Farmácia
Portuguesa BIMESTRAL • N°173 • JANEIRO/FEVEREIRO 08
30
an
19 78 •
Ganham nova dimensão
os
20 08
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
1
2 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácia
Portuguesa
sumário
Janeiro/Fevereiro de 2008 • Ano XXX • Nº 173 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
Editorial Editorial
5
Há 30 anos 30 years ago
6
Novas condicionantes News constraints
8
Novo relacionamento com o SNS New relationship with National Health System
12
Entrevista a António Arnaut Interview with António Arnaut
22
CEFAR analisa recursos humanos farmacêuticos CEFAR analyzes pharmaceutical human resources
28
Propriedade de farmácia de oficina em Portugal Ownership of the pharmacy in Portugal
32
A denúncia do acordo entre a
Marca Farmácias Portuguesas Portuguese Pharmacies Brand
36
um novo relacionamento entre
Informação Terapêutica - Leites Therapeutical Information - Milks
40
regras constam de legislação
Informação Terapêutica - Infecção na criança Therapeutical Information - Infection in children
50
das farmácias mais burocracia
Informação Terapêutica - Incontinência urinária Therapeutical Information - Urinary incontinence
56
Mas também conferindo-lhes
Informação Veterinária - Novos protocolos de vacinas Veterinary Information - New protocols of vaccines
58
rectificações.
Manipulados - FGP 2007 Magistral formula
61
Consiste distingue projectos de 2006/07 Consiste distinguishes projects of 2006/07
64
O mérito da integração The merit of integration
66
Museu da Farmácia Pharmacy Museum
68
A formação profissional The professional training
70
Ajudas de custo e subsídios de refeição e viagem Payment of cost and meal allowances and travel
74
Formação Training
77
Noticiário News
78
Cartoon Cartoon
87
Corta e cola Copy and paste
89
Desta varanda From this balcony
90
30
an
19 78 •
os
20 08
12
Dossier NOVO RELACIONAMENTO COM O SNS ANF e o Estado abriu caminho a as farmácias e o SNS. As novas pouco clarificadora, exigindo no tratamento do receituário. o poder de aceitar ou não as
36 ANF
MARCA FARMÁCIAS PORTUGUESAS Reforçar a identidade das farmácias do universo ANF, posicionando-as como únicas e diferenciadas num contexto concorrencial, é a filosofia subjacente à marca Farmácias Portuguesas. União é a palavrachave de um futuro que já mereceu mais de 1800 adesões.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
3
Farmácia
Portuguesa
última hora
PROPRIEDADE
DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRª MARIA JOÃO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt COORDENADORA REDACTORIAL ADJUNTA DRª TERESA REVEZ Email: teresa.revez@anf.pt Telef. 21 340 06 50 PRODUÇÃO
Uma nova ministra para uma nova política?
Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40
O Ministério da Saúde tem, desde
as Unidades de Saúde Familiar. Sobre
30 de Janeiro, um novo titular - Ana
a política da farmácia e do medica-
Jorge, especialista em pediatria mé-
mento não se pronunciou ainda, pelo
dica e até então directora do Serviço
que permanece por conhecer a sua
de Pediatria do Hospital Garcia da
posição relativamente à mais recente
Orta, em Almada.
reforma do sector e ao diálogo com
A ministra manteve como secretário
os parceiros institucionais, nomeada-
de Estado Adjunto Francisco Ramos,
mente a ANF.
completando a equipa com Artur
Diálogo é, aliás, a atitude que os far-
Pizarro, na Secretaria de Estado da
macêuticos esperam da nova minis-
Saúde.
tra, na expectativa de que as relações
IMPRESSÃO E ACABAMENTO RPO - Produção Gráfica, Lda.
Esta é a estreia de Ana Jorge em
institucionais possam voltar ao clima
Depósito Legal nº 3278/83
cargos governamentais, mas não na
de normalidade e respeito mútuo em
estrutura pública da Saúde: de 1996
que decorreram com a grande maio-
Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares
a 1997 coordenou a Sub-Região de
ria dos titulares da Saúde.
Saúde de Lisboa e de 1997 a 2000 pre-
Pela sua parte, as farmácias e os
sidiu ao Conselho de Administração
farmacêuticos vão continuar a hon-
da Administração Regional de Saúde
rar o compromisso assumido com
de Lisboa e Vale do Tejo.
os portugueses - prestar serviços de
Neste início de mandato, a sucessora
qualidade em prol da saúde indi-
de António Correia de Campos tem
vidual e colectiva - e que lhes têm
virado as suas atenções para os cuida-
granjeado credibilidade e a confian-
dos de saúde primários, privilegiando
ça da população.
4 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
CONSULTORA COMERCIAL SÓNIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt POWERED BY Boston Media
Distribuição
FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
editorial
30
an
19 78 •
os
20 08
30 anos A revista Farmácia Portuguesa que
turo. Para que todas estas realidades
evolução da comunicação entre pa-
estão a compulsar é a publicação
fossem evidentes e úteis, gostaría-
res, sobretudo neste sector da saúde
mais antiga portadora da sigla ANF.
mos de mobilizar meios com dimen-
onde nos movemos e temos respon-
No seu número 177 de Setembro/
são superior aos que dispomos.
sabilidades.
Outubro de 2008 cumprir-se-ão 30
2008, o ano dos 30 anos, coloca-se na
Finalmente, haverá um concurso par-
anos de esforço editorial ininterrupto.
nossa frente pedindo originalidade
tindo da simples convicção que cada
Naturalmente, gostaríamos que, tal
em época de aniversário. Neste edi-
farmácia é um centro de encontro,
como nós o sentimos, haja uma ge-
torial proponho-me a levantar o véu
onde o convívio gera acontecimen-
neralizada sensação de nos estarmos
sobre as mais importantes iniciativas
tos que podem ir do dramático ao
a aproximar de uma data obrigatoria-
planeadas.
jocoso e que diariamente doentes e
mente assinalável.
O Estado através dos seus governos
técnicos levam para casa. Vamos ver
Somos no fundo um departamento
e, em particular, dos seus sucessivos
se temos autores que sejam capazes
informativo da Direcção da maior
ministros vai ser ouvido numa série
de traduzir em contos esses mo-
associação patronal farmacêutica. O
de entrevistas. Os directores destas
mentos. Responsabilizamo-nos por
recente pulular entre nós de muitas
páginas vão também ser ouvidos,
promover, divulgar e premiar este
outras variantes de meios de divulga-
deixaram marcas duma caminhada
concurso.
ção ao leitor mais obriga a definir per-
de três décadas na vossa memória.
manentemente o perfil do conteúdo
Dado que também este ano a
destas páginas.
Associação Nacional das Farmácias
Somos folhas de política profissional
realiza o seu Congresso, foi-nos en-
que, ora gravam o passado, ora ten-
tregue uma oportunidade de olhar
tam anteceder com bom senso o fu-
o futuro estudando a previsão da
Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
5
o00s8 n a 0 2 3 1978 •
Há 30 anos
Em 1978 foi dado à estampa o primeiro número da revista Farmácia Portuguesa tal como a conhecemos. Não foi, porém, uma estreia na sua publicação, mas antes um renascimento a partir das páginas com o mesmo nome editadas pelo antecessor da Associação Nacional das Farmácias, o Grémio Nacional. Um regresso assinalado, em edito-
Comunidade Económica Europeia e
foco no terceiro número, a dermo-
rial, por uma singela homenagem
que se viria a concretizar alguns anos
cosmética, já então se antecipan-
aos seus directores anteriores e pela
mais tarde, em 1985.
do que este seria um segmento do
intenção de inovar mas com base no
Questões de índole mais profissio-
mercado dos produtos de saúde em
carácter didáctico e na coerência
nal dominaram o segundo número,
que os farmacêuticos poderiam ser
da revista original, cuja imagem de
que aborda uma das temáticas que
activos do ponto de vista do aconse-
prestígio funcionou com a agulha
ainda hoje é primordial na interven-
lhamento.
que impulsionou as vontades de to-
ção farmacêutica - a Farmacoterapia.
Desses tempos há temas que sobre-
dos quantos abraçaram o projecto.
Farmácia Portuguesa olha também
vivem até aos dias de hoje. É o que
Nessa edição (estava-se em finais do
para além-fronteiras, fazendo eco
se conclui da análise do quarto nú-
ano) reflectiam-se as preocupações
das conclusões do congresso anual
mero (Ago/Set de 1979). Em editorial
de um país dividido quanto à possibi-
da FIP - Federação Internacional de
alerta-se para os riscos do excesso de
lidade de Portugal ingressar na então
Farmacêuticos Outra área esteve em
consumo de medicamentos e para
6 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
a prevalência de interacções medi-
delo de relacionamento, conferindo
cias. Com desenvolvimento, apresen-
camentosas, chamando a atenção
ao sector uma estabilidade sem pre-
ta-se a intenção do então Ministério
para a necessidade de investir na
cedentes. Recorrente é igualmente a
dos Assuntos Sociais de alterar a lei, a
Farmacovigilância.
Formação, tema central do número
partir de uma proposta da Direcção-
E, mais adiante, abordam-se os limi-
com que se inaugura o ano de 1980.
-Geral de Saúde não negociada com
tes da publicidade a medicamentos.
Nele se dá relevo à estruturação da
as farmácias e que a ANF rejeita. São
A revista dá ainda espaço às palavras
Difarma com várias áreas de estudo,
os contornos desse processo que a
do professor de Deontologia, Correia
incluindo os domínios mais recentes
revista repercute, tal como haveria
da Silva que critica os farmacêuticos
da intervenção farmacêutica.
de fazer ao longo dos anos com as
que actuam como comerciantes, e dá
A par da valorização dos recursos
sucessivas intenções governamen-
conta do primeiro estudo sobre a si-
humanos, o esforço da ANF tem
tais de mudar a situação. A última
tuação económica das farmácias.
sido também no sentido do desen-
intenção foi protagonizada pelo mi-
Recorrentes nas páginas da Farmácia
volvimento de ferramentas de suporte
nistro Correia de Campos, em cujo
Portuguesa são as relações entre as
à profissão. É o que acontece com a
mandato a abertura e transferência
farmácias e o Estado. No número se-
informatização das farmácias iniciada
de farmácias ganhou novas regras.
guinte é destacada a entrada em vi-
nos anos 80 e que merece destaque no
Há 30 anos que a revista Farmácia
gor de uma nova redacção do acordo
número 11 de Farmácia Portuguesa .
Portuguesa dá voz às principais pre-
relativo ao fornecimento de medica-
Já o número 19 inclui nas suas pági-
ocupações e conquistas dos farma-
mentos a crédito aos utentes do SNS.
nas um assunto com repercussões
cêuticos e aos desenvolvimentos do
Outros organismos e empresas vie-
até à actualidade: a legislação relativa
sector, a nível profissional, mas tam-
ram, com o tempo, a aderir a este mo-
à abertura e transferência de farmá-
bém político. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
7
política de saúde Infarmed regulamenta áreas mínimas, obras e postos farmacêuticos
Novas condicionantes
As mais recentes deliberações do Infarmed As consequências do decreto-lei 307/2007 de 31 de Agosto continuam a fazer-se sentir sobre o sector, nomeadamente através de sucessivas deliberações do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos
relativas à farmácia colocam novas condicionantes ao sector numa época em que sofre o impacto de uma profunda alteração legislativa que coloca constantes desafios.
de Saúde. Uma dessas consequências tem im-
tor está a ser sujeito. Assim, as novas
zona de recolhimento ou quarto, e
pacto directo sobre o espaço físico
farmácias estão obrigadas a uma área
área técnica de informática e econo-
da farmácia na medida em que alarga
útil total mínima de 95m , em vez dos
mato, fica ao critério do proprietário
as áreas mínimas e impõe a obrigato-
anteriores 85m2, divididos por um
da farmácia, sendo que devem acres-
riedade de um conjunto de divisões.
conjunto de espaços obrigatórios:
cer à área total mínima.
Não são regras retroactivas, mas ape-
uma sala de atendimento ao públi-
nas aplicáveis aos novos pedidos de
co com, pelo menos, 50m2; um ar-
instalação e transferência.
mazém com, pelo menos, 25m2; um
O que a deliberação n.º 425/CD/2007,
laboratório com, pelo menos, 8m2;
de 28 de Novembro, do Infarmed tra-
um gabinete de atendimento perso-
duz é, essencialmente, um alarga-
nalizado no mínimo com 7m2 e ins-
mento das áreas mínimas da farmá-
talações sanitárias com, pelo menos,
As regras agora estabelecidas resul-
cia face ao normativo vigente antes
5m . A existência de outras divisões,
tam de um processo de auscultação
da reforma liberalizadora a que o sec-
como gabinete de direcção técnica,
aos parceiros. Processo em que a ANF
8 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
2
2
Áreas mínimas alargadas mas com recuo
30
an
19 78 •
participou, ainda que com a reserva
Um laboratório com os 20m2 propos-
Regionais de Saúde, iniciar o proces-
de lhe terem sido apenas concedidas
tos não é necessário, nem nas maio-
so com vista à autorização de insta-
72 horas para analisar os documentos
res farmácias do país. Pelo contrário,
lação.
e sobre eles se pronunciar. Um prazo
a esmagadora maioria das farmácias
E, quando exista mais de um candi-
obviamente exíguo dada a importân-
praticamente não manipula medica-
dato à instalação de um posto para o
cia das matérias, mas que a associa-
mentos, pelo que seria até mais razo-
mesmo local ou para locais situados a
ção respeitou por não abdicar do seu
ável diminuir a área do laboratório.
menos de dois quilómetros em linha
direito de participação na definição
Contudo, no parecer, a ANF defende
recta entre si, terá direito a instalar o
das políticas para o sector.
a manutenção dos 8m , no pressu-
posto o proprietário de farmácia com
E o que resulta da comparação entre
posto de que o enquadramento le-
menor número de postos averbados
o projecto inicial e a deliberação ago-
gislativo da manipulação venha a ser
no alvará. Em caso de igualdade, o
ra em vigor é que houve um recuo
alterado. E foi esse o entendimento
Infarmed procederá a um sorteio.
nalguns aspectos, nomeadamente
que prevaleceu, com o Infarmed a
quanto à área mínima total. Tal como
deliberar no sentido de que o labo-
sustentou no parecer, a ANF con-
ratório, enquanto espaço obrigató-
corda com o alargamento mas reco-
rio, ocupe a área mínima até então
mendou moderação nesse objecti-
vigente.
vo, dado o impacto que a profunda
Na mesma deliberação, o Infarmed
transformação legislativa está a ter
estabelece novos requisitos para o
Aprovada em Dezembro mas com
no sector.
funcionamento dos postos farma-
efeitos retroactivos a 30 de Outubro,
Um dos aspectos que a associação
cêuticos móveis, desde logo a dis-
a deliberação n.º 439/CD/2007 regu-
contestou foi a área mínima previs-
tância mínima à farmácia ou ao posto
lamenta a remodelação, ampliação e
ta inicialmente para o laboratório
mais próximo - reduzida de cinco
transferência provisória de instalações
- 20m . Um alargamento sem fun-
para dois quilómetros.
de farmácia para realização de obras.
damento, nomeadamente porque
Por outro lado, o Infarmed deixa de
Enquadrando esta deliberação, o
a actividade de manipulação, apesar
ouvir as autoridades municipais e as
Infarmed argumenta que o bom es-
dos esforços do sector e do próprio
autoridades de saúde para efeitos de
tado de conservação e adequação
Infarmed, não se tem desenvolvido.
autorização de instalação. Tal como
das instalações de uma farmácia
Além disso, está por concluir o enqua-
deixa de auscultar a Ordem dos
ao fim a que se destina, segurança,
dramento legislativo sobre esta activi-
Farmacêuticos para efeitos de can-
conservação, preparação, armazena-
dade farmacêutica e não está sequer
celamento dessa autorização. No en-
mento, acessibilidade, comodidade
actualizada a lista dos medicamentos
tanto, as autarquias podem, tal como
e privacidade dos utentes na presta-
manipulados comparticipáveis.
os interessados e as Administrações
ção de serviços farmacêuticos de pro-
2
2
os
20 08
Regras para transferências provisórias
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
9
política de saúde realização de obras. No que respeita
ANF no parecer emitido.
à segunda alternativa, é considerada
A associação reconhece que é um
em particular a necessidade de aber-
documento histórico relevante, mas
tura de uma nova porta de acesso ao
que não reflecte a realidade dado
moção da saúde e do bem-estar, são
público, cujo pedido de autorização
que a sua última edição é de 1969,
imperativos que decorrem do actual
deverá ser acompanhado de uma
pelo que propôs a sua substituição
quadro legal.
certidão camarária atestando as dis-
pelos documentos actualizados ao
Assim sendo, sustenta que a farmácia
tâncias às farmácias mais próximas
abrigo da deliberação n.º 1504/2004
deve apresentar permanentemente
(mínimo de 350 metros), bem como
de 07 de Dezembro.
condições físicas e funcionais que
de uma declaração da(s) farmácia(s)
Esta recomendação acabaria plas-
garantam o cumprimento das Boas
abrangida(s) nesse raio no sentido de
mada na regulamentação, com o
Práticas de Farmácia, cabendo ao seu
que não se opõem a essa nova aces-
Infarmed a definir como obrigató-
proprietário providenciar no sentido
sibilidade.
rios a
do cumprimento de todos os precei-
Quanto ao encerramento das insta-
(em edição de papel, em formato
tos técnicos das actividades desen-
lações para realização de obras, está
electrónico ou online, a partir de um
volvidas na farmácia. Uma posição
previsto que a transferência provi-
sítio reconhecido pelo instituto) e o
que é de há muito partilhada pela
sória possa verificar-se para outras
Prontuário Terapêutico , sem prejuí-
ANF e que se tem traduzido num
instalações ou para um contentor,
zo dos documentos compendiais reco-
investimento concreto e visível na
sendo que este caso carece de auto-
nhecidos pela deliberação atrás citada.
melhoria do espaço físico e da fun-
rização camarária para ocupação da
Outra matéria regulamentada refere-
cionalidade da farmácia, no sentido
via pública.
-se ao símbolo cruz verde , definido
de a confirmar como centro de pre-
Independentemente da modalidade,
como a tabuleta colocada perpendi-
venção e terapêutica, um espaço de
remodelação, ampliação ou transfe-
cularmente à fachada de uma farmá-
saúde na verdadeira essência.
rência provisória, a farmácia perma-
cia, destinada a informar o público da
O que o Infarmed agora vem deli-
nece obrigada ao cumprimento dos
existência do estabelecimento, com
berar são as condições em que as
horários de funcionamento e do regi-
o formato de uma cruz e que inclua
obras devem decorrer, com ressalva,
me de turnos.
a cor verde. Um símbolo que deve estar iluminado quando a farmácia
naturalmente, de que o atendimento ao público deve sofrer o mínimo de inconvenientes para os utentes e de que as condições de higiene e salu-
Farmacopeia Portuguesa
Símbolos e documentos
se encontre a funcionar e apagado sempre que esteja encerrada. Além do verde, pode incluir outras cores e informações úteis para o utente
bridade devem ser asseguradas. Dependentes de aval do Infarmed,
A intervenção regulamentadora do
ou para o público em geral, como o
são três as modalidades previstas:
Infarmed versou ainda sobre os do-
nome da farmácia, serviços presta-
obras de remodelação nas instala-
cumentos obrigatórios nas farmá-
dos, data, hora e temperatura do ar.
ções; obras de remodelação e am-
cias. No projecto de deliberação era
Na prática, esta é uma deliberação
pliação e transferência provisória, por
contemplado o Formulário Galénico
que nada acrescenta à situação que
encerramento de instalações, para a
Nacional, o que suscitou a crítica da
se propôs regulamentar.
10 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 11
dossier Novo relacionamento com o SNS
Entre o poder e a burocracia
O fim do acordo entre a ANF e o Estado em 2006 abriu caminho a um novo relacionamento entre as
O relacionamento entre as farmácias e o Serviço Nacional de Saúde im-
farmácias e o SNS. A legislação é pouco clarificadora
posto pela tutela entrou em vigor a
no que respeita às normas de dispensa, o que tem
te desde que o ministro da Saúde
1 de Janeiro de 2007. Estava iminen-
originado mais burocracia no tratamento do receituário
António Correia de Campos mani-
e dificuldades acrescidas para os utentes e para as
denunciar o acordo existente entre
farmácias, podendo contar com novos serviços para as apoiar. 12 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
festou publicamente a intenção de a ANF e o Estado visando o fornecimento de medicamentos a crédito aos utentes do SNS e prevendo a prestação às farmácias de um servi-
30
an
19 78 •
previa que a ANF prestasse aos seus
Ao mesmo tempo, o Estado, através
associados um serviço de inter-
do decreto-lei 242-B/2006, definia as
mediação financeira, funcionando
normas de pagamento às farmácias,
como única interlocutora do Serviço
propondo um relacionamento di-
Nacional de Saúde. Na realidade, a
recto e individual e comprometen-
associação cobrava a factura mensal
do-se a pagar as comparticipações
das farmácias ao Estado mediante
no prazo de 40 dias. Todavia, a es-
a respectiva cessão de créditos. Os
magadora maioria das farmácias op-
estatutos conferiam-lhe essa pos-
tou por aderir à Finanfarma, numa
sibilidade. Por forma a antecipar as
demonstração da união do sector.
decisões que o Estado viesse a to-
Por outro lado, com a constituição
mar sobre o assunto, a ANF iniciou
da Finanfarma foi possível adiantar
o processo para constituição de
em cerca de 30 dias os pagamentos,
uma estrutura com competências
num esforço financeiro que a asso-
legais para actuar neste domínio
ciação suporta por entender que
- a Finanfarma, uma sociedade de
configura um serviço aos associados
factoring vocacionada para a com-
fundamental para a sua estabilidade
ço de intermediação financeira com
pra de créditos e o financiamento a
económica.
o Estado.
empresas (neste caso, as farmácias
Na prática, o relacionamento consa-
associadas). Os pressupostos que
grado no decreto-lei n.º242-B/2006
conduziram à sua criação confir-
de 29 de Dezembro e regulamenta-
maram-se: o acordo foi denuncia-
do na portaria n.º3-B/2007 de 2 de
do e a intermediação proibida pelo
Janeiro, inspira-se essencialmente
Orçamento de Estado. A intermedia-
no acordo com uma diferença subs-
ção financeira até então protagoni-
Este
tancial, é que foi imposto unilateral-
zada pela associação foi transferida
introduziu
mente, não resultando do diálogo e
para a Finanfarma no que respeita
administrativos nas rectificações à
da concertação.
ao SNS e aos Sistemas Regionais de
factura mensal, tem sido gerador de
Até Dezembro de 2006, o acordo
Saúde.
muita conflitualidade. O fim o acor-
os
20 08
Conferência do receituário gera conflitualidade novo
relacionamento, novos
que
procedimentos
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13
dossier
SRR - Em nome dos associados
do significou o fim da relação direc-
tas de débito, conferir às farmácias a
ta entre a ANF e Ministério da Saúde,
faculdade de poderem decidir sobre
mediada através de uma comissão
a aceitação ou não do receituário
paritária, mecanismo que, conferia
que lhes é devolvido, na medida
Neste processo de decisão, as farmá-
segurança neste circuito. O que ago-
em que passaram a poder recusar
cias podem recusar os fundamentos
ra existe é um relacionamento em
aquele cuja devolução não tem fun-
invocados para a devolução de re-
que o Estado procura unilateralmen-
damento.
ceituário.
te impor as regras relativas à dispen-
Anteriormente, o valor da rectifi-
Devem então canalizá-lo para o SRR,
sa de receituário, de uma forma rígi-
cação proposta pela Sub-região de
cuja intervenção é no sentido de
da, sem flexibilidade e em questões
Saúde era abatido na totalidade,
avaliar se a não aceitação se justifica
eminentemente administrativas que
hoje só poderão ser abatidos os va-
ou não.
não acrescentam segurança e fia-
lores de rectificações aceites através
Cerca de 90% das receitas tratadas
bilidade ao processo de dispensa e
das notas de crédito e débito emiti-
por este serviço são enviadas para as
conferência.
dos pela farmácia.
Sub-Regiões de Sáude, o que confir-
Vigora um crescente número de de-
Esta faculdade determina que, ao
ma o rigor das farmácias na análise
voluções às farmácias. Os utentes são
receberem o receituário devolvido,
do receituário devolvido.
os principais penalizados e as farmá-
elas analisem os motivos invocados
Paralelamente ao tratamento do
cias, último elo do circuito, acabam
e decidam se são fundamentados
receituário, têm sido estabelecidos
também por o ser. E foi para obstar a
ou não.
contactos directos com sub-regiões
esta situação que a ANF decidiu criar
Se a farmácia aceita, o que acontece
de saúde, de forma a promover um
o SRR - Serviço de Rectificação de
em cerca de 50% das receitas devol-
diálogo que permita gerar consen-
Receituário. Trata-se de um serviço
vidas em que há assumpção de res-
sos capazes de ultrapassar divergên-
de apoio aos associados que inter-
ponsabilidade na não conformidade
cias identificadas.
vém na análise do receituário cujo
da receita, segundo dados apurados
Esta acção, que envolve também a
fundamento de devolução as farmá-
pelo SRR, é obrigada a emitir uma
estrutura associativa da ANF e o ga-
cias não aceitam.
nota de crédito ou débito. Se a far-
binete jurídico da ANF, está já a dar
A Portaria n.º 3-B/2007, de 2 de
mácia não aceita tem ao seu dispor
alguns frutos, e a prazo os responsá-
Janeiro, veio, com a obrigatoriedade
o SRR para tratar das rectificações
veis pelo SRR acreditam que o volu-
de emissão de notas de crédito e no-
não aceites.
me de devoluções possa estabilizar.
14 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
A funcionar desde Abril de 2007
mento requer uma postura mais
so, a responsabilidade de adequar os
o SRR recepcionou até ao final de
rigorosa por parte das farmácias. O
ficheiros de preços e comparticipa-
Dezembro
2953 processos, tendo
que pode começar a montante da
ções recebidos do Infarmed. A cada
tratado mais de 29 mil receitas (a mé-
conferência do receituário, no mo-
dez dias, a Autoridade Nacional do
dia é de dez receitas por processo).
mento da dispensa. É esse o terreno
Medicamento gera novos ficheiros,
O distrito de Lisboa é responsável
em que actua o NARC - Núcleo de
que têm de ser adaptados e reflecti-
pela maior fatia, 75% do total (2222
Acordos e Receituário e Codificação.
dos no Serviço de Apoio ao Médico,
processos), seguindo-se-lhe os dis-
A farmácia é o último elo de um cir-
nas ARS e nos sistemas informáticos
tritos de Braga (6%, 179 processos) e
cuito que começa na prescrição. É
das farmácias. No intervalo entre a
Porto (5,5%, 163 processos). O valor
aqui que podem começar os incum-
recepção e a actualização dos fichei-
total de rectificações não aceites co-
primentos com que o farmacêutico
ros podem gerar-se devoluções, que
municadas às ARS/SRS em 2007 foi
e o utente se deparam. As dúvidas
contribuirão para que os associados
de 429.429,06 euros.
afluem então ao NARC, em grande
contactem os serviços do NARC.
Sublinhe-se também que o volume
variedade e complexidade, agrava-
Está ainda por apurar o impacto das
de trabalho deste serviço tem sido
da pelas lacunas da legislação vigen-
regras em vigor desde 2007 no tra-
crescente, contabilizando já nos dois
te. É por consenso que se superam,
balho do NARC, mas o certo é que o
primeiros meses de 2008 a entrada
muitas vezes, essas dificuldades,
serviço já responde anualmente a 26
de cerca de 1500 novos processos.
prevalecendo coerência perante a
mil questões, 60% delas relaciona-
Neste período foram já reclamados
ausência de respostas na lei.
das com o SNS.
mais de 200.000 euros de rectificações
Os exemplos sucedem-se. Alguns
Com o receituário do SNS a corres-
não aceites.
são flagrantes. É o caso da quantida-
ponder a 80% da facturação das
de de receitas sem data ou que não
farmácias, é inegável o peso do re-
apresentam o número de utente
lacionamento com o Estado na eco-
completo. Devolvê-las significaria
nomia do sector. Perante um novo
obrigar os utentes a voltar aos cen-
relacionamento, com regras nem
NARC- Porque as dúvidas existem
tros de saúde, privá-los do tratamen-
sempre claras e objectivas, impõe-se
Os vários intervenientes no processo
to, fazendo recair sobre eles o ónus
promover um clima de confiança e
- da Finanfarma ao SRR - partilham
alheio. São situações avaliadas caso a
boa fé que devolva o equilíbrio ao
a opinião de que o novo relaciona-
caso num serviço que tem, além dis-
sistema.
os
20 08
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 15
dossier Um circuito (ainda) pouco flexível A falta de flexibilidade é uma das críticas que os responsáveis pela Finanfarma, pelo Serviço de Rectificação de Receituário (SRR) e pelo Núcleo de Acordos e Receituário e Codificação (NARC) apontam ao novo relacionamento com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Uma crítica assente no volume de re-
o mínimo de conflitualidade possível
necimento da receita médica, os
ceitas devolvidas pelas Sub-Regiões
importa conhecer e aplicar as novas
procedimentos incluídos no acto de
de Saúde e nos fundamentos invoca-
regras.
dispensa, os documentos necessá-
dos para esse procedimento. Desde
Elas constam da portaria nº3-B/2007,
rios no relacionamento entre as far-
sempre que as farmácias estão dispo-
de 2 de Janeiro, que regulamenta o
mácias e as ARS e os procedimentos
níveis para assumir as situações que
decreto-lei nº 242-B/2006, de 29 de
para validação e contabilização da
resultem de falhas suas, não estando
Dezembro, relativo ao recebimento,
factura mensal, bem como o respec-
disponíveis para assumir a respon-
pelas farmácias, do pagamento da
tivo modo de pagamento.
sabilidades de outros, nem para ser
comparticipação do Estado no preço
polícias do sistema, pelo que não
de venda ao público dos medica-
compreendem quando são penaliza-
mentos dispensados a beneficiários
das pelos incumprimentos que ocor-
do SNS. A portaria começa por clari-
Ao abrigo desta portaria, cada far-
rem, com frequência, a montante da
ficar que beneficiários são os utentes
mácia deve enviar à respectiva ARS
farmácia, quer no acto de prescrição,
não abrangidos por subsistemas e os
e até dia 10 de cada mês as recei-
quer na validação das receitas.
que se enquadram em regimes de
tas médicas onde estão prescritos
Todavia, para que o novo relaciona-
complementaridade.
os medicamentos comparticipados
mento com o SNS se desenrole com
Define igualmente o modo de for-
dispensados a beneficiários do SNS,
16 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Passo a passo
30
an
19 78 •
bem como a factura mensal corres-
lei é natural que se coloquem ques-
pondente ao valor da comparticipa-
tões concretas: o que fazer perante
ção do Estado no PVP desses medi-
a qualidade de uma receita que não
camentos.
cumpre na íntegra os requisitos le-
Uma vez recebida esta documenta-
gais?
ção, os serviços do Estado procedem
Se a farmácia concordar com a recti-
à respectiva conferência, devendo
ficação proposta ou parte dela, a por-
enviar à farmácia até ao dia 25 do mês
taria estipula que deve emitir uma
seguinte uma relação contendo o va-
nota de crédito/débito manual ou
lor das rectificações, a justificação das
por via electrónica das receitas acei-
devoluções e as receitas e documen-
tes. Refira-se, a propósito, que tanto
tos de facturação correspondentes.
o Sifarma clássico como o Sifarma
Para o envio da relação resumo dos
2000 foram actualizados de modo a
valores rectificados, o prazo estende-
contemplar esta possibilidade. Essa
-se por 90 dias a contar da data limite
mesma nota de crédito/débito deve
de entrega do receituário.
ser enviada à ARS juntamente com a
Perante as receitas devolvidas, a far-
facturação mensal até ao dia 10 do
mácia procede à sua análise com o
mês seguinte.
objectivo de validar a fundamenta-
Com uma excepção, a emissão é tri-
ção da rectificação proposta. Dois
mestral se o valor acumulado das rec-
cenários são possíveis: ou foram de-
tificações, positivo ou negativo, foi
volvidas com fundamento ou não o
inferior a 200 euros. Paralelamente,
foram. Neste processo de avaliação,
a farmácia deve sempre comunicar à
as farmácias podem recorrer ao NARC
Finanfarma, enviando-lhe uma cópia
- Núcleo de Acordos e Receituário e
carimbada pela Sub-região de Saúde,
Codificação, serviço que a associação
a nota de crédito/débito entregue na
presta aos associados precisamente
ARS. Este procedimento é essencial
para os ajudar a superar dúvidas rela-
para evitar diferenças entre os valo-
cionadas com aquelas matérias. Um
res deduzidos pelas ARS e os valores
contacto que pode ser decisivo no
adiantados pela sociedade de facto-
momento de aceitar ou não a recti-
ring da ANF. As receitas em causa,
ficação, tal como pode revelar-se de
podem ser corrigidas e facturadas de
extrema utilidade no momento da
novo ao SNS.
dispensa. Perante os motivos para a
Se a farmácia não concordar com a
recusa da dispensa contemplados na
rectificação proposta ou parte dela,
os
20 08
Top + São múltiplos os fundamentos invocados para a devolução do receituário, sendo os mais comuns os seguintes: • Falta data de prescrição • Receita rasurada ou acrescentada • Receita inválida para o lote • Embalagem não comparticipada • Embalagem não prescrita • Substituição inválida • Dispensa fora de prazo • Falta a data, carimbo ou assinatura do farmacêutico • Não pertence ao SNS • O Diploma não ser prescrito pelo médico da especialidade Muitas destas inconformidades remontam ao acto de prescrição e ao circuito que a receita percorre antes de chegar à farmácia. Verifica-se que na maioria dos casos não são da sua responsabilidade, nem por ela podem ser assumidas. Na verdade, o cumprimento de todos os requisitos iria induzir recusas sistemática do receituário, o que, para o utente, equivaleria a uma atitude desumana e, do ponto de vista dos serviços, agravaria a actual situação de congestionamento. Daí o apelo ao bom senso na rectificação do receituário e a um esforço acrescido de rigor e disciplina por parte das farmácias.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 17
dossier Por detrás das devoluções É na legislação que regulamenta o novo
caracter geral, entra as quais se destacam:
relacionamento entre as farmácias e o SNS que
• Justificação na receita - toda e qualquer justificação
se encontram as normas essenciais de dispensa,
deve ser efectuada no verso da receita, local
cujo incumprimento pode originar devolução do
destinado à farmácia;
receituário. Desde logo no artigo 4º do decreto-
• Identificação e número do utente/beneficiário -
lei nº 242-B/2006, ao abrigo do qual as farmácias
caso estes dados não constem da receita, a farmácia
devem recusar a dispensa de medicamentos
deve mencioná-los no verso;
comparticipados, prescritos em receita médica,
• Embalagens esgotadas ou não disponíveis no
quando a receita não obedeça aos modelos ou ao
mercado - as farmácias devem justificar, no verso
formato legalmente previstos, quando contenha
da receita, as dispensas que venham a efectuar
correcções, rasuras ou quaisquer outras modificações,
ao abrigo do n.º 4 da portaria 3-B/2007: se a
quando a dispensa se processe fora do prazo
receita não especifica a dosagem ou a dimensão
de validade da receita ou quando não tenham
da embalagem, deve ser dispensada a de menor
sido observadas as normas que dispõem sobre a
dimensão disponível no mercado; quando a
prescrição de psicotrópicos ou estupefacientes.
embalagem de maior dimensão estiver esgotada,
Atendendo a este normativo, a ANF tem veiculado
poder ser fornecida quantidade equivalente desde
junto das farmácias um conjunto de orientações de
que este facto seja justificado de forma expressa.
poderá encaminhar as receitas não
sobre estes valores se os aceitar ou
para a rectificação, é o serviço que,
aceites para o Serviço de Rectificação
comunicá-los ao SRR através do for-
com o prévio acordo da farmácia,
de Receituário. O envio dessas recei-
mulário do serviço caso não os aceite.
envia directamente à ARS as receitas
tas deverá ocorrer entre os dias 1 e 10
Em suma, a farmácia deve garantir
devolvidas acompanhadas de um
de cada mês, acompanhadas de um
que se pronunciou sobre a totalida-
relatório de tratamento. Compete
conjunto de documentos, a saber: a
de das rectificações que lhe foram
então à ARS dar provimento, ou não,
relação resumo contendo o valor das
propostas.
às reclamações.
rectificações; a justificação das mes-
Da análise do SRR podem resultar
Até final do ano, o SRR havia já en-
mas; os documentos de facturação
duas situações, ou foi identificado
viado processos para todas as sub-
correspondentes e o formulário pró-
um fundamento para a devolução
-regiões de Saúde, obtendo respos-
prio do serviço de rectificação da ANF.
ou não. No primeiro caso, as receitas
tas em cerca de metade dos casos.
De realçar que muitas vezes as recti-
regressam à farmácia acompanhadas
Algumas situações têm-se superado
ficações propostas incluem também
de um relatório de tratamento, com-
em reuniões com os responsáveis lo-
outros valores não justificados - acer-
petindo à farmácia procedimento
cais das ARS, nas quais tem participa-
tos. Também neste caso a farmácia
idêntico ao utilizado nas rectificações
do activamente a estrutura associativa
deve tomar uma decisão, devendo
por ela aceites. Já quando o SRR não
da ANF. Todavia, não é ainda possível
emitir uma nota de crédito/débito
identifica uma razão fundamentada
quantificar o sucesso desta actuação.
18 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
A experiência de Vila Real
O valor do diálogo Vila Real movimenta cerca de 1.200
gumas farmácias em dificuldades ,
Vila Real, não dispensar um medi-
mil receitas por ano. É sobre elas
acrescenta.
camento prescrito numa consulta
que incide a nova regulamentação,
O diferendo foi superado por via de
da especialidade, por exemplo,
dando origem a uma devolução
uma alteração legislativa que alargou
pode implicar o regresso ao Porto,
próxima dos dois por cento. Os nú-
para 20 dias o prazo de validade das
que muitos doentes não podem
meros são do coordenador da Sub-
receitas. Mas outros motivos conti-
suportar, por razões económicas e
Região de Saúde (SRS), José Afonso
nuam a justificar devoluções. Na lista
de saúde .
Andrade, segundo o qual a portaria
da SRS, surge em primeiro lugar a dis-
A mesma sensibilidade tem Isabel
não trouxe dificuldades acrescidas,
pensa de um medicamento diferente
Gomes da Silva: Quem não tem
não havendo um maior volume de
do prescrito na forma, na dosagem,
culpa é que é mais penalizado. É
receitas devolvidas às farmácias.
na dimensão da embalagem ou até
o doente que, em último caso, fica
Não há agora. Mas reconhece que,
na designação. A delegada de cír-
sem o medicamento .
no início da aplicação das novas
culo atribui esta predominância ao
Ambos os delegados de círculo da
regras de conferência do recei-
facto de o sistema informático dos
ANF advogam mais flexibilidade
tuário, se assistiu a um surto de
médicos incluir muitos medicamen-
nos critérios de conferência do re-
devoluções. Motivo: o prazo de
tos em dosagens e embalagens que
ceituário. O coordenador da SRS,
validade da receita, limitado então
não são comercializados no mercado
José Afonso Andrade, é também
a dez dias.
português, o que coloca às farmácias
a favor dessa flexibilidade, consi-
Desta realidade fazem eco os dele-
problemas ao nível da substituição.
derando, aliás, que só, discutindo
gados de círculo da ANF no distrito,
Contudo, o coordenador da SRS asse-
abertamente as questões, é possí-
Fernando Rodrigues e Isabel Gomes
gura que se houver justificação para
vel encontrar soluções de compro-
da Silva. Ambos recordam que esse
a substituição ela é aceite pelos ser-
misso : Do que tenho observado e
era, efectivamente, o grande moti-
viços de conferência do receituário.
acompanhado, não há razões para
vo de devoluções, criticando a for-
O delegado Fernando Rodrigues
conflitualidade .
ma como os procedimentos se alte-
compreende alguns motivos de de-
O diálogo tem existido em Vila
raram sem aviso. De um momento
volução, nomeadamente a ausência
Real. Isabel Gomes da Silva afirma
para o outro, sem avisar, passaram
de assinatura ou vinheta do prescri-
que as reuniões com a SRS têm
a devolver as receitas quando ul-
tor: É uma questão de bom senso,
permitido normalizar a situação
trapassavam os dez dias , afirma
pois são estes elementos que autenti-
e Fernando Rodrigues reconhece
Fernando Rodrigues, corroborado
cam a receita . Mas não compreende
que a SRS tem demonstrado uma
por Isabel Gomes da Silva, segun-
que haja diferentes rigores na análise
maior abertura do que outras no
do a qual bastava passar um dia
da receita, receando que, no final, o
país. Opiniões que vão ao encontro
para devolverem a receita.
Até
utente saia prejudicado. É a lei, mas
da do coordenador da sub-região,
então aceitavam sempre, depois,
as pessoas não podem ser penaliza-
que destaca o bom relacionamen-
sem aviso prévio, verificaram-se
das por incumprimentos pelos quais
to com a estrutura associativa da
imensas devoluções, deixando al-
não são responsáveis. No distrito de
ANF .
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 19
dossier Receita electrónica pronta a avançar na Madeira
A caminho do futuro A Região Autónoma da Madeira prepara-se para dar os primeiros passos num projecto integrado de transmissão electrónica de todo o ciclo da receita médica, da prescrição ao pagamento das comparticipações, passando pela conferência do receituário. Um projecto em parceria com a ANF e que vai trazer benefícios a todos os intervenientes. O objectivo mais imediato deste pro-
preciosa para o tratamento, na medida
rio, privando a Administração da Saúde
jecto é vencer algumas ineficiências
em que é na receita que o médico ins-
de indicadores em tempo útil.
existentes no circuito do receituário
creve, nomeadamente a posologia e os
É neste contexto que surge a imple-
médico, da prescrição à facturação e
horários de toma. É apenas um exemplo
mentação da receita médica electró-
conferência, passando pela dispensa.
de um sistema que peca por várias
nica na Região Autónoma da Madeira,
São ineficiências associadas à ausência
ineficiências, associadas ainda ao pro-
uma parceria entre o Serviço Regional
de um funcionamento em rede das
cesso de conferência do receituário e
de Saúde e a ANF que ambiciona en-
diferentes entidades envolvidas neste
pagamento das comparticipações às
volver hospitais, centros de saúde e
circuito e de que a circulação da recei-
farmácias. Um processo que, na ausên-
farmácias (são 59 actualmente), numa
ta médica em suporte físico (papel) é a
cia de um suporte electrónico, conso-
rede que beneficiará os cerca de 250
face mais visível.
me recursos significativos, humanos e
mil habitantes do arquipélago.
A receita médica actual, mesmo quan
financeiros. O simples desfasamento
O projecto assenta, naturalmente, na
-do é emitida por computador, materia-
entre o momento da dispensa e o envio
informatização das várias entidades en-
liza--se numa folha que o médico entre-
das facturas às entidades comparticipa-
volvidas. No que respeita às farmácias
ga ao utente e que este, por sua vez, en-
doras, para o correspondente reembol-
essa é já a realidade - recorde-se que
trega na farmácia, ficando sem acesso
so, é gerador de custos, além de inibir o
o sector conseguiu, em poucos anos,
à informação nela contida. Informação
controlo real e atempado do receituá-
uma taxa de informatização sem para-
20 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
lelo noutros sectores de actividade, não
possibilidade de confrontar conteúdos
tes, juntando-se a outras mais-valias
se antecipando também problemas no
e, se necessário, de promover medidas
como a comodidade e a liberdade.
que respeita aos serviços de saúde pú-
geradoras de maior racionalização dos
Quanto às farmácias, vêem agilizados
blicos. Algumas dificuldades poderão
recursos.
os procedimentos administrativos de
surgir no domínio dos consultórios
Por razões técnicas, em todo este cir-
tratamento da receita médica e, dese-
privados, cujo grau de informatização
cuito, a ANF funciona como entidade
javelmente, conquistam uma maior ce-
se desconhece, mas não constituirão
aglutinadora, uma espécie de elo de
leridade nos pagamentos e conferên-
obstáculo ao avanço da receita médica
ligação entre as farmácias e o SRS.
cias das facturas. Sem falar na previsível
electrónica na região. Tendo a informática como ferramenta básica, foi concebido um sistema de informação em que a receita médica é o
os
20 08
diminuição dos erros de facturação, um
Arranque parcial mas igualmente vantajoso
elemento chave. O local de prescrição
dos principais pontos de conflito com as entidades comparticipadoras. As farmácias saem igualmente beneficiadas de um maior rigor em todo o processo,
é o ponto de partida deste sistema, com
Tal como está concebido, o projecto
o que é uma vantagem não mensurá-
o médico a registar electronicamente
contempla todo o ciclo da receita mé-
vel, mas relevante.
os medicamentos que prescreve a cada
dica da prescrição ao pagamento do
A prazo, outras vantagens emergirão.
doente, dados esses que ficam auto-
reembolso às farmácias. Todavia, numa
Com a receita médica electrónica em
maticamente depositados numa base
fase inicial cingir-se-á conferência e fac-
velocidade de cruzeiro, o conceito de
de dados. Ao utente é fornecida uma
turação. A receita médica será produ-
prescrição evoluirá para uma requisi-
guia, contendo os principais conceitos
zida informaticamente mas não trans-
ção de medicamentos, abrindo uma
da terapêutica. Por sua vez, a farmá-
mitida electronicamente. Será emitida
mão cheia de potencialidades. Um
cia acede à mesma base de dados, de
por computador, os respectivos dados
novo modelo de comparticipações
onde invoca a prescrição, nela ficando
ficarão armazenados e servirão para a
poderá ser equacionado, perdendo
o registo do que foi efectivamente
posterior conferência.
a sua característica actual, em função
dispensado e do próprio local da dis-
Continua, por enquanto, a haver uma
do medicamento, para ganhar con-
pensa.
quebra na cadeia, não sendo para já
tornos mais equitativos em função
Estes dados - os da prescrição e os
possível a desejada desmaterialização
do doente. A Região Autónoma da
da dispensa - confluem para o SRS,
da receita. São inegáveis os benefícios
Madeira prepara-se para ser percur-
permitindo optimizar o processo de
que adviriam da eliminação do papel,
sora deste futuro. Para já, aguarda
conferência do receituário e, em con-
nomeadamente em termos de custos
luz verde da Comissão Nacional de
sequência, efectuar, em tempo útil, o
(menores) e de segurança (maior). A
Protecção de Dados. Os centros de
pagamento dos reembolsos devidos às
poupança de recursos seria obviamen-
saúde foram sujeitos a um recente
farmácias. Ao aceder ao que é prescrito
te vantajosa para os serviços, enquanto
esforço de informatização. As farmá-
e ao que é dispensado, o SRS ganha a
a segurança reverteria a favor dos uten-
cias há muito que estão prontas. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21
entrevista
O SNS é a trave-mestra do Estado Social Entrevista a António Arnaut ex-ministro dos Assuntos Sociais
Farmácia Portuguesa - A Lei nº56/79
infantil aproximava-se dos 40 %... Era
aproximando-os cada vez mais das
está perto de cumprir 30 anos e o
imperioso e urgente dar cumprimen-
populações.
SNS desde a sua criação tem sido
to ao art.º 64º da Constituição que
alvo de sucessivas reformas, como
reconheceu o direito à saúde como
FP - Há alguns anos defendeu um
se todos os ministros da Saúde pro-
um direito fundamental, quer dizer,
pacto para a Saúde. Mantém esta
curassem deixar a sua marca. Quais
inerente à dignidade humana. O SNS
ideia? Porquê?
foram os pressupostos que presidi-
foi a maior reforma social do século
AA - Continuo a defender a necessi-
ram ao Serviço Nacional de Saúde e
XX português.
dade de um pacto para a saúde, com
como encara as sucessivas reformas
o objectivo de tornar o SNS um com-
implementadas?
FP - Se fosse o ministro da Saúde
promisso colectivo, liberto de ideolo-
António Arnaut - A criação do SNS
quais seriam as suas prioridades?
gias, de mudanças de governo ou do
constituiu um imperativo ético e
AA - Em Saúde tudo é prioritário, des-
próprio ministro da saúde. Um pacto
constitucional. Em 1978 Portugal de-
de os cuidados primários, que res-
em que fosse garantido o essencial,
tinha os piores índices sanitários da
pondem a 80 % da procura, até aos
ou seja, um SNS cada vez mais pres-
Europa. Morria-se por falta de assis-
cuidados mais sofisticados, como os
tável, acessível e humanizado, se-
tência médica. Mais de 90% dos re-
transplantes. Considerando a limita-
gundo a filosofia constitucional, que
cursos humanos e técnicos concen-
ção dos recursos, daria prevalência à
reconhece a todos, sem qualquer
travam-se no litoral. A mortalidade
organização dos cuidados primários,
discriminação económica, social ou
22 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
geográfica, o acesso aos cuidados de
FP - O mandato do último ministro,
AA - Não direi como o antigo minis-
saúde, dentro dos recursos disponí-
Correia de Campos, foi marcado por
tro Paulo Mendo, grande defensor
veis.
reformas muito contestadas social-
do SNS, que estão a matá-lo, ou a
mente. Considera-as necessárias?
tirar-lhe a alma. Mas parece-me evi-
FP - Disse que se a direita estivesse
AA - Muitas das reformas são neces-
dente que o feriram, causando-lhe
no poder não teria coragem de ata-
sárias, para racionalizar e reestruturar
uma fractura exposta, que é urgente
car o SNS como o PS e que o PS, na
o sector. Porém, o que desencami-
debelar. Aliás, o próprio Correia de
oposição, não deixaria. Como fun-
nhou o ministro (quero dizer, o que
Campos reconheceu que a nação
ciona esta lógica partidária e como
o fez seguir por maus caminhos), foi
estava a perder a confiança no seu
encara as recentes críticas feitas ao
a sua (de)formação técnica. Esta qua-
Serviço Nacional de Saúde. Salvar o
governo PS neste âmbito?
lidade transformou-o no seu maior
SNS, adaptando-o à realidade actual,
AA - Algumas medidas tomadas
defeito. Sendo doutorado em econo-
é pois, uma obrigação indeclinável
por Correia de Campos inseriram-se
mia da saúde, via tudo pelo prisma
do governo e uma acto de cidadania.
numa lógica neo-liberal, como a cria-
dos gráficos e das estatísticas. Ora, a
O SNS é a trave-mestra do Estado
ção das absurdas taxas moderadoras
saúde não é uma econometria, é um
Social. O problema é que os grandes
para internamentos e cirurgias. Se a
humanismo. Por isso não se pode
grupos económicos estão interessa-
direita estivesse no governo não te-
fechar um bloco de partos, uma
dos em destruí-lo, ou transformá-lo
ria coragem de tomar tais medidas,
Urgência, ou um SAP, só porque o
numa espécie de instituição caritati-
e o PS, na oposição, não deixaria.
seu movimento é inferior ao traçado,
va para os coitadinhos , para usar a
Essa medida atenta contra a filosofia
a régua e esquadro, por um grupo de
terminologia da actual ministra, Dr.ª
humanista do SNS, porque constitui
sábios no seu gabinete. A realidade
Ana Jorge. O SNS é um filão apetecí-
um co-pagamento e não uma taxa
do Portugal profundo não se com-
vel para negociatas e especulações,
moderadora, já que estas se desti-
padece com a sobranceira frieza dos
porque absorve 1/6 do orçamento
nam, por definição, a desencorajar a
técnicos. E a prova foi o verdadeiro
de Estado. Nada tenho contra os pri-
procura desnecessária. Por isso foram
levantamento social que algumas
vados, desde que se contenham nos
justas as críticas que clamaram de to-
medidas provocaram, levando à de-
limites da lei e dos bons costumes.
dos os sectores, incluindo da direita.
missão do ministro.
Há hoje dois milhões de contratos de
É claro que as críticas da direita foram
os
20 08
seguro-doença, porque certas em-
mera demagogia, porque, no fundo,
FP - Dadas as sucessivas reformas,
presas obrigam os seus empregados
rejubilou. Falo da direita ultra-liberal,
será excessivo dizer que o SNS está
a subscrever apólices que, na maior
e não da direita social, que defende
a perder a sua essência? Estamos a
parte dos casos, são um logro. O go-
o SNS.
tempo de o salvar? E de que forma?
verno tem de estar atento e cumprir FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23
entrevista
o preceito constitucional
posso responder, porque não tenho
pedem fiado. Há uma relação de con-
que o obriga a discipli-
elementos. A recente liberalização da
fiança que deve ser preservada.
nar e fiscalizar as formas
propriedade da farmácia decorre do
empresariais e privadas
PGLC (processo geral de liberalização
FP - O que perspectiva à luz das mais
de medicina, articulan-
em curso)...
recentes medidas, nomeadamente da desregulamentação da venda de
do-as com o serviço nacional de saúde . Se o
FP - O mercado dos genéricos repre-
MNSRM e do fim da indissociabilida-
Estado fechou algumas
senta cerca de 18% do mercado por-
de entre a propriedade e a direcção
unidades por falta de re-
tuguês dos medicamentos. De que
técnica?
quisitos técnicos, espero que exija os
forma vê a sua optimização?
AA - Acho bem que medicamentos
mesmos requisitos para os privados. É
AA - Vejo positivamente essa evolu-
que não carecem de receita médica
estranho que onde fecham unidades
ção, embora alguns médicos ainda
possam ser vendidos fora das farmá-
públicas, logo se anuncia a abertura
tenham reticências aos genéricos.
cias, embora sujeitos a alguma regu-
de hospitais privados para ocuparem
lamentação. Quanto à liberalização FP - Que comentários faz à presta-
da propriedade de farmácia, a lei veio
ção das farmácias e dos farmacêuti-
apenas legalizar muitas situações
FP - A Saúde vive, cada vez mais, no
cos de oficina no contexto da políti-
existentes, pois muitas farmácias não
dilema entre o interesse público e a
ca de saúde em Portugal?
pertenciam aos farmacêuticos que
sustentação financeira. Assim acon-
AA - A farmácia de oficina foi uma
lhe davam o nome.
tece também no sector das farmá-
instituição nacional. Sou do tempo
cias. A recente liberalização da pro-
em que se faziam as pílulas ou os
FP - Ana Jorge foi nomeada Ministra
priedade de Farmácia enquadra-se
xaropes, se falava de política en-
da Saúde. Quais as suas expectati-
neste contexto?
quanto esperava que aviassem a re-
vas para este novo mandato?
AA - O problema da sustentação
ceita. Muitas dessas farmácias eram
AA - Tenho as melhores expectativas
financeira do SNS, sendo real, é em-
verdadeiras tertúlias. Na farmácia da
na acção da nova ministra da Saúde,
polado por quem quer desacreditar
Misericórdia, em Penela (donde sou
Dr.ª Ana Jorge, apesar de a não co-
o sector público. Basta pensar que
natural) ouvia-se, à socapa, a BBC
nhecer pessoalmente.
25% do orçamento da saúde é gasto
e a Voz da Liberdade... Mas isso fo-
Sei que é muito sensível aos proble-
em puro desperdício, como verificou
ram outros tempos. Hoje a farmácia
mas humanos, conhece bem o sector
recentemente o Tribunal de Contas.
continua a ter um papel importante,
e, qualidade relevante nos tempos
Portanto, o que urge é atacar os gas-
sobretudo nos meios rurais, onde as
que correm, é médica em dedicação
tos desnecessários e o desperdício.
pessoas conhecem o farmacêutico,
exclusiva do SNS. Desejo-lhe os me-
Quanto ao sector das farmácias, não
ouvem os seus conselhos e até lhe
lhores sucessos.
o espaço que ficou abandonado...
24 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 25
flashes EUA
60% dos chefes de departamento das faculdades de Medicina têm relações financeiras com a indústria Um inquérito realizado aos responsáveis de departamento das 125 faculdades de Medicina e dos 15 maiores hospitais universitários independentes dos EUA concluiu que, em 60% dos casos, são mantidos laços financeiros de carácter pessoal com a indústria farmacêutica: 27% são consultores; 24% membros de conselhos consultivos; 14% do painel de oradores; 11% integram conselhos de administração; 9% são fundadores de laboratórios; e 7% quadros técnicos ou executivos. Este inquérito é o primeiro a fornecer dados concretos sobre a elevada prevalência das relações entre os centros médicos académicos e a indústria farmacêutica. In SCRIP News, 2/11/2007
Nova Zelândia
Académicos desaconselham à Europa a DTCA de medicamentos
que o Fórum dos Medicamentos irá emitir em 2008, A Nova Zelândia e os EUA são os únicos países que
aconselham a Europa a aprender a lição da Nova
permitem que os laboratórios façam publicidade de
Zelândia , onde não há uma avaliação independen-
MSRM directamente ao consumidor (DTCA), desde
te, a priori, desta publicidade, e não ceder às preten-
os anos 90. Precisamente dois académicos de Saúde
sões da indústria, que quer fomentar as suas vendas.
Pública da Nova Zelândia alertam a Europa para não
Em 2006, um inquérito do Ministério da Saúde neo-
permitir esta prática. Através de um artigo no British
zelandês recebeu 2/3 de respostas contra a DTCA.
Medical Journal , e a propósito das recomendações
26 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
In SCRIP News, 10/10/2007
30
an
19 78 •
Reino Unido
Logótipo atesta credibilidade das farmácias electrónicas
os
20 08
Espanha
Actualização das margens das farmácias e dos grossistas
A Ordem dos Farmacêuticos da Grã-Bretanha (RPSGB) criou um logótipo que estará visível na página de acolhimento das farmácias electrónicas que se registarem para o efeito, com vista a permitir ao público identificar se um determinado sítio é operado por uma farmácia britânica genuína, e reduzir o número de medicamentos vendidos em sítios fraudulentos. O logótipo inclui o número de membro na RPSGB e uma hiperligação para a página de registos do sítio da RPSGB, para que os utentes, antes de efectuarem uma compra online, se possam certificar da legitimidade do sítio e dos farmacêuticos. O logótipo foi testado em 20 farmácias electrónicas durante 2007. A adesão ao sistema é voluntária. In SCRIP News, 16/01/2008
As margens das farmácias e dos grossistas vão ser actualizadas em 2008. O preço de um medicamento
Rússia
Celesio em negociações para adquirir grossista/retalhista
a partir do qual são aplicadas margens fixas passa de 89,62 para 91,63 euros, sendo as novas margens fixas de 38,37 euros para as farmácias (+ 2,2%) e de 7,54 euros para os grossistas (+ 2,3%). O sistema de
A multinacional grossista Celesio está prestes a adquirir
reembolso (clawback) das farmácias ao Estado tam-
a Protek, grossista e retalhista russo que registou vendas
bém é actualizado.
globais na ordem de 1,7 mil milhões de euros em 2006.
As farmácias com vendas mensais de MSRM (PVP)
A Protek é líder nacional do mercado grossista, com 24%
até 32.336,12 euros (antes, o limite era de 31.627,66
de quota, e possui a segunda maior cadeia de farmácias
euros) ficam isentas de pagamento. 45% das farmá-
do país, a Rigla, com 636 pontos de venda, que obteve
cias não deve ultrapassar esse valor. As actualizações
177 milhões de euros em vendas. Prevê-se que o mercado
deviam ser anuais, em função da evolução do índice
farmacêutico russo registe um crescimento anual de 20%
de preços no consumidor, do PIB e das vendas das
nos próximos anos. A Celesio é o último dos três grandes
farmácias. Porém, esta é a primeira em três anos.
grossistas pan-europeus a entrar no mercado russo. In OTC bulletin, 31/10/2007
In Pharma Pricing & Reimbursement, Novembro 2007
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 27
anf CEFAR analisa recursos humanos farmacêuticos
Lei difícil de cumprir
O sector terá dificuldade em cumprir o imperativo legal de dois farmacêuticos por farmácia. A conclusão decorre do estudo Recursos Humanos
Perceber qual a dinâmica, a evolução
te quantitativa e qualitativa, no en-
Farmacêuticos 1997/2006 ,
e a renovação que os recursos hu-
tendimento de que constituem um
manos nas farmácias têm sofrido ao
trunfo insubstituível para enfrentar
promovido pelo CEFAR. É
longo dos anos foi o objectivo que
e, sempre que possível, antecipar os
presidiu ao estudo do CEFAR para,
desafios.
a partir daí, tirar ilações sobre o que,
O estudo Recursos Humanos Farma-
já superior a essa meta, mas
neste domínio, caracteriza o sector,
cêuticos 1997/2006 traça esse retra-
há muitas farmácias que estão
nomeadamente
to, permitindo caracterizar uma pro-
orientadoras do rumo a seguir.
fissão e um sector na medida em que
aquém. Falta saber quantas e
Além disso, esta análise é particular-
fornece indicadores actualizados. São
mente pertinente num sector que se
igualmente indicadores validados,
como vão aplicar a lei.
tem pautado pelo investimento em
cuja matéria-prima são dados facul-
recursos humanos, na dupla verten-
tados pela Ordem dos Farmacêuticos
certo que a média nacional é
28 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
adoptar
medidas
30
an
19 78 •
a partir do seu ficheiro de associados.
res ‒ 40,02 anos ‒ e os Açores a ultra-
apresentando 2,62 farmacêuticos por
Aliás, o trabalho do CEFAR beneficiou
passar a média, com 47,85 anos.
farmácia. Seguiam-se-lhe Coimbra,
de uma colaboração com a Ordem
Contudo, estes dois movimentos não
com 2,60, e o Porto, com 2,58. Os
encetada em 2004.
influenciaram a proporção entre se-
dois últimos lugares eram ocupados
xos: os farmacêuticos de oficina con-
pelos distritos de Portalegre e Beja,
tinuam a ser predominantemente do
com 1,45 e 1,33 farmacêuticos por
sexo feminino ‒ 80% são mulheres.
farmácia, respectivamente.
No entanto, o aumento percentual
No que respeita às regiões autóno-
Da análise dos números resulta um
no sexo feminino ficou ligeiramen-
mas, a Madeira alinha com a média
quadro claramente positivo, revela-
te abaixo do aumento registado no
nacional, com um rácio médio de
dor de um sector dinâmico. Assim, na
sexo masculino ‒ 58,28 contra 60,78.
2,11 farmacêuticos por farmácia, mas
Mais farmacêuticos e mais jovens
década em apreço, evidencia-se um óbvio incremento no número de profissionais, com uma taxa de cresci-
Assimetrias justificadas
mento sustentada e ininterrupta: em
os
20 08
os Açores apresentam valores inferiores, com 1,83 farmacêuticos por farmácia. As ilhas de S. Jorge, Graciosa e S. Miguel escapam a esta média, com
1997, ponto de partida deste estudo,
Um indicador valioso é o que se pren-
rácios acima dos dois farmacêuticos
as farmácias de oficina absorviam
de com o número de farmacêuticos
por farmácia.
3.792 farmacêuticos, número que so-
por farmácia ‒ a média nacional é de
É certo que a média nacional é po-
freu uma subida de 58,8% e passou,
2,32 farmacêuticos por farmácia, o
sitiva, mas não é menos verdadeiro
em 2006, para os 6021.
que, à luz do novo quadro legal, se re-
que o país se comporta assimetrica-
Paralelamente, assistiu-se no mesmo
vela francamente positivo. Contudo,
mente. No entanto, estas são assi-
período a um claro rejuvenescimento
este é apenas um olhar global de
metrias justificadas, em linha com as
dos farmacêuticos de oficina, o que
imediato desmentido por uma análi-
geográficas e demográficas e com as
perspectiva um caminho de contínua
se mais compartimentada: é que, no
verificadas na localização de outros
modernização técnica e científica da
continente, apenas em sete distritos
serviços, sejam de saúde ou não.
farmácia. A idade média decresceu,
existem, em média, dois farmacêuti-
A propósito, o director do CEFAR,
quer ao nível dos proprietários de
cos por farmácia, como determina a
João Paulo Vaz, salienta que estes
farmácia, quer dos restantes farma-
lei. E nas regiões autónomas também
indicadores deixam entrever dificul-
cêuticos da equipa. De 44,88 anos
só quatro ilhas apresentam uma rea-
dades na aplicação do imperativo
em 1997 declinou para 41,40 em
lidade compatível.
legal ‒ decorrente do novo regime
2006. Nas regiões autónomas notam-
Com 1634 farmacêuticos e 623 far-
da farmácia de oficina ‒ de dois far-
-se ligeiras inflexões, com a Madeira a
mácias, Lisboa era, em 2006, o dis-
macêuticos por farmácia. O que ficou
apresentar valores um pouco inferio-
trito melhor posicionado neste rácio,
claro é que a maioria dos distritos FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 29
anf Retrato de um sector O estudo do CEFAR traça um quadro dinâmico do sector cujas principais conclusões são as seguintes: •
O número de farmacêuticos na farmácia de oficina passou de 3792, em 1994, para 6021 em 2006;
•
A profissão continua a ser dominada pelo sexo feminino, que corresponde a 80% do total de farmacêuticos de oficina;
•
A idade média dos farmacêuticos de oficina desceu de 44,88 anos, em 1994, para 41,40, em 2006;
• •
•
•
•
Em 2006, havia, em média, 2,23 farmacêuticos por farmácia;
está abaixo desse valor. Mas está por
‒ como manter dois farmacêuticos
No continente, Lisboa, Coimbra e Porto
quantificar quantas farmácias pos-
se as condições económicas não o
são os distritos que apresentam rácios
suem actualmente menos de dois
permitirem, como manter dois far-
mais favoráveis, mas outros quatro:
farmacêuticos. É esse o número que
macêuticos se não houver serviços
Setúbal, Leiria, Aveiro e Évora, também
importa encontrar na perspectiva do
para prestar?
apresentam valores médios acima
cumprimento da lei.
Daí que afirme que a lei não é equi-
dos dois farmacêuticos por farmácia
Todavia, as conclusões do estudo
librada e que defenda a proposta
impostos pela actual lei;
não deixam margem para dúvi-
apresentada pela ANF de tenden-
Dos onze distritos com rácios menos
das. Muitas farmácias não terão
cialmente se caminhar para os dois
favoráveis, Portalegre e Beja são os que
condições
apresentam um maior desnível, com
novo
valores abaixo dos 1,5 farmacêuticos por farmácia;
do país, em zonas mais rurais, que
tendo como horizonte um número
Nas regiões autónomas, as farmácias
se debatem com a desertificação
ideal, mas movendo-se num terreno
da Madeira possuem, em média, 2,11
de pessoas e serviços. Radicar pes-
realista.
farmacêuticos, enquanto as dos Açores
soas nessas regiões é particularmen-
Este é um dos obstáculos ao cenário
apresentam valores inferiores, de 1,83
te difícil.
de evolução, renovação e dinâmica
farmacêuticos;
E para uma farmácia inserida nesse
que o sector tem demonstrado ao
O número de farmácias em Portugal
contexto recrutar um quadro reve-
longo dos anos. Tal como decorre
cresceu significativamente, passando
lar-se-á uma missão quase impossí-
do estudo Recursos humanos far-
de 1989, em 1976, para 2762 em 2005.
vel. Aliás ‒ questiona João Paulo Vaz
macêuticos 1997/2006 .
30 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
para
incorporar
um
farmacêuticos por farmácia. Deste
farmacêutico.
São
modo, cada farmácia teria oportuni-
farmácias localizadas no interior
dade de se adaptar às circunstâncias,
quadro
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31
política profissional A propósito de mitos, erros e preconceitos
Propriedade de farmácia de oficina em Portugal João Rui Pita, Professor
Nos últimos anos um dos interesses
macêutico instituído em Portugal em
questões como a que frequentemen-
da Faculdade
prioritários na nossa investigação cen-
2007, na sequência das alterações que
te refere que o actual regime jurídico
de Farmácia
tra-se na farmácia em Portugal, entre
se operaram em anos imediatamente
de propriedade de farmácia voltou a
meados do século XIX e meados do
anteriores, com o novo estatuto do
proporcionar, legalmente, a não far-
século XX. Verificámos que a farmácia
medicamento e a venda de medica-
macêuticos1 o acesso à propriedade
de oficina e o exercício profissional
mentos não sujeitos a receita médica
uma vez que foi há relativamente
farmacêutico constituiam dois dos
fora das farmácias constitui um ali-
poucos anos que o farmacêutico ficou
tópicos recorrentes de reflexões, de
ciante muito forte para um maior in-
detentor do exclusivo da propriedade
polémicas, de preocupações internas
vestimento nos estudos histórico-far-
da farmácia.
da classe farmacêutica e, também, de
macêuticos sobre o funcionamento e
promulgação de leis que condicio-
propriedade das farmácias.
navam o regime de propriedade de
O objectivo deste artigo é traçar um
farmácia e do exercício profissional
breve percurso sobre a história da
O célebre documento Regimento do
farmacêutico em farmácia de oficina.
propriedade da farmácia (matéria que
Físico-Mor do Reino (1521) estabe-
O novo regime jurídico de proprie-
estudamos e que iremos desenvol-
leceu que quem quisesse ter botica
dade de farmácia e do exercício far-
ver em estudo próprio) e esclarecer
aberta ao público deveria ser boticário
da Universidade de Coimbra e investigador do CEIS20, jrpita@ci.uc.pt
Os primórdios
Referimo-nos ao regime geral. A Lei nº 2.125, de 20 de Março de 1965 estabelece, ainda, um regime de excepções mas não é a este regime que nos reportamos. 1
32 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
Publicidade 1º Congresso Nacional de Farmácia, Lisboa, 1927
com carta passada pelo Físico-Mor do
mente do farmacêutico. Basta ver,
exercício profissional podem exercer a
Reino, direccionando a propriedade
por exemplo, os documentos que nos
profissão. Como exemplo, neste docu-
das boticas para os boticários. Isto é,
remetem para os pagamentos a boti-
mento refere-se que havia um grande
quem não fosse boticário encartado
cários por parte de diferentes câmaras
número de indivíduos que exerciam
não podia exercer a profissão e a pro-
do país e que traduzem o pagamento
a medicina e a arte farmacêutica sem
fissão exercia-se com a titularidade da
a um boticário e da sua botica.
qualquer preparação e por isso se diz
botica. Trata-se, a nosso ver, de um documento que de um modo claro e organizado estabelece este critério de não dissociação entre propriedade do estabelecimento e exercício profissio-
que as medidas tomadas tinham por
Finais do século XVIII e primeira metade do século XIX
nal. Diz-se no referido Regimento de-
base a notícia do grande número de charlatães e mesinheiros que sem autoridade andam praticando curas, com tal ignorância dos princípios físicos, em dano irreparável da saúde dos
fendemos e mandamos que daqui em
Não queremos dizer que com o es-
povos, e que contra a mesma se tem
diante nenhum boticário nem pessoa
tabelecimento daquelas medidas as
armado outros indivíduos, abrindo
outra possa assentar botica nem usar
boticas funcionassem bem e fossem
lojas com drogas, e denominando-se
do ofício de boticário sem que primei-
sempre propriedade de farmacêuti-
boticários, sem exame, sem princípios
ro seja examinado pelo nosso Físico-
co. Desde sempre que houve muitas
e alguns com uma crassa ignorância,
Mor... . Isto é, não estava em causa
tentativas de intromissão no exer-
os mandei alistar a todos por ser este
apenas o exercício profissional mas a
cício profissional farmacêutico e na
um dos objectos da Polícia o conservar
propriedade do estabelecimento - a
propriedade das boticas por parte de
a saúde dos povos destruindo tudo o
botica.
pessoas pouco habilitadas. Quando
que é em dano dela . O que estava em
Se percorrermos a colectânea de legis-
os droguistas surgem e se afirmam
causa era, simultaneamente, o exercí-
lação portuguesa de Tello da Fonseca,
no quadro das actividades comerciais
cio da profissão e a propriedade do
por exemplo o vol. 1 da História da
tentam captar para si, também, em
estabelecimento.
Farmácia Portuguesa , através da sua
muitos casos, a venda e produção de
Basta também analisar a legislação
legislação (1935) encontramos a partir
medicamentos. É muito interessante
farmacêutica portuguesa da primei-
de 1521 até ao início do século XX um
vermos alguns documentos que espe-
ra metade do século XIX, articulada
conjunto de documentos convergen-
lham o que dissémos. Dando um salto
com toda a legislação sanitária típica
tes da não dissociação da proprieda-
no tempo, vejamos, por exemplo,
do movimento renovador da saúde
de do estabelecimento e do exercício
uma Ordem Real de 1780 em que se
pública dos primeiros anos de oito-
profissional, do boticário e posterior-
reafirma que só os habilitados para o
centos, para nos apercebermos que FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 33
política profissional
a relação da propriedade da farmácia
actividade por quem não tinha habi-
farmacêuticas da época para verifi-
com o exercício profissional farmacêu-
litação para essa função.
carmos eventuais equívocos sobre
tico não estava em causa, justamente
No domínio farmacêutico há muitas
a propriedade e direcção técnica
a bem da saúde pública.
denúncias relativamente à abertura
das farmácias, muitas vezes referida
Em 1844, a Carta de Lei que organi-
e exercício profissional por quem não
como gerência técnica (gerente téc-
zou as repartições de saúde referia
estava habilitado para esse exercí-
nico), e posteriormente, em 1929,
que as boticas podiam ser estabele-
cio, fazendo perigar a saúde pública.
sobre a possibilidade legal de não
cidas livremente por todo o indivíduo
Aspirava-se por uma regulamentação
farmacêuticos poderem ser proprie-
que tiver obtido legalmente Carta de
adequada do sector e, também, por
tários de farmácia.
Farmacêutico .
um conjunto de medidas fiscalizado-
Em 1924 refere-se que
O mesmo documento fazia alusão
ras do exercício profissional.
farmácias abertas ao público ou
ao facto de boticários poderem ser
A limitação do número de farmácias
privativas de estabelecimentos de
proprietários de drogarias, mas não a
era, igualmente, uma preocupação
assistência e associações de mutu-
droguistas serem proprietários de bo-
e por variadas vezes surgem textos a
alidade ou outros serão dirigidas
ticas. Mesmo assim a botica tinha que
sugerir qualquer modelo de condicio-
permanentemente por um farma-
ser separada da drogaria.
namento da abertura da farmácia.
cêutico legalmente habilitado, seu
Ao que se sabe a passividade das au-
proprietário ou gerente técnico, que
toridades de saúde perante denúncias
podem assistir-se de ajudantes técni-
relativamente à ilegalidade de funcio-
cos de farmácia, sob a sua imediata
namento de farmácias e de exercício
responsabilidade (art.º 1º).
profissional era grande.
Em 1927, no art.º 4º, diz-se que ne-
As preocupações de finais do século XIX e início do século XX
todas as
nhuma farmácia ou laboratório de Já tivemos oportunidade de sistematizar as grandes questões farmacêuticas de finais do século XIX e início do
As medidas dos anos 20 e do Estado Novo
século XX. Entre elas, ao percorrermos
produtos farmacêuticos poderá estabelecer-se, depois da publicação da presente lei, sem que o farmacêutico que a ela presida seja proprietário
periódicos médicos e farmacêuticos
Os Decretos n.º 9431 de 1924 e n.º
ou co-participante da empresa que
da época e imprensa em geral, é re-
13470 de 1927 não são muito claros,
explora o estabelecimento . Em 1929,
corrente o exercício ilegal da profis-
a nosso ver, quanto à dissociação da
embora se regulamente o exercício
são, a propriedade e funcionamento
propriedade da direcção técnica, o
da profissão existe um vazio no que
das farmácias.
que ainda se acentuou mais após a
respeita à propriedade da farmácia,
O exercício ilegal da profissão era uma
revolução do 28 de Maio, em 1929,
embora do Decreto 23422 de 29 de
preocupação
através do Decreto n.º 17636.
Dezembro de 1933 se possa deduzir
Basta percorrermos jornais e revistas
que se encontra subjacente ao diplo-
partilhada,
também,
pela medicina. Isto é, o exercício da 34 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
Durante o século XX, com excepção da janela surgida entre 1924 e 1933, a indivisibilidade propriedade-direcção técnica foi uma realidade da farmácia portuguesa. A Farmácia martirizada (in A acção Farmacêutica , Porto, 1933)
ma e aos diplomas anteriores que a
garantia para o exercício da profissão
rativos da actividade farmacêutica ,
propriedade de farmácia fosse de far-
e o melhor serviço à população era o
desde que houvesse interesse público
macêutico ou que ele tomasse parte
interesse directo do farmacêutico na
na farmácia numa dada localidade ou
na sociedade.
propriedade da farmácia .
desde que houvesse vantagens na
O texto de 1929, contudo, refere ape-
A Lei n.º 2125, de 20 de Março de
preservação da que eventualmente
nas que a preparação de medicamen-
1965 juntamente com o Decreto-Lei
já existisse. Mas, muito mais haveria
tos era uma das competências das far-
nº 48547, de 27 de Agosto de 1968
a dizer sobre a Lei n.º 2125, numa
mácias e que o aviamento de receitas
consolidaram o princípio da indivisi-
apreciação enquadrada no contexto
e a venda ao público de medicamen-
bilidade da propriedade da farmácia e
farmacêutico da época, mas cuja ex-
tos e substâncias medicinais compe-
da direcção técnica, estado de coisas
tensão ultrapassa os limites do pre-
tem exclusivamente às farmácias .
que se manteve até 2007.
sente artigo.
Existia, porém, um regime de venda
A Base II da Lei n.º 2125 estabelecia
Com o presente artigo pretendemos
específico para as drogarias. Resta di-
que o alvará apenas poderá ser con-
dar a conhecer os tópicos gerais e
zer que a direcção técnica era inques-
cedido a farmacêuticos, ou a socieda-
essenciais sobre a questão da proprie-
tionável embora a lei fosse permissiva
des em nome colectivo ou por quotas,
dade da farmácia de oficina em Portu-
quanto à substituição do director-
se todos os sócios forem farmacêuti-
gal e demonstrar que a indivisibilida-
-técnico.
cos e enquanto o forem . Contudo,
de propriedade-exercício profissional
O Decreto n.º 23422 de 29 de
deve assinalar-se que o regime jurí-
(gerência técnica, direcção técnica)
Dezembro de 1933 teve como objec-
dico de 1965, à semelhança do que
não é uma realidade dos últimos anos
tivo dissipar dúvidas quanto à pro-
vinha acontecendo em regimes jurí-
como muitas vezes erradamente se
priedade da farmácia. No seu artigo
dicos anteriores, estabeleceu ainda
transmite.
1º indica que
nenhuma farmácia
alguns regimes de excepção, nomea-
Durante o século XX, com excepção
pode estar aberta ao público sem que
damente os decorrentes da morte do
da janela surgida entre 1924 e 1933,
o farmacêutico, seu director técnico
proprietário onde em regime transitó-
sobretudo entre 1927 e 1933, e poste-
seja seu proprietário no todo ou em
rio a propriedade podia ser de não far-
riormente, com os direitos adquiridos
parte, por associação com outro ou
macêutico e estabelecia que poderia
pelos proprietários não farmacêuti-
outros farmacêuticos, estabelecen-
ser passado alvará às instituições de
cos, a indivisibilidade propriedade-
do-se alguns regimes de excepção.
assistência e previdência social, e, na
direcção técnica foi uma realidade da
De acordo com o legislador a melhor
falta destas, aos organismos corpo-
farmácia portuguesa. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35
anf Marca Farmácias Portuguesas
Identidade reforçada
36 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
É inegável que o mercado está em
uma resposta mais assertiva, tradu-
plena transformação, colocando as
zida na concepção de uma marca
farmácias perante novos desafios,
que reforça o elo entre os clientes e
exigindo delas uma resposta con-
as farmácias, posicionando-as como
sistente e coesa que as diferencie
únicas e diferenciadoras face à multi-
dos restantes espaços comerciais. Foi
plicidade de canais de venda.
desta premissa que emergiu a marca
E diferenciando-as desde logo na
Farmácias Portuguesas, mais uma
imagem: a dispersão de símbolos
demonstração da coesão das farmá-
deu lugar a uma cruz verde única.
cias que integram o universo ANF e
Mantiveram-se os princípios subja-
que, assim, assumem total confian-
centes a uma iconografia que assenta
ça na sua capacidade de enfrentar,
na lenda grega de Hipócrates e no sa-
com sucesso, esses desafios. Coesão
ber acumulado ao longo dos tempos
e confiança que advêm do papel pre-
- a árvore e a serpente atestam esses
ponderante que as farmácias desem-
princípios, mas agora com linhas
penham na comunidade.
mais modernas, suavizadoras da ri-
Todavia, os novos tempos impunham
gidez dos traços originais e envoltas
30
an
19 78 •
os
20 08
A marca que marca O desafio das Farmácias Portuguesas inspirou o presidente da Mesa da Assembleia Geral da ANF, David da Hora Branco, autor dos versos que a seguir se transcrevem: Consoladoras certezas, Visão que o futuro abarca
Reforçar a identidade das farmácias
As Farmácias Portuguesas São uma marca que marca!
do universo ANF, posicionando-as
Competência é o critério!
como únicas e diferenciadas num
Aconselhamento sério
contexto concorrencial, é a filosofia subjacente à marca Farmácias Portuguesas. União é a palavra-chave de um futuro que já mereceu mais de 1800 adesões.
E contínua formação Primando pela isenção! Com saber, com segurança, Servir bem, com qualidade É conquistar confiança, Garantir fidelidade! Um tratamento amigo, Discrição e confidência Alertando para o perigo, Aconselhando prudência!
num círculo, que funciona como um
e o futuro. Porque a marca propõe-se
elemento
agregador,
Ciência e tecnologia, Na teoria e na prática
remetendo
precisamente estabelecer uma ponte
para a rede coesa e consistente de
entre dois momentos na vida das far-
Farmácias Portuguesas.
mácias nacionais.
Esta simbologia desdobra-se nas
Tal como a simbólica cruz verde, tam-
Cada vez mais, o Utente
diferentes formas de comunicação
bém a designação da marca resul-
Quer rigor e transparência
com os clientes - na imagem exte-
tou de uma intenção diferencia-
É sensato e inteligente
rior e interior da farmácia, aqui se
dora-as Farmácias Portuguesas pro-
incluindo o espaço mas também os
põem-se ser as mais representativas
colaboradores. Novas batas e crachás
do país, demarcando-se inequivo-
funcionarão como elementos de re-
camente das restantes e dos demais
Alertar quando é preciso,
conhecimento e diferenciação, trans-
formatos de venda de produtos de
Apostar na prevenção!
mitindo competência e confiança.
saúde e afirmando o seu claro com-
Estes são, aliás, dois dos valores da
promisso público. Importa, no entan-
marca - a competência e a confiança
to, sublinhar que esta diferenciação
de sempre, numa associação entre a
está longe de se esgotar na imagem.
tradição e a evolução, entre a história
Porque esta não é uma mera ope-
Utilizam com mestria A ferramenta informática!
Procurar a excelência! Há magia num sorriso Ou num aperto de mão
O atendimento seguro Em mercado concorrido No presente e no futuro, É sucesso garantido!
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37
anf
ração de cosmética, mas sim a face
nomeadamente, a disponibilizar aos
maior acessibilidade com horários
visível de um programa mais vasto e
clientes, no prazo máximo de um
adaptados à comunidade envolvente;
profundo destinado a aproximar ainda
ano, um conjunto de serviços bási-
espaços renovados; uma atitude cada
mais as Farmácias Portuguesas da po-
cos ̶ Informação Saúde, medição
vez mais activa e personalizada; uma
pulação.
do colesterol, pressão arterial, gli-
comunicação direccionada e específica
cemia, perímetro abdominal e IMC.
mas distintiva de uma rede de presta-
Comprometem-se igualmente a in-
dores de cuidados e serviços de saúde.
troduzir os serviços que venham a ser
Serão esses valores, coesão e consis-
Um programa para o futuro
abrangidos pelo programa, visando
tência, que aliados à mais-valia de
É um programa ambicioso e multidis-
melhorar contínua e gradualmente a
sempre, qualidade e competência,
ciplinar que visa uniformizar a inter-
qualidade da intervenção.
potenciarão a confiança que os por-
venção das farmácias e que se esten-
Este é um programa unificador que,
tugueses já depositam nas farmácias,
de por diversas vertentes - ambiente
sem prejuízo da liberdade de cada
fidelizando-os à marca.
da farmácia, atendimento especiali-
farmácia, visa proporcionar ferra-
Farmácias Portuguesas não é um
zado, horários, acessibilidade, gama
mentas para uma resposta coesa e
ponto de chegada, é o ponto de
de produtos, serviços, pró-actividade
consistente a um ambiente cada vez
partida para o futuro da farmácia em
e cartão da farmácia.
mais concorrencial.
Portugal, um futuro alicerçado num
Daí que tenham sido definidos re-
Que ferramentas? Novos produtos e
capital histórico de competência e
quisitos
adoptar
serviços, definidos em função das di-
numa sólida imagem de credibilida-
pelas farmácias aderentes ao pro-
rectrizes do programa, mas também
de. É desse futuro que fazem já parte
grama, as quais se comprometem,
das características dos clientes; uma
mais de 1800 farmácias. Unidas.
38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
profissionais
a
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39
informacao terapeutica
Leites Ana Sofia Guimas,
A elevada diversidade de leites e fór-
o metabolismo mais activo, e as re-
responder às necessidades nutritivas,
farmacêutica do CEDIME
mulas infantis e a constante inovação
servas estão reduzidas. O sistema
tanto funcionais como estruturais.5
cedime@anf.pt
e mudança nesta área da nutrição
enzimático, a função renal, digestiva
Pelas suas características o leite ma-
constituem um desafio para uma
e celular estão ainda em maturação,
terno representa o padrão de elabo-
prática mais interventiva da equipa
assim como o sistema imunitário, que
ração dos leites e fórmulas infantis.
da farmácia e uma oportunidade
embora funcional, é ainda imaturo.
Estas têm como referência os seus
para satisfazer as necessidades dos pais e dos bebés. Sobretudo quando se trata do primeiro filho, em que toda a experiência da paternidade representa novidade, o aconselhamento e apoio da farmácia são determinantes.
Leites e fórmulas infantis ‒ a ajudar o bebé a crescer
efeitos benéficos sobretudo ao nível
Leite materno ‒ o padrão de eleição O leite materno é uma emulsão de proteínas e gorduras, que fornece compostos biológicos activos que re-
do crescimento e desenvolvimento dos lactentes. 5
Desenvolvimento de leites e fórmulas infantis
forçam o sistema imunitário. 1,2 O leite materno é assim o alimento de
A composição em macronutrientes
eleição para os primeiros 4 a 6 meses
(proteínas, lípidos, hidratos de car-
de vida.
No entanto, nem sempre
bono) e micronutrientes (vitaminas,
o aleitamento materno é possível
oligoelementos) dos leites e fórmulas
No processo de adaptação à vida ex-
e, nestes casos, os leites e fórmulas
desenvolvidos especificamente para
tra-uterina, os recém-nascidos têm
infantis são a melhor solução para
os lactentes é similar à do leite ma-
40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
1,3,4
30
an
19 78 •
terno.1,6,7 Contudo, esta semelhança
de desenvolvimento da função neu-
Leites ou fórmulas, são géneros ali-
não representa por si só um indica-
rotransmissora, e reduzir a ingestão
mentícios com indicações nutricio-
dor da adequação nutricional para os
proteica, prevenindo desta forma o
nais específicas, que satisfazem as
lactentes. É necessário avaliar outras
excesso de peso.
necessidades nutricionais de cada
características que asseguram a me-
O leite de vaca, além de ser de difícil
grupo etário. Os leites ou fórmulas
lhor qualidade nutritiva, uma vez que
digestão, apresenta uma composição
de transição diferem dos leites ou
estes leites também diferem do leite
desequilibrada face às necessidades
fórmulas para lactentes por constitu-
materno em termos imunológicos e
nutricionais do bebé. O elevado teor
írem o componente líquido principal
de digestibilidade
em proteínas e sais minerais, sobre-
de uma dieta progressivamente mais
A composição relativa em macro e
tudo sódio, causa sobrecarga renal e
diversificada adequada a bebés com
micronutrientes dos leites e fórmulas
as vitaminas e principalmente o ferro
mais de 4 meses.7,8
infantis respeita os valores mínimos e
estão em défice.
10,11
A designação de leite ou fórmula di-
máximos recomendados pela União
O leite de vaca só deve por isso ser
fere de acordo com a fonte proteica.
Europeia.
introduzido mais tarde na alimenta-
Sempre que a fonte proteica é o leite
A inclusão de novos elementos fun-
ção da criança - após os 12 meses,
de vaca designam-se por leites, ao
cionais nas fórmulas pediátricas,
segundo a ESPGHAN (European So-
passo que quando a fonte proteica é
como ácidos gordos poli-insaturados
ciety for Paediatric Gastroenterology,
diferente do leite de vaca se designam
de cadeia longa, que contribuem
Hepatology and Nutrition), ou após
por fórmulas.
para a constituição cerebral e neuro-
os 36 meses, de acordo com a AAP
São numerosos os leites e fórmulas
desenvolvimento, nucleótidos para
(American Academy of Pediatrics).
infantis disponíveis no mercado, pelo
estimulação da resposta imunitária,
Recomenda-se assim a utilização de
que se sistematiza as principais formu-
pré e probióticos para a constituição
um leite para lactentes até aos quatro
lações, juntamente com as suas princi-
da flora intestinal e defesas intesti-
meses e, a partir dos quatro meses
pais indicações e particularidades.
nais, entre outros compostos, é actu-
um leite de transição.
almente, objecto de estudos, desen-
Os leites e fórmulas infantis classi-
volvidos com o intuito de identificar
ficam-se em três grupos de acordo
formulações cada vez mais similares
com as resposta às diferentes fases
ao leite materno.
5,9
de desenvolvimento e às diferentes
A quantidade e qualidade das pro-
necessidades das crianças: leites para
Os leites para lactentes e de transi-
teínas presentes nas formulações
lactentes - usados em crianças até
ção, em que a fonte proteica é o leite
de leites, visa equilibrar o padrão de
aos 4 a 6 meses; de transição - a par-
de vaca designam-se:
aminoácidos presente no sangue,
tir dos 4 meses de idade; e para fins
- Leites para lactentes ou leites 1:
contribuindo para as fases iniciais
medicinais específicos.
.
1,6,7
8
9
os
20 08
10,11
8
Leites para lactentes e leites de transição
dos 0 aos 4/6 meses; FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41
informacao terapeutica Leites para lactentes e de transição 0 - 4/6 meses
4 - 12 meses
12 - 36 meses
Emalac 1 ®
Nutribén continuação ®
Nutribén crescimento ®
Enfalac 1®
Emalac 2 ®
Emalac crescimento ®
Enfalac 1 Premium ®
Enfalac 2 Premium ®
Enfalac 3 Premium ®
Miltina 1 ®
Enfalac 2 ®
Aptamil 3 ®
Aptamil 1 ®
Miltina 2 ®
Aptamil Junior ®
Aptamil Confort 1 ®
Aptamil 2 ®
Nutrilon 3 ®
Nutrilon 1 ®
Aptamil Confort 2 ®
Omneo 3 ®
Nutrilon Confort 1 ®
Nutrilon 2 ®
S 26 III GOLD ®
mente pelo seu conteúdo proteico,
Omneo 1 ®
Nutrilon Confort 2 ®
Miltina Plus ®
Novalac 1 ®
Omneo 2 ®
que é menor, e pelo seu teor em fer-
S 26 GOLD ®
Novalac 2 ®
Miltina Plus ®
S 26 II GOLD ®
ro, 20 vezes superior.7 Os leites 3 surgiram da necessidade
Miltina Plus ®
de combater a tendência para a introdução precoce do leite de vaca,
Bebé Saudável
ainda antes dos 12 meses. Estes leites Bebé com Atopia
Prevenção
Nutribén Natal HA ® Enfalac HA Digest ® Miltina HA ® Nutrilon HA ®1 e 2 Novalac HA ®1 e 2 S 26 HA ®
Bebé com Desconforto Digestivo
não devem conter elevados teores em mel ou sacarose para não predis-
Tratamento
porem a uma fácil e precoce habitua-
Nutramigen 1 LGG ® Nutramigen 2 LGG ® Aptamil HA 1,2 e 3 ® Aptamil Pepti ® Nutrilon Pepti ®
ção ao sabor doce. Estão disponíveis leites para lactentes e de transição com indicações particulares: Leites hipoalergénicos, antiobstipantes, anti-cólicas, saciedade e
Anti-obstipantes
Anti-cólica
Saciedade
Desconforto digestivo
Nutribén AO ® 1 e 2
Nutribén AC ®
Novalac SA ® 1 e 2
Nutrilon Confort 1 e 2 ®
Novalac AO ® 1 e 2
Novalac AC ® 1 e 2
Aptamil Confort 1 e 2 ®
para o desconforto digestivo.
Leites hipoalergénicos (HA) As proteínas do leite de vaca têm elevado
peso
molecular,
sendo
Coincidentemente a esta fase ocorre
uma das principais causas das di-
uma maior maturidade fisiológica as-
ferentes manifestações clínicas de
- Leites de crescimento ou leites 3:
sociada a maior tolerabilidade diges-
atopia (susceptibilidade/propensão
dos 9/12 meses até aos 36 meses.
tiva. Nesta fase os leites de transição
alérgica) durante os primeiros anos
Os leites 2 e 3 são considerados leites
são os mais indicados, pois apresen-
de vida. Os leites HA contêm proteí-
de transição.
tam ainda um reduzido teor proteico,
nas do soro de leite hidrolisado, eli-
Até aos 4-6 meses de idade o leite
embora ligeiramente superior ao dos
minando desta forma praticamente
deverá constituir a única fonte ali-
leites para lactentes, elevada percen-
todas as substâncias alergénicas
mentar do lactente. Entre o 4 e o 6
o
tagem de lactose, teor mais elevado
habitualmente presentes no leite de
mês inicia-se uma alimentação diver-
de calorias, hidratos de carbono,
vaca, reduzindo assim o risco de aler-
sificada, dado que o bebé apresenta
minerais (sobretudo ferro) e vitami-
gia. A substituição das proteínas in-
necessidades acrescidas, dificilmente
nas do que os leites para lactentes.
3,7
teiras do leite de vaca, por um hidro-
satisfeitas em exclusivo pelo leite.
Diferem do leite de vaca, essencial-
lisado das mesmas, é obtida através
- Leites de transição ou leites 2: dos 4 aos 12 meses;
o
42 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
da acção enzimática da tripsina.3,7,12
Leites extensamente hidrolisados
to laxante fisiológico, ou seja, amo-
O Comité sobre Nutrição da AAP pre-
Os leites HA extensamente hidrolisa-
lecem as fezes mas não alteram a
coniza a sua utilização em lactentes
dos são indicados na alergia declara-
frequência das dejecções.16 Induzem
com sintomas de alergia e em crian-
da às proteínas do leite de vaca.
ainda a secreção de colecistoquinina
ças que apresentam um maior risco
Nestes leites as proteínas são hidroli-
(CCK), uma hormona gastrintestinal,
de desenvolvimento deste tipo de
sadas em peptídeos de reduzidas di-
que estimula a motilidade intestinal.7
sintomatologia, nomeadamente com
mensões, pelo que são considerados
antecedentes familiares de doenças
leites sem proteínas alergizantes.7,13,15
Leites anti-cólicas
alérgicas.
Os leites HA classifi-
Está comprovado que não provocam
Estes leites apresentam um teor re-
cam-se em dois grupos: leites par-
reacções adversas em 90% das crian-
duzido de lactose, e por isso uma me-
cialmente hidrolisados ‒ prevêem ou
ças com alergia às proteínas do leite
nor tracção de lactose não absorvida
adiam o aparecimento de sintomas
de vaca.
Os leites HA extensa-
ao nível do intestino, minimizando os
atópicos em bebés susceptíveis e ex-
mente hidrolisados também são con-
riscos de flatulência e cólicas prove-
tensamente hidrolisados ‒ destina-se
siderados leites especiais, ou seja, des-
nientes da sua fermentação de lac-
a lactentes com alergia declarada às
tinados a fins medicinais específicos.
tose no cólon. Estão particularmente
10,13,14
7,12,13
proteínas do leite de vaca.
indicados para os lactentes com in-
7, 12,13,15
Leites anti-obstipantes
suficiência parcial de lactase (enzima
Leites parcialmente hidrolisados
São constituídos por um teor em lac-
responsável pela degradação da lac-
Indicados em crianças susceptíveis
tose adaptado a uma osmolaridade
tose), devida essencialmente à ima-
de atopia. Previnem ou adiam o apa-
mais elevada, que com o aumento da
turidade intestinal.10
recimento de sintomas atópicos em
actividade bifidogénica e do aporte
caso de susceptibilidade. Não são
de água ao lúmen intestinal, favore-
Leites saciedade
indicados na alergia declarada às
cem o amolecimento das fezes. 10
Indicados para bebés difíceis de sa-
proteínas do leite de vaca, dado que
Facilitam também o esvaziamento
ciar. São ricos em amido de milho,
as proteínas presentes nestas formu-
gástrico, em virtude da composição
maltodextrinas e triglicerídeos de
lações foram apenas parcialmente
proteica ser rica em seroproteínas
cadeia longa, conferindo uma diges-
hidrolisadas, isto é, ainda presistem
(proteínas com elevado valor nutriti-
tão e absorção mais prolongadas.
fragmentos de dimensões suficien-
vo), e com reduzido teor de caseína
Aumentam a sensação de saciedade
tes para induzir reacção alérgica em
(principal proteína do leite de vaca),
sem aporte extra de calorias 7.
crianças sensibilizadas. A restante
e da fracção lipídica ser rica em trigli-
composição destes leites é seme-
cerídeos de cadeia média.10
lhante à do leite com proteínas não
Estes leites apresentam uma acção
Leites para desconforto digestivo
modificadas.
osmótica, que lhes confere um efei-
As cólicas, flatulência e obstipação
7,10,13,15
os
20 08
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 43
informacao terapeutica
Leites e fórmulas para fins medicinais específicos Estão
disponíveis
exclusivamente
em farmácias, sendo que apenas os leites indicados para crianças com erros congénitos do metabolismo, são muito comuns sobretudo duran-
des estão disponíveis leites que pro-
são comparticipados.17 São consi-
te os primeiros meses de vida e, na
porcionam uma alternativa de mais
derados leites e fórmulas para fins
maioria dos casos, provêm da imatu-
fácil absorção e digestão. As proteí-
medicinais específicos: leites sem
ridade digestiva e/ou enzimática do
nas estão parcialmente hidrolisadas
lactose ou anti-diarreicos, anti-re-
bebé.
facilitando a digestão.
gurgitação, para prematuros ou RN
Pela imaturidade enzimática, se a
O ácido palmítico, através de uma
de baixo peso, dietas elementares
enzima lactase não estiver a ser pro-
mistura lipídica, assume outra posi-
e semi-elementares e fórmulas de
duzida em pleno, a absorção e diges-
ção nos triglicerídeos, aumentando
soja.
tão da lactose fica comprometida e a
a absorção de cálcio e gorduras, que
Os leites HA extensamente hidroli-
fracção que não é digerida fermenta
se reflecte em dejecções macias e
sados, referidos anteriormente, tam-
causando cólicas.
naturais.
bém são considerados leites para
A digestão e absorção lipídica podem
A lactose é parcialmente substituída
fins medicinais específicas.
estar dificultadas, quer por défice en-
por maltodextrina, havendo menor
zimático, quer pela posição que o áci-
fermentação.
do palmítico ocupa na cadeia triglice-
A viscosidade aumenta, possibilitan-
Fórmulas à base de proteínas de soja
rídea, o que pode causar obstipação.
do menor ingestão de ar. A incor-
São fórmulas isentas de proteínas
O desequilíbrio da flora bifidogénica
poração de oligossacarídeos com
do leite de vaca, uma vez que são
faz com que haja deficiente digestão
propriedades
concebidas a partir de proteínas de
e absorção proteica e lipídica, cau-
uma flora intestinal saudável e equi-
soja.7,10
sando contracções e obstipação.
librada, melhorando a absorção de
O conteúdo lipídico é exclusivamen-
Por fazer face a todas estas dificulda-
nutrientes.
te de gordura vegetal e os hidratos
3
3
44 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
3
prebióticas
permite
30
an
19 78 •
os
20 08
Leites para fins medicinais específicos Fórmulas de soja
Prematuros
Prosobee ®
Enfalac PP ®
Visoy ®
Miltina Prem ®
Aptamil Pregomin ®
Aptamil PDF ® Aptamil Prematil ®
Anti-regurgitação Nutribén Natal AR ®
Sem lactose/ anti-diarreicos
Emalac AR ® 1 e 2
Nutribén sem lactose ®
de carbono são constituídos, pre-
Enfalac 1 AR Lipil ®
O-LAC ®
ferencialmente, por uma mistura de
Enfalac 2 AR Lipil ®
Nutrilon Lactomin ®
Miltina AR ®
S 26 sem lactose ®
Aptamil AR ® 1 e 2
Novalac AD ®
polímeros de glucose, que tornam a absorção e digestão mais prolonga-
Nutrilon AR ® 1 e 2
das.
Novalac AR ®1 e 2
Estas fórmulas estão indicadas nos
S 26 AR ®
Dieta semi-elementar
Dieta elementar
Pregestimil ®
Neocate ®
Aptamil Pepti junior ®
casos de intolerância/alergia às pro-
Pepti junior ®
teínas do leite de vaca e seus deriva-
Nutribén hidrolisado ®
dos, intolerância à lactose e à sacarose e galactosemia.7,10 É importante ter em atenção que a utilização rotineira de fórmulas dieté-
As autoridades e sociedades pediá-
Nestes leites a lactose foi substituída
ticas de soja não tem valor compro-
tricas de vários países recomendam
por polímeros de glucose ou dex-
vado na prevenção e tratamento das
a utilização destas fórmulas apenas
trinomaltose. Têm por isso como
cólicas do lactente nem na preven-
para as situações acima descritas.18
principais indicações as situações de défice primário de lactase e, pontu-
ção da doença atópica em lactentes
almente, após diarreias ou gastren-
Este tipo de fórmulas não é recomen-
Leites sem lactose ou anti-diarreicos
dada a recém-nascidos pré-termo
A lactose é um dissacarídeo consti-
lactase.7,10,17, 21
ou lactentes com menos de 6 meses
tuído por glucose e galactose, que
O teor elevado em elementos como
com alergias alimentares.
necessita de ser enzimaticamente
o sódio, potássio e cloro associados
Após os 6 meses de idade, as fórmu-
degradado nos seus açúcares sim-
a uma baixa osmolaridade, compen-
las de soja podem ser indicadas se a
ples para ser absorvido. A lactase,
sam os episódios de diarreia mode-
tolerância à proteína de soja já esti-
enzima responsável pela degradação
rada, permitindo alimentar a criança,
ver estabelecida
da lactose, pode estar em défice por
durante e alguns dias após essa situ-
Os dados disponíveis são ainda in-
imaturidade ou por destruição dos
ação.7,10,17, 21
suficientes para delinear conclusões
enterócitos maduros existente nas
definitivas quanto à segurança destas
microvilosidades intestinais no de-
Leites anti-regurgitação
fórmulas, no que se refere ao conteú-
curso, por exemplo, de uma gastren-
Estão indicados no refluxo gastroe-
do em isoflavonas fitoestrogénicas.
terite aguda.
sofágico não complicado. Têm uma
com maior risco.
7,10
.
18,19,20
terites agudas, défice secundário em
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45
informacao terapeutica
Enquadramento legislativo dos leites e fórmulas infantis Enquadramento Legislativo DL n.o 220/99 de 16 de Junho
Estabelece a composição dos leites e fórmulas para lactentes e de transição destinadas a lactentes saudáveis.
DL n.o 212/00 de 2 de Setembro
Define a composição e os requisitos nutricionais essenciais dos leites e fórmulas destinados a fins medicinais específicos e estabelece as exigências adicionais e excepções às regras gerais sobre rotulagem e apresentação destes produtos.
Despacho n.º 25822/2005 de 15 de Dezembro
Estabelece as fórmulas destinadas a crianças com erros congénitos do metabolismo e a sua comparticipação.
mação conclusiva disponível sobre os potenciais efeitos dos agentes espessantes na biodisponibilidade das substâncias nutrientes no crescimento dos lactentes. A frequência de reacções alérgicas aos vários agentes espessantes na
composição glucídica ligeiramente
farroba é uma fibra, e por isso é mais
infância é também desconhecida.
diferente (por adição de amido de
resistente à hidrólise digestiva.7,10
Assim, tendo em conta a limitada
milho, amido de arroz, amido de
Os leites com amido de milho, ar-
informação disponível, não é reco-
batata ou farinha de semente de
roz ou batata (por ex.: Enfalac AR ®,
mendada a administração de leites
alfarroba) relativamente aos leites
S26 AR ®) são relativamente fluidos
anti-regurgitação sem indicação es-
para lactentes e de transição, o que
a pH neutro e tornam-se viscosos a
pecífica, a lactentes saudáveis que
lhes confere um espessamento que
pH ácido, sendo melhor tolerados.
apresentam refluxo, devendo ser
proporciona um conteúdo gástrico
Contudo, o amido de arroz é menos
apenas recomendados em crianças
mais homogéneo e de viscosidade
espesso e confere menor viscosidade
com má progressão ponderal, ou
adequada, acelerando o esvaziamen-
que a farinha de semente de alfarro-
seja, que não aumentam de peso,
to gástrico e diminuindo os episódios
ba, e o amido de batata é rapidamen-
devido à excessiva perda de nutrientes
de refluxo.7,10
te hidrolisado deixando de se fazer
associada à regurgitação, em conjunto
O espessamento além de conferir
sentir o seu efeito espessante.3,7
com supervisão médica adequada.10,22
boa viscosidade em meio gástrico, é
O teor mais elevado em hidratos de
nutricionalmente inerte e não inter-
carbono e menor em gordura, acele-
fere na absorção.3 Os leites com fari-
ra o esvaziamento gástrico, podendo
Leites para prematuros ou RN de baixo peso
nha de semente de alfarroba (por ex.:
conduzir a uma diminuição da absor-
Os recém-nascidos pré-termo apre-
Aptamil AR ®, Miltina AR ®, Nutribén
ção intestinal dos hidratos de carbo-
sentam as funções vitais e siste-
Natal AR ®) podem causar diarreia,
no, gorduras, ferro, zinco e cobre.
mas reguladores ainda imaturos.
cólicas e flatulência, dado que a al-
No entanto, não existe ainda infor-
Apresentam, em compensação, um
46 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
6
30
an
19 78 •
os
20 08
Composição dos leites para lactentes e de transição de acordo com a fonte proteica8 Fórmulas para lacentes Proteínas do Leite de vaca
Proteínas parcialmente hidrolisadas ou de soja
Baixo teor Proteico (1,8-3,0 g/100 kcal)
Baixo teor Proteico (2,25-3 g/100 Kcal)
Fórmulas de transição Proteínas do Leite de vaca
Suplementação em ferro (0,5-1,5 mg/ 100 kcal)
Proteínas parcialmente hidrolisadas ou de soja
Baixo teor Proteico (2,25-3 g/100 Kcal) Suplementação em ferro (1-2 mg/ 100 kcal)
Reduzido teor de sódio Elevado teor de lactose Suplementação em ácidos gordos essenciais (ómega 3 e 6) Suplementação em selénio
crescimento de recuperação rápido e acelerado, particularmente evidente nos primeiros dois a três meses de vida. Por este motivo os leites para recém-
Recomendações práticas3,25,26,27,28 Escolher o biberão e tetinas - Escolher o tipo de biberão de acordo com: Capacidade - 60, 125 e 250 mL Abertura ‒ larga ou estreita Material - vidro ou plástico - Escolher a tetina.de acordo com: Material - latex, silicone ou borracha Forma ‒ ortodônticas, anti-cólicas e ventiladas Quantidade de fluxo de leite ‒ fluxo lento, fluxo médio, muito fluxo e fluxo variável
Como preparar o biberão • Esterilizar biberão e tetinas. • Adicionar o pó à água morna previamente fervida. Agitar. • Se o bebé não tomar o biberão todo deve rejeitar-se a porção remanescente. • Se preparar o leite ou fórmula com antecedência, deve ser guardado no frigorífico e nunca por um período superior a 24h. O biberão preparado com antecedência deve ser aquecido imediatamente antes de dar ao bebé. • Caso aqueça no microondas, tenha o cuidado de misturar bem o líquido para homogeniezar a temperatura. • Leites ou fórmulas preparadas com antecedência que estejam fora do frigorífico mais do que 1h devem ser rejeitadas.
nascidos pré-termo devem assegurar a viabilidade de um ritmo de crescimento compensatório semelhante ao ocorrido in-útero. Assim, são leites que apresentam um teor proteico mais elevado, ocupando as proteínas solúveis um lugar maioritário, com o melhor coeficiente de utilização digestiva possível 10. Por outro lado, nos recém-nascidos prematuros e nos leves para a idade gestacional as reservas em ácido araquidónico (AA) e em ácido docosahexanólico (DHA) são muito reduzidas, pelo que as fórmulas para pré-termos devem incluir pelo menos 0,35% de DHA e 0,4% de AA relativamente ao
Particularidades dos leites
teor total de ácidos gordos.23
• Os leites 2, pela sua composição em amido são de difícil diluição em água quente, pelo que se deve usar água morna. • Os leites HA têm um cheiro e sabor característicos e o seu efeito pode levar 1 a 2 semanas. • Os leites AR são mais espessos pelo que se deve ter em atenção o tamanho da tetina, para que o leite não fique acumulado na mesma. O efeito destes leites é relativamente rápido.
Tendo em conta a limitada actividade da lactase nos pré-termo, parte da lactose destes leites é substituída por polímeros de glucose, clivados FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47
informacao terapeutica Conclusão Os leites e fórmulas para lactentes e os de transição, apesar da elevada qualidade e de serem globalmente similares do ponto de vista qualitativo, apresentam algumas diferenças relativas ao teor de alguns micronutrientes e de proteínas.10,24 Uma indicação racional deve seguir o princípio da dieta baseada na evidência. Os leites e fórmulas para lactentes devem satisfazer as necessidades nutricionais das crianças até aos 4 a 6 meses de idade, ao passo que as de transição
por acção da maltase ou glucoami-
encontram numa forma pré-digerida.
só devem ser usados quando a alimen-
lase, sendo que esta última apresen-
São constituídas por proteínas exten-
tação complementar é introduzida na
ta uma elevada actividade já às 28
samente hidrolisadas, triglicerídeos de
dieta.
semanas de gestação.
cadeia média e isentos de lactose.3,7
Nenhum destes leites ou fórmulas pode
O conteúdo em minerais está tam-
Estão indicadas em situações de má
apresentar um teor nutricional superior
bém aumentado. Os leites para pre-
absorção grave, como é o caso de lac-
ao leite materno, forma de alimentação
maturos ou recém-nascidos de baixo
tentes com alergia às proteínas do leite
de referência.
peso são usados desde o nascimento
de vaca ou a outras proteínas alimenta-
até aos 9-12 meses de vida.7
res, síndroma de má absorção, doença
24
A natureza da fonte proteica é o crité-
10
inflamatória e diarreia crónica.3,7
rio principal para escolher uma fórmumaterno, as fórmulas à base de leite de
Dietas elementares e semi-elementares
Dietas elementares
vaca representam a primeira. As crian-
As dietas elementares e semi-ele-
São fórmulas completas, constituídas
ças com risco de doença atópica, de-
mentares são contituídas por alimen-
por aminoácidos livres, ácidos gordos
vem usar exclusivamente uma fórmula
tos completos com características
livres e glucose.
hipoalergénica durante os primeiros
qualitativas especiais e adequadas.
Proporcional uma absorção rápida e
6 meses de vida.
Respondem a situações de compro-
eficaz com um mínimo de digestão,
misso com a função digestiva.
permitindo o repouso intestinal.3,7
la infantil. Na ausência de aleitamento
24
Com excepção de
crianças com erros congénitos do me-
As dietas elementares estão indica-
tabolismo ou outras patologias não há nenhuma evidência que indique a pres-
Dietas semi-elementares
das na síndroma de má absorção,
crição de um leite para fins medicinais
São fórmulas especiais, completas,
doença inflamatória intestinal e em
específicos.24
em que os macronutrientes (proteí-
casos de intolerância às fórmulas
nas, lípidos e hidratos de carbono) se
semi-elementares.3, 7
48 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1.NIERS, L. et al. Nutritional support for the infant s immune system. Nutr Rev. 2007 Aug; 65(8 Pt 1):347-60.
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Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com Leites e Fórmulas Infantis: Folheto Leites e Fórmulas Infantis ‒ Ajuda para Crescer disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação Saúde desde Janeiro de 2008
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49
informacao terapeutica Infecção na Criança
Tratar na dose certa
Infecção dos 0 aos 18
Acresce que a criança está muito ex-
volvidas, é uma importante área de
As crianças são mais vulneráveis à in-
Frequentemente, estes agentes são
intervenção da farmácia. Importa por
fecção do que os adultos, o seu siste-
vírus, responsáveis por grande parte
isso estar preparado para responder
ma imunitário é imaturo e não têm a
das infecções respiratórias e gastrin-
da melhor forma promovendo o uso
mesma capacidade de resposta (bai-
testinais.
racional desta arma terapêutica.
xos níveis de imunoglobulinas).
Lígia Reis, farmacêutica
O uso correcto dos antibióticos, em
do CEDIME,
particular quando há crianças en-
cedime@anf.pt
Grupos etários em Pediatria
posta a diversos agentes de infecção.
A criança não é um adulto em ponto pequeno
Recém-nascido
0 (nascimento) ‒ 1 mês
Primeira infância
1 aos 23 meses
Pré-escolar
2 aos 5 anos
Tratar uma criança é diferente de
Criança
6 aos 12 anos
tratar um adulto, pois, entre outros
Adolescente
13 aos 18 anos
50 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
aspectos, o peso corporal não é o
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Quando as crianças adoecem, a farmácia, pelo conforto da acessibilidade e pela proximidade do relacionamento que estabelece com os utentes, é um dos primeiros locais ao qual os pais recorrem em busca do melhor conselho e ajuda.
mesmo. As doses e intervalos de ad-
De igual modo, a motilidade in-
Todos estes factores têm impacto na
ministração também diferem porque
testinal é irregular e está dimi-
absorção oral dos medicamentos nas
a absorção, distribuição, metaboliza-
nuída nos recém-nascidos, o que
crianças, fazendo com que esta seja
ção e eliminação são diferentes de
prolonga o trânsito intestinal e
realmente diferente dos adultos.
acordo com a idade da criança.
faz com que demore até se atingir
Compreender estas diferenças é im-
concentrações terapêuticas.
Distribuição
portante, pois contribui para a utili-
•
A função biliar está reduzida e, em
O volume de distribuição na criança
zação mais segura de medicamentos,
•
consequência, a quantidade de
varia com a idade. Tal deve-se, princi-
como os antibióticos.
bílis produzida é baixa durante os
palmente, à composição corporal no
primeiros meses de vida.
que respeita a percentagem de água,
Na criança, as principais alterações
b) Via intramuscular:
gordura e proteínas plasmáticas (fig. 1)
farmacocinéticas devem-se a:
•
A absorção pode ser lenta e variá-
As concentrações de albumina e pro-
vel pois o fluxo sanguíneo muscu-
teínas totais são mais baixas nos recém-
Absorção
lar é baixo, em especial no recém-
-nascidos atingindo os valores normais
a) Via oral:
nascido, bem como a quantidade
por volta dos 10-12 meses. Em conse-
•
de massa muscular.
quência, pode verificar-se um aumento
Os bebés apresentam menor secreção ácida, pelo que o pH gástrico é mais neutro (pH6-8) e só por volta dos 2 anos de idade é que atinge valores idênticos aos do adulto, com influência na biodisponibilidade de fármacos, principalmente ácidos ou bases fracas.
•
O tempo de esvaziamento gás-
Fig.1 - Composição corporal em função da idade da criança 2.0%
Minerais Gordura 6.0% Proteínas 12.0%
Água 80.0%
3.2% 13.4% 13.4%
70.0%
3.0%
4.2%
4.3%
5.5%
22.4%
13.7%
13.0%
18.0%
17.3%
18.1%
61.2%
64.8%
64.6%
60.0%
1 ano (10 Kg)
10 ano (31 Kg)
15 ano (60 Kg)
Adulto (60 Kg)
13.4%
16.5%
trico é reduzido e variável nos recém-nascidos e bebés, apenas normalizando pelos 6-8 meses, o que influencia a absorção dos medicamentos.
Permaturo (2 Kg)
Peso certo (3.5 Kg)
Adaptado de Puig M: Body composition and growth. In Nutrition in Pediatrics, ed. 2, edited by WA Walker and JB Watkins. Hamilton, Ontario, BC Decker, 1996.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51
informacao terapeutica da fracção livre de fármaco no local de acção, com maior pro-
ano de vida da criança, pelo que a eliminação dos fárma-
babilidade de ocorrência de reacções adversas.
cos, também influenciada pelas suas características físicoquímicas, está modificada.
Metabolismo A imaturidade enzimática condiciona este processo, sendo
Antibióticos: tratar na dose certa
lenta e reduzida nos recém-nascidos e bebés, principalmente durante o primeiro ano de vida.
Infecções respiratórias
Em particular a actividade do citocromo P450, responsável
As infecções respiratórias são uma causa frequente de consul-
pela inactivação de muitos fármacos, a qual apenas estabiliza
ta médica e representam 50% das doenças nas crianças com
no final da puberdade.
menos de 5 anos e 30% nas crianças entre os 5 e os 12 anos. Nas tabelas relativas às infecções respiratórias 1 e 2, en-
Eliminação
contram-se sistematizadas as principais infecções respira-
O fluxo sanguíneo renal, a filtração glomerular e a secre-
tórias características nas crianças e respectiva abordagem
ção tubular estão alterados durante o primeiro e segundo
terapêutica.
Tabela Infecções Respiratórias 1 - Tracto respiratório inferior Tracto Respiratório Inferior
Características/ Sintomas
Antibiótico, Dose, Duração do Tratamento
Bronquite
Sintomas semelhantes a outras infecções víricas comuns: corrimento nasal, cansaço, calafrios, dores nas costas e nos músculos, febre ligeira e inflamação da garganta A presença de tosse assinala, geralmente, o início da bronquite A expectoração pode ser menos intensa no início e de cor branca ou amarelada, mas aumentar e mudar de cor (esverdeada) com a evolução da doença, persistindo durante semanas
Bronquiolite
Frequente entre Novembro e Abril São mais afectadas as crianças que não foram amamentadas, que estão em creches e filhos de pais fumadores Transmite-se por contacto directo com as secreções Sintomas: respiração rápida, dispneia e pieira
Não recomendados
a) Pneumonia bacteriana Típica até aos 3-4 anos, início súbito Sintomas: febre superior a 39º C, o estado geral da criança é afectado Agentes mais frequentes: S. pneumoniae, S. aureus, H. influenzae
1ª linha Amoxicilina: 80-100 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 10 dias 2ª linha Amoxicilina + ácido clavulânico: 50 mg Kg/dia de 8/8h, durante 10 dias 3ª linha Cefuroxima: 30 mg/kg/dia de 12/12 h, durante 10 dias
b) Pneumonia bacteriana atípica: Qualquer idade acima dos 5 anos Início insidioso Sintomas: febre superior a 39ºC, o estado geral da criança mantém-se normal Agente mais frequente: Mycoplasma
1ª linha Claritromicina: 15 mg/Kg/dia de 12/12 h, durante 14 dias Azitromicina: 10 mg/Kg/dia, toma diária, durante 5 dias Eritromicina: 40 mg/Kg/dia, 6/6 h, durante 14 dias
Pneumonia
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1ª linha Amoxicilina: 70-90 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 7 dias 2ª linha Amoxicilina + ácido clavulânico Cefuroxima Cefixima
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Tabela Infecções Respiratórias 2 - Tracto respiratório superior Tracto Respiratório Superior
Características/ Sintomas
Antibiótico, Dose, Duração do Tratamento
Picos de incidência em Setembro, Janeiro e Abril Mais frequente em crianças com 2 anos que frequentam creches e infantários (5 a 8 casos/ano) Etiologia vírica Duração variável (1 a 15 dias) Sintomas: espirros, obstrução nasal e rinorreia A complicação mais comum é a otite
A antibioterapia é adoptada nas complicações por S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis
Amigdalofaringite
Frequente nos meses frios Sintomas: febre e dor de garganta Transmite-se pelas secreções nasais e objectos contaminados
Streptococcus β-hemolítico grupo A Penicilina benzatínica < 17 Kg 600.000 UI/dose única IM > 17 Kg 1.200.000 UI/dose única IM Amoxicilina 50 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 10 dias Em caso de hipersensibilidade: Cefradina, Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina
Adenoidite
Díficil de distinguir de uma constipação, pois é frequente os adenóides também infectarem Quando persiste por mais de 10 dias e apresenta sinais de infecção bacteriana (corrimento de cor esverdeada) justifica o uso de antibiótico
Rinofaringite
Sinusite
Otite Média Aguda (OMA)
Pode desenvolver-se depois de uma infecção vírica, como a constipação comum Sintomas: corrimento e congestão nasal, dor e inflamação nos seios afectados, (face ou testa), febre, tosse
Sintomas: febre e otalgia, acompanhadas por obstrução nasal, rinorreia e diminuição da audição 70% das otites resolvem-se espontaneamente em 5 dias
Amoxicilina 80 mg/Kg/dia, 2 a 3 tomas diárias, durante 10 dias Claritromicina 15 mg/Kg/dia de 12/12 h, durante 10 dias
O recurso a antibióticos ocorre quando a sinusite é provocada por S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis, S. β-hemolítico grupo A 1ª linha Amoxicilina + ácido clavulânico: 50 mg/Kg/dia de 8/8h, durante 14 a 21 dias 2ª linha Cefaclor: 40 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 14 a 21 dias Cefuroxima: 30 mg/kg/dia, 12/12 h, durante 14 a 21 dias Em caso de hipersensibilidade Azitromicina: 10 mg/Kg/dia de 24/24 h, 5 dias
O recurso a antibióticos ocorre quando a sinusite é provocada por S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis 1ª linha Amoxicilina: 70-90 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 7 dias 2ª linha Amoxicilina + ácido clavulânico, Cefuroxima, Claritromicina, Azitromicina
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53
informacao terapeutica Infecções gastrintestinais Apenas cerca de 20% das infecções são de causa bacteriana. A maioria das situações é autolimitada, pelo que as medidas de suporte (rehidratação e dieta) são essenciais.
Infecções Gastrintestinais Infecção
Antibiótico, Dose, Duração do Tratamento
Características/ Sintomas
Gastroenterite Aguda
Salmonella Infecta o intestino delgado e por vezes o cólon Transmissão através de alimentos contaminados Sintomas: febre alta, náuseas, vómitos, dor abdominal e cefaleia As fezes apresentam-se com cheiro fétido, volumosas, com muco e por vezes sangue Duração média: 4-5 dias Shigella Grave se for em criança com idade inferior a 2 anos Infecta o cólon A transmissão é oral-fecal Sintomas: fezes com sangue, dor abdominal tipo cólica intensa, febre alta
Ampicilina: 50-100mg/Kg/dia, 6/6 h Trimetropim + sulfametoxazol: 1 mg/ Kg/dia, 24/24 h Ceftriaxona: 50-100 mg/Kg/dia, (IM), dose única Duração do tratamento: 7 a10 dias
Ampicilina Ceftriaxona
Infecções urinárias Situação relativamente frequente na criança do sexo masculino, em geral associada a malformação do aparelho urinário. O principal agente bacteriano envolvido é a E. coli.
Infecções Urinárias Infecção
Antibiótico, Dose, Duração do Tratamento
Características/ Sintomas
Cistite
Infecção urinária baixa Sintomas: micção difícil ou dolorosa, frequente e em pequenas quantidades, e sem febre
Cefradina: 100 mg/Kg/dia de 8/8 h, durante 7 dias Amoxicilina + ácido clavulânico:50 mg/Kg/dia, de 8/8h, durante 7 dias Cefuroxima: 40 mg/kg/dia de 12/12 h, durante 7 dias Cefaclor: 40 mg/Kg/dia de 12/12 h, durante 7 dias
Pielonefrite aguda
Infecção urinária alta Sintomas: febre, alteração do estado geral e queixas urinárias
Cefuroxima: 40 mg/kg/dia de 12/12 h, durante 10 dias Amoxicilina + ácido clavulânico: 50 mg/Kg/dia de 8/8h, durante 10 dias Cefixima: 8 mg/Kg/dia de 24/24 h, durante 10 dias
Evitar quinolonas em crianças com menos de 18 anos
Infecções Oculares A conjuntura reveste o olho e a parte interna das pálpebras, estando exposta a vírus, bactérias, vento e poluição. As conjuntivites víricas não necessitam de tratamento específico, desaparecendo ao fim de uma semana.
Infecções Oculares Infecção
Conjuntivite bacteriana
54 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Características/ Sintomas
Antibiótico, Dose
Sintomas: olho vermelho (hiperémia), conjuntiva inflamada, exsudado mucopurulento, pálpebras coladas ao acordar, ausência de dor ou corpo estranho. Agentes bacterianos mais frequentes: H. influenzae, S. pneumoniae, Staphylococcus, Neisseria
Aplicação tópica (colírios e pomada) ao deitar: Ácido fusídico de 12/12 h Cloranfenicol de 2/2 h ou 4/4 h Polimixina de 2/2 h ou 4/4 h
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Infecções do Sistema Nervoso A principal infecção neste sistema é a meningite, que frequentemente tem origem vírica e por essa razão apenas requer tratamento sintomático.
Infecções do Sistema Nervoso Infecção
Meningite
Antibiótico, Dose, Duração do Tratamento
Características/ Sintomas Infecção das meninges provocada por bactérias: Neisseria meningitidis, H. influenza, S. pneumoniae Sintomas: surge com febre, vómitos e cefaleias que pode ser acompanhado de fotofobia, irritabilidade, dor cervical, prostração e por vezes convulsões. Na criança até ao ano de idade há abaulamento da fontanela.
A razão da Não-Dispensa O uso frequente e inadequado de antibióticos tem como consequência a resistência bacteriana. Ou seja, as bactérias, através de diferentes mecanismos, deixam de ser sensíveis aos antibióticos habituais. Tratar uma infecção pode por isso requerer doses mais altas, outros antibióticos, ou deixar
Ceftriaxona: 100 mg/Kg/dia de 24/24 h, durante 10 dias Cefotaxima: 200 mg/Kg/dia de 6/6 h, durante 10 dias
2. Cumprir o regime posológico - a hora e a dose a administrar devem ser rigorosos até ao fim do tratamento. Tratamentos incompletos contribuem para a resistência bacteriana. 3. Preparar e conservar o antibiótico em casa nas condições recomendadas. 4. Os pais não devem interromper a administração do
de ser possível tratar porque não há antibiótico disponível.
antibiótico à criança mesmo que os sintomas desapa-
Assim a intervenção da farmácia é determinante na pro-
reçam, a ausência dos sintomas não significa a erradi-
moção do uso racional do antibiótico. Em cada dispensa
cação da bactéria. Não devem também guardar restos
é importante explicar:
de medicamentos para quando a criança tiver outra in-
1. O antibiótico só trata infecções bacterianas - um ví-
fecção, uma nova infecção pode ser causada por outro
rus é um microorganismo diferente de uma bactéria.
agente que não é sensível ao mesmo antibiótico.
Apesar de as infecções víricas serem mais frequentes na criança, são em geral autolimitadas. Só em caso de
Porque os antibióticos são fundamentais, o aconselha-
complicação com infecção secundária se justifica o re-
mento e a dispensa com informação devem constituir
curso a antibióticos.
uma prática no dia a dia da equipa da farmácia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dias, P. E Valente, P. (1990). Antibióticos em Pediatria. Wyeth ‒ Instituto Pasteur. Lisboa Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão. (2007). Antibioterapia em pediatria. Acção de formação. ANF. Lisboa INFARMED. (2007). Prontuário Terapêutico. 7a edição. INFARMED. Lisboa Palminha, J. et al. (2001). Terapêutica pediátrica em ambulatório. Lidel. Lisboa Prodigy. (2006). Management of infection guidance for primary care for consultation and local adaptation. BNF. Radde, I. e Macleod, S. (1993) Pediatric Pharmacology and Therapeutics. 2nd ed. Mosby. USA.
Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com utilização de antibióticos em crianças: Folheto para o doente disponível nas farmácias aderentes ao Serviço Informação Saúde desde Janeiro 2008.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 55
informacao terapeutica
Incontinência Urinária A incontinência urinária é definida como uma perda involuntária de urina, podendo manifestar-se em qualquer idade. Esta falta de controlo na emissão de urina é um problema incapacitante, com consequências pessoais, sociais e de higiene, para os doentes e para os que os rodeiam.
Francisco Rolo, urologista. Presidente da Associação Portuguesa de Urologia. Anabela Madeira,
Para além do desconforto e dos as-
ença de Alzheimer podem contribuir
destes doentes. Mas, efectivamente,
pectos negativos físicos e psicológi-
para a incontinência por alterações
a doença pode ser tratada qualquer
cos, a incontinência está na origem
neurológicas. Também as cirurgias da
que seja a sua origem, melhorando a
de outros problemas de saúde como
próstata podem estar na origem da
qualidade de vida do doente, redu-
a infecção e as escaras.
incontinência urinária nos homens.
zindo a dependência familiar e evi-
Este problema afecta 12% da população, mas as mulheres são as mais atingidas pela incontinência, cerca
tando o internamento precoce em
Tratamento
de 85%.
lares de terceira idade. Por vezes, o tratamento passa apenas pela adopção de medidas simples,
farmacêutica.
Com o avançar da idade existe uma
A incontinência é ainda hoje um
tais como:
Departamento de
deterioração natural do corpo que
tema tabu pelo embaraço que causa
• Adequar a ingestão de líquidos
Cuidados Farmacêuticos
pode levar à incontinência urinária.
aos doentes e que os leva adiar falar
às actividades diárias ou reduzir o
da ANF.
As suas causas podem ser múltiplas,
do assunto. Muitas vezes o doente
peso, podem diminuir o volume e
urológicas, ginecológicas, neuroló-
não procura ajuda porque conside-
a frequência das perdas.
gicas, psicológicas, hormonais, am-
ra, erradamente, que a incontinência
• Urinar com intervalos regulares
bientais ou iatrogénicas.
urinária não pode ser controlada ou
(cada duas ou três horas) para
As doenças como a diabetes mellitus,
tratada. Adiar a resolução do pro-
manter a bexiga vazia.
hérnias discais, doença de Parkinson,
blema acaba por ter consequências
• Evitar substâncias irritantes da be-
acidentes vasculares cerebrais ou do-
devastadoras na qualidade de vida
xiga, como as bebidas que contêm
56 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
De uma forma simples e prática a incontinência pode ser classificada em: Tipo
Causas possíveis
Incontinência urinária de esforço - a perda de urina surge ao rir, tossir, espirrar ou levantar pesos. É mais frequente nas mulheres.
Alterações produzidas na uretra em resultado de um parto ou de uma cirurgia pélvica. Após a menopausa a incontinência por esforço resulta da diminuição de estrogéneos, que contribui para debilitar a uretra reduzindo, deste modo, a resistência da urina a fluir através deste canal. Nos homens, a incontinência por esforço pode aparecer na sequência de cirurgia da próstata.
Bexiga hiperactiva ou incontinência urinária de urgência - desejo urgente e incontrolável de urinar, seguido de uma perda de urina. Resulta de contracções involuntárias do músculo da parede da bexiga (detrusor). É mais frequente nas mulheres.
Na maioria das situações a sua origem é desconhecida, no entanto pode ser causada por : infecções urinárias, tumores de bexiga, pedras da bexiga. Certas perturbações neurológicas, como a apoplexia e a demência, que interferem com a capacidade do cérebro para travar a bexiga, podem ser causa de incontinência.
Incontinência urinária mista ‒ associação da incontinência de esforço e de bexiga hiperactiva. Algumas crianças têm este tipo de incontinência porque a uretra não se fechou como um tubo, é um defeito de nascença . Incontinência total ‒ perda continua de urina, que surge quando o esfíncter urinário não se fecha adequadamente.
Incontinência urinária por regurgitação ‒ perda constante de pequenas quantidades de urina estando a bexiga cheia, surge associada a micções fracas e de pequeno volume.
Nas mulheres, a causa é, em geral, uma lesão no colo da bexiga e na uretra , causada durante o parto. Nos homens, a causa mais frequente é uma lesão no colo da bexiga e na uretra devido a cirurgia da próstata . Nos homens surge associada a obstrução urinária grave, causada pelo aumento benigno ou maligno da próstata . Pode ainda surgir, nos homens e nas mulheres, após grandes cirurgias do recto ou do útero ou associada a doença neurológica.
Enurese nocturna - perda involuntária e inconsciente de urina durante o sono. Atinge principalmente as crianças até aos 5 anos.
cafeína, bebidas gaseificadas, álco-
ção no tratamento, sendo utilizados
pêutica tem uma eficácia limitada,
ol, picantes e condimentos.
fármacos anticolinérgicos, que actu-
recorrendo-se à cirurgia.
• Beber seis a oito copos de água
am no músculo da bexiga e esfíncte-
A ANF associou-se à
por dia, para impedir que a urina se
res ou em ambos. Por vezes, também,
Técnicas de reabilitação
iniciativa da Associação
concentre em demasia (isso pode-
são utilizados antidepressivos tricícli-
Exercícios de estimulação do pavi-
Portuguesa de Urologia e
rá irritar a bexiga).
cos ou relaxantes musculares.
mento pélvico e educação da bexi-
a Associação Portuguesa
• Na incontinência de esforço a tera-
ga, estimulação eléctrica e biofeed-
pêutica tem uma eficácia limitada,
back, são úteis na incontinência de
Estas medidas devem ser aplicadas
recorrendo-se na maioria dos casos
urgência e na de esforço.
em qualquer tipo de incontinência.
à cirurgia.
• Evitar a obstipação
de Neurologia e Uroginecologia na comemoração do Dia da Incontinência, distribuindo às farmácias
Cirurgia
A selecção do tratamento depende
• Na mulher após menopausa e com
do tipo de incontinência urinária e
défice de estrogenização o trata-
É a alternativa para a incontinência
para a sensibilização
pode incluir:
mento hormonal é frequente.
total e está indicada nos outros tipos
da população para o
• Na incontinência por regurgitação
de incontinência quando todas as ou-
problema.
Terapêutica farmacológica
provocada por uma próstata di-
tras medidas falharam e a qualidade de
•Para a bexiga hiperactiva. é a 1ª op-
latada ou outra obstrução, a tera-
vida do doente está comprometida.
associadas folhetos
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57
informacao veterinária
Novos protocolos de vacinas
A vacinação é uma ferramenta essencial nos cuidados de saúde dos animais domésticos. Para prevenir doenças com um elevado grau de mortalidade e de contágio, algumas das quais transmissíveis ao homem. Artigo elaborado em colaboração com a
Ser dono de um animal doméstico,
génicos com elevado grau de conta-
do sistema imunitário dos cães, ten-
Dra. Ana Paula Abreu,
seja de um cão, de um gato ou de um
giosidade.
do sido identificado que o excesso de
Médica Veterinária
animal exótico, implica a prestação
Tradicionalmente, a vacinação dos
vacinação pode ser prejudicial.
responsável pelo grupo
de um conjunto de cuidados básicos,
cães constituía como que um ritual
A tendência actual é, então, para
Hospital Veterinário de
da alimentação à higiene, passando
anual. Todavia, estudos recentes vie-
adaptar a vacinação ao animal e ao
Almada. Qualquer dúvida
pela saúde.
ram comprovar que a imunidade dos
seu ambiente, tendo os protocolos
E neste domínio assume particular
componentes profilácticos é superior
médico-veterinários sido adequados
relevo a vacinação. Tal como no ho-
a um ano, o que significa que as vaci-
nesse sentido. O que se mantém é o
mem, o objectivo é o de prevenir,
nas protegem por maiores períodos
conjunto básico de doenças contra
evitando ou reduzindo o impacto,
de tempo. Esta conclusão é confir-
as quais os cães devem ser protegi-
doenças causadas por agentes pato-
mada por um maior conhecimento
dos, a saber:
pode ser colocada para o email hva@hvalmada.com.
58 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
Vacinar é preciso!
• Esgana - Trata-se de uma doen-
• Leptospirose - Provocada por uma
são outros sintomas, com os ani-
ça vírica que se contrai mediante
bactéria, é uma das zoonoses mais
mais a apresentarem um quadro
contacto directo com outro ani-
frequentes, ou seja pode ser trans-
semelhante ao da gripe humana.
mal infectado ou ainda através da
missível ao Homem, sendo obser-
• Raiva - Infecção de evolução agu-
tosse e do espirro, já que o vírus se
vada principalmente nos meses
da, é causada por um vírus que
consegue espalhar a curtas distân-
mais chuvosos, em áreas alagadas
ataca o sistema nervoso dos ani-
cias. Diarreia, vómitos, descargas
e/ou deficientes em saneamento.
mais, manifestando-se através de
purulentas dos olhos e nariz são
No cão, resulta em doença renal
transtornos do comportamento,
alguns dos sinais cínicos desta in-
e/ou hepática aguda, podendo le-
aumento da excitabilidade e sin-
fecção com uma elevada taxa de
var a uma septicemia. No homem,
tomas paralíticos.
mortalidade entre os cachorros.
o contágio acontece através da
Transmite-se por via de uma mor-
• Parvovirose - É também de ori-
água contaminada com urina de
dedura, pois é sobretudo a saliva
gem vírica. Causada pela exposi-
animais doentes ou através de
do animal doente que contém o
ção do cão a fezes contaminadas,
mordedura, manipulação de teci-
vírus. Também pode afectar o ho-
começa por manifestar-se através
dos contaminados e ingestão de
mem e, apesar de considerada er-
de febre, sonolência, falta de ape-
alimentos ou água contaminados.
radicada em Portugal, a vacinação
tite, vómitos, tosse e conjuntivite,
• Traqueobronquite infecciosa - Do-
após o que evolui para inflamação
ença altamente transmissível, sur-
• Doença de Lyme - Causada por
da laringe, onde o vírus se replica
ge com mais frequência durante o
uma bactéria, transmite-se através
atingindo depois o sistema di-
Inverno.
da picada da carraça e desenca-
gestivo. Na sua forma miocárdia,
Tanto pode ser causada por vírus,
deia sintomas a nível das articu-
provoca a morte súbita do animal
como o parainfluenza, por bac-
lações (artrite). Os cães ficam apá-
sem sinais clínicos prévios.
térias, como a bordetella, ou por
ticos e fracos, perdem o apetite e
• Hepatite infecciosa canina - Trata-
fungos. É conhecida como tosse
podem apresentar febre, sendo
-se de uma infecção viral caracteri-
do canil dado ser comum onde há
que nos casos mais graves podem
zada por febre, anorexia, aumento
concentração de cães e por afectar
ser afectados o coração, os rins e
da sede, congestão e hemorragia
o sistema respiratório superior dos
o sistema nervoso. É mais comum
das mucosas, sensibilidade abdo-
animais produzindo crises de tos-
nas épocas quentes.
minal, relutância a movimentar-se,
se, como se tivesse algo preso na
• Babesiose - Tem origem num tipo
conjuntivite e fotofobia.
garganta. Febre, falta de apetite
específico de carraça, um parasita
é obrigatória.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 59
informacao veterinária Tão importante como a vacinação é a desparasitação, de modo a prevenir que os parasitas dos animais se transmitam ao homem.
que se aloja e se multiplica nas cé-
após análise da situação específica
lulas sanguíneas do cão. As células
do animal.
infectadas rompem-se e o agente
• 6/8 semanas - vacina contra a es-
patogénico espalha-se, sendo a anemia o sintoma que conduz ao
gana e a parvovirose; • Mais de 8 semanas - vacina contra
diagnóstico.
a esgana, parvovirose, hepatite
Febre, diarreia, icterícia e insuficiên-
infecciosa canina, leptospirose e
cia renal também podem ocorrer.
parainfluenza;
• As vacinas contra a Babesiose e Raiva devem de ter reforço anual. • Os animais devem de ser submetidos a um controlo serológico anual, de forma a garantir que realmente estão protegidos.
Parasitas ao longe!
Muitas destas doenças seriam fatais
• 12 semanas - 2ª dose contra a
sem a vacinação, pois são as vacinas
esgana, parvovirose, hepatite in-
Tão importante como a vacinação é
que estimulam o sistema imunitário
fecciosa canina, leptospirose e pa-
a desparasitação, de modo a prevenir
rainfluenza;
que os parasitas dos animais se trans-
dos animais, levando-os a produzir anticorpos que actuam numa situa-
• 15 semanas - 3ª dose contra a
mitam ao homem e a evitar infestações
ção de contacto com o agente infec-
esgana, parvovirose, hepatite in-
do meio ambiente.
cioso.
fecciosa canina, leptospirose e
Este é um procedimento que deve co-
Mas para manter esta protecção é
parainfluenza e vacina contra a
meçar aos 15 dias de vida, devendo ser
importante que o esquema de vaci-
bordetella e parainfluenza do tipo
efectuado quinzenalmente até ao iní-
nação delineado com o médico vete-
2 (tosse do canil) em cães com ris-
cio do esquema vacinal. Daí em diante,
rinário seja cumprido, nomeadamen-
co de contrair esta doença;
a desparasitação deve ocorrer em si-
te no que toca à administração das
• 18 semanas - vacina anti-rábica;
multâneo com a vacinação, de três em
doses de reforço.
• 22 semanas - vacina contra a
três semanas até aos quatro meses.
É também conveniente a realização periódica de análises serológicas para assegurar que o animal está, de facto, protegido.
Babesiose; • 25 semanas - reforço da vacina contra a Babesiose; • Todas estas vacinas necessitam de
Depois, deve ser realizada a cada quatro meses e duas vezes por ano a sua eficácia deve ser controlada, mediante um exame fecal que garantirá que o
Afinal, vacinar o animal doméstico
um reforço anual, no primeiro ano
animal está mesmo livre de parasitas.
não é apenas protegê-lo - é estender
e depois de 3-3 anos.
No caso específico das cadelas, de-
essa protecção a todos que com ele
A vacina contra a leptospirose, os
vem também ser desparasitadas uma
convivem.
reforços devem ocorrer a cada seis
semana antes da gravidez, uma vez
O esquema de vacinação deve ser
meses, caso o animal esteja em ris-
depois, uma antes do parto e outra
proposto pelo médico veterinário
co - habitat em quintas ou jardins.
após o parto.
60 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
manipulados
30
an
19 78 •
os
20 08
Formulário Galénico Português 2007
Informação CIMPI 1
2
Proposta de MPI 2007 à CCFGP07 4
Fontes de Informação 3
Aprovação de Lista de MPI para FGP07 5
Inquérito FO / SFH
Em 2006, o Centro de Desenvolvi-
1) Análise de todas as questões co-
3) Avaliação dos conteúdos de for-
mento e Validação de Medicamen-
locadas ao Centro de Informação
mulários galénicos e revistas da
tos de Preparação Individualizada
de Medicamentos de Preparação
especialidade, de edição recente.
(CDVMPI) do LEF, dando continuida-
Individualizada (CIMPI) do LEF,
4) Após tratamento dos dados ob-
de ao projecto iniciado em 2001 pelo
durante o período de operaciona-
tidos foram definidos critérios de
Centro Tecnológico do Medicamento,
lidade deste (2005-2006), classifi-
prioridade condicionados pela ne-
da Associação Nacional das Farmácias,
cadas sob a temática Preparação
cessidade dos MPIs, possibilidade
assumiu a responsabilidade de editar
de
de obtenção das matérias-primas
periodicamente, monografias de inte-
As questões foram agrupadas
correspondentes
resse terapêutico, proporcionando ao
por itens, como a substância acti-
activas, e rentabilização de fluxos
farmacêutico preparador documenta-
va/forma
de trabalho. O CDVMPI optou pelo
ção técnica criteriosamente selecciona-
terapêutica/especialidade
médi-
estudo e validação de MPI dedi-
da e validada. A selecção dos medica-
ca/ tipo de veículo/frequência de
cados à pediatria em formas orais
mentos de preparação individualizada
solicitação/dificuldades na prepa-
líquidas (soluções e suspensões).
(MPI) a incluir no FGP2007 (Formulário
ração.
Foram avaliadas todas as formula-
Medicamento
Manipulado .
farmacêutica/utilização
às
Paula Tavares, farmacêutica do LEF
substâncias
Galénico Português 2007) obedeceu a
2) Auscultação dos Farmacêuticos de
ções orais líquidas recolhidas, rela-
um exaustivo processo de auscultação
Oficina (FO) e dos Serviços Farma-
tivamente à composição qualitativa
e triagem que sumariamente se esque-
cêuticos Hospitalares (SFH) através
e quantitativa, sendo preocupação
matiza no fluxograma e se explana nos
de inquérito dirigido a 50% das far-
a selecção de um número reduzido
pontos 1 a 5.
mácias e a 100% dos hospitais.
de veículos a fim de restringir a uma FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 61
manipulados A.III ‒ Med. Anti-infecciosos / A.V ‒ Hormonas trat. das Doenças Endócrinas A.VI ‒ Sistema Nervoso Central / A.VII ‒ Ap. Cardiovascular / A.VIII ‒ Ap. Digestivo gama diminuta as matérias-primas
A.XI ‒ Ap. Locomotor / A.XIII ‒ Nutrição / A.XIV ‒ Sangue
a existir em armazém da farmácia. De acordo com características fí-
Os novos MPIs distribuem-se por 8
com indicação do capítulo e ano de
sico-químicas das substâncias ac-
grupos terapêuticos e acrescem a este
publicação.
tivas e as dosagens pretendidas,
compêndio 40 substâncias activas vei-
foram definidos os medicamentos
culadas em líquidos açucarados e em
Índice - Formulações 2007
manipulados
líquido isento de açúcar, totalizando 98
O índice ¦ Formulações 2007, lista os
novas monografias.
MPIs desenvolvidos e validados em
a
preparar
agru-
pando os mesmos em Soluções
2007, distribuídos por grupo terapêu-
ou Suspensões com sacarose ou postos são os já existentes no FGP
Índice remissivo - Substância Activa
2001-2005, B.7. ‒ Xarope Simples,
As monografias são arquivadas em 2
BP2000 (FGP B.7.), B.9. ‒ Veículo
pastas de argolas de modelo A4, dis-
Monografia
para a Preparação de Suspensões
tribuídas pelos respectivos grupos
A Monografia, impressa em papel
Orais, isento de açúcar (FGP B.9.),
terapêuticos e, dentro destes, sequen-
de cor azul, ocupando duas páginas,
B.12. ‒ Veículo para a Preparação
cialmente colocadas. A pasta corres-
apresenta num primeiro quadro infor-
de Soluções e Suspensões Orais
pondente ao Vol I ‒ FGP2007, inclui 3
mação identificativa do medicamento
(FGP B.12.), B.13. ‒ Veículo para a
modelos de índice. O índice remissivo ¦
manipulado, nomeadamente o nome,
Preparação de Soluções Orais, isento
Substância, cataloga todas as substân-
a forma farmacêutica, a dosagem,
de açúcar (FGP B.13.).
cias activas incluídas no FGP com indi-
classificação FHNM e ATC e uma breve
cação da referência da monografia e do
indicação da utilização. Segue-se uma
ano de publicação.
tabela onde se indica a composição
isentas de açúcar. Os veículos pro-
5) Avaliação e aprovação, pela Comissão Consultiva do Formulário Galé-
tico, com indicação da referência da monografia, ano e volume.
qualitativa e quantitativa assim como a
nico (CCFGP) de lista proposta pelo CDVMPI 2007.
Índice remissivo - FGP
função de cada constituinte.
Foi constituída uma CCFGP com-
O índice remissivo ¦ FGP, organizado por
O modo de preparação é descrito em
posta por 17 farmácias de oficina de
assuntos, apresenta na parte A os MPIs,
fluxograma, sendo a primeira coluna
diferentes regiões do país, 13 servi-
referência das monografias e ano de
indicativa de matérias-primas e mate-
ços farmacêuticos hospitalares e o
publicação, na parte B as Preparações-
riais, a 2 coluna refere as operações e a
departamento de Medicamentos
Mãe , excipientes compostos e outras
terceira coluna indica os ensaios de ve-
Manipulados do LEF, à qual coube
preparações, referência das mono-
rificação a realizar. A descrição do me-
a avaliação da proposta de medi-
grafias e ano de preparação e sob a
dicamento, material de embalagem,
camentos manipulados a incluir no
designação de Outros assuntos indexa
prazo de utilização e condições de con-
FGP2007 mediante o reconhecimen-
Prescrições Gerais, Enquadramento
servação são outras informações a que
to da necessidade da padronização
Legal de Medicamentos Manipulados,
acrescem as especificações a cumprir
dos respectivos medicamentos.
Recomendações Gerais e Informações,
em cada determinação.
62 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
Ficha de preparação
Modelo rótulo
foram quantificados por cromatografia
A Ficha de Preparação composta por 6
Um outro anexo introduzido no FGP07
líquida de alta resolução aos tempos
a 7 páginas, apresenta nas 3 primeiras
é o modelo de Rótulos semipreenchi-
inicial e final. A dosagem de cada ac-
um modelo semipreenchido destina-
dos para rotulagem de MPI preparados
tivo foi avaliada, por técnica de HPLC,
do ao registo do MPI onde constam os
e dispensados em FO ou em SFH.
aos tempos de ensaio inicial, intermé-
pontos 1. Aviamento de materiais para o
O documento tipo é fotocopiado e a fo-
dios e final. Ao tempo inicial e final foi
MPI; 2. Preparação do MPI; 3. Verificação
tocópia é preenchida. Posteriormente
igualmente efectuada a caracterização
do MPI; 4. Acondicionamento e rotula-
esta cópia preenchida é fotocopiada,
microbiológica dos MPIs estudados.
gem do MPI; 5. Dados de Identificação
sendo arquivada no processo de pre-
Para alguns dos medicamentos ma-
e 6. Anotações. As restantes páginas
paração do manipulado. O preenchi-
nipulados ensaiados os tempos de
destinam-se ao registo de produtos in-
mento original é recortado, extraindo-
avaliação da qualidade farmacêutica
termédios a preparar para a elaboração
-se o rótulo que é colocado no frasco
estenderam-se por um período de 2
do medicamento em causa, sempre
respectivo do MPI.
meses.
os
20 08
Os dois volumes constituintes do FGP
que não se disponha dos mesmos prépreparados ou sempre que se pretenda
Folheto informativo
2007 são disponibilizados às farmácias
a sua preparação em quantidade que
O Folheto Informativo, a fornecer ao
já devidamente organizados e pron-
não exceda as necessidades do MPI em
doente no acto da dispensa informa-
tos a utilizar. Além do modelo físico,
causa.
da do MPI segue uma organização de
esta edição é ainda disponibilizada em
Pergunta Resposta onde se equacio-
formato CD-ROM e online no site LEF
Cálculo do preço de venda
nam os seguintes assuntos: 1) O que é
(www.LEF.pt).
Para o Cálculo do Preço foi elaborado
o MPI e para que é utilizado; 2) Antes
Estamos certos que os MPI agora
um documento de registo, semipreen-
de tomar o MPI; 3) Como tomar o MPI;
disponibilizados serão de utilidade
chido composto por três quadros: qua-
4) Efeitos secundários possíveis do MPI;
extrema em inúmeras situações da
dro dos honorários; quadro das maté-
5) Como conservar o MPI e 6) Outras
esfera pediátrica, sendo simultanea-
rias-primas e quadro dos materiais de
informações.
mente de fácil preparação e de exequi-
embalagem.
Os conteúdos destes documentos fo-
bilidade na farmácia. Consciente que
Caso a preparação seja efectuada para
ram validados pela consultora do FGP,
muito ainda há a fazer continuaremos
a quantidade total prevista na mono-
Professora Doutora Maria Augusta
a enriquecer o FGP nesta temática.
grafia e sendo utilizadas as quantida-
Soares. As 98 preparações que se in-
Para o FGP08, planeamos a inclusão
des indicadas em procedimento, a fo-
cluem nesta edição 2007 do FGP foram
de mais MPI dermatológicos e iniciar
lha de registo já contempla os factores
preparadas em laboratório dedicado,
a introdução de MPI para cuidados do-
multiplicativos a usar, de acordo com a
segundo as boas práticas de medica-
miciliários e veterinária. Este projecto
Portaria nº 769/2004. O utilizador de-
mentos manipulados. Para cada tipo
é extremamente gratificante dando a
verá efectuar o preenchimento adap-
de forma farmacêutica foram realiza-
toda a equipa que empenhadamente
tando-o à situação real da preparação,
dos ensaios farmacotécnicos e fisico-
o torna uma realidade, a satisfação de
estando disponível em rodapé uma ta-
químicos de caracterização da qualida-
desempenhar uma actividade intrinse-
bela da correspondência entre factores
de farmacêutica.
camente farmacêutica ‒ a preparação
e os submúltiplos do kg.
Os conservantes utilizados (parabenos)
de medicamentos. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 63
prémios consiste Consiste distingue projectos de 2006/07
O melhor das farmácias
O director de comunicação e imagem
do pela Consiste e, por outro, desta-
menor ambição dos projectos.
da Consiste, António Alcântara, não
car o contributo dos clientes para o
Cada área tem, naturalmente, a
hesita em afirmar que os projectos da
resultado final.
sua especificidade. Daí as dife-
empresa continuam a ser reconheci-
É certo que os projectos têm a assina-
rentes categorias destes prémios
dos como os melhores do mercado.
tura da empresa, mas, como salienta
- Robótica, Sifarma 2000, Formação,
O balanço surge a propósito da en-
António Alcântara, não são apenas
Merchandising e Arquitectura.
trega dos Prémios Consiste 2006/07,
o resultado do saber-fazer técnico,
Em cada uma delas foram identifica-
que distinguiram 18 farmácias de
colhendo também a experiência do
dos três projectos, com a excepção à
Norte a Sul do país, representantes
proprietário da farmácia.
regra a caber a Arquitectura, em que
dos melhores projectos em cada uma
Esta relação com o cliente traduz-se
foram distinguidas seis farmácias.
das áreas de intervenção da empresa.
num maior ou menor grau de auto-
É que estes são também os projec-
O objectivo destes prémios, de perio-
nomia, numa maior ou menor liber-
tos mais significativos confiados à
dicidade anual, é duplo: por um lado,
dade, o que se reflecte na maior ou
Consiste, não em termos de impor-
pôr em relevo o trabalho desenvolvi-
menor funcionalidade e na maior ou
tância, mas por implicarem uma
64 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
portuguesas Premiados Os melhores projectos desenvolvidos pela Consiste em 2006/07 e, como tal, distinguidos são os seguintes: solução global, integrando assim
Mirandela) e Maria Alexandra Pereira
aspectos contemplados noutras ca-
(Farmácia Vitex, Lisboa) - destaca-
- Farmácia da Liga (Vila Nova de Gaia)
tegorias. Subjacente à atribuição dos
ram-se por protagonizarem projec-
- Farmácia Moura Carneiro (Seixal)
prémios esteve outro critério para
tos de relevo no sector.
- Farmácia Moderna (Vila Chã de Ourique)
além da relevância do projecto: é que
Todos os prémios visaram projectos
houve a preocupação de contemplar
concretizados entre 2006 e 2007.
- Farmácia Amanajas Guedes (Porto)
as diferentes regiões do país, fazendo
A próxima edição distinguirá o que
- Farmácia Carlos Pereira Lucas (Entronamento)
coincidir a escolha das farmácias com
de melhor se fizer desde finais de
- Farmácia Parreia (Lavradio)
a divisão empresarial adoptada pela
2007 e ao longo deste ano.
Consiste.
Será a próxima montra da Consiste,
- Farmácia Pais Moreira (Canedo, Vila da Feira)
É certo que é em Lisboa que se con-
empresa do universo ANF fundada
- Farmácia A. Guerra Pedroso (Vieira de Leiria)
centra o maior número de farmácias,
em 1984 e que se dedica ao desen-
- Farmácia Campelos (Campelos)
mas essa predominância não se re-
volvimento e implementação de
percutiu na selecção dos melhores
soluções globais , que abrangem
projectos. Aliás, António Alcântara,
as áreas Financeira, da Distribuição,
- Farmácia Estádio (Coimbra)
salienta que existem projectos muito
Produção, Manutenção, Qualidade e
- Farmácia Borges da Cruz (Montijo)
bons por todo o país, inclusivamen-
Recursos Humanos.
te no interior. É o que acontece, por
Com enfoque inicial na Farmácia, ofe-
- Farmácia de Loureiro (Oliveira de Azeméis)
exemplo, no Alentejo, que se destaca
rece actualmente serviços a sectores
- Farmácia S. Cosme (Covilhã)
pela positiva no empreendedorismo.
tão diversificados como a Indústria
- Farmácia Sanches (Leiria)
Esse foi, precisamente, o mérito de
Farmacêutica, Química, Alimentação
- Farmácia Costa (Vidigueira)
dois jovens farmacêuticos proprietá-
e Bebidas, Electrónica, Comunicações,
- Farmácia Normal (Barreiro)
rios de farmácia, a quem foi entregue
Automóvel, Têxtil e Metalomecânica.
o Prémio Jeep (Jovem Empresário
Os seus projectos há muito extrava-
- João Filipe Sá (Farmácia da Ponte, Mirandela)
de Elevado Potencial). Nas palavras
saram as fronteiras nacionais, esten-
- Maria Alexandra Pereira (Farmácia Vitex,
de António Alcântara, ambos - João
dendo-se a outros países da Europa,
Lisboa).
Filipe de Sá (Farmácia da Ponte,
Ásia, América Latina e África.
•
•
•
•
Robótica
Sifarma 2000
Formação
Merchandising - Farmácia Almeida (Viana do Castelo)
•
•
Arquitectura
Prémio Jeep
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65
anf Farmácia Quinta do Conde premiada pelo Ministério do Trabalho
O mérito da integração Fotos gentilmente cedidas pela Farmácia Distribuição
O prémio é individual - atribuído à Farmácia Quinta do Conde por ter integrado três pessoas portadoras de deficiência. Mas António Santos, co-proprietário, torna-o colectivo, estendendo-o a todo o sector para, através do seu exemplo, promover a farmácia portuguesa. Foi há quatro anos que a Farmácia
cida. Tornava-se, pois, difícil expandir
Mas, perante a nova realidade, cedo
Quinta do Conde deu os primeiros
a farmácia, quer no espaço físico, quer
se verificou que os recursos humanos
passos no caminho que haveria de
nos serviços prestados. Os proprietá-
eram escassos, colocando-se a neces-
conduzir à atribuição, pelo Ministério
rios o casal Ana Paula Santos e António
sidade de reforçar os quadros. Tanto
do Trabalho e da Solidariedade Social,
Santos, tomaram então a decisão de
mais que a farmácia funcionava já em
do Diploma de Mérito de 1ª Categoria
transferir a farmácia.
horário alargado, das 9 às 21 horas, e, a
pelo contributo na integração de pes-
O concelho de Sesimbra acabou por
cada três semanas, cabia-lhe o serviço
soas com deficiências.
ser a localização escolhida e a farmácia
permanente - sete dias consecutivos,
Há quatro anos a farmácia estava insta-
ganhou o nome da Quinta do Conde,
24 horas cada.
lada na Calçada da Tapada, em Lisboa.
uma área substancial do ponto de vista
Era uma sobrecarga incompatível com
Os seus 20 m2 tornavam-na a mais pe-
geográfico e em expansão demográfi-
a equipa, o que desencadeou o proces-
quena farmácia da cidade. Uma limita-
ca. De Lisboa transitou a equipa - uma
so de recrutamento. Todavia, apesar
ção a que se juntava outra, o facto de
farmacêutica, que era e se mantém
da boa acessibilidade, atrair quadros
Alcântara ser uma freguesia envelhe-
como directora técnica, e um ajudante.
técnicos para a Quinta do Conde re-
66 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
velou-se uma tarefa difícil. E da dificul-
pessoas habitualmente discriminadas
Os contactos mantidos com o Centro
dade que nasceu a ideia de contratar
pela sociedade. E passaram eles pró-
de Emprego do Seixal culminaram,
pessoas portadoras de deficiência.
prios a contribuir para limar as arestas.
em 2007, na candidatura ao prémio
António Santos atribuiu o mérito à mu-
Quando a terceira pessoa com de-
do Ministério do Trabalho. De entre 69
lher. Foi ela que equacionou essa possi-
ficiência foi integrada na farmácia o
candidaturas a nível nacional, sobres-
bilidade e encetou os contactos com a
contexto já era, pois, mais favorável.
saiu a Farmácia da Quinta do Conde.
Associação Portuguesa de Deficientes,
A equipa foi-se recompondo, com a
António Santos admite que ficou
(APD) no sentido de identificar cola-
entrada de mais um farmacêutico e
surpreendido, pela distinção a uma
boradores aptos para tarefas não téc-
mais um ajudante, e gerou-se a ne-
empresa tão pequena como a sua.
nicas, essas naturalmente reservadas a
cessidade de recrutar um colabora-
Pensava que, pelo país, se multiplicas-
farmacêuticos e ajudantes.
dor para tarefas de bastidores. Esse é
sem projectos de integração com mais
A proposta surpreendeu pelo ineditis-
o papel da Cátia.
impacto.
mo. Não havia, nos anais da APD, antecedentes neste domínio, pois nunca antes uma farmácia havia enveredado por esta alternativa. Foram então identificadas duas pessoas, cujo perfil cor-
os
20 08
Destinado a homenagear as entidades
Solidariedade desinteressada mas recompensada
respondia ao requerido pelos proprie-
empregadoras que se destacam na integração profissional de pessoas com deficiência, o prémio reconheceu, em 2007, o contributo social da farmácia. Mas, para António Santos, distinguiu
tários da Farmácia Quinta do Conde - a
António Santos não acompanhou
também o esforço da equipa e o aco-
Carla e o Rui assumem desde então a
directamente os momentos iniciais.
lhimento da população.
responsabilidade da caixa.
A profissão exercia-a, então, numa
E é sem hesitar que estende o mérito
Não foi um processo isento de obstá-
multinacional farmacêutica e era a
à profissão e ao sector, entendendo
culos. Os primeiros tempos assistiram
mulher que assumia a gestão da far-
que demonstra que os farmacêuticos
a algumas dificuldades no relaciona-
mácia. Hoje, no entanto, dedica-se a
defendem o interesse público e que
mento com o público, mas, findo o
tempo inteiro ao projecto, orgulhoso
as farmácias, sendo empresas, per-
estágio de seis meses acompanhado
do pioneirismo que valeu o diploma
seguem objectivos de solidariedade
por técnicos da APD, a decisão de in-
de mérito. Particularmente orgulhoso
social. Este prémio é particularmente
tegração foi tomada. E a permanência
pela forma desinteressada como tudo
importante numa altura em que as far-
na farmácia tem permitido ultrapassar
começou. A integração das pessoas
mácias são perseguidas pelo governo.
as ineficiências iniciais, graças ao apoio
com deficiência era uma causa que,
É a prova de que, ao contrário do que
da equipa e da população.
embora tenha permitido preencher
diz o actual ministro da saúde, que
Foi a pouco e pouco que os uten-
vagas na farmácia, foi dominada pela
nos acusa de visarmos apenas o lucro,
tes se aperceberam de que aqueles
solidariedade social.
nos preocupamos com as pessoas .
dois colaboradores da farmácia eram
Só mais tarde, já os três elementos in-
António Santos acredita que a Farmácia
portadores de deficiência. E quando
tegravam a equipa, teve conhecimen-
Quinta do Conde lançou sementes que
tomaram consciência da iniciativa soli-
to de que a farmácia podia aceder a
estão a dar fruto e que abriu um cami-
darizaram-se com a causa que levava o
benefícios fiscais por empregar pesso-
nho que pode vir a ser trilhado por
casal Santos a dar uma oportunidade a
as portadoras de deficiência.
muitas outras farmácias no país. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67
museu da farmácia A indústria farmacêutica vista pel O Fiel Jardineiro
Um lado obscuro Foi em 2001 que John le Carré deu à
lucros prodigiosos. Nessa teia vêem-
humanos, não autorizados e não
estampa The Constant Gardener , o
-se envolvidos os personagens princi-
consentidos.
livro que, quatro anos depois, o rea-
pais, Justin, um pacato burocrata in-
Uma vacina contra a tuberculose
lizador brasileiro Fernando Meirelles
glês interpretado por Ralph Fiennes,
está a ser ministrada de uma forma
transformaria num filme polémico
e a mulher, a apaixonada e impulsiva
fraudulenta a longas filas de quenia-
- O Fiel Jardineiro abordava de uma
Tessa, cuja pele é vestida pela actriz
nos esperançados mas enganados
forma directa os meandros dos jogos
Rachel Weisz. Aparentemente dife-
por uma empresa farmacêutica cujo
de influências entre a política e os ne-
rentes, acabam por partilhar uma
símbolo são três favos hexagonais,
gócios, numa África pobre subordina-
tarefa - a de arrancar ervas daninhas,
cada um contendo uma abelha - 3
da aos interesses de uma diplomacia
ele dos seus canteiros, ela as que se
bees (três abelhas). Pelo menos para
dominada pelo poder económico.
infiltram por entre a fragilidade dos
uma das personagens, a esperança
No centro da história está, inequi-
habitantes do miserável bairro de
acaba, Wanza Kiluhu, interpretada
vocamente, uma companhia farma-
Kibera, na capital queniana.
por Jacqueline Maribe, morre e é a
cêutica. Dela é revelada (neste filme)
Quando ela é assassinada, por saber
partir da sua morte que a trama se
uma face obscura, a do desrespeito
demais, ele mergulha nas suas in-
adensa.
pelos direitos humanos em nome da
vestigações e descobre um mundo
É este também o ponto de parti-
investigação científica e a troco de
tenebroso, o dos testes em cobaias
da para o interesse do Museu da
68 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
obra de Le Carré/Meirelles: Não se pode fechar os olhos ao que nos rodeia . Desde a primeira hora - recorda que o museu se propôs ser muito mais do que um repositório do passa-
O Fiel Jardineiro expõe o lado mais obscuro de uma Ciência que avança à custa da fragilidade humana.
do, posicionando-se como um espaço dinâmico e interventivo em que a actualidade tem lugar na primeira fila. Uma atitude que é partilhada pelos produtores de cinema que, desde há
Três anos depois, o Museu da Farmácia
alguns anos, têm vindo a fomentar
exibe algumas das peças que ajudaram
adereços e acessórios utilizados na
a ligação com o público, vendendo
a construir a história, com um objectivo
construção de enredos. O museu
pedagógico.
empresas, tendo, neste caso específi-
tem estado em contacto com essas co, identificado de imediato algumas peças de interesse. Assim acontece
Farmácia por esta história. João Neto,
quer medicamento envolve ques-
com um conjunto de cartazes que,
o director, reconhece que tanto o
tões de segurança. Mas riscos como
no filme, são empunhados por uma
livro como o filme são duros para o
aqueles a que são denunciados em
organização anti-globalização que
sector do medicamento, lançando
O Fiel Jardineiro não aconteceriam
protesta contra a utilização de co-
suspeitas sobre uma certa indústria
em países desenvolvidos, devido à
baias humanas em experiências cien-
farmacêutica.
existência de normas que regulam
tificas . Assim acontece também com
a prática deste tipo de experiências:
o relatório médico de Wanza Kiluhu.
Os testes em seres humanos são ine-
E ainda com uma caixa de medica-
vitáveis, mas não podem ser realiza-
mentos marcada com o símbolo das
dos à custa da fragilidade humana .
três abelhas.
Aceita, naturalmente, que os me-
João Neto lamenta a hipocrisia que
São peças que, na óptica de João
dicamentos sejam testados em or-
existe no mundo, que se diz global
Neto, cumprirão o propósito de
ganismos vivos, mas lembra que as
mas que, em muitas ocasiões, continua
alertar para o lado mais obscuro de
pessoas envolvidas nesses testes são
a aproveitar-se de todos aqueles que
uma ciência que, por vezes, avan-
voluntárias, remuneradas e conhece-
não tem meios para se defenderem .
ça à custa da fragilidade humana.
doras dos riscos que correm. Riscos,
Daí a sua opção de mostrar alguma
Naturalmente, sem generalizar, mas
aliás, há-os sempre, dado que qual-
da memória cinematográfica desta
também sem ignorar.
O museu virado para a realidade
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69
consultoria jurídica A formação profissional
À luz do código do trabalho e da respectiva regulamentação Em termos gerais, a formação pro-
modo diligente nas acções de
no mercado de trabalho sem ter
fissional encontra-se regulada nos
formação profissional que lhe
ainda obtido essa qualificação;
artigos 123º a 126º do Código do
sejam proporcionadas, salvo se
Trabalho, aprovado pela Lei n.º
houver motivo atendível;
b) Promover a formação continua dos trabalhadores empregados,
99/2003, de 27 de Agosto e nos
c) O Estado deve, em particular,
enquanto instrumento para a
artigos 160º a 170º da respectiva
garantir o acesso dos cidadãos
competitividade das empresas
Regulamentação, aprovada pela Lei
à formação profissional e pro-
e para a valorização e actualiza-
Filipe Azóia,
n.º 35/2004, de 29 de Julho.
porcionar os apoios públicos ao
ção profissional, nomeadamente
Advogado da PLMJ,
A formação profissional envolve o
funcionamento do sistema de
quando a mesma é promovida e
Sociedade de advogados
empregador, o trabalhador e o pró-
formação profissional.
desenvolvida com base na inicia-
prio Estado:
Nos termos da lei são objectivos
tiva dos empregadores;
a) O empregador deve proporcio-
da formação profissional os se-
nar ao trabalhador as acções de formação profissional adequadas à sua qualificação; b) O trabalhador deve participar de 70 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
guintes:
c) Garantir o direito individual à formação, criando condições objec-
a) Garantir uma qualificação inicial
tivas para que o mesmo possa ser
a todos os jovens que tenham in-
exercido, independentemente da
gressado ou pretendam ingressar
situação laboral do trabalhador;
30
an
19 78 •
d) Promover a qualificação ou a re-
tínua dos trabalhadores, o papel pre-
trabalhador, seja em acções a de-
conversão profissional de traba-
ponderante caberá seguramente ao
senvolver na empresa, seja atra-
lhadores desempregados, com
empregador (ou à empresa utiliza-
vés da concessão de tempo para
vista ao seu rápido ingresso no
dora de mão-de-obra relativamente
o desenvolvimento da formação
mercado de trabalho;
ao trabalhador que, ao abrigo de um
por iniciativa do trabalhador;
e) Promover a reabilitação profis-
contrato celebrado com o respectivo
e) Reconhecer e valorizar as quali-
sional de pessoas com deficiên-
empregador, nela desempenhe a sua
ficações adquiridas pelos traba-
cia, em particular daqueles cuja
actividade por um período ininter-
lhadores, através da introdução
incapacidade foi adquirida em
rupto, superior a 18 meses), a quem
de créditos à formação ou outros
consequência de acidente de tra-
compete:
benefícios, de modo a estimular a
balho;
a) Promover, com vista ao incre-
sua participação na formação.
f)
Promover a integração sócio-
mento da produtividade e da
A lei estabelece, porém, regras dis-
profissional de grupos com parti-
competitividade da empresa, o
tintas consoante se esteja perante
culares dificuldades de inserção,
desenvolvimento das qualifica-
contratos de trabalho por tempo in-
através do desenvolvimento de
ções dos respectivos trabalhado-
determinado ou contratos de traba-
acções de formação profissional
res, nomeadamente através do
lho a termo.
especial.
acesso à formação profissional;
Quanto à formação contínua nos
No que respeita à qualificação inicial
b) Organizar a formação na em-
contratos de trabalho por tempo in-
dos jovens admitidos a prestar tra-
presa, estruturando planos de
determinado, a lei prevê não só que a
balho e que dela careçam, a mesma
formação e aumentando o inves-
mesma deve abranger, em cada ano,
é assegurada através da frequência
timento em capital humano, de
pelo menos 10% dos trabalhadores
de uma modalidade de educação
modo a garantir a permanente
com contrato de trabalho sem termo
ou formação exigida ao menor com
adequação das qualificações dos
de cada empresa, como que a cada
seus trabalhadores;
trabalhador deve ser assegurada pelo
idade inferior a 16 anos que tenha concluído a escolaridade obrigatória,
c) Assegurar o direito à informação
empregador um número mínimo ho-
mas não possua uma qualificação
e consulta dos trabalhadores e
ras anuais de formação certificada,
profissional, bem como a menor que
dos seus representantes, relati-
que foi fixado em vinte horas para o
tenha completado a idade mínima de
vamente aos planos de formação
ano de 2005 e em trinta e cinco horas
admissão sem ter concluído a escola-
anuais e plurianuais executados
a partir de 2006.
ridade obrigatória ou que não possua
pelo empregador;
O direito individual de cada traba-
qualificação profissional. Já no que concerne à formação con-
d) Garantir um número mínimo de
lhador à formação vence-se no dia
horas de formação anuais a cada
1 de Janeiro de cada ano civil, sem
os
20 08
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71
consultoria jurídica Compete ao empregador assegurar o cumprimento do número mínimo de horas anuais de formação certificada previsto por lei.
prejuízo do ano da contratação no
balho, confere direito a retribuição e
lhe tenha sido proporcionado.
qual o trabalhador apenas tem di-
conta como tempo de serviço efecti-
Por outro lado, sempre que haja inte-
reito à formação após seis meses
vo.
resse para a empresa e para o traba-
de duração do contrato, devendo o
Esclareça-se que, quando a formação
lhador pode ocorrer a antecipação,
número de horas ser proporcional
tenha lugar fora do período normal
até ao máximo de três anos, do nú-
àquela duração.
de trabalho, desde que não exceda
mero de horas anuais de formação.
Compete ao empregador assegurar
duas horas diárias não se compre-
O que acaba de se expor não preju-
o cumprimento do número mínimo
ende na noção de trabalho suple-
dica o cumprimento das obrigações
de horas anuais de formação certifi-
mentar, devendo ser paga mas em
específicas em matéria de formação
cada previsto por lei, que pode ser
singelo.
profissional a proporcionar a traba-
realizada pelo empregador ou atra-
Já não será assim caso exceda duas
lhadores contratados a termo, nos
vés de entidade formadora acredita-
horas para além do horário de tra-
termos das quais o empregador deve
da, sendo que o número mínimo de
balho diário, caso em que deverá ser
proporcionar formação profissional
horas de formação anual pode ser
tratada como prestação de trabalho
a todos os trabalhador contratados
realizado através de uma ou mais
suplementar e paga com recurso aos
a termo sempre que a duração do
acções de formação.
acréscimos previstos por lei.
contrato, inicial ou com renovações,
Ora, as horas de formação certifica-
Da conjugação das regras supra ex-
exceda seis meses, tendo a formação
da que não foram organizadas sob
postas resulta claro não só que, pelo
de corresponder aos seguintes limi-
a responsabilidade do empregador
menos de três em três anos, todos os
tes:
por motivo que lhe seja imputável
trabalhadores contratados por tem-
a) Se o contrato durar menos de um
são transformadas em créditos de
po indeterminado gozam ou podem
ano, a formação corresponde a
horas acumuláveis ao longo de três
gozar do direito à formação profis-
um número de horas igual a 1%
anos no máximo, créditos esses que
sional, como que, em regra, o crédi-
do período normal de trabalho;
o trabalhador pode utilizar para a
to de horas de formação se destina
b) Se o contrato durar entre um e
frequência de acções de formação
à frequência efectiva de acções de
três anos, a formação correspon-
por sua iniciativa.
formação, não se transformando em
de a um número de horas igual a
Para o efeito, o trabalhador terá ape-
retribuição.
2% do período normal de traba-
nas de comunicar a sua vontade ao
Só não será assim quando cessa o
lho;
empregador com a antecedência
contrato de trabalho, cenário em que
c) Se o contrato durar mais de três
mínima de 10 dias, sendo certo que
o trabalhador tem direito a receber
anos, a formação corresponde a
o crédito de horas para formação é
a retribuição correspondente ao cré-
um número de horas igual a 3%
referido ao período normal de tra-
dito de horas para formação que não
do período normal de trabalho.
72 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
O incumprimento destas regras confe-
ou plurianuais, com base no diag-
nanciamento. A comissão de traba-
re ao trabalhador contratado a termo
nóstico das necessidades de quali-
lhadores ou, na sua falta, a comissão
um crédito correspondente ao valor da
ficação dos trabalhadores, os quais
sindical ou intersindical ou os dele-
formação que devia ter sido realizada.
devem especificar, nomeadamente,
gados sindicais podem, no prazo de
Por referência ao conteúdo da for-
os objectivos, as acções que dão
15 dias a contar da sua recepção,
mação profissional, a área em que a
lugar à emissão de certificados de
emitir parecer sobre o referido re-
mesma é ministrada a pode ser fixa-
formação profissional, as entidades
latório anual da formação contínua,
da por acordo e, na falta de acordo é
formadoras, o local e horário de re-
sendo que decorrido este prazo sem
determinada pelo empregador, hipó-
alização das acções.
que qualquer dos pareceres tenha
tese em que a área de formação pro-
Do diagnóstico das necessidades
sido entregue ao empregador se
fissional tem de coincidir ou ser afim
de qualificação e do projecto de
considera satisfeita a exigência de
com a actividade desenvolvida pelo
plano de formação deve o empre-
consulta.
trabalhador nos termos do contrato.
gador dar conhecimento não só aos
O relatório anual da formação
Sem prejuízo desta regra, a utiliza-
trabalhadores, na parte que a cada
contínua deve ser apresentado à
ção de créditos de horas pelo traba-
um respeita, bem como à comissão
Inspecção-Geral do Trabalho, até
lhador para frequência de acções de
de trabalhadores ou, na sua falta, à
31 de Março de cada ano, sendo
formação por sua iniciativa faz com
comissão sindical ou intersindical ou
que no caso de pequena média ou
que caiba ao trabalhador escolher o
aos delegados sindicais, podendo
grande empresa (empresas com
conteúdo da formação, devendo o
estes, no prazo de 15 dias, emitir pa-
mais de dez trabalhadores) deve ser
mesmo, neste caso, ter correspon-
recer sobre os mesmos.
apresentado por meio informático
dência com a actividade prestada
O empregador deve, ainda, elaborar
(nomeadamente em suporte digital
ou respeitar a qualificações básicas
um relatório anual sobre a execução
ou correio electrónico) e no caso de
em tecnologias de informação e
da formação contínua, indicando o
microempresas (que empreguem até
comunicação, segurança, higiene e
número total de trabalhadores da
dez trabalhadores) pode ainda ser en-
saúde no trabalho ou numa língua
empresa, trabalhadores abrangidos
tregue em suporte de papel.
estrangeira.
por cada acção, respectiva activida-
O empregador deve manter um
Por último, cumpre referir que, salvo
de, acções realizadas, seus objecti-
exemplar do relatório durante cinco
no que respeita às microempresas
vos e número de trabalhadores par-
anos. É este, em suma, o regime geral
(que empreguem no máximo dez
ticipantes, por áreas de actividade
da formação profissional que, sem dú-
trabalhadores), o empregador deve
da empresa, bem como os encargos
vida, constitui uma das inovações in-
elaborar planos de formação, anuais
globais da formação e fontes de fi-
troduzidas pelo Código do Trabalho.
os
20 08
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 73
consultoria fiscal
Ajudas de Custo e Subsídios de Refeição e Viagem Foi publicada a Portaria n.º30-A/2008,
na actualização dos referidos valores,
principal que sejam auferidos devido
de 10 de Janeiro, onde se procede
concretamente no que respeita à atri-
à prestação de trabalho ou em co-
à revisão anual das remunerações e
buição de ajudas de custo e de subsí-
nexão com esta e constituam para
pensões dos funcionários e agentes da
dios de refeição e de viagem, que vigo-
o respectivo beneficiário uma van-
Administração central, local e regional,
ram para 2008.
tagem económica, designadamente:
bem como à actualização das tabelas de ajudas de custo, subsídios de refei-
Subsídios de Refeição
(...) 2) O subsídio de refeição na parte em que exceder em 50% o limite le-
Rogério M.
ção e de viagem.
Fernandes Ferreira ,
Os montantes revistos, concretamente
Departamento
os limites legais estabelecidos para a
O subsídio de refeição diário, que es-
ído através de vales de refeição.
de Direito Fiscal da PLMJ
não tributação das compensações atri-
tava fixado em € 4,03, foi agora actu-
Sendo assim, o limite, para o ano de
buídas, em sede de IRS, têm aplicação
alizado para € 4,11 (cf. cit. Portaria n.º
2008, da não sujeição a IRS, corres-
generalizada no sector privado, em de-
30-A/2008, de 10 de Janeiro, n.º 6.º),
ponde ao do valor do subsídio diário
corrência de uma remissão do próprio
o que corresponde a um aumento de
agora fixado multiplicado por 1,5, ou
Código do IRS (no seu artigo 2º, n.º 3,
2,1% (igual ao aumento registado no
seja, a € 6,17 (€ 4,11 x1,5), quando
alínea d)), e visam compensar, ou reem-
ano anterior).
no ano anterior era de € 6,05.
bolsar, o trabalhador pelas despesas em
Lembra-se que os subsídios para re-
Para o pagamento efectuado através
que teve de incorrer, nomeadamente,
feição, por dia útil, são considerados
de vales de refeição , o limite já será
na sequência de deslocações em be-
excluídos de tributação em IRS, quan-
o de € 6,99 (€ 4,11 x 1,7), quando, no
nefício da sua entidade patronal ou
do se processarem dentro dos limites
ano passado, foi de € 6,85, nos ter-
por mudança de instalações desta.
a que se refere o ponto 2) da alínea
mos do citado artigo 2.º, n.º 3, alínea
São, portanto, os limites em análise
b) do n.º 3 do artigo 2.º do Código do
b), ponto 2 do Código do IRS.
de aplicar, também, ao sector farma-
IRS, nos termos da qual Consideram-
Há que ter em atenção, porém, a re-
cêutico.
se ainda rendimentos do trabalho
dacção do artigo 126.º do Código do
À semelhança da análise efectuada
dependente: (...) b) As remunerações
IRS, onde se estabelecem algumas re-
com referência ao ano transacto (cfr. ar-
acessórias, nelas se compreendendo
gras que devem ser respeitadas pelas
tigo publicado RFP 168 de Março/Abril
todos os direitos, benefícios ou re-
entidades emitentes dos vales de re-
de 2007), importa que nos foquemos
galias não incluídos na remuneração
feição e pelas entidades utilizadoras.
e-mail: rff@plmj.pt
74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
gal estabelecido, ou em 70% sempre que o respectivo subsídio seja atribu-
30
an
19 78 •
Assim, as entidades emitentes de va-
os
20 08
Deslocações Diárias (percentagens da ajuda de custo diária) (*)
les de refeição devem possuir registo actualizado do qual conste, pelo me-
Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente, o período compreendido entre as 13.00 e as 14.00 horas...............................................................................................
25%
Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente o período compreendido entre as 20.00 e as 21.00 horas ....................................................................................................
25%
Se a deslocação implicar alojamento (**)....................................................................................
50%
nos, a identificação das entidades adquirentes bem como dos respectivos documentos de alienação e do correspondente valor facial , sendo obrigadas a enviar à Direcção-Geral
(*) Atendendo a que estas percentagens correspondem ao pagamento de uma ou duas refeições e alojamento, não haverá lugar aos respectivos abonos quando a correspondente prestação seja fornecida em espécie
de Impostos, até ao final do mês de Maio de cada ano, a identificação
(**) As despesas de alojamento só são consideradas nas deslocações diárias que se não prolonguem para o dia seguinte, quando o funcionário não dispuser de transportes colectivos regulares que lhe permitam regressar à sua residência até às 22 horas.
fiscal das entidades adquirentes de vales de refeições, bem como o respectivo montante, em declaração de modelo oficial . Quanto às entidades
rios e agentes do Estado e entidades
- - Com vencimentos superiores
utilizadoras de vales de refeição, es-
equiparadas (cfr. n.º 7.º e n.º 10.º), nos
ao valor de € 1 351,13 (índice
tas devem possuir registo actuali-
termos que seguem:
405) ⎯ € 144,71
zado do qual conste, pelo menos, a
a) Nas deslocações em Portugal:
- (anteriormente € 141,73);
identificação das entidades emiten-
•
- - Com vencimentos que se situ-
tes, bem como dos respectivos docu-
Membros do Governo − € 67,24 (anteriormente € 65,86)
am entre os valores € 1 351,13
Funcionários, agentes do Estado e
(índice 405) e € 867,39 (índice
individualizado dos beneficiários e
entidades a eles equiparadas:
260) ⎯ € 127,83 (anteriormen-
dos respectivos montantes atribuí-
- Com vencimentos superiores ao
dos , sendo que a diferença entre os
valor de € 1 351,13 (índice 405) -
montantes dos vales de refeição ad-
€ 60,98 (anteriormente € 59,73);
quiridos e dos atribuídos, registados
- Com vencimentos que se situam
Considerando a doutrina administra-
nos termos dos números anteriores,
entre os valores de € 1 351,13
tiva decorrente da Circular n.º 12/91,
deduzida do valor correspondente
(índice 405) e € 867,39 (índice
de 29 de Abril, da DGCI e o disposto
aos vales que se mantenham na pos-
260) − € 49,61 (anteriormente €
no artigo 2º, n.º 3, alínea d), do Código
se da entidade adquirente, fica sujeita
48,59);
do IRS, não constituem rendimento de
mentos de aquisição, e ainda registo
•
ao regime das despesas confidenciais
- Outros − € 45,54 (anteriormente
ou não documentadas .
€ 44,60). b) Nas deslocações para fora de
Ajudas de Custo • A Portaria em apreço veio ainda fixar os novos valores das ajudas de custo dos membros do Governo e dos funcioná-
1
•
te € 125,20); - - Outros ⎯ € 108,73 (anteriormente € 106,49).
trabalho dependente (assim sujeito a este imposto) as atribuições a título de ajudas de custo até aos limites de €
Portugal:
60,98 e de € 144,71, respectivamente,
Membros do Governo ⎯ € 162,36
nas deslocações em território nacional
(anteriormente € 159,02)
e para o estrangeiro1.
Funcionários, agentes do Estado e
Observe-se que o Decreto-Lei n.º
entidades a eles equiparadas:
106/98, de 24 de Abril, estabelece ainda
Nos termos desta Circular, nas ajudas de custo abonadas por entidades não públicas aos seus trabalhadores e membros dos órgãos societários,
pode tomar-se como referência o valor das ajudas de custo atribuídas a membros do Governo, sempre que as funções exercidas e/ou o nível das respectivas remunerações dos seus trabalhadores e membros de órgãos societários, não sejam comparáveis ou reportáveis à das categorias e/ou remunerações dos funcionários públicos, ou seja: € 67,24 ou € 162,36, consoante se trata de deslocações nacionais, ou para o estrangeiro. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 75
consultoria fiscal Código do IRC determina que não são
Deslocações por dias sucessivos (*) Dia de partida
Até às 13.00 horas .................................................................................. Depois das 13.00 horas e até às 21.00 horas .............................. Depois das 21.00 horas ......................................................................
100% 75% 50%
Dia de regresso
Até às 13.00 horas . ............................................................................... Depois das 13.00 horas e até às 20.00 horas .............................. Depois das 20.00 horas .......................................................................
0% 25% 50%
Restantes dias
........................................................................................................................
100%
(*) Atendendo a que estas percentagens correspondem ao pagamento de uma ou duas refeições e alojamento, não haverá lugar aos respectivos abonos quando a correspondente prestação seja fornecida em espécie
dedutíveis para efeitos de determinação do lucro tributável as despesas com ajudas de custo e com compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da entidade patronal, não facturadas a clientes, escrituradas a qualquer título, sempre que a entidade patronal não possua, por cada pagamento efectuado, um
Subsídios de Viagem e de marcha (por Km)
mapa através do qual seja possível
Transporte em automóvel próprio .....................................................................................
€0,39
efectuar o controlo das deslocações a
Transporte em veículos adstritos a carreiras de serviço público ............................
€0,12
que se referem aquelas despesas, de-
Um funcionário ........................................................
€0,37
signadamente os respectivos locais,
Dois funcionários ............................................
€0,16 (cada)
tempo de permanência, objectivo e, no
Três ou mais funcionários .............................
€0,12 (cada)
Transporte em automóvel de aluguer
Funcionários transportados em comum
caso de deslocação em viatura própria do trabalhador, identificação da viatura e do respectivo proprietário, bem como
Transporte em veículo motorizado não automóvel ....................................................
€0,15 (2)
o número de quilómetros percorridos, excepto na parte em que haja lugar a
as condições gerais em que os funcio-
disposto no artigo 2.º, n.ºs. 3, alínea d),
tributação em sede de IRS na esfera
nários públicos têm direito a ajudas de
do Código do IRS, englobam-se na ca-
do respectivo beneficiário .
custo e define deslocações diárias e
tegoria dos rendimentos de trabalho
A Administração tributária verifica se
por dias sucessivos , regulamentando
dependente, sujeitos, portanto, a este
o seu processamento se baseia em
os correspondentes abonos, a efectuar
imposto, as importâncias auferidas pela
deslocações reais, comprovadas ou
nos termos dos quadros acima dispos-
utilização de automóvel próprio ao ser-
comprováveis em documentos jus-
tos.
viço da entidade patronal, na parte que
tificativos, indicando itinerários per-
exceda os limites legais, sendo estes os
corridos, com tudo o mais que possa
anualmente fixados para os servidores
auxiliar a efectiva existência e prova
do Estado . Interessará salientar, em
do encargo.
particular, o subsídio para transporte
Lembra-se ainda que estas despesas
A citada Portaria n.º 30-A/2008, de
em automóvel próprio, também para
são também tributadas autonoma-
10 de Janeiro, fixa, por último, como
vigorar desde 1 de Janeiro de 2008,
mente à taxa de 5% (cf. artigo 81.º,
também se deixou indicado, os no-
agora fixado em € 0,39 por quilómetro,
n.ºs 3 e 9, do Código do IRC). As al-
vos quantitativos dos subsídios de
quando era de € 0,38 (cfr. artigo 9.º,
terações, introduzidas pela Portaria
transporte (cfr. n.º 9.º), nos seguintes
alínea a), da Portaria n.º 88-A/2007, de
em apreço produzem os seus efeitos
termos:
18 de Janeiro). Deve observar-se que a
com referência ao passado dia 1 de
Importa acentuar que, nos termos do
redacção da alínea f) do artigo 42º do
Janeiro de 2008.
Subsídios de Transporte
(2)
Sobre este ponto ‒ que, na Portaria, não vem referido - parece manter-se o entendimento da Circular nº 19/93 da DGCI, segundo o qual, para o
caso de transporte em veículo motorizado não automóvel, é considerado rendimento de trabalho dependente a parte excedente a 40% do limite legal fixado anualmente para os subsídios de viagem e de marcha pelo transporte em automóvel próprio. 76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
formacao Farmacêuticos Curso
30
an
19 78 •
os
20 08
Farmacêuticos Data
Local
Gestão e Desenvolvimento dos Recursos Humanos da Farmácia
24 e 25 Março de 2008
Porto
Menopausa
25 de Março de 2008
Coimbra
Menopausa
25 de Março de 2008
Lisboa
Antibioterapia na Infecção Respiratória
26 de Março de 2008
Lisboa
Curso
Data
Local
Antimicóticos em Dermatologia
14 de Abril de 2008
Guia
Construa o Plano de Marketing para a sua Farmácia
14 de Abril de 2008
Lisboa
Antibioterapia em Pediatria
16 e 17 Abril de 2008
Lisboa
Menopausa
16 de Abril de 2008
Porto
16 de Abril de 2008
Lisboa
Coimbra
A Inteligência Emocional aplicada à Farmácia
27 de Março de 2008
Coimbra
A Inteligência Emocional aplicada à Farmácia
O Marketing e a Farmácia
27 e 28 Março de 2008
Porto
Curso de Formação Básica de Socorrismo
16 e 17 Abril de 2008 e 23 e 24 Abril de 2008
Farmacocinética Avançada
29 de Março de 2008
Lisboa
Dislipidemias
17 de Abril de 2008
Antibioterapia na Pediatria
O Boletim de Análises
17 e 18 Abril de 2008
31 de Março de 2008
Porto
Problemas relacionados com medicamentos e intervenção farmacêutica
Factores de risco Cardiovascular Prevenção Primária
21 de Abril de 2008
Porto
1 de Abril de 2008
21 de Abril de 2008
Coimbra
Dor, Febre e Inflamação: terapêutica com AINEs
A gestão dos conflitos e das reclamações na Farmácia
2 de Abril de 2008
Lisboa
Diabetes mellitus
3 e 4 Abril de 2008
Lisboa
Medicamentos Manipulados em Dermatologia
21 de Abril de 2008
Barcarena
Curso de Formação Básica de Socorrismo
3 e 4 Abril de 2008 e 10 e 11 Abril de 2008
Porto
22 de Abril de 2008
Porto
Doença de Alzheimer e outras Demências
5 de Abril de 2008
Gestão de Aprovisionamento na Farmácia
Alimentação na Infância
7 de Abril de 2008
O Medicamento e o Idoso
23 de Abril de 2008
Lisboa
A Inteligência Emocional aplicada à Farmácia
Doenças Auto-imunes
29 e 30 Abril de 2008
Porto
7 de Abril de 2008
Porto
Vacinas em Pediatria
30 de Abril de 2008
Lisboa
Patologias do pé
8 de Abril de 2008
Porto
O Marketing e a Gestão do Espaço na Farmácia
8 de Abril de 2008
Lisboa
Curso de Formação Básica de Socorrismo
8 e 9 Abril de 2008 e 15 e 16 Abril de 2008
Lisboa
Doenças Auto-imunes
10 e 11 Abril de 2008
Lisboa
A Contabilidade e a Gestão da Farmácia
10 e 11 Abril de 2008 e 18 de Abril de 2008
Lisboa
Factores de risco Cardiovascular Prevenção Primária
12 de Abril de 2008
Lisboa
Lisboa
Ponta Delgada Castelo Branco
Porto Castelo Branco
Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) • Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • E-mail: escola@anf.pt
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 77
noticiário
Bial licencia medicamento nacional A Bial, o maior grupo farmacêutico
Como contrapartida do acordo, a
de 1000 doentes em 22 países, ten-
nacional, acaba de licenciar o seu
Bial receberá, numa fase inicial, mais
do o novo medicamento demons-
primeiro medicamento na área do
de 51 milhões de euros, a que acres-
trado eficácia e segurança. Entre as
sistema nervoso central. Trata-se de
cem outros 68,5 milhões a longo das
vantagens identificadas contam-se
um antiepiléptico - o BIA2-093 - alvo
várias etapas de desenvolvimento e
a administração em toma única e o
de um contrato de licenciamento
registo do fármaco. O fornecimento
baixo potencial de interacções far-
exclusivo com a Sepracor, empresa
do produto acabado e a aprovação
macológicas.
farmacêutica norte-americana que se
de eventuais novas indicações tera-
A Bial é, na área da saúde em Portugal,
propõe comercializá-lo nos Estados
pêuticas podem valer compensações
a empresa que mais investe em I&D,
Unidos e no Canadá.
posteriores à empresa portuguesa.
dedicando mais de 20% da sua fac-
Nos termos do acordo, a Sepracor
Na assinatura do contrato, o presi-
turação anual a investigação de no-
será responsável pela submissão e
dente da Bial, Luís Portela, destacou
vos fármacos. O seu trabalho neste
registo do medicamento junto da
o trabalho de I&D da empresa na área
domínio está centrado nas áreas do
autoridade regulamentar norte-ame-
do sistema nervoso central, trabalho
sistema nervoso central e do sistema
ricana (FDA), o que deverá acontecer
esse que permitiu identificar as mais-
cardiovascular. A sua parceria neste
entre finais de 2008 e princípios de
-valias do acetato de eslicarbazepina
contrato, a Sepracor, dedica-se igual-
2009. O lançamento deste antiepiléti-
- a substância activa do BIA2-093 - no
mente à investigação, com especial
co desenvolvido em Portugal deverá
tratamento da epilepsia.
enfoque para o sistema nervoso cen-
acontecer cerca de um ano depois.
Os ensaios clínicos envolveram mais
tral e o sistema respiratório.
78 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
Farmacêutica em Aventura Solidária no Senegal
Uma outra forma de dar Durante dez dias de Novembro, a
Paula Barroso foi atraída pela opor-
da mão-de-obra.
farmacêutica Paula Fonseca foi vo-
tunidade de participar numa missão
Como experiência pessoal, reteve
luntária no Senegal. Contagiada pelo
de cariz humanitária, mas não tão
sobretudo a importância das peque-
espírito da AMI - Assistência Médica
prolongada como as que envolvem
nas coisas numa realidade que tem
Internacional, integrou a primeira
situações de emergência. Moveu-a
muito menos do que a portugue-
Aventura Solidária da organização
também a possibilidade de conhe-
sa. Aprendeu, por exemplo, como
não governamental portuguesa. E
cer uma realidade diferente, sobre-
a água é preciosa e, já em Lisboa,
teve oportunidade de praticar um
tudo muito diferente dos habituais
passou a lidar com ela de uma forma
tipo diferente de voluntariado e de
destinos de férias. Conhecer e viver,
mais racional. Ficou igualmente o
solidariedade. Porque foi ela que su-
porque durante dez dias conviveu
desejo de repetir a vivência, porven-
portou financeiramente a viagem e a
com os habitantes da aldeia, absor-
tura numa missão de facto da AMI.
estada, numa despesa que incorpo-
vendo a sua cultura, os seus valores
É precisamente para a AMI que vão
rou ainda um donativo.
e hábitos.
as suas palavras de apreço pela for-
O destino desta experiência que não
Além da solidariedade, em Réo Mao
ma inteligente e transparente de
hesita em classificar como muito
deixou trabalho e medicamentos.
praticar a solidariedade. Por permitir
gratificante foi a aldeia senegalesa
Tal como fizeram os demais ele-
que, em vez de se depositar dinheiro
de Réo Mao. E o alvo da sua solida-
mentos da aventura. Ser farmacêu-
numa conta, se avalie localmente a
riedade uma maternidade. Foi na
tica não foi relevante, não era esse
aplicação concreta do donativo.
criação desta infra-estrutura que foi
o propósito nem lhe pareceu haver
É outra forma de dar. Esta foi a pri-
aplicado o seu donativo e nas suas
muito espaço para uma intervenção
meira Aventura Solidária .
paredes, que ajudou a pintar, per-
profissional, excepto detendo ex-
A próxima acontecerá em Abril, ten-
sistem as marcas do seu trabalho e
periência na área da saúde pública.
do também como destino o Senegal,
dos restantes onze portugueses que,
Ainda assim ficou a sugestão à AMI,
país onde desde 1996 a AMI desen-
acompanhados de três elementos
a de aproveitar as mais-valias espe-
volve missões de apoio à população
da AMI, partilharam esta missão.
cíficas de cada voluntário para além
local. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 79
noticiário
SIDA
Apoios sem preconceito
A Delegação do Centro da ANF reali-
importância da prevenção no com-
as principais dificuldades sentidas por
zou no dia 11 de Dezembro nas suas
bate à sua propagação. Durante esta
esta instituição. À semelhança dos úl-
instalações, uma palestra de Natal
intervenção foi realçado o papel do
timos anos, a Direcção da Delegação
dirigida às Farmácias afectas a esta
farmacêutico no esclarecimento e
do Centro tem vindo a associar à ver-
delegação.
sensibilização das populações, num
tente formativa destas palestras um
A palestra, subordinada ao tema
cenário em que a infecção pelo VIH
caracter solidário, tendo cada partici-
SIDA: APOIOS SEM PRECONCEITO ,
continua a estar envolta em estigmas
pante contribuído com um presente,
contou com a presença do Professor
e preconceitos que representam uma
como forma de inscrição, a oferecer a
Doutor António Meliço Silvestre, pro-
barreira ao pleno relacionamento em
duas instituições que acolhem crian-
fessor da Faculdade de Medicina da
sociedade dos doentes infectados.
ças desfavorecidas, bem como à pró-
Universidade de Coimbra e da Dra.
Ainda neste âmbito foi dado destaque
pria Liga Portuguesa Contra a Sida.
Maria Eugénia Saraiva, presidente da
à adesão à terapêutica como factor re-
No final da palestra, o presidente da
Liga Portuguesa Contra a Sida, insti-
levante para o sucesso no tratamento
Direcção da Delegação do Centro, Dr.
tuição integrante da Plataforma Saúde
dos doentes com VIH/ SIDA.
Miguel Silvestre, procedeu à entrega
em Diálogo.
A Dra. Maria Eugénia Saraiva centrou
simbólica de alguns presentes recolhi-
A intervenção do Professor Doutor
a sua comunicação na temática do
dos aos representantes do Centro de
António Meliço Silvestre iniciou-se
apoio integrado na área do VIH/ SIDA,
Acolhimento Temporário do Loreto,
com uma perspectiva histórica da
tendo dado a conhecer o trabalho que
da Casa de Formação Cristã Rainha
doença, passando pela evolução
a Liga Portuguesa Contra a Sida tem
Santa e da Liga Portuguesa Contra a
verificada no seu tratamento e pela
vindo a desenvolver, alertando para
Sida.
80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
os
20 08
Estudo alerta Fraude nos medicamentos online A compra de medicamentos online
Internet sem escrúpulos, que
constitui uma ameaça à saúde dos
vendem medicamentos atra-
consumidores, dado que a venda
vés de métodos criminosos
fraudulenta através deste canal é
cada vez mais sofisticados.
uma prática comum. O alerta é pro-
Aliás, a maioria das empresas
veniente da conceituada empresa de
analisadas opera sem a neces-
consultadoria MarkMonitor, que de-
sária acreditação das autori-
dica um capítulo à fraude na Internet
dades reguladoras do sector
no seu estudo Brandjacking Índex .
da farmácia e muitas delas
Esta conclusão decorre da análise de
falsificam deliberadamente a
3160 farmácias online de todo o
certificação, o que impossibi-
O que está em causa, alertam os
mundo. Os autores do estudo verifi-
lita os consumidores de conhecer a
autores do estudo, é sobretudo a
caram que o número de sítios fraudu-
sua verdadeira proveniência.
saúde dos consumidores, dado que
lentos que vendem medicamentos
Acresce que a maior parte destes sí-
é frequente a venda online de medi-
tem crescido acentuadamente, com
tios não respeita as boas práticas de
camentos contrafeitos, furtados, alte-
a maioria a adoptar práticas comer-
segurança na Internet, comprome-
rados na sua composição ou fora de
ciais duvidosas e até irregulares.
tendo, assim, a segurança dos dados
prazo. É também comum a dispensa
Os autores não hesitam mesmo em
pessoais dos compradores, incluindo
de receita na venda de medicamen-
afirmar que proliferam os sítios na
os relativos ao cartão de crédito.
tos sujeitos a prescrição médica.
10 anos - Clube de Golfe Farmacêutico Em 2008, o Clube de Golfe Farmacêutico atinge um
ça nas competições inter-clubes, através da sua par-
marco histórico ao completar o seu 10º aniversário.
ticipação no Torneio das Profissões Liberais e Torneio
A assinalar esta data, a direcção do clube decidiu re-
ARQ&FAR, tentando superar o sucesso alcançado em
alizar um campeonato entre todos os associados, o
2007.
Campeonato Matchplay CGF 10º Aniversário. O cam-
A renovação da imagem institucional do CGF assi-
peonato contará com seis provas até Outubro.
nala também o 10º aniversário. Visite http://www.
O CGF continuará durante este ano a marcar presen-
cgfarmaceutico.com/.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81
noticiário Mara Guerreiro defende tese em Manchester
A farmácia na gestão do risco O papel da farmácia comunitá-
dores. A tese de doutoramento de
ria na gestão do risco esteve no
Mara Guerreiro resulta de um amplo
centro da investigação que valeu
trabalho de pesquisa desenvolvido
à farmacêutica Mara Guerreiro o
em Portugal ao longo de três anos,
grau de Doutor pela Universidade
com a imprescindível colaboração
de Manchester, uma das cinquenta
de farmacêuticos comunitários, de
melhores do mundo.
médicos de família e de doentes.
Intitulada
Risk Management of
Com resultados que terão implica-
preventable drug-related morbility
ções na prática profissional, bem
in Portugueses community phar-
como na futura investigação sobre
macies , a tese que defendeu pe-
serviços farmacêuticos no domínio
rante o júri da prestigiada universi-
da gestão do risco.
dade britânica permitiu estabelecer
Ao conceder-lhe o grau de Doutor,
a exequibilidade de utilizar em far-
o júri considerou excepcional o
mácia comunitária indicadores para
Foram, aliás, identificados factores
conhecimento e domínio sobre
melhorar a segurança do doente no
que parecem influenciar a aceita-
esta matéria revelados por Mara
âmbito do uso de medicamentos.
bilidade da aplicação destes indica-
Guerreiro.
Natal na ANF Como vem sendo tradição, a ANF organizou a festa de Natal dirigida aos colaboradores e às suas famílias. É que estes momentos reforçam a nossa Associação. As crianças foram o alvo de todas as atenções nesta festa que começou com as pinturas faciais, a que se seguiu um espectáculo no anfiteatro principal. No final, teve lugar a habitual distribuição de prendas e o lanche convívio.
82 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
30
an
19 78 •
Saúde 24
os
20 08
Todos os dias, 24 horas por dia, ao ligar o 808242424 entrará em contacto com profissionais de saúde da linha Saúde 24 que lhe darão os melhores conselhos sobre a forma de lidar com a sua situação de saúde. Seja ajudando a resolver o problema ou encaminhando para a unidade de saúde mais adequada. O Saúde 24 presta os serviços de: •
Aconselhamento em situação de doença e encaminhamento para unidades de saúde, caso seja necessário;
•
Esclarecimento de questões relacionadas com medicação;
•
Assistência em problemas de saúde pública, como por exemplo vagas de calor e intoxicações;
•
Informação da localização dos prestadores do Serviço Nacional de Saúde e brevemente farmácias de serviço.
Grave este número no seu telemóvel: 808242424
Festa dos Reis na Quinta do Convento de Val de Pereiras Mais uma vez, e como tem
A exemplo de outros anos
vindo a ser habitual nos úl-
os participantes foram pre-
timos anos, realizou-se no
senteados com a actuação
passado dia 5 de Janeiro
de um Grupo Tradicional
de 2008, a Festa de Reis da
de Cantares de Janeiras,
Delegação do Norte da ANF
que recriaram toda uma
na Quinta do Convento de
atmosfera própria da épo-
Val de Pereiras, em Ponte de Lima.
ca e deram as boas vindas ao Novo Ano de 2008.
Com a presença de dezenas de colegas associados da
Os mais novos contagiaram todos os presentes com
ANF e seus familiares o convívio entre todos decorreu
a sua alegria e energia e levaram para as suas casas
num ambiente descontraído, acompanhado das tra-
uma lembrança oferecida como recordação deste dia
dicionais doçarias natalícias e de música apropriada à
de festa.
época festiva.
Votos de um excelente 2008 !!
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 83
noticiário 17 mulheres por uma sociedade mais informada e mais saudável Dezassete
mulheres
apresentam
dora na área da Sida, e Irene Noronha
sugestões em prol de uma socieda-
da Silveira, bastonária da Ordem dos
de mais informada e mais saudável.
Farmacêuticos, foram convidadas a
Mais Informação Mais Saúde é o
dar o seu contributo.
título do livro que foi lançado pela
Do livro ressaltam várias sugestões
no mercado, pelo compromisso ac-
AJE e revista Farmácia Distribuição .
em prol de uma sociedade mais in-
tivo das escolas na criação de uma
Ligadas à educação e à saúde, de ex-
formada e mais saudável, que passa
geração verdadeiramente solidária e
-ministras a bastonárias, a jornalistas
pela necessidade de integração dos
informada, etc.
e empresárias, estas mulheres afir-
requisitos de saúde em todas as po-
A Associação Coração Feliz (Asso-
mam a relação directa entre mais e
líticas governamentais, pelo repensar
ciação de Protecção e Apoio à Criança
melhor informação e mais e melhor
dos espaços urbanos que favorecem
com Doença Cardíaca) foi envolvida
saúde.
o sedentarismo, pelo empowerment
neste projecto, recebendo um dona-
As farmacêuticas Clara Carneiro, ex-
do doente, por um maior conheci-
tivo e parte das verbas que irão ser
deputada, Odette Ferreira, investiga-
mento das terapêuticas existentes
obtidas com a venda desta obra.
Mais Informação Mais Saúde O projecto foi coordenado por Ana
Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos;
Beatriz Gaminha (empresária), Carina
•
Machado (jornalista e directora
alta comissária para a Saúde;
das publicações do grupo AJE),
•
Dina Matos Ferreira (directora de
Investigadora na área da Sida:
comunicação da Apifarma) e Marina
•
Caldas (jornalista), e contou ainda
Presidente da Associação Raríssimas;
com textos de:
•
•
Maria de Belém Roseira, ex-
semanário SOL ;
ministra da Saúde e presidente da
•
comissão Parlamentar de Saúde;
ENSP e presidente da Comissão para
Isabel do Carmo, médica
a Contratualização com os Hospitais;
•
endocrinologista;
Odette Ferreira, Farmacêutica e Paula Brito e Costa, Empresária e Graça Rosendo, jornalista do Ana Escoval, professora da
Rosário Frias, do grupo José de Mello Saúde;
•
Clara Carneiro, farmacêutica e ex-deputada;
•
Luísa Carvalho, médica de família e vice-
das Pessoas Idosas e Cidadãos em Situação de
presidente do Infarmed;
Dependência;
•
84 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Maria do Céu Machado, pediatra e
Irene Noronha da Silveira, farmacêutica e
•
•
Inês Guerreiro, coordenadora nacional para a Saúde
Kim Stratton, directora-geral da Novartis Portugal.
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Mercado veterinário
GlobalVet reforça papel das farmácias Afirmar e reforçar a intervenção das farmácias na área
produtos veterinários e
dos medicamentos e produtos veterinários é o objectivo
perspectivar o desenvol-
do projecto GlobalVet - Espaço Animal, no terreno em
vimento das estratégias
fase experimental desde Outubro.
mais adequadas ao espa-
Durante 12 meses, cerca de cinco dezenas de farmácias de
ço farmácia.
todo o país, implantadas quer no litoral, quer no interior,
A GlobalVet, que resul-
em meios urbanos e rurais, testam e aplicam os meios e
ta de uma parceria entre a ANF e a Bioconsulting, está
ferramentas concebidos para uma intervenção especiali-
vocacionada para a definição e implementação de solu-
zada neste domínio da saúde. Nelas o mercado veterinário
ções e inovação veterinária , no entendimento de que as
passou a ter um tratamento diferenciado mercê da criação
farmácias têm condições para desempenhar um papel de
do Espaço Animal.
charneira neste segmento, contribuindo para regularizar
As equipas envolvidas beneficiaram de formação minis-
a distribuição e comercialização destes medicamentos e
trada pela Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão
produtos.
e contam com o apoio de diversas estruturas da ANF.
Este é um mercado complexo, dado que a legislação deter-
Nesta fase-piloto, a iniciativa será monitorizada regu-
mina que apenas as farmácias podem dispensar estes medi-
larmente para estudar o mercado dos medicamentos e
camentos mas a prática demonstra que existem circuitos.
ficheiro mestre Alteração à Propriedade
Alteração ao Pacto Social
Farmácia Paula Morada Rua Dr. José Pereira da Rocha, 12 , 8100 - 202 SALIR Dra. Paula Cristina Dionísio Gonçalves Farmácia Paula Cristina Unipessoal, Lda
Farmácia Sagres Rua Comandante Matoso 8650 - 357 SAGRES Dra. Sandra Carapeto Pintassilgo Provaviva - Farmácias, Lda
Farmácia Pragal Rua Direita, 6-D 2800 - 682 ALMADA Dra. Helena Antonieta S. Campos Farmácia Pragal Lda.
Farmácia das Fontainhas Rua de Santo Honorato - Urb. das Fontainhas, Edf. Torre, LJ 1 4795 - 114 AVES Dra. Ana Maria Ferreira P. de Castro Magalhães Farmácia das Fontainhas, Unipessoal, Lda
Farmácia Serra das Minas Avenida Maria Lamas, LOTE 4 2635 - 430 RIO DE MOURO Dra. M. Celeste Leitão Duarte Santos Farmácia Serra das Minas, Lda
Alteração de Direcção Técnica
Farmácia da Gandra Lugar do Terreiro 4990 - 643 GANDRA PTL Dr. Ricardo José Silvestre Gonçalves da Rocha Vastissima Unipessoal, Lda
Farmácia Duarte Rua Luís de Camões, 21 2680 - 435 UNHOS Dr. Manuel António do Sobral Pedro . Farma Pedro, Unipessoal Lda
Farmácia Vaz Rua Formosa, 115 3500 - 135 VISEU Dra. Maria Luisa Pinto Ferreira Farmácia Vaz Surc, Lda. Alteração de Situação ANF Farmácia Sagres Rua Comandante Matoso 8650 - 357 SAGRES Dra. Sandra Carapeto Pintassilgo Provaviva - Farmácias, Lda FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 85
reunioes e simpósios Internacionais DATA
EVENTO
23-25 Abril de 2008 Cidade da Praia - Cabo Verde
IX Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa Contactos: AFPLP, Rua Marechal Saldanha n.º1, 1249-069 Lisboa, Portugal Phone: + 351 213 400 600; Fax: + 351 213 400 777 E-mail: paulo.duarte@anf.pt
29 de Agosto a 4 de Setembro de 2008 Basileia - Suiça
68th International Congress of FIP Contactos: Phone.: +31 346 266 110; Fax: +31 346 263 308 E-mail: registration@newbrooklyn.nl
Nacionais DATA
EVENTO
3 de Março de 2008 Porto
Medicina de viagem e do viajante e a importância dos regulamentos de saúde internacional FMUP - Faculdade de Medicina da Universidade do Porto - Sala de Clínicas III na FMUP Contactos: Serviço de Higiene e Epidemiologia; Telef.: 22 551 36 52; Fax: 22 551 36 53 E-mail: epimed@med.up.pt ; Fonte: http://www.med.up.pt
12 e 15 de Março de 2008 Évora
I Colóquio Luso-Brasileiro em Saúde, Educação e Representações Sociais Contactos: Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus - Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde - Universidade de Évora Telf: 266 730 300 ; Fax: 266 730 350; Fonte: http://www.clbsers.uevora.pt clbsers-secretariado@uevora.pt ou mf@uevora.pt
12 de Março de 2008 Porto
II Ciclo de Seminários de Biopatologia - Aplicações clínicas actuais das terapias com células estaminais UFP - Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de Ciências da Saúde / Escola Superior de Saúde, Rua Carlos da Maia, 296, 4200-150 Porto Contactos: Telefone: 22 509 63 71; E-mail geral: geral.asaude@ufp.pt; Fonte: http://www.ufp.pt
14, 15 e 16 de Março de 2008 Lisboa
Congresso de Análises Clínicas e Saúde Pública APTAC 2008 Contactos: APTAC - Associação Portuguesa dos Técnicos de Análises Clínicas e Saúde Pública, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - Parque das Nações Informações: congresso@aptac.pt ; Fonte: http://www.aptac.pt
17 de Março de 2008 Porto
Comparação internacional de políticas de saúde e sistemas sociais FMUP - Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Anfiteatro Nascente, FMUP Contactos: Serviço de Higiene e Epidemiologia Telef.: 22 551 36 52 ; Fax: 22 551 36 53 ; E-mail: epimed@med.up.pt ; Fonte: http://www.med.up.pt
28 de Março de 2008 Lisboa
Administração de Medicamentos Contactos: Secção Regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos, Rua da Sociedade Farmacêutica, 18 , 1169-075 Lisboa; Telef: 213 191 370 ; Fax: 213 191 398 Fonte: http://www.ordemfarmaceuticos.pt/
25 a 28 de Março de 2008 Porto
Neurotoxicologia FMUP - Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Contactos: Instituto de Pós-Graduação; Telefone: 22 551 3676; Fax: 22 551 3692 Email: ipg@med.up.pt; Fonte: http://www.med.up.pt
17 e 18 de Abril Lisboa
II Encontro Nacional de Bromatologia, Hidrologia e Toxicologia Contactos: Ordem dos Farmacêuticos, Rua da Sociedade Farmacêutica, 18 1169-075 Lisboa ‒ Portugal; Tel.: +351 213 191 370; Fax: +351 213 191 398 E-mail: colegios@ordemfarmaceuticos.pt; Internet: www.ordemfarmaceuticos.pt www.aoaceurope.com
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corta e cola
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Cheques-dentista em Maio in Diário Económico de 20.02.08 A medida consta do novo programa de saúde oral, em vigor desde 1 de Março, mas só será aplicada dois meses depois. A partir de 1 de Maio, grávidas e idosos
Miguel Sousa Tavares
poderão ter direito a cheques que lhes
Expresso, 5.1.08
darão acesso a cuidados médicos daquela especialidade. No total, 120 euros por
Só alguém com sérios problemas
ano para as grávidas e 80 para os idosos.
mentais poderia ter feito esta lei antitabaco. E só uma Assembleia de deputados incompetentes e sem coragem nem vontade própria a
CDS contra desperdício in Correio da Manhã de 23.01.08
Foi no Parlamento que a deputada do CDS-PP Teresa Caeiro se ergueu em defesa da prescrição de medicamentos por unidose e por Denominação Comum Internacional (DCI). Para o partido, esta seria uma forma eficaz de combater o desperdício de fármacos, que, à luz de um estudo do Instituto da Qualidade da Saúde, ascende a 21,7% da quantidade prescrita. Deste valor, 9,7% deve-se à inadequação das embalagens ao tratamento, o que a prescrição por unidose permitiria resolver.
poderia ter aprovado. É uma lei à medida de um país de polícias e de enucos.
Jorge Sampaio Diário de Notícias, 13.1.08 Como dizia, há uns anos, um americano que conheci, especialista em saúde pública num país tão pequeno como o vosso, o problema não é de saúde, é de transportes.
Litério Marques
Eles estão doidos!
(Presidente da Câmara de Anadia)
In Público de 27.11.07
Diário de Notícias
A acusação-desabafo é de António
24.1.08
Barreto, conhecido comentador político e professor universitário. No artigo,
Disse-me de forma clara que me
insurge-se contra o zelo da ASAE, clas-
responsabilizava por tudo o que
sificando a sua intervenção como a
acontecesse à tripulação e am-
solução final e as suas brigadas como
bulância, danos e agressões, por
exércitos de liquidação de tudo quan-
ser o presidente da Câmara e da
to é artesanal e de quem se recusa a ser
Protecção Civil . (A propósito de
igual a toda a gente . Com ironia, avisa:
uma
Um dia destes, as brigadas vêm fiscali-
conversa
telefónica
com
Correia de Campos).
zar e ordenar as nossas casas . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 89
desta varanda A remodelação indiscutíveis, mas as reformas não
Há legislação já publicada que con-
são compreendidas nem aceites pe-
trariou o espirito e a letra desse
las populações.
Compromisso ou que teve conse-
Pela primeira vez, desde a revolução
quências absolutamente contrárias
de Abril de 1974, movimentos de
aos objectivos nele preconizados.
cidadãos de grande dimensão mani-
Justifica-se uma reflexão objectiva
festam-se na rua em oposição à polí-
sobre algumas soluções legais.
tica de saúde.
A traficância de interesses em que
A Saúde, normalmente instrumenta-
se transformaram os concursos para
lizada pelos Governos para fins elei-
instalação de farmácias nos hospitais
torais, está a transformar-se no prin-
carece de uma intervenção política
cipal instrumento das oposições.
prioritária.
No passado dia 30 de Janeiro, iniciou
A nova Ministra, a par da sua forma-
O País carece de serenidade no sector
funções uma nova Ministra da Saúde,
ção académica, tem uma larga expe-
da saúde e de sucesso nas reformas.
em clima de elevada expectativa
riência profissional em instituições e
Entendemos que é possível fazer mais
quanto à política sectorial até ao ter-
serviços de saúde, que lhe conferem
e melhor, através de novas soluções,
mo da legislatura.
à partida condições para um exercí-
com os mesmos recursos humanos e
Expectativa dos que querem e dos
cio bem sucedido do cargo político
financeiros.
que não querem a reforma da saúde.
para que agora foi designada.
Desejamos à Senhora Ministra da
Expectativa das populações, das au-
O sector de farmácias já manifestou
Saúde o maior sucesso no exercício
tarquias e das forças políticas.
à Senhora Ministra a sua disponibili-
das suas funções, em beneficio do
Expectativa das instituições de saú-
dade para colaborar activamente na
País e dos doentes.
de e, particularmente, do Serviço
reforma da Saúde em todos os domí-
Nacional de Saúde.
nios em que exerce a sua actividade.
Expectativa dos profissionais e agen-
Assinámos com o Governo, em 26
tes económicos.
de Maio de 2006, um compromisso
Acima de tudo, expectativa dos do-
político sobre a reforma no sector de
entes.
farmácias.
O nosso sistema de saúde atravessa
Esse compromisso deve ser integral-
um período difícil.
mente cumprido, conforme previsto,
Os constrangimentos financeiros são
até ao termo da actual Legislatura.
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João Cordeiro
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 91
92 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA