&
D E S E N VO LV I M E N T O
PA R A
OS
NOVOS
TEMPOS
Há vagas Com o mercado de trabalho aquecido, o Brasil experimenta cenário de pleno emprego
Entrevistas Carlos Nepomuceno Luiz Antônio Maronezi
ANO 38 – Nº 272 – Novembro/Dezembro de 2013
ECONOMIA
ABDE EDITORIAL
S Noel Joaquim Faiad
SUMÁRIO
4
Marcello Casal Jr./ABr
Divulgação
8
30
ENTREVISTA Luiz Antônio F. Maronezi
Cada vez mais forte
EXPERTISE Carlos Nepomuceno
Uma nova governança nas organizações
CAPA Mercado de trabalho
Uma nova dinâmica
AO LEITOR
M
esmo com todas as incertezas por que passa a economia mundial, o Brasil experimenta um momento de baixo desemprego e aumento na demanda do mercado de trabalho. Estamos vivendo um período de pleno emprego? Com dados e opiniões de diferentes analistas, esta edição da Rumos joga luz sobre o tema e traz um panorama da economia brasileira a partir desta variável chave para o desenvolvimento do país. Ainda refletindo sobre a conjuntura econômica, em sua coluna, o professor Delfim Netto apresenta um balanço de 2013, enquanto o professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, volta à publicação refletindo sobre os esforços de redução da miséria empreendidos pelos programas federais, como, por exemplo, o Bolsa Família, que completou seu décimo aniversário no fim deste ano. Nas outras duas colunas, especialistas apontam para a importância da sustentabilidade e da comunicação interna para o sucesso dos empreendimentos neste século. A novidade é que, a partir deste mês, a revista terá um espaço voltado para apresentar as experiências bem-sucedidas de fomento à economia em diversas partes do mundo, seja com bancos públicos, instituições de fomento ou bancos de desenvolvimento. O artigo inaugural é assinado pela economista Fernanda Feil. O ano de 2014 aguardará ainda outras novidades, a serem conhecidas nas páginas das próximas edições. A você, leitor, desejamos um ótimo 2014 e boa leitura!
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RUMOS - 3 – Novembro/Dezembro 2013
OPINIÃO Delfim Netto
É melhor prevenir
INOVAÇÃO Pesquisa
Ciência para o desenvolvimento PANORAMA Ignacy Sachs
Do Bolsa Família ao Brasil sem Miséria REPORTAGEM Cooperativas
Crescimento estratégico ARTIGO Sistema Nacional de Fomento
Ao redor do mundo CENÁRIOS DO RIO Administração
Ajuste perfeito para uma gestão eficiente AMAZÔNIA Infraestrutura
Grande porte EXTREMO SUL Gestão
Impulso para o futuro
REFLEXÃO Ivan Alves
Comunicação interna 2.0 REPORTAGEM Governança Corporativa
Novos caminhos
EM DIA Ernesto Cavasin e Dominic Schamal
Sustentabilidade e transparência
MICRO E PEQUENAS Sistema Financeiro Nacional
A inclusão como meta
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FOMENTO LIVROS
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ENTREVISTA
Luiz Antônio Faustino Maronezi
Por Thais Sena Schettino e Luciano Silva
Desenvolvimento
Mais forte A Agência de Fomento do Estado de Goiás (GoiásFomento) comemora ano de “prosperidade” e reforça vocação para o agronegócio, com a adoção de modalidade de crédito inovadora para o setor
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umos – A GoiásFomento tem como objetivo “contribuir para a aceleração do desenvolvimento socioeconômico e sustentável da região”. Como isso tem sido feito? De que forma a agência tem auxiliado no fortalecimento das estruturas econômicas e sociais do estado? Luiz Antônio Faustino Maronezi – De várias maneiras. Podemos destacar nossa atuação como agente financeiro dos fundos estaduais, que possuem programas de fomento ao desenvolvimento por meio do financiamento das atividades produtivas, como o Fundo de Fomento Mineral. Esses financiamentos destinam-se especialmente aos empreendimentos que trabalham matéria-prima mineral cobrindo várias fases do processo de exploração e ag regação de valor, como a pesquisa, a lavra, o aproveitamento de rejeito de mineração, o beneficiamento, o artesanato mineral, entre outras modalidades. Como Goiás é um estado com grande potencial mineral, o governo criou um fundo para financiar esse setor, que é operacionalizado pela GoiásFomento. Vale lembrar que pesquisa recente junto à ABDE verificou que só existe linha específica para mineração em Goiás. Outro programa que merece destaque é o Programa Produzir, onde são concedidos os incentivos fiscais para as empresas que investem na implantação ou expansão das atividades industriais. O grande crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) Goiano desde a implantação do Produzir deve-se a esses incentivos que beneficiam mais de 500 empresas, gerando milhares de empregos, e, sobretudo, nos investimentos que contribuem para a formação bruta de capital fixo, que, juntamente com outros programas, sustenta o crescimento econômico do estado. Podemos apontar vários programas em que a agência é a executora, tanto por meio dos fundos estaduais, como o recém-criado Funban, voltado para o microcrédito: com ele,
o estado de Goiás, a partir da reformulação do programa de microcrédito (Banco do Povo), seguramente terá o melhor programa de microcrédito do país. Rumos – Qual o balanço que o senhor faz das ações desenvolvidas no ano de 2013? Maronezi – Consideramos que foi mais um ano de prosperidade, pois continuamos num processo de readequação de nossa política de crédito iniciada em 2011 e estamos batendo recordes na concessão de crédito, além de iniciar operações com linhas novas, direcionadas a diversos setores produtivos importantes no estado. Em 2013, até novembro, liberamos mais de R$ 29 milhões somente com recursos próprios, só perdendo em anos anteriores para 2012, em que esse valor foi de quase R$ 40 milhões. Se somarmos todos os financiamentos concedidos no ano corrente, na maior parte para as micro e pequenas empresas, são mais de R$ 64 milhões. Estruturamos o setor de agronegócio na agência e inauguramos as operações para o crédito rural com linhas de repasses, lembrando que o fomento a esse setor é de fundamental importância, pois o agronegócio tem impulsionado a economia do nosso estado e merece toda atenção desse agente de desenvolvimento. Tivemos a primeira capitalização em outubro no valor de R$ 29 milhões e no início de 2014 outra parcela de R$ 29 milhões será repassada à GoiásFomento. Esses recursos permitirão à instituição continuar expandindo na concessão de crédito, especialmente para setores em que o crédito tradicional não tem chegado com facilidade. Rumos – Em 2014, a agência completa 14 anos de fundação. Quais as expectativas para o ano que se inicia? O senhor acredita que as incertezas do cenário macroeconômico e mesmo político, em virtude das eleições e
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Noel Joaquim Faiad
Luiz Antônio Faustino Maronezi é formado em Contabilidade e Direito. Iniciou carreira na iniciativa privada, onde atuou por 30 anos, sendo a maior parte deste tempo em cargos de direção. No setor público, trabalhou na Secretaria Estadual da Indústria e Comércio em Goiás, como secretário-executivo do Fomentar/ Produzir durante oito anos. Hoje é diretorpresidente da GoiásFomento.
também da Copa do Mundo (e possíveis manifestações decorrentes dessa), podem afetar o desempenho das instituições financeiras de desenvolvimento? Maronezi – Quanto ao aspecto macroeconômico, existem os riscos. Mesmo em momentos críticos da economia internacional e com baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a demanda por financiamentos tem se mantido. Com relação aos eventos como a Copa e as eleições, acreditamos que não propiciarão qualquer efeito negativo até porque os projetos de investimentos já vêm sendo gestados pelas empresas há mais tempo. Muitos já se iniciaram, enquanto outros estão no momento de ser executados. Dessa forma imaginamos que esses eventos não representarão riscos à atuação das instituições de desenvolvimento; pelo contrário, em momentos de crise essas instituições têm
desempenhado importante papel na recuperação do ritmo da economia. O que poderá ocorrer são apenas interrupções no atendimento, alterações de horários, bem como medidas para adequar-se ao calendário desses eventos. Rumos – Recentemente, o senhor participou de um importante evento com representantes de agências de fomento norte-americanas, o “Doing Business Goiás – Estados Unidos”. Como foi este momento de troca de experiências e a que conclusões se pode chegar a partir da comparação na atuação dos dois países? Maronezi – Não só participamos como também, naquela oportunidade, representamos o governo de Goiás. Não percebemos nenhuma situação que fosse possível a comparação com o nosso sistema, entretanto é perceptível que em nosso modelo é mais acessível a concessão de crédito, em
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ENTREVISTA
Luiz Antônio Faustino Maronezi
especial na forma de microcrédito, quando comparado ao modelo americano, visto que aqui nossas agências possuem mais autonomia para esse tipo de atuação. Em síntese, ficaria com nosso modelo, apesar de ele ainda precisar de aprimoramentos. Rumos – Também no mês de novembro, a agência esteve representada no II Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico. Qual a importância da participação nestes encontros internacionais para o aprimoramento dos serviços e desenho do portfólio da instituição? Maronezi – Entendemos que o Fórum foi de grande significado para toda sociedade, mas foi especialmente para nós, pois alguns dos temas tratados têm sido também objeto de nossa preocupação, como o que tratou do desenvolvimento com sustentabilidade. Nesse quesito, a agência apoia projetos de baixo carbono, como o incentivo à produção de energias renováveis, tanto pelo potencial existente em Goiás, como pela oportunidade de negócio para investidores interessados. Outra questão importante foi com referência à palestra da Diretoria Executiva da Salga (uma agência autônoma de municípios da África do Sul), que enfatizou que o desenvolvimento econômico não deve ficar restrito ao governo, mas envolver toda sociedade civil. Nesse aspecto, a GoiásFomento vem ampliando suas parcerias com as instituições privadas representativas do setor produtivo para a implementação das políticas públicas desenvolvidas pelo governo estadual, voltadas para o segmento econômico. Rumos – O governo de Goiás assinou este ano um protocolo de intenções com um grupo chinês que pretende investir R$ 1,2 bilhão em um complexo industrial no estado. Como a agência participou deste processo? Maronezi – A partir de 2012, a GoiásFomento alterou sua estrutura organizacional inserindo uma Diretoria de Prospecção de Oportunidades de Negócios, cuja finalidade precípua é a busca desses grupos empresariais para investirem em nosso estado. Este é o caso do município de Bela Vista de Goiás, que a princípio já confirmou aproximadamente seis empresas que formarão o polo industrial chinês. Rumos – A GoiásFomento realiza várias ações voltadas para o empreendedor do campo, com as diversas linhas de crédito rural. Este empreendedor é o público-alvo da agência? Maronezi – Sim, Goiás é um dos Estados com forte vocação para o agronegócio e esse setor tem respondido com importante participação no PIB. Dessa forma, essa instituição tem priorizado o atendimento às demandas do agronegócio, não só no financiamento direto aos produtores rurais, como também numa modalidade de crédito inovadora adotada pela agência, com a implantação do Crédito Rotativo ao Agronegócio, chamado por nós de CRA, em que é operacionalizado de forma triangular, envolvendo a agência, a agroindústria e os produtores rurais fornecedores de matérias-primas.
Rumos – A simulação de financiamento pelo site está sendo considerado, em uma enquete no próprio portal, o serviço online mais útil para os usuários. Como esse serviço foi implantado e quais os resultados que ele gera para a agência? Maronezi – O que os empresários buscam é a máxima transparência no momento de contrair uma obrigação. Dessa forma, saber exatamente quais são e quanto custa um financiamento é vital para a análise de capacidade de pagamento e propriamente para a viabilidade da operação. A reformulação gráfica e visual do site, ocorrida nesse ano, é parte da política de aproximação e de transparência com nossos clientes e usuários. A GoiásFomento está implantando novo software que permitirá que vários outros serviços possam ser acessados por meio da internet. Rumos – Quais os números da agência hoje? Funcionários, patrimônio líquido, projetos financiados, recursos financiados, municípios atingidos? Maronezi – Se somarmos as operações com recursos próprios, repasses e por meio dos fundos, até novembro de 2013, o volume de crédito concedido soma R$ 358,6 milhões em mais de 16 mil operações. No programa de incentivos fiscais, o Produzir, contratamos mais de R$ 90 bilhões. Quanto ao quadro de pessoal, a agência possui um corpo funcional próprio incluindo técnicos e profissionais de nível médio e uma parte de servidores do estado que estão à disposição, somando 122 no total. Em relação ao patrimônio líquido (PL), nos últimos anos apresentou baixo crescimento, ou seja, sofreu uma perda patrimonial quando corrigido pelo IPCA/IBGE, que está sendo recomposto por meio da integralização de R$ 58 milhões ao capital da agência. Essa capitalização praticamente corrige a defasagem ocorrida no PL ao longo dos anos, e permite à GoiásFomento continuar expandindo suas operações com recursos próprios. Rumos – Que importância o senhor confere à ABDE, a entidade que congrega e representa o Sistema Nacional de Fomento, integrado pelos bancos de desenvolvimento e pelas agências de fomento do país? Maronezi – É imprescindível a intermediação entre as necessidades surgidas com o funcionamento das instituições de fomento estaduais e as políticas nacionais de desenvolvimento regionais. Como exemplo, a adequação da legislação bancária à realidade das agências de fomento no que diz respeito às isenções fiscais, o que aliviaria em muito o funcionamento das instituições, principalmente para as menores. Outro aspecto importante é a oferta de treinamentos com conteúdo especialmente voltado para as instituições de fomento. Tão importante e também necessário seria o reconhecimento pelo governo federal do papel indutor do desenvolvimento regional representado pelas agências de fomento, principalmente na descentralização de financiamentos e na capilaridade que as instituições nacionais nem sempre n conseguem ter.
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EXPERTISE
Carlos Nepomuceno REDE DE COMPUTADORES
Uma nova governança nas Por Ana Redig
Em uma época de transformações agudas introduzidas pela internet, apenas uma mudança radical na cultura de governança pode garantir uma vida saudável às corporações. Com este argumento central, o especialista em gestão e estratégia no mundo digital Carlos Nepomuceno aponta caminhos a trilhar para que empresas e profissionais se adaptem aos novos tempos
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organizações
Divulgação
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mundo está passando por uma revolução cognitiva com a chegada de uma nova mídia, mais aberta e colaborativa. Este fato vai demandar uma mudança na governança da espécie, afetando completamente a forma de decisão das corporações em todo o mundo. Esta é a teoria central do livro Gestão 3.0 e a crise das organizações tradicionais, de Carlos Nepomuceno, lançado em agosto pela Editora Campus. Pierre Lévy, um dos pais da cybercultura (cultura baseada nas tecnologias de comunicação, surgidas a partir da informática), afirmou sobre a publicação: “O livro propõe uma interessante análise antropológica dos novos problemas que se colocam para os líderes contemporâneos. As pessoas que querem compreender como podemos utilizar a internet para reinventar o processo de tomada de decisão encontrarão aqui respostas”. Nepomuceno é jornalista e consultor especializado em estratégia no mundo digital, com doutorado em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense, com a tese “Macrocrises da Informação”. Em 1995 criou a Pontonet, primeira empresa de consultoria em web do país, para ajudar as organizações a lidarem melhor com essa passagem cultural, reduzindo riscos e ampliando oportunidades. Desde então, já desenvolveu e implementou cerca de 400 projetos de consultoria estratégica em internet em empresas como Vale, BNDES, Petrobras, Prodesp, Fiocruz e Natura. Gestão 3.0... é o resultado de 10 anos de pesquisa, estudos, observações, palestras e cursos, além de horas de debates e trocas de ideias entre um grupo de estudos que o pesquisador mantém na internet, bem como de reflexões publicadas em seu blog diário www.nepo.com.br. O livro traz um subtítulo intrigante: Como a sociedade pode se adaptar às mudanças ocasionadas pelos novos hábitos digitais? Esta pergunta resume, de certa forma, a reflexão à qual o especialista vem se dedicando para entender que tipo de mudanças a internet traz, como ela aparece, que interferências ela causa na sociedade, entre outras questões. A publicação faz uma revisão do pensamento contido em Conhecimento em Rede, escrito em 2006 por Nepomuceno em parceria com Marcos Cavalcanti, primeiro livro sobre Web 2.0 no Brasil. Na ocasião, os autores entenderam que o cami-
nho era preparar os profissionais e também as empresas para terem uma melhor percepção desta nova realidade, visando à melhoria dos resultados em estratégia, colaboração e inovação. Depois, bastaria eleger um setor estratégico na organização, onde um projeto-piloto de redes sociais digitais corporativas seria implantado. “Estávamos certos de que, com o tempo, esses focos iniciais contaminariam as organizações de dentro para fora, mas isso foi uma fantasia”, admite Nepomuceno. Ele percebeu que, apesar do diagnóstico apontar para a necessidade de aumentar a participação nas tomadas de decisão, por meio de uma estrutura mais horizontalizada, a solução – ou o tratamento, como prefere – não estava surtindo efeito. “Cheguei à conclusão de que não se tratava de uma pneumonia, mas sim de um câncer mais agudo de pulmão, e que talvez exigisse um transplante”, compara Nepomuceno. Foi quando o livro Inteligências Múltiplas, do americano Howard Gardner, chegou às mãos do especialista. Uma pesquisa com 400 empresas nos Estados Unidos confirmava seu diagnóstico no Brasil: em 90% das empresas pesquisadas naquele país, a tentativa de uma colaboração maior utilizando redes sociais corporativas – intranet, portal, blog, Twitter e Facebook –, mesmo tentando envolver fornecedores e clientes, havia fracassado. Assim, ele voltou a se debruçar no problema na tentativa de descobrir o que estaria errado no cenário ou mesmo na metodologia. Nepomuceno concluiu que o mundo passa hoje por uma mudança no que chamou de “governança da espécie”, conceito que ele sentiu necessidade de criar. “Estamos vivendo em uma sociedade que, em geral, trabalha dentro do mesmo formato, baseado num modelo piramidal em que um pequeno grupo ‘líder alfa’ comanda, do topo, as organizações. Abaixo deste grupo há outro – maior – de subordinados com alguma autonomia, que vai diminuindo conforme a base da pirâmide vai aumentando”, analisa. Assim, ele compreendeu que não se tratava de criar novos ambientes para a informação, mas sim que uma mudança teria que acontecer no âmbito da própria governança da espécie humana, tarefa bem mais árdua. “O modelo atual das organizações não tem mais condições de sobrevivência, pois foi criado dentro de determinados padrões tecnológicos que permitia este tipo de concentração de poder no que tange às decisões e resoluções de pro-
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EEXPERTISE
Carlos Nepomuceno
blemas. Ocorre que criamos outro ambiente – a der da taxa de inovação, esta pode ser incremental ou radical. internet – mais sofisticado, complexo, dinâmico e A primeira busca melhorar um pouco algo que já existe. Já a participativo, que faz com segunda é aquela que muda radicalmenque o atual modelo se moste um processo, criando algo completatre ineficiente”, avalia. mente diferente. “Sempre que há uma O especialista lembra contração de canais cognitivos, a taxa de que a última revolução coginovação é baixa. Quando, ao contrário, “Criamos asas (avião), nitiva que tivemos na nostemos uma expansão desses canais, a nadadeiras (barcos), sa sociedade foi a mudança taxa de inovação cresce. A revolução cogdo modelo monárquico nitiva pela qual estamos passando vem caudas (cordas); para a República, ocorrida oferecendo mais e mais canais, para mais por isso não faz sentido com as revoluções liberais e mais pessoas, inundando a sociedade dos anos 1800. Essa mucom informações, ideias, novas metopensar o ser humano dança no modelo de godologias e novas tecnologias. Por isso, a vernança em todo o munpressão para que esta mudança aconteça sem considerar que do foi fruto da chegada da prensa, é proporcional ao aumento da completoda vez que uma tecnologia que criou novos caxidade demográfica. O modelo criado a nais para o cidadão se informar, partir das revoluções liberais atendiam a encontramos um gerando as revoluções liberais. Estas uma capacidade de concentrar a inforprovocaram a diluição do poder do rei mação e as decisões nas mãos de alguns problema, buscamos e do papa – líderes alfa ainda mais conlíderes, e isso está chegando ao seu limiresolvê-lo por meio centradores do que os de hoje – e troute”, analisa. xe a representatividade social e polítiO difícil, muitas vezes, é encontrar a da inovação.” ca, personificada pelos primeiros direção correta quando estamos dentro ministros, parlamentares etc. A grando processo de mudança. Como consulde diferença é que nesta época o muntor, quando Carlos Nepomuceno comedo tinha cerca de 1 bilhão de pessoas. ça um trabalho em uma organização seu “Agora somos sete bilhões de habitantes, sendo que cerca de foco é na mudança de governança radical, para que ela consi60% concentrados nos grandes centros, ou seja, a complexidaga utilizar todos os novos recursos de forma plena. “Sou conde demográfica é muito maior e atinge um nível de acesso ao tratado para estudar e dizer o que a organização precisa, e não conhecimento e à tecnologia muito mais expressivos”. o que ela quer. E isso é o mais difícil, pois envolve interesses, Nepomuceno destaca que o ser humano é a única espécie culturas, dificuldades de percepção, entre outras coisas. Mas com esta capacidade de aumentar seu número de membros, se o gestor está realmente interessado em resolver os problepois, diferentemente das outras, quando os problemas de mas, e não apenas em exercer o poder, aí temos um terreno governança da espécie começam a ocorrer, inventa-se uma fértil para a inovação”, garante. Assim, a efetiva implantação nova forma de solucioná-los, com o uso de novas metodolodos projetos acaba acontecendo somente em organizações gias e tecnologias. Além disso, é possível afirmar que a espéque realmente têm abertura para repensar a governança, que cie humana é um “Homus Inovatus”, ou seja, uma “tecnoesestão abertas a outro modelo. Ainda assim, quando o diagpécie”, pois, ao contrário dos outros animais, sobrevive granóstico indica a necessidade de uma intervenção cirúrgica, o ças a invenções que dão chance ao ser humano de competir processo de implantação complica bastante. Afinal, como na natureza. O homem utiliza o pensamento, a criatividade e promover uma mudança radical em uma empresa que está a inventividade para desenvolver habilidades que os outros em funcionamento? A luz veio de um artigo chamado “Coanimais têm como parte integrante de seus corpos. “Criamos mo administrar sua carteira de inovação”, de Bansi Nagji e asas (avião), nadadeiras (barcos), caudas (cordas); por isso Geoff Tuff, publicado pela Harvard Business Review. não faz sentido pensar o ser humano sem considerar que toda Os autores defendem que uma empresa saudável deve vez que encontramos um problema buscamos resolvê-lo por dividir suas atividades de inovação em três partes. A primeira meio da inovação,” afirma Nepomuceno. (70% da empresa) deve focar seus esforços para melhorar um A espécie humana está, portanto, acostumada a fazer inopouco o que já está fazendo; outra parte, 20% da companhia, vações na governança, sem que isso signifique, necessariadeve atentar em fazer mudanças radicais dentro daquilo que mente, uma revolução. “O homem está sempre fazendo já faz; e apenas 10% do esforço deve ser feito fora da organipequenas inovações incrementais, que melhoram a gestão zação, em um ambiente completamente separado e diferente, dos problemas, mas mantém os parâmetros anteriores, ou que permita desenvolver coisas absolutamente novas, para alguns deles. Mas o que a sociedade está vivendo hoje é a acompanhar as mudanças da sociedade. “Esse artigo me necessidade de uma inovação de governança radical, que apontou o caminho de como implantar esta operação”, revemodifique não somente as formas, mas especialmente que la Nepomuceno. Assim, ele começou a desenvolver esta metocrie novos parâmetros.” O especialista explica que, a dependologia, que parte da preparação dos profissionais envolviRUMOS - 10 – Novembro/Dezembro 2013
dos. Depois, é criado um laboratório de inovação radical, ou de migração. “O nome pode variar, mas a ideia é a mesma: um ambiente separado da organização, para onde são levados os problemas, mas não os processos. Nele, os profissionais – já dentro do ambiente colaborativo, participativo, em rede – passam a criar soluções inovadoras. Somente depois de testada e aprovada neste ambiente, a inovação é incorporada à organização”, explica o especialista. Nepomuceno já aplica este modelo em dois clientes. A primeira experimentação está acontecendo no Instituto de Planejamento Iplanrio (Empresa Municipal de Informática e Planejamento do Rio de Janeiro). Desde julho de 2012, uma turma com mais de 60 profissionais vem sendo formada, com um trabalho de percepção cognitiva e nova cultura. A criação do laboratório, que funciona informalmente desde o ano passado, estará oficializada até o final deste ano. Um dos problemas levados para o grupo foi a fiscalização dos transportes públicos. A questão colocada foi: como, com um pequeno contingente de fiscais, é possível fazer uma fiscalização eficiente em uma frota gigante, composta de ônibus, trens, metrô, barcas, transporte coletivo por ônibus rápido, conhecido como BRT, Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e transporte complementar? A sugestão do laboratório foi cri-
ar plataformas em que o usuário passe a informar diretamente o problema. Assim, o fiscal deixa de trabalhar no varejo e passa a agir no atacado. Desta forma, com o mesmo número de fiscais e a colaboração dos usuários, será possível provocar mudanças significativas, com uma relação custobenefício muito melhor. Outra ideia é criar e divulgar um mapa com as piores e melhores linhas, destacando os principais problemas e qualidades de cada uma delas. Assim, o usuário que tiver alternativa poderá optar pela melhor linha e a prefeitura terá como atuar de forma profilática, agindo para que as piores linhas aprendam com as melhores. Carlos Nepomuceno acredita que o mesmo modelo poderá ser aplicado com sucesso nas áreas de saúde, educação, entre outras. “Com um aplicativo gratuito, qualquer aluno poderá denunciar problemas com a merenda, um banheiro quebrado ou falta de professores. Da mesma forma, os pacientes da rede pública da saúde poderão informar a ausência de médicos ou medicamentos, a existência de goteiras, falta de atendimento. Muito diferente do modelo atual, em que tudo colabora para a não solução dos problemas.” Para Nepomuceno, hoje é impossível pensar em uma solução para este tipo de dificuldade sem contar com a participação da população. n
Exemplos de inovação Para exemplificar como um tipo de solução participativa pode ser pouco, algo ou muito radical, Carlos Nepomuceno destaca três modelos de aplicativos para chamar um táxi que já funcionam no Rio de Janeiro. Como é possível perceber, apenas a adoção de uma nova tecnologia não traz, necessariamente, as soluções. Nos dois primeiros casos, os problemas podem até aumentar. Por exemplo, se o passageiro não ficou satisfeito com o atendimento de um determinado motorista, ele não tem como eliminá-lo de suas preferências, pois, sendo parte da cooperativa, ele sempre será oferecido uma outra vez, apesar do mau atendimento.
“Arrisco dizer que o último modelo, por sua flexibilidade e autorregulação, é o que acabará se tornando padrão ao longo do tempo, pois é o mais adaptado para gerenciar uma não cooperativa ou estabelecer uma mudança radical no que entendemos por cooperativa hoje”, aposta Nepomuceno. As mudanças de governança vão acontecer. Resta saber quanto tempo vai demorar para que as lideranças das organizações percebam que a participação horizontalizada das soluções pode ser a única alternativa para vencer em um mercado cada vez mais complexo e competitivo.
Aplicativo
Tipo
Descrição
Resolve Aí
Inovação da governança incremental
O aplicativo trabalha junto às cooperativas de táxi, apenas melhorando a forma de chamada do passageiro.
Easy Taxi
Inovação da governança incremental radical
O aplicativo vai adiante, pois elimina a cooperativa, mas não estabelece novos critérios de controle da qualidade do serviço. O passageiro não escolhe nem avalia os motoristas, perdendo o grande salto que a internet traz, que são os rastros digitais para definir um novo modelo de meritocracia.
TaxiBeat
Inovação da governança radical
Elimina a cooperativa e estabelece novas formas de regulação e controle entre passageiro-taxista. Isso torna a relação passageiro-motorista sustentável, por meio de uma autorregulação, ou seja, se o táxi atendeu bem, escolho ele de novo. Se não, o elimino como fornecedor. Este modelo é bem propício para o aumento da complexidade demográfica. Além disso, quanto mais passageiros e mais motoristas houver no sistema, melhor, pois a avaliação é constante.
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OPINIÃO PERSPECTIVAS
É melhor prevenir Marcelo Correa
Antonio Delfim Netto Professor Emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento.
C
hegamos ao final de 2013 com algumas incertezas importantes em relação ao comportamento de nossa economia e num grau ainda maior em relação à economia mundial (sensação recorrente nesses últimos cinco anos de crise), mas longe de viver a situação desastrosa que analistas das “agências de risco” chegaram a antever para o Brasil, inclusive com mal disfarçado estímulo de organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Crescemos pouco – é verdade –, em torno de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), com a taxa de inflação ligeiramente abaixo de 6% (dentro dos limites da meta) e com uma Dívida Bruta se aproximando de 60% do PIB. Tivemos bastante desconforto nos meses finais do ano devido à demora em corrigir alguns controles de preços (uma inflação reprimida, principalmente com o tratamento da questão dos combustíveis) e com a discussão do problema da dívida. Em agosto de 2013, o FMI calculou a dívida brasileira em 64,8% do PIB, fazendo uma projeção para o ano de 68,3%, enquanto a estimativa do Banco Central (BC) apontava para 59,1% do PIB, uma divergência significativa. A diferença diz respeito a papéis do Tesouro em poder do BC que estão fora do mercado e cujo rendimento quando apropriado é integralmente revertido ao Tesouro. Como o FMI faz comparações com outros países, é compreensível que tenha regras universais, mas não é correto que não abra espaço para as particularidades de cada país, desde que eles não introduzam distorções na avaliação do fenômeno que se pretende medir. Documento apresentado ao FMI pelo economista Marcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, é de tal clareza que deveria ter convencido os técnicos do organismo que nossos números não introduziam qualquer viés nas comparações internacionais. Não se trata de um nível de endividamento capaz de pôr em risco a solvabilidade do Brasil, mesmo porque ele é basicamente em moeda nacional, mas é alto quando comparado ao de alguns países emergentes, em torno de 35%. O inconveniente é não dar mais espaço para uma eventual política fiscal anticíclica, além de pressionar a taxa de juros real e redistribuir anualmente aos credores quase 6% do PIB. O problema do desalento interno e externo não era propriamente o nível da Dívida Bruta/PIB, mas com a série de medidas que poderiam elevá-lo, como, por exemplo, a proposta de renegociação das dívidas dos entes federados posta em discussão no Congresso Nacional. Felizmente, em novembro, o ministro da Fazenda recolheu o seu suporte ao projeto que, pelo menos no “espírito” – senão na letra –, abriria o caminho para a violação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Esta é o último “garante” da própria União contra a “fúria gastadora” que alimenta os poderes incumbentes das unidades federadas na busca da ascensão política. Violações da ordem fiscal se acumulam sem consequências aparentes no curto prazo. A História e a análise teórica já ensinam, no entanto, que em algum momento essas violações geram uma “emergência” que explode num desequilíbrio fiscal, inflacionário e cambial simultâneo, que reduz a pó a economia nacional. Todo brasileiro com mais de 20 anos já assistiu em preto e branco a tragédias dessa ordem. De seu lado, o Executivo mudou a postura quanto ao equilíbrio fiscal: renegou os exercícios de alquimia e engajou-se mais fortemente na reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); compreendeu que a dívida pública não é recurso novo; está revendo a política de “campeões nacionais”; tem procurado atrair os bancos privados para projects financing e passou a ouvir mais atentamente os potenciais competidores nas concessões de energia e transporte. Isso já mostra resultados, como o sucesso nos leilões do campo de Libra e a presença de fortes competidores arrematando as concessões dos aeroportos do Galeão e Confins. Mais importante ainda foi a iniciativa da presidenta Dilma que estimulou as principais lideranças do Congresso Nacional a assinarem um Pacto de Responsabilidade Fiscal comprometendo-se a não colocarem em pauta qualquer projeto de lei que aumente despesas ou reduza receita, eficiente medida preventiva contra a ameaça de redução de nosso rating. Tudo isso talvez não seja suficiente para corrigir o aparente mau humor dos investidores internos e externos ou a desconfiança de organismos internacionais. Devemos nos prevenir e levar mais a sério as ameaças das agências de rating – apesar do nível de descrédito que a maioria ostenta –, pois o primeiro semestre de 2014 pode reservar-nos surpresas desagradáveis e nos punir com uma “tempestade perfeita”, gerada pela conspiração de eventos simultâneos: 1. O início do fim do programa de afrouxamento monetário nos Estados Unidos e 2. A redução de nosso rating. Se isso acontecer, teremos que enfrentar ao mesmo tempo uma elevação rápida da taxa de juros no mundo, a mudança do fluxo de capitais, um ajuste instantâneo e profundo de nossa taxa de câmbio, uma redução do crédito bancário, a queda dramática da renda real dos trabalhadores e a volta – em legítima defesa – de taxas de juros reais aos absurdos níveis que suportamos durante tantos anos, acompanhados por um aumento do desemprego. Isto sim – e não a fantasia política – poderá comprometer a confortável posição da presidenta Dilma Rousseff no processo eleitoral. n
RUMOS - 12 – Novembro/Dezembro 2013
SISTEMA NACIONAL DE FOMENTO AFAP – Agência de Fomento do Estado do Amapá S/A Presidente: Sávio Peres www.afap.ap.gov.br
BANPARÁ – Banco do Estado do Pará S/A Presidente: Augusto Sergio Amorim Costa www.banparanet.com.br
BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul Presidente: Jorge Gomes Rosa Filho www.brde.com.br
AFEAM – Agência de Fomento do Estado do Amazonas S/A Presidente: Pedro Geraldo Raimundo Falabella www.afeam.am.gov.br
BANRISUL – Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A Presidente: Túlio Luiz Zamin www.banrisul.com.br
CAIXA – Caixa Econômica Federal Presidente: Jorge Fontes Hereda www.caixa.gov.br
BB – Banco do Brasil S/A Presidente: Aldemir Bendine www.bb.com.br
DESENBAHIA – Agência de Fomento do Estado da Bahia S/A Presidente: Vitor Lopes www.desenbahia.ba.gov.br
BDMG – Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais S/A Presidente: Matteus Cotta de Carvalho www.bdmg.mg.gov.br
DESENVOLVE – Agência de Fomento do Estado de Alagoas S/A Presidente: Antonio Carlos Quintiliano www.desenvolve-al.com.br
BNB – Banco do Nordeste S/A Presidente: Ary Joel de Abreu Lanzarin www.bnb.gov.br
DESENVOLVE SP – Agência de Desenvolvimento Paulista Presidente: Milton Luiz de Melo Santos www.desenvolvesp.com.br
AFERR – Agência de Fomento do Estado de Roraima S/A Presidente: Murilo Gomes Pereira www.aferr.rr.gov.br AGEFEPE – Agência de Fomento do Estado de Pernambuco S/A Presidente: Agnaldo Nunes de Souza www.agefepe.pe.gov.br AGERIO – Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro S/A Presidente: José Domingos Vargas www.agerio.com.br AGN – Agência de Fomento do Rio Grande do Norte S/A Presidente: João Augusto da Cunha Melo www.agnrn.com.br BADESC – Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S/A Presidente: João Paulo Kleinubing www.badesc.gov.br
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Presidente: Luciano Coutinho www.bndes.gov.br BRB – Banco de Brasília Presidente: Paulo Roberto Evangelista de Lima www.brb.com.br
FOMENTO PARANÁ – Agência de Fomento do Paraná S/A Presidente: Juraci Barbosa Sobrinho www.fomento.pr.gov.br GOIÁSFOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Goiás S/A Presidente: Luiz Antônio Faustino Maronezi www.fomento.goias.com.br
BADESUL – Badesul Desenvolvimento S/A – Agência de Fomento RS Presidente: Marcelo de Carvalho Lopes www.badesul.com.br
MT FOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S/A Presidente: Mário Milton Verlangieri Ferreira Mendes www.mtfomento.mt.gov.br
BANCO DA AMAZÔNIA – Banco da Amazônia S/A Presidente: Valmir Pedro Rossi www.bancoamazonia.com.br
PIAUÍ FOMENTO – Agência de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí S/A Presidente: Antonio Rodrigues de Sousa Neto www.fomento.pi.gov.br
BANCOOB – Banco Cooperativo do Brasil S/A Presidente: Marco Aurélio B. de Almada Abreu www.bancoob.com.br BANDES – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A Presidente: Guilherme Henrique Pereira www.bandes.com.br
FINEP – Agência Brasileira da Inovação Presidente: Glauco Arbix www.finep.gov.br
ABDE
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Presidente: Luiz Eduardo Barretto Filho www.sebrae.com.br
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INOVAÇÃO
PESQUISA
Por Jader Moraes
Ciência para o desenvolvimento Pesquisadores de todo o mundo discutem a importância da ciência para a redução das desigualdades e promoção do desenvolvimento sustentável
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Cristina Lacerda
o centro do objetivo do governo federal há pelo menos uma década, a luta pela redução da miséria ganhou aliados de peso no mês de novembro. Mais de 600 cientistas de todo o mundo, incluindo renomados brasileiros, se reuniram no Rio de Janeiro para discutir como a ciência pode ser um instrumento para superar as desigualdades e promover um desenvolvimento sustentável à Terra. Com apoio do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Brasil sediou a sexta edição do Fórum Mundial da Ciência (FMC), um dos princiPlateia de especialistas acompanha o evento que aconteceu pela primeira vez fora do Rio de Janeiro. Os cientistas buscam unir ciência e desenvolvimento sustentável. pais eventos da comunidade científica internacional, que pela primeira vez em sua história deixou de ser realizado na cidade de Budapeste, cência, temos consciência de nossas limitações, mas ainda capital da Hungria. estamos crescendo, ganhando musculatura e experiência”, “A ciência brasileira está em pleno desenvolvimento e destacou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Maralcançou a primeira das fases de sua maturidade. Se fizermos co Antonio Raupp, na abertura do evento. uma comparação com um ser humano, vou dizer que estaO Brasil teve papel fundamental não só por sediar o mos no primeiro estágio da fase adulta. Já passamos a adolesFórum, mas por inserir na pauta um tema bastante sensível à RUMOS - 14– Novembro/Dezembro 2013
RUMOS - 15 – Novembro/Dezembro 2013
Ascom ABC
sociedade brasileira e que ainda não havia figurado nos fóruns anteriores: a erradicação da pobreza como objetivo da ciência. Como a ciência pode ajudar a alcançar esse objetivo de redução das desigualdades e eliminação da miséria? Quais as ferramentas que os cientistas têm a seu dispor para enfrentar esses problemas e promover um desenvolvimento sustentável ao planeta? Uma semana antes do Fórum, um grupo de cientistas, economistas e acadêmicos brasileiros – junto com alguns convidados internacionais – se reuniu Para o ministro do MCTI, Marco Antonio Raupp: “A ciência brasileira está em pleno para tentar responder a essas e outras desenvolvimento e alcançou a primeira das fases de sua maturidade”. questões. “O tema da inclusão social é muito importante, não podemos pensar em desenvolvimento sustentável se temos uma pobreza muito não só o governo, é preciso construir uma cultura empresarigrande. E acreditamos muito que a ciência, a tecnologia e a al que também dê atenção a esta questão”, afirmou. educação são ferramentas poderosas para a erradicação da Citando o economista brasileiro Celso Furtado e suas pobreza. É isso que o Brasil defende”, comentou o presidenconsiderações sobre criatividade e poder, a presidenta do te da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, na apreCentro de Gestão e Estudos Estratégicos da Fundação Joasentação do seminário realizado na Universidade do Estado quim Nabuco, Lúcia Melo, afirmou que o Brasil pode dar do Rio de Janeiro (UERJ). uma lição ao mundo de como realizar a inclusão por meio da “Nosso mundo está tragicamente dividido entre aqueles inovação. que têm e os que não têm, e as conquistas científicas coexis“Criar uma sociedade inteligente, inclusiva e criativa vai tem com enormes desigualdades no acesso aos recursos natupassar pelo forte componente de reorganização e aproveitarais”, admitiu o presidente do FMC e da Academia Húngara mento cada vez maior da ciência, da tecnologia e da inovade Ciência, Jozsef Palinkas. ção. É um desafio para a comunidade brasileira desenhar proTendo o desenvolvimento como norte, o Brasil apresencessos em que o conhecimento científico gere inovações que tou durante o seminário o documento Ciência para o sirvam ao nosso tecido econômico-produtivo”, defendeu. Desenvolvimento Sustentável Global, fruto de sete debates Em sintonia com seus colegas, o economista Luiz Gonocorridos em diferentes capitais do país, em encontros prezaga Beluzzo lembrou que o movimento que deve ser feito paratórios para o fórum. A carta afirma que a ciência possui no Brasil é ainda mais profundo, pois é preciso vigiar para novos desafios no século XXI, dentre eles o crescimento que não se regrida nos avanços sociais significativos já alcanpopulacional, as mudanças ambientais e a necessidade de çados e ao mesmo tempo desenvolver um crescimento ecoredução das desigualdades sociais e de eliminação da pobrenômico sustentável. Para ele, é urgente que se faça uma za e da fome. reforma na educação brasileira, bem como um programa de O secretário-executivo do MCTI, Luiz Antonio Rodrireindustrialização para o país. “Não sou pessimista com o gues Elias, destacou que o Brasil conquistou grandes avanfuturo do nosso país, mas algumas coisas devem ser cuidaços em diversas áreas e agora também está buscando fazer das”, alertou. seu dever de casa no que diz respeito ao conhecimento e à inovação. “A mudança que fizemos, pensando o país, na quesAmérica Latina – Em conjunto com as demais nações latitão da renda, não teria sido possível se antes não tivéssemos no-americanas, o Brasil lançou, durante o seminário, outro tido feito uma intensa reflexão sobre o tema. Por isso é documento que destaca as perspectivas da ciência e tecnoloimportante estarmos aqui, refletindo: precisamos criar um gia no continente, destacando que a região fez progressos sigmovimento sistêmico e integrado para transformar a ciência, nificativos nos últimos dez anos, mas ainda enfrenta grandes tecnologia e inovação em política de estado e fazermos uma desafios para avançar rumo a um desenvolvimento sustentáinflexão tal qual o país fez em sua política de emprego e de vel e inclusivo. Para isso, foi redigida uma carta que propõe renda”, comparou. uma grande cooperação regional no tema. O economista Luis Pinguelli Rosa defendeu o papel da No documento, os países se comprometem com o ciência como fundamental para aprofundar o desenvolviaumento significativo das capacidades em ciência, tecnolomento brasileiro. Ele afirmou que o intenso desenvolvimengia e inovação e com a promoção da pesquisa científica avanto que o Brasil viveu nos últimos anos, sobretudo na área çada, reconhecendo a importância da inovação inclusiva e da social, indica uma série de rumos a serem tomados, mas falta formação de recursos humanos nos países da região. uma definição de longo prazo. “ Precisamos todos caminhar, O físico Luiz Davidovich, membro da ABC, listou os
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INOVAÇÃO
PESQUISA
No último dia do seminário, estudantes brasileiros selecionados para o programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal, contaram sobre suas experiências em universidades europeias e norte-americanas, onde passaram o último ano. Eles destacaram que, além do conhecimento técnico-científico, a experiência proporcionou uma intensa vivência cultural com outras realidades. De acordo com o professor Walter Leal, da Universidade da Califórnia, muitos estudantes brasileiros de pósdoutorado impressionaram os pesquisadores americanos. Ele destacou algumas experiências positivas do país, que não existem em outros locais, como a Plataforma Lattes (base de dados que disponibiliza os currículos acadêmicos de todos os universitários e pesquisadores brasileiros) e os programas de iniciação científica. Para Leal, o desafio agora é atrair estudantes estrangeiros para as universidades brasileiras. “Precisamos dialogar com outras academias ao redor do mundo”, reforçou. O professor Jailson Bittencourt de Andrade, da Universidade Federal da Bahia, destacou que a interação com o mundo externo ainda acontece muito pouco nas universidades brasileiras. Mas programas como o Ciência Sem Fronteiras e os Institutos Nacionais podem ajudar neste quadro. “Hoje nós temos instrumentos. O desafio é dar continuidade a esses investimentos”, comentou. Fórum – A troca, o diálogo e o compartilhamento entre cientistas de diversas partes do mundo deram o tom do Fórum Mundial da Ciência, realizado no Rio de Janeiro. Com o tema “Ciência para o desenvolvimento sustentável global”, o evento contou com a participação de mais de 600 cientistas. Um dos destaques foi o nigeriano Umar Buba Bindi. Diretor geral do Serviço Nacional de Aquisição e Promoção de Tecnologia em seu país, ele falou sobre os desafios da ciência frente a um cenário de desigualdade e pobreza e contou como é a utilização da tecnologia e inovação para
desafios da América Latina e afirmou que a região ainda tem muito a crescer para alcançar o mesmo patamar dos países desenvolvidos. Uma das preocupações centrais é, por meio da ciência e da tecnologia, promover um desenvolvimento sustentável para a região. “Temos uma riqueza nesse território, que é a grande biodiversidade. Especialmente para a Amazônia, é preciso desenvolver um plano consistente que a proteja, usando seus recursos com base em alta tecnologia.
Ascom ABC
Experiências internacionais
Uma das palestras mais esperadas foi a do nigeriano Umar Buba Bindi, diretor geral do Serviço Nacional de Aquisição e Promoção de Tecnologia.
o desenvolvimento dos meios urbano e rural na Nigéria. Atualmente, Bindi coordena a construção de um corredor de ciência ao longo da estrada do aeroporto de Abuja, capital do país. A segurança alimentar foi tema da disputada palestra do presidente do Painel Científico Independente do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas, Agricultura e Segurança Alimentar, o francês Thomas Rosswall. Ele defendeu que novos parceiros são essenciais para a ciência conseguir mitigar esse e outros problemas. “O setor privado e a sociedade civil, juntamente com os governos, devem estar unidos à ciência, numa relação dialógica e não apenas demandante”, convocou. Um dos mais prestigiados cientistas brasileiros presentes do evento, o climatologista e secretário nacional de Política de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, destacou a importância do alinhamento da ciência com a política e ressaltou, citando a Amazônia, que o paradigma tradicional de desenvolvimento é insustentável. Sua apresentação integrou o painel que discutia o futuro da Terra e debateu sobre as mudanças para a comunidade científica no século XXI. Depois de traçar um panorama da ciência e tecnologia nos dias atuais e seus desafios em tempos contemporâneos, apresentou aos presentes uma questão: “Nós estamos nos dirigindo para um sistema global de inovação?”. A comunidade científica, ao que parece, espera que sim. Ou seja, desenvolver a Amazônia, mantendo a floresta em pé”, resumiu. O secretário-executivo do MCTI reforçou que este processo de cooperação entre os países latino-americanos é fundamental para o desenvolvimento da ciência na região. “Muitas vezes não nos chegamos na velocidade que devíamos ter nos apresentado para a integração acontecer. Mas isto é fundamental”, lembrou Elias. n
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PANORAMA POLÍTICA
Do Bolsa Família ao Brasil sem Miséria Ignacy Sachs Luiz Reis
Professor Emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris.
O
décimo aniversário do Programa Bolsa Família, instituído em 2003, serviu de ocasião para avaliar os seus efeitos e refletir sobre o seu futuro. Os resultados falam por si. Estima-se que 22 milhões de brasileiros tenham saído da extrema miséria por meio deste programa. Com efeito, de 2003 a 2013, o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família passou de 3,6 para 13,8 milhões (ou seja de 14,7 a 50 milhões de pessoas, Veja, 18/09/2013, p. 109), quase um quarto da população brasileira, com o valor médio do benefício de 152 reais por mês. 52% do total foram distribuídos no Nordeste e 13% no Norte, as duas regiões mais carentes do país. De 2003 a 2011, a porcentagem da população brasileira que vive com menos de 1,25 dólar por dia diminuiu de 12 para 4,2%. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA – Carta Capital, 30/10/2013, p. 43), cada real transferido pelo governo gerou nada menos de 2,4 reais no consumo final das famílias. Entre 2002 e 2012, a extrema pobreza no Brasil retrocedeu assim 69%, um resultado deveras significativo. Para Marcelo Neri, presidente do IPEA, o Bolsa Família foi responsável por nada menos de 28% dessa queda e por 12% da redução da desigualdade social. O Programa Bolsa Família caracteriza-se portanto por um custo baixo (apenas meio por cento do Produto Interno Bruto – PIB) e um impacto assaz importante no que diz respeito à redução da extrema pobreza que, na sua ausência, seria hoje de 33 a 50% maior (boletim do IPC-IG, n° 228, novembro de 2013). Estima-se ainda que este programa contribuiu de 12 a 21% ao forte declínio recente do coeficiente Gini, que mede as disparidades na distribuição social da renda. Devemos, portanto, nos próximos anos manter, e até ampliar, o Bolsa Família como um seguro social para os segmentos menos favorecidos da população. Ao memo tempo, convém envidar esforços para que a transferência da renda que o caracteriza sirva de incentivo às mudanças profundas na estrutura e na organização da economia brasileira, fortalecendo o seu desempenho social por meio da geração de auto-empregos e empregos produtivos convenientemente remunerados. O Plano Brasil sem Miséria, lançado em 2011 e direciona-
do às famílias mais pobres com renda mensal de até 70 reais por pessoa, devendo atender 16,2 milhões de brasileiros, constitui um passo nessa direção. Este plano está fundamentado em três pilares: uma renda mínima garantida; geração de qualificação, ocupação e renda com vistas a um aumento do emprego; e melhoria de acesso aos serviços públicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Ao combinar o crescimento econômico com redução de desigualdade social, o plano propõe um recuo da pobreza a uma taxa três vezes mais rápida do que a estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre as ações previstas pelo plano Brasil sem Miséria para as zonas rurais convém mencionar a quadruplicação do número de agricultores familiares abrangidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos, incluindo uma assistência técnica individualizada para 253 mil famílias, que serão acompanhadas por uma equipe de 11 técnicos para cada mil famílias. Elas terão ainda parte da sua produção adquirida por instituições públicas e filantrópicas – hospitais, escolas, universidades, creches e presídios –, além do acesso à rede dos supermercados. O Brasil sem Miséria se propõe a incluir no Bolsa Família 800 mil unidades familiares que atendem às exigências de entrada no programa, mas que não recebem o recurso por não estarem ainda cadastradas. Outrossim, a construção de novas cisternas vai atender 750 mil famílias rurais até o fim de 2013. Ao mesmo tempo, outras 600 mil famílias verão o seu acesso à água melhorado e 257 mil famílias se beneficiarão do Programa Luz para Todos. Entre programas novos, convém citar por fim o Bolsa Verde, que paga a cada trimestre 300 reais por família, transferidos por meio do cartão Bolsa Família, como contraparte pela participação num programa de preservação de florestas e de reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável. Por ambiciosos que possam parecer os objetivos resumidos acima, acredito que o Brasil tem condições de cumpri-los. Obviamente, esta tarefa seria facilitada ao se elaborar rapidamente e submeter a um amplo debate democrático um plano nacional de desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável de 15 a 20 anos com destaque para o primeiro quinquênio. Não temos tempo a perder. Portanto, mãos à obra. n
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REPORTAGEM
COOPERATIVAS
Por Brunna Duarte
Crescimento estratégico Cooperativas financeiras comemoram crescimento acima da média das demais instituições do Sistema Financeiro Nacional e assumem desafio da expansão sustentável
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Tiago Oliveira
sil (Bancoob), Marco esafio” é uma Aurélio Almada, os palavra conhenúmeros crescentes são cida no vocabufruto do amadurecilário das cooperativas de crémento do setor, especidito brasileiras. Com mais almente no que diz resde 100 anos de história no peito à constituição de país, o segmento vive um plataformas capazes de momento novo, marcado criar e desenvolver solupelas conquistas regulamenções tecnológicas e relatares que abriram espaço cionadas a produtos e para um modo diferente de serviços financeiros. enxergar a si mesmas e o “O Bancoob, por exemmercado em que atuam. plo, cresceu 489% em Deixando para trás um depósitos nos últimos passado de restrições, as anos. A instituição salcooperativas assumem um tou 23 posições no rannovo posicionamento no king de bancos atuantes mercado financeiro, valorino Brasil, passando da zando a atuação estratégica Marco Aurélio Almada, diretor-presidente do Bancoob. 38ª posição em dezeme ressaltando o foco nos bro de 2008 para a 15ª negócios. Tudo isso, em busposição em dezembro de 2012, garantindo a maior evolução ca de propagar o relacionamento diferenciado com os associpercentual no período”, apontou. ados e suas localidades, no qual o desenvolvimento é um No mesmo intervalo, o banco cresceu 207% em operabenefício que se desfruta em conjunto. ções de crédito, 190% em ativos e 189% em patrimônio líquiOs números são promissores. De 2008 a 2012, período do. “Não temos dúvidas de que a expressiva evolução nos crítico no Sistema Financeiro Nacional (SFN), o cooperativolumes do Bancoob é reflexo direto da performance destacada vismo financeiro cresceu 117% em operações de crédito, que as cooperativas usuárias dos serviços do banco têm tido 132% em ativos e 105% em patrimônio líquido. A confiança em suas operações em prol dos associados e suas comunidanas instituições financeiras cooperativas garantiu, por sua des”, afirmou Almada. vez, crescimento de 147% nos depósitos. O percentual corO amadurecimento foi demonstrado pelo setor por meio respondente no SFN foi de 38,6%. da estruturação em busca de soluções ajustadas às suas necesPara o diretor-presidente do Banco Cooperativo do BraRUMOS - 18 – Novembro/Dezembro 2013
sidades. De maneira própria, as cooperativas encontraram na composição sistêmica a estrutura adequada aos avanços organizacionais e negociais que têm aberto espaço para uma abordagem mais ampla e competitiva. Unidade – A diversidade de contextos e especificidades não tem interferido no casamento de interesses entre os subsistemas. Prova disso é que os discursos dos maiores sistemas de crédito cooperativo nacionais convergem, assim como as estratégias caminham para os mesmos objetivos. Aspectos ligados a crescimento, aumento de eficiência e otimização do relacionamento com os associados estão em destaque nos planejamentos estratégicos e perspectivas dos maiores sistemas de crédito cooperativo do país, como o Sicoob, Sicredi e Unicred. Almada vê essa convergência com bons olhos. “Isso demonstra um alinhamento muito positivo para o cooperativismo financeiro nacional. Com objetivos comuns, nos tornamos capazes de pensar em soluções integradas, como é o caso da mais recente conquista do setor: o Fundo Garanti-
dor do Cooperativismo de Crédito, nomeado FGCoop. E quem ganha é sempre o maior interessado: o cooperado”. Tendo como vantagem o posicionamento diferenciado, com 75% dos negócios realizados nas regiões interioranas e 25% nos grandes centros, o cooperativismo financeiro tem pela frente um cenário promissor. No interior, é sinônimo de desenvolvimento e recursos para atividades essenciais à economia do país, como o apoio ao agronegócio. Nos grandes centros, encontra espaço para expandir e atender de forma diferenciada públicos até então distantes do segmento. Em 2012, as lideranças do setor no país anunciaram o desejo de alcançar indicadores percentuais de participação de mercado na casa dos dois dígitos. Se comparada a exemplos de países como a França – onde, segundo o Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu), o segmento já detém 39% de market share da população –, a meta brasileira se mostra um desafio possível. Com os ventos soprando a favor, o olhar para o futuro das cooperativas é ousado, mas um objetivo necessário ao saudável desenvolvimento do mercado financeiro nacional. n
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ECONOMIA SISTEMA NACIONAL DE FOMENTO
Noel Joaquim Faiad
Ao redor do mundo Fernanda de Freitas Feil Formada em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre na mesma área pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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o Brasil, o Sistema Nacional de Fomento (SNF), que congrega as instituições financeiras cuja finalidade é o fomento ao desenvolvimento, representa quase metade do saldo das operações de crédito da economia e algo em torno de 45% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional. Quer dizer, nosso país é caracterizado pela forte presença no sistema financeiro das instituições que promovem o fomento. No entanto, esse quadro nem sempre foi a realidade nacional, a presença de tais instituições é um movimento recente. A importância das instituições financeiras de desenvolvimento na oferta de crédito na economia brasileira vinha perdendo espaço consideravelmente durante as décadas de 1980 e 1990. Seu fortalecimento recomeçou a partir de 2004, quando os agentes do SNF voltaram a ser utilizados como instrumentos de políticas públicas e indutores do crescimento. Essa tendência de fortalecimento foi acentuada durante a crise financeira mundial, que se iniciou em 2007/2008, com a adoção de políticas contracíclicas por parte do Estado. Tais instituições financeiras foram também as grandes responsáveis pela manutenção da oferta de crédito na economia ao agirem no sentido de impedir o empoçamento do capital, permitindo, como isso, a sustentação do nível de investimento, especialmente o produtivo. De fato, durante os anos mais críticos da crise financeira (vale lembrar que essa foi a pior crise que assolou o sistema financeiro mundial desde a Grande Depressão, em 1929) os países que possuem bancos de desenvolvimento sofreram menos do que aqueles países que não contavam com esse instrumento. Ainda assim, a existência de um SNF forte, como o observado no Brasil, não ocorre sem uma gama enorme de discussões acerca de sua eficiência e eficácia. Os argumentos a favor de um sistema robusto enfatizam, principalmente, sua importância para atuar com ações contracíclicas, aumentar a capilaridade do sistema, atingir aqueles segmentos e clientes que o sistema privado não alcança – ou devido ao baixo retorno da operação de crédito ou devido à distân-
cia física dos grandes centros financeiros, o que acaba encarecendo o produto – e agir como instrumento de políticas públicas. Em contrapartida, os argumentos contra a existência de um sistema de fomento forte enfatizam a falta de eficiência de bancos de desenvolvimento e de agências de fomento, o que acaba por gerar custos altos para a sociedade, tirando a competitividade do sistema financeiro como um todo ao impor uma concorrência desleal devido aos créditos subsidiados. Vale dizer que tais críticas não se limitam ao Brasil, é uma discussão global. Diante de tantos argumentos e dúvidas, tendo em vista que muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento contam com uma forte presença estatal no sistema financeiro e dada a importância do tema, a Rumos decidiu lançar uma série de artigos sobre o assunto. Serão publicadas uma série com a comparação de como o sistema de fomento dos diferentes países funciona ao redor do mundo e qual o seu papel no desenvolvimento econômico. Nos artigos disponíveis nessa seção, de agora em diante, serão sinalizados os principais exemplos de bancos de desenvolvimento ao redor do globo, sua função e importância. Pretende-se mostrar o valor do sistema de fomento no processo de desenvolvimento dos países, sua importância na democratização do crédito e nas ações contracíclicas praticadas pelos governos. Também será feita uma análise de como ocorre o financiamento ao setor produtivo e as ações de políticas públicas nos outros países, quais as principais vias de financiamento e qual o papel desses bancos públicos. Para tanto, elegeremos, de agora em diante, em cada edição da Revista Rumos, o sistema de fomento de um país ou região. Serão conhecidas as experiências da África, Alemanha, Canadá, China, EUA, Inglaterra e de alguns vizinhos da América Latina. O último artigo da série deverá trazer uma reflexão sobre o Brasil. Caso você, leitor, tenha um interesse em particular de saber mais detalhadamente sobre algum país, experiência ou instituição, mande seu recado. Sugira, critique, participe! Escreva para Rumos e dê sua sugestão, faça sua observação. Esperamos que a coluna agrade a todos! n
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DIGITAL Leia a revista e consulte as edições passadas. Saiba mais sobre o desenvolvimento do país.
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CENÁRIOS DO RIO
ADMINISTRAÇÃO
Por Solange Bagdadi
Ajuste perfeito para Diretora da Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio) relata os bastidores das operações bem-sucedidas e destaca o compromisso das áreas técnicas com a expansão do crédito que gera emprego, renda e desenvolvimento sustentável para a região
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Divulgação/AgeRio
om larga experiênestratégicos da AgeRio, cia em gestão de que mantém uma carteira riscos, a diretora de Controlade crédito saudável e perdoria e Risco da Agência Estamanentemente renova e dual de Fomento do Rio de otimiza todas as etapas Janeiro (AgeRio), Valquíria do ciclo do crédito. Xavier Delmondes, fala sobre A presença do risco é uma área de vital importância inerente a toda operação nas instituições financeiras de de crédito. Uma gestão fomento, que têm, dentre eficiente da carteira peroutros objetivos, a missão de mite avaliar ameaças e apoiar financeiramente o oportunidades, combidesenvolvimento econômico nando rentabilidade das e social do estado. Quando os operações com níveis de benefícios originados de uma risco que assegurem o operação de crédito se tornam equilíbrio da carteira, o perceptíveis, poucos imagireinvestimento do capital Atual diretora da área de gestão de riscos da AgeRio, nam que há uma verdadeira e a solvência. Esse proValquíria possui longa trajetória na Caixa Econômica Federal, engenharia financeira por trás, cesso é operacionalizado tendo exercido diversas funções de caráter gerencial no banco. construída a partir de conhecie controlado por sistemas mentos técnicos sólidos e comque possibilitam o acompetentes para que o sistema funcione com eficiência. panhamento contínuo da qualidade da carteira de crédito. Basicamente, a área de gestão de risco de crédito trabalha na identificação e mitigação dos fatores que podem interferir Integração – Na agência, existem unidades específicas para no retorno de uma operação de crédito. As concessões de créo gerenciamento de riscos corporativos, contemplando todo dito são precedidas de uma avaliação de risco que utiliza proo ciclo do crédito (concepção do produto, concessão, monicedimentos e metodologias consistentes e reconhecidas no toramento e retorno). As áreas envolvidas nesse ciclo buscam mercado, diferenciando-se de acordo com o grau de compleconstantemente a melhoria do processo, com foco na missão xidade e porte do cliente e da operação. O processo de gestão da instituição que é fomentar, por meio de soluções financeide risco de crédito da agência está alinhado às estratégias de ras, o desenvolvimento sustentável do estado do Rio, com negócios da instituição e segue as diretrizes definidas na sua excelência na prestação de serviços, observando sempre o política de crédito, compreendendo toda a estrutura de apoio princípio da segregação de atividades. técnico, normas, manuais de procedimentos, instruções e ferDe acordo com a diretora, essas unidades precisam atuar ramentas, utilizadas no mercado e que atendem as exigências de forma integrada, retroalimentando seus processos. “A gesdo órgão regulador. Com isso, a área acompanha os objetivos tão do crédito é responsabilidade de todas as unidades envolRUMOS - 22 – Novembro/Dezembro 2013
uma gestão eficiente
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econômicos, combinam recursos, compartilham a mesma vidas no ciclo do crédito, desde a sua concepção até o gestão, se interligam por meio de participações societárias, momento em que ele retorna, tanto financeiramente como realizam mútuos entre si, ou seja, tudo que pode influenciar em benefícios econômicos, fiscais e sociais. Dada a transverno sucesso da operação de crédito que se pretende contratar. salidade do processo, essa trajetória é que faz a diferença para Para a diretora, a gestão de crédito se apoia em políticas que o financiamento seja bem direcionado, bem alocado, específicas que asseguram a realização de uma gestão rescom riscos calculados e mitigados”. ponsável e eficiente do recurso público. Neste sentido, é saluSegundo Valquíria, a extensão desse compromisso é um tar que o zelo e a prudência estejam sempre presentes, porém desafio muito grande para a área técnica, que atua nos bastidona medida certa para que o objetivo final da operação de créres da concessão do crédito analisando, de forma interdisciplidito seja alcançado. “Ter o compromisso de ousar com sabenar, os riscos que podem afetar, direta ou indiretamente, a aplidoria, utilizar o conhecimento específico em profundidade e cação dos recursos financeiros previstos nos planos de negóexaurir todas as possibilidades técnicas, quando se deparar cios e demais projetos elegíveis ao apoio financeiro da instituicom uma situação pouco conhecida e atípica que precisará ção. “Os técnicos devem ter um olhar direcionado para o atenser tratada de forma singular”, dimento qualificado e de forma explicou. sustentável, permitindo que as necessidades de capital, caracteCapital humano – A diretora resrizadas nas propostas de crédito saltou que a AgeRio conta com dos clientes, sejam atendidas, visprojetos estratégicos que priorilumbrando o alcance dos resultazam a capacitação das pessoas dos e benefícios esperados, sem para o gerenciamento de riscos e prescindir do cumprimento às gestão de capital e ao mesmo temexigências regulatórias e as boas po investe nas áreas de Tecnologia práticas da gestão interna”. e Recursos Humanos. “Dessa forComo a instituição considema, há sinergia em prol da atividara a gestão do risco peça fundade da empresa. A empresa que mental para otimização do uso vive de prestação de serviços do capital, completou a diretora, depende fortemente da inteligên“a agência incentiva, orienta e cia das pessoas e a gestão do propicia a adoção de instrumenconhecimento é imprescindível tos modernos com tecnologia para desenvolver e reter esses adequada para fazer as alocatalentos”, observou a diretora. ções corretas do capital exigível Valquíria explicou, ainda, que para manter a atividade da insti- Atuando nos bastidores, os técnicos da AgeRio promovem os ajustes perfeitos para alcançar uma gestão eficiente. um dos segmentos de destaque na tuição”. concessão de créditos bemsucedidos é o do microcrédito, Diferenciais – Valquíria explique vem fazendo a diferença nas comunidades pacificadas cou que o diferencial da agência está na maneira como se do Rio de Janeiro, fato relacionado ao trabalho feito nos basencara o crédito concedido numa perspectiva de futuro, tidores pelos técnicos da agência. “Nossa equipe é enxuta e observando, entre outros aspectos, a vocação regional. “Os comprometida em crescer junto com a empresa. O grande técnicos envolvidos na avaliação de risco praticam o desendesafio é ir além do trivial. Ir ao limite do que se pode chegar, volvimento do conhecimento até a exaustão desse saber. do conhecimento técnico, em favor de um projeto que visIsso significa ousar com a garantia técnica, fazendo o que lumbra mudar o contexto socioeconômico. A AgeRio é uma consideram primordial para que o apoio financeiro gere os instituição financeira. Uma empresa pública que tem o combenefícios pretendidos, durante e após a alocação dos recurpromisso com o desenvolvimento econômico, social e ambisos”, comentou. ental do estado. Investe em projetos que contribuem com a Diante desse cenário, ela destacou a aplicabilidade dos sua atividade principal: de fomentar a geração de emprego, conceitos básicos dos “Cs” do crédito – caráter, capacidade, renda, e, assim, alimentar o círculo virtuoso da economia”, condições, capital, colateral e conglomerado, o que significa concluiu. n avaliar as ligações entre empresas que participam de grupos RUMOS - 23 – Novembro/Dezembro 2013
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AMAZÔNIA
Por Luciano Silva
INFRAESTRUTURA
Grande porte Banco da Amazônia desembolsa quase R$ 7 bilhões para projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Região Amazônica; principais ações são na área de geração e transmissão de energia
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Banco da Amazônia está financiando mais de R$ 6,81 bilhões no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), programa federal de grandes obras lançado em 2007 e com ações em todo o país. Em sete estados atendidos pelo banco – as exceções são Acre e Roraima – foram aprovadas a contratação de 40 projetos de infraestrutura, relacionados sobretudo à energia elétrica, mas também a outras áreas estratégicas para a região. Os recursos empregados nas obras têm origem em três fontes distintas: a maior parte, R$ 3,7 bilhões, são oriundos do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), e R$ 2,8 bilhões provêm do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), ambos destinados ao financiamento do setor privado. Outros R$ 225 milhões são repasses de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre os projetos selecionados, o estado de Rondônia recebe investimentos em quinze ações, ligadas sobretudo à produção e geração de energia, que totalizam cerca de R$ 3,3 bilhões. Os estados do Amazonas e Tocantins também lideram a lista das unidades com maior número de projetos contemplados, embora em termos de recursos alocados o Pará se situe à frente de ambos, com pouco mais de R$ 1,5 bilhão liberados. Os demais estados que compõem a lista são o Amapá, Maranhão e Mato Grosso. Para a gerente de Grandes Clientes do banco, Marilene Ribeiro, os financiamentos concedidos em 2013 em função do PAC devem trazer significativos resultados para o desenvolvimento regional. “Investimentos nesse tipo de empreendimento valorizam as potencialidades regionais, pois alicerçam a atividade econômica de todas as formas e se transformam em ações estratégicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida das populações locais. Com isso visamos a redu-
ção das desigualdades intra e interregionais”, comentou ela. A gerente citou como exemplos de resultados que os projetos devem trazer à região a ampliação da base produtiva dos estados, o fortalecimento dos arranjos produtivos locais e a minimização das desigualdades internas por meio do incentivo à formação de novos polos econômicos no interior. “Projetamos o alcance de significativos resultados socioeconômicos em benefício da população regional e de contribuição para o desenvolvimento sustentável dos estados amazônicos”, afirmou. Além dos projetos ligados à energia, o banco também faz o repasse para ações na área da telefonia móvel, saneamento
Desenvolvimento sustentável é o Investir no desenvolvimento da região amazônica sem comprometer os recursos naturais, a biodiversidade local ou mesmo suas populações tradicionais é um desafio que tem permeado a atuação do banco. Para isso, a instituição internalizou o conceito de desenvolvimento sustentável e se ancora em um novo modelo de desenvolvimento econômico, a chamada economia verde. O Banco da Amazônia é um dos signatários do Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental, assinado em conjunto com os demais bancos públicos federais e o Ministério do Meio Ambiente, em 2008. “O conceito de desenvolvimento sustentável permeia toda a atuação do banco, até porque a economia mundial vive um período de transição para um novo modelo, baseado no desenvolvimento em bases sustentáveis, cuja característica principal aponta para uma
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Divulgação PAC
Os projetos de produção e geração de energia vão beneficiar não apenas a região, mas todo o país, por meio do sistema de transmissão brasileiro que permite a transferência de energia por meio das linhas de interligação.
básico, terminal portuário e também para a área do turismo. Sobre este último, Marilene fala com entusiasmo e acredita que o projeto pode proporcionar a expansão do mercado interno e inserir a região nos cenários turísticos nacional e também mundial. “Com esse projeto, o banco busca contemplar as diversidades da Região Amazônica por meio da geração de produtos e serviços de turismo, baseadas na riqueza da biodiversidade dos ecossistemas regionais, além das cidades amazônicas”, explicou. Energia – Dos 40 projetos contratados, 35 são ligados à área
orientador das ações mudança qualitativa nos padrões de produção e de consumo. Esse novo modelo econômico, chamado de economia verde, permite perceber claramente que as dimensões econômicas, ambientais e sociais precisam coexistir em equilíbrio, a fim de gerar de maneira sustentável o bem-estar da humanidade”, disse Marilene. A gerente destacou que, nesse processo de construção da economia verde, o papel do crédito bancário, especialmente dos bancos públicos, tem sido fundamental na priorização de financiamentos de negócios sustentáveis, bem como na pactuação de instrumentos formais, a exemplo do Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental. Sendo essa uma estratégia para influir positivamente na sustentabilidade do país. “É dessa forma que se consegue investir na região sem agredir o meio ambiente”, finalizou.
da energia, a maior parte na construção de cadeias de produção e geração de energia. Mais do que importantes apenas para a Região Amazônica, as ações são fundamentais para todo o país. Como o sistema de produção e transmissão de energia no Brasil é interligado, a construção de uma usina no Norte do país, por exemplo, gera impactos em todas as demais regiões, uma vez que há transferência por meio de linhas de interligação. “A transmissão permite que o sistema elétrico opere com confiabilidade, gerando otimização de custos pelo intercâmbio de energia”, explicou Marilene. A opção do banco por realizar grandes investimentos no setor se deveu, além de um alinhamento institucional com as políticas dos governos federal, estaduais e municipais, a uma necessidade de assegurar que o imenso potencial energético da Amazônia seja explorado de forma sustentável, possibilitando a geração de energia necessária para impulsionar o desenvolvimento industrial da região e do país. Em sua estratégia de atuação, o banco avaliou a implementação de novas instalações em infraestrutura para a oferta de energia como necessárias para atender o crescimento dos requisitos do mercado. Essas premissas foram definidas segundo critérios de garantia de suprimento preestabelecidos, de forma ambientalmente sustentável, o que minimiza os custos totais esperados de investimento, inclusive os socioambientais, e de operação. “Com estes investimentos será ampliada a cobertura de domicílios atendidos com eletricidade, tanto na área rural como na urbana, promovendo, assim, a diversificação da matriz energética regional, além da geração de postos de trabalho e arrecadação de impostos. Além disso, estamos estimulando a eficiência produtiva dos principais setores da economia, o que impulsiona a modernização tecnológica e acelera o crescimento nas áreas em expansão e permite ativar áreas deprimidas”, destacou a gerente. n
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SUL EXTREMO
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GESTÃO Por Jader Moraes
Impulso para o futuro O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) recebe capitalização dos estados-membros, amplia oferta de crédito e maximiza ganhos: o balanço de 2013 projeta futuro de crescimento para a instituição e para a economia local
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o fechar os três primeiros trimestres do ano de 2013 com forte alta nos índices operacionais e financeiros, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) projeta um futuro de crescimento consolidado e maior desenvolvimento para a região. Em outubro, último mês da gestão do economista Carlos Henrique Horn como presidente da entidade, o lucro do banco chegou a R$ 140 milhões no acumulado de 12 meses, o que representa avanço frente a uma média de R$ 70 a R$ 80 milhões nos anos anteriores. O dado veio acompanhado de outros números positi-
Renegociação de dívida dos produtores deu novo impulso ao setor.
vos: o desembolso de crédito para projetos de longo prazo teve expansão e chegou aos R$ 3 bilhões no ano (sendo quase R$ 4 bilhões no acumulado de 12 meses) e a inadimplência, historicamente baixa no banco, em torno de 3%, alcançou níveis ainda menores, na casa de 1,6%. “Vivemos um período de desempenho muito favorável, tanto no volume de operações de crédito quanto no desempenho financeiro. Conseguimos superar um momento de impacto, que foi durante a crise de 2008 e a restrição que se seguiu, com reflexo na economia de todos os países, e chegamos agora em 2013 com redução da inadimplência e aumento do lucro do banco”, comemora Carlos Henrique Horn, que dirigiu o banco durante os últimos 16 meses e, em novembro, cedeu lugar ao administrador paranaense Jorge Gomes Rosa Filho, como prevê o estatuto do BRDE. Por ser um banco regional, a instituição possui um regime de governança com alternância na presidência entre os estados do Sul, sendo todas as ações desenvolvidas em conjunto. A redução da inadimplência, por exemplo, deveu-se a uma combinação de fatores: a renegociação da dívida agrícola, por meio de programas criados nesse período para os setores de arroz e de maçã; o próprio cenário econômico do Brasil, que foi menos atingido pela crise econômica que outros países; e a expertise acumulada da Superintendência de Recuperação de Crédito, uma área instituída no banco ainda no início dos anos 2000, que tornou a instituição mais preparada para lidar com cenários adversos e permitiu ao banco a construção de um instrumento de análise e rito bastante consolidados, que minimizam os riscos. “A taxa de inadimplência do BRDE nesses últimos 15 anos é significativamente menor do que aquela que encontramos no final da década de 1990, quando estava na casa dos dois dígitos, o que era um problema”, contou Horn. Inovações – Os últimos 16 meses também foram marcados por inovações que levaram o banco a uma posição de destaque entre seus pares no país. O BRDE tornou-se o primeiro banco de desenvolvimento a operar o Cartão BNDES e também a repassar recursos do Inovacred, o programa da Agência Brasileira da Inovação (Finep). O Cartão BNDES/BRDE foi lançado em setembro deste ano em uma cerimônia com a presença do governador Tarso Genro, que destacou a importância do banco na condução da política de desenvolvimento do estado. A expectativa da instituição é, em um período de quatro anos, emitir mais de quatro mil cartões para micro, pequenos e médios empresários (MPMEs), que hoje já representam a maior parte dos clientes urbanos do BRDE. Os portadores do cartão
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Noel Joaquim Faiad
podem contar com crédito rotativo e mico do país. “Temos uma agricultura pré-aprovado, com limite de até R$ 1 muito importante na região, no promilhão para a compra de cerca de 190 cessamento de aves, suínos, vinícola, mil itens listados no site do Cartão maçã, arroz, soja e muitos outros. BNDES. Somos apoiadores firmes das coopeAté o fim de 2012, apenas cinco rativas de produção agropecuária, empresas operavam o cartão, e o BRDE como principal banco do investimenfoi a primeira instituição de fomento a to do cooperativismo agropecuário do fazê-lo. “Foi resultado de um trabalho lonSul. Não há mais ninguém tão imporgo, em que examinamos as alternativas e tante quanto o BRDE neste segmenchegamos à conclusão de que seria possíto”, avaliou. vel e bom para o banco operar com o carO presidente defende que uma polítão, como mais um produto para atender tica efetiva que vise o desenvolvimento a uma clientela de menor porte”, destaregional deve superar o pensamento de cou Horn. “Com o cartão, temos um insmacrorregiões e concentrar a atenção trumento muito interessante para apoiar para as unidades regionais, o que conas MPMEs, sem os custos operacionais templa um olhar para as questões locais elevados de uma operação direta tradicioe a heterogeneidade de cada lugar. nal”, completou. Foi embalado por essa discussão, Carlos Henrique Horn também ocupa A adesão ao Inovacred também foi a presidência da ABDE. no âmbito do Conselho de Desenuma maneira encontrada pelo banco de volvimento e Integração Sul (Codesul), superar algumas barreiras da modelagem que surgiu a proposta da recriação de tradicional de oferta de crédito à inovação. Chamado de uma superintendência de desenvolvimento da região, com o BRDE Inova, o programa de crédito oferece linhas que vão renascimento da Sudesul, nos moldes do que ocorreu com a desde a aquisição de máquinas e softwares até o desenvolvireestruturação das Superintendências de Desenvolvimento do mento de produtos, a inovação organizacional e a modernizaNordeste (Sudene) e do Centro-Oeste (Sudeco). ção das instalações de empresas. As discussões foram provocadas a partir das conferências O programa atende às micro e pequenas empresas em de desenvolvimento regional promovidas pelo Ministério da suas demandas de financiamento para inovação e, de acordo Integração Nacional ao longo dos últimos dois anos, culmicom Horn, além de trazer novos elementos em termos de nando com a etapa nacional realizada em março de 2013. O estruturas de garantias, será impulsionado por parcerias com BRDE trabalhou em uma proposta de refundação da Sudesul, instituições que lidam diretamente com empresas do setor, com o objetivo de ser um órgão que cuide especificamente de como a Federação das Indústrias de Santa Catarina e o ações e programas de desenvolvimento da região, sobretudo TecnoPUC, o parque tecnológico da Pontifícia Universidade no que diz respeito à infraestrutura. Após a aprovação do redeCatólica do Rio Grande do Sul. senho do órgão pelos governadores dos estados da região, a Outra inovação operacional importante neste período foi demanda será encaminhada ao governo federal. Para dar a capitalização do banco por parte dos estados controladores, suporte à superintendência, também deve ser criado um fundo algo que não acontecia há 20 anos. O aporte de novos recurde desenvolvimento específico. sos permitiu à instituição ampliar sua oferta de crédito e “Entendemos que uma Sudesul sem um fundo específico mudar de patamar em termos de volume de financiamento. é um órgão de potência muito baixa para interferir na questão “Por sermos um banco de longo prazo, a rentabilidade é relado desenvolvimento regional. Propusemos então uma supetivamente menor que a do setor privado, e o patrimônio, em rintendência e um fundo para cuidar de um dos nossos princiconsequência, cresce linearmente. Com essa capitalização, pais gargalos que é a questão da infraestrutura, principalmente aumentamos o nosso patrimônio, o que nos permitiu uma alalogística e energia. Este deve ser o principal tema da atuação da vancagem maior de recursos e obtivemos um resultado Sudesul e da alocação de recursos do fundo”, reafirmou Horn. expressivo no volume de nossas operações”, explicou, lemAs operações de fundos, aliás, têm se tornado frequentes brando os dados já citados sobre os bons resultados financeino BRDE. Em 2012, ainda na gestão passada, o banco foi creros do período. “Mas esse ritmo de crescimento só se mandenciado como instituição financeira oficial do Fundo tém com nova capitalização”, advertiu. Setorial do Audiovisual (FSA). Recentemente, a instituição se tornou operadora de outros dois fundos: o Fundo de Apoio aos Municípios de Santa Catarina e o Fundo de Apoio aos Regional – Se a gestão de uma instituição financeira já é, por Arranjos Produtivos Locais do Rio Grande do Sul. “Além do si, um grande desafio, estar à frente de um banco regional, crédito, como agente repassador da Finep e do BNDES, tamque compreende estados e regiões com economias e níveis de bém estamos agregando experiência na gestão de fundos”, desenvolvimento diversificados, é uma tarefa ainda mais comressaltou o economista, para em seguida concluir, em refeplexa. “O entendimento da região Sul como homogênea é rência à experiência adquirida nas operações destes mecanisuma ideia falsa”, defende Horn. O BRDE é o principal finanmos de crédito: “Temos expectativa muito favorável para os ciador de uma região que opera fortemente em todos os setores da economia e tem presença relevante no cenário econôpróximos anos.” n RUMOS - 27 – Novembro/Dezembro 2013
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REPORTAGEM
MERCADO DE TRABALHO
Por Carmen Nery
Uma nova dinâmica Ainda que as pesquisas indiquem ligeiras diferenças nas taxas de desemprego, o Brasil vive o momento de forte demanda do mercado de trabalho, uma situação conhecida como pleno emprego da população economicamente ativa. Uma realidade só experimentada na época do Milagre Econômico, nos anos 1970
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om uma taxa de desemprego equiparável à de países desenvolvidos e com estabilidade econômica, o Brasil vive, praticamente, um cenário de pleno emprego, segundo avaliação de economistas. A taxa nacional apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 5,2%, em outubro, só não é mais baixa do que a de países como Áustria (4,9%), Noruega (3,5%) e Japão (4,1%), e se equipara às de Luxemburgo (5,8%) e Alemanha (5,2%). A maior parte do mundo convive com taxas altas de desemprego, disparadas após a crise financeira de 2008. Segundo dados de setembro de 2013, a Espanha (26,6%) e a Grécia (27,3%) lideram o ranking; seguidas por Portugal (16,5%), Croácia (16,9%), Eslováquia (14%), Bulgária (13,1%), Itália (12,4%) e França (11%). Os Estados Unidos, mesmo em ritmo de recuperação econômica, ainda apresentam um índice de desemprego de 7,3%, assim como o Reino Unido, com 7,5%. Os dados são ainda mais surpreendentes quando se compara a evolução da série histórica do IBGE, que iniciou a pesquisa em março de 2002, quando a taxa estava em 12,9%, caindo para 10,5% em dezembro. A partir de 2004, a taxa de desocupação começou a declinar, passando de 9,6%, em dezembro daquele ano, para 7,5% em 2007, 6,8% em 2008 e 2009, e 4,6% em dezembro de 2012, a mais baixa da série. Este ano, a expectativa é de que se estabilize em torno de 5,2%. Os economistas ressaltam que reduzir o desemprego e elevar a massa salarial quase sempre é uma boa notícia. Mas, se ela não vier acompanhada de uma elevação na produtividade, novos problemas poderão surgir. Segundo Samir
Cury, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), é esse o cenário vivido hoje pelo Brasil, que se vê diante de um problema até então desconhecido: a escassez da oferta de mão de obra, que se agrava com a redução dos níveis de produtividade. “Trata-se de um problema novo, pois o país sempre teve escassez de demanda de mão de obra”, diz Cury. Isso porque o Brasil, historicamente, não teve problemas de oferta no passado, a não ser nos anos 1970, durante o Milagre Econômico, quando se enfrentou reduzida oferta em segmentos muito especializados. Segundo o economista, vivemos, hoje, um mercado de quase pleno emprego, cujo efeito imediato é a elevação do rendimento real acima dos ganhos de produtividade. Isso aumenta os custos de produção no componente mão de obra e, quando esses custos são repassados para os preços, acarreta impacto inflacionário. “E se agrava mais ainda quando se avalia a produtividade total de fatores, que inclui produto e pessoas e excluem-se os efeitos do capital. Se há queda de produtividade, apesar de se ter aumentado o estoque de capital, o problema torna-se ainda mais complexo”, analisa Cury. Ele explica que, com pouca oferta de força de trabalho, os setores passam a competir entre si, elevando os salários. Os setores mais competitivos vão poder contratar, mas aqueles que têm problemas estruturais de competitividade ficarão para trás, perdem a oportunidade de contratar bons profissionais ou têm de reduzir a força de trabalho quando não suportam mais os custos de uma folha de pagamentos acima de sua capacidade de gerar renda.
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Marcello Casal Jr./Abr
O setor de serviços é o que mais emprega, tendo o número de trabalhadores com carteira assinada crescido neste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho.
Indústria decresce – Segundo dados do IBGE, entre esses setores está a indústria, que – na contramão dos demais segmentos geradores de novos postos de trabalho, com destaque para o comércio – vem, desde 2012, reduzindo suas vagas. Em outubro de 2012, a indústria representava 15,9% da população ocupada, percentual que caiu para 15,6% em outubro de 2013, uma redução de 2,4%, com a eliminação de 90 mil postos de trabalho. A construção civil também teve redução na participação em igual período, caindo de 7,9% para 7,6%, com uma retração de 4% e eliminação de 75 mil vagas. O comércio, por sua vez, ampliou sua participação de 18,7%, em outubro de 2012, para 18,9% em outubro deste ano, mas teve uma recuperação em relação a setembro ao criar mais de 164 mil postos de trabalho, uma elevação de 3,9%. O setor de serviços passou de 16% para 16,3%, com mais 55 mil vagas, de 2012 para este ano. Outra alteração expressiva é a de serviços domésticos, que reduziu sua partici-
pação de 6,5% para 5,9%, uma queda de 8,4%. Segundo Adriana Araújo Beringuy, economista do IBGE, não se sabe ainda se é o efeito das reduções dos postos de trabalho em função da aprovação dos direitos trabalhistas para os empregados domésticos ou por falta de interesses desses trabalhadores nesse tipo de ocupação e uma migração para outro tipo de atividade. “Há um crescimento também no número de pessoas que não querem trabalhar. Então, além da escassez da oferta, há outros fatores que precisam ser investigados”, alerta Cury. Denise Delboni, professora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVEAESP), observa que é preciso avaliar a qualidade dos empregos gerados no Brasil. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 70% das vagas, em 2012, eram para salários abaixo de R$ 2 mil. Além disso, os jovens estariam entrando cada vez mais tarde no mercado de trabalho. Os de classe média estão
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MERCADO DE TRABALHO
Agência Brasil
REPORTAGEM
As vagas na indústria têm se reduzido nos últimos dois anos. Em outubro de 2012, a indústria representava 15,9% da população ocupada, percentual que caiu para 15,6% em outubro de 2013, uma redução de 2,4%.
Apagão de engenheiros? Apesar da escassez em alguns setores – como engenharia naval e de minas – não há o risco de um “apagão” generalizado de engenheiros no Brasil, segundo estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Universidade de São Paulo (USP). As conclusões estão no artigo dos pesquisadores da USP Mario Sergio Salerno, Leonardo Melo Lins, Bruno Cesar Pino Oliveira de Araújo, Leonardo Augusto Vasconcelos Gomes, Demétrio Toledo e Paulo Meyer Nascimento, este último do Ipea. O artigo indica que, em termos quantitativos, as pressões da demanda tendem a ser resolvidas com a ampliação da oferta de novos engenheiros, uma vez que os cursos da área voltaram a atrair alunos. Porém, mudanças estruturais rumo a uma economia mais baseada em inovação poderiam causar de fato um apagão de engenheiros. O Brasil precisa desses profissionais para mudar de patamar produtivo. Sem contar isso, os pesquisadores consideram que é um exagero dizer que já vivemos esse apagão. Eles alegam que há muitas opiniões, impressões e especulações que apontam para a falta de engenheiros no país, mas poucos dados. Para eles, há várias questões analisadas sem tanto rigor e formalização acerca da educação, do mercado de trabalho e da qualidade do engenheiro. O artigo aponta quatro dimensões que podem explicar a percepção de alguns agentes econômicos sobre escassez de mão de obra em engenharia: a qualidade dos engenheiros formados, uma vez que a evolução na quantidade não foi acompanhada pela mesma evolução na qualidade; o
hiato geracional, o que dificulta a contratação de profissionais experientes para liderar projetos e obras; os déficits em competências específicas; e os déficits em regiões localizadas. Em relação ao hiato geracional, as pirâmides etárias evidenciam um gradual envelhecimento tanto daqueles formados em engenharia quanto daqueles que exercem as ocupações declaradas como típicas da área. O crescimento modesto dos anos 1980 e 1990 não apenas afastou os engenheiros das ocupações típicas, como também afetou a atratividade dos cursos de engenharia. Ao longo da década de 2000, a faixa etária de 35 a 59 anos perdeu participação relativa na pirâmide etária, enquanto o topo e, principalmente, a base da pirâmide alargaram-se. Com a retomada do crescimento econômico e a expansão do ensino, a base da pirâmide etária expandiu-se devido aos engenheiros mais jovens que voltaram a se interessar pela carreira. Por outro lado, os autores alertam para o fato de que a inexistência de gargalos não significa a falta da necessidade de ampliação dos investimentos no ensino de engenharia, particularmente nas universidades públicas. Para eles, a engenharia está profundamente ligada ao desenvolvimento econômico e à inovação. E, nesse aspecto, o Brasil apresenta baixo índice de engenheiros por habitante ou por formados no ensino superior. Eles apresentam dados apontando uma correlação entre profissionais de ciência e tecnologia com o Produto Interno Bruto (PIB). “Engenheiros são importantes para o desenvolvimento dos países”, diz Paulo Meyer, pesquisador do Ipea. O Brasil ocupa a última posição, entre 27 países analisados, em um
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fazendo MBA, pós-graduação ou intercâmbio no exterior. Quanto aos mais pobres, ou eles continuam sendo sustentados por suas famílias que recebem algum tipo de bolsa, ou não estão qualificados para o mercado de trabalho. “Esse contingente não é computado no desemprego. Ou seja, há menos gente procurando emprego, e isso reduz a taxa de desocupação. Portanto, há outras variáveis afetando a taxa de desemprego”, questiona Denise Delboni. Ela observa, ainda, que há um contingente de pessoas não interessadas nas regras do mercado de trabalho formal. Então, vão para o empreendedorismo ou para o trabalho autônomo, deixando de pressionar a taxa de desemprego, que contabiliza, efetivamente, só quem está à procura de emprego. “São pessoas que poderiam buscar um emprego e desistiram ou porque não têm qualificação ou por não quererem se submeter a condições rígidas de trabalho”, completa.
Demanda – A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de trabalho está aquecida e tem elevado a massa salarial. Os salários desses profissionais crescem mais do que a média de quem tem nível superior. Entre 2000 e 2009, os setores que mais apresentaram elevação do salário pago a engenheiros foram os de cimento, álcool, artefatos de couro e calçados, serviços imobiliários e aluguel, e construção. A taxa de desocupação, por sua vez, é decrescente, passando de 4% em 2000 para 2% em 2010. O crescimento no número dos engenheiros empregados foi de 5,8% ao ano entre 2000 e 2011, e o de engenheiros formados, de 8,7%. Entretanto, essas taxas de crescimento não foram muito diferentes das do total de empregados e do total de formados em todos os cursos, respectivamente. A expectativa é de que, até 2020, o número de engenheiros requeridos pelo mercado de trabalho formal, a depender do cenário de crescimento da economia, atinja entre 600 mil e 1,15 milhão de profissionais. Houve também uma evolução no índice de engenheiros que efetivamente exerciam funções na área. Em 2000, menos de 1/3 dos engenheiros formados exerciam ocupações típicas e tendiam a ganhar menos que os engenheiros que se empregavam em outras áreas. Em 2010, já eram quase 40% os que exerciam ocupações típicas – e, em média, ganhavam mais do que os que mudaram de área. A expectativa é de que, caso o país cresça a uma taxa de 5,5% ao ano, essa proporção suba para 68%; já com um crescimento de 4%, a proporção seja de 46%; e, se o PIB aumentar 2,5%, possa haver uma redução para 35%. Agência Brasil
Desemprego cresce em Salvador – Segundo Adriana Beringuy, o IBGE avalia apenas os dados estatísticos de seis regiões metropolitanas – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. O instituto não investiga as causas dos números serem tão díspares entre
regiões como Salvador – que apresenta a maior taxa de desocupação, saltando de 7% em outubro de 2012 para 9,1% em outubro desse ano, um aumento de 35,5% – e Porto Alegre, com a menor e a mais decrescente taxa de desemprego, passando de 3,9% em outubro de 2012 para 3%, uma queda de 23,4%, em igual período de 2013. “O IBGE não está fazendo uma observação do que ocorre em Salvador – se está havendo queda de postos de trabalho ou pressão da oferta de mão de obra. É um mercado que não está gerando postos, mas não se sabe se é insuficiência de geração ou aumento da procura”, diz Adriana. Na região metropolitana de Recife, a taxa de desocupação caiu de 6,7% em outubro do ano passado para 6,1% em igual período deste ano. Belo Horizonte divide com Porto Alegre os menores indicadores de desemprego: 3,9% em 2012 e 4,1% em outubro de 2013. Em seguida vêm o Rio de Janeiro com 4,6% em 2012 e 4,1% em 2013. E, por fim, São Paulo está um pouco acima da média nacional com 5,9% em outubro de 2012 e 5,6% em igual período de 2013. Segundo os dados do IBGE, o Brasil conta, nessas seis regiões metropolitanas, com uma população de 42,983 milhões de pessoas em idade ativa – acima de dez anos –,
Ainda que exista um discurso sobre a falta de engenheiros no mercado, o país tem aumentado a sua capacidade de formar esses profissionais.
ranking que compara a renda per capita versus recursos humanos com formação em ciência e tecnologia. Mas o país vem evoluindo e reduzindo essas diferenças. Em 2000, o Brasil formou 17.740 engenheiros, o equivalente a 1,04% da população brasileira de 169,8 milhões de habitantes; em 2011, esse número saltou para 44.491 alunos que concluíram cursos de engenharia, o equivalente a 2,31% da população de 192,4 milhões de habitantes. “Em dez anos, mais do que dobramos a proporção”, diz Meyer.
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REPORTAGEM
MERCADO DE TRABALHO
sendo que 57,1%, ou 24,549 milhões, são economicamente ativas. Dessas, 54,2% (23,279 milhões) estão ocupadas e 3% (1,270 milhão) estão desocupadas. A população não economicamente ativa representa 42,9% da população em idade ativa, somando 18,434 milhões.
Portal da Copa / ME
Menor taxa para o mês de outubro – A taxa de 5,2% de desemprego é a menor para o mês de outubro, desde o início da série. E é resultado da queda do registro de desocupação em 58 mil postos e da criação de 85 mil novas vagas. Segundo Adriana Beringuy, embora a taxa de desemprego tenha cedido de 5,4% para 5,2%, de setembro para outubro, a queda na desocupação e o aumento na ocupação ainda não são significativos. “Para o IBGE, o cenário é de estabilidade”, esclarece. Opostos: Porto Alegre possui a menor taxa de desocupação do país (3%). Ela observa que o crescimento na inatividade deu-se no contingente de pessoas que não trabalham, não estudam e não procuram emprego. Esse contingente subiu de 3% em setembro para 4,9% em outuprocuraram emprego nos últimos seis meses mas desistiram bro, para 16,724 (mais 625 mil) milhões contra 15,937 porque não encontraram ocupação em condições dignas ou milhões em outubro de 2012. “Há ainda 1,324 milhão de remuneração adequada. O total de pessoas classificadas na pessoas que não trabalham, mas gostariam de trabalhar se categoria do desalento é de 2,886 milhões, número que apresurgisse uma oportunidade”, diz a economista do IBGE. sentou uma queda de 8% para 2%. Outra categoria apurada é a do desalento: pessoas que “A pesquisa mensal de empregos mostrou, em outubro,
Indicadores de distribuição da população não economicamente ativa, por região metropolitana, segundo algumas características em outubro de 2013 População não economicamente ativa (%) Sexo: Masculino Feminino Faixa etária: 10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 49 anos 50 anos ou mais
Total das seis áreas
Recife
Salvador
Belo Horizonte
Rio de Janeiro
São Paulo
Porto Alegre
36,2 63,8
35,3 64,7
37,1 62,9
37,0 63,0
35,5 64,5
36,5 63,5
36,8 63,2
17,9 9,9 8,6 17,9 45,8
17,7 9,2 10,9 22,7 39,5
17,9 9,9 11,3 20,9 40,0
20,1 10,2 9,2 18,9 41,6
16,0 9,9 9,9 17,8 46,3
18,3 10,0 6,7 16,1 48,9
19,0 9,6 7,7 16,6 47,2
5,6 9,3 37,7 19,0 28,3
7,2 11,7 34,1 17,3 29,3
6,7 10,7 32,6 16,8 33,1
5,4 10,5 40,0 17,6 26,5
4,9 8,6 33,5 20,3 32,6
5,8 8,5 40,8 19,6 25,4
4,2 10,2 42,8 17,6 25,0
Por disponibilidade: Que não gostaria de trabalhar 90,7 Que gostaria e estava disponível 7,2 Que gostaria e não estava disponível 2,1 Marg. ligada à população econom. ativa 2,9
79,7 16,4 3,9 5,8
81,1 16,6 2,3 7,0
89,4 7,9 2,7 3,6
94,1 4,6 1,3 2,1
93,2 4,8 2,0 1,7
91,6 6,2 2,2 3,3
Anos de estudo: Sem instrução e menos de 1 ano 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 10 anos 11 anos ou mais
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego.
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Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divergem das estatísticas do IBGE. Segundo dados do Caged, o país apresentou um saldo líquido de criação de 94.893 empregos formais em outubro deste ano. O resultado é superior ao do mesmo período do ano passado, quando foi apurada a criação líquida de 66.988 postos de trabalho. No mês, o total de admissões atingiu 1.841.106 e o de desligamentos alcançou 1.746.213. No acumulado do ano, houve geração líquida de 1.464.457 empregos com carteira assinada. Em 12 meses, foram criadas 1.036.889 vagas celetistas. Segundo o Caged, a região Nordeste liderou a geração de postos de trabalho em outubro, com a criação de 40.334 vagas — contra 13.747 empregos gerados em outubro de 2012. Salvador tem os maiores índices entre as capitais pesquisadas, 9,1%. Em seguida aparece o Sul, onde foram criados 29.793 postos de trabalho, desempenho superior aos 26.819 empregos criados em outubro do ano passado. Já o Sudeste registrou a criação de 15.789 postos de um cenário de estabilidade da taxa de desocupação em funtrabalho formal, seguido por Norte, com 7.311 vagas, e Cenção de estarmos diante de um mercado em que não há criação tro-Oeste, com 1.666. expressiva de novos postos de trabalho, mas também não há Segundo Lucia Garcia, coordenadora técnica da Pesquisa pressão da oferta de mão de obra”, diz Adriana. Ela observa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese, o instituto que, em termos quantitativos, estamos diante da estabilidade, classifica três tipos de desemprego. Pessoas na categoria de mas têm-se observado fatores ligados a qualidade, no que diz desemprego aberto são aquelas que, nos 30 dias anteriores à respeito à manutenção de postos com carteira assinada e à pesquisa, procurou emprego e não trabalhou nos últimos redução das vagas sem direitos trabalhistas. sete dias. São os recém-desempregados ou os jovens em “O rendimento encontra-se estável, mas com crescimenbusca do primeiro emprego, que estão, efetivamente, empeto de 1,8% na comparação anual. A população ainda mantém nhados em buscar trabalho. conquistas no poder de compra, que caiu em duas regiões do Já o desemprego oculto ou disfarçado é o que classifica o Nordeste – Recife e Salvador –, mas cresceu no Rio de Janeicontingente de pessoas desempregadas pelas condições de ro, em São Paulo e em Porto Alegre”, diz Adriana. trabalho precário. Elas realmente procuram emprego, porém A pesquisa apontou que o rendimento médio real habituexecutaram algum trabalho de baixa jornada e baixa remuneal dos trabalhadores foi estimado, no mês de outubro de ração, ou seja, um bico ou biscate na linguagem popular. E, 2013, em R$ 1.917,30, para o conjunto das seis regiões pespor fim, o desemprego oculto pelo desalento, que é a situação quisadas. Este resultado foi considerado estável frente ao das pessoas que buscaram trabalho há seis meses mas, no apurado em setembro (R$ 1.919,82) e 1,8% acima do que o último mês, deixaram de procurar. verificado em outubro de 2012 (R$ 1.883,45). Regionalmen“O IBGE considera apenas o desemprego aberto. Mas o te, em relação a setembro último, o rendimento dos trabalhamundo inteiro está preocupado com essas duas últimas catedores subiu nas regiões metropolitanas de Porto Alegre gorias: a que oculta o desemprego com bico e o desalentado”, (1,9%) e São Paulo (1,1%). Apresentou retração em Salvador diz Lucia Garcia. Em outubro, segundo as estatísticas do (4,0%), Belo Horizonte (1,3%), Rio de Janeiro (1,2%) e ReciDieese, 335 mil pessoas estavam em situação de desemprego fe (1,0%). Frente a outubro de 2012, houve alta em Porto oculto, e 131 mil na condição de desalento. “São pessoas que Alegre (5,6%), Rio de Janeiro (4,6%) e em São Paulo (1,5%). estão fora do sistema público de proteção de emprego, trabaOcorreu estabilidade em Belo Horizonte e queda em Salvalho e renda porque já vêm de um trabalho não formalizado dor (5,5%) e Recife (2,5%). que não habilita para a seguridade social; ou estão há muito A massa de rendimento médio real habitual dos ocupados tempo desempregados e já superaram as sete cotas do seguro foi estimada em R$ 45,1 bilhões em outubro de 2013, ficou desemprego”, acrescenta. estável em relação a setembro último. Na comparação com outubro do ano passado esta estimativa cresceu 1,4%. Melhoria nas condições de trabalho – Ela diz que o que há, em termos de tendência, é que esses contingentes vêm se reduOutros indicadores – Por usarem metodologias distintas, os zindo, desde 2007, e mais intensamente a partir de 2010, em dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estufunção da reestruturação do mercado de trabalho. Lucia obserdos Socioeconômicos (Dieese) e do Cadastro Geral de RUMOS - 35 – Novembro/Dezembro 2013
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REPORTAGEM
MERCADO DE TRABALHO
Antonio Cruz/Abr
va que essas duas formas de desemprego estão aumentou 0,8%. No setor privado, cresceu o número de associadas à precarização do trabalho e também a empregados sem carteira de trabalho assinada (2,1%) e pouco indicadores positivos, como a tendência de realivariou os com carteira assinada (0,3%). Mantiveram-se em zação de trabalhos formais e a elevação dos rendirelativa estabilidade os contingentes de autônomos (0,2%) e de mentos. “Tudo isso dá conta de que está havendo empregados domésticos (-0,1%). uma melhoria do mercado de trabalho”, acredita. Entre outubro de 2012 e outubro de 2013, no conjunto das Lucia esclarece que a diferença em relação aos números regiões pesquisadas, o nível de ocupação aumentou 1,1%. A do IBGE é porque o insticriação de 201 mil ocupações, tuto não calcula o desemnúmero superior ao de pessoas prego oculto e, no desemque passaram a fazer parte da prego aberto, não calcula força de trabalho das regiões os autônomos como (73 mil), resultou na redução desempregados. “Só exisdo contingente de desempretem três categorias no gados (-128 mil). A taxa de mundo: ocupado, desemparticipação variou de 60,5% pregado e inativo. O IBGE para 60,1%, no período em aumenta os inativos e análise. Nos últimos 12 meses, reduz o desemprego. O o nível de ocupação aumentou Dieese aumenta o desemem Belo Horizonte (4,3%), prego e reduz a inatividade Recife (1,7%), Salvador (1,5%), e a ocupação”, explica. Porto Alegre (1,1%) e São A Pesquisa de EmprePaulo (0,5%) e diminuiu em go e Desemprego (PED) Fortaleza (-1,0%). do Dieese realiza o moni- Trabalhadores autônomos não são contemplados nas estatísticas. Em relação à situação de toramento das taxas de desemprego no mundo, o Brasil ocupação e desocupação experimenta uma situação em seis regiões metropolitanas – Belo Horizonte, Fortaleza, bastante confortável na avaliação da coordenadora da Pesquisa Recife, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. Em outubro, a de Emprego e Desemprego do Dieese. Os EUA, cuja taxa de população ativa somava 34,738 milhões, dos quais 20,890 desemprego está em 7,3%, também fazem uma análise mais milhões representam a população economicamente ativa. O restritiva, computando apenas o desemprego aberto. “Se consitotal de ocupados era de 18,846 milhões; e os desempregados derasse a subutilização da força de trabalho – como baixa jornasomavam 2,044 milhões. Desse total de desempregados, da e empregos de meio expediente (part time) e sem direitos míni1,597 milhão estão na categoria do desemprego aberto; 447 mos e verbas rescisórias –, a taxa seria maior. O importante a mil no desemprego oculto; 318 mil no desemprego precário e destacar é que essa situação de precarização espalha-se pelo 129 mil na categoria do desalento. mundo. Já no Brasil, a situação inverte-se, pois estamos estrutuA pesquisa mostrou que, em outubro, o total de desemprerando o mercado e empreendendo uma clara melhoria nas congados, no conjunto das seis regiões onde a pesquisa é realizada, dições de trabalho, na remuneração e nos direitos”, destaca. foi estimado em 2.044 mil pessoas, 94 mil a menos do que no Negros no mercado de trabalho – O Dieese também realimês anterior. A taxa de desemprego total diminuiu de 10,2%, zou um estudo que mostra a desigualdade de rendimentos entre em setembro, para os atuais 9,8%. Segundo suas componennegros e não negros no mercado de trabalho. Em 2012, 60,3% tes, a taxa de desemprego aberto reduziu de 8,0% para 7,6% e da população negra estavam presentes no mercado de trabalho, a de desemprego oculto passou de 2,2% para 2,1%. A taxa de e 39,7% encontravam-se na inatividade. Já entre os não negros, participação permaneceu em relativa estabilidade, ao variar de 60,4% estavam ocupados, e 39,6%, na inatividade. A taxa de 60,2% para 60,1%. desemprego era de 11,9% entre os negros e de 9,1% entre os O nível de ocupação elevou-se em Recife (1,4%), Belo não negros. A pesquisa também mostrou que os negros receHorizonte (1,1%) e variou positivamente em São Paulo (0,4%) bem 36,21% menos do que os não negros, com uma remunerae manteve-se em relativa estabilidade em Fortaleza (0,3%), ção/hora de R$ 6,83 ante R$ 10,69 dos não negros. Salvador (0,2%) e Porto Alegre (-0,1%). “A pesquisa mostra, também, não ser verdade que a educaSegundo os setores de atividade econômica analisados, no ção elimine a discriminação. A diferença na remuneração entre conjunto das regiões, o nível de ocupação aumentou nos servitrabalhadores com ensino fundamental incompleto é pequena ços (56 mil novos postos de trabalho, ou 0,5%), indústria de – R$ 5,27 para os negros e R$ 6,46 para os não negros. Mas se transformação (mais 21 mil postos, 0,7%) e, em menor mediacentua entre aqueles que têm o ensino superior completo: R$ da, no comércio e reparação de automotores e motocicletas 17,39 a remuneração/hora para os negros e R$ 29,03 para os (15 mil ou 0,4%) e diminuiu na construção (menos 11 mil não negros. Nas funções mais qualificadas, a discriminação é postos ou -0,7%). Por posição na ocupação, o número de assalariados ainda maior”, ressalta Lucia Garcia. n RUMOS - 36 – Novembro/Dezembro 2013
Informação Relacionamento Capacitação Saiba mais em: abde.org.br
ABDE
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REFLEXÃO
INFORMAÇÃO
Comunicação interna 2.0 Acervo Pessoal
Ivan Alves Especialista em Comunicação Corporativa e Marketing.
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funcionário é o principal porta-voz de uma organização. Diante desta afirmação, surge uma pergunta que todas as empresas, independentemente do porte ou segmento, devem se fazer diariamente nos dias atuais: qual é a mensagem que os profissionais estão compartilhando? Há menos de uma década o maior problema sobre a comunicação interna de uma empresa residia nos comentários nos seus corredores. Hoje, conceitualmente, esse problema ainda figura entre as principais dores das lideranças, com o agravante de um cenário recente, mas muito bem estabelecido: a popularização de canais de comunicação, com o advento de mídias sociais e da evolução de sistemas de comunicação (telefonia e aparatos eletrônicos, por exemplo). Todo e qualquer empregado é também um editor e divulgador de conteúdo. Em qualquer momento. Uma impressão ruim deixa de causar apenas uma insatisfação individual e torna-se pública e, principalmente, empática em questão de minutos. O mesmo se aplica para experiências positivas. De 80 a 90% das pessoas sentem a necessidade de externar suas opiniões sobre diversas situações vividas. E onde é que esses indivíduos passam a maior parte do dia? O questionamento citado no início do texto é uma realidade incontornável. Muitas empresas já entenderam esse contexto e uma parcela já encontrou formas eficientes para transformá-lo em resultados positivos para a construção de elevados índices de climas organizacionais. Parte dessas iniciativas de sucesso tem em comum o entendimento e a abertura à comunicação de duas vias. Esse é o conceito do mundo 2.0. Mais do que um termo da moda, todo profissional é um colaborador. E é a partir dessa premissa que as gestões corporativas devem estruturar suas estratégias de comunicação. No cenário interno, a comunicação desempenha um papel importante para a promoção de um bom ambiente, na melhoria de processos e na disseminação de boas práticas. Profissionais mais satisfeitos, otimização de recursos e maior eficiência operacional têm (combinados ou de maneira independente) forte impacto nos resultados de uma instituição. O cenário 2.0 permite uma extensa opção de ações, como a criação de uma rede social interna, blog do presidente, hotsites para campanhas de endomarketing, entre
outras. A escolha das plataformas, entretanto, deve ser fundamentada em um profundo conhecimento da cultura da empresa e de seus colaboradores. Talvez pouco adiantasse, por exemplo, criar uma bela e funcional intranet se a maior parte dos colaboradores fica alocada em cliente, sem acesso a uma rede interna, e se a segurança da informação é um item crítico para os negócios. Mas, em contrapartida, poderia ser interessante investir no desenvolvimento de um aplicativo para dispositivos móveis, com algumas funcionalidades básicas de um portal corporativo. Entender quem é e o que quer o colaborador é outro item essencial para o desenho das ações de comunicação interna. Esse é o momento oportuno para criar ações criativas e personificadas, como o disparo de cartão (impresso ou online) na data de aniversário de vínculo empregatício. Porém, tão importante quanto conhecer o perfil e os interesses do público-alvo é abrir espaço para o colaborador. Ele tem algo para falar e faz questão disso. Mas planejar e criar iniciativas que vão de encontro às expectativas do profissional não é o suficiente. O planejamento deve sim ser norteado por esse princípio, mas de maneira a difundir os princípios organizacionais e a cultura da empresa, ao mesmo tempo que influencie nos resultados da instituição. A Comunicação Interna 2.0 é uma realidade que dificilmente poderá ser ignorada pelas empresas. Se os meios que a possibilitaram são recentes e dinâmicos, o ingresso de uma companhia nesse mundo deve acompanhar o ritmo em que essa mesma organização adentra em uma cultura 2.0. Implementar uma comunicação interna 2.0 é um desafio dos grandes porque acarreta configurar práticas, poderes, dinâmicas e formas. Além disso, é preciso avaliar se a empresa está madura para criar mecanismos de comunicação com total acesso e que seja aberto à participação de todos os níveis, com redução de controle e interatividade. Assim, sugiro, como primeiros passos, o seguinte processo como pontapé para a criação de uma Comunicação Interna 2.0: 1. Análise e intervenção sobre a cultura organizacional e suas práticas. 2. Escolha e planejamento de implantação dos meios e ferramentas que serão utilizados. n
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REPORTAGEM
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Por André Tennitz
Novos caminhos Banco de Brasília implementa novo padrão de governança e moderniza a gestão, com vistas à transparência, à eficácia na tomada de decisões e à excelência no atendimento aos clientes
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Divulgação/BRB
m dos principais agenmuitas coisas”, observa o presites financeiros de dente do BRB. desenvolvimento da O novo modelo implicou região do Distrito Fedemudanças estatutárias, a definiral e entorno, o Banco ção de novas regras de compede Brasília (BRB) está implementência, e a instituição de normas tando um novo modelo de goveroperacionais destinadas a assenança para consolidar sua presença gurar a transparência e eficácia no mercado e guiar sua atuação no na tomada de decisões. Os futuro. A decisão surgiu com o pilares dessa transformação, reconhecimento dos administradoexplicou Evangelista, podem res sobre a necessidade de moderniser assim resumidos: decisões zação do banco, a partir de um colegiadas em todos os níveis estudo técnico feito por uma conda organização; um estatuto sultoria especializada no mercado social aderente às boas práticas bancário. de governança adotadas no “Os objetivos são adequar os Sistema Financeiro Nacional; a processos organizacionais às definição das responsabilidades melhores práticas de governança dos órgãos de governança, de corporativa, buscar a excelência no forma a agrupá-los em estratéatendimento de nossos clientes e gicos, táticos, operacionais e de melhorar as condições de atuação controle; a revitalização dos frente à concorrência”, explica o documentos institucionais da presidente da instituição, Paulo arquitetura de governança e Roberto Evangelista de Lima. estratégica; e a estruturação de De acordo com Evangelista, o um sistema de controles interprimeiro passo foi a realização de nos fortalecido e definido em um diagnóstico preciso da real situacamadas de responsabilização, ção do banco, sob vários ângulos, no qual o gestor do processo é o como gestão de clientes, tecnologia Paulo Roberto Evangelista de Lima, principal responsável pelo da informação, gestão de riscos e de presidente do BRB. controle. crédito, entre outros. A partir da identificação dos eventuais probleEstratégia – A estrutura orgamas e dos pontos que precisariam ser aprimorados, foram nizacional do banco também passou por mudanças imporiniciadas as ações para implantação das melhorias sugeridas. tantes. Evangelista enumera: “As principais foram a criação “É importante ressaltar que estamos apenas iniciando o nosso das vice-presidências e de diretorias focadas em macroproprocesso de mudanças, seja no nível operacional seja no estrucessos relevantes; a ampliação no número de membros do tural. Temos projetos de grande porte em fase de desenvolviConselho de Administração, com a instituição de uma vaga mento, outros em início de implantação, mas já mudamos de conselheiro independente; a criação de comitês específiRUMOS - 40 – Novembro/Dezembro 2013
Jean-Claude Fernandes/Portal 2014
Estádio Nacional Mané Garrincha é um dos novos símbolos de Brasília. Hoje, o BRB possui 115 agências, sendo 102 localizadas no Distrito Federal, configurando a segunda maior rede de atendimento da região.
Cresce o volume de crédito No fim do terceiro trimestre de 2013, a carteira de crédito total do banco atingiu o patamar de R$ 7,4 bilhões, sendo 89% desse volume destinado ao crédito comercial para pessoas físicas e jurídicas. Esse volume aponta para um crescimento de 23,5% em relação a igual período de 2012. O BRB detém ainda R$ 312 milhões aplicados em crédito rural e R$ 493 milhões em financiamento habitacional, linhas que pretende expandir, dando cumprimento à diretriz de apoiar o desenvolvimento da região. “Estamos atuando agressivamente para estimular os setores do agronegócio e imobiliário, de maneira a gerar emprego e renda na região. Nesse sentido, o banco está criando novas fontes de geração de funding para esses setores, por intermédio do lançamento de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), o que deverá ocorrer no início de 2014”, informa Paulo Evangelista. Para apoiar o desenvolvimento produtivo local, o banco tem ainda firmado onvênios com sindicatos e associações de classe, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Sindicato do Comércio Atacadista (Sindiatacadista), entre outros. Abrangência – A Carteira de Desenvolvimento do banco cobre o Distrito Federal e Região Metropolitana, área que abrange 22 municípios, sendo 19 do estado de Goiás e três do estado de Minas Gerais. A instituição atua como agente repassador de recursos provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo de Desenvolvimento do Centro Oeste (FCO), além de operar com recursos próprios, por força da exigibilidade de aplicação em crédito rural, conforme normas do Conselho Monetário Nacional (CMN).
A carteira de crédito industrial atua com as linhas de financiamento do FCO e do BNDES aos setores de indústria, turismo, infraestrutura, ciência, tecnologia, comércio e serviços, com prioridade às empresas de micro e pequeno portes. No segundo trimestre de 2013, o banco apresentou crescimento de 166% no volume de operações contratadas com recursos de repasse, quando comparado ao mesmo período do ano de 2012. Nesse sentido, ganha relevo o crescimento das operações realizadas com recursos do Programa de Sustentação do Investimento (BNDES-PSI), onde o volume de contratações no primeiro semestre de 2013 representou 71% do volume total. Com relação ao número de propostas contratadas no período, sobressaíram-se as destinadas à aquisição de máquinas e equipamentos e capital de giro associado, com recursos do FCO, para os setores de comércio e serviços. Paulo Evangelista destaca ainda a participação do banco, em parceria com a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), no FCO Itinerante, evento que contempla seminários realizados em 19 municípios da região metropolitana do Distrito Federal. “O objetivo é divulgar as linhas de financiamento com recursos do fundo para investimento, formação de estoques e compra de matériaprima a empresas com faturamento bruto anual de até R$ 16 milhões”, explica. O atendimento aos negócios de pequeno porte é uma das diretrizes enfatizadas pela direção do BRB. Neste ano, o banco reestruturou todo o processo de microcrédito, com destaque para a concessão do microcrédito produtivo orientado, que será enfatizado ao longo de 2014. E o banco encerra o ano de 2013 tendo superado um novo desafio, iniciando as contratações com operações do FCO Rural, com o propósito de consolidar seu papel de agente indutor do desenvolvimento do Distrito Federal e regiões de influência.
RUMOS - 41 – Novembro/Dezembro 2013
REPORTAGEM
cos que exercem o poder decisório por meio de fluxo hierárquico estabelecido em competências e alçadas normatizadas; e a instituição da regra de ocupação de 50% dos cargos de vice-presidente e de diretor por funcionários de carreira do banco”. O número de diretores foi ampliado de sete para 10, com o objetivo de cobrir todos os macroprocessos da indústria bancária. Foi instituído ainda um Conselho Diretor, formado pelo presidente e pelos quatro vice-presidentes da organização. Todos os projetos estruturantes e o desenvolvimento de novos modelos e soluções são acompanhados pelos conselhos Diretor e de Administração, bem como pelos comitês estratégicos. Estes têm ainda papel decisivo na parte operacional da instituição. Há comitês e subcomitês específicos de estratégia e governança; risco global; tecnologia da informação; gestão de ativos e passivos; comunicação; crédito; compras e contratações; ética; entre outros. “Com as novas definições estatutárias e de competências, o nível estratégico do banco está voltado para os rumos de longo prazo e para o estabelecimento de ações que garantam a perenidade e sustentabilidade da empresa”, destacou o presidente. As decisões são debatidas e as responsabilidades distribuídas de acordo com normas estabelecidas no regimento interno.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Divulgação/BRB
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Fachada da sede do banco em Brasília (DF).
Desenvolvimento – Criado em dezembro de 1964, o Banco de Brasília S.A. é uma sociedade de economia mista cujo acionista majoritário (96,85%) é o governo do Distrito Federal. A instituição obteve autorização do Banco Central para funcionar dois anos depois, em julho de 1966. Com a sua criação, pretendia-se dotar o governo de um agente financeiro que possibilitasse a captação dos recursos necessários para o desenvolvimento da região. A denominação original – Banco Regional de Brasília – foi alterada em 1986, embora tenha permanecido a sigla BRB. Em 1991, transformou-se em banco múltiplo com as carteiras comercial, de câmbio, de desenvolvimento e imobiliária. Contando com 3.338 empregados diretos, 385 estagiários, 118 jovens aprendizes e 1.048 terceirizados, a instituição possui hoje 115 agências, sendo 102 localizadas no Distrito Federal (DF), configurando a segunda maior rede da capital federal. Há também agências no entorno, e outras localizadas em cidades dos estados de Goiás, Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Campo Grande), São Paulo e Rio de Janeiro. Além das agências, o BRB possui 256 correspondentes não bancários, espalhados principalmente pelo DF e pela região metropolitana (Região Integrada de Desenvolvimento Econômico – Ride). A instituição disponibiliza várias linhas de crédito e oferece apoio a todos os segmentos produtivos da economia local, exercendo forte influência em cidades mais próximas
ao Distrito Federal, principalmente com o financiamento aos setores de agronegócio e imobiliário, e a concessão de empréstimos consignados. Conglomerado – O banco detém ainda o controle de cinco empresas, que ofertam produtos e serviços complementares ao portfólio já oferecido pela instituição. A Financeira BRB atua na área de crédito consignado voltado a não correntistas da instituição, bem como em financiamento de veículos. A BRB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários administra recursos de terceiros (fundos de investimentos) e atua no ramo de estruturação de operações junto ao mercado de capitais, tais como debêntures e certificado de recebíveis imobiliários (CRIs). A BRB Cartões possui como principal negócio a emissão de cartões de crédito e de débito para pessoas físicas e jurídicas, bem como todos os negócios derivados dessa atividade. O banco possui ainda uma empresa especializada nos ramos de cobrança e de call center e uma corretora de seguros, que tem como principal negócio a comercialização de apólices das principais seguradoras com atuação no Brasil. O banco mantém ainda uma participação estratégica na Companhia Brasileira de Securitização (Cibrasec), que é uma das líderes no mercado de securitização no país, e também possui uma joint venture em parceria com a Global Payments, empresa norte-americana especializada em adquirência de cartões de crédito e débito. Com essa participação estratégica, o BRB completa o ciclo de atuação no mercado de cartões. n
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ABDE
Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento
A ABDE vai mudar. Aguarde!
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FOMENTO
Piauí Fomento estimula a produção de leite no estado
SXC
AgeRio premia empreendedores
Divulgação
Yuri Brito
Desenbahia patrocina encontro de prefeitos Prefeitos de todas as regiões da Bahia se reuniram, em novembro, em Guarajuba, para discutir questões ligadas à educação e tecnologia, no âmbito da rede de ensino municipal. Os gestores municipais participam do II Encontro de Prefeitos, realizado pela União dos Municípios da Bahia (UPB) com apoio e patrocínio da Desenbahia. A Agência de Fomento ofereceu atendimento aos prefeitos e seus assessores no estande oficial durante todos os dias do evento. A Desenbahia apresentou a linha para municípios que financia a aquisição de máquinas pesadas e implementos para intervenções em vias públicas e estradas, com juros de 4% ao ano mais taxa de juros de longo prazo (TJLP), com prazo de até oito anos para pagar. Outro destaque é o ProSaúde que financia de uma a quatro ambulâncias, de acordo com a população do município. O pagamento do financiamento é feito por meio de recursos do Fundo Municipal de Saúde.
O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) investiu R$ 4,4 milhões no agronegócio da microrregião do Sudoeste Serrano de janeiro a setembro deste ano. A região envolve os municípios de Laranja da Terra, Afonso Cláudio, Brejetuba, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano e Venda Nova do Imigrante. O destaque ficou por conta dos municípios de Afonso Cláudio e Domingos Martins, com mais de R$ 1 milhão investidos em cada município nos nove primeiros meses do ano. Em todo o território capixaba, os investimentos no setor rural já ultrapassaram R$ 111 milhões nos nove primeiros meses do ano, levando desenvolvimento econômico e social para todas as regiões do estado. De acordo com o gerente de relacionamento do Bandes, Mário Augusto Jantorno, responsável pela região, os produtores rurais que desejarem investir na diversificação da produção como alternativa para incrementar a renda podem contar com os investimentos do banco para a aquisição de insumos, matéria-prima, máquinas, novas tecnologias e ampliação da capacidade de produção.
SXC
A linha de crédito da Agência de Fomento do Piauí (Piauí Fomento) voltada para os produtores de leite tem como objetivo revitalizar a produção de laticínios do estado e atender uma necessidade dos pequenos produtores de leite e facilitar o acesso ao crédito para o desenvolvimento do segmento. O presidente da Piauí Fomento, Antonio Neto, afirma que a linha de crédito é uma forma de recuperar a capacidade da produção leiteira. “Queremos com esta linha de crédito revitalizar a bacia leiteira do estado, dando incentivo para o pequeno produtor”, afirmou. Ele completou que o Piauí já teve uma produção de leite bem maior e hoje há um mercado aberto para este segmento. “Neste ponto estamos estimulando a produção com o financiamento dos pequenos produtores que são associados ao programa Balde Cheio, executado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado. O nosso objetivo é estimular por meio do crédito para o crescimento da produção de leite”, observa.
Bandes investe no agronegócio na Região Serrana do estado
A Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio) premiou, em dezembro, os 13 negócios financiados pelo seu Programa de Microcrédito que mais se destacaram ao longo do ano, dentro das comunidades pacificadas da cidade. O prêmio Negócio de Sucesso, no valor de R$ 10 mil, ficou com a empreendedora Fernanda Botelho, dona de um hostel no Vidigal. O presidente da agência, Domingos Vargas, foi o responsável pela abertura do evento: “Antes de chegarmos aqui tivemos que trabalhar quatro pilares: a infraestrutura, as políticas públicas, a segurança pública e o desenvolvimento econômico. O quinto pilar são as pessoas. Sem elas nada é possível!”. Cesar Vasquez, diretor-superintendente do Sebrae, instituição parceira da AgeRio na produção do evento, complementou a fala de Domingos, ressaltando a importância do trabalho da empresa: “Negócio é capacidade de empreendimento e crédito. Por isso, parabenizo toda a equipe da AgeRio e o governo do estado. O Rio de Janeiro não tem mais volta e mudou para melhor.”
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MCTI, BNDES e Finep lançam o Plano Inova Sustentabilidade
Eleito pelo voto popular, Banco da Amazônia ganha prêmio O Banco da Amazônia, pela primeira vez, foi o grande vencedor na categoria “Bancos” do prêmio Organizações Rômulo Maiorana (ORM), desenvolvido em parceria com a Associação Comercial do Pará (ACP), concorrendo com outras instituições financeiras de peso dentro do segmento. Este ano foi computado 1,8 milhão de votos no certame, o que foi feito por meio da internet e de cédulas de votação que foram disponibilizadas nos jornais Amazônia e O Liberal. A premiação já está na nona edição e destina-se a reconhecer as melhores empresas do estado nos diversos segmentos do mercado, dentre os quais está o Melhor Banco. O presidente Valmir Rossi, ao tomar conhecimento do resultado, ressaltou “estou muito feliz com esta vitória. Parabéns a todos pelo esforço e pela dedicação que fizeram o Banco da Amazônia ser reconhecido como o Melhor Banco do Pará. Esse prêmio não foi conquistado somente no dia de hoje, mas sim por meio de pequenos gestos no nosso dia a dia de trabalho, quando atendemos com dedicação especial aos nossos clientes”.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançaram, no final de novembro, o Plano Inova Sustentabilidade. O objetivo do plano é incentivar a realização de investimentos na área ambiental, com a promoção de soluções inovadoras capazes de mitigar impactos das atividades produtivas sobre o meio ambiente. Com dotação orçamentária de R$ 2 bilhões, divididos igualmente entre BNDES e Finep, o Inova Sustentabilidade terá quatro principais linhas temáticas: produção sustentável, recuperação de biomas e atividades produtivas sustentáveis de base florestal, saneamento ambiental e monitoramento de desastres ambientais. As operações poderão ser contratadas entre 2014 e 2016. A atuação conjunta dos órgãos governamentais proporcionará maior coordenação das ações do governo no fomento à inovação e uma melhor integração de instrumentos de apoio à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação disponíveis para o setor. Os projetos (Planos de Negócios) das empresas brasileiras candidatas a financiamentos no âmbito do Inova Sustentabilidade serão submetidos ao processo de seleção pública conjunta. As propostas poderão ser apoiadas pela combinação de linhas do BNDES e da Finep, que incluem Fundo Clima, Programa de Sustentação do Investimento (PSI), subvenção econômica para empresas e financiamento não reembolsável para pesquisas realizadas em Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), dentre outros instrumentos de apoio. Instrumentos de renda variável também poderão ser utilizados. A fim de possibilitar o desenvolvimento de soluções completas no âmbito das linhas temáticas do Inova Sustentabilidade, será estimulada a formação de parcerias entre empresas e entre empresas e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs). Tais parcerias deverão contar com uma empresa-líder, que necessariamente deverá ser uma companhia independente ou pertencente a grupo econômico que possua receita operacional bruta igual ou superior a R$ 16 milhões e patrimônio líquido igual ou superior a R$ 4 milhões no último exercício. O Inova Sustentabilidade poderá financiar Planos de Negócios acima de R$ 5 milhões, com prazo de execução de até 60 meses. A participação será de até 90%. SXC
Mesclando antigas receitas de família com receitas aprimoradas, uma empresa alagoana é destaque no ramo de biscoitos caseiros em todo o Nordeste. A Biscoito Caseiro D’Lícia produz mensalmente cerca de 60 mil pacotes de salgados e doces. Pensando em ampliar sua atuação e por primar por um produto de alta qualidade, a empresa participou da Convocatória para Apoio às Microindústrias de Alagoas, realizada pela Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve). Com o resultado do edital, a empresa recebeu do projeto R$ 54 mil para aquisição de máquinas e veículo. De acordo com a dona da microindústria, Ângela Malta, foi com muito esforço que eles conseguiram montar a estrutura atual. “Depois que estava tudo pronto, a Desenvolve veio e caiu do céu com estes recursos que vão nos ajudar a ampliar o nosso negócio ainda mais”, destacou.
Arte/Noel Joaquim Faiad
Victor Brasil
Desenvolve, por meio de edital, apoia microindústrias de Alagoas
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EM DIA ORGANIZAÇÕES
Acervo Pessoal
Sustentabilidade e transparência Ernesto Cavasin e Dominic Schmal Especialistas em Sustentabilidade da PwC Brasil.
transparência das organizações e as boas práticas no campo empresarial nunca foram tão questionadas como antes. Passados os principais temores da crise econômica, ficou a lição de que a comunidade regulatória sempre deveria ter sido ouvida quando se tratava de manter o equilíbrio e confiança no mercado. Atualmente, os grandes líderes do setor financeiro perceberam que suas responsabilidades pela administração de riscos vão além da esfera da administração financeira. O futuro das organizações ficará à deriva de uma ausência de prosperidade econômica caso não seja guiada pela transparência das ações que direcionam o desempenho e resultados à acessibilidade de diálogos de agentes interessados e sociedade geral. Os desafios da sustentabilidade traduzem um evidente crescimento sobre interesses dos investidores acerca das práticas e estratégias organizacionais voltadas à mitigação dos impactos associados ao aquecimento global ou até mesmo da política de gestão interna a respeito da escassez de recursos naturais. Além disso, a maneira sistemática e o processo de monitoramento são avaliados pelo interesse e decisões desses investidores. Nas últimas cinco décadas, a intenção do crescimento econômico foi considerada exclusiva e mais importante meta política por todo o mundo. No entanto o sucesso desse crescimento teve seus precedentes e impactos desfavoráveis. Análises e estudos de órgãos vinculados às Nações Unidas apontam que quase 60% dos ecossistemas de todo o mundo foram degradados, e esse cenário é totalmente desproporcional e insustentável quando a sociedade depende de recursos naturais para atender as necessidades primárias. Além da preocupação com a questão econômica, a maior evidência de nossa capacidade de mudar os rumos do desenvolvimento está no otimismo em relação às ações humanas que, por meio de inovações tecnológicas, compatibilizam o consumo de recursos naturais e serviços ambientais com a capacidade de suporte do planeta. Está mais do que evidente que o progresso para uma sociedade sustentável está relacionado com o desafio de tecnologias renováveis que reduzirão as emissões de carbono e, consequentemente, nossa dependência por recursos naturais finitos. Artigos acadêmicos e diversas publicações voltadas ao
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cenário econômico afirmam que o crescimento é um mito falido quando destacam que dois bilhões de habitantes no globo ainda vivem com menos de dois dólares por dia. Também consideram que eventos críticos como, por exemplo, os conflitos pelas ocupações territoriais, a problemática da água e do clima estão sendo cruciais para as reais condições de crescimento e devem ser mitigados. Levando em conta a visão corporativa, cabe considerar que as corporações podem assumir uma parcela significativa na responsabilidade de transformar práticas adequadas de mercado e transparência nas divulgações de informações estratégicas que possam resgatar a confiança à comunidade de investidores e sociedade. Mais do que nunca, o setor privado tem a missão de resgatar a estabilidade do mercado financeiro no qual as empresas serão competitivas por utilizarem métodos e tecnologias mais avançados e desenvolverem habilidades para adquirir competências. E também por gerenciar questões dos respectivos setores de forma a transformá-los, permitindo gerar diferenciação e valor agregado, seja em serviços ou produtos sustentáveis. Quando se trata de abordar a sustentabilidade no âmbito e concepção dos executivos, usa-se o conceito de gerenciamento das questões socioambientais, econômicas e de governança. Por mais que as empresas buscassem divulgar regularmente informações dessa natureza, havia pouco esforço para a divulgação de informações que despertassem confiança ao cliente no passado, quaisquer que fossem os meios de comunicação. Os públicos de interesse das empresas ficaram insatisfeitos por constatarem práticas inadequadas de gestão financeira. Por outro lado, havia divulgações extensivas de ações com a mitigação de impactos ambientais ou interesse por projetos sociais com pouca relevância e impacto ao negócio. A percepção sobre a avaliação de informações gerais de uma empresa ganhou qualidade após ações que geraram desconfiança aos investidores de mercado. Aspectos como políticas e práticas contra corrupção, ética, relacionamento com fornecedores, remuneração dos executivos e medidas preventivas contra desastres ambientais são consideradas tão importantes quanto os resultados financeiros que já estamos acostumados a analisar no decorrer do ano. n
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MICRO E PEQUENAS
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Por Henriette de Salvi
A inclusão Com características específicas, o brasileiro vai aumentando sua presença na economia sustentável do país. Mais da metade da população possui conta em alguma instituição financeira, acima da média mundial, e o desafio agora é conseguir ampliar a participação em produtos como poupança e empréstimos
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Francisco R. Pereira Lima/Sebrae
razer a inclusão o fato de o volume de créfinanceira para o cendito ter passado de tro do debate, em diá35,2% do Produto Interlogo com as políticas sociais e no Bruto (PIB) em produtivas, como a via que dá a dezembro de 2007 para sustentabilidade efetiva para a 55,5% em setembro de inclusão de milhões de brasilei2013”, afirmou. ros. Foi assim que Carlos AlberPara seguir a linha de to dos Santos, diretor-técnico do crescimento sustentável, Serviço Brasileiro de Apoio às o fórum adotou como Micro e Pequenas Empresas (Setema três pilares fundabrae), classificou a importância mentais do processo de da realização do V Fórum Banco inclusão financeira no Central sobre Inclusão Financeipaís: educação financeira, ra, realizado em Fortaleza no proteção e inovação. mês de novembro. Com foco no pilar Também foi com dados educação financeira foi sobre o crescimento sustentável lançado o programa “Cida economia nacional que Aledadania Financeira” e a xandre Tombini, presidente do Presidente do BC, Alexandre Tombini, abre o evento ressaltando publicação Guia de ExceBanco Central (BC) abriu o o acesso de novos consumidores no mercado de crédito lência de Educação na Oferta encontro. De acordo com o de Serviços Financeiros. O ministro, o crescimento econômico brasileiro tem se materiaprimeiro faz parte da estratégia de atuação adotada pelo Banlizado de forma gradual. “Tenho afirmado em fóruns nacioco Central para fortalecer as ações realizadas em benefício do nais e estrangeiros, recentemente, que a percepção de parcela cidadão. O objetivo do programa é promover a educação dos agentes econômicos se mostrou mais pessimista do que a financeira e o acesso à informação sobre o Sistema Financeirealidade apresentada pelas estatísticas referentes ao ritmo de ro Nacional, contribuindo para dar proteção aos consumidoatividade. Olhando à frente, os fatores de sustentação da res de serviços financeiros e para melhorar a qualidade do relademanda doméstica continuam presentes”, apontou. cionamento das instituições com o cidadão. O programa ofePara Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, diretor de rece produtos como cursos presenciais e a distância, palesPolítica Econômica do BC, do ponto de vista macroeconôtras, cartilhas, folders, vídeos e outros instrumentos educaciomico, os programas de distribuição de renda são o pano de nais, a exemplo do aplicativo já conhecido Calculadora do fundo de políticas que têm estimulado a inclusão financeira Cidadão. Já o Guia de Excelência de Educação na Oferta de Serviços no país. “Políticas essas que têm tido bastante sucesso, como Financeiros tem como objetivo identificar e divulgar práticas RUMOS - 48 – Novembro/Dezembro 2013
como meta Francisco R. Pereira Lima/Sebrae
que, adotadas pelas instituições financeiras, contribuam para No entanto, o presidente do Banco Central lembrou que a educação do cliente bancário. o acesso à conta bancária e a proximidade física de pontos de No âmbito da proteção, foi apresentada durante o evento atendimento são apenas uma dimensão da inclusão financeia criação do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédira. “Há muito mais a se fazer. É essencial que as instituições e to, o FGCoop, que é resultado de um trabalho conjunto de os provedores tenham consciência de que a qualidade e a intetodo o segmento cooperativista com o Banco Central. Mas a gridade dos produtos e serviços oferecidos, principalmente a principal novidade apresentada durante o evento, e que deve essa gama de novos clientes, são pré-requisitos fundamentais gerar resultados significativos para a efetiva inclusão financeipara que o processo da inclusão financeira seja sustentável e ra dos brasileiros, foi a regulamentação dos serviços de pagabenéfico a todos”, ponderou. A possibilidade de transações mentos móveis. Foi criado de pagamento por meio de um marco legal para os arrantelefones celulares é um dos jos e as instituições de pagaprodutos que deve gerar mento, consolidada na Lei nº novos competidores na pro12.865, de 2013, que passou a visão de serviços, o que, permitir o desenvolvimento segundo Tombini, resultará efetivo da atividade. Isso sigem benefício aos consuminifica que serviços como cardores, que tendem a ter mais tões de pagamento préopções de escolha a preços pagos, cartões de crédito, menores. moedas eletrônicas para transações executadas por dispoEducação financeira – sitivos móveis ou pela inter“Investir em conhecimento net passam a contar com regurende sempre os melhores lação e tendem a crescer entre juros”. Benjamin Franklin, o as formas de transações baninventor norte-americano, cárias no Brasil. “A regulapoderia abrir o painel que mentação cria, na nossa visão, abordou a atuação em rede um ambiente propício ao O evento reuniu interessados em promover a inclusão financeira para educação financeira no desenvolvimento de novas no país. Brasil com sua famosa frase. soluções adequadas a diferenTodos os players convidados tes tipos de necessidades, em particular para os consumidores a expor suas iniciativas concordaram que o conhecimento – ainda sem acesso a serviços financeiros, alinhando-se às polísobre o negócio, a economia, as leis, as alternativas de crédito ticas já existentes de inclusão social”, explicou Tombini. – precisa chegar ao maior número de pessoas, já que há recoO presidente do Banco Central (BC) apontou que o país nhecido potencial mesmo no mais iniciante préavançou no que diz respeito à inclusão financeira. “Hoje, todo microempreendedor”. município conta com pelo menos um ponto de acesso ao sisteCarlos Alberto ressaltou que a educação financeira coloma financeiro”, disse. A realidade comemorada pelo presidenca no centro dos desafios uma proposta de avanço. “Nós te é ratificada nos dados expostos pelo economista Marcelo temos feito isso em larga escala, junto com o Banco Central, Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da junto ao grupo de empreendedores, em especial empreendePresidência da República, em pesquisa realizada pela secretaria dores de pequeno porte, e tem dado resultados”, relatou. Mas com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os o diretor-técnico lembrou que é importante também que o números revelam que no Brasil 56% das pessoas possuem conlado da demanda se prepare melhor, com uma melhor gestão ta em alguma instituição financeira. “No mundo, a média é de financeira dos negócios, para que o acesso ao serviço finan50%”, compara. Nos últimos dez anos, segundo o BC, 42 ceiro se dê em bases mais qualitativas e que prometam mais milhões de brasileiros passaram a ter conta em banco. resultados nos negócios. RUMOS - 49 – Novembro/Dezembro 2013
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MICRO E PEQUENAS
Segundo Mirela Luiza Malvestiti, gerente da Unidade de Capacitação Empresarial do Sebrae, a instituição trabalha o potencial empreendedor, ou seja, aquele cidadão que ainda nem tomou a decisão, mas que um dia pode vir a ser um empresário. “Trabalhamos principalmente os estudantes, desde o ensino fundamental até o superior”, explicou. Ela ressaltou que, dentro das ações de capacitação, a parte de gestão financeira é um dos temas mais importantes, a que o Sebrae dedica especial atenção. “Entendemos que se a pessoa começa, desde cedo, a administrar bem as suas finanças, se vier a
Regulação bancária: consumidor seguro Para investir, aplicar e fazer o dinheiro render e gerar uma economia sustentável para o país, o brasileiro precisa se sentir seguro. E para seguir em paralelo aos anseios da população, as instituições bancárias se encontram cada vez mais impelidas a garantir que os consumidores de serviços financeiros tenham segurança e transparência em qualquer transação. Durante o Fórum, um painel reuniu especialistas que debateram a regulação bancária e seus reflexos para os consumidores. De acordo com Maria Lúcia Leitão, diretora do Departamento de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal, a crise financeira internacional veio demonstrar a importância da atuação dos reguladores e supervisores financeiros na proteção dos clientes bancários. “O acesso por camadas crescentes da população a novos produtos bancários, cada vez mais diversificados, reforça a importância da regulação”, ressaltou. Apesar da necessidade, o desafio brasileiro da regulação é complexo. O Supremo Tribunal Federal (STF) já determinou que não é competência do Banco Central regular diretamente os interesses do consumidor, mas a instituição baixou normas voltadas para assimetria de informações nas instituições financeiras, o que, por consequência direta, beneficia o consumidor. Para Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central do Brasil, o desafio brasileiro é “gigantesco”. “Nós temos mais de duas mil instituições supervisionadas pelo Banco Central. São praticamente 100 milhões de contas-correntes e 112 milhões de contas de poupança”, apontou. Ele calculou ainda que o BC administra 165 milhões de consultas ao mês em seu Sistema de Registro e Informações. “O que nós temos que fazer é com que todos cumpram seu papel e que o cliente saiba dos seus direitos e o que ele tem que exigir, além de garantir que as instituições financeiras entreguem e cumpram suas planilhas”, declarou.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
ser um empresário, ou mesmo quando se tornar adulta, vai continuar fazendo isso”, disse. Para Mirela, o mais interessante de trabalhar com jovens é que muitos levam o conhecimento para suas casas e repassam para os pais. Além da iniciativa do Sebrae, o próprio Banco Central, o Ministério da Justiça e outros órgãos e instituições, privadas e públicas, já perceberam que a saúde econômica do cidadão é ponto crucial para que a engrenagem nacional funcione. Murilo Portugal, presidente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil) e da Federação Brasileira de Banco (Febraban), afirmou que a instituição fez um mapeamento nacional das ações de educação financeira no país e os resultados serão apresentados em 2014. O executivo explicou que as informações podem gerar um plano estratégico de atuação
Desafios e dimensões do Sistema Financeiro Nacional Instituições supervisionadas pelo Banco Central 2.045* Contas de depósitos à vista 97 milhões* Contas de depósitos de poupança 112 milhões* Cartões de débito emitidos 287 milhões *** Cartões de crédito emitidos 174 milhões*** Clientes com operações de crédito ativas 53 milhões** Saldo das operações de crédito 2,5 trilhões* Relação crédito/PIB 55,2%* Consultas ao SCR por mês 165 milhões* Fonte: Banco Central do Brasil * junho/2013 ** março/2013 *** dezembro/2012
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Serviços financeiros para pequenos
dos diversos agente de educação. “Com o aprofundamento dos dados é possível fomentar parcerias para expandir os programas, por exemplo”, declarou.
O Fórum também foi o palco escolhido pelo Sebrae para o lançamento do livro Serviços Financeiros. Segundo o diretor-técnico Carlos Alberto, que coordenou a publicação, a obra traça um panorama atual e detalhado com reflexões plurais sobre o cotidiano dos serviços financeiros, tendo em vista os pequenos negócios. O livro conta com prefácio de Alexandre Tombini, presidente do BC, e mais 24 artigos assinados por 32 especialistas em mercado financeiro, entre autoridades públicas, agentes, gestores e pesquisadores. O livro é o 5º volume da coletânea “Pequenos Negócios - Desafios e Perspectivas” e a edição tem um total de 396 páginas, divididas em cinco capítulos. Neles são apresentadas estratégias dos agentes públicos e privados para conquistar novos clientes, as políticas de inclusão e os impactos do surgimento de novos usuários e clientes potenciais dos serviços financeiros, como donos de empreendimentos de micro e pequeno porte, bem como as novas tecnologias que possibilitam mais eficiência e resultados. Durante o lançamento, Carlos Alberto ressaltou que os leitores vão encontrar no livro relatos construídos no dia a dia de instituições financeiras e as ref lexões devem ajudar os empreendedores de pequeno porte a encontrar os caminhos para um melhor relacionamento com gestores públicos e privados. “O livro mostra possibilidades de acesso aos serviços pelos pequenos negócios”, apontou. O diretor do Sebrae explicou ainda que a publicação aborda o potencial do microcrédito com a formalização de empreendedores, que abre novas possibilidades de mercado às instituições financeiras, e a alternativa das sociedades de garantia de crédito para aproximar bancos e clientes do segmento empresarial de pequeno porte, além de apresentar os avanços na regulação pela autoridade monetária, o papel das instituições de fomento e as tendências desse mercado no Brasil. O livro Serviços Financeiros e as outras publicações da coletânea “Pequenos Negócios Desafios e Perspectivas” estão disponíveis gratuitamente na Biblioteca Interativa Sebrae (BIS). É possível acessar pelo site www.sebrae.com.br/bis
Crédito – Durante todos os debates que foram realizados no fórum, o pequeno empreendedor foi apontado como um dos principais protagonistas do crescimento e desenvolvimento da economia sustentável do Brasil. No painel que discutiu o acesso dos microempreendedores e das micro e pequenas empresas a serviços financeiros, Ismael Gilio, especialista setorial sênior do Fundo Multilateral de Investimento (Fomin/BID) ressaltou que o país tem hoje uma série de instituições voltadas ao crédito, apoio e desenvolvimento de pequenos empreendedores. Ele citou as cooperativas, ONGs, sociedades de crédito, agências de fomento, bancos de desenvolvimento e outras formas de captação de recursos. “Não é por falta de instituições dedicadas a microfinanças que vamos ter problemas relacionados a acesso ao crédito. O Sebrae é o maior referencial em termos de capacidade técnica, operacional, presença, conhecimento e dedicação aos pequenos empreendimentos”, comentou. Para Paulo César Alvim, gerente da Unidade de Acesso e Serviços Financeiros do Sebrae, o acesso ao crédito para a clientela de pequenos negócios tem evoluído. “Quando se fala em inclusão financeira, os pequenos negócios são, literalmente, a bola da vez. Basta ver as propagandas das instituições financeiras muito focadas nesse público”, citou. Alvim apontou que vários setores econômicos estão atentos a essa clientela. O Banco Central também percebeu a relevância do microempreendedor para o desenvolvimento econômico do Brasil. Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do banco, afirmou que um dos maiores desafio do BC hoje é expandir o acesso aos serviços financeiros de forma adequada aos variados segmentos. “O Brasil, por ser continental, já é um desafio natural. São 5.565 municípios, 3,5 milhões de microempreendedores. Temos que fazer um link com as pequenas e médias empresas, isso é fundamental nesse processo, pelos simples fato dos números que elas representam, afinal são 20% do PIB nacional”, disse. O executivo do BC calculou que as pequenas e médias empresas são responsáveis por 57 milhões de empregos no país e garantiu que a instituição aposta no segmento. “O microcrédito produtivo orientado é um excelente produto, é rentável, beneficia a sociedade e tem o poder de alavancar a economia”, declarou. Odilon apresentou ainda números que apontam que o microcrédito vem ampliando o acesso produtivo no meio urbano e meio rural e que, desde a realização do último fórum houve um aumento de aproximadamente R$800 milhões no volume total de recursos para investimentos. Ele acrescentou que o trabalho de impulso ao microempreendedor vem sendo estimulado fortemente pelo Sebrae e que o conceito de apoio aos pequenos está avançando . “Evidente que depende de decretações jurídicas, mas eu diria que passos importantes estão sendo dados”, concluiu. n
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LIVROS
A revitalização da democracia brasileira Filósofo e cientista político, o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Marcos Nobre, conversou com a Rumos sobre seu novo livro, Imobilismo em Movimento. Na obra, ele revisita momentos importantes da política brasileira nos últimos 30 anos, desde o fim do regime militar até o governo de Dilma Rousseff, nos dias de hoje. Nobre entende que as manifestações de junho deram novo impulso à nossa democracia ao evidenciarem o descompasso entre as demandas da sociedade e o sistema político atual. Confira!
Rumos – Como alterar esse quadro? Seria por meio de uma reforma política? Nobre – As manifestações de junho foram muito importantes, porque ficou claro que há um descompasso entre a forma como a sociedade entende a política e como o sistema político entende a política. E como esse descompasso vai ser resolvido? Não vai ser da noite para o dia, certamente, mas sim através de um processo coletivo, fruto das manifestações e também de uma reforma política profunda. Precisamos superar essa situação de pasmaceia, recuperar um quadro em que tenhamos claramente expressas uma situação e uma oposição – não apenas em um plano eleitoral, para decidir quem vai liderar. É preciso que as diversas expressões de pensamento que existem na sociedade brasileira apareçam no sistema político. Este precisa de uma mudança na sua cul-
tura política, e acredito que é algo que necessariamente virá após as manifestações que vimos nas ruas, mas não é algo simples nem rápido. Em um horizonte mais próximo, precisamos de uma repolarização do sistema. Isso já seria uma boa mudança e um bom começo.
conclusão da obra, antes das manifestações, eu dizia: “Não é possível que fique assim, mais cedo ou mais tarde algo deve acontecer, porque uma democracia assim não se sustenta”. E então veio junho e mostrou uma diversidade de aspirações, expressões e bandeiras nas ruas, às vezes bastante divergentes inclusive, que deu sentido ao que escrevi. Como o sistema político não representa isso, toda essa diversidade? Por que é sempre aquele acórdão? As ruas deram ânimo e espírito novo ao livro e a mim, pessoalmente.
Rumos – Há seis anos o senhor estava trabalhando neste livro e enquanto finalizava eclodiram as manifestações em todo o país. Qual o impacto desse fenômeno na sua obra? Nobre – Teve um impacto profundo. Nestes seis anos em que escrevi o livro, foi justamente o período em que essa polarização do sistema desapareceu. Na
Rumos – Em algumas de suas entrevistas recentes, o senhor defende que as manifestações de junho marcam o final da fase que ficou conhecida como “redemocratização”. Poderia explicar melhor essa ideia? Nobre – Formalmente, o fim do período chamado redemocratização acontece em 2003, quando ocorre a transição dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, em que um político eleito sucede outro político eleito, sendo este da oposição. Esse é o fim formal do período da redemocratização. Então, o que aconteceu ali foi muito importante e não quero negar isso ou sugerir que nada tenha acontecido no país até junho passado. Mas do ponto de vista substancial, de democratização da própria política, as manifestações marcam a oposição da sociedade frente a um sistema político que se blinda em si mesmo e se fecha à participação da sociedade. Os protestos marcam que é preciso reformar profundamente nosso sistema político, não é possível mais termos uma democracia só formal, pois democracia não é apenas voto. Então as manifestações nos trazem a ideia de democracia em um sentido mais amplo. É um marco. Divulgação
Rumos – No seu livro, você traça o panorama da história política do país nos últimos 30 anos. Qual a avaliação sobre o nosso sistema político atual? Estamos, de fato, vivendo um período de crise de representação, como defendem alguns autores? Marcos Nobre – Esta crise de representação é um fenômeno mundial. Mas no Brasil tem sua especificidade, e tem relação com a forma com que o país se redemocratizou. Foi um processo longo, lento e muito conservador, que acabou gerando um sistema que opera de uma maneira que não permite a polarização política. A sociedade é diversa, tem diferentes visões, mas olha para o sistema e não vê isso representado. É um embate que está acontecendo, pois temos de um lado uma população diversa, mas um sistema político que parece uma geleia geral, sem uma polarização efetiva, que não consegue expressar os embates públicos naturais de uma democracia. Isso é ruim para o próprio Estado brasileiro.
RUMOS - 52 – Novembro/Dezembro 2013
Imobilismo em Movimento Marcos Nobre Companhia das Letras, 208 p., 2013.
Reflexões urbanas
Bastidores da história
A obra, o geógrafo britânico David Harvey, um dos pensadores mais influentes da atualidade, traz uma análise profunda da história e da geografia do desenvolvimento capitalista. Publicado pela primeira vez em 1982, e editado, agora, em português, o livro lançou as bases para o projeto intelectual de Harvey – com reflexões acerca de alguns de seus mais importantes conceitos como “ajuste espacial” e “acumulação por despossessão”. No texto, o geógrafo une investigação sobre as dinâmicas espaciais do processo de urbanização, interpretação ambiciosa do legado de Marx e sensibilidade aguda para reestruturação econômica em curso.
Inicialmente desenhado como um projeto acadêmico, os textos da pesquisa viraram livro após a apresentação da ideia pelo professor Marcos Costa Lima ao Centro Internacional Celso Furtado. Composto por artigos, a publicação é batizada com a expressão pela qual Getúlio Vargas apelidou a pequena assessoria econômica que atravessava as madrugadas a estudar os problemas do Brasil e a independência nacional em 1951. Formada por técnicos, quase todos do Nordeste, a equipe era liderada pelo baiano Rômulo de Almeida. Com a publicação, também disponível em e-book, inaugura-se no Centro uma futura série de trabalhos do gênero.
Os Limites do Capital David Harvey Boitempo, 592 p., 2013.
Os Boêmios Cívicos: A Assessoria Econômico-política de Vargas (1951-54) Marcos Costa Lima (org.) Centro Internacional Celso Furtado, 416p., 2013.
Conhecimento pesquisado
Experiência em negócios
No nono Encontro de Economia Baiana aconteceu o lançamento da nova edição da Revista Desenbahia, publicação acadêmica criada com o objetivo de estimular a pesquisa nas universidades do país. Para contribuir com o debate, a nova edição apresenta oito artigos, selecionados por uma Comissão Editorial. Na área de financiamento do desenvolvimento, três artigos tratam do papel dos bancos públicos no fomento à economia, do mercado de crédito e do programa de inclusão financeira (microcrédito). Nas áreas de economia baiana e regional, o leitor encontra cinco artigos sobre o papel dos incentivos fiscais e da dinâmica na industrialização baiana.
A cidade de Salvador era, no século XVIII, um dos portos mais importantes do hemisfério e o maior núcleo urbano da América do Sul. A partir desta perspectiva, o brasilianista Richard Graham analisa um momento crucial e de profundas mudanças na cidade. Apoiado em diversos documentos pouco conhecidos, como alvarás de licença para a prática de comércio ou inventários de bens post mortem, o autor traça as relações e trocas sociais na cidade, sem recorrer aos grandes esquemas interpretativos. Ao contrário, revela a vida e o papel concretos do indivíduo no tecido social, seu dia a dia, seu ganha-pão, as dificuldades diárias dos “negócios”.
Revista Desenbahia - v.10/n. 18 Diversos (orgs.) Desenbahia/Solisluna, 258p., 2013.
Retorno ao mercado
Lições vividas
Para esta obra, as jornalistas Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi selecionaram entre mais de 200 mães empreendedoras participantes da série de TV Mãe S/A, exibida em 2012 no Fantástico (TV Globo) e no Mundo S/A (GloboNews) as histórias reais de mulheres que, após a maternidade, se tornaram empresárias seguindo uma tendência mundial de comportamento: o empreendedorismo materno. O livro traz à luz informações que levantam a auto-estima de 35 profissionais que são mães e ajudam seus colegas a reconhecerem o seu valor. São pessoas que investiram sua energia pessoal e conhecimento técnico neste desafio.
O livro foi construído a partir do conceito de storytelling, método pelo qual são registradas conversas com dez presidentes de grandes empresas brasileiras, que se destacam pela adoção de estratégias pertinentes de envolvimento e educação de seus líderes para a sustentabilidade. A obra possibilita ao leitor a compreensão da importância desses valores no negócio, a partir das experiências de gestores bem-sucedidos. Na primeira parte do livro, o autor aborda a forma como as escolas de negócios estão preparando líderes capazes de gerar valor sustentável para empresas e promover a transição para uma economia verde.
Minha Mãe é um Negócio Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi Saraiva, 152 p., 2013.
RUMOS - 53 – Novembro/Dezembro 2013
Alimentar a Cidade Richard Graham Companhia das Letras, 464 p., 2013.
Escola de Líderes Sustentáveis Ricardo Voltolini Campus/Elsevier, 248 p., 2013.
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CARTAS DO LEITOR Sede: SCN – Qd. 2 - Lote D, Torre A Salas 429 a 434 Centro Empresarial Liberty Mall - Brasília - DF – CEP 70712-903 Telefone: (61) 2109.6500 E-mail: abde@abde.org.br Escritório: Avenida Nilo Peçanha, 50 -11º andar Grupo 1109 - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20020-906 Telefone: (21) 2109.6000 Fax: (21) 2109.6004 E-mail: abderj@abde.org.br CONSELHO DOS ASSOCIADOS Presidente: Luciano Coutinho
INSTITUTO JUSTIÇA FISCAL
DIRETORIA Presidente: Carlos Henrique Horn
Outro dia “passei a mão” num exemplar da revista Rumos e gostei muito do material da mesma. Gostaria de obter informações acerca de assinatura. Cordialmente. Marcelo Oliveira, auditor fiscal. Brasília (DF).
UNIPAM Gostaríamos de continuar a receber a revista Rumos, anteriormente encaminhada à Biblioteca do UNIPAM como doação. O último fascículo recebido foi o volume 37, número 266 de 2012. Solicitamos manter o nome do UNIPAM em seu cadastro de doações regulares, uma vez que, avaliada a publicação, a mesma foi considerada muito importante pelo nosso corpo docente. Ítalo, Setor de Periódicos, Fundação Educacional de Patos de Minas (MG).
ECONOMISTA São louváveis as mudanças implementadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras. Qualquer investimento da instituição nesse sentido trará frutos para a melhoria do Sistema Financeiro Nacional. Cabe, ainda, ao banco, atender outras demandas do setor financeiro e melhorar ainda mais sua eficiência no trato das informações. Gustavo Pereira, economista. Rio de Janeiro (RJ).
RELAÇÕES INTERNACIONAIS Muito interessante as considerações da professora Ivani Froelich sobre as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. É fato que vem crescendo a importância do nosso país no cenário mundial, a ponto de despertar o interesse pela espionagem, entretanto, também, vale lembrar o quanto os EUA ainda continuam a ser uma nação poderosa. Vamos aguardar para ver que desdobramentos ainda estão por vir. Leila Santana, universitária. São Paulo (SP).
Vice-Presidentes: Antonio Carlos Sampaio Quintiliano, Carlos Alberto dos Santos, Guilherme Narciso Lacerda, Milton Luiz de Melo Santos, Paulo Roberto Evangelista de Lima, Rogério de Paula Tavares, Rubens Rodrigues Filho, Valmir Pedro Rossi. Superintendente-Executivo: Marco Antonio A. de Araujo Lima
Instituições Associadas à ABDE AFAP – Agência de Fomento do Estado do Amapá S.A. AFEAM – Agência de Fomento do Estado do Amazonas S.A. AFERR – Agência de Fomento do Estado de Roraima S.A. AGEFEPE – Agência de Fomento do Estado de Pernambuco S.A. AGN – Agência de Fomento do Rio Grande do Norte S.A. AGERIO – Agência Estadual de Fomento BADESC – Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A. BADESUL – Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento BANCO DA AMAZÔNIA – Banco da Amazônia S.A. BANCOOB – Banco Cooperativo do Brasil S.A. BANDES – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S.A. BANPARÁ – Banco do Estado do Pará S.A BANRISUL – Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. BB – Banco do Brasil S.A. BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. BNB – Banco do Nordeste S.A. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul BRB – Banco de Brasília CAIXA – Caixa Econômica Federal DESENBAHIA – Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A. DESENVOLVE – Agência de Fomento de Alagoas S.A. DESENVOLVE SP – Agência de Desenvolvimento Paulista FINEP – Agência Brasileira de Inovação FOMENTO PARANÁ – Agência de Fomento do Paraná S.A. GOIÁSFOMENTO – Agência de Fomento de Goiás S.A. MT FOMENTO – Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso S.A. PIAUÍ FOMENTO – Ag. de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí S.A. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
ECONOMIA
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D E S E N VO LV I M E N TO
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OS
ISSN 1415-4722 Ano 38 – Nº 272 Novembro/Dezembro 2013
Redação e Administração
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Gostaria de parabenizar a revista Rumos pela matéria sobre inovação. Sou professor universitário e percebo que os alunos têm muita dificuldade em entender como é possível inovar, seja no mundo dos negócios ou na pesquisa científica. Falta uma cultura criativa estruturada no país e iniciativas como os editais e programas voltados para o tema podem incentivar bastante isso. Espero continuar recebendo essa valorosa publicação. Alexandre Gonçalves, professor da UFRJ. Rio de Janeiro (RJ).
NOVOS
E-mail rumos@abde.org.br Assessora/Editora Thais Sena Schettino Equipe Jader Moraes Lívia Marques Pimentel Noel Joaquim Faiad Revisão Renato R. Carvalho
RUMOS - 54 – Novembro/Dezembro 2013
Capa Reprodução com arte de Noel Joaquim Faiad Impressão e CTP J. Sholna Reproduções Gráficas Distribuição SVD/Sistemas de Venda Direta Conselho Editorial Carlos Alberto dos Santos, Carlos Henrique Horn, João Paulo dos Reis Velloso, Maurício Borges Lemos e Thais Sena Schettino. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião da ABDE. Sua reprodução é livre em qualquer outro veículo de comunicação, desde que citada a fonte.