Farmácia Portuguesa 175

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Farmácia

Portuguesa BIMESTRAL • N°175 • MAIO/JUNHO 08

ANF

Eleita nova estrutura associativa Maria de Belém Roseira e Pedro Nunes em entrevista

30

an

19 78 •

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

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2 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


Farmácia

Portuguesa

sumário

Maio/Junho de 2008 • Ano XXX • Nº 175 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528

Editorial Editorial

5

30º aniversário da Farmácia Portuguesa 30th anniversary of Farmácia Portuguesa

6

Eleita nova estrutura associativa Elected new associative structure

8

Entrevista com Maria de Belém Roseira Interview with Maria de Belém Roseira

22

Flashes Flashes

30

PGEU debate adesão à terapêutica PGEU discusses adherence to therapy

31

Entrevista com Dr. Pedro Nunes Interview with Dr. Pedro Nunes

38

Prevenção e controlo do tabagismo Prevention and control of smoking

44

Escola de Pós-Graduação - Projecto Farmacêutico do Ano Graduation - School - Pharmaceutical Project of the year

48

Informação terapêutica ‒ O Sol Therapeutical information ‒ The Sun

52

ANF - Universo empresarial ANF - Business universe

60

Laboratório RH HR laboratory

68

Consultoria fiscal Tax consultory

74

Consultoria jurídica Law consultory

76

os

20 08

8

Dossier ESTRUTURA ASSOCIATIVA De três em três anos, os sócios da ANF são chamados a pronunciar-se sobre a estrutura associativa, elegendo as equipas que, no terreno, irão contribuir para uma maior aproximação da direcção nacional às farmácias, contribuindo para que as decisões sejam ainda mais partilhadas e sustentadas.

31

PGEU debate adesão à terapêutica São vidas que se perdem e recursos de saúde e financeiros

80

que se gastam: é esse o custo da não adesão à terapêutica, um

Corta e cola Copy and paste

85

Cursos de formação Courses

87

Reuniões e Simpósios Meetings and Simposia

88

Cartoon Cartoon

89

Desta Varanda From this balcony

an

19 78 •

ELEITA NOVA

Farmacêuticos de língua Portuguesa reunidos em Cabo Verde Pharmacists of Portuguese language meet in Cabo Verde 35

Noticiário News

30

problema que preocupa o Grupo Farmacêutico da União Europeia e que esteve recentemente na origem de um debate em Bruxelas e de uma brochura em que é assumida e comprovada a mais-valia da intervenção farmacêutico neste domínio. Iniciativas em que a experiência

90

portuguesa esteve patente.

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

3


Farmácia

Portuguesa

última hora

PROPRIEDADE

Todos juntos pela Saúde

III Congresso da Plataforma Saúde em Diálogo

DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRª MARIA JOÃO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt COORDENADORA REDACTORIAL ADJUNTA DRª ANA PATRICIA RODRIGUES Email: ana.rodrigues@anf.pt Telef. 21 340 06 50

Trabalhar em conjunto

Nacional de Saúde ‒ Mais Saúde para

é o desafio dos tem-

todos , Acessibilidade ao sistema de

pos actuais em qual-

saúde , Iliteracia em Saúde ‒ Melhor

quer sistema de saú-

informação, mais Saúde e Como po-

de e, em particular, no

demos trabalhar em conjunto são as

português. É um desa-

ideias a partir das quais a Plataforma

fio que deve compro-

propõe reflexão e debate.

meter todos os par-

Serão dois dias de interdisciplinarida-

ceiros e foi nesse pressuposto que a

de, de intercâmbio de perspectivas en-

Plataforma Saúde em Diálogo elegeu

tre pessoas posicionadas em diferentes

o tema Todos juntos pela Saúde

segmentos do sector e que, apesar de

como eixo central do seu terceiro

competências distintas, confluem num

congresso.

mesmo objectivo ‒ a Saúde.

Será em Setembro, nos dias 19 e 20,

É precisamente na diversidade que

dois dias para ouvir e interagir com

assenta a riqueza das propostas do

diversos especialistas na área da saú-

III Congresso da Plataforma Saúde em

de, mas também com os actores do

Diálogo. Mas para essa riqueza é indis-

sistema, entre autoridades, médicos,

pensável a participação dos farmacêu-

farmacêuticos, doentes e consumi-

ticos: afinal, sabem bem como é im-

IMPRESSÃO E ACABAMENTO RPO - Produção Gráfica, Lda.

dores, psicólogos, assistentes sociais

portante a interacção e a comunicação

Depósito Legal nº 3278/83

e voluntários. A reflexão será lançada

entre os diversos agentes da Saúde.

logo na conferência de abertura, su-

Os dias 19 e 20 de Setembro devem,

Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares

bordinada ao tema (In)capacidade

pois, ficar já reservados na agenda.

de trabalharmos em conjunto . E cul-

Até lá, receberão informação mais

minará na sessão de encerramento,

concreta e detalhada sobre o con-

com uma conferência que versará

gresso, sabendo que esta é uma

precisamente sobre o Modelo ideal

oportunidade de valorização indi-

para trabalharmos em conjunto .

vidual e profissional. Até porque a

Os quatro painéis em que este con-

premissa deste congresso ‒ Todos

gresso está organizado darão se-

juntos pela Saúde ‒ não se cumpre

guimento ao tema principal: Plano

sem os farmacêuticos.

4 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

PRODUÇÃO

Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 CONSULTORA COMERCIAL SÓNIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt POWERED BY Boston Media

Distribuição

FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa

www.anf.pt


editorial

30

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20 08

Nós e as tecnologias O nosso mundo da farmácia, do me-

compromete toda a ética que nos

do uma empresa de transporte que

dicamento, da saúde, vive mergulha-

sustentava.

leva a casa o que foi solicitado.

do e alimentado pela tecnologia que

Sem contacto presencial como vigiar

Estamos certos que outros portais

permanentemente evolui moderni-

a dispensa? Como conter o exagero

aparecerão disponíveis para as far-

zando-se, tornando mais acessíveis

da utilização ou a sua redução? Como

mácias uma vez que a criação e ma-

serviços e funções.

apelar, de forma convincente, ao re-

nutenção dum site actualizado com

A observação desta situação se, por

curso ao médico ou ao enfermeiro?

o respectivo ficheiro de produto

um lado fascina muitos de nós, por

No entanto, se a lei autoriza esta

completo é tarefa cara e homérica

outro complica o nosso desempe-

modalidade nada pior que ver os far-

para uma equipa isolada num ponto

nho dia-a-dia, uma vez que força, ela

macêuticos enterrarem a cabeça na

do país.

também, a uma actualização perma-

areia das lamentações deixando aos

Como quando aconteceu nos anos

nente.

outros, mal preparados, a apresenta-

80 com a informática, as tecnologias

As novas leis, dirigidas ao sector far-

ção de sites com as virtudes que a lei

e nós escolheremos o melhor cami-

macêutico, procurando liberalizá-lo

criou.

nho para nos adaptarmos e progre-

criaram um ambiente misto de ex-

O mundo farmacêutico português

dirmos.

pectativa ou iniciativa em si mesmo,

agita-se assim e já temos um grupo

cruzado de antagonismos.

de cooperativas do sul a apresentar o

Falamos hoje das vendas pela inter-

seu portal Farmácias on-line . É-nos

net aos utentes, quer em caso de

posto à disposição o trabalho de ins-

doença, quer noutras situações.

talação e manutenção dum posto na

Este modo de adquirir numa far-

internet onde os cibernautas pode-

mácia qualquer produto ou serviço

rão aceder tendo previsto e associa-

Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

5


o00s8 n a 0 2 3 1978 •

30 aniversário da Farmácia Portuguesa o

Em ano de aniversário,

Logo na revista de Maio/Junho de

anos depois, com o envolvimento ac-

Farmácia Portuguesa

1989, a propósito do lançamento do

tivos dos farmacêuticos portugueses

mercado de genéricos em Portugal, se

nos diversos órgãos e fóruns euro-

dá continuidade à

sustenta que será uma inevitabilidade.

peus e internacionais. No antecessor

A legislação parece então pronta a ser

do actual PGEU e na Eurocophar, cuja

retrospectiva iniciada

publicada, mas uma acesa polémica

presidência por João Silveira e Luís

retardou a sua divulgação. Farmácia

Teodoro, respectivamente, é desta-

Portuguesa deixa, no entanto, uma

cada cinco anos depois e classificada

vez tendo como baliza

advertência: Estamos crentes de que,

como um prestígio para todos e um

temporal o período entre

tal como aconteceu noutros países da

contributo para a maior coesão e pro-

Europa, a legislação sobre genéricos

gresso do sector na Europa.

1989 e 1993. E o que

será em breve uma realidade . A ten-

Ao longo deste período, Farmácia

dência europeia assim o determinava

Portuguesa deu sempre destaque aos

decorre da leitura dessas

e assim aconteceu.

acontecimentos científicos e profis-

Ainda sobre a Europa, a revista lamen-

sionais que tiveram cunho nacional,

tava, em editorial de Janeiro/Fevereiro

quer pela organização, quer pela

crescente da importância

desse mesmo ano, que nenhum far-

participação activa. Como o encontro

da Europa, então no

macêutico português se tivesse can-

entre a OMS e organizações de farma-

didato ao cargo de secretário-geral

cêuticos de 27 países para debater o

formato Comunidade

do Grupo Farmacêutico da CEE. É que

programa mundial Saúde para todos

Bruxelas está cada vez mais próxima

no ano 2000 , o simpósio O medi-

Económica Europeia, nas

e influente nas políticas nacionais que

camento na Europa após 1992 , no

se vão aplicar à farmácia .

âmbito da presidência portuguesa da

Esta realidade viria a mudar poucos

CEE, e a Assembleia Geral do Grupo

há dois números, desta

páginas é uma consciência

decisões nacionais. 6 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


Farmacêutico, no Funchal.

propõe-se uma reflexão em sentido

Iniciativas que fizeram reflectir sobre a

contrário, sobre as desvantagens: A

evolução da profissão: A farmácia na

farmácia é um serviço de atendimen-

Europa após 1992 terá de se orientar

to personalizado que permite pôr à

cada vez mais no âmbito do medica-

disposição da população uma equipa

mento e da saúde. Não podemos dei-

de saúde especializada. Estamos e

xar confundir a farmácia com outro

fomos preparados para atender pro-

estabelecimento. Na farmácia, a po-

dutos cujo uso envolve risco. A lógica

pulação tem de encontrar disponibili-

desse estatuto levou-nos a criar regras

dade, rigor e competência profissional

de funcionamento que nos obrigam

em ambiente próprio, absolutamente

a 24 horas de atendimento diário. Se

inconfundível .

viermos a conseguir automatizar num

Uma preocupação que se mantém

ou noutro caso esse atendimento é

actual. E que, provavelmente, esteve

porque para nós tanto o risco como o

na origem de um alerta deixado no

horário se anularam .

número de Março/Abril de 1991. Os

Estava-se em 1991 (a revista era a

leitores são convidados a olhar para

de Setembro/Outubro). Precisamente

as prateleiras, gavetas e montras das

dois anos depois, a Professora Odette

da da percentagem sobre a factura-

farmácias face à constatação de uma

Ferreira corroborava esta posição, ao

ção. Foi aprovada em Março de 1990

opção:

Um crescendo muito sen-

escrever, a propósito do lançamento

na maioria das assembleias regionais

sível da parafarmácia . Em editorial,

do programa Diz não a uma seringa

e distritais e destinava-se a dar respos-

deixam-se algumas questões: Onde

em segunda mão : Se eu quisesse

ta aos condicionalismos que domina-

marcar a fronteira do nosso território?

disciplinar com máquinas a troca de

vam a distribuição de medicamentos,

Como dividir a nossa atenção entre

seringas usadas, podem crer que não

mediante a adopção de medidas que

o essencial e o acessório? Que inicia-

me lembraria dos farmacêuticos para

reforçam a operacionalidade da ANF

tivas se devem tomar para consoli-

propor esta experiência. Ela transmite

e obrigam a um esforço proporcio-

dar melhor a imagem da farmácia? .

um sinal de solidariedade e de calor

nalmente maior a todos os que estão

Questões pertinentes então como

humano para que todos soframos

envolvidos .

agora.

menos, reduzindo o contágio . Quinze

Foi uma proposta que suscitou crí-

Preocupação semelhante foi a que

anos depois, o programa mantém-se:

ticas, com a corrente que se opunha

rodeou a colocação de máquinas de

o número de seringas recolhidas é a

a este reforço a pedir um encontro

distribuição de preservativos no ex-

prova do sucesso.

nacional . Em Novembro acabou por

terior das farmácias. Na revista ques-

As páginas da Farmácia Portuguesa

se realizar uma assembleia geral, em

tionam-se os argumentos invocados

nos cinco anos aqui em retrospecti-

que a posição da direcção saiu mais

- liberdade dos utentes, ausência de

va foram também eco de decisões

reforçada: a participação atingiu ní-

taxas e de horários e até maior como-

difíceis que os associados foram cha-

veis muito superiores aos habituais e

didade da equipa da farmácia para se

mados a tomar. Como a de votar uma

a proposta foi ratificada por maioria.

dedicar a outras tarefas. Em editorial

proposta da direcção visando a subi-

Desafios sempre os houve. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

7


dossier Participação e renovação

Eleita nova estrutura associativa

De três em três anos, os sócios da ANF

- o 14, que abarca as farmácias do con-

Serão os elementos agora eleitos que

são chamados a pronunciar-se sobre

celho da Figueira da Foz. A participação

terão assento nas assembleias gerais de

a estrutura associativa, elegendo as

dos sócios resultou numa renovação

delegados, órgão resultante de recente

equipas que, no terreno, irão contribuir

significativa, sendo que a estrutura

alteração estatutária. Enquanto plata-

para uma maior aproximação da dire-

integra agora dez equipas totalmente

forma de ligação entre as farmácias e

cção nacional às farmácias, contribuin-

renovadas (16% do total). Outras 31

os órgãos centrais da associação, a sua

do para que as decisões sejam ainda

(51%) sofreram uma ou duas altera-

participação contribui para agilizar a

mais partilhadas e sustentadas.

ções, tendo entrado 66 novos elemen-

comunicação nos dois sentidos, daqui

Assim aconteceu em Maio último. Num

tos (individualmente considerados).

resultando uma maior confluência de

acto eleitoral que decorreu com toda a

Dessa renovação são testemunho os

interesses e uma maior coesão.

normalidade, registou-se uma partici-

21 novos delegados de círculo (34%

A existência de uma estrutura descen-

pação de 68 por cento dos sócios (de

do total) e 52 novos delegados de zona

tralizada, que cobre todo o território

um total de 2576 com direito a voto),

(43%). Em vinte equipas (33%) não se

nacional, tem permitido uma maior ar-

sendo que 859 não votaram.

verificou qualquer mudança. À esma-

ticulação entre a direcção nacional e as

O escrutínio dos sócios permitiu a

gadora maioria dos círculos concorreu

farmácias, fundamental em momentos

eleição de novas equipas em 61 dos

uma lista única, com a excepção a per-

decisivos para o futuro do sector.

62 círculos que compõem a estrutura

tencer a um dos círculos do distrito de

É essa a grande virtude da estrutura,

associativa, sendo que o processo não

Portalegre, em que se apresentaram

que, desde Maio, conta com o contribu-

está ainda concluído num dos círculos

duas listas ao sufrágio dos sócios.

to activo dos seguintes farmacêuticos:

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Estreantes

António Carvalho Pinto (Portalegre) Ana Cristina Gaspar (Gaia)

Uma alternativa pela participação

Pela qualidade Foi a primeira vez que António Carvalho É a qualidade que move Ana

sempre aberta e disponível. Conta

Pinto se candidatou à estrutura associa-

Cristina Gaspar, proprietária da

com o empenho dos delegados de

tiva da ANF. Protagonizou uma candi-

Farmácia Saraiva, em Avintes (Gaia).

zona, também estreantes: Estamos

datura alternativa num círculo (39) a

Recém-eleita delegada de círculo,

os três com vontade de fazer um

que concorreram duas listas. E venceu.

defende que este é o caminho: O

bom trabalho .

Foram questões próprias do círculo ,

que interessa é trazer para a farmá-

Há dez anos na farmácia comuni-

que não especifica, que levaram o pro-

cia mais serviços de saúde, de apoio

tária, Ana Cristina Gaspar defende

prietário da Farmácia Carvalho Pinto,

ao doente, desenvolver um traba-

a formação como uma forma de

de Galveias (Portalegre) a envolver-se

lho cada vez mais farmacêutico .

alcançar a qualidade. É essa a pos-

activamente nestas eleições. Fê-lo por

Este é um caminho que se percorre

tura que adopta na sua farmácia e

entender que estava na altura de mu-

com maior participação: Nós somos

que pretende manter como dele-

dar . E o que o motiva é, essencialmen-

a base, não podemos estar sempre à

gada. E, neste domínio, considera

te, a necessidade de uma maior partici-

espera da ANF, temos de continuar

essencial apostar na comunicação,

pação dos associados na vida da ANF.

a construir a profissão . Foi com esta

no diálogo, saber comunicar com

Ao longo dos anos, houve um afasta-

postura que aceitou o desafio para

os outros sem impor ideias . Na pri-

mento muito grande dos associados.

se candidatar: Até aqui nunca tinha

meira reunião do círculo, já agen-

Houve um afastamento da discussão e

ponderado essa possibilidade, mas

dada, terá oportunidade de aplicar

ainda hoje, apesar de estar mais diluído,

considerei que nesta altura não po-

esta filosofia. Será a primeira vez em

há uma certa dificuldade em discutir as

dia ficar de fora. Tem de haver uma

que todos os farmacêuticos de Gaia

questões . Na sua opinião, as recentes

participação mais activa e temos de

se encontrarão, mas a delegada não

mudanças legislativas tiveram o efeito

ser nós próprios a constituir uma

antevê dificuldades: é um círculo

de um abanão , gerando uma maior

mais-valia na nossa profissão .

consensual. Em cima da mesa es-

participação, o que é positivo .

É esta a mensagem que se propõe

tará a elaboração dos turnos, uma

Dos membros da estrutura agora elei-

passar enquanto delegada. O círcu-

necessidade nesta altura do ano,

tos, António Carvalho Pinto espera uma

lo é grande, mas todos se conhe-

mas Ana Cristina Gaspar gostava de

atitude dinâmica na apresentação dos

cem e estão habituados a reuniões.

abordar temas como a qualidade:

problemas de cada círculo na assem-

Espera, pois, que a comunicação

Neste momento, é decisiva para

bleia-geral de delegados. Acredita que

seja fácil e, pela sua parte, afirma-se

darmos um passo em frente .

assim será possível contornar o esvaFARMÁCIA PORTUGUESA ¦

9


dossier Estreantes

Tiago Galvão Pereira (Lisboa)

Contra a concorrência pouco saudável ziamento da assembleia-geral da ANF fruto da última alteração estatutária. A sua intervenção irá, precisamente, nesse sentido: o de analisar e discutir com as farmácias os problemas específicos do círculo e apresentá-los à assembleia. É preciso ter em conta - sublinha que a realidade da farmácia não é igual em todo o país: não o reconhecer tem sido - critica - um dos graves problemas da direcção da ANF no passado recente . Exemplo dessa disparidade são os horários de

Tiago Galvão Pereira é um defensor do espírito de grupo

abertura: uma questão que foi assumida no

por oposição a estratégias concorrenciais pouco saudáveis.

Compromisso com a Saúde mas que não foi

Estratégias que, com a nova era , viu florescer no círculo

abordada com as farmácias, tendo colocado

de que agora é delegado: a freguesia lisboeta de Benfica.

problemas às do interior. É o exemplo mais fla-

Reconhece que é um cargo sempre complicado de exer-

grante, mas há outros. A direcção actuou como

cer e um pouco ingrato , mas ainda assim decidiu avançar.

se desconhecesse esta realidade . Houve falta de

É crítico da gestão agressiva, fora do espírito que a ANF

informação .

tenta incutir nos associados , que reconhece no círculo, ca-

Quanto às questões mais específicas do distrito

racterizado por escassa comunicação e participação. É este

de Portalegre, destaca a enorme dispersão geo-

estado de coisas que se propõe contrariar, defendendo

gráfica. Estão definidos dois círculos, mas a forma

que haja uma estratégia minimamente comum, mais es-

como as farmácias estão organizadas dificulta a

pírito de grupo . Porque não é necessário que a afirmação

participação. Daí que António Carvalho Pinto de-

de cada um se faça por oposição aos outros .

fenda uma reformulação dos círculos. E com esse

Viu proliferar em Benfica uma concorrência pouco saudá-

objectivo propõe-se trabalhar em conjunto com

vel, contrária aos princípios do sector . E que, em sua opi-

o outro delegado de círculo e em articulação com

nião, não é necessária: Temos de nos afirmar pela positiva,

os associados. Do seu mandato espera que con-

sempre pela prestação de serviços e cuidados, sempre pela

duza a uma maior participação dos associados,

qualidade, nunca por outros caminhos. Se mostrarmos

com liberdade para discutir todos os assuntos.

como trabalhamos, mereceremos a receptividade dos

Uma democraticidade efectiva é a meta deste

utentes .

estreante na estrutura associativa da ANF.

Para mobilizar o círculo deu já os primeiros passos. Tentou

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Continuidade João Almeida (Porto)

A oportunidade de ouvir e ser ouvido

É assim que João Almeida, da

apelativa para as pessoas, que ali

Farmácia Morena, no Porto, olha

compravam directamente. Não en-

para a sua função de delegado de

contravam porém o aconselhamen-

círculo. Candidatou-se a um se-

to próprio das farmácias e foi esta

gundo mandato por entender que

vertente da intervenção profissio-

devia dar continuidade ao trabalho

nal que fez diluir o impacto daque-

desenvolvido nos últimos três anos.

les pontos de venda. Mas era uma

Um trabalho positivo, uma expe-

realidade muito entranhada, além

riência interessante , que lhe deu

de que os comportamentos não se

a oportunidade de transmitir aos

mudam de um dia para o outro.

colegas o seu ponto de vista sobre

Actualmente, a tarefa do delega-

a evolução do modelo de farmácia,

do é criar estímulos para mobilizar

mas também de levar até aos ór-

as farmácias. Uma tarefa que João

uma reunião plenária, mas não foi

gãos de cúpula da ANF as preocu-

Almeida assume pela segunda vez,

bem sucedido, pelo que enveredou

pações dos associados.

depois de um primeiro mandato

pelos contactos pessoais com o in-

Do círculo por que é responsável

muito peculiar, quase revolucio-

tuito de auscultar os colegas, per-

(um dos dois do distrito do Porto)

nário , marcado por sucessivas al-

ceber as suas ideias, o que os leva

diz que não difere dos demais na di-

terações legislativas. Espera agora

a tomar determinadas decisões e,

ficuldade de mobilizar as farmácias.

que haja espaço para outro tipo de

a partir daí, definir uma estratégia

Uma dificuldade que talvez seja

intervenção, nomeadamente para

comum. Sabe que terá de vencer

maior nas grandes cidades, onde há

conhecer melhor as mais de 60 far-

resistências, mas não vai desistir de

menos interacção com a comunida-

mácias do círculo.

unir as farmácias em torno da qua-

de, um menor contacto social com

É um trabalho que desenvolve,

lidade.

os utentes, o que poderá tornar as

como todos os delegados, paralela-

É o contributo que gostaria de dei-

farmácias mais reservadas no seu

mente à sua actividade profissional,

xar nos três anos de mandato. Até

espaço . No Porto há particularida-

mas que compensa. Porque sente

porque a ANF fornece tudo o que

des que levam tempo a extinguir.

que é uma voz ouvida, que a direc-

é preciso para trabalharmos bem.

Durante décadas, proliferaram pe-

ção da associação acolhe as pro-

É uma questão de querermos .

quenos armazenistas que faziam

postas e apoia os delegados. Não

Espera que haja receptividade e

descontos com que as farmácias

esconde que gostava de intervir

compreensão para as suas propos-

não podiam concorrer, dado que

mais , mas reconhece que a direc-

tas: Se sentir que perceberam a

as margens de comercialização são

ção tem de ter um olhar mais global

mensagem e que passaram à práti-

fixas. Era uma actividade ilegal, mas

do que particular .

ca já será um sucesso . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 11


dossier Continuidade Marília Teixeira Lopes (Mirandela)

Maria Paula da Silva (Quarteira)

Remar todos para o mesmo lado

Um elemento aglutinador

Há já 16 anos que Marília Teixeira Lopes, proprie-

O círculo por que Maria Paula

Silva, proprietária da farmácia

tária da Farmácia da Ponte, em Mirandela, integra

da Silva é delegada estende-se

de Quarteira a que emprestou

a estrutura associativa da ANF. Como delegada

de Loulé a Vila Real de Santo

o nome, atesta que, sempre que

de zona ou de círculo, fá-lo, nas suas próprias

António. E, além da distância

existem problemas relevantes a

palavras, por amor à camisola e por considerar

geográfica, compreende uma

discutir e sempre que há neces-

fundamental que haja um elo de ligação entre

grande diversidade de reali-

sidade de tomar decisões rapida-

os órgãos centrais da associação e as farmácias.

dades, englobando farmácias

mente, consegue uma boa mobi-

Como delegada, o seu contributo visa a união

urbanas e farmácias rurais, far-

lização. Nas mais das vezes, para

das farmácias. É que não pode andar cada uma

mácias do interior e farmácias

abordar questões particulares,

a remar para seu lado , sobretudo em momentos

do litoral. Com necessidades e

opta por reuniões parcelares.

de agitação como os mais recentes. Sente que as

anseios diferentes, muitos de-

É certo que há momentos mais

farmácias se estão a aperceber da importância de

les nascidos da sazonalidade

complicados - como os que

estarem unidas, em defesa de interesse que são

própria de uma região turística

decorreram das recentes al-

comuns.

como o Algarve.

terações legislativas e da con-

Esta união assume contornos particulares em

É destas farmácias que se pro-

sequente estratégia da ANF -

Mirandela, círculo em que abriram recentemente

põe ser um elemento aglutina-

mas é perfeitamente possível

quatro parafarmácias. É um movimento contrário

dor , capaz de envolver as pes-

conciliar a função de delegada

ao que acontece em Bragança, sede do segun-

soas e merecedor de confiança.

com a actividade profissional.

do círculo do distrito, e que leva Marília Teixeira

Por isso se recandidatou a novo

A ligação é fácil , tanto com

Lopes a defender a união como resposta ao mer-

mandato, com uma equipa de

as farmácias do círculo como

cado. É para esta ideia que procura mobilizar as

delegados de zona semi-reno-

com os órgãos centrais da

farmácias, fomentando, nomeadamente, a par-

vada: um dos elementos é re-

associação: Tem havido uma

ticipação nas reuniões que propõe. Uma tarefa

cém-chegado, o outro entrou

boa articulação em ambos os

difícil, como reconhece. Não é que haja atritos ou

nas eleições anteriores. E recan-

sentidos. Para os próximos três

desacordos significativos, mas são poucos os que

didatou-se porque considera

anos, o objectivo é continuar o

comparecem. Talvez algum comodismo o justifi-

importante que os associados

trabalho desenvolvido, no sen-

que, talvez a distância - a delegada recorda que,

participem na vida da ANF.

tido da ajuda mútua para ultra-

apesar da melhoria de acessos, ainda há distân-

Defende mesmo que devem

passar as dificuldades e vencer

cias demasiadas a percorrer.

sentir necessidade de partici-

os desafios: Espero conseguir

Ainda assim, gostava de encontros mais partici-

par: afinal, trata-se de um mo-

manter esta aglutinação, este

pados. Esse é um objectivo para o qual conta com

vimento associativo que não faz

envolvimento. Porque é impor-

as duas delegadas de zona, novas na estrutura e

sentido sem participação.

tante estarmos todos juntos na

que - acredita - irão conferir uma nova dinâmica

O interesse não tem faltado

defesa dos nossos interesses e

ao círculo.

no seu círculo. Maria Paula da

do nosso futuro .

12 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


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Passagem de Testemunho

Isabel Laranjeira Pais (Leiria)

Pensar colectivamente A importância de pensar colecti-

fui passando à medida que essa

que facilita muito a resolução dos

vamente. Esta é a mensagem que

convicção se ia interiorizando , su-

problemas .

Isabel Laranjeira Pais deixa ao seu

blinha a proprietária da Farmácia

Questões pessoais - animicamen-

sucessor como delegado de círcu-

Laranjeira Pais, em Amor, distrito

te não estava em condições - le-

lo por Leiria. Uma mensagem que

de Leiria.

varam-na a considerar chegado o

retira da sua experiência de muitos

É que criticar é fácil, andar para a

momento de abrandar. E decidiu

anos - pelo menos 12 - na estrutura

frente é mais difícil .

passar o testemunho, até porque

associativa da ANF.

E para avançar entende que é ne-

esta é uma excelente altura, em

Quando entrou - recorda - não sa-

cessário espírito de trabalho colec-

que há muito sangue novo a entrar

bia muito bem ao que ia , mas en-

tivo , um espírito que procurou cul-

no sector . Está, no entanto, de

tendeu ser importante assumir uma

tivar nos sucessivos mandatos que

coração aberto para apoiar a nova

posição na associação, conhecer o

assumiu: Com bastante dedicação,

equipa, gente jovem que vai fazer

funcionamento, as motivações, a

sempre procurei unir o grupo, levar

o futuro .

estratégia.

as pessoas a terem noção do seu

Espera contagiar os novos delega-

Um conhecimento que a ajudou

posicionamento a nível profissional

dos com o seu entusiasmo, sabendo

a relativizar as críticas e a chegar

e da importância do envolvimento

embora que vão exercer o mandato

à conclusão de que o presidente

colectivo .

num contexto diferente, em que as

da direcção, João Cordeiro, é um

Foi uma experiência enriquecedo-

mudanças são constantes. Mas, por

homem de visão : Mesmo que no

ra, sobretudo ao nível das relações

isso mesmo, a imagem da farmá-

momento não se abarque tudo, a

humanas:

Aprendi a saber lidar

cia tem de ser muito preservada :

realidade acaba por lhe dar razão .

com as pessoas, a encontrar a pa-

Temos de estar unidas para que

Foi sempre esta mensagem que

lavra certa para a pessoa certa. O

possamos vencer as dificuldades .

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13


dossier Passagem de Testemunho Madalena Nunes de Sá (Guimarães)

Temos de dar provas. Não basta ter mais serviços, é importante avaliar e medir, pois muitas vezes não chegamos a ter a noção do verdadeiro valor da nossa actividade . A Farmácia de Oficina não foi a pri-

delegada - primeiro distrital, depois

conferir mérito à direcção nacional:

meira paragem do percurso profis-

de círculo - , nove dos quais acumu-

É uma direcção mobilizadora. Se

sional de Madalena Nunes de Sá.

lando a presidência da Delegação

tivéssemos uma associação que se

Aqui chegou na década de 80, depois

Norte da associação.

limitasse a mandar-nos papéis não

de uma passagem pelas Análises

Desse tempo - afirma - só tem boas

teríamos evoluído tanto.

Clínicas que a levou, inclusive, a inte-

experiências: Aprendi muito . E viu

Mas a direcção nacional está muito

grar a direcção do respectivo Colégio

crescer um projecto associativo com

consciente dos desafios, tem tido a

da especialidade na Ordem dos

o qual se identificou desde a primeira

capacidade de ver ao longe, de ante-

Farmacêuticos.

hora: Houve uma grande evolução.

cipar o futuro .

Quando assumiu a Farmácia Nunes

A associação está completamente

É certo que, ao longo dos anos, foi pre-

de Sá, em Fermentões (Guimarães)

diferente e os próprios farmacêuticos

ciso enfrentar dificuldades, até porque

deixou-se de imediato entusiasmar

mudaram. Estão mais conscientes do

a evolução dos conhecimentos e das

com o projecto associativo da ANF.

seu papel na sociedade .

práticas é muito rápida: Mas temos de

De tal modo que durante 14 anos foi

Neste salto qualitativo não hesita em

estar preparados para o progresso, não

14 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


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O êxito não é uma dádiva, conquista-se nos podemos acomodar, temos de nos

tinuidade que recebeu um círculo

da da estrutura associativa, não vai

adaptar à nova realidade .

mais participativo do que a maioria,

abdicar da participação. Nem de con-

É preciso aproveitar as oportunida-

onde as farmácias são unidas . Para

tribuir - na sua farmácia e no círculo

des e usar as dificuldades para avan-

esta união contribui o facto de mui-

- para a união, a defesa dos princípios

çar. Há que evoluir, reflectir e agir

tos farmacêuticos serem, além de

conducentes à dignificação da farmá-

depois de reflectir . Estas são, em seu

colegas, amigos, o que proporciona

cia. Reconhece que o contexto actual

entender, características de um sec-

oportunidades de discussão dos te-

não é de facilidades , mas sustenta

tor que sabe que o êxito não é uma

mas que interessam ao sector. Este

que há oportunidades para avançar

dádiva, conquista-se com mudança e

hábito de participação facilita o tra-

e conseguir que a farmácia tenha

até com sacrifícios .

balho do delegado, mas Madalena

mais protagonismo .

Foi esta postura que Madalena Nunes

Nunes de Sá defende que até para

Os novos serviços são disso um

de Sá imprimiu à sua intervenção na

participar é preciso aprendizagem:

exemplo: Temos de dar provas. Não

dupla qualidade de delegada e pre-

Tem de haver um esforço inicial, de

basta ter mais serviços, é importan-

sidente da delegação. Com as farmá-

contactos mais directos. Depois, uns

te avaliar e medir, pois muitas vezes

cias do círculo sempre manteve uma

vão puxando pelos outros .

não chegamos a ter a noção do ver-

boa relação, muito embora reconhe-

E comparecem. É também a expe-

dadeiro valor da nossa actividade . E

ça que há uma atitude regionalista

riência que retém de nove anos à

é preciso que as farmácias se voltem

própria dos nortenhos que se revela

frente da Delegação do Norte da

mais para o exterior, para a comuni-

na profissão, como nos demais domí-

ANF. Orgulha-se de ter conseguido

dade, adoptando uma atitude activa

nios da vida. Não é, contudo, uma ati-

imprimir uma dinâmica grande, com

perante as instituições.

tude que subscreva: É uma realidade

eventos a suscitarem uma recepti-

Madalena Nunes de Sá é uma pes-

mas não a podemos valorizar. O país

vidade tal que, uma vez, chegou às

soa optimista. Considera mesmo o

é pequeno, temos de ter confiança

1200 inscrições. É quase impensá-

optimismo como uma condição para

uns nos outros .

vel , comenta.

evoluir. Acredita que o futuro dos far-

Catorze anos depois, decidiu dar lu-

Também com a direcção manteve

macêuticos depende deles próprios:

gar aos novos. Fê-lo por razões de

sempre um relacionamento

ópti-

Não valorizo as coisas fáceis , justifi-

índole pessoal, mas deixa o círculo

mo , assente na transparência e na

ca, para retomar a ideia de que o êxi-

bem entregue, a uma equipa de con-

frontalidade. Agora que está afasta-

to não é uma dádiva, conquista-se. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 15


dossier Estrutura Associativa AVEIRO CÍRCULO 1, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Abel de Oliveira Lemos G. Novo, Farmácia Lemos, AVEIRO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Mário José das Neves Pereira, Farmácia Central, AVEIRO Delegada zona 2 Dra. Grácia Maria Vieira Rodrigues, Farmácia Rodrigues, OLIVEIRA DO BAIRRO CÍRCULO 2, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. José Alberto Mingocho Pinto Correia, Farmácia Higiene, ESPINHO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Carlos Jorge Silva Machado, Farmácia Machado, ESPINHO DELEGADA ZONA 2 Dra. Isabel Alexandra da Silva Costa, Farmácia Areal, SANTA MARIA DA FEIRA CÍRCULO 3, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. António Belmiro Gomes Pais, Farmácia Confiança, ALBERGARIA-AVELHA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Afonso Henriques Batista, Farmácia Afonso Henriques, ÁGUEDA DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Vitor Manuel de Brito A. T. de Sousa, Farmácia Brandão Alves, AROUCA

BEJA CÍRCULO 4, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. José Orlando Fernandes Salgado, Farmácia Salgado, FERREIRA DO ALENTEJO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José Manuel Marujo Grazina, Farmácia Carapinha do Ó, BEJA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Violante M. Coelho Janeiro, Farmácia Faria, MOURA 16 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

CÍRCULO 5, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Carlos Manuel Pancada Neves, Farmácia Ramos, ALMODÔVAR DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Margarida Isabel C. Silva Costa, Farmácia Popular, ODEMIRA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria João Campos Nisa Pereira, Farmácia Aurea, ALMODÔVAR

BRAGA CÍRCULO 6, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Carlos Alberto de Sá Esteves, Farmácia Lima, BRAGA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Carlos Miguel Pires F. R. Coimbra, Farmácia Adaúfe, BRAGA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria de Fátima G. L. Ribeiro Barbosa, Farmácia Mota, VILA VERDE CÍRCULO 7, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Fernando José Carreira Saraiva Monteiro, Farmácia Barbosa, GUIMARÃES DELEGADO DE ZONA 1 Dra. Heliana Jorge Fernandes P. Rodrigues, Farmácia Vieira de Castro, GUIMARÃES DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Rui Pedro Neves Ferreira, Farmácia Neves Ferreira, CELORICO DE BASTO CÍRCULO 8, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Carlos Jorge Figueiredo Ferreira, Farmácia Gavião, VILA NOVA DE FAMALICÃO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Hélder Filipe Sousa Mesquita, Farmácia da Estação, VILA NOVA DE FAMALICÃO DELEGADO DE ZONA 2 Dra. Ana Paula Carvalho Cruz e Silva, Farmácia Ana Silva, ESPOSENDE

BRAGANÇA CÍRCULO 9, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Manuel dos Santos Henriques, Farmácia Bem Saúde, BRAGANÇA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Manuela Claro Casado, Farmácia Casado, VINHAIS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Ana Maria Vaz Gonçalves, Farmácia Barreira, VIMIOSO CÍRCULO 10, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Marilia Teixeira Lopes, Farmácia da Ponte, MIRANDELA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Raquel de Sá Miranda Moreno, Farmácia Moderna, MACEDO DE CAVALEIROS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Isabel Maria R.S. da Luz , Farmácia Rainha, CARRAZEDA DE ANSIÃES

CASTELO BRANCO CÍRCULO 11, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Jorge Manuel da Rocha Augusto, Farmácia Nuno Álvares, CASTELO BRANCO DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Emília da Piedade Pereira R. M. Barata, Farmácia Pereira Rebelo, CASTELO BRANCO DELEGADO DE ZONA 2 Dr. João Miguel Martins da Costa Baptista, Farmácia Farinha, SERTÃ CÍRCULO 12, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Carlos Alberto Gama Tavares, Farmácia São Cosme, COVILHÃ DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Mário Julio Leal da Cunha Gil, Farmácia Cunha Gil, PENAMACOR DELEGADO DE ZONA 2 Dr. João Augusto Faria Figueiredo Fonseca, Farmácia Pedroso, COVILHÃ


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COIMBRA CÍRCULO 13, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Luis Miguel de Figueiredo Silvestre, Farmácia de Celas, COIMBRA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Isabel Belchior, Farmácia Silcar, COIMBRA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Filomena Pereira da Cruz Miraldo, Farmácia Miraldo, CANTANHEDE CÍRCULO 14, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dra. Alexandra Margarida Caldeira Sousa A. Macedo, Farmácia Brito, FIGUEIRA DA FOZ DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Margarida Maria Henriques Pinheiro, Farmácia Faria, FIGUEIRA DA FOZ DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Helena Borges Coutinho Fontão, Farmácia Vinha da Rainha, SOURE CÍRCULO 15, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Paula Inês Moreira Dinis, Farmácia Alva, ARGANIL DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Estela A. Ferreira de Sousa, Farmácia Ferreira, COIMBRA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Jose da Silva Bolas Carniça, Farmácia Simões Ferreira,TÁBUA

ÉVORA CÍRCULO 16, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. José António Dias Ribeiro, Farmácia Ribeiro, VENDAS NOVAS DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Manuel Fradinho Branco, Farmácia Branco, ÉVORA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Mara Sofia Inácio P. Guerreiro, Farmácia Fialho, PORTEL CÍRCULO 17, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Rui Manuel Morgado Aparício,

Farmácia Central, MOURÃO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José Manuel Pereira Moreira, Farmácia Moreira, ARRAIOLOS DELEGADO DE ZONA 2 Dra. Maria Dulce Miranda S. C. Gonçalves, Farmácia Alandroalense, ALANDROAL

FARO CÍRCULO 18, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Paula Gonçalves Lopes da Silva, Farmácia Maria Paula, LOULÉ DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Lucia Fernandes dos Santos, Farmácia Crespo Santos, FARO DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Jorge Afonso Ferreira Santos, Farmácia S. Brás, SÃO BRÁS DE ALPORTEL CÍRCULO 19, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. José Carlos Nunes Duarte, Farmácia Rosa Nunes, PORTIMÃO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José Manuel da Silva Furtado, Farmácia Moderna, MONCHIQUE DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Tiago Miguel dos Santos Pinto, Farmácia Santos Pinto, ALBUFEIRA

GUARDA CÍRCULO 20, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dra. Maria João Tavares Madeira Grilo, Farmácia da Sé, GUARDA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Arlete Santos dos Anjos, Farmácia Anjos, GUARDA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Carolina Maria Ferreira dos S. Mosca, Farmácia Central, SABUGAL CÍRCULO 21, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Ana Paula F. P. Cardoso Fernandes, Farmácia Manaia, SEIA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Isabel Maria Amaral Coelho, Farmácia Central, GOUVEIA

os

20 08

DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Raquel Milheiro Canhão André, Farmácia Moderna, VILA NOVA DE FOZ CÔA

LEIRIA CÍRCULO 22, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Dulce Helena C. Esperança Caçador, Farmácia Dulce Caçador, LEIRIA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Cristina Clara da Fonseca de Sousa, Farmácia Higiene, LEIRIA DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Carlos Alberto Perez Pereira, Farmácia Baeta Rebelo, PEDRÓGÃO GRANDE CÍRCULO 23, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Manuel Eugénio Branco Lisboa, Farmácia Branco Lisboa , CALDAS DA RAINHA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Isabel Teresa Ribeiro Santos Laborinho, Farmácia Sousa, NAZARÉ DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Teresa S. Belga de Oliveira, Farmácia Oliveira, ÓBIDOS

LISBOA CÍRCULO 24, ZONA 1 E 2

DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Tiago Galvão Alves Pereira, Farmácia Benfica, LISBOA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Alexandra O. C. T. F. Vaz Pereira, Farmácia Vitex, LISBOA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Rosa Maria Pereira Dâmaso, Farmácia Zenel, LISBOA CÍRCULO 25, ZONA 1 E 2

DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Ana Celeste Martins Farinha Gil, Farmácia Cartaxo, LISBOA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Madalena Vieira Neves, Farmácia Algarve, LISBOA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Teresa Paiões Lourenço, FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 17


dossier Farmácia do Largo, LISBOA CÍRCULO 26, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Isaura de Almeida Gonçalves Martinho, Farmácia de Marvila, LISBOA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Margarida Maria da Silva Vasconcelos, Farmácia Costa Borges, LISBOA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria do Rosário Costa de Brito da Mana, Farmácia Nobel, LISBOA CÍRCULO 27, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria do Rosário B. S. Quintans Mota Capitão, Farmácia Paiva da Costa Lda., LISBOA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José António Janeiro Fialho, Farmácia Aurélio Rego, LISBOA DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Pedro Miguel Mendes Martins, Farmácia Bom Sucesso, LISBOA CÍRCULO 28, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Glória Maria Miranda Vilas Boas, Farmácia Príncipe Real, LISBOA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Soraia Emerciana Pereira e Costa, Farmácia Estácio, LISBOA DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Filipe João Faustino Duarte, Farmácia Braancamp, LISBOA CÍRCULO 29, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Filomena da Fonseca Ferraz Leal, Farmácia Colonial, LISBOA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Filipe Miguel Esteves Murcho, Farmácia Bastos de Andrade, LISBOA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Cristina de Sousa A. M. Simões, Farmácia Castro, LISBOA CÍRCULO 30, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria dos Anjos C. G. Mendes Gomes, Farmácia Campos Gomes, TORRES VEDRAS 18 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Lídia Maria de Almeida Rocha R. Dias, Farmácia Rocha Dias, TORRES VEDRAS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Fátima Jorge Santos, Farmácia Oliveira e Silva, MAFRA CÍRCULO 31, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria de Fátima C. Baião Santos, Farmácia Baião Santos, SINTRA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Teresa Miranda Garcia, Farmácia Tereza Garcia, SINTRA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Isabel Maria da Silva Duarte, Farmácia Silva Duarte, SINTRA CÍRCULO 32, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Manuel Mourão Grincho, Farmácia Grincho, CASCAIS DELEGADA DE ZONA 1 Dr. João Godinho da Silveira, Farmácia do Rosário, CASCAIS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Lúcia Maria Castanheira Fontes Rocha, Farmácia Fontes Rocha, CASCAIS CÍRCULO 33, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Marta Adelina Almeida R. Pinto, Farmácia Marta, OEIRAS DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Gertrudes M. C. F. S. Pinto, Farmácia Santa Sofia, OEIRAS Delegada de zona 2 Dra. Mª de Lurdes Pereira C. Gameiro, Farmácia Dias, OEIRAS CÍRCULO 34, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Manuela B. Nunes Bastos, Farmácia Nunes, AMADORA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Nuno Alexandre A. Machado, Farmácia Helénica, AMADORA DELEGADO DE ZONA 2 Dra. Lucia Martins Leal M. Pinto, Farmácia D. Joao V, AMADORA

CÍRCULO 35, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Helena Maria Nunes Gonçalves Lages, Farmácia do Prior Velho, LOURES DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Ana Maria da Costa Regadas Pires, Farmácia Nova de Loures, LOURES DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Miguel Neto Portugal Ramalho Eanes, Farmácia Central, LOURES CÍRCULO 36, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Clara M. O. Leitão Ribeiro, Farmácia Leitão Ribeiro, ODIVELAS DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José Augusto Parreira Cardoso, Farmácia de Famões, ODIVELAS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria do Carmo Lourenço, Farmácia Santo Adrião, ODIVELAS CÍRCULO 37, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Gabriela Onofre M. Plácido, Farmácia Botto e Sousa, VILA FRANCA DE XIRA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Dora Maria Simão Miranda, Farmácia Miranda, AZAMBUJA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Marta Raquel Torres Salgueiro Baço, Farmácia do Forte, VILA FRANCA DE XIRA

PORTALEGRE CÍRCULO 38, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. André Alexandre Ladeiro Barrigas, Farmácia Freixedas, CASTELO DE VIDE DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Luzia Maria Filipe Valente Nabais, Farmácia Portalegrense,PORTALEGRE DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Alexandre António Mendes Raposeira, Farmácia Mendes, GAVIÃO CÍRCULO 39, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. António João Carvalho Pinto,


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an

19 78 •

Farmácia Carvalho Pinto, PONTE DE SOR DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Manuela de Santana Maia Leonardo, Farmácia Vaz, FRONTEIRA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Céu Silva Franco Fernandes, Farmácia Lux, ELVAS

PORTO CÍRCULO 40, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Alexandre Teixeira de Almeida, Farmácia Moreno, PORTO DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Mª da Conceição C. P. Carvalho Moreira, Farmácia de Santa Teresa, PORTO DELEGADO DE ZONA 2 Dr. Ricardo Augusto de Sousa V. Silva Alves, Farmácia Firmeza, PORTO CÍRCULO 41, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Alberto C. Correia da Silva, Farmácia Alves da Silva, PORTO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. António Manuel Andrade Seguro Pereira, Farmácia Vasques, PORTO DELEGADO DE ZONA 2 Dra. Maria Manuela Pinto Santos Silva, rmácia Cosme Suc., PORTO CÍRCULO 42, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Cristina Maria Moutinho Marques, Farmácia Marques Ramalho, PÓVOA DE VARZIM DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Ana Cristina Ramos Neves Pinho, Farmácia Pinho, VILA DO CONDE DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Francisco Manuel Cardoso de Faria, Farmácia Faria, SANTO TIRSO CÍRCULO 43, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria da Graça Bessa Cardoso, Farmácia Maria Adelaide, PAREDES DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Angelina Alves Castro Neves, Farmácia Castro, GONDOMAR

DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Raquel Maria Barros da Silva Tavares, Farmácia Confiança, PAREDES CÍRCULO 44, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Ana Cristina Clarkson Gaspar, Farmácia Saraiva, VILA NOVA DE GAIA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. António Alberto Lopes Alves Prata, Farmácia Couto, VILA NOVA DE GAIA DELEGADO DE ZONA 2 Dr. José Júlio da Silva Canedo, Farmácia Gândara, VILA NOVA DE GAIA CÍRCULO 45, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria de Lourdes Martins Vieira. Farmácia Cruzeiro, MATOSINHOS DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Alfredo Lopes Veloso de Azevedo, Farmácia Lopes Veloso, MATOSINHOS DELEGADO DE ZONA 2 Dra. Irundina Maria de Moura Agante, Farmácia das Guardeiras, MAIA CÍRCULO 46, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Manuel Chaves Ribeiro, Farmácia Ribeiro, MARCO DE CANAVESES DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Helena da Conceição Lopes Freitas, Farmácia Helena Freitas, FELGUEIRAS DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Paula Maria Azevedo A. F. Carvalho, Farmácia Confiança, PENAFIEL

SANTARÉM CÍRCULO 47, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. João Pedro Pinto Gonçalves Nogueira, Farmácia Confiança, SANTARÉM DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Fernanda Maria Vieira L. Batista Ramos, Farmácia Ereirense, CARTAXO DELEGADA DE ZONA 2 Dr. José Emílio Batista de Almeida

os

20 08

Campos Coroa, Farmácia Higiene, ALMEIRIM CÍRCULO 48, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Ana Maria Bento M. Melo D. Santos, Farmácia Santos, ABRANTES DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria do Rosário S. F. F. S. Trincão, Farmácia Sousa Trincão, ABRANTES DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Manuela Maria Ferreira da Silva Quartau, Farmácia Manuela, OURÉM CÍRCULO 49, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Margarida Valério de Oliveira, Farmácia Oliveira, VILA NOVA DA BARQUINHA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Mª Cristina B. M. Cabeça G. Cabral, Farmácia Joaquim Maria Cabeça, CHAMUSCA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Paula Cristina Duarte Vieira, Farmácia Moderna, ALCANENA

SETÚBAL CÍRCULO 50, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Valter Manuel da Conceição Gomes, Farmácia Marques, SETÚBAL DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Lucília Ramos Farinha Pascoal, Farmácia Farinha Pascoal, SETÚBAL DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Jorge Paulo B. Monteiro Telhada, Farmácia Monteiro Telhada, SINES CÍRCULO 51, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Isabel Maria Brás da Silva, Farmácia Braz da Silva, ALMADA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Gonçalo Gouveia Martins Paulino, Farmácia Central, ALMADA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Gabriela Vaz do Nascimento, Farmácia Vale de Figueira, ALMADA CÍRCULO 52, ZONA 1 E 2 FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 19


dossier DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria da Graça R. S. Rebelo de Campos, Farmácia do Vale, MOITA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Ana Paula Gomes Teixeira, Farmácia Teixeira, MOITA DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Manuela Pinho Póvoas Godinho, Farmácia Povoas, ALCOCHETE CÍRCULO 53, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Maria Filipa Duarte Ramos Carmona, Farmácia do Vale, SEIXAL DELEGADO DE ZONA 1 Dr. António Nobre Guerreiro, Farmácia Nobre Guerreiro, SEIXAL DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Ana Rita Madureira Tavares Pereira, Farmácia Centro Farmacêutico, Lda, PALMELA

VIANA DO CASTELO CÍRCULO 54, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Domingos Manuel Carvalho Costa, Farmácia das Neves, VIANA DO CASTELO DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Anabela Bartilotti de Almeida, Farmácia Central, VIANA DO CASTELO DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Manuel Correia da Lage, Farmácia Correia Lage, VIANA DO CASTELO CÍRCULO 55, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. Luis Filipe Martins Alves da Silva, Farmácia do Mosteiro, PONTE DE LIMA DELEGADO DE ZONA 1 Dr. Paulo Manuel de Pina Vaz Sousa, Farmácia Central, ARCOS DE VALDEVEZ DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Isabel Soares Casimiro Afonso, Farmácia Moderna, VALENÇA

20 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

VILA REAL CÍRCULO 56, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Suzana Margarida Branco Ribeiro Farmácia Almeida, VILA REAL DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Manuela Tuna Ferreira, Farmácia Tuna Ferreira, VILA REAL DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Rosa Paula da Silva Files, Farmácia Paula Files , CHAVES CÍRCULO 57, ZONA 1 E 2 DELEGADO DE CÍRCULO Dr. José Manuel Morais Barata, Farmácia Douro, SANTA MARTA DE PENAGUIÃO DELEGADA DE ZONA 1 Dr. Fernando José Dias Pinto Rodrigues, Farmácia Arrochela, PESO DA RÉGUA DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Rogério Manuel Barroso Martins, Farmácia Martins, VILA POUCA DE AGUIAR

VISEU CÍRCULO 58, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Lucilia Manuela de Oliveira Ribeiro Simões, Farmácia Confiança, VISEU DELEGADA DE ZONA 1 Dr. António Carlos Saraiva Cabral Costa, Farmácia Sousa Pais, VISEU DELEGADA DE ZONA 2 Dr. Hugo Emanuel Serrano Faustino Ângelo, Farmácia S. Miguel, TONDELA CÍRCULO 59, ZONA 1 E 2 DELEGADA DE CÍRCULO Dra. Isabel Maria Sacadura de Alvão Serra, Farmácia da Misericórdia Santo António, SÃO PEDRO DO SUL DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Cristina M. S. e Melo Inocêncio, Farmácia Mota, SERNANCELHE

DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Maria Eugénia de Castro Pais Rito, Farmácia Eugénia Rito, SÃO PEDRO DO SUL

AÇORES CÍRCULO 60, ZONA 1 E 2 DELEGADO REGIONAL Dr. José Aires Vasconcelos Raposo, Farmácia Vasconcelos Raposo, PONTA DELGADA DELEGADA DE ZONA 1 Dra. Maria Filomena Almeida Borges da Ponte, Farmácia Borges da Ponte, RIBEIRA GRANDE DELEGADA DE ZONA 2 Dra. Margarida da Graça T. de Sousa, Farmácia Açoreana, PONTA DELGADA CÍRCULO 61, ZONA 1 DELEGADA REGIONAL Dra. Maria Jacinta Goulart Lemos de Menezes, Farmácia Menezes, ANGRA DO HEROÍSMO DELEGADO DE ZONA 1 Dr. José Guilherme Lopes Martins Janeiro, Farmácia Picoense, SÃO ROQUE DO PICO

MADEIRA CÍRCULO 62 DELEGADOS REGIONAIS Dra. Maria Beatriz Conceição M. Fernandes, Farmácia Fernandes, FUNCHAL Dra. Maria Fátima Figueira B. A. Gomes, Farmácia Lobos Mar, CÂMARA DE LOBOS


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21


entrevista Um tempo para o di diálogo logo e um tempo para decidir Ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira

É a causa pública que a motiva, quer na intervenção cívica, quer na vida políticopartidária. Em entrevista, faz uma retrospectiva sobre o seu mandato na Saúde para defender uma cultura da responsabilidade e lamentar que não haja a estabilidade necessária para que as reformas perdurem.

parlamen-

Farmácia Portuguesa (FP) - Foi mi-

financiamento em que foi possível,

tar, Maria de Belém Roseira elege

nistra da Saúde entre 1995 e 1999.

apesar disso, lançar um conjunto de

com orgulho as leis da Procriação

Que marcos elege como mais signi-

reformas que só agora estão a conhe-

Medicamente Assistida e do Tabaco.

ficativos do seu mandato?

cer o seu desenvolvimento.

De fora desta entrevista ficaram ques-

Maria de Belém Roseira (MBR) - Um

Foi possível marcar uma viragem

tões mais controversas da actualidade

mandato num ministério como o da

importante na forma de estar, desig-

legislativa: uma posição que justifica

Saúde é de tal forma intenso que se

nadamente a nível dos serviços pú-

com o respeito institucional devido

recordam quase todos os momentos.

blicos. Destaco, em primeiro lugar, o

a todos os que representa enquanto

Mas considero que foi um ministério

pensamento estratégico, em segun-

presidente da Comissão de Saúde.

marcado por muitas restrições de

do, uma cultura de responsabilidade

Do

22 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

seu

desempenho


30

an

19 78 •

através da contratualização e, em

Sabemos

que

qualquer

mudan-

garantir alguma estabilidade para

terceiro, uma abordagem dos recur-

ça suscita reacção em todo o lado,

que as reformas tenham tempo de

sos humanos como um recurso prio-

mas mais num país que tem medo

assentar.

ritário, a partir do que se definiram

de partir para aquilo que conside-

remunerações assentes na produção

ra o desconhecido. Não fazemos

FP - Um mandato de quatro anos

em qualidade e em quantidade ajus-

jus à nossa História: um povo dos

não é suficiente?

tada a incentivos.

Descobrimentos não deveria ter

MBR - É suficiente para levar a cabo

Outra marca que também considero

medo do desconhecido, mas a ver-

um conjunto de políticas, mas pode

essencial foi a modernização da ges-

dade é que reagimos bastante e com

não ser suficiente para dar continui-

tão pública através quer dos sistemas

muito receio a qualquer alteração.

dade às acções. É difícil conseguir em

locais de saúde, quer da alteração do

É, pois, preciso demonstrar que a

quatro anos, e sobretudo na época

estatuto dos hospitais, quer ainda

mudança dá bom resultado. Daí que

que foi, de fortíssima contestação,

das novas unidades de saúde fami-

as experiências tenham de ser limita-

que as reformas tivessem produzido

liar, com experimentação no terreno

das, controladas e avaliadas. E, nesse

efeitos para além da dimensão de te-

por via dos projectos alfa, uma pos-

sentido, penso que se produziu no

rem constituído projectos inovadores.

tura diferente nos cuidados de saúde

meu mandato um trabalho muito

Na minha opinião, há projectos que

primários.

importante.

acabaram e que não deviam ter aca-

Houve, desde o princípio, a noção de

O que acontece é que, em áreas

bado. É o caso da contratualização:

que a Saúde, pela sua especificidade

como a Saúde, em que as alterações

é uma exigência da boa governação

e dimensão, deveria ser um motor da

só produzem efeitos a longo prazo, é

dar um determinado retorno social

reforma da administração pública. E,

indispensável estabilidade política.

aos recursos de que dispomos. Acho

hoje em dia, aí estão muitas coisas

Quando digo política não é em ter-

que essa mentalidade não devia ter

montadas que resultaram da avalia-

mos de pessoas, mas de pensamento

terminado. Ainda foi recuperada no

ção das experiências então feitas, as

político. E isso nem sempre é possí-

primeiro mandato do ministro Correia

quais acabaram por perdurar, em-

vel, o que dificulta a dinâmica da re-

de Campos, mas é sempre delicado,

bora muitas vezes se esqueçam dos

forma.

quando partimos para métodos de

direitos de autor.

os

20 08

trabalho mais exigentes, fazer recuos. FP - Na Saúde, perpassa a ideia de

As resistências aumentam.

FP - Pode daí depreender-se que as

que as reformas se sucedem umas

reformas precisam de tempo para se

às outras e são até contraditarias. A

tornarem efectivas?

que atribui este fenómeno?

MBR - O que eu penso é que é sobre-

MBR - É precisamente porque não

tudo preciso experimentar primeiro

há estabilidade na gestão política.

para que, através da experimentação

Em relação a alguns eixos centrais,

de contestação social. Sentiu-a parti-

no terreno, se possam corrigir os as-

era indispensável que houvesse essa

cularmente dirigida ao seu ministério?

pectos que eventualmente careçam

estabilidade: a máquina é tão gran-

MBR - Era uma contestação mais

de correcção. Só então, depois se

de, as expectativas tão elevadas e as

ampla, fruto de uma grande viva-

terem captado as pessoas para os

relações com o sector da Saúde são

cidade sindical, por assim dizer.

benefícios dessa mudança, é que se

tão pautadas pelas emoções que era

Evidentemente que no Ministério

pode partir com tranquilidade para

bom que não houvesse uma oscila-

da Saúde há uma forte capacidade

uma mudança mais alargada.

ção permanente, há necessidade de

reivindicativa, porque a Saúde diz

Relações com a ANF foram transparentes FP - Exerceu o mandato numa época

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23


entrevista muito a todas as pessoas e todos os

E isso suscita sempre, por parte dos

compromisso de se envolverem no

agentes do sector procuram exercer

interlocutores, uma atitude de que-

controlo e vigilância da doença, pro-

uma forte influência. Penso, sobre-

rer só diálogo, quando eu penso que

movendo o mais possível os compor-

tudo, que aconteceram métodos de

há um período para o diálogo e um

tamentos adequados e prevenindo

greve pouco legítimos. Foi o caso

período para a decisão. E eu nunca

comportamentos que a agravam.

da greve self-service, que veio a ser

abdiquei de tomar decisões, sobretu-

Isso é fundamental para que a pro-

considerada ilegal e que, em meu

do decisões que, em meu entender,

tecção seja reforçada.

entender, foi um erro estratégico da

defendiam o interesse público.

parte de quem a decidiu e liderou.

Nunca tive medo de decidir

Contribuiu para desprestigiar os

FP - Como foi o seu relacionamento

médicos e quando há desprestígio é

com a ANF?

mais difícil recuperar.

MBR - Sempre foram relações insti-

FP - Falou do governo que integrou

É, aliás, um problema que se tem vin-

tuições boas, assentes na transparên-

(liderado por António Guterres)

do a verificar em Portugal: há alguma

cia da negociação e no assumir das

como o governo do diálogo. O diá-

perda de prestígio das elites, o que

discordâncias. Não houve qualquer

logo é mais importante na Saúde do

é negativo para as instituições. É só

problema. Pelo contrário, tive a pos-

que noutros ministérios?

nesse sentido que faço esta referên-

sibilidade de montar alguns progra-

MBR - De facto, saímos de um gover-

cia: é muito importante que as pes-

mas inovadores em que a ANF foi

no mais impositivo para um governo

soas promovam a boa imagem, in-

parceiro. Recordo o programa da me-

que tinha a preocupação de ouvir as

dependentemente da reivindicação

tadona, o aprofundamento da troca

pessoas para as envolver. Eu, por natu-

dos seus direitos, que é mais do que

de seringas, que já vinha do mandato

reza, gosto de ouvir as pessoas, gosto

legítima e desejável num sistema de-

anterior, e o programa da diabetes.

de dialogar. Se reconheço que estão

mocrático. Mas não deve valer tudo

Este é, aliás, um programa que su-

certos não adopto a postura de consi-

para que os direitos sejam reivindi-

blinha o outro lado da responsabi-

derar que a razão só a mim assiste. Mas

cados, há limites e, se não são respei-

lização, o da responsabilidade dos

se considero que tenho razão, inde-

tados, acaba por funcionar como um

doentes em usar bem e com crité-

pendentemente dos argumentos dos

boomerang, de difícil recuperação

rio os recursos que a solidariedade

outros, não descanso enquanto não os

dos estragos.

social lhes disponibiliza. Penso que,

convenço dos meus argumentos.

para quem defende os sistemas de

Há algumas coisas em que reflicto há

FP - A greve self-service, protagoni-

protecção social, como eu, também

muitos anos e isso dá-me alguma fun-

zada pelos médicos, constituiu um

defende que os recursos colectivos

damentação. Aceito posições diferen-

momento tenso no seu relaciona-

devem ser usados com parcimónia

tes, mas gosto muito de convencer os

mento com os parceiros. Eram difí-

para poderem resistir aos impactos

meus interlocutores quando tenho a

ceis essas relações?

- que são muitos e grandes.

convicção profunda de que a razão me

MBR - Não digo que fossem difíceis.

Quando pedimos alguma coisa ao

assiste. Não considero que se devam

Foi uma época em que se saiu de um

esforço colectivo devemos dar o

adiar sistematicamente as decisões só

governo que era considerado muito

nosso contributo individual: no caso

porque não há acordo. Há uma altura

autoritário para um governo que foi

da diabetes, trata-se de os doentes

em que é indispensável decidir e isso

considerado o governo do diálogo.

ter acesso a mais protecção com o

nunca tive medo de fazer.

24 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

Papel do Estado deve ser estratégico

FP - O problema crónico da suborça-

serviço do mandato. Se o fizer será

mentação torna o diálogo mais difí-

muito bom.

cil ou ainda mais importante?

É um facto que é um mandato muito

MBR - Os parceiros que mais proble-

específico, no fim de um ciclo legisla-

FP - Que desafios enfrenta o SNS?

mas poderiam ter tido com a não

tivo. Mas, de qualquer das formas, o

MBR - Os desafios são conhecidos

priorização financeira do ministério

que posso desejar é as maiores ven-

e decorrem da necessidade de sa-

foram sempre muito compreensivos

turas no seu exercício.

tisfazer expectativas cada vez mais

em relação às dificuldades. Nunca fui

Sempre o fiz, mesmo em relação a

elevadas,

confrontada com ameaças de falta

pessoas de outras esferas políticas. É

avanços científicos e tecnológicos

de fornecimentos, com tomadas de

natural que haja divergência em rela-

sem precedentes e pelo próprio su-

posição radicais, como aconteceu

ção a pessoas de outra área ideológi-

cesso dos sistemas de saúde. Estes

com governos posteriores.

ca e que as soluções que apresentam

factores permitem uma esperança

Foi uma conjuntura que teve vários

sejam diferentes, mas se tiverem su-

de vida que era uma miragem há 50

protagonistas e foi um mandato que

cesso, todos beneficiamos.

anos. É natural que haja uma pres-

proporcionadas

pelos

são crescente sobre os sistemas e

marcou. Sou juiz em causa própria, mas penso - pela maneira como me

FP - Mencionou, a propósito do pro-

que haja cada vez mais dificuldade

continuam a tratar e a querer conhe-

grama da diabetes, a solidarieda-

em dar tudo a todos, sendo o tudo

cer a minha opinião sobre muitos as-

de colectiva. Encara-a como um

as expectativas das pessoas.

suntos - que deve ter marcado pela

princípio básico nos sistemas de

O sistema de saúde contribuiu para

positiva.

saúde?

dar valor à vida quando conseguiu

MBR - Todos os sistemas de pro-

superar

FP - E a diplomacia é necessária?

tecção social universal assentam

mortalidade infantil e transformar

Recordo que, ao comentar a nome-

na solidariedade colectiva - é assim

doenças mortais em doenças cró-

ação da actual ministra, disse que

na Segurança Social, na Saúde e

nicas. Só não se descobriu ainda

é conhecedora das matérias, mas

na Educação com o sector público.

a vida eterna, nem sei se deve ser

também diplomata...

Porque cobrem aspectos básicos da

um desejo a satisfazer. Mas o que é

MBR - Eu disse que a ministra tem

nossa vida.

um facto é que, à medida que vão

grandes qualidades humanas e isso é

Entendo que devemos usar com

sendo resolvidos os problemas de

muito importante. Numa área como

critério, não para além do que é ne-

saúde, há um pouco a convicção de

a Saúde precisamos de ter capacida-

cessário, o que nos é disponibiliza-

que a vida não é uma doença mor-

de para perceber que as decisões que

do pela solidariedade colectiva para

tal e isso acaba por condicionar o

tomamos têm impacto em pessoas,

garantir que ela se mantém.

sistema.

as mais das vezes muito fragilizadas.

Há muito quem fala mal do Modelo

É bom que exista a noção desse im-

Social Europeu quando, em meu en-

FP - Como se conciliam expectativas

pacto.

tender, é uma marca civilizacional

crescentes com recursos finitos?

E uma médica pediatra e com grande

distintiva da Europa, é o seu código

MBR - Só se conciliam em termos de

experiência na gestão de serviços da

genético e pode mesmo fazer com

uma grande participação das pes-

administração pública evidentemen-

que a Europa tenha um papel impor-

soas. A Saúde é uma das áreas em

te que pode colocar esse capital ao

tante no domínio da globalização.

que a democracia participativa é

taxas

elevadíssimas

de

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 25


entrevista muito importante, para a definição

incorporação de capital humano al-

do futuro, designadamente da medi-

das prioridades. É mais fácil definir

tamente diferenciado.

cina regenerativa. E não termos legis-

o que não deve ser pedido aos sis-

A Saúde é um valor, um mundo mui-

lação específica correspondia a uma

temas de protecção social do que o

to vasto que não deve ser entendido

vulnerabilidade que considerava que

contrário e devemos reflectir sobre

como um sistema prestador, mas

não devia existir.

isso.

como algo extremamente complexo

Já na Assembleia da República apre-

Estamos enquadrados num espaço

que sustenta a saúde das pessoas

sentei um projecto-lei que tinha

europeu e haverá tendência para

mas também é um bem com expres-

como base o primeiro diploma mas

alguma uniformização das presta-

são económica. E pode ser um sector

que foi incorporando algumas alte-

ções. Ao período inicial da cons-

exponenciador da boa imagem do país

rações e actualizações, até que foi

trução europeia, da liberdade de

se houver capacidade estratégica.

possível nesta legislatura fazer final-

estabelecimento e de circulação das pessoas para exercício das profissões, passar-se-á a um período de liberdade de circulação para aceder

Leis deviam ter nome do autor

mente esse trabalho, agendá-lo para discussão na generalidade. Presidi ao grupo de trabalho e envolvi-me muito nesse projecto. Foi um proces-

a prestações de saúde. Acredito que

FP - Como deputada, criou recen-

so muito aprofundado, até porque

haverá, pelo menos, uma grande

temente uma página pessoal. Nela

incluía matéria melindrosa do pon-

pressão nesse sentido.

surgem como destaques as leis da

to de vista ético, das convicções das

Procriação Medicamente Assistida e

pessoas.

FP - Que lugar antevê para os pres-

do Tabaco. Foram vitórias pessoais?

Mas permitiu-nos ter a lei que con-

tadores privados nessa dinâmica?

MBR - De facto, são duas matérias

siderava indispensável que tivésse-

MBR - O nosso sistema de saúde tem

que me motivaram e suscitaram o

mos. E o facto de ter sido tão atrasada

uma vertente essencial, estratégica,

meu interesse e empenho. No que

possibilitou que estivesse actualizada

que cabe ao SNS e que tem rela-

respeita à Procriação Medicamente

em relação a algumas áreas, nomea-

ção com o sector privado e com o

Assistida, foi uma lei que comecei

damente os limites à investigação

sector social não lucrativo. É uma

por apresentar ao parlamento como

com embriões. Foram muitos anos

articulação que deve ser feita em

proposta de lei na altura em que era

de envolvimento e tive o gosto de,

função dos objectivos da política de

ministra da Saúde. Foi muito altera-

como costumamos dizer, meter a

saúde. Cada um tem o seu papel, mas

da no parlamento e o Presidente da

mão na massa . Não só liderei direc-

considero que o do Estado deverá ser

República de então entendeu vetá-

tamente quando estava no Ministério

sempre estratégico.

la. Continuámos sem lei para regu-

da Saúde, como representei o gover-

A articulação com o sector privado

lar esta matéria, embora tivéssemos

no na assinatura da Convenção de

deverá ter em atenção que a Saúde é

alguns instrumentos internacionais

Oviedo. E o primeiro relatório que

um factor importante de sustentação

como a Convenção de Oviedo que

me foi distribuído quando vim para

da economia, desde logo porque pes-

incorporou o nosso ordenamento ju-

o parlamento acabou por ser rela-

soas sem saúde não são produtivas.

rídico. Esta é uma matéria que sem-

tivo à ratificação da convenção. Foi

A Saúde sustenta muito emprego,

pre suscitou o meu envolvimento,

um conjunto de coincidências. Mas

muita investigação, muita produção

pois tem muito a ver com o futuro,

também correspondeu a muita per-

associada a altas tecnologias, muita

com as potencialidades da medicina

sistência da minha parte.

26 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

Europa. É um projecto com priorida-

politicamente relevante. Ainda há

FP - Quanto à Lei do Tabaco, como

de mas que pode ir andando a um

marcas de grande discriminação

surge o seu envolvimento?

ritmo menos esforçado.

relativamente às competências e

MBR - É uma lei que resulta de uma

Enquanto membro da Assembleia

capacidades das mulheres e essa

proposta de lei do governo e eu pre-

Parlamentar do Conselho da Europa,

é uma postura de subdesenvolvi-

sidi ao grupo de trabalho que a ana-

foi-me distribuído um relatório, que

mento. Os países mais evoluídos do

lisou na especialidade.

se pretende seja de fundo, sobre

mundo, os que têm melhores indica-

Penso que é uma lei que conjuga o

a Protecção social na Europa no

dores de desenvolvimento humano,

que foi a minha preocupação prin-

século XXI . É um trabalho de fô-

são também aqueles e que há maior

cipal - definida logo na primeira

lego, muito individual, e também

participação paritária nos assuntos

reunião e por consenso: uma lei que

muito responsabilizante porque no

que interessam à sociedade no seu

não fosse tão proibitiva que levasse

Conselho da Europa os relatórios re-

conjunto. O que revela bem que uma

as pessoas a sentirem atracção por prevaricarem, mas que fosse suficientemente incómoda para levar quem fuma a deixar de fumar. E aí estão a quebra sucessiva nas vendas de tabaco e as listas de espera nas consultas de desabituação tabágica para atestarem que havia necessidade

Quem defende os sistemas de protecção social, como eu, também defende que os recursos colectivos devem ser usados com parcimónia para poderem resistir aos impactos - que são muitos e grandes.

desta lei.

os

20 08

sociedade que, por preconceito, deita pela janela talentos, saberes, competências é uma sociedade que se empobrece. E onde é que as resistências são maiores? No campo que é conotadamente masculino, até pelo estilo que se imprimiu ao exercício da vida política. Eu, como sou muito contrária

FP - Há algum projecto emblemáti-

cebem o nome de quem os elabora.

ao estilo da agressividade, da falta

co em que esteve envolvida neste

Esta

no

de respeito, da prestação muscula-

momento?

novo regimento da Assembleia da

da em vez da prestação inteligente,

MBR - No âmbito do trabalho da

República, o que é muito interes-

considero que é importante a misci-

Comissão (Parlamentar de Saúde),

sante. Se já existisse há mais tem-

genação dos agentes ao serviço da

do ponto de vista da iniciativa legis-

po, quer a Lei da Igualdade, quer a

política. Nesse sentido, a lei da pari-

lativa, estamos a analisar uma maté-

da PMA teriam o meu nome, pois

dade pretende ir contra resistências

ria relacionada com a PMA que é a

fui promotora e responsável pelo

implícitas e explícitas dos partidos

investigação em células estaminais.

processo. É muita responsabilidade,

políticos em entregarem a represen-

Aguardamos que nos cheguem al-

mas também muito gratificante.

tação às mulheres.

prerrogativa

existe

guns documentos, nomeadamente

O que é essencial é que houve uma

uma proposta de lei do governo,

FP - Em que medida a Lei da

mudança de discurso, A política da

de transposição de uma directiva

Igualdade foi importante?

igualdade era considerada uma preo-

com implicação nesta matéria, e um

MBR - O que é importante é que a

cupação das mulheres e adquiriu

protocolo adicional do Conselho da

Igualdade passe a ser um assunto

credibilidade pela serenidade e obFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 27


entrevista Uma vida na causa pública Foi no Porto que nasceu e em Coimbra que frequentou e concluiu a licenciatura em Direito mas é em Lisboa que vive e exerce a sua actividade política e cívica. Na sua carreira cedo percorreu os caminhos do serviço público, primeiro como jurista em diversos ministérios, dos Assuntos Sociais ao Trabalho e à Saúde. Foi neste ministério que desempenhou, em 1984/85 o cargo de chefe de gabinete do ministro Maldonado Gonelha. Dez anos depois, viria a tutelar a pasta, para um mandato de quatro anos no governo liderado por António Guterres. Em 1999, era-lhe confiada a pasta da

jectividade que se imprimiu à análi-

do ponto de vista académico para a

Igualdade.

se das matérias. Foi uma área muito

análise dos acontecimentos, da orga-

Da João Crisóstomo, sede do

criticada quando surgiu, mas depois

nização da sociedade. Mas a política

Ministério da Saúde, transitou para

criticaram a sua extinção. Aos pou-

aconteceu, não foi nada que tivesse

S. Bento, eleita deputada pelo Partido

cos, foi entrando na sensibilização

procurado explicitamente. Nunca foi

Socialista. Na legislatura em curso, a X,

colectiva que estas são questões de

meu objectivo fazer carreira política.

preside à Comissão de Saúde.

primeira prioridade política.

A sua intervenção não se limita, contudo, à vida político-partidária, fazendo-se igualmente no campo cívico. É actualmente presidente da Mesa da Assembleia Geral da União das Mutualidades Portuguesas e da Irmandade de S. Roque, bem como membro da direcção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (de que é sócia fundadora) e da Associação para o Progresso do Direito.

28 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

A política aconteceu-me

FP - Voltaria a ser ministra? MBR - Não está nos meus horizontes, nem nunca tinha estado. Há pessoas que têm como objectivo na vida atin-

FP - Foi ministra duas vezes e é de-

girem determinados lugares, mas, na

putada há três legislaturas. O que a

minha vida, as coisas foram aconte-

motiva na vida política?

cendo. Não foi uma estratégia.

MBR - Eu estou na política como

Mas quando estou nos lugares tento fa-

sempre estive no exercício do servi-

zer o melhor que posso e sei. Trabalho

ço público. Desde muito jovem que

muito, com afinco, determinação e

fui muito marcada pela importância

gosto. E se há característica que tenho

de servir o interesse público. Talvez a

é a capacidade de adaptação: gosto

minha formação jurídica me habilite

sempre do que estou a fazer.


30

an

19 78 •

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 29


flashes França

Governo contra a venda de medicamentos nas grandes superfícies O grupo francês Leclerc, que detém uma cadeia internacional de supermercados, lançou uma campanha publicitária, na televisão e na imprensa escrita, em que se propõe vender MNSRM cerca de 25% mais baratos do que nas farmácias, caso estas percam o monopólio da venda dos medicamentos não sujeitos a receita e não comparticipados. A publicidade foi fortemente contestada pela indústria farmacêutica e pelos farmacêuticos. Um grupo de organizações representativas dos farmacêuticos avançou com uma acção judicial, a qual foi rejeitada após recurso. A ministra

Reino Unido

Investigadores salientam riscos da passagem de MSRM para MNSRM Um artigo publicado no British Medical Journal aconselha a evitar precipitações no sentido de reclassificar medicamentos. Os autores, membros do comité consultivo da agência do medicamento do Reino Unido, mostram-se preocupados com a tendência actual na Europa, de passagem do estatuto de MSRM para MNSRM, defendendo que os riscos do aumento do acesso das pessoas a medicamentos sem receita podem sobrepor-se aos benefícios . Afirmam também que a segurança dos MNSRM deve ser vigiada constantemente, e salientam os riscos da automedicação. As associações de farmacêuticos recordam que o farmacêutico está bem posicionado na comunidade para prestar aconselhamento sobre MNSRM. In OTC bulletin, 31/03/2008

da Saúde, apoiada pelo presidente Sarkozy, reafirmou que irá manter a venda dos MSRM e dos MNSRM na farmácia, acusando a Leclerc de publicidade enganosa . In Economist.com, 15/05/2008; in SCRIP News, 14/05/2008

Inglaterra

Ministério da Saúde pretende intervenção acrescida do farmacêutico

e 11/04/2008

O Ministério da Saúde do Reino Unido (Department of

Health) apresentou um Livro Branco que propõe uma intervenção acrescida do farmacêutico, em Inglaterra,

Alemanha

Restrições à venda de paracetamol nas farmácias

na prevenção da doença (vacinação e rastreios adicionais de doença cardiovascular e doenças sexualmente transmissíveis), no tratamento da doença (alargamento do número de profissionais com direito de prescrição), e na promoção da saúde (acompanhamento

A partir de Julho, as farmácias alemãs só dispensam

de doentes crónicos). O farmacêutico deverá prestar

embalagens de paracetamol que totalizem 10g se

cuidados mais individualizados, que respondam às

for apresentada receita. Embora o paracetamol

necessidades pessoais dos utentes. Haverá também

esteja indicado na febre e na dor, a dosagem má-

uma maior articulação com os hospitais. A acção do

xima não deve ser excedida, adverte a associação

farmacêutico permitirá evitar anualmente 57 milhões

dos farmacêuticos alemães, a ABDA, recordando

de consultas de clínica geral.

que uma toma de 10-12g pode causar problemas

In nds.coi, 3/04/2008

hepáticos. In SCRIP News, 2/05/2008

30 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


internacional

30

an

19 78 •

os

20 08

O papel privilegiado do farmacêutico

PGEU debate adesão à terapêutica

São vidas que se perdem e recursos de saúde e financeiros que se gastam: é esse o custo da não

Está comprovado que os medicamentos só são eficazes se os doentes os tomarem de acordo com a prescri-

adesão à terapêutica, um problema que preocupa

ção médica ou a indicação farmacêu-

o Grupo Farmacêutico da União Europeia e que

adesão à terapêutica revelam uma

tica. No entanto, os índices de não

esteve recentemente na origem de um debate em

realidade bem diferente. Assim, nos

Bruxelas e de uma brochura em que é assumida

20 a 30% dos doentes não respeitem

e comprovada a mais-valia da intervenção

países desenvolvidos estima-se que os regimes farmacológicos destinados a aliviar ou curar sintomas; 30 a

farmacêutica neste domínio. Iniciativas em que a

40% não cumprem o tratamento pre-

experiência portuguesa esteve patente.

com terapêuticas de longo prazo res-

ventivo; apenas metade dos doentes

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31


internacional

peitam a prescrição. Em consequên-

pelo director do Centro de Medicina

embora haja aspectos transnacionais

cia, todos os anos milhões de pessoas

Comportamental da Faculdade de

que devam ser tidos em conta, como

aumentam as estatísticas da morbili-

Farmácia da Universidade de Londres,

encorajar a educação dos doentes,

dade e da mortalidade relacionadas

Robert Horne. Na sua opinião, há um

dos profissionais de saúde e da socie-

com o uso de medicamentos. Só na

problema escondido na não adesão:

dade em geral.

União Europeia estima-se que ocor-

o facto de as barreiras perceptuais

ram 194.500 mortes anuais devido à

dos doentes (como as suas crenças

não adesão à terapêutica. Com cus-

e preferências) e as barreiras práticas

tos, também anuais, na ordem dos

(esquecimento e complexidade, por

125 mil milhões de euros.

exemplo) não estarem suficiente-

Foi este cenário que motivou a reali-

mente valorizadas. É que - sustentou

zação de um debate no Parlamento

- a adesão informada não é necessa-

Europeu (PE), promovido pelo Gru-

riamente tomar mais medicamentos

po Farmacêutico da União Europeia

e não é apenas proporcionar aos do-

Numa sessão organizada pelo PGEU

(PGEU). Como pode a política co-

entes mais informação sobre medi-

não podia faltar a perspectiva dos far-

munitária contribuir para melhorar a

camentos, mas antes explorar o que

macêuticos, da responsabilidade de

adesão à terapêutica na Europa foi a

o doente percebe e crê sobre esses

Ema Paulino, membro da delegação

questão subjacente, numa iniciativa

medicamentos. E os farmacêuticos

portuguesa e directora da ANF. Qual

que teve como anfitriã a eurodeputa-

comunitários são um recurso subuti-

o contributo da profissão na pro-

da Mojca Drcar Murko, em represen-

lizado neste aspecto .

moção da adesão à terapêutica foi a

tação da presidência eslovena da UE.

Pelos doentes interveio um repre-

questão em torno da qual desenvol-

Ao inaugurar a sessão, a parlamentar

sentante do Grupo Europeu de

veu a sua intervenção. Os farmacêu-

eslovena salientou a oportunidade

Tratamento da Sida, Tamás Bereczky,

ticos - justificou - são os especialistas

deste debate à luz das iniciativas so-

para considerar que dificilmente há

do medicamento, estão entre os pro-

bre medicamentos que o PE irá apre-

uma área em que a adesão à tera-

fissionais de saúde mais acessíveis e

ciar em breve: É importante envol-

pêutica seja tão importante como no

mais procurados, mantêm um con-

ver nesta discussão todos os agentes

VIH/Sida. Mas - advertiu - não há uma

tacto directo com os doentes, estão

relevantes e os farmacêuticos são,

solução única, adequada a todas as

habilitados a identificar sistemati-

certamente, um deles .

situações: promover a adesão deve

camente situações de não adesão e

A mesma posição foi defendida

ter em conta a realidade de cada país,

treinados para o acompanhamento

32 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

Razões para o contributo farmacêutico com assinatura portuguesa


30

an

19 78 •

individual do doente.

Não é difícil concluir que é necessá-

a adesão aos medicamentos.

Uma posição que reforçou com

ria acção. E também ficou claro que

É neste domínio - sublinha-se na bro-

exemplos da experiência portugue-

é crítica a acção coordenada entre os

chura - que o papel do farmacêutico

sa: as campanhas de informação da

diferentes parceiros, nomeadamente

é mais válido . De facto, o contacto

população (de que Pergunte ao seu

profissionais de saúde e decisores

directo e frequente do farmacêutico

farmacêutico é um exemplo recen-

políticos. O PGEU compromete-se a

com os doentes, a sua acessibilidade

te), a produção de suportes escritos

influenciar a agenda política na di-

e o seu conhecimento único sobre

ao

recção dessa acção .

medicamentos colocam-no numa

aconselhamento

farmacêutico

(folhetos dirigidos aos utentes), a disseminação das novas tecnologias (com as vantagens inerentes à harmonização da informatização das farmácias) e a prestação de serviços farmacêuticos. A partir desta base de trabalho, Ema Paulino debruçou-se sobre os desafios que os farmacêuticos devem superar para um contributo efectivo da adesão à terapêutica: elaborarem uma estratégia nacional com esse objectivo, constituírem-se em rede para intervenções sistemáticas e sustentadas e adoptarem uma visão comum. Os três intervenientes neste debate partilham da opinião que, com frequência, o farmacêutico é o profissional de saúde mais acessível para os doentes e, por isso, usar esta relação é crucial para uma melhor adesão . Mas é preciso agir. Assim o disse o secretário-geral do PGEU, John Chave:

os

20 08

posição chave no sistema de saúde

Uma brochura para influenciar a acção Esse é precisamente um dos objectivos da brochura Visando a adesão: melhorar os resultados em saúde dos doentes na Europa através da intervenção dos farmacêuticos de oficina . Nela é dada a conhecer a investigação mais relevante neste domínio e são apresentadas várias iniciativas da farmácia de oficina em curso nos diversos Estados-membros, com particular destaque para Portugal. A investigação mostra que através da avaliação do conhecimento que os doentes têm sobre as doenças e a terapêutica, da comunicação dos benefícios do tratamento, da percepção da capacidade dos doentes para respeitarem o plano e da discussão de eventuais barreiras à adesão é possível melhorar significativamente

para contribuir, de forma efectiva para uma intervenção dirigida à promoção da adesão à terapêutica com o objectivo último de melhorar os resultados em saúde . Tanto mais que a ideia de que os farmacêuticos apenas são responsáveis pela dispensa de medicamentos é demasiado simples para representar, com justiça, tudo o que os farmacêuticos fazem ao nível da farmácia de oficina . E do que os farmacêuticos, na realidade, fazem é apresentada uma sucessão de exemplos em que a experiência nacional se destaca. Portugal aparece citado como caso de sucesso no uso das tecnologias de informação e, no capítulo dedicado às terapêuticas de longo termo para doenças crónicas, é desenvolvida a experiência portuguesa no controlo da hipertensão e da diabetes. O mesmo FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 33


internacional Mojca Drcar Murko, presidência eslovena da UE, e John Chave, secretário-geral do PGEU

acontece com a campanha de controlo

se a revisão da medicação fosse usa-

farmacêuticos neste aspecto especí-

da asma lançada em Maio de 2006.

da sistematicamente nos doentes

fico da sua intervenção.

No capítulo destinado a exemplos

idosos.

O problema da não adesão à tera-

mais específicos, Portugal está repre-

No Reino Unido, o potencial dos far-

pêutica não é novo, mas, na óptica

sentado com o Programa de Cuidados

macêuticos de oficina nesta área é já

do PGEU, não é apenas responsabili-

Farmacêuticos na Diabetes, cujos ob-

reconhecido, com a revisão da me-

dade dos doentes: todos os que es-

jectivos e resultados são apresenta-

dicação a estar incluída no contrato

tão envolvidos no processo se devem

dos mais em pormenor.

com o Serviço Nacional de Saúde

responsabilizar e comprometer com

Esta brochura permitirá, como su-

(NHS). E na Finlândia está em vigor

uma mudança. É necessária acção,

blinhou o próprio secretário-geral

desde 2005.

mas essa acção deve ser imbuída de

do PGEU, influenciar os decisores

Esta é uma intervenção que - sustenta-

uma visão comum que reconheça o

políticos. Mas também poderá abrir

se na brochura - decorre naturalmen-

devido papel e contributo de cada

caminhos para que, a nível nacional,

te das competências do farmacêutico,

um dos parceiros, do doente ao de-

os farmacêuticos ponderem outros

permitindo-lhe empregar as suas

cisor político. Pela sua parte, os far-

níveis de intervenção. A experiência

capacidades clínicas (conhecimento

macêuticos já estão envolvidos acti-

de uns países pode inspirar outros a

das terapêuticas, aconselhamento do

vamente na melhoria dos resultados

desenvolver serviços e prestar cuida-

doente) e técnicas (conhecimento so-

em saúde dos seus doentes e forte-

dos em novos domínios.

bre os produtos), uma combinação de

mente comprometidos a melhorar a

A revisão da terapêutica é um dos

atributos única.

adesão à medicação e a estilos de vida

terrenos em que há muito potencial

Mas outros caminhos se abrem: a pro-

mais saudáveis .

para o exercício profissional, com re-

moção da adesão em grupos espe-

Isso mesmo decorre desta brochu-

flexos na saúde e nos recursos. Assim

cíficos, como os doentes idosos e os

ra, que pode ser consultada em

o demonstra, por exemplo, a expe-

doentes com VIH/Sida; campanhas de

http://www.pgeu.eu/Newsroom/

riência sueca: orientado para a po-

uso adequado dos antibióticos; a pro-

NewsfromPGEU/tabid/529/Default.

pulação idosa, este serviço permitiu

moção de estilos de vida saudáveis.

aspx. Esta é a segunda brochura ema-

reduzir de 12,4 para 10,4 o número

Promover a adesão à terapêutica

nada do PGEU. A primeira foi dedicada

médio de medicamentos por doen-

passa, conforme destaca o PGEU,

à segurança do doente ‒ Maximizando

te. Com uma poupança na ordem

pelo trabalho de equipa com outros

a segurança do doente na Europa atra-

dos 160 euros anuais por doente.

profissionais de saúde, pelo aumento

vés do uso seguro dos medicamentos

Uma investigação desenvolvida na

da literacia sobre saúde através de

foi lançada em Fevereiro de 2007, tendo

Dinamarca apontou para uma pou-

maior e melhor informação aos do-

o trabalho sido desenvolvido durante a

pança anual de 50 milhões de euros

entes e pela formação dos próprios

presidência portuguesa do Grupo.

34 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

Uma doença crónica mas desvalorizada

Farmacêuticos de língua portuguesa reunidos em Cabo Verde

O congresso da AFPLP excedeu as expectativas: na capital cabo-verdiana estiveram congregados os sete países que integram a associação, a participação portuguesa foi a maior de sempre e a OMS esteve representada por dois dos seus dirigentes, o que nunca tinha acontecido. Sinais positivos que comprovam a importância que o sector farmacêutico está a conquistar nos países lusófonos. Durante três dias - de 23 a 25 de Abril -

IX - resultou o reforço da cooperação

os países que integram a AFPLP, o

farmacêuticos de Angola, Brasil, Cabo

entre os sete (Timor-Leste ainda não

que nem sempre tem acontecido.

Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,

é membro) e a afirmação dos farma-

Além disso, a Organização Mundial

Portugal e São Tomé e Príncipe es-

cêuticos enquanto parte integrante

de Saúde fez-se representar por dois

tiveram reunidos na Cidade da Praia

dos sistemas de saúde.

dos seus elementos, o que nunca

para discutir o futuro do exercício da

Posições assumidas num congresso

tinha acontecido: Carlos Brito, da

profissão farmacêutica à luz dos de-

em que todas as expectativas foram

OMS - Cabo Verde, e António Pedro

safios que ela enfrenta nos países de

ultrapassadas. Porque o Auditório

Delgado, da OMS - AFRO.

língua portuguesa.

Nacional Jorge Barbosa assistiu a uma

A juntar a estes sinais positivos,

Desta reunião magna - no primeiro

das maiores participações em con-

também o programa e os oradores

dia sob a forma de Assembleia Geral

gressos dos farmacêuticos lusófonos,

convidados deixavam antever um

da Associação dos Farmacêuticos dos

com Portugal a apresentar mesmo

congresso de sucesso: entre deles,

Países de Língua Portuguesa (AFPLP)

a sua maior delegação. E sobretudo

destaque para a participação portu-

e nos dois seguintes em congresso, o

porque estiveram presentes todos

guesa - João Silveira, vice-presidente FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35


reunioes profissionais da ANF e da AFPLP, Maria da Luz

dência. Outro português esteve em

de acesso, qualidade e segurança,

Sequeira, vice-presidente da ANF e

foco na primeira sessão plenária do

sessão em que a vice-presidente da

eleita vice-presidente da Mesa da

congresso, subordinada ao tema O

ANF, Maria da Luz Sequeira, deu a

Assembleia Geral da AFPLP, Aranda

sistema de saúde ao serviço do cida-

conhecer a perspectiva da farmácia

da Silva, ex-bastonário da Ordem dos

dão , no painel sobre o Contributo

de oficina.

Farmacêuticos, Isaura Martinho, em

farmacêutico , pontuou a experiên-

representação da OF, e Hélder Mota

cia e opinião de Aranda da Silva. O

Filipe, pelo Infarmed, além de Paulo

ex-bastonário debruçou-se sobre as

Duarte, secretário-geral da ANF e da

mais-valias do farmacêutico enquan-

AFPLP, a quem coube a síntese dos

to garante da segurança e qualidade

consensos alcançados durante os

dos medicamentos e da eficácia da

trabalhos.

terapêutica.

Foi, aliás, de um português a confe-

Protecção da saúde e qualificação

VIH/Sida e contrafacção, duas ameaças à saúde pública A visão dos diversos intervenien-

rência inaugural do congresso: de-

farmacêutica

foi o tema escolhi-

tes no circuito do medicamento

pois da abertura solene, a cargo do

do para a segunda sessão plenária,

precedeu, assim, a sessão solene

ministro da Saúde de Cabo Verde,

cuja moderação foi assumida por

de encerramento do IX Congresso

Basílio Ramos, e da intervenção do

Isaura Martinho, farmacêutica de

Mundial

presidente em exercício da AFPLP,

oficina presente em Cabo Verde

Língua Portuguesa. Para este mo-

o brasileiro Salim Tuma Haber, João

em representação da Ordem dos

mento final foram reservadas duas

Silveira usou da palavra para falar

Farmacêuticos. Já na terceira sessão,

conferências, ambas subordinadas a

sobre

sobre a Regulamentação da farmá-

um mesmo tema - VIH/Sida - O de-

saúde .

cia e do medicamento , a presen-

safio para a Humanidade . A infecção

Uma conferência em que abordou os

ça portuguesa foi assegurada por

por VIH/Sida é um problema global,

principais desafios que os sistemas

Hélder Mota Filipe, do Infarmed. Na

mas com particular impacto nos

de saúde enfrentam e a forma como

sua intervenção, abordou o passado,

países africanos. E, nesse sentido, a

a intervenção farmacêutica se orga-

presente e futuro da relação entre o

Assembleia Geral da AFPLP, reunida

niza e diferencia para dar resposta a

medicamento e o desenvolvimento

a 23 de Abril, aprovou uma resolução

um contexto de mudança. Da farmá-

sustentado. Uma oportunidade para

assumindo o combate à epidemia

cia apresentou uma visão de futuro

integrar a política do medicamento

como uma prioridade: Os farmacêu-

enquanto centro de prevenção e te-

na política de saúde, fazendo o res-

ticos, sendo os profissionais de saúde

rapêutica, orientada para a criação de

pectivo enquadramento macro-eco-

com maior proximidade à comuni-

valor na cadeia de cuidados de saúde

nómico e propondo medidas como a

dade, com competências e conhe-

e na cadeia do medicamento tendo

promoção do mercado de genéricos

cimentos específicos, reiteram o seu

como destinatário o doente. Para al-

e o sistema de preços de referência.

compromisso de ser parte activa no

cançar estes objectivos, preconizou

Para o segundo dia de trabalhos fi-

quadro de uma estratégia coerente e

uma cultura farmacêutica assente

cou reservada a abordagem do cir-

amplamente participada, no comba-

nos pilares da avaliação e da evi-

cuito do medicamento, nas vertentes

te ao VIH/Sida, nos países de língua

36 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

A farmácia no sistema de

dos

Farmacêuticos

de


30

an

19 78 •

portuguesa, no âmbito da promoção

o sucesso de qualquer política de

dos serviços prestados ao doente .

da saúde e prevenção da doença, do

saúde .

Constituindo a formação contínua

diagnóstico e detecção precoce, e

Aos governos dos sete países dei-

do circuito do medicamento .

xaram uma mensagem:

Sabem

mentos adquiridos na licenciatura

Aprovada na assembleia geral foi

que podem contar connosco para

e as exigências fomentadas pela

igualmente uma resolução sobre

uma intervenção solidária, respon-

prática profissional , os farmacêu-

a

medicamen-

sável e de rigor, sendo fundamental

ticos devem empenhar-se no de-

tos, fenómeno que constitui um

o desenvolvimento de uma política

senvolvimento das suas competên-

verdadeiro problema de saúde pú-

coerente, que promova a qualida-

cias profissionais , reunindo compe-

blica, em particular nos países me-

de e aproveite as competências,

tências que lhes permitam responder

nos desenvolvidos. Os farmacêuti-

capacidades e proximidade dos

à evolução dos sistemas de saúde.

cos lusófonos consideraram ser seu

farmacêuticos à população .

Outra das prioridades assumidas

dever, no exercício da actividade,

E nesse sentido defenderam que

na Cidade da Praia prende-se com

contrafacção

de

os

20 08

o elo essencial entre os conheci-

utilizar todos os seus conhecimen-

o exercício da profissão, levada a

o medicamento: Os farmacêuticos

tos e competências para, no âmbito

cabo num quadro ético e deonto-

dos países de língua portuguesa

do diálogo de proximidade com as

lógico rigoroso e socialmente res-

assumem, como prioridade abso-

populações, assegurarem uma inter-

ponsável, deve ser juridicamente

luta da sua actividade, o acesso da

venção atempada, nomeadamente

reconhecido e efectivado como

população a medicamentos e ou-

numa perspectiva de prevenção,

actividade liberal, autónoma e in-

tros produtos de saúde que cum-

para evitar graves danos de saúde

dependente, auto-regulada e cien-

pram os requisitos de qualidade,

provocados por produtos medici-

tificamente sustentada .

segurança e eficácia reconhecidos

nais contrafeitos .

É esse, aliás, o rumo que estão a

a nível internacional, ao menor

De ambos os documentos foi deci-

seguir os farmacêuticos cabo-ver-

custo possível . Uma posição que

dido dar conhecimentos aos gover-

dianos, envolvidos no processo de

está, aliás, em consonância com a

nos dos respectivos países. E dada

constituição da respectiva Ordem

resolução aprovada em assembleia

a sua importância e pertinência

dos Farmacêuticos, processo a que

geral sobre a contrafacção de me-

foram igualmente plasmadas nas

a AFPLP deu total apoio.

dicamentos.

conclusões do congresso, apresen-

Para uma intervenção profissional

A sessão de encerramento deste

tadas por Paulo Duarte, reeleito se-

de qualidade é indispensável o in-

nono congresso terminou com a

cretário-geral da AFPLP.

vestimento na formação, premissa

passagem de testemunho na pre-

Deste congresso emanou a reafir-

reconhecida noutra das conclusões

sidência, com intervenções dos

mação do papel do farmacêutico

do congresso: A qualificação dos

presidentes cessante, Salim Tuma

enquanto parte integrante dos

recursos humanos existentes, nas

Haber (Brasil), e eleito, Daniel

sistemas de saúde: o seu contri-

vertentes científica e profissional

António (Angola).

buto para o desenvolvimento do

é uma aposta estratégica para a

Os farmacêuticos lusófonos voltam

sistema de saúde dos países lusó-

consolidação do sistema farmacêu-

a reunir-se em assembleia-geral e

fonos é factor determinante para

tico e uma garantia de qualidade

em congresso daqui a dois anos. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37


entrevista Se fosse político poderia estar preocupado com a ANF... É Pedro Nunes quem o afirma nesta entrevista, em que critica e elogia a Associação.

Bastonário da Ordem dos Médicos em entrevista

O Bastonário da Ordem dos Médicos

Farmácia Portuguesa (FP)- Cumpre

terísticas regionais e o bastonário pre-

fala à Farmácia Portuguesa do rela-

actualmente o seu segundo manda-

side ao Conselho Nacional Executivo,

cionamento entre as duas profissões,

to como bastonário da Ordem dos

órgão colegial em que têm assento

das reformas necessárias ao SNS, das

Médicos. Que prioridades definiu

os conselhos regionais. As priorida-

esperanças depositadas na actual

para estes três anos?

des são, pois, consensuais, cabendo

ministra da Saúde, mas também nas

Pedro Nunes (PN)- Antes de mais,

ao bastonário fazer a síntese.

prioridades para este segundo man-

devo sublinhar que não compete ao

Para este mandato, considerámos

dato como bastonário, reafirmando

bastonário estabelecer prioridades. A

fundamental rever o sistema das car-

que não se recandidata.

Ordem dos Médicos tem fortes carac-

reiras médicas, profundamente desa-

38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

justado. Não há diferenciação, nem

a lei da interrupção voluntária da

aleatórios que geram uma enorme

reconhecimento do desenvolvimen-

gravidez. O princípio basilar da ética

desconfiança e demonstram uma má

to profissional contínuo. O que se as-

médica é a defesa da vida e, para nós,

fé pública que é inaceitável.

siste é a uma profunda desarticulação,

o debate só está num ponto - onde

O país, em termos de saúde, carece

traduzida em discrepâncias salariais

começa a vida. Esse momento não

de coerência.

que podem levar à ruptura do sistema.

está significativamente aceite e con-

A reforma tem de ser nacional, até

Neste momento, está em fase de es-

sensualizado em termos científicos,

porque a própria Constituição deter-

tudo a criação dos diversos graus da

depende da sociedade médica, em

mina a universalidade do SNS. Penso

carreira, que contamos colocar à consi-

geral, e de cada médico em particular

que agora está a haver uma maior co-

deração dos médicos até final do ano.

chegar à sua própria conclusão.

ordenação da política de saúde.

Como é do domínio público, estamos

os

20 08

Solidariedade colectiva faz falta ao SNS

igualmente a proceder à revisão do

FP - Na tomada de posse, defendeu

código deontológico. O que está em

a necessidade de repor a confiança

causa é uma actualização de lingua-

dos portugueses no sistema de saú-

gem, não uma mudança de opinião

de. Como?

na sequência do debate público em

PN - A confiança dos cidadãos no sis-

FP - O facto de a actual ministra, Ana

torno da chamada lei do aborto. Não

tema de saúde está a recuperar, mas

Jorge, ser médica contribui para

estamos a tentar adaptar o código à

não totalmente. Tem sido útil não ver

essa diferença?

legislação, mas sim a tentar fixar um

todos os dias na televisão o diálogo

PN - O facto de a ministra ser médica

texto com que os médicos se sintam

entre os bombeiros de Alijó e o INEM.

é indiferente. Se não o fosse, estaria

confortáveis. Era uma revisão que já

Como tem sido útil não se inventar

a ser corporativista e a Ordem não se

estava prevista, face às novas formas

todos os dias uma nova reforma e re-

move por corporativismos. E nem o

de exercício profissional e até porque

abrir alguns serviços extemporanea-

facto de a conhecer há muitos anos

o código em vigor já tem vinte anos.

mente fechados.

me inibirá de a criticar enquanto bas-

O código não é lei do país, nem a

As reformas devem fazer-se por acor-

tonário. Mas há, efectivamente, um

Ordem quer que seja. É um código

do, por negociação. O que estava a

factor de esperança. É uma pessoa

de comportamento de acordo com a

acontecer (no mandato do ministro

que até há bem pouco tempo exer-

ética médica e esta tem um carácter

Correia de Campos) não podia con-

ceu a profissão, pelo que conhece

universalista - é a mesma onde quer

tinuar. Cada um fazia o que queria

bem as consequências das acções

que se esteja. É natural que as leis di-

- era esta a mensagem que estava a

que toma, conhece-as no terreno.

virjam do código, pois as leis são cir-

ser passada.

Há, pois, esperança de que as medi-

cunstanciais e o código baseia-se em

Exemplo disso são os autarcas que

das que venham a ser tomadas sejam

valores. É preciso que fique claro que

patrocinam viagens a Cuba para

mais realistas. Sabendo, é claro, que o

esta revisão não tem nada a ver com

operações às cataratas. São factos

SNS nunca pode dar tudo a todos. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39


entrevista

O SNS necessita de uma reestrutura-

FP - No âmbito da relação entre o

originalidade portuguesa.

ção no sentido de fazer com que seja

público e o privado, como avalia a

O fim deste contrato pode ser uma

suficientemente atractivo para os

recente rescisão do contrato entre o

boa medida e não meramente uma

profissionais de saúde e de fazer com

Estado e os operadores privados que

bandeira política. Mas também po-

que os portugueses tenham a garan-

geriam o hospital Amadora-Sintra?

demos nunca vir a saber. O que eu

tia de que serão tratados. Tem de ser

PN - É uma medida que tem uma jus-

defendo é que o que é público deve

estruturante, não pode ser posto em

tificação que nunca vi traduzida em

ser gerido publicamente e o que é

causa por medidas políticas.

números, mas que pode ser real. A

privado gerido privadamente. Aceito

É preciso olhar para o SNS com soli-

gestão privada pode ser mais eficaz,

que o Estado abdique de algumas

dariedade colectiva. Não se podem

vamos acreditar que sim. O proble-

valências se o preço for menor, mas

dizer mentiras às pessoas e prometer

ma é saber quanto custa monitorizar

tem sempre de assegurar serviços

o que não se pode dar.

essa forma de gestão.

que garantam que ele é a base do sis-

Mas tem de se garantir que o SNS

O Estado não é ineficaz por vontade

tema e dá resposta em situações de

resolve os problemas de doença.

de ser ineficaz. É-o devido aos difí-

emergência. A mistura entre o públi-

Sabemos que não resolve os proble-

ceis mecanismos de gestão. Quando

co e o privado faz-me impressão.

mas de conforto, mas pode equacio-

a propriedade é colectiva é como se

nar-se que essa vertente seja paga

não houvesse proprietários, o que

e funcione como uma espécie de

atrai o abuso, a negligência, obri-

almofada do sistema, contribuindo

gando o Estado a estabelecer me-

para o sustentar. O que não faz sen-

canismos de controlo que tornam

tido é que o SNS financie cirurgias es-

a gestão menos eficaz. Já quando o

téticas (não reconstrutivas), mas não

Estado entrega esse bem a um priva-

financie óculos.

do, pode haver a tendência para ser

Temos de dar a todos, mas não com

utilizado em benefício próprio, o que

FP - Outra relação aparentemente

pseudo taxas moderadores. Se hou-

também obriga à existência de uma

difícil é entre médicos e farmacêu-

vesse bom senso haveria muitos por-

máquina pesada para controlar essa

ticos. A ideia que é transmitida pu-

tugueses com capacidade económi-

gestão. Pode chegar-se à conclusão

blicamente é de que estão de costas

ca para se tratarem fora do SNS, sem

de que sai mais caro do que manter

voltadas. Como avalia esse relacio-

que isso significasse retirar-lhes direi-

a gestão pública, optando-se por es-

namento?

tos. Há que definir com clareza o que

tabelecer parcerias só para a constru-

PN - Procuro não ser passível desse

é do foro individual e o que é colectivo,

ção. É o que acontece noutros países.

tipo de crítica, mas reconheço que

para garantir o colectivo a todos.

As parcerias para a gestão eram uma

houve, efectivamente, alguma falta

40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

Direito de substituição compromete responsabilidade médica


30

an

19 78 •

de cuidado na forma como uns e ou-

a sua parte da culpa, mas o poder da

deixa de controlar, quando ele deve

tros debateram algumas questões.

ANF não tem ajudado.

ser o responsável até ao fim pelas

Estamos condenados a trabalhar

os

20 08

consequências previsíveis. É claro

uns com outros, não há outra hipó-

FP - Uma das questões que mais

que o médico deve estar disponível

tese. Ninguém pode pôr em causa a

tem oposto as duas profissões é a

para ouvir e deve contar com a ines-

necessidade da profissão médica aos

política de genéricos e o direito de

timável ajuda do farmacêutico, que

diversos níveis, como não o pode fazer

selecção do princípio activo escolhi-

pode e deve corrigir se forem prescri-

em relação à profissão farmacêutica.

do pelo médico. O que motiva esta

tos medicamentos incompatíveis ou

Têm funções e paradigmas diferen-

divergência?

doses excessivas.

tes, se bem que a evolução ao longo

PN - Quando foi o célebre conflito so-

Opus-me à substituição e opor-me-

do tempo histórico mostre que parti-

bre a liberalização dos medicamentos

-ei sempre. Do ponto de vista do far-

lhamos áreas comuns. O que aconte-

não sujeitos a receita médica, defen-

macêutico individual é inútil, o que

ce é que a evolução de uns conflitua

di que devia haver farmacêuticos nos

se coloca são questões de gestão de

com os hábitos de outros, há um

pontos de venda. Não tive nenhum

stocks. E aqui penso que a ANF devia

certo choque de competências, mas

problema em defender na televisão

ter exigido ao Estado a limitação do

não pode haver arrogância. Os con-

esta posição, mas se me perguntar se

número de medicamentos de cada

flitos são normais, não um drama, e

os farmacêuticos devem prescrever,

molécula. Não se devia ter colo-

têm de ser dirimidos. Não se pode

respondo-lhe que não.

cado na posição de tentar alterar a

perder a perspectiva. Nem perder de

Rejeito em absoluto a substituição

situação por via de um associativismo

vista que contribuímos para o mes-

por parte do farmacêutico. E não tem

forte. Penso que a fragilizou junto do

mo - tratar com qualidade as pessoas

nada a ver com a qualidade dos ge-

governo e levantou a suspeita - não

que estão doentes. Temos de pôr um

néricos ou com a dignidade da pro-

digo que seja legítima, mas... - de in-

freio em conflitos inúteis e trabalhar

fissão farmacêutica. O que está em

teresse económico.

para um entendimento ético em tor-

causa é a defesa da responsabilidade

no do doente.

e do estrito controlo dos médicos

FP - Mas nos hospitais a prescrição

No tempo em que os farmacêuticos

sobre o que é prescrito. Com a subs-

faz-se por DCI e há apenas um único

executavam manipulados que o mé-

tituição, o médico perde essa capaci-

genérico..

dico prescrevia, o diálogo era mais

dade, deixa de saber se o doente está

PN - Nos hospitais, a escolha é, es-

próximo. Agora estamos mais afas-

a tomar aquilo que prescreveu ou

sencialmente, económica, passa por

tados, o médico tem um nome, não

outro medicamento e isso não pode

cima da influência de médicos e far-

uma cara. E isso altera o paradigma

acontecer. Introduz irregularidades

macêuticos. Mas o factor económico

profissional. Os médicos poderão ter

na relação causa-efeito que o médico

não pode ser determinante, têm de FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41


entrevista

existir critérios técnicos. Aliás, já te-

a ideia, mas associando os anti-retro-

se conseguem fazer ouvir colectiva-

nho intervido nesse sentido junto de

virais ao programa da metadona.

mente como os farmacêuticos.

direcções clínicas.

A proliferação de pontos de venda

A associação é um exemplo de su-

É certo que há um único genérico,

significaria o afastamento dos doen-

cesso na defesa dos interesses dos

mas o médico, se quiser, sabe qual

tes da unidade de saúde. É sabido

farmacêuticos. Se me guiasse por

é esse medicamento. Além de que

que os doentes associam a toma do

critérios mesquinhos ou se fosse po-

as reacções adversas são todas coe-

medicamento à vigilância na consulta,

lítico, poderia estar preocupado com

rentes, pelo que, perante a suspeita,

o medicamento é consequência da

o poder económico da ANF, como es-

se identifica a causa. É bem diferente

consulta e na farmácia isso não aconte-

taria preocupado com o poder econó-

quando se transporta esta realidade

ceria. Longe de nós querer que aconte-

mico do BES ou do BCP. Mas não tenho

para a farmácia de oficina.

cesse ao VIH o que aconteceu ao bacilo

de gerir poderes. E, como ex-sindicalis-

da tuberculose, em que há resistências

ta, tenho de dar os parabéns aos ges-

FP - É igualmente contra a possibi-

que já não se conseguem tratar.

tores da ANF, que transformaram uma

lidade de dispensa na farmácia de

Há um claro risco de utilização não con-

associação com poderes relativamente

determinados medicamentos de uso

trolada.

limitados numa estrutura com poder

hospitalar. Em que se sustenta a sua

Foi essa a posição dos peritos e a que

económico e político, com associados

posição?

eu tomei no grupo de trabalho e que a

que a apoiam colectivamente.

PN - Não sou contra a venda na far-

Dra. Maria da Luz Sequeira (membro da

A ANF tem um excelente líder, uma

mácia de medicamentos de uso hos-

mesma comissão) conhece. A própria

boa equipa, bons resultados. Isto não

pitalar. Como sabe, fiz parte de um

OMS tem preocupações nesse sentido.

me impede de, amanhã, a criticar se

grupo de trabalho do Infarmed pre-

O que deve prevalecer é a defesa da

considerar que deve ser criticada e de

cisamente sobre essa questão. Acho

saúde pública.

a apoiar se achar que tem razão e pro-

mesmo que, no limite, tudo se pode comprar na farmácia desde que não ponha em perigo a saúde. Sou é contra a venda de anti-retrovirais na farmácia de oficina porque en-

ANF, um exemplo de sucesso na defesa dos farmacêuticos

tege os interesses dos doentes. Nunca precisei de fazer a minha gestão por conflito com outras profissões. FP - Quando fala sobre a ANF apenas

tendo que é perigosíssima. A opinião

FP - Polémicas à parte, qual é a sua

valoriza a actividade económica e

dos especialistas que ouvi - e tive o

opinião sobre a ANF e o sector da

política desenvolvida pela associa-

cuidado de ir ao Porto e a Coimbra,

farmácia de oficina em Portugal?

ção, não dando relevância à activi-

porque gosto de estar tranquilo e

PN - Em primeiro lugar, como homem

dade profissional que a ANF desen-

tenho de ser o mais isento possível

do associativismo, fundador de um

volve. A que se deve esta posição?

- foi praticamente unânime. Apenas

sindicato e dedicado à Ordem, sinto

PN - Conheço mal a actividade de-

um dos peritos consultados aceitava

uma enorme inveja da ANF. Poucos

senvolvida pela ANF nesse âmbito.

42 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

A oftalmologia como especialidade, o associativismo Aos 54 anos, Pedro Nunes cumpre actualmente o segundo mandato como bastonário da Ordem dos Médicos. Em 2010 acontecerá o fim anunciado de uma relação iniciada em 1988, ano em que iniciou a coordenação do Departamento Internacional. De 1990 a 1992, presidiu à Mesa da Assembleia do Distrito Médico de Lisboa-Cidade, após o que foi vogal do Conselho Regional do Sul, órgão a que viria a presidir entre 1999 e 2004. Nas eleições seguintes candidatar-se-ia com sucesso a bastonário, decisão que renovou este ano mas a que, disse-o nesta entrevista, não pretende dar continuidade findo este mandato. FP - Para terminar como começámos: quando

Não foi apenas à Ordem que emprestou o seu gosto pelo

venceu estas eleições anunciou que não se

associativismo - em 1979 foi um dos fundadores do Sindicato

recandidataria. É o seu último mandato por

Independente dos Médicos, onde exerceu várias funções -

imposição dos estatutos ou da sua vontade?

presidente do Congresso, membro do Conselho Nacional e do

PN - Os estatutos da Ordem não limita o nú-

Secretariado, até 1998, ano em que a sua intervenção se centrou

mero de mandatos. No limite, eu poderia ser o

no órgão a quem o Estado Português delegou a função de velar

João Cordeiro dos médicos, mas entendo que

pela qualidade da Medicina e pelo rigor e exigência da formação

os cargos não devem ser eternizados. Nunca

dos médicos.

me candidataria a um terceiro mandato, per-

Licenciado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da

de-se a imaginação, o entusiasmo.

Universidade Nova de Lisboa e com um Mestrado em Ciências

Há outros colegas que podem ser óptimos

Morfológicas, fez da Oftalmologia a especialidade a que haveria de

bastonários dos médicos. No fim destes três

dedicar a sua vida profissional e que exerce no Hospital Egas

anos, vou voltar para a minha vida, quem sabe

Moniz, em Lisboa.

se fazer consultas no interior, que é uma ex-

Um percurso com passagem pela Academia, como Monitor,

periência que me agrada muito.

Assistente Convidado e Assistente do Quadro do Departamento

Até lá, procurarei fazer o melhor possível.

de Anatomia da FCML e como responsável pela Cadeira de

Gostaria de contribuir para que a Ordem não

Deontologia Médica na mesma instituição de ensino superior.

se transforme numa mera entidade reivindi-

Paralelamente à dedicação aos órgãos representativos dos médicos

cativa e que, pelo contrário, seja útil ao país,

portugueses, tem estado envolvido em diversos organismos

que contribua para melhorar a saúde dos por-

europeus e internacionais, pertencendo, nomeadamente, ao Comité

tugueses.

de Ligação do Fórum Europeu das Associação Médicas Nacionais

Mas não quero deixar marcas. Tenho uma vi-

com a Organização Mundial de Saúde, à União Europeia dos

são não personalista da História.

Médicos Especialistas e ao Comité Permanente dos Médicos Europeus.

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 43


reunioes profissionais Lugar à intervenção farmacêutica

Prevenção e controlo do tabagismo

A maioria dos fumadores beneficiaria da intervenção farmacêutica para levar avante a intenção de deixar de fumar. Esta ideia foi defendida nas recentes conferências sobre O papel da farmácia na prevenção e controlo do tabagismo e comprovada, aliás, pelos resultados da campanha promovida em Maio de 2006 pela ANF.

A intervenção farmacêutica na cessa-

traçadas pelos organismos interna-

Porque as iniciativas nunca são de-

ção tabágica tem provas dadas, en-

cionais e nacionais estão longe de se

mais e porque para informar é pre-

quadrando-se na estratégia de pro-

cumprirem no que ao tabagismo diz

ciso estar informado, ANF e Pfizer

moção de comportamentos saudá-

respeito. O que torna ainda mais rele-

convergiram na organização de um

veis que as farmácias associadas da

vante o papel da farmácia enquanto

ciclo de conferências subordinada

ANF há muito assumiram e concre-

espaço de saúde e do farmacêutico

precisamente ao tema O papel da

tizam. Contudo, as metas de saúde

enquanto profissional de saúde.

farmácia na prevenção e controlo do

44 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

tabagismo . As farmácias enquanto

liberdades e garantias dos cidadãos.

verificou foi que, a título de exemplo,

espaços verdes, onde não se fuma,

Mas a verdade é que a intervenção

cada pneumonia custou ao Estado

têm um papel privilegiado na edu-

do Estado é de tal ordem que gran-

173,13 euros: no total, esta patologia

cação da população. Cabe à equipa

de percentagem do valor do tabaco

respiratória foi responsável por uma

da farmácia fornecer informação e

corresponde a uma tributação sobre

despesa, nesse ano de 2005, de 13

aconselhamento adequados, sensi-

tributação, sendo responsável, no

milhões de euros. A gripe custou 28

bilizando, incentivando e envolven-

total, por 1,2% do Produto Interno

milhões, enquanto a DPOC equivaleu

do os seus utentes na desabituação

Bruto do Estado português. Perante

a 150 milhões. No total das doenças

tabágica .

este valor, Margarida Borges deixou

do aparelho respiratório, 150 milhões

uma questão para reflexão: é bom ou

de euros foram atribuíveis ao cigarro.

não para o Estado promover a cessa-

E por ano poder-se-iam ter poupado

ção tabágica?

dez milhões na hipótese de todas as

A base de trabalho deste estudo são

pessoas terem deixado de fumar.

Sobre o tabagismo, em diferentes

dados de 2005, o último ano para

Margarida Borges deixou uma sínte-

perspectivas, falaram em Lisboa - é

o qual havia estatísticas completas

se final: estes dados mostram bem a

dessa sessão que aqui se faz eco

de saúde: os fumadores correspon-

magnitude do fenómeno e o espaço

- as três oradoras. A primeira das

diam então a 22,2% da população

que há para a prevenção da doença e

quais, Margarida Borges, do Centro

portuguesa, mais homens do que

geração de saúde. E foi precisamente

de Estudos de Medicina Baseada na

mulheres (31,0% contra 10,3%). Uma

sobre a intervenção dos profissionais

Evidência, debruçou-se sobre as cau-

primeira parte da investigação visou

de saúde na cessação tabágica que

sas e custos das doenças atribuíveis

estimar a carga da doença, em ter-

falou a oradora seguinte - Cecília

ao tabagismo em Portugal. Fê-lo com

mos de mortalidade, consequência

Pardal, pneumologista do Hospital

base numa investigação recente da

do tabaco, medida em unidades de

Fernando da Fonseca.

Universidade Católica, cujas princi-

tempo - anos de vida perdidos ajus-

pais conclusões apresentou.

tados pela incapacidade (DALYs). E

Ao introduzir o estudo, recordou que

em 2005 perderam-se 665 mil dias de

o tabaco é, provavelmente, o único

vida perfeita, 60% dos quais dizem

produto legal que, quando é utiliza-

respeito ao sexo masculino. Desses

Partindo da sua experiência profis-

do de acordo com regras restritas, faz

dias, 245.682 foram causados por

sional e da evidência científica, con-

mal à saúde e que, além disso, tem

doenças relacionadas com o tabaco

siderou que apenas três por cento

sido objecto de profunda regulação

(ainda que não directamente atribu-

dos dependentes tabágicos reque-

estatal. E porque regular um consu-

íveis).

rem uma consulta especializada,

mo consentido? Porque o cigarro

Uma segunda parte do estudo pro-

sobrando espaço para a intervenção

faz mal não só aos que o consomem

pôs-se avaliar a vertente económica

de outros profissionais de saúde. E a

directamente, mas também aos que,

das doenças associadas ao tabagis-

farmácia - disse - tem uma situação

não o querendo consumir, a ele estão

mo, ou seja, os custos das doenças

privilegiada, pois o acesso é fácil . É,

expostos. Se esta razão não houvesse,

provocadas pelo tabagismo, tendo

pois, um espaço que deve ser apro-

a regulação do tabaco configuraria

estes (em gastos e dias perdidos)

veitado para, por exemplo, abordar

uma invasão da esfera dos direitos,

sido convertidos em euros. E o que se

um doente com uma prescrição para

Custos em dias de vida e euros

os

20 08

Alternativas para deixar de fumar

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45


reunioes profissionais patologia cardíaca e questioná-lo re-

dependência da nicotina (comprova-

uma pausa, após o que se passa para

lativamente aos hábitos tabágicos.

da através dos testes disponíveis), os

a outra bochecha e se mastiga mais

E fazer-lhe perguntas tão simples

que fizeram tentativas mal sucedidas

uma vez ou duas.

como se fuma, se quer deixar de fu-

no passado, os que começaram a fu-

Efeitos secundários (perturbações da

mar, se já pensou ou já tentou.

mar muito jovens, os que apresentam

orofaringe e da cavidade bucal) têm

Outra intervenção ao alcance dos far-

um historial de depressão ou outras

também as pastilhas para chupar,

macêuticos é a breve , conhecida pe-

dependências.

uma alternativa mais recente que

los 5As: Abordar, Aconselhar, Avaliar,

Mas a todos há que passar a ideia

pode ser usada como terapêutica re-

Ajudar, Acompanhar . Abordar para

de que é possível deixar de fumar. A

gular, como prevenção ou em SOS.

saber se é fumador, se nunca fumou

alguns bastará a força de vontade, a

Quanto aos sistemas transdérmicos

ou se já fumou. E, em qualquer uma

outros não. Não há medicamentos

são passíveis de causar insónias, bem

destas circunstâncias, avisar para o

milagrosos, mas também não há

como reacções cutâneas locais. São

risco: se é fumador dar a conhecer

necessidade de sofrimento. É sabido

também menos adequados nos dias

os perigos para a saúde derivados

que os fármacos duplicam o sucesso

mais quentes, para quem transpira

do tabaco e os benefícios associados

e que, sem ajuda terapêutica, apenas

muito ou pratica natação, pois des-

a deixar de fumar; se nunca fumou,

três por cento continuam sem fumar

colam-se facilmente.

alertar para o perigo de começar; se

ao fim de um ano.

Todos estes substitutos da nicotina,

já fumou, frisar que há sempre o risco

Assim sendo, qual a medicação mais

têm algumas contra-indicações: pes-

de uma recaída. E ao fumador inqui-

adequada? Entre os fármacos de pri-

soas com história de enfarte ou AVC

rir se quer deixar ou não de fumar,

meira linha incluem-se os substitutos

recente, angina instável, arritmia gra-

promovendo a motivação, mas não

nicotínicos, sempre mais seguros do

ve e grávidas não devem recorrer a

entrando em confrontos, tanto mais

que fumar , uma vez que não pos-

este método.

que fumar é um direito individual.

suem todos os outros componentes

Sem nicotina, a bupropiona actua

Finalmente, aos que querem deixar

nocivos do cigarro.

ao nível da dopamina, embora o seu

de fumar, ver de que modo a farmá-

As gomas - pastilhas mastigáveis de

mecanismo de acção ainda não seja

cia pode ajudar, identificando o tipo

2 ou 4 mg - são bastantes efectivas e

totalmente conhecido. A dose au-

de intervenção que requerem.

os seus efeitos secundários conheci-

menta-se de forma progressiva - um

Cecília Pardal sublinha a importância

dos (dores de cabeça, de estômago,

comprimido de manhã nos primeiros

de transmitir uma mensagem firme,

sensação de queimadura na boca e

seis dias, um de manhã e outro dez

se necessário personalizando o avi-

náuseas) são, muitas vezes, devido

horas depois a partir do sétimo dia

so: não assustando, não orientando

ao uso incorrecto. Aos farmacêuticos,

(o intervalo mínimo é de oito horas).

a comunicação para os perigos, mas

Cecília Borges alertou para a impor-

Dado o risco de insónia, é recomen-

para as vantagens de deixar de fumar

tância de ensinarem os utentes a uti-

dado afastar a toma o mais possível

em termos de qualidade de vida e

lizá-las adequadamente: não como

da noite. Este é um tratamento que

saúde. Dos que dão o passo, há um

uma pastilha elástica, mas masti-

dura dois a três meses, seis no máxi-

grupo que é preciso encaminhar para

gando uma ou duas vezes, depois

mo, com o doente a deixar de fumar

a consulta - são os que têm grande

encostando na bochecha e fazendo

entre o sétimo e o 14.º dias.

46 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

No domínio das contra-indicações

cisão, aconselhou os farmacêuticos

não se iniciem na certeza de que,

pontuam antecedentes de convul-

a acompanharem o doente no seu

depois, é mais difícil parar. Para esta

sões, de tumor no sistema nervoso

tratamento: mantendo o contacto,

intervenção contam com materiais

central, de epilepsia, cirrose e dis-

informando-se sobre o sucesso, feli-

vários e programas educativos do

funções alimentares, doença bipolar,

citando-o pelos progressos, reconhe-

Museu da Farmácia, nomeadamen-

idade inferior a 18 anos e gravidez.

cendo o esforço, procurando não re-

te os do Clube da Sara e do progra-

Outra alternativa sem nicotina é a

criminar se houve uma recaída, mas

ma A farmácia é tua amiga .

vareniclina, que actua ao nível dos

insistindo nas vantagens de voltar a

Quanto ao terceiro desafio, envol-

respectivos receptores, bloqueando-

tentar.

ve a intervenção junto dos utentes

os parcialmente e fazendo perder a vontade de fumar. A sua toma é igualmente progressiva na dosagem: 0,5 mg nos primeiros três dias, 0,5 mg do quarto ao sétimo (duas vezes por

os

20 08

fumadores, uma intervenção basea-

O sucesso como estímulo para intervir

dia) e um miligrama a partir do oitavo

da na evidência científica, estruturada e com resultados positivos: Não temos qualquer argumento para não intervir . Isso mesmo ficou provado com os re-

(ao pequeno-almoço e ao jantar). Em

Esta componente do acompanha-

sultados da campanha Não fume, nós

jejum tem a desvantagem de causar

mento esteve presente na campa-

ajudamos . A ela aderiram 1430 farmá-

náuseas, pelo que é aconselhado que

nha de cessação tabágica promovi-

cias, ainda que só 162 tenham enviado

o doente se alimente antes e que

da pela ANF em 2006, por ocasião

dados.

tome o comprimido com bastante

do Dia Mundial do Não Fumador

Foi a partir deles que se avaliou a inter-

água. O tratamento prolonga-se por

(31 de Maio). Dessa experiência deu

venção, não se tratando, pois, de um

12 semanas, no máximo 24, sendo

conta aos presentes Rita Santos, do

estudo formal. Ainda assim, os resulta-

que o doente deixa de fumar entre o

Departamento de Programas de

dos permitem tirar conclusões.

oitavo e o 14.º dias.

Cuidados Farmacêuticos da ANF.

Estiveram envolvidos 1202 fumadores,

Cefaleia, insónia e sonhos anormais

Os farmacêuticos - disse - têm a

que, em média, deixaram de fumar 4

são alguns dos efeitos secundários

responsabilidade social de contri-

dias após terem entrado em contacto

deste medicamento, com as contra-

buir para a saúde pública, enfren-

com a campanha. Ao fim do terceiro

indicações a abrangerem sobretudo

tando, no que ao tabaco respeita,

mês, dos 1202 fumadores envolvidos

a idade (menores de 18) e a gravidez.

três desafios principais.

ao início compareceram na farmácia

Perante esta diversidade terapêu-

O primeiro é deixarem eles próprios

350. Desses, 69,3% continuava sem

tica, Cecília Borges defendeu que a

de fumar: estatísticas do Europharm

fumar.

escolha deve ser partilhada entre o

Forum mostram que dez por cento

Esta campanha - frisou - prova que a in-

doente e o profissional de saúde que

dos farmacêuticos fumam.

tervenção existe e que é bem sucedida.

o acompanha (sendo que alguns dos

O segundo desafio é intervir junto

Aos farmacêuticos resta, pois, continu-

fármacos requerem prescrição médi-

dos utentes que não fumam, con-

ar o bom trabalho junto dos utentes

ca). Mas, independentemente da de-

tribuindo para que os mais jovens

fumadores. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47


prémio almofariz Uma aposta confirmada

Escola de Pós-Graduação é Projecto Farmacêutico do Ano

A atribuição do Prémio Almofariz Projecto Farmacêutico do Ano 2008 à Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão veio confirmar o mérito e a pertinência da aposta da ANF no desenvolvimento profissional contínuo e, através dele, na qualidade dos recursos humanos da farmácia de oficina. 48 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

Premiados Prémio Almofariz 2008

Formar e informar - estes são os dois

competências que, no entendimen-

eixos em torno dos quais se concretiza

to da directora da Escola, Maria João

a missão da Escola de Pós-Graduação

Toscano, assenta a distinção agora

em Saúde e Gestão (EPGSG), criada

feita pelos Prémios Almofariz. E isso

formalmente em Janeiro de 2007

mesmo transmitiu aos presentes na

mas herdeira de 23 anos de experi-

cerimónia de entrega do galardão:

ência na formação contínua acumu-

Fazia todo o sentido recuar a esse

lados pela ANF.

passado, pois a decisão da direcção

É neste espólio de conhecimentos e

da ANF, em 1983, de avançar com


30

an

19 78 •

Paulo Silva, da Farmácia Distribuição e Maria João Toscano, directora da EPGSG

os

20 08

Paulo Silva, da Farmácia Distribuição, Amilcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e Francisco Carvalho Guerra, vencedor do Prémio Almofariz, Figura do Ano 2007

responsabilidade

que a

Nova pós-graduação em estudo

um ambicioso programa de forma-

Foi esta

ção contínua condicionou, de forma

EPGSG herdou. O projecto que lhe

marcante, o percurso da Escola e o

deu origem resultou, também ele, de

papel que pretende desempenhar

uma convicção: a de que a reorgani-

Paralelamente, reforçou-se o investi-

enquanto entidade formadora na

zação de valências, concentrando-as

mento numa outra componente for-

área da Saúde .

numa entidade própria, permitira

mativa, menos formal mas igualmen-

O que, então, moveu a direcção

criar sinergias valiosas, nomeada-

te enriquecedora: as reuniões profis-

da associação foi a convicção de

mente abrindo novos horizontes

sionais, sob a forma de conferências,

que conseguiria promover o desen-

para a actividade da escola.

palestras

volvimento profissional da farmácia

Efectivamente, assim aconteceu. Sem

actuais e oportunos e oradores cre-

através do investimento na qualida-

abdicar das áreas mais tradicionais da

díveis e reputados conjugam-se para

de dos recursos humanos, nomea-

formação, a Escola propôs-se explorar

proporcionar informação e transmitir

damente dos farmacêuticos . O em-

outras alternativas, de modo a cor-

conhecimentos a farmacêuticos e

penho que colocaram na formação

responder às necessidades e expec-

demais profissionais no domínio da

enquanto ferramenta imprescindí-

tativas do sector. É esse o objectivo

Saúde.

vel para a qualidade do exercício

da formação a distância, modalidade

Inovar tem sido, desde a primeira

profissional revelou-se uma aposta

que rompe com as condicionantes

hora, uma das motivações da Escola.

ganha. E a formação contínua é,

espaciais e temporais, oferecendo

E nesse sentido foram estabelecidas

hoje, encarada pelos farmacêuticos

aos destinatários a possibilidade de

parcerias, a primeira das quais com

como uma oportunidade de enri-

gerirem o ritmo da sua formação. É

o Hospital Fernando da Fonseca

quecimento individual e profissional

também esse o propósito da mais re-

(Amadora-Sintra) e o Instituto de

e um contributo para a consolidação

cente formação à medida, a resposta

Ciências da Saúde Egas Moniz.

da imagem de qualidade e eficácia

encontrada para preencher necessi-

Daí resultou a Pós-Graduação em

de todo um sector.

dades ainda mais específicas.

Farmacoterapia que, entretanto, evo-

ou

congressos.

Temas

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49


prémio almofariz Prémios Almofariz Foram buscar o nome a um dos símbolos mais significativos da farmácia de oficina - o almofariz, precisamente porque se propõem celebrar a Farmácia. Atribuídos desde 1995, pela revista Farmácia Distribuição , os Prémios Almofariz assumem-se como o reconhecimento da Farmácia e do Farmacêutico enquanto intervenientes fundamentais da saúde pública. São os seguintes os vencedores da edição de 2008: • Projecto Farmacêutico do Ano Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão • Figura do Ano - Amílcar Falcão, investigador e professor catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra • Laboratório - GlaxoSmithKline • Produto - BreatheRight (GSK) • MNSRM - Cêtussin (Janssen-Cilag) • Produto de Dermocosmética - Inneov Celulite (Laboratórios Inneov) • Anúncio Profissional - Centrum Gama (desenvolvido pela agência Today Comunicação para a Wyeth Consumer Healthcare).

50 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

luiu para Mestrado. A Farmacoterapia

outros profissionais da Saúde usufruí-

é, aliás, uma das áreas centrais na ac-

rem da oferta formativa da Escola de

tividade da Escola. Até porque é nela

Pós-Graduação em Saúde e Gestão. A

que assenta a intervenção profissio-

experiência entretanto adquirida ga-

nal dos farmacêuticos. Mas a Gestão

rante a solidez necessária para estes

assume cada vez maior relevância

novos passos.

num sector que é constituído por

Uma experiência herdada, é certo,

pequenas empresas e que, fruto do

mas consolidada neste primeiro ano

novo enquadramento legal, enfrenta

de actividade: 267 acções formativas,

um ambiente concorrencial. Daí que,

num total de 3.236 horas, das quais

segundo Maria João Toscano, esteja

beneficiaram 5.498 profissionais, en-

a ser perspectivada uma pós-gradua-

tre farmacêuticos e ajudantes técni-

ção, estando em curso diligências

cos.

visando estabelecer a necessária par-

A Escola é o passado e o presente,

ceria com uma instituição de ensino

pelo que a sua directora não hesi-

superior reputada nesta área do co-

ta em atribuir o Prémio Almofariz

nhecimento. O objectivo é o de sem-

Projecto Farmacêutico do Ano 2008

pre: a qualidade.

a todos: aos que, na ANF, apostaram

Uma qualidade que não se dirige ex-

na formação contínua e aos que, na

clusivamente à equipa da farmácia,

actualidade, contribuem para que

já que está aberta a possibilidade de

essa seja uma aposta ganha.


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51


informacao terapeutica

O Sol, os Solares e

O sol é vital para o desenvolvimento e crescimento A Radiação Ultravioleta (UV) dos seres vivos. Depende de cada um a sua utilização de

gias e bronzeamento. Mas, também, provocam reacções tardias devido ao efeito cumulativo da radiação durante a vida, causando o envelhecimen-

A Radiação Ultravioleta faz parte da

to cutâneo e as alterações celulares

luz solar que atinge a Terra. Os raios

que, através de mutações genéticas,

de comportamentos de

UV penetram profundamente na pele

predispõem e causam o aparecimen-

exposição solar saudáveis.

e desencadeiam reacções imediatas

to do cancro da pele. A radiação UV

como queimaduras solares, foto-aler-

que atinge a Terra divide-se em ra-

forma responsável e a adopção

52 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

a Farmácia diação UVA e UVB. Os raios UVC não atingem a Terra. A maior parte do espectro UV, a radia-

Pele - Classificação de Fitzpatrick

ção UVA, penetra profundamente na

Para isso é necessário conhecer a

pele, sendo a principal responsável

Classificação de Fitzpatrick, que carac-

pelo foto-envelhecimento. Tem im-

teriza a pele de I-VI fototipos. Isto por-

portante participação nas foto-aler-

que a pele reage de diferentes formas,

gias e também predispõe a pele ao

segundo a sensibilidade ao eritema e

aparecimento de cancro.

o bronzeado, exigindo níveis de pro-

Os raios UVB penetram superficial-

tecção distintos, suportando tempos

mente e causam as queimaduras so-

diferentes de exposição solar e pos-

lares, provocando alterações celulares

suindo maior ou menor risco de de-

que predispõem ao cancro da pele.

senvolvimento de cancros cutâneos.

O Cancro da Pele O cancro da pele é o tipo de cancro mais frequente nos indivíduos de raça branca (caucasiana). A sua incidência tem vindo a aumentar progressivamente desde meados dos anos 60. Existem grandes variações a nível mundial: a maior incidência verifica-se na Austrália, onde parece ter atingido o pico máximo que se tem mantido. Em contrapartida, nos países asiáticos as taxas de incidência são

Tabela 1 Fototipos

Consequência da exposição solar

muito baixas. Na Europa, as maiores taxas de incidência verificam-se nos países nórdicos e as mais baixas nos

I

Pele muito clara, olhos azuis ou verdes, sardas e cabelos louros ou ruivos

A pele fica sempre vermelha e nunca bronzeia

países mediterrânicos.

II

Pele clara, olhos claros e cabelo aloirado

A pele fica vermelha facilmente e bronzeia com dificuldade

tutos de Oncologia permitem es-

III

Pele clara, olhos castanhos e cabelo acastanhado

A pele bronzeia gradualmente mas às vezes sofre queimadura solar

Melanoma (um dos tumores mais

Pele morena, olhos escuros e cabelo escuro

A pele bronzeia facilmente e raramente sofre queimadura solar

por ano e dos Epiteliomas (carcino-

IV V

Pele muito morena, olhos escuros e cabelo escuro

A pele nunca sofre queimadura solar

VI

Pele negra, olhos escuros e cabelo escuro

A pele nunca sofre queimadura solar

Isabel Jacinto, Farmacêutica Departamento de Programas de Cuidados Farmacêuticos

Os números disponíveis nos Insti timar a incidência em Portugal do malignos) em 8/100.000 habitantes mas basocelulares e espinocelulares) em 100/100.000 habitantes por ano, o que representa 10.000 novos casos por ano. Nos últimos anos tem-se vindo a FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53


informacao terapeutica

notar um progressivo aumento de

depois da quarta década de vida,

pessoas que estiveram muito tempo

casos detectados o que poderá cor-

localizando-se nas zonas do corpo

em contacto com agentes carcinogé-

responder não só a um progressivo

mais expostas. Pode manifestar-se

nicos. Contudo, quando diagnostica-

aumento de incidência mas também

sob a forma de um nódulo rosado

do e tratado a tempo tem elevadas

a uma maior procura de serviços e a

e brilhante de crescimento lento ou

probabilidades de cura.

um diagnóstico mais precoce.

de uma ferida superficial que surge

O melanoma maligno, apesar de re-

O cancro cutâneo tem elevada pre-

sem causa aparente. Trata-se de um

presentar apenas 7% do total é res-

valência originando acentuada mor-

tumor com tendência para recidivas,

ponsável por mais de 80% das mor-

bilidade e mortalidade, que podem

mas não faz metástases, apresentan-

tes atribuíveis a neoplasias malignas

ser reduzidas através de tratamento

do taxas de cura bastante elevadas

da pele.

precoce.

(>95%).

O melanoma tem origem nos mela-

A exposição solar excessiva é consi-

O carcinoma espinocelular (25%) tem

nócitos da epiderme, atinge grupos

derada a causa mais comum de can-

origem nas células das camadas inter-

etários mais jovens e apresenta lo-

cro da pele (cerca de 90% dos casos).

médias do epitélio pavimentoso estra-

calizações distintas nos diferentes

O cancro da pele tem elevadas taxas

tificado que forma a epiderme (cama-

sexos.

de cura quando diagnosticado e tra-

da espinhosa). Atinge o mesmo grupo

Nos homens a localização preferen-

tado nas fases iniciais.

de indivíduos que o anterior mas

cial é o tronco, a cabeça e o pescoço,

indivíduos em idade mais avançada.

enquanto nas mulheres surge com

Tipos de Cancro da Pele

Manifesta-se habitualmente sob a

frequência nos braços e pernas.

Os tipos de cancro da pele mais fre-

forma de um nódulo, com tendência

O seu aspecto inicial é variado mas

quentes são:

para ulcerar e sangrar facilmente.

habitualmente caracteriza-se pelo

O carcinoma basocelular (65%) tem

É um tumor mais agressivo e de cres-

aparecimento de um pequeno nó-

origem nas células da camada basal

cimento mais rápido, podendo dar

dulo ou mancha, de cor negra de al-

da epiderme. Atinge sobretudo in-

origem a metástases em órgãos vitais

catrão, sobre pele aparentemente sã

divíduos de pele clara que estão ex-

e causar mesmo a morte. É na face,

ou sobre um sinal pré-existente. Tem

postos cronicamente ao sol: pessoas

no pescoço, no dorso das mãos e nas

uma fase precoce de crescimento

com antecedentes de queimadura

pernas que o tumor se desenvolve

superficial (fase de crescimento ho-

solar - após episódios agudos de ex-

preferencialmente, a partir de cica-

rizontal) que pode durar meses, ou

posição solar. Surge, habitualmente,

trizes ou queimaduras solares ou em

anos, e uma fase mais tardia de cres-

54 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

12

os

20 08

1

11

2

10

Muito elevado (das 12 às 16h) Elevado (das 11 às 12h e das 16 às 17h) 9

3

Médio (das 10 às 11H e das 17 às 18h) Mínimo (das 8 às 10h e das 18 às 21h)

8

4

7

6

5

cimento em profundidade (fase de

podem levar à cura em mais de 95%

cura ficam drasticamente reduzi-

crescimento vertical).

dos casos.

das, existindo o risco eminente de

O melanoma maligno parece estar

metastização à distância (muitas

associado à exposição solar intermi-

Carcinomas Basocelular

vezes é necessário o recurso a tera-

tente, aguda e intempestiva, muitas

e Espinocelular

pêuticas adicionais, nomeadamen-

vezes acompanhada de queimadu-

O tratamento, nas fases iniciais, é

te, imunoterapia, quimioterapia e

ras solares ( escaldões ).

muito simples (cirurgia, criocirur-

radioterapia).

Os outros tumores cutâneos (3%),

gia, laser) e resulta quase sempre

como linfomas e sarcoma de Kaposi,

na cura do tumor. Todavia, se evo-

a sua origem não parece estar rela-

luir sem tratamento pode tornar-se

cionada com a exposição solar.

muito agressivo, invadindo os teci-

Prevenção do Cancro da Pele

dos circundantes e provocar gran-

Factores de risco

des defeitos e mutilações sobretu-

No Verão, as pessoas tem tendên-

Para além da exposição solar prolon-

do em certas áreas anatómicas (na-

cia a estar mais tempo fora de casa

gada, existem outros factores de risco

riz, pavilhões auriculares, pálpebras,

e, por consequência, estar mais

de cancro da pele, tais como:

etc.). Mesmo nestas fases é muitas

expostas ao sol, sendo necessário

• Pele clara e cabelo claro ou ruivo;

vezes possível curar o tumor recor-

adquirir hábitos saudáveis e ter cui-

• Olhos azuis, verdes ou cinzentos;

rendo à cirurgia e à radioterapia.

dados redobrados.

Melanoma

Relógio Solar

• Sardas; • História familiar de cancro

O tratamento é quase sempre ci-

O relógio solar pode ajudar a

• Escaldões apanhados na infância;

rúrgico e quando efectuado nas

compreender melhor as horas de

• Idade;

fases iniciais, em que o tumor ainda

maior perigo de queimaduras sola-

• Uso de solários.

é muito fino (espessura inferior a

res, sendo uma ferramenta importante

cutâneo;

0.5mm), acompanha-se de elevadas

para a intervenção do farmacêu-

Tratamento

taxas de cura. Mas quando o tumor

tico junto do utente, juntamente

A maioria dos cancros da pele, se fo-

já é muito espesso (espessura supe-

com a Regra da Sombra (as horas

rem descobertos atempadamente,

rior a 4 mm) as probabilidades de

mais seguras são aquelas em que FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 55


informacao terapeutica Deve escolher-se sempre um produto que proteja contra os raios UVA e UVB, portanto de largo espectro e resistente à água.

a sombra do individuo é maior do

sando a radiação incidente. Não

tector solar/ cm2 de pele. Contudo,

que o próprio individuo).

são muito bem aceites cosmetica-

estudos têm mostrado que apenas

mente, mas apresentam menor sen

é colocado um quarto ou metade

Protector Solar

sibilização, sendo muito indicados

da quantidade recomendada.

Os protectores solares ou filtros so-

para elevar a protecção solar (lá-

lares são substâncias destinadas a

bios, sinais, cicatrizes), para crian-

Factor de Protecção Solar (SPF)

proteger a pele do sol. Conseguem

ças e para pessoas com peles into-

ou Índice de Protecção Solar

proteger a pele, a curto prazo, de

lerantes.

(IPS)

queimaduras e de alergias solares

Os principais são o dióxido de titâ-

O SPF de um produto relaciona o

e, a longo prazo, do envelhecimen-

nio, óxido de zinco, óxido de ferro,

tempo necessário para a pele se

to e do cancro da pele.

óxido de magnésio, carbonato de

queimar (ficar vermelha) sem pro-

Estes protectores dividem-se em quí-

cálcio, talco, caulino e ictiol. Os

tecção e o tempo necessário para se

micos, físicos e compostos antioxi-

protectores solares fornecem pro-

queimar quando se usa um produto

dantes (fotoprotectores biológicos).

tecção contra a radiação UV mas

com protecção solar. Por exemplo,

Os filtros químicos (ou orgânicos)

têm que ser usados juntamente

se o tempo máximo de exposição for

agem através da absorção dos raios

com outras medidas de protecção

30 minutos sem qualquer protecção,

UV, filtrando sobretudo os UVB e,

(como a procura de sombra, o uso

quando se usa um filtro solar com

ocasionalmente, uma certa quan-

de roupa, limite do tempo de ex-

SPF 4, a mesma pele leva, aproxima-

tidade de UVA. Incluem aminoben-

posição) para que os filtros possam

damente, 4 vezes mais tempo para

zoatos, benzofenonas, cinamatos,

ser efectivos.

ficar vermelha.

salicilatos, dibenzoilmetanos, an-

Os protectores solares têm que ser

Portanto, quando se fala em SPF está

tranilatos e derivados da cânfora.

usados adequadamente. Para isso,

a fazer-se referência à protecção con-

Os filtros físicos (ou inorgânicos ou

é necessário que cada pessoa o co-

tra UVB.

de barreira) formam uma película

loque no seu corpo, regular e abun-

A protecção contra UVA é classificada

sobre a pele, reflectindo e disper-

dantemente, ou seja, 2 mg de pro-

de 0 a 5 estrelas.

56 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

Atenção: O protector solar deve in-

Para peles mais claras (I;II;III), o tempo

As peles mais claras necessitam de

cluir sempre protecção contra UVA

de exposição solar necessário para

protectores com SPF mais altos e as

e UVB.

queimar é menor do que para as pe-

peles mais morenas podem utilizar

les mais escuras (IV;V;VI).

um SPF mais baixo. Contudo, a apli-

Escolha do Produto

Tabela 2

Para uma escolha correcta do produ-

Tabela 3

to com o SPF adequado deve-se ter

Fototipo

SPF

em conta o fototipo e o tipo de pele,

I

50

SPF

Protecção (%)

bem como o envelhecimento cutâ-

II

30-50

2

50

neo e eventual fotossensibilidade

III

30

4

75

IV

30

8

87.5

V

30

15

93

VI

30

30

97

50+

98

por certos medicamentos. O quadro a seguir mostra quanto da luz solar (UVB) é absorvida pelos protectores solares.

os

20 08

Adaptado www.procms.be/euromelanoma/template_EU.asp?page=12

Protecção dos filtros solares

Os Dez Mandamentos para uma Exposição Solar Segura Adaptado do Euromelanoma 2008 1 Evite a exposição directa ao sol entre as 12h00 e as 16h00. Se tem a pele muito sensível deve evitar expor-se sem protecção entre as 11h00 e as 17h00 (no Verão); 2 Exponha-se de forma gradual e progressiva, nunca deve ultrapassar as 2 horas; 3 A melhor protecção é a sombra e o vestuário; use chapéu (com aba larga, para proteger orelhas, pescoço, rosto e cabelo) e óculos de sol (que devem bloquear 100% os raios UVA e UVB); 4 Aplique um protector solar 15-30 minutos antes

sol entre as 11h00 e as 17h00 e idealmente entre as 10h00 e as 18h00; 6 Não adormeça o sol; movimente-se e molhe-se de vez em quando; 7 Esteja atento aos dias nublados e ventosos: os raios ultravioletas atravessam facilmente as nuvens e podem, sem se aperceber, provocar-lhe um escaldão; 8 Evite em absoluto os solários e outras fontes artificiais de radiação UV: aceleram o envelhecimento da pele e aumentam o risco de cancro da pele;

da exposição, com Factor de Protecção Solar

9 Evite excessos de higiene, depilação ou peelings

(SFP) > 30, não esquecendo o rosto, os ombros,

antes de se expor ao sol, deixam a pele mais vul-

as costas das mãos e dos pés, as orelhas, o nariz,

nerável;

o pescoço e o couro cabeludo. Repita a aplicação de 2 em 2 horas ou após cada banho;

10 Beba líquidos em abundância e coma fruta fresca e legumes: são ricos em sais minerais, carote-

5 Atenção aos bebés: a exposição directa ao sol

nos e vitaminas, com acção anti-oxidante, que

é desaconselhada no primeiro ano de vida. Nas

ajudam a pele a defender-se melhor da agressão

crianças pequenas evite a exposição directa ao

da radiação solar.

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57


informacao terapeutica

BIBLIOGRAFIA cação do protector solar não deverá

saúde pelo contacto directo com os

servir para justificar exposições prolon-

utentes, vai ter um papel determi-

gadas ou em horários inadequados.

nante na divulgação das medidas de prevenção do cancro da pele e no

Tipo de pele Quando se aconselha um protector solar deve ter-se também em conta o tipo de pele e a forma farmacêutica do produto.

aconselhamento do protector solar mais acertado, bem como, na sensibilização para o auto-exame. Para apoiar o aconselhamento do farmacêutico, nesta área, serão dis-

Intervenção Farmacêutica

ponibilizadas 3 ferramentas: o guia

Neste contexto, o farmacêutico, como

sional e o folheto informação saúde

elemento privilegiado da equipa de

para o utente.

prático de intervenção farmacêutica, o fluxograma de intervenção profis-

1. http://www.apcc.online.pt (Associação Portuguesa contra Cancro Cutâneo); 2. http://www.procms.be/euromelanoma/ template_EU.asp?page=12 (Euromelanoma 2008); 3. http://www.ligacontracancro.pt/ (Liga Portuguesa contra o Cancro); 4. http://www.dermo.pt (Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia); 5. http://www.aad.org/ (American Academy Dermatology); 6. http://www.skincancer.org/ (Skin Cancer Foundation); 7. www.cancerresearchuk.org/ (Cancer Research UK); 8. www.cancer.gov/ (National Cancer Institute); 9. Newsletter da Kaiser Permanente, Reduce your Risk of Skin Cancer, Summer 2001; 10. www.farmacia.com.pt; 11. www.cancer.org/ (American Cancer Society); 12. Barata, Eduardo A. F., A Cosmetologia, 2ªEdição, Fim de Século.

Tabela 4 Tipo de Pele

Características

Tipo de produto

Pele Normal

Macia ao toque e equilibrada, os poros não são visíveis, textura lisa e aveludada.

Emulsão O/A (rosto e corpo)

Pele Mista

Brilhante e oleosa na chamada região T (testa, nariz e queixo), aspecto normal nas extremidades; poros dilatados na zona T, não sendo visíveis nas outras áreas.

Emulsão O/A (rosto e corpo)

Pele Oleosa

Apresenta constantemente um aspecto brilhante por causa da oleosidade excessiva; poros dilatados e escuros, com tendência acneica.

Gel ou Emulsão O/A (rosto e corpo)

Pele Seca

Pouco brilho e hidratação; resistência e elasticidade reduzidas; tendência para envelhecer prematuramente; textura fina com tendência para descamar; poros não são visíveis.

Creme A/O (rosto) Leite A/O (corpo)

Pele Sensível (adultos e crianças)

Vermelha, inflamada e com comichão.

Stick (lábios, sinais, cicatrizes) Leite A/O (rosto e corpo)

Tipo O/A ‒ contem filtros solúveis em água (isento de óleo). Tipo A/O ‒ contem filtros lipossolúveis. 58 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 59

59


anf Universo empresarial da ANF apresentado às farmácias

Uma estratégia de longo prazo

O investimento na área empresarial faz parte de uma estratégia de longo prazo de reforço da intervenção das farmácias e do papel político da ANF. Esta mensagem foi transmitida aos associados reunidos em Lisboa, no dia 31 de Maio, numa sessão em que a direcção reafirmou a importância da união e da confiança como os maiores activos da associação. Três centenas de farmácias, representa-

lativo e mediático: Fomos massacra-

a situação com determinação: Foi im-

das por meio milhar de farmacêuticos,

dos nos últimos anos. As dificuldades

portante não nos termos acantonado .

responderam positivamente ao con-

foram muitas e todos as sentimos no

Foi da necessidade imperiosa de dar

vite da direcção da ANF para ficarem

dia-a-dia. Mas nunca perdemos o nor-

resposta a este contexto que a ANF se

a conhecer melhor o universo empre-

te. Mantivemo-nos sempre unidos , su-

lançou na área empresarial. Não tem

sarial da associação e o contexto sub-

blinhou o presidente da direcção, João

sido um caminho fácil: Mas estamos

jacente a esta estratégia. Um contexto

Cordeiro, ao abrir a sessão no Centro

muito tranquilos e com grandes expe-

indissociável de três anos de sucessivas

de Congressos de Lisboa. Apesar dos

ctativas em termos de futuro .

ofensivas contra o sector, a nível legis-

obstáculos, as farmácias enfrentaram

Desse percurso deram conta aos pre-

60 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

sentes os responsáveis pelas estruturas

traçado pelo governo em termos de

por inovar e esse conceito está presente

que se autonomizaram do tronco cen-

parcerias público-privado não se iria

nas novas unidades, quer em Portugal,

tral da ANF, ganhando estatuto empre-

concretizar. O grupo enveredou en-

quer em Espanha (em parceria com a

sarial, e pelas empresas em que a asso-

tão pelo reforço dos investimentos

Quirón), com a JMS a assumir-se como

ciação tem participação financeira.

no sector privado e pela internacio-

um operador à escala ibérica líder na

nalização, visando consolidar a sua

prestação de cuidados de saúde.

posição competitiva.

De acordo com Salvador de Mello, a

No percurso do grupo, o Amadora-

JMS está numa senda de crescimento

Sintra merece particular relevância:

muito entusiasmante , com uma evo-

São parcerias fortes , como descre-

considerado um projecto de excelên-

lução económica e financeira muito

veu João Cordeiro. E a primeira delas

cia, o objectivo é torná-lo no melhor

positiva , ainda que os resultados lí-

foi estabelecida com a José de Mello

hospital público do país. É hoje o que

quidos se tenham contraído. Trata-se,

Saúde (JMS), cuja apresentação esteve

possui menor lista de espera cirúrgica,

no entanto, de uma consequência da

a cargo do respectivo presidente do

foi o primeiro acreditado pelo King s

política de investimentos com a qual o

conselho de administração, Salvador

Fund e dos primeiros a introduzir o

grupo se propõe preparar o futuro.

de Mello. Foi em 1998 que essa par-

Protocolo de Manchester (para gestão

ceria se constituiu, com a ANF a deter

das urgências). Não obstante, o gover-

30% do grupo, embora já antes hou-

no decidiu pôr fim à gestão privada:

José de Mello Saúde Preparar o futuro

os

20 08

José de Mello Residências e Serviços - Antecipar o mercado

vesse colaboração em projectos como

É uma decisão legítima, mas que la-

o Hospital Amadora-Sintra. Ao longo

mentamos e que não se justifica mini-

deste percurso, a relação de confiança

mamente, é meramente política. Para

Coube ao orador seguinte dar a pers-

estabelecida e o apoio dado pela ANF

o país será um retrocesso de décadas,

pectiva de outra unidade empresa-

ao desenvolvimento da JMS têm sido

pois perde-se um factor essencial que é

rial do Grupo José de Mello em que

extraordinários . É certo que tivemos

a competição dentro do sistema .

a ANF tem participação (30%) - a JM

tempos difíceis, mas é nesses momen-

Reforçar a posição competitiva da JMS

Residências e Serviços, representada

tos que se vê quem tem visão de longo

é também o propósito do Saúde CUF

pela administradora Rosário Frias.

prazo e quem quer, de facto, contribuir

2010, uma rede de prestação de cuida-

Criada no ano 2000, actua em três fren-

para o desenvolvimento do país. A

dos de saúde que aposta numa dupla

tes - a dos condomínios residenciais, a

ANF tem verdadeiramente essa visão ,

vertente - a operacional e a clínica. Este

das residências assistidas e a dos servi-

destacou.

é um modelo novo, mas Salvador de

ços domiciliários. De cada uma delas,

Reportando-se a 2007, Salvador de

Mello acredita que dará grandes resul-

foi dado conhecimento pormenoriza-

Mello considerou que foi um ano mui-

tados a médio prazo .

do, no número de unidades, utentes

to importante para a JMS. Primeiro foi

A diferenciação tecnológica continua

e serviços prestados. Em destaque

um ano de mudança de estratégia, de-

a ser uma aposta - Faz parte do nosso

esteve a filosofia que deu origem ao in-

pois de se ter verificado que o caminho

ADN . O grupo sempre se distinguiu

vestimento nesta área de negócio que FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 61


anf

veio responder a necessidades que não

junta com a JMS (2%). Grupo líder na

formação dos recursos humanos e nas

eram satisfeitas pelo modelo tradicional

distribuição farmacêutica, a Alliance

tecnologias de informação.

de apoio à terceira idade - os lares, nem

tem mantido um desempenho acima

O marketing não foi esquecido: aos

sempre com uma imagem positiva. Foi

do mercado, com os resultados líqui-

produtos já lançados deverão juntar-se

isso precisamente que Rosário Frias

dos a triplicarem entre 2005 e 2007.

em breve os da marca de dermocos-

sublinhou: a JM Residências e Serviços

Neste ano, contudo, verificou-se um

mética Boots e uma linha de genéricos.

abriu caminho, inovou, introduziu um

abrandamento, o que Joaquim Simões,

Parcerias com a GlobalVet e a Escola

novo conceito que o mercado não

administrador delegado, atribui às

de Pós-Graduação em Saúde e Gestão

esperava. Mas criou-se a apetência, o

contracções de margem ocorridas en-

estão igualmente contempladas, na

que, após anos iniciais de grande in-

tretanto e que tornaram o mercado ex-

persecução daquele que podia ser o

vestimento, deverá permitir atingir em

tremamente competitivo: Houve em-

lema da Alliance: operações exigentes,

2009 a velocidade de cruzeiro e uma

presas concorrentes que tomaram de-

soluções eficientes.

situação de equilíbrio.

cisões de efeito duvidoso, que des-

Esta é uma estratégia que se tem reve-

O ano de 2007 foi muito importante.

troem valor, mas não é essa a nossa

lado acertada. Apesar dos investimen-

Colocámos no mercado um novo ne-

postura. Queremos criar valor, ter uma

tos, a empresa tem gerado dinheiro,

gócio, uma nova resposta para pes-

organização para o futuro .

com um cash-flow positivo. E com

soas seniores e a experiência permitiu

Na concretização desta estratégia, a

uma rentabilidade de capitais próprios

perceber que o mercado já não queria

Alliance propõe-se manter uma pre-

crescente e a situar-se nos 15%. O que,

as residências tradicionais. Esta nova

sença efectiva no mercado, em termos

como salientou Joaquim Simões, mos-

abordagem significou uma grande vira-

de quota e de índice de penetração,

tra que os accionistas, como a ANF,

gem, uma resposta qualificada para fa-

posicionando-se como canal privilegia-

fizeram um excelente investimento

zer face ao envelhecimento , reforçou,

do de acesso da indústria ao mercado,

salientando que inovar não é fácil, mas

mas também pretendendo alargar a

é essa a mais-valia da JM Residências e

sua actividade para outras áreas, de

Serviços.

modo a garantir o autofinanciamento.

Alliance Healthcare - Criar valor

Nesse sentido, tem sido canalizado in-

nesta operação .

Consiste - Aproveitar a crise

vestimento para a reorganização dos

Aproveitar as oportunidades que o

principais armazéns, de modo a me-

mercado oferece tem sido a filosofia

lhorar a rapidez e o serviço e a obter

da Consiste, a empresa do universo

Foi em 2005 que a ANF assumiu uma

ganhos de eficiência. A aquisição da

ANF vocacionada para os sistemas de

posição de 49% no capital da então

Alloga, pré-grossista, enquadra-se no

informação e comunicação. É que, de

Alliance Unichem, uma operação con-

mesmo objectivo, tal como a aposta na

acordo com Armando Reis, da comis-

62 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

são executiva, a crise não pode ser

da em áreas rentáveis - banca, indús-

pelo vice-presidente da associação

encarada apenas numa perspectiva ne-

tria, seguros, administração pública.

João Silveira e que envolveu o LEF, o

gativa, mas como uma oportunidade

Actualmente, é uma nova empresa, por

CEFAR e a Escola de Pós-Graduação

de fazer novos negócios e desenvolver

assim dizer, e foi esta a base que per-

em Saúde e Gestão, agregados no

os que já existem . Foi esta filosofia que

mitiu o negócio com a Pararede. Uma

Instituto de Inovação e Formação em

conduziu à fusão com a Pararede, o que

vez concretizada a fusão, será altura de

Saúde - InfoSaúde.

dará origem ao que será, provavelmen-

avançar para outros mercados, nome-

A autonomização do LEF conduziu,

te, o maior grupo tecnológico do país.

adamente os das grandes empresas.

num primeiro momento, à criação do

Somados os valores de ambas as em-

No total, ambas as empresas irão gerir

IFAR-CT, entretanto reavaliada em fun-

presas, o volume de negócios deverá

cerca de sete mil clientes.

ção da percepção de que a marca LEF

situar-se nos 127 milhões de euros.

O próximo ano - o primeiro pós-fusão

era muito bem acolhida, nacional e

Este é o último passo de uma estratégia

- será um ano de reengenharia, pois,

internacionalmente, pelo que deveria

que também envolve a internacionali-

apesar da complementaridade entre

manter-se, com o instituto a alargar o

zação, nomeadamente nos mercados

as duas empresas, é necessário integrar

seu âmbito de actividade, sem esque-

angolano e espanhol, bem como nos

pessoas e actividades. No segundo ano,

cer a sua vocação primordial de supor-

chamados mercados emergentes, do

será tempo de consolidar o negócio e

te à intervenção farmacêutica.

leste europeu.

preparar novos projectos. Um futuro

Também o CEFAR conheceu uma evo-

Quanto ao mercado nacional, a evo-

que, segundo Armando Reis, não seria

lução no seu conceito, passando a de-

lução também é notória. Quando foi

possível sem o apoio da ANF, que sem-

signar-se Centro de Estudos e Avaliação

constituída, as farmácias represen-

pre favoreceu o reinvestimento: Se as-

em Saúde com um horizonte mais lato

tavam a totalidade do negócio da

sim não fosse, dificilmente estaríamos

do que o sector farmacêutico. A farma-

Consiste e, por consequência, do volu-

onde estamos .

coepidemiologia, a farmacoeconomia,

me de negócios. Quase um quarto de século passado, as farmácias continuam a estar no centro da actividade da empresa, mas 44% di-

InfoSaúde - Novas unidades de negócio

os

20 08

a avaliação de resultados em saúde e estudos de mercado são as suas principais competências, consideradas por João Silveira como importantes do

zem já respeito a outros sectores, com

Paralelamente às participações assu-

ponto de vista estratégico. As farmá-

uma inversão de resultados: 66% pro-

midas em empresas do universo far-

cias, enquanto elo da cadeia de saúde

vêm dessas novas áreas.

macêutico, a estratégia da ANF passou

e do medicamento, têm de demonstrar

Segundo Armando Reis, houve uma

pela autonomização e conversão em

cada vez mais o valor que acrescentam

diferenciação, um reposicionamento

empresa de alguns dos seus depar-

ao circuito. Ou o demonstramos ou cor-

no mercado que possibilitou a entra-

tamentos. Uma decisão apresentada

remos o risco de ficar fora do jogo . Daí FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 63


anf

a necessidade de desenvolver uma cul-

pormenor, as três empresas em que a

no complexo contexto da indústria de

tura de avaliação e de a disponibilizar a

ANF está envolvida - Genomed (presta-

CRO (organizações de investigação

outros parceiros.

ção de serviços e investigação na área

por contrato). Para essa diferenciação

da genética molecular), Technophage

contribuem as parcerias sustentáveis

(investigação em bacteriófagos e frag-

com empresas credíveis, bem como a

mentos de anticorpos) e Crioestaminal

qualificação e competência dos recur-

(investigação e desenvolvimento de

sos humanos. O investimento neste

O potencial de crescimento da biotec-

células estaminais, com uma quota de

domínio passa pela convicção de que

nologia e da bioeconomia foi apresen-

mercado de 65%).

criar valor é criar conhecimento, o que

Biotecnologia - Em franco crescimento

tado aos associados por Rui Rodrigues, responsável pela coordenação executiva destas áreas de negócio da ANF.

LEF - Compromisso com a qualidade

Um potencial recente, possível graças

conduz à prossecução - paralelamente à actividade central do LEF - de projectos de investigação e desenvolvimento aplicado, partilhados mediante a publi-

à descoberta da sequenciação do ge-

Há década e meia no mercado, o

cação nos meios da especialidade.

noma humano. Actualmente, 20% dos

Laboratório de Estudos Farmacêuticos

Com 50 clientes industriais (além das

medicamentos advêm da biotecnolo-

assumiu desde a primeira hora um

farmácias associadas) e presente em

gia, correspondendo a 9% das vendas

compromisso com a qualidade, reno-

cinco mercados, além do português, o

na Europa e com uma taxa de cresci-

vado em 2006 com a inauguração de

LEF prevê facturar este ano 2,2 milhões

mento duas vezes maior do que as dos

instalações de excelência que lhe ga-

de euros, o que corresponde a um

fármacos convencionais.

rantem melhores condições para com-

equilíbrio de exploração.

Perante esta tendência, a ANF, en-

petir em termos internacionais.

Crescer e consolidar-se são os desafios

quanto organização proactiva, não

Isso mesmo foi sublinhado por António

para o futuro, o que envolverá a identifi-

podia ficar à espera dos acontecimen-

Bica, da comissão de gestão, que apre-

cação de oportunidades (em nichos de

tos , tendo investido nesta área: está

sentou as novas valências do LEF - as de

mercado, por exemplo), o alargamento

presente em empresas de investiga-

desenvolvimento galénico e microbio-

da oferta de serviços (sem dispersar de-

ção fundamental, no fabrico de bio-

logia, a nível científico, e a de desenvol-

masiado), o aumento da produtivida-

fármacos, na genética molecular e na

vimento do negócio. O objectivo é que

de, a redução de custos e a promoção

criopreservação de células estaminais,

o laboratório se constitua como uma

da eficiência. A certificação ambiental

sendo o maior operador nacional neste

plataforma capaz de articular, de for-

está igualmente contemplada, até por-

domínio empresarial.

ma coerente, a inovação e o mercado,

que é uma condição preferencial para a

Rui Rodrigues deu a conhecer, mais em

com um posicionamento diferenciador

subcontratação.

64 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

Escola de PósGraduação - Continuidade com ambições

parceria com o Hospital Fernando da

das estruturas financeiras da ANF,

Fonseca (Amadora-Sintra).

nomeadamente da Finanfarma e

Falou ainda de outros números - os

do Imofarma, levadas ao Centro

económicos, para dar conta de um vo-

de Congressos de Lisboa por Boni-

lume de negócios, no primeiro ano de

fácio Lopes, director financeiro da

actividade, de 2.276 mil euros e de um

associação.

É assim que se pode definir a filosofia

resultado antes de impostos de 89 mil

A constituição de uma empresa de

da Escola de Pós-Graduação em Saúde

euros, acima das previsões.

factoring já se equacionava, mas foi

e Gestão, herdeira de 25 anos de expe-

Como objectivos estratégicos definiu

acelerada pela medida governamen-

riência e conhecimento acumulado na

a consolidação da oferta formativa,

tal - consagrada no orçamento de

área da formação, mas apostada em

ao nível dos novos serviços, o desen-

2006 - que impedia a intermediação

horizontes mais vastos.

volvimento da área de consultoria e a

dos pagamentos do SNS às farmácias.

Apresentada na sessão pela sua direc-

expansão da actividade a outras áreas

A Finanfarma foi criada como resposta,

tora, Maria João Toscano, a escola é o

da saúde, mediante novas parcerias. É

de modo a assegurar o pagamento às

culminar de uma aposta estratégica da

nesse âmbito que se inscreve a cola-

farmácias, mediante a modalidade de

direcção da ANF que cedo entendeu a

boração com o Instituto Superior de

adiantamento relativamente ao prazo

formação como um suporte fundamen-

Ciências da Saúde Egas Moniz, visan-

original.

tal à intervenção profissional. A meio

do a pós-graduação e o mestrado em

Nessa fase inicial, a nova estrutura be-

do seu segundo ano de existência, tem

Farmacoterapia. Uma área a explorar é a

neficiou da experiência que a associa-

como missão conceber e desenvolver

dos eventos, que este ano irá potenciar

ção já detinha, estando actualmente

actividades formativas e de informação

o crescimento da escola como unidade

a ser contemplado o alargamento a

com qualidade para a equipa da farmá-

de negócio devido a dois projectos : o

outras actividades do negócio, no-

cia, mas alargando a diversos parceiros

Programa Farmácias Portuguesas, já a

meadamente a outros operadores de

na área da saúde e, assim, contribuindo

decorrer, e o 9.º Congresso Nacional das

saúde e no que respeita aos créditos

para a qualificação e desenvolvimento

Farmácias, a realizar em Novembro.

sobre o Estado (a curto prazo, os la-

profissional contínuo dos recursos humanos. Da actividade da escola, Maria João Toscano passou em revista os três de-

os

20 08

boratórios de análises clínicas). Num

Estruturas financeiras - Caminhos recentes

partamentos. Destacou igualmente a

horizonte mais longínquo, coloca-se a possibilidade de serem abrangidos créditos sobre outras entidades. E num horizonte temporal que po-

pós-graduação em farmacoterapia, cuja

Foi o contexto político-legislativo

derá estender-se até final de 2009, a

primeira edição ocorreu em 2007 numa

que desencadeou a constituição

Finanfarma poderá evoluir para IFIC, FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65


anf A ANF está hoje bem distante do Grémio Nacional das Farmácias que, há 30 anos, mais não fazia do que cobrar quotas. Hoje, cria emprego, produz riqueza. E para isso tem de haver investimento.

instituição financeira de crédito es-

fusão entre a Consiste e a Pararede.

economia da farmácia e garantindo a

pecializado. Trata-se de uma estru-

Enquanto director financeiro, Boni-

independência do sector.

tura semelhante a um banco, com a

fácio Lopes apresentou as contas

Ao arrepio daquele que era o propósi-

única diferença de não poder rece-

da Farminveste, a empresa mãe que

to do anterior ministro da Saúde, que

ber depósitos.

agrupa as participações da associa-

tentou transmitir a ideia de que a as-

Tal como a Finanfarma, também o

ção. Depois de uma demonstração

sociação não era necessária às farmá-

Imofarma está consignado na re-

dos métodos, explicou aos associa-

cias na sua vertente financeira, pois o

cente alteração estatutária da ANF.

dos que as normas de contabilidade

SNS estava pagar a tempo: Mas feliz-

Este fundo de investimento imobi-

em vigor prejudicam as contas con-

mente soubemos dar resposta.

liário foi constituído para agrupar o

solidadas, induzindo uma desvalori-

E se temos uma estrutura financei-

património imobiliário da associa-

zação dos capitais próprios que não

ra devemos ao professor Correia de

ção, funcionando como o proprie-

tem correspondência no mercado.

Campos , ironizou João Cordeiro.

União, o maior activo

aguardando a próxima medida. Mas

tretanto acrescido com a aquisição

De números falou o último orador

linhas de crédito, não para pagar às

de terrenos onde irá ser edificado

da sessão - o presidente da direcção

farmácias, mas para investir .

o complexo do Porto (albergará a

- para defender que a política de in-

A ANF está hoje bem distante do

sede da delegação da ANF e as em-

vestimento da ANF (131 milhões de

Grémio Nacional das Farmácias que,

presas do grupo no Norte do país).

euros nos últimos três anos) é positi-

há 30 anos, mais não fazia do que

Com recurso a crédito bancário,

va para as farmácias e para o país.

cobrar quotas. Hoje, cria emprego, pro-

está a ser feito um esforço de in-

Sem descurar a área profissional, o

duz riqueza. E para isso tem de haver

vestimento que envolve as novas

reforço da estratégia empresarial

investimento.

instalações da Alliance em Lisboa, a

visa a defesa do sector, o reforço da

É esta a estratégia. Levá-la aos associa-

renovação da sociedade agrícola e

sua capacidade de intervenção, da

dos ñ com a promessa de descentralizar

da casa de turismo rural em Ponte

sua credibilidade e da sua influência

as reuniões - surgiu do entendimento

de Lima, bem como a aquisição de

política. O caminho seguido permi-

de que a união é o maior activo da ANF,

terrenos na Beloura para acolher a

te acautelar o futuro, defendendo a

logo das farmácias.

tário das rendas desses imóveis. Arrancou com um património avaliado em 42,5 milhões de euros, en-

66 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

Poderíamos ter ficado a um canto passámos ao ataque e utilizámos as


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67


laboratório rh

Integração de um novo elemento na equipa da Farmácia

Quais são as principais preocupações, dificuldades do Director Técnico quando admite um novo elemento ao nível da sua integração, nomeadamente, por onde começar, o relacionamento com a equipa.

Num ambiente de grande competi-

os melhores sistemas informáticos,

conseguir deter capital humano de

tividade, que actualmente vivemos é

os melhores equipamentos e ser

excelência?

necessário que as farmácias estejam

bastante atractiva mas se não detiver

A resposta é simples, baseia-se es-

dotadas de recursos humanos de ex-

recursos humanos qualificados, e se

sencialmente em duas questões:

celência.

o atendimento não for de qualidade,

• Recrutamento e selecção;

O sucesso das farmácias está nos

dificilmente alcançará uma posição

• Retenção dos colaboradores.

seus recursos humanos. A farmácia

diferenciada junto da população.

Quando as farmácias iniciam um pro-

pode deter outros recursos, nome-

A grande questão colocada pelos far-

cesso de recrutamento e selecção, a

adamente, estar bem localizada, ter

macêuticos é: O que devo fazer para

principal preocupação é atrair os me-

68 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

O sucesso da integração recai essencialmente sobre a qualidade dos procedimentos de acolhimento e do acompanhamento que é dado pelo Director Técnico ao novo colaborador na sua integração.

lhores profissionais e posteriormente

e após ter tomado a decisão de qual

de emprego, a falta de experiência

retê-los.

o profissional a recrutar, é necessário,

profissional associada ao desconhe-

Para o recrutamento e selecção dos

assegurar a sua correcta integração,

cimento do modo de funcionamento

melhores profissionais, é necessá-

acolhimento e retenção do candida-

da farmácia e à aprendizagem das

rio clarificar muito bem qual o perfil

to seleccionado.

novas tarefas acarretam ansiedade

técnico e comportamental para a

O sucesso da integração recai es-

ao novo membro. Nesta situação

função, para existir uma melhor ade-

sencialmente sobre a qualidade dos

os vícios profissionais e a vontade

quação do profissional à função e à

procedimentos de acolhimento e do

de aprender facilitarão o processo

cultura da Farmácia escolher a pes-

acompanhamento que é dado pelo

de socialização, dentro da mesma,

soa certa para o lugar certo . Após o

director técnico ao novo colaborador

desde que os responsáveis estejam

director técnico ter traçado o perfil

na sua integração. Deve existir por

atentos às suas necessidades e à sua

há que atrair os melhores profissio-

parte do director técnico um trabalho

evolução dentro da Farmácia.

nais. Neste mercado, onde se vive

diário que tem de ser desenvolvido,

Reconhece-se que tanto o êxito,

uma situação de quase pleno empre-

de modo a assegurar que as expec-

como o fracasso individual, em con-

go, ainda se torna mais complicada

tativas do novo colaborador estão a

texto profissional, depende das inte-

a procura e escolha do candidato e

ser alcançadas e preferencialmente

racções que o colaborador estabele-

maior preocupação existe por parte

superadas.

ce desde o primeiro dia de trabalho,

do director técnico da farmácia na

Deverá ainda existir maior preocupa-

quer com os colegas, o superior hie-

selecção do mesmo.

ção por parte do director técnico, na

rárquico ou com os próprios clientes.

Conseguido atrair os melhores profis-

integração do novo elemento, quan-

A integração dos novos colaborado-

sionais, quer através de empresa de

do a sua escolha recai na selecção de

res deverá ser da responsabilidade

recrutamento e selecção especializa-

um profissional recém-licenciado,

do director técnico. O primeiro dia

das no sector das farmácias, como a

onde as expectativas do primeiro

de trabalho, é o dia mais crítico para

RHM, quer através de meios próprios

emprego, a adaptação ao mercado

o recém-admitido, atingindo um ele-

Fernanda Almeida, Directora-Geral RHM

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69


laboratório rh

vado nível de ansiedade. Desta forma

equipa, que por sua vez tem motiva-

colaborador na Farmácia, atitudes

o director técnico tem um papel pre-

ções, valores e expectativas que po-

tão simples, como ter o espaço físico

ponderante na redução deste nível

derão ser diferentes das do novo co-

devidamente preparado, ter o res-

de ansiedade, proporcionando-lhe

laborador. Desta forma, o equilíbrio

pectivo material de apoio disponível,

um clima de apoio e desenvolvimen-

da equipa poderá ser alterado com a

ter toda a equipa presente uns mi-

to profissional. Pelo menos no pri-

entrada do novo membro na equipa.

nutos antes da hora de entrada para

meiro dia de trabalho o director téc-

Desde o momento da admissão do

lhes dar as boas-vindas, poderá fazer

nico deverá dar mais ênfase ao que

novo colaborador, quer a farmácia

toda a diferença e ser mais acolhedo-

é importante para o novo membro e

quer o indivíduo, se vão ajustando

ra a chegada do novo colaborador.

menos para a Farmácia.

mutuamente, numa relação de com-

É fundamental, o acompanhamento

A preparação da Integração dos

promisso, tentando criar valor e con-

do novo colaborador no primeiro dia

novos colaboradores deve ser uma

sequentemente tornar a sua farmácia

de trabalho, o director técnico de-

preocupação do director técnico nas

mais competitiva.

verá dispensar o seu dia para passar

farmácias. Contudo esta preparação

Um dos factores que mais afecta a

informações sobre a farmácia que

também deverá ser passada à equipa

adaptação do indivíduo à farmácia

considere relevantes, apresentar a

existente, é preciso explicar à equi-

é o ambiente que rodeia o trabalho,

equipa, esclarecer dúvidas, realizar

pa o porquê de um novo elemento,

nomeadamente a receptividade dos

um almoço de boas-vindas, de prefe-

quais são as tarefas, quais as suas

colegas, a atitude do superior hie-

rência com toda a equipa, caso seja

principais responsabilidades, a quem

rárquico, as normas e regulamentos

impossível, com a maioria da equipa.

reporta e quem é que lhe vai repor-

internos e quais os modos de orien-

São gestos simples mas que fazem

tar. Essencialmente esta preparação

tação.

toda a diferença na integração do

tem como objectivo evitar situações

Deste modo a Farmácia tenta moldar

novo profissional.

de resistência ao novo elemento e

os comportamentos individuais às

O director técnico deverá transmitir

esclarecer receios e dúvidas sobre

suas necessidades, cultura e valores

no primeiro dia de trabalho do novo

expectativas internas existentes, que

e os profissionais que nela trabalham

colaborador, o máximo de informa-

quando mal explicadas pode levar

tentarão influenciá-la com o intuito

ção sobre a Farmácia tais como:

à saída de um dos profissionais da

de atingirem maior satisfação pe-

• Recepção de boas-vindas;

equipa.

ssoal e profissional.

• Apresentação da farmácia;

A farmácia é constituída por uma

Aquando da integração de um novo

• Visita às várias áreas da farmácia;

70 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

• História da farmácia;

quanto mais clarificadas forem as

nual de acolhimento, que deverá

• Missão e principais objectivos;

tarefas, as prioridades e o que na rea-

ser entregue pelo director técnico

• Normas internas de funcionamen-

lidade se espera do profissional, mais

ao novo colaborador no primei-

fácil é a sua adaptação à cultura da

ro dia de trabalho. Este manual de

• Horários e regras de trabalho;

farmácia.

acolhimento e integração terá uma

• Clarificar exactamente quais são as

O acompanhamento da integração,

dupla aplicabilidade, do lado do co-

dura mais do que o simples período

laborador, sentir-se-á confortável e

• O que é que se espera dele(a), qual

de acolhimento. Este acompanha-

acreditará na farmácia porque a mes-

é o papel em termos de desempe-

mento deve incidir em entrevistas

ma lhe transmite uma imagem cre-

to e organização;

tarefas;

nho e competências específicas;

individuais realizadas em tempos

dível de organização, planeamento,

• Política de remunerações e regalias;

relativamente curtos, principalmente

diferenciação no mercado e sobre-

• Política de carreiras;

durante a fase experimental. Uma en-

tudo preocupação com os recursos

• Cultura da Farmácia;

trevista ao final de 15 dias a um mês,

humanos, por parte da farmácia tem

• Estilo de gestão;

ao final de 3 meses, de 6 meses e um

a possibilidade de passar a escrito os

• Estilo de comunicação (formal, in-

ano por exemplo.

objectivos de uma forma mais clara,

Na grande maioria das farmácias não

mais objectiva, reduzindo o tempo

existem procedimentos formalizados

de integração e a subjectividade do

formal) • Qual o sistema informático e como

para uma correcta integração e aco-

que se espera do novo elemento que

• Formalidades administrativas;

se trabalha (caso não conheça)

lhimento do novo colaborador, no

faz parte da equipa.

• Prevenção e segurança;

entanto também se nota, uma maior

Após a integração e acolhimento do

• Apresentação do contrato de tra-

preocupação na implementação de

profissional à que reter os melhores

procedimentos que facilitem a inte-

talentos. Nem sempre é fácil de iden-

No momento de integração de um

balho.

gração dos novos colaboradores.

tificar o colaborador que se ajuste à

novo colaborador, todas as informa-

Uma das soluções apresentadas pela

cultura da farmácia e quando um co-

ções são preciosas para o seu desen-

RHM para diminuir a subjectividade

laborador se sente confortável onde

volvimento pessoal e profissional,

deste tema à a construção do ma-

trabalha, em que sabe exactamente

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71


laboratório rh Dentro de uma equipa, todos os elementos tem características e aspirações distintas, cada um move-se por um objectivo diferente e esta diferença é que torna as Farmácias competitivas neste mercado exigente.

quais são as regras por que se rege,

poderosa para as farmácias. Quando

que encontra na farmácia serão alte-

o que é que o director técnico espera

um colaborador sai, existem inúme-

radas. A maioria das vezes, os cola-

dele, dificilmente procura na concor-

ros custos inerentes à rotatividade,

boradores já demonstraram alguns

rência uma nova oportunidade.

nomeadamente, o recrutamento e

sinais de descontentamento, mas

Manter funcionários-chave nas far-

selecção, orientação e treino do novo

nem sempre lhe é dada a devida im-

mácias é a grande preocupação dos

profissional, diminuição da produtivi-

portância.

farmacêuticos.

dade até que o novo elemento entre

Dentro de uma equipa, todos os ele-

Muitas vezes os profissionais saem

no ritmo, o impacto na performance

mentos tem características e aspira-

das farmácias por motivos errados,

do negócio, satisfação do cliente,

ções distintas, cada um move-se por

sem perceberem exactamente o por-

porque o cliente está totalmente re-

um objectivo diferente e esta dife-

quê do seu descontentamento e quais

lacionado com o empregado.

rença é que torna as farmácias com-

seriam as oportunidades que existem

O director técnico deverá desenvol-

petitivas neste mercado exigente.

dentro da mesma. Posteriormente en-

ver uma política de retenção diária,

Deverá existir uma preocupação

contram uma nova posição em uma

dentro da própria farmácia em que

constante em percepcionar quais

outra farmácia da concorrência, mas

deve gerir a sua equipa como se fos-

são os objectivos de cada um dos

vão continuar insatisfeitos até en-

se o último dia do colaborador na

elementos, o que é que os move,

contrarem um local de trabalho onde

sua farmácia . Geralmente é no dia

quais são as verdadeiras motivações

lhes sejam esclarecidas as razões do

em que o profissional apresenta a

e incentivar a comunicação interna.

seu descontentamento, como é que

sua carta de demissão que o direc-

Em suma, o tema apresentado tem

os vão ajudar e demonstrem o quão

tor técnico se preocupa em reter o

como objectivo sensibilizar e dispo-

importantes são para o bom funcio-

colaborador.

nibilizar algumas dicas para a impor-

namento da farmácia, quais as suas

E como é que normalmente tenta

tância do acolhimento, integração e

mais valias e quais as oportunidades

remediar a situação? Normalmente

retenção dos recursos humanos de

existentes dentro da mesma.

apelando à vertente financeira, e

excelência na sua farmácia.

Hoje em dia a retenção dos melhores

prometendo ao colaborador que

Faça da sua farmácia uma farmácia

profissionais é considerada uma arma

todas as situações menos positivas

de sucesso através das pessoas.

72 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 73


consultoria fiscal A partir de Julho

A Alteração do IVA Encontra-se ainda dependente de aprovação pela Assembleia

VA I % 0 2

da República uma Proposta de Lei do Governo que visa alterar a taxa normal deste imposto, de 21% para 20% (e de 15% para 14%, no caso de operações que se considerem efectuadas nas Regiões Autónomas), com efeitos a partir do próximo dia 1 de Julho.

À semelhança do que sucedeu em

do Código do IVA sobre exigibilidade

para sua emissão (quinto dia útil

anteriores alterações de taxas do IVA,

do imposto, julgamos poder anteci-

após a entrega do bem ou reali-

a entrada em vigor desta alteração

par, desde já, alguns desses proble-

zação do serviço) for respeitado, a

legislativa irá suscitar alguns proble-

mas e respectivas soluções.

taxa aplicável será a de 20%;

mas práticos de aplicação da lei no

Quando a transmissão de bens ou

• se a factura for emitida a partir de

tempo, os quais, como vem sendo

prestação de serviços, dêem lugar à

01.07.2008, inclusive, mas para

regra nestas situações, deverão vir a

emissão de factura, haverá que dis-

além do prazo legal para o efeito, a

ser objecto de instruções administra-

tinguir as seguintes situações:

taxa aplicável será ainda a de 21%,

tivas.

• se a factura for emitida a partir de

devendo a operação ser incluída

01.07.2008, inclusive, e o prazo

na declaração (modelo A ou de

Tendo presentes as regras constantes 74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

Sendo dispensada a emissão de factura ou documento equivalente, a taxa a aplicar será a que estiver em vigor na data em que os bens forem postos à disposição do cliente.

substituição) relativa ao período

rão tributadas à taxa de 21% e as

de crédito ou nota débito, indicar,

de imposto a que diga respeito, de

efectuadas a partir de 01.07.2008,

expressamente, qual o documento e

acordo com as regras de exigibili-

inclusive, serão tributadas à taxa

a data a que respeita a regularização

dade;

de 20%, sem prejuízo de constarem

ou, se for caso disso, a data em que

da declaração periódica referente

o imposto se tornou devido, inscre-

ao período em que foi emitida.

vendo-se o valor da regularização

• sendo a factura emitida a partir de 01.07.2008, inclusive, e dentro do prazo legal para o efeito, mas

na declaração correspondente ao

tendo havido lugar ao pagamento

Sendo dispensada a emissão de fac-

período em que se verifique a regu-

total ou parcial do preço da ope-

tura ou documento equivalente, a

larização;

ração a que a factura respeita, ou

taxa a aplicar será a que estiver em

As situações e regras ora enunciadas

facturação antecipada, será apli-

vigor na data em que os bens forem

não esgotam, porém, nem resolvem,

cável a taxa de 21% ao montante

postos à disposição do cliente, nas

a totalidade das dificuldades que a

do referido pagamento/facturação,

transmissões de bens, ou no mo-

anunciada alteração legislativa irá

de Direito Fiscal da PLMJ

devendo a operação ser incluída na

mento da realização, no caso das

acarretar, sendo previsíveis, como

e-mail: rff@plmj.pt

declaração relativa ao período de im-

prestações de serviços, tendo pre-

no passado, a verificação de situa-

posto a que diga respeito, de acordo

sentes as regras especiais aplicáveis

ções pontuais de incumprimento,

com as regras de exigibilidade;

às transmissões de bens com insta-

em especial no campo das presta-

lação e montagem, transmissões en-

ções de serviços de carácter conti-

bens e prestações de serviços de

tre comitente e comissário.

nuado. Estando nós agora, todavia,

carácter continuado, como é o

Havendo lugar à anulação de opera-

ao contrário do que vinha sendo

caso das assinaturas mensais (de

ção ou à alteração do valor tributável

regra no passado, perante uma si-

chamadas telefónicas ou outros

(redução ou aumento) de operações

tuação de redução de taxa, espera-

serviços) alugueres, etc., cuja fac-

em que tenha sido correctamente

mos, desta vez, uma maior atenção

turação abranja operações realiza-

aplicada a taxa de 21%, a regulariza-

por parte dos consumidores, para

das antes e depois de 01.07.2008,

ção do IVA será efectuada à mesma

quem o impacto da alteração não é

as efectuadas antes desta data se-

taxa de 21%, devendo a factura, nota

indiferente.

• tratando-se de transmissões de

Rogério M. Fernandes Ferreira , Departamento

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 75


consultoria jurídica

A transmissão por morte do estabelecimento de Segundo este princípio, a direcção técnica de uma farmácia deve ser

Durante cerca de quarenta anos, vigorou

indissociável da sua propriedade e,

em Portugal o princípio da indivisibilidade

dade de farmácia se deve encontrar

entre a propriedade e a direcção técnica da

reservada aos farmacêuticos ou às so-

farmácia, consagrado pela Lei n.º 2125, de

quotas em que todos os sócios sejam

20 de Março de 1965 e pelo Decreto-Lei n.º 48547, de 27 de Agosto de 1968. 76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

consequentemente, não só a proprie-

ciedades em nome colectivo ou por farmacêuticos, como cada farmacêutico ou sociedade de farmacêuticos apenas pode ser proprietário de uma farmácia em simultâneo. Entendia o


30

an

19 78 •

dades relativamente ao regime geral

de dez anos) a favor de farmacêutico,

das sucessões. Desde logo há que

sob pena de caducidade do alvará. O

distinguir duas situações diversas

mesmo se aplicava no caso de haver

com soluções igualmente distintas:

herdeiro farmacêutico que já fosse

(i) o regime aplicável nos casos em

proprietário de uma farmácia. Com

que existia herdeiro farmacêutico

a publicação e entrada em vigor do

(incluindo-se aqui o herdeiro aluno

Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de

de farmácia); (ii) e o regime aplicá-

Agosto, esta situação mudou radical-

vel no caso de não haver herdeiro

mente, uma vez que ao princípio da

farmacêutico. Em traços gerais, no

indivisibilidade veio a suceder o prin-

primeiro caso, falecendo o proprie-

cípio da liberdade da propriedade de

tário de uma farmácia, a farmácia

farmácia. Com efeito, este decreto-lei

seria adjudicada ao interessado ou

veio permitir que, em regra, todas as

aos interessados directos na partilha

pessoas singulares ou sociedades co-

que fossem farmacêutico ou aluno

merciais possam ser proprietárias de

do curso de farmácia, pelo valor acor-

farmácias, limitando embora a quatro

dado ou, na falta ou impossibilidade

o número de farmácias que cada pes-

legal de acordo, pelo valor fixado no

soa pode deter. Consequentemente,

competente inventário. Porém, se o

o regime de sucessão de farmácia

interessado farmacêutico ou aluno

aproximou-se significativamente do

de farmácia se opusesse à adjudica-

regime geral das sucessões. Hoje,

ção ou não aceitasse o valor fixado,

falecendo o proprietário de uma

ou ainda se a adjudicação fosse feita

farmácia (ou de uma quota numa

a aluno de farmácia e este, por facto

sociedade proprietária de farmácia),

legislador - não desprovido de razão

que lhe fosse imputável, não viesse

observam-se as regras constantes

- que a actividade farmacêutica não é

a concluir o curso no prazo de seis

do Código Civil no que respeita aos

um mero comércio, mas uma activi-

anos, a contar da primeira inscrição,

direitos de sucessão. Em primeiro lu-

dade onde a personalidade, a forma-

passaria a seria aplicável o regime

gar, importa apurar se o falecido dei-

ção deontológica e os conhecimen-

dos herdeiros não farmacêuticos.

xou ou não herdeiros legítimários ou

tos científicos do farmacêutico são

No segundo caso, a farmácia que

legítimos ‒ isto é, pessoas que, inde-

constantemente obrigados a intervir,

viesse a ser adjudicada a cônjuge ou

pendentemente da existência ou não

justificando assim que seja este a

herdeiro legitimário que não fosse

de um testamento ou de legados,

geri-la com total independência em

farmacêutico ou aluno de farmácia

têm direito a herdar os seus bens.

todos os seus aspectos.

deveria, no prazo de dois anos, ser

Depois, importará saber se o faleci-

Nesta medida, o regime da sucessão

objecto de trespasse ou de cessão

do deixou testamento ou legado a

de farmácia tinha diversas especiali-

de exploração (pelo prazo máximo

favor de herdeiro ou de terceiro, e se

farmácia

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 77


consultoria jurídica

este respeita ou viola, de alguma for-

prevê algumas incompatibilidades

gida pelas incompatibilidades do ar-

ma, a quota indisponível da herança

quanto à propriedade, exploração e

tigo 16.º do Decreto-lei n.º 307/2007,

‒ aquela parte dos bens do falecido

gestão de farmácias, estabelecendo

de 31 de Agosto, não poderá deter ou

que, seja qual for a sua vontade, será

que não podem deter ou exercer,

exercer, directa ou indirectamente, a

sempre para os seus herdeiros legi-

directa ou indirectamente, a proprie-

propriedade, a gestão ou a exploração

timários (cônjuge, descendentes e

dade, a exploração ou a gestão de

de farmácia, não podendo, designa-

ascendentes directos). Esclarecendo-

farmácias, (i) os profissionais de saúde

damente, adquirir por meio de trans-

-se estes aspectos, poderemos então

prescritores de medicamentos; (ii) as

missão por morte, a propriedade de

definir quem tem direito a herdar a

associações representativas das far-

farmácia. Assim, perante uma situação

farmácia ou a quota da sociedade

mácias, das empresas de distribuição

destas, entendemos que o INFARMED

proprietária de farmácia. Sendo várias

grossista de medicamentos ou das

deverá conceder um prazo razoável

pessoas a usufruir desse direito, have-

empresas da indústria farmacêutica,

ao herdeiro para que este possa, ainda

rá então que proceder a uma partilha

ou dos respectivos trabalhadores; (iii)

na qualidade de herdeiro, transmitir a

dos bens da herança, cabendo aos in-

as empresas de distribuição grossista

farmácia a um terceiro que reúna as

teressados chegar a acordo quanto à

de medicamentos; (iv) as empresas da

condições para ser proprietário. De

distribuição dos bens e ao pagamen-

indústria farmacêutica; (v) as empre-

outro modo cair-se-ia num paradoxo

to de compensações recíprocas entre

sas privadas prestadoras de cuidados

legal em que o herdeiro, por força da

eles (as chamadas tornas). Não sendo

de saúde (vi) e os subsistemas que

legislação civil aplicável tinha direito

possível o acordo, poder-se-á recorrer

comparticipam no preço dos medi-

ao bem, mas decorrente da legisla-

a um processo de inventário judicial.

camentos. Deste modo, falecendo

ção farmacêutica ficaria impedido de

E assim sucessivamente, aplicando as

o proprietário de uma farmácia cujo

exercer esse direito.

regras gerais da sucessão, chegar-se-

herdeiro seja uma pessoa que esteja

Por último, importa salientar que a

-á a uma solução quanto à atribuição

incluída num destes grupos, verifica-

morte do proprietário da farmácia

dos bens da herança.

-se uma impossibilidade de a proprie-

constitui motivo justificativo para a

É inegável que o Decreto-Lei n.º

dade de farmácia lhe ser adjudicada.

venda, trespasse ou cessão de explo-

307/2007, de 31 de Agosto, veio so-

De facto, se o herdeiro for, por exem-

ração antes de decorridos cinco anos,

lucionar algumas questões contro-

plo, um médico, este não poderá ser

a contar do dia da respectiva abertu-

versas suscitadas pela legislação an-

proprietário da farmácia. No entanto, a

ra, na sequência de concurso público,

teriormente em vigor... mas será que

lei não esclarece qual é o procedimen-

devendo estes negócios observar a

solucionou essas questões em toda a

to em concreto que deve ser seguido

forma escrita e ser comunicados ao

sua extensão? Entendemos que não.

nestes casos, nem qual é o prazo para

INFARMED no prazo de 30 dias a con-

Na verdade, o artigo 16.º do Decreto-

que esta situação seja regularizada.

tar da sua celebração, para efeitos de

-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto,

Certo é que qualquer pessoa abran-

averbamento no alvará.

78 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 79


noticiário Homenagem a Ana Aires Era há 5 anos directora do Depar-

Licenciada em Direito pela Univer-

da Direcção de Inspecção e Licen-

tamento de Licenciamento do Infar-

sidade Católica de Lisboa, desenvol-

ciamento. O desempenho destas fun-

med. Por ela passavam os pedidos de

veu toda a sua carreira na área jurídica.

ções implicava naturalmente um con-

licenciamento de farmácias e postos

Ingressou na Autoridade Nacional do

tacto com os candidatos à propriedade

farmacêuticos móveis, o que a tornava

Medicamento ao serviço do respec-

de farmácia, contacto esse que não era

naturalmente conhecida dos farma-

tivo Gabinete Jurídico. Daí transitou

apenas documental, mas também pre-

cêuticos.

para a então Direcção Operacional de

sencial. É recordada nos serviços que

Ana Aires faleceu no passado dia 20 de

Licenciamento e Inspecção.

integrava como uma profissional muito

Maio, vítima de doença do foro oncoló-

E em Abril de 2003 assumiu a chefia

competente. A doença interrompeu

gico. Faria 40 anos em Dezembro.

do Departamento de Licenciamento

precocemente este percurso.

Caminhada contra a obesidade

Uma intervenção diferente enderam os pedidos para que a inicia-

obesidade na população da freguesia,

tiva se repetisse.

mas o rastreio permitiu confirmar que a

E repetiu-se. A 25 de Maio último, quase

realidade é preocupante .

200 pessoas foram convidadas a per-

Para

correr os quatro quilómetros que dis-

Caminhada contra a obesidade tradu-

tam da farmácia à Capela da Senhora

ziu uma forma diferente de intervenção

dos Remédios, em Medrões. Aí foram

profissional: Temos de sair da farmácia,

desafiadas a medir os parâmetros as-

estar mais próximos da população. De

Amélia

Rodrigues,

esta

sociados ao risco cardiovascular ‒ peso,

uma maneira simples, conseguimos

Quando Amélia Rodrigues, proprietária

IMC, glicemia e colesterol. E quando

ensinar e as pessoas aprenderam.

da Farmácia Loureiro, aceitou a propos-

uma medição apontava para a existên-

Perceberam a importância de ter uma

ta da sua colaboradora Joana Merêncio

cia de um desequilíbrio, a intervenção

farmácia .

para promover uma caminhada contra

fez-se no sentido de aconselhar com-

É que a freguesia de Loureiro só possui

a obesidade estava longe de imaginar

portamentos adequados à sua correc-

farmácia há oito anos, reivindicada pela

o sucesso desta forma diferente de in-

ção, se necessário encaminhando para

junta de freguesia. Amélia Rodrigues,

tervenção profissional. A ideia foi con-

consulta médica. Com a colaboração de

natural de Peso da Régua, concorreu e

cretizada pela primeira vez em 2007, no

farmacêuticos do concelho e de uma

ficou. No início, foi um risco, mas hoje

âmbito da campanha da ANF Pratique

enfermeira do centro de saúde de Peso

é bastante gratificante. A farmácia é o

exercício físico, o coração agradece .

da Régua. Dos resultados será dado co-

primeiro recurso das pessoas, pois a

Com o apoio da Câmara Municipal de

nhecimento, sob a forma de poster, no

acessibilidade ao médico é muito difí-

Peso da Régua, a farmácia desafiou

9º Congresso Nacional das Farmácias,

cil . A marcar a diferença nesta fregue-

então os seus utentes para uma cami-

em Novembro. Mas, é já possível che-

sia do Interior Norte do país, a Farmácia

nhada de cerca de três quilómetros. E a

gar a conclusões: Já sabíamos que ha-

Loureiro promete uma terceira cami-

adesão surpreendeu, tal como surpre-

via um problema de excesso de peso e

nhada.

80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

Aprovadas alterações aos estatutos As alterações aos Estatutos da ANF,

Assim, o primeiro ponto do artigo 48º,

da ANF também não foram aceites a

propostas pela direcção, foram aprova-

relativo às reuniões da assembleia geral,

propósito da alteração ao artigo 43º-A.

das por 137 votos correspondente a 98

passa a determinar que elas sejam con-

Dele passa a constar, por imposição da-

por cento dos sócios presentes e repre-

vocadas por 10% ou 200 sócios, quando

queles dois organismos públicos, a exis-

sentados na assembleia geral de 31 de

os Estatutos previam essa possibilidade

tência de uma comissão eleitoral, com

Maio, em Lisboa.

com apenas 5% dos sócios.

papel fiscalizador dos actos eleitorais.

Da votação, que não registou votos

A imposição sustenta-se na necessi

Entende a associação que o Código de

contra, resultou uma nova redacção de

-dade de respeitar o Código do Traba-

Trabalho não torna obrigatória a sua in-

três dos artigos dos Estatutos. Foi o que

lho. Todavia, a norma constante dos

clusão nos Estatutos, mas apenas a sua

aconteceu ao n.º2 do artigo 44, relativo

Estatutos da associação ia além do mí-

constituição sempre que haja eleições.

ao voto por correspondência, do qual

nimo legal, não só respeitando como

Este argumento foi igualmente rejeita-

foi excluída a expressão associado .

ampliando o espírito do legislador. Para

do, pelo que as alterações se tornaram

A necessidade de harmonização com

a direcção, era uma norma mais favorá-

imperativas.

um outro artigo estatutário, o 20º, jus-

vel à liberdade dos sócios e reveladora

Depois de votadas, na reunião de 31 de

tificou esta alteração. Diferentes foram

da democraticidade da associação, na

Maio, foram incorporadas nos Estatutos

as razões que presidiram à alteração do

medida em que permitia uma maior

da ANF, revistos a 20 de Outubro do ano

nº1 do artigo 48º e do artigo 43º-A, in-

flexibilidade na convocatória das as-

passado, em consequência do novo

troduzidas por imposição do Ministério

sembleias. Assim não entenderam, no

enquadramento legislativo do sector.

do Trabalho e do Ministério Público, não

entanto, o Ministério do Trabalho e

Nessa altura, 95% dos sócios aprovaram

obstante a oposição da ANF.

o Ministério Público. Os argumentos

favoravelmente o novo documento.

Asma explicada às crianças Cerca de duas dezenas de crianças ti-

se manifestam e como se previnem

veram oportunidade de se associar de

as crises foram alguns dos aspec-

uma forma especial ao Dia Mundial da

tos focados nesta iniciativa que re-

Asma, que se assinalou a 2 de Maio. É

sultou de uma colaboração entre

que estas crianças - alunas do 3.º ano

os Serviços Educativos do Museu e

da Escola Abel Varzim EB1 - foram as

o Departamento de Programas de

protagonistas de um atelier educativo

Cuidados Farmacêuticos da ANF.

sobre as alergias e asma realizado no

Além disso, o atelier é um mais um

Museu da Farmácia.

exemplo da proximidade das farmá-

Intitulado Atchim & Companhia, o

cias e do próprio museu à comuni-

atelier aliou o lúdico ao pedagógi-

dade, dado que os alunos integram

co para lhes dar a conhecer doen-

uma escola do Bairro Alto, o bairro de

ças que são muito comuns entre os

Lisboa onde se localiza a sede da ANF

mais pequenos. O que são, como

e o Museu da Farmácia. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81


noticiário Farmácias amigas do ambiente Quarenta e seis farmácias, de todo

de pública ao ambiente destacou-se a

a 639 toneladas, o que constitui uma

o país, viram o seu envolvimento

Farmácia Simões Roque, da localidade

subida significativa face ao ano ante-

no Sistema Integrado de Gestão de

de Barro (concelho de Águeda), que

rior, em que as recolhas se situaram

Resíduos de Embalagens e Medica-

recolheu e entregou para o adequado

nos 82.239 contentores, com 576 to-

mentos fora de uso (SIGREM) pre-

tratamento 136 contentores, no total

neladas. Aliás, desde 2001, ano que foi

miado, com a atribuição dos Prémios

de 455 quilos de resíduos de medica-

criado o sistema, que as recolhas têm

Valormed 2007.

mentos e embalagens.

subido continuamente.

Entre as farmácias que mais contribuí-

No total, em 2007 foram recolhidos

A entrega dos prémios que distin-

ram para esta iniciativa que alia a saú-

90.997 contentores, correspondentes

guem o compromisso das farmácias com este projecto ocorreu a 3 de Junho último, numa cerimónia que teve como palco o Teatro Tivoli, em Lisboa. Na presença dos presidentes do Infarmed, da ANF, Apifarma, Groquifar e Fecofar e de uma representante da Agência Portuguesa do Ambiente, o director-geral da Valormed o evento importante na medida em que traduz o reconhecimento público da acção de cada vez maior número de farmácias amigas do ambiente. É que o SIGREM, gerido pela Valormed, integra 2.748 farmácias, o que corresponde a 98% do total nacional. Apesar dos bons resultados, a Valormed continua a investir na sensibilização da população, tendo lançado recentemente uma nova campanha sob o mote Habitue-se a esta ideia .

82 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

AMI alia solidariedade ao ambiente É esse o propósito das campanhas

de prata, cuja venda nos mercados

E são também essas verbas que per-

anuais de reciclagem de radiografias,

internacionais é uma fonte de re-

mitem às equipas da AMI partir para

cuja última edição, a 13ª, decorreu de

cursos importante para o trabalho

aqueles pontos do mundo onde a

5 a 30 de Junho com o envolvimento,

humanitário da Assistência Médica

ajuda humanitária é premente. Este

como é habitual, das farmácias.

Internacional (AMI). As receitas são

é o objectivo solidário. Mas há tam-

A população é sensibilizada para en-

canalizadas para os projectos de ac-

bém o objectivo de preservação do

tregar nas farmácias as radiografias

ção social em Portugal - nove centros

ambiente, na medida em que a reci-

com mais de cinco anos ou aquelas

Porta Amiga que prestam assistência

clagem evita que as radiografias se

que já não tenham valor de diagnós-

às populações mais desfavorecidas,

transformem em lixo. A campanha de

tico. Posteriormente ser-lhes-á retira-

dois abrigos nocturnos, duas equi-

2007 resultou no maior valor de sem-

da a prata, sendo que cada tonelada

pas de rua de apoio aos sem-abrigo

pre - cerca de 120 toneladas recolhi-

de películas permite obter dez quilos

e uma unidade de apoio domiciliário.

das que renderam 199 mil euros.

Protecção solar

Das farmácias para os utentes O papel da farmácia na sensibilização

Abordada foi também a Foto-

da população para a importância de

protecção , nas suas diferentes

prevenir os efeitos nefastos da exposi-

vertentes - horário de exposição,

ção solar esteve na origem de mais um

vestuário e protectores solares.

ciclo de conferências sobre protecção

Neste último aspecto foi dado

solar: Lisboa (a 15 de Maio), Porto (a

relevo à intervenção do farma-

26) e Coimbra (a 28) foram as cidades

cêutico junto dos utentes, no-

que acolheram esta iniciativa. Realiza-

meadamente no que respeita

do visou as Populações especiais .

das em horário pós-laboral, as ses-

ao aconselhamento na escolha do

Associaram a esta iniciativa através da

sões abrangeram quatro temáticas.

produto mais adequado e seu modo

presença de stands com a exposição

A primeira - Radiações solares - dife-

de uso.

de produtos utilizado na protecção

rentes tipos de radiação e seus efeitos

Em cada uma das sessões foi dada

solar, bem como a possibilidade de

- envolveu a distinção entre os efeitos

particular relevância sobre as conse-

esclarecer qualquer questão associa-

benéficos das radiações solares e os ne-

quências nefastas da radiação solar,

da aos mesmos, a Alliance Healthcare

gativos, aqui se enquadrando as con-

enquadradas no tema Lesões neo-

com a Soltan, a Expansciense com a

sequências imediatas e a longo prazo,

plásicas associadas à exposição solar

marca Mustela e a Johnson&Johnson

bem como a fotossensibilização.

e fototipos . Um último aspecto foca-

com as marcas Roc e a Piz Buin. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 83


noticiário Receituário

Sobreposição de vinhetas justifica recusa As novas regras de conferência do re-

o número errado, bem como a so-

de comparticipação a que o utente

ceituário têm suscitado alguma con-

breposição de etiquetas no local de

tem acesso, em detrimento da infor-

trovérsia no relacionamento entre as

prescrição.

mação constante do cartão de utente

farmácias e a administração da saú-

O ministério, através do secretário de

do SNS .

de. A sua entrada em vigor suscitou

Estado da Saúde, mostrou-se sensí-

Embora continue a discordar, a direc-

um número anormalmente elevado

vel aos primeiros argumentos, ten-

ção entende que, nestas circunstân-

de devoluções às farmácias, de que

do recomendado às Administrações

cias, as farmácias deverão aplicar o

Farmácia Portuguesa deu conta na

Regionais de Saúde que não devol-

regime de comparticipação confor-

edição anterior.

vam às farmácias receituário naque-

me indicado na receita médica, de

Suscitou, igualmente, uma troca de

las condições.

acordo com a cor da vinheta do lo-

correspondência entre a direcção da

Manteve-se, no entanto, inflexível no

cal de prescrição, isto é, vinheta rosa

ANF e o Ministério da Saúde, moti-

que respeita à sobreposição de eti-

(Regime Geral - código de facturação

vada pela oposição da associação a

quetas, tendo as ARS sido instruídas

01) ou vinheta verde (Regime Especial

alguns dos critérios invocados para a

no sentido de manterem o procedi-

- código de facturação 48). O regime

devolução do receituário.

mento de devolução. Para a ANF,

de comparticipação, de acordo com

Entre eles encontrava-se a devolu-

é clara a intenção do Ministério da

o cartão de utente, aplicar-se-á nas

ção de receitas sem data de prescri-

Saúde de que seja a vinheta do local

receitas que não contenham vinheta

ção, sem número de utente ou com

de prescrição a determinar o regime

do local de prescrição.

Farmácias presentes em feiras da saúde Duas feiras da saúde realizadas no

- para divulgarem as res-

passado mês de Abril na região do

pectivas actividades em

Porto contaram com a participação

termos de saúde pública,

activa de várias farmácias, desafia-

bem como o Programa

das pela Delegação Norte da ANF

Farmácias Portuguesas.

a assim interagirem com a comu-

A 19 e 20 do mesmo mês,

junto da população, o que foi possí-

nidade.

a Universidade Católica do Porto aco-

vel graças à disponibilidade de co-

A primeira das iniciativas - a III Feira

lheu a iniciativa Viver a Foz...com

laboradores das farmácias Moreno,

da Saúde de Paredes, de 4 a 6 de

Saúde , organizada pela Junta de

S. Jerónimo, do Lago, Alves da Silva

Abril - envolveu as farmácias do

freguesia da Foz do Douro. Mais uma

e Sá da Bandeira, como bem da

concelho, que beneficiaram de um

oportunidade para reforçar a presen-

Delegação Norte da Associação e

espaço próprio - Pavilhão ANF

ça das farmácias e dos farmacêuticos

do DAA.

84 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


30

an

19 78 •

os

20 08

Um farmacêutico nos Jogos Olímpicos João Neto festeja com a bandeira portuguesa

Faltam-lhe apenas quatro das 56 ca-

e de ter somado quatro medalhas de

ria de 73 Kg. Atleta do ACM Coimbra

deiras ( contei-as ) da licenciatura em

ouro em provas da Taça do Mundo.

(T.N.) e do PSV Abensberg, o clube

Ciências Farmacêuticas da Faculdade

Actualmente, é o 2º dos melhores do

profissional alemão pelo qual vai dis-

de Farmácia de Coimbra para ser, de

mundo e faz parte de um grupo de

putar a Liga dos Campeões Europeus,

facto, farmacêutico. Porque até o es-

16 ou 17 atletas de elevado nível que

sabe que a carreira de judoca não é

tágio já fez. João Neto tenciona con-

com ele vão disputar as três medalhas

muito longa. Talvez mais uns qua-

clui-las, mas há pouco mais de um ano

em Pequim: As expectativas são na-

tro anos de competição e depois

que as deixou à espera... dos Jogos

turalmente elevadas e o objectivo é

dedicar-se-á à profissão. Antes disso

Olímpicos.

trazer uma medalha. Mas sei que é

terminar o curso será uma prioridade

muito difícil, porque a competitivida-

a assumir no regresso de Pequim: É

apuramento olímpico. Precisava do

Tive de me dedicar a 100% para o

de é enorme .

evidente, até já fiz o estágio, não é

corpo e do espírito completamente

Aliás, no seu palmarés de vitórias só

para desistir .

disponíveis .

uma medalha olímpica lhe falta. É

O que o cativa na Farmácia é o lado

É que este jovem de Coimbra, com 26

uma meta, mesmo que não seja em

mais científico e é por aí que tentará

anos, é uma das esperanças portugue-

Pequim. Mas acredita: A temporada

seguir. Uma farmácia sua é uma hipó-

sas nos jogos de Pequim, em Agosto:

correu-me muito bem .

tese no horizonte. Mas, para já, igua-

o judo, que pratica na modalidade de

Esta não é a estreia de João Neto em

lar o feito de Nuno Delgado, o único

‒ 81 Kg, elevou-o já a n.º1 do ranking

Jogos Olímpicos. Já disputou os de

judoca português a conquistar uma

mundial. Foi em Abril, depois de se ter

Atenas, há quatro anos, de onde trou-

medalha olímpica (bronze, em Sidney,

sagrado campeão europeu em Lisboa

xe um sétimo lugar, então na catego-

2000), é a meta.

corta e cola Multas para utentes absentistas? in Publico, de 13.05.2008

A proposta é do Conselho Nacional

proposta que desenca-

de Ética e Deontologia dos Médicos

deou alguma polémica, com vá-

e enquadra-se na revisão do código

rias posições públicas a favor de uma

deontológico da profissão: cobrar

multa também para os médicos que

Pedro Nunes, já veio dizer que não

um sinal, que não poderá exceder os

se atrasam, o que é frequente. Ainda

concorda com aquela cláusula, pois

20 por cento do valor da consulta, aos

não foi tomada uma decisão, mas o

constituiria um

utentes que faltem sem aviso. Uma

bastonário da Ordem dos Médicos,

medicina que não faz sentido .

mercantilismo da

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 85


ficheiro mestre Alteração à Denominação Farmácia Margarida Largo da Capela Espirito Santo, 3780-599 VILARINHO DO BAIRRO Dra. Sandra Margarida Nunes Lourenço dos Santos

Farmácia Marques Rego Praça do Comércio,47 4720-337 FERREIROS AMR Dr. Horácio Miguel Vieira Antunes Domingos Rodrigues - Herdeiros

Farmácia Conceição de Tavira Sitio da Igreja, Loja 2A1 8800-061 CONCEIÇÃO TVR Dra. Wilza Carla Ferreira Branco

Farmácia Madeira Avenida Marçal Pacheco, 72 8100-505 LOULÉ Dr. Luís Miguel Silva Cabrita Calçada Correia Miguel Calçada Correia, Unipessoal Lda.

Farmácia Marques Rua 1º de Maio, Edificio Gentil, LT. 27, R/C 2625-588 VIALONGA Dra. Catia Isabel Marques Dias Famarvia, Lda

Farmácia Vitalis Rua Morais Soares, 69-C 1900-342 LISBOA Dra. Marta Sofia Vitorino Abreu L. F. Teodoro - Sociedade Farmacêutica, Lda

Farmácia Alvorado Pedro Rua Luís de Camões, 21 2680-435 UNHOS Dr. Manuel António do Sobral Pedro Farma Pedro, Unipessoal Lda

Farmácia Marques Rua 1º de Maio, Edificio Gentil, LT. 27, R/C 2625-588 VIALONGA Dra. Catia Isabel Marques Dias Famarvia, Lda

Farmácia Neves Santa Luzia - Monte Córdova, 4825-288 SANTO TIRSO Dr. Luis Pedro Forte Lourenço Carla Neves Unipessoal,Lda. Correcção de dados Farmácia Marques Rua 1º de Maio, Edificio Gentil, LT. 27, R/C 2625-588 VIALONGA Dra. Catia Isabel Marques Dias Famarvia, Lda Farmácia Serra das Minas Avenida Maria Lamas, Lote 4, loja E 2635-430 RIO DE MOURO Dra. M. Celeste Leitão Duarte Santos Farmácia Serra das Minas, Lda Farmácia Ponta do Sol Estrada do V Centenário Empreendimento Vila Sol, fracção B K 9360-215 PONTA DO SOL Dra. Ana Paula Severim Martins Ana Paula Severim Martins Soc. Farmacêutica, Unipessoal Lda Farmácia São Damião Rua Vereador Correia de Andrade, LT. 43 2635-480 RIO DE MOURO Dra. Maria José Relvas Rolo Salgueiro Maria José Relvas Rolo Salgueiro, Sociedade Unipessoal Lda 86 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

Ofício do Infarmed Farmácia Cardeira Avenida Duque de Ávila, 32-C 1000-141 LISBOA Dr. Luis de Castro Nunes Vicente e Cunha Farmácia Cardeira - Sociedade Unipessoal Lda. Alteração à Propriedade Farmácia Serra das Minas Avenida Maria Lamas, Lote 4, loja E 2635-430 RIO DE MOURO Dra. M. Celeste Leitão Duarte Santos Farmácia Serra das Minas, Lda Farmácia Ponta do Sol Estrada do V Centenário Empreendimento Vila Sol, fracção B K 9360-215 PONTA DO SOL Dra. Ana Paula Severim Martins Ana Paula Severim Martins Soc. Farmacêutica, Unipessoal Lda Farmácia da Lajeosa Rua Senhor do Calvário, 20 3460-153 LAJEOSA TND Dra. Sílvia Raquel Cabral da Silva Hugo Angelo - Sociedade Farmacêutica, Lda. Farmácia Alvorado Pedro Rua Luís de Camões, 21 2680-435 UNHOS Dr. Manuel António do Sobral Pedro Farma Pedro, Unipessoal Lda

Farmácia São Damião Rua Vereador Correia de Andrade, LT. 43 2635-480 RIO DE MOURO Dra. Maria José Relvas Rolo Salgueiro Maria José Relvas Rolo Salgueiro, Sociedade Unipessoal Lda Transferência de Local Farmácia Conceição Lda. Calçada D. Gastão, 29 B 1900-194 LISBOA Dra. Maria Dulce B. S.de Campos A. Tavares Coelho Conceição Lda. Farmácia Margarida Largo da Capela Espirito Santo, 3780-599 VILARINHO DO BAIRRO Dra. Sandra Margarida Nunes Lourenço dos Santos Farmácia Morais Sarmento Rua Rodrigues de Sampaio, 21, Loja A 1150-278 LISBOA Dra. Helena Maria Ribeiro G. P. T. Pedro Helena Maria Teixeira Pedro, Soc. Unipessoal Lda. Farmácia Conceição de Tavira Sitio da Igreja, Loja 2A1 8800-061 CONCEIÇÃO TVR Dra. Wilza Carla Ferreira Branco


formacao

30

an

19 78 •

os

20 08

Cursos para Farmacêuticos Curso

Data

Local

Curso Básico de Formação de Socorristas

16,17,23 e 24 de Setembro de 2008

Lisboa

Factores de risco cardiovascular: prevenção primária

20 de Setembro de 2008

Lisboa

O Marketing e a Farmácia

22 e 23 de Setembro de 2008

Coimbra

Use o Excel para Fazer Cálculos

22 e 29 de Setembro de 2008

Lisboa

Asma e DPOC

23 e 24 de Setembro de 2008

Viseu

Recertificação do Curso Básico de Formação para Socorristas

25 e 26 de Setembro de 2008

Lisboa

Doença de Alzheimer e outras Demências

26 e 27 de Setembro de 2008

Lisboa

A Venda Inteligente

30 de Setembro de 2008

Coimbra

Tesouraria e Controlo de Gestão

1 e 2 de Outubro de 2008

Porto

Antimicóticos em Dermatologia

3 de Outubro de 2008

Vila Real

Antibioterapia na Infecção Respiratória

3 de Outubro de 2008

Tomar

Problemas Relacionados com Medicamentos e Intervenção Farmacêutica

3 de Outubro de 2008

Lisboa

Tesouraria e Controlo de gestão

6 e 7 de Outubro de 2008

Lisboa

Aparelho Sexual Masculino: patologias e terapêutica

7 de Outubro de 2008

Porto

Dislipidemias

7 de Outubro de 2008

Coimbra

Dislipidemias

7, 8, 14 e 15 de Outubro de 2008

Lisboa

Problemas Relacionados com Medicamentos e Intervenção Farmacêutica

8 de Outubro de 2008

Porto

Medicamentos Manipulados em Pediatria

9 de Outubro de 2008

Lisboa

O Boletim de Análises

9 e 10 de Outubro de 2008

Castelo Branco

Gestão de Aprovisionamento na Farmácia

9 e 10 de Outubro de 2008

Coimbra

Doenças Auto-imunes

9 e 10 de Outubro de 2008

Lisboa

Curso

Data

Local

Antimicrobianos

17 e 18 de Outubro de 2008

Porto

Compreender os Antibióticos

18 de Setembro de 2008

Lisboa

Alterações Metabólicas

19 e 20 de Setembro de 2008

Coimbra

Alterações Metabólicas

26 e 27 de Setembro de 2008

Porto

Curso de Suporte Básico de Vida

30 de Setembro de 2008

Lisboa

Aparelho Gastrointestinal

3 e 4 de Outubro de 2008

Coimbra

Cursos para Ajudantes

Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) • Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • E-mail: escola@anf.pt

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 87


reunioes e simpósios Nacionais • Conferência - Detecção e sinalização da suspeita iatrogénica na rotina clínica Contactos: Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão • Tel: 213400712 Fax: 213 400759 escola@anf.pt

12 de Setembro de 2008 Lisboa ‒ Auditório do Hospital Fernando da Fonseca

• Conferência - A avaliação do risco para prognóstico como critério de decisão terapêutica Contactos: Escola de Pós-Graduação em Saúde

• II Conferência de Farmacoterapia ‒ Dor: um problema de saúde actual Contactos: Tel: 213400712 Fax: 213 400759 • escola@anf.pt

20 de Outubro Lisboa - Auditório da Torre do Tombo

• 9º Congresso Nacional das Farmácias ‒ Farmácias Portuguesas: uma Nova Era para a Saúde em Portugal Contactos: Tel: 213 400651/ 213400650

e Gestão • Tel: 213400712 Fax: 213 400759

Fax:213400674

escola@anf.pt

9congresso@anf.pt

19 de Setembro de 2008 Lisboa ‒ Auditório do Hospital Fernando da Fonseca

20 a 23 de Novembro Lisboa - Centro de Congressos de Lisboa

• III Conferência da Plataforma Saúde em Diálogo ‒ Todos Juntos pela Saúde Contactos: Tel: 21 3400659 Fax: 21 300674 Plataforma_saude_em_dialogo@yahoo.com

19 e 20 de Setembro Lisboa - Auditório da Associação Nacional das Farmácias

Internacionais • 68º Congresso FIP - Reenginering Pharmacy Practice in a Changing World Contactos: ANF: Dora Fonseca: 21 3400659

Contactos: ANF: Dora Fonseca: 21 3400659

FIP: Tel.: +31 346 266 110; Fax: +31 346 263 308;

ESCP: www.escpweb.org

E-mail: registration@newbrooklyn.nl 29 de Agosto a 4 de Setembro de 2008 Basileia, Suiça

88 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

• 37º Simpósio de Farmácia Clínica Pharmaceutical Care Models & Therapeutics Inovation 22 a 24 de Outubro de 2008 Dubrovnik, Croácia


cartoon

30

an

19 78 •

os

20 08

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 89


desta varanda O universo empresarial da ANF • Reforçar a capacidade de diálogo com o sector bancário; • Obter know how em todos os domí-

essas incertezas. Só o investimento pode gerar riqueza, criar postos de trabalho e promover o

nios da saúde, directa ou indirecta-

desenvolvimento económico.

mente relacionados com a actividade

O nosso universo empresarial é credí-

farmacêutica;

vel, sólido e tem futuro, como prova

• Celebrar parcerias estratégicas com

a recente fusão entre a Consiste e a

grupos empresariais credíveis, para

Pararede, que teve lugar no passado dia

fazer face aos desafios da globaliza-

11 de Junho, dando origem a uma das

ção da economia.

maiores empresas de tecnologias de in-

O nosso futuro tem de ser construído

formação e de serviços do País.

por nós próprios. O passado ensina-nos

Na ANF e empresas associadas traba-

que não devemos contar com terceiros

lham actualmente 1.800 pessoas, das

para esse fim, antes devemos estar pre-

quais cerca de metade têm formação

No passado dia 31 de Maio, a Direcção

parados para todas as eventualidades.

universitária.

promoveu uma reunião geral de

Foi nos últimos três anos que o universo

Isto significa que os nossos investimen-

Associados, sobre os projectos empre-

empresarial da ANF mais se desenvol-

tos não são apenas bons para as farmá-

sariais da ANF. Durante um dia, os res-

veu, com investimentos de 131 milhões

cias. São bons, também, para o País, por-

ponsáveis das várias empresas fizeram

de euros.

que geram riqueza e criam emprego.

apresentações detalhadas sobre cada

A criação da FINANFARMA, em 2006, por

O sucesso dos países não é obra do aca-

uma delas. Participaram mais de 500

exemplo, permitiu-nos vencer as amea-

so. Com as farmácias passa-se exacta-

pessoas, número que revela o interesse

ças de estrangulamento financeiro do

mente o mesmo.

das farmácias pelo tema da reunião.

sector, vindas do próprio Ministério da

O desenvolvimento do sector é fruto

A actividade empresarial é hoje um dos

Saúde, e reduzir em trinta dias o prazo

de muito trabalho, muito investimento

vectores fundamentais da estratégia

de pagamento das comparticipações

e muita solidariedade entre os associa-

global das farmácias, a par dos vectores

do SNS às farmácias.

dos. Esta realidade só é difícil de com-

associativo, político e profissional.

Por outro lado, a Economia atravessa,

preender para aqueles que nada fazem,

A nossa política empresarial tem os se-

actualmente, um período de dificulda-

nada arriscam e nunca criaram um pos-

guintes objectivos:

des e incertezas quanto ao futuro.

to de trabalho.

• Defender a economia da farmácia;

Este aspecto, em vez de nos inibir, deve

• Prestar mais e melhores serviços aos

constituir uma razão adicional para do-

associados; • Garantir a independência do sector em áreas essenciais; 90 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

tar o nosso sector das instituições que possam ajudar as farmácias a ultrapassar essas dificuldades e a fazer face a

João Cordeiro


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 91


92 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


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