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ANOS 1980
De todas as décadas que traçam a história do Rotary, talvez esta tenha sido a mais impactante. Causas então definidas repercutem até hoje em nossa organização.
Já em 1981, um evento comprovou mais uma vez a relevância do Brasil. De 31 de maio a 3 de junho daquele ano, a cidade de São Paulo abrigou a 72ª Convenção do Rotary. Realizado no Centro de Convenções do Anhambi Parque, o encontro internacional reuniu cerca de 17 mil pessoas de 94 países e teve Madre Teresa de Calcutá, ganhadora do prêmio Nobel da Paz de 1979, como uma das palestrantes. O brasileiro Paulo Viriato Corrêa da Costa, que viria a ser presidente do Rotary, foi o chairman da Convenção.
Também nos anos 1980 a principal bandeira do Rotary foi hasteada: a erradicação mundial da pólio. A partir de uma experiência de imunização bem-sucedida nas Filipinas em 1979, a nossa organização instituiu o programa Polio Plus em 1985. No Brasil, imediatamente foi criada a Comissão Nacional do Polio Plus, presidida pelo médico mineiro Archimedes Theodoro, diretor 1980-82 do Rotary International.
Em maio de 1986, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Ministério da Saúde assinou um termo de parceria com a Fundação Rotária, que se comprometia a doar um subsídio de US$ 6 milhões no período de 1987 a 1991 para a aquisição de vacinas contra a pólio. Enquanto isso, Rotary Clubs e distritos de todo o país, com o apoio de clubes de Rotaract, Interact e Casas da Amizade, se mobilizavam para promover a imunização infantil e a conscientização nacional para a causa.
E não podemos esquecer de 1989. Naquele ano, no município de Souza, na Paraíba, ocorria o último caso de poliomielite em solo brasileiro. Também em 1989, por resolução do Conselho de Legislação, finalmente caía a barreira de gênero e as mulheres passavam a ser admitidas nos Rotary Clubs. Com isso, Emma Hildinger (1923-2021), que desde 1987 participava das atividades do Rotary Club de Caçapava, em São Paulo, tornava-se a primeira rotariana do Brasil e da América Latina.
O Rei Pelé, aqui com interactianos, também prestigiou o encontro mundial
Fruto de parceria entre o Ministério da Saúde e o Polio Plus, campanhas foram essenciais para a erradicação da pólio no Brasil
Paulo Viriato Corrêa da Costa, na foto com a esposa, Rita, foi o terceiro brasileiro a se tornar presidente do Rotary International. O papa João Paulo
Anos 1990
O meio ambiente no centro do debate
Associado ao Rotary Club de Santos, o saudoso Paulo Viriato Corrêa da Costa chegou à presidência do Rotary International em 1990-91 com o lema Valorize Rotary com Fé e Entusiasmo e o programa Preserve o Planeta Terra, que elevou a questão ambiental a primeiro plano na pauta da organização. A proposta abrangia o plantio de árvores e ações para diminuir a poluição atmosférica e limpar os recursos hídricos.
Iniciativas na área da saúde também mobilizavam Paulo Viriato, que ganhou o apelido de Paulo Plus pela dedicação à campanha Polio Plus. Por parte do governo, recebeu a Medalha de Ouro Oswaldo Cruz, a maior condecoração outorgada pelo país no campo da saúde.
Por meio de 35 palestras e atividades culturais organizadas pelo Rotary Club do Rio de JaneiroFlamengo, o Rotary levou seu debate ambiental à Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em junho de 1992. Paulo Viriato esteve presente.
Ação de plantio no Dia da Árvore, em 1990, organizada pelo Rotary Club de Balsas, do Maranhão, para inspirar nas crianças a preservação ambiental. Desde as Árvores da Amizade, iniciativas de plantio fazem parte da história do Rotary, mas se tornaram maiores e mais frequentes após o programa Preserve o Planeta Terra. Na foto em cores, Mário de Oliveira Antonino, hoje decano do Colégio de Diretores do Rotary International do Brasil, participa de plenária na Rio-92
Em 1994, ano em que o Brasil teve de dizer adeus a Ayrton Senna, a revista homenageou o piloto na edição de agosto com a publicação de uma foto dele como aluno do Colégio Rio Branco, onde estudou dos 11 aos 17 anos. Senna é o que está de suéter de losangos
Foco na comunidade: um convênio entre a prefeitura, a Companhia Energética de Minas Gerais e o Rotary Club de Nova Ponte construiu 15 casas para famílias de baixa renda em 1994. Na foto aqui ao lado, o Núcleo Rotary de Desenvolvimento Comunitário do Rotary Club de Cassilândia, no Mato Grosso do Sul, pioneiro no distrito 4470
Novo impulso: construção de uma cisterna para melhorar o abastecimento de água numa comunidade da cidade de Itapiúna, no Ceará, e o Mamamóvel, projeto capitaneado pelo Rotary Club de Porto Alegre-Bom Fim, no Rio Grande do Sul, para prevenir o câncer de mama. As duas iniciativas foram desenvolvidas com subsídios da Fundação Rotária e o apoio de parceiros internacionais
Anos 2000
Aprimeira década do século 21 trouxe grandes mudanças. Com a revolução digital, o conhecimento e a educação adquiriram uma importância crescente, fazendo com que oficinas de capacitação em informática e outras tecnologias entrassem no menu de serviços comunitários dos clubes.
Essa época também é marcada pelos cursos de alfabetização baseados no método Lighthouse, uma ideia abraçada pelo Rotary em todo o mundo e que teve grande adesão no Brasil. A educação também foi colocada a serviço de um mundo mais pacífico com a criação dos Centros Rotary pela Paz, que já formaram mais de 1.600 bolsistas, muitos deles brasileiros, para atuar em atividades voltadas à promoção da paz. Outro divisor de águas foi a criação da Associação Brasileira da The Rotary Foundation. Uma ideia que dinamizou a captação de recursos para a Fundação Rotária junto às empresas e estabeleceu parcerias e programas que ampliaram a arrecadação para projetos desenvolvidos em nosso país. Esse fôlego financeiro foi fundamental para que os clubes e distritos brasileiros dessem início a um novo tempo na realização de projetos, que foram se tornando maiores e mais impactantes.
Alunos de um curso de informática e de uma turma de alfabetização de adultos
O médico David Oliveira de Souza (no centro da foto), que nos deixou precocemente em 2021, num registro feito durante missão voluntária em Moçambique. Ele foi o primeiro bolsista brasileiro dos Centros Rotary pela Paz
Anos 2010
Convenção no Brasil, eventos contra a pólio e projetos de Subsídios Globais deram o tom
Em 2016, pela primeira vez, o número de pessoas que usavam dispositivos móveis para acessar a internet ultrapassou, no mundo todo, o de usuários de computadores de mesa. Entrávamos em uma era na qual a informação passava a ser compartilhada de forma ainda mais rápida e amplificada. E, nesse novo contexto, o Rotary iria atingir um novo patamar de mobilização.
Campanha End Polio Now: divulgação nos céus de Manaus na semana de aniversário do Rotary, em fevereiro de 2010
A Convenção do Rotary de 2015, a terceira em nosso país, foi um dos pontos altos da década
Representantes distritais eleitos de Rotaract durante o Instituto Rotary do Brasil de 2017, em Atibaia
Unidade móvel para detecção de tuberculose: entregue em 2018, foi um dos vários projetos de Subsídio Global do Rotary Club da Bahia
Em março de 2011, uma missão humanitária reuniu rotarianos e voluntários dos Estados Unidos, Dinamarca e Japão e integrantes da Família do Rotary dos distritos 4310, 4510, 4520 e 4580 e levou saúde e cidadania para comunidades do Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.
Essa nossa capacidade de fazer o bem seria reconhecida pelo poder público. Em 27 de fevereiro de 2012, pela primeira vez na história, o Senado homenageou o Rotary em uma sessão solene. Nessa década, aliás, a imagem pública do Rotary seria incrementada, sempre com foco na erradicação global da pólio. A partir de 2010, ruas, praças, monumentos e até os céus do país foram ocupados com a campanha End Polio Now. Em 2014, em outro esforço contra a poliomielite, o Brasil conquistaria o primeiro lugar em participações no Maior Comercial do Mundo – iniciativa que teve a adesão de artistas e celebridades como Renato Aragão, Michel Teló e Isabeli Fontana. Em 2018, surgiria a campanha Pessoas em Ação.
Falar dos anos 2010 é falar da 106ª Convenção Internacional do Rotary, a terceira no Brasil, realizada de 6 a 9 de junho de 2015, na cidade de São Paulo, e que teve como chairman o diretor 1995-97 do Rotary José Alfredo Pretoni.
Também foram tempos inspirados nos novos Subsídios Globais da Fundação Rotária, que se consolidaram na viabilização de projetos de alto impacto social. O período ainda testemunhou a implantação de clubes flexíveis e um novo patamar de interação entre os clubes de Rotary e Rotaract.
Anos 2020
End Polio Now: para divulgar a campanha de erradicação global da pólio e a importância da vacinação, o Rotary Club de Canela, no Rio Grande do Sul, iluminou a Catedral de Pedra da cidade, em 2020
Meio ambiente: em parceria com o Instituto de Águas e Terras do Paraná, o Rotary Club de ParanavaíEntre Rios está reflorestando uma área de 25 mil metros quadrados no município de Tamboara. Na foto maior,
Os anos 2020 começaram com um desafio enorme para a humanidade: a pandemia de Covid-19, surgida no final de 2019, causou oficialmente 6.804.491 mortes no mundo até 27 de janeiro deste ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A própria OMS, no entanto, e especialistas concordam que o número de vítimas fatais da doença é muito maior. No Brasil, até 29 de janeiro, os óbitos por coronavírus totalizavam 696.759, de acordo com o Ministério da Saúde. Durante todo esse tempo, e especialmente no período mais crítico, o Rotary foi uma força importante no combate à pandemia.
No Brasil, os clubes recorreram a todos os meios e recursos disponíveis para socorrer a população: buscaram subsídios Distritais, Globais e para Assistência em Casos de Desastres, concedidos pela Fundação Rotária. Doaram álcool, materiais de limpeza, máscaras - muitas delas produzidas por voluntários -, equipamentos de proteção individual e respiradores. Equiparam hospitais. Distribuíram toneladas de alimentos para famílias e instituições. Com o projeto Corona Zero, testaram idosos em asilos por todo o país. Incentivaram a vacinação por meio da campanha Informação Salva Vidas, de abrangência nacional.
Nesse início de década, os clubes brasileiros também vêm mantendo o primeiro lugar no ranking anual de ações pelo Dia Mundial de Combate à Pólio, e em 2021-22, se destacaram em mais um desafio proposto pelo Rotary: o de projetos para o empoderamento de meninas, em que ficaram atrás apenas da Índia. Parece muito? O segundo centenário está prestes a começar. RB