Rumos 276

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D E S E N VO LV I M E N T O

PA R A

OS

NOVOS

TEMPOS

ANO 38 – Nº 276 – Julho/Agosto de 2014

ECONOMIA

EDITORIAL

Banco do Brics: nasce um gigante Entrevistas Vitor Lopes Carlos Antonio Costa Ribeiro



S Divulgação/Desenbahia

SUMÁRIO

Divulgação/Pessoal

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Noel Joaquim Faiad

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ENTREVISTA Vitor Lopes

Busca ativa

EXPERTISE Carlos Antonio Costa Ribeiro

Desigualdade crescente

CAPA Internacional

O gigante de 50 bilhões de dólares

AO LEITOR

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esta edição da Rumos, apresentamos os detalhes do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição financeira criada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os países que formam o Brics, para financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países-membros e em outras economias emergentes. O capital inicial do banco será de US$ 50 bilhões e sua operação deve ter início em 2016. Ao Brasil caberá, neste primeiro momento, a presidência do Conselho de Diretores, órgão que será responsável pela condução das operações gerais da instituição. Em outra reportagem, lembramos dos 15 anos de três importantes instituições do Norte do país: as Agências de Fomento do Amazonas, do Amapá e de Roraima. Embora diversas, têm em comum uma contribuição expressiva para o desenvolvimento de suas regiões. Vale a pena conhecer o trabalho desenvolvido por cada uma delas. Na seção Expertise, o pesquisador Carlos Antonio Costa Ribeiro esmiúça as análises do economista francês Thomas Piketty, que se tornou best-seller mundial com uma ampla pesquisa, publicada em livro, sobre a concentração de renda e as desigualdades nos países desenvolvidos no século XXI. Será que as conclusões a que chega Piketty também podem ser estendidas para o Brasil? Boa leitura!

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RUMOS - 3 – Julho/Agosto 2014

REFLEXÃO Paulo Faveret

O imperativo da coexistência

CENÁRIOS DO RIO Inovação

Novo foco

REPORTAGEM Aniversário

Desenvolvimento em três vozes REPORTAGEM Socioambiental

Compromisso verde

OPINIÃO Fortunas

Grande engano

REPORTAGEM Regional

Atuação polivalente

ARTIGO Cooperativismo Financeiro e Sistema Bancário Global

O que vem por aí?

REPORTAGEM Expansão

Novos caminhos

PELO MUNDO Estados Unidos

Também no Norte!

MICRO E PEQUENAS Pequenos empreendedores

Megaeventos e grandes oportunidades

42 FOMENTO 48 LIVROS


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ENTREVISTA

Vitor Lopes

Por Jader Moraes

Iniciativa

Busca ativa Operando projetos de ordens de grandeza e complexidade distintas, o presidente da Desenbahia destaca o desafio de expandir o crédito para áreas e regiões carentes de apoio: “Não ficamos esperando que o negócio chegue até a agência.”

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umos – A Desenbahia tem como missão “oferecer soluções financeiras e técnicas para melhorar a vida da população baiana”. De que forma a instituição tem contribuído para fortalecer as estruturas econômicas e sociais do estado e alcançar esse objetivo? Vitor Lopes – De diferentes formas, uma vez que atuamos em uma economia complexa, situada em um território com dimensão próxima da de vários países europeus. Assim, para atingirmos nossa missão, precisamos despender esforços no apoio aos micro e pequenos empresários localizados nas áreas mais carentes do estado, tanto quanto no apoio à instalação de projetos estratégicos para o desenvolvimento da Bahia, como os projetos de infraestrutura. Vamos tratar apenas dessas duas situações aqui, porque elas já são suficientemente difíceis. No primeiro caso, considerando o fato de que o território baiano é grande e a riqueza econômica está concentrada em poucas regiões – mais de 50% do PIB do estado está concentrado em 10 municípios, ficando 407 municípios com uma participação de menos da metade da riqueza gerada no estado –, o esforço de levar o crédito ao interior, em especial às áreas mais carentes, tem sido uma meta importante da agência. Essa interiorização tem se realizado através da alocação de Gerentes de Negócios (GN) em diferentes regiões da Bahia e por meio de parcerias com instituições com escritórios distribuídos no interior do estado, como o Sebrae e a Câmara de Dirigentes Lojistas. A ideia é fazer da Desenbahia uma agência proativa, que prospecta e realiza negócios em áreas onde há necessidade de crédito, mas ele não chega tão facilmente. No caso do apoio a projetos estratégicos, constituímos uma área na agência que se ocupa com estudos de modelagem econômico-financeira, jurídica, de engenharia etc., com vistas a garantir a implantação de projetos relevantes para a Bahia. Alguns dos projetos com os quais estamos ou estivemos envolvidos são a Arena Fonte Nova, o Sistema Metroviário de Salvador-Lauro de Freitas, os estudos para a

concessão do Centro de Convenções da Bahia e para o projeto de desenvolvimento do Recôncavo Sul, com a implantação da ponte Salvador-Itaparica. É uma área nova na agência, que está se organizando à medida que os desafios aparecem, mas que já contribui decisivamente para os principais projetos ora pensados para a Bahia. Rumos – Quais os principais desafios que estão colocados neste momento para a Agência? Lopes – Estamos buscando expandir nossas operações, ao mesmo tempo que atuamos nessas diferentes frentes. Arrisco dizer que nosso maior desafio, no momento, é aprender a trabalhar eficientemente com projetos e necessidades de distintas ordens de grandeza e de complexidade. Como esse desafio já se pronunciava em 2011, quando preparamos o Planejamento Estratégico 2012-2015, percebemos a necessidade de investir em melhorias internas: processos mais ágeis e sistemas adequados. Para nossa sorte, acreditamos e perseguimos nosso Planejamento Estratégico. Avançamos na interiorização, constituímos a Superintendência de Estruturação de Projetos (a área que trabalha com os projetos estratégicos e que citei antes) e implantamos uma linha de financiamento para capital de giro voltada para micro e pequenas empresas, no qual praticamente todo o processo é realizado via internet. Batizamos essa linha de Girorápido, porque ela conta com uma plataforma de acesso via internet e a análise é automatizada. O empresário encaminha os seus dados via internet, o sistema analisa as informações, faz um diagnóstico e atribui uma nota, sinaliza o limite de crédito e, por fim, envia o contrato para ele assinar. Na Desenbahia, os analistas conferem a documentação e se estiver tudo em conformidade, o crédito é liberado. São dos desafios que nascem as melhores soluções, não é? Rumos – Os desembolsos da Desenbahia saltaram de R$ 123 milhões em 2008, ano em que se iniciou a crise

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Divulgação/Desenbahia

Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia, Vitor Lopes é presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) desde 2013, depois de atuar como gerente de Estudos e Assessoria e diretor de Negócios da instituição. É também vicepresidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).

econômica mundial, para R$ 416 milhões em 2013. A que se deve esse aumento e qual a importância das instituições públicas de desenvolvimento em um cenário como o que sucedeu o epicentro da crise? Lopes – Por uma questão didática, vício de professor, vou dividir essa questão em duas: a expansão operacional da Desenbahia e o papel contracíclico das instituições financeiras públicas. A expansão das operações da Desenbahia era quase que uma condição sine qua non para a sobrevivência da agência. Como justificar a existência de uma agência de fomento que não tivesse uma carteira de projetos relevante? Como sabíamos que nossa saída era crescer ou crescer, investimos na proatividade, na busca de melhorias internas. Separamos a atividade de captação de negócios da atividade de análise, para que pudéssemos ter colaboradores focados na sua meta. Hoje não ficamos esperando que o negócio chegue até a agência. Só vão chegar espontaneamente os negócios que vêm pela internet. Os maiores projetos ou os mais robustos são captados pelos nossos Gerentes de Negócios. Ainda sobre essa expansão, gostaria de registrar aqui que aposto na nossa capacidade de continuar crescendo em 2014. Estou seguro disso porque os investimentos que fizemos nas melhorias internas estão começando a gerar frutos agora. Ou seja, temos fôlego para manter o ritmo. Sobre o papel das instituições financeiras públicas nos momentos de crise, a literatura está repleta de pensadores econômicos que justificam a existência dessas instituições devido à sua capacidade e possibilidade de atuação contracíclica. No Brasil, assim como em vários outros países, a crise de 2008 só veio a confirmar a importância do setor público na concessão do crédito quando o sistema privado passa a operar restritivamente. Recentemente, o Ipea divulgou um estudo confirmando que os bancos públicos federais tiveram uma atuação contracíclica durante a crise financeira mundial, de tal modo que permitiu que o crédito mantivesse o ritmo de crescimento no país. Enquanto os créditos desses bancos se elevaram acima

dos 30%, os créditos do setor privado reduziram o ritmo de aumento de 25% para 10%. Em escala regional, também as agências de fomento fizeram a sua parte naquele momento. A Desenbahia, por exemplo, intensificou a interiorização do crédito e apostou no crédito às prefeituras. Rumos – Os desembolsos referentes ao microcrédito também cresceram significativamente na carteira da agência e chegaram a R$ 45 milhões no ano passado. Qual a importância do apoio aos pequenos empreendedores para o desenvolvimento da economia local? Lopes – Através do microcrédito conseguimos reforçar nossa atuação nas regiões mais carentes e onde não há grandes projetos a serem apoiados. Acreditamos que, com o microcrédito, contribuímos para dinamizar a economia dessas regiões, porque injetamos recursos essenciais para acelerar a circulação de mercadorias e serviços. Do ponto de vista individual, esse tipo de crédito favorece o microempreendedor que não tinha e passa a ter acesso ao sistema financeiro formal. E no plano macroeconômico, o microcrédito, se bem estruturado, pode se constituir em um dinamizador de economias menores. Faz pouco tempo, resolvemos aprimorar nosso programa de microcrédito, criando condições diferenciadas para o microempreendedor formal. Para esses, o valor e o prazo têm limites maiores. Rumos – Em artigo recente para a Rumos, o senhor apontou como fundamental o investimento em infraestrutura pelos agentes do Sistema Nacional de Fomento, para viabilizar os projetos estruturantes para nossa economia. Por que este é um gargalo difícil de ser superado em nosso país? Lopes – Os projetos de infraestrutura são, via de regra, grandes e complexos. Algumas vezes envolvem mais de uma esfera de governo, o que implica numa coordenação de atividades complicada. São projetos que possuem prazo de maior matu-

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ENTREVISTA

Vitor Lopes

ração e risco elevado, e que, por essas características, não cosco) com os recursos captados pelo Estado e colocados no tumam interessar ao setor financeiro privado. Este concentra Fundese. Mas não era o único agente financiador. Além dos suas preferências no mercado de curto prazo e de baixo risco. recursos dos acionistas, o BNB [Banco do Nordeste] também Se nos ativermos apenas à questão do volume de investimense envolveu com o projeto, já que financiou parte do investitos e da necessidade de coordenar atividades distintas (engemento, assim como o Santander, que ficou responsável pela nharia, negócio, questões jurídicas) e stakeholders distintos, peremissão das debêntures. Os três agentes financeiros precisacebemos como os projetos de infraestrutura exigem análises vam compartilhar garantias. Foi montado então um verdadeidiferenciadas e mecanismos mais complexos para a sua matero bloco de contratos interdependentes. Como somos a instirialização. Até bem pouco tempo, no Brasil, esses projetos tuição financeira oficial da Bahia, temos um quadro de pessoeram tratados como obras públicas e a maior dificuldade ficava al qualificado e trabalhamos muito para fazer essa engenharia restrita à seara dos recursos orçamentários. Com a percepção de contratos, além de coordenar a entrada de recursos do de que o envolvimento do setor privado poderia elevar o grau BNDES no Fundo e financiar o projeto. Já dá para imaginar o de eficiência do serviço prestado e, ao mesmo tempo, devido à orgulho que sentimos quando vemos a Arena funcionando maior limitação dos recursos públicos disponíveis frente às bem e com excelente avaliação do público. necessidades de infraestrutura, novos mecanismos de financiGostaria de registrar, no entanto, que para a análise do proamento têm sido acionados, a exemplo das Parcerias Públicojeto da Arena Fonte Nova já contávamos com certa experiênPrivadas. O que percebemos é que as PPPs têm viabilizado à cia acumulada, por conta do financiamento do Hospital do implantação de projetos de infraestrutura, Subúrbio, um projeto de PPP, mas que mas têm tornado o projeto ainda mais comnão foi um project finance puro, e do plexo na medida em que envolve um maior financiamento da concessionária do Sis“As agências de leque de agentes. Que instituição está distema Rodoviário BA 093. Este último fomento não foram posta a ter esse trabalho? A despender mais se processou quase que paralelamente à tempo com análises, correr mais riscos com análise do projeto da Fonte Nova, e concebidas para atrasos nas entregas de marcos, problemas também era um project finance. Trata-se dar certo. Aos poucos, de um sistema rodoviário fundamental com distribuição de responsabilidades etc.? Vivemos um momento de aprendizagem para logística do estado, porque interlino entanto, elas para viabilizar tais projetos e este processo, ga pontos estratégicos, como o Porto foram mostrando-se que é sempre custoso, alinha-se à missão de Aratu e o Aeroporto Internacional dos agentes do Sistema Nacional de de Salvador com o Centro Industrial de peças valiosas para Fomento. Aratu, a região de Candeias (onde a o desenvolvimento Petrobras tem unidades importantes) e das economias locais o Polo Petroquímico de Camaçari. Rumos – A agência teve participação importante no projeto Arena Fonte e o campo de Nova reformada para a Copa do MunRumos – Como tem sido a atuação atuação só vem do. Conte-nos sobre essa experiência e da Desenbahia junto ao setor o que ela agregou à instituição. público, em especial no apoio ao aumentando.” Lopes – A demolição da velha Fonte Nova desenvolvimento dos municípios e a reconstrução da Arena Fonte Nova foi baianos? uma das nossas primeiras experiências Lopes – Acreditamos que, por meio com project finance. Foram dois contratos de financiamento, das linhas para prefeituras, podemos contribuir para melhorar um para demolição e início dos trabalhos de reconstrução e a infraestrutura urbana e social das cidades baianas. Na verdaoutro para andamento e conclusão da obra, que resultaram de, com esse apoio atingimos alguns dos nossos focos estratéde análises técnicas nas quais a engenharia financeira ficava gicos: interiorizamos o crédito, contribuímos com a adminissuportada contratualmente pelo fluxo de caixa do projeto. tração pública municipal da Bahia e, como resultado, melhoraDesse modo, os ativos e recebíveis do projeto assumiam a mos a vida da população baiana. Mas como nem tudo são flocondição de garantia das operações de crédito. Até então, não res, temos limitações severas para atuar nesse campo: o protínhamos realizado uma operação na Desenbahia com tantos cesso de financiamento demanda um tempo que não está sob contratos interdependentes. Como disse há pouco, foi um nosso controle, uma vez que é preciso que a prefeitura tenha verdadeiro processo de aprendizagem de como operar com previsão orçamentária para contrair a dívida, além de termos projetos complexos de infraestrutura, nos quais vários agende fazer consultas ao STN. Ademais, esse tipo de operação tes interagem. Vou citar algumas características do projeto compromete bastante nossa capacidade de emprestar, já que para tornar o que digo mais concreto para o leitor. O Estado trabalhamos com destaque de capital para realizar os financiada Bahia contratou um financiamento junto ao BNDES; colomentos. Como, numa balança imaginária, o lado contendo os cou esse recurso no Fundo de Desenvolvimento Social e Ecobenefícios sociais da operação pesa mais que as dificuldades nômico – Fundese (gerido pela Desenbahia); e fez uma licitaelencadas, continuamos firmes no trabalho com essas operação para contratação de uma PPP para a reconstrução e opeções, ainda que com limites operacionais menores. ração da Arena. A Desenbahia, por sua vez, financiou parte dos investimentos da SPE (Sociedade de Propósito EspecífiRumos – Desde abril deste ano, a agência também tem RUMOS – 6 – Julho/Agosto 2014


Portal da Copa/ME

O patrimônio líquido da Agência atingiu perto de R$ 495 milhões no final do primeiro semestre deste ano e o do Fundese totalizou de R$ 1,4 bilhão. Atualmente, a agência conta com 245 colaboradores, sendo 16 novos funcionários recém-ingressos por meio de concurso público realizado no início do ano.

Rumos – Que importância o senhor confere à ABDE, a entidade que congrega e representa o Sistema Nacional de Fomento, integrado Arena Fonte Nova, palco de seis jogos da Copa: processo de aprendizagem para a agência, devido à complexidade do projeto e interação com outros agentes financeiros. pelos bancos de desenvolvimento e pelas agências de fomento do país? Lopes – As instituições financeiras e não financeiras de fomento sempre tiveram uma importândisponibilizado recursos por meio do Inovacred. Como cia pronunciada no desenvolvimento econômico do Brasil. este instrumento pode ampliar a competitividade das O papel do BNDES, assim como dos demais bancos federaempresas baianas? is e estaduais, foi essencial para o Milagre Brasileiro do final Lopes – A linha direciona-se às empresas que pretendem dos anos 1960 e início da década de 1970. Mesmo que se argudesenvolver novos produtos, processos ou serviços, ou ainda mente que a maior parte dos recursos que viabilizaram os aperfeiçoar os já existentes. Também está disponível para investimentos daquele período proveio do sistema financeiempresas que pretendem investir em inovação organizacioro internacional, grande parcela desses recursos entrou no nal. O objetivo é sempre o de ampliar a competitividade das Brasil via bancos, através dos mecanismos da Resolução 63. empresas baianas. Como se trata de uma linha amparada no Com as crises dos anos 1980 – crise de solvência do país, criprograma Inovacred da Finep, que utiliza como fonte de se do setor público, estagnação econômica etc. – o conjunto recursos o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e dessas instituições também entrou em crise, e a sua relevânTecnológico, os custos da linha são atrativos e o prazo de até cia foi bastante questionada. Na retomada gradual da econooito anos, com até dois de carência, também se apresenta sufimia brasileira nos anos 1990, principalmente pós-Plano cientemente confortável para as empresas e adequado para o Real, não foi designado um papel importante para essas institipo de investimento que está sendo realizado. A Finep nos tuições. Ao contrário, com o Proes (Programa de Redução disponibilizou R$ 80 milhões para essas operações e nossa do Setor Público Estadual na Atividade Bancária) muitas insintenção é fazer uma captação proativa de negócios. Estamos tituições desapareceram e as que sobreviveram perderam certos que assim contribuímos com as empresas baianas e, muito espaço. A expectativa era de que o mercado de capitais por conseguinte, com o conjunto da economia baiana, que se pudesse dar conta sozinho das necessidades de recursos para apresentará mais competitiva para o mercado. os investimentos das empresas. As agências de fomento foram constituídas nesse contexto e, assim, o campo de atuaRumos – Quais os números da instituição hoje? Funcioção delas ficou bastante restrito. Elas não foram concebidas nários, patrimônio líquido, projetos financiados, recurpara dar certo. Aos poucos, no entanto, elas foram mostransos financiados, municípios atendidos? do-se peças valiosas para o desenvolvimento das economias Lopes – A carteira de crédito gerida pela Desenbahia, que locais e o campo de atuação das agências só vem aumentaninclui recursos próprios, de repasses e de fundo estadual, do. Ao congregar as agências de fomento, os bancos de alcançou a marca histórica de R$ 1,5 bilhão no fim do primeidesenvolvimento regio-nais e federal e outras instituições ro semestre de 2014. Essa carteira corresponde a operações financeiras e não financeiras voltadas para o fomento da ecode financiamento de mais de 33.500 projetos, localizados em nomia brasileira, a ABDE assume o status de uma entidade 334 municípios baianos, o que representa um índice de não-governamental cujas ações têm o poder de impactar o cobertura de 80% do território do estado baiano. Esse resulmodelo de desenvolvimento e financiamento do investitado é reflexo da estratégia de expansão da agência e da adomento de todo o país. É a entidade que pensa e atua em nome ção de políticas voltadas para a interiorização e a desconcene para o Sistema Nacional de Fomento, articulando-se com tração do crédito, que já mencionei antes. as autoridades monetárias, com a administração pública fedeSomente no primeiro semestre de 2014, a Desenbahia ral e outros órgãos e entidades pertinentes. Se fizermos uma liberou cerca de R$ 230 milhões em operações de crédito avaliação da associação nos últimos dez anos, temos que para projetos localizados em 187 municípios baianos. O reconhecer que a ABDE tem se revelado uma associação prosetor com maior volume de desembolsos é o de comércio e ativa, fortemente engajada nas ações que têm resultado no serviços, com cerca de R$ 110 milhões, seguido pela indúsaprimoramento dos instrumentos e instituições relacionatria, próximo a R$ 70 milhões, agropecuária, com R$ 40 dos ao fomento do Brasil.  milhões, e prefeituras, R$ 6,6 milhões. RUMOS – 7 – Julho/Agosto 2014


EEXPERTISE

Carlos Antonio Costa Ribeiro

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Desigualdade crescente Pesquisador brasileiro faz uma análise das conclusões do economista francês Thomas Piketty, sobre concentração de renda e riqueza, no livro que virou best-seller mundial, e discute sobre as conexões da pesquisa com a realidade social brasileira Por Ana Redig

Arquivo Pessoal

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ecentemente, o lançamento da versão em inglês do livro Le capital au 21e siècle, do economista francês Thomas Piketty, causou grande repercussão e tornou-se, sem dúvida, o livro de economia mais debatido dos últimos tempos. Foi uma verdadeira febre. As vendas estouraram e a publicação transformou-se em um grande best-seller econômico. As ideias de Piketty sobre a concentração de renda e desigualdades no capitalismo são, na verdade, fruto do esforço de mais de 20 grandes cientistas e suas equipes de pesquisadores. Mas por que o livro chamou tanta atenção em todo o mundo? Por que provocou tanta polêmica e figurou por meses Carlos Antonio Costa Ribeiro na lista dos mais procué pesquisador do Instituto de rados e mais vendidos? Estudos Sociais e Políticos A Rumos conversou (Iesp / Uerj). Ph.D. em com o doutor Carlos sociologia pela Columbia Antonio Costa Ribeiro, University, foi pesquisador professor e pesquisador convidado do Center for do Instituto de Estudos Advanced Studies in the Sociais e Políticos (Iesp Behavioral Sciences (CASBS), /Uerj), sobre como as da Stanford University. Seu i d e i a s de Thomas principal objeto de pesquisa Piketty, que serão lançaé a Estratificação e d a s n e s t e segundo Mobilidade Social. semestre no Brasil, podem contribuir com o debate sobre a desigualdade social e seus efeitos para a economia e o desenvolvimento dos países. Carlos Ribeiro é Ph.D. em sociologia pela Columbia University e foi pesquisador convidado do Center for Advanced Studies in the Behavioral Sciences (CASBS), da

Stanford University. Seu principal objeto de pesquisa é a Estratificação e Mobilidade Social. O tema se relaciona com as desigualdades sociais e econômicas não somente em um determinado período de tempo, mas também na reprodução ou superação dessas desigualdades ao longo das gerações e dos ciclos de vida dos indivíduos. Para compreender esses fenômenos, o professor dedicou-se a estudar temas como mobilidade social intergeracional, desigualdade de oportunidades educacionais, classes sociais, desigualdades raciais, mercados de casamento, transições para a vida adulta, criminalidade e justiça. Carlos Costa Ribeiro recebeu o livro de Piketty com grande interesse. “A maior novidade dessa pesquisa é que os cientistas coletaram informações no Imposto de Renda, permitindo conhecer dados sobre tributos, heranças e registros de altos salários. Isso revelou que a desigualdade, que havia caído entre a Primeira e a Segunda Guerras, havia voltado a crescer a partir dos anos 1980 em quase todos os países desenvolvidos. E tudo isso com concentração de renda entre os mais ricos, que ocupam o topo da pirâmide”, explica. Basicamente, o livro do economista francês derruba a teoria de Simon Kuznets, de dizia que a desigualdade tenderia a subir por algum tempo nas sociedades em processo de industrialização, até atingir um ponto máximo, a partir do qual passaria a diminuir. Combinados a outros efeitos de menor importância, a modernização da economia aliada a políticas públicas características da democracia resultariam em menor desigualdade no longo prazo. “Em um gráfico, este movimento era representado por uma curva em forma de U invertido. No Brasil, nos anos 1970, se dizia que primeiro era preciso fazer o bolo crescer para depois distribuir”, lembra Carlos Ribeiro. Piketty revela, com os novos dados, que essa curva teria sido verdadeira até certo

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EXPERTISE

Carlos Antonio Costa Ribeiro

momento, e que agora ela estaria se assemelhando a uma onda, ou um til. O professor explica que esta mudança pode ter acontecido porque quando se mede a desigualdade de renda em um determinado país – ou mesmo na comparação entre países– , as pesquisas são feitas por amostragem, sejam as PNADs, utilizadas em todo o mundo, ou os Censos. “Por serem amostrais, essas pesquisas apresentam algumas falhas. Uma delas é não pegar o topo da distribuição de renda, porque a quantidade de pessoas nessa faixa é tão pequena que não chega a ser representativa da população como um todo”. Ao analisar os dados sobre os mais ricos dos países mais desenvolvidos do planeta, Piketty demonstrou que a desigualdade de renda está aumentando, ou seja, os ricos estão se tornando cada vez mais ricos. Para o sociólogo, o livro causou grande impacto nos Estados Unidos porque o país vem percebendo um aumento desta desigualdade desde a década de 1970, fato que preocupa muitos estudiosos. “O diagnóstico do problema é muito interessante e importante, pois permite uma análise mais fina da distribuição de renda na sociedade”, avalia Carlos Ribeiro. Ao tocar na distribuição de renda do topo da sociedade, ele está falando de grandes heranças, altos salários, ou seja, de uma parte da população que tem muitos recursos e forte poder de decisão. Isso não inclui somente as grandes fortunas, mas também os altos salários dos executivos e empresários. Isso porque a concentração de capital permite a formação de grandes empresas, que controlam um volume expressivo de dinheiro. E quem decide sobre esses recursos são seus dirigentes, pessoas que têm poder para aumentar consideravelmente seus próprios salários, gerando mais renda, que se tornará o capital que realimenta o processo. O economista francês argumenta que os mercados não possuem nem os mecanismos nem os incentivos necessários para frear esse processo, e avisa que é preciso aumentar o controle desses mercados por instituições, especialmente pelo Estado. “O que Piketty diz é que há uma tendência nesses países a não só aumentar a desigualdade de renda, como também a de oportunidades, por meio da concentração das heranças dos mais ricos. Assim, ele propõe a criação de impostos mais altos sobre as grandes fortunas, entre outros mecanismos de controle que permitam uma distribuição mais eficiente deste dinheiro”, explica o especialista. O problema é que o capital muda de lugar sempre que necessário. “A solução proposta pelo economista francês seria criar um imposto global, o que, na minha opinião, seria inviável”, avalia.

Brasil – No Brasil, a desigualdade na distribuição de renda é histórica. O debate em torno do tema vem ganhando corpo desde meados da década de 1990, apesar de os avanços nessa área serem visíveis. O Brasil, assim como a China e Índia, incluiu um contingente muito expressivo de pessoas na economia nos últimos anos. “Da mesma forma, aumenta, ano a ano, o número de pessoas que declaram Imposto de Renda no

país, revelando um crescimento real de poder aquisitivo”, explica o sociólogo. Ainda assim, o país deve ficar atento para que a taxa de crescimento do capital e seus rendimentos não fique maior do que as taxas de crescimento das outras rendas, como as do trabalho, por exemplo. “Se isso acontecer, a desigualdade crescerá, aumentando a desigualdade total”, avisa o professor. De fato, hoje a classe média brasileira representa mais de 50% da população. Cabe esclarecer que este conceito engloba situações de renda média mensal per capita entre R$ 400 e R$ 1.000. “A vida das pessoas realmente mudou e o salário aumentou. Naturalmente, o consumo também cresceu. Culturalmente, entretanto, quando se fala de classe média, entende-se como pessoas não só de uma faixa econômica mais alta, mas também com um melhor nível educacional”, observa Costa Ribeiro. Para ele, o ganho econômico é um fato, assim como a mobilidade no Brasil é real, mas avisa que ainda há muito a fazer. “O país passa por um momento de mudanças e transformações importantes. Preocupa o fato de estarmos em campanha eleitoral e não se tocar nos temas da desigualdade e da mobilidade social, como se a questão estivesse resolvida”, destaca o sociólogo. Segundo o pesquisador, ainda não é possível verificar se o mesmo fenômeno observado por Piketty nas grandes potências está acontecendo entre os ricos no Brasil, pois os dados ainda não foram liberados. Ele afirma que é possível, através do acompanhamento de outros indicadores de riqueza, reconhecer na sociedade brasileira tanto sinais de melhoria de renda, como de oportunidade de mobilidade social. “Este é um processo, vem melhorando desde a década de 70 e acredito que ainda temos potencial para avançar. Ainda estamos na fase de crescer o bolo, mas é preciso aguardar os números oficiais”, diz o professor. O governo brasileiro e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já estão trabalhando na disponibilização desses dados para pesquisadores, mas é preciso tomar algumas medidas de segurança, como garantir o acesso às informações preservando o sigilo da identidade dos declarantes. Carlos Antonio Costa Ribeiro destaca que existem outros fatores relacionados ao desenvolvimento e que contribuem muito para a formação desse cenário. Exemplo mais emblemático e atual é a enorme inclusão que vem acontecendo nos países em desenvolvimento e que têm uma população muito volumosa, como a China, Índia e até o Brasil. “Se analisarmos as informações disponíveis sobre a China, por exemplo, encontraremos altas taxas e indicadores de forte desigualdade. No entanto, é fácil perceber que nos últimos tempos ocorreu a inclusão de um grupo realmente expressivo de pessoas no mercado econômico. Sempre que isso ocorre com populações gigantes como a China, acabam impactando todo o planeta”, observa Costa Ribeiro. O livro de Piketty mostra que, ao menos nos países desenvolvidos, esse ciclo de melhorias em termos de mobilidade social e redução de desigualdade de renda aconteceu até mais ou menos a década de 1970. A partir da década de 1980 a desi-

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gualdade de renda começou a aumentar e, assim, começou a haver uma maior concentração de renda. Segundo Precisamos nos as previsões nada otimistas do economista francês, a tenperguntar qual dência é haver uma maior desenvolvimento concentração e uma redução de oportunidades. Compaqueremos para o rando os estudos de Piketty Brasil. Onde sobre os países mais desenqueremos colocar o volvidos do planeta com aqueles que ainda têm espapaís no cenário ço para crescer, fica a perinternacional? Que gunta: o Brasil estaria caminhando para o mesmo lugar? tipo de economia O professor responde queremos ser no explicando como funciona a contexto global? relação entre o desenvolvimento econômico e a mobilidade social e a desigualdade de oportunidades: “Em geral, na maior parte dos países quando o desenvolvimento econômico aumenta, a desigualdade de oportunidades diminui. É isso que faz crescer muito a mobilidade social”, opina. Segundo o professor Costa Ribeiro, desde a década de 1970 essa mobilidade vem acontecendo no Brasil e tem aumentado intergeracionalmente, ou seja, as oportunidades têm sido maiores a cada geração. Neste período ocorreu uma mudança de perfil na sociedade brasileira, deixando de ser predominantemente rural para se tornar urbana e moderna. “Muitos filhos de agricultores muito pobres subiram na estrutura social brasileira, tornando-se trabalhadores não qualificados nos centros urbanos”, explica. Com isso, a família passa a ter acesso a uma série de outras coisas, não só a bens de consumo, mas também a informação, cultura etc. O professor destaca, entretanto, a enorme distância de oportunidades entre os filhos das famílias pobres e das de origem mais abastada. “Quando se compara esses dois grupos, os filhos de famílias ricas – e não estamos avaliando as super ricas – têm muito mais chances de aproveitar essas oportunidades do que os que nasceram em lares pobres”, afirma. Segundo o sociólogo, é essa desigualdade de condições, de renda, de riqueza e de oportunidades que afeta a capacidade de mobilidade social de uma geração para a outra, ou seja, de um filho de pobres se tornar e manter-se rico. Com o desenvolvimento do Sistema Educacional Brasileiro e a ampliação ao acesso à Educação, essa tendência caiu consideravelmente. “Ainda que reconheçamos que a Educação não seja de qualidade, é melhor uma escola deficiente do que nenhuma escola”, opina Carlos Ribeiro. Segundo ele, a expansão do Sistema Educacional no Brasil é o principal fator de redução da desigualdade de renda e diminuição da desigualda-

de de oportunidades de todos os tempos. “No Brasil isso se dá tardiamente, mas está de fato acontecendo. Até a década de 1960 mais da metade dos brasileiros estava fora da escola. Hoje, mesmo estando longe dessa escola ser boa, mais gente está sendo incluída, aumentando a competição e fazendo a mobilidade no Brasil crescer”. Observar a realidade brasileira sob a ótica das ideias que Piketty e sua equipe de pesquisadores trazem sobre os países desenvolvidos permite perceber a necessidade de o país promover um desenvolvimento não somente econômico. O professor Carlos Antonio Ribeiro elege as políticas educacionais como a mais importante delas, mas afirma que também é preciso instituir e aplicar diversas políticas de inclusão para que o país se desenvolva no longo prazo. “É neste ponto que precisamos nos perguntar qual desenvolvimento queremos para o Brasil. Onde queremos colocar o país no cenário internacional? Que tipo de economia queremos ser no contexto global?” Como país em desenvolvimento, o Brasil ainda tem margem para avançar para além da educação básica. Para o sociólogo, é preciso dar atenção também aos investimentos em geração de empregos de qualidade e que ajudem a impulsionar o desenvolvimento do país, como em tecnologia, economia criativa etc. “É preciso formar as pessoas, gerar competitividade econômica interna e externa. Quando o país tem muita desigualdade, perdem-se muitos talentos. A baixa qualidade da educação aborta a criatividade de muitas pessoas que poderiam, em alguns anos, estar colaborando para o desenvolvimento do país de maneira decisiva. São empreendedores, cientistas, médicos, matemáticos, artistas, pessoas com diferentes talentos que vêm sendo desperdiçados”, ensina. Forças equalizadoras – Para contornar o processo identificado por Piketty de concentração de renda entre os mais ricos dos países mais ricos do mundo, o economista francês aponta a adoção de políticas de equalização como solução para a redução das desigualdades. Ele diz que uma das principais forças equalizadoras que aconteceram na Europa foram as políticas adotadas logo após as duas Grandes Guerras, que arrasaram a economia e as reservas dos países e das famílias sem distinção de classe econômica ou social. Para reconstruir esses países e suas economias foram criadas muitas políticas públicas que promovessem o desenvolvimento sem concentração de renda. “No Brasil, o desenvolvimento foi sempre muito concentrador de renda. E grande parte dessa desigualdade se deve ao protecionismo”, avalia o professor Carlos Antonio Ribeiro. Na sua opinião, “quando o país elege alguns setores da economia para receber crédito diferenciado, incentivos e isenções especiais está permitindo que uns enriqueçam mais do que outros, sem a devida competição”, pontua o especialista. Ele pensa que, com menos favorecimentos, talvez o resultado fosse mais positivo. “Muitas vezes essas políticas não são tão evidentes como podem parecer. O fato é que elas representam escolhas que o país faz sobre os caminhos possíveis do desenvolvimento. E isso é de suma importância”, destaca.

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REFLEXÃO

Desenvolvimento e Gestão

Acervo BNDES/Divulgação

O Imperativo da Coexistência Paulo Faveret Economista. Superintendente de Recursos Humanos do BNDES.

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inanciar o desenvolvimento é uma atividade nobre, com impactos sensíveis sobre a vida de milhões de pessoas. Apoiar o desenvolvimento das pessoas e organizações que ajudam a população é tarefa igualmente nobre. Trata-se de uma mesma e longa cadeia de relacionamentos e encadeamentos, que só se justifica pela melhoria da qualidade de vida da população brasileira, sobretudo a mais necessitada. Entidades financeiras cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento têm uma missão diferente daquela que empresas privadas costumam escolher. Nas IFDs, a dimensão finalística do mapa estratégico não é a maximização do resultado financeiro, mas sim o desenvolvimento de um país, região ou estado. Esta particular definição de “negócio” é a chave para entender o papel da gestão nesse tipo de organização. Os desafios de IFDs não são menores dos que os de empresas privadas. O traço distintivo da gestão de agências e bancos de desenvolvimento é a intensidade dos dilemas postos pela disjuntiva mudança e continuidade. Explico. Um fabricante de computadores parece ter sempre o mesmo negócio. Ledo engano. Computadores são na essência a mesma coisa desde o início: máquinas de processar informação. Em sua forma e função, entretanto, as mudanças são imensas. Hoje os computadores servem como instrumentos para acessar informações e lazer disponíveis na rede, substituem os telefones e, eventualmente, processam informações. As mudanças no ambiente de negócios obrigaram as empresas de hardware a adquirir novas competências, readequar processos, cativar novos consumidores, estabelecer novas parcerias etc. Se negócios cujos produtos são sempre iguais a si mesmos estão em mudança permanente, o que dirá de um cujo objeto é o desenvolvimento? A dinâmica socioeconômica está em contínua operação, produzindo mudanças que nenhum analista consegue aquilatar com precisão de antemão. Para além dos óbvios riscos financeiros, uma das maiores ameaças às IFDs é escorregar para a vala comum da irrelevância. Esta só pode ser evitada pela aplicação disciplinada da mudança contínua. Bancos lidam com dinheiro. Bancos estatais lidam com dinheiro público. Frequentemente há conexões orçamentárias. Tal contexto tende a gerar posturas e práticas conservadoras. “Emprestar dinheiro para quem pode pagar” não é exatamente uma missão que requer inovação, nem sequer a induz. Ao contrário, quase a exclui. Mas esse “cliente” insiste em mudar e se reinventar. Nos anos 50, o BNDES, por exemplo, tinha poucos clientes, parecidos uns com os outros, ao menos em seus setores: hidrelétricas, siderúrgicas, ferrovias, fabricantes de automóveis e quase mais ninguém. Hoje tem centenas de milhares, desde indivíduos a multinacionais, cooperativas de catadores de lixo, usinas de bioetanol,

fabricantes de aviões, governos estrangeiros, entre outros. Para atendê-los, são desenvolvidos novos produtos financeiros, implementadas novas parcerias e a inovação se torna um elemento imprescindível do modelo de negócios. Para lidar com um ambiente de negócios cada dia mais complexo, a organização que “só pensava em trabalhar” precisa começar a falar sobre gestão. O que antes era uma atividade intrínseca às operações, visível apenas a olhos muito treinados, aos poucos se torna uma área de grande protagonismo. Cada dia mais profissionais das IFDs se dedicam a temas como planejamento estratégico, gestão de projetos, sistemas integrados, processos, controles, conformidade, competências, liderança – uma pletora de atividades novas, sempre mais especializadas e com forte propensão a se realimentarem continuamente. Hoje a modernidade gerencial reclama um espaço cada vez maior no dia a dia das organizações públicas. Ela alega substituir com vantagem as antigas práticas de administração, muitas delas eivadas de elementos tradicionais. No lugar de sucessivas interações pessoais entram normas, processos e sistemas ditos impessoais. Ao invés de uma adaptação flexível e diferenciada a vários contextos, defende-se a padronização e a automação. O controle centralizado limita a autonomia das equipes, percebida como fonte de riscos operacionais. O planejamento estratégico privilegia as metas corporativas, universais, em detrimento das estratégias emergentes que predominavam. A modernização da gestão é um caminho sem volta. Os novos instrumentos são extremamente úteis para lidar com um contexto operacional cada vez mais complexo. As IFDs lidam com desafios em constante mutação, sem um caminho preestabelecido com clareza, pois o desenvolvimento é realizado por milhões de agentes em sucessivas interações, dentro de um sistema mundial que também está em mudança. Sugiro que é necessário conciliar os requisitos de modernização com as práticas tradicionais, típicas de organizações que se identificam como comunidades. Isso se traduz em aceitação das subjetividades, na valorização das interações pessoais, no reconhecimento dos particularismos, na conciliação de estratégias centralizadas com as que emergem das ações das equipes, entre outras características. Este é o terreno fértil para o florescimento de relações de confiança, base de toda organização bem-sucedida e duradoura. As IFDs deveriam construir um estilo de gestão que reconheça diversos comportamentos e práticas. Precisamos trabalhar esse meio de campo. Devemos ser protagonistas de um modelo de gestão onde diversos instrumentos e abordagens convivam, coexistam, com sinergia e harmonia. Nosso modelo deveria privilegiar o “E” ao invés do “OU”. Tal como o desenvolvimento que perseguimos, a gestão deve ser inclusiva e abrangente, consequente e justa. 

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CENÁRIOS DO RIO

INOVAÇÃO

Por Alana Gandra

Novo foco Participação acionária em empresas inovadoras se transforma em um dos grandes eixos de atuação da Agência Estadual de Fomento (AgeRio); estratégia visa explorar o potencial de geração de conhecimento do estado, que conta com 19 universidades, 26 centros de pesquisa e a maior concentração de Ph.Ds por habitantes do país

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m função do ambiente de negócios favorável e do seu potencial de crescimento, a área de Renda Variável da Agência Estadual de Fomento (AgeRio) foi transformada em fevereiro de 2014 na Superintendência de Participações, Parcerias e Produtos (Supar), que já tem em seu portfólio participações em cinco fundos de investimentos e em uma empresa, dos setores de tecnologia da informação e comunicação (TIC), audiovisual, tecnologia limpa, biotecnologia e energia. Mas quer mais. No momento, estão em análise diferentes oportunidades de investimentos nas áreas definidas como prioritárias pela agência, especialmente no que diz respeito às empresas inovadoras. A superintendência, vinculada à Diretoria de Operações, tem foco em participações, parcerias e produtos e visa atender à vocação do estado para a inovação, traduzida por três parques tecnológicos, 19 incubadoras de empresas, 26 centros de pesquisa, 19 universidades e a maior concentração de Ph.Ds por habitantes do país. “Isto traz desenvolvimento econômico para o estado”, salientou o diretor de Operações e Governo da AgeRio, Dário Araújo. O diretor disse ainda que o estado tem duas cidades com grande potencial de geração de conhecimento, que são a capital fluminense e Niterói. “As duas estão no quadrante de maior concentração de número de pesquisadores por habitante, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)”. Araújo frisou que, por essas razões, o estado do Rio reúne condições básicas para que a AgeRio possa desenvolver uma área estratégica de participações. “Até porque isso atrai empresas startups, com viés de inovação, buscando desenvolver suas ideias e seu potencial”. Foco – Após a busca inicial de profissionais de mercado com competência instalada para dar início aos trabalhos do novo departamento, a agora superintendência já está na fase de desenvolver o próprio corpo técnico, que está sendo capacita-

do, do mesmo modo que ocorreu em relação ao corpo jurídico. Parceiros importantes do ponto de vista estratégico, com experiência em participações, foram identificados no mercado pela agência, entre os quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Finep, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e Fundos de Pensão. Olhando as vocações do estado fluminense, foram estabelecidas como focos prioritários de atuação, sem excluir oportunidades em outros setores, as áreas de turismo, indústria cinematográfica, tecnologia limpa, biotecnologia, TIC e energia, esta englobando petróleo e gás. “Elegemos seis setores que entendemos como estratégicos do ponto de vista de vocações do estado. Mas não excluímos nenhuma oportunidade de negócio”, ressaltou o diretor. Nessa linha, o pré-sal é uma das áreas de interesse. “Porque sabemos que está trazendo para o Rio de Janeiro um grande número de empresas, inclusive estrangeiras, buscando essa oportunidade. Junto com a empresa vem toda a sua cadeia de fornecedores, que em muitos casos é desenvolvida localmente”. Capital – A agência trabalha com o capital semente e o venture capital, uma vez que na etapa seguinte, de equity (tipo de fundo que compra participações em empresas), são exigidos capitais maiores, ou seja, volumes mais robustos de aporte. Na posição da cadeia de valor, quando as empresas nascentes amadurecem, passam pelas aceleradoras e começam a crescer, elas precisam de financiamento. Nesse momento, a Finep abriu uma linha de financiamento, por meio do programa Inovacred, priorizando as agências estaduais de fomento. “Buscamos nos habilitar na primeira hora. Fomos a primeira agência estadual”, contou o diretor, ressaltando que a agência não atende só startups no Inovacred, mas empresas maduras também, desde que tenham um projeto ou processo inovador que esteja enquadrado nas regras do programa, como é o caso do Easy Food que, após ser investida por um Fundo (NascenTI), está buscando junto à AgeRio financiamento do Inovacred (ver boxe).

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Em virtude do fundo NascenTI, gerido pela Confrapar e que possui participação acionária indireta da AgeRio, a Easy Food pôde dar um salto de crescimento, relatou Guilherme Cohn, sócio e líder da área de finanças da empresa. A Easy Food é uma provedora de solução de meios de pagamento para cantinas escolares, ao mesmo tempo que agrega funcionalidades de nutrição. Conforme explicou o sócio, a partir de um cartão pré-pago a criança não precisa mais usar dinheiro no ambiente escolar. “Inicialmente, retiramos o dinheiro de circulação com o cartão pré-pago e, depois, no momento em que temos uma análise estatística bem profunda em relação ao que é consumido na cantina, conseguimos promover, junto à escola e à cantina, hábitos alimentares mais saudáveis. Nós conseguimos identificar para a escola quais são os alimentos com pior qualidade nutricional, conseguimos recomendar o consumo adequado. O objetivo é levar hábitos alimentares mais saudáveis”, disse. O aporte de R$ 2,3 milhões recebido pela Easy Food no ano passado, por meio do fundo NascenTI, significou, segundo Cohn, um “recurso fundamental” para a empresa. “Sem esse tipo de recurso, seria impossível para a empresa crescer, se estruturar, profissionalizar a sua gestão. Quando você tem esse aporte, a principal coisa é que você consegue trazer pessoas muito boas para o time. Isso, na verdade, fez com que a gente desenvolvesse essa plataforma completa de meios de pagamento e educação alimentar. Conseguimos trazer profissionais de nutrição muito qualificados, também pessoal de tecnologia. Tudo isso com o aporte que o fundo trouxe”. Além disso, conta, foi possível expandir a tecnologia carioca para outros mercados, como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. “Tudo isso graças ao aporte. Foi muito importante para a gente se estruturar e crescer”. A Easy Food nasceu em 2011, em Macaé, no norte do estado do Rio de Janeiro. No ano seguinte, recebeu o primeiro aporte de R$ 600 mil de investidores-anjo (pessoas que investem recursos próprios em empresas nascentes com potencial de desenvolvimento), reunidos na LAB22, que é uma empresa que funciona como aceleradora de investimentos. Em 2013, recebeu o apoio do fundo NascenTI.

Noel Joaquim Faiad

Exemplo

Dário Araújo, diretor da AgeRio, e Guilherme Cohn, sócio da Easy Food, empresa inovadora apoiada pelo fundo NascenTI, que possui participação acionária da agência de fomento.

A AgeRio usa recursos próprios nas participações. Como a agência é cotista de fundos que, por sua vez, têm outros cotistas, os recursos aplicados acabam alavancando novos investimentos, que trazem retorno para o estado. “O retorno não é só a nossa participação direta. É o que aquele fundo faz de aplicação na economia do estado”, ponderou Dário. Dentro do orçamento anual da instituição, é previsto um valor para ser trabalhado no segmento de renda variável. Este ano, a dotação é de R$ 20 milhões, valor que pode evoluir, dependendo do resultado que for obtido. A expectativa é que o retorno dos investimentos ocorra entre quatro ou cinco anos, “que é quando as empresas amadurecem e começam a gerar retorno dos investimentos”, explicou. Após a análise das oportunidades de negócio do ponto de vista econômico-financeiro e jurídico, os comitês de investimento opinam sobre os projetos, contando com a participação de especialistas do mercado. “Depois, dependendo do valor de comprometimento a ser subscrito, nós submetemos à diretoria executiva e até mesmo ao Conselho Diretor da agência. O procedimento faz parte do processo de governança corporativa para aprovar as oportunidades de negócio”, detalhou o diretor. Como se trata de recursos públicos, tem que ter uma estrutura de governança sólida, acrescentou Dário. “Tem que prevalecer a técnica, sempre, para que a gente tenha sucesso e traga bons frutos para alavancar a economia do estado”. O foco, reiterou, é desenvolver a empresa, mas também gerar resultado. Por isso a análise das oportunidades deve ser criteriosa, mas com expectativa de retorno. “Alavancar, sim, a economia, fazer a empresa ficar madura e gerar emprego, mas com a expectati vade remuneração do capital”, concluiu.

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REPORTAGEM

ANIVERSÁRIO

Por Carmen Nery

Desenvolvimento em três vozes Agências de fomento do Amazonas, Amapá e Roraima completam 15 anos e projetam futuro; passados os principais desafios, instituições projetam investir em inovação e ampliar sua interlocução com outros agentes econômicos do país

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rês das principais agências de fomento da região Norte – Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas), Afap (Agência de Fomento do Amapá) e Aferr (Agência de Fomento do Estado de Roraima) – estão completando 15 anos de atuação no apoio ao desenvolvimento econômico da região. Juntas, elas atuam em estados que possuem pouco mais que cinco milhões de habitantes, mas com o grande desafio de conjugar o crescimento econômico e o desenvolvimento social e sustentável. E assim, se tornarem cada dia mais importantes para o desenvolvimento de suas regiões.

Afeam. A privatização aconteceu em seguida: o BEA comercial foi vendido em leilão e os seus ativos transferiram-se para o Bradesco. A Afeam foi constituída em Assembleia Geral realizada no dia 4 março de 1999, tendo como acionista controlador o Estado do Amazonas, que subscreveu 99,9% das ações, e acionista minoritário o município de Manacapuru. Rege-se pela Lei Federal 6.404/76, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, definindo-se como instituição financeira não bancária, subordinada à fiscalização e à supervisão do Banco Central do Brasil e organizada sob a forma de sociedade anônima de capital fechado. A agência originou-se do segmento de crédito agrícola do BEA e incorHistória – No final da década de 1990, porou os funcionários a ela vinculao governo federal resolveu reduzir a dos, compondo um quadro técnico presença do Estado na atividade finanexperiente e qualificado. Isso lhe perceira bancária e editou uma série de mitiu organizar com rapidez e eficiênMedidas Provisórias estabelecendo cia seus manuais e normas técnicas e mecanismos para a privatização, extinestruturar-se para cumprir os objetição ou transformação em agências de vos sociais definidos no art. 4º do seu fomento de instituições financeiras sob Estatuto: concorrer para o desenvolcontrole acionário de unidades da fedevimento econômico e social do Amaração. Foi nesse contexto que o Goverzonas, realizando estudos e pesquisas no do Amazonas recebeu autorização e desenvolvendo operações de crédino dia 12 de novembro de 1998, para to, financiamento e investimento privatizar ou federalizar o Banco do Evandor Geber Filho, direcionadas para os diversos setores Estado do Amazonas SA (BEA) e para presidente da Afeam da atividade econômica, prioritariaconstituir a Afeam – Agência de Fomenmente para os pequenos negócios. to do Estado do Amazonas. A empresa Autorizada pelo Banco Central do foi constituída sob a forma de empresa Brasil a iniciar suas atividades no dia 2 de setembro de 1999, pública destinada a promover o desenvolvimento econômino decorrer desses 15 anos de história a instituição credencico do Estado, mediante o financiamento de atividades proou-se como um dos principais agentes de oferta de crédito ao dutivas (Lei Estadual 2.505). setor produtivo do Amazonas: apoiando o crescimento e a O BEA era um banco múltiplo, com atuação em três modernização de empreendimentos industriais, comerciais e segmentos: comércio, desenvolvimento e crédito imobiliário. de serviços; proporcionando a geração de trabalho e empreFoi federalizado e privatizado. Com a federalização, a carteira go, renda e salário; e contribuindo para o fortalecimento da de crédito imobiliário incorporou-se à Caixa Econômica estrutura econômico-social e para a melhoria da qualidade de Federal e a carteira de desenvolvimento foi absorvida pela

“A oferta de crédito por meio da Afeam é um grande incentivo para o desenvolvimento econômico do estado.”

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vida dos amazonenses. “A oferta de crédito por meio da Afeam é um grande incentivo para o desenvolvimento econômico do estado”, registra o presidente Evandor Geber Filho. Entre os programas de fortalecimento da economia amazonense implementados pela agência, ele destaca o apoio às principais cadeias produtivas nos segmentos de borracha,

Números – Em 15 anos de atuação, a agência de fomento investiu R$ 289 milhões no setor rural, por meio de 46 mil operações de crédito. No setor da indústria foram realizadas 29.755 operações, com investimentos de R$ 337 milhões. O setor de comércio e serviço recebeu o maior volume de investimentos: cerca de R$ 519 milhões, através de 61.159 operações de crédito. A Afeam prevê investir em novos projetos direcionados para inovação, apoio ao transporte rodoviário, aperfeiçoamento do processo de concessão de crédito de capital de giro e parceria internacional para apoiar o desenvolvimento d e c a d e i a s p r o d u t iva s potenciais da economia estadual.

Ascom/Afeam

Afap também comemora A agência de fomento do Amapá foi a terceira instituição do gênero a entrar em operação no país em 10 de maio de 1999. Hoje responde por 25% das operações de crédito entre as agências com capital de até R$ 100 milhões e apresentou um crescimento de 1.462,5% em três anos. Para Sávio Peres, presidente da Afeam, No Amazonas, agência de fomento possui capilaridade em todo o estado e, desde seu surgimento, a agência atua essencialmenjá realizou mais de 136 mil operações de crédito para empreendedores de todos os portes. te na economia popular e é a segunda maior agência em microcrédito produtivo orientado. fibra, juta, malva e guaraná, transporte aquaviário, apoio a “Nosso objetivo é o fortalecimento da micro e da pequemecanização agrícola e incentivo aos profissionais liberais. na empresa e dos excluídos do sistema de crédito formal A ação de crédito especial direcionada à categoria de mototradicional: ambulantes, empreendedores individuais, pequetaxistas totaliza investimentos superiores a R$3,6 milhões e nos negócios. Logo no dia seguinte à do MEI (Micro Empredestaca-se entre as de maior alcance social realizadas este ano endedor Individual), já estávamos com produtos prontos pela agência. Está permitindo a efetiva melhoria das condições para oferecer. Os empréstimos vão de R$ 100 a R$ 16 mil, de trabalho de 477 profissionais dessa categoria. “A finalidade com até 14 meses para pagar. Temos um total de 19 linhas de é renovar a frota dos mototaxistas regularizados, proporciocrédito; entre as quais a Credjuv, voltada para o jovem emprenando mais segurança aos profissionais e usuários desse transendedor de 18 a 29 anos, com taxas de 1,5% ao mês e juro porte alternativo”, enfatiza Geber. zero, se o pagamento ocorrer em dia”, enumera Peres. Com o objetivo de proporcionar um melhor serviço a Na primeira semana de agosto, a Afap, em parceria com a seus clientes, a agência lançou no primeiro semestre deste ano Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social seu novo site institucional, com ferramentas para agilizar o (SIMS), foi às comunidades das áreas de ressaca de Macapá atendimento de forma simplificada e amigável, além de inforapresentar às famílias moradoras sua nova linha de crédito: a mações sobre linhas de crédito, checklist, calendários de ações Afap Morar Melhor. A linha visa ao atendimento das exigênde crédito, notícias atualizadas e o portal da transparência – cias mínimas para uma vida mais confortável e segura para a que permite à sociedade obter informações relacionadas à população que ainda não foi atendida pelos programas habiatuação financeira da instituição. RUMOS – 17 – Julho/Agosto 2014


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REPORTAGEM

ANIVERSÁRIO

Ascom / Afap

valor emprestado. Na Afap, irão pagar somente R$ 69,13, além dos mil reais, isso após 18 meses. O que, sem sombra de dúvida, é um grande negócio”, explica Sávio. A flexibilidade, a criatividade e a facilidade com que a agência se movimenta pelos diversos setores da economia amapaense são uma marca da Afeam. Os clientes incluem artistas, camelôs, mototaxistas, empresários do esporte, professores, funcionários públicos, panificadores, jovens empreendedores, profissionais liberais e agora os moradores das comuAfap em diálogo com moradores das periferias do Amapá, por meio de palestras e visitas nidades que habitam nas ressacas às diversas comunidades da região. de Macapá e Santana. Peres é um pioneiro na Afeam, tendo participado de sua fundação em 2000 e onde permanetacionais dos governos federal, estadual ou municipal – que, ceu até 2002 para retornar em 2011. “Partimos de um patrisó em Macapá, passam de cinquenta mil famílias residentes mônio líquido negativo de R$ 3 milhões e fomos conduzindo em áreas de ressaca. uma recomposição patrimonial. Os recursos vêm do tesouro A previsão é de que a Afap atenda duas mil famílias até o do estado, que aportou R$ 11,5 milhões desde 2011, nos perfinal do ano, com oferta de crédito que parte de mil reais, mitindo o maior crescimento patrimonial entre as agências de aumentando, progressivamente, 500 fomento. Segundo pesquisa do Sebrae, reais a cada novo empréstimo, até o a Afeam está entre as cinco maiores limite de três mil reais, com juros de agências de crédito do Amapá. Hoje a 0,5% ao mês e com 18 meses para pagar. carteira ativa é de R$ 16 milhões distriMas que uma linha de crédito, a Afap buídos em 3.112 operações”, enumera Morar Melhor reafirma a razão de ser da o presidente. A meta da agência agora é agência de fomento, que é a de promotornar-se agente das principais instituiver a economia solidária como forma de ções financeiras de desenvolvimento, combater a pobreza nas periferias urbacomo o Banco da Amazônia e o Banco nas. Além de assegurar a dinamização da Nacional de Desenvolvimento Econôeconomia do estado como um todo. mico e Social. “A ideia é fazer com que o dinheiro “Estamos aguardando uma miscircule na própria comunidade e áreas são do BNDES para tentarmos uma de entorno, onde o morador encontra a carteira de microcrédito e depois mão de obra para as reformas que postularmos ser agente operador. E necessita fazer, além de também lojas estamos negociando com o Banco da para comprar seus móveis, etc.”, diz Amazônia para nos tornarmos agente Peres. operador do Fundo Constitucional do O presidente explica ainda que os Norte (FNO)”, anuncia. moradores das áreas de ressaca têm O trabalho da agência tem permitipoder aquisitivo mínimo para contratar do desenvolver setores vitais para a uma linha como a Morar Melhor, inclueconomia do estado, sempre com foco sive alguns moradores já são clientes do no desenvolvimento sustentável. Um Banco do Povo. exemplo é a cadeia produtiva do Açaí, cuja demanda tem “Eles não têm mil reais para pagar de uma única vez a crescido em todo o país. Segundo Peres, a instituição tem compra de móveis e eletrodomésticos de que precisam, mas investido, principalmente, nas vitaminadoras locais, onde se conseguem pagar R$ 59,40 por mês pelo financiamento da prepara o açaí para ser distribuído à população. Há três mil Afap. Muitos deles recorrem às financeiras para conseguir vitaminadoras só na capital. adquirir os mesmos produtos e acabam pagando até 80% do

O trabalho das agências tem permitido desenvolver setores vitais para a economia dos estados, sempre com foco no desenvolvimento sustentável

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Neto Figueredo

“O açaí nos permitiu uma condição ímpar. Hoje o homem da floresta alterou o aspecto predatório e o desmatamento; e, com a economia do açaí, o caboclo tem uma relação mais harmoniosa com a natureza. Por meio de novas técnicas, temos conseguido fixar o homem na floresta sem degradar o ambiente. O fortalecimento dessa economia tem garantido o desenvolvimento sustentável. Hoje, no Amapá, apenas 3% da área estão degradados”, comemora Peres. Ele destacou, ainda, a importância das agências de fomento para o desenvolvimento econômi- Lançado recentemente pela Aferr, programa Açaí Roraima beneficia o agricultor e co pela expertise maior das peculiari- produtor rural com financiamento e assistência técnica. dades locais. “Somos especialistas no estado. Nenhuma outra instituição financeira tem um olhar mais de Amparo ao Trabalhador e do Ministério do Trabalho, e aguçado. É preciso haver um olhar mais atento do governo das linhas da economia solidária”, conclui. federal e do BNDES no sentido de aumentar nossos instrumentos de apoio por meio de linhas do BNDES, do Fundo Roraima – A Aferr, no estado de Roraima, teve sua homologação pelo Banco Central em março de 1999. Além de operar linhas de crédito para financiamento dos mais diferentes segmentos produtivos na região, atua como agente financeiro do Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (Funder), do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI) e Fundo Estadual de Aval (FEA), mecanismos de promoção do desenvolvimento operados pelo governo local. Entre as diversas linhas operadas pela agência, o atendimento ao microempreendedor, por meio da recém-lançada Data de homologação das agências linha CredFácil, tem mudado a vida de muitos pequenos pelo Banco Central empreendimentos no estado. “Estamos trabalhando para fazer com que a Aferr cumpra seu papel junto ao empreendedor. Eles precisam de apoio para crescer e acreditamos no potencial que eles apresentam. Somos o agente de fomento público do Estado e esse é nosso foco”, comenta o presidente da instituição, Murilo Gomes. Por meio do acesso ao crédito produtivo e orientado, o programa tem ajudado a aumentar a renda familiar e gerar posto de ocupação, sobretudo na capital Boa Vista. Em um período de pouco mais de um mês após o seu lançamento, o programa atendeu mais de 70 tomadores de crédito. O fomento ao empreendedorismo rural também está no foco da agência, que tem realizado ações itinerantes ao encontro deste público. “Faz-se necessário que a Aferr estabeleça estrategicamente um contato direto com o produtor rural. O primeiro passo é o atendimento para informação e cadastro. Em seguida damos sequência ao atendimento, até chegar a uma proposta de crédito favorável ao produtor”, explica Murilo Gomes.  RUMOS – 19 – Julho/Agosto 2014


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AMAZÔNIA

Por André Tennitz

SOCIOAMBIENTAL

Compromisso Em uma região onde o tema é particularmente sensível e importante, o Banco da Amazônia tem se destacado pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a preservação do patrimônio natural para as futuras gerações; antes mesmo da Resolução do Banco Central sobre a questão, a instituição já possuía um amplo conjunto de normativos voltados à sustentabilidade

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preocupação com o meio ambiente e com a inclusão social é, cada vez mais, parte do dia a dia das empresas, inclusive das instituições financeiras. Elaborar projetos social e ambientalmente sustentáveis não é responsabilidade apenas de companhias que atuam na chamada economia real, mas uma preocupação crescente também de bancos e entidades dedicadas ao financiamento dos empreendimentos. Atuando em uma região onde o tema sustentabilidade é particularmente sensível e importante, o Banco da Amazônia tem se destacado pelo compromisso com o desenvolvimento econômico e social e com a preservação do patrimônio natural para as futuras gerações. Desde a edição da Resolução 4.327 do Banco Central do Brasil, em 25 de abril passado, todas as instituições financeiras e de crédito que atuam no país estão obrigadas a seguir diretrizes e elaborar Políticas de Responsabilidade Socioambiental, compreendendo a criação de sistemas de gerenciamento de riscos ambientais e a adequação das operações aos ditames da legislação existente sobre o assunto. Muito antes disso, no entanto, o Banco da Amazônia já possuía um conjunto de normativos voltados à sustentabilidade, com foco no crédito concedido a clientes, na adequação dos fornecedores e no aprimoramento das atividades internas. E, desde o início, a instituição participou das discussões com o Banco Central para a definição das novas regras. A Resolução deu força coercitiva a várias iniciativas precedentes, como os Princípios do Equador, adotados por grandes instituições internacionais públicas e privadas a partir de 2003, e, no Brasil, o Protocolo Verde dos Bancos Públicos, de 1995, reformulado em 2008, e o Protocolo Verde da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), de 2010. As ações e práticas bancárias recomendadas por esses documentos, no entanto, eram de adesão voluntária. A partir da Resolução do Banco Central, as Políticas de Responsabilidade Socioambiental passam a fazer parte da política estratégica das instituições financeiras. Desse modo, elas passaram a ter a responsabilidade de analisar o grau de exposição a riscos

socioambientais das atividades e projetos que apoiam, conforme o grau de impacto que provocam no meio ambiente e nas comunidades afetadas. Além disso, precisam adotar procedimentos, rotinas e instrumentos que permitam identificar, avaliar e gerenciar os riscos. E podem, inclusive, responder solidariamente, caso ocorram incidentes sociais e ambientais nos projetos financiados. Ferramentas – Embora já disponha de uma política própria sobre o tema – o atual Plano pela Sustentabilidade compreende o período 2011-2022 –, o Banco da Amazônia, como as demais entidades financeiras, está adaptando suas regras às diretrizes da Resolução 4.327. Oduval Lobato Neto, gerente de gestão de Programas Governamentais da instituição, explica que o banco está investindo em tecnologia para desenvolver ferramentas gerenciais, como a implantação de um banco de dados sobre riscos ambientais, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo normativo do Banco Central. O prazo para adequação vai até 31 de julho de 2015. Em áreas como o crédito rural e atividade extrativa, o Banco da Amazônia já possui diretrizes bastante adiantadas. Desde 2006, por exemplo, não são financiados projetos pecuários que impliquem desmatamento em qualquer grau. Nesse caso, a instituição vai além do previsto no Código Florestal, que permite desmatamento de até 20% das propriedades localizadas na Amazônia Legal. Somente projetos com alto grau de tecnologia e inovação, que possibilitem intensificar o aproveitamento das áreas já desmatadas podem contar com a aprovação do banco, explica Oduval. No caso da atividade madeireira, outro ramo que comporta alto risco ambiental, o banco é bastante rigoroso no sentido de não financiar empreendimentos sem planos de manejo florestal estabelecidos de acordo com a legislação. No caso de serrarias, a documentação de que a madeira é proveniente de áreas licenciadas e regularizadas é uma exigência básica na análise das operações, que leva em conta ainda a instalação de equipamentos de controle da poluição.

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Divulgação

verde Maior complexo logístico do Norte do país, Alianza Business Park teve financiamento do Banco da Amazônia e é um exemplo de empreendimento sustentável: entre outros atributos, dispõe de uma estação de tratamento de esgoto e uma infraestrutura que trata as águas residuais do empreendimento antes do despejo.

Por iniciativa própria, o Banco da Amazônia também não financia projetos de lavouras de fumo. E, de acordo com o que também estabelece a Resolução do Banco Central, não dá apoio de nenhuma espécie à fabricação de armas nem a atividades que impliquem exploração da prostituição ou de trabalho escravo ou infantil. No caso de atividades lícitas, porém com algum grau de risco social ou ambiental, a instituição negocia com os empreendedores medidas de salvaguarda ou mitigação dos impactos, que são aferidas e acompanhadas durante a implantação do projeto. Empreendimentos sustentáveis – Os resultados da preocupação com a redução dos impactos ambientais e sociais podem ser vistos em alguns empreendimentos financiados pela instituição. Em Benevides, a menos de 30 quilômetros de Belém, às margens da BR-316, está prestes a ser inaugurado o Alianza Business Park, o maior complexo logístico do Norte do país, projetado para atender as necessidades de crescimento da região. Com um investimento de R$ 200 milhões, o complexo possui uma área total de 320 mil metros quadrados, sendo 115 mil apenas para armazenagem, heliporto, centro de convenções, restaurante, escritórios, galpão frigorífico e áreas de apoio a caminhoneiros e de preservação ecológica permanente. Pelas estimativas dos idealizadores, o investimento vai gerar 2.500 empregos diretos e 5 mil indiretos, além de reforçar a arrecadação de ICMS do estado do Pará. Um dos destaques é o conceito de sustentabilidade inerente ao projeto. O empreendimento dispõe de diversas áreas verdes, espaço de preservação ambiental e trilha ecológica, que terá catalogação da fauna e da flora. O método de construção adotado, com a utilização de colunas e estruturas pré-moldadas, acelerou a obra e reduziu consideravelmente a geração de entulho em comparação a sistemas tradicionais. O Alianza também dispõe de uma estação de tratamento de esgoto, uma infraestrutura que trata as águas residuais do empreendimento antes do despejo. O projeto incorpora ainda uma política social, reservando um espaço onde serão ministrados cursos técnicos profissionalizantes voltados para a área

de logística e armazenamento, com o objetivo de qualificar a mão de obra local, para trabalhar nas empresas que irão se instalar no local. O Shopping Center Paricá, a ser inaugurado em 2015 na cidade paraense de Paragominas, é outro exemplo da aplicação de princípios socioambientais em empreendimentos econômicos. O centro de compras foi projetado para atender cerca de meio milhão de consumidores, dos quais mais de dois terços pertencentes às classes C e D, em uma região formada por 10 municípios. Com 18 mil metros quadrados de área locável, o Paricá é o primeiro shopping da Amazônia a ter o selo Leed – uma certificação internacional de construção sustentável. Todas as empresas contratadas para a obra estão se adequando às condições de sustentabilidade exigidas, como reaproveitamento de material, coleta seletiva, controle na geração de resíduos e outros. Envolvimento – A Política de Responsabilidade Socioambiental permeia toda a estrutura do Banco da Amazônia, alcançando também os fornecedores e o próprio corpo funcional. Os editais de licitação para a contratação de serviços, como o de reprodução de documentos, e a compra de equipamentos e materiais, como papel e artigos de escritório, são elaborados de modo a atender critérios de sustentabilidade, explica Oduval Lobato Neto. No caso das atividades internas, há diversos programas voltados à otimização do uso de energia e à reciclagem de materiais, bem como ações para melhorar o ambiente de trabalho e a qualidade de vida dos funcionários, passando pela adequação da iluminação dos escritórios, ventilação, uso de móveis ergonomicamente corretos, até orientações sobre alimentação saudável e controle de problemas de saúde. Políticas de patrocínios a ações esportivas e culturais também se preocupam em promover princípios de responsabilidade social e ambiental. “O objetivo é ter todos os nossos produtos, ações e atividades adaptadas à economia verde e certificadas por órgãos externos”, frisa Lobato Neto. “Temos que ter consciência de que tudo o que fazemos tem reflexo no meio ambiente e na sociedade.” 

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OPINIÃO FORTUNAS

Grande engano Marcelo Correa

Antonio Delfim Netto Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento.

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ão é somente entre nós que isso acontece, mas, graças ao bom Deus, o Brasil é um país onde qualquer pequeno problema pode transformarse numa grande paixão. Inventa-se ou (de preferência) copia-se uma ideia e, com um esforço de divulgação, logo se transforma celeremente num modismo. Com um pouco mais de empenho consegue-se colocá-la na Constituição! Aí pronto. Está tudo resolvido! Basta uma lei complementar para regulá-la e a nação encontrará o caminho da felicidade... Talvez haja algum exagero nessa descrição. Mas não será muito. É, por exemplo, o caso do imposto sobre as “grandes fortunas”. O texto constitucional diz: “Art.153. Compete à União instituir impostos sobre: VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.” O cidadão brasileiro imagina que esse item (como tudo o mais do sistema tributário) foi produto de uma longa e meditada discussão, em que se ouviram professores de finanças, historiadores, economistas e, obviamente, o povo. Está convencido de que tal “proposição” foi produto de uma análise cuidadosa das experiências de outros países: que representa a “última palavra” em termos da justiça tributária. Tem certeza que os técnicos nacionais e estrangeiros convocados pela Constituinte foram ouvidos com atenção e mostraram conclusivamente que: 1º) quase todos os países estão adotando impostos sobre “grandes fortunas” e 2º) todo sistema tributário moderno se apoia sobre esse tipo de imposto. Na Inglaterra, a mudança do sistema tributário levou três anos de intensos estudos da Câmara dos Comuns e foram ouvidos dezenas de especialistas ingleses, americanos, suecos e italianos. Nos EUA, a mudança do sistema tributário levou mais do que isso. Na Suécia, o problema foi tratado de forma quase religiosa. No Brasil, não aconteceu nada disso. Em poucos dias um grupo de pessoas com pouca afinidade com qualquer sistema tributário costurou o nosso. Felizmente ficou na costura. A verdadeira história daquele dispositivo é a seguinte: como não havia a menor certeza sobre ele; sobre o que significava; sobre o que pretendia; se era uma necessidade ou um ato de vontade; estabeleceu-se uma polêmica. Para

alguns, ele parecia um “avanço”, pois um imposto sobre as “grandes fortunas” há de ser um “avanço”. Por outro lado, não parecia tão fácil saber em que direção era o “avanço”. Logo, acordou-se o seguinte: como a Constituição não pode esperar porque o povo está lá fora reclamando que “aqui não trabalhamos”, vamos acolher a ideia, mas acrescentar “de acordo com lei complementar”, porque isso dará tempo para que se estude melhor a sugestão. Em poucas palavras: vamos empurrá-la com a barriga para ver como é que fica. É claro que um imposto sobre o patrimônio pode ser um complemento para dar maior justiça tributária ao imposto de renda. Mas é claro, também, que ele apresenta problemas graves e sua implementação é duvidosa. Não há nada que uma regulamentação adequada do imposto de renda não possa fazer com maior justiça e com maior eficiência. O nível de renda pode não ser uma medida exata da capacidade de pagar. O que o imposto sobre o patrimônio líquido pretende é maior equidade horizontal. É por isso que nos países europeus onde ele tem tradição (Alemanha, Dinamarca, Noruega, Holanda, Suécia e França), a sua alíquota é extremamente baixa (a mais alta taxa marginal não passa de 2,5%) e a sua importância na receita geral é desprezível (em torno de 1%). Em 1974 o “Labour” tentou implementá-lo na Inglaterra. O resultado dos estudos foram contraditórios: depois de um ano de trabalho, a comissão apresentou um relatório em 4 volumes com mais de 2.000 páginas e as conclusões se resumem a dois parágrafos, porque não se chegou a um consenso. O imposto foi esquecido. O que aumenta a confusão é quando pessoas defendem que o imposto sobre “grandes fortunas” vai cumprir um papel de distribuição da propriedade, pois obrigaria a venda do patrimônio para pagá-lo, mas ele não tem essa função em nenhum país onde foi instituído. Seria um desastre pelos efeitos catastróficos sobre os níveis de poupança e dos investimentos privados. Chegaram à conclusão que existem meios mais eficientes para diminuir as desigualdades que não comprometem o processo produtivo. 

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UNINDO POTÊNCIAS PARA FINANCIAR UM GRANDE PAÍS


SUL

Regional

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EXTREMO

Por Gilberto Negreiros

Atuação polivalente Após grande êxito na atração da primeira montadora de automóveis de Santa Catarina, agência catarinense do BRDE é convidada a operar fundo estadual de apoio aos municípios; em outra frente, aposta na inovação como área estratégica para o desenvolvimento da região

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Ascom/BRDE

ria financeira” para a atração da fábrica da om uma equipe polivalente reuniBMW para Santa Catarina. Segundo seu relato, da na agência de Florianópolis, o ao se deparar com a complexidade na busca de Banco Regional do Extremo Sul uma fórmula que não entrasse em conflito com (BRDE) tem cumprido um papel a legislação estadual, o governo catarinense relevante na promoção e no planedecidiu recorrer aos especialistas. jamento do crescimento econômico no estado Chamada, a equipe da AGFLO criou o Prode Santa Catarina. Os técnicos da AGFLO, grama BRDE de Apoio a Projetos de Investicomo é conhecida a agência, atuam simultanementos de Segmentos Produtivos Estratégicos, amente na estruturação e execução de três com recursos provenientes da capitalização do ações estratégicas para o desenvolvimento regibanco realizada pelo governo de Santa Catarina onal: a instalação da montadora alemã BMW, a e do sistema BNDES, a custo mais competitivo operação do Fundo de Apoio aos Municípios e tratamento diferenciado. Dirigido aos setores (Fundam) e o financiamento de empresas inoautomotivo, aeronáutico, aeroespacial e de defevadoras. sa, o programa permitiu ao BRDE contratar, Segundo o gerente de Operações, Marcoem 2013, o financiamento da instalação da prine Melo, os êxitos alcançados pela agência se meira montadora da BMW na América Latina, inserem “na tradição de 53 anos que o BRDE no município de Araquari, às margens da rodotem no cumprimento do papel de agente provia BR-101, no norte catarinense. Em estreita motor do desenvolvimento”. Criado em 1961, colaboração com o governo estadual, a ação o banco surgiu de uma iniciativa dos estados Marcone Melo, gerente de gerou o maior contrato de financiamento indido Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Para- Operações da AGFLO: “Santa vidual já firmado pelo banco, de R$ 240 ná, somando forças para fomentar a economia Catarina tem uma economia muito diversificada e com milhões, destinado à infraestrutura da fábrica, da Região Sul. que em outubro próximo iniciará a produção Melo destacou que, além de estar respalda- isso se afirma como grande de seus veículos premium. do na tradição desenvolvimentista, o BRDE polo de inovação”. “A operação da BMW foi um marco históconsolidou a expertise com a experiência adquirico para a agência porque permitiu mostrar que a comperida ao longo de um processo. Os integrantes do seu corpo téctência da nossa equipe técnica não se restringe à atuação no nico acumularam conhecimento na gestão do Programa de repasse de recursos. Demos uma grande prova de que Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec), estrutusomos capazes, também, de estruturar projetos e isso rado para a implantação e expansão de empresas industriais e somou-se à tradição, ao conceito de respeito que o BRDE agroindustriais, oferecendo como incentivo a postergação no tem no mercado”, afirmou Melo. recolhimento do ICMS a ser gerado pelo projeto.

Indústria – Um salto de qualidade, assinalou Melo, ocorreu recentemente. Há cerca de um ano, a agência foi convocada para atuar como “uma das pontas viabilizadoras da engenha-

Desafio – O êxito alcançado com o projeto da montadora alemã abriu à agência as portas do Fundam, da Secretaria de Fazenda. Convocada novamente pelo governo estadual, a

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Ascom/BRDE

AGFLO arquitetou a estruturação do fundo, que destina R$ 623 milhões em recursos não reembolsáveis e sem necessidade de contrapartida para todos os 295 municípios catarinenses. Repassada pelo BNDES, a verba deve ser aplicada em projetos indutores de investimentos. Em forma de contrato de prestação de serviços, a parceria delega à AGFLO a análise técnica dos projetos e a fiscalização das obras. O conjunto de 17 analistas da agência foi mobilizado para cumprir a tarefa dupla do Fundam. Tudo isso acontece sem prejuízo à contratação de novas operações, que nos cinco primeiro meses de Engenharia financeira formulada pelo BRDE em parceria com o governo catarinense 2014 atingiram o volume de R$ 417 possibilitou a construção da fábrica da BMW no município de Araquari; investimento milhões. de R$ 250 milhões foi a maior operação realizada pelo banco em sua história. “No Fundam, estamos em estágio adiantado de aprovação de propostas”, informou Melo. “Dos R$ 623 milhões disponibilizados, R$ Software, Fundação Certi, Sociedade Educacional (Sociesc) e 414 milhões já tiveram a análise concluída e foram encaminhao SEBRAE. Esse conjunto de instituições de tecnologia avalia dos à Secretaria de Fazenda do estado. Cerca de R$ 276 o mérito inovador dos projetos avançando como primeiro pasmilhões foram liberados e R$ 21 milhões já aplicados estão em so para a contratação do financiamento. Os parceiros atuam fiscalização.” também no recebimento de projetos de inovação. Os financiamentos do programa abrangem equipamentos A diversidade da carteira de financiamento do BRDE Inode intervenção viária (pás mecânicas, motoniveladoras e camiva evidencia o sucesso do programa. Há projetos da área de nhões), aquisição de ônibus de transporte escolar e construção informática, de softwares de gestão empresarial, utilização racide postos de saúde e salas de aula. Mas o esforço principal está onal da água e compartilhamento de exames médicos, por concentrado na pavimentação viária. “Mais de mil ruas estão exemplo, em nuvem. A lista se enriquece com empreendimensendo pavimentadas ou modernizadas em todo o estado”, tos como os projetos de uma embarcação para pesquisa hidroacrescentou o gerente. O serviço de pavimentação totaliza gráfica e de uma máquina que facilita o transporte e uso de 1.307 trechos, superando em extensão a rodovia BR-282, que moedas como troco, mediante o uso de bônus. corta de leste a oeste o território de Santa Catarina, de Florianópolis até a fronteira com a Argentina. Subsídios – Melo acrescentou que o programa de inovação mantido pelo BRDE se integra às linhas de financiamento do Inovação – Outra frente estratégica de desenvolvimento na Inovacred, da Finep, e do MPME Inovadora, do BNDES. A qual a AGFLO vem imprimindo a marca da sua presença ativa Finep e o BNDES buscaram subsídios no BRDE para a foré na inovação. “Santa Catarina tem uma economia muito matação destes programas. diversificada e com isso se afirma como grande polo de inovaA agência catarinense do BRDE cumpre sua função de ção”, pontuou Melo. agente estatal de fomento, mantendo o nível de excelência na Neste campo, as ações da agência são realizadas através promoção do crescimento econômico com uma equipe enxuBRDE Inova, criado pelos técnicos do banco. Para que o prota, de apenas 134 funcionários. Desses, mais da metade são anagrama deslanchasse foi necessário, entretanto, superar dificullistas de projetos. No ano passado, foram contratadas 2.947 dades. “A primeira delas era a das garantias”, enumerou. “No operações, que proporcionaram investimentos de R$ 1,899 atendimento às pequenas e médias empresas inovadoras, o bilhão, resultando em 30.065 postos de trabalho gerados ou grande problema é que, geralmente, elas não têm garantias a mantidos e a criação de uma receita adicional de ICMS que atinoferecer para a concessão de financiamento.” giu a marca de R$ 218,39 milhões. Uma das soluções adotadas no âmbito do BRDE Inova Para Melo, isso é motivo de um orgulho que ele não esconfoi a flexibilização das exigências de contrapartida para conde e diz ter explicação na rotina de trabalho adotada. “Evidencessão de crédito. Um dos desafios consistia no estabelecitemente, temos várias coisas a melhorar no BRDE. Mas temos mento de um conceito para determinar, com precisão, o que é também um diferencial extremamente positivo, que é a qualifiou não inovação. Esse obstáculo foi contornado através de parcação da nossa equipe técnica. Os projetos que analisamos são cerias com entidades certificadoras como o Instituto Euvaldo customizados, porque passaram pelo debate caso por caso. O Lodi da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Fundação resultado disso é que ocorre uma intensa troca de ideias e expede Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), Associação de riências, que nos permite ir adquirindo mais qualificação a cada Empresas de Tecnologia (Acate), e Associação das Fundações projeto analisado. Procurar sempre soluções faz parte do nosEducacionais (Acafe), Associação Brasileira de Empresas de so DNA”, arrematou. 




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REPORTAGEM

INTERNACIONAL

Por André Tennitz

O gigante de 50 bilhões de Em um passo considerado ousado, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – o Brics – criam novo Banco de Desenvolvimento e esperam mexer com os tabuleiros da geopolítica mundial

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Marcelo Camargo / ABr

pós dois anos de negociação, os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – formalizaram em 15 de julho a criação do New Development Bank (NDB, Novo Banco de Desenvolvimento). Com capital inicial de US$ 50 bilhões, e autorizado de US$ 100 bilhões, a instituição tem o objetivo de aprofundar a integração econômico-financeira do bloco e alavancar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países-membros e em outras economias emergentes. O banco terá sede em Xangai, na China, e um primeiro escritório regional na África do Sul. Anunciada durante a VI Cúpula de líderes do Brics, em Fortaleza, o NDB é uma demonstração de força e representa o passo mais ousado dado pelo grupo que surgiu em 2006 do acrônimo criado cinco anos antes pelo economista britânico Jim O’Neill, do banco de investimentos nor te-americano Goldman Sachs, para designar as economias emergentes em acelerado processo de desenvolvimento. A instituição surge também em meio à frustração desses países com a falta de avanço das prometidas reformas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para permitir que a estrutura de poder dessas organizações, dominada pelos Guido Mantega: “no banco do Brics, países desenvolvidos, o poder é igual. O importante é quem sobretudo Estados tem o controle acionário, e não Unidos, Inglaterra, França haverá controle acionário de ninguém”. e Alemanha, reflita de RUMOS – 28 – Julho/Agosto 2014


Criação do banco foi formalizada durante a VI Cúpula de líderes do Brics, em Fortaleza; a sede será erguida em Xangai, na China, e a Índia vai assumir a primeira presidência da instituição.

Marcelo Camargo / ABr

dólares

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REPORTAGEM

INTERNACIONAL

maneira mais fiel a atual configuração econômica e geopolítica mundial. Na declaração final do encontro, os líderes do Brics afirmaram estar “desapontados e seriamente preocupados” com o atraso das reformas das instituições multilaterais. A presidenta Dilma Rousseff lembrou que, embora sejam responsáveis por mais de 40% da população e por um quarto do PIB global, os países do Brics têm apenas 11% do poder de voto no FMI. Observou ainda que, com a criação do novo banco, o bloco “ganha densidade política e afirma seu papel no cenário

mundial”, além de “dar uma contribuição importante à reconfiguração do sistema de governança econômica internacional”. Procurou, todavia, evitar um tom de confrontação. “O banco não é contra ninguém. É a nosso favor. É uma constatação de que o mundo é multilateral”, afirmou a presidenta.

Demanda – Apresentada formalmente pela Índia na reunião de cúpula de Nova Délhi, no início de 2012, a proposta de criação de um banco de fomento do Brics se consolidou no ano seguinte, no encontro de Durban, na África do Sul. “Hoje é evidente que as atuais instituições multilaterais, embora tenham expandido sua base de recursos durante a recente crise global, não são capazes de atender às imensas necessidades de investimento dos países emergentes”, afirma o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixador Carlos Márcio Cozendey. “Isso ficou claro, inclusive, em discussões levadas a cabo no G-20 (grupo que reúne as 19 maiores economias e a União Europeia), nas quais os países desenvolvidos deixaram claro que não fariam tão cedo outra capitalização dessas instituições.” O NDB, porém, não se propõe a substituir as fontes tradicionais de financiamento, mas a criar um espaço adicional de mobilização de recursos para as economias em desenvolvimento. Conforme estabelece o artigo primeiro do Acordo Constitutivo do novo banco, que define os objetivos da nova instituição, ela agirá “complementando os esforços existentes de instituições financeiras multilaterais e regionais em prol do crescimento e do desenvolvimento globais”. O NDB nasce com capital maior que o do Banco Interamericano de Desenvolvimento, de US$ 35 bilhões, e do próprio Banco Arranjo Contingente de Reservas (ACR), assinado pelos dirigentes dos cinco Mundial, atualmente de aproximadamente países do Brics, vai disponibilizar até US$ 100 bilhões de reservas internacionais. US$ 40 bilhões. Para a economista Glória Moraes, professora da Faculdade Mackenzie No encontro de Fortaleza, os dirigentes dos países do Brics assinaram tamRio, é importante que os países emergentes, bém um acordo para disponibilizar até US$ 100 bilhões de suas reservas internaque vêm crescendo a taxas superiores à média cionais para se ajudarem mutuamente em caso de problemas de balanço de pagainternacional nos últimos anos, disponham mentos. Cada país terá um limite de recursos que poderá pedir aos sócios se de um instrumento financeiro próprio para enfrentar eventuais crises de liquidez. dar suporte à expansão e suas economias. “O Pelos termos do acordo, denominado Arranjo Contingente de Reservas Banco Mundial e outras instituições multilate(ACR), a China entrará com a maior cota, de US$ 41 bilhões. Brasil, Rússia e rais existentes têm hoje pouco fôlego e Índia vão disponibilizar US$ 18 bilhões cada um, cabendo à África do Sul US$ 5 seguem a agenda imposta pelos Estados bilhões. Em caso de dificuldades, cada país poderá sacar uma vez e meia o valor Unidos e pelos principais países europeus”, correspondente à sua participação. diz ela. “Essas instituições”, acredita, “não Se o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), como emprestador de estão, necessariamente, comprometidas com recursos de longo prazo, pode ter como referência o Banco Mundial, o ACR, o desenvolvimento econômico dos países da voltado a oferecer ajuda para situações emergenciais, se espelha no Fundo periferia sistêmica.” Monetário Internacional (FMI). A ideia é que até 30% do valor da cota possa Os resultados, porém, não deverão ser sacado como empréstimo de curto prazo. Para ter acesso a valores mais eleaparecer no curto prazo. Para que possa ter vados, qualquer um dos países terá que negociar um acordo de ajuste de suas validade, o acordo de criação do NDB precisa contas com o FMI. ser ratificado pelos parlamentos dos países do Marcelo Camargo / ABr

Mecanismo vai ajudar a enfrentar crises de balanço de pagamentos

RUMOS – 30 – Julho/Agosto 2014


Arquivo ABDE

Bancos de fomento vão financiar empresas em moeda local Outro acordo firmado durante o encontro em Fortaleza estabeleceu que instituições de fomento do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul vão disponibilizar linhas de crédito em moeda local para investidores do bloco. No acordo assinado durante a VI Cúpula do Brics, os bancos de desenvolvimento se comprometem a financiar mutuamente as empresas de seus países, dentro de limites fixados previamente. Na prática, o mecanismo vai permitir que empresa chinesa, por exemplo, possa investir no Brasil recebendo créditos em reais do BNDES. Em contrapartida, uma companhia brasileira terá condições de desenvolver projetos na China com crédito em moeda local, fornecido pelo banco chinês de fomento. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho (foto), explicou que o mecanismo deve incentivar a internacionalização das empresas dos cinco países que investem dentro do bloco. “Para investimentos diretos, isso é importante porque as companhias que investem em outros mercados têm suas receitas na moeda local”, observou. No caso do BNDES, segundo Coutinho, o funding para as operações poderá ser obtido no exterior e não vai disputar espaço com as fontes locais de recursos. “O BNDES poderá fazer captações externas. Já fizemos isso de forma bem-sucedida”, disse ele. Brics. Além disso, embora a estimativa oficial seja a de que o banco comece a funcionar em 2016, ele só atingirá a capacidade plena de operação no início da próxima década. Isso porque o capital inicial de US$ 50 bilhões, que será dividido igualmente entre os sócios, não será integralizado de uma só vez. Após a aprovação dos respectivos poderes legislativos, cada país terá de fazer um aporte inicial de US$ 2 bilhões, completando os US$ 10 bilhões de sua cota num período de sete anos. Condicionalidades – Ainda que em grande parte tenha sido concebido num modelo que espelha as instituições multilaterais em atividade, o NDB pretende marcar diferenças importantes na forma de operação. A principal delas será não estabelecer condicionalidades, exigências de ações de política econômica, como privatização e abertura comercial, que se tornaram comuns, por exemplo, nas operações do Banco Mundial a partir dos anos 1980. “Quando se definiu que a nova instituição seria voltada para a área de infraestrutura e para o desenvolvimento sustentável, consolidou-se a ideia de um banco de projetos, e não de policy”, diz Cozendey. “Portanto, o NDB não vai vincular seus empréstimos à adoção de políticas específicas, nem condicionar a liberação de recursos a outros aspectos que não sejam a viabilidade econômica e ambiental dos projetos financiados.” O ato constitutivo do NDB define um escopo bastante amplo para as operações do banco do Brics. A instituição poderá dar suporte a projetos públicos ou privados por meio de empréstimos, garantias, participação acionária e outros instrumentos financeiros. O NDB também deverá cooperar com instituições internacionais e outras entidades financei-

ras, além de prover assistência técnica aos projetos apoiados. “O novo banco abre a possibilidade de acesso a recursos que não os de mercado para financiar projetos, principalmente de infraestrutura e de modernização e atualização de estruturas produtivas, que, geralmente, exigem recursos vultosos e possuem baixas taxas de retorno”, diz Glória Moraes. As diretrizes operacionais, entretanto, ainda serão detalhadas pelos órgãos diretivos da nova instituição, que também deverá captar recursos no mercado financeiro global. Segundo Cozendey, a avaliação é de que o NDB conseguirá obter classificação de risco melhor que a conferida hoje, individualmente, aos países-membros – o que justifica a expectativa de que ele conseguirá operar com custos reduzidos e taxas de juros competitivas. Um ponto importante, de acordo com Glória Moraes, é que a instituição deverá agregar a experiência que os sócios possuem com seus próprios bancos de desenvolvimento – todos eles importantes e decisivos para os projetos nacionais. “Não se pode falar de desenvolvimento econômico da China sem citar o Banco de Desenvolvimento da China, assim como não se pode tratar de desenvolvimento econômico do Brasil sem mencionar o BNDES”, diz ela. Capital – Os sócios fundadores do NDB terão participação equitativa no capital da instituição. Isso significa que cada um dos cinco membros iniciais terá igual poder de voto, e não haverá predominância de nenhum país em detrimento dos demais. Conforme ressaltou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no evento em que a instituição foi anunciada, “no banco do Brics, o poder é igual. O importante é quem tem o controle acionário, e não haverá controle acionário de ninguém”.

RUMOS – 31 – Julho/Agosto 2014


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REPORTAGEM

INTERNACIONAL

O Brics

40% da população mundial

25% do PIB mundial

15% do comécio mundial

11% do poder de voto no FMI

Pelo acordo constitutivo, determinadas decisões estratégicas só poderão ser tomadas por maioria especial, ou seja, mediante dois terços dos votos e a aprovação de pelo menos quatro dos cinco sócios fundadores. “Isso quer dizer que os membros originais terão influência grande, mas nenhum terá o poder de veto”, explica Cozendey. “É uma regra importante, pois impede bloqueios no processo decisório, e abre a perspectiva de uma gestão equilibrada.” O acordo prevê ainda que outros países integrantes da

Organização das Nações Unidas, bancos de investimento e instituições multilaterais poderão se tornar acionistas do banco – como tomadores ou não tomadores de recursos. A entrada desses novos acionistas é justamente um dos casos que terão de ser aprovados por maioria especial dos integrantes do Brics. Os novos membros não poderão ter, individualmente, mais do que 7% do capital, e os cinco países fundadores, em qualquer hipótese, terão sempre garantida uma participação mínima de 55%. Além do capital integralizado e de recursos captados no mercado, o NDB poderá administrar fundos especiais de investimentos formados pelos sócios, que não precisarão seguir a mesma proporção do capital. Esses recursos, porém, não farão parte do capital do banco e, portanto, não influenciarão o poder de voto de cada país. O primeiro desses fundos, segundo Cozendey, deverá ter o objetivo específico de financiar e apoiar tecnicamente a preparação de projetos – área identificada como uma das principais carências dos países do grupo. Governança compartilhada – Haverá um rodízio entre os países-membros na indicação dos dirigentes. O primeiro presidente executivo, conforme ficou acertado na reunião de Fortaleza, será indicado pela Índia, vindo a seguir o Brasil, acompanhado por Rússia, África do Sul e China. O mandato será de cinco anos. Cada país fundador indicará ainda um vice-presidente. A instância máxima de decisão política do novo banco será o Conselho de Governadores. Indicados pelos sócios, os governadores deverão ter status ministerial. Caberá a esse conselho, inicialmente sob o comando da Rússia, definir, a cada cinco anos, as linhas estratégicas de atuação do banco. O órgão se reunirá uma vez por ano, no mínimo, e terá poderes para admitir novos sócios, aumentar ou diminuir o capital, decidir sobre a suspensão de membros que não tenham cumprido com suas obrigações, emendar o acordo constitutivo da instituição, aprovar acordos de cooperação com outras organizações internacionais, deliberar sobre a distribuição de resultados, decidir pelo encerramento das atividades e eleger o presidente executivo. Completa a estrutura o Conselho de Diretores, que será presidido inicialmente pelo Brasil. O board será responsável pela condução das operações gerais do banco e, de acordo com as orientações do Conselho de Governadores, deverá tomar as decisões sobre estratégias de negócios, aprovar operações de empréstimo, garantias ou a utilização de outros instrumentos financeiros, aprovar o orçamento anual e submeter as contas da instituição à aprovação dos governadores. Diferentemente do modelo das instituições multilaterais existentes, o board será não residente, ou seja, não terá sede fixa. Cada sócio fundador apontará um diretor. O modelo, nota Cozendey, é mais próximo ao das modernas sociedades anônimas, onde os diretores representam diretamente os acionistas. Caso ocorra a entrada de novos sócios, o Conselho de Governadores estabelecerá regras, de modo que o total de diretores não passe de 10. Os diretores se reunirão pelo menos a cada quatro meses, terão mandado de dois anos e poderão ser reeleitos.

RUMOS – 32 – Julho/Agosto 2014


Banco do Brics As principais características da nova instituição de desenvolvimento PROPOSTA

África do Sul Banco vai alavancar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países-membros e em outras economias emergentes. A sede será em Xangai, na China, e o primeiro escritório regional na África do Sul.

Brasil

Estimativa inicial para o começo das operações é em 2016.

COMPOSIÇÃO

China

Todos os cinco membros fundadores têm igual poder de voto.

$ Índia

Outros países integrantes da ONU poderão ser acionistas e, assim, membros do Banco.

Capital inicial do Banco será de

US$ 50 bilhões dividido igualmente entre os sócios

Rússia

Decisões estratégicas deverão ser aprovadas por maioria especial (2/3 dos votos) e por pelo menos 4 dos 5 membros fundadores. Não haverá poder de veto.

RECURSOS Cada país terá de fazer um aporte inicial de US$ 2 bi, completando os US$ 10 bi de sua cota num período de sete anos.

GOVERNANÇA Presidente-Executivo mandato rotativo entre os países-membros; o primeiro será indicado pela Índia.

CAPITAL Vice-presidentes cada país fundador indicará um executivo para a função.

BRICS US$ 50 bi

BID US$ 35 bi

Banco Mundial US$ 40 bi

Conselho de Governadores instância máxima de decisão política; indicados pelos sócios, terá o poder ministerial. Conselho de Diretores será coordenado inicialmente pelo Brasil e cada sócio-fundador apontará um diretor, que terá mandado de dois anos e poderá ser reeleito; mesmo com a entrada de novos sócios, o total de diretores não poderá ser superior a 10. O órgão se reunirá pelo menos a cada quatro meses e será responsável pela condução das operações gerais do banco, devendo, entre outras ações, tomar as decisões sobre estratégias de negócio e aprovar o orçamento anual. RUMOS – 33 – Julho/Agosto 2014


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REPORTAGEM

INTERNACIONAL

O banco do Brics é uma pontuação não desprezível Glória Moraes*

N

inguém deveria ter mais dúvidas de que as economias do Brasil, da Índia, da Rússia, da China e da África do Sul são destoantes, se consideramos os países de industrialização tardia. Além das dimensões territoriais, o que implica no fato de possuírem riquezas naturais, elas agregam uma população superior a três bilhões de pessoas e um PIB que alcança US$ 16,2 tri, superior ao PIB dos países da Zona do Euro. Além disso, o crescimento médio da produção dessas economias se destaca, quando analisamos o período compreendido entre 2004 e 2012: o crescimento médio da China foi de 10,20%; da Índia, de 7,50%; da Rússia, de 4,01% ; e do Brasil de 3,73%. E de quanto foi o crescimento médio do PIB dos EUA, no mesmo período? E o do Japão? E o da Alemanha? Todos tiveram crescimento médio em torno de 1%, sendo que os EUA, dentre esses países, foi o que apresentou maior indicador, teve crescimento médio de 1,74%. Logo, todas essas economias que formam o Brics passaram a ser relevantes para a geoeconomia mundial. Primeiro, é bom que se ressalte que criar um banco não é uma coisa fácil, ainda mais num momento de crise capitalista prolongada como a que vivemos. Entretanto a criação de um banco do Brics é uma pontuação não desprezível, neste momento. O que é relevante é que os países que não fazem parte do “pelotão de ponta” da geoeconomia mundial poderão contar com uma alternativa, pois há uma outra proposta em andamento. Parece ser difícil entender que o credo liberal não é o único possível, e que outras economias encontram melhores resultados em função da adoção de outro tipo de política de desenvolvimento. Não faria sentido criar-se um banco do Brics para ser apenas mais uma instituição multilateral, como as já existentes. Desse ponto de vista, bem além dos recursos disponíveis, em prol do crescimento e do desenvolvimento econômico e social, o Banco de Desenvolvimento do Brics deixa claro que há uma outra geoeconomia e geopolítica em andamento. É evidente que as vantagens que ele poderá oferecer são as taxas de juros diferenciadas e prazos melhores, ainda mais quando nos referimos às instituições bancárias privadas. Mas, sobretudo, uma instituição desse porte agregará, certamente, a experiência que esses países possuem com os seus bancos de desenvolvimento, pois todos possuem bancos de desenvolvimento importantes e decisivos para os projetos nacionais que se encontram em andamento. Por exemplo, não se pode falar

de desenvolvimento econômico da China sem se falar do Banco de Desenvolvimento da China (CDB), assim como não se pode falar de desenvolvimento econômico do Brasil sem se falar no BNDES. A história nos ensinou que quase todos os projetos de desenvolvimento nacionais exitosos contaram com recursos criados por instituições bancárias financeiras, quase sempre estatais. Vamos pensar: se hoje alguém fosse fazer um empreendimento privado e necessitasse de recursos de terceiros, como é o mais usual, recorreria a uma instituição bancária privada ou a um banco de desenvolvimento? Por quê? Porque o pressuposto é de que são necessárias taxas de juros baixos e longo prazo, não? E esta é a lógica das instituições bancárias tradicionais? É claro que não! Sabemos que o Banco de Desenvolvimento do Brics terá capital inicial de US$ 50 bilhões, ou seja, este é o seu funding de partida, mas um banco de desenvolvimento é lucrativo, tal como é lucrativo o BNDES. Ninguém pense que um banco de desenvolvimento empresta a fundo perdido, não é isto. Essa instituição tem retorno e até pode e deve, em algumas situações, ampliar prazos e subsidiar juros, mas não pode ser confundido em hipótese alguma com uma instituição bancária tradicional. Em suas operações, visa retorno e lucratividade, mas sua perspectiva é o desenvolvimento, o que implica em financiamento de projetos de longo prazo, principalmente os de infraestrutura. Podemos considerar que ele se diferencia das atuais instituições multilaterais, primeiro, porque o Banco Mundial hoje tem pouco fôlego, e sua agenda segue a imposta pelos EUA e pelos principais países europeus. Depois, porque as atuais instituições multilaterais bancárias financeiras, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimentos, e outras instituições menos importantes, não estão, necessariamente, comprometidas com o desenvolvimento econômico dos países da periferia sistêmica, mas sim com projetos específicos, humanitários, grande parte das vezes, mas nem sempre dispostos a financiar a infraestrutura e a promover o crescimento. 

*Economista. Coordenadora do curso de mestrado em Relações Internacionais do Centro de Estudos Brasileiros e Latino-Americanos (CEBELA) e professora de Economia da Universidade Mackenzie-Rio

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SISTEMA NACIONAL DE FOMENTO AFAP – Agência de Fomento do Estado do Amapá S/A Presidente: Sávio Peres www.afap.ap.gov.br

BANDES – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A Presidente: Guilherme Henrique Pereira www.bandes.com.br

AFEAM – Agência de Fomento do Estado BANPARÁ – Banco do Estado do Pará S/A Presidente: Augusto Sergio Amorim Costa do Amazonas S/A www.banparanet.com.br Presidente: Evandor Geber Filho www.afeam.am.gov.br BB – Banco do Brasil S/A AFERR – Agência de Fomento do Estado Presidente: Aldemir Bendine de Roraima S/A www.bb.com.br Presidente: Murilo Gomes Pereira www.aferr.rr.gov.br BDMG – Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais S/A AGEFEPE – Agência de Fomento do Presidente: Júlio Onofre Mendes Estado de Pernambuco S/A www.bdmg.mg.gov.br Presidente: Agnaldo Nunes de Souza www.agefepe.pe.gov.br BNB – Banco do Nordeste S/A Presidente: Nelson Antônio de Souza AGERIO – Agência de Fomento do www.bnb.gov.br Estado do Rio de Janeiro S/A Presidente: José Domingos Vargas BNDES – Banco Nacional de www.agerio.com.br Desenvolvimento Econômico e Social Presidente: Luciano Coutinho AGN – Agência de Fomento do Rio www.bndes.gov.br Grande do Norte S/A Presidente: João Augusto da Cunha Melo BRB – Banco de Brasília www.agnrn.com.br Presidente: Paulo Roberto Evangelista de Lima BADESC – Agência de Fomento do www.brb.com.br Estado de Santa Catarina S/A Presidente: Luis Antônio Ramos BRDE – Banco Regional de www.badesc.gov.br Desenvolvimento do Extremo Sul Presidente: Jorge Gomes Rosa Filho BADESUL – Badesul Desenvolvimento www.brde.com.br S/A – Agência de Fomento RS Presidente: Marcelo de Carvalho Lopes CAIXA – Caixa Econômica Federal www.badesul.com.br Presidente: Jorge Fontes Hereda www.caixa.gov.br BANCO DA AMAZÔNIA – Banco da Amazônia S/A DESENBAHIA – Agência de Fomento do Presidente: Valmir Pedro Rossi Estado da Bahia S/A www.bancoamazonia.com.br Presidente: Vitor Lopes www.desenbahia.ba.gov.br BANCOOB – Banco Cooperativo do Brasil S/A DESENVOLVE – Agência de Fomento do Presidente: Marco Aurélio B. de Almada Estado de Alagoas S/A Abreu Presidente: Antonio Carlos Quintiliano www.bancoob.com.br www.desenvolve-al.com.br

DESENVOLVE SP – Agência de Desenvolvimento Paulista Presidente: Milton Luiz de Melo Santos www.desenvolvesp.com.br FINEP – Inovação e Pesquisa Presidente: Glauco Arbix www.finep.gov.br FOMENTO PARANÁ – Agência de Fomento do Paraná S/A Presidente: Juraci Barbosa Sobrinho www.fomento.pr.gov.br GOIÁSFOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Goiás S/A Presidente: Humberto Tannús Júnior www.fomento.goias.com.br MT FOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S/A Presidente: Mário Milton Verlangieri Ferreira Mendes www.mtfomento.mt.gov.br PIAUÍ FOMENTO – Agência de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí S/A Presidente: Antônio Luiz Medeiros de A. Filho www.fomento.pi.gov.br SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Presidente: Luiz Eduardo Barretto Filho www.sebrae.com.br


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ARTIGO COOPERATIVISMO FINANCEIRO E SISTEMA BANCÁRIO GLOBAL

O que vem por aí? “Perca dinheiro da firma, e eu serei compreensivo. Perca uma migalha da reputação da firma, e eu serei impiedoso”. (Warren E. Buffett, investidor)

Ênio Meinen

F

terão de disputar espaço com entrantes não convencionais, dispostos a colocar na berlinda a intermediação financeira tal como a conhecemos e hoje praticamos. Por aqui, os desafios principais transitam ao largo dos dois primeiros temas, vez que o incidente que abalou a banca internacional não contagiou – ou muito pouco afetou – o sistema financeiro local, naquele momento já muito bem regulamentado e adequadamente supervisionado, e que não vinha apostando em ativos de mesma precariedade. A atenção com os agentes h e t e r o d oxo s q u e e s t ã o ingressando no mercado de serviços financeiros (considerada a principal ameaça à prática bancária tradicional), contudo, está na pauta, a cuja ordem do dia deve-se acrescentar, ainda, como meta doméstica, a busca por uma maior eficiência operacional, visto que nesse quesito, no geral, as Instituições Financeiras (Ifs) brasileiras – cooperativas, entre elas - estão bastante aquém das congêneres norte-americanas, europeias e, especialmente, asiáticas (conforme dados do BIS – banco central dos bancos centrais). Além de lidar com essas macroquestões, conforme pesquisa – no formato de entrevistas – realizada pela PriceNoel Joaquim Faiad

ora do Brasil, notadamente nos Estados Unidos e na Europa, as grandes preocupações da indústria bancária começam pela reconquista da confiança perdida em razão da crise financeira que eclodiu em 15 de setembro de 2008 (originada em meados de 2007 no mercado hipotecário norte-americano de alto risco, mais conhecido como subprime), pelo aperfeiçoamento da regulação do setor (em decorrência da própria crise) e avançam na direção da busca por novos clientes, campo em que

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Ênio Meinen é advogado, pós-graduado em direito (FGV/RJ) e em gestão estratégica de pessoas (UFRGS), e autor/coautor de vários artigos e livros sobre cooperativismo financeiro – área na qual milita há 30 anos –, entre eles: “O cooperativismo de crédito ontem, hoje e amanhã” e “Cooperativismo financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios”. Atualmente, é diretor de operações do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob).

Ascom/Bancoob

publicado sob o título “O cooperativismo financeiro e os canais de (auto)atendimento”.

waterhouseCoopers (PwC (La banca'retail'en 2020, ¿Evolución o revolución?) junto a 560 dirigentes de entidades financeiras em 17 países diferentes, o sistema financeiro ao redor do mundo terá de adaptar-se a algumas grandes mudanças nos próximos anos, com destaque para: 1) A revisão do seu modelo de negócios, substituindo o foco no produto pelo relacionamento com o cliente/usuário. Atualmente, as instituições financeiras, incluindo – com exceções pontuais – as cooperativas, conhecem apenas superficialmente o seu público, ao passo que o portfólio de produtos e serviços se mostra bastante completo. Os modelos de relacionamento terão de ser aprimorados de modo a permitirem um domínio mais aprofundado sobre o perfil e os hábitos de consumo dos usuários. Nesse particular, as cooperativas largam em vantagem, podendo antecipar-se nas correspondentes ações, pois estão bem mais próximas dos seus cooperados do que os bancos dos seus clientes. 2) A simplificação dos modelos operativos e a otimização das redes de distribuição. No formato de hoje, as dependências físicas ainda são a referência no contato com os usuários. Logo mais (a rigor, isso já vem ocorrendo...), entretanto, assumirá grande relevância o conceito de instituição financeira direta, em que o autosserviço deixará margem bem menor para o atendimento convencional. Em tal cenário, além da intensificação dos investimentos nos canais digitais, vislumbra-se a necessidade de alianças com redes de varejo não financeiras e uma reformulação dos espaços físicos dos bancos e das cooperativas financeiras (essa tendência é explorada mais detidamente em outro artigo,

3) A informação como vantagem competitiva. As instituições capazes de rapidamente integrar as bases de dados e informações de suas diferentes áreas – comercial, operacional, riscos, financeira etc. –, e explorá-las no relacionamento com os usuários, tenderão a ser as vencedoras, antecipando-se na conquista de mercado. 4) O impulso à inovação. A dinâmica imposta pela mudança de hábitos e práticas dos usuários, impulsionada pelo avassalador progresso tecnológico, exigirá dos bancos – e das cooperativas também – constante renovação de seu “cardápio” e contínua reinvenção de seus processos. As instituições mais atentas e dispostas e adaptar-se com maior celeridade, amparadas em orçamentos aderentes aos investimentos reivindicados, manterse-ão na dianteira. 5) A gestão mais proativa dos riscos, do capital e da regulação. Diferente de antes da crise, quando a preocupação com este aspecto não se situava entre as mais imediatas das organizações – notadamente fora do Brasil, em que o setor era submetido a baixo grau de regulamentação –, doravante a cautela terá de ser redobrada, já que os modelos regulatórios vêm avançando em densidade e complexidade, e os órgãos de supervisão tenderão a ser menos flexíveis. Nesse novo ambiente, em tom de proatividade, boas práticas de gestão, que ponderem adequada e tempestivamente os riscos das estratégias operacionais, haverão de constituir a tônica. O horizonte, portanto, aponta para algo mais consistente, algo verdadeiro e coerente a longo prazo, prudência que desde sempre integra o próprio DNA do cooperativismo financeiro. A lógica da insustentabilidade de ganhos baseados em ativos sem lastros sólidos, portanto, deverá sensibilizar os administradores e os próprios acionistas. Com isso, a reputação se restabelecerá e os investidores e usuários em geral voltarão a confiar no sistema. Ganharão todos! 

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REPORTAGEM

EXPANSÃO

Por Ricardo Vieira

Novos caminhos

Lin Lima

Campus Fiocruz da Mata Atlântica, com cinco milhões de metros quadrados, se torna diferencial atrativo na recepção de indústrias na área de ciência e tecnologia; grande empresa de biofármacos começa a operar no local em 2015

Parceria da Fiocruz com a empresa Bionovis fará nascer dentro de um ano uma grande indústria farmacêutica de biofármacos para o tratamento de artrite reumatoide e câncer; será a primeira do tipo no país.

Q

uem passa pela Avenida Brasil, principal porta de entrada e saída do Rio de Janeiro, pode se surpreender com um imponente castelo de arquitetura destacada em meio à degradada paisagem da maior avenida em extensão do país. É o Castelo Mourisco, o grande símbolo da Fiocruz, com cinco andares, decorado com afrescos e mandalas por toda a construção, feita com inspiração nos palácios mouriscos espanhóis. Aqueles que têm a oportunidade de visitá-lo também acabam impressionados com o tamanho da sede da Fundação. O visitante pode encontrar exposições, peças teatrais e outras tantas atrações, além de um trenzinho que percorre parte dos 800 mil metros quadrados do local. Mas esse tamanho se apequena quando comparado ao do “irmão” mais novo do campus principal da Fundação. Há mais de quatro anos a instituição também conta com o Campus Fiocruz da Mata Atlântica (CFMA), situado em Curicica, na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ao todo, são nada menos que cinco milhões de metros quadrados de uma área rara para a cidade, com cerca de 90% do terreno composto pelo bioma Mata Atlântica. “É

uma excelente oportunidade para se estabelecer uma ocupação baseada nos princípios da sustentabilidade”, afirmou à época do lançamento do CFMA, em 2010, o coordenador do novo campus, Gilson Antunes. Porém a décima parte do terreno também tem muita importância, com comprovação atestada em julho deste ano, quando foi divulgada a parceria da Fiocruz com a empresa Bionovis. Dessa junção vai nascer dentro de um ano uma grande indústria farmacêutica de biofármacos para o tratamento de artrite reumatoide e câncer. “A importância da Bionovis naquele terreno, para além de garantir uma nova fronteira de biofármacos e a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS), também significa estar integrada a uma região com condições especiais de beleza e patrimônio ecológico, mas que estava numa área de risco e sem projeto de desenvolvimento”, comemora o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. O Campus Fiocruz da Mata Atlântica apareceu como um importante fator na disputa entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina para sediar a nova empresa, que deverá investir R$ 500 milhões nos próximos cinco anos e que, em contrapartida, vai receber incentivos fiscais do governo esta-

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dual para sua instalação. A importância vital do novo empreendimento é evidenciada com o dado de que o Brasil hoje é totalmente dependente de importações no setor. A indústria de biológicos movimenta US$ 160 bilhões de dólares, sendo US$ 6 bilhões apenas no Brasil. Ás na manga do Rio, o terreno do CFMA tem uma relação de mais de uma década com a Fiocruz. Começou em 2003, quando a instituição recebeu o chamado Setor 1 do local (o maior e mais bem preservado), com cessão precária. Em 2007, a cessão foi consolidada por 50 anos e dois anos depois teve início o processo de doação definitiva da área à Fiocruz. Os outros setores do terreno são o 2, onde funcionava a extinta Colônia Juliano Moreira – hospital psquiátrico que foi referência nacional durante grande parte do século passado; o 3, que foi cedido à Secretaria de Habitação para assentar pessoas desabrigadas; o 4, vendido pelo Exército; o 5, onde está instalado o Hospital Rafael Pedro Souza; e o 6, onde se encontra o Centro Hélio Fraga. Um ano depois do início da cessão do espaço, em 2004, a Fiocruz logo definiu três eixos de atuação do então Campus Jacarepaguá 1: fitomedicamentos, patrimônio cultural da saúde e biodiversidade e saúde. Mais tarde, em 2005, foi criado o Programa de Implantação do Campus de

Mais sobre a indústria de biofármacos A parceria que colocou o CFMA nos noticiários recentemente vai garantir a primeira indústria do tipo do país. A Bionovis foi criada em 2012 em uma união das gigantes EMS, Aché, Hypermarcas e União Química. Cada uma delas terá 25% das ações da nova indústria. O complexo processo de produção dos medicamentos biológicos acontece a partir de células vivas modificadas geneticamente. Eles são desenvolvidos para tornar inativos mecanismos específicos de certas doenças, e são adequados para diversas categorias de produtos, desde terapia celular contra o câncer até terapias gênicas e vacinas. São muito mais precisos e seletivos do que a maioria dos remédios convencionais. “Não tem nada no setor de saúde que seja mais inovador e relevante do que o projeto de se produzir no Brasil biofármacos”, afirma o presidente da Bionovis, Odnir Finotti. Os remédios fabricados pela nova indústria devem estar em três anos no mercado, pois esse é o prazo para que as suas patentes sejam expiradas. Na lista de produtos estão os remédios Rituximabe (linfoma e artrite reumatoide), Etanercepte (oncológico), Infliximabe (artrite reumatoide), Cetuximabe (oncológico), Trastuzumabe (oncológico) e Bevacizumabe (oncológico). Eles serão vendidos ao Ministério da Saúde para distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o governo deverá ser o principal comprador da Bionovis. A ideia é reduzir o deficit da balança comercial da saúde. A expectativa é de uma economia de pelo menos R$ 460 milhões nos próximos cinco anos.

Jacarepaguá. Com ele, o Plano Diretor e o Plano de Regularização Fundiária também foram criados. Além disso, o programa articulou ações para conhecer o novo território. Projetos de captação de recursos externos foram elaborados e alianças com outras instituições para viabilizar a implantação do CFMA começaram a ser costuradas. Sustentabilidade – Desde o início, a Fiocruz buscou uma ocupação exemplar para o terreno. De cara, implementou três projetos para coleta seletiva solidária. Um deles, o da Colônia Juliano Moreira, recebeu fomento de quase R$ 35 mil. Mais tarde, em 2013, o CFMA lançou um projeto ecológico com apoio do BNDES. O Projeto de Recuperação e Restauração Ecológica foi orçado em R$ 2,5 milhões e teve origem com a proposta de gerar modelos sustentáveis para a restauração florestal e conservação dos serviços ambientais. “Toda a região do CFMA, que no passado sediou fazendas de cana de açúcar e café, passou por séculos de devastação. Em geral, em 1 hectare de Mata Atlântica encontram-se cerca de 400 espécies de árvores. Aqui, no entanto, estamos encontrando uma média de apenas 50”, contou a bióloga Andrea Vanini, uma das coordenadoras do projeto. Nesse programa, outro problema observado pela bióloga foi a expressiva quantidade de espécies exóticas – como pés de jaqueira e jamelão – a serem retiradas e substituídas por plantas nativas da Mata Atlântica. “Isso tem que ser feito de maneira equilibrada, porque a fauna da região já está acostumada com essas árvores e delas extrai seus alimentos”, explicou Andrea, acrescentando que o enriquecimento ambiental é uma das tarefas do projeto. Riqueza histórica – A Casa de Oswaldo Cruz (COC) fez o levantamento do patrimônio histórico e arquitetônico do Campus e também fez os levantamentos arqueológicos. Da lista de sítios arqueológicos constam ainda um cemitério, uma senzala, uma igreja e a sede da antiga fazenda. O local está tombado pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico. A região de Jacarepaguá foi, desde o início da colonização portuguesa, ocupada por engenhos de cana-de-açúcar. A partir da década de 1830 transformou seus antigos engenhos de açúcar em fazendas de lavoura de café. Na área do Campus encontra-se o Maciço da Pedra Branca, que circunda os bairros de Guaratiba a oeste, Bangu e Realengo ao norte, Jacarepaguá a leste, Barra da Tijuca a sudoeste, Recreio dos Bandeirantes e Grumari ao sul e Campo Grande a noroeste. No maciço está um dos maiores parques urbanos do mundo, o Parque Estadual da Pedra Branca, que tem cerca de 12,5 mil hectares de área coberta por vegetação típica de Mata Atlântica. O parque tem uma importante rede hidrográfica, já que parte dela contribui para o abastecimento de água da região circunvizinha, destacando-se as represas do Pau da Fome e do Camorim, das Taxas e do Engenho Novo. A área ainda conta com oito bacias principais e 53 microbacias. “É um território rico em termos da história de ocupação humana. Já foram encontradas, por exemplo, peças como machados e outros objetos produzidos por indígenas que habitavam a região séculos atrás”, relata o coordenador Gilson Antunes.

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PELO MUNDO

Estados Unidos

Também no Norte! Wellington Santos Damasceno* * O artigo não expressa a opinião do Banco do Nordeste do Brasil S/A

Divulgação

O quarto artigo da série “Pelo Mundo” foi escrito por Wellington Santos Damasceno e trata da Overseas Private Investment Corporation (Opic), uma Instituição Financeira de Desenvolvimento controlada pelo governo estadunidense. Wellington explica como o Opic funciona e chama atenção para a importância das instituições públicas de desenvolvimento para o crescimento econômico e a geração de empregos mesmo em países de cunho mais liberal. Wellington é economista, mestre em economia e economista no Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste do Brasil. Fernanda Feil, economista e gerente de Estudos Econômicos da ABDE.

O

debate sobre a importância das políticas públicas para o desenvolvimento dos países emergentes ganha novos contornos e visões que se revigoram de tempos em tempos. No entanto, elas sempre estiveram presentes e continuam até hoje, mesmo nos países mais liberais. Existem diversas maneiras dos governos estarem presentes na promoção do desenvolvimento. Um dos instrumentos, largamente conhecido, são as Instituições Financeiras para o Desenvolvimento, que, por meio de fundos e carteiras específicas, apoiam o investimento dos mais variados portes, setores e atividades. Dos Estados Unidos, podemos conhecer e analisar a atuação da Overseas Private Investment Corporation (Opic), que atua na promoção de negócios de empresas norteamericanas em economias emergentes. Sob uma rápida análise, a Opic poderia ser vista tão somente no papel de um banco de ajuda a países em desenvolvimento. No entanto, tem como missão o desenvolvimento de negócios e a geração de empregos também dentro dos Estados Unidos. A Opic é uma instituição financeira de desenvolvimento do Governo dos Estados Unidos, que possui a capacidade de mobilizar capital privado para ajudar a resolver desafios do desenvolvimento americano em conjunto com a política externa desse país. Trabalhando com o setor privado, permite que os negócios de empreendedores americanos tenham bases seguras em mercados emergentes, gerando receitas, empregos e oportunidades de crescimento nos Estados Unidos e no exterior. Para o alcance de sua missão, a instituição oferece aos empreendedores financiamentos, garantias, seguros e apoio com os fundos de investimentos. Criado como uma agência do governo dos Estados Unidos em 1971, a Opic opera com uma base autossustentável. Os serviços do banco estão disponíveis para expansão de novos negócios em mais de 150 países ao redor do mundo. Em sua história, já apoiou mais de quatro mil projetos inves-

tindo pelo menos US$ 200 bilhões. A estimativa é de que mais de US$ 76 bilhões em exportações tenham sido gerados nos Estados Unidos, apoiando mais de 278 mil empregos em território americano. Para tanto, o Office of Investment Policy (OIP) da instituição segue políticas de desenvolvimento em suas análises, refletindo nos projetos, os requerimentos estatutários e gerais do mandato da Opic. Especificamente a instituição apoia projetos que: - São ambiental e socialmente sustentáveis; - Respeitem os direitos humanos, incluindo direitos dos trabalhadores; - Impactem positivamente o desenvolvimento dos países receptores; e - Não impactem negativamente a economia dos Estados Unidos. A Opic é ativa e, para garantir os interesses americanos, os projetos passam por rigorosa análise econômica para serem apoiados pela instituição. Por sua vez, o OIP é responsável por avaliar o potencial impacto econômico nos Estados Unidos e nos países receptores dos projetos apoiados pela instituição. A análise tenta garantir que os requerimentos do estatuto do Opic sejam atendidos, conforme o mandato dado pelo Congresso quando de sua criação. Essa análise, chamada de Development Impact Profile (DIP), é exigida pelo Foreign Assistance Act de 1961. Para o trabalho de análise, o OIP depende fortemente das informações enviadas pelos investidores à Opic por meio de formulários próprios. O envio de materiais complementares, incluindo planos de negócios, declarações financeiras e projeções de fluxos de caixa, ajuda o OIP a ter uma compreensão geral do projeto. Dependendo das especificidades do projeto o OIP pode pedir mais informações aos empreendedores. O escritório realiza uma análise do impacto esperado do

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projeto no emprego e no balanço de pagafinanceiras de desenvolvimento garante mentos dos Estados Unidos. Dependendo também a ampliação da taxa de sucesso do projeto, a avaliação do OIP pode incluir dos planos de desenvolvimento. “A existência uma revisão profunda da atividade e previAlém da autonomia para a promoção sões de impacto para a economia nortedo desenvolvimento, a justificativa para a de instituições americana. Adicionalmente são calculados existência de instituições financeiras para financeiras de os possíveis efeitos positivos no emprego este fim ganhou novo impulso após a crinos Estados, a exemplo das compras a se de 2008. Analisando a ampliação da desenvolvimento serem realizadas pelo projeto. ação das instituições financeiras públicas garante, além Selecionamos como exemplo o projede desenvolvimento naquela época, to da pequena empresa Sambazon. A ficou clara a importância dessas instituida autonomia, empresa localizada em San Clemente, na ções e seus respectivos fundos para a a ampliação Califórnia, identificou o potencial do açaí, segurança do sistema e garantindo a conque possui o apelo de alimento saudável e tinuidade dos investimentos. da taxa de sucesso que também poderia ser processado como Apesar das justificativas apresentados planos de bebida. Em sua análise, a Opic identificou das, o debate acerca de instrumentos que o projeto, além de beneficiar mais de para o desenvolvimento ainda existe, pordesenvolvimento.” dez mil famílias produtoras do fruto no que ações e políticas antes adotadas e ainBrasil, também afetaria positivamente da presentes, como é o caso da Opic, são mais que o dobro daquele número na base muitas vezes criticadas por países já de empregos nos Estados Unidos. desenvolvidos. Como pode ser visto, a Opic também apoia pequenas Essa visão ganhou um contorno interessante quando o empresas americanas. A instituição conta com serviços que economista sul-coreano Ha-Joon Chang denominou a crítica incluem o apoio à elaboração de planos de negócios, captação dos países desenvolvidos às medidas tomadas pelos países de recursos, assistência técnica, treinamentos, assistência à em desenvolvimento como “chutar a escada” – ou seja, aqueexportação e análise de viabilidade do negócio. les que já subiram com o apoio de diversas medidas, incluinAlguns projetos são considerados sensíveis a partir da do a ação de direta das Instituições Financeiras Públicas de perspectiva da economia americana. No entanto, a instituição Desenvolvimento, “chutam a escada” daqueles que ainda pretem poucas categorias de proibição. A principal delas, sempre cisariam utilizar os mesmos meios para o alcance de seus plaobservada na análise de todos os projetos, é a intenção de nos de desenvolvimento. reduzir ou eliminar empregos em operações que levam a proPara o redirecionamento do debate, Chang indica a dução para o exterior. Adicionalmente, entre as proibições importância de uma maior divulgação dos fatos históricos estão projetos a exemplo de jogos de azar, fumo, álcool e proligados ao processo de desenvolvimento dos países desenvoldução de munição. vidos, principalmente para permitir que os países em desenApesar da forte relação da ação da Opic com o desenvolvolvimento façam escolhas bem informadas no que se refere vimento dos Estados Unidos, também é destacada nas análià conveniência das políticas e instituições que pretendem ou ses a preocupação para que os projetos possam ter efeitos que são impelidos a adotar. positivos para as economias que recebem os investimentos. O artigo pretendeu apresentar brevemente uma das expeCom o objetivo de assegurar esse efeito, o escritório de análiriências americanas com instituições financeiras para o ses projeta o impacto econômico e social nos locais receptodesenvolvimento, ao mesmo tempo que destaca a importânres. As análises utilizam indicadores para medir e demonstrar cia desse tipo de instituição para os países e regiões. Como o impacto desenvolvimentista dos projetos apoiados pela ficou demonstrado, inclusive por artigos já publicados pela Opic. Os resultados dessas análises são demonstrados no seção “Pelo Mundo”, mesmo os países e regiões mais desenOPIC's Annual Development Report e enviados para o congresso volvidas ainda utilizam suas respectivas instituições financeiamericano. ras públicas como instrumento para suas políticas de desenConsiderando tais políticas e os resultados alcançados volvimento econômico e social.  pela Opic, já destacados anteriormente, fica claro o seu papel de Instituição Financeira Pública de Desenvolvimento, pro________ movendo exportações e empregos nos Estados Unidos. Referências: Assim como pode ser visto por meio desse exemplo ameRogerio Studart – O Estado Acorrentado – Jornal Brasil Econômico ricano, a autonomia que é dada pelas instituições financeiras Site OPIC – www.opic.gov públicas de desenvolvimento aos seus respectivos países e Fernanda Cardoso – Mito da Convergência - Estariam os Países regiões deveria ser perseguida por aqueles que ainda não posDesenvolvidos Chutando a Escada? suem esse tipo de instituição. A existência de instituições World Bank Group – Financing Development Post 2015. RUMOS – 41 – Julho/Agosto 2014


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FOMENTO

Projetos de infraestrutura acima de US$ 10 mi passam por crivo da área ambiental da Caixa

BB inaugura agência na China Desde 2004, o Banco está presente no país inicialmente através de um escritório de representação em Xangai que tinha escopo de trabalho bastante limitado em respeito à legislação local. A estratégia em transformar o escritório em agência permitirá a ampliação negocial decorrente do incremento do intercâmbio comercial sino-brasileiro, do aumento dos investimentos chineses no Brasil e, também, da presença de transnacionais brasileiras no mercado chinês. Atualmente, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um fluxo comercial de US$ 83 bilhões em 2013, podendo atingir os US$ 100 bilhões nos próximos anos. São mais de 70 empresas brasileiras presentes de alguma forma na China e mais de 25 empresas chinesas operando no Brasil. Também já operam no Brasil três grandes bancos chineses (Bank of China, ICBC e CCB). Com a nova agência, o BB passa a buscar oportunidades de negócios no segmento de atacado, atendendo, principalmente, as demandas por produtos e serviços das empresas brasileiras com negócios com a China e as empresas chinesas com negócios com o Brasil, além dos bancos locais, grandes parceiros de negócios com o Banco do Brasil.

SXC

Antonio Cruz/Abr

Como forma de garantir a sustentabilidade em todas as suas ações, a Caixa Econômica Federal adotou uma norma pela qual todos os projetos de infraestrutura com valor acima de US$ 10 milhões devem ser submetidos a uma análise sobre a regularidade socioambiental. Estão incluídos nesta determinação os projetos para financiamento de obras de energia, logística, saneamento, indústria e empreendimentos imobiliários. A determinação da Caixa de só conceder financiamentos com altos valores a empresas que se preocupam com o meio ambiente faz parte do acordo internacional chamado de Princípios do Equador (PE), ao qual o banco aderiu em 2009 e começou a operar a partir de 2012. Os Princípios do Equador definem critérios mínimos para a concessão de crédito e asseguram que os projetos financiados sejam desenvolvidos de forma social e ambiental. Para o gerente nacional de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental da Caixa, Jean Benevides, essa avaliação é de grande importância para as empresas. “Existe a redução de risco socioambiental, de acordo com as melhores práticas do mercado financeiro, que podem refletir na reputação e na imagem da instituição, além de evitar possíveis perdas financeiras decorrentes de irregularidades socioambientais”, explica. De acordo com a Caixa, os projetos a serem financiados passam por uma análise prévia das áreas técnicas. Posteriormente, são enquadrados de acordo com os critérios previstos nos Princípios do Equador, em duas categorias: Project Finance e Empréstimo Corporativo.

Divulgação/Fomento Paraná

Fomento Paraná financia clínica de tratamento facial

Financiamento que viabilizou a instalação do primeiro espaço dedicado somente a tratamentos faciais de Curitiba já gera lucros. E o empreendedor já contratou mais duas pessoas para atender à clientela, que não para de crescer. O empreendedor Magnus Guerios teve uma boa ideia de negócio em meados de 2013 e decidiu montar um espaço de estética exclusivo para tratamento facial, único em Curitiba. “Pesquisei linhas de crédito em diversas instituições financeiras. Na Fomento Paraná, as condições estavam mais adequadas e os juros menores”, afirma Guerios. Com o financiamento, o empreendedor comprou equipamentos, reformou o local e viabilizou a instalação da clínica. “O processo de concessão do crédito foi muito fácil e rápido”, completa ele. Empreendedores de micro, pequeno e médio portes, da indústria, do comércio ou do setor de serviços podem ter acesso às linhas de crédito da Fomento Paraná.

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Mais de 300 atendimentos foram realizados pela GoiásFomento, durante a 10ª edição da Feira do Empreendedor, que ocorreu em Goiânia, de 31 de julho a 3 de agosto, no Centro de Convenções da capital. Foram em média 100 atendimentos por dia, com informações específicas sobre crédito e acesso a serviços financeiros oferecidos pela instituição durante um dos eventos de maior sucesso promovidos pelo Sebrae em todo o país. Foram apresentadas oportunidades aos empreendedores, potenciais empresários, microempresas, empresas de pequeno porte, microempreendedores individuais e produtores rurais que participaram do evento.

Com a presença do presidente Glauco Arbix, a Finep apresentou o seu novo sistema de análise e gestão de projetos com universidades, institutos tecnológicos e centros de pesquisa, o Finep 30 Dias Pesquisa. A inovação vai reduzir todo o processo, desde o lançamento do edital até a execução do projeto, de oito para três meses, com a divulgação do resultado da análise ocorrendo em até 30 dias. As universidades, ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia) e outras instituições que atuam como proponentes de projetos terão até o começo de 2015 para se cadastrarem. De acordo com o presidente da agência, até outubro todos os projetos serão submetidos através do novo sistema. “Além de ser mais rápido e eficiente, a análise dos projetos, com o 30 Dias Pesquisa, é ainda mais rigorosa”, destacou Glauco Arbix. O Finep 30 Dias Pesquisa segue a mesma linha do Finep 30 Dias voltado para empresas, que opera desde setembro do ano passado. Saiba mais sobre o novo sistema.

Yuri Brito

A Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) e o Banco do Nordeste (BNB) firmaram convênio que vai beneficiar as operações que envolvem recebíveis (que representam o crédito que a empresa tem para receber de seus devedores). O acordo foi formalizado no final de julho pelos presidentes da AgeRio, Domingos Vargas, e do BNB, Nelson Antônio de Souza. A parceria vai permitir que a garantia de recebíveis seja operacionalizada com mais eficiência pela AgeRio. Quando o cliente da agência apresentar os recebíveis como garantia para tomar crédito, será possível que ele abra conta corrente na agência do BNB do Rio de Janeiro, para que nela sejam depositados os recebíveis oferecidos como garantia para o financiamento. Além disso, o convênio também viabiliza a chamada “reserva de meio de pagamento”, por meio da qual os recursos depositados na conta no BNB podem ser transferidos mensalmente para a AgeRio, para o pagamento das parcelas do financiamento. Durante a assinatura do convênio, Domingos Vargas valorizou a importância do BNB como referência nacional, especialmente o programa de microcrédito do banco, e afirmou que ambas as instituições só têm a ganhar com essa iniciativa:” Sonho que se sonha só é só sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade'. Quando a gente compartilha sonhos, marchamos na mesma direção, e isso que esperamos dessa parceria. Queremos ser tão importantes para o Rio de Janeiro quanto o BNDES é para o Brasil, e quanto o BNB é para o Nordeste”, afirmou.

Desenvolve representa Alagoas em Congresso Latino-americano Alagoas participou da 6ª edição do Congresso LatinoAmericano de Inclusão Financeira (CLIF), em São Paulo, reunindo agentes financeiros de diversos países. O evento teve como objetivo fomentar o debate acerca das experiências e das melhores práticas para promoção do acesso aos serviços financeiros. O encontro recebeu executivos e especialistas nacionais e internacionais, visando difundir a atividade bancária nas diversas esferas sociais. Foram debatidos os meios de pagamentos que mais colaboram com a inclusão financeira, e apresentadas análises e informações sobre assuntos relacionados ao crédito consignado, direitos do consumidor, cooperativas de crédito, microcrédito e outros assuntos do segmento. Alagoas está representado pela Desenvolve, através do seu diretor-presidente, Antonio Carlos Quintiliano; Jamerson Silva, gerente de crédito; e Thiago Pires, gestor de proje-

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Divulgação/Desenvolve

AgeRio e Banco do Nordeste assinam convênio

Joaquim Soares/Finep

Finep lança novo sistema de análise de convênios

Divulgação/GoiásFomento

GoiásFomento obtém bons resultados durante feira na capital


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MICRO E PEQUENAS

PEQUENOS EMPREENDEDORES

Por Sarah Barros

Megaeventos e grandes oportunidades Sebrae no Pódio busca repetir nas Olimpíadas e Paralimpíadas o sucesso obtido na Copa do Mundo, com iniciativas de aproximação comercial e promoção de negócios para pequenas empresas

mpresários do segmento de pequeno porte de todo o Brasil devem estar prontos para aproveitar as oportunidades de negócios previstas com a a realização das Olimpíadas e das Paralimpíadas, programadas para agosto e setembro de 2016, no Rio de Janeiro. Mesmo que os jogos estejam concentrados em território carioca, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) desenvolve, em todo o Brasil, o Projeto Sebrae no Pódio 2016. A expectativa é repetir o sucesso obtido na Copa do Mundo, em transações comerciais realizadas com o setor microempresarial, seja como fornecedor direto para a organização dos jogos, seja atendendo demandas previstas com a presença de atletas e turistas. As ações do “Sebrae no Pódio” tiveram início em 2013, destinadas a envolver 5 mil empresas que atuam em cerca de 40 segmentos econômicos. A seleção dos participantes, que conta com a atuação de representações do Sebrae nas 26 unidades federativas do Brasil, além do Rio de Janeiro, leva em conta a aptidão para fornecer serviços e produtos relacionados aos setores do comércio, serviço, agronegócio e indústria e seus respectivos segmentos demandados pelo Comitê Organizador da Rio 2016. A expectativa é de que as demandas para o megaevento esportivo ultrapassem 500 itens. Neste contexto, o diretor-técnico do Sebrae, Carlos

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Alberto dos Santos, destaca a existência de oportunidades para empresas localizadas nas cinco regiões brasileiras, uma vez que em todas elas foram disponibilizadas instalações de treinamento pré-jogos para as delegações esportivas internacionais. “São localidades previamente selecionadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), situadas em todas as regiões brasileiras, gerando um ambiente de motivação e mobilização das empresas e potenciais empreendedores”, afirmou Santos. Ao todo, aproximadamente 170 instalações esportivas de mais de 70 cidades brasileiras estão disponíveis para receber atletas olímpicos e paraolímpicos. A escolha das estruturas, feitas pelo Comitê Organizador, considerou requisitos técnicos e recomendações das Federações Esportivas Internacionais. Outros critérios também foram observados, como os acessos à instalação, distância de aeroportos com voos domésticos, além da rede hoteleira e hospitalar disponível nas proximidades, de forma a favorecer a permanência das equipes e, com isso, estender os benefícios, inclusive econômicos, a todo o país. Projeções – A previsão da comissão organizadora das Olimpíadas e Paralimpíadas 2016 é de que a realização dos jogos no Brasil conte com a presença de mais de 10.500 atletas, que vão representar cerca de 200 nações ao redor do mundo. Ao todo, são 28 modalidades esportivas – duas a mais do que a

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Divulgação / Rio 2016

Projeção do Parque Olímpico dos Jogos Rio 2016. A dois anos do evento, o Sebrae pretende investir R$ 8,2 milhões e envolver empresas de todo o país, que atuam em cerca de 40 segmentos econômicos.

edição anterior, em Londres –, em diversas categorias, por meio de competições em 37 instalações. O valor total de investimentos públicos e privados previstos para colocar de pé toda esta estrutura é de R$ 36,6 bilhões, conforme números apresentados em abril deste ano por representantes dos governos municipal, estadual do Rio e federal. Já no documento disponibilizado em 2009 ao Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo governo brasileiro, em defesa da escolha do Rio de Janeiro para sediar os jogos, a projeção de investimentos era de R$ 28,8 bilhões. A partir deste montante, a Fundação Instituto de Administração (FIA) apontou em estudo divulgado também em 2009 que a aplicação desses investimentos poderá gerar um multiplicador de produção de 4,26, estimando uma movimentação na economia brasileira de US$ 51,1 bilhões (R$ 102,2 bilhões em valores de 2008) no período de 2009 a 2027. No período de 2009 a 2016, o impacto na produção (Valor Bruto de Produção) do país, projetado pela FIA, alcançou US$ 24,6 bilhões (R$ 49,2 bilhões). O aproveitamento deste cenário para os negócios é o que está no foco do projeto “Sebrae no Pódio”, no qual estão sendo investidos R$ 8,2 milhões. A execução do projeto está alicerçada diretamente na realização de negócios a partir de ações que incluem a mobilização das empresas, a elaboração de diagnósticos e a promoção de capacitação empresarial aliada ao sistema de Inteligência Competitiva

(IC), visando à disseminação contínua das oportunidades. Com isso, a meta do projeto é culminar na efetivação de negócios para, ao menos, 40% das 5 mil empresas atendidas nos setores de comércio, serviço, indústria e agronegócio, ao final dos 41 meses de sua implementação. “Também pretendemos alcançar melhoria competitiva de, pelo menos, 10% destas empresas”, prevê o diretor do Sebrae. Experiência – As boas perspectivas para a participação de pequenas empresas em negócios ligados às Olimpíadas e Paralimpíadas estão baseadas nas experiências obtidas nos grandes eventos esportivos recebidos pelo Brasil nos últimos anos, nos quais o Sebrae já tem atuado. Em 2007, por exemplo, a entidade, por meio do Sebrae/RJ, esteve junto a pequenos empresários para atender demandas dos Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de Janeiro. Em seguida, foi a vez de investir nas oportunidades abertas para a Copa das Confederações, realizada em 2013 em seis cidades-sede: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. A proposta foi incentivar o desenvolvimento do mercado e mostrar aos turistas a qualidade do artesanato brasileiro. O projeto intitulado Brasil Original permitiu ao visitante conferir de perto peças originais produzidas em todo o país, como tapeçarias, rendas, cestaria, cerâmica, marchetaria e produtos em fibras naturais. Todos os grupos de artesãos selecionados para partici-

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MICRO E PEQUENAS

par precisaram, como um dos requisitos, apresentar garantia da formalização que é possuir o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Além de realizar as exposições em showrooms montados em pontos estratégicos das cidadessede, o Sebrae promoveu uma série de atividades de capacitação junto aos participantes, incluindo cursos sobre otimização da produção, desenvolvimento de coleções, gestão empresarial e outros temas. Para a Copa do Mundo, o Programa Sebrae 2014 foi mais fundo e mapeou as oportunidades e requisitos para apoiar empresas atendidas na realização de negócios gerados a partir dos investimentos e seus efeitos multiplicadores com impacto e maior aderência a dez segmentos econômicos priorizados. Ao todo, o programa, que teve orçamento de aproximadamente R$ 90 milhões entre 2010 e 2014, atendeu 44 mil pequenos negócios nos 11 estados e no Distrito Federal onde foram realizados os jogos do mundial. Em um primeiro momento, antes do evento, as oportunidades foram para as empresas da Construção Civil (como fornecedores das grandes obras), da Tecnologia da Informação (na produção de aplicativos ou instalação de sistemas,

PEQUENOS EMPREENDEDORES

por exemplo), de Vestuário (como a fabricação de uniformes, roupas temáticas etc.) e de Madeira/Móveis. Com a proximidade do evento, cresceram as oportunidades para o Agronegócio (em especial para alimentos e bebidas, como a cachaça e o café brasileiro) e o setor de Serviços. Atividades ligadas ao Turismo, como receptivo, hotelaria, entretenimento e restaurantes, foram beneficiadas com os cerca de 800 mil turistas nas capitais-sede dos jogos e seu entorno. Foi neste contexto que o empresário carioca José Luiz Munin Montoiro fechou importantes contratos para fornecimento de lajes para instalações dos jogos, incluindo o Estádio do Maracanã, palco da final entre Alemanha e Argentina. O produto diferenciado dispensa a utilização de estruturas de apoio usadas tradicionalmente na construção civil, o que facilita o processo e possibilita economia de tempo e dinheiro. Esse e outros contratos fechados por conta do campeonato mundial de futebol aumentaram 30% o faturamento mensal da Trelicon – Artefatos de Cimento. “Já tenho outros contratos encaminhados para as obras das Olimpíadas, como a Vila dos Atletas e devo fornecer para o Parque Olímpico”, afirmou Montoiro.

Na Copa, faturamento de R$ 500 milhões

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evantamento do Sebrae estima que a Copa do Mundo proporcionou às pequenas empresas oportunidades de negócios que geraram um faturamento de quase R$ 500 milhões. Além do resultado financeiro, a Copa deixou ainda aos pequenos negócios cinco legados significativos: melhoria na gestão, adesão à agenda da sustentabilidade, aperfeiçoamento dos canais de distribuição e de logística, conhecimento do seu cliente e a possibilidade de acessar novos mercados. “No Programa Sebrae 2014, focamos na preparação das empresas, que precisavam preencher requisitos para efeito de contratação dos serviços, por exemplo, apresentar alvará, certidões, certificações e outros”, reforçou Carlos Alberto. Essas experiências serviram de parâmetro ao planejamento das ações voltadas para as Olimpíadas 2016, principalmente aquelas relacionadas ao atendimento de requisitos, aproximações comerciais e acesso a mercados. “Para as Olimpíadas, o projeto Sebrae no Pódio tem foco em aproximação comercial. Pequenos negócios devem aproveitar o poder de compra da Rio 2016”, acrescentou o diretor. É o que espera o produtor gaúcho Evandro Weber, proprietário do Alambique Weber Haus, com sede em Porto Alegre (RS). Mesmo distante dos locais de realização dos jogos olímpicos, ele se fará presente nas áreas de competição para ampliar a sua atuação no mercado da cachaça, assim como fez durante a Copa do Mundo. “A Copa do Mundo mudou significativamente a percepção do mercado em relação ao nosso produto. O evento ajudou a posicionar

o produto no mercado externo”, apontou. Dono de 38 prêmios, alguns deles internacionais, Weber aproveitou a fama mundial da caipirinha para criar uma versão mais prática da bebida, chamada de Lundu e elaborada com cachaça (produção própria), suco de limão, açúcar e água mineral – além de teor alcoólico entre 15% e 18%. “Antes da Copa, percebemos que a cachaça em si era mais conhecida. Já a caipirinha conseguiu boa aceitação pelas ações que fizemos na Copa do Mundo”, contou Weber. Atualmente, a cachaçaria produz 285 mil litros por ano e, até 2016, deve ampliar a produção para conseguir exportar 500 mil litros por ano só de caipirinha. O Alambique Weber Haus também desenvolve produtos de cachaça com açaí, cupuaçu, coco e maracujá. Com estes números, Weber mantém as boas expectativas de negócio nas Olimpíadas. “Certamente, será uma chance muito importante, porque haverá outros países envolvidos nos jogos, ligados a outros esportes”, comparou. Segundo o empresário gaúcho, será necessário readequar a estratégia para alcançar mercados em países que têm mais tradição em outros esportes e não somente no futebol, figurando entre os grandes medalhistas olímpicos, como é o caso da China, do Japão e dos Estados Unidos. “Na Copa, o foco estava mais concentrado sobre os mercados da Alemanha e da Espanha, além dos países da América do Sul”, explicou. Para atingir esses objetivos, Weber pretende contar com o projeto do Sebrae para aproximação comercial, como foi feito a durante a Copa, em que a caipirinha gaúcha esteve presente nos quiosques do Sebrae levantados em todas as

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Dudu Leal

O programa Sebrae 2014 atendeu, entre 2010 e 2014, 44 mil pequenos negócios nas doze cidades-sede onde foram realizados os jogos do mundial.

Rodrigo de Oliveira

Consolidação

Carlos Alberto: a experiência da Copa permitiu elevar o patamar de competitividade das pequenas empresas.

cidades-sede, por exemplo. “A experiência em Manaus foi muito interessante na Copa, abrindo oportunidades em um mercado novo, onde não atuávamos ainda”, lembrou. Para ele, também foram importantes a participação em cursos de capacitação, recebimento de consultoria em gestão, presença em eventos.

Os resultados positivos e as experiências exitosas vivenciadas por micro e pequenas empresas em ações diretamente relacionadas às competições internacionais sediadas no Brasil são fruto de atividades permanentes no sentido de fortalecer o setor microempresarial como um todo e aumentar a sua competitividade nos diversos mercados em que está inserido. Esta orientação é o que permite verificar ganhos permanentes para os participantes do projeto do Sebrae, mesmo após as disputas finais de cada campeonato. “A experiência dos pequenos negócios ao atuar como fornecedores antes, durante e pós-evento tende a elevar o patamar de competitividades dessas empresas, à medida que elas se qualificam para atender os requisitos de contratação”, disse o diretor do Sebrae, Carlos Alberto. Para ele, esse ganho é permanente, pois o conhecimento adquirido nesse processo leva o empresário a uma visão ampliada do mercado, o que facilita identificar oportunidades no dia a dia de seu negócio, já que ele passa a conhecer também as fontes de informação, apoio e orientação. Neste sentido, o Sebrae estimula os empresários do segmento de pequeno porte dentro da lógica de inteligência de mercado. “Ele precisa se antecipar às tendências do mercado no qual atua, fazer o monitoramento das oportunidades e implementar estratégias adequadas. Essa postura permitirá que ele esteja preparado para as variações de mercado”, completou.

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LIVROS

O olhar humano sobre a vida de um mestre Livro de Luiz César Faro e Mônica Sinelli resgata histórias e passagens importantes da vida do economista Ignácio Rangel, por meio de ampla pesquisa e entrevistas com familiares e amigos, quase todos também grandes representantes do pensamento econômico brasileiro; em entrevista à Rumos, autor destaca a originalidade das ideias do economista, alerta para o silenciamento sobre sua obra e revela um pouco da figura do “arretado” e “doce” Ignácio Rangel: “À semelhança da teoria que pregou, ele próprio era dual”.

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umos – Os cem anos de nascimento de Ignácio Rangel foram a inspiração para esta

novas molduras para se pensar a estrutura econômica do país. Nem sei se podemos chamá-lo de um desenvolvimentista clássico, embora seja um industrialista importante, e com certeza um nacionalista.

obra? Luiz César Faro – Apesar da excelente coincidência, não foi exatamente isso. O que nos motivou foi a descoberta de que a obra de Rangel estava se esmaecendo, a sua imagem um pouco enevoada. Fizemos uma pesquisa e havia pouca informação sobre ele na internet, não obstante durante décadas ele ter escrito semanalmente em jornais, por exemplo. Essa era uma percepção não apenas minha, de que ele estava sendo esquecido na História. Havia apenas um livro, uma compilação de seus pensamentos, editado pelo próprio BNDES, mas não havia nenhuma obra mais biográfica sobre esse grande personagem brasileiro.

Rumos – O livro é também um registro afetivo da vida de Ignácio Rangel, para além de sua importância técnica e econômica. Por que essa opção? Faro – Eu o conheci, tive essa oportunidade. As ideias estão muito bem registradas nos livros dele e no do BNDES. Avançar sobre isso está circunscrito aos acadêmicos, é tarefa deles. Nós queríamos contar as histórias desse personagem arretado. Pesquisamos em jornais, colhemos depoimentos em que ele é citado do CPDOC, realizamos uma Ignácio Rangel: elogio à ousadia. Rumos – E o que o senhor acredita série de entrevistas com amigos como Luiz César Faro e Mônica Sinelli que seja a causa desse aparente Maria da Conceição Tavares e Carlos Insight, 377p., 2014. esquecimento? Lessa, também conversamos com a Faro – O próprio Rangel reconhecia os família. Ele era um cientista da econosinais disso e disse uma vez, numa mia, se é que isso é possível. Tinha entrevista, que havia uma “conspiração invenções, criações inovadoras e, novado silêncio”, uma espécie de complô mente, um pensamento muito original. para tirar do ambiente acadêmico as ideias dele, que eram pouEra uma pessoa muito agradável, muito didática, que gostava de co comuns. Ele não se alinhava inteiramente com nenhum dos sentar junto aos jovens e ensiná-los, mas que também reagia duralados, aí está a sua originalidade. Como dizia o Rômulo [de mente quando era contrariado. Aos poucos, deixa de ser um Almeida], o pensamento de Rangel era como uma andorinha, comunista, sem jamais deixar de ser “sovietnamista” (risos). É voava livre. um grande personagem, cheio de contradições e de histórias fantásticas. Acho, aliás, que sua personalidade tinha semelhanças Rumos – Qual era o cerne desse pensamento? No que ele com a teoria da dualidade, que tanto pregou: era um sujeito doce, contribuiu para o pensamento desenvolvimentista e a teomas também duro; ele próprio era dual. ria econômica brasileira? Faro – A grande contribuição teórica que Rangel nos dá é a sua Rumos – O título do livro: “Elogio à ousadia” trata do peroriginalidade. Ela era um grande teórico, não se dedicava tanto à sonagem ou de suas teorias econômicas? economia aplicada, às soluções práticas. Mas produzia modelos Faro – É sobre o conjunto, um elogio à ousadia que ficou um econômicos para que você pudesse prever melhor e projetar a pouco neblinada nestes últimos tempos, não foi tão bem tratada realidade, como a teoria da dualidade e os ciclos. Parte dos ecopelo desenvolvimentismo e pelas teorias econômicas, ficou meio nomistas de sua época deu importantes contribuições no campo que relegado a um “lugar nenhum”. A ideia é que outras se filiem histórico, como o Celso Furtado; já Rangel foi capaz de criar a esse pensamento livre, importante e original. RUMOS – 48 – Julho/Agosto 2014


Economia histórica

Pensando o pós-crise

Publicado originalmente em 1929, por um dos mais importantes pensadores da teoria econômica marxista, a obra histórica de Isaac Ilich Rubin é traduzida pela primeira vez para o português e lançada por uma editora brasileira. O livro é considerado um trabalho importante e sem precedentes por situar a teoria econômica de Karl Marx em relação às teorias anteriores – do mercantilismo a John Stuart Mill, passando pelos fisiocratas e economistas políticos clássicos (Smith e Ricardo). O autor, Isaac Rubin, nasceu na Rússia e foi participante ativo na Revolução de 1917. Preso pelo regime stalinista em 1930 e 1937, foi condenado à morte e sua execução se deu nesse mesmo ano. No livro, Rubin apresenta suas análises sobre as escolas do pensamento econômico, com especial atenção para o ambiente social, político e ideológico. Como destaca o economista Aloisio Teixeira, na apresentação desta edição brasileira, a obra per-

O livro procura refletir, a partir de diferentes perspectivas, sobre o período posterior ao agravamento da crise econômica internacional e seus efeitos para o cenário brasileiro. São oito artigos, de pesquisadores reunidos no Grupo de Economia da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), além de outros estudiosos convidados especialmente para a obra. Organizado por Luis Fernando Novais, Rafael Fagundes Cagnin e Geraldo Biasoto Junior, o livro procura se equilibrar entre uma análise de caráter estrutural do significado das transformações ocorridas recentemente no país e o acompanhamento rotineiro de indicadores econômicos e de medidas de política, que são as duas pontas que definem o debate conjuntural. Os artigos destacam questões como as diferentes etapas da crise internacional, as políticas macroeconômicas adotadas no Brasil para tentar minimizar os efeitos da crise no país e a mudança na dinâmica setorial

mite que o leitor refaça tanto o percurso teórico de Marx quanto a leitura que dele faz Rubin e, assim, compare suas próprias conclusões com aquelas alcançadas pelos autores. .

História do Pensamento Econômico. Isaac Ilich Rubin Editora UFRJ, 523 p., 2014.

da geração de empregos pós-2009. Este conjunto permite um registro da evolução da economia brasileira em tempos de crise.

A economia brasileira no contexto da crise global. Luis Fernando Novais, Rafael Fagundes, Geraldo Biasoto Junior (orgs). Fundap, 283p., 2014.

Guia para as finanças

O que está em jogo?

Em sua décima segunda edição, o livro permanece como um dos principais guias para as áreas e profissionais que atuam nas gestão financeira de organizações e coorporações dos mais diversos segmentos. Atualizada em face dos padrões internacionais de contabilidade, a obra segue um processo contínuo de aprimoramento e expansão de conteúdo para manterse sempre atual mesmo em meio a um contexto econômico dinâmico e globalizado. O guia é composto por vinte e cinco capítulos – com a identificação dos objetivos de aprendizagem no início de cada um, o destaque dos conceitos mais relevantes, ilustrações com quadros e gráficos, além de questões que permitem uma revisão segura de cada capítulo ao fim do mesmo – e está dividido em seis partes: ambiente da análise financeira; demonstrações contábeis; análise financeira das empresas; análise do capital de giro; fluxo de caixa e projeções financeiras; e alavancagem operacional e financeira.

As ferramentas tecnológicas vão substituir a presença humana em setores fundamentais do trabalho? Haverá limites na penetração dos computadores em áreas de domínio das pessoas? Ancorados em dados históricos e também na “análise objetiva da realidade presente”, os pesquisadoes Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, do instituto norte-americano MIT Center for Digital Business, buscam responder a essas e outras questões e traçam o que acreditam ser os cenários para o futuro do trabalho. O livro pretende traçar um diagnóstico sobre como as tecnologias da informação estão afetando os empregos, as habilidades, os salários e a economia. Como ponto de partida, eles analisam as estatísticas de emprego dos Estados Unidos e alertam: vivemos em uma economia que não consegue recolocar os desempregados de volta ao mercado. Os autores garantem, entretando, que não são “tão pessimistas” no que diz respeito ao uso da teconolo-

O livro é recomendado para profissionais atuantes em áreas de crédito, análise de investimento, bem como para programas de desenvolvimento profissional.

Análise financeira das empresas, 12ª ed. José Pereira da Silva. Atlas, 616 p., 2014.

RUMOS – 49 –Julho/Agosto 2014

gia. Apenas acreditam que as teconlogias digitais, embora forças propulsoras importantes para a economia hoje, ainda não estão sendo bem compreendidas em sua relação com o mercado de trabalho.

Novas tecnologias versus empregabilidade. Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee. M.Books, 104 p., 2013.


CARTAS DO LEITOR

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Sede: SCN – Qd. 2 - Lote D, Torre A Salas 431 a 434 Centro Empresarial Liberty Mall - Brasília - DF – CEP 70712-903 Telefone: (61) 2109.6500 E-mail: abde@abde.org.br Escritório: Avenida Nilo Peçanha, 50 -11º andar Grupo 1109 - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20020-906 Telefone: (21) 2109.6000 Fax: (21) 2109.6004 E-mail: abderj@abde.org.br

Professor Sou professor da Unifesp, PUC-SP e outras universidades. Tenho muito interesse em receber em forma de cortesia a revista Rumos na Universidade ou na minha residência. Tal fato se prende a que sou pesquisador e sua revista aponta vários caminhos no Desenvolvimento. Antonio Cordeiro Filho. Professor. São Paulo (SP). Especialista Poderiam me enviar, em meio eletrônico, a edição nº 214 - março/abril de 2004 (ano 28), da revista Rumos? Procurei no site e não achei. Tem uma reportagem sobre Política Industrial que me interessa muito. Talita Daher. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Brasília (DF). Diretor Nós somos uma instituição localizada no bairro: Tabuleiro do Martins em Maceió-AL, onde trabalhamos com muitas Micros e Pequenas Empresas, nesta região e em regiões adjacentes. Por isso ficamos muito interessados em saber como adquirir a revista Rumos pois achamos o conteúdo dela de suma importância para o disponibilizarmos em nossa biblioteca a cada um de nossos clientes, e gostaríamos muito de saber como obtê-la e ficar recebendo cada nova edição lançada aqui em nossa sede em Maceió. Gilvan Santos Moura. Cindeamptma. Maceió (AL). Educação Gostaria de fazer o cadastro para receber a revista Rumos – Economia & Desenvolvimento para os novos tempos. Stéffany Costa. Instituto Mineiro de Educação Superior. Governador Valadares (MG) .

CONSELHO DOS ASSOCIADOS Presidente: Luciano Coutinho DIRETORIA Presidente: Carlos Henrique Horn 1º Vice-Presidente: Vitor César Ribeiro Lopes Vice-Presidentes: Antonio Carlos Sampaio Quintiliano, Carlos Alberto dos Santos, Guilherme Narciso Lacerda, Milton Luiz de Melo Santos, Paulo Roberto Evangelista de Lima, Rogério de Paula Tavares, Rubens Rodrigues Filho, Valmir Pedro Rossi. Superintendente-Executivo: Marco Antonio A. de Araujo Lima.

Instituições Associadas à ABDE AFAP – Agência de Fomento do Estado do Amapá S.A. AFEAM – Agência de Fomento do Estado do Amazonas S.A. AFERR – Agência de Fomento do Estado de Roraima S.A. AGEFEPE – Agência de Fomento do Estado de Pernambuco S.A. AGN – Agência de Fomento do Rio Grande do Norte S.A. AGERIO – Agência Estadual de Fomento BADESC – Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A. BADESUL – Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento BANCO DA AMAZÔNIA – Banco da Amazônia S.A. BANCOOB – Banco Cooperativo do Brasil S.A. BANDES – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S.A. BANPARÁ – Banco do Estado do Pará S.A. BB – Banco do Brasil S.A. BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. BNB – Banco do Nordeste S.A. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul BRB – Banco de Brasília CAIXA – Caixa Econômica Federal DESENBAHIA – Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A. DESENVOLVE – Agência de Fomento de Alagoas S.A. DESENVOLVE SP – Agência de Desenvolvimento Paulista FINEP – Inovação e Pesquisa FOMENTO PARANÁ – Agência de Fomento do Paraná S.A. GOIÁSFOMENTO – Agência de Fomento de Goiás S.A. MT FOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S.A. PIAUÍ FOMENTO – Agência de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí S.A. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Publicação bimestral

ISSN 1415-4722 Ano 38 – Nº 276 Julho/Agosto 2014

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EDITOR

Redação e Administração

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Vitor s Antonio Carlo

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Revisão Renato R. Carvalho

RUMOS – 50 – Julho/Agosto 2014

Capa Noel Joaquim Faiad Impressão e CTP J. Sholna Reproduções Gráficas Distribuição SVD/Sistemas de Venda Direta Conselho Editorial Carlos Alberto dos Santos, Carlos Henrique Horn, João Paulo dos Reis Velloso, Maurício Borges Lemos e Thais Sena Schettino. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião da ABDE. Sua reprodução é livre em qualquer outro veículo de comunicação, desde que citada a fonte.




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