músicos queriam fazer e não porque tal arranjo vende mais ou a letra está pouco popular. Uma nação independente passa a andar com as próprias pernas. Passos firmes ou cambaleantes, a verdade dela também está lá. Só não podemos confundir independência com individualismo, egoísmo criativo ou com aquela prepotência em assumir um poder centralizador a ponto de achar que qualquer visão ou opinião externa seja uma interferência ou ameaça. Muito pelo contrário. Sua música sempre precisará de alguém para escutá-la, sua nação sempre será formada por milhares de indivíduos, sua empresa só funcionará com o apoio de seus colaboradores, e por aí vai. Aproveitando que em setembro de 1822 nosso país também deu seu grito de independência, dedicamos essa edição ao tema e vasculhamos detalhes históricos e, ao melhor estilo Nelson Rubens, descobrimos que Dom Pedro estava numa bela diarreia no dia da proclamação. Ok! Ok! Essas e outras peculiaridades da nossa história, você confere na página 60 narradas pelo bem-humorado jornalista e escritor Eduardo Bueno. Deixando um pouco a nação de lado, convidamos Lacarmélio — que escreve, ilustra, produz e vende suas próprias revistas, com as aventuras de Celton, nos sinais de trânsito da capital mineira — para um bate-papo com Claudão — sócio d´A Obra, casa que movimenta a cena alternativa da cidade, e músico independente. Confira como foi, na página 32. E ainda tem Shaun White descendo avalanches de snowboard, a cobertura da Ragga Night Run, perfil com Astrid e muito mais. Boa leitura! Lucas Fonda — Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br

Santa inde pen dência!

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Flying Tomato Shaun White voa alto, no snow e no skate

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Na Praça da Liberdade...

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Lacarmélio, da revista Celton, e Claudão, d’Obra, trocam ideias sobre o trabalho independente

Outra via

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Como um autor sem editora acabou com o livro entre os mais vendidos

Não vá perder

Astrid Fontenelle revisa a carreira e a música brasileira

12 ESTILO || Carolina FÁvero 28 QUEM É RAGGA 46 RAGGA GIRL || gabriela magnani 52 já é EU QUERO! || PRIMAVERA 58 AUMENTA O SOM 70 de casa CULTURA POP INTERATIVA 72 PASSANDO A BOLA 74 DESTRINCHANDO



SXC

CAIXA DE ENTRADA < PROMOÇÃO >

< CARTAS >

< EXPEDIENTE >

A Ragga continua a dar uma assinatura semestral para quem der a melhor resposta para a pergunta: “Quem é o cara mais ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, da televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto da sua casa. Para sua resposta ser considerada a melhor pela redação, vale mandar uma defesa para PROMOCAORAGGA@ UAIGIGA.COM.BR em forma de texto, foto, ilustração, escultura, bricolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água, imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). Não se esqueça do colocar o telefone de contato.

< Tecnobrega >

DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING rodrigo fonseca PROMOÇÃO E EVENTOS ludmilla dourado EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus REPÓRTER bernardo biagioni JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti — 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira isabela daguer FOTOGRAFIA ana slika. bruno senna. carlos hauck. romerson araújo ILUSTRADOR CONVIDADO pil ambrosio [flickr.com/pilzao] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO brenda linhares izabella figueiredo lucas oliveira ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. glauson mendes kiko ferreira. rafinha bastos COLABORADORES eduardo bueno. mayara leão. wilsiney ribeiro. flávia denise magalhães. PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL MODELO gabriela magnani FOTOS ana slika PRODUÇÃO mayara leão MAQUIAGEM wilseney ribeiro CAPA fernando biagioni REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225 4400]

[ ]Todas as frases enviadas podem * ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

< Friedrich Nietzsche É O CARA! >

Nayran @nayran // por e-mail Curti muito a matéria do tecnobrega! Dei uma rápida lida no eletrônico. O tecnobrega é bem isso, uma apropriação da indústria cultura pela periferia. Gostei do texto. Parabéns para o Lucas Oliveira. Também vi que vocês colocaram no editorial uma citação do texto do Hermano Vianna que enviei. Muito bacana. < Falcão >

Shirley Pacell @shirleypacelli // via Twitter Depois de ler a matéria da @sabrinabreu na @revistaragga mudei completamente a visão q tinha do Falcão. #Cabradapeste André Carvalho @andreleza // via Twitter Ae, @brega_falcao, muito legal a entrevista para a @revistaragga! < 10 tipos de pais >

Caroline Neves @Carolwn // via Twitter lendo @revistaragga. racheeei do Top 10 ! é óotimo ! :P < Amsterdã >

Felipe Pedrosa @fs_pedrosa // via Twitter No mês de agosto o new journalism dominou a matéria Amster Damaged, do Bernardo Biagioni, na @revistaragga. A Ragga sempre inovando.

< PARA ANUNCIAR >

A “máquina de pensar”, como foi apelidado, nos trouxe várias concepções e silogismos interessantes para aplicação imediata na vida. Nietzsche nadou contra a corrente, tornando-se um ícone a ser estudado, lido e compreendido, mas não por todos. Uma dica para quem quer conhecer o filósofo de uma forma mais light é ler Quando Nietzche chorou, um romance imbuído de boa filosofia. Gustavo Rodrigues Silva Dias

Mateus Augusto @stopaaa // via Twitter Depois do que eu li na @revistaragga de agosto eu descobri o 2° lugar que eu preciso visitar na minha vida. 1° Califórnia, 2° Amsterdam *_*

bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] < SAIBA ONDE PEGAR A SUA >

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Luiza Márcia @Luhmalt // Twitter Epa! Vendo na revista digital que a Prata da Casa da @revistaragga de Agosto tem @fusile! Shooow demais. The Coconut Revolution!

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ARTIGO

Aeroporto de

disco voador

por Lucas Machado

Ô, ô seu moço do disco voador/ Me leve com você pra onde você for Ô, ô seu moço, mas não me deixe aqui/ Enquanto eu sei que tem tanta estrela por aí Raul Seixas – S.O.S.

ANNE PATTRICE

“Alô, alô, marciano, aqui quem fala é da Terra.” A palavra ufologia vem da sigla UFO (unidentified flying objects), que corresponde a OVNI (objeto voador não-identificado). A ufologia é a área que estuda a possível existência de seres em outros planetas. Relatos de aparecimento de OVNIS, nos dias de hoje, já não é novidade para nós, seres humanos. No Brasil, a história do E.T. de Varginha, em 1996, é considerada por muitos ufólogos o mais importante e intrigante caso sobre o assunto. O fato alarmou as autoridades nacionais. Três jovens teriam visto, próximo a um terreno baldio, uma criatura com características físicas totalmente anormais: cabeça grande, olhos vermelhos, pele marrom, língua preta, estreita e comprida, entre outras estranhezas. Tempos depois, elas afirmaram que receberam um suposto suborno para não levarem o caso adiante. Um casal de namorados, no entanto, sem nenhuma ligação com as garotas, disse ter visto um OVNI iluminado e esfumaçado nas redondezas, no mesmo dia e horário. Era setembro de 1967, quando o publicitário Fábio J. Diniz, então com 16 anos, ao chegar à altura de um campo de futebol nas proximidades do Hospital da Baleia, Região Leste de BH, avistou um objeto enorme, que tinha na sua base raias luminosas, totalmente coloridas, as quais piscavam intermitentemente. O fato foi pesquisado por grupos de ufologia, ganhou notoriedade e ficou conhecido como “Caso Baleia”. Esse assunto é polêmico, mas falar sobre vida em outros planetas não foge dos assuntos da ordem do dia. Alguns acreditam, outros não aceitam a hipótese e o assunto continua sendo um mistério para a maioria. O fato é que as notícias na mídia são tão contraditórias que grande parte da população não sabe em que(m) acreditar. Porém, pensem comigo: será que não é muita aspiração e hipocrisia confiar que a Terra é o único planeta que semeia vida? Estamos ou não sozinhos? Ao longo da história, em todas as partes do mundo, as provas desses acontecimentos nunca foram realmente tangíveis. Por outro lado, algumas manifestações de instituições

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que nunca se pronunciaram sobre o assunto estão mostrando ao mundo que é tempo de observar. Durante a Semana da Astrobiologia, que aconteceu no Vaticano em novembro do ano passado, cientistas e religiosos debateram sobre a existência de vida fora da Terra. O que aconteceria se finalmente encontrássemos vida em outros planetas? A pergunta foi apresentada ao Pe. José Gabriel Funes, SJ, diretor do Observatório Astronômico do Vaticano durante uma coletiva de imprensa. “Aconteceria com a humanidade o mesmo que aconteceu quando os europeus encontraram outras populações”, respondeu o religioso. Em 2002, um projeto audacioso e muito polêmico chamou a atenção de todo o país. Será que Em Bocaiúva do Sul, na Região de Curitiba, o ennão é muita Metropolitana tão prefeito, Élcio Berti, anunciou aspiração e a construção de um “ovniporto”, é, um local de pouso e dehipocrisia isto colagem para discos voadores. confiar que a Quanto aos investimentos, ele Terra é o único garantiu que não era a prefeitura — nem ele próprio — que planeta que bancaria a obra. “Acredito que o semeia vida? ovniporto custará cerca de R$ 1,5 milhão. Não sei a que vaEstamos lor isso corresponde na moeda ou não dos extraterrestres”, disse. O ovniporto seria o único “oficial” a sozinhos? ser construído no mundo, o único projetado sob encomenda e com orientação direta dos ETs. Berti morreu em janeiro de 2009 e o projeto não saiu do papel. A pergunta que fica é a seguinte: Será que a solução para frear essa destruição do nosso planeta pode estar nas mãos da civilização extraterrestre? Se conseguirmos clarear o passado e observar as evidências que o mundo está nos revelando hoje, prestaríamos mais atenção na degradação do Planeta Terra. Todas as tentativas humanas feitas até agora nos levam a uma descrença gigante. E por falar em conservação — ou na falta dela —, aqui nas Minas Gerais, essa “papeta” de sustentabilidade corporativista, na qual as mineradoras “adotam” as plantinhas e as praças e arrebentam nossas montanhas, realmente não cola mais, né irmãozinho? É melhor seguirmos o conselho do nobre Raulzito, olharmos para as estrelas e pedir uma carona ao moço do disco voador, pois, por aqui, a coisa tá feia.

manifestações: articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando

J.C.



COLABORADORES FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Alagoana, de Maceió, Mayara Leão mora há três anos em Belo Horizonte, onde estuda design de moda. Ela já trabalhou com a criação de acessórios e customização de roupas, mas nunca escondeu seu desejo pela produção que, nesta edição, leva sua assinatura no ensaio da Ragga Girl. mayleao.carbonmade.com

Wilsiney Ribeiro se especializou em maquiagem para noivas. Hoje, é um dos profissionais mais requisitados para fazer o make das capas de revistas do ramo. Divide seu tempo entre suas clientes e produções. A beleza da Ragga Girl, deste mês, foi feita por ele. wilsineyribeiro.com.br

Flávia Denise de Magalhães tem um nome tão longo que a maioria das pessoas acha que ela deveria omitir o Denise. Mas Flávia teima, porque sabe que não seria reconhecia por velhos amigos sem ele. Ela é jornalista, com uma paixão pelos livros e um blog sobre eles. Conseguiu, nesta edição, unir os dois na matéria Outras alternativas possíveis. dzai.com.br/blog/livrolivre Autor de mais de 20 livros, todos eles sobre a História do Brasil, Eduardo Bueno é escritor, tradutor, jornalista e editor. Traduziu mais de 20 livros, entre eles On the Road/Pé na estrada, clássico da literatura beatnik, de Jack Kerouac. Como jornalista, trabalhou nos mais importantes órgãos de imprensa do Brasil. Atualmente, é apresentador no canal The History Channel. É gremista “fanático e agressivo”, como gosta de dizer, em tom de brincadeira séria. e.bueno@terra.com.br

< Wake no México >

Todo mundo sabe que o sucesso da Ragga Wake World Series 2009 e 2010 se repetirá em 2011, na já tradicional etapa brasileira, em maio, na Lagoa dos Ingleses. A novidade é que, no ano que vem, o evento terá a assinatura da Ragga em dose dupla: também no primeiro semestre, entra no circuito a etapa mexicana. Aguarde a divulgação da data para reservar as passagens. ¡Vale!

< Eleições 2010 >

< Webarte >

O projeto Fusão, do designer Rodrigo Moreira, que a Ragga (#37) mostrou em maio, também poderá ser visto no Festival de Arte Digital, até 3 de outubro. De segunda a sexta, de 10h às 18h, e aos sábados, de 14h às 18h, na Quina Galeria (Rua da Bahia, 1148 / slj. 06).

A Ragga e o Ragga Drops (suplemento adolescente do jornal Estado de Minas) realizaram, na segunda semana de setembro, encontros entre os principais candidatos ao governo do estado. Dia 13, Antônio Anastásia participou do evento. Dia 14, foi a vez de Hélio Costa .


ILUSTRADOR CONVIDADO

Pil Ambrosio

[pilambrosio@gmail.com flickr.com/pilzao] Em minhas ilustrações tento sempre desenhar o máximo de detalhes possíveis, principalmente quando estou fazendo as feições de meus personagens. O objetivo disso é trazer um pouco de realismo ao meu traço caricatural. Para esse trabalho da Ragga, quis unir minha paixão por desenhar pessoas a meu fetiche por padrões geométricos, tentando mostrar um pouco de mim: 50% ilustrador, 50% designer gráfico. Espero que tenham uma experiência ainda mais agradável ao ler as seções que ilustrei.

Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br!


COLUNA REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER

Preconceitos, restaurantes

e pessoas bonitas no Twitter

RENATO STOCKLER

Nada mais assustador do que uma criança falando alemão.

< RAFINHA BASTOS >

é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa CQC (Custe o Que Custar)

Sempre que vejo o Osvaldo Montenegro, sinto cheiro de cigarro.

Por quE alguns restaurantes deixam a pia fora do banheiro? É para expor quem cagou? O preconceito é um dos grandes males da sociedade moderna. Perde apenas para o nhoque, uma massa horrível!

Da série Frases que nunca ouvi: “Mãe, quero um cabelo igual ao do Arnaldo Antunes.”

Gente que acorda bonita merece descargas potentes de choque no mamilo. Comprei um iPhone. Mentira, sou hÉtero.

96% das pessoas bonitas do Twitter são feias que tiraram uma boa foto.

Existem pessoas legais e pessoas chatas. O estranho é que pessoas muuuito legais costumam ser insuportáveis. Sonhei que matei QUATRO pessoas numa cantina. #MacarraoFeelings Toda vez que ouço as palavras “azaração” ou “paquera”, sinto que estou num comercial do Chat Amizade.

Os governos são incompetentes na adm. de seus recursos hídricos e quem fode o planeta sou eu? que escovo meus dentes com calma?

Fui num restaurante tão ruim, que a Sugestão do Chefe era: “procure outro restaurante”! É preconceito eu dizer que odeio Negresco?

PIL AMBROSIO

Acabei de ver um pornô com um cara monobola. O coitado ñ tem um pênis, tem um rifle

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fale com ele: rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br



COLUNA

ELISA MENDES

PROVADOR

< CRIS GUERRA >

40 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim. blogspot.com).

Jabá do bem A palavra ajudar traz uma atmosfera esquisita. Talvez porque a gente depare com ela todos os dias, num contexto que só nos lembra as imperfeições do nosso país. O pedido de ajuda virou paisagem. Ouvimos um ou vários todos os dias, e não mais ficamos enternecidos a cada vez. Fazer alguma coisa para ajudar alguém alivia um pouco, mas fica a sensação de que nada, nenhum gesto será suficiente. Logo vai haver outra pessoa precisando. E desenvolvemos uma vista embaçada conveniente, que nos permite levar nossas vidas de forma mais leve. Digo isso não como alguém que faz muito. Pelo contrário, o que faço é muito pouco. O que me leva a pensar que muito mais pessoas poderiam fazer o mesmo. Todo mês, R$ 42 do meu orçamento vão para o Fundo Cristão para Crianças. Sei que esse dinheiro é usado para assistir o Fernando, meu afilhado, de quem sei o nome, fisionomia, cidade em que mora, matérias preferidas na escola, história familiar e muitos outros deta-

lhes que me ajudam a acompanhar seu desenvolvimento. Sei também que nos meses em que contribuo com um “generoso” valor extra de R$ 20, ele compra um short, duas cuecas, duas camisetas e um caderno. Sei porque ele me escreve cartas. Era uma de suas irmãs que me escrevia. Mayara. Até que um dia a carta deixou de ser assinada por ela. Fernando tinha aprendido a ler e escrever. Já trocamos fotos, novidades, alegrias e tristezas de nossas vidas. Um dia, vamos nos conhecer. E quando ele crescer, talvez me convide para sua formatura, causando em mim uma emoção como a que tive ao conhecer um empresário bem-sucedido que, durante toda a infância, teve o apoio do Fundo Cristão. Uma instituição séria, de desenvolvimento e proteção infantil, com mais de 40 anos de história no Brasil, sem nenhum vínculo político ou religioso. Atualmente, o Fundo tem 64 mil crianças apadrinhadas no país, a maioria por padrinhos estrangeiros — apenas 10 mil têm padrinhos brasileiros. E com as notícias sobre o crescimento do país, o número de padrinhos estrangeiros vem caindo. Você também pode ter um Fernando na sua história. E sentir que sua atitude transforma uma vida. Ou duas, porque a sua nunca mais vai ser a mesma. < OLHA ISTO >

Digo isso não como alguém que faz muito. Pelo contrário, o que faço é muito pouco. O que me leva a pensar que muito mais pessoas poderiam fazer o mesmo

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PIL AMBROSIO

Para saber mais, acesse: apadrinhamento.org.br

fale com ela: crisguerra.mg@diariosassociados.com.br



COLUNA É-DUCA!: EDUCAÇÃO E PROPÓSITO

A difícil arteda inteireza

WAGNER VELOSO

“Quando a virtude está presente na forma em que caminhamos, a chegada torna-se apenas uma realizadora consequência”

< GLAUSON MENDES >

é líder educador, empresário, e vê na educação a base do novo mundo.

Todos os dias somos bombardeados por todos os lados com mensagens contra a ética, a coerência e os valores que nos tornam pessoas melhores. Ética, dignidade e coerência não deveriam ser virtudes, mas o básico. E as coisas só mudarão se nós mudarmos, principalmente nos detalhes. Nossos propósitos e sonhos só farão diferença positiva se falarmos não ao que está fora do combinado com nossa vocação. As pegadinhas vêm com diferentes temas e tons: a comissão ilícita em prol do favorecimento desmedido, a promessa eleitoral que se esvai e degenera, a negociação com intenções relativas e até mesmo a palavra de amor que se mostra inócua às atitudes de fato. Qual sua atitude diante de situações semelhantes? O mundo corrompeu as relações de verdade, diriam nossos avós. A Era Industrial transformou o ser em ter, diriam os filósofos. Fato é que a individualidade da vida moderna propõe a escassez.

As pessoas estão inseguras e o medo está se tornando um estilo de vida. E esse medo que faz as pessoas angustiadas, depressivas e preocupadas é o combustível para que os fins justifiquem os meios. Medo de perder o emprego, de não corresponder às expectativas dos outros, de ficarmos sós. Como uma autosabotagem nos permitimos cometer pequenos atos ilícitos em favor do sucesso e essa tolerância nos apequena. Praticar a inteireza é um desafio quase sobre-humano. Dizer a verdade naquela questão que mais nos assusta é missão difícil, quase impossível em alguns casos. Mas, de que forma você agrega valor à sociedade? Parece que existe certa vergonha em ter atitudes e posturas coerentes com valores virtuosos. Parece que levar vantagem em tudo, acima de qualquer valor, nos coloca no “bonde dos espertos” e a ética é algo que nos torna idiotas. Tudo se justifica e nos sentimos diminuídos se não entramos na “onda do tudo vale”. É no dia-a-dia, nos pequenos detalhes, que relevamos nossas atitudes as quais fazem a diferença positiva ao meio ao qual estamos inseridos. Somos o resultado de nossas atitudes e esse país será o resultado das atitudes de todos nós. Você aprendeu a dizer não?

PIL AMBROSIO

É no dia a dia, nos pequenos detalhes, que relevamos nossas atitudes que fazem a diferença positiva ao meio em que estamos inseridos

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fale com ele: glausonmendes.mg@diariosassociados.com.br



ESPORTE < SNOWBOARD >

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ADAM MORAN/RED BULL PHOTOFILES

Deu por Izabella Figueiredo

SHAUN WHITE SE REVELOU NAS COMPETIÇÕES DE SNOW, MAS OS CIRCUITOS OFICIAIS LOGO FICARAM PEQUENOS: HOJE, ELE TREINA EM MEIO A AVALANCHES Identificar Shaun White em uma multidão de snowboarders não é tarefa difícil. Com vestuário e expressões faciais semelhantes, os atletas da neve se confundem uns com os outros. Mas, com Shaun White não é assim. O alvoroço causado por cada aparição do atleta com quê hollywodiano inclui gritos e filas de fãs com suas pranchas em mão sedentos por um autógrafo dele. O estilo de Shaun é marcante: além do cabelo vermelho, outra marca desse californiano é ter sempre, enquanto manda suas manobras, metade do rosto coberto por uma bandana — estilo personagens de filme de faroeste. Há quem não apoie a pose de superstar sustentada pelo “flying tomato” — apelido obviamente inspirado em sua ruivice — , que tem até um jogo para Playstation levando o seu nome. Rodrigo Ortale, 24, snowboarder de Balneário Camboriú que já passou por Aspen, Mammoth e Jackson Hole exemplifica: “Ele é a grande atração não importa aonde vá.

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CRISPIN CANNON/RED BULL PHOTOFILES

Shaun White foi campeão do X-Games, tanto no snowboard como no skate

Shaun White mandando muito em Connecticut, EUA

ESTE ANO, DURANTE OS JOGOS OLÍMPICOS DE INVERNO EM VANCOUVER, O TOMATE VOADOR SUPEROU SEU PRÓPRIO RECORDE, COM 48,4 PONTOS NA APRESENTAÇÃO FINAL

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O pessoal só quer saber de tirar foto com ele e acaba não prestando atenção nos outros atletas”, aponta. Apesar disso, mediante aos títulos conquistados por Shaun, Rodrigo admite: “O cara ganhou o X-Games por dois anos consecutivos, um pelo snowboard e outro pelo skate”. White também levou a melhor no Winter Games de 2006 com a pontuação mais elevada da história da competição, batendo o recorde de Ross Power em 2002. Foram 46.8 pontos de Shaun contra 46.1 de Ross. Em 2010, durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, ele superou seu próprio recorde, com 48,4 pontos na sua apresentação final. “Sou obrigado a reconhecer que o cara manda muito”, diz Ortale. Manda, mesmo. E a história de superação do ídolo começa cedo. Com pouco tempo de vida, Shaun White já daria uma prévia da vitalidade que corria em seu corpo. Vítima

de má formação congênita do coração, com 2 anos, o pequeno Shaun já havia se submetido a duas cirurgias cardíacas. Perfeitamente curado, ali estava o primeiro triunfo do garoto de San Diego. O primeiro de muitos. Foi em uma das viagens de família feitas com pais e irmãos que Shaun White deu os primeiros indícios de que seria um astro ímpar do snowboard. Aos quatro anos de idade, ele seguiu com a família rumo às geleiras longínquas de sua cidade natal em busca de diversão, e desde então se mostrou destemido no esporte, superando inclusive o seu irmão, Jesse, que na época contava seis anos. Depois de tentar conter os ímpetos do filho caçula nas pranchas, Cathy White se deu por vencida e entregou o rebento de bandeja ao esporte. Se destacando não somente no snowboard, mas também no skate. E com o consentimento da mãe. Em suas entrevistas, Shaun costuma dizer


JUSTIN L’HEUREUX/RED BULL PHOTOFILES

JULIANO SACRAMENTO

Cartazes para Shaun White vindos de seus fãs mirins no X-Games XIII

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ADAM MORAN/RED BULL PHOTOFILES


CHRISTIAN PONDELLA/RED BULL PHOTOFILES

que ama sua vida exatamente por não saber o que vai acontecer em seguida. O atleta, que se aventura em avalanches para superar desafios passados, afirma: “Pode parecer que alcancei o topo, mas a possibilidade de que surja um desafio maior daqui a alguns anos sempre existe. Tenho que estar preparado para isso”.

< OLHA ISTO >

tinyurl.com/37kwdvc



ESTILO

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CAROLINA

Fávero

por Lucas Machado fotos Carlos Hauck ==============================-----------------

< KIT SOBREVIVÊNCIA >

vestido Carmim

O mês de setembro tem um gostinho de renovação não só pela Mãe Natureza após o inverno. Trata-se de algo muito mais subjetivo e, por isso mesmo, envolvente. De maneira subliminar, há um toque de algo novo no ar. No mundo da moda não poderia deixar de ser diferente. E, por falar em moda, conversamos com Carolina Fávero, responsável pelo marketing nacional da grife Carmim. Aos 25 anos, essa paulistana de carteirinha considera que “tudo é possível quando se tem determinação e confiança”. “Estudei em faculdade pública e uma característica dessas faculdades é que lidamos com todos os tipos de pessoas, o que pode se transformar em um fator determinante na prática da sua profissão”, comenta. Seu esporte preferido é correr, adora praia e considera a independência sua maior conquista. Falamos um pouco sobre as eleições. “Temos duas candidatas mulheres nas urnas este ano. Apesar da mulher ter seu diferencial, não podemos definir uma candidatura pelo sexo. Sei em quem não votarei.” Carol se empolga quando o assunto é a comunicação da grife. “A Carmim é comercial, não escondemos isso. Temos personalidade, estilo e coleções lindas. Somos pioneiras no conceito multimarcas e como diferencial deixamos a passarela e investimos na mídia impressa, na inserção de produtos em novelas e passamos a anunciar nos maiores aeroportos do Brasil. O retorno é mensurado pelos próprios clientes.” O novo pode até assustar, mas, no mundo fashion a ousadia é que causa a diferença.

==============================------------------------------------------< CAROLINA USA >

vestido e sapatilha Carmim ==============================-------------------------------------------

pó/base Studio Fix – MAC telefone Sony Ericsson – Xperia

bolsa Carmim sapato Carmin

Óculos Marc Jacobs

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colar Olho turco presente de uma amiga inseparável J.C.


Steve Jobs jĂĄ tinha revolucionado o mundo dos computadores.

Mesmo assim revolucionou o mundo da mĂşsica.


DEPOIMENTOS

independência

ou...

CARLOS HAUCK

ANA SLIKA

QUE MORTE QUE NADA. PERGUNTAMOS A CINCO PESSOAS OUTRA FORMA DE TERMINAR A FAMOSA FRASE

Independência

wake

(boa) Sorte {30-

Vida

devida Nada

Não tem jeito, porque desde muito jovem resolvi que seria independente. Não trabalharia para ninguém, nunca teria patrão. Se não fizer como quero, não faço. Marcelo Nova, cantor

ROBERTO ASSEM

Arquivo pessoal

Marreco, wakeboarder

Fiuk, cantor

BRUNO SENNA

O esporte não é tão individual como o skate ou o surfe: sempre precisa, pelo menos, do cara da lancha.


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COMPORTAMENTO

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A loucura nossa

de cada dia

por Bruno Mateus fotos Bruno Senna

LACARMÉLIO E CLAUDÃO, FIGURAS EMBLEMÁTICAS DO “FAÇA VOCÊ MESMO”, RELEMBRAM HISTÓRIAS E FALAM SOBRE A ROTINA PUXADA DO TRABALHO INDEPENDENTE John Lennon já havia sido assassinado em Nova York quando Lacarmélio Alfeo de Araújo, quadrinista e faz-tudo da revista Celton, pichava “Leia Celton” nos muros de Belo Horizonte. Isso foi em 1982, mesma época em que Cláudio Vieira Rocha, o Claudão, sócio d’A Obra, conhecido reduto da música independente na capital, “tomava uma” pelo Centro e fazia música com sua banda na Fafich. O que os dois tinham em comum? A vontade de fazer sua própria arte sem depender de sorrisos falsos, críticas hostis ou desculpas esfarrapadas. Quase 30 anos depois, eles afirmam: apesar dos problemas de se ser independente, não querem ter outra vida. Eram 15h27 daquela sexta-feira de um calor capaz de derreter a estátua de Lênin na Rússia, quando me encontrei com Claudão, que estava sentado em um banco da Praça da Liberdade lendo um livro, perto do coreto, como havíamos combinado. Ofegante, me sentei e começamos a conversar. Quando quase terminávamos de fumar nossos últimos cigarros, surge Lacarmélio vestindo seu terno amarelo de todos os dias. Após o último trago, a única coisa que fiz foi dar rec no gravador e deixar que a tarde ensolarada se encarregasse de ser cenário para a conversa de dois camaradas que transformaram trabalho e arte em sinônimos.

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Claudão: Laca, estava contando para ele que no final dos anos 1980 eu estudava na Fafich, ali no Santo Antônio, e ia beber no Bar do Lulu. Morava no Centro, perto da Praça Raul Soares, ia a pé, voltava pela Brasil ou Afonso Pena, e por todos os lugares eu via “Leia Celton”. Já tem um tempo, né? Lacarmélio: Você não parece ter essa idade que está falando. C: Cerveja rejuvenesce. [risos] L: Não bebo. Tenho 51 anos, você não parece ter essa idade. Estou falando isso porque o tempo em que pichava muro era 1981 ou 1982. C: Entrei na UFMG em 1983, mas em 1982 trombava com a galera para tomar uma. L: Fale um pouco porque não sei nada sobre você, bicho. C: Sou o Claudão, tenho uma casa ali na Savassi, A Obra, na Rio Grande do Norte com Getúlio Vargas, que já tem 13 anos. É uma casa de shows. Os shows que rolam lá são de bandas independentes, banda que não aparece na televisão aberta, não toca na rádio, mas que tem um público bacana. Tem muita banda assim em Belo Horizonte.

L: Você é um cara que sabe olhar ao redor, ver as oportunidades e, a partir disso, com as ferramentas que tem, aproveitá-las. Muita gente tem oportunidades ao redor, mas não percebe que já está pronto e fica esperando aquele dia maravilhoso, que, naturalmente, não existe. C: E você? Conta a sua história aí. L: Faço revista em quadrinho desde menino praticamente, mas publico desde 1981. Comecei a vender em sinal de trânsito em 1998. Até 1998 a revista não vendia direito e eu a sustentava com a minha profissão de desenhista gráfico. Comecei a publicar em 1981, fui às bancas e nada. A revista não me dava dinheiro, mas eu fazia porque gostava. A partir de 1998, tive a ideia de começar a vender em sinal de trânsito. Foi aí que começou a vender, então pude me dedicar totalmente à revista. Há 12 anos vivo financeiramente da revista e, de cinco anos pra cá, houve um boom de venda, uma coisa que até me assusta. Está tomando um rumo o mais simples possível, é engraçado. É mais fácil de fazer, porém, para perceber que a coisa funciona assim demora muito tempo. É igual ganhar mulher. C: [gargalhadas] É verdade. L: Você pensa que é complicado quando mais novo, aí ataca daquele jeito e perde. Com os anos você vai percebendo que não é assim. Em algum período você teve a influência do rock ‘n’ roll, tipo Beatles?

L: Eu mesmo já assisti shows de bandas muito boas. Lembro com clareza uma vez aqui na Avenida João Pinheiro, na Casa dos Quadrinhos. Fiquei escutando a banda, dançando. Os caras tocavam bem mesmo. Mas, fala mais aí...

C: Cresci ouvindo Beatles, tive sorte de ter uma tia, que era minha madrinha, e, quando eu tinha 8 anos, me deu uns discos. Tinha Beatles, Stones, Black Sabbath, Creedence. Essa influência foi muito importante porque ela me botou no mundo da música bacana. Gostava muito de ouvir o rock dos anos 1950, Elvis, Chuck Berry.

C: Pois é, velho. Tenho dois sócios – quando a gente abriu tinha mais um, que depois acabou se desligando. Nós éramos de uma banda que apareceu na Fafich.

L: E a história do reggae, do Bob Marley?

C: Até uns dois anos atrás eu era baterista de uma banda chamada Estrume’n’tal, e antes tinha Os Meldas, que era essa banda da Fafich, lá dos anos 1980. De dois anos pra cá, o Estrume’n’tal acabou e comecei a tocar sozinho. Hoje, meu negócio é uma monobanda.

C: As pessoas queriam cover do que estava rolando na época, que era new wave, Lulu Santos, Paralamas. Era bacana, mas a gente queria falar as nossas coisas e não tinha espaço, só conseguíamos lugar para tocar em faculdade ou numa festa uma vez ou outra. Isso durou anos e nenhum lugar abriu espaço para tocarmos. Ficamos de saco cheio: “Ah, é? Então vamos abrir um lugar onde a gente vai poder tocar e todo mundo que for legal vai poder tocar também”. O lugar [A Obra] virou um point não só para essas bandas de Belo Horizonte, mas para uma porrada de bandas do Brasil inteiro, e um monte de banda internacional já passou por lá nesses 13 anos.

L: Seu negócio hoje é administrar um bar ou é a banda?

L: Qual tipo de problema você já teve lá? Banda que marca e não vai?

L: Então você também toca?

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C: É tudo isso misturado, porque o bar é o pano de fundo para os shows. O que administro são os shows, e como quem vai ver show gosta de tomar uma cerveja, tenho que vender cerveja. O cara bebe cerveja e tem que ter lugar para fazer xixi, então tenho que botar um banheiro. A coisa toda se soma e vira esse negócio aí. Comecei a tocar em 1985, a primeira foi Os Pilhas, que era uma banda de reggae numa época que ninguém em BH sabia o que era reggae. As músicas eram nossas, não eram cover de Bob Marley.


C: Isso é muito raro, Laca. Nesse mundo independente ninguém assina contrato, o contrato é sua palavra, e se você queimar a sua palavra começa a se queimar no mercado. Se o cara marca, não pode furar.

C: Sim.

L: Quando você falou que não achava lugar para tocar e abriu um bar, achei que foi o pináculo da comparação com a minha história. Procurei editoras adoidado e não achei quem “ouvisse a minha banda”. Aí falei: “Vou abrir um ‘bar’ para mim, vou vender na rua”. Só não esperava que as coisas fossem começar a dar certo, financeiramente falando, depois de tantos anos. Se não tivesse a minha profissão, não teria como continuar, porque existe a despesa, mesmo que nas décadas 1980 e 90 a tiragem da revista fosse de 500, mil unidades.

C: You too? (Você também?)

L: Oh, very nice. I speak english. (Ah, que bom. Eu falo inglês.)

L: Yeah, I do. [risos]. How did you learn english? (Sim, falo. Como você aprendeu inglês?) C: I learned when I lived in the States for a while, two years. (Quando vivi nos Estados Unidos por um tempo, dois anos.) L: I’ve been in New York for six months. (passei seis meses em Nova York.)

C: Hoje você está fazendo quantas? L: A tiragem inicial é de 20 mil, mas já atingi 50 mil vendendo na rua. A revista não tem patrocinador, ela se segura pela venda. Tem aquele lance: tem números que emplacam, que vendem pra caramba, e outros que não. Está vindo agora Maria-chuteira e o jogador de futebol. A sogra contra o Capeta é a revista mais vendida. A minha mulher tinha me proibido de lançá-la. Tem muita revista que minha mulher me proíbe de lançar, os leitores não sabem disso. Gosto até de falar na brincadeira: o maior inimigo dos meus leitores é a minha mulher. [risos]. Por outro lado, a melhor amiga dos leitores é a minha mulher, porque ela é a administradora do dinheiro. Se não existisse a Cássia para fazer esse equilíbrio, não estaria chegando onde estou. Beatles e Elvis no metrô de Nova York L: Você está lendo esse livro aí. Você fala inglês?

C: Cool, what did you do there? (Legal, o que você fazia lá?) L: I went there because, well, financial troubles with my magazine in 1990. I really love english. (Eu fui até lá por causa de problemas financeiros com a revista, em 1990. Eu realmente amo inglês.) C: You speak very well. (Você fala muito bem.) L: Fui para Nova York e lá tive alguns probleminhas com o inglês. Achava que sabia falar. Cheguei e vi que não sabia nada. O cara começa a falar e você não sabe nada. Trabalhei em um jornal do Queens, depois trabalhei de garçom em Manhattan, comprei um violão e fui tocar nos pontos do metrô. Toquei Beatles, Elvis... No primeiro dia, arranquei 80 dólares, aí animei. Faltavam dois meses para o visto vencer e em dois meses consegui 1.500 dólares. C: Eu tenho seu disco, velho. L: Qual? O primeiro ou o segundo com a Poliana [sobrinha]? C: O primeiro, que você gravou sozinho. L: Aquele todo desafinado. C: Esse disco é legal pra caralho, Laca. L: Vou te dar depois o mesmo disco, que gravei de novo. Tenho uma sobrinha que, na minha opinião, canta muito bem, mas não é profissional. Chamei e gravei junto com ela todas as músicas. Vendi seis mil CDs da segunda remessa e, para mim, é muito pouco. Não compensa, então larguei. Era a revista ou a música.

Claudão e Lacarmélio buscam respostas no céu de BH

Rotina, linha de produção C: Vou dar o exemplo da minha monobanda, que

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é um exemplo mais extremo, porque sou eu fazendo o trabalho todo sozinho. Já tive, obviamente, exemplo de como é fazer uma banda com mais gente. De qualquer jeito, tem que ter o envolvimento de pelo menos um, e quando a gente faz sozinho, o um tem que ser a gente. É uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que você tem a liberdade de colocar a sua opinião, você tem menos controle no que está fazendo porque não tem a outra pessoa para poder te criticar. L: Existe o talentoso e o trabalhador. Ser talentoso e não ser trabalhador eu não admiro, sou mais o que trabalha. Trabalhador é aquele que parte pra cima. C: É o 99% de transpiração e 1% de inspiração. L: Tem muita gente talentosa que não gosta de trabalhar. C: E acha que só o talento vai abrir as portas, né? Depois que entrei nessa de tocar sozinho, fazer tudo sozinho, estou vendo que, em primeiro lugar, eu sabia muita coisa que achava que não sabia. L: E você administra o bar também, né? C: Sim, mas aí tenho sócios, a gente faz uma programação cultural, convida bandas para vir tocar. Em casa sou eu com a minha guitarra e minha mesinha de dois canais gravando meu disco. São dois tipos de produção diferentes. E ainda sou tradutor, tenho que trabalhar em cabine fazendo tradução simultânea de vez em quando. E como é a sua produção? L: Na parte da manhã fico com a produção da revista em casa. A produção implica tudo o que tem a ver com a revista. Desenhar é só uma das coisas. Tem a despesa com a gráfica, ir lá para acompanhar. Só libero a impressão depois que vejo a chapa final que vai rodar. A criação da revista é em casa comigo. E com a fiscal Dona Cássia. Vivo bem com a Cássia, sempre falo o nome dela porque ela é importante. Ela e meu filho são as pessoas mais importantes na minha vida. Agora estou vendendo em São Paulo também. Desde quando lancei o número da Raposa e do Galo que não vou para lá. C: Eu, como americano, fico triste porque o Coelho não

Ele já foi baterista e tocou em bandas, mas hoje o esquema de Claudão é tocar sozinho, monobanda, como ele mesmo diz

participou dessa daí. L: Muita gente me cobra uma revista do Coelho. A torcida não é tão pequena assim não. C: Estou sentindo um problema na minha composição que é a falta do ócio criativo, aquele tempo de você se perder para as ideias aparecerem, quer dizer, ideia aparece o tempo todo, mas para refletir, discutir essas ideias comigo. L: Esses meus momentos são na parte da manhã, é a hora em que eu fico sozinho. Meu filho está na escola e minha mulher está para o serviço. A primeira coisa para criar o roteiro da revista, não são os diálogos dos personagens, mas o mapa, é saber como conduzir o começo, meio e fim. C: É a música, cara. É saber de onde você vai sair e onde vai chegar e conseguir falar isso em menos palavras possível. Fui professor de redação por muitos anos e sempre falei com os alunos o seguinte: se resolver sentar, começar a escrever, pegar o papel e colocar o lápis lá não vai sair uma coisa boa. Tem que organizar as ideias, fazer um mapa. E organizar bem seu tempo. Belo Horizonte como cena independente C: As pessoas querem novidade, querem ouvir coisas novas e como aqui não tem praia a diversão de muita gente é fazer banda e tocar, porque é um negócio que dá para fazer com os amigos, investir o seu tempo numa coisa legal, prazerosa, saudável. A gente vê que a produção de música independente em Belo Horizonte está crescendo. Tem o Bart, que faz a Flaming Night e sempre enche, tem


O homem do terno amarelo: Lacarmélio é sempre figurinha fácil nas ruas da capital o Campeonato Mineiro de Surfe, que a gente [d’A Obra] faz, tem o Eletronika, o Conexão Vivo e mais um monte de coisa legal. Hoje em dia é mais fácil, né, Laca? Antigamente, para descobrir uma banda nova tinha que vir parar uma fitinha na sua mão. Hoje, você faz uma música, coloca na internet e em 20 minutos tem um cara do Japão comentando. Isso é uma facilidade, mas, ao mesmo tempo, é uma dificuldade, porque você vai num oceano de coisas. Como você vai fazer o seu trabalho aparecer no meio de tanta coisa bacana, genuína? Aí tem que ter estratégia para fazer sua música aparecer. O Laca é o rei da estratégia, o que ele faz é realmente revolucionário.

coloca. O maior problema é, com toda essa possibilidade, muita gente boa pode fazer isso, então como você insere seu trabalho nesse mundão de trabalhos legais? No dia em que souber a resposta, eu te falo. Não sei e até hoje não ouvi falar de ninguém que saiba também. L: Concordo. Trabalho por conta própria, porque gosto da arte. Tive que aprender a ser profissional disciplinado, isso é uma coisa muito legal, tive que aprender para ganhar dinheiro com a coisa. O problema maior é a grana. C: É o raio da grana.

L: Tudo o que tenho devo ao povo da rua, tudo. Casa, equipamentos, meus sonhos, anseios, medos, essa procura de cada vez fazer um roteiro melhor. É uma vontade que não sacia de jeito nenhum. Acabo de fazer a revista, já estou partindo para a seguinte. Isso tudo é o povo. É emocionante, passo com a placa e o motorista do ônibus dá aquela buzinada [imita o som], os taxistas também; o cara da BHTrans me fala onde está garrado, o motoboy fala que tal coisa aconteceu. É muito bacana, é o gás da coisa. Nem parece que já vendi mais de um milhão e duzentas mil revistas. Cada revista que vendo tem uma emoção. C: A maior vantagem [de ser independente] é poder fazer o que você acha que é mais legal, independente da opinião de outras pessoas, por mais válida que seja. Você é dono do seu negócio, se alguém reclamar que não está gostando, que faça o seu. Se vai ser rentável, se vai vender, se as pessoas vão gostar já é uma questão da qualidade do seu trabalho, do esforço que você

Quando Claudão e Lacarmélio já se despediam, pedi que eles dessem alguma dica para quem deseja seguir o caminho da independência. L: Não siga, não siga. [Em meio aos ruídos de freio dos ônibus, Claudão gargalha]. Meu filho não vai seguir esse caminho. Se você não for muito louco e muito trabalhador e não aprender a ser disciplinado, vai pirar. Não quero outra vida, é uma escolha. Mas vou te falar: é muito pesado, muito puxado, sim. Trabalho de domingo a domingo, quando não estou na venda estou na produção da revista. C: Acho que o Laca tem razão, e só complemento: Se você for muito louco, muito trabalhador e muito disciplinado, seja cada vez mais isso aí para conseguir fazer o seu trabalho independente dar certo. comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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história

MEU tempo É HOJE

A cadeira de palhinha exposta na varanda da casa centenária é apenas uma pequena lembrança do tempo em quem as pessoas cultivavam o hábito de encerrar o dia jogando conversa fora com os vizinhos. Hoje, isso não é mais possível. As construções modernas, os automóveis e o barulho tomaram conta de tudo. E o pior, estão nocauteando a história. Das 200 casas voltadas para abrigar os construtores de Belo Horizonte, restam apenas 13. E a mais antiga de todas, apesar do primoroso esforço de preservação, está ameaçada. Não só pela mão pesada do progresso, mas pelo descaso com o patrimônio da cidade.

COMO E ONDE ESTÃO AS PRIMEIRAS CASAS QUE ABRIGARAM OS FUNDADORES DA CIDADE texto e fotos Alex Capella fotos Carlos Hauck

É uma luta desleal. O centenário endereço da Rua Paraíba, concluído no dia 9 de setembro de 1896, está cercado por obras de quatro grandes edifícios. O confronto começa logo pela manhã. As estacas das construções batem forte e estremecem a frágil fundação de pedra rasa da casa com estilo neoclássico. As rachaduras riscam as paredes que um dia abrigaram o coronel Jacinto Freire de Andrade e seus parentes. Ele e outras 1999 famílias deixaram Ouro Preto para ocupar as terras do então Curral Del Rei, entre 1890 e 1897. Faziam parte da chamada “comissão fundadora”, encabeçada pelo engenheiro Aarão Reis. A entrega das chaves aos primeiros servidores públicos de Belo Horizonte ocorreu sob protestos em Ouro Preto. Afinal, a população ouro-pretana perderia o status de abrigar a


capital. Mas, o argumento de que a cidade não oferecia condições topográficas para suportar o desenvolvimento da capital falou mais alto. Com a questão resolvida, o governador Augusto de Lima encaminhou ao Congresso mineiro adicional à Constituição estadual que autorizava a mudança. Cinco localidades foram sugeridas: Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna, Várzea do Marçal e as terras de Curral Del Rei, que corria por fora. Além da localização central, a sorte de Curral Del Rei começou a mudar quando os integrantes da comissão fundadora se deslumbraram com o espetáculo do crepúsculo ao fundo do horizonte que emoldurava as montanhas. De tão fascinante, decidiram abandonar os possíveis nomes de Terra Nova, Santa Cruz e Cruzeiro do Sul para Belo Horizonte, em 1890. Os servidores públicos começaram a chegar aos poucos. As primeiras casas foram construídas dentro dos limites da Avenida do Contorno. Divididas em seis tipos, a maior e mais requintada de todas figurava no tipo F. A mais básica na letra A. Porém, as variações se davam, basicamente, no tamanho. Em linhas gerais, as casas apresentavam pavimento único, porão alto para isolar a umidade, varandas laterais e amplos quintais. Todas tinham cozinha, dispensa e pé direito alto. As unidades sanitárias, geralmente, eram deslocadas para um ‘puxado’ com pé direito mais baixo. Em cada quarto, interligado ao outro, cabia apenas uma cama e um pequeno armário. Geralmente, o piso dos quartos e das salas eram revestidos com madeira. Cozinha, banheiro e varanda recebiam cerâmicas. Todas as casas seguiam o alinhamento das calçadas. Não havia construções recuadas. Talvez por isso todas apresentavam fachadas trabalhadas, reunindo influência da arquitetura europeia com resquícios do barroco mineiro. Na parte da frente, apenas janelas, já que a entrada ficava na lateral, passando pela varanda. Nos telhados, também era possível observar imagens barrocas. Tudo muito delicado, feito para uma época na qual a maior agitação se dava quando algum condutor de carroça estendia um pouco mais as rédeas. “Hoje, o trânsito pesado e o bate-estaca das novas construções estão comprometendo o futuro dessas casas”, alerta o arquiteto Marcos Moysés. O arquiteto mora na casa mais antiga de Belo Horizonte, localizada no coração da Savassi. A casa pertence à sua família desde 1958 e está classificada dentro do tipo C. Tombada pelo Patrimônio Histórico municipal, mantém grande parte das características da época. Para isso, o arquiteto conta com isenção no Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). Mas, segundo ele, os custos de manutenção de uma casa secular são bem maiores do que de uma casa mais nova. Por isso, o que deveria ser um privilégio, vem se transformando num sacrifício. “É igual a cuidar de carro velho. Quando você acaba de trocar

Varandas centenárias e suas cadeiras de palha: nos tempos de antanho, esses eram os cenários da conversa de fim de tarde


AS CASAS APRESENTAVAM PAVIMENTO ÚNICO, PORÃO ALTO PARA ISOLAR A UMIDADE, VARANDAS LATERAIS E AMPLOS QUINTAIS. TODAS TINHAM COZINHA, DISPENSA E PÉ DIREITO ALTO a embreagem, estraga o freio. Aí, você arruma o freio, mas surge um defeito no câmbio”, compara. Do alto dos seus 60 anos, Moysés faz parte da geração de crianças que brincou solta pelas ruas, sem os temores impostos pela vida moderna. Mesmo ao final da década de 1890, Belo Horizonte já contava com dez mil habitantes. Quando foi iniciada sua construção, os idealizadores do projeto previram que a cidade alcançaria a marca de 100 mil pessoas apenas quando completasse 100 anos. Estavam errados. Essa falta de visão dos fundadores vem se repetindo em toda a história da cidade. “A situação está impraticável. Não dá mais para conviver com isso. Pior para a história”, lamenta o arquiteto.

Para o arquiteto Marcos Moysés, o trânsito pesado e as novas construções estão comprometendo o futuro das casas centenárias


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CULTURA

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Outras alternativas possíveis

OU COMO EDUARDO SPOHR CRAVOU SEU LIVRO INDEPENDENTE NA LISTA DOS MAIS VENDIDOS texto e fotos Flávia Denise de Magalhães ilustrações Pil Ambrosio

Para um livro de uma grande editora chegar às prateleiras da livraria, ele passa pela mão de muita gente: autor, editor, revisor, designer, distribuidor, vendedor. O processo é longo e demorado, mas será que é necessário? Alguns autores e editoras brasileiras acreditam que não. Eles fazem os chamados livros independentes e criam obras tão boas quanto as de qualquer editora de grande porte, mas de um jeito bem mais simples.

Com ninguém é assim”, ressalta. Apesar das dificuldades, o autor continua a investir na escrita. Está com um livro de humor, destinado ao público do site Jovem Nerd pronto para o lançamento e já começou a trabalhar no seu segundo romance, que passará no mesmo universo de A Batalha do Apocalipse. Atitudes de quem acredita que é possível sim viver de escrita no Brasil.

< O AUTOR >

< A EDITORA >

Eduardo Spohr é o autor do mais novo bestseller made in Brazil (seu livro estava em sétimo lugar na lista dos mais vendidos Revista Veja, no último fim de semana de agosto. E foi a quinta vez em que apareceu no ranking). Mas ele não começou sua carreira de escritor no mainstream: passou dois anos escrevendo A Batalha do Apocalipse, um livro que conta a história de Ablon, um anjo que espera há seculos a chegada do Apocalipse. Depois de terminada a escrita, o autor teve dificuldades em encontrar alguém que publicasse o trabalho, mas não desistiu de entrar para o mundo editorial tradicional. Ele mesmo publicou trinta cópias do seu livro para mandar para “uma editora grande”. Por exemplar, pagou R$ 40, na esperança de que o produto bem-feito fosse ser mais bem recebido do que a espiral. O autor também entrou em um concurso do Senai, que além do troféu e solenidade, premiava novos autores com 100 cópias do seu livro. O esforço de entregar três cópias para fazer a inscrição valeu a pena. Spohr levou o primeiro lugar e chegou à Bienal Internacional do Livro de São Paulo de 2007 já com o status de autor. Pouco tempo depois, começou a vender esses livros na loja do site Jovem Nerd, especializado em RPG . Eles venderam rápido e Eduardo e seus amigos, que comandam o site, usaram o dinheiro para imprimir mais 500 cópias. Depois de vender tudo, publicaram mais 500. Mais uma vez venderam tudo e decidiram esperar a reação de uma editora. O sonho da publicação “oficial” ainda não tinha morrido. A Batalha do Apocalipse ficou mais de um ano esquecido até que “eles abriram a caixa de email e viram que tinha acumulado mais de oito mil pedidos do livro”, contou Spohr. Diante da demanda, publicaram mais quatro mil exemplares. “Vendemos todos, tudo independente, tudo pela internet, tudo por causa do blog”, relembrou. Com as vendas, finalmente chamaram a atenção de uma editora, a Verus, do Grupo Editorial Record, que comprou os direitos de publicação. Atualmente, o livro está na quarta edição, com 34 mil exemplares impressos. Os amigos do site Jovem Nerd também saíram ganhando. Além do reconhecimento (e publicidade) que recebecem graças ao envolvimento com a história da publicação, eles ficaram com 50% da grana dos livros que venderam no site em compensação pelo investimento. Eduardo Spohr, porém, é um caso de sucesso extremo e exceção no mundo da publicação independente. O autor confessa que a conquista não foi tão simples quanto parece. “Muita gente pensa que é só mandar o livro para a editora e ser publicado. Comigo não foi assim.

A maioria dos escritores autopublicados não chega às listas de mais vendidos. Em vez disso, guardam os livros em uma caixa empoeirada e tentam esquecer do dinheiro que gastaram para imprimir suas palavras no papel. Isso acontece porque a maior dificuldade do novo autor é divulgar o livro e encontrar os leitores que têm interesse nele. É exatamente nas fases de divulgação e distribuição que as editoras independentes perdem para as grandes casas. Uma vez que qualquer selo de uma grande editora compra um livro, o autor pode relaxar que eles vão fazer o trabalho todo, como o envio para a imprensa, anúncios e o contato com as livrarias. Porém, segundo Paulo Capra, da editora independente e anarquista Deriva, não é fácil um grande grupo editorial se interessar por um escritor novo. “Uma editora grande não se preocupa em lançar o livro do autor independente brasileiro por que o mercado editorial é muito exigente em termos de lucro imediato”, explicou. A Editora Deriva é uma das mais conhecidas entre as independentes no Brasil. Desde 2005, todo livro que publica é feito de forma colaborativa, envolvendo coletivos e grupos de Porto Alegre. A maioria do material tem cunho revolucionário, mas há algum tempo começaram a publicar livros por demanda, usando o know how para a ganhar dinheiro com o negócio. Sentindo a necessidade de separar a editora anarquista da impressão por demanda, eles estão lançando um novo selo, o Liro, que terá um único objetivo: imprimir livros de autores independentes. “Claro que não vamos publicar livros racistas ou ofensivos, mas fora isso vamos publicar o que a pessoa quiser”, esclareceu o editor. Pela experiência com a Deriva, Capra imagina que vai publicar muita poesia e textos acadêmicos. São textos de quem não espera ver seu livro publicado em uma grande editora, mas que, mesmo assim, tem sonhos de ver suas palavras no papel e um livro bem feito na estante. Prosa ou poesia, texto de ficção, acadêmico, de via-


gem ou até de autoajuda. Segundo Eduardo Spohr, o mais importante para um escritor auto publicado de sucesso é ter, antes de tudo, um texto de qualidade. “Se as pessoas não quiserem ler, não fará sucesso”, explica. Se essa história de sucesso o inspirou, reunimos outras dicas, no quadro a seguir.

O CAMINHO Dicas para seu livro bombar

Então você rabisca uns textos e está a fim de ver seu trabalho na estante. Pois saiba que publicar um livro por conta própria não é uma tarefa fácil. Os passos são simples, mas importantes no processo para a publicação de um livro independente de qualidade. Se o mais importante é, como disse o autor Eduardo Spohr, ter um texto bom e interessante, o segundo passo é pedir para pessoas — que não se importam muito com os seus sentimentos — para lerem a obra e dar uma opinião sincera sobre ela. É nesse ponto que se descobre se sua escrita pode ser considerada, de fato, bom. Em terceiro lugar, contrate um revisor. A principal reclamação dos textos independentes é a falta de cuidado antes de publicar. Ninguém quer ler um texto com erros. A partir daqui você tem que escolher algum lugar para diagramar e imprimir o seu trabalho. A há várias editoras que publicam textos independentes, mas pesquise bem, para não acabar colocando o seu dinheiro em uma editora ou gráfica picareta. Exija ter o controle de onde os seus livros serão distribuídos. Após a publicação, vem a parte do marketing. É chato e demorado, mas é muito importante. Ninguém vai ler um livro que não conhece, por isso vale a pena entrar em contato com blogs especializados na sua área literária para divulgar a obra. Não precisa dar exemplares de graça, mas disponibilizar os três primeiros capítulos no seu blog ajuda o trabalho de quem se interessar na obra e quiser divulgar. E se, mesmo com essas dicas uma editora grande não se interessar, não desanime. Lembre-se que, no fim das contas, o sucesso é o encontro do que as pessoas querem ler com o que você quer escrever. A Ragga esteve presente na Bienal Internacional do Livro de São Paulo deste ano

APESAR DAS DIFICULDADES, EDUARDO SPOHR ACREDITA QUE CADA UM TEM QUE SEGUIR SEU SONHO, POIS É POSSÍVEL, SIM, VIVER DE ESCRITA NO BRASIL.



QUEM É

RAGGA

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fotos Ana Slika


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COLUNA

A MÚSICA E O TEMA

por Kiko Ferreira

Liberdade

Arquivo Estado de Minas

ainda que tardia

Mariana Vianna-divulgaçÂO

Se tivesse um arranjador do nível de Tom Jobim, Maria Gadú poderia ter se saído melhor no primeiro álbum

Em música, o lema “independência ou morte” parece cada vez mais atual. Na verdade, independência é o norte. Fica cada dia mais distante o sonho antigo do artista ser descoberto por uma grande gravadora, gravar seus discos com verbas absurdas, receber tratamento VIP nos hotéis, ter estrutura de marketing funcionando sem se preocupar com custos e cair nas mal traçadas malhas do sucesso popular. Levantamento recente da Federação Internacional da Indústria Fonográfica mostra que o mercado de discos brasileiro caiu quase 80% entre os anos de 2004 e 2008. As grandes e poucas gravadoras, que formam a Associação Brasileira dos Produtores de Discos, respondem por 80% das vendas. Mas, num dos poucos mercados em que o produto nacional responde pela maioria da vendagem (mais de 70%), os independentes, que se multiplicam em centenas de selos pelo país, são responsáveis por cerca de 90% dos títulos, mas menos de 20% do faturamento. Os novos contratos feitos pelas majors inclui não só a venda do CD ou DVD, mas lucro em todas as atividades do artista. A gravadora agora quer parte de qualquer venda, seja direito de imagem, de inclusão em trilhas ou games, rendas de shows, terceirização de camisetas, álbuns de figurinhas, capas de caderno... Quase um pacto com o diabo, como os dos guitarristas de blues e dos violeiros. Por tudo isso, a via natural é a opção pelo lançamento independente. Apesar de ser o caminho que garante independência total de criação, produção e concepção, a estrada alternativa traz um problema que atinge, hoje, todas as artes. Com as redes sociais, que transformam, se bem usadas, qualquer iniciante num ídolo mundial, o nível de mediação e a quantidade e qualidade de filtros ficou mais frágil, menos consistente. Um cristão que tenha um milhão de amigos no Facebook ou consiga destaque por ter um vídeo bizarro bombando no YouTube vira, muitas vezes, artista consagrado antes de

atingir um mínimo de maturidade. Mas quem está ligando, se logo vem mais uma centena de músicas para baixar e a lembrança do ídolo entra, em pouco tempo, no território da memória virtual? Infelizmente, como sempre foi desde que independência virou moda nos anos 1970, com artistas como Antonio Adolfo e Boca Livre, nove em cada 10 discos independentes lançados são ruins. Só que, antigamente, quando as produções exigiam estúdios caros, investimento em material gráfico inacessível a qualquer um e uma estrutura de divulgação e marketing que era grande e onerosa, era preciso provar valor para entrar em qualquer cast ou programação de rádio. A via-crúcis do sucesso era longa, cheia de pedregulhos e desvios. O artista precisava, antes de tudo, convencer sua família, seu bairro, seu bar, sua turma, sua cidade, de que era bom. Fazia muito show, gravava uma demo (muitas vezes em k7) num estúdio improvisado, procurava os programas alternativos das rádios alternativas e, quando conseguia que um público razoável soubesse cantar suas letras, chamava um olheiro de gravadora para ver o show. Aí vinha o contrato, o investimento e, se houvesse retorno (muitas vezes mais artístico que comercial –ou vice-versa), a continuidade da carreira. De meados dos anos 1980 para cá, as gravadoras grandes começaram a atirar no próprio pé. Em vez de variedade, com selos de jazz, trilhas sonoras, choro, samba e outros gêneros, estilos e ritmos, começaram a apostar em meia dúzia de artistas que vendiam muito, exigiam verbas vultosas de promoção e criaram uma geração de rádios “japonesas”, na classificação do mestre Claudine Albertini: todo mundo tocando as mesmas músicas, o dia todo, como uma lavagem cerebral que ia contra a diversidade e a exuberância musical do país. Resultado: os piratas começaram a achar um jeito de fazer CD barato na China e a vender nas ruas por menos de 10% do preço. Ao


Em 1977, Antonio Adolfo foi pioneiro da produção independente com o disco Feito em casa, que ele mesmo vendia às lojas de ir e vir de carreiras e tendências tenham a velocidade do mundo da internet, mas ruim, pela falta de mediadores capacitados de separar qualidade musical de hype, talento real de capacidade de mobilização. Todo dia nasce e morre um ídolo. Sem tempo para choro, vela, condolências. No mundo de antigamente, com produtores, diretores artísticos e arranjadores como Tom Jobim, Pena Schmidt, Roberto Menescal e André Midani, certamente Maria Gadú teria chegado ao primeiro disco com um repertório mais consistente, Macaco Bong teria feito um CD que parecesse mais com seus vigorosos shows e Ana Cañas, uma ótima cantora, não teria mostrado sua face imatura de compositora tão cedo. Mas o caminho é inevitável: cada vez mais, os artistas precisam cuidar de suas carreiras, sem uma mãe gravadora para puxar e lavar orelhas e mandar escovar os dentes. É hora de viver o saudável e perigoso caminho da liberdade.

DivulgaçÃO

mesmo tempo, a internet começava a tornar possível a troca de arquivos de músicas a custo zero. Em vez de descobrir como ganhar dinheiro com as ferramentas de troca de arquivos sonoros, as gravadoras tentaram proibir. Perderam de todos os lados. Enquanto isso, os independentes começaram a abusar desse momento de mídia barata ou de graça. Muitos artistas de forró, sertanejo e até axé passaram a fazer e vender seus próprios piratas nas saídas de shows e nos camelôs e a fazer girar dinheiro e fama sem depender do esquema viciado de promoção de rádio e influência de gravadora. Em Belém do Pará, o tecnobrega criou uma indústria doméstica e particular — que já virou case internacional, com shows gravados ao vivo e CDs queimados na hora e vendidos no final da festa. Por essas e outras, o mundo da música é cada vez mais independente. Isso é bom, pelo prisma da diversidade, da liberdade de expressão, fazendo com que os movimentos

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Há 24 anos foi inaugurada a primeira loja da pastelaria Fujiyama. De lá para cá, são 22 lojas — 20 franquias e duas próprias — e o título de maior empresa do ramo em Minas Gerais. No cardápio, deliciosos pastéis fritos com recheios que vão dos clássicos carne e queijo até a linha Premium, que inclui camarão, palmito e bacalhau, além de sabores doces como bombom e banana. Outras opções também à disposição dos clientes são salgados variados, sorvetes, sanduíches, doces, pizzas e porções de minipastéis, frango a passarinho e batata frita. Para acompanhar, chope, cervejas, refrigerantes, cafés e sucos.

FOTOS: CARLOS HAUCK

SERVIÇO

DICA HEINEKEN Dia de jogo a torcida mineira faz festa no Fujiyama — as transmissões de futebol são sempre animadas com Heineken gelada.

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Endereço: Rua Pernambuco, 1.070 Loja 08/09 — Savassi Telefone: (31) 3261 9514 Capacidade: 100 pessoas (externa) e 30 pessoas (área coberta) Formas de pagamento: cartões débito e credito Visa, Mastercard e American Express Com: música ambiente e transmissão de jogos de futebol Funcionamento: segunda a quarta — 7h às 23h quinta a sábado — 7h até o ultimo cliente Na internet: pastelariafujiyama.com.br fujiyama@pastelariafujiyama.com.br Observação: o passaporte Poraí é válido somente para a unidade Savassi do Fujiyama.


CLICK

fotos Carlos Hauck

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1. Thiago Barçante, Aluísio Penna e Henrique Tenenwurcel 2. Nathalia Gresta e Priscilla Veazey 3. Lorena Lacerda e Henrique Magalhães 4. Lorena Carrieri e Esther Lara 5. Arthur Carvalho e Vitória Avelino 6. Rayssa Lima e Nathalia Felippe 7. Phillipe Monteiro e Vinícius Almeida 8. Diego Simões e Aline Alves 9. Matheus Pena, Muriel Ribeiro e Nikolas Serrano 10. Amanda Ferreira e Deivson Figueiredo

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RAGGA modelo Gabriela Magnani fotos Ana Slika

Muito prazer, Gabriela por Izabella Figueiredo

Não há discussão: Gabriela Magnani é linda. Tão linda que seu nome poderia ser adjetivo de beleza suprema, daquelas de tirar o ar. Quem vê a bela não imagina que por trás de tamanho requinte existe algo mais do que a evidente combinação perfeita de curvas, pele alva e rosto de boneca. Nutricionista e fã de Marisa Monte, Djavan e Coldplay, Gabriela ilustra as próximas páginas da nossa Ragga Girl deste mês.



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EXTRAVASE O STRESS DO DIA, NA ACADEMIA.


CONSUMO

CARLOS HAUCK

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EU PRIMAVERA

Ainda não é para já, mas o verão está chegando. A contagem regressiva começa com a entrada da primavera, no próximo dia 23. E nada mais justo do que fazer uma pequena homenagem a ela. Então, se joga nas flores. Sem preconceito.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

por Sabrina Abreu

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1. < QUASE DESCALÇO >

2. < FLORIDO >

3. < SEM REGAR >

4. < PESADO >

Passado o inverno, é hora de aposentar as botas e colocar os dedinhos dos pés de fora. Para elas, rasteira de couro Luiza Barcelos. Para eles, a boa, velha e legítima Havaianas. Rasteira: R$ 245 Havaianas Trend: R$ 21,90

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Tendência forte da estação, as listras são boa ideia para dar uma quebrada no império do floral. Este macaquinho é da linha que Fernanda Lima desenvolveu para a Cantão. R$ 442 6. < MÃOS À OBRA >

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ARTIGO

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Se n達o


o fosse

D. Pedr D. Pedro...

Se não fosse

por Eduardo Bueno[*] ilustração Pil Ambrosio

O príncipe não estava bem. Teria sido a água salobra de Santos ou algum prato condimentado do jantar da noite anterior? Não se sabe — nem ele o sabia. O fato é que uma diarreia o atacara, e a cavalgada pela tortuosa estrada que o conduzia da baixada santista ao platô de São Paulo não tinha ajudado em nada na recuperação do combalido ventre principesco. No instante em que o major Antônio Ramos Cordeiro e o correio real Paulo Bregaro, que tinham partido do Rio de Janeiro em direção a Santos com um maço de cartas urgentes para D. Pedro, chegaram às margens do riacho Ipiranga, divisaram alguns membros da guarda de honra parados numa colina. D. Pedro estava à beira do córrego, “quebrando o corpo” — agachado para “responder a mais um chamado da natureza”. A correspondência lhe foi entregue enquanto ele ainda abotoava a braguilha do uniforme. As circunstâncias não eram as mais indicadas para a “perpetração da façanha memorável”. Mas as notícias eram de tal forma definitivas e perturbadoras que, depois de ler, amassar e pisotear as cartas, D. Pedro montou “sua bela besta baia”, cavalgou até o topo da colina e gritou à guarda de honra: “Amigos, as Cortes de Lisboa nos oprimem e querem nos escravizar... Deste dia em diante, nossas relações estão rompidas”. Após arrancar a insígnia portuguesa de seu uniforme, o príncipe sacou a espada e, às margens plácidas do Ipiranga, bradou, heroico e retumbante: “Por meu sangue, por minha honra e por Deus: farei do Brasil um país livre”. Em seguida, erguendo-se dos estribos e alçando a espada, afirmou: “Brasileiros, de hoje em diante nosso lema será: Independência ou morte”. Eram quatro horas da tarde do dia 7 de setembro de 1822 e o sol, em raios fúlgi-

dos, brilhou no céu da pátria naquele instante. As cartas que D. Pedro rasgara tinham sido enviadas pelas Cortes de Lisboa (onde, com deboche, o chamavam de “rapazinho” ou de “brasileiro”). Elas acintosamente informavam que, em vez de regente do Brasil, o príncipe passaria a ser mero delegado das Cortes; que seus ministros seriam nomeados em Lisboa e que aqueles que o tinham apoiado no episódio do “Fico” eram traidores da pátria. Mas, junto às missivas, vinha também uma carta de seu conselheiro, José Bonifácio de Andrada e Silva. “A sorte está lançada”, dizia Bonifácio, “nada temos a esperar de Portugal, a não ser escravidão e horrores.” A diarreia estragara o dia de D. Pedro, mas, apesar da crise das Cortes e das dores de barriga, o príncipe vivia um período luminoso. Dois dias antes, “numa viela pouco frequentada de Santos”, ele tinha visto uma “mulata de grande beleza” e, “com o gesto rápido de quem não quer perder a caça, embargou-lhe o passo” e a beijou. A moça, que evidentemente não reERGUENDO-SE DOS conheceu o príncipe regente, o esbofeteou e fugiu. Embora, ao descobrir que era escrava, ESTRIBOS E ALÇANDO tenha tentado comprá-la, D. Pedro ignorou a A ESPADA, D. PEDRO rejeição: fazia uma semana, estava apaixonado. No dia 29 de agosto, em São Paulo, o AFIRMOU: jovem príncipe conhecera aquela que, entre “BRASILEIROS, incontáveis candidatas, seria a mulher de sua vida: Domitila de Castro Canto e Melo, DE HOJE EM DIANTE futura marquesa de Santos. No dia 5 de seNOSSO LEMA SERÁ: tembro, quando partiu para uma inspeção a Santos, o futuro imperador e Domitila já INDEPENDÊNCIA eram amantes — e o seriam por sete longos OU MORTE” e abrasadores anos. Mas nem a diarreia nem as vertigens da paixão impediriam D. Pedro de tomar a maior decisão de sua vida. Aos 24 anos, o príncipe estava desde os dez no Brasil. Aqui, tivera seus primeiros cavalos e suas primeiras mulheres; aqui, vencera seus primeiros desafios, políticos e pessoais. Não restavam dúvidas de que D. Pedro amava o país. Parecia o homem certo para torná-lo uma nação independente. Foi justamente o que ele fez.

Eduardo Bueno é jornalista e publicou mais de 20 livros sobre a história do Brasil. Este texto foi extraído de uma de suas obras: Brasil: Uma história, relançado este mês pela Editora Leya

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ON THE ROAD < paris >

EM

PARIS,

MAS NO PERRENGUE texto e fotos Bernardo Biagioni

SEM DINHEIRO, SEM MAPA E SEM PASSAGEM DE VOLTA. MAS QUEM É QUE SE IMPORTA?

Em vez de fazer passeios turísticos cansativos, nosso repórter registrou vários momentos da Torre Eiffel

Cá estou eu, deitado no gramado da Torre Eiffel, escrevendo poesias nos contornos do monumento mais famoso da Europa, discutindo Voltaire e Phoenix com um velho amigo de estrada, falando quase nada com nada no meio da fumaça dos nossos cigarros compartilhados. Coloquei as mãos nos bolsos há pouco e só encontrei uma miniatura da torre, o telefone daquela francesa de ontem, o endereço da loja de discos que vou amanhã, e alguns bilhetes de metrô, todos usados. E nada de dinheiro. Todo mundo adora dizer que Paris é cara. Mas nunca imaginei que seria tanto. Logo na segunda noite, nem dinheiro para cigarros eu tinha. Sorte que não fumo. < MONALISA DE GRAÇA >

Graças às energias transcendentais que tracionam o calendário romano, desembarquei na capital francesa no primeiro domingo do mês, quando, excepcionalmente, todas as regalias turísticas ficam abertas gratuitamente para visitação. Se por um lado você economiza uns 50 euros para ver a Monalisa, no Museu do Louvre, e para entrar no Arco do Triunfo, na Champs Élysées, por outro você corre sério risco de ser atropelado por uma multidão de japoneses selvagens que não vão pensar duas vezes para lhe esmagar com suas máquinas fotográ-

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ficas poderosas, com vinte e oito megapixels de resolução. Vivi momentos de pânico para ver a garota do Da Vinci. E ela não é nada demais. Mesmo. A Lisa parece com aquela sua vizinha estranha, que vive recolhendo o lixo para dentro de casa. Meio sombria, meio gótica, da turma do metal. Mas logo que dei de cara com ela, olhos nos olhos, alma com aura, senti uma parada estranha, um frio na barriga, um aperto no peito. É muita energia concentrada numa pintura de vinte e cinco centímetros. Ou talvez menos. < A PONTE DOS RÁSTAS >

Mas o que realmente vale a pena ser visto em Paris está a alguns poucos quilômetro dali, logo além do jardim de Tuileries, onde muitos guerreiros, soldados e gladiadores de Napoleão devem ter derramado suor, lágrimas e gotas de

sangue. A Passerelle des Arts, a primeira ponte de ferro construída sobre o Rio Sena, hoje abriga piqueniques, encontros casuais, festanças intermináveis e rodas de violão que atravessam a madrugada evocando o espírito apaixonado de Edith Piaf, aquela francesa que disse não ter se arrependido de nada. Descobri o ponto por acaso, fiquei amigo de alguns rastafáris que tocavam um bongô despreocupado, e conversamos algumas horas com a linguagem universal dos sinais. Ali dá para ter uma ideia do que é Paris hoje, uma cidade maior do que o próprio nome, do que a própria fama, embaralhada por diferentes culturas, credos e crenças que desembarcam dias após dia na estação Charles de Gaulle. Não é difícil se misturar no meio das conversas, cantar um pedaço de Lisztomania com um maluco que você nem conhece, e sair recitando frases

Em Paris todo mundo descobre que pode ser artista, mesmo que seja só no ato de conseguir desenhar os traços da própria vida com as tintas mais vibrantes vendidas de esquina em esquina

A Monalisa fica escondida nas catacumbas do Museu do Louvre. Pode acreditar

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Melhor mesmo é continuar aqui, deitado no gramado da Torre Eiffel, cantando Phoenix errado, inventando conversas desencontradas e me escondendo dos vendedores ambulantes

existencialistas de Jean-Paul Sartre sem nem ter nenhuma noção do que ele está falando. Em Paris todo mundo descobre que pode ser artista, mesmo que seja só no ato de conseguir desenhar os traços da própria vida com as tintas mais vibrantes vendidas de esquina em esquina. < AMELIE MANDOU UM BEIJO >

Peguei o metrô errado, fui parar no centro de São Paulo e, com muita ajuda, consegui enxergar a Sacré Couer por cima da estação. O bairro da Amelie Poulain, Montmartre, fica em uma das partes mais altas da cidade, com uma vista tão interessante quanto a da torre Eiffel. E você não precisa pagar nada por ela. A não ser, é claro, que você deixe uma moeda para o barbudo que fica tocando Hotel California nas escadas da igreja. Aliás, até quando esses barbudos vão ficar tocando Hotel California nas escadas das igrejas? < CHAMPS ÉLYSÉES SEM DINHEIRO >

Do nada, me vi rodeado por garotas árabes, de turbantes, falando uma língua estra-

nha, rápido, com seguranças enormes logo na espreita, carregando sacolas de lojas que vendem batons mais caros que um Fiat Uno completo. Pela largura da avenida, e pelo monumento em formato de arco lá na frente, julguei que tinha finalmente chegado a Champs Élysées. Dois carros mutantes passaram em seguida. E uma moto do Batman. Fiquei com medo. Melhor mesmo foi procurar refúgio na loja da Virgin, no terceiro ou quarto quarteirão. Passei as próximas oito horas garimpando e desorganizando a seção de vinis, no segundo andar. Fui até o caixa com quinze discos debaixo do braço. Meu cartão não passou. < UM BRINDE COM PIAF >

Não tenho passagem de volta para a Itália. Não tenho dinheiro para comer. E não faço ideia de como voltar para a casa que estou hospedado, em uma das cidades vizinha de Paris. Melhor mesmo é continuar aqui, deitado no gramado da Torre Eiffel, cantando Phoenix errado, inventando conversas desencontradas e me escondendo dos vendedores ambulantes que insistem em me fazer comprar outra

Em Paris, as coisas acontecem é na Passarelle des Arts. É lá que vivem os rastas


Strike e quando você faz tudo de uma vez.

Jogar boliche, se divertir, levar a namorada, juntar os amigos, queimar calorias, desestressar, tomar um chopp, comemorar um aniversario, fazer um happy hour, comer bem. Tudo isso em um so lugar.

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miniatura da torre. Parece até um sonho. Na minha cabeça agora só existe uma pergunta, uma dúvida profundamente existencialista, firme e forte, que Sartre adoraria estar por perto para me ajudar a encontrar a resposta. Depois disso, pode ser que tudo fique numa boa e todo esse perrengue vá embora. Quanto será que vale aquela garrafa de champanhe ali?

Companheiro do Emerson Nogueira canta Hotel California no bairro da Amelie


SUA NOITE, SEU TEMPO

embalos de sábado à noite fotos Bruno Senna e Carlos Hauck

“Sua noite, seu tempo” foi o slogan da Ragga Night Run, corrida que reuniu atletas profissionais e amadores, no último dia 28, na Praça da Liberdade. Duas mil pessoas participaram da prova. Do começo ao fim, o DJ Rodolfo Brito tocou sets especialmente escolhidos para a prova, e os corredores encontraram, cada um, o próprio ritmo.

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RODRIGO ORTEGA

AUMENTA O SOM

A primeira noite de um monstro por Rodrigo Ortega ”Não vamos contar piadas. Nossa situação já é ridícula o suficiente, vocês poderiam explodir.” Com um misto de timidez e deboche, como de uma criança, John Ulhoa conversa com o público do Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, no primeiro sábado de agosto. Sua banda, o Pato Fu, apresenta, pela primeira vez, o show do disco Música de brinquedo, só de releituras, principalmente da música brasileira dos anos 1970 e 1980. A esposa e vocalista do artista, Fernanda Takai, também um pouco nervosa, explica que a banda precisará de intervalos maiores para arrumar os instrumentos. Algum desavisado poderia achar que o baterista Xande cresceu desde o lançamento do trabalho anterior, Daqui pro futuro (2007). Mas, em verdade, foi sua bateria que diminuiu. A guitarra de John e o baixo de Ricardo Koctus também tomaram pílulas de nanicolina. Enquanto eles faziam a base, Lulu Camargo, Mariá Portugal e Thiago Braga tocavam tecladinhos, tamborzinhos, flautinhas, saxofoninhos e outros “inhos”, sempre respeitando a maior regra do novo disco: não vale instrumento de gente grande. A cena era mesmo uma piada pronta: sete marmanjos na maior seriedade compenetrados em tirar um som profissional de instrumentos feitos com o objetivo contrário. Músicos tão compenetrados que, mesmo após os primeiros acordes anunciarem que eles conseguiriam a proeza de fazer a música de brinquedo soar bem no palco, o show ainda não tinha engrenado. Tanto que a primeira música muito aplaudida foi Eu, também a primeira do repertório antigo do grupo. Enquanto os músicos ainda se atrapalhavam com instrumentos feitos para mãos bem menores do que as deles, foram dois integrantes novos da banda que começaram a esquentar a noite: Ziglo e Gloco. Os monstrinhos, criados pelo grupo Giramundo, que apareceram num balcão no fundo do palco, can-

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tando os trechos que, no disco, ficaram com crianças. Inspirados pelos Muppets, eles são o “pulo do gato” do espetáculo, resolvendo as questões cênica e musical de maneira surpreendente. Enquanto os dois bonecos faziam o público, tanto infantil quanto adulto, dar suas primeiras risadas, a banda começou a se soltar. Depois de interpretações como a de Primavera (Cassiano) e Sonífera ilha (Titãs), que não decepcionaram, mas também não contagiaram, Frevo mulher (Zé Ramalho) iniciou a sequência de diversão. Aumentou também o volume de um instrumento que é novidade em relação ao disco: o som de bebês e crianças gritando e chorando na plateia. Claro que não faltam outros instrumentos usados no disco, como caixinhas de música customizadas, bichinhos apertáveis e uma caneta que emite sons de acordo com o que escreve. Ali, a cumplicidade com o público também foi aumentando à medida que a banda ia apresentando seus novos brinquedinhos, nitidamente empolgada e sem medo de admitir a falta de destreza, como quando Fernanda tentou estourar um foguetinho, em vão, durante a ótima Live and let die (Paul McCartney) Os mineiros alternaram o repertório entre faixas do disco novo, que tocaram inteiro, e algumas canções clássicas dos álbuns anteriores do grupo (Eu, Sobre o tempo, Simplicidade, Made in Japan e Perdendo dentes). Além dessas, um inesperado cover de Bohemian Rhapsody, do Queen, foi comandado pelo mais simpático dos monstrinhos, Gloco. Ska, dos Paralamas, foi o ponto alto da noite. Em um dos intervalos para arrumar o “equipamento”, John contou que começou a virar cliente assíduo de uma loja de brinquedos. Depois de várias visitas, o vendedor perguntou a ele a idade da criança: “Quarenta e quatro”. Na hora, John percebeu que contou uma piada. E ninguém explodiu.


Na Rede Indie de raiz

por Rodrigo Ortega

aparentemente tosca, até na aparência física dos músicos, se unirá ao Pixies no SWU. Bom motivo para rever o sensacional clipe de Sugarcube. veja :: tinyurl.com/indietengo

Pixies A segunda vinda dos ídolos de Kurt Cobain para o Brasil acontecerá no festival SWU. Eles são mais conhecidos por Here comes your man, mas Gouge away satisfaz mais a alma indie. veja :: tinyurl.com/indiepixies

Pavement É o show de rock mais esperado do ano no Brasil, no festival Planeta Terra. O vocalista Stephen Malkmus já veio, mas nunca com sua banda. Vamos chorar quando ouvirmos Here. veja :: tinyurl.com/indiepavement

Yo La Tengo A banda que leva a estética lo-fi,

The Mummies Se você quer ser mais indie do que

por Brenda Linhares

Desde que o rock é rock, ele assume a postura de ser questionador e romper com paradigmas. Há décadas o ritmo se reinventa, e o The Hell´s Kitchen Project está aí para comprovar isso. Com apenas três integrantes, “Jon” (vocal), “Malk” (baixo) e Buddha (bateria), os amigos não inovam só pela ausência de um guitarrista, mas também pela marca e visual particular apresentado pela banda. “As ideias e os conceitos são livres. Misturamos rock, drum’n’bass e eletrônico, com um baixo distorcido e um vocal sem efeitos. É um ‘rock eletrônico orgânico’”, define Jon. Presença já carimbada em diversas casas alternativas e festivais de música independente, o THKP nasceu sob a influência de bandas como Queens of the Stone Age, Garbage e Daft Punk. Com inteligentes composições sobre o ser humano e seu cotidiano, o grupo vem conquistando cada vez mais um número maior de fãs e mantém a promessa de constante renovação, pois experimentar parece ser a palavra de ordem dos caras.

Daniel Pessoa

The Hell´s Kitchen Project

daniel bianchini

PRATA DA CASA

Dinosaur Jr. Antes de confundir o guitarrista J Mascis com o Noodles do Offspring, saiba que os cabelos brancos são de quem batalha na cena independente desde 1985. Vamos juntos sentir a dor de Feel the pain. veja :: tinyurl.com/indienosaurjr

todo mundo, saia espalhando que trocaria essas quatro bandas e outras pela confirmação dos Mummies no festival Goiânia Noise. Até os clipes são “quanto-mais-tosco-melhor”, mas dá para sentir o clima em What a day to die. veja :: tinyurl.com/indiemummies

DIVULGAÇÃO

Eles poderiam ter se encontrado em um teatro decadente de uma capital liberal europeia no início dos anos 1990 ou no mesmo lado (provavelmente B) da mixtape de algum indie brasileiro da mesma época, quando as mixtapes ainda eram realmente tapes ou fitas cassete. #Sóquenão. O que une essas bandas são shows no Brasil, por incrível que pareça, no segundo semestre deste ano. Conheça ou relembre bons momentos dos indies de raiz que devem pintar nos nossos palcos.

Olha isto: myspace.com/thkproject thkproject.com

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.


CULTURA POP INTERATIVA

O significado da palavra independência varia muito, de acordo com a visão de mundo e das fantasias mais loucas de cada cidadão. Garimpamos alguns dos sinônimos encontrados para essa palavra. Qual combina com você?

1º Estabilidade

REPRODUÇÃO DA INTERNET

Top 10 Independência Essa é para quem pensa que importante é trabalhar para comprar sete carros, cinco casas e esperar a velhice chegar para ter algum descanso. Se for o seu caso, boa sorte.

2º Fuga

Há duas gerações, cair na estrada com uma trupe circense era se ver livre do sistema e da rotina. Acredite, ainda há gente da velha guarda que sonha com isso, respeitável público.

3º Renúncia

Ser dominado pelo telefone celular e pelo trânsito não lhe traz felicidade? Então, que tal ser adotado por uma família amish? Grande chance para quem quer experimentar uma vida mais simples, movida à tração animal.

4º Rebelião

Sempre sentiu inveja do personagem do filme Um dia de fúria? Independência pode ser quebrar: as regras do banco, do trânsito e dos fast-food (mas não nos responsabilizamos por isso).

5º Desprendimento

Pela estrada, você vê um homem andando sem mala, sem companhia, sem destino e chega à conclusão: “Quero ser como ele”. É fácil: basta sair do carro e se tornar um andarilho.

6º Liberdade

Se para uns, independência é sair cada dia com um carro diferente, para outros, pode ser, simplesmente, usar o metrô ou andar a pé, sem nunca mais ter que procurar uma vaga na rua. Nada mal.

7º Ousadia

Cabível para aqueles que queimam dinheiro e vão morar no Alasca (a maioria só assiste Na natureza selvagem e se julga capaz disso, porém não é de nada).

8º Coragem

Pensar contra a corrente, fora da caixa, sem medo do patrulhamento. Só sendo independente para dizer que “o rei está nu” e que aquela bandinha indie nem é tão boa assim.

9º Individualismo

Quem gosta desse conceito deve lembrar que “o homem não é uma ilha”, como diria o escritor John Donne. E minha mãe também.

10°Insuficiência

Para esses, mais do que a independência, o importante é a interdependência. Afinal, todos somos interligados uns aos outros. E também à mãe natureza.

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último ranking TIPOS DE PAI Na edição anterior, revelamos que todos os pais têm parentesco com espécies da natureza e perguntamos: em qual categoria seu velho está representado?

Pai leão < 27.08% >

Confirmando o provérbio que diz “os últimos serão os primeiros”, o Leão, último listado no Top 10 de agosto, foi o preferido da audiência. Alcançou o lugar mais alto do pódio, mesmo precisando fazer uso da força para afastar a concorrência.

Pai coruja < 16.25% >

Esse não poderia faltar. Ficou em segundo lugar, mas continuou sorrindo, defendendo que seu filho é, sim, o melhor do mundo (o mais educado e limpinho, também).

Pai dinossauro < 13.75% >

O progenitor jurássico chegou atrasado, porque não conseguiu acertar o despertador do celular e, menos ainda, programar o GPS. Mas deu tempo de assegurar o bronze. Ele ficou de mandar um telegrama de agradecimento pela honrosa colocação.


Bichinho - Mariângela Chiari

Boa Esperança - Sanderson Pereira

para revista

para jornal

para revista

para revista

para revista

para jornal

F I L A D É L F I A

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Coronel Xavier Chaves - Fábio Bassi

SEIS PAISAGENS DESLUMBRANTES. INFELIZMENTE VOCÊ SÓ PODE ESCOLHER UMA VENCEDORA. Estas são as seis fotos escolhidas por você para participar da grande final do Paisagens Mineiras. Agora é a hora de escolher a grande vencedora. O autor da foto mais votada leva uma câmera profissional, tem sua foto divulgada no Estado de Minas, no Jornal da Alterosa, no Portal Uai e na Revista Paisagens Mineiras. Acesse paisagensmineiras.com.br e vote na sua preferida.

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PASSANDO A BOLA

Legado do mestre

ARQUIVO PESSOAL

por Lucas Oliveira

Filho de Hélio Gracie, que popularizou o JiuJitsu no Brasil, Rickson Gracie realiza seminário dia 16 de outubro em BH, de 9h às 13h, no colégio Arnaldo Anchieta (antigo Arnaldinum). A ideia é ensinar técnicas de defesa, conexão, posicionamento e alavancas resgatando os ensinamentos sobre invencibilidade deixados pelo grande mestre patriarca da família. Ao final, todos os atletas receberão certificado de participação.

Inscrições: chokenews.com (31) 9296 8537

por Lucas Oliveira

Cinco riders brasileiros mandaram bem na 17ª edição do Mundial de Wakeboard WWA em Orlando entre 19 e 22 de agosto. Dois brazucas ocuparam o lugar mais alto do pódio: Mário Manzoli, o “Marito”, e Mariana Martins foram os campeões nas categorias Máster masculino e feminino, respectivamente. Luciano Rondi Neto ficou em segundo na Mens I, enquanto Eduardo Martins, o “Jovem”, foi vice na Mens II. Ronaldo Mascarenhas ainda completou o pódio brasileiro com a terceira posição na categoria Wakeskate Amador. Quem ficou com o título geral do Mundial de Wake foi o australiano Dean Smith.

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Marito recebeu título inédito no Mundial de Wake

CARLOS HAUCK

Pódio verde e amarelo



PERFIL

Ao vivo, sem

CORTES por Sabrina Abreu fotos Rogério Fernandes

VELHA CONHECIDA DE QUEM FOI ADOLESCENTE NOS ANOS 1990, ASTRID FONTENELLE CONTINUA COM MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR


Ao conhecê-la, a impressão não é de um primeiro encontro, mas de rever alguém com quem já se conviveu antes. Muito. Astrid Fontenelle, aos 49 anos, tem rosto, voz e trejeitos bem familiares para o grande público, graças ao seu trabalho na TV, que inclui passagem por canais abertos — como a Band, com as coberturas dos Carnavais de Salvador e apresentação de programas de variedades — e a cabo — como o GNT, no qual atualmente comanda o programa Happy Hour, diariamente e sempre ao vivo, às 19h. Mas, foi na MTV dos áureos tempos que Astrid se firmou como ícone de informação e debates de ideias para uma geração inteira. Entre 1990 e 1999, ela foi um dos nomes mais fortes da emissora, à frente de atrações que iam desde o clássico Disk, até programas de entrevista, na medida para a personalidade — superfalante — dela, como o Pé na Cozinha e o Barraco. De lá para cá, a cena musical mudou muito, mas a apresentadora não se interessa em lamentar — embora alfinete, de leve — o surgimento de coloridos, emos e afins. Para ela, todas as questões que um dia foram importantes estão relativizadas e minimizadas diante da maternidade, vivida plenamente desde a adoção de Gabriel [2 anos]. Ser mãe foi um sonho adiado, por causa da vida profissional. Quando decidiu dar um tempo e engravidar, aos 46 anos, não conseguiu. A razão dela ser meio workaholic é a paixão pelo jornalismo, mas também tem a ver com os conselhos e o exemplo da mãe, que a criou sozinha, incentivado-a a ser “independente de qualquer homem”. Hoje, curtindo Gabriel e recém-casada, Astrid abre um pouco mão desses ensinamentos, quebra o que chama de “couraça da autosuficiência” e brinca: “A gente pode depender de homem, sim, nem que seja para trocar uma lâmpada”. COMO FOI TER SIDO CRIADA SÓ PELA SUA MÃE? QUANDO MEUS PAIS SE SEPARARAM eu tinha seis meses. Então, morei com minha avó materna e minha mãe. Com 2 anos, fui morar com uma bisavó e uns tios, mas minha mãe sempre foi presente. Aos 12, fomos morar juntas de novo. Tive que ser independente, trabalhar aquela distância da minha mãe — tinha uma admiração profunda por ela, eu a achava linda, elegante. Com essa idade, ela começou a fazer minha cabeça para estudar bastante, ser muito correta nas minhas ações. Uma das poucas lições marcantes dela, nessa época, era para eu ficar bem esperta, porque tudo o que acontece num conjunto de apartamentos é culpa da bicha do segundo andar, do preto do terceiro ou da desquitada do quarto. “Você é a filha da desquitada do quarto, com muito orgulho, eu que pago minhas contas, ninguém faz nada por mim. Mas, fica esperta”, dizia. Esse “ninguém paga minhas contas” ficou sendo até uma coisa meio agressiva minha. Mais tarde, tive que trabalhar isso para ter uma convivência sem ser de disputa com nenhum homem. COMO FOI SE DESVINCILHANDO DA IDEIA DA AUTOSUFICIÊNCIA? FOI COM TERAPIA. Falo que deveria estar na cesta básica do governo. E QUAL ERA SUA LINHA? REICHIANA, bem longe de Freud. Jamais sentaria em um sofá, falando e falando por horas sem ninguém interagir comigo. A Reichiana é tipo: chegava no consultório do cara, ele: “Tudo

bem?”. E eu respondia: “Hoje foi foda”. Ai, ele dizia: “Tchau”. Você fica pensando que foi foda o dia, lembra que tinha brigado com seu namorado, porque não transam há tempos. Enfim, sozinha vai construindo aquilo. QUANDO SENTIU QUE JÁ ERA INDEPENDENTE, COMO SUA MÃE ENSINOU? MEU PRIMEIRO EMPREGO foi minha mãe quem arrumou para mim, quando eu já estudava jornalismo. Ela era executiva da Sulamérica Seguros. Lá, eles patrocinavam muito esporte e ela arrumou para mim uma assessoria de imprensa de marketing esportivo. Depois, trabalhei numa produtora independente. Mas, quando fui trabalhar na TV Gazeta como repórter, aí foi que me senti independente. Nesse mesmo período, minha mãe foi embora para o Rio de Janeiro — até então morava com ela aqui, porque ela veio a São Paulo transferida. Vim para cá com 15 anos, revoltada, não queria morar aqui de jeito nenhum. Mas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida: eu era muito garota de praia carioca. Não sei o que teria acontecido comigo. VOCÊ FOI AFETADA PELO TRABALHO PESADO PAULISTANO. POR TUDO: a responsabilidade, o trabalho. Não estava formada ainda e já estava trabalhando no que eu queria. Um professor da faculdade foi superimportante para mim, o Gabriel Prioli. Ele foi chamado para trabalhar na assessoria de imprensa de um festival de música da Rede Globo e, como eu tinha tido essa experiência na assessoria do evento esportivo, me chamou para ajudá-lo, porque nunca tinha trabalhado com isso. Porra, muita responsa para uma garota que ainda estava na faculdade. Eram muitas coisas legais. O festival era na Globo, então, tive contato com o Roberto Talma, Daniel Filho, conheci esses caras, mas não me tornei uma pessoa arrogante, apesar de ser muito segura de que era aquilo que eu queria fazer. O QUE QUERIA FAZER? NÃO É SACANAGEM quando falo que queria ser a Glória Maria quando crescesse: a via na televisão e tinha certeza. PULANDO DE PARA-QUEDAS? NÃO, antes, ainda no RJTV, quando ela cobria buraco de rua mesmo. Bem no comecinho da carreira dela: era aquilo que eu queria fazer. Sempre gostei de falar. NO GERAL, QUANDO ENTREVISTO JORNALISTAS, ELES FALAM QUE SE DECIDIRAM PELA PROFISSÃO POR CAUSA DA ESCRITA. COMIGO, a televisão. Eu era e sou fascinada pela televisão. Só comecei com o negócio de escrever, quando esse mesmo professor me chamou para ser repórter na TV Gazeta, quando tinha uns 28 anos, já formada. Fiquei um ano e fui mandada embora por uma questão política: estava fazendo hora extra e os caras não queriam pagar. Aí eu disse: “Simples, cara pálida.Você não paga, eu não trabalho”. E tinha uma colega minha que faltava para caralho, eu vivia cobrindo faltas dela, aí um dia disseram: “A Cláudia não veio hoje. Você vai dobrar, mas sabe que não podemos pagar hora extra”. Não aceitei. Tinha menos de 28 anos, já estava formada. O chefe era o Ferreira Neto, que Deus o tenha. E quem veio falar comigo foi o Randal Juliano — figura

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polêmica do rádio que teria sido “o dedo-duro do Caetano Veloso”. Ele disse: “Você é uma petistazinha, mesmo.” Qual é? Uma pessoa te chama de “petistazinha”? Fui embora. Mas sempre digo que minha pós-graduação foi ali na TV Gazeta. Fui setorista da Bolsa e entrevistava o Jânio Quadros, toda sexta-feira de manhã para um programa chamado O prefeito justifica. Tenho a história do Brasil contada por ele. Fiquei íntima dele. JÁ PENSOU EM ESCREVER UM LIVRO? NÃO. Tenho um problema com a escrita. Falo melhor do que escrevo, e tenho muito respeito pela língua portuguesa. UMA PARTE INTERESSANTE DA SUA HISTÓRIA É QUE VOCÊ FOI CRIA DA MTV. NÃO me considero cria da MTV, ajudei a criar a MTV. Já cheguei lá com experiência, ajudei a dar uma cara brasileira para a emissora. É uma fórmula, que tem no mundo inteiro sempre pegando pessoas inexperientes. Participei ativamente da escolha do Zeca Camargo para ser a cara do jornalismo. Eu estava bombando, de volta à TV Gazeta num projeto que se chamava TV Mix, do Fernando Meirelles. Ele criou um programa que tinha um âncora, colaboradores de beleza, teatro, cinema, política e, também, exibia videoclipes. O cenário era a Avenida Paulista. De manhã, eu apresentava, depois, uma japonesa e, à noite, o Serginho Groisman, sempre ao vivo. Recebi ali do Fernando Collor de Melo ao Cazuza, isso em 1988. Ganhei o prêmio de apresentadora revelação pela APCA [Associação Paulista de Críticos de Arte]. Depois, fui para a TV Manchete, a

Astrid pósmaternidade: “Um tipo de amor que muda tudo”

NÃO ME CONSIDERO CRIA DA MTV, AJUDEI A CRIAR A MTV


convite do Nilton Travesso, fazer o programa Mulher 90. Também trabalhei no Hollywood Rock com o Pedro Bial, na Globo, porque o Roberto Talma me chamou. Só depois fui para a MTV — com a qual estava pré-comprometida há dois anos. Sabia que iria para lá, assim que [a emissora] entrasse no ar. NÃO SEI SE É NOSTALGIA MINHA, PORQUE EU ASSISTIA MUITO A MTV, NA MINHA ADOLESCÊNCIA, MAS ACHO QUE ANTIGAMENTE ERA MUITO MELHOR. E VOCÊ? NÃO SEI AVALIAR. Penso igual a você, então não assisto. A MTV não é feita mais para mim. Mas é a questão de toda e qualquer televisão: seu público vai envelhecendo, você tem que renovar para não morrer. No quesito independência, a televisão talvez seja um veículo muito pouco independente. Tem que ir rejuvenescendo. E o rejuvenescimento da MTV é isso que a gente vê hoje no ar. GOSTA DE ALGUMA COISA DO FORMATO ATUAL? NÃO ASSISTO, não me interessa. Há três ou quatro coisas que acho legais, que são o jornalismo com a Dani Calabresa e o Bento Ribeiro [Furo MTV] e o Marcelo Adnet [15 minutos], às vezes. NA VERDADE, ENTÃO, NÃO SÃO 3 OU 4 COISAS. SÃO DUAS. UMA E MEIA. O que gosto é o Furo MTV, mesmo. Mas vejo pouco. O QUE ACHOU DOS RESULTADOS DO ÚLTIMO PRÊMIO MULTISHOW DE MÚSICA BRASILEIRA [EM 24 DE AGOSTO], QUE TEVE COMO VENCEDORES RESTART, LUAN SANTANA E O CINE COMO MELHOR BANDA? SÓ TENHO uma frase para falar: Ai, meu Deus! O que foi que aconteceu com a música popular brasileira? Mas o cenário era lindo [gargalhadas], um palco gigante, incrível. VOCÊ É AMIGA DOS VJS DA SUA ÉPOCA. DO THUNDER BIRD, POR EXEMPLO? DO THUNDER me afastei muito, porque ele realmente se afundou na loucura da droga. Outro dia reencontrei com ele, o levei ao Happy Hour. Agora, ele está ótimo, mas não sou próxima dele. Da turma

AI, MEU DEUS! O QUE FOI QUE ACONTECEU COM A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA? — sobre a banda Cine ser escolhida a melhor do país toda, só sou próxima do Zeca. COMO FOI SUA EXPERIÊNCIA COM AS DROGAS? NADA FORTE. Sempre fui uma menina muito medrosa. Experimentei, mas não ia gostando. Nunca gostei de beber. Agora, meu marido bebe vinho, então bebo uma taça, com duas já fico linda [risos], mas me dá sono. E não gosto de nada que me deixa com sono, não combina comigo, me dá uma moleza. Mas essa coisa do medo sempre foi minha salvaguarda. COMO SURGIU SUA RELAÇÃO COM A BAHIA? SEMPRE TIVE uma simpatia, mas nunca ia. Quando fiz 15, minha mãe quis me mandar para a Europa. Mas eu disse: “Não posso conhecer o mundo sem conhecer o Brasil primeiro”. Ela impôs a condição de eu ir de excursão e fui para o Nordeste conhecer a Bahia com um monte de velhos. Minha mãe ia direto e era apaixonada. Um dia, a Band me mandou cobrir o Carnaval. Pensei: “É muito castigo!”. Não gostava de Carnaval. Pela MTV, tinha ido duas vezes: uma para fazer uma matéria com o Carlinhos Brown e outra com o Moraes Moreira — essa era muito rápida e aproveitei para cobrir um festival de rock, dentro do circuito do Carnaval. Pensava: “Não sei se é pior ficar no Carnaval ou no festival de rock, com esse monte de idiota, numa praia sem luz, uma pobreza”. Um horror, uma roubada. Mas preferi ficar no festival o tempo máximo que consegui. Quando fui realmente obrigada a cobrir o Carnaval inteiro, pensei: “Fodeu! Vou morrer, não gosto de axé, não, não, não”. Mas acabei achando meio rock’n’roll o negócio, tive essa leitura. Aquela gente ali e tudo dá certo. Isso foi no Carnaval do ano 2000. Me apaixonei, de verdade. Tanto que, quando parei de trabalhar, continuei indo para Salvador no Carnaval e saio sozinha no chão em bloco.

te do Candomblé, que acho muito complexo ainda para entender. Não está na hora ainda de Machado de Assis e Proust, daqui a pouco leio os dois de novo e o Candomblé, ponho nessa mesma prateleira. Além do Catolicismo e do Candomblé, tenho uma paixão pela Índia. JÁ FOI UMA VEZ OU VÁRIAS? SIM, não dá para ir várias. Fui há pouco tempo, em 2008. Gosto da estética: paredes rosa e laranja, e muitos destes adereços foram trazidos de lá. AO LONGO DA SUA VIDA, VOCÊ TEVE ALGUM CONTATO COM SEU PAI? PARA IR À DISNEY, aos 12 anos, precisei da autorização dele. Minha mãe foi pedir e ouviu: “Não quero que filha minha vá para a Disney”. Isso porque ele era muito comunista. Ela falou: “Ou você assina essa merda ou vou lhe botar na cadeia, porque você nunca deu um puto para esta menina e vem agora falar do mundo capitalista?”. Ele assinou, eu fui. Aos 15 anos, quis falar com ele e minha mãe me deu o telefone. Foi engraçado. Ele atendeu e eu disse: “Quem está falando é Astrid, sou sua filha”. Ele respondeu: “Não gosto de brincadeira desse tipo” e bateu o telefone na minha cara. Liguei de novo: “Meu nome é Astrid Coutinho Fontenelle de Brito, meu RG é tal, na minha carteira de identidade está escrito que o nome do meu pai é José Fontenelle de Brito e o da São 12. O coração é um símbolo entre ela e a mãe, que fez uma igualzinha, só que menor

NO SEU BLOG, HÁ MENÇÕES A DIFERENTES SANTOS DA IGREJA CATÓLICA E DO CANDOMBLÉ. QUAL É SUA FÉ? OFICIALMENTE sou católica, simpatizan-

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2.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

1.

3.

4.

5. 6.

1. Sempre citada Maria Luiza, a mãe, morreu em 1999, “generosa até o fim, ela não quis dar trabalho, quando ficou doente” 2. Em cima de um Fusca, aos 5 anos, ela nem imaginaria que 35 anos depois ela estaria trabalhando e curtindo um Carnaval da Bahia 3. A amiga Hebe, que ofereceu trabalho a Astrid, quando a vida sentimental não ia bem 4. Jorge Espírito Santo, melhor amigo, idealizador do Happy Hour e padrinho do Gabriel 5. Homenagem: Jorge Ben Jor, o artista favorito, compôs o Funk da Astrid 6. Gabriel em dois tempos: com Fausto, em Salvador e, no detalhe, no apartamento de São Paulo

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minha mãe é Maria Luiza Coutinho Fontenelle de Brito. Você pode me ouvir?”. O cara ficou mudo. Marquei um encontro num lugar onde minha mãe poderia ficar vendo, numa lanchonete na esquina da casa em que eu morava, no Largo da Segunda-Feira. Fui lá, mas não senti nada por ele. Com 18 anos, fui à casa dele me mostrar, porque eu já tinha um carro. Depois, nunca mais. Me desinteressei total. Bem mais tarde, a mulher dele me ligou e disse: “Ele está muito doente e você tem tanto dinheiro”. Achei aquilo uma agressividade enorme. Perguntei se ele conseguia me ouvir, pedi que colocassem o telefone na orelha dele e falei: “Não ouça o que essa gente está falando, nossa vida está zerada, você não me deve nada, também não lhe devo nada. Descanse em paz”. Não sei qual foi a reação. Soube que ele morreu, porque uma amiga minha leu no jornal e me avisou, na missa de um mês. VOCÊ SE DESPEDIU DO GNT, EM 2007, DIZENDO QUE IA CUIDAR DA SUA FAMÍLIA. TRÊS MESES DEPOIS, O CASAMENTO ACABOU, NA FRENTE DE TODO MUNDO. COMO FOI ISSO? ANTES, tinha tentado engravidar. Fiz tratamento, tomei injeção na barriga — só consegui celulite com isso. Então, decidi que carregar uma gravidez não era mais para mim, tinha passado da idade. Pensei: “Mesmo que pegue, na hora que vingar, vai ser um transtorno”. Eu e meu ex-marido [Marcelo Checon, empresário] demos entrada nos papéis de adoção, em dezembro de 2007. Viajamos para Índia, puta viagem incrível, já com a adoção na cabeça. Voltamos para o Carnaval, em fevereiro, e ninguém do juizado me ligava. Aí, em março, a gente se separou. Olhei para a cara dele um dia e falei: “Seu olho não brilha, você não é entusiasmado com a história [de adotar um filho]”. Dois dias depois. ele foi embora. Não teve briga, não teve traição. Somos amigos. Fiquei quatro noites sem dormir, me recuperei rapidamente, o juizado me ligou marcando a entrevista para junho. A Hebe soube da separação pela imprensa, e falou: “Aquele filho da puta não podia fazer isso com você”, e me ofereceu uns trabalhos: fiz matérias para o programa dela em Londres e em Paris.


QUANDO ME DERAM A GUARDA DO GABRIEL, CORRI PARA REGISTRÁ-LO NO CARTÓRIO. NUNCA FUI TÃO FELIZ NA VIDA

E, MESMO SEM MARIDO, VOCÊ CONTINUOU COM O PROJETO DA ADOÇÃO. TRÊS MESES depois da separação, alguém me chamou no rádio e era o Fausto [Franco, produtor do grupo Chiclete com Banana], uma pessoa que desde o primeiro Carnaval eu conhecia e só encontrava uma vez por ano. Ele disse: “Li que você se separou, se você quiser conversar com alguém, pode conversar comigo”. Ele me convidou para ir a um show do Chiclete. Não queria, mas fui. No dia seguinte, me chamou para almoçar, um almoço daqueles que não terminam nunca, todo mundo ao redor vai embora e você continua no restaurante. Nas semanas seguintes, continuou insistindo: “Você é uma pessoa muito interessante, não ficará sozinha. Se não for eu, será outra pessoa. Então, será eu”. Expliquei que meu projeto de vida era outro, um filho, e não incluía homem. Ele começou a me ligar demais, foi me seduzindo, torcendo por mim. Perguntou: “Posso ficar perto de você, como seus amigos estão?”. Foi a primeira pessoa que encontrei depois da entrevista no Juizado. Quando já estávamos namorando, um dia, ele propôs de assistirmos ao show do João Gilberto em Salvador, ao invés vez de assistirmos em São Paulo. “Você aproveita e conhece o juiz daqui, doutor Salomão,

ele é tão gente boa.” Enviei parte dos papéis para a Bahia, mas fiquei de entregar um documento pessoalmente. Nesse dia, conheci o juiz. Era uma sexta-feira. Fui para uma sala, vim para outra, preenchi mais papéis. Uma hora e meia depois, o juiz falou para mim: “Deixei você esperando, porque artista não gosta de esperar”. Eu corrigi: “Não sou artista, sou jornalista. Tem gente que espera nove meses, acho normal eu esperar”. Depois disso, ele me apresentou a promotoria, que veio com um calhamaço enorme na mão e perguntou: “O que você acha dessa criança?”. ERA O GABRIEL? NEM SEI o que eu vi, sinceramente não lembro. Só disse: “Meu filho!”. Ele disse para eu voltar às 16h daquele dia. Voltei e ele já estava numa sala [fica emocionada], tipo um berçário muito simples. Quando entrei, tinha uma moça segurando um bebê. Já fui em cima dela, numa velocidade, e o arranquei. Ficamos 40 dias no estágio de adaptação. Depois disso, me deram a guarda definitiva, saí correndo do lugar e registrei no cartório. Nunca fui tão feliz na minha vida. REGISTROU SEM O NOME DO PAI. SIM. Só em meu nome. DEU UMA DÚVIDA NA HORA DE TAMBÉM REGISTRÁ-LO ASSIM? DEU, mas passou logo. Nossa sintonia é perfeita. Sou uma prova de que é possível viver feliz tendo só a mãe. O Fausto é “o marido da mamãe”. E, agora, o que quero da minha vida é tempo para ficar com meu filho.


SCRAP

SA

por Alex Capella

fale com ele: alexcapella.mg@diariosassociados.com.br A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de agosto. Sugestões e informações para a edição de outubro, entre em contato pelo e-mail acima.

/ Educação financeira /

/ 30 mil na folia /

IMAGENS/FOTOS: DIVULGAÇÃO

O novo afiliado XP Investimentos, instalado no Bairro Belvedere, acaba de abrir suas portas, tendo como principal proposta oferecer cursos e palestras sobre bolsa de valores, além de fundos de investimento, seguros, compra e venda de ações para o público jovem. A educação financeira é o principal foco da empresa, uma vez que os sócios acreditam no potencial dos jovens em se tornarem investidores de sucesso. O desafio é fazer com que o investidor se aventure em novas opções de mercado com informação para reduzir a larga vantagem da tradicional caderneta de poupança.

/ Refri ecológico /

A estimativa da DM Promoções é de que a sétima edição do Uai Folia reúna um público de mais de 30 mil foliões na arena montada no Mega Space. Para isso, a empresa investiu pesado no relacionamento com os amantes da música baiana por meio das redes sociais. O evento homenageará os 60 anos do Trio Elétrico com a participação de bandas consagradas como Chiclete com Banana, Claudia Leitte, Asa de Águia e Eva.

A Coca-Cola FEMSA iniciou a comercialização e a distribuição de refrigerante em embalagem PET feita parcialmente de material de origem vegetal. Denominada PlantBottle, a nova garrafa, pioneira na América Latina, é feita de PET no qual o etanol da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo. Por ter 30% de sua origem à base da planta, a nova embalagem reduzirá a dependência da empresa em relação aos recursos não-renováveis, além de diminuir em até 25% as emissões de CO2.

/ Arte múltipla / A Soller Centro de Artes, localizada na Alameda da Serra, na região dos Seis Pistas, comemora um ano de atividades com um curso intensivo de clown. A oficina tem por objetivo introduzir os alunos na linguagem clownesca e no desenvolvimento do próprio clown. É dirigida a atores, bailarinos e estudantes de teatro. A escola oferece cursos livres em diversas áreas artísticas com aulas de teatro, canto, instrumentos musicais, ballet adulto e infantil, dança de salão e ashtanga yoga, além de aulas de espanhol.

/ Chapa quente / A cidade de Belo Horizonte acaba de ganhar mais uma opção no seu roteiro gastronômico. O Boi Gutz Petisqueira abriu suas portas na Avenida André Cavalcanti, no coração do Bairro Gutierrez. Como o próprio nome diz, a casa é especializada em carnes nobres, pedidas por peso, e grelhadas na hora no sistema de chapa.

/ NA WEB / O Estado de Minas, um dos mais importantes jornais do país, lançou, no dia 13 deste mês, o portal em.com.br, com layout totalmente reformulado. Internautas de qualquer parte do mundo terão acesso gratuito à versão online do Estado de Minas e poderão acompanhar o desenrolar das notícias do impresso, com inclusão de áudio, vídeo, galerias de fotos e comentários do leitor. “Com isso, esperamos o fortalecimento completo do Estado de Minas, que agora passa a estar presente em todos os tablets disponíveis”, afirma Josemar Gimenez, diretor de Redação do Estado de Minas.

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/ Uva australiana / O Outback Steakhouse, casa de carnes ao estilo australiano, instalada no Pátio Savassi, vem ampliando a média de consumo de vinhos no restaurante. Nos últimos meses, por causa do inverno, a procura teve aumento de 25% com relação ao mesmo período do ano passado. Agora, não se trata de vinhos dos tradicionais produtores como Itália, França, Espanha, Portugal e o nosso vizinho Chile. A procura foi pelos vinhos dos novos fabricantes, como o australiano.



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WILKO & STUEY


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