Farmácia Portuguesa 177

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Farmácia

Portuguesa BiMESTRAL • N°177 • Setembro/outubro ‘08

Os últimos 30 anos na evolução da Farmácia em Portugal Medicamentos Genéricos

Descida de preço é erro político

30

an

19 78 •

os

20 08

Farmácia Portuguesa |


| Farmรกcia portuguesa


Farmácia

Portuguesa Setembro/Outubro de 2008 • Ano XXX • Nº 177 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528

Editorial Editorial 5 30º aniversário da Farmácia Portuguesa 30th anniversary of Farmácia Portuguesa

sumário

30

an

19 78 •

os

20 08

6

Medicamentos Genéricos Generic medicines

10

Vinculação a Patentes viola Directiva Entailing to patents infringes Directive

12

Unidades de Saúde Familiar Family Health Unities 14 68º Congresso da FIP em Basileia 68th FIP Congress in Basel

22

Flashes Flashes 26 2.ª Publicação Farmácias Portuguesas Farmácias Portuguesas 2nd Edition 28 III Congresso da Plataforma Saúde em Diálogo 3rd Plataforma Saúde em Diálogo Congress 30

6

Informação Terapêutica – Sexualidade e Adolescência Therapeutical Information – Sexuality and Adolescence

FARMÁCIA PORTUGUESA

36

Informação Terapêutica - Osteoporose Therapeutical Information – Osteoporosis 42

30.º aniversário Entre os anos 2000 e 2005 – o intervalo de tempo pelo qual prossegue esta retrospectiva

Informação Veterinária Veterinary Information 48

– a Farmácia Portuguesa deu

Construir o futuro com Sifarma 2000 Building the future with Sifarma 2000 50

da Saúde e da consequente

Museu da Farmácia Pharmacy Museum 54

conta da sucessão de ministros sucessão de reformas prometidas e adiadas, das tentadas mas inacabadas.

Laboratório RH HR Lab 56 Educação para a Cultura na Farmácia Açoreana Education for Culture at Açoreana Pharmacy 62 Consultoria Jurídica Law advice 64 Consultoria fiscal Tax advice 68 Noticiário News 70

10

Genéricos Descida do preço é erro político “Um erro político”– é assim que a ANF classifica a redução de 30 por cento no preço

Cursos de Formação Training 76

dos genéricos: uma redução

Cartoon Cartoon 81

que prejudicam as empresas

Desta varanda Fom this balcony 82

drástica e com prazos irrealistas do sector, em particular as farmácias.

Farmácia Portuguesa |


Farmácia

Portuguesa

última hora

Propriedade

9.º Congresso Nacional das Farmácias

Uma nova era

Director DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES Sub-Directores DR. LUIS MATIAS Dr. Nuno Vasco Lopes Coordenadora do Projecto DRª MARIA JOÃO TOSCANO

De dois em dois anos, as farmácias por-

ções. O que se pretende é reflectir sobre

tuguesas reúnem-se em congresso para

o novo modelo de farmácia que, por

debater os assuntos mais prementes que

um lado, assegure a sua viabilidade en-

determinam a evolução do sector. O pró-

quanto empresa num contexto concor-

ximo – o nono na história da ANF - será

rencial e, por outro, garanta a qualidade

Coordenadora Redactorial adjunta DRª ana patricia rodrigues Email: ana.rodrigues@anf.pt

já de 20 a 23 de Novembro, subordinado

dos serviços e a satisfação dos utentes.

Telef. 21 340 06 50

ao tema “Farmácias Portuguesas - Uma

Ainda no dia 21 falar-se-á dos desafios

Produção

nova era para a saúde em Portugal”.

que se colocam à informação em saúde:

Como se depreende da escolha do tema,

“Que futuro?” é a questão para a qual

a mudança a que o sector tem vindo a

diversos agentes da comunicação – en-

ser sujeito será o denominador dos tra-

tre produtores e consumidores de infor-

balhos, agendados para o Centro de

mação - procurarão dar resposta numa

Congressos de Lisboa. Os desafios têm-

conferência que assinalará os 30 anos

se sucedido, por via da decisão política

da Revista Farmácia Portuguesa.

e das alterações legislativas que lhe dão

Porque o sector tem sido visado por su-

corpo. Mas esses desafios não consti-

cessivas ofensivas político-legislativas,

tuem adversidades, antes uma oportuni-

o terceiro dia permitirá ficar a conhe-

dade de crescimento e desenvolvimento

cer a visão dos partidos políticos com

para as farmácias de oficina.

assento parlamentar e dos doentes, re-

Ao longo de dois painéis desenrolar-se-

presentados pela Plataforma Saúde em

á a abordagem destas duas perspecti-

Diálogo: a oportunidade será o debate

vas – a mudança e a resposta à mudan-

em torno do estudo da Universidade

ça. O primeiro intitula-se precisamente

Católica sobre a “Valorização Económica

“Conquistar a mudança”: será um es-

da Intervenção Farmacêutica”.

paço de partilha de conhecimentos e

O congresso encerra formalmente no

Impressão e acabamento RPO - Produção Gráfica, Lda.

experiências, em que terão a palavra

sábado, 22, com uma sessão solene

Depósito Legal nº 3278/83

os parceiros que, tal como as farmácias,

presidida pela ministra da Saúde, Ana

enfrentam desafios. O objectivo é que

Jorge. Com a leitura das conclusões a

Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares

estas diferentes visões – em que pontu-

cargo da vice-presidente da ANF Maria

ará naturalmente a da ANF – sirvam de

da Luz Sequeira, competirá ao presiden-

rampa de lançamento para equacionar

te da direcção, João Cordeiro, proferir o

novos horizontes para o sector.

discurso de encerramento.

O segundo dia será consagrado à

Este é um congresso virado para o fu-

“Organização da farmácia num ambien-

turo, mais uma oportunidade de o sec-

te de mudança”: o Programa Farmácias

tor demonstrar a sua vitalidade e a sua

Portuguesas será o eixo a partir de onde

união. O que acontecerá, certamente,

se desenvolverão as diferentes interven-

com a participação activa de todos.

| Farmácia portuguesa

Coordenadora Redactorial DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt

Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt Director de publicidade Nuno Miguel Duarte nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 Consultora Comercial Sónia coutinho soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 Assinaturas 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74 Email: margarida.lopes@anf.pt Powered by Boston Media

Distribuição

FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa

www.anf.pt


editorial

30

an

19 78 •

os

20 08

Parabéns a todos A Revista completa 30 anos nas mãos

os olhos. A renovação periódica das

No interior encontram também am-

dos sócios da Associação. Falando

equipas, incluindo a direcção da revis-

plo espaço dedicado à indispensável

eu agora desta plataforma que é o

ta, decorre do respeito que nos mere-

formação individual na vertente pro-

editorial, cabe-me referir o prazer de,

cem os proprietários das farmácias.

fissional (as informações terapêuticas

com a regularidade de dois meses,

Permitam-me que vos lembre os

e veterinárias) e na vertente da ges-

pôr no exterior as mensagens que a

meus antecessores João Cordeiro,

tão (consultoria jurídica e fiscal).

Direcção se responsabiliza por trans-

João Silveira e Luís Ferrão Teodoro,

Ao

mitir e que espera (esperamos) coin-

obrigatoriamente associados a este

ro despertar a Vossa atenção para

cidam com os desejos e necessidades

aniversário e a estes Parabéns.

o 9.º Congresso da ANF, que irá decor-

dos seus representados.

Um esforço exigimos a nós próprios

rer de 20 a 23 de Novembro no Centro

Um corpo redactorial necessariamen-

número a número.

de Congressos de Lisboa, onde se rea-

te experiente não pode deixar-se

Renovação da equipa, renovação dos

lizará uma conferência comentada,

adormecer abdicando da imaginação

conteúdos.

organizada por nós, sobre o Futuro da

e tornando estas páginas maçadoras

Neste 177.º exemplar temos um guião

Informação, com a qual prolongamos

de ler. Talvez assim seja mais fácil de

que abarca as mais recentes novida-

este aniversário. O tema escolhido é o

compreender por que, na fase que

des com que a Farmácia se depara

Futuro e não um tema histórico, como

atravessamos, optámos por imagens

hoje – a Plataforma das Associações de

estes 30 anos poderiam sugerir.

de maiores dimensões, por que in-

Doentes e o seu Congresso, o Programa

cluímos sempre um cartoon que nos

Farmácias Portuguesas lançado para

traz uma visão humorística do sector,

articular a imagem e o funcionamento

ou por que na paginação existem es-

dos sócios da ANF quando as leis ten-

paços em branco distribuídos de for-

tam o contrário, cavando à sua volta o

ma a que a leitura não sobrecarregue

fosso da concorrência.

terminar

estas

palavras

que-

Francisco Guerreiro Gomes Farmácia Portuguesa |


s8 o n a 0 30 78 • 20 19

30. aniversário da Farmácia Portuguesa o

É o reflexo da alternância governati-

ao sector da farmácia e que deixam

va entre sociais-democratas e socia-

as coisas piores do que estavam”.

listas, com a intenção de reforma da

João Cordeiro questiona “esta ten-

política de saúde a ser (porventura

dência para eleger as farmácias

o único) denominador comum. E,

como alvo prioritário das reformas

Entre os anos 2000 e 2005

nessa intenção comum, o sector do

da saúde”, rejeitando que o sector

medicamento e, particularmente, o

seja “o bode expiatório permanen-

– o intervalo de tempo

das farmácias de oficina é um alvo

te que tranquiliza consciências, faz

partilhado. Disso mesmo dão conta

esquecer os verdadeiros problemas

os artigos assinados na revista pelo

e dá cobertura aos interesses ilegíti-

retrospectiva – a Farmácia

presidente da ANF, João Cordeiro.

mos que impedem de facto a refor-

Portuguesa deu conta da

A reforma da saúde – pode ler-se no

ma da saúde em Portugal”.

editorial de Maio/Junho de 2000 in-

É uma “política de faz de conta”,

sucessão de ministros da

titulado “Cortina de fumo” – é uma

como denuncia na edição seguinte,

velha questão que todos os partidos

a propósito da lei para racionaliza-

Saúde e da consequente

elegem há vários anos como priori-

ção da política do medicamento que

tária: “Os programas eleitorais têm

contempla a prescrição por DCI, pre-

definido, aliás, com razoável clareza

vendo três anos para estar em plena

prometidas e adiadas, das

e até com grande coincidência as

aplicação. Estava-se em 2000 e em

tentadas mas inacabadas.

suas causas e os seus objectivos”,

2008 ainda não é uma realidade.

mas, “durante as legislaturas, as

No número de Setembro/Outubro

grandes reformas têm sido silencia-

do mesmo ano, outro exemplo gri-

das e substituídas por medidas avul-

tante suscita reflexão em editorial: a

sas, desinseridas de qualquer plano

legislação sobre prescrição e dispen-

de reforma, restritas normalmente

sa de genéricos, apresentada como

pelo qual prossegue esta

sucessão de reformas

| Farmácia portuguesa


fomentadora do mercado, mas que,

Cordeiro, no editorial de Julho/

apelativa, eleitoralmente acertada. O

na realidade, continha em si mes-

Agosto de 2001, defendendo ser ne-

que se viu – denuncia o editorial de

ma o princípio do fim desse mesmo

cessário agir “independentemente

Janeiro/Fevereiro de 2002 – foram

mercado. Assim era ao determinar

dos ciclos políticos e das agendas

“políticos incapazes de explicarem

que, perante a prescrição de medi-

eleitorais” e oferecendo a solidarie-

a sua própria iniciativa, refugiando-

camentos genéricos, o farmacêutico

dade e colaboração da associação.

se na demagogia para defender o

era sempre obrigado a dispensar e o

A dívida às farmácias continuou a

indefensável”. Mais uma tentativa

doente sempre obrigado a adquirir

crescer no entretanto, “apesar dos

frustrada para minar a imagem das

o genérico de menor preço. Uma

esforços financeiros que, suposta-

farmácias junto da opinião pública.

solução “absurda”, inexistente em

mente, lhe deveriam fazer face”.

As eleições confirmaram a alternân-

qualquer outro país.

Perante isto, o presidente da ANF

cia partidária e a tutela da Saúde

Recorrente é a decisão política de

fala, na edição seguinte, de “pequena

mudou de mãos: no governo social-

descomparticipar. Mas fazê-lo com o

política” e denuncia o crescimento

democrata Luís Filipe Pereira foi o

argumento de falta de eficácia tera-

“brutal” da dívida às farmácias como

ministro, autor de nova reforma da

pêutica dos medicamentos mereceu

tendo “a natureza de um verdadeiro

política do medicamento em que

a crítica da ANF, no editorial com

acto de agressão, que visa estrangu-

voltou a pontuar a prescrição por

que a Farmácia Portuguesa iniciou

lar financeiramente o sector e, por

DCI, ao lado do direito de substi-

o ano de 2001. Nele João Cordeiro

essa via, dominá-lo”. Congratula-se,

tuição e dos preços de referência.

desmonta aquele argumento, la-

todavia, com a reacção do sector:

Uma reforma no caminho certo,

mentando que o governo não tenha

“Os autores da ideia enganaram-se,

mas “aquém das expectativas”, em

tido a frontalidade de admitir que

mais uma vez, sobre as farmácias e

busca de “consensos impossíveis,

a medida se inscrevia na absoluta

os farmacêuticos. Negligenciaram a

que a tornam pouco linear e de al-

necessidade de reduzir a despesa

sua capacidade de organização co-

cance prático duvidoso” (Farmácia

com medicamentos. O resultado

lectiva e a sua credibilidade junto da

Portuguesa de Setembro/Outubro

foi penalizador para os doentes. E

banca comercial, que permitiu supe-

de 2002). Ainda assim, as farmácias

penalizadas continuaram a ser as

rar a crise financeira”.

deram o seu apoio prático, acreditan-

farmácias, com a dívida do Estado a

E ensaiaram novas ofensivas. É nesta

do na vontade política reformadora.

acumular-se.

perspectiva que pode ser entendida

O novo ministro herdou do anteces-

A luz ao fundo do túnel pareceu sur-

a promessa eleitoral de criar cem

sor a denúncia, “inesperada e sem

gir com o orçamento rectificativo, na

farmácias sociais, feita pelo PS. Uma

qualquer proposta de revisão”, do

altura em que um novo ministro as-

medida de “conteúdo indefinido e

acordo com a ANF. As farmácias rea-

sumia a pasta – Correia de Campos.

alcance prático desconhecido”, mas

giram e cederam à associação os seus

“Nova esperança”, escreveu João

que funcionou como uma proposta

créditos ao SNS, protagonizando um Farmácia Portuguesa |


s8 o n a 0 30 78 • 20 19

acontecimento único na história do

com uma rede pública de farmácias,

de Novembro/Dezembro e do nú-

associativismo patronal português.

“desnecessária,

mero seguinte.

Responderam colectivamente aos

que degradaria de imediato a qua-

Em Março/Abril de 2005, João

que pretendiam ver o sector dividi-

lidade do abastecimento e a breve

Cordeiro retoma a ideia de que “des-

do. E o acordo foi revisto com suces-

prazo destruiria um dos poucos sec-

truir é fácil” a propósito da presença

so, conforme dá conta o editorial de

tores de saúde que funciona bem e

regular das farmácias na agenda po-

Março/Abril de 2003. Quando voltou

a baixo custo”.

lítica e mediática como “um sector

ao ministério, Correia de Campos

É também o caso da venda de medi-

a abater, arcaico, avesso à mudança

insistiu na denúncia: conseguiu-o,

camentos noutros espaços que não as

e protegido por uma legislação ul-

mas não logrou quebrar a união das

farmácias. Em Maio/Junho de 2004, o

trapassada”. Acusações sem funda-

farmácias.

presidente da ANF reage à surpreen-

mento na realidade, o que conduz a

Da leitura dos artigos assinados por

dente posição pública da classe mé-

outra conclusão: é que “o poder po-

João Cordeiro depreende-se como,

dica, através de dirigentes regionais,

lítico lida mal com parceiros sociais

à semelhança da denúncia do acor-

“defendendo a venda de medicamen-

fortes e organizados, sente-se inse-

do, outras decisões legislativas mais

tos em hipermercados com mais en-

guro e ameaçado por eles, quando

recentes vinham já a ser tentadas.

tusiasmo do que os próprios comer-

são mais capazes e, por isso mesmo,

É o caso da abertura de farmácias

ciantes”. Esta incursão dos médicos

mais exigentes”.

de venda ao público nos hospitais,

no terreno dos interesses comerciais

O ano de 2005 marcou uma nova

proposta no parlamento não pelo

levou João Cordeiro a interrogar-se

ofensiva política contra o sector.

partido que as haveria de consagrar,

sobre as verdadeiras motivações, com

A ela responde João Cordeiro, em

o PS, mas pelo PCP e pelo Bloco de

uma conclusão apenas: tratou-se de

editorial de final de ano, com uma

Esquerda. Em editorial de Março/

“uma cena de vingança e ciúme” por

mensagem de confiança no futuro:

Abril de 2000, João Cordeiro ex-

a associação apoiar soluções legais

“De consciência tranquila, disponi-

põe as razões que tornavam aque-

– como a prescrição por DCI – a que

bilizando aos portugueses serviços

la medida “absurda, inexequível

os médicos se opõem.

farmacêuticos de qualidade e ao

e completamente insensata”. Sob

A reviravolta política de 2004, com

mais baixo custo em toda a União

o título “Destruir é fácil”, defende

a saída do primeiro-ministro para a

Europeia, unidos e determinados

que não faz sentido responder aos

presidência da Comissão Europeia,

na defesa de interesses legítimos, os

problemas da acessibilidade ao me-

suscitou uma reflexão sobre a crise

farmacêuticos de oficina têm boas

dicamento e da prescrição médica

de liderança do país, nos editoriais

razões para confiar no futuro”.

| Farmácia portuguesa

contraproducente,


Farmรกcia Portuguesa |


politica de saúde Medicamentos genéricos

Descida do preço é erro político “Um erro político”– é assim que a ANF classifica a redução de 30 por cento no preço dos genéricos: uma redução drástica e com prazos irrealistas que prejudicam as empresas do sector, em particular as farmácias.

Os novos preços dos medicamen-

administrativas de preços e um novo

com o facto de, segundo as contas

tos genéricos estão em vigor desde

modelo de formação de preços – se

governamentais, o crescimento da

1 de Outubro, ao abrigo da portaria

revelaram insuficientes quanto aos

despesa com medicamentos em am-

n.º 1016-A/2008, de 8 de Setembro.

genéricos. Argumenta, a propósito,

bulatório ter atingido, no primeiro

Sofreram uma baixa drástica de 30

que Portugal pratica preços mais ele-

semestre do ano, os 4,2 por cento,

por cento, com excepção dos inferiores

vados do que em países de referência

ultrapassando o limite previsto no

a cinco euros. Uma medida que a ANF

como a Espanha e a França e que vi-

Orçamento de Estado.

contesta desde o primeiro anúncio,

gora no país “uma situação única na

A todos estes argumentos respondeu a

não encontrando sustentação nos fun-

Europa”, traduzida numa quota de

direcção da ANF, no parecer que enviou

damentos invocados pelo governo.

mercado em valor “claramente su-

sobre o tema e em carta enviada ao se-

Justificando esta decisão, o governo

perior” à quota em volume. Inverter

cretário de Estado da Saúde, Francisco

argumenta que as medidas adopta-

esta situação – lê-se no preâmbulo

Ramos, logo após a publicação da

das para equilibrar a despesa pública

do diploma – é “uma prioridade”.

portaria conjunta dos Ministérios da

com medicamentos – duas reduções

Esta intervenção é ainda justificada

Economia e da Inovação e da Saúde.

10 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Entre a demagogia e a contradição

genéricos em Portugal é superior ao

a ANF reclama o cumprimento do

praticado em Espanha e França. É a

Compromisso com a Saúde no que

lei que permite essa discrepância: afi-

respeita à prescrição por DCI. Esta

A associação faz notar, desde logo,

nal, qualquer medicamento de mar-

medida continua por aplicar, tal como

que os problemas de fundo quanto

ca pode ter actualmente em Portugal

outras “que o governo se comprome-

ao regime de preços dos medicamen-

um preço superior ao praticado

teu a implementar e que poderiam

tos continuam por resolver. E, debru-

em Espanha, França, Itália e Grécia.

compensar, ainda que parcialmente, a

çando-se em concreto sobre esta

Bastando que não seja superior ao

degradação da economia do sector”.

descida, defende que não há razões

preço médio praticado nestes quatro

É que o sector continua a ser pena-

que justifiquem uma medida selecti-

países. Ora, os genéricos são, no nosso

lizado e a portaria agora publicada

va de redução de preços circunscrita

país, 35 por cento mais baratos do que

é disso exemplo. Além da redução

aos medicamentos genéricos.

os medicamentos de marca, pelo que

drástica de 30 por cento, a ANF con-

Situando-se num dos argumentos

não faz sentido invocar outros merca-

testa o valor de cinco euros como

do governo, combate-o, sustentando

dos para legitimar esta medida.

limite abaixo do qual não há mexida

que a despesa com medicamentos no

Entende ainda a associação que, se o

no preço. E contesta os prazos fixa-

ambulatório está controlada e dentro

objectivo é controlar a despesa, esta

dos para escoamento dos stocks das

dos limites do Orçamento de Estado.

decisão entra em contradição com

farmácias: a partir de 24 de Setembro

Ao invés, é a nível hospitalar, “gerido

o aumento extraordinário do preço

as farmácias deixaram de poder rece-

pelo próprio Ministério da Saúde”,

dos medicamentos de marca apro-

ber medicamentos genéricos a pre-

que o problema se coloca, dado que

vado no primeiro semestre do ano

ços antigos, sendo que os novos valo-

o crescimento dos preços é, aí, na or-

e que beneficia, em cerca de 50 por

res entraram em vigor a 1 de Outubro.

dem dos 15 por cento ao ano.

cento, uma única empresa farmacêu-

Ao sector foi, assim, dada uma semana

Acresce que os genéricos constituem

tica: “Nenhuma razão de protecção

para se adaptar à nova situação, o que

um factor de contenção da despesa

da saúde pública ou de acessibilida-

“é completamente irrealista e revela

com medicamentos e não de cres-

de aos medicamentos justificava esse

grande insensibilidade do governo aos

cimento. É essa, aliás, a sua filosofia,

aumento, uma vez que há alternativas

problemas de eficiência, produtividade

pelo que “a decisão política” de redu-

terapêuticas com preços mais baixos”.

e custos das empresas”.

zir os preços em 30 por cento “é injusta e discriminatória”, pois penaliza os medicamentos que menos contribuem para a despesa. O mercado,

Sector mais penalizado

os

20 08

Esta é mais uma medida a juntar às que, nos últimos três anos, têm sido sucessivamente tomadas pelo governo com “consequências muito nega-

ainda incipiente no nosso país, terá

Controlar a despesa será possível se,

tivas” para a economia da farmácia.

agora mais dificuldade em desen-

em vez de reduzir o preço dos gené-

É, acima de tudo, “um erro político

volver-se. Na exposição ao secretário

ricos, o governo deixar de proteger a

que se vai pagar caro”. Assim o diz,

de Estado da Saúde, o presidente

prescrição pela marca comercial: essa

claramente, o presidente da direc-

da ANF, João Cordeiro, rebate como

protecção restringe a concorrência

ção, João Cordeiro, ao secretário de

“demagógico” outro dos argumen-

e aumenta a despesa, em prejuízo

Estado da Saúde, Francisco Ramos,

tos invocados – o de que o preço dos

do Estado e dos doentes, pelo que

que assina a portaria. Farmácia Portuguesa | 11


politica de saúde Comissão Europeia avisa Estado português e indústria

Vários laboratórios produtores de medicamentos originais intentaram processos judiciais nos tribunais portugueses visando a anulação dos processos técnicos e administrativos conducentes à concessão de autorização de intro-

Vinculação a patentes viola Directiva

dução no mercado (AIM) de genéricos. Os processos – a correr junto do Infarmed, a autoridade nacional do medicamento tutelada pelo Ministério da Saúde, e da DirecçãoGeral das Actividades Económicas (DGAE), tutelada pelo Ministério da Economia e Inovação – visam, além da concessão de AIM, a definição do preço e do estatuto de comparticipação dos respectivos medicamentos. Ora, os titulares da AIM original contestam estes procedimentos argumentando que violam patentes ainda em vigor. E com o objectivo de os anular recorreram aos tribunais, avançando, na maioria dos casos, com a solicitação de providências cautelares com efeitos suspensivos. Estas acções configuram aquilo que é designado como vinculação a patentes (patent linkage, na terminologia internacional). Esta é, no entanto, uma prática que viola a legislação comunitária e isso mesmo fez saber a Comissão Europeia, através da Direcção-Geral da Empresa e Indústria, ao governo português e à associação da indústria farmacêutica (Apifarma). O que está em causa é a Directiva 2001/83/CE: o artigo 8.º estabelece os requisitos gerais que devem ser cumpridos pelo candidato à concessão de AIM num país da União Europeia, sendo previstas, no artigo 10.º, algumas excepções a este re-

A Comissão Europeia já advertiu o Estado português e a indústria farmacêutica de que os processos de vinculação a patentes, instaurados juntos dos tribunais com vista a suspender a comercialização de medicamentos genéricos, são ilegais, na medida em que violam uma directiva comunitária. 12 | Farmácia portuguesa

gime, caso a candidatura diga respeito a um medicamento genérico. Em nenhum ponto é considerado o estado da patente do medicamento original ou de referência como condição para a avaliação ou validação da candidatura. Daqui decorre que os pedidos de AIM submetidos ao Infarmed – e que são visados nas acções judiciais – são legítimos e legais. Como, aliás, o próprio estatuto do medicamento (decreto-lei nº 176/2006) prevê, ao determinar que o processo técnico administrativo subsequente ao pedido de comercialização de um medicamento pode desenrolar-se ainda antes de a patente expirar. A mesma legislação comunitária estabelece – no seu artigo 126º – que uma autorização de comercialização de um medicamento só pode ser recusada, suspensa ou


Patent Linkage 30 Protecção da Patente

AIM Preço Comparticipação, Substituição de Genéricos

an

19 78 •

1. Sem Patent linkage

os

20 08

Livre Concorrência com Medicamentos Genéricos Quando a Patente Expira: Lançamento de Medicamentos Genéricos

2. Com Patent linkage Protecção da Patente

Quando a Patente Expira: Inexistência de Lançamento de Medicamentos Genéricos

ATRASO: Monopólio

AIM

Livre Concorrência com Medicamentos Genéricos

Preço Comparticipação, Substituição de Genéricos

Lançamento Atrasado

Tabela 1: Processo de Patent Linkage em Portugal revogada pelas razões contempla-

dos tribunais nacionais (que, neste

zapina, quetiapina e valsartan. Tendo

das naquela Directiva, não sendo da

caso, ainda não se pronunciaram).

como ponto de partida as vendas (do

competência dos Estados membros. O que significa que a validade da patente do medicamento original não pode ser invocada como argumento para

respectivo medicamento de marca)

Utentes e Estado prejudicados

suspender ou revogar uma autorização

entre Setembro de 2007 e Março de 2008, e os respectivos custos (no regime geral), o estudo projectou quanto pagariam e poupariam Estado e

de comercialização de um genérico.

A vinculação a patentes está a con-

utentes se existissem genéricos.

Paralelamente aos processos judiciais,

dicionar a entrada de genéricos no

Assim, naquele período, a despesa do

os detentores de AIM estão a intervir

mercado português. Prejudicando o

Estado orçou em mais de 21 milhões

directamente junto da DGAE com vis-

Estado, que assumiu como prioridade

de euros, enquanto a dos utentes ul-

ta à suspensão dos procedimentos de

na Saúde a contenção das despesas

trapassou os 53,8 milhões. Se houves-

fixação de preço para os genéricos em

com medicamentos e que, ao abrigo

se genéricos, e considerando que se-

causa. Uma intervenção que tem sido

dessa prioridade, acabou de reduzir

riam vendidos ao preço de referência,

bem sucedida, com aquele organismo

em 30 por cento o preço da maioria

aquelas sete substâncias equivaleriam

do Ministério da Economia a decidir-

dos genéricos (portaria nº 1016-

a uma despesa de 16,3 milhões para o

se pela não emissão de preços.

A/2008, de 8 de Setembro). E preju-

Estado e de 34,5 milhões para os uten-

Também este procedimento merece

dicando os utentes, que se vêem pri-

tes. Feitas as contas, a poupança seria

considerações da Comissão Europeia,

vados de medicamentos por lei mais

de quase 8,8 milhões de euros para o

que considera que não compete à

baratos do que os originais similares.

Estado e de 19,3 milhões para os uten-

DGAE apreciar a validade de patentes

Este duplo prejuízo é demonstra-

tes. Os números falam por si.

ou a sua eventual violação. É que os

do num estudo envolvendo sete das

Resta agora conhecer os desenvolvi-

direitos de patente são regidos pelo

substâncias activas que aguardam

mentos deste processo à luz do aviso

Direito privado e não público, sendo

comercialização: anastrazol, atorvas-

da Comissão Europeia à indústria e

portanto da esfera de competência

tatina, bicalutamida, donepezil, olan-

ao Estado português. Farmácia Portuguesa | 13


politica de saúde Unidades de Saúde Familiar

Uma reforma

As Unidades de Saúde Familiar são a face visível da reforma dos cuidados de saúde primários, uma reforma que partiu do grande descontentamento de profissionais de saúde e utentes e que veio abalar um modelo organizacional com 25 anos e sem grandes mudanças. É Luís Pisco, Coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários

um caminho sem retorno, acredita o coordenador deste programa, o médico Luís Pisco.

14 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

sem retorno Uma grande insatisfação dos profis-

óptica da prestação de cuidados a

funcionou de cima para baixo. Os

sionais de saúde e dos utentes com a

sua dimensão é excessiva, mas, na

profissionais de saúde não podiam

prestação de cuidados de saúde. Foi

óptica da eficiência, é diminuta.

escolher com quem trabalhavam,

este o motor da reforma dos cuida-

O ideal seria combinar estas duas

às vezes nem escolher o centro de

dos de saúde primários encetada em

valências, encontrando o equilíbrio

saúde podiam, não havia qualquer

2005 e coordenada por Luís Pisco,

entre, por um lado, estruturas leves e

reconhecimento pela qualidade nem

médico com um vasto percurso liga-

pequenas, próximas das pessoas, que

pela produtividade. E até a possibili-

do aos cuidados de saúde primários e

garantam a acessibilidade e qualida-

dade de os utentes escolherem o mé-

à qualidade em saúde.

de dos cuidados, e, por outro, estru-

dico de família é teórica, pois todos

Os profissionais de saúde queixa-

turas maiores, que possibilitem uma

sabemos que existem listas de espe-

vam-se de não verem reconhecido

boa gestão e ganhos de eficiência.

ra nos centros de saúde”. É Luís Pisco

o seu desempenho. Os utentes quei-

É esse o duplo objectivo da reforma

quem traça este retrato, atribuindo-o

xavam-se – “e com razão” – da (falta

em curso. O primeiro passo consistiu

a “uma política de recursos humanos

de) acessibilidade, por não conse-

em dividir os actuais centros de saú-

errada ao longo de muitos anos”.

guirem cuidados quando deles têm

de em pequenas unidades funcionais

Uma política em que se apostou mais

necessidade. E o próprio Estado, pa-

– são as Unidades de Saúde Familiar

nos cuidados hospitalares, ao ponto

gador, se revelava insatisfeito com a

(USF), compostas por médicos, enfer-

de, contrariando a tendência euro-

(in)eficiência do sistema.

meiros e administrativos e vocacio-

peia, haver um médico de família por

Esta insatisfação dos principais acto-

nadas para atender entre quatro mil

cada 3,5 médicos hospitalares.

res do sistema era, de certa forma,

a 18 mil pessoas. A média actual ron-

incongruente com o pioneirismo

da os sete médicos, sete enfermeiros

português nos cuidados de saúde

e cinco administrativos para 12 mil

primários. O país foi dos primeiros,

utentes.

a nível europeu, a apostar nos cen-

A filosofia que preside a estas unida-

tros de saúde, tendo neles investido

des veio romper com a tradição dos

ainda antes do 25 de Abril de 1974.

centros de saúde, invertendo a lógi-

Foi no contexto de uma disfunção or-

Actualmente, são 350 e sobre eles

ca organizacional. “Durante 25 anos,

ganizativa desmobilizadora e desmo-

paira uma aparente contradição – na

no Serviço Nacional de Saúde, tudo

tivadora que os profissionais de saúde

Não é possível dar tudo a todos ao mesmo tempo

Farmácia Portuguesa | 15


politica de saúde Actualmente, estão abrangidos 20 por cento dos profissionais de saúde e 20 por cento da população, o que leva Luís Pisco a considerar que este é um caminho sem retorno.

foram desafiados a tomar em mãos a

de escolher entre o sistema já utiliza-

segunda, profissionais de primeira e

reforma dos cuidados primários, en-

do (SAM) e dois privados. “Foi uma

profissionais de segunda, a reforma

volvendo-se numa nova experiência

pedrada no charco”.

prevê uma segunda fase, já não vo-

– voluntariamente, com um plano de

“Não avançámos à velocidade que

luntária mas determinada “de cima

acção, uma carta de qualidade, uma

gostaríamos, mas, mesmo assim,

para baixo”. É esta a filosofia dos

candidatura. A reforma nascia, assim,

abriram cerca de 70 por ano. E con-

Agrupamentos de Centros de Saúde

de baixo para cima. O seu coorde-

tinuamos com um conjunto de can-

(ACE). Em nome das economias de

nador reconhece que este princípio

didaturas em carteira que irá permitir

escala e da eficiência de gestão, vão

“suscitou sérias dúvidas a alguns”,

manter esse ritmo”.

agrupar-se centros de saúde com

mas a resposta superou a capacidade

Actualmente, estão abrangidos 20

uma gestão comum, à semelhança

de colocar do ministério – são 187 as

por cento dos profissionais de saú-

do que já acontece com os hospitais

candidaturas aprovadas, com 143 no

de e 20 por cento da população,

reunidos em centros hospitalares.

terreno e as restantes à espera.

o que leva Luís Pisco a considerar

Uma medida que não deverá ter im-

É um processo que requer tempo

que este é um caminho sem retor-

pacto público relevante, uma vez que

– foi necessário encontrar ou adap-

no. Consciente, no entanto, de que

aos cidadãos não interessa onde está

tar espaços físicos, alocar recursos

um processo voluntário como este

a administração, mas sim onde estão

humanos sem desguarnecer os cen-

cria iniquidades e assimetrias. Mas

os cuidados.

tros de saúde – o que “numa situação

consciente também de que “não é

“Foi dada aos profissionais a oportu-

de carência enorme é complicado”

possível dar tudo a todos ao mesmo

nidade de se agruparem. Mas se não

– equipar as unidades, nomeada-

tempo”. Crítico desta forma de estar

o quiserem fazer, a administração

mente a nível informático. Mas foi

“muito portuguesa”, sustenta que “a

tem a obrigação de os organizar e de

possível: fizeram-se obras, formaram-

melhor maneira de não se conseguir

criar estruturas o mais possível seme-

se equipas homogéneas – “que se

fazer nada é estar à espera de poder

lhantes às USF, uma vez que são um

conhecem e têm prazer em trabalhar

dar a todos”.

caso de sucesso”. Nascerão, assim, as

em conjunto” – e informatizaram-se

Mas, porque não pode haver portu-

unidades de cuidados de saúde per-

todas as USF, abrindo a possibilidade

gueses de primeira e portugueses de

sonalizados, resultantes da divisão

16 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Farmacêuticos estão subaproveitados “Os farmacêuticos têm uma

trabalham de costas voltadas. Daí

medicamentos – contraceptivos

formação extraordinária que não é

ter estado envolvido na criação

e vacinas, por exemplo – são da

completamente rentabilizada. Além

de instrumentos facilitadores da

competência de farmacêuticos. Mas

da formação, têm uma capacidade

comunicação entre médicos e

Luís Pisco entende que há também

e disponibilidade que não estão

farmacêuticos, um projecto que

lugar para o envolvimento na

integralmente aproveitadas”. A

contou com a participação da

formação e na elaboração de normas

opinião é do coordenador da

farmacêutica Mara Guerreiro.

de prescrição, à semelhança do que

Missão para os Cuidados de Saúde

Acredita que, não obstante

acontece a nível hospitalar.

Primários. Uma opinião que Luís

eventuais divergências institucionais,

Retomando a ideia de que

Pisco sustenta na realidade de

existe uma boa colaboração entre as

os farmacêuticos estão

países onde há maior participação

duas profissões a nível local: “É óbvio

subaproveitados, argumenta que

dos farmacêuticos na prestação de

que tem de haver articulação entre

são prejudicados pela forma de

cuidados de saúde.

o centro de saúde e a farmácia”,

pagamento na farmácia de oficina,

Em seu entender, os diversos

sustenta, reconhecendo, porém, que

com uma margem percentual

profissionais de saúde têm de

essa articulação tem sido deixada à

face ao valor do medicamento

se articular em benefício do

boa vontade e iniciativa individual.

dispensado. O que o farmacêutico

doente, “esquecendo os interesses

Quanto à participação nas

recebe é proporcional ao preço,

corporativos”: “É inevitável. As

Unidades de Saúde Familiar (USF),

quando o trabalho, o investimento

pessoas que estão no terreno

o coordenador da reforma afirma

e o atendimento são idênticos.

têm de trabalhar em conjunto.

que as novas unidades não têm

Daí que preconize uma separação,

Ninguém lucra com os conflitos

escala para abranger farmacêuticos,

com o aconselhamento a ser

entre profissionais de saúde”. Uma

mas defende que deve existir um

valorizado e remunerado de forma

inevitabilidade justificada com as

relacionamento estreito com as

independente.

crescentes necessidades de saúde da

farmácias. Já nos Agrupamentos de

“Enquanto o farmacêutico estiver

população, fruto do envelhecimento.

Centros de Saúde (ACE) está prevista

dependente do que vende

Luís Pisco, médico de família de

a integração de farmacêuticos, à

haverá tarefas que acaba por não

profissão, reconhece que “às vezes

semelhança do que acontece nas

desempenhar, mas para as quais

há um grande desconhecimento

Subregiões de Saúde, cuja extinção

tem formação. Penso que os

de parte a parte”, o que faz com

foi já decretada. A aquisição,

próprios farmacêuticos discutem

que transpareça a ideia de que

armazenamento e distribuição de

esta questão”, conclui.

Farmácia Portuguesa | 17


politica de saúde Do ponto de vista do cidadão, a solidariedade é um dos pilares das Unidades de Saúde Familiar. Em contraponto com o sistema actual, em que o utente, na ausência do seu médico de família, recebe um tratamento despersonalizado.

de recursos em equipas próximas das

não: o utente tem médico de família,

co de família, sobretudo se o local da

USF, com igual responsabilização por

mas sabe que pertence a uma equipa

prestação de cuidados se mantém.

objectivos, ainda que não possam

que lhe dá sempre resposta e de uma

O que tem acontecido também é

escolher o seu próprio coordenador.

forma personalizada, com acesso ao

que cada médico aumentou a sua

Todavia, a qualquer altura poderão

seu processo clínico.

lista de doentes, alargando-a a mais

formar uma USF, pois o processo

Crucial é também a acessibilidade:

200 do que os habituais 1500. Este é

continuará aberto. Acederão então à

numa USF, uma situação aguda é

um acréscimo ao abrigo do modelo

autonomia de organização e de ges-

atendida no próprio dia, uma con-

B de financiamento, que prevê um

tão, tendo, nomeadamente, a possi-

sulta programada é agendada, no

sistema de ponderação em função

bilidade de escolher uma forma de

máximo, para as 48 horas seguintes.

do volume de trabalho exigido por

pagamento associada ao desempe-

Este princípio cumpre-se ainda atra-

cada utente para um atendimento de

nho. Era – frisa Luís Pisco – “um mo-

vés do alargamento do horário de

qualidade. Em consequência, as 143

delo que as pessoas reivindicavam,

atendimento – diariamente, até às 22

USF possibilitaram que, mercê de um

pelo reconhecimento do mérito de

horas, ao fim-de-semana durante um

mecanismo voluntário, quase 200 mil

quem trabalha mais e melhor”.

período convencionado caso a caso,

pessoas tenham ganho médico de

organizado por forma a dar resposta

família.

a consultas preventivas, como as de

O coordenador da reforma admite

saúde materna ou infantil. É essa a

que “o objectivo não era esse, era

tendência.

proporcionar qualidade aos serviços,

Esta reforma dos cuidados de saúde

mas é um ganho importante”. Um

Do ponto de vista do cidadão, a so-

primários não está a ser conduzida

passo para a situação ideal em que

lidariedade é um dos pilares das

administrativamente, no sentido de

cada utente escolherá a sua USF, em

Unidades de Saúde Familiar. Em

que os profissionais de saúde são vo-

função de critérios como o horário de

contraponto com o sistema actual,

luntários e os doentes não são trans-

atendimento, as valências adicionais

em que o utente, na ausência do seu

feridos do centro de saúde de forma

(pequena cirurgia, consulta de cessa-

médico de família, recebe um trata-

compulsiva. O que acontece natural-

ção tabágica, preparação para o par-

mento despersonalizado. Numa USF

mente é acompanharem o seu médi-

to, entre outras possíveis).

Solidariedade e acessibilidade

18 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

– “compreensível” – nas pessoas que

do que têm”, mesmo agora por com-

se esforçavam mas não viam esse

paração com outros países como os

esforço reconhecido. Além disso, ge-

Estados Unidos.

rou-se alguma injustiça, por dificul-

Preservar o conceito de centro de

dade em abrir USF em certos meios,

saúde é ponto assente nesta reforma.

Com 143 USF no terreno, a maior

mais isolados. É uma questão que a

O que é diferente é a organização,

parte dos profissionais e dos utentes

unidade de missão está a debater.

com os agrupamentos a serem dota-

continua abrangida pelos centros de

As USF não põem fim aos centros

dos, pela primeira vez na história dos

saúde tradicionais. Duas realidades

de saúde – nem pretendem. O con-

centros de saúde, de uma direcção

nem sempre de fácil conciliação, por

ceito é para manter, tanto mais que

técnica. À semelhança do que acon-

via dos “ciúmes institucionais” e da

demorou muito a estabilizar. A es-

tece nos hospitais. E a essa direcção

pressão do público. Para Luís Pisco,

treia aconteceu com os de primeira

– um director clínico e três adjuntos

esta situação é típica dos processos

geração, que só faziam medicina

– competirá zelar pela qualidade dos

de mudança. E compara-a até aos

preventiva deixando a curativa para

serviços, deixando para o gestor os

conflitos familiares que emergem da

as caixas de previdência. Era uma

recursos humanos. O que se reflectirá

emancipação de um filho. Mas reco-

medicina muito despersonalizada,

“muito positivamente” nos cuidados.

nhece que se colocam alguns pro-

mas que dava resposta, embora ape-

Paralelamente, assistir-se-á a uma di-

blemas. Tanto mais que o funciona-

nas a uma parte da população. Nesse

visão mais equitativa dos recursos que

mento dos próprios centros de saúde

tempo – antes da mudança de regi-

não estão alocados às USF. Porque na

é muito assimétrico. Alguns dos que

me e nos primeiros anos subsequen-

saúde não há outra profissão, além da

funcionavam bem até tinham algu-

tes – apenas os empregados tinham

de médico e enfermeiro, em quanti-

ma visibilidade e uma auto-estima

direito à assistência na saúde, o que

dade suficiente para integrar todas as

grande. Só que o sucesso mediático

leva Luís Pisco a comentar que “os

USF, assistentes sociais, nutricionistas

das USF veio provocar insatisfação

portugueses não se dão bem conta

e outros profissionais serão abrigados

Centros de saúde não vão desaparecer

os

20 08

Farmácia Portuguesa | 19


politica de saúde

Marcos da reforma

Luís Pisco acredita que “seria muito difícil voltar atrás nas USF”.

A reforma dos cuidados de saúde primários arrancou em 2005, com a Saúde tutelada pelo professor Correia de Campos. Eis alguns marcos do caminho percorrido: •

Setembro de 2005 – Nomeação do coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP), Luís Pisco;

Outubro de 2005 – Publicação em Diário da República da constituição formal da MCSP;

Março de 2006 – Início (no dia 1) do processo de candidaturas – recebidas de imediato 26;

Maio de 2006 – Entrada (no dia 29), da 100ª candidatura;

Setembro de 2006 – Inauguração das primeiras quatro Unidades de Saúde Familiar (USF): Condeixa, Nascente (Rio Tinto), São João do Sobrado (Ermesinde) e Valongo (Ermesinde);

Dois anos depois – 143 USF em funcionamento, quase dois milhões de utentes abrangidos, 44 candidaturas em espera;

2009 – Arranque previsto dos Agrupamentos de Centros de Saúde.

20 | Farmácia portuguesa

numa unidade de recursos assisten-

so, a Missão para os Cuidados de

ciais partilhados: deixam de trabalhar

Saúde Primários pretende avaliar a

isoladamente, passando a depender

satisfação de utentes e profissionais.

de uma coordenação conjunta e a

E satisfação é mesmo a palavra, na

prestar serviços a diversas unidades

medida em que os estudos parciais já

funcionais, mediante um plano de ac-

efectuados dão conta de uma recep-

ção justificativo das necessidades.

tividade muito positiva de utentes e

O início de 2009 é o horizonte tem-

profissionais. Porque “têm o senti-

poral para que os agrupamentos de

mento de que (a USF) é deles”.

centros de saúde comecem a funcio-

Mesmo sem esse estudo, Luís Pisco

nar. Com um primeiro ano dedicado

acredita que “seria muito difícil voltar

à criação das unidades funcionais, à

atrás nas USF”. Uma convicção que

resolução de iniquidades, uniformi-

assenta na experiência dos Regimes

zação geográfica dos cuidados. Serão

Remuneratórios Experimentais – só

criados 74 ACE, em substituição das

foram criados 18 ou 20 e, mesmo sem

actuais 18 subregiões de saúde: a

apoio, ninguém os conseguiu desac-

gestão e a direcção clínica ficam, as-

tivar – e na realidade actual das USF

sim, mais próximas, com a agregação

– 143 a funcionar, mais 44 à espera,

e melhor utilização de recursos a tra-

quase dois milhões de pessoas abran-

duzir-se em economias de escala.

gidas. “Tem outro significado. É uma

Antes disso, até final do ano em cur-

reforma profunda, sem retorno”.


Farmรกcia Portuguesa | 21


reunioes profissionais 68º Congresso da FIP em Basileia

Farmacêuticos num ponto

Os farmacêuticos encontram-se numa encruzilhada que os obriga a evoluir sob pena de verem fragilizada a sua

Mais de três mil farmacêuticos es-

os próximos anos. Dessa reflexão re-

tiveram reunidos na cidade suíça

sultou a “2020 Vision” (Visão 2020),

posição como profissionais

de Basileia, de 29 de Agosto a 4 de

uma estratégia a prazo destacada

Setembro, para o 68.º Congresso

pelo presidente da federação, Kamal

da

Midha, na sua intervenção de abertu-

de saúde e como actores

Federação

Internacional

de

de relevo nos espaços de

Farmacêuticos (FIP). Um congres-

ra do congresso.

decisão. O futuro passa por

so dominado pela ideia de que os

Aliás, o próprio tema do congresso de

farmacêuticos,

independentemen-

Basileia reflecte essa preocupação e

acentuar o valor real da

te de onde exercem, se confrontam

essa necessidade – “Reengenineering

actualmente com um desafio: o da

Pharmacy Practice in a Changing

intervenção farmacêutica:

evolução sob pena de perderem in-

World” (Renovar a prática farma-

fluência.

cêutica num mundo em mudança),

A profissão encontra-se, assim, num

um convite a mobilizar as energias

ponto de viragem, o que levou a FIP a

colectivas para responder às mudan-

procurar definir um novo rumo para

ças rápidas e extensivas que estão a

isso mesmo ficou patente no 68.º Congresso da FIP. 22 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

de viragem transformar os cuidados de saúde e

no mapa global dos medicamentos e

a ciência.

cuidados de saúde através do envol-

Antes, porém, de apresentar aos

vimento de todas as partes”. “O plano

congressistas as principais linhas

focará o modo de utilizarmos os nos-

da estratégia para 2020 – que viria

sos recursos limitados de uma forma

a ser desenvolvida na Leadership

estratégica, prudente e sensata para

Conference (conferência de líderes)

um máximo impacto nos cuidados

A ANF será o anfitrião do 70º Congresso da FIP,

– Kamal Midha fez uma retrospectiva

de saúde”, especificou Kamal Midha.

em 2010. Ainda sem tema definido, o congresso

do caminho percorrido pela FIP até se

Estas ideias são simbolizadas na ima-

decorrerá de 28 de Agosto a 2 de Setembro, em

tornar uma organização com mais de

gem que a FIP conferiu à sua “Visão

Lisboa.

119 membros em representação de

2020” – uma linha branca refracta-

E são precisamente alguns dos ex-libris da cidade

mais de dois milhões de farmacêuti-

da e dispersa através de um prisma

que constam do primeiro anúncio, em que

cos e cientistas em todo o mundo.

triangular: à medida que a luz branca

surgem traçados a linhas pretas e preenchidas a

Actualmente – enfatizou – a FIP é

atravessa o prisma o seu espectro de

branco o Padrão dos Descobrimentos e a Torre

uma rede global de associações de

cores vai sendo revelado, é o arco-

de Belém, vislumbrando-se o perfil da Ponte 25

farmacêuticos comprometidos com

-íris. O presidente da FIP explicou aos

de Abril. O fundo, esse, reflecte um dos atractivos

a prestação de cuidados de saúde

congressistas que também a visão,

do país – o clima: um sol amarelo brilha sobre o

efectivos, seguros, acessíveis e cen-

à medida que passa pelo prisma da

azul do rio e do mar, a convidar os farmacêuticos

trados no doente. “A saúde de todos

sua missão, se enriquece com as co-

de todo o mundo a deslocarem-se a Portugal.

depende de cada um de nós, onde

res dos seus objectivos estratégicos e

Porque “Lisboa é uma experiência que nunca se

quer que vivamos”, sustentou, sinte-

das suas abordagens tácticas.

repete, mas é sempre renovada”.

tizando a visão global da federação.

Lisboa acolhe FIP em 2010

Antes de Lisboa, porém, a FIP reunir-se-á em

Uma visão para 2020

congresso em Istambul, na Turquia. Será de 3

gresso de Pequim, no âmbito do qual

Foi a partir de uma análise externa

os avanços no tratamento de doentes através

foram identificadas as prioridades

e interna das situações que enfor-

da intervenção farmacêutica. “Responsibility

que devem guiar e motivar os pro-

mam a profissão farmacêutica que

for Patient Outcomes. Are you ready?” é o tema

fissionais de farmácia. O plano daí

a FIP delineou a sua estratégia. E

proposto para reflexão.

resultante propõe-se “colocar a FIP

nessa análise alcançaram-se conclu-

A reflexão que conduziu à “Visão 2020” foi desencadeada com o con-

a 8 de Setembro do próximo ano, para discutir

Farmácia Portuguesa | 23


reunioes profissionais

Já a melhoria da visibilidade da federação é indissociável da sua idoneidade como organização com capacidade para decidir sobre a prática e a ciência farmacêutica, sendo o objectivo promover o reconhecimento desse papel e da mais-valia do farmacêutico no sistema de cuidados de saúde. Melhorada deve ser igualmente a sões a partir das quais se trabalhou:

farmacêuticas; aumento do papel da

comunicação entre a FIP e os seus

há um aumento da globalização dos

FIP na reforma da educação em farmá-

membros, individuais e colectivos.

cuidados de saúde; os cuidados de

cia e ciências farmacêuticas.

A FIP carece de ser dotada de uma

saúde são cada vez mais orientados

São objectivos que se desdobram em

estrutura de comunicação efectiva,

para o doente; o fosso entre os países

quatro abordagens tácticas: integrar

segura, acessível e confiável, que

desenvolvidos e os países em desen-

parcerias construtivas; aumentar a vi-

possibilite a difusão atempada de co-

volvimento tem de ser urgentemente

sibilidade da FIP no ambiente global;

nhecimentos e experiências, levando

ultrapassados; a procura dos recursos

aumentar a eficácia da comunicação;

a todos os melhores padrões de prá-

limitados, quer humanos, quer finan-

incrementar as receitas da FIP de

tica profissional.

ceiros, na própria FIP, está a crescer.

modo a desempenhar a sua missão.

Naturalmente que o prosseguimento

Da reflexão emanou a determinação

Estes tópicos, apresentados na ses-

desta estratégia implica a existência

de estar presente sempre que e onde

são de abertura, foram posterior-

de meios: daí a necessidade de au-

quer que os decisores discutam aspec-

mente desenvolvidos na Leardership

mentar as fontes de receita da FIP.

tos relacionados com os medicamen-

Conference, em que estiveram pre-

O presidente Kamal Midha acredita

tos. “FIP is at the table” é a ideia que

sentes quatro representantes por-

que, com estes objectivos estratégi-

sintetiza esta intenção. Isto tendo em

tugueses: Ema Paulino e Rosário

cos e abordagens tácticas, associa-

conta que a missão da FIP é promover

Lourenço, pela ANF, Sónia Faria

dos ao comprometimento dos mem-

a saúde através do aperfeiçoamento da

e Nuno Valério, pela Ordem dos

bros e à competência e dedicação de

prática profissional e das ciências far-

Farmacêuticos.

todos, será possível concretizar esta

macêuticas, de modo a obter um uso

A construção de parcerias, direccio-

“Visão 2020”: “Em última instância,

seguro, apropriado, custo-eficaz e de

nada para organizações cujos valores

depende de cada um de nós, pro-

qualidade dos medicamentos a nível

e interesses sejam similares, permitirá

fissionais de farmácia e cientistas, e

mundial. Esta missão cumpre-se atra-

à FIP envolver-se na discussão de as-

das nossas organizações. Através das

vés de três objectivos estratégicos que

suntos da maior importância, dando-

nossas acções, individual e colectiva-

Kamal Midha deu a conhecer: prática

lhe oportunidade de defender o pa-

mente, temos de continuar a fazer a

profissional avançada em todos os do-

pel do farmacêutico, nomeadamente

diferença, aperfeiçoando a prática e a

mínios; desenvolvimento das ciências

no uso racional do medicamento.

ciência em benefício do doente”.

24 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

O contributo da experiência portuguesa A participação portuguesa é habitual nos congressos

para este novo estatuto de fornecedores de serviços.

da FIP e este ano não foi excepção: a delegação

Além desta intervenção, Ema Paulino moderou o painel

nacional incluiu representantes da ANF e da Ordem dos

sobre o “Presente e futuro da prática farmacêutica”.

Farmacêuticos, presenças activas nas diversas sessões de

A participação portuguesa não se ficou por aqui. Também

trabalho.

Suzete Costa, actual directora do CEFAR, deu a conhecer

Assim aconteceu com Ema Paulino, directora da ANF,

a experiência nacional, mediante a apresentação oral

com uma intervenção no Fórum sobre Inovação na

dos resultados da campanha de revisão terapêutica em

Prática Farmacêutica, a 30 de Agosto. Gerir a mudança na

idosos e da campanha de cessação tabágica: “As farmácias

farmácia comunitária era o tema desta sessão à qual levou

portuguesas abrem o saco castanho” e “Farmácias

a experiência portuguesa.

portuguesas ajudam os fumadores a deixar de fumar”.

Na sua exposição, intitulada “Factores externos que

Além destes, outros três posters tiveram assinatura

afectam a disseminação e implementação de serviços

de farmacêuticos da ANF – “Campanha da asma:

farmacêuticos e gestão da qualidade como sistema de

Farmácias portuguesas identificam doentes asmáticos

suporte à mudança”, Ema Paulino centrou-se na adopção

não controlados”, “Avaliação do Programa de Cuidados

do conceito de cuidados farmacêuticos e na incorporação

Farmacêuticos na Diabetes” e “Campanha de Identificação

de novos serviços na prática profissional.

de Indivíduos em Risco Cardiovascular”.

Muitos desses serviços – frisou – assentam na estratégia

O contributo dos participantes nacionais abrangeu

definida pela ANF, estando a ser introduzidos de acordo

igualmente a redacção (ainda provisória) das três

com as necessidades e expectativas dos diversos parceiros

resoluções aprovadas neste 68.º Congresso da

do sector. São serviços centrados no doente, sendo os

FIP: “Controlo da resistência aos medicamentos

exemplos mais recentes os que decorrem da legislação

antimicrobianos”, “Informação sobre medicamentos

de Novembro último, como a vacinação e os cuidados

dirigida aos doentes” e “Qualidade dos medicamentos

domiciliários.

para crianças” foram os temas este ano em destaque.

Face a esta recente realidade, está a ser desenvolvido um

A assinalar ainda no congresso de Basileia a eleição de

esforço visando a disseminação das novas práticas, com

Sónia Faria, da Ordem, para a presidência do Grupo de

enfoque no modo como as farmácias vão fazer a transição

Jovens Farmacêuticos da FIP.

Farmácia Portuguesa | 25


flashes E.U.A.

Lóbi da indústria farmacêutica ao Congresso aumenta 32%

30

Espanha

Navarra introduz critério demográfico de instalação A comunidade autónoma de Navarra prepara-se

Os laboratórios farmacêuticos dos E.U.A. e as suas

para aprovar uma lei que estabelece o rácio de 700

associações gastaram em 2007 USD 168 milhões em

habitantes por farmácia em todo o seu território. O

lóbi ao Congresso (+32% do que em 2006). Segundo

governo regional acolheu a queixa das farmácias,

a análise do Center for Public Integrity, esta “despesa

que alegam baixa rentabilidade no meio rural, com

massiva foi muito bem sucedida, produzindo os re-

repercussão na qualidade dos serviços que prestam.

sultados políticos que a indústria do medicamento

Desta forma, Navarra dá um passo atrás na sua lei

deseja”, ao nível do bloqueio da importação de medi-

da farmácia, que liberalizou o sector. Ao reorientar-

camentos baratos, da protecção das patentes no país

se para o modelo vigente no resto do país, Navarra

e no estrangeiro, e de um maior acesso dos laborató-

contraria a Comissão Europeia, que, no parecer fun-

rios ao mercado. Como nos anos anteriores, o maior

damentado contra o modelo de farmácia espanhol,

lóbista foi a associação da indústria farmacêutica

em 2006, apontava o modelo navarro como uma via

(PhRMA), que gastou USD 23 milhões (+26%). Entre

de modificação rumo à liberalização. O rácio de habi-

os laboratórios, a Amgen foi líder (USD 16,3 milhões),

tantes por farmácia em Navarra é de 1.050, contra a

seguida da Pfizer (USD 13,8 milhões).

média espanhola de 2.158.

In SCRIP News, 2/07/2008

In correofarmaceutico.com, 15/09/2008

Comércio paralelo

Laboratórios podem recusar fornecimento

Bulgária

O Tribunal de Justiça europeu decidiu que um laboratório detentor de uma posição dominante no mercado de

Número de farmácias por proprietário limitado a quatro

medicamentos abusa dessa posição ao recusar satisfazer

O Parlamento búlgaro, em 31 de Julho, limitou

para impedir as exportações paralelas que estes efectuam

o número de farmácias detidas por indivíduos

entre Estados-membros. Todavia, o laboratório pode de-

ou sociedades comerciais a quatro, impossibi-

fender os seus “interesses comerciais” quando confronta-

litando, assim, a criação de grandes cadeias de

do com pedidos de quantidades anormais. Cabe aos tri-

farmácias. A solução adoptada, que é contrária

bunais nacionais determinar o carácter normal das enco-

à proposta inicial de uma farmácia por pro-

mendas, levando em conta o volume, as necessidades do

prietário, tem por base o facto de muitos dos

mercado e as relações comerciais anteriores. O acórdão,

Estados-Membros da UE terem disposições le-

de 16 de Setembro, tem por base dois casos, que remon-

gais semelhantes.

tam a 2000, opondo grossistas gregos à GlaxoSmithKline.

In Sofia Echo, 1/08/2008

In Pharma Adhoc, 16/09/2008

26 | Farmácia portuguesa

an

19 78 •

as encomendas com carácter normal feitas por grossistas,

os

20 08


Farmรกcia Portuguesa | 27


anf 2.ª Publicação Farmácias Portuguesas

Responsabilidade acrescida Com o Programa Farmácias Portuguesas a exceder as expectativas iniciais, em farmácias e utentes aderentes, o próximo desafio passa por dinamizar a utilização do cartão, estimulando os seus detentores a rebaterem os pontos acumulados. É uma responsabilidade acrescida, na medida em que constitui a prova de que o programa está a funcionar. Foi a 15 de Março que arrancou o programa Farmácias Portuguesas, uma iniciativa de relevo da estratégia associativa e profissional da ANF. Corporizado no cartão de fidelização de utentes, o programa excedeu todas as expectativas, incluindo as mais optimistas. E excedeu-as na dupla vertente de adesão das farmácias e de adesão dos utentes. Das 1400 farmácias que se estimava abranger até final do ano passou-se, em escassos meses, para quase duas mil. E da previsão de 440 mil cartões a emitir, também até final do ano, saltou-se para os mais de 500 mil cartões emitidos até Setembro. Excedidas 28 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Estimular o rebate, a fase seguinte

assim as expectativas, também as

chegou em Outubro às farmácias.

responsabilidades são acrescidas. O

Concebida como sazonal, nela se abor-

compromisso das farmácias aderentes

dam temas e se apresentam produtos

ao programa está longe de se esgotar

adequados à actual época do ano – o

Será nesse sentido, aliás, que se di-

neste novo instrumento de relacio-

Outono/Inverno. Num modelo seme-

reccionará a comunicação entre a

namento com os utentes, na medida

lhante ao da primeira edição, procu-

direcção da ANF e as farmácias ade-

em que implica a adopção progressiva

rou--se ir ao encontro das necessidades

rentes ao programa, por intermé-

de novos serviços, num caminho que

e expectativas dos utentes – uma preo-

dio do Departamento de Apoio aos

se pretende diferenciador na coesão.

cupação partilhada pelas cerca de duas

Associados (DAA). Isto porque o pró-

Mas também esta componente está

dezenas de parceiros que corresponde-

ximo ciclo de visitas englobará esta

a ser cumprida, traduzindo-se, desde

ram a esta iniciativa. Nesta nova publi-

temática.

Outubro, no serviço de vacinação, ao

cação merece destaque o novo serviço

A mensagem terá ainda como desti-

abrigo da disposição legal que autoriza

de vacinação nas farmácias – os seus

natários os próprios utentes, median-

os farmacêuticos a ministrarem vacinas

principais contornos são apresentados

te uma comunicação individualizada

não incluídas no Plano Nacional de

em ligação ao programa, dado que é

aos detentores de cartão. Nela serão

Vacinação. Novos desafios se colocam

possível aceder através do rebate de

enfatizados os benefícios da utiliza-

a partir deste momento: com uma tão

pontos. A mesma filosofia está subja-

ção do cartão, recordando-se os pon-

elevada taxa de captação num espaço

cente a um produto inovador proposto

tos já acumulados e apresentados os

de tempo tão curto, a próxima etapa

aos utentes das Farmácias Portuguesas

produtos a que dão acesso, visando,

envolve a dinamização do cartão. Na

– um seguro para doenças graves

assim, estimular o rebate.

prática, trata-se de incentivar os uten-

(como as oncológicas) sem limite de

Esta é, pois, a nova etapa do Programa

tes a utilizarem o cartão, rebatendo os

idade, mínima ou máxima. Ao abri-

Farmácias Portuguesas. Depois das

pontos acumulados entretanto. Essa

go de uma parceria com a Multicare,

expectativas largamente ultrapas-

será a prova de que o programa está

é oferecida uma cobertura até agora

sadas na fidelização de utentes, há

a funcionar. Consegui-lo implica das

inexistente de forma isolada. Por estar

que manter o programa vivo. A meta

farmácias uma atitude tão activa como

abrangido no programa, só pode ser

é também aqui de superação – até

a que adoptaram aquando do lança-

subscrito através do rebate de pontos

Setembro, tinham sido atribuídos

mento do programa e da fidelização

acumulados no cartão (cada anuidade

44,5 milhões de pontos e rebatidos

dos utentes: trata-se de reforçar o diálo-

equivale a 500 pontos).

6,2 milhões, correspondendo a 14

go, direccionando-o para os benefícios

Pelas suas características, este produ-

por cento do total.

associados ao cartão.

to constitui, decerto, uma oportuni-

O objectivo é, naturalmente, aproxi-

dade ímpar para muitos utentes das

mar os dois valores, optimizando a

Farmácias Portuguesas, na medida

utilização do cartão. É um objectivo re-

em que lhes dá acesso a protecção na

alista, se nele as farmácias depositarem

doença em condições não abrangidas

a mesma convicção e dinâmica que

Novos produtos, novos serviços

os

20 08

por outros seguros. E para as farmá-

colocaram no lançamento do progra-

E nesta estratégia assume particu-

cias pode assumir-se como rampa de

ma – uma atitude determinante para o

lar relevo a Publicação Farmácias

lançamento de uma atitude activa no

sucesso inicial e, agora, para a consoli-

Portuguesas, cuja segunda edição

estímulo ao rebate de pontos.

dação das Farmácias Portuguesas. Farmácia Portuguesa | 29


plataforma Projecto apresentado no III Congresso da Plataforma

Espaço Saúde em Diálogo

É o primeiro passo de um projecto mais ambicioso, mas

A 19 e 20 de Setembro, decorreu o

esforços e vontades e trabalhar para

III Congresso da Plataforma Saúde

o interesse colectivo. A entreajuda

em Diálogo. Este foi palco de uma

tem estado presente nos seus dez

reflexão em torno da necessidade

anos de existência, conforme subli-

da saúde e prevenção da

de ultrapassar os obstáculos que se

nhou na sessão de abertura Maria da

doença. Cumprido aquele que

erguem ao trabalho conjunto e de

Luz Sequeira, membro da direcção da

identificar os modelos mais adequa-

Plataforma e vice-presidente da ANF.

foi o mote do III Congresso da

dos para uma parceria efectiva em

E conforme atestam os diferentes pro-

prol do doente. Foi esta a ideia subja-

jectos com que se tem comprometi-

Plataforma – “Todos Juntos Pela

cente ao Congresso e que sintetizou

do, o mais recente dos quais o Espaço

o tema “Todos Juntos Pela Saúde”.

Saúde em Diálogo, que foi apresenta-

E a Plataforma é um exemplo con-

do no último dia dos trabalhos.

creto de como é possível conjugar

Coube à presidente da direcção,

sempre solidário, que visa dotar o país de espaços de promoção

Saúde”. 30 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

nasce no Algarve Maria Irene Domingues, dar a conhe-

dicadores de saúde abaixo das mé-

em trabalhar com o grupo. As normas

cer este projecto inédito no país, que

dias nacionais – o Espaço Saúde em

também fazem falta – sobre os pa-

visa fomentar uma actuação em par-

Diálogo deverá multiplicar-se por

péis, as funções, os canais de comu-

ceria, envolvendo instituições, pro-

outros pontos do país, a provar que

nicação. Finalmente, é preciso que

fissionais e doentes. Foi concebido

a solidariedade da Plataforma se tra-

haja uma identificação social com o

como uma loja do cidadão muito es-

duz em acção.

grupo e que o indivíduo absorva a re-

pecífica, um espaço de promoção da saúde e prevenção da doença, com

presentação social da equipa.

Um desafio colectivo

uma dupla vertente de formação e

São estas as bases. Mas, para que sejam potenciadas e haja mesmo capa-

informação.

A Plataforma é – assim foi sublinhado

cidade de trabalhar em conjunto, ou-

Candidato e merecedor do apoio

ao longo do congresso – um exem-

tros três elementos emergem – coor-

do Alto Comissariado da Saúde, tem

plo de que como é possível trabalhar

denação, sinergia e cooperação.

um horizonte temporal de dois anos

em conjunto. É um exemplo a seguir

Não obstante ser uma apologista

para a sua concretização, após o que

numa realidade em que ainda abun-

do trabalho em conjunto, Ana Maia

se afirmará como um centro de refe-

dam as incapacidades para construir

reconheceu que nem todos o con-

rência para doentes crónicos, onde

parcerias sólidas e efectivas. Delas fa-

seguem. É preciso que estejam reu-

possam obter informação, apoio e

lou a psicóloga Ana Maia, convidada

nidas características individuais fa-

encaminhamento profissional, sem-

a proferir a conferência de abertura.

cilitadoras, quer relacionadas com a

pre em articulação com as unidades

E começou por demonstrar como

própria tarefa (como a capacidade de

de saúde locais.

trabalhar em conjunto é uma capa-

cumprir prazos e resolver situações),

É um espaço igualmente aberto à

cidade biológica – o corpo humano

quer emocionais (como a capacidade

população em geral, na medida em

assim o prova. Já a incapacidade – su-

de lidar com os conflitos).

que visa também prevenir, e com

blinhou – é cultural. Ainda assim, há

O dilema – sublinhou – parece co-

esse objectivo será palco de acções

que reunir alguns pressupostos para

locar-se entre a cooperação e a

de educação para a saúde. Também

além da biologia, desde logo a ne-

competição, entre aquilo que defi-

os profissionais de saúde, farma-

cessidade de transformar o indivíduo

niu como “o dar aos outros versus

cêuticos e não só, estão contempla-

num todo e o grupo numa equipa,

o privar os outros”. E o equilíbrio é

dos, para eles sendo direccionadas

sendo equipa o grupo que evoluiu

difícil: “Nascemos cooperativos mas

acções de informação e formação.

com um objectivo comum que satis-

temos uma educação competitiva”.

A partir do Algarve – seleccionado

faz todas as pessoas envolvidas.

Uma não substitui a outra: não seria

para o arranque do projecto por ser

Necessário é ainda um sentido de

realista um mundo apenas feito de

nomeadamente uma região com in-

pertença, correspondente ao prazer

cooperação. O que é preciso, defenFarmácia Portuguesa | 31


plataforma

Irene Domingues, Rosa Gonçalves da Plataforma Saúde em Diálogo, Francisco George da Direcção Geral da Saúde. Ana Maia, psicóloga e Maria da Luz Sequeira, da Plataforma Saúde em Diálogo

Isabel Machado, da Plataforma Saúde em Diálogo e Manuela Eanes, do Instituto de Apoio à Criança

deu, é que a competição tenha ética.

língua e saber ouvir”. Ainda hoje se

gam em tempos desajustados às ne-

Que consiga transformar muros em

mantêm obstáculos – para uns, o

cessidades dos doentes. Os técnicos

pontes.

discurso é centrado na pessoa, para

– defendeu – precisam de respostas

Para a conferencista, trabalhar em

outros centrado na rapidez da reso-

mais rápidas.

conjunto não é apenas um desafio

lução do problema. Cada profissional

Maria Helena Costa lamentou que

da Plataforma, deve ser um desafio

tem a sua prioridade para defender, o

a família seja esquecida, entenden-

do país, do mundo.

que dificulta o trabalho transversal.

do que é importante envolvê-la, de

Da sua experiência, retém como

modo a que possa ajudar o doente a

maior problema o “construir equipas

redireccionar o seu projecto de vida.

que querem fazer”: “Há muitas que

Sobre uma nova experiência de tra-

querem dizer, outras que querem ser,

balho multidisciplinar debruçou-se

É um desafio que procuram superar

mas faltam as que querem fazer.

José Tomé Pardal, enfermeiro na

na sua intervenção os seis profissio-

A maior dificuldade é passar do de-

Unidade de Saúde Familiar (USF) de

nais que participaram no painel de

sejo ao projecto, do projecto à acção,

Torres Vedras. O facto de a equipa

debate. “Como podemos trabalhar

da acção à concretização”. Na mes-

ser escolhida de baixo para cima po-

em conjunto?” foi a questão coloca-

ma linha foram as palavras de Maria

tencia essa cooperação, sendo uma

da por Margarida Pinto Correia, jor-

Helena Costa, assistente social no

mais-valia nos objectivos.

nalista e representante de Fundação

Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Ainda assim, defende que há muito

do Gil na Plataforma.

Considerando que “trabalhar em

a fazer, nomeadamente no fomento

Cecília Galvão, psicóloga do Hospital

conjunto não implica o esvaziamen-

do diálogo entre os mesmos profis-

Dona Estefânia, em Lisboa, foi a pri-

to do conteúdo profissional de cada

sionais de diferentes instituições: “Às

meira a responder, o que fez repor-

um”, lamentou a falta de articulação

vezes parece que estamos a traba-

tando-se há 22 anos, quando inte-

entre os serviços de saúde e a acção

lhar de costas voltadas”, lamentou,

grou o primeiro grupo de psicólogos

social, com consequências ao nível

defendendo que “ninguém perde

a chegar aos hospitais. E “a grande

da inserção do doente.

influência” por trabalhar em conjun-

dificuldade foi acertar os discursos,

A rede de suporte – disse – é insufi-

to e advogando a criação de equipas

o grande desafio foi falar a mesma

ciente nas estruturas e as verbas che-

disciplinares em prol do doente e da

Seis experiências, o mesmo objectivo

32 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Da reflexão à acção Do III Congresso da Plataforma emanou um conjunto de conclusões – reflexões que podem inspirar a acção. São elas, de uma forma sintetizada: •

A incapacidade de trabalhar em conjunto é um obstáculo ao desenvolvimento profissional e à concretização das metas

Maria do Céu Machado, do Alto Comissariado da Saúde e Irene Domingues, da Plataforma Saúde em Diálogo

organizacionais. •

A cooperação, enquanto alternativa à competição, contribui para vencer essa incapacidade.

Exemplo disso é a Plataforma Saúde em Diálogo, há dez anos a

sua família. Porque “o importante é que eles tenham

trabalhar em conjunto com base na solidariedade, entreajuda e

respostas”. Médica na mesma USF, Manuela Pinto

participação.

Alvarez sublinhou também a importância de a equi-

As recentes Unidades de Saúde Familiar também assentam na equipa,

pa ser escolhida entre pares, com a mesma filosofia

em prol da acessibilidade, da proximidade e da qualidade dos cuidados

de saúde, bem como o trabalho de substituição entre

de saúde.

sectores – “Deixámos de trabalhar em quintas”.

A par dos cuidados, também o medicamento deve ser acessível, seguro

São mais-valias das USF a que se junta o primado da

e de qualidade. Neste domínio, as farmácias são fundamentais – porque

inscrição familiar como forma de conhecer melhor a

estão próximas, porque investem na valorização profissional e na inovação,

relação interpessoal e, a partir daí, ajudar a resolver

porque oferecem cada vez mais serviços e uma intervenção de qualidade.

outros problemas que não os da saúde física. Há ainda

doentes sentem todos os dias as ineficiências do sistema.

um longo caminho a percorrer, na sensibilização dos utentes para as vantagens da medicina preventiva.

Apesar das melhorias, a acessibilidade ainda não é universal e os

O direito à informação em saúde é um direito dos doentes, permitindo-

É que “modificar comportamentos é complicado”.

lhes envolver-se activamente nas decisões e no tratamento. O

A perspectiva do voluntariado foi proporcionada por

problema não é de acesso, mas da qualidade das fontes.

monsenhor Feytor Pinto, presidente da Comissão

A informação contribui para a obtenção de ganhos em saúde.

Nacional de Voluntariado em Saúde. Uma unidade

Esse é também o objectivo do Plano Nacional de Saúde, documento

de saúde – sustentou – não é imaginável sem vo-

orientador da política de saúde em cuja discussão e implementação a

luntariado, porque o acompanhamento permanente

sociedade civil tem de estar envolvida.

do doente não pode ser feito pelo médico, nem pelo

promover estratégias locais e avaliar a eficácia das suas intervenções.

enfermeiro. Mas o voluntariado precisa de valores, que devem estar

A saúde é ainda responsabilidade das comunidades, que devem

Na área da saúde, as associações de doentes têm promovido um

presentes nas pessoas e nas organizações – tolerância,

trabalho importante de cooperação e participação. Faltam, porém,

convivência, diálogo (“escutando e, se necessário, ca-

medidas pragmáticas que fomentem o contributo da sociedade civil nas grandes decisões.

lando”), solidariedade, cidadania. E deve ter em consideração uma multiplicidade de factores, da sociedade, à pessoa carenciada, passando pela pessoa disponível

A construção do futuro passa por parcerias solidárias como as que dão corpo ao Espaço Saúde em Diálogo.

para assistir para lá do técnico à organização que a inFarmácia Portuguesa | 33


plataforma

tegra. Monsenhor Feytor Pinto defen-

É ainda um potencial colocado ao

“É na palavra partilha que pode-

deu ainda a importância de formar os

serviço da diferenciação de cuidados,

mos sintetizar todo o trabalho do

voluntários – “só a boa vontade não

dando corpo a um modelo de farmá-

IAC. Partilha de saberes, de experi-

chega” – e de purificar os motivos que

cia há muito perseguido – centro de

ências, em encontros e acções de

conduzem ao voluntariado – “a entre-

prevenção e terapêutica.

formação para que se possa multi-

ga, a generosidade, o ir ao encontro de outro para o fazer feliz”. Também Paulo Duarte, farmacêutico e secretário-geral da ANF, manifestou a opinião de que “o trabalho em con-

plicar tudo aquilo em que acredi-

Ganhar juntos o que se perde em separado

junto é mais difícil quando cada um

tamos. Partilha com os decisores políticos e com a comunidade, mas também partilha de afectos”. O trabalho em parceria – defendeu – é essencial: “Numa socieda-

quer preservar o

Foram testemunhos ouvidos a antece-

de civil participada, empenhada,

seu espaço”.

der a sessão de encerramento do con-

viva e com alma todos temos res-

Não acontece as-

gresso, presidida pela Alta Comissária

ponsabilidades. E cuidar dos ou-

sim com o sector

da Saúde, Maria do Céu Machado,

tros é a antítese da competição.

farmacêutico, “re-

e com a conferência final a cargo da

Mas o seu fortalecimento implica

conhecido

presidente do Instituto de Apoio à

uma mudança de mentalidades”.

sua solidariedade

Criança (IAC), Manuela Eanes.

Manuela

interprofissional”:

“Modelo ideal para trabalharmos

uma palavra de apreço pelo traba-

“Há muito que

em conjunto” foi o repto lançado a

lho desenvolvido pela Plataforma

os projectos são

quem há 25 anos dirige “uma gran-

Saúde em Diálogo, a que o IAC se

desenvolvidos na

de equipa multidisciplinar que se

associou em 2006.

perspectiva do doente. Temos a van-

propôs concretizar o sonho da de-

E foram precisamente para o mais

tagem de estarmos próximos, acessí-

fesa dos direitos da criança e do seu

recente projecto da Plataforma – o

veis, o que aproveitamos para prestar

desenvolvimento integral”.

Espaço Saúde em Diálogo – as pa-

serviços de qualidade, em segurança

E por entender que não há um mode-

lavras da Alta Comissária da Saúde.

e que procuram melhorar o estado

lo para o trabalho conjunto, Manuela

Entusiasta

de saúde da população”.

Eanes deu a conhecer o pioneirismo

a primeira hora”, Maria do Céu

Essa vantagem é ainda aproveitada

do IAC nos vários projectos que lan-

Machado disse acreditar que esta

para despistar os problemas o mais

çou e nas parcerias que abraçou: “É um

parceria “vai dar muitos frutos”.

cedo possível, se necessário comuni-

modo de estar e de fazer com que nos

A provar – e citou Fernando Pessoa

cando os resultados a quem partilha

propomos construir um futuro menos

– que “ganhamos juntos o que se-

responsabilidades na área da saúde.

amargo para as nossas crianças”.

parados perdemos”.

“O trabalho em conjunto é mais difícil quando cada um quer preservar o seu espaço”. Paulo Duarte, farmacêutico e secretário-geral da ANF

34 | Farmácia portuguesa

pela

Eanes

do

reservou

projecto

ainda

“desde


Farmรกcia Portuguesa | 35


informacao terapeutica

Quando a maturidade Adolescência

É durante a adolescência que os jo-

por que estão a passar, a compreen-

o consumo de álcool ou drogas e, cla-

vens formam a sua personalidade e

der que existe uma base fisiológica

ro, a sexualidade.

Arttigo elaborado por

a sua forma de pensar. Apresentam

para que melhor conheçam e valori-

Nesta fase é fundamental apoiar os

Lígida Reis e Rafael Coito,

uma grande predisposição para ab-

zem o seu corpo, ajudando a que se

jovens para que adquiram compe-

cedime@anf.pt

sorver conhecimentos e vontade de

sintam melhor consigo próprios.

tências – conhecimentos, atitudes

obter respostas lógicas para as suas

É também neste período que se de-

e capacidades - que lhes permitam

questões.

finem comportamentos associados

gerir a sua saúde ao longo da vida e

Estão por isso muito receptivos a re-

à saúde: regimes alimentares que se

tomar as melhores decisões no que

ceber informação sobre as alterações

adoptam, a prática de exercício físico,

toca à sexualidade.

36 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

desperta A farmácia, enquanto espaço de

Tendo em conta as ligações da sexu-

saúde cada vez mais perto dos seus

alidade às outras dimensões da iden-

utentes, tem também aqui um po-

tidade pessoal e das relações inter-

tencial de intervenção privilegiado.

pessoais, a educação sexual integra

Encontra neste artigo suporte a uma

todo um conjunto de outras áreas de

intervenção diferenciada junto da

aprendizagem tais como os valores e

população mais jovem no âmbito da

os afectos, ou as questões de género,

sexualidade. Intervenção que pode

a estrutura de personalidade, as com-

ter lugar no espaço da sua farmácia

petências dos indivíduos para lida-

ou mesmo fora desta, e também jun-

rem com a intimidade (Vilar, D.,APF).

“Se lhes for dada informação,

O corpo em mudança

escolhas e oportunidades,

to dos pais, contribuindo para orientação na abordagem deste tema.

Sexualidade e educação sexual

À medida que os jovens se vão apercebendo das modificações que o seu

Sexualidade é algo que faz parte de

corpo vai sofrendo várias questões

nós enquanto pessoas e está presen-

podem percorrer a sua mente. Caso

te desde que nascemos. Compreende

não sejam respondidas de forma ade-

o sexo, género - identidades e papéis,

quada e atempada transformam-se

orientação sexual, erotismo, prazer,

em inquietação e factor de stresse.

intimidade e reprodução (proposta

Os gráficos que se seguem sintetizam

de definição da Organização Mundial

as principais alterações fisiológicas e

de Saúde, 2002).

respectivas fases da adolescência na qual ocorrem (Figura 1).

Ao longo da vida, são muitos

Durante a puberdade, o desenvolvi-

os momentos em que é necessário

mento apresenta-se normalmente

tomar decisões relativas à

numa sequência preestabelecida. O

sexualidade. São por isso também

momento em que começa a mudan-

muitas as oportunidades para a

ça varia de uma pessoa para outra,

farmácia intervir e participar em

mas manifesta-se sempre num perío-

aspectos relacionados com a saúde

do de idades determinado. A média

sexual e reprodutiva.

de idade, na qual a mudança começa, é indicada por um círculo vermelho.

viverão vidas mais saudáveis e produtivas. As pessoas jovens de todo o mundo são um recurso criativo e energético que devemos cultivar e cuidar. São os agentes das mudanças de hoje e os líderes de amanhã e devemos apoiá-los para que atinjam o seu potencial máximo...” (Thoraya Ahmed Obaid, directora executiva da United Nations Population Fund). Farmácia Portuguesa | 37


informacao terapeutica te ajudar os jovens a compreender a sua sexualidade e a vivê-la da melhor forma, aproveitando todos os momentos sem ansiedades ou pressões. É importante compreender a relação amorosa não como um preliminar para a relação sexual, mas como uma descoberta a dois da afectividade, do desejo, do corpo, da excitação sexual e Meninas

Meninos

de um rol de emoções e sensações que

Idade

Idade

começam a despoletar no seu corpo e

9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Crescimento do escroto e dos testículos

Crescimento das mamas Crescimento dos pêlos públicos

desenvolvimento.

Ponto máximo do crescimento

Ponto máximo do crescimento

Crescimento do pénis

Mudança na forma corporal

Crescimento dos pêlos púbicos

Crescimento dos pêlos das axilas Primeira menstruação (menarquia)

Tamanho final das mamas

na sua mente, com um papel fulcral no

Crescimento dos pêlos das axilas Mudança do timbre de voz Crescimento da barba

Figura I – Principais alterações fisiológicas na adolescência (adaptada de Manual Merck)

Devido à sede de descoberta da sexualidade e ao início das relações sexuais, os adolescentes são mais propensos a comportamentos de risco no que respeita a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como o VIH e a gravidez precoce. São muitas as campanhas de sensibilização para estes aspectos, mas o farmacêutico e a farmácia, enquanto espaço de saúde, desempenham um papel fulcral no aconselhamento de adolescentes para a utilização de métodos de contracepção eficazes e protecção das DSTs, e recomendando a ida à consulta médica.

A intervenção do farmacêutico, pelo saber diferenciado que tem, assume um papel

A descoberta da sexualidade

fundamental, tanto junto

A sua acção deve também incidir junto dos pais esclarecendo-os e provindoos de ferramentas que facilitem a sua intervenção pedagógica junto dos

dos próprios adolescentes,

A sexualidade expressa-se de inúme-

seus filhos, incentivando-os a fazer

como junto dos pais,

ras formas. A roupa que se veste, o tipo

escolhas certas e a tomar as devidas

para que estejam mais

de música que se ouve, a forma como

precauções. Para os adolescentes que

atentos e compreendam

se dança, como e com quem se estabe-

procurem acompanhamento perso-

melhor as alterações que

lecem relações.

nalizado existem ainda Gabinetes de

ocorrem, para que respondam de

A adolescência é uma fase de aventura

Apoio à Sexualidade Juvenil do Instituto

forma mais adequada

e descoberta, em que emoções e dese-

Português da Juventude, e consultas do

e fundamentada às questões

jos são vividos de forma muito intensa.

Adolescente e Planeamento Familiar

dos filhos.

Torna-se por isso ainda mais importan-

em Centros de Saúde.

38 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

O farmacêutico, próximo como está da sua comunidade, tem uma importante intervenção junto dos jovens, tanto individualmente como em grupo, ou mesmo na escola, promovendo uma eficaz prevenção de comportamentos de risco e ajudando-os a compreender atitudes e comportamentos. Os serviços de saúde sexual e repro-

Independência – ser capaz de tomar as

Apesar da grande predisposição para

dutiva para jovens devem ser:

suas próprias decisões e agir com base

reter conhecimentos, na adolescên-

• Confidenciais

no seu pensamento, avaliação e deci-

cia existe uma grande dificuldade

• Acessíveis

são. Com o desenvolvimento cognitivo

em pedir ajuda, muitas vezes por

• Livres de preconceitos

e intuição os adolescentes enfrentam

necessidade de sentir autonomia e

• Assegurar um leque

novas responsabilidades e apreciam os

independência o que pode levar a

seus próprios pensamentos e acções.

que não sejam tomadas as melhores

Pensam na sua vida futura.

opções.

diversificado de recursos

Com identidade própria...

Auto-estima – o que sente sobre si

É importante ter presente que nesta

estima devido às mudanças abrup-

fase do desenvolvimento emerge:

tas que ocorrem, e aumenta no

É muitas vezes difícil para os jovens

Identidade – sentido de si próprio e

final da adolescência quando já foi

falar com os pais sobre temas asso-

autoconhecimento das suas caracterís-

adquirida uma noção mais concreta

ciados a preconceitos, ou obter as

ticas e personalidade. Progressiva acei-

de quem são.

respostas que desejam.

tação de si próprio, em que se sinta se-

Numa fase tão vulnerável e aberta a

Os livros e a internet são ferramen-

guro e confortável, com um corpo mais

novas experiências os riscos são mui-

tas importantes, mas quando as

maduro, com capacidade de avaliação,

tos, como o consumo de drogas e ál-

questões são mais complexas, a in-

de decisão, de resolução de problemas.

cool e comportamentos impróprios.

tervenção do farmacêutico é uma

próprio. No início da adolescência é comum uma diminuição da auto-

Um diálogo sempre disponível

mais-valia, sendo a farmácia um re-

Pais em diálogo com os filhos

curso acessível e próximo, no qual

Algumas recomendações

• Não espere até que o seu filho

não é necessário marcar hora. • Deixe-o perceber que está aber-

lhe faça perguntas

• Conheça e domine as mensagens que quer transmitir • Procure “momentos educativos”, em que estejam juntos e seja favorável a partilha de mensagens e valores

to ao diálogo • Procure compreender o ponto

de vista do seu filho

• Faculte informação escrita,

com conteúdo credível e ajustada à idade do seu filho

Tendo em consideração a idade dos jovens, é importante que uma intervenção neste âmbito contribua para o conhecimento dos factos e componentes que integram a vivência da sexualidade, para a tomada de atitudes positivas e para a aquisição das competências individuais reflectidas no quadro. Farmácia Portuguesa | 39


informacao terapeutica Conhecimento

Atitudes

Competências individuais

Das dimensões anatómica, fisiológica, psicológica, afectiva e sociocultural da expressão da sexualidade Das noções de higiene corporal Da diversidade de comportamentos sexuais ao longo da vida e das diferenças individuais Dos mecanismos da reprodução Do planeamento familiar e, em particular, dos métodos contraceptivos Das doenças de transmissão sexual, formas de prevenção e tratamento Das ideias e valores com que as diversas sociedades foram encarando e encaram a sexualidade, o amor, a reprodução e a relação entre os sexos Dos recursos existentes para a resolução de situações relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva Dos tipos de abuso sexual e das estratégias de agressão

Das dimensões anatómica, fisiológica, psicológica, afectiva e sociocultural da expressão da sexualidade Das noções de higiene corporal Da diversidade de comportamentos sexuais ao longo da vida e das diferenças individuais Dos mecanismos da reprodução Do planeamento familiar e, em particular, dos métodos contraceptivos Das doenças de transmissão sexual, formas de prevenção e tratamento Das ideias e valores com que as diversas sociedades foram encarando e encaram a sexualidade, o amor, a reprodução e a relação entre os sexos Dos recursos existentes para a resolução de situações relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva Dos tipos de abuso sexual e das estratégias de agressão

Expressar os seus sentimentos e opiniões Tomar decisões e aceitar as decisões dos outros Comunicar acerca do tema da sexualidade Aceitar os tipos de sentimentos que podem estar presentes nas diferentes relações entre as pessoas Adoptar comportamentos informados em matérias como a contracepção e a prevenção das infecções de transmissão sexual Adequar as várias formas de contacto físico aos diferentes contextos de sociabilidade Reconhecer situações de abuso sexual, identificar soluções e procurar ajuda Identificar e saber aplicar respostas assertivas em situações de injustiça, abuso ou perigo e saber procurar apoio, quando necessário.

Quadro 1- Linhas orientadoras da educação sexual: objectivos quando a conhecimentos, atitudes e competências individuais Fonte: www.portaldasaude.pt

Participação do farmacêutico no grande objectivo da educação sexual – contribuir para uma vivência mais informada, mais gratificante, mais autónoma e mais responsável da sexualidade.

Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com Sexualidade e Adolescência: folheto Escolhas para a Vida, disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação

Conclusão

Saúde desde Julho de 2008.

A intervenção da farmácia junto dos adolescentes e pais constitui mais uma oportunidade de diferenciação, indo ao encontro das necessidades.

Esta

intervenção

passa não só pelo aconselhamento na farmácia, mas também pela articulação com outras estruturas e Linhas telefónicas de apoio Sexualidade em Linha 808 222 003 Linha SOS Grávida 808 20 11 39 Linha SOS SIDA 800 20 10 40 Linha SIDA 800 26 66 66

entidades, para que o apoio prestado aos jovens seja o mais eficiente e abrangente possível, garantindo os requisitos de confidencialidade, e proporcionando aos adolescentes toda a informação e auxílio necessários na descoberta da sua própria pessoa e na sua formação

Bibliografia 1. Dattani, M., Brook, C. (2002). Problemas de Saúde no Adolescente. Em: Harrison Medicina Interna. 15ª edição. Macgraw-Hill Interamericana do Brasil, Ltda. 2. Instituto Português da Juventude. Saúde e sexualidade juvenil. Acedido na internet em: http:// juventude.gov.pt/Portal/SaudeSexualidadeJuvenil/ 3. Manual Merck para a família. Puberdade e problemas na adolescência. Acedido na internet em: http://www.manualmerck.net/ 4. Medline Plus (2007). Adolescent development. Acedido na internet em: http://www.nlm.nih. gov/medlineplus/ency/article/002003.htm 5. Portal da Saúde.(2005). Educação sexual e reprodutiva. Acedido na internet em: http://www. portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/saude+escolar/educacaosexual.htm 6. Pray, W., Pray, J. (2003). Counseling teens on sex. US Pharmacist 28:12. Acedido na internet em: http://www.uspharmacist.com/index.asp?show=article&page=8_1174.htm 7. WHO.(2006). Promoting and safeguarding the sexual and reproductive health of adolescents. Reproductive Health and Research, Child and Adolescent Health and Development. World Health Organization, Geneva, Switzerland 8. WHO. (2003). Preparing for adulthood: adolescent sexual and reproductive health. Department of Reproductive Health and Research, World Health Organization, Geneva, Switzerland 9. Sexuality Information and Education Council Of The United States. (2005). Talk about sex. Acedido na internet em: http://www.siecus.org/_data/global/images/TalkAboutSex.pdf 10. UNFPA. Supporting Adolescents and Youth. Acedido na internet em: http://www.unfpa. org/adolescents/index.htm 11. Aventura Social & Saúde (2006). Comportamento sexual e Conhecimentos, crenças e atitudes face ao VIH/sida. Relatório Preliminar disponível em: www.aventurasocial.com 12. Projecto ROSA – APF. Gravidez e maternidade adolescente. Associação Portuguesa para o Planeamento da Família. Acedido na internet em: www.apf.pt

pessoal, contribuindo para a sua

Outros recursos sobre sexualidade:

saúde sexual e reprodutiva.

• Disponível em www.anfonline.pt

40 | Farmácia portuguesa


Farmรกcia Portuguesa | 41


informacao terapeutica

Osteoporose A epidemia silenciosa A osteoporose é uma doença crónica e debilitante que, por ser igualmente muito comum representa um grave problema de saúde pública, com elevados custos, económicos e sociais, devido às suas consequências em termos de morbilidade e à fraca adesão dos doentes às terapêuticas instituídas e às medidas não farmacológicas que visam a prevenção de fracturas.

Texto elaborado

A osteoporose é caracterizada por

resultar em dor intensa, diminuição da

Osteporose quando a densidade mine-

por Joana Pinto,

diminuição da massa óssea e deterio-

altura, alterações da postura com os

ral óssea (DMO) da coluna lombar ou do

cedime@anf.pt

ração da microarquitectura do osso,

ombros avançados e o abdómen pro-

colo do fémur corresponde a um índice

com aumento do risco de fractura.

eminente, ou deformidades, e ter um

T < -2,5. O índice T relaciona a (DMO) do

A diminuição progressiva da massa

impacto significativo na mobilidade,

indivíduo com a DMO correspondente

óssea não é reflectida em sintomas

independência e qualidade de vida.

ao pico máximo da massa óssea (de um

e, muito vulgarmente, a osteoporo-

De acordo com a OMS, considera-se

grupo jovem do mesmo sexo). 2

2

se só é reconhecida quando ocorre Critérios de diagnóstico da Osteoporose segundo a OMS2

uma fractura. Numa pessoa com osteoporose, mesmo um traumatismo

T≥-1

Normal

- 2,5 < T < - 1

Osteopénia (baixa massa óssea)

nar uma fractura.

T ≤ - 2,5

Osteoporose

Cerca de 2/3 das fracturas vertebrais são

T ≤ - 2,5 + fractura de fragilidade

Osteoporose grave

ligeiro, um movimento mais brusco ou um espirro mais forte pode origi-

assintomáticas. 42 | Farmácia portuguesa

2

No entanto, podem


30

an

19 78 •

A presença de 1 factor de risco major, ou de 2 minor, justifica a

A osteoporose no homem

medição da massa óssea com o objectivo de identificar indivíduos

Os homens têm ossos maiores e mais fortes do

em risco. A idade, só por si, é considerada um factor de risco major,

que as mulheres o que justifica, em parte, o facto

nas mulheres acima dos 65 anos e nos homens acima dos 70 anos.

de a osteoporose afectar menos homens do que

Indicações para realizar uma densitometria 2

os

20 08

mulheres. No entanto, tal com nas mulheres, a di-

Factores de risco

minuição fisiológica dos níveis de testosterona e

As mulheres podem perder até 20% da sua massa óssea nos 5 a 7 anos

sulta num declínio progressivo da densidade óssea

que se seguem à menopausa, o que as torna mais susceptíveis à osteo-

que pode levar à osteoporose.

estrogénio, consequência do envelhecimento, re-

porose. Há, no entanto, outros factores de risco a considerar, co2

A osteoporose no homem

muns a homens e mulheres. Em todas as mulheres pós-menopáusicas e todos os homens com mais de 50 anos deve ser investigada a existência de factores de risco para osteoporose.2

• A relação entre DMO baixa e o risco de fractura é menos evidente do que na mulher. • A prevalência de factores de risco e de causas secundárias é elevada, abaixo dos 65 anos. • Não é possível identificar o momento em que

Factores de risco major 2 - Idade superior a 65 anos ( ) ou a 70 anos ( ) - Fractura vertebral prévia - Fractura de fragilidade (por trauma reduzido) depois dos 40 anos - História de fractura da anca num dos progenitores - Terapêutica corticóide sistémica com mais de 3 meses de duração - Menopausa precoce (< 40 anos) ( ) - Hipogonadismo (baixos níveis de estrogénios - ( ) ou de testosterona e estrogénios - ( )) - Hiperparatiroidismo primário - Maior propensão para quedas

Factores de risco minor 2 - Artrite reumatóide - História de hiperparatiroidismo

ocorre um aumento significativo da reabsorção óssea com o consequente aumento do risco de fractura.

- Terapêutica crónica com antiepilépticos

Prevenção da osteoporose

- Terapêutica crónica com heparina

Prevenir a osteoporose tem por objectivo atin-

- Baixo aporte de cálcio na dieta - Tabagismo

gir um bom pico de massa óssea. A prevenção assenta na identificação e correcção precoce dos factores de risco modificáveis, principalmente os que se relacionam com o estilo de

- Consumo excessivo de café (> 2 chávenas por dia)

vida – hábitos alimentares e actividade física.

- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas

do pico de massa óssea que adquiriu até aos

- Índice de massa corporal (IMC) inferior a 19 Kg/m2

Quanto maior for a massa óssea adquirida até

- Perda de peso superior a 10% relativamente ao peso do indivíduo aos 25 anos - Imobilização prolongada

A densidade mineral óssea do adulto depende 18-20 anos. esta altura, menores serão os riscos de desenvolvimento de osteoporose. Por este motivo, a prevenção da osteoporose deve começar na infância, promovendo hábitos alimentares e de vida que contribuam para uma maior quantidade e qualidade de massa óssea. Farmácia Portuguesa | 43


informacao terapeutica

Quatro medidas para melhorar a

O benefício óptimo da terapêutica

considerados terapêutica de primeira

saúde dos ossos e ajudar a prevenir

é conseguido pela melhor adesão à

linha da osteoporose.2

a osteoporose 2:

mesma em associação com medidas

O ranelato de estrôncio reduz as

• Assegurar o aporte alimentar ade-

não farmacológicas que visam a ma-

fracturas vertebrais e, nos idosos

nutenção da massa óssea.

com DMO diminuída ao nível do fé-

quado de cálcio e vitamina D; • Manter consumo proteico

mur, reduz também as fracturas não

adequado;

Os fármacos disponíveis para a tera-

vertebrais, incluindo as da anca.2

• Evitar fumar e o consumo excessi-

pêutica da osteoporose actuam por

Parece actuar tanto por inibição da

inibição da reabsorção óssea – fár-

reabsorção óssea como por estimu-

• Manter uma actividade física re-

macos anti-reabsortivos – ou por es-

lação da sua formação.

gular (exercícios de carga e de for-

timulação da formação óssea - agen-

O raloxifeno (modulador selectivo

talecimento muscular).

tes anabólicos.

dos receptores de estrogénio – SERM),

Os fármacos aprovados para a te-

também com acção anti-reabsortiva,

rapêutica da osteoporose pós-me-

demonstrou eficácia na redução do

nopáusica,

risco de fracturas vertebrais, mas não

vo de álcool, cafeína e sal;

Tratamento farmacológico – Factos a considerar

por

terem

demons-

trado eficácia na prevenção de frac-

em localizações não-vertebrais.2

turas, são os bifosfonatos - alen-

A calcitonina é um fármaco anti-

dronato (ex.: Fosamax®), risedro-

reabsortivo, menos eficaz do que

Apesar de não haver cura para a os-

nato (ex.: Actonel®), ibandronato

outros disponíveis.2

teoporose, ela pode ser tratada de

(ex.: Bonviva®), ácido zoledrónico

A teriparatida (análogo da hormona

forma a prevenir, atrasar ou parar a

(Aclasta®), ranelato de estrôncio (ex.:

paratiróide), único agente anabolizan-

sua progressão.

Protelos®), raloxifeno (ex.: Evista®),

te disponível no ambulatório, está indi-

O objectivo principal da interven-

calcitonina (ex.: Miacalcic®), suple-

cada nos casos de osteoporose grave

ção farmacológica é a prevenção de

mentos de cálcio e de vitamina D e

ou quando exista intolerância/falência

fracturas.

teriparatida (Forsteo®).

dos outros fármacos, não devendo ser

Uma em cada 3 mulheres e 1 em

Os bifosfonatos, alendronato, risedro-

usada por mais de 18 meses.

cada 5 homens, com mais de 50

nato, ácido zoledrónico e, em sub-gru-

A eficácia e segurança da associa-

anos, sofrerão fracturas osteoporóticas

pos de risco, ibandronato diminuem o

ção de fármacos anti-reabsortivos

na ausência de medidas preventivas

risco fracturas vertebrais e não-verte-

na terapêutica da osteoporose não

adequadas.

brais, incluindo da anca.

está demonstrada.2

2

1

44 | Farmácia portuguesa

2, 4

São por isso


30

an

19 78 •

os

20 08

Necessidades em cálcio e vitamina D (DDR)3 Cálcio

Vitamina D

1300 mg/dia

5 µg/dia

1000 mg/dia

5 µg/dia

1300 mg/dia

10 µg/dia

Homens, 19-65

1000 mg/dia

5 µg/dia (19-50) 10 µg/dia (51-65)

Homens, + de 65

1300 mg/dia

15 µg/dia

Adolescentes, 10-18 Mulheres, pré-menopausa Mulheres, pós-menopausa

Há estudos de associação de alendro-

bretudo em indivíduos idosos e/ou

rose é a baixa adesão à terapêutica, a

nado com teriparatida. O alendrona-

com baixa exposição solar, também

médio / longo prazo.

to utilizado antes ou em simultâneo

devem ser considerados na terapêu-

No que respeita aos bifosfonatos,

com a teriparatida parece diminuir a

tica da osteoporose.2

sabe-se que para serem efectivos, o

eficácia desta, enquanto após o seu

Os fármacos actualmente mais uti-

tratamento deve ser mantido a longo

uso, parece prolongar o seu efeito.

lizados na osteoporose masculina

prazo, num período mínimo de um

Nas mulheres e nos homens com ida-

são os bifosfonatos, com ou sem

ano.14, 15 No entanto, a grande maio-

de superior a 65 anos verifica-se uma

suplemento de cálcio e/ou vitamina

ria dos doentes a quem são prescri-

diminuição da absorção intestinal do

D, e a substituição hormonal (testos-

tos interrompe a toma no decurso do

cálcio proveniente da dieta. Em re-

terona), em caso de hipogonadismo

primeiro ano.14, 15

sultado, aumentam os níveis da hor-

(sem evidência de redução do risco

Como consequência, assiste-se ao

mona paratiróide, que vai mobilizar

de fractura).2

desperdício de verbas na comparti-

cálcio a partir dos ossos para repor os

Nos doentes osteoporóticos sob te-

cipação destes medicamentos sem

níveis séricos de cálcio. Este processo

rapêutica, a repetição da avaliação

que os doentes obtenham os desejá-

contribui para a diminuição da massa

da massa óssea como meio de mo-

veis benefícios da terapêutica. 14

óssea nos idosos. Um dos objectivos

nitorização da terapêutica não deve

As exigências da toma correcta des-

da administração de suplementos de

ser feita, regra geral, antes de 18 a 24

tes medicamentos, os seus efeitos

cálcio é, precisamente, compensar a

meses de tratamento cumprido com

secundários e a falta de percepção

baixa absorção intestinal de cálcio,

rigor, podendo ser repetida após

dos doentes dos seus benefícios, as-

reduzindo assim o aumento dos ní-

mais 2 anos.2

sociado à natureza assintomática da

veis da hormona paratiróide.

Uma das principais dificuldades que

doença, são factores que contribuem

Os suplementos de vitamina D, so-

se coloca no tratamento da osteopo-

para esta baixa adesão.4, 5

1

Farmácia Portuguesa | 45


informacao terapeutica Fármaco Alendronato5

Via de administração

Oral

Frequência de administração

Mecanismo

Diário Semanal

Anti-reabsortivo

Factores com impacto na adesão

Baixa biodisponibilidade

Ibandronato6

Oral

Mensal

Anti-reabsortivo

Risedronato7

Oral

Diário Semanal

Anti-reabsortivo

Ácido Zoledrónico8

Intravenosa

Anual

Anti-reabsortivo

Comodidade posológica Menor potencial para reacções adversas esofágicas

Diário

Anti-reabsortivo

Alternativa aos bifosfonatos quando estes não sejam tolerados ou estejam contra-indicados Risco de tromboembolismo venoso Risco de reacções de hipersensibilidade grave (eritema com eosinofilia e sintomas sistémicos)

Diário

Anti-reabsortivo

Efeito protector cardiovascular Não aumenta o risco de cancro da mama ou do útero Risco de tromboembolismo venoso Não recomendada associação com THS Efeito anti-álgico – útil em períodos agudos pós-fractura Alternativa em caso de intolerância ou contra-indicação para outros fármacos mais eficazes Pode causar rinite e ulceração da mucosa nasal Duração máxima do tratamento: 18 meses

Ranelato de estrôncio9

Raloxifeno

10, 11

Oral

Oral

Calcitonina

Nasal

Diário

Anti-reabsortivo

Teriparatida13

Subcutânea

Diário

Anabólico

12

Efeitos gastrintestinais – destaque para o potencial de agressão da mucosa esofágica

Bibliografia

O farmacêutico tem aqui um importante papel na sensibilização dos doentes para a importância de continuarem a tomar a medicação que lhes foi prescrita de forma correcta e durante o período de tempo recomendado. A prestação de informação aos doentes relativa aos reais benefícios das terapêuticas e aos riscos potenciais da osteoporose, associada ao fornecimento de argumentos que sirvam de base para fomentar a necessária adesão à terapêutica, são boas formas de motivar os doentes a melhorar a saúde dos seus ossos, prevenindo o risco de fracturas e mantendo a sua qualidade de vida.

46 | Farmácia portuguesa

1. Invest in your bones – Osteoporosis in men. International Osteoporosis Foundation. 2004 2. Tavares, V, et al. Recomendações para o diagnóstico e terapêutica da Osteoporose. Sociedade Portuguesa de Reumatologia. Sociedade Portuguesa de Doenças Ósseas Metabólicas. 2007 3. Vitamin and mineral requirements in human nutrition. 2 nd ed. World Health Organization and Food and Agriculture Organization of the United Nations 2004 4. Aclasta ® – Scientific Discussion. EMEA. 2005. Disponível em http://www.emea.europa. eu/humandocs/PDFs/EPAR/aclasta/EMEA-H-595-II-10-AR.pdf 5. RCM Fosamax® 10 mg comprimido e 70 mg comprimido. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 6. RCM Bonviva® 150 mg comprimidos. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 7. RCM Actonel® 5 mg comprimido e 35 mg comprimido. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 8. RCM Aclasta® 5 mg solução para perfusão. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 9. RCM Protelos® 2 g pó para solução oral. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 10. Raloxifene. DRUGDEX® System [Internet database]. Greenwood Village, Colo: Thomson Healthcare. Updated periodically 11. RCM Evista® 60 mg comprimido revestido. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 12. RCM Miacalcic® 200 UI solução para pulverização nasal. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 13. RCM Forsteo® 20 µg/80 µgL solução injectável. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 14. Staying Power: Closing The Adherence Gap In Osteoporosis. International Osteoporosis Foundation. 2006 15. Staying Power: Why Osteoporosis Patients Don’t Continue With Treatment. . International Osteoporosis Foundation. 2005


Farmรกcia Portuguesa | 47


informacao veterinária

A saúde do gato e

Quando o funcionamento normal do organismo é subitamente perturbado, os animais apresentam alterações visíveis no corpo ou no comportamento.

Como identificar as doenças?

sente necessidade dela. O gato é um

humidade, as bactérias e os parasitas,

animal gracioso e simpático, de movi-

existindo ainda doenças genéticas e

mentos harmoniosos, com uma agili-

doenças psíquicas (comportamento).

No Gato

dade surpreendente.

Os vários tipos de doença terão con-

Os gatos são animais independentes,

É um animal muito limpo e cuida do

sequências diferentes.

não revelando uma mentalidade de

seu pêlo, lambendo-o e alisando-o

O tipo de evolução das doenças divi-

grupo como os cães, pássaros e coe-

incansável e cuidadosamente, do pes-

de-se entre agudas (que surgem su-

lhos. Mantêm, no entanto, a natureza

coço à extremidade da cauda. Oculta

bitamente) e crónicas (cuja progres-

sociável de quem é membro de uma

cuidadosamente os excrementos com

são é lenta e insidiosa).

vasta família; este é o ponto crucial

terra ou areia preparada para esse fim e

A observação do cão doente e as in-

da nossa relação com eles.

que deve ser renovada todos os dias.

formações prestadas pelo dono sobre

Ao ser criado em casa desde peque-

os sintomas observados servem para

nino, o gatinho desenvolve uma

No Cão

identificação da doença (diagnósti-

relação terna e afectuosa com a sua

As causas das doenças são muito

co). Uma vez identificada a doença,

família humana. Não se limita a tole-

diversificadas. Podem ser de origem

determina-se qual o tratamento a

rar a sua companhia, mas aprecia-a e

externa, como o calor, o frio, a

aplicar (terapia).

48 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

do cão

os

20 08

O Exame O proprietário deve conhecer e compreender os vários

os seus sinais normais. Com o gato deve basear-se naquilo

estados de espirito e as alterações de comportamento.

que consegue observar e com o cão, além do que con-

Assim, estará mais alerta e sensível às mudanças que ocor-

segue observar, deve ter em conta aquilo que consegue

ram. Compreender o que se passa com os animais é muito

cheirar e ouvir.

importante.

Ao examinar o animal, deve anotar-se as observações,

A melhor maneira de detectar eventuais doenças do gato

mantendo um registo dos resultados e levá-lo ao veteri-

e do cão é observar cuidadosamente o animal e conhecer

nário quando necessário.

Usar o seguinte guia para exame: O que deve ser observado Gato

Cão

O que é normal no Gato

• Verificar se brinca normalmente;

• Ouvir os sons que ele faz;

Temperatura (rectal): 38,6 ± 0,5 C

• Observar as suas actividades

• Observar as suas actividades

Frequência Respiratória: 16-40/min.

e movimentos;

e movimentos;

Pulsação: 120-140/min.

• Examinar os olhos e verificar

• Cheirar o animal;

Gestação: 58-65 dias

se tem secreções;

• Controlar a frequência cardíaca

Puberdade: 4-12 meses

• Examinar o nariz , a boca e cor

e respiratória;

Cios: tipo-poliéstrica sazonal

das gengivas;

• Verificar a cor das gengivas;

Duração estro: 6-7 dias

• Observar a respiração;

• Beliscar a pele na parte de

• Examinar as orelhas e verificar

trás do pescoço;

O que é normal no Cão

se estão limpas;

• Examinar os olhos, as orelhas, o nariz

Temperatura (rectal): 38,9 ± 0,5 C

• Examinar o corpo e os membros, incluindo patas e unhas;

e a boca;

Frequência Respiratória: 18-34/min.

• Examinar a cabeça e o pescoço;

Pulsação: 70-120/min.

• Examinar cauda, ânus, vulva

• Examinar o corpo e os membros,

Gestação: 58-72 dias

e tecido mamário, pénis, escroto

incluindo patas e unhas;

Puberdade: 5-24 meses

e prepúcio;

• Examinar cauda, ânus, vulva e tecido

Cios: 1º Cio - entre os 6 meses

• Examinar a pele e a pelagem;

mamário, pénis, escroto e prepúcio;

e os 14 meses de idade

• Observar as alterações

• Examinar a pele e a pelagem;

Duração estro: 2-21 dias

gastrointestinais;

• Observar as alterações

(média 6-12 dias)

• Verificar se urina normalmente;

gastrointestinais;

• Controlar os seus hábitos

• Controlar os seus hábitos de higiene;

de higiene;

• Controlar a actividade alimentar

• Controlar a actividade alimentar

e de bebida;

e de bebida.

• Pesar.

Artigo elaborado em colaboração com:

Farmácia Portuguesa | 49


sifarma

Construir o futuro com Sifarma 2000

O Sifarma 2000 é uma ferramenta indispensável ao melhor desempenho profissional na farmácia de oficina e, através dele, à construção de um futuro assente na diferenciação e na qualidade da intervenção.

Mudança e desafios – estas são duas

São desafios colocados pela abertura

de farmácia – enquanto espaço de

palavras-chave para caracterizar o

de novos mercados, pela liberaliza-

saúde, reconhecido como centro de

sector da farmácia de oficina em

ção da venda de medicamentos não

prevenção e terapêutica que, além

Portugal. Mudança condicionada pe-

sujeitos a receita médica, pela libera-

da dispensa de medicamentos e de

los recentes imperativos legais, mas

lização da propriedade da farmácia

outros produtos de saúde, presta ser-

também determinada pela aposta

mas também, inevitavelmente, por

viços farmacêuticos à comunidade.

permanente na inovação e na qua-

uma nova atitude dos consumido-

Esta evolução é essencial para asse-

lidade. Os desafios advêm da conju-

res de cuidados de saúde. O cenário

gurar, a prazo, a sustentabilidade do

gação destas duas realidades, aceites

é de concorrência, propício ao de-

sector. Daí que a estratégia da farmá-

como motor da construção do futuro.

senvolvimento de um novo modelo

cia assente numa nova atitude profis-

50 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Um melhor desempenho profissional Esta é a grande mais-valia do Sifarma 2000, um sistema concebido para consolidar a relação das farmácias com os utentes na perspectiva de uma prática profissional assente na diferenciação pela qualidade. Sistema com múltiplas funcionalidades, que coloca o utente no centro do atendimento. Assim, de todo sional, na qual se destacam três ob-

pas de mais e melhores suportes de

jectivos – marcar a diferença, inovar

intervenção, de mais competências,

e adquirir maior valor competitivo. A

num espírito de abertura à mudança.

diferença consegue-se promovendo novos serviços, reforçando a imagem das farmácias, aumentando a sua visibilidade no exterior, associando-a a produtos e serviços de saúde, os quais trazem valor acrescido junto

Sifarma 2000 – O sistema de informação como elo diferenciador

dos consumidores. No fundo, criando uma identidade comum a partir

Neste enquadramento, os utentes,

de um projecto coeso.

enquanto consumidores de cuidados

Inovar implica ser capaz de criar

de saúde, assumem o lugar central

modernidade a partir do património

na intervenção da farmácia. Os uten-

já conquistado – para as Farmácias

tes são assim reconhecidos como o

Portuguesas não se trata de partir do

maior activo das farmácias. E todos

zero, mas sim de renovar na conti-

são importantes – os habituais, cuja

nuidade de uma intervenção que se

fidelização importa consolidar, e os

tem revelado uma mais-valia bem-

novos, que há que conhecer melhor

-sucedida.

e fidelizar. O investimento deve, as-

Quanto à competitividade, é essen-

sim, ser dirigido para a satisfação

cial para enfrentar os desafios do

dos utentes, respondendo às suas

novo contexto de mercado. Também

necessidades, e preferencialmente

aqui a atitude é de evolução na con-

superando expectativas, dando res-

tinuidade, reforçando a qualidade da

posta a um nível de exigência que é,

intervenção profissional.

reconhecidamente, crescente. Mas

O que está em causa é a diferencia-

sempre privilegiando a proximidade

ção pela prestação profissional, pela

e a confiança de longa data, estabe-

qualidade dos serviços prestados,

lecida em parceria com o seu farma-

dotando as farmácias e as suas equi-

cêutico.

o potencial que o Sifarma 2000 disponibiliza às farmácias, destaca-se: • A possibilidade de registar dados essenciais dos utentes (com total confidencialidade) como o nome, o nº de beneficiário, o subsistema de saúde, contactos, entre outros; • O registo do histórico terapêutico de cada utente, com a possibilidade de aceder, a qualquer momento, a informação relativa aos medicamentos que já tomou ou ainda toma, e à forma como os está a tomar; • Avisos de segurança (contra-indicações, interacções, reacções adversas e terapia duplicada), que surgem de forma automática durante o atendimento, e que resultam do cruzamento da informação científica associada a cada medicamento ou produto de saúde, com a informação que caracteriza o utente com acompanhamento, registada no seu perfil. Desta forma, é garantido o melhor aconselhamento, personalizado ao utente e dirigido àquela dispensa em particular; • Registo da intervenção profissional, documentando-a e permitindo a recolha de dados para uma posterior avaliação. São valências que potenciam um relacionamento mais próximo com cada utente, mas também com os parceiros. O Sifarma 2000 constitui, pois, uma vantagem competitiva para as farmácias, pedra basilar da estratégia do sector.

Farmácia Portuguesa | 51


sifarma Cimentar a relação com os utentes é indissociável da ges-

prestação de serviços e uma maior diversificação desses

tão e partilha de informação. Daí a importância que assu-

serviços. O Sifarma 2000 é assim o suporte essencial para

me o Sifarma 2000, enquanto sistema de informação da

a fidelização dos utentes. Não só dos habituais, mas so-

farmácia. Não se trata apenas de mais um instrumento de

bretudo dos novos utentes, fixando-os pela diferença.

trabalho, mas sim de uma ferramenta valiosa para a ob-

Fidelizar os utentes que estão de passagem é o desafio,

tenção de ganhos em saúde, para a poupança de recursos

consegui-lo a prova do sucesso.

e para a consolidação da imagem de credibilidade das far-

É um caminho que é preciso percorrer com espírito aberto

mácias junto dos seus utentes.

e persistência, com empenho e motivação. Estabelecendo,

É esta a diferença que marca o Sifarma 2000, um siste-

passo a passo, objectivos mais ambiciosos. Oferecendo

ma informático ao serviço de um projecto profissional.

aos utentes maior profissionalismo, melhor aconselha-

Equipar as farmácias com este sistema traduz um inves-

mento, mais informação, maior segurança. Diferenciando

timento com retorno real e significativo. Porque potencia

cada farmácia pela qualidade do serviço prestado, mas

a optimização do atendimento, aumenta a capacidade e

tornando também cada farmácia um elo único mas forte

rapidez da resposta, permite uma maior capacidade de

num projecto coeso. De futuro.

A perspectiva da Farmácia Belém (Lisboa)

Um sistema fiável

Foi em Maio último que a Farmácia Belém, em Lisboa,

à intervenção farmacêutica. Elogia, em particular, as

transitou para o Sifarma 2000, movida pelas exigências da

actualizações efectivas, com enfoque no dia-a-dia

certificação de qualidade, que ditaram a necessidade de um

da farmácia. Tal como elogia a “máquina eficiente”

sistema informático que funcionasse como uma ferramenta

que está na retaguarda, “uma equipa que conhece as

mais integrada na intervenção da farmácia.

necessidades das farmácias”.

Uma ferramenta que permitisse um melhor serviço e

Dessa estrutura fazem parte os formadores que – sublinha

fosse mais fiável. Ora, são duas características que o

– conhecem a fundo o programa. Daí que tenha esgotado as

Sifarma 2000 reúne, conforme explica o proprietário e

horas de formação incluídas no pacote de implementação

director técnico da farmácia, Francisco Mendes: “A dada

do sistema e que tenha optado por formação adicional,

altura passei a identificar-me mais com o Sifarma 2000, é

de modo a explorar as funcionalidades do Sifarma 2000,

incomparavelmente mais evoluído”.

incluindo as que são menos evidentes no dia-a-dia mas que,

Rendeu-se às virtualidades técnicas do sistema, muito

acredita constituem uma mais-valia.

embora, do ponto de vista dos princípios, defenda que

A equipa da Farmácia Belém adaptou-se com funcionalidade

devem existir sistemas alternativos que proporcionem

ao novo sistema, que lhe oferece fiabilidade aos diversos

oportunidade de escolha, num ambiente de

níveis – informático e farmacêutico – e confiança.

competição saudável.

E os próprios utentes colhem os benefícios desta ferramenta.

Da ferramenta com que trabalha há cerca de meio

Diz Francisco Mendes que o sistema anterior gerava “alguma

ano retém que se trata de sistema “mais estudado,

entropia”, que desapareceu com a instalação do Sifarma

mais validado”, sobretudo na parte científica, de apoio

2000, mais estável como suporte a um serviço sem erros.

52 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

A experiência da Farmácia Nova de Aviz

O valor da informação A informação científica actualizada

O contacto com o Sifarma permitiu-

na instalação do sistema em postos

é o que a proprietária e directora

-lhe despertar para um sistema

farmacêuticos.

técnica da Farmácia Nova de Aviz,

“muito bem estruturado” e “com

Com o Sifarma 2000, Maria João

Maria João Grades, mais valoriza no

mais vantagens”. E de entre essas

Grades não hesita em afirmar que

Sifarma 2000, com o qual trabalha

vantagens elege as actualizações

o atendimento “tem melhorado

desde Abril último.

constantes e a qualidade da

muito” e que “os utentes estão mais

Com uma farmácia e dois postos

informação científica.

satisfeitos”. Responder às questões

farmacêuticos no concelho

A mudança foi fácil. Toda a equipa

dos utentes é agora mais fácil, graças

alentejano de Aviz, estava

recebeu formação, com os primeiros

à eficiência do sistema enquanto

descontente com o sistema

dias de implementação a serem

ferramenta informática e à qualidade

informático anterior, nomeadamente

acompanhados por técnicos da

e abrangência da informação

pela escassez das actualizações e por

Consiste.

científica.“É um suporte fidedigno

dar origem a erros de inventário na

Houve uma boa adaptação, tendo a

que nos poupa tempo e liberta para

transferência de produtos.

Farmácia Nova de Aviz sido pioneira

outras tarefas”, sintetiza.

Projecto de Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000

Acções de formação

Dotar a equipa da farmácia das ferramentas indispensá-

sões de formação, com 2 das sessões previstas nos Açores. O

veis à utilização do Sifarma 2000, optimizando todas as

número de acções de formação a realizar em 2009 apresenta

suas funcionalidades, é o objectivo das acções de for-

um incremento de cerca de 50% relativamente ao corrente

mação promovidas pela Escola de Pós-Graduação em

ano de 2008 dada a crescente procura, sinal da inequívoca

Saúde e Gestão em parceria com o CEDIME (Centro de

aposta das Farmácias neste projecto profissional.

Documentação e Informação de Medicamentos, da ANF). Com uma forte componente prática, estas acções de formação têm por principal objectivo a implementação efec-

Para o primeiro trimestre de 2009 estão previstas as seguintes sessões: MÊS

DIA

LOCAL

HORÁRIO

Janeiro

15 (quinta-feira)

Consiste Porto

10:00 - 18:00

Janeiro

16 (sexta-feira)

Consiste Porto

10:00 - 18:00

Janeiro

21 (quarta-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

Janeiro

22 (quinta-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

projecto profissional representar uma aporta estratégica

Janeiro

23 (sexta-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

das Farmácias Portuguesas, são acções de formação sem

Fevereiro

02 (segunda-feira)

ANF Coimbra

10:00 - 18:00

Fevereiro

03 (terça-feira)

ANF Coimbra

10:00 - 18:00

Março

10 (terça-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

da ao longo do ano por Lisboa, Porto e Coimbra.

Março

11 (quarta-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

No próximo ano de 2009 irão realizar-se um total de 40 ses-

Março

12 (quinta-feira)

ANF Lisboa

10:00 - 18:00

tiva do Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000 no dia-a-dia da Farmácia. Parte integrante do pacote de formação essencial do Sifarma2000, e pelo facto deste

custos associados, que decorrem de forma descentraliza-

Farmácia Portuguesa | 53


museu da farmácia Da realidade para a ficção

“Equador” passa pelo

O Museu da Farmácia foi palco das filmagens da série televisiva “Equador”, uma adaptação do romance de Miguel Sousa Tavares. Uma experiência gratificante para os actores e demais equipa, mas também para a direcção do museu, apostada na abertura à sociedade. Durante quatro dias de Setembro,

nome à farmácia centenária que, na

reservou lugar a uma farmácia nem a

filmaram-se 49 cenas, corresponden-

realidade, foi propriedade de Alcino

um farmacêutico, contemplados, no

tes a 41 minutos da série televisiva

Teixeira.

entanto, nesta adaptação para televi-

“Equador”, uma produção da TVI a par-

E Miguel Seabra é o actor que lhe veste

são. Uma oportunidade que a direcção

tir do romance homónimo de Miguel

a pele, reproduzindo para as câmaras

do Museu da Farmácia aproveitou,

Sousa Tavares. Durante esses quatro

gestos inspirados no quotidiano de

cumprindo aquele que é um dos ob-

dias, mais de 70 pessoas partilharam

um farmacêutico do virar de anos en-

jectivos primordiais: abrir a instituição à

o espaço do Museu da Farmácia, cons-

tre os séculos XIX e XX. Joana Solnado

sociedade, colocando-a ao serviço dos

truindo ficção em cenários que teste-

é Eduarda, filha e ajudante na farmácia,

diversos saberes e das diversas mani-

munham a evolução da Farmácia em

eixo de um duelo amoroso que opõe

festações de cultura.

Portugal e no Mundo.

os galãs Diogo Amaral e Hugo Tavares.

João Neto, director do museu, é um

Dessas 49 cenas foi palco a Farmácia Liberal, que no início do século XX

acérrimo defensor do rigor na recons-

Pelo rigor histórico

pontuava na Avenida da Liberdade,

tituição de ambientes históricos. Os contactos havidos com a produção de

em Lisboa, e que na televisão será vista

São personagens da série, mas não o

“Equador”, iniciados na transição do

em São Tomé. Na ficção, António Faria

foram na obra de Miguel Sousa Tavares.

ano, resultaram num acerto de ideias

é o farmacêutico que vai emprestar o

A inspiração do escritor e jornalista não

de modo a que a farmácia assumisse

54 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Museu da Farmácia Um espaço inesperado um papel de relevo. Daí a intervenção

A mesma época histórica esteve,

objectos cedidos para a telenovela

no sentido de zelar pelo rigor histórico

aliás, subjacente a outra colaboração

“Queridas feras” que a TVI exibiu em

e científico, acompanhando as filma-

do Museu da Farmácia com a ficção na-

2004. Em estúdio foi recriada uma far-

gens de modo a que os erros fossem

cional – “O dia do regicídio”, série que

mácia à imagem e semelhança de uma

mínimos.

a RTP transmitiu em Fevereiro último

actual, tendo o museu contribuído

Houve a preocupação essencial de

para assinalar o centenário do assassí-

com diversos objectos, nomeadamen-

apresentar o farmacêutico enquanto

nio de D. Carlos e do herdeiro do trono,

te posters de promoção da saúde.

cientista e investigador, uma faceta

D. Luís Filipe.

São retalhos de uma relação aberta e

menos conhecida mas determinante

As filmagens ocorreram em Novembro

permanente do Museu da Farmácia

no tempo em que os medicamentos

de 2007, na mesma farmácia. É aí que

com a sociedade. Para que a memória

eram exclusivamente manipulados.

Manuel Buíça (encarnado pelo actor

não fique esquecida, deles ficarão tes-

Era, aliás, português e farmacêutico o

Ricardo Aibéo), um dos anarquistas

temunhos, nomeadamente adereços

investigador que desenvolveu um dos

que ditaria o derrube da monarquia, vai

usados em “Equador”. E impressões,

primeiros medicamentos contra a ma-

buscar medicamentos para a mulher.

transmitidas à direcção do museu por

lária, flagelo de São Tomé, onde decor-

A Farmácia Liberal representa-se a si

quem viveu aqueles quatro dias de

re parte da trama de “Equador”.

mesma, só não está – como nos anos

filmagens num espaço para a maioria

Além de João Neto, também a conser-

de 1900 – na Avenida da Liberdade.

desconhecido.

vadora do museu, Paula Basso, acom-

Antes já o museu havia emprestado

Desses dias, João Neto retém uma

panhou as filmagens, zelando pelo

peças e conhecimento à televisão pú-

mão cheia de emoções: “Saíram feli-

enquadramento histórico das cenas,

blica, enriquecendo dois episódios da

zes”, sintetiza. É o que transparece das

aconselhando os objectos mais ade-

série “O lugar da História” – um, sobre

palavras escritas nas folhas brancas de

quados e orientando sobre o modo

os estrangeiros do século das luzes, re-

um exemplar do romance de Sousa

como eram utilizados à época.

trata a vidra e obra de Ribeiro Sanches,

Tavares. Falam, unanimemente, de um

O contributo do museu envolveu ain-

obrigado a fugir de Portugal em am-

espaço inesperado. E Miguel Seabra, o

da a disponibilização de uma farmácia

biente de suspeição sobre os judeus, o

farmacêutico António Faria, agradeceu

portátil da sua colecção para integrar

outro acerca do papa João XXI. No pri-

a “oportunidade privilegiada de mer-

a bagagem que Luís Bernardo (o actor

meiro, salienta-se o lado da preparação

gulhar num universo fascinante”.

Filipe Duarte), o personagem principal

de medicamentos, com o realismo de

Cumpriu-se um desejo expresso por

do livro e da série, vai levar para São

uma farmácia portátil do século XVIII

Raul Solnado, o primeiro actor a visitar

Tomé, obrigado a deixar a vida mun-

disponibilizada pelo museu. No segun-

o museu: “Era engraçado fazer aqui

dana da alta sociedade lisboeta para

do, estão em evidência diversas peças

qualquer coisa...”. Estava-se em 1998 e,

cumprir ordens do rei D. Carlos, que o

islâmicas, evocativas das cruzadas.

dez anos depois, Joana, a neta, filmava

incumbiu de governar a ilha.

Bem mais contemporâneos são os

“Equador”... Farmácia Portuguesa | 55


laboratório rh A importância da Formação na Qualificação e Requalificação dos Profissionais

O Sector das Farmácias: uma actividade económica em constante mudança

Face ao ritmo cada vez mais acelera-

empresas são de pequena dimensão,

do das constantes transformações em

maior preocupação deve existir com os

contexto de uma economia global

seus profissionais.

operadas nos campos económico,

No caso das Farmácias, esse factor é

político, social e tecnológico cresce a

tanto ou mais crítico porque está mui-

tomada de consciência de que não há

to exposto, existe uma grande compe-

margem para estratégias empresariais

titividade entre elas, a concorrência é

(principalmente quando são empresas

feroz e é muito marcado pelo conheci-

As Farmácias têm sido alvo de profun-

de pequena dimensão) que não tirem

mento e pela qualificação dos seus re-

das transformações desde as últimas

partido do desenvolvimento do seu ca-

cursos humanos, ou seja estes marcam

décadas, associadas a novas exigên-

pital humano. Quando essas mesmas

a diferença.

cias que não são compatíveis com an-

56 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

tigos pressupostos. Estas alterações

principal elemento de criação de valor

integrada da gestão da Farmácia. Deve

resultam de inúmeras mudanças, des-

e sustentação de competitividade para

corresponder simultaneamente aos de-

de evoluções tecnológicas (introdução

a Farmácia.

sejos dos colaboradores e às necessida-

de computadores, softwares especia-

Consequentemente a estas constantes

des da Farmácia, de forma a contribuir

lizados, robots), alterações políticas,

transformações, o seu capital humano

positivamente para uma melhoria con-

sociais e económicas, da constante

(Farmacêuticos) não pode estar disso-

tínua da qualificação dos profissionais e

preocupação de inovar nos métodos

ciado, enquanto agentes de pilotagem

do desenvolvimento organizacional.

e processos, da emergência de novas

da mudança têm de ser forçosamen-

Como em qualquer sector de activida-

necessidades por parte dos clientes

te envolvidos. Como tal, terão de ser

de existem alguns requisitos básicos

(por exemplo a incorporação da der-

dotados de novas competências que

formativos para o desempenho das

mocosmética, e do espaço de veteri-

acompanham a constante evolução do

funções presentes numa farmácia.

nária, no surgimento de uma oferta

sector da Farmácia.

Conforme os papéis esses requisitos

mais alargada de prestadores de servi-

Para dotar os Farmacêuticos de com-

são de âmbito académico e/ou profis-

ços, como por exemplo a admissão de

petências necessárias para o desempe-

sional. Complementarmente, os profis-

novos profissionais da Saúde, nome-

nho da função, é necessário cada vez

sionais destas organizações deverão ter

adamente, Enfermeiros, Técnicos de

mais a Direcção Técnica estar sensibili-

boas competências de comunicação.

Diagnóstico e Terapêutica e profissio-

zada para a importância da Formação

Assim, no momento da constituição da

nais das terapêuticas não convencio-

na Qualificação e Requalificação dos

equipa ou quando é necessário substi-

nais (Nutricionista, Dietista, Podologista,

Profissionais de Farmácia.

tuir um profissional deve ser acautela-

Higienista Oral, Optometrista, Técnico

Não basta apenas a Formação base do

da a existência dessas competências ou

de Audiologia, Terapeuta da Fala,

capital humano da empresa: o desen-

programada a formação que permita

Terapeuta Ocupacional, Técnico de

volvimento profissional ao longo de

ao profissional adquiri-las.

Cardiopneumologia).

toda a carreira, e a constante actualiza-

Não existe uma receita universal de

A Integração de novas funções asso-

ção do conhecimento, é, hoje em dia,

quais os tipos de formações base é que

ciadas à prestação de Novos Serviços

um aspecto marcante na profissão do

cada Farmácia deve deter, existem sim

na Farmácia assenta no princípio geral

Farmacêutico.

várias alternativas e metodologias de

Artigo elaborado por

de que o desenvolvimento das compe-

A Formação deverá ser um investimen-

Formação que devem ser administra-

Fernanda Almeida,

tências dos Farmacêuticos constitui o

to planeado segundo uma perspectiva

das segundo as necessidades dos seus

directora-geral da RHM

Farmácia Portuguesa | 57


laboratório rh Para se definir uma política de formação deve-se ter em consideração as seguintes etapas:

Identificação das necessidades de formação (técnicas, compor-

Concepção e planeamento

tamentais e outras)

das acções de formação

Feedback

Avaliação da eficácia

Realização das acções

da formação

de formação

Recursos Humanos, tendo como preo-

máticas específicas do seu seio laboral.

a que os formandos não sejam víti-

cupação alcançar o objectivo estraté-

Uma das formas de potenciar esta in-

mas de formações excessivas, nem

gico adoptado pela Farmácia e a meta

formação é fomentar a comunicação,

da falta dela.

que cada uma pretende alcançar.

saber ouvir os seus colaboradores,

A Etapa da Concepção e Planeamento

O Director Técnico deve estar atento

incentivar a curiosidade, a pesquisa, a

das Acções de Formação, é aque-

aos seus colaboradores, percepcionar

capacidade de encontrar soluções cria-

la onde se hierarquizam as acções e

quais as necessidades específicas de

tivas, a iniciativa, a afirmação pessoal e

transcrevem as necessidades de forma-

cada profissional, onde é que existem

estimular a autoconfiança.

ção em objectivos operacionais, bem

lacunas ao nível dos seus Recursos

A Etapa da Identificação das Nece-

como programar os conteúdos e quais

Humanos e depois sim identificar no

ssidades de Formação, é aquela em

os programas específicos, as estraté-

mercado quais as formações mais indi-

que se define o que se pretende re-

gias pedagógicas mais adequadas, a

cadas, que possam agir sobre as proble-

solver através da formação, de modo

organização dos recursos disponíveis

58 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

e a calendarizar as acções. A Etapa da

ocupação que o Director Técnico têm

Um projecto formativo beneficia a res-

Realização das Acções de Formação

em formar os seus profissionais tendo

pectiva farmácia em três vertentes:

é aquela onde se verifica o desenvol-

como objectivo prestar um serviço de

- Organização;

vimento da acção ou seja, se faz a im-

excelência aos seus clientes.

- Equipas;

plementação e o acompanhamento. A

Faz sentido lembrar que o novo para-

- Pessoas.

Etapa Avaliação da Eficácia da Acção é

digma da relação do indivíduo (EU, SA)

Na organização, melhora a sua efici-

aquela onde se faz a avaliação de todo

com o mercado de trabalho, em que

ência/eficácia. As equipas reforçam a

o processo de intervenção formativa,

o mesmo é dono de si próprio e das

coesão e o espírito de entreajuda. As

se avaliam os resultados de aprendiza-

competências pessoais que vende ao

pessoas aumentam a sua auto-estima

gem que deve incidir sobre os objecti-

mercado, leva a que as organizações

e reforçam a sua identidade conjunta-

vos previamente traçados para aferição

tenham de ser apelativas nas condi-

mente com os objectivos da Farmácia.

de quais os resultados obtidos. Não faz

ções que oferecem tanto ao nível sala-

Neste sentido, a Formação deve ser en-

sentido realizar acções de formação

rial, mas e muitas vezes principalmente,

tendida como um investimento e não

se não houver um “follow-up” para se

ao nível do ambiente de trabalho e da

um custo, sendo um factor crítico para

verificar o valor acrescentado que essa

progressão profissional.

o sucesso do negócio na Farmácia.

mesma acção acarretou.

Cada vez mais a mão-de-obra far-

Normalmente

As necessidades de formação represen-

macêutica escolhe/decide quais são

Director Técnico é dotar os seus cola-

tam o desfasamento entre as exigên-

os seus potenciais empregadores.

boradores de Formação Técnica espe-

cias do trabalho e as competências dos

Inicialmente decide qual será a carreira

cífica para o desempenho de determi-

profissionais (formandos) em relação

a seguir, posteriormente a área geográ-

nada função/ categoria profissional,

a conhecimentos, aptidões, atitudes e

fica, e dentro deste universo, recolhe in-

permitindo percepcionar mais valias

experiência.

formações de quais as Farmácias que se

imediatas, do domínio técnico ou da

A política da formação é indissociável

preocupam com os seus colaboradores

organização do trabalho. Sendo im-

da política de emprego e contribui po-

e que apostam na Formação contínua

portante não contempla a Formação

sitivamente para a realização dos ob-

dos seus profissionais. Desta forma, as

Comportamental.

jectivos estratégicos da Farmácia.

Farmácias que não se preocupam com

Estas competências mais difíceis de de-

Neste mercado, em que os colabora-

este ponto crucial para a sua diferencia-

senvolver e de medir o seu alcance prá-

dores da Farmácia vivem uma situação

ção no mercado arriscam-se a perder

tico, tal como as evoluções resultantes

de pleno emprego, o principal factor de

os melhores profissionais e a verem o

de acções formativas, tornam-se me-

diferenciação é o investimento e a pre-

seu poder negocial diminuído.

nos apetecíveis para os responsáveis

a

preocupação

os

20 08

do

Farmácia Portuguesa | 59


laboratório rh

Visão Global da Formação Profissional “Gaston Bachelard resumiu o processo científico através das seguintes palavras: Conquistado sobre os preconceitos; construído pela razão; verificado nos factos.”

e no entanto são fundamentais para

Actualmente, as Farmácias procuram

muitas vezes encontram neste balcão

o sucesso de qualquer organização.

ganhar competitividade, aumentar as

o único contacto de um dia.

Primeiro, porque internamente a qual-

vendas e os níveis de satisfação dos

São exigências diferenciadas que ne-

quer estrutura organizativa, quanto

clientes.

cessitam de atendimentos diferencia-

maior o espírito de equipa e o sen-

As estratégias para atingir estes objec-

dos. A formação contínua é um ins-

timento de pertença, de partilha de

tivos passam por maior flexibilização

trumento determinante nesta busca

responsabilidades, mais eficiente se

dos horários de atendimento, moder-

de soluções para as exigências do

torna.

nização da sua estrutura organizativa,

dia-a-dia.

Segundo, porque numa organização

oferta de novos serviços e produtos,

A competitividade das organizações,

em que a inter-relação com as pessoas

mas sobretudo a capacidade de atrair

assim como a competitividade das

que a procuram é um factor relevante

e fixar utentes/clientes, tornando assim

nações, mede-se pela capacidade dos

sugere esta necessidade de percepcio-

fundamental a componente recursos

seus recursos humanos. As organiza-

nar a importância de recrutar profissio-

humanos como um dos factores dife-

ções capazes de sobreviver na com-

nais com competências desenvolvidas

renciadores na prestação dos serviços.

plexidade dos actuais mercados são

ao nível da comunicação, pró activida-

Não é supérfluo pensarmos que o dia

aquelas que possuem a expertise para

de, perseverança, gosto por aprender e

a dia de quem está numa farmácia

encontrarem as melhores soluções

espírito de equipa.

(especialmente nos grandes centros

que superam as dos seus concorren-

Mas não chega. Depois é necessário

urbanos), no seu relacionamento com

tes. Um bom modelo organizativo,

treinar estas competências para as

a população que a procura, é muito

recursos financeiros e equipamentos

manter e desenvolver – não esquecer

diversificado. Desde uma procura mais

suficientes, mas, fundamentalmente,

os conselhos do Poirot: “é preciso man-

exigente e sofisticada a um atendimen-

os melhores recursos humanos são a

ter as célulazinhas cinzentas activas”.

to a estratos mais desprotegidos que

marca diferenciadora para o sucesso.

60 | Farmácia portuguesa


Farmรกcia Portuguesa | 61


iniciativas Um piano ao serviço do bem-estar

Educação para a Cultura na Farmácia Açoreana

Pela montra, praticamente despida de

a diferença. E marcar a diferença na

convicto de que a farmácia, na van-

objectos que distraiam o olhar, vislum-

sua farmácia, mas também dar mais

guarda em tantos domínios, estava

bra-se o branco pérola de um piano de

“um passo em frente” num sector

preparada para mais este pioneirismo.

cauda em contraste com o vermelho

com uma evolução extraordinária: um

O sonho amadureceu ao longo de

que surpreende nas paredes. Pela mon-

sector – diz – muito bem organizado,

alguns meses, tantos quantos os das

tra, chegam sons inesperados, que con-

com uma evolução muito consistente

obras empreendidas na farmácia. Obras

vidam a reter o passo.

nas últimas duas décadas.

que revelaram a imponência de quatro

Mas são inesperados apenas para quem passa pela primeira vez no passeio do Largo do Conde de Barão, em Lisboa, para o qual se abre a Farmácia Açoreana.

arcos pombalinos. É ao longo deles que

Cuidar do corpo e da alma

Porque já há dois anos que ali se toca e

se desdobra a nova Farmácia Açoreana, com a primeira arcada a acolher a diferença: o piano de cauda adquirido num antiquário para deslumbramento de

se ouve música, saída da mestria de um

E foi o papel desempenhado pelas

todos quantos ali entraram – e entram

dos três pianistas que acolheram o repto

farmácias e pelos farmacêuticos na

– pela primeira vez.

do farmacêutico Carlos Quelhas.

educação para a saúde que o inspirou

Primeiro, estranharam. E fizeram per-

Quando, em 2006, adquiriu a centenária

nesse passo mais além: “Porque não

guntas. A essas perguntas respondeu

farmácia, este jovem farmacêutico – tem

também a educação para a cultura?”,

com as mesmas palavras que usa

agora 29 anos – sabia que queria marcar

foi o desafio que lançou a si mesmo,

hoje: a farmácia não pode estar asso-

62 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Ser diferente, mas útil

com a TVI que, durante quase um ano,

estar e a cultura contribui, inegavel-

O bairro onde tudo isto acontece é o de

quinze minutos de “Farmácia de servi-

mente, para o bem-estar.

Santos. É nele que Carlos Quelhas par-

ço” no programa matinal “Você na TV”

É uma pausa a que oferece diariamente

ticipa activamente, por entender que a

deram-lhe oportunidade de levar a cer-

a quem entra pela hora de almoço. E a

farmácia deve estar inserida na comuni-

ca de 350 mil portugueses mensagens

quem passa, como um convite informal

dade. Foi esse entendimento que o fez

de saúde e bem-estar. De uma forma

a alguns momentos de descontracção.

aderir ao Santos Design District, a asso-

– sublinha – “totalmente independen-

É mais um serviço que a farmácia presta

ciação empresarial que, tendo o design

te”: “Era eu que escolhia os temas e que

à comunidade, acentua Carlos Quelhas,

como plataforma, usa a criatividade em

decidia como os abordava, garantindo

reiterando que a sua farmácia está sem-

prol da identidade do bairro.

todo o rigor da mensagem. Não havia

pre de portas abertas a quem queira

O design foi, aliás, uma preocupação

qualquer patrocínio”.

entrar e “apenas” desfrutar da música.

na renovação da Farmácia Açoreana,

“Acima de tudo sou farmacêutico”.

E até a quem queira tocar...

denunciando-se na escolha de um ver-

As palavras são ditas com convicção,

Seja ligeira, clássica ou jazz, a música é

melho arrojado para sublinhar os arcos

a mesma convicção que leva Carlos

terapêutica. Que o digam os psicólo-

em pedra, nos azulejos que emoldu-

Quelhas a construir na Farmácia

gos da vizinha Crinabel, instituição de

ram os expositores, na iluminação dis-

Açoreana um espaço multifacetado. Os

solidariedade social vocacionada para

creta apenas quebrada pelo candeeiro

concertos à noite, os recitais de poesia,

o acolhimento de pessoas com defici-

vanguardista que incide sobre o piano,

as exposições de pintura, as mostras de

ência mental. Com regularidade, ali le-

a somar a um ou outro apontamento

design confirmam-no. O caminho foi

vam pequenos grupos de dois ou três

que fazem deste um espaço diferente.

desbravado, já lá vão dois anos, pelo

alunos: as notas do piano tocadas em

Carlos Quelhas procurou caminhos

piano que se ouve todos os dias, pela

plena farmácia constituem um inespe-

menos convencionais para a sua far-

hora de almoço...

rado (ou talvez não) apaziguador.

mácia. Sem, no entanto, romper com o

E nesta entrega à comunidade, a

passado de uma casa com quase sécu-

Farmácia Açoreana orgulha-se ainda de

lo e meio. O registo dessa história está,

contribuir para democratizar o acesso à

aliás, bem patente por detrás do balcão

música: “Tal como muitas pessoas vi-

de atendimento: ao longo da parede

ram um computador pela primeira vez

desdobra-se uma réplica ampliada de

na farmácia, para muitas este também

um anúncio publicado no Almanaque

foi o primeiro contacto com um piano”.

do Jardim do Povo, em 1867. Quando

E, sendo de cauda, o fascínio aumenta.

farmácia ainda era “pharmacia”.

A sua música atrai “tanto pessoas com

Pretende a diferença é certo, mas não

camarote em São Carlos como pessoas

romper com a essência de uma farmá-

que nunca saíram do bairro”.

cia: a preocupação com o atendimento

Ali são todos iguais. Artistas e especta-

continua a ser fundamental, a educação

dores. Sem fosso entre palco e plateia,

para a saúde mantém-se como prioritá-

todos ao mesmo nível, num concerto

ria. E foi precisamente com esta preo-

informal.

cupação que enveredou numa parceria

ciada à doença, tem de ser cada vez mais um espaço de saúde e de bem-

os

20 08

o fez presença diária na televisão. Dez a

Farmácia Portuguesa | 63


consultoria jurídica

O livro de reclamações

O Decreto-Lei n.º 371/2007, de 6 de Novembro e a Portaria n.º 896/2008, de 18 de Agosto, vieram introduzir algumas alterações no que concerne à obrigação de existência e disponibilização do livro de reclamações.1

De acordo com a informação cons-

maior relevo que foram introduzidas.

Lei n.º 156/2005, de 15 de Setembro,

tante do preâmbulo do mencionado

Em primeiro lugar, é de assinalar o

na legislação actualmente vigente,

Decreto-Lei n.º 371/2007, de 6 de

alargamento do âmbito de aplicação

esta obrigação foi alargada a todos

Novembro, procurou-se “optimizar”

da obrigatoriedade de existência e

os estabelecimentos de fornecimen-

a legislação anteriormente vigente,

disponibilização do livro de reclama-

to de bens ou prestações de serviços,

quer através do aditamento de al-

ções. Com efeito, enquanto na legis-

servindo agora a listagem do Anexo

gumas normas, quer através da sua

lação anterior esta obrigatoriedade se

I do mencionado diploma apenas

clarificação.

restringia aos estabelecimentos que

como referência exemplificativa.

Vejam-se, então, as alterações de

constassem do anexo I do Decreto-

O novo diploma introduz também

1

Estes diplomas visam alterar o Decreto-Lei n.º 156/ 2005, de 15 de Setembro e a Portaria n.º 1288/ 2005, de 15 de Dezembro.

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30

an

19 78 •

os

20 08

uma “funcionalidade” que não esta-

Foram também introduzidas algu-

va anteriormente prevista: os forne-

mas alterações no que respeita ao

cedores de bens e os prestadores de

preenchimento da folha de recla-

serviços podem disponibilizar no seu

mações e ao restante procedimento.

sítio da Internet instrumentos que

Efectivamente, passa a ser da respon-

permitam aos consumidores recla-

sabilidade do utente reclamante o

marem. No entanto, esta circunstân-

preenchimento de um maior núme-

cia, para além de não ser obrigatória,

ro de elementos na folha de reclama-

não exime os fornecedores de bens e

ção. Ou seja, para além da descrição

os prestadores de serviços da obriga-

de forma correcta e completa dos

toriedade de terem o livro de recla-

factos que motivaram a reclamação e

Não obstante não terem existido

mações no estabelecimento.

da sua identificação (já previstos no

alterações nesta matéria, recor-

Por outro lado, é também de salien-

anterior diploma), o utente deve pre-

dam-se as seguintes obrigações

tar a preocupação do legislador em

encher de forma correcta e completa

que impendem sobre o fornecedor

clarificar o conceito de “fornecedor

os campos relativos ao seu endereço

de bens ou prestador de serviços:

de bens ou prestador de serviços”.

e, bem assim, a identificação e o local

Assim, ao invés de remeter para os

do fornecedor de bens ou prestador

• Possuir o livro de reclamações nos

estabelecimentos

do

de serviços. No entanto, quanto a

estabelecimentos a que respeita a

anexo I, o novo diploma define os

este último ponto, a lei prevê expres-

actividade;

estabelecimentos de fornecimento

samente a obrigatoriedade de o for-

• Facultar imediata e gratuitamente

de bens ou prestação de serviços

necedor de bens ou o prestador de

ao utente o livro de reclamações

como aqueles que “se encontrem

serviços disponibilizar ao reclamante

sempre que por este tal lhe seja

instalados com carácter fixo ou per-

todos os elementos necessários ao seu

solicitado;

manente, e neles seja exercida, ex-

correcto preenchimento e, para além

• Afixar no seu estabelecimento, em

clusiva ou principalmente, de modo

disso, confirmar que o utente preen-

local bem visível e com caracteres

habitual e profissional a actividade” e

cheu os campos correctamente.

facilmente legíveis pelo utente,

“tenham contacto com o público, de-

Uma das alterações de maior desta-

um letreiro com a seguinte in-

signadamente através de serviços de

que introduzida pelo Decreto-Lei n.º

formação: “Este estabelecimento

atendimento ao público destinado à

371/2007, de 6 de Novembro foi o

dispõe de livro de reclamações”.

oferta de produtos e serviços ou de

alargamento do prazo de cinco dias

O mencionado letreiro deve con-

manutenção das relações de clien-

para dez dias úteis, para o fornecedor

ter também a identificação;

tela.” Deste modo, são excluídos do

do bem, o prestador de serviços ou o

• Manter, por um período mínimo

âmbito de aplicação do diploma os

funcionário do estabelecimento, após

de três anos, um arquivo organi-

Bernarnado, Advogados

fornecedores de bens e prestadores

o preenchimento da folha de reclama-

zado dos livros de reclamações

da PLMJ, Sociedade de

de serviços que exerçam a actividade

ções, enviar o original para a entidade

que tenha encerrado.

Advogados.

de forma não sedentária.

reguladora do sector. De salientar tam-

constantes

Elaborado por Eduardo Noqueira Pinto e Eliana

Farmácia Portuguesa | 65


consultoria jurídica Procedimento a adoptar em farmácias

Envio do original da folha de reclamação, no prazo de 10 dias úteis, para o INFARMED (com ou sem alegações e esclarecimentos)

Preenchimento da folha de reclamação pelo Utente

Entrega do duplicado da folha de reclamação ao Utente

O INFARMED recebe as folhas e instaura o procedimento adequado se os factos resultantes da reclamação indiciarem a prática de contra-ordenação

O triplicado faz parte integrante da folha de reclamação e não pode ser dele retirado

Se os factos resultantes da reclamação não indiciarem a prática de contra-ordenação, o INFARMED deve notificar a farmácia para, no prazo de 10 dias úteis, apresentar alegações

Podem vir a ser aplicadas coimas e sanções acessórias pelo incumprimento da lei

Quando resultar uma situação de litígio o INFARMED deve, após concluídas todas as diligências necessárias à reposição legal da situação, informar o reclamante sobre as medidas adoptadas ou a adoptar

bém que a lei prevê agora expres-

do alargamento das condutas que

com coima de € 250 a € 3500 e de €

samente que a remessa do original

consubstanciam a prática de contra-

3500 a € 30000, respectivamente.

da folha de reclamações possa ser

-ordenação.

Por outro lado, a tentativa deixou de

acompanhada pelas alegações que

A título de exemplo, refere-se que a

ser punível, continuando, no entanto,

o fornecedor de bens ou prestador

falta de afixação de letreiro no estabe-

a negligência a sê-lo, embora os limi-

de serviços entendam dever prestar,

lecimento, em local bem visível, e com

tes mínimos e máximos das coimas

bem como dos esclarecimentos dis-

caracteres facilmente legíveis com

aplicáveis sejam reduzidos a metade.

pensados ao reclamante em virtude

a informação “Este estabelecimento

Por fim, refira-se que a fiscalização e

da reclamação.

dispõe de livro de reclamações”, era

instrução de processos relativos a esta

Com a alteração legislativa verificou-se

punível com coima de € 250 a € 2500

matéria competem ao INFARMED –

também um agravamento substancial

e de € 500 a € 5000, consoante o in-

Autoridade Nacional do Medicamento

quer do montante da coima aplicável a

fractor fosse pessoa singular ou pessoa

e dos Produtos de Saúde, I.P., quando

determinada contra-ordenação, quer

colectiva e passou agora a ser punível

praticadas em farmácias.

66 | Farmácia portuguesa


Farmรกcia Portuguesa | 67


consultoria fiscal

As alterações fiscais mais recentes O Governo apresentou na Assembleia da República, em 16 de Julho de 2008, uma proposta de Lei que contempla o conjunto das alterações mais recentes ao Código do IRS, ao Código do IMI e ao Estatuto dos Benefícios Fiscais e que cria um regime especial de tributação autónoma, em IRC, para as petrolíferas.

Tal proposta de Lei introduz medidas

alguns novos limites nas deduções à

colecta dos encargos com imóveis, pro-

várias com o objectivo assumido de sua-

colecta. Num primeiro momento, dis-

pondo, ainda para efeitos de cálculo

vizar os efeitos da crise nos mercados,

pondo que em caso algum as dedu-

das deduções à colecta de IRS, que lhe

financeiros e petrolíferos, decorrentes

ções à colecta com despesas de saúde,

seja aplicada a lógica subjacente a uma

da subida acentuada do preço do cru-

educação ou formação, entre outras,

isenção regressiva, nos termos da qual

de, e das medidas de adoptadas pelo

podem deixar os contribuintes com

os contribuintes que auferem menores

Banco Central Europeu, no sentido do

rendimento líquido de imposto menor

rendimentos poderão deduzir mais do

agravamento das taxas de juro para

do que aquele que lhe ficaria se o seu

que os outros.

contenção da inflação e que afectam,

rendimento colectável correspondes-

Caso a proposta de lei ora em análise

especialmente, as famílias de mais bai-

se ao limite superior do escalão ime-

venha a ser - como se prevê - aprovada,

xos rendimentos.

diatamente inferior; e, num segundo

os contribuintes do primeiro escalão

Assim, em sede de IRS, introduzem-se

momento, a propósito das deduções à

(até €4.639,00) e do segundo escalão

68 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

(até €7.017,00) poderão passar a de-

diferentes. Quanto ao efeito útil destas

2008. Por fim, e relativamente às pe-

duzir à colecta do IRS, relativamente

alterações é de referir que as mesmas

trolíferas, o Governo pretende avançar

aos encargos com imóveis, € 879,00

visam, por um lado, reduzir o impacto,

com uma tributação autónoma, à taxa

(limite máximo de dedução actual-

no orçamento das famílias, dos encar-

de 25%, a aplicar sobre a diferença

mente em vigor majorado em 50%);

gos com a manutenção da habitação e,

positiva a apurar para fins fiscais entre

já os contribuintes do terceiro escalão

por outro, beneficiar as freguesias me-

o custo de vendas determinado com

(até € 17.401,00), deduzirão € 703,20

nos desenvolvidas, através da possibili-

base na aplicação do método FIFO

(limite máximo de dedução actual-

dade de diferenciação de taxas do IMI

(First-in First-Out) ou do custo médio

mente em vigor majorado em 20%); e

entre freguesias com piores e melhores

ponderado ao invés do actualmente

os do quarto escalão (até €40.020,00),

condições.

aplicado – geralmente o método do LIFO (Last-In First-Out). A alteração, no

apenas € 644,60 (limite máximo de dedução actualmente em vigor majorado em 10%). Estamos aqui, por isso, perante uma medida que visa, sobretudo, apoiar as famílias mais carenciadas e que adquiriram habitação própria através do

os

20 08

Todas estas alterações, a serem aprovadas, produzirão efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2008.

crédito à habitação. No que respeita ao

âmbito dos critérios de valorimetria, proporcionará um impacto favorável à arrecadação de impostos, a curto prazo, nos cofres do Estado, dado que, a ser aprovada, produzirá efeitos já no exercício de 2008. Num período em que a razoabilidade

IMI, propôs-se uma redução, em 0,1%,

Em sede do EBF, foi proposto um alar-

dos encargos tributários se encontra

das taxas máximas de imposto aplicá-

gamento do período da isenção do

em discussão, a adopção destas me-

veis aos prédios urbanos. Para o caso

pagamento de IMI - concretamente, de

didas, aparentemente tendentes ao

dos prédios não avaliados para efeitos

6 para 8 anos, na aquisição de prédios

desagravamento dos impostos nas

do Código do IMI, tal resultará numa re-

para a habitação própria e permanen-

classes de mais baixos rendimentos,

dução da taxa máxima de IMI aplicável,

te, cujo valor patrimonial tributável não

revela uma postura proactiva na busca

de 0,8% para 0,7%, e, para os prédios

seja superior a € 157.500,00, e de 3 para

de soluções para o actual momento di-

já avaliados, de 0,5% para 0,4%. Ainda

4 anos, quando tal valor patrimonial se

fícil que o país atravessa.

no que respeita ao IMI, a proposta de

situe entre €157.500,00 e €236.250,00.

A seu tempo veremos se as alterações

Área de Prática Fiscal

Lei contempla a atribuição de poderes

Esta alteração, a ser aprovada, é aplicá-

serão suficientes para alcançar o fim

de PLMJ

bastantes às autarquias locais para, em

vel às isenções em que o período de 6

último confessado do Executivo: a sua-

Contacto: rff@plmj.pt

cada ano e dentro dos intervalos previs-

ou de 3 anos do benefício ainda esteja

vização dos efeitos da actual crise eco-

tos na lei, fixarem, por freguesia, taxas

vigente ou se extinguiu no decurso de

nómico-financeira. Farmácia Portuguesa | 69


noticiário Transferência excepcional de farmácias Vagas por preencher

A entrada em vigor das novas regras de licenciamento e

Real. Identificou igualmente os concelhos limítrofes com

atribuição de alvarás a novas farmácias foi acompanhada

défice de cobertura farmacêutica, bem como o respectivo

da abertura de um período de transferência extraordinária

número de vagas. E o que se verificou foi a existência de

para concelhos limítrofes. Na portaria 1430/2007 de 2 de

224 farmácias potenciais candidatas à mudança e de 163

Novembro são regulamentadas as condições de acesso desta

vagas por ocupar. No entanto, o número real de possibili-

transferência, justificada com a necessidade de adequar a

dades de transferência é inferior, situando-se em 135.

dispensa de medicamentos aos movimentos demográfi-

Não obstante estas possibilidades, foram em menor nú-

cos, assim assegurando o acesso em concelhos até agora

mero as candidaturas apresentadas ao Infarmed: até 24

deficitários.

de Setembro tinham sido proferidos 73 despachos de

Assim, o artigo 38.º da portaria autoriza a transferência

aptidão, sendo 63 ao abrigo do regime normal (dentro

de farmácias instaladas nos municípios que tenham uma

do mesmo concelho) e apenas dez ao abrigo do regime

capitação inferior a 3500 habitantes por farmácia para

excepcional (para concelhos limítrofes).

concelhos limítrofes em que a capitação seja superior.

Um desfasamento que, na prática, significa que não foram

Mantém-se a possibilidade de transferência no município

devidamente aproveitadas as oportunidades abertas pela

desde que preenchidos cumulativamente dois requisitos:

lei. É que, ao contrário do que acontecia com o antigo re-

uma distância mínima entre farmácias de 350 metros e

gime de abertura e instalação de farmácias, as vagas aber-

uma distância mínima de 100 metros entre a farmácia e

tas não vão ficar por ocupar. O passo seguinte abrange a

uma extensão de saúde, um centro de saúde ou estabe-

abertura de concurso para preenchimento dessas vagas.

lecimento hospitalar, salvo em localidades com menos de

Nos concelhos agora deficitários, a instalação de farmácia

quatro mil habitantes.

far-se-á segundo o modelo de liberalização da proprieda-

Para dar cumprimento a esta portaria, o Infarmed identi-

de. Por saber está o número exacto de farmácias a abrir

ficou 224 farmácias excedentárias em dez concelhos dos

por concurso, dado que o processo de transferência ex-

distritos de Aveiro, Faro, Lisboa, Porto, Santarém e Vila

traordinária ainda decorre junto do Infarmed.

70 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Dia Europeu da Resistência Antimicrobiana Farmácias sem exclusivo na dispensa de MUV O novo estatuto do medicamento veterinário retira às farmácias a exclusividade na venda a retalho. Assim, o decreto-lei nº 148/2008, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, confere essa possibilidade também a “outras entidades legalmente autorizadas”. Com a entrada em vigor da nova legislação – 60 dias após a sua publicação, a 29 de Julho – apenas as fórmulas magistrais e os preparados oficinais continuam a ser da competência exclusiva das farmácias. Quanto aos novos postos de venda, o decreto estipuSerá a 18 de Novembro, por proposta da Comissão

la que necessitam de autorização do director-geral de

Europeia aprovada pelo Conselho de Ministros do

Veterinária. E entre os requisitos obrigatórios está previsto

Emprego, Segurança Social, Saúde e Defesa do

que mantenham “ao seu serviço uma pessoa qualificada

Consumidor.

como director técnico, bem como pessoal com conheci-

Este Dia Europeu de Sensibilização para a Resistência

mentos técnicos que assegure, nos termos da lei vigente, a

Antimicrobiana visa, como o próprio nome indica, alertar

qualidade das actividades desenvolvidas”. Não é, contudo,

para a dimensão que a resistência aos antibióticos tem

definido o que se entende por “pessoa qualificada”, nem

assumido nos diversos Estados-membros e para as suas

são definidos os “conhecimentos técnicos” necessários.

consequências ao nível da saúde pública.

No preâmbulo do diploma, considera-se que “sistemas de

Esta questão esteve aliás em foco no último Conselho de

distribuição mais restritos promovem o aparecimento de

Ministros da Saúde realizado sob a presidência eslovena

fenómenos de comércio ilegal maior, facto que dificulta o

da União Europeia. Aí se enfatizou que a resistência an-

controlo e põe em causa a segurança alimentar, pelo que

timicrobiana é um problema global de saúde em cresci-

se torna necessário agilizar e simplificar alguns aspectos e

mento na Europa, com reflexos na morbilidade e mortali-

procedimentos por forma a favorecer a concorrência e a

dade por doença infecciosa e na qualidade de vida, além

induzir a redução dos preços dos medicamentos veteriná-

de consumir elevados recursos na saúde.

rios e dos produtos de origem animal, em benefício dos

Tendo em conta esta realidade, o Conselho exortou os

consumidores”.

Estados-membros a alocarem estruturas e recursos à

A lei introduz ainda alterações ao quadro legal que regia as

concretização de estratégias específicas visando conter a

áreas do fabrico e introdução no mercado, instituindo, no-

resistência aos antibióticos, nomeadamente promoven-

meadamente, a possibilidade de importações paralelas.

do um uso prudente daqueles medicamentos. Farmácia Portuguesa | 71


noticiário José de Mello distingue investigação sobre malária

Estrutura associativa completa Três investigadores do Instituto de Medicina

parasita pode multiplicar-se 20 mil vezes). Esta

A eleição dos delegados do círculo

Molecular da Universidade de Lisboa viram

é uma fase sem sintomas, significando que,

14, do distrito de Coimbra, permitiu

o seu trabalho sobre a malária distinguido

com a descoberta feita pelos três investigado-

completar a estrutura associativa da

com o Prémio Amélia da Silva de Mello para

res, se abre caminho a uma via de prevenção

ANF para o triénio 2008-2011.

as Ciências da Saúde, instituído pela José de

de uma doença que mata milhares de pessoas

Foi em Maio que decorreu o acto

Mello Saúde.

em todo o mundo.

eleitoral para a nova estrutura, tendo

A investigação “O SR-B1 do hospedeiro desem-

Tendo em conta a qualidade dos trabalhos,

sido eleitos os delegados de todos os

penha um duplo papel no estabelecimento da

o júri decidiu ainda atribuir duas menções

círculos à excepção do 14, que abar-

infecção de malária no fígado” foi selecciona-

honrosas: a “Clinical and Genetic Study

ca as farmácias da Figueira da Foz. Os

da de entre as 29 que estiveram a concurso,

of Rett Syndrome in Portugal”, de Teresa

44 sócios abrangidos foram entretan-

tendo a decisão pertencido a um júri presidido

Temudo e Patrícia Espinheira de Sá Maciel,

to a votos, tendo sido eleita, como

pelo neurologista João Lobo Antunes.

da Unidade de Neuropediatria do Hospital

delegada de círculo Paula Cristina

No seu trabalho, Maria Manuel Mota, Miguel

de Santo António, e a “Low doses of ionizing

Gonçalves

Prudêncio e Cristina Rodrigues identificaram

radiation induce a pro-angiogenic respon-

Oliveira, em Marinha das Ondas. A

uma molécula – denominada SR-B1 – envolvi-

se in the vasculature”, da autoria de Susana

equipa integra ainda, como delega-

da de forma significativa na invasão das células

Constantina e Inês Sofia Vala, do Instituto de

dos de zona, Margarida Maria Oliveira

do fígado pelo parasita da malária, bem como

Biologia Molecular da Faculdade de Medicina

Dias, da Farmácia Ferreira Souto, em

no seu desenvolvimento e multiplicação.

de Lisboa.

Vila Verde, e Nuno Ricardo Castro

Esta descoberta é o primeiro passo para que,

O galardão, no valor de 50 mil euros, foi en-

Gonçalves, da Farmácia Soure, em

no futuro, se possa actuar sobre a molécula

tregue no dia 19 de Setembro, no âmbito das

Soure. Enquanto elementos da estru-

SR-B1, protegendo-a e neutralizando o papel

XI Jornadas dos hospitaiscuf, realizadas no

tura associativa, os delegados agora

que desempenha na reprodução do parasita,

Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

eleitos funcionarão como plataforma

sem prejudicar a sua função no fígado.

O Prémio Amélia da Silva de Mello para as

de diálogo entre os órgãos directivos

A investigação incidiu sobre a fase hepática

Ciências da Saúde é uma distinção bienal

da ANF e as farmácias, agilizando a

da malária, em que o mosquito (transmissor)

instituída em 2002 pela José de Mello Saúde,

comunicação nos dois sentidos e

introduz o parasita na corrente sanguínea do

aberta a todos os profissionais de saúde e

contribuindo, assim, para uma maior

hospedeiro humano, a partir de onde invade

que visa galardoar trabalhos inéditos de in-

coesão do sector.

as células do fígado, aí se reproduzindo (cada

vestigação na área das Ciências da Saúde.

72 | Farmácia portuguesa

Pereira,

da

Farmácia


30

an

19 78 •

os

20 08

Dívida dos hospitais à indústria dispara A dívida dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde à indústria farmacêutica ascendia, em Setembro, a mais de 744 milhões de euros. Os números foram tornados públicos pela Apifarma que fez saber publicamente da intenção de avançar com medidas contra os devedores até final do ano. A maior fatia da dívida – 572,8 milhões de euros – é da responsabilidade dos hospitais com o estatuto de Entidade Pública Empresarial (EPE), liderados pelo Centro Hospitalar de

170 milhões de euros, com o Hospital

partir daí a dívida voltou a disparar.

Lisboa Central, devedor de mais de

Distrital de Faro a ser responsável por

Actualmente, a demora média de

90 milhões. O Centro Hospitalar de

mais de 25 milhões, o de Braga por

pagamento é de 387 dias, mas há

Setúbal responde por uma dívida

mais de 20 milhões.

um hospital com facturas em pa-

de 54 milhões, enquanto o Hospital

A Apifarma já não tinha um montan-

gamento há 1100 dias. Esta é uma

Garcia da Orta tem por pagar aos la-

te tão elevado a cobrar dos hospitais

situação que, segundo a associação

boratórios 48 milhões.

públicos desde Setembro de 2007.

da indústria farmacêutica, deixa al-

Também os hospitais do Sector

Em Dezembro houve uma redu-

gumas empresas do sector em risco,

Público Administrativo somam dívi-

ção das verbas devidas e em Julho

pelo que estão a ser ponderadas

das à indústria – no total, é superior a

foram feitos pagamentos, mas a

medidas para recuperar o crédito.

Um farmacêutico na Literatura

da Idade Média, quando na iluminação dos templos se usava uma aber-

“A Rosácea” é a mais recente obra

do interior, num regresso ao passa-

tura circular na fachada principal,

de Telmo Cunha, farmacêutico do

do em busca de si próprio e no qual

que inspirou Telmo Cunha, com a

distrito da Guarda que há muito se

descobre a espiritualidade.

obra a desenvolver-se em torno des-

rendeu à arte da escrita, levando já

Este é um livro sobre a luz, conforme

ta analogia.

cinco obras publicadas.

descreveu o autor numa das apre-

Farmacêutico de formação e profis-

Trata-se de um romance cujo prota-

sentações públicas de “A Rosácea”.

são, Telmo Cunha assina igualmente

gonista é Tiago: o fracasso de uma

Daí o título e a imagem que ilustra

“Almeida”, “Estrela de Memória”, “As

relação sentimental leva-o a aban-

a capa: a rosácea da catedral de

portas da cruz” e “A Teia”. É ainda

donar a cidade e a mergulhar no

Ciudad Rodrigo, na Espanha frontei-

colaborador regular do semanário “A

ambiente bucólico de uma aldeia

riça com Portugal. Foi a arquitectura

Guarda”. Farmácia Portuguesa | 73


noticiário ANF renova site Desde 11 de Outubro que o site se apresenta mais dinâmico, com uma nova imagem e organização de conteúdos. Em www.anf.pt, os utentes das farmácias podem ficar a conhecer melhor a associação, com uma área especificamente vocacionada para a pesquisa sobre a história, orgânica, estrutura e intervenção da ANF. Mais fácil é também a consulta das farmácias portuguesas, estando disponíveis – e com actualização constante – as escalas de serviço em todo o território nacional. Informação actualizada sobre o sector, nomeadamente a que tem impacto sobre o público, está igualmente disponível. O mesmo acontece com mensagens de promoção da saúde e prevenção da doença, adequadas aos Reforçar a ligação das farmácias com os cidadãos,

diversos contextos.

através do meio privilegiado de comunicação que é a

Com a renovação do site, a ANF dá cumprimento aquela

Internet, foi o princípio que presidiu à renovação do

que tem sido, desde sempre, a filosofia das farmácias de

site da ANF.

oficina – “Mais perto de si”.

Receita electrónica avança na Madeira A prescrição electrónica vai mesmo avançar na Região

Do ponto de vista terapêutico nada se altera, mas, além da

Autónoma da Madeira, impulsionada por uma parceria en-

eficiência, a receita electrónica contribuirá para reduzir os

tre o Governo Regional e a ANF.

erros de prescrição.

Numa primeira fase, o receituário em papel será abando-

Uma experiência semelhante foi já testada no distrito de

nado numa zona-piloto, que servirá para testar os novos

Portalegre, com resultados muito positivos. Contudo, o

procedimentos, mas em breve todos os doentes do arqui-

projecto – lançado pelo governo de Durão Barroso, quando

pélago beneficiarão desta medida.

Luís Filipe Pereira tutelava a Saúde – foi suspenso durante o

A eliminação do papel vai permitir ganhos de eficiência: às far-

mandato do ministro Correia de Campos, sem justificação.

mácias chegará uma versão desmaterializada da receita, depois

A maioria das farmácias associadas da ANF está preparada

de ter sido lançada numa base de dados do Serviço Regional de

para enveredar por este caminho, com claras vantagens

Saúde, enquanto os doentes ficarão na posse de um chip que

para todos os intervenientes na prescrição e dispensa dos

lhes permitirá adquirir a medicação em qualquer farmácia.

medicamentos.

74 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Alliance Healthcare reforça posição com Serum7 A Alliance Healthcare acaba de

nera a estrutura da pele pre-

reforçar a sua posição no mercado

maturamente envelhecida, na

português da dermoscosmética

mesma proporção que o ácido

mercê do lançamento de Serum7,

retinóico.

uma linha de cuidados anti-en-

Assim acontece porque os

velhecimento com a chancela de

princípios activos deste sérum

qualidade dos laboratórios Boots.

bloqueiam a ruptura do cola-

A chegada a Portugal do Serum 7 é o primeiro passo para a

génio por enzimas, assim travando a perda de firmeza da pele

internacionalização desta gama que é líder de vendas e pre-

e o aparecimento de rugas. Serum7 é o resultado do centro

ferências no Reino Unido. Basta dizer que a cada 2,3 segun-

de investigação da Boots, laboratório com uma forte relação

dos é vendido um produto da linha.

de confiança com os consumidores graças à imbatível rela-

Este é um fenómeno apoiado por diversos estudos científicos

ção de qualidade-custo dos seus produtos e à excelência do

que comprovam as propriedades anti-envelhecimento dos

serviço. A marca pertence ao universo Alliance Boots, o maior

produtos. Um dos estudos mais recentes, de 2007, tem a assi-

grupo internacional de saúde e beleza para a farmácia de que

natura do Grupo de Investigação em Ciências Dermatológicas

faz parte a Alliance Healthcare, uma das 50 maiores empresas

da Universidade de Manchester e permitiu confirmar que o

portuguesas, detida em 51% pela ANF e pela José de Mello

principal produto desta gama – o Sérum de Beleza – rege-

Participações II SGPS.

João Silveira preside ao Fórum Europeu de Farmacêuticos O vice-presidente da ANF João

tou a sua convicção de que irá de-

Silveira é o novo presidente do Fórum

sempenhar “um trabalho fantástico

Europeu de Farmacêuticos (EPF), ten-

representando a visão dos farmacêu-

do sido eleito para um mandato de

ticos de toda a Europa nestes tempos

três anos na terceira reunião de 2008

de novos desafios que a profissão

do organismo, que decorreu em

enfrenta”.

Lisboa a 9 e 10 de Outubro últimos.

Criado em 1999, o EPF propõe-se

Membro do EPF há alguns anos, João

apoiar uma abordagem europeia e

Silveira sucede à holandesa Elvire

transversal da profissão, reunindo far-

Kuyck, tendo como vice-presidentes

macêuticos do Reino Unido, França,

o farmacêutico escocês Frank Owens

Itália, Espanha, Portugal, República,

e o italiano Giancarlo Visini.

Holanda e Suíça.

Ao anunciar a nova equipa, Ornella

O apoio da Alliance Boots inscreve-se

Barra, directora da Alliance Boots,

no compromisso da empresa com os

grupo que apoia o Fórum, manifes-

farmacêuticos europeus. Farmácia Portuguesa | 75


formacao Cursos para farmacêuticos Curso

Data

Local

Doenças Auto-imunes

13 e 14 Novembro

Porto

A Fiscalidade na Farmácia

14 Novembro

Coimbra

Construa o Plano de Marketing da sua Farmácia

14 Novembro

Lisboa

Doença de Alzheimer e outras Demências

15 Novembro

Santarém

Patologias do pé

17 Novembro

Lisboa

Doença de Parkinson

17 Novembro

Porto

O Marketing e a Gestão do Espaço na Farmácia

17 Novembro

Porto

O Boletim de análises

17 e 18 Novembro

Funchal

Asma e DPOC

19 e 20 Novembro

Lisboa

O Boletim de Análises

19 e 20 Novembro

Porto

Alimentação na Infância

21 Novembro

Porto

Doença de Alzheimer e outras Demências

23 e 24 Novembro

Porto

O Sistema Informático como Ferramenta de Gestão na Farmácia

27 de Novembro

Coimbra

Patologias do pé

28 Novembro

Porto

Aparelho Sexual Masculino: patologias e terapêutica

3 Dezembro

Guia

Antibioterapia na Infecção Respiratória

4 Dezembro

Porto

Curso Básico de Formação de Socorristas

4, 5, 11 e 12 Dezembro

Porto

A Contabilidade e a Gestão da Farmácia

9 , 10 e 11 Dezembro

Porto

Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000

10 e 19 Dezembro

Lisboa

Aparelho Sexual Masculino: patologias e terapêutica

11 Dezembro

Castelo Branco

Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000

11 e 19 Dezembro

Lisboa

A Fiscalidade na Farmácia

15 Dezembro

Porto

Comunicação com o Médico e com o Doente

16 Dezembro

Lisboa

O Marketing e a Farmácia

16 e 17 Dezembro

Porto

Curso

Data

Local

Técnicas de Execução de Determinações Bioquímicas e Fisiológicas

14 Novembro

Funchal

Compreender os Antibióticos

24 de Novembro

Porto

Medicamentos e Métodos Anticoncepcionais

28 Novembro

Évora

Curso Básico de Formação de Socorristas

4, 5, 11 e 12 Dezembro

Coimbra

Cursos para ajudantes

Novo curso à distância Curso

N.º de Horas

Cefaleias

4h

Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) • Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • E-mail: escola@anf.pt

76 | Farmácia portuguesa


Farmรกcia Portuguesa | 77


ficheiro mestre Alteração à Propriedade Farmácia Moura Rua Montenegro, 157, 4820 - 280 FAFE Maria Helena G. M. S. Rocha Barros Fafefarma Farmácia, SA

Farmácia Moderna Rua do Porto Fundo, 8 8550 - 455 MONCHIQUE José Manuel da Silva Furtado Olinda da Silva Oliveira, Lda

Farmácia Ferreira Pilar Avenida Miguel Bombarda, 54 2830-355 BARREIRO José Maria Godinho da Silveira José Silveira Saúde, Unipessoal Lda

Farmácia Marques Rego Praça do Comércio, 47 4720 - 337 FERREIROS AMR Dr. Horácio Miguel Vieira Antunes Domingos Rodrigues - Herdeiros

Farmácia Freitas Rua de Vale Formoso de Baixo, 23-A 1950 - 278 LISBOA Patricia Ribeiro dos Santos José Manuel Coelho Varela Barrocas

Farmácia Batalha Rua Avelino Salgado de Oliveira, 6 2685 - 514 CAMARATE Maria Lucia G. Cordeiro Batalha Farmácia Batalha, Lda

Farmácia da Avenida Avenida Rebelo Moniz, 150 4660 - 212 RESENDE Ana Cristina de Sousa Guedes Ana Cristina & Emídio, Lda

Farmácia Martins Rua Heróis de Chaves, 31 2120-091 SALVATERRA DE MAGOS Isabel Maria de Barros Alves Oliveira Casimiro Isabel Alves - Sociedade Unipessoal, Lda

Farmácia Santos Leite Lugar de São Gonçalo 3870 - 195 MURTOSA Ana Filipa Leite Duarte

Farmácia Pereira Alves Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque, 17, 7100 - 690 VEIROS ETZ Maria Adelina Pereira Tropa Alves Maria Adelina Pereira Tropa Alves, Unipessoal, Lda

Farmácia Santa Isabel Rua do Codessal, 109 4415 - 834 SANDIM Maria Adelaide Tavares da Silva Paulo Gandra, Lda Farmácia Paços Travessa de Chartres, 10 7000 - 930 ÉVORA António Clemente Machado dos Paços Avopaços - Farmácias e Serviços Farmacêutios Lda Farmácia Faure Rua Sacadura Cabral, 32 3520 - 070 NELAS Silvia Liliana Caçador Sandiães Maria de Fátima da Cunha Pimenta Faure Farmácia Maria Sequeira Quinta dos Reis 8365 - 019 ALCANTARILHA Mariana Lopes Barros Mouro M. Paula & Vasques Lda Farmácia Dr.Henriques Pereira Rua General Alves Pedrosa, 42 5070 - 051 ALIJÓ Carla Cristina Gonçalves de Sousa José Joaquim Rodrigues Farmácia do Amial Rua do Amial, 1227 4200 - 063 PORTO José Maria da Costa Almeida José Maria da Costa Almeida Farmácia Brito Praça da República, 43 a 45 4910 - 453 VILA PRAIA - DE ÂNCORA Durval Arnaldo Pereira de Brito Durval Arnaldo Pereira de Brito, Herdeiros 78 | Farmácia portuguesa

Farmácia Marques Lugar da Igreja 4760 - 485 FRADELOS VNF Agostinha Marques Assunção Farmácia Marques - Agostinha Marques - Unipessoal, Lda Farmácia Nova Avenida do Sabor, 42 5200 - 288 MOGADOURO Ana Paula Branco Silva Ana Paula Branco Silva Unipessoal, Lda Farmácia de Laveiras Rua de Milão - Bairro da Pedreira Italiana, LOJA 3, 2760 - 084 CAXIAS Paula Cristina Garrucho Barreto Farmácia de Laveiras - Sociedade Unipessoal, Lda Farmácia Morgado Lourenço Largo D. Estefânia, 4 1000-126 LISBOA Maria Alexandrina Vaz Garcia Sogemfar - Soc. de Gestão e Marketing Farmacêutico, Lda Farmácia Feliz Rua da República, 7 6290-518 GOUVEIA António Álvaro Feliz dos Santos e Silva Farmácia Feliz & Feliz, Lda Farmácia Higiénica Avenida da República, 23, R/C Esq. 2825-399 COSTA DE CAPARICA Margarida Isabel Dinis de Campos M e C. de Sá Farmácia Francisco Pires de Matos, Unipessoal,Lda.

Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080-044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Maria da Conceição Leal de F. S. Correia de Oliveira Farmácia Higiene Rua José Luciano de Castro, 162 3800-205 AVEIRO Maria do Rosário S. A. C. Marinho Farmácia Higiene de Esgueira, Lda Farmácia da Serra do Pilar Rua 14 de Outubro, 298 4430-047 VILA NOVA DE GAIA Gisela Maria Teixeira de Sá Leite Pharmacos M. Cunha, Lda Farmácia dos Olivais Rua Alves de Gouveia, 19 1800-021 LISBOA Vasco Manuel Biscaia Rei Vasco Biscaia Rei Unipessoal, Lda Farmácia Gomes de Pinho Avenida 25 de Abril, 3 4540-102 AROUCA Maria de Fátima da Silva Pinheiro Geshealth - Consultoria e Gestão, Lda Farmácia Moura Rua do Bonfim, 582-A-B 4300-068 PORTO Margarida Isabel C. Andrade Gomes Farmácia de Sá da Bandeira II, Lda Farmácia Tovar Chaves Rua Dr. António Elvas, 109 2810-169 ALMADA João Maria de Tovar Chaves Ivone Maria Tovar Almeida Salvador Chaves Herdeiros Farmácia Teixeira Lopes Rua de Laborim, 78 4430-128 VILA NOVA DE GAIA Isabel Maria T. L. Brochado Coelho Isabel Mª. T. L. Brochado Coelho, Sociedade Unipessoal, Lda


30

an

19 78 •

Farmácia Bio-Latina Rua D. Sebastião, LT 2050-A 2975-315 QUINTA DO CONDE Claudia Alexandra dos Santos Oliveira Farmácia Bio-latina, Unipessoal, Lda

Farmácia Ouressa Rua Francisco Sa Carneiro, Lt F 15 Lj B 2725-317 MEM MARTINS Katia Alexandra Coelho Martinho CFCO-Companhia Farmacêutica Central de Ouressa, Unip.,Lda

Farmácia Nuno Alvares Rua da Misericórdia, 3400 - 443 NOGUEIRA DO CRAVO OHP Gonçalo Henriques Lopes da Cunha Santa Casa da Misericórdia

Farmácia Sta. Eulália 5030-061 CUMIEIRA Maria Aurélia Catarino de Araújo Farmácia Santa Eulália Soc. Unipessoal, Lda.

Farmácia Azevedo Rua 25 de Abril, 387 4415-079 PEROSINHO Vitor Manuel Pinto de Sousa Lopes Sousa Lopes – Lda

Farmácia Morgado Lourenço Largo D. Estefânia, 4, 1000-126 LISBOA Maria Alexandrina Vaz Garcia Sogemfar - Soc. de Gestão e Marketing Farmacêutico, Lda

Alteração ao Pacto Social Farmácia Vilaça Lda. Rua Ferreira Borges, 134-136 COIMBRA 3000 - 179 COIMBRA Amadeu Manuel Rodrigues Carvalho Vilaça Lda. Farmácia Pinheiro Praça da República, 55, 8100-270 LOULÉ Sílvia Isabel Baptista Cruz Sílvia Cruz, Unipessoal, Lda Farmácia da Penha Estrada da Penha, 52, 8005-135 FARO Susana Maria Tomé Soares de Andrade Sarraguça Farmácia da Penha, Lda. Farmácia Viriato Avenida da Bélgica, 21 3510-159 VISEU Maria Antónia Caessa M. Rodrigues Farmácia Viriato Lda. Farmácia de Celas Urb. Q. Voimaraes, Av. Armando Gonçalves, LOTE 15, R/C 3000-059 COIMBRA Claudia Cristina da Silva Correia Dias Silvestre Farmácia de Celas Lda

Farmácia do Combro Calçada do Combro, 78-80-82 1200 - 115 LISBOA Jorge Manuel Rodrigues de Carvalho A3I - Serviços Integrados de Saúde II, Lda Farmácia Estácio Rossio, N.º 60-63 1100 - 200 LISBOA Soraia Emerciana Pereira e Costa A3I - Serviços Integrados de Saúde Lda Farmácia de Birre Rua de Birre, 503-A 2750 - 218 CASCAIS Nadine Franco de Lemos Farmácia Birre, SA Farmácia Ferreira Souto Estrada do Cerrado, LT1R/C 3090 - 653 FIGUEIRA DA FOZ Carmen Nogueira Souto / Maria Antónia Ferreira Ferreira & Souto Lda. Farmácia Oliveira Rua do Comércio 72 2100 - 330 COUÇO Maria Isabel Figueira da Silva Maria Isabel Figueira da Silva, S.A. Farmácia Gastão Fonseca Avenida Bombeiros Voluntários, 114 3600 - 140 CASTRO DAIRE Maria João Henriques do Vale e Silva Maria Adelaide Silva Lda

Farmácia Pinheiro Praça da República, 55 8100-270 LOULÉ Sílvia Isabel Baptista Cruz Sílvia Cruz, Unipessoal, Lda Farmácia Higiénica Avenida da República, 23, R/C Esq. 2825-399 COSTA DE CAPARICA Margarida Isabel Dinis de Campos M. e C. de Sá Farmácia Francisco Pires de Matos, Unipessoal,Lda. Farmácia Ferreira Pilar Avenida Miguel Bombarda, 54 2830-355 BARREIRO José Maria Godinho da Silveira José Silveira Saúde, Unipessoal Lda Farmácia Tavares Rua Dr. Mendes Correia (Pai), 3840-443 VAGOS Luísa Margarida Gonçalves Aguiar Farmácia Tavares Unipessoal, Lda. Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080-044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Maria da Conceição Leal de F. S. Correia de Oliveira

Alteração de Direcção Técnica

Farmácia da Penha Estrada da Penha, 52 8005-135 FARO Susana Maria Tomé Soares de Andrade Sarraguça Farmácia da Penha, Lda.

Farmácia Central Avenida Cardoso Lopes, 25 2700-160 AMADORA Margarida Maria dos Santos Pinto Capicêutica - Com. de Med. e Produtos Farmacêuticos, S.A.

Farmácia Vilaça Lda. Rua Ferreira Borges, 134-136 COIMBRA 3000 - 179 COIMBRA Amadeu Manuel Rodrigues Carvalho Vilaça Lda.

Farmácia dos Olivais Rua Alves de Gouveia, 19 1800-021 LISBOA Vasco Manuel Biscaia Rei Vasco Biscaia Rei Unipessoal, Lda

Farmácia Rosa e Viegas Rua Mario Sampaio Ribeiro, Nº 7 2855-598 CORROIOS Crudélia Maria Santos Belo Alves Cruz Rosa, S.A.

Farmácia Santos Leite Lugar de São Gonçalo 3870 - 195 MURTOSA Ana Filipa Leite Duarte Ana Filipa Leite Duarte

Farmácia Chinde Rua Agostinho Lourenço, 6-B 1000-011 LISBOA Silvia Andreia Barreiros Neves Correia Barata Lda

Farmácia Modelar Lg. Dr. António Sousa Macedo, 7 A 1200-153 LISBOA Pedro Galvão Vasques A Correia Martins, Lda.

os

20 08

Farmácia Portuguesa | 79


ficheiro mestre Farmácia Modelar Lg. Dr. António Sousa Macedo, 7 A 1200-153 LISBOA Pedro Galvão Vasques A Correia Martins, Lda.

Farmácia Gastão Fonseca Avenida Bombeiros Voluntários, 114 3600 - 140 CASTRO DAIRE Maria João Henriques do Vale e Silva Maria Adelaide Silva Lda

Farmácia Gomes de Pinho Avenida 25 de Abril, 3 4540-102 AROUCA Maria de Fátima da Silva Pinheiro Geshealth - Consultoria e Gestão, Lda

Farmácia de Birre Rua de Birre, 503-A 2750 - 218 CASCAIS Nadine Franco de Lemos Farmácia Birre, SA

Farmácia Ouressa Rua Francisco Sa Carneiro, Lt F 15 Lj B 2725-317 MEM MARTINS Katia Alexandra Coelho Martinho CFCO-Companhia Farmacêutica Central de Ouressa, Unip.,Lda

Farmácia Freitas Rua da Prensa 4-B, 6060 - 551 ZEBREIRA José Silvestre Ribeiro Pereira de Freitas Farmácia Freitas Lda.

Farmácia Tovar Chaves Rua Dr. António Elvas, 109 2810-169 ALMADA João Maria de Tovar Chaves Ivone Maria Tovar Almeida Salvador Chaves – Herdeiros Farmácia da Misericórdia e Hospital Rua Espirito Santo, 30 7220 - 405 PORTEL Alexandra Augusta Direitinho Vidinha Misericórdia e Hospital Farmácia Maria Sequeira Quinta dos Reis 8365 - 019 ALCANTARILHA Mariana Lopes Barros Mouro M. Paula & Vasques Lda Farmácia do Amial Rua do Amial, 1227 4200 - 063 PORTO José Maria da Costa Almeida José Maria da Costa Ameida

Alteração de Morada

Alteração à Denominação Farmácia Mundial Largo D. Estefânia, 10 1000-126 LISBOA Manuel Ferreira Figueiredo Farmácia Mundial Laboratórios Abc -Sociedade Unipessoal Lda.

Transferência de Local Farmácia Falcão Rua de Eduardo Silva Bastos, 6 3750-805 VALONGO DO VOUGA Ester Maria Rodrigues Falcão José Lopes Falcão Transferência provisória de Local

Farmácia Central Rua Ernesto Brito, 46 4585 - 681 SOBREIRA Dulce Maria Ribeiro S. M. Torres Dulce Maria Ribeiro S. M. Torres Farmácia do Prior Velho Praça Gil Vicente, 2 - B 2685 - 404 PRIOR VELHO Helena Maria Nunes Leal Gonçalves Lages Helena Lages, Unipessoal Lda. Farmácia Nobreza Rua Frederico A. Nobreza, 3 3080 - 546 FIGUEIRA DA FOZ Dulce Ema Pereira Rodrigues Dulce Ema Pereira Rodrigues

Farmácia Cruz de Malta Lda. Rua Jadim do Tabaco, 130-132 1100-139 LISBOA Darida da Conceição Alves Gonçalves Dárida Gonçalves - Comércio de Med, Cosm. e Perf. Unip, Lda. Farmácia Nery Bairro do Vale, lt 8, frac. A R/C 3510-203 ABRAVEZES Madalena de Castro Nery Nery e Castro Lda.

produtos Serum7 contra o envelhecimento Serum7 – com a garantia de qualidade

com resultados em apenas quatro sema-

Boots - é uma gama de cuidados anti-enve-

nas. A ele juntam-se os cremes hidratantes,

lhecimento com provas dadas na regenera-

nas versões para pele seca e pele normal: o

ção da pele prematuramente envelhecida.

de dia hidrata a pele de uma forma suave,

São seis produtos, todos hipoalergénicos,

enquanto o de noite é mais nutritivo.

cujos princípios activos combatem a perda

Finalmente, o creme contorno de olhos

de firmeza da pele e travam o aparecimen-

hidrata em profundidade uma zona

to precoce de rugas.

que é muito vulnerável à perda de elas-

O principal produto da linha é o Sérum de Beleza – 30 ml

ticidade, prevenindo o aparecimento de pequenas ru-

ultraconcentrados que aumentam os níveis de colagénio,

gas, papos e olheiras.

80 | Farmácia portuguesa


cartoon

30

an

19 78 โ ข

os

20 08

Farmรกcia Portuguesa | 81


desta varanda

Cortina de fumo As comparticipações do Estado no

O Estado gastou onde devia poupar

preço dos medicamentos global-

e poupou onde devia gastar.

mente diminuíram. Os doentes pas-

Os beneficiários desta política de

saram a pagar mais.

saúde não foram, obviamente, os

Foi eliminada a majoração na comparti-

cidadãos. Para estes ficaram reserva-

cipação nos medicamentos genéricos.

dos os sacrifícios, com maior despesa

Os doentes passaram a pagar mais.

na aquisição de medicamentos, mais

Os preços dos medicamentos foram

taxas moderadoras e menor acessi-

alvo de uma política de faz de con-

bilidade aos cuidados de saúde.

ta e continuaram a subir, servindo

O encerramento de serviços de saúde

objectivamente os interesses da

pelo País foi apenas a gota de água.

indústria farmacêutica. Os doentes

A sua demissão do Governo pronun-

passaram a pagar mais.

ciou-o como o culpado da política

Em vez do preço mínimo de Espanha,

de saúde. O livro agora publicado é

O livro recentemente publicado

França e Itália, o comparador inter-

a defesa do arguido.

pelo anterior Ministro da Saúde

nacional para fixação dos preços em

Uma defesa preocupada em respon-

merece reflexão.

Portugal passou a ser o preço médio

sabilizar os lóbis pela sua demissão,

Recordamos que o Ministro foi de-

de Espanha, França, Itália e Grécia! Os

tal como já procurava responsabilizar

mitido em virtude da contestação

doentes passaram a pagar mais.

alguns deles pelo insucesso da sua

generalizada das populações à sua

Os medicamentos genéricos enfren-

política, enquanto Ministro. Esta de-

política de saúde.

taram grandes dificuldades, ao nível

fesa está condenada ao insucesso.

De norte a sul do País o povo saiu à

da atribuição de preços e comparti-

Não é fácil contrariar a verdade dos

rua exigindo a sua demissão, fazendo

cipações, para entrarem no mercado.

factos, particularmente quando são

lembrar os tempos idos de 1975.

Os doentes foram prejudicados.

recentes. O Ministro foi corrido do

Não foram os lóbis que demitiram o

Não

Ministro. Foi a sua política.

didas previstas no programa do

O seu livro é uma tentativa de bran-

Os lóbis é que o sustentaram no car-

Governo, tais como a prescrição por

quear a história e uma cortina de

go durante tanto tempo.

Denominação Comum Internacional,

fumo sobre a política de saúde dos

Uns, porque lhes agradava a sua política.

a receita electrónica e a melhoria da

anos de 2005 a 2007.

Outros, porque demiti-lo seria entendi-

qualidade da prescrição médica. Os

do como uma fragilidade do poder e

doentes foram prejudicados.

uma cedência aos seus interesses.

A concorrência no domínio dos me-

Quem demitiu o Ministro foram as

dicamentos não abrangeu a indústria

populações,

farmacêutica. Os doentes foram pre-

atingidas

pela sua política. 82 | Farmácia portuguesa

duramente

foram

judicados.

implementadas

me-

cargo pelas populações.

João Cordeiro


Farmรกcia Portuguesa | 83


84 | Farmรกcia portuguesa


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