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Interact

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Bruno Silveira

Renata Coré

Grace Jenske conheceu o Rotary em 2008, quando participou de um Ryla (Prêmio Rotário de Liderança Juvenil) organizado pelo Rotary Club de Timbó, SC (distrito 4652). Ela ficou admirada com o trabalho dos rotarianos, e estava na faixa etária para ingressar no Interact, entretanto, o horário das reuniões coincidia com o de suas aulas. “Mas, desde aquele momento, decidi que um dia seria uma daquelas pessoas e proporcionaria aquela experiência para outros jovens”, recorda.

Alguns anos mais tarde, Grace reencontrou uma participante com quem havia dividido o dormitório durante o Ryla, e a moça a convidou para conhecer o Rotaract. “Lembrei como aquele momento havia sido importante para mim e comecei a frequentar ativamente as reuniões.” Coincidentemente, ela se tornou rotaractiana no momento em que mais um Ryla estava sendo organizado. “Tive a certeza de que o Rotaract era o meu lugar.”

Aos 28 anos, Grace, que é engenheira química, especialista em gestão empresarial e mestranda em engenharia ambiental, é associada ao Rotaract Club de Timbó há quatro anos. Ela chegou à Família do Rotary a tempo de contribuir com duas marcas históricas: é representante distrital de Rotaract em 2020-21, ano no qual pela primeira vez no país o número de mulheres nesse cargo – que corresponde ao de governador de distrito – é maior do que o de homens, e será a primeira mulher em dez anos a completar a gestão nesse cargo no distrito 4652.

ROTARY BRASIL: O que o cargo de representante distrital de Rotaract representa para você e o que a guia na condução do seu trabalho?

n GRACE JENSKE: A representação distrital para mim é sobre as oportunidades que posso abrir para que outras pessoas se desenvolvam. Quando entrei no Rotaract, comecei a me questionar

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“nos próximos anos precisamos normalizar a presença de mulheres em posições de liderança”

— Grace Jenske

por que, apesar de a maioria dos presidentes serem mulheres, não havia candidatas à representação há tanto tempo em meu distrito. Conheci mulheres incríveis que me inspiravam e eram excelentes líderes, tanto quanto os homens. Foi então que recebi uma pesquisa de um trabalho de conclusão de curso, feita com lideranças femininas do Rotaract no distrito, apontando como um dos motivos falas masculinas que desencorajavam as mulheres a se disponibilizarem ao cargo.

Meu propósito como liderança sempre foi dar voz a quem nunca foi realmente ouvido. Sei que precisamos evoluir e quebrar diversas barreiras para que todas e todos se sintam em um ambiente seguro para desenvolverem suas habilidades de liderança, independentemente de identidade de gênero, sexo, orientação sexual, etnia, raça, cor e cultura, mas vejo que a mudança já começou.

Em 2019, o Conselho Diretor do Rotary International (RI) divulgou uma declaração de diversidade, equidade e inclusão, e o RI tem como meta alcançar o equilíbrio de gênero e liderança feminina. Como o Rotaract pode colaborar?

n O Rotaract no Brasil está cada vez mais organizado estruturalmente, o que se reflete em nosso posicionamento diante de acontecimentos dentro da Família do Rotary como um todo. Realizamos projetos comunitários de impacto, aprendemos a trabalhar em equipe, focamos no desenvolvimento pessoal e profissional, organizamos eventos e treinamentos e debatemos a diversidade, a inclusão e a equidade constantemente. E fazemos tudo isso seguindo os valores e normas do RI. Vejo muitas rotaractianas com grande vontade de fazer a diferença dentro de seus clubes de Rotary padrinhos, mas é necessário abrir espaço para que isso ocorra. Acredito que nossa maior colaboração como Rotaract está em ocupar espaço e oxigenar os clubes de Rotary para serem mais abertos às mudanças que estão ocorrendo em nossa sociedade.

Como você avalia o espaço para a liderança feminina no Rotaract e no Rotary?

n Existe espaço tanto no Rotaract quanto no Rotary, mas é um espaço difícil de ser ocupado. A mulher em posição de liderança enfrenta desafios que não englobam apenas suas competências e habilidades referentes ao cargo, mas também questões de personalidade e credibilidade. A mulher que lidera precisa lidar com expectativas culturais e comportamentais que os outros têm em relação ao comportamento feminino.

Nos próximos anos precisamos normalizar a presença de mulheres em posições de liderança para que outras mulheres entendam que esse também é um espaço a ser ocupado por elas. Vejo que aumentar o quadro associativo de mulheres no Rotary é um dos maiores desafios a serem vencidos, mas também entendo que é necessário criar um ambiente favorável, divulgando a importância das mulheres na liderança, aumentando o espaço de fala de lideranças femininas em seminários e treinamentos e incentivando que mais mulheres estejam nas posições mais altas da instituição.

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