Farmácia
Portuguesa BiMESTRAL • N°177 • Setembro/outubro ‘08
Os últimos 30 anos na evolução da Farmácia em Portugal Medicamentos Genéricos
Descida de preço é erro político
30
an
19 78 •
os
20 08
Farmácia Portuguesa |
| Farmรกcia portuguesa
Farmácia
Portuguesa Setembro/Outubro de 2008 • Ano XXX • Nº 177 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
Editorial Editorial 5 30º aniversário da Farmácia Portuguesa 30th anniversary of Farmácia Portuguesa
sumário
30
an
19 78 •
os
20 08
6
Medicamentos Genéricos Generic medicines
10
Vinculação a Patentes viola Directiva Entailing to patents infringes Directive
12
Unidades de Saúde Familiar Family Health Unities 14 68º Congresso da FIP em Basileia 68th FIP Congress in Basel
22
Flashes Flashes 26 2.ª Publicação Farmácias Portuguesas Farmácias Portuguesas 2nd Edition 28 III Congresso da Plataforma Saúde em Diálogo 3rd Plataforma Saúde em Diálogo Congress 30
6
Informação Terapêutica – Sexualidade e Adolescência Therapeutical Information – Sexuality and Adolescence
FARMÁCIA PORTUGUESA
36
Informação Terapêutica - Osteoporose Therapeutical Information – Osteoporosis 42
30.º aniversário Entre os anos 2000 e 2005 – o intervalo de tempo pelo qual prossegue esta retrospectiva
Informação Veterinária Veterinary Information 48
– a Farmácia Portuguesa deu
Construir o futuro com Sifarma 2000 Building the future with Sifarma 2000 50
da Saúde e da consequente
Museu da Farmácia Pharmacy Museum 54
conta da sucessão de ministros sucessão de reformas prometidas e adiadas, das tentadas mas inacabadas.
Laboratório RH HR Lab 56 Educação para a Cultura na Farmácia Açoreana Education for Culture at Açoreana Pharmacy 62 Consultoria Jurídica Law advice 64 Consultoria fiscal Tax advice 68 Noticiário News 70
10
Genéricos Descida do preço é erro político “Um erro político”– é assim que a ANF classifica a redução de 30 por cento no preço
Cursos de Formação Training 76
dos genéricos: uma redução
Cartoon Cartoon 81
que prejudicam as empresas
Desta varanda Fom this balcony 82
drástica e com prazos irrealistas do sector, em particular as farmácias.
Farmácia Portuguesa |
Farmácia
Portuguesa
última hora
Propriedade
9.º Congresso Nacional das Farmácias
Uma nova era
Director DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES Sub-Directores DR. LUIS MATIAS Dr. Nuno Vasco Lopes Coordenadora do Projecto DRª MARIA JOÃO TOSCANO
De dois em dois anos, as farmácias por-
ções. O que se pretende é reflectir sobre
tuguesas reúnem-se em congresso para
o novo modelo de farmácia que, por
debater os assuntos mais prementes que
um lado, assegure a sua viabilidade en-
determinam a evolução do sector. O pró-
quanto empresa num contexto concor-
ximo – o nono na história da ANF - será
rencial e, por outro, garanta a qualidade
Coordenadora Redactorial adjunta DRª ana patricia rodrigues Email: ana.rodrigues@anf.pt
já de 20 a 23 de Novembro, subordinado
dos serviços e a satisfação dos utentes.
Telef. 21 340 06 50
ao tema “Farmácias Portuguesas - Uma
Ainda no dia 21 falar-se-á dos desafios
Produção
nova era para a saúde em Portugal”.
que se colocam à informação em saúde:
Como se depreende da escolha do tema,
“Que futuro?” é a questão para a qual
a mudança a que o sector tem vindo a
diversos agentes da comunicação – en-
ser sujeito será o denominador dos tra-
tre produtores e consumidores de infor-
balhos, agendados para o Centro de
mação - procurarão dar resposta numa
Congressos de Lisboa. Os desafios têm-
conferência que assinalará os 30 anos
se sucedido, por via da decisão política
da Revista Farmácia Portuguesa.
e das alterações legislativas que lhe dão
Porque o sector tem sido visado por su-
corpo. Mas esses desafios não consti-
cessivas ofensivas político-legislativas,
tuem adversidades, antes uma oportuni-
o terceiro dia permitirá ficar a conhe-
dade de crescimento e desenvolvimento
cer a visão dos partidos políticos com
para as farmácias de oficina.
assento parlamentar e dos doentes, re-
Ao longo de dois painéis desenrolar-se-
presentados pela Plataforma Saúde em
á a abordagem destas duas perspecti-
Diálogo: a oportunidade será o debate
vas – a mudança e a resposta à mudan-
em torno do estudo da Universidade
ça. O primeiro intitula-se precisamente
Católica sobre a “Valorização Económica
“Conquistar a mudança”: será um es-
da Intervenção Farmacêutica”.
paço de partilha de conhecimentos e
O congresso encerra formalmente no
Impressão e acabamento RPO - Produção Gráfica, Lda.
experiências, em que terão a palavra
sábado, 22, com uma sessão solene
Depósito Legal nº 3278/83
os parceiros que, tal como as farmácias,
presidida pela ministra da Saúde, Ana
enfrentam desafios. O objectivo é que
Jorge. Com a leitura das conclusões a
Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares
estas diferentes visões – em que pontu-
cargo da vice-presidente da ANF Maria
ará naturalmente a da ANF – sirvam de
da Luz Sequeira, competirá ao presiden-
rampa de lançamento para equacionar
te da direcção, João Cordeiro, proferir o
novos horizontes para o sector.
discurso de encerramento.
O segundo dia será consagrado à
Este é um congresso virado para o fu-
“Organização da farmácia num ambien-
turo, mais uma oportunidade de o sec-
te de mudança”: o Programa Farmácias
tor demonstrar a sua vitalidade e a sua
Portuguesas será o eixo a partir de onde
união. O que acontecerá, certamente,
se desenvolverão as diferentes interven-
com a participação activa de todos.
| Farmácia portuguesa
Coordenadora Redactorial DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt
Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt Director de publicidade Nuno Miguel Duarte nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 Consultora Comercial Sónia coutinho soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 Assinaturas 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74 Email: margarida.lopes@anf.pt Powered by Boston Media
Distribuição
FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
editorial
30
an
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20 08
Parabéns a todos A Revista completa 30 anos nas mãos
os olhos. A renovação periódica das
No interior encontram também am-
dos sócios da Associação. Falando
equipas, incluindo a direcção da revis-
plo espaço dedicado à indispensável
eu agora desta plataforma que é o
ta, decorre do respeito que nos mere-
formação individual na vertente pro-
editorial, cabe-me referir o prazer de,
cem os proprietários das farmácias.
fissional (as informações terapêuticas
com a regularidade de dois meses,
Permitam-me que vos lembre os
e veterinárias) e na vertente da ges-
pôr no exterior as mensagens que a
meus antecessores João Cordeiro,
tão (consultoria jurídica e fiscal).
Direcção se responsabiliza por trans-
João Silveira e Luís Ferrão Teodoro,
Ao
mitir e que espera (esperamos) coin-
obrigatoriamente associados a este
ro despertar a Vossa atenção para
cidam com os desejos e necessidades
aniversário e a estes Parabéns.
o 9.º Congresso da ANF, que irá decor-
dos seus representados.
Um esforço exigimos a nós próprios
rer de 20 a 23 de Novembro no Centro
Um corpo redactorial necessariamen-
número a número.
de Congressos de Lisboa, onde se rea-
te experiente não pode deixar-se
Renovação da equipa, renovação dos
lizará uma conferência comentada,
adormecer abdicando da imaginação
conteúdos.
organizada por nós, sobre o Futuro da
e tornando estas páginas maçadoras
Neste 177.º exemplar temos um guião
Informação, com a qual prolongamos
de ler. Talvez assim seja mais fácil de
que abarca as mais recentes novida-
este aniversário. O tema escolhido é o
compreender por que, na fase que
des com que a Farmácia se depara
Futuro e não um tema histórico, como
atravessamos, optámos por imagens
hoje – a Plataforma das Associações de
estes 30 anos poderiam sugerir.
de maiores dimensões, por que in-
Doentes e o seu Congresso, o Programa
cluímos sempre um cartoon que nos
Farmácias Portuguesas lançado para
traz uma visão humorística do sector,
articular a imagem e o funcionamento
ou por que na paginação existem es-
dos sócios da ANF quando as leis ten-
paços em branco distribuídos de for-
tam o contrário, cavando à sua volta o
ma a que a leitura não sobrecarregue
fosso da concorrência.
terminar
estas
palavras
que-
Francisco Guerreiro Gomes Farmácia Portuguesa |
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30. aniversário da Farmácia Portuguesa o
É o reflexo da alternância governati-
ao sector da farmácia e que deixam
va entre sociais-democratas e socia-
as coisas piores do que estavam”.
listas, com a intenção de reforma da
João Cordeiro questiona “esta ten-
política de saúde a ser (porventura
dência para eleger as farmácias
o único) denominador comum. E,
como alvo prioritário das reformas
Entre os anos 2000 e 2005
nessa intenção comum, o sector do
da saúde”, rejeitando que o sector
medicamento e, particularmente, o
seja “o bode expiatório permanen-
– o intervalo de tempo
das farmácias de oficina é um alvo
te que tranquiliza consciências, faz
partilhado. Disso mesmo dão conta
esquecer os verdadeiros problemas
os artigos assinados na revista pelo
e dá cobertura aos interesses ilegíti-
retrospectiva – a Farmácia
presidente da ANF, João Cordeiro.
mos que impedem de facto a refor-
Portuguesa deu conta da
A reforma da saúde – pode ler-se no
ma da saúde em Portugal”.
editorial de Maio/Junho de 2000 in-
É uma “política de faz de conta”,
sucessão de ministros da
titulado “Cortina de fumo” – é uma
como denuncia na edição seguinte,
velha questão que todos os partidos
a propósito da lei para racionaliza-
Saúde e da consequente
elegem há vários anos como priori-
ção da política do medicamento que
tária: “Os programas eleitorais têm
contempla a prescrição por DCI, pre-
definido, aliás, com razoável clareza
vendo três anos para estar em plena
prometidas e adiadas, das
e até com grande coincidência as
aplicação. Estava-se em 2000 e em
tentadas mas inacabadas.
suas causas e os seus objectivos”,
2008 ainda não é uma realidade.
mas, “durante as legislaturas, as
No número de Setembro/Outubro
grandes reformas têm sido silencia-
do mesmo ano, outro exemplo gri-
das e substituídas por medidas avul-
tante suscita reflexão em editorial: a
sas, desinseridas de qualquer plano
legislação sobre prescrição e dispen-
de reforma, restritas normalmente
sa de genéricos, apresentada como
pelo qual prossegue esta
sucessão de reformas
| Farmácia portuguesa
fomentadora do mercado, mas que,
Cordeiro, no editorial de Julho/
apelativa, eleitoralmente acertada. O
na realidade, continha em si mes-
Agosto de 2001, defendendo ser ne-
que se viu – denuncia o editorial de
ma o princípio do fim desse mesmo
cessário agir “independentemente
Janeiro/Fevereiro de 2002 – foram
mercado. Assim era ao determinar
dos ciclos políticos e das agendas
“políticos incapazes de explicarem
que, perante a prescrição de medi-
eleitorais” e oferecendo a solidarie-
a sua própria iniciativa, refugiando-
camentos genéricos, o farmacêutico
dade e colaboração da associação.
se na demagogia para defender o
era sempre obrigado a dispensar e o
A dívida às farmácias continuou a
indefensável”. Mais uma tentativa
doente sempre obrigado a adquirir
crescer no entretanto, “apesar dos
frustrada para minar a imagem das
o genérico de menor preço. Uma
esforços financeiros que, suposta-
farmácias junto da opinião pública.
solução “absurda”, inexistente em
mente, lhe deveriam fazer face”.
As eleições confirmaram a alternân-
qualquer outro país.
Perante isto, o presidente da ANF
cia partidária e a tutela da Saúde
Recorrente é a decisão política de
fala, na edição seguinte, de “pequena
mudou de mãos: no governo social-
descomparticipar. Mas fazê-lo com o
política” e denuncia o crescimento
democrata Luís Filipe Pereira foi o
argumento de falta de eficácia tera-
“brutal” da dívida às farmácias como
ministro, autor de nova reforma da
pêutica dos medicamentos mereceu
tendo “a natureza de um verdadeiro
política do medicamento em que
a crítica da ANF, no editorial com
acto de agressão, que visa estrangu-
voltou a pontuar a prescrição por
que a Farmácia Portuguesa iniciou
lar financeiramente o sector e, por
DCI, ao lado do direito de substi-
o ano de 2001. Nele João Cordeiro
essa via, dominá-lo”. Congratula-se,
tuição e dos preços de referência.
desmonta aquele argumento, la-
todavia, com a reacção do sector:
Uma reforma no caminho certo,
mentando que o governo não tenha
“Os autores da ideia enganaram-se,
mas “aquém das expectativas”, em
tido a frontalidade de admitir que
mais uma vez, sobre as farmácias e
busca de “consensos impossíveis,
a medida se inscrevia na absoluta
os farmacêuticos. Negligenciaram a
que a tornam pouco linear e de al-
necessidade de reduzir a despesa
sua capacidade de organização co-
cance prático duvidoso” (Farmácia
com medicamentos. O resultado
lectiva e a sua credibilidade junto da
Portuguesa de Setembro/Outubro
foi penalizador para os doentes. E
banca comercial, que permitiu supe-
de 2002). Ainda assim, as farmácias
penalizadas continuaram a ser as
rar a crise financeira”.
deram o seu apoio prático, acreditan-
farmácias, com a dívida do Estado a
E ensaiaram novas ofensivas. É nesta
do na vontade política reformadora.
acumular-se.
perspectiva que pode ser entendida
O novo ministro herdou do anteces-
A luz ao fundo do túnel pareceu sur-
a promessa eleitoral de criar cem
sor a denúncia, “inesperada e sem
gir com o orçamento rectificativo, na
farmácias sociais, feita pelo PS. Uma
qualquer proposta de revisão”, do
altura em que um novo ministro as-
medida de “conteúdo indefinido e
acordo com a ANF. As farmácias rea-
sumia a pasta – Correia de Campos.
alcance prático desconhecido”, mas
giram e cederam à associação os seus
“Nova esperança”, escreveu João
que funcionou como uma proposta
créditos ao SNS, protagonizando um Farmácia Portuguesa |
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acontecimento único na história do
com uma rede pública de farmácias,
de Novembro/Dezembro e do nú-
associativismo patronal português.
“desnecessária,
mero seguinte.
Responderam colectivamente aos
que degradaria de imediato a qua-
Em Março/Abril de 2005, João
que pretendiam ver o sector dividi-
lidade do abastecimento e a breve
Cordeiro retoma a ideia de que “des-
do. E o acordo foi revisto com suces-
prazo destruiria um dos poucos sec-
truir é fácil” a propósito da presença
so, conforme dá conta o editorial de
tores de saúde que funciona bem e
regular das farmácias na agenda po-
Março/Abril de 2003. Quando voltou
a baixo custo”.
lítica e mediática como “um sector
ao ministério, Correia de Campos
É também o caso da venda de medi-
a abater, arcaico, avesso à mudança
insistiu na denúncia: conseguiu-o,
camentos noutros espaços que não as
e protegido por uma legislação ul-
mas não logrou quebrar a união das
farmácias. Em Maio/Junho de 2004, o
trapassada”. Acusações sem funda-
farmácias.
presidente da ANF reage à surpreen-
mento na realidade, o que conduz a
Da leitura dos artigos assinados por
dente posição pública da classe mé-
outra conclusão: é que “o poder po-
João Cordeiro depreende-se como,
dica, através de dirigentes regionais,
lítico lida mal com parceiros sociais
à semelhança da denúncia do acor-
“defendendo a venda de medicamen-
fortes e organizados, sente-se inse-
do, outras decisões legislativas mais
tos em hipermercados com mais en-
guro e ameaçado por eles, quando
recentes vinham já a ser tentadas.
tusiasmo do que os próprios comer-
são mais capazes e, por isso mesmo,
É o caso da abertura de farmácias
ciantes”. Esta incursão dos médicos
mais exigentes”.
de venda ao público nos hospitais,
no terreno dos interesses comerciais
O ano de 2005 marcou uma nova
proposta no parlamento não pelo
levou João Cordeiro a interrogar-se
ofensiva política contra o sector.
partido que as haveria de consagrar,
sobre as verdadeiras motivações, com
A ela responde João Cordeiro, em
o PS, mas pelo PCP e pelo Bloco de
uma conclusão apenas: tratou-se de
editorial de final de ano, com uma
Esquerda. Em editorial de Março/
“uma cena de vingança e ciúme” por
mensagem de confiança no futuro:
Abril de 2000, João Cordeiro ex-
a associação apoiar soluções legais
“De consciência tranquila, disponi-
põe as razões que tornavam aque-
– como a prescrição por DCI – a que
bilizando aos portugueses serviços
la medida “absurda, inexequível
os médicos se opõem.
farmacêuticos de qualidade e ao
e completamente insensata”. Sob
A reviravolta política de 2004, com
mais baixo custo em toda a União
o título “Destruir é fácil”, defende
a saída do primeiro-ministro para a
Europeia, unidos e determinados
que não faz sentido responder aos
presidência da Comissão Europeia,
na defesa de interesses legítimos, os
problemas da acessibilidade ao me-
suscitou uma reflexão sobre a crise
farmacêuticos de oficina têm boas
dicamento e da prescrição médica
de liderança do país, nos editoriais
razões para confiar no futuro”.
| Farmácia portuguesa
contraproducente,
Farmรกcia Portuguesa |
politica de saúde Medicamentos genéricos
Descida do preço é erro político “Um erro político”– é assim que a ANF classifica a redução de 30 por cento no preço dos genéricos: uma redução drástica e com prazos irrealistas que prejudicam as empresas do sector, em particular as farmácias.
Os novos preços dos medicamen-
administrativas de preços e um novo
com o facto de, segundo as contas
tos genéricos estão em vigor desde
modelo de formação de preços – se
governamentais, o crescimento da
1 de Outubro, ao abrigo da portaria
revelaram insuficientes quanto aos
despesa com medicamentos em am-
n.º 1016-A/2008, de 8 de Setembro.
genéricos. Argumenta, a propósito,
bulatório ter atingido, no primeiro
Sofreram uma baixa drástica de 30
que Portugal pratica preços mais ele-
semestre do ano, os 4,2 por cento,
por cento, com excepção dos inferiores
vados do que em países de referência
ultrapassando o limite previsto no
a cinco euros. Uma medida que a ANF
como a Espanha e a França e que vi-
Orçamento de Estado.
contesta desde o primeiro anúncio,
gora no país “uma situação única na
A todos estes argumentos respondeu a
não encontrando sustentação nos fun-
Europa”, traduzida numa quota de
direcção da ANF, no parecer que enviou
damentos invocados pelo governo.
mercado em valor “claramente su-
sobre o tema e em carta enviada ao se-
Justificando esta decisão, o governo
perior” à quota em volume. Inverter
cretário de Estado da Saúde, Francisco
argumenta que as medidas adopta-
esta situação – lê-se no preâmbulo
Ramos, logo após a publicação da
das para equilibrar a despesa pública
do diploma – é “uma prioridade”.
portaria conjunta dos Ministérios da
com medicamentos – duas reduções
Esta intervenção é ainda justificada
Economia e da Inovação e da Saúde.
10 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
Entre a demagogia e a contradição
genéricos em Portugal é superior ao
a ANF reclama o cumprimento do
praticado em Espanha e França. É a
Compromisso com a Saúde no que
lei que permite essa discrepância: afi-
respeita à prescrição por DCI. Esta
A associação faz notar, desde logo,
nal, qualquer medicamento de mar-
medida continua por aplicar, tal como
que os problemas de fundo quanto
ca pode ter actualmente em Portugal
outras “que o governo se comprome-
ao regime de preços dos medicamen-
um preço superior ao praticado
teu a implementar e que poderiam
tos continuam por resolver. E, debru-
em Espanha, França, Itália e Grécia.
compensar, ainda que parcialmente, a
çando-se em concreto sobre esta
Bastando que não seja superior ao
degradação da economia do sector”.
descida, defende que não há razões
preço médio praticado nestes quatro
É que o sector continua a ser pena-
que justifiquem uma medida selecti-
países. Ora, os genéricos são, no nosso
lizado e a portaria agora publicada
va de redução de preços circunscrita
país, 35 por cento mais baratos do que
é disso exemplo. Além da redução
aos medicamentos genéricos.
os medicamentos de marca, pelo que
drástica de 30 por cento, a ANF con-
Situando-se num dos argumentos
não faz sentido invocar outros merca-
testa o valor de cinco euros como
do governo, combate-o, sustentando
dos para legitimar esta medida.
limite abaixo do qual não há mexida
que a despesa com medicamentos no
Entende ainda a associação que, se o
no preço. E contesta os prazos fixa-
ambulatório está controlada e dentro
objectivo é controlar a despesa, esta
dos para escoamento dos stocks das
dos limites do Orçamento de Estado.
decisão entra em contradição com
farmácias: a partir de 24 de Setembro
Ao invés, é a nível hospitalar, “gerido
o aumento extraordinário do preço
as farmácias deixaram de poder rece-
pelo próprio Ministério da Saúde”,
dos medicamentos de marca apro-
ber medicamentos genéricos a pre-
que o problema se coloca, dado que
vado no primeiro semestre do ano
ços antigos, sendo que os novos valo-
o crescimento dos preços é, aí, na or-
e que beneficia, em cerca de 50 por
res entraram em vigor a 1 de Outubro.
dem dos 15 por cento ao ano.
cento, uma única empresa farmacêu-
Ao sector foi, assim, dada uma semana
Acresce que os genéricos constituem
tica: “Nenhuma razão de protecção
para se adaptar à nova situação, o que
um factor de contenção da despesa
da saúde pública ou de acessibilida-
“é completamente irrealista e revela
com medicamentos e não de cres-
de aos medicamentos justificava esse
grande insensibilidade do governo aos
cimento. É essa, aliás, a sua filosofia,
aumento, uma vez que há alternativas
problemas de eficiência, produtividade
pelo que “a decisão política” de redu-
terapêuticas com preços mais baixos”.
e custos das empresas”.
zir os preços em 30 por cento “é injusta e discriminatória”, pois penaliza os medicamentos que menos contribuem para a despesa. O mercado,
Sector mais penalizado
os
20 08
Esta é mais uma medida a juntar às que, nos últimos três anos, têm sido sucessivamente tomadas pelo governo com “consequências muito nega-
ainda incipiente no nosso país, terá
Controlar a despesa será possível se,
tivas” para a economia da farmácia.
agora mais dificuldade em desen-
em vez de reduzir o preço dos gené-
É, acima de tudo, “um erro político
volver-se. Na exposição ao secretário
ricos, o governo deixar de proteger a
que se vai pagar caro”. Assim o diz,
de Estado da Saúde, o presidente
prescrição pela marca comercial: essa
claramente, o presidente da direc-
da ANF, João Cordeiro, rebate como
protecção restringe a concorrência
ção, João Cordeiro, ao secretário de
“demagógico” outro dos argumen-
e aumenta a despesa, em prejuízo
Estado da Saúde, Francisco Ramos,
tos invocados – o de que o preço dos
do Estado e dos doentes, pelo que
que assina a portaria. Farmácia Portuguesa | 11
politica de saúde Comissão Europeia avisa Estado português e indústria
Vários laboratórios produtores de medicamentos originais intentaram processos judiciais nos tribunais portugueses visando a anulação dos processos técnicos e administrativos conducentes à concessão de autorização de intro-
Vinculação a patentes viola Directiva
dução no mercado (AIM) de genéricos. Os processos – a correr junto do Infarmed, a autoridade nacional do medicamento tutelada pelo Ministério da Saúde, e da DirecçãoGeral das Actividades Económicas (DGAE), tutelada pelo Ministério da Economia e Inovação – visam, além da concessão de AIM, a definição do preço e do estatuto de comparticipação dos respectivos medicamentos. Ora, os titulares da AIM original contestam estes procedimentos argumentando que violam patentes ainda em vigor. E com o objectivo de os anular recorreram aos tribunais, avançando, na maioria dos casos, com a solicitação de providências cautelares com efeitos suspensivos. Estas acções configuram aquilo que é designado como vinculação a patentes (patent linkage, na terminologia internacional). Esta é, no entanto, uma prática que viola a legislação comunitária e isso mesmo fez saber a Comissão Europeia, através da Direcção-Geral da Empresa e Indústria, ao governo português e à associação da indústria farmacêutica (Apifarma). O que está em causa é a Directiva 2001/83/CE: o artigo 8.º estabelece os requisitos gerais que devem ser cumpridos pelo candidato à concessão de AIM num país da União Europeia, sendo previstas, no artigo 10.º, algumas excepções a este re-
A Comissão Europeia já advertiu o Estado português e a indústria farmacêutica de que os processos de vinculação a patentes, instaurados juntos dos tribunais com vista a suspender a comercialização de medicamentos genéricos, são ilegais, na medida em que violam uma directiva comunitária. 12 | Farmácia portuguesa
gime, caso a candidatura diga respeito a um medicamento genérico. Em nenhum ponto é considerado o estado da patente do medicamento original ou de referência como condição para a avaliação ou validação da candidatura. Daqui decorre que os pedidos de AIM submetidos ao Infarmed – e que são visados nas acções judiciais – são legítimos e legais. Como, aliás, o próprio estatuto do medicamento (decreto-lei nº 176/2006) prevê, ao determinar que o processo técnico administrativo subsequente ao pedido de comercialização de um medicamento pode desenrolar-se ainda antes de a patente expirar. A mesma legislação comunitária estabelece – no seu artigo 126º – que uma autorização de comercialização de um medicamento só pode ser recusada, suspensa ou
Patent Linkage 30 Protecção da Patente
AIM Preço Comparticipação, Substituição de Genéricos
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19 78 •
1. Sem Patent linkage
os
20 08
Livre Concorrência com Medicamentos Genéricos Quando a Patente Expira: Lançamento de Medicamentos Genéricos
2. Com Patent linkage Protecção da Patente
Quando a Patente Expira: Inexistência de Lançamento de Medicamentos Genéricos
ATRASO: Monopólio
AIM
Livre Concorrência com Medicamentos Genéricos
Preço Comparticipação, Substituição de Genéricos
Lançamento Atrasado
Tabela 1: Processo de Patent Linkage em Portugal revogada pelas razões contempla-
dos tribunais nacionais (que, neste
zapina, quetiapina e valsartan. Tendo
das naquela Directiva, não sendo da
caso, ainda não se pronunciaram).
como ponto de partida as vendas (do
competência dos Estados membros. O que significa que a validade da patente do medicamento original não pode ser invocada como argumento para
respectivo medicamento de marca)
Utentes e Estado prejudicados
suspender ou revogar uma autorização
entre Setembro de 2007 e Março de 2008, e os respectivos custos (no regime geral), o estudo projectou quanto pagariam e poupariam Estado e
de comercialização de um genérico.
A vinculação a patentes está a con-
utentes se existissem genéricos.
Paralelamente aos processos judiciais,
dicionar a entrada de genéricos no
Assim, naquele período, a despesa do
os detentores de AIM estão a intervir
mercado português. Prejudicando o
Estado orçou em mais de 21 milhões
directamente junto da DGAE com vis-
Estado, que assumiu como prioridade
de euros, enquanto a dos utentes ul-
ta à suspensão dos procedimentos de
na Saúde a contenção das despesas
trapassou os 53,8 milhões. Se houves-
fixação de preço para os genéricos em
com medicamentos e que, ao abrigo
se genéricos, e considerando que se-
causa. Uma intervenção que tem sido
dessa prioridade, acabou de reduzir
riam vendidos ao preço de referência,
bem sucedida, com aquele organismo
em 30 por cento o preço da maioria
aquelas sete substâncias equivaleriam
do Ministério da Economia a decidir-
dos genéricos (portaria nº 1016-
a uma despesa de 16,3 milhões para o
se pela não emissão de preços.
A/2008, de 8 de Setembro). E preju-
Estado e de 34,5 milhões para os uten-
Também este procedimento merece
dicando os utentes, que se vêem pri-
tes. Feitas as contas, a poupança seria
considerações da Comissão Europeia,
vados de medicamentos por lei mais
de quase 8,8 milhões de euros para o
que considera que não compete à
baratos do que os originais similares.
Estado e de 19,3 milhões para os uten-
DGAE apreciar a validade de patentes
Este duplo prejuízo é demonstra-
tes. Os números falam por si.
ou a sua eventual violação. É que os
do num estudo envolvendo sete das
Resta agora conhecer os desenvolvi-
direitos de patente são regidos pelo
substâncias activas que aguardam
mentos deste processo à luz do aviso
Direito privado e não público, sendo
comercialização: anastrazol, atorvas-
da Comissão Europeia à indústria e
portanto da esfera de competência
tatina, bicalutamida, donepezil, olan-
ao Estado português. Farmácia Portuguesa | 13
politica de saúde Unidades de Saúde Familiar
Uma reforma
As Unidades de Saúde Familiar são a face visível da reforma dos cuidados de saúde primários, uma reforma que partiu do grande descontentamento de profissionais de saúde e utentes e que veio abalar um modelo organizacional com 25 anos e sem grandes mudanças. É Luís Pisco, Coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários
um caminho sem retorno, acredita o coordenador deste programa, o médico Luís Pisco.
14 | Farmácia portuguesa
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19 78 •
os
20 08
sem retorno Uma grande insatisfação dos profis-
óptica da prestação de cuidados a
funcionou de cima para baixo. Os
sionais de saúde e dos utentes com a
sua dimensão é excessiva, mas, na
profissionais de saúde não podiam
prestação de cuidados de saúde. Foi
óptica da eficiência, é diminuta.
escolher com quem trabalhavam,
este o motor da reforma dos cuida-
O ideal seria combinar estas duas
às vezes nem escolher o centro de
dos de saúde primários encetada em
valências, encontrando o equilíbrio
saúde podiam, não havia qualquer
2005 e coordenada por Luís Pisco,
entre, por um lado, estruturas leves e
reconhecimento pela qualidade nem
médico com um vasto percurso liga-
pequenas, próximas das pessoas, que
pela produtividade. E até a possibili-
do aos cuidados de saúde primários e
garantam a acessibilidade e qualida-
dade de os utentes escolherem o mé-
à qualidade em saúde.
de dos cuidados, e, por outro, estru-
dico de família é teórica, pois todos
Os profissionais de saúde queixa-
turas maiores, que possibilitem uma
sabemos que existem listas de espe-
vam-se de não verem reconhecido
boa gestão e ganhos de eficiência.
ra nos centros de saúde”. É Luís Pisco
o seu desempenho. Os utentes quei-
É esse o duplo objectivo da reforma
quem traça este retrato, atribuindo-o
xavam-se – “e com razão” – da (falta
em curso. O primeiro passo consistiu
a “uma política de recursos humanos
de) acessibilidade, por não conse-
em dividir os actuais centros de saú-
errada ao longo de muitos anos”.
guirem cuidados quando deles têm
de em pequenas unidades funcionais
Uma política em que se apostou mais
necessidade. E o próprio Estado, pa-
– são as Unidades de Saúde Familiar
nos cuidados hospitalares, ao ponto
gador, se revelava insatisfeito com a
(USF), compostas por médicos, enfer-
de, contrariando a tendência euro-
(in)eficiência do sistema.
meiros e administrativos e vocacio-
peia, haver um médico de família por
Esta insatisfação dos principais acto-
nadas para atender entre quatro mil
cada 3,5 médicos hospitalares.
res do sistema era, de certa forma,
a 18 mil pessoas. A média actual ron-
incongruente com o pioneirismo
da os sete médicos, sete enfermeiros
português nos cuidados de saúde
e cinco administrativos para 12 mil
primários. O país foi dos primeiros,
utentes.
a nível europeu, a apostar nos cen-
A filosofia que preside a estas unida-
tros de saúde, tendo neles investido
des veio romper com a tradição dos
ainda antes do 25 de Abril de 1974.
centros de saúde, invertendo a lógi-
Foi no contexto de uma disfunção or-
Actualmente, são 350 e sobre eles
ca organizacional. “Durante 25 anos,
ganizativa desmobilizadora e desmo-
paira uma aparente contradição – na
no Serviço Nacional de Saúde, tudo
tivadora que os profissionais de saúde
Não é possível dar tudo a todos ao mesmo tempo
Farmácia Portuguesa | 15
politica de saúde Actualmente, estão abrangidos 20 por cento dos profissionais de saúde e 20 por cento da população, o que leva Luís Pisco a considerar que este é um caminho sem retorno.
foram desafiados a tomar em mãos a
de escolher entre o sistema já utiliza-
segunda, profissionais de primeira e
reforma dos cuidados primários, en-
do (SAM) e dois privados. “Foi uma
profissionais de segunda, a reforma
volvendo-se numa nova experiência
pedrada no charco”.
prevê uma segunda fase, já não vo-
– voluntariamente, com um plano de
“Não avançámos à velocidade que
luntária mas determinada “de cima
acção, uma carta de qualidade, uma
gostaríamos, mas, mesmo assim,
para baixo”. É esta a filosofia dos
candidatura. A reforma nascia, assim,
abriram cerca de 70 por ano. E con-
Agrupamentos de Centros de Saúde
de baixo para cima. O seu coorde-
tinuamos com um conjunto de can-
(ACE). Em nome das economias de
nador reconhece que este princípio
didaturas em carteira que irá permitir
escala e da eficiência de gestão, vão
“suscitou sérias dúvidas a alguns”,
manter esse ritmo”.
agrupar-se centros de saúde com
mas a resposta superou a capacidade
Actualmente, estão abrangidos 20
uma gestão comum, à semelhança
de colocar do ministério – são 187 as
por cento dos profissionais de saú-
do que já acontece com os hospitais
candidaturas aprovadas, com 143 no
de e 20 por cento da população,
reunidos em centros hospitalares.
terreno e as restantes à espera.
o que leva Luís Pisco a considerar
Uma medida que não deverá ter im-
É um processo que requer tempo
que este é um caminho sem retor-
pacto público relevante, uma vez que
– foi necessário encontrar ou adap-
no. Consciente, no entanto, de que
aos cidadãos não interessa onde está
tar espaços físicos, alocar recursos
um processo voluntário como este
a administração, mas sim onde estão
humanos sem desguarnecer os cen-
cria iniquidades e assimetrias. Mas
os cuidados.
tros de saúde – o que “numa situação
consciente também de que “não é
“Foi dada aos profissionais a oportu-
de carência enorme é complicado”
possível dar tudo a todos ao mesmo
nidade de se agruparem. Mas se não
– equipar as unidades, nomeada-
tempo”. Crítico desta forma de estar
o quiserem fazer, a administração
mente a nível informático. Mas foi
“muito portuguesa”, sustenta que “a
tem a obrigação de os organizar e de
possível: fizeram-se obras, formaram-
melhor maneira de não se conseguir
criar estruturas o mais possível seme-
se equipas homogéneas – “que se
fazer nada é estar à espera de poder
lhantes às USF, uma vez que são um
conhecem e têm prazer em trabalhar
dar a todos”.
caso de sucesso”. Nascerão, assim, as
em conjunto” – e informatizaram-se
Mas, porque não pode haver portu-
unidades de cuidados de saúde per-
todas as USF, abrindo a possibilidade
gueses de primeira e portugueses de
sonalizados, resultantes da divisão
16 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Farmacêuticos estão subaproveitados “Os farmacêuticos têm uma
trabalham de costas voltadas. Daí
medicamentos – contraceptivos
formação extraordinária que não é
ter estado envolvido na criação
e vacinas, por exemplo – são da
completamente rentabilizada. Além
de instrumentos facilitadores da
competência de farmacêuticos. Mas
da formação, têm uma capacidade
comunicação entre médicos e
Luís Pisco entende que há também
e disponibilidade que não estão
farmacêuticos, um projecto que
lugar para o envolvimento na
integralmente aproveitadas”. A
contou com a participação da
formação e na elaboração de normas
opinião é do coordenador da
farmacêutica Mara Guerreiro.
de prescrição, à semelhança do que
Missão para os Cuidados de Saúde
Acredita que, não obstante
acontece a nível hospitalar.
Primários. Uma opinião que Luís
eventuais divergências institucionais,
Retomando a ideia de que
Pisco sustenta na realidade de
existe uma boa colaboração entre as
os farmacêuticos estão
países onde há maior participação
duas profissões a nível local: “É óbvio
subaproveitados, argumenta que
dos farmacêuticos na prestação de
que tem de haver articulação entre
são prejudicados pela forma de
cuidados de saúde.
o centro de saúde e a farmácia”,
pagamento na farmácia de oficina,
Em seu entender, os diversos
sustenta, reconhecendo, porém, que
com uma margem percentual
profissionais de saúde têm de
essa articulação tem sido deixada à
face ao valor do medicamento
se articular em benefício do
boa vontade e iniciativa individual.
dispensado. O que o farmacêutico
doente, “esquecendo os interesses
Quanto à participação nas
recebe é proporcional ao preço,
corporativos”: “É inevitável. As
Unidades de Saúde Familiar (USF),
quando o trabalho, o investimento
pessoas que estão no terreno
o coordenador da reforma afirma
e o atendimento são idênticos.
têm de trabalhar em conjunto.
que as novas unidades não têm
Daí que preconize uma separação,
Ninguém lucra com os conflitos
escala para abranger farmacêuticos,
com o aconselhamento a ser
entre profissionais de saúde”. Uma
mas defende que deve existir um
valorizado e remunerado de forma
inevitabilidade justificada com as
relacionamento estreito com as
independente.
crescentes necessidades de saúde da
farmácias. Já nos Agrupamentos de
“Enquanto o farmacêutico estiver
população, fruto do envelhecimento.
Centros de Saúde (ACE) está prevista
dependente do que vende
Luís Pisco, médico de família de
a integração de farmacêuticos, à
haverá tarefas que acaba por não
profissão, reconhece que “às vezes
semelhança do que acontece nas
desempenhar, mas para as quais
há um grande desconhecimento
Subregiões de Saúde, cuja extinção
tem formação. Penso que os
de parte a parte”, o que faz com
foi já decretada. A aquisição,
próprios farmacêuticos discutem
que transpareça a ideia de que
armazenamento e distribuição de
esta questão”, conclui.
Farmácia Portuguesa | 17
politica de saúde Do ponto de vista do cidadão, a solidariedade é um dos pilares das Unidades de Saúde Familiar. Em contraponto com o sistema actual, em que o utente, na ausência do seu médico de família, recebe um tratamento despersonalizado.
de recursos em equipas próximas das
não: o utente tem médico de família,
co de família, sobretudo se o local da
USF, com igual responsabilização por
mas sabe que pertence a uma equipa
prestação de cuidados se mantém.
objectivos, ainda que não possam
que lhe dá sempre resposta e de uma
O que tem acontecido também é
escolher o seu próprio coordenador.
forma personalizada, com acesso ao
que cada médico aumentou a sua
Todavia, a qualquer altura poderão
seu processo clínico.
lista de doentes, alargando-a a mais
formar uma USF, pois o processo
Crucial é também a acessibilidade:
200 do que os habituais 1500. Este é
continuará aberto. Acederão então à
numa USF, uma situação aguda é
um acréscimo ao abrigo do modelo
autonomia de organização e de ges-
atendida no próprio dia, uma con-
B de financiamento, que prevê um
tão, tendo, nomeadamente, a possi-
sulta programada é agendada, no
sistema de ponderação em função
bilidade de escolher uma forma de
máximo, para as 48 horas seguintes.
do volume de trabalho exigido por
pagamento associada ao desempe-
Este princípio cumpre-se ainda atra-
cada utente para um atendimento de
nho. Era – frisa Luís Pisco – “um mo-
vés do alargamento do horário de
qualidade. Em consequência, as 143
delo que as pessoas reivindicavam,
atendimento – diariamente, até às 22
USF possibilitaram que, mercê de um
pelo reconhecimento do mérito de
horas, ao fim-de-semana durante um
mecanismo voluntário, quase 200 mil
quem trabalha mais e melhor”.
período convencionado caso a caso,
pessoas tenham ganho médico de
organizado por forma a dar resposta
família.
a consultas preventivas, como as de
O coordenador da reforma admite
saúde materna ou infantil. É essa a
que “o objectivo não era esse, era
tendência.
proporcionar qualidade aos serviços,
Esta reforma dos cuidados de saúde
mas é um ganho importante”. Um
Do ponto de vista do cidadão, a so-
primários não está a ser conduzida
passo para a situação ideal em que
lidariedade é um dos pilares das
administrativamente, no sentido de
cada utente escolherá a sua USF, em
Unidades de Saúde Familiar. Em
que os profissionais de saúde são vo-
função de critérios como o horário de
contraponto com o sistema actual,
luntários e os doentes não são trans-
atendimento, as valências adicionais
em que o utente, na ausência do seu
feridos do centro de saúde de forma
(pequena cirurgia, consulta de cessa-
médico de família, recebe um trata-
compulsiva. O que acontece natural-
ção tabágica, preparação para o par-
mento despersonalizado. Numa USF
mente é acompanharem o seu médi-
to, entre outras possíveis).
Solidariedade e acessibilidade
18 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
– “compreensível” – nas pessoas que
do que têm”, mesmo agora por com-
se esforçavam mas não viam esse
paração com outros países como os
esforço reconhecido. Além disso, ge-
Estados Unidos.
rou-se alguma injustiça, por dificul-
Preservar o conceito de centro de
dade em abrir USF em certos meios,
saúde é ponto assente nesta reforma.
Com 143 USF no terreno, a maior
mais isolados. É uma questão que a
O que é diferente é a organização,
parte dos profissionais e dos utentes
unidade de missão está a debater.
com os agrupamentos a serem dota-
continua abrangida pelos centros de
As USF não põem fim aos centros
dos, pela primeira vez na história dos
saúde tradicionais. Duas realidades
de saúde – nem pretendem. O con-
centros de saúde, de uma direcção
nem sempre de fácil conciliação, por
ceito é para manter, tanto mais que
técnica. À semelhança do que acon-
via dos “ciúmes institucionais” e da
demorou muito a estabilizar. A es-
tece nos hospitais. E a essa direcção
pressão do público. Para Luís Pisco,
treia aconteceu com os de primeira
– um director clínico e três adjuntos
esta situação é típica dos processos
geração, que só faziam medicina
– competirá zelar pela qualidade dos
de mudança. E compara-a até aos
preventiva deixando a curativa para
serviços, deixando para o gestor os
conflitos familiares que emergem da
as caixas de previdência. Era uma
recursos humanos. O que se reflectirá
emancipação de um filho. Mas reco-
medicina muito despersonalizada,
“muito positivamente” nos cuidados.
nhece que se colocam alguns pro-
mas que dava resposta, embora ape-
Paralelamente, assistir-se-á a uma di-
blemas. Tanto mais que o funciona-
nas a uma parte da população. Nesse
visão mais equitativa dos recursos que
mento dos próprios centros de saúde
tempo – antes da mudança de regi-
não estão alocados às USF. Porque na
é muito assimétrico. Alguns dos que
me e nos primeiros anos subsequen-
saúde não há outra profissão, além da
funcionavam bem até tinham algu-
tes – apenas os empregados tinham
de médico e enfermeiro, em quanti-
ma visibilidade e uma auto-estima
direito à assistência na saúde, o que
dade suficiente para integrar todas as
grande. Só que o sucesso mediático
leva Luís Pisco a comentar que “os
USF, assistentes sociais, nutricionistas
das USF veio provocar insatisfação
portugueses não se dão bem conta
e outros profissionais serão abrigados
Centros de saúde não vão desaparecer
os
20 08
Farmácia Portuguesa | 19
politica de saúde
Marcos da reforma
Luís Pisco acredita que “seria muito difícil voltar atrás nas USF”.
A reforma dos cuidados de saúde primários arrancou em 2005, com a Saúde tutelada pelo professor Correia de Campos. Eis alguns marcos do caminho percorrido: •
Setembro de 2005 – Nomeação do coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP), Luís Pisco;
•
Outubro de 2005 – Publicação em Diário da República da constituição formal da MCSP;
•
Março de 2006 – Início (no dia 1) do processo de candidaturas – recebidas de imediato 26;
•
Maio de 2006 – Entrada (no dia 29), da 100ª candidatura;
•
Setembro de 2006 – Inauguração das primeiras quatro Unidades de Saúde Familiar (USF): Condeixa, Nascente (Rio Tinto), São João do Sobrado (Ermesinde) e Valongo (Ermesinde);
•
Dois anos depois – 143 USF em funcionamento, quase dois milhões de utentes abrangidos, 44 candidaturas em espera;
•
2009 – Arranque previsto dos Agrupamentos de Centros de Saúde.
20 | Farmácia portuguesa
numa unidade de recursos assisten-
so, a Missão para os Cuidados de
ciais partilhados: deixam de trabalhar
Saúde Primários pretende avaliar a
isoladamente, passando a depender
satisfação de utentes e profissionais.
de uma coordenação conjunta e a
E satisfação é mesmo a palavra, na
prestar serviços a diversas unidades
medida em que os estudos parciais já
funcionais, mediante um plano de ac-
efectuados dão conta de uma recep-
ção justificativo das necessidades.
tividade muito positiva de utentes e
O início de 2009 é o horizonte tem-
profissionais. Porque “têm o senti-
poral para que os agrupamentos de
mento de que (a USF) é deles”.
centros de saúde comecem a funcio-
Mesmo sem esse estudo, Luís Pisco
nar. Com um primeiro ano dedicado
acredita que “seria muito difícil voltar
à criação das unidades funcionais, à
atrás nas USF”. Uma convicção que
resolução de iniquidades, uniformi-
assenta na experiência dos Regimes
zação geográfica dos cuidados. Serão
Remuneratórios Experimentais – só
criados 74 ACE, em substituição das
foram criados 18 ou 20 e, mesmo sem
actuais 18 subregiões de saúde: a
apoio, ninguém os conseguiu desac-
gestão e a direcção clínica ficam, as-
tivar – e na realidade actual das USF
sim, mais próximas, com a agregação
– 143 a funcionar, mais 44 à espera,
e melhor utilização de recursos a tra-
quase dois milhões de pessoas abran-
duzir-se em economias de escala.
gidas. “Tem outro significado. É uma
Antes disso, até final do ano em cur-
reforma profunda, sem retorno”.
Farmรกcia Portuguesa | 21
reunioes profissionais 68º Congresso da FIP em Basileia
Farmacêuticos num ponto
Os farmacêuticos encontram-se numa encruzilhada que os obriga a evoluir sob pena de verem fragilizada a sua
Mais de três mil farmacêuticos es-
os próximos anos. Dessa reflexão re-
tiveram reunidos na cidade suíça
sultou a “2020 Vision” (Visão 2020),
posição como profissionais
de Basileia, de 29 de Agosto a 4 de
uma estratégia a prazo destacada
Setembro, para o 68.º Congresso
pelo presidente da federação, Kamal
da
Midha, na sua intervenção de abertu-
de saúde e como actores
Federação
Internacional
de
de relevo nos espaços de
Farmacêuticos (FIP). Um congres-
ra do congresso.
decisão. O futuro passa por
so dominado pela ideia de que os
Aliás, o próprio tema do congresso de
farmacêuticos,
independentemen-
Basileia reflecte essa preocupação e
acentuar o valor real da
te de onde exercem, se confrontam
essa necessidade – “Reengenineering
actualmente com um desafio: o da
Pharmacy Practice in a Changing
intervenção farmacêutica:
evolução sob pena de perderem in-
World” (Renovar a prática farma-
fluência.
cêutica num mundo em mudança),
A profissão encontra-se, assim, num
um convite a mobilizar as energias
ponto de viragem, o que levou a FIP a
colectivas para responder às mudan-
procurar definir um novo rumo para
ças rápidas e extensivas que estão a
isso mesmo ficou patente no 68.º Congresso da FIP. 22 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
de viragem transformar os cuidados de saúde e
no mapa global dos medicamentos e
a ciência.
cuidados de saúde através do envol-
Antes, porém, de apresentar aos
vimento de todas as partes”. “O plano
congressistas as principais linhas
focará o modo de utilizarmos os nos-
da estratégia para 2020 – que viria
sos recursos limitados de uma forma
a ser desenvolvida na Leadership
estratégica, prudente e sensata para
Conference (conferência de líderes)
um máximo impacto nos cuidados
A ANF será o anfitrião do 70º Congresso da FIP,
– Kamal Midha fez uma retrospectiva
de saúde”, especificou Kamal Midha.
em 2010. Ainda sem tema definido, o congresso
do caminho percorrido pela FIP até se
Estas ideias são simbolizadas na ima-
decorrerá de 28 de Agosto a 2 de Setembro, em
tornar uma organização com mais de
gem que a FIP conferiu à sua “Visão
Lisboa.
119 membros em representação de
2020” – uma linha branca refracta-
E são precisamente alguns dos ex-libris da cidade
mais de dois milhões de farmacêuti-
da e dispersa através de um prisma
que constam do primeiro anúncio, em que
cos e cientistas em todo o mundo.
triangular: à medida que a luz branca
surgem traçados a linhas pretas e preenchidas a
Actualmente – enfatizou – a FIP é
atravessa o prisma o seu espectro de
branco o Padrão dos Descobrimentos e a Torre
uma rede global de associações de
cores vai sendo revelado, é o arco-
de Belém, vislumbrando-se o perfil da Ponte 25
farmacêuticos comprometidos com
-íris. O presidente da FIP explicou aos
de Abril. O fundo, esse, reflecte um dos atractivos
a prestação de cuidados de saúde
congressistas que também a visão,
do país – o clima: um sol amarelo brilha sobre o
efectivos, seguros, acessíveis e cen-
à medida que passa pelo prisma da
azul do rio e do mar, a convidar os farmacêuticos
trados no doente. “A saúde de todos
sua missão, se enriquece com as co-
de todo o mundo a deslocarem-se a Portugal.
depende de cada um de nós, onde
res dos seus objectivos estratégicos e
Porque “Lisboa é uma experiência que nunca se
quer que vivamos”, sustentou, sinte-
das suas abordagens tácticas.
repete, mas é sempre renovada”.
tizando a visão global da federação.
Lisboa acolhe FIP em 2010
Antes de Lisboa, porém, a FIP reunir-se-á em
Uma visão para 2020
congresso em Istambul, na Turquia. Será de 3
gresso de Pequim, no âmbito do qual
Foi a partir de uma análise externa
os avanços no tratamento de doentes através
foram identificadas as prioridades
e interna das situações que enfor-
da intervenção farmacêutica. “Responsibility
que devem guiar e motivar os pro-
mam a profissão farmacêutica que
for Patient Outcomes. Are you ready?” é o tema
fissionais de farmácia. O plano daí
a FIP delineou a sua estratégia. E
proposto para reflexão.
resultante propõe-se “colocar a FIP
nessa análise alcançaram-se conclu-
A reflexão que conduziu à “Visão 2020” foi desencadeada com o con-
a 8 de Setembro do próximo ano, para discutir
Farmácia Portuguesa | 23
reunioes profissionais
Já a melhoria da visibilidade da federação é indissociável da sua idoneidade como organização com capacidade para decidir sobre a prática e a ciência farmacêutica, sendo o objectivo promover o reconhecimento desse papel e da mais-valia do farmacêutico no sistema de cuidados de saúde. Melhorada deve ser igualmente a sões a partir das quais se trabalhou:
farmacêuticas; aumento do papel da
comunicação entre a FIP e os seus
há um aumento da globalização dos
FIP na reforma da educação em farmá-
membros, individuais e colectivos.
cuidados de saúde; os cuidados de
cia e ciências farmacêuticas.
A FIP carece de ser dotada de uma
saúde são cada vez mais orientados
São objectivos que se desdobram em
estrutura de comunicação efectiva,
para o doente; o fosso entre os países
quatro abordagens tácticas: integrar
segura, acessível e confiável, que
desenvolvidos e os países em desen-
parcerias construtivas; aumentar a vi-
possibilite a difusão atempada de co-
volvimento tem de ser urgentemente
sibilidade da FIP no ambiente global;
nhecimentos e experiências, levando
ultrapassados; a procura dos recursos
aumentar a eficácia da comunicação;
a todos os melhores padrões de prá-
limitados, quer humanos, quer finan-
incrementar as receitas da FIP de
tica profissional.
ceiros, na própria FIP, está a crescer.
modo a desempenhar a sua missão.
Naturalmente que o prosseguimento
Da reflexão emanou a determinação
Estes tópicos, apresentados na ses-
desta estratégia implica a existência
de estar presente sempre que e onde
são de abertura, foram posterior-
de meios: daí a necessidade de au-
quer que os decisores discutam aspec-
mente desenvolvidos na Leardership
mentar as fontes de receita da FIP.
tos relacionados com os medicamen-
Conference, em que estiveram pre-
O presidente Kamal Midha acredita
tos. “FIP is at the table” é a ideia que
sentes quatro representantes por-
que, com estes objectivos estratégi-
sintetiza esta intenção. Isto tendo em
tugueses: Ema Paulino e Rosário
cos e abordagens tácticas, associa-
conta que a missão da FIP é promover
Lourenço, pela ANF, Sónia Faria
dos ao comprometimento dos mem-
a saúde através do aperfeiçoamento da
e Nuno Valério, pela Ordem dos
bros e à competência e dedicação de
prática profissional e das ciências far-
Farmacêuticos.
todos, será possível concretizar esta
macêuticas, de modo a obter um uso
A construção de parcerias, direccio-
“Visão 2020”: “Em última instância,
seguro, apropriado, custo-eficaz e de
nada para organizações cujos valores
depende de cada um de nós, pro-
qualidade dos medicamentos a nível
e interesses sejam similares, permitirá
fissionais de farmácia e cientistas, e
mundial. Esta missão cumpre-se atra-
à FIP envolver-se na discussão de as-
das nossas organizações. Através das
vés de três objectivos estratégicos que
suntos da maior importância, dando-
nossas acções, individual e colectiva-
Kamal Midha deu a conhecer: prática
lhe oportunidade de defender o pa-
mente, temos de continuar a fazer a
profissional avançada em todos os do-
pel do farmacêutico, nomeadamente
diferença, aperfeiçoando a prática e a
mínios; desenvolvimento das ciências
no uso racional do medicamento.
ciência em benefício do doente”.
24 | Farmácia portuguesa
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19 78 •
os
20 08
O contributo da experiência portuguesa A participação portuguesa é habitual nos congressos
para este novo estatuto de fornecedores de serviços.
da FIP e este ano não foi excepção: a delegação
Além desta intervenção, Ema Paulino moderou o painel
nacional incluiu representantes da ANF e da Ordem dos
sobre o “Presente e futuro da prática farmacêutica”.
Farmacêuticos, presenças activas nas diversas sessões de
A participação portuguesa não se ficou por aqui. Também
trabalho.
Suzete Costa, actual directora do CEFAR, deu a conhecer
Assim aconteceu com Ema Paulino, directora da ANF,
a experiência nacional, mediante a apresentação oral
com uma intervenção no Fórum sobre Inovação na
dos resultados da campanha de revisão terapêutica em
Prática Farmacêutica, a 30 de Agosto. Gerir a mudança na
idosos e da campanha de cessação tabágica: “As farmácias
farmácia comunitária era o tema desta sessão à qual levou
portuguesas abrem o saco castanho” e “Farmácias
a experiência portuguesa.
portuguesas ajudam os fumadores a deixar de fumar”.
Na sua exposição, intitulada “Factores externos que
Além destes, outros três posters tiveram assinatura
afectam a disseminação e implementação de serviços
de farmacêuticos da ANF – “Campanha da asma:
farmacêuticos e gestão da qualidade como sistema de
Farmácias portuguesas identificam doentes asmáticos
suporte à mudança”, Ema Paulino centrou-se na adopção
não controlados”, “Avaliação do Programa de Cuidados
do conceito de cuidados farmacêuticos e na incorporação
Farmacêuticos na Diabetes” e “Campanha de Identificação
de novos serviços na prática profissional.
de Indivíduos em Risco Cardiovascular”.
Muitos desses serviços – frisou – assentam na estratégia
O contributo dos participantes nacionais abrangeu
definida pela ANF, estando a ser introduzidos de acordo
igualmente a redacção (ainda provisória) das três
com as necessidades e expectativas dos diversos parceiros
resoluções aprovadas neste 68.º Congresso da
do sector. São serviços centrados no doente, sendo os
FIP: “Controlo da resistência aos medicamentos
exemplos mais recentes os que decorrem da legislação
antimicrobianos”, “Informação sobre medicamentos
de Novembro último, como a vacinação e os cuidados
dirigida aos doentes” e “Qualidade dos medicamentos
domiciliários.
para crianças” foram os temas este ano em destaque.
Face a esta recente realidade, está a ser desenvolvido um
A assinalar ainda no congresso de Basileia a eleição de
esforço visando a disseminação das novas práticas, com
Sónia Faria, da Ordem, para a presidência do Grupo de
enfoque no modo como as farmácias vão fazer a transição
Jovens Farmacêuticos da FIP.
Farmácia Portuguesa | 25
flashes E.U.A.
Lóbi da indústria farmacêutica ao Congresso aumenta 32%
30
Espanha
Navarra introduz critério demográfico de instalação A comunidade autónoma de Navarra prepara-se
Os laboratórios farmacêuticos dos E.U.A. e as suas
para aprovar uma lei que estabelece o rácio de 700
associações gastaram em 2007 USD 168 milhões em
habitantes por farmácia em todo o seu território. O
lóbi ao Congresso (+32% do que em 2006). Segundo
governo regional acolheu a queixa das farmácias,
a análise do Center for Public Integrity, esta “despesa
que alegam baixa rentabilidade no meio rural, com
massiva foi muito bem sucedida, produzindo os re-
repercussão na qualidade dos serviços que prestam.
sultados políticos que a indústria do medicamento
Desta forma, Navarra dá um passo atrás na sua lei
deseja”, ao nível do bloqueio da importação de medi-
da farmácia, que liberalizou o sector. Ao reorientar-
camentos baratos, da protecção das patentes no país
se para o modelo vigente no resto do país, Navarra
e no estrangeiro, e de um maior acesso dos laborató-
contraria a Comissão Europeia, que, no parecer fun-
rios ao mercado. Como nos anos anteriores, o maior
damentado contra o modelo de farmácia espanhol,
lóbista foi a associação da indústria farmacêutica
em 2006, apontava o modelo navarro como uma via
(PhRMA), que gastou USD 23 milhões (+26%). Entre
de modificação rumo à liberalização. O rácio de habi-
os laboratórios, a Amgen foi líder (USD 16,3 milhões),
tantes por farmácia em Navarra é de 1.050, contra a
seguida da Pfizer (USD 13,8 milhões).
média espanhola de 2.158.
In SCRIP News, 2/07/2008
In correofarmaceutico.com, 15/09/2008
Comércio paralelo
Laboratórios podem recusar fornecimento
Bulgária
O Tribunal de Justiça europeu decidiu que um laboratório detentor de uma posição dominante no mercado de
Número de farmácias por proprietário limitado a quatro
medicamentos abusa dessa posição ao recusar satisfazer
O Parlamento búlgaro, em 31 de Julho, limitou
para impedir as exportações paralelas que estes efectuam
o número de farmácias detidas por indivíduos
entre Estados-membros. Todavia, o laboratório pode de-
ou sociedades comerciais a quatro, impossibi-
fender os seus “interesses comerciais” quando confronta-
litando, assim, a criação de grandes cadeias de
do com pedidos de quantidades anormais. Cabe aos tri-
farmácias. A solução adoptada, que é contrária
bunais nacionais determinar o carácter normal das enco-
à proposta inicial de uma farmácia por pro-
mendas, levando em conta o volume, as necessidades do
prietário, tem por base o facto de muitos dos
mercado e as relações comerciais anteriores. O acórdão,
Estados-Membros da UE terem disposições le-
de 16 de Setembro, tem por base dois casos, que remon-
gais semelhantes.
tam a 2000, opondo grossistas gregos à GlaxoSmithKline.
In Sofia Echo, 1/08/2008
In Pharma Adhoc, 16/09/2008
26 | Farmácia portuguesa
an
19 78 •
as encomendas com carácter normal feitas por grossistas,
os
20 08
Farmรกcia Portuguesa | 27
anf 2.ª Publicação Farmácias Portuguesas
Responsabilidade acrescida Com o Programa Farmácias Portuguesas a exceder as expectativas iniciais, em farmácias e utentes aderentes, o próximo desafio passa por dinamizar a utilização do cartão, estimulando os seus detentores a rebaterem os pontos acumulados. É uma responsabilidade acrescida, na medida em que constitui a prova de que o programa está a funcionar. Foi a 15 de Março que arrancou o programa Farmácias Portuguesas, uma iniciativa de relevo da estratégia associativa e profissional da ANF. Corporizado no cartão de fidelização de utentes, o programa excedeu todas as expectativas, incluindo as mais optimistas. E excedeu-as na dupla vertente de adesão das farmácias e de adesão dos utentes. Das 1400 farmácias que se estimava abranger até final do ano passou-se, em escassos meses, para quase duas mil. E da previsão de 440 mil cartões a emitir, também até final do ano, saltou-se para os mais de 500 mil cartões emitidos até Setembro. Excedidas 28 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
Estimular o rebate, a fase seguinte
assim as expectativas, também as
chegou em Outubro às farmácias.
responsabilidades são acrescidas. O
Concebida como sazonal, nela se abor-
compromisso das farmácias aderentes
dam temas e se apresentam produtos
ao programa está longe de se esgotar
adequados à actual época do ano – o
Será nesse sentido, aliás, que se di-
neste novo instrumento de relacio-
Outono/Inverno. Num modelo seme-
reccionará a comunicação entre a
namento com os utentes, na medida
lhante ao da primeira edição, procu-
direcção da ANF e as farmácias ade-
em que implica a adopção progressiva
rou--se ir ao encontro das necessidades
rentes ao programa, por intermé-
de novos serviços, num caminho que
e expectativas dos utentes – uma preo-
dio do Departamento de Apoio aos
se pretende diferenciador na coesão.
cupação partilhada pelas cerca de duas
Associados (DAA). Isto porque o pró-
Mas também esta componente está
dezenas de parceiros que corresponde-
ximo ciclo de visitas englobará esta
a ser cumprida, traduzindo-se, desde
ram a esta iniciativa. Nesta nova publi-
temática.
Outubro, no serviço de vacinação, ao
cação merece destaque o novo serviço
A mensagem terá ainda como desti-
abrigo da disposição legal que autoriza
de vacinação nas farmácias – os seus
natários os próprios utentes, median-
os farmacêuticos a ministrarem vacinas
principais contornos são apresentados
te uma comunicação individualizada
não incluídas no Plano Nacional de
em ligação ao programa, dado que é
aos detentores de cartão. Nela serão
Vacinação. Novos desafios se colocam
possível aceder através do rebate de
enfatizados os benefícios da utiliza-
a partir deste momento: com uma tão
pontos. A mesma filosofia está subja-
ção do cartão, recordando-se os pon-
elevada taxa de captação num espaço
cente a um produto inovador proposto
tos já acumulados e apresentados os
de tempo tão curto, a próxima etapa
aos utentes das Farmácias Portuguesas
produtos a que dão acesso, visando,
envolve a dinamização do cartão. Na
– um seguro para doenças graves
assim, estimular o rebate.
prática, trata-se de incentivar os uten-
(como as oncológicas) sem limite de
Esta é, pois, a nova etapa do Programa
tes a utilizarem o cartão, rebatendo os
idade, mínima ou máxima. Ao abri-
Farmácias Portuguesas. Depois das
pontos acumulados entretanto. Essa
go de uma parceria com a Multicare,
expectativas largamente ultrapas-
será a prova de que o programa está
é oferecida uma cobertura até agora
sadas na fidelização de utentes, há
a funcionar. Consegui-lo implica das
inexistente de forma isolada. Por estar
que manter o programa vivo. A meta
farmácias uma atitude tão activa como
abrangido no programa, só pode ser
é também aqui de superação – até
a que adoptaram aquando do lança-
subscrito através do rebate de pontos
Setembro, tinham sido atribuídos
mento do programa e da fidelização
acumulados no cartão (cada anuidade
44,5 milhões de pontos e rebatidos
dos utentes: trata-se de reforçar o diálo-
equivale a 500 pontos).
6,2 milhões, correspondendo a 14
go, direccionando-o para os benefícios
Pelas suas características, este produ-
por cento do total.
associados ao cartão.
to constitui, decerto, uma oportuni-
O objectivo é, naturalmente, aproxi-
dade ímpar para muitos utentes das
mar os dois valores, optimizando a
Farmácias Portuguesas, na medida
utilização do cartão. É um objectivo re-
em que lhes dá acesso a protecção na
alista, se nele as farmácias depositarem
doença em condições não abrangidas
a mesma convicção e dinâmica que
Novos produtos, novos serviços
os
20 08
por outros seguros. E para as farmá-
colocaram no lançamento do progra-
E nesta estratégia assume particu-
cias pode assumir-se como rampa de
ma – uma atitude determinante para o
lar relevo a Publicação Farmácias
lançamento de uma atitude activa no
sucesso inicial e, agora, para a consoli-
Portuguesas, cuja segunda edição
estímulo ao rebate de pontos.
dação das Farmácias Portuguesas. Farmácia Portuguesa | 29
plataforma Projecto apresentado no III Congresso da Plataforma
Espaço Saúde em Diálogo
É o primeiro passo de um projecto mais ambicioso, mas
A 19 e 20 de Setembro, decorreu o
esforços e vontades e trabalhar para
III Congresso da Plataforma Saúde
o interesse colectivo. A entreajuda
em Diálogo. Este foi palco de uma
tem estado presente nos seus dez
reflexão em torno da necessidade
anos de existência, conforme subli-
da saúde e prevenção da
de ultrapassar os obstáculos que se
nhou na sessão de abertura Maria da
doença. Cumprido aquele que
erguem ao trabalho conjunto e de
Luz Sequeira, membro da direcção da
identificar os modelos mais adequa-
Plataforma e vice-presidente da ANF.
foi o mote do III Congresso da
dos para uma parceria efectiva em
E conforme atestam os diferentes pro-
prol do doente. Foi esta a ideia subja-
jectos com que se tem comprometi-
Plataforma – “Todos Juntos Pela
cente ao Congresso e que sintetizou
do, o mais recente dos quais o Espaço
o tema “Todos Juntos Pela Saúde”.
Saúde em Diálogo, que foi apresenta-
E a Plataforma é um exemplo con-
do no último dia dos trabalhos.
creto de como é possível conjugar
Coube à presidente da direcção,
sempre solidário, que visa dotar o país de espaços de promoção
Saúde”. 30 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
nasce no Algarve Maria Irene Domingues, dar a conhe-
dicadores de saúde abaixo das mé-
em trabalhar com o grupo. As normas
cer este projecto inédito no país, que
dias nacionais – o Espaço Saúde em
também fazem falta – sobre os pa-
visa fomentar uma actuação em par-
Diálogo deverá multiplicar-se por
péis, as funções, os canais de comu-
ceria, envolvendo instituições, pro-
outros pontos do país, a provar que
nicação. Finalmente, é preciso que
fissionais e doentes. Foi concebido
a solidariedade da Plataforma se tra-
haja uma identificação social com o
como uma loja do cidadão muito es-
duz em acção.
grupo e que o indivíduo absorva a re-
pecífica, um espaço de promoção da saúde e prevenção da doença, com
presentação social da equipa.
Um desafio colectivo
uma dupla vertente de formação e
São estas as bases. Mas, para que sejam potenciadas e haja mesmo capa-
informação.
A Plataforma é – assim foi sublinhado
cidade de trabalhar em conjunto, ou-
Candidato e merecedor do apoio
ao longo do congresso – um exem-
tros três elementos emergem – coor-
do Alto Comissariado da Saúde, tem
plo de que como é possível trabalhar
denação, sinergia e cooperação.
um horizonte temporal de dois anos
em conjunto. É um exemplo a seguir
Não obstante ser uma apologista
para a sua concretização, após o que
numa realidade em que ainda abun-
do trabalho em conjunto, Ana Maia
se afirmará como um centro de refe-
dam as incapacidades para construir
reconheceu que nem todos o con-
rência para doentes crónicos, onde
parcerias sólidas e efectivas. Delas fa-
seguem. É preciso que estejam reu-
possam obter informação, apoio e
lou a psicóloga Ana Maia, convidada
nidas características individuais fa-
encaminhamento profissional, sem-
a proferir a conferência de abertura.
cilitadoras, quer relacionadas com a
pre em articulação com as unidades
E começou por demonstrar como
própria tarefa (como a capacidade de
de saúde locais.
trabalhar em conjunto é uma capa-
cumprir prazos e resolver situações),
É um espaço igualmente aberto à
cidade biológica – o corpo humano
quer emocionais (como a capacidade
população em geral, na medida em
assim o prova. Já a incapacidade – su-
de lidar com os conflitos).
que visa também prevenir, e com
blinhou – é cultural. Ainda assim, há
O dilema – sublinhou – parece co-
esse objectivo será palco de acções
que reunir alguns pressupostos para
locar-se entre a cooperação e a
de educação para a saúde. Também
além da biologia, desde logo a ne-
competição, entre aquilo que defi-
os profissionais de saúde, farma-
cessidade de transformar o indivíduo
niu como “o dar aos outros versus
cêuticos e não só, estão contempla-
num todo e o grupo numa equipa,
o privar os outros”. E o equilíbrio é
dos, para eles sendo direccionadas
sendo equipa o grupo que evoluiu
difícil: “Nascemos cooperativos mas
acções de informação e formação.
com um objectivo comum que satis-
temos uma educação competitiva”.
A partir do Algarve – seleccionado
faz todas as pessoas envolvidas.
Uma não substitui a outra: não seria
para o arranque do projecto por ser
Necessário é ainda um sentido de
realista um mundo apenas feito de
nomeadamente uma região com in-
pertença, correspondente ao prazer
cooperação. O que é preciso, defenFarmácia Portuguesa | 31
plataforma
Irene Domingues, Rosa Gonçalves da Plataforma Saúde em Diálogo, Francisco George da Direcção Geral da Saúde. Ana Maia, psicóloga e Maria da Luz Sequeira, da Plataforma Saúde em Diálogo
Isabel Machado, da Plataforma Saúde em Diálogo e Manuela Eanes, do Instituto de Apoio à Criança
deu, é que a competição tenha ética.
língua e saber ouvir”. Ainda hoje se
gam em tempos desajustados às ne-
Que consiga transformar muros em
mantêm obstáculos – para uns, o
cessidades dos doentes. Os técnicos
pontes.
discurso é centrado na pessoa, para
– defendeu – precisam de respostas
Para a conferencista, trabalhar em
outros centrado na rapidez da reso-
mais rápidas.
conjunto não é apenas um desafio
lução do problema. Cada profissional
Maria Helena Costa lamentou que
da Plataforma, deve ser um desafio
tem a sua prioridade para defender, o
a família seja esquecida, entenden-
do país, do mundo.
que dificulta o trabalho transversal.
do que é importante envolvê-la, de
Da sua experiência, retém como
modo a que possa ajudar o doente a
maior problema o “construir equipas
redireccionar o seu projecto de vida.
que querem fazer”: “Há muitas que
Sobre uma nova experiência de tra-
querem dizer, outras que querem ser,
balho multidisciplinar debruçou-se
É um desafio que procuram superar
mas faltam as que querem fazer.
José Tomé Pardal, enfermeiro na
na sua intervenção os seis profissio-
A maior dificuldade é passar do de-
Unidade de Saúde Familiar (USF) de
nais que participaram no painel de
sejo ao projecto, do projecto à acção,
Torres Vedras. O facto de a equipa
debate. “Como podemos trabalhar
da acção à concretização”. Na mes-
ser escolhida de baixo para cima po-
em conjunto?” foi a questão coloca-
ma linha foram as palavras de Maria
tencia essa cooperação, sendo uma
da por Margarida Pinto Correia, jor-
Helena Costa, assistente social no
mais-valia nos objectivos.
nalista e representante de Fundação
Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Ainda assim, defende que há muito
do Gil na Plataforma.
Considerando que “trabalhar em
a fazer, nomeadamente no fomento
Cecília Galvão, psicóloga do Hospital
conjunto não implica o esvaziamen-
do diálogo entre os mesmos profis-
Dona Estefânia, em Lisboa, foi a pri-
to do conteúdo profissional de cada
sionais de diferentes instituições: “Às
meira a responder, o que fez repor-
um”, lamentou a falta de articulação
vezes parece que estamos a traba-
tando-se há 22 anos, quando inte-
entre os serviços de saúde e a acção
lhar de costas voltadas”, lamentou,
grou o primeiro grupo de psicólogos
social, com consequências ao nível
defendendo que “ninguém perde
a chegar aos hospitais. E “a grande
da inserção do doente.
influência” por trabalhar em conjun-
dificuldade foi acertar os discursos,
A rede de suporte – disse – é insufi-
to e advogando a criação de equipas
o grande desafio foi falar a mesma
ciente nas estruturas e as verbas che-
disciplinares em prol do doente e da
Seis experiências, o mesmo objectivo
32 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Da reflexão à acção Do III Congresso da Plataforma emanou um conjunto de conclusões – reflexões que podem inspirar a acção. São elas, de uma forma sintetizada: •
A incapacidade de trabalhar em conjunto é um obstáculo ao desenvolvimento profissional e à concretização das metas
Maria do Céu Machado, do Alto Comissariado da Saúde e Irene Domingues, da Plataforma Saúde em Diálogo
organizacionais. •
A cooperação, enquanto alternativa à competição, contribui para vencer essa incapacidade.
•
Exemplo disso é a Plataforma Saúde em Diálogo, há dez anos a
sua família. Porque “o importante é que eles tenham
trabalhar em conjunto com base na solidariedade, entreajuda e
respostas”. Médica na mesma USF, Manuela Pinto
participação.
Alvarez sublinhou também a importância de a equi-
•
As recentes Unidades de Saúde Familiar também assentam na equipa,
pa ser escolhida entre pares, com a mesma filosofia
em prol da acessibilidade, da proximidade e da qualidade dos cuidados
de saúde, bem como o trabalho de substituição entre
de saúde.
sectores – “Deixámos de trabalhar em quintas”.
•
A par dos cuidados, também o medicamento deve ser acessível, seguro
São mais-valias das USF a que se junta o primado da
e de qualidade. Neste domínio, as farmácias são fundamentais – porque
inscrição familiar como forma de conhecer melhor a
estão próximas, porque investem na valorização profissional e na inovação,
relação interpessoal e, a partir daí, ajudar a resolver
porque oferecem cada vez mais serviços e uma intervenção de qualidade.
outros problemas que não os da saúde física. Há ainda
•
doentes sentem todos os dias as ineficiências do sistema.
um longo caminho a percorrer, na sensibilização dos utentes para as vantagens da medicina preventiva.
Apesar das melhorias, a acessibilidade ainda não é universal e os
•
O direito à informação em saúde é um direito dos doentes, permitindo-
É que “modificar comportamentos é complicado”.
lhes envolver-se activamente nas decisões e no tratamento. O
A perspectiva do voluntariado foi proporcionada por
problema não é de acesso, mas da qualidade das fontes.
monsenhor Feytor Pinto, presidente da Comissão
•
A informação contribui para a obtenção de ganhos em saúde.
Nacional de Voluntariado em Saúde. Uma unidade
•
Esse é também o objectivo do Plano Nacional de Saúde, documento
de saúde – sustentou – não é imaginável sem vo-
orientador da política de saúde em cuja discussão e implementação a
luntariado, porque o acompanhamento permanente
sociedade civil tem de estar envolvida.
do doente não pode ser feito pelo médico, nem pelo
•
promover estratégias locais e avaliar a eficácia das suas intervenções.
enfermeiro. Mas o voluntariado precisa de valores, que devem estar
A saúde é ainda responsabilidade das comunidades, que devem
•
Na área da saúde, as associações de doentes têm promovido um
presentes nas pessoas e nas organizações – tolerância,
trabalho importante de cooperação e participação. Faltam, porém,
convivência, diálogo (“escutando e, se necessário, ca-
medidas pragmáticas que fomentem o contributo da sociedade civil nas grandes decisões.
lando”), solidariedade, cidadania. E deve ter em consideração uma multiplicidade de factores, da sociedade, à pessoa carenciada, passando pela pessoa disponível
•
A construção do futuro passa por parcerias solidárias como as que dão corpo ao Espaço Saúde em Diálogo.
para assistir para lá do técnico à organização que a inFarmácia Portuguesa | 33
plataforma
tegra. Monsenhor Feytor Pinto defen-
É ainda um potencial colocado ao
“É na palavra partilha que pode-
deu ainda a importância de formar os
serviço da diferenciação de cuidados,
mos sintetizar todo o trabalho do
voluntários – “só a boa vontade não
dando corpo a um modelo de farmá-
IAC. Partilha de saberes, de experi-
chega” – e de purificar os motivos que
cia há muito perseguido – centro de
ências, em encontros e acções de
conduzem ao voluntariado – “a entre-
prevenção e terapêutica.
formação para que se possa multi-
ga, a generosidade, o ir ao encontro de outro para o fazer feliz”. Também Paulo Duarte, farmacêutico e secretário-geral da ANF, manifestou a opinião de que “o trabalho em con-
plicar tudo aquilo em que acredi-
Ganhar juntos o que se perde em separado
junto é mais difícil quando cada um
tamos. Partilha com os decisores políticos e com a comunidade, mas também partilha de afectos”. O trabalho em parceria – defendeu – é essencial: “Numa socieda-
quer preservar o
Foram testemunhos ouvidos a antece-
de civil participada, empenhada,
seu espaço”.
der a sessão de encerramento do con-
viva e com alma todos temos res-
Não acontece as-
gresso, presidida pela Alta Comissária
ponsabilidades. E cuidar dos ou-
sim com o sector
da Saúde, Maria do Céu Machado,
tros é a antítese da competição.
farmacêutico, “re-
e com a conferência final a cargo da
Mas o seu fortalecimento implica
conhecido
presidente do Instituto de Apoio à
uma mudança de mentalidades”.
sua solidariedade
Criança (IAC), Manuela Eanes.
Manuela
interprofissional”:
“Modelo ideal para trabalharmos
uma palavra de apreço pelo traba-
“Há muito que
em conjunto” foi o repto lançado a
lho desenvolvido pela Plataforma
os projectos são
quem há 25 anos dirige “uma gran-
Saúde em Diálogo, a que o IAC se
desenvolvidos na
de equipa multidisciplinar que se
associou em 2006.
perspectiva do doente. Temos a van-
propôs concretizar o sonho da de-
E foram precisamente para o mais
tagem de estarmos próximos, acessí-
fesa dos direitos da criança e do seu
recente projecto da Plataforma – o
veis, o que aproveitamos para prestar
desenvolvimento integral”.
Espaço Saúde em Diálogo – as pa-
serviços de qualidade, em segurança
E por entender que não há um mode-
lavras da Alta Comissária da Saúde.
e que procuram melhorar o estado
lo para o trabalho conjunto, Manuela
Entusiasta
de saúde da população”.
Eanes deu a conhecer o pioneirismo
a primeira hora”, Maria do Céu
Essa vantagem é ainda aproveitada
do IAC nos vários projectos que lan-
Machado disse acreditar que esta
para despistar os problemas o mais
çou e nas parcerias que abraçou: “É um
parceria “vai dar muitos frutos”.
cedo possível, se necessário comuni-
modo de estar e de fazer com que nos
A provar – e citou Fernando Pessoa
cando os resultados a quem partilha
propomos construir um futuro menos
– que “ganhamos juntos o que se-
responsabilidades na área da saúde.
amargo para as nossas crianças”.
parados perdemos”.
“O trabalho em conjunto é mais difícil quando cada um quer preservar o seu espaço”. Paulo Duarte, farmacêutico e secretário-geral da ANF
34 | Farmácia portuguesa
pela
Eanes
do
reservou
projecto
ainda
“desde
Farmรกcia Portuguesa | 35
informacao terapeutica
Quando a maturidade Adolescência
É durante a adolescência que os jo-
por que estão a passar, a compreen-
o consumo de álcool ou drogas e, cla-
vens formam a sua personalidade e
der que existe uma base fisiológica
ro, a sexualidade.
Arttigo elaborado por
a sua forma de pensar. Apresentam
para que melhor conheçam e valori-
Nesta fase é fundamental apoiar os
Lígida Reis e Rafael Coito,
uma grande predisposição para ab-
zem o seu corpo, ajudando a que se
jovens para que adquiram compe-
cedime@anf.pt
sorver conhecimentos e vontade de
sintam melhor consigo próprios.
tências – conhecimentos, atitudes
obter respostas lógicas para as suas
É também neste período que se de-
e capacidades - que lhes permitam
questões.
finem comportamentos associados
gerir a sua saúde ao longo da vida e
Estão por isso muito receptivos a re-
à saúde: regimes alimentares que se
tomar as melhores decisões no que
ceber informação sobre as alterações
adoptam, a prática de exercício físico,
toca à sexualidade.
36 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
desperta A farmácia, enquanto espaço de
Tendo em conta as ligações da sexu-
saúde cada vez mais perto dos seus
alidade às outras dimensões da iden-
utentes, tem também aqui um po-
tidade pessoal e das relações inter-
tencial de intervenção privilegiado.
pessoais, a educação sexual integra
Encontra neste artigo suporte a uma
todo um conjunto de outras áreas de
intervenção diferenciada junto da
aprendizagem tais como os valores e
população mais jovem no âmbito da
os afectos, ou as questões de género,
sexualidade. Intervenção que pode
a estrutura de personalidade, as com-
ter lugar no espaço da sua farmácia
petências dos indivíduos para lida-
ou mesmo fora desta, e também jun-
rem com a intimidade (Vilar, D.,APF).
“Se lhes for dada informação,
O corpo em mudança
escolhas e oportunidades,
to dos pais, contribuindo para orientação na abordagem deste tema.
Sexualidade e educação sexual
À medida que os jovens se vão apercebendo das modificações que o seu
Sexualidade é algo que faz parte de
corpo vai sofrendo várias questões
nós enquanto pessoas e está presen-
podem percorrer a sua mente. Caso
te desde que nascemos. Compreende
não sejam respondidas de forma ade-
o sexo, género - identidades e papéis,
quada e atempada transformam-se
orientação sexual, erotismo, prazer,
em inquietação e factor de stresse.
intimidade e reprodução (proposta
Os gráficos que se seguem sintetizam
de definição da Organização Mundial
as principais alterações fisiológicas e
de Saúde, 2002).
respectivas fases da adolescência na qual ocorrem (Figura 1).
Ao longo da vida, são muitos
Durante a puberdade, o desenvolvi-
os momentos em que é necessário
mento apresenta-se normalmente
tomar decisões relativas à
numa sequência preestabelecida. O
sexualidade. São por isso também
momento em que começa a mudan-
muitas as oportunidades para a
ça varia de uma pessoa para outra,
farmácia intervir e participar em
mas manifesta-se sempre num perío-
aspectos relacionados com a saúde
do de idades determinado. A média
sexual e reprodutiva.
de idade, na qual a mudança começa, é indicada por um círculo vermelho.
viverão vidas mais saudáveis e produtivas. As pessoas jovens de todo o mundo são um recurso criativo e energético que devemos cultivar e cuidar. São os agentes das mudanças de hoje e os líderes de amanhã e devemos apoiá-los para que atinjam o seu potencial máximo...” (Thoraya Ahmed Obaid, directora executiva da United Nations Population Fund). Farmácia Portuguesa | 37
informacao terapeutica te ajudar os jovens a compreender a sua sexualidade e a vivê-la da melhor forma, aproveitando todos os momentos sem ansiedades ou pressões. É importante compreender a relação amorosa não como um preliminar para a relação sexual, mas como uma descoberta a dois da afectividade, do desejo, do corpo, da excitação sexual e Meninas
Meninos
de um rol de emoções e sensações que
Idade
Idade
começam a despoletar no seu corpo e
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Crescimento do escroto e dos testículos
Crescimento das mamas Crescimento dos pêlos públicos
desenvolvimento.
Ponto máximo do crescimento
Ponto máximo do crescimento
Crescimento do pénis
Mudança na forma corporal
Crescimento dos pêlos púbicos
Crescimento dos pêlos das axilas Primeira menstruação (menarquia)
Tamanho final das mamas
na sua mente, com um papel fulcral no
Crescimento dos pêlos das axilas Mudança do timbre de voz Crescimento da barba
Figura I – Principais alterações fisiológicas na adolescência (adaptada de Manual Merck)
Devido à sede de descoberta da sexualidade e ao início das relações sexuais, os adolescentes são mais propensos a comportamentos de risco no que respeita a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como o VIH e a gravidez precoce. São muitas as campanhas de sensibilização para estes aspectos, mas o farmacêutico e a farmácia, enquanto espaço de saúde, desempenham um papel fulcral no aconselhamento de adolescentes para a utilização de métodos de contracepção eficazes e protecção das DSTs, e recomendando a ida à consulta médica.
A intervenção do farmacêutico, pelo saber diferenciado que tem, assume um papel
A descoberta da sexualidade
fundamental, tanto junto
A sua acção deve também incidir junto dos pais esclarecendo-os e provindoos de ferramentas que facilitem a sua intervenção pedagógica junto dos
dos próprios adolescentes,
A sexualidade expressa-se de inúme-
seus filhos, incentivando-os a fazer
como junto dos pais,
ras formas. A roupa que se veste, o tipo
escolhas certas e a tomar as devidas
para que estejam mais
de música que se ouve, a forma como
precauções. Para os adolescentes que
atentos e compreendam
se dança, como e com quem se estabe-
procurem acompanhamento perso-
melhor as alterações que
lecem relações.
nalizado existem ainda Gabinetes de
ocorrem, para que respondam de
A adolescência é uma fase de aventura
Apoio à Sexualidade Juvenil do Instituto
forma mais adequada
e descoberta, em que emoções e dese-
Português da Juventude, e consultas do
e fundamentada às questões
jos são vividos de forma muito intensa.
Adolescente e Planeamento Familiar
dos filhos.
Torna-se por isso ainda mais importan-
em Centros de Saúde.
38 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
O farmacêutico, próximo como está da sua comunidade, tem uma importante intervenção junto dos jovens, tanto individualmente como em grupo, ou mesmo na escola, promovendo uma eficaz prevenção de comportamentos de risco e ajudando-os a compreender atitudes e comportamentos. Os serviços de saúde sexual e repro-
Independência – ser capaz de tomar as
Apesar da grande predisposição para
dutiva para jovens devem ser:
suas próprias decisões e agir com base
reter conhecimentos, na adolescên-
• Confidenciais
no seu pensamento, avaliação e deci-
cia existe uma grande dificuldade
• Acessíveis
são. Com o desenvolvimento cognitivo
em pedir ajuda, muitas vezes por
• Livres de preconceitos
e intuição os adolescentes enfrentam
necessidade de sentir autonomia e
• Assegurar um leque
novas responsabilidades e apreciam os
independência o que pode levar a
seus próprios pensamentos e acções.
que não sejam tomadas as melhores
Pensam na sua vida futura.
opções.
diversificado de recursos
Com identidade própria...
Auto-estima – o que sente sobre si
É importante ter presente que nesta
estima devido às mudanças abrup-
fase do desenvolvimento emerge:
tas que ocorrem, e aumenta no
É muitas vezes difícil para os jovens
Identidade – sentido de si próprio e
final da adolescência quando já foi
falar com os pais sobre temas asso-
autoconhecimento das suas caracterís-
adquirida uma noção mais concreta
ciados a preconceitos, ou obter as
ticas e personalidade. Progressiva acei-
de quem são.
respostas que desejam.
tação de si próprio, em que se sinta se-
Numa fase tão vulnerável e aberta a
Os livros e a internet são ferramen-
guro e confortável, com um corpo mais
novas experiências os riscos são mui-
tas importantes, mas quando as
maduro, com capacidade de avaliação,
tos, como o consumo de drogas e ál-
questões são mais complexas, a in-
de decisão, de resolução de problemas.
cool e comportamentos impróprios.
tervenção do farmacêutico é uma
próprio. No início da adolescência é comum uma diminuição da auto-
Um diálogo sempre disponível
mais-valia, sendo a farmácia um re-
Pais em diálogo com os filhos
curso acessível e próximo, no qual
Algumas recomendações
• Não espere até que o seu filho
não é necessário marcar hora. • Deixe-o perceber que está aber-
lhe faça perguntas
• Conheça e domine as mensagens que quer transmitir • Procure “momentos educativos”, em que estejam juntos e seja favorável a partilha de mensagens e valores
to ao diálogo • Procure compreender o ponto
de vista do seu filho
• Faculte informação escrita,
com conteúdo credível e ajustada à idade do seu filho
Tendo em consideração a idade dos jovens, é importante que uma intervenção neste âmbito contribua para o conhecimento dos factos e componentes que integram a vivência da sexualidade, para a tomada de atitudes positivas e para a aquisição das competências individuais reflectidas no quadro. Farmácia Portuguesa | 39
informacao terapeutica Conhecimento
Atitudes
Competências individuais
Das dimensões anatómica, fisiológica, psicológica, afectiva e sociocultural da expressão da sexualidade Das noções de higiene corporal Da diversidade de comportamentos sexuais ao longo da vida e das diferenças individuais Dos mecanismos da reprodução Do planeamento familiar e, em particular, dos métodos contraceptivos Das doenças de transmissão sexual, formas de prevenção e tratamento Das ideias e valores com que as diversas sociedades foram encarando e encaram a sexualidade, o amor, a reprodução e a relação entre os sexos Dos recursos existentes para a resolução de situações relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva Dos tipos de abuso sexual e das estratégias de agressão
Das dimensões anatómica, fisiológica, psicológica, afectiva e sociocultural da expressão da sexualidade Das noções de higiene corporal Da diversidade de comportamentos sexuais ao longo da vida e das diferenças individuais Dos mecanismos da reprodução Do planeamento familiar e, em particular, dos métodos contraceptivos Das doenças de transmissão sexual, formas de prevenção e tratamento Das ideias e valores com que as diversas sociedades foram encarando e encaram a sexualidade, o amor, a reprodução e a relação entre os sexos Dos recursos existentes para a resolução de situações relacionadas com a saúde sexual e reprodutiva Dos tipos de abuso sexual e das estratégias de agressão
Expressar os seus sentimentos e opiniões Tomar decisões e aceitar as decisões dos outros Comunicar acerca do tema da sexualidade Aceitar os tipos de sentimentos que podem estar presentes nas diferentes relações entre as pessoas Adoptar comportamentos informados em matérias como a contracepção e a prevenção das infecções de transmissão sexual Adequar as várias formas de contacto físico aos diferentes contextos de sociabilidade Reconhecer situações de abuso sexual, identificar soluções e procurar ajuda Identificar e saber aplicar respostas assertivas em situações de injustiça, abuso ou perigo e saber procurar apoio, quando necessário.
Quadro 1- Linhas orientadoras da educação sexual: objectivos quando a conhecimentos, atitudes e competências individuais Fonte: www.portaldasaude.pt
Participação do farmacêutico no grande objectivo da educação sexual – contribuir para uma vivência mais informada, mais gratificante, mais autónoma e mais responsável da sexualidade.
Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com Sexualidade e Adolescência: folheto Escolhas para a Vida, disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação
Conclusão
Saúde desde Julho de 2008.
A intervenção da farmácia junto dos adolescentes e pais constitui mais uma oportunidade de diferenciação, indo ao encontro das necessidades.
Esta
intervenção
passa não só pelo aconselhamento na farmácia, mas também pela articulação com outras estruturas e Linhas telefónicas de apoio Sexualidade em Linha 808 222 003 Linha SOS Grávida 808 20 11 39 Linha SOS SIDA 800 20 10 40 Linha SIDA 800 26 66 66
entidades, para que o apoio prestado aos jovens seja o mais eficiente e abrangente possível, garantindo os requisitos de confidencialidade, e proporcionando aos adolescentes toda a informação e auxílio necessários na descoberta da sua própria pessoa e na sua formação
Bibliografia 1. Dattani, M., Brook, C. (2002). Problemas de Saúde no Adolescente. Em: Harrison Medicina Interna. 15ª edição. Macgraw-Hill Interamericana do Brasil, Ltda. 2. Instituto Português da Juventude. Saúde e sexualidade juvenil. Acedido na internet em: http:// juventude.gov.pt/Portal/SaudeSexualidadeJuvenil/ 3. Manual Merck para a família. Puberdade e problemas na adolescência. Acedido na internet em: http://www.manualmerck.net/ 4. Medline Plus (2007). Adolescent development. Acedido na internet em: http://www.nlm.nih. gov/medlineplus/ency/article/002003.htm 5. Portal da Saúde.(2005). Educação sexual e reprodutiva. Acedido na internet em: http://www. portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/saude+escolar/educacaosexual.htm 6. Pray, W., Pray, J. (2003). Counseling teens on sex. US Pharmacist 28:12. Acedido na internet em: http://www.uspharmacist.com/index.asp?show=article&page=8_1174.htm 7. WHO.(2006). Promoting and safeguarding the sexual and reproductive health of adolescents. Reproductive Health and Research, Child and Adolescent Health and Development. World Health Organization, Geneva, Switzerland 8. WHO. (2003). Preparing for adulthood: adolescent sexual and reproductive health. Department of Reproductive Health and Research, World Health Organization, Geneva, Switzerland 9. Sexuality Information and Education Council Of The United States. (2005). Talk about sex. Acedido na internet em: http://www.siecus.org/_data/global/images/TalkAboutSex.pdf 10. UNFPA. Supporting Adolescents and Youth. Acedido na internet em: http://www.unfpa. org/adolescents/index.htm 11. Aventura Social & Saúde (2006). Comportamento sexual e Conhecimentos, crenças e atitudes face ao VIH/sida. Relatório Preliminar disponível em: www.aventurasocial.com 12. Projecto ROSA – APF. Gravidez e maternidade adolescente. Associação Portuguesa para o Planeamento da Família. Acedido na internet em: www.apf.pt
pessoal, contribuindo para a sua
Outros recursos sobre sexualidade:
saúde sexual e reprodutiva.
• Disponível em www.anfonline.pt
40 | Farmácia portuguesa
Farmรกcia Portuguesa | 41
informacao terapeutica
Osteoporose A epidemia silenciosa A osteoporose é uma doença crónica e debilitante que, por ser igualmente muito comum representa um grave problema de saúde pública, com elevados custos, económicos e sociais, devido às suas consequências em termos de morbilidade e à fraca adesão dos doentes às terapêuticas instituídas e às medidas não farmacológicas que visam a prevenção de fracturas.
Texto elaborado
A osteoporose é caracterizada por
resultar em dor intensa, diminuição da
Osteporose quando a densidade mine-
por Joana Pinto,
diminuição da massa óssea e deterio-
altura, alterações da postura com os
ral óssea (DMO) da coluna lombar ou do
cedime@anf.pt
ração da microarquitectura do osso,
ombros avançados e o abdómen pro-
colo do fémur corresponde a um índice
com aumento do risco de fractura.
eminente, ou deformidades, e ter um
T < -2,5. O índice T relaciona a (DMO) do
A diminuição progressiva da massa
impacto significativo na mobilidade,
indivíduo com a DMO correspondente
óssea não é reflectida em sintomas
independência e qualidade de vida.
ao pico máximo da massa óssea (de um
e, muito vulgarmente, a osteoporo-
De acordo com a OMS, considera-se
grupo jovem do mesmo sexo). 2
2
se só é reconhecida quando ocorre Critérios de diagnóstico da Osteoporose segundo a OMS2
uma fractura. Numa pessoa com osteoporose, mesmo um traumatismo
T≥-1
Normal
- 2,5 < T < - 1
Osteopénia (baixa massa óssea)
nar uma fractura.
T ≤ - 2,5
Osteoporose
Cerca de 2/3 das fracturas vertebrais são
T ≤ - 2,5 + fractura de fragilidade
Osteoporose grave
ligeiro, um movimento mais brusco ou um espirro mais forte pode origi-
assintomáticas. 42 | Farmácia portuguesa
2
No entanto, podem
30
an
19 78 •
A presença de 1 factor de risco major, ou de 2 minor, justifica a
A osteoporose no homem
medição da massa óssea com o objectivo de identificar indivíduos
Os homens têm ossos maiores e mais fortes do
em risco. A idade, só por si, é considerada um factor de risco major,
que as mulheres o que justifica, em parte, o facto
nas mulheres acima dos 65 anos e nos homens acima dos 70 anos.
de a osteoporose afectar menos homens do que
Indicações para realizar uma densitometria 2
os
20 08
mulheres. No entanto, tal com nas mulheres, a di-
Factores de risco
minuição fisiológica dos níveis de testosterona e
As mulheres podem perder até 20% da sua massa óssea nos 5 a 7 anos
sulta num declínio progressivo da densidade óssea
que se seguem à menopausa, o que as torna mais susceptíveis à osteo-
que pode levar à osteoporose.
estrogénio, consequência do envelhecimento, re-
porose. Há, no entanto, outros factores de risco a considerar, co2
A osteoporose no homem
muns a homens e mulheres. Em todas as mulheres pós-menopáusicas e todos os homens com mais de 50 anos deve ser investigada a existência de factores de risco para osteoporose.2
• A relação entre DMO baixa e o risco de fractura é menos evidente do que na mulher. • A prevalência de factores de risco e de causas secundárias é elevada, abaixo dos 65 anos. • Não é possível identificar o momento em que
Factores de risco major 2 - Idade superior a 65 anos ( ) ou a 70 anos ( ) - Fractura vertebral prévia - Fractura de fragilidade (por trauma reduzido) depois dos 40 anos - História de fractura da anca num dos progenitores - Terapêutica corticóide sistémica com mais de 3 meses de duração - Menopausa precoce (< 40 anos) ( ) - Hipogonadismo (baixos níveis de estrogénios - ( ) ou de testosterona e estrogénios - ( )) - Hiperparatiroidismo primário - Maior propensão para quedas
Factores de risco minor 2 - Artrite reumatóide - História de hiperparatiroidismo
ocorre um aumento significativo da reabsorção óssea com o consequente aumento do risco de fractura.
- Terapêutica crónica com antiepilépticos
Prevenção da osteoporose
- Terapêutica crónica com heparina
Prevenir a osteoporose tem por objectivo atin-
- Baixo aporte de cálcio na dieta - Tabagismo
gir um bom pico de massa óssea. A prevenção assenta na identificação e correcção precoce dos factores de risco modificáveis, principalmente os que se relacionam com o estilo de
- Consumo excessivo de café (> 2 chávenas por dia)
vida – hábitos alimentares e actividade física.
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas
do pico de massa óssea que adquiriu até aos
- Índice de massa corporal (IMC) inferior a 19 Kg/m2
Quanto maior for a massa óssea adquirida até
- Perda de peso superior a 10% relativamente ao peso do indivíduo aos 25 anos - Imobilização prolongada
A densidade mineral óssea do adulto depende 18-20 anos. esta altura, menores serão os riscos de desenvolvimento de osteoporose. Por este motivo, a prevenção da osteoporose deve começar na infância, promovendo hábitos alimentares e de vida que contribuam para uma maior quantidade e qualidade de massa óssea. Farmácia Portuguesa | 43
informacao terapeutica
Quatro medidas para melhorar a
O benefício óptimo da terapêutica
considerados terapêutica de primeira
saúde dos ossos e ajudar a prevenir
é conseguido pela melhor adesão à
linha da osteoporose.2
a osteoporose 2:
mesma em associação com medidas
O ranelato de estrôncio reduz as
• Assegurar o aporte alimentar ade-
não farmacológicas que visam a ma-
fracturas vertebrais e, nos idosos
nutenção da massa óssea.
com DMO diminuída ao nível do fé-
quado de cálcio e vitamina D; • Manter consumo proteico
mur, reduz também as fracturas não
adequado;
Os fármacos disponíveis para a tera-
vertebrais, incluindo as da anca.2
• Evitar fumar e o consumo excessi-
pêutica da osteoporose actuam por
Parece actuar tanto por inibição da
inibição da reabsorção óssea – fár-
reabsorção óssea como por estimu-
• Manter uma actividade física re-
macos anti-reabsortivos – ou por es-
lação da sua formação.
gular (exercícios de carga e de for-
timulação da formação óssea - agen-
O raloxifeno (modulador selectivo
talecimento muscular).
tes anabólicos.
dos receptores de estrogénio – SERM),
Os fármacos aprovados para a te-
também com acção anti-reabsortiva,
rapêutica da osteoporose pós-me-
demonstrou eficácia na redução do
nopáusica,
risco de fracturas vertebrais, mas não
vo de álcool, cafeína e sal;
Tratamento farmacológico – Factos a considerar
por
terem
demons-
trado eficácia na prevenção de frac-
em localizações não-vertebrais.2
turas, são os bifosfonatos - alen-
A calcitonina é um fármaco anti-
dronato (ex.: Fosamax®), risedro-
reabsortivo, menos eficaz do que
Apesar de não haver cura para a os-
nato (ex.: Actonel®), ibandronato
outros disponíveis.2
teoporose, ela pode ser tratada de
(ex.: Bonviva®), ácido zoledrónico
A teriparatida (análogo da hormona
forma a prevenir, atrasar ou parar a
(Aclasta®), ranelato de estrôncio (ex.:
paratiróide), único agente anabolizan-
sua progressão.
Protelos®), raloxifeno (ex.: Evista®),
te disponível no ambulatório, está indi-
O objectivo principal da interven-
calcitonina (ex.: Miacalcic®), suple-
cada nos casos de osteoporose grave
ção farmacológica é a prevenção de
mentos de cálcio e de vitamina D e
ou quando exista intolerância/falência
fracturas.
teriparatida (Forsteo®).
dos outros fármacos, não devendo ser
Uma em cada 3 mulheres e 1 em
Os bifosfonatos, alendronato, risedro-
usada por mais de 18 meses.
cada 5 homens, com mais de 50
nato, ácido zoledrónico e, em sub-gru-
A eficácia e segurança da associa-
anos, sofrerão fracturas osteoporóticas
pos de risco, ibandronato diminuem o
ção de fármacos anti-reabsortivos
na ausência de medidas preventivas
risco fracturas vertebrais e não-verte-
na terapêutica da osteoporose não
adequadas.
brais, incluindo da anca.
está demonstrada.2
2
1
44 | Farmácia portuguesa
2, 4
São por isso
30
an
19 78 •
os
20 08
Necessidades em cálcio e vitamina D (DDR)3 Cálcio
Vitamina D
1300 mg/dia
5 µg/dia
1000 mg/dia
5 µg/dia
1300 mg/dia
10 µg/dia
Homens, 19-65
1000 mg/dia
5 µg/dia (19-50) 10 µg/dia (51-65)
Homens, + de 65
1300 mg/dia
15 µg/dia
Adolescentes, 10-18 Mulheres, pré-menopausa Mulheres, pós-menopausa
Há estudos de associação de alendro-
bretudo em indivíduos idosos e/ou
rose é a baixa adesão à terapêutica, a
nado com teriparatida. O alendrona-
com baixa exposição solar, também
médio / longo prazo.
to utilizado antes ou em simultâneo
devem ser considerados na terapêu-
No que respeita aos bifosfonatos,
com a teriparatida parece diminuir a
tica da osteoporose.2
sabe-se que para serem efectivos, o
eficácia desta, enquanto após o seu
Os fármacos actualmente mais uti-
tratamento deve ser mantido a longo
uso, parece prolongar o seu efeito.
lizados na osteoporose masculina
prazo, num período mínimo de um
Nas mulheres e nos homens com ida-
são os bifosfonatos, com ou sem
ano.14, 15 No entanto, a grande maio-
de superior a 65 anos verifica-se uma
suplemento de cálcio e/ou vitamina
ria dos doentes a quem são prescri-
diminuição da absorção intestinal do
D, e a substituição hormonal (testos-
tos interrompe a toma no decurso do
cálcio proveniente da dieta. Em re-
terona), em caso de hipogonadismo
primeiro ano.14, 15
sultado, aumentam os níveis da hor-
(sem evidência de redução do risco
Como consequência, assiste-se ao
mona paratiróide, que vai mobilizar
de fractura).2
desperdício de verbas na comparti-
cálcio a partir dos ossos para repor os
Nos doentes osteoporóticos sob te-
cipação destes medicamentos sem
níveis séricos de cálcio. Este processo
rapêutica, a repetição da avaliação
que os doentes obtenham os desejá-
contribui para a diminuição da massa
da massa óssea como meio de mo-
veis benefícios da terapêutica. 14
óssea nos idosos. Um dos objectivos
nitorização da terapêutica não deve
As exigências da toma correcta des-
da administração de suplementos de
ser feita, regra geral, antes de 18 a 24
tes medicamentos, os seus efeitos
cálcio é, precisamente, compensar a
meses de tratamento cumprido com
secundários e a falta de percepção
baixa absorção intestinal de cálcio,
rigor, podendo ser repetida após
dos doentes dos seus benefícios, as-
reduzindo assim o aumento dos ní-
mais 2 anos.2
sociado à natureza assintomática da
veis da hormona paratiróide.
Uma das principais dificuldades que
doença, são factores que contribuem
Os suplementos de vitamina D, so-
se coloca no tratamento da osteopo-
para esta baixa adesão.4, 5
1
Farmácia Portuguesa | 45
informacao terapeutica Fármaco Alendronato5
Via de administração
Oral
Frequência de administração
Mecanismo
Diário Semanal
Anti-reabsortivo
Factores com impacto na adesão
Baixa biodisponibilidade
Ibandronato6
Oral
Mensal
Anti-reabsortivo
Risedronato7
Oral
Diário Semanal
Anti-reabsortivo
Ácido Zoledrónico8
Intravenosa
Anual
Anti-reabsortivo
Comodidade posológica Menor potencial para reacções adversas esofágicas
Diário
Anti-reabsortivo
Alternativa aos bifosfonatos quando estes não sejam tolerados ou estejam contra-indicados Risco de tromboembolismo venoso Risco de reacções de hipersensibilidade grave (eritema com eosinofilia e sintomas sistémicos)
Diário
Anti-reabsortivo
Efeito protector cardiovascular Não aumenta o risco de cancro da mama ou do útero Risco de tromboembolismo venoso Não recomendada associação com THS Efeito anti-álgico – útil em períodos agudos pós-fractura Alternativa em caso de intolerância ou contra-indicação para outros fármacos mais eficazes Pode causar rinite e ulceração da mucosa nasal Duração máxima do tratamento: 18 meses
Ranelato de estrôncio9
Raloxifeno
10, 11
Oral
Oral
Calcitonina
Nasal
Diário
Anti-reabsortivo
Teriparatida13
Subcutânea
Diário
Anabólico
12
Efeitos gastrintestinais – destaque para o potencial de agressão da mucosa esofágica
Bibliografia
O farmacêutico tem aqui um importante papel na sensibilização dos doentes para a importância de continuarem a tomar a medicação que lhes foi prescrita de forma correcta e durante o período de tempo recomendado. A prestação de informação aos doentes relativa aos reais benefícios das terapêuticas e aos riscos potenciais da osteoporose, associada ao fornecimento de argumentos que sirvam de base para fomentar a necessária adesão à terapêutica, são boas formas de motivar os doentes a melhorar a saúde dos seus ossos, prevenindo o risco de fracturas e mantendo a sua qualidade de vida.
46 | Farmácia portuguesa
1. Invest in your bones – Osteoporosis in men. International Osteoporosis Foundation. 2004 2. Tavares, V, et al. Recomendações para o diagnóstico e terapêutica da Osteoporose. Sociedade Portuguesa de Reumatologia. Sociedade Portuguesa de Doenças Ósseas Metabólicas. 2007 3. Vitamin and mineral requirements in human nutrition. 2 nd ed. World Health Organization and Food and Agriculture Organization of the United Nations 2004 4. Aclasta ® – Scientific Discussion. EMEA. 2005. Disponível em http://www.emea.europa. eu/humandocs/PDFs/EPAR/aclasta/EMEA-H-595-II-10-AR.pdf 5. RCM Fosamax® 10 mg comprimido e 70 mg comprimido. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 6. RCM Bonviva® 150 mg comprimidos. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 7. RCM Actonel® 5 mg comprimido e 35 mg comprimido. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 8. RCM Aclasta® 5 mg solução para perfusão. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 9. RCM Protelos® 2 g pó para solução oral. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 10. Raloxifene. DRUGDEX® System [Internet database]. Greenwood Village, Colo: Thomson Healthcare. Updated periodically 11. RCM Evista® 60 mg comprimido revestido. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 12. RCM Miacalcic® 200 UI solução para pulverização nasal. Disponível em http://www.infarmed. pt/infomed/ (acedido em 26.09.2008) 13. RCM Forsteo® 20 µg/80 µgL solução injectável. Disponível em http://www.emea.europa.eu/ (acedido em 26.09.2008) 14. Staying Power: Closing The Adherence Gap In Osteoporosis. International Osteoporosis Foundation. 2006 15. Staying Power: Why Osteoporosis Patients Don’t Continue With Treatment. . International Osteoporosis Foundation. 2005
Farmรกcia Portuguesa | 47
informacao veterinária
A saúde do gato e
Quando o funcionamento normal do organismo é subitamente perturbado, os animais apresentam alterações visíveis no corpo ou no comportamento.
Como identificar as doenças?
sente necessidade dela. O gato é um
humidade, as bactérias e os parasitas,
animal gracioso e simpático, de movi-
existindo ainda doenças genéticas e
mentos harmoniosos, com uma agili-
doenças psíquicas (comportamento).
No Gato
dade surpreendente.
Os vários tipos de doença terão con-
Os gatos são animais independentes,
É um animal muito limpo e cuida do
sequências diferentes.
não revelando uma mentalidade de
seu pêlo, lambendo-o e alisando-o
O tipo de evolução das doenças divi-
grupo como os cães, pássaros e coe-
incansável e cuidadosamente, do pes-
de-se entre agudas (que surgem su-
lhos. Mantêm, no entanto, a natureza
coço à extremidade da cauda. Oculta
bitamente) e crónicas (cuja progres-
sociável de quem é membro de uma
cuidadosamente os excrementos com
são é lenta e insidiosa).
vasta família; este é o ponto crucial
terra ou areia preparada para esse fim e
A observação do cão doente e as in-
da nossa relação com eles.
que deve ser renovada todos os dias.
formações prestadas pelo dono sobre
Ao ser criado em casa desde peque-
os sintomas observados servem para
nino, o gatinho desenvolve uma
No Cão
identificação da doença (diagnósti-
relação terna e afectuosa com a sua
As causas das doenças são muito
co). Uma vez identificada a doença,
família humana. Não se limita a tole-
diversificadas. Podem ser de origem
determina-se qual o tratamento a
rar a sua companhia, mas aprecia-a e
externa, como o calor, o frio, a
aplicar (terapia).
48 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
do cão
os
20 08
O Exame O proprietário deve conhecer e compreender os vários
os seus sinais normais. Com o gato deve basear-se naquilo
estados de espirito e as alterações de comportamento.
que consegue observar e com o cão, além do que con-
Assim, estará mais alerta e sensível às mudanças que ocor-
segue observar, deve ter em conta aquilo que consegue
ram. Compreender o que se passa com os animais é muito
cheirar e ouvir.
importante.
Ao examinar o animal, deve anotar-se as observações,
A melhor maneira de detectar eventuais doenças do gato
mantendo um registo dos resultados e levá-lo ao veteri-
e do cão é observar cuidadosamente o animal e conhecer
nário quando necessário.
Usar o seguinte guia para exame: O que deve ser observado Gato
Cão
O que é normal no Gato
• Verificar se brinca normalmente;
• Ouvir os sons que ele faz;
Temperatura (rectal): 38,6 ± 0,5 C
• Observar as suas actividades
• Observar as suas actividades
Frequência Respiratória: 16-40/min.
e movimentos;
e movimentos;
Pulsação: 120-140/min.
• Examinar os olhos e verificar
• Cheirar o animal;
Gestação: 58-65 dias
se tem secreções;
• Controlar a frequência cardíaca
Puberdade: 4-12 meses
• Examinar o nariz , a boca e cor
e respiratória;
Cios: tipo-poliéstrica sazonal
das gengivas;
• Verificar a cor das gengivas;
Duração estro: 6-7 dias
• Observar a respiração;
• Beliscar a pele na parte de
• Examinar as orelhas e verificar
trás do pescoço;
O que é normal no Cão
se estão limpas;
• Examinar os olhos, as orelhas, o nariz
Temperatura (rectal): 38,9 ± 0,5 C
• Examinar o corpo e os membros, incluindo patas e unhas;
e a boca;
Frequência Respiratória: 18-34/min.
• Examinar a cabeça e o pescoço;
Pulsação: 70-120/min.
• Examinar cauda, ânus, vulva
• Examinar o corpo e os membros,
Gestação: 58-72 dias
e tecido mamário, pénis, escroto
incluindo patas e unhas;
Puberdade: 5-24 meses
e prepúcio;
• Examinar cauda, ânus, vulva e tecido
Cios: 1º Cio - entre os 6 meses
• Examinar a pele e a pelagem;
mamário, pénis, escroto e prepúcio;
e os 14 meses de idade
• Observar as alterações
• Examinar a pele e a pelagem;
Duração estro: 2-21 dias
gastrointestinais;
• Observar as alterações
(média 6-12 dias)
• Verificar se urina normalmente;
gastrointestinais;
• Controlar os seus hábitos
• Controlar os seus hábitos de higiene;
de higiene;
• Controlar a actividade alimentar
• Controlar a actividade alimentar
e de bebida;
e de bebida.
• Pesar.
Artigo elaborado em colaboração com:
Farmácia Portuguesa | 49
sifarma
Construir o futuro com Sifarma 2000
O Sifarma 2000 é uma ferramenta indispensável ao melhor desempenho profissional na farmácia de oficina e, através dele, à construção de um futuro assente na diferenciação e na qualidade da intervenção.
Mudança e desafios – estas são duas
São desafios colocados pela abertura
de farmácia – enquanto espaço de
palavras-chave para caracterizar o
de novos mercados, pela liberaliza-
saúde, reconhecido como centro de
sector da farmácia de oficina em
ção da venda de medicamentos não
prevenção e terapêutica que, além
Portugal. Mudança condicionada pe-
sujeitos a receita médica, pela libera-
da dispensa de medicamentos e de
los recentes imperativos legais, mas
lização da propriedade da farmácia
outros produtos de saúde, presta ser-
também determinada pela aposta
mas também, inevitavelmente, por
viços farmacêuticos à comunidade.
permanente na inovação e na qua-
uma nova atitude dos consumido-
Esta evolução é essencial para asse-
lidade. Os desafios advêm da conju-
res de cuidados de saúde. O cenário
gurar, a prazo, a sustentabilidade do
gação destas duas realidades, aceites
é de concorrência, propício ao de-
sector. Daí que a estratégia da farmá-
como motor da construção do futuro.
senvolvimento de um novo modelo
cia assente numa nova atitude profis-
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30
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os
20 08
Um melhor desempenho profissional Esta é a grande mais-valia do Sifarma 2000, um sistema concebido para consolidar a relação das farmácias com os utentes na perspectiva de uma prática profissional assente na diferenciação pela qualidade. Sistema com múltiplas funcionalidades, que coloca o utente no centro do atendimento. Assim, de todo sional, na qual se destacam três ob-
pas de mais e melhores suportes de
jectivos – marcar a diferença, inovar
intervenção, de mais competências,
e adquirir maior valor competitivo. A
num espírito de abertura à mudança.
diferença consegue-se promovendo novos serviços, reforçando a imagem das farmácias, aumentando a sua visibilidade no exterior, associando-a a produtos e serviços de saúde, os quais trazem valor acrescido junto
Sifarma 2000 – O sistema de informação como elo diferenciador
dos consumidores. No fundo, criando uma identidade comum a partir
Neste enquadramento, os utentes,
de um projecto coeso.
enquanto consumidores de cuidados
Inovar implica ser capaz de criar
de saúde, assumem o lugar central
modernidade a partir do património
na intervenção da farmácia. Os uten-
já conquistado – para as Farmácias
tes são assim reconhecidos como o
Portuguesas não se trata de partir do
maior activo das farmácias. E todos
zero, mas sim de renovar na conti-
são importantes – os habituais, cuja
nuidade de uma intervenção que se
fidelização importa consolidar, e os
tem revelado uma mais-valia bem-
novos, que há que conhecer melhor
-sucedida.
e fidelizar. O investimento deve, as-
Quanto à competitividade, é essen-
sim, ser dirigido para a satisfação
cial para enfrentar os desafios do
dos utentes, respondendo às suas
novo contexto de mercado. Também
necessidades, e preferencialmente
aqui a atitude é de evolução na con-
superando expectativas, dando res-
tinuidade, reforçando a qualidade da
posta a um nível de exigência que é,
intervenção profissional.
reconhecidamente, crescente. Mas
O que está em causa é a diferencia-
sempre privilegiando a proximidade
ção pela prestação profissional, pela
e a confiança de longa data, estabe-
qualidade dos serviços prestados,
lecida em parceria com o seu farma-
dotando as farmácias e as suas equi-
cêutico.
o potencial que o Sifarma 2000 disponibiliza às farmácias, destaca-se: • A possibilidade de registar dados essenciais dos utentes (com total confidencialidade) como o nome, o nº de beneficiário, o subsistema de saúde, contactos, entre outros; • O registo do histórico terapêutico de cada utente, com a possibilidade de aceder, a qualquer momento, a informação relativa aos medicamentos que já tomou ou ainda toma, e à forma como os está a tomar; • Avisos de segurança (contra-indicações, interacções, reacções adversas e terapia duplicada), que surgem de forma automática durante o atendimento, e que resultam do cruzamento da informação científica associada a cada medicamento ou produto de saúde, com a informação que caracteriza o utente com acompanhamento, registada no seu perfil. Desta forma, é garantido o melhor aconselhamento, personalizado ao utente e dirigido àquela dispensa em particular; • Registo da intervenção profissional, documentando-a e permitindo a recolha de dados para uma posterior avaliação. São valências que potenciam um relacionamento mais próximo com cada utente, mas também com os parceiros. O Sifarma 2000 constitui, pois, uma vantagem competitiva para as farmácias, pedra basilar da estratégia do sector.
Farmácia Portuguesa | 51
sifarma Cimentar a relação com os utentes é indissociável da ges-
prestação de serviços e uma maior diversificação desses
tão e partilha de informação. Daí a importância que assu-
serviços. O Sifarma 2000 é assim o suporte essencial para
me o Sifarma 2000, enquanto sistema de informação da
a fidelização dos utentes. Não só dos habituais, mas so-
farmácia. Não se trata apenas de mais um instrumento de
bretudo dos novos utentes, fixando-os pela diferença.
trabalho, mas sim de uma ferramenta valiosa para a ob-
Fidelizar os utentes que estão de passagem é o desafio,
tenção de ganhos em saúde, para a poupança de recursos
consegui-lo a prova do sucesso.
e para a consolidação da imagem de credibilidade das far-
É um caminho que é preciso percorrer com espírito aberto
mácias junto dos seus utentes.
e persistência, com empenho e motivação. Estabelecendo,
É esta a diferença que marca o Sifarma 2000, um siste-
passo a passo, objectivos mais ambiciosos. Oferecendo
ma informático ao serviço de um projecto profissional.
aos utentes maior profissionalismo, melhor aconselha-
Equipar as farmácias com este sistema traduz um inves-
mento, mais informação, maior segurança. Diferenciando
timento com retorno real e significativo. Porque potencia
cada farmácia pela qualidade do serviço prestado, mas
a optimização do atendimento, aumenta a capacidade e
tornando também cada farmácia um elo único mas forte
rapidez da resposta, permite uma maior capacidade de
num projecto coeso. De futuro.
A perspectiva da Farmácia Belém (Lisboa)
Um sistema fiável
Foi em Maio último que a Farmácia Belém, em Lisboa,
à intervenção farmacêutica. Elogia, em particular, as
transitou para o Sifarma 2000, movida pelas exigências da
actualizações efectivas, com enfoque no dia-a-dia
certificação de qualidade, que ditaram a necessidade de um
da farmácia. Tal como elogia a “máquina eficiente”
sistema informático que funcionasse como uma ferramenta
que está na retaguarda, “uma equipa que conhece as
mais integrada na intervenção da farmácia.
necessidades das farmácias”.
Uma ferramenta que permitisse um melhor serviço e
Dessa estrutura fazem parte os formadores que – sublinha
fosse mais fiável. Ora, são duas características que o
– conhecem a fundo o programa. Daí que tenha esgotado as
Sifarma 2000 reúne, conforme explica o proprietário e
horas de formação incluídas no pacote de implementação
director técnico da farmácia, Francisco Mendes: “A dada
do sistema e que tenha optado por formação adicional,
altura passei a identificar-me mais com o Sifarma 2000, é
de modo a explorar as funcionalidades do Sifarma 2000,
incomparavelmente mais evoluído”.
incluindo as que são menos evidentes no dia-a-dia mas que,
Rendeu-se às virtualidades técnicas do sistema, muito
acredita constituem uma mais-valia.
embora, do ponto de vista dos princípios, defenda que
A equipa da Farmácia Belém adaptou-se com funcionalidade
devem existir sistemas alternativos que proporcionem
ao novo sistema, que lhe oferece fiabilidade aos diversos
oportunidade de escolha, num ambiente de
níveis – informático e farmacêutico – e confiança.
competição saudável.
E os próprios utentes colhem os benefícios desta ferramenta.
Da ferramenta com que trabalha há cerca de meio
Diz Francisco Mendes que o sistema anterior gerava “alguma
ano retém que se trata de sistema “mais estudado,
entropia”, que desapareceu com a instalação do Sifarma
mais validado”, sobretudo na parte científica, de apoio
2000, mais estável como suporte a um serviço sem erros.
52 | Farmácia portuguesa
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20 08
A experiência da Farmácia Nova de Aviz
O valor da informação A informação científica actualizada
O contacto com o Sifarma permitiu-
na instalação do sistema em postos
é o que a proprietária e directora
-lhe despertar para um sistema
farmacêuticos.
técnica da Farmácia Nova de Aviz,
“muito bem estruturado” e “com
Com o Sifarma 2000, Maria João
Maria João Grades, mais valoriza no
mais vantagens”. E de entre essas
Grades não hesita em afirmar que
Sifarma 2000, com o qual trabalha
vantagens elege as actualizações
o atendimento “tem melhorado
desde Abril último.
constantes e a qualidade da
muito” e que “os utentes estão mais
Com uma farmácia e dois postos
informação científica.
satisfeitos”. Responder às questões
farmacêuticos no concelho
A mudança foi fácil. Toda a equipa
dos utentes é agora mais fácil, graças
alentejano de Aviz, estava
recebeu formação, com os primeiros
à eficiência do sistema enquanto
descontente com o sistema
dias de implementação a serem
ferramenta informática e à qualidade
informático anterior, nomeadamente
acompanhados por técnicos da
e abrangência da informação
pela escassez das actualizações e por
Consiste.
científica.“É um suporte fidedigno
dar origem a erros de inventário na
Houve uma boa adaptação, tendo a
que nos poupa tempo e liberta para
transferência de produtos.
Farmácia Nova de Aviz sido pioneira
outras tarefas”, sintetiza.
Projecto de Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000
Acções de formação
Dotar a equipa da farmácia das ferramentas indispensá-
sões de formação, com 2 das sessões previstas nos Açores. O
veis à utilização do Sifarma 2000, optimizando todas as
número de acções de formação a realizar em 2009 apresenta
suas funcionalidades, é o objectivo das acções de for-
um incremento de cerca de 50% relativamente ao corrente
mação promovidas pela Escola de Pós-Graduação em
ano de 2008 dada a crescente procura, sinal da inequívoca
Saúde e Gestão em parceria com o CEDIME (Centro de
aposta das Farmácias neste projecto profissional.
Documentação e Informação de Medicamentos, da ANF). Com uma forte componente prática, estas acções de formação têm por principal objectivo a implementação efec-
Para o primeiro trimestre de 2009 estão previstas as seguintes sessões: MÊS
DIA
LOCAL
HORÁRIO
Janeiro
15 (quinta-feira)
Consiste Porto
10:00 - 18:00
Janeiro
16 (sexta-feira)
Consiste Porto
10:00 - 18:00
Janeiro
21 (quarta-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
Janeiro
22 (quinta-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
projecto profissional representar uma aporta estratégica
Janeiro
23 (sexta-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
das Farmácias Portuguesas, são acções de formação sem
Fevereiro
02 (segunda-feira)
ANF Coimbra
10:00 - 18:00
Fevereiro
03 (terça-feira)
ANF Coimbra
10:00 - 18:00
Março
10 (terça-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
da ao longo do ano por Lisboa, Porto e Coimbra.
Março
11 (quarta-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
No próximo ano de 2009 irão realizar-se um total de 40 ses-
Março
12 (quinta-feira)
ANF Lisboa
10:00 - 18:00
tiva do Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000 no dia-a-dia da Farmácia. Parte integrante do pacote de formação essencial do Sifarma2000, e pelo facto deste
custos associados, que decorrem de forma descentraliza-
Farmácia Portuguesa | 53
museu da farmácia Da realidade para a ficção
“Equador” passa pelo
O Museu da Farmácia foi palco das filmagens da série televisiva “Equador”, uma adaptação do romance de Miguel Sousa Tavares. Uma experiência gratificante para os actores e demais equipa, mas também para a direcção do museu, apostada na abertura à sociedade. Durante quatro dias de Setembro,
nome à farmácia centenária que, na
reservou lugar a uma farmácia nem a
filmaram-se 49 cenas, corresponden-
realidade, foi propriedade de Alcino
um farmacêutico, contemplados, no
tes a 41 minutos da série televisiva
Teixeira.
entanto, nesta adaptação para televi-
“Equador”, uma produção da TVI a par-
E Miguel Seabra é o actor que lhe veste
são. Uma oportunidade que a direcção
tir do romance homónimo de Miguel
a pele, reproduzindo para as câmaras
do Museu da Farmácia aproveitou,
Sousa Tavares. Durante esses quatro
gestos inspirados no quotidiano de
cumprindo aquele que é um dos ob-
dias, mais de 70 pessoas partilharam
um farmacêutico do virar de anos en-
jectivos primordiais: abrir a instituição à
o espaço do Museu da Farmácia, cons-
tre os séculos XIX e XX. Joana Solnado
sociedade, colocando-a ao serviço dos
truindo ficção em cenários que teste-
é Eduarda, filha e ajudante na farmácia,
diversos saberes e das diversas mani-
munham a evolução da Farmácia em
eixo de um duelo amoroso que opõe
festações de cultura.
Portugal e no Mundo.
os galãs Diogo Amaral e Hugo Tavares.
João Neto, director do museu, é um
Dessas 49 cenas foi palco a Farmácia Liberal, que no início do século XX
acérrimo defensor do rigor na recons-
Pelo rigor histórico
pontuava na Avenida da Liberdade,
tituição de ambientes históricos. Os contactos havidos com a produção de
em Lisboa, e que na televisão será vista
São personagens da série, mas não o
“Equador”, iniciados na transição do
em São Tomé. Na ficção, António Faria
foram na obra de Miguel Sousa Tavares.
ano, resultaram num acerto de ideias
é o farmacêutico que vai emprestar o
A inspiração do escritor e jornalista não
de modo a que a farmácia assumisse
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19 78 •
os
20 08
Museu da Farmácia Um espaço inesperado um papel de relevo. Daí a intervenção
A mesma época histórica esteve,
objectos cedidos para a telenovela
no sentido de zelar pelo rigor histórico
aliás, subjacente a outra colaboração
“Queridas feras” que a TVI exibiu em
e científico, acompanhando as filma-
do Museu da Farmácia com a ficção na-
2004. Em estúdio foi recriada uma far-
gens de modo a que os erros fossem
cional – “O dia do regicídio”, série que
mácia à imagem e semelhança de uma
mínimos.
a RTP transmitiu em Fevereiro último
actual, tendo o museu contribuído
Houve a preocupação essencial de
para assinalar o centenário do assassí-
com diversos objectos, nomeadamen-
apresentar o farmacêutico enquanto
nio de D. Carlos e do herdeiro do trono,
te posters de promoção da saúde.
cientista e investigador, uma faceta
D. Luís Filipe.
São retalhos de uma relação aberta e
menos conhecida mas determinante
As filmagens ocorreram em Novembro
permanente do Museu da Farmácia
no tempo em que os medicamentos
de 2007, na mesma farmácia. É aí que
com a sociedade. Para que a memória
eram exclusivamente manipulados.
Manuel Buíça (encarnado pelo actor
não fique esquecida, deles ficarão tes-
Era, aliás, português e farmacêutico o
Ricardo Aibéo), um dos anarquistas
temunhos, nomeadamente adereços
investigador que desenvolveu um dos
que ditaria o derrube da monarquia, vai
usados em “Equador”. E impressões,
primeiros medicamentos contra a ma-
buscar medicamentos para a mulher.
transmitidas à direcção do museu por
lária, flagelo de São Tomé, onde decor-
A Farmácia Liberal representa-se a si
quem viveu aqueles quatro dias de
re parte da trama de “Equador”.
mesma, só não está – como nos anos
filmagens num espaço para a maioria
Além de João Neto, também a conser-
de 1900 – na Avenida da Liberdade.
desconhecido.
vadora do museu, Paula Basso, acom-
Antes já o museu havia emprestado
Desses dias, João Neto retém uma
panhou as filmagens, zelando pelo
peças e conhecimento à televisão pú-
mão cheia de emoções: “Saíram feli-
enquadramento histórico das cenas,
blica, enriquecendo dois episódios da
zes”, sintetiza. É o que transparece das
aconselhando os objectos mais ade-
série “O lugar da História” – um, sobre
palavras escritas nas folhas brancas de
quados e orientando sobre o modo
os estrangeiros do século das luzes, re-
um exemplar do romance de Sousa
como eram utilizados à época.
trata a vidra e obra de Ribeiro Sanches,
Tavares. Falam, unanimemente, de um
O contributo do museu envolveu ain-
obrigado a fugir de Portugal em am-
espaço inesperado. E Miguel Seabra, o
da a disponibilização de uma farmácia
biente de suspeição sobre os judeus, o
farmacêutico António Faria, agradeceu
portátil da sua colecção para integrar
outro acerca do papa João XXI. No pri-
a “oportunidade privilegiada de mer-
a bagagem que Luís Bernardo (o actor
meiro, salienta-se o lado da preparação
gulhar num universo fascinante”.
Filipe Duarte), o personagem principal
de medicamentos, com o realismo de
Cumpriu-se um desejo expresso por
do livro e da série, vai levar para São
uma farmácia portátil do século XVIII
Raul Solnado, o primeiro actor a visitar
Tomé, obrigado a deixar a vida mun-
disponibilizada pelo museu. No segun-
o museu: “Era engraçado fazer aqui
dana da alta sociedade lisboeta para
do, estão em evidência diversas peças
qualquer coisa...”. Estava-se em 1998 e,
cumprir ordens do rei D. Carlos, que o
islâmicas, evocativas das cruzadas.
dez anos depois, Joana, a neta, filmava
incumbiu de governar a ilha.
Bem mais contemporâneos são os
“Equador”... Farmácia Portuguesa | 55
laboratório rh A importância da Formação na Qualificação e Requalificação dos Profissionais
O Sector das Farmácias: uma actividade económica em constante mudança
Face ao ritmo cada vez mais acelera-
empresas são de pequena dimensão,
do das constantes transformações em
maior preocupação deve existir com os
contexto de uma economia global
seus profissionais.
operadas nos campos económico,
No caso das Farmácias, esse factor é
político, social e tecnológico cresce a
tanto ou mais crítico porque está mui-
tomada de consciência de que não há
to exposto, existe uma grande compe-
margem para estratégias empresariais
titividade entre elas, a concorrência é
(principalmente quando são empresas
feroz e é muito marcado pelo conheci-
As Farmácias têm sido alvo de profun-
de pequena dimensão) que não tirem
mento e pela qualificação dos seus re-
das transformações desde as últimas
partido do desenvolvimento do seu ca-
cursos humanos, ou seja estes marcam
décadas, associadas a novas exigên-
pital humano. Quando essas mesmas
a diferença.
cias que não são compatíveis com an-
56 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
tigos pressupostos. Estas alterações
principal elemento de criação de valor
integrada da gestão da Farmácia. Deve
resultam de inúmeras mudanças, des-
e sustentação de competitividade para
corresponder simultaneamente aos de-
de evoluções tecnológicas (introdução
a Farmácia.
sejos dos colaboradores e às necessida-
de computadores, softwares especia-
Consequentemente a estas constantes
des da Farmácia, de forma a contribuir
lizados, robots), alterações políticas,
transformações, o seu capital humano
positivamente para uma melhoria con-
sociais e económicas, da constante
(Farmacêuticos) não pode estar disso-
tínua da qualificação dos profissionais e
preocupação de inovar nos métodos
ciado, enquanto agentes de pilotagem
do desenvolvimento organizacional.
e processos, da emergência de novas
da mudança têm de ser forçosamen-
Como em qualquer sector de activida-
necessidades por parte dos clientes
te envolvidos. Como tal, terão de ser
de existem alguns requisitos básicos
(por exemplo a incorporação da der-
dotados de novas competências que
formativos para o desempenho das
mocosmética, e do espaço de veteri-
acompanham a constante evolução do
funções presentes numa farmácia.
nária, no surgimento de uma oferta
sector da Farmácia.
Conforme os papéis esses requisitos
mais alargada de prestadores de servi-
Para dotar os Farmacêuticos de com-
são de âmbito académico e/ou profis-
ços, como por exemplo a admissão de
petências necessárias para o desempe-
sional. Complementarmente, os profis-
novos profissionais da Saúde, nome-
nho da função, é necessário cada vez
sionais destas organizações deverão ter
adamente, Enfermeiros, Técnicos de
mais a Direcção Técnica estar sensibili-
boas competências de comunicação.
Diagnóstico e Terapêutica e profissio-
zada para a importância da Formação
Assim, no momento da constituição da
nais das terapêuticas não convencio-
na Qualificação e Requalificação dos
equipa ou quando é necessário substi-
nais (Nutricionista, Dietista, Podologista,
Profissionais de Farmácia.
tuir um profissional deve ser acautela-
Higienista Oral, Optometrista, Técnico
Não basta apenas a Formação base do
da a existência dessas competências ou
de Audiologia, Terapeuta da Fala,
capital humano da empresa: o desen-
programada a formação que permita
Terapeuta Ocupacional, Técnico de
volvimento profissional ao longo de
ao profissional adquiri-las.
Cardiopneumologia).
toda a carreira, e a constante actualiza-
Não existe uma receita universal de
A Integração de novas funções asso-
ção do conhecimento, é, hoje em dia,
quais os tipos de formações base é que
ciadas à prestação de Novos Serviços
um aspecto marcante na profissão do
cada Farmácia deve deter, existem sim
na Farmácia assenta no princípio geral
Farmacêutico.
várias alternativas e metodologias de
Artigo elaborado por
de que o desenvolvimento das compe-
A Formação deverá ser um investimen-
Formação que devem ser administra-
Fernanda Almeida,
tências dos Farmacêuticos constitui o
to planeado segundo uma perspectiva
das segundo as necessidades dos seus
directora-geral da RHM
Farmácia Portuguesa | 57
laboratório rh Para se definir uma política de formação deve-se ter em consideração as seguintes etapas:
Identificação das necessidades de formação (técnicas, compor-
Concepção e planeamento
tamentais e outras)
das acções de formação
Feedback
Avaliação da eficácia
Realização das acções
da formação
de formação
Recursos Humanos, tendo como preo-
máticas específicas do seu seio laboral.
a que os formandos não sejam víti-
cupação alcançar o objectivo estraté-
Uma das formas de potenciar esta in-
mas de formações excessivas, nem
gico adoptado pela Farmácia e a meta
formação é fomentar a comunicação,
da falta dela.
que cada uma pretende alcançar.
saber ouvir os seus colaboradores,
A Etapa da Concepção e Planeamento
O Director Técnico deve estar atento
incentivar a curiosidade, a pesquisa, a
das Acções de Formação, é aque-
aos seus colaboradores, percepcionar
capacidade de encontrar soluções cria-
la onde se hierarquizam as acções e
quais as necessidades específicas de
tivas, a iniciativa, a afirmação pessoal e
transcrevem as necessidades de forma-
cada profissional, onde é que existem
estimular a autoconfiança.
ção em objectivos operacionais, bem
lacunas ao nível dos seus Recursos
A Etapa da Identificação das Nece-
como programar os conteúdos e quais
Humanos e depois sim identificar no
ssidades de Formação, é aquela em
os programas específicos, as estraté-
mercado quais as formações mais indi-
que se define o que se pretende re-
gias pedagógicas mais adequadas, a
cadas, que possam agir sobre as proble-
solver através da formação, de modo
organização dos recursos disponíveis
58 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
e a calendarizar as acções. A Etapa da
ocupação que o Director Técnico têm
Um projecto formativo beneficia a res-
Realização das Acções de Formação
em formar os seus profissionais tendo
pectiva farmácia em três vertentes:
é aquela onde se verifica o desenvol-
como objectivo prestar um serviço de
- Organização;
vimento da acção ou seja, se faz a im-
excelência aos seus clientes.
- Equipas;
plementação e o acompanhamento. A
Faz sentido lembrar que o novo para-
- Pessoas.
Etapa Avaliação da Eficácia da Acção é
digma da relação do indivíduo (EU, SA)
Na organização, melhora a sua efici-
aquela onde se faz a avaliação de todo
com o mercado de trabalho, em que
ência/eficácia. As equipas reforçam a
o processo de intervenção formativa,
o mesmo é dono de si próprio e das
coesão e o espírito de entreajuda. As
se avaliam os resultados de aprendiza-
competências pessoais que vende ao
pessoas aumentam a sua auto-estima
gem que deve incidir sobre os objecti-
mercado, leva a que as organizações
e reforçam a sua identidade conjunta-
vos previamente traçados para aferição
tenham de ser apelativas nas condi-
mente com os objectivos da Farmácia.
de quais os resultados obtidos. Não faz
ções que oferecem tanto ao nível sala-
Neste sentido, a Formação deve ser en-
sentido realizar acções de formação
rial, mas e muitas vezes principalmente,
tendida como um investimento e não
se não houver um “follow-up” para se
ao nível do ambiente de trabalho e da
um custo, sendo um factor crítico para
verificar o valor acrescentado que essa
progressão profissional.
o sucesso do negócio na Farmácia.
mesma acção acarretou.
Cada vez mais a mão-de-obra far-
Normalmente
As necessidades de formação represen-
macêutica escolhe/decide quais são
Director Técnico é dotar os seus cola-
tam o desfasamento entre as exigên-
os seus potenciais empregadores.
boradores de Formação Técnica espe-
cias do trabalho e as competências dos
Inicialmente decide qual será a carreira
cífica para o desempenho de determi-
profissionais (formandos) em relação
a seguir, posteriormente a área geográ-
nada função/ categoria profissional,
a conhecimentos, aptidões, atitudes e
fica, e dentro deste universo, recolhe in-
permitindo percepcionar mais valias
experiência.
formações de quais as Farmácias que se
imediatas, do domínio técnico ou da
A política da formação é indissociável
preocupam com os seus colaboradores
organização do trabalho. Sendo im-
da política de emprego e contribui po-
e que apostam na Formação contínua
portante não contempla a Formação
sitivamente para a realização dos ob-
dos seus profissionais. Desta forma, as
Comportamental.
jectivos estratégicos da Farmácia.
Farmácias que não se preocupam com
Estas competências mais difíceis de de-
Neste mercado, em que os colabora-
este ponto crucial para a sua diferencia-
senvolver e de medir o seu alcance prá-
dores da Farmácia vivem uma situação
ção no mercado arriscam-se a perder
tico, tal como as evoluções resultantes
de pleno emprego, o principal factor de
os melhores profissionais e a verem o
de acções formativas, tornam-se me-
diferenciação é o investimento e a pre-
seu poder negocial diminuído.
nos apetecíveis para os responsáveis
a
preocupação
os
20 08
do
Farmácia Portuguesa | 59
laboratório rh
Visão Global da Formação Profissional “Gaston Bachelard resumiu o processo científico através das seguintes palavras: Conquistado sobre os preconceitos; construído pela razão; verificado nos factos.”
e no entanto são fundamentais para
Actualmente, as Farmácias procuram
muitas vezes encontram neste balcão
o sucesso de qualquer organização.
ganhar competitividade, aumentar as
o único contacto de um dia.
Primeiro, porque internamente a qual-
vendas e os níveis de satisfação dos
São exigências diferenciadas que ne-
quer estrutura organizativa, quanto
clientes.
cessitam de atendimentos diferencia-
maior o espírito de equipa e o sen-
As estratégias para atingir estes objec-
dos. A formação contínua é um ins-
timento de pertença, de partilha de
tivos passam por maior flexibilização
trumento determinante nesta busca
responsabilidades, mais eficiente se
dos horários de atendimento, moder-
de soluções para as exigências do
torna.
nização da sua estrutura organizativa,
dia-a-dia.
Segundo, porque numa organização
oferta de novos serviços e produtos,
A competitividade das organizações,
em que a inter-relação com as pessoas
mas sobretudo a capacidade de atrair
assim como a competitividade das
que a procuram é um factor relevante
e fixar utentes/clientes, tornando assim
nações, mede-se pela capacidade dos
sugere esta necessidade de percepcio-
fundamental a componente recursos
seus recursos humanos. As organiza-
nar a importância de recrutar profissio-
humanos como um dos factores dife-
ções capazes de sobreviver na com-
nais com competências desenvolvidas
renciadores na prestação dos serviços.
plexidade dos actuais mercados são
ao nível da comunicação, pró activida-
Não é supérfluo pensarmos que o dia
aquelas que possuem a expertise para
de, perseverança, gosto por aprender e
a dia de quem está numa farmácia
encontrarem as melhores soluções
espírito de equipa.
(especialmente nos grandes centros
que superam as dos seus concorren-
Mas não chega. Depois é necessário
urbanos), no seu relacionamento com
tes. Um bom modelo organizativo,
treinar estas competências para as
a população que a procura, é muito
recursos financeiros e equipamentos
manter e desenvolver – não esquecer
diversificado. Desde uma procura mais
suficientes, mas, fundamentalmente,
os conselhos do Poirot: “é preciso man-
exigente e sofisticada a um atendimen-
os melhores recursos humanos são a
ter as célulazinhas cinzentas activas”.
to a estratos mais desprotegidos que
marca diferenciadora para o sucesso.
60 | Farmácia portuguesa
Farmรกcia Portuguesa | 61
iniciativas Um piano ao serviço do bem-estar
Educação para a Cultura na Farmácia Açoreana
Pela montra, praticamente despida de
a diferença. E marcar a diferença na
convicto de que a farmácia, na van-
objectos que distraiam o olhar, vislum-
sua farmácia, mas também dar mais
guarda em tantos domínios, estava
bra-se o branco pérola de um piano de
“um passo em frente” num sector
preparada para mais este pioneirismo.
cauda em contraste com o vermelho
com uma evolução extraordinária: um
O sonho amadureceu ao longo de
que surpreende nas paredes. Pela mon-
sector – diz – muito bem organizado,
alguns meses, tantos quantos os das
tra, chegam sons inesperados, que con-
com uma evolução muito consistente
obras empreendidas na farmácia. Obras
vidam a reter o passo.
nas últimas duas décadas.
que revelaram a imponência de quatro
Mas são inesperados apenas para quem passa pela primeira vez no passeio do Largo do Conde de Barão, em Lisboa, para o qual se abre a Farmácia Açoreana.
arcos pombalinos. É ao longo deles que
Cuidar do corpo e da alma
Porque já há dois anos que ali se toca e
se desdobra a nova Farmácia Açoreana, com a primeira arcada a acolher a diferença: o piano de cauda adquirido num antiquário para deslumbramento de
se ouve música, saída da mestria de um
E foi o papel desempenhado pelas
todos quantos ali entraram – e entram
dos três pianistas que acolheram o repto
farmácias e pelos farmacêuticos na
– pela primeira vez.
do farmacêutico Carlos Quelhas.
educação para a saúde que o inspirou
Primeiro, estranharam. E fizeram per-
Quando, em 2006, adquiriu a centenária
nesse passo mais além: “Porque não
guntas. A essas perguntas respondeu
farmácia, este jovem farmacêutico – tem
também a educação para a cultura?”,
com as mesmas palavras que usa
agora 29 anos – sabia que queria marcar
foi o desafio que lançou a si mesmo,
hoje: a farmácia não pode estar asso-
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30
an
19 78 •
Ser diferente, mas útil
com a TVI que, durante quase um ano,
estar e a cultura contribui, inegavel-
O bairro onde tudo isto acontece é o de
quinze minutos de “Farmácia de servi-
mente, para o bem-estar.
Santos. É nele que Carlos Quelhas par-
ço” no programa matinal “Você na TV”
É uma pausa a que oferece diariamente
ticipa activamente, por entender que a
deram-lhe oportunidade de levar a cer-
a quem entra pela hora de almoço. E a
farmácia deve estar inserida na comuni-
ca de 350 mil portugueses mensagens
quem passa, como um convite informal
dade. Foi esse entendimento que o fez
de saúde e bem-estar. De uma forma
a alguns momentos de descontracção.
aderir ao Santos Design District, a asso-
– sublinha – “totalmente independen-
É mais um serviço que a farmácia presta
ciação empresarial que, tendo o design
te”: “Era eu que escolhia os temas e que
à comunidade, acentua Carlos Quelhas,
como plataforma, usa a criatividade em
decidia como os abordava, garantindo
reiterando que a sua farmácia está sem-
prol da identidade do bairro.
todo o rigor da mensagem. Não havia
pre de portas abertas a quem queira
O design foi, aliás, uma preocupação
qualquer patrocínio”.
entrar e “apenas” desfrutar da música.
na renovação da Farmácia Açoreana,
“Acima de tudo sou farmacêutico”.
E até a quem queira tocar...
denunciando-se na escolha de um ver-
As palavras são ditas com convicção,
Seja ligeira, clássica ou jazz, a música é
melho arrojado para sublinhar os arcos
a mesma convicção que leva Carlos
terapêutica. Que o digam os psicólo-
em pedra, nos azulejos que emoldu-
Quelhas a construir na Farmácia
gos da vizinha Crinabel, instituição de
ram os expositores, na iluminação dis-
Açoreana um espaço multifacetado. Os
solidariedade social vocacionada para
creta apenas quebrada pelo candeeiro
concertos à noite, os recitais de poesia,
o acolhimento de pessoas com defici-
vanguardista que incide sobre o piano,
as exposições de pintura, as mostras de
ência mental. Com regularidade, ali le-
a somar a um ou outro apontamento
design confirmam-no. O caminho foi
vam pequenos grupos de dois ou três
que fazem deste um espaço diferente.
desbravado, já lá vão dois anos, pelo
alunos: as notas do piano tocadas em
Carlos Quelhas procurou caminhos
piano que se ouve todos os dias, pela
plena farmácia constituem um inespe-
menos convencionais para a sua far-
hora de almoço...
rado (ou talvez não) apaziguador.
mácia. Sem, no entanto, romper com o
E nesta entrega à comunidade, a
passado de uma casa com quase sécu-
Farmácia Açoreana orgulha-se ainda de
lo e meio. O registo dessa história está,
contribuir para democratizar o acesso à
aliás, bem patente por detrás do balcão
música: “Tal como muitas pessoas vi-
de atendimento: ao longo da parede
ram um computador pela primeira vez
desdobra-se uma réplica ampliada de
na farmácia, para muitas este também
um anúncio publicado no Almanaque
foi o primeiro contacto com um piano”.
do Jardim do Povo, em 1867. Quando
E, sendo de cauda, o fascínio aumenta.
farmácia ainda era “pharmacia”.
A sua música atrai “tanto pessoas com
Pretende a diferença é certo, mas não
camarote em São Carlos como pessoas
romper com a essência de uma farmá-
que nunca saíram do bairro”.
cia: a preocupação com o atendimento
Ali são todos iguais. Artistas e especta-
continua a ser fundamental, a educação
dores. Sem fosso entre palco e plateia,
para a saúde mantém-se como prioritá-
todos ao mesmo nível, num concerto
ria. E foi precisamente com esta preo-
informal.
cupação que enveredou numa parceria
ciada à doença, tem de ser cada vez mais um espaço de saúde e de bem-
os
20 08
o fez presença diária na televisão. Dez a
Farmácia Portuguesa | 63
consultoria jurídica
O livro de reclamações
O Decreto-Lei n.º 371/2007, de 6 de Novembro e a Portaria n.º 896/2008, de 18 de Agosto, vieram introduzir algumas alterações no que concerne à obrigação de existência e disponibilização do livro de reclamações.1
De acordo com a informação cons-
maior relevo que foram introduzidas.
Lei n.º 156/2005, de 15 de Setembro,
tante do preâmbulo do mencionado
Em primeiro lugar, é de assinalar o
na legislação actualmente vigente,
Decreto-Lei n.º 371/2007, de 6 de
alargamento do âmbito de aplicação
esta obrigação foi alargada a todos
Novembro, procurou-se “optimizar”
da obrigatoriedade de existência e
os estabelecimentos de fornecimen-
a legislação anteriormente vigente,
disponibilização do livro de reclama-
to de bens ou prestações de serviços,
quer através do aditamento de al-
ções. Com efeito, enquanto na legis-
servindo agora a listagem do Anexo
gumas normas, quer através da sua
lação anterior esta obrigatoriedade se
I do mencionado diploma apenas
clarificação.
restringia aos estabelecimentos que
como referência exemplificativa.
Vejam-se, então, as alterações de
constassem do anexo I do Decreto-
O novo diploma introduz também
1
Estes diplomas visam alterar o Decreto-Lei n.º 156/ 2005, de 15 de Setembro e a Portaria n.º 1288/ 2005, de 15 de Dezembro.
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an
19 78 •
os
20 08
uma “funcionalidade” que não esta-
Foram também introduzidas algu-
va anteriormente prevista: os forne-
mas alterações no que respeita ao
cedores de bens e os prestadores de
preenchimento da folha de recla-
serviços podem disponibilizar no seu
mações e ao restante procedimento.
sítio da Internet instrumentos que
Efectivamente, passa a ser da respon-
permitam aos consumidores recla-
sabilidade do utente reclamante o
marem. No entanto, esta circunstân-
preenchimento de um maior núme-
cia, para além de não ser obrigatória,
ro de elementos na folha de reclama-
não exime os fornecedores de bens e
ção. Ou seja, para além da descrição
os prestadores de serviços da obriga-
de forma correcta e completa dos
toriedade de terem o livro de recla-
factos que motivaram a reclamação e
Não obstante não terem existido
mações no estabelecimento.
da sua identificação (já previstos no
alterações nesta matéria, recor-
Por outro lado, é também de salien-
anterior diploma), o utente deve pre-
dam-se as seguintes obrigações
tar a preocupação do legislador em
encher de forma correcta e completa
que impendem sobre o fornecedor
clarificar o conceito de “fornecedor
os campos relativos ao seu endereço
de bens ou prestador de serviços:
de bens ou prestador de serviços”.
e, bem assim, a identificação e o local
Assim, ao invés de remeter para os
do fornecedor de bens ou prestador
• Possuir o livro de reclamações nos
estabelecimentos
do
de serviços. No entanto, quanto a
estabelecimentos a que respeita a
anexo I, o novo diploma define os
este último ponto, a lei prevê expres-
actividade;
estabelecimentos de fornecimento
samente a obrigatoriedade de o for-
• Facultar imediata e gratuitamente
de bens ou prestação de serviços
necedor de bens ou o prestador de
ao utente o livro de reclamações
como aqueles que “se encontrem
serviços disponibilizar ao reclamante
sempre que por este tal lhe seja
instalados com carácter fixo ou per-
todos os elementos necessários ao seu
solicitado;
manente, e neles seja exercida, ex-
correcto preenchimento e, para além
• Afixar no seu estabelecimento, em
clusiva ou principalmente, de modo
disso, confirmar que o utente preen-
local bem visível e com caracteres
habitual e profissional a actividade” e
cheu os campos correctamente.
facilmente legíveis pelo utente,
“tenham contacto com o público, de-
Uma das alterações de maior desta-
um letreiro com a seguinte in-
signadamente através de serviços de
que introduzida pelo Decreto-Lei n.º
formação: “Este estabelecimento
atendimento ao público destinado à
371/2007, de 6 de Novembro foi o
dispõe de livro de reclamações”.
oferta de produtos e serviços ou de
alargamento do prazo de cinco dias
O mencionado letreiro deve con-
manutenção das relações de clien-
para dez dias úteis, para o fornecedor
ter também a identificação;
tela.” Deste modo, são excluídos do
do bem, o prestador de serviços ou o
• Manter, por um período mínimo
âmbito de aplicação do diploma os
funcionário do estabelecimento, após
de três anos, um arquivo organi-
Bernarnado, Advogados
fornecedores de bens e prestadores
o preenchimento da folha de reclama-
zado dos livros de reclamações
da PLMJ, Sociedade de
de serviços que exerçam a actividade
ções, enviar o original para a entidade
que tenha encerrado.
Advogados.
de forma não sedentária.
reguladora do sector. De salientar tam-
constantes
Elaborado por Eduardo Noqueira Pinto e Eliana
Farmácia Portuguesa | 65
consultoria jurídica Procedimento a adoptar em farmácias
Envio do original da folha de reclamação, no prazo de 10 dias úteis, para o INFARMED (com ou sem alegações e esclarecimentos)
Preenchimento da folha de reclamação pelo Utente
Entrega do duplicado da folha de reclamação ao Utente
O INFARMED recebe as folhas e instaura o procedimento adequado se os factos resultantes da reclamação indiciarem a prática de contra-ordenação
O triplicado faz parte integrante da folha de reclamação e não pode ser dele retirado
Se os factos resultantes da reclamação não indiciarem a prática de contra-ordenação, o INFARMED deve notificar a farmácia para, no prazo de 10 dias úteis, apresentar alegações
Podem vir a ser aplicadas coimas e sanções acessórias pelo incumprimento da lei
Quando resultar uma situação de litígio o INFARMED deve, após concluídas todas as diligências necessárias à reposição legal da situação, informar o reclamante sobre as medidas adoptadas ou a adoptar
bém que a lei prevê agora expres-
do alargamento das condutas que
com coima de € 250 a € 3500 e de €
samente que a remessa do original
consubstanciam a prática de contra-
3500 a € 30000, respectivamente.
da folha de reclamações possa ser
-ordenação.
Por outro lado, a tentativa deixou de
acompanhada pelas alegações que
A título de exemplo, refere-se que a
ser punível, continuando, no entanto,
o fornecedor de bens ou prestador
falta de afixação de letreiro no estabe-
a negligência a sê-lo, embora os limi-
de serviços entendam dever prestar,
lecimento, em local bem visível, e com
tes mínimos e máximos das coimas
bem como dos esclarecimentos dis-
caracteres facilmente legíveis com
aplicáveis sejam reduzidos a metade.
pensados ao reclamante em virtude
a informação “Este estabelecimento
Por fim, refira-se que a fiscalização e
da reclamação.
dispõe de livro de reclamações”, era
instrução de processos relativos a esta
Com a alteração legislativa verificou-se
punível com coima de € 250 a € 2500
matéria competem ao INFARMED –
também um agravamento substancial
e de € 500 a € 5000, consoante o in-
Autoridade Nacional do Medicamento
quer do montante da coima aplicável a
fractor fosse pessoa singular ou pessoa
e dos Produtos de Saúde, I.P., quando
determinada contra-ordenação, quer
colectiva e passou agora a ser punível
praticadas em farmácias.
66 | Farmácia portuguesa
Farmรกcia Portuguesa | 67
consultoria fiscal
As alterações fiscais mais recentes O Governo apresentou na Assembleia da República, em 16 de Julho de 2008, uma proposta de Lei que contempla o conjunto das alterações mais recentes ao Código do IRS, ao Código do IMI e ao Estatuto dos Benefícios Fiscais e que cria um regime especial de tributação autónoma, em IRC, para as petrolíferas.
Tal proposta de Lei introduz medidas
alguns novos limites nas deduções à
colecta dos encargos com imóveis, pro-
várias com o objectivo assumido de sua-
colecta. Num primeiro momento, dis-
pondo, ainda para efeitos de cálculo
vizar os efeitos da crise nos mercados,
pondo que em caso algum as dedu-
das deduções à colecta de IRS, que lhe
financeiros e petrolíferos, decorrentes
ções à colecta com despesas de saúde,
seja aplicada a lógica subjacente a uma
da subida acentuada do preço do cru-
educação ou formação, entre outras,
isenção regressiva, nos termos da qual
de, e das medidas de adoptadas pelo
podem deixar os contribuintes com
os contribuintes que auferem menores
Banco Central Europeu, no sentido do
rendimento líquido de imposto menor
rendimentos poderão deduzir mais do
agravamento das taxas de juro para
do que aquele que lhe ficaria se o seu
que os outros.
contenção da inflação e que afectam,
rendimento colectável correspondes-
Caso a proposta de lei ora em análise
especialmente, as famílias de mais bai-
se ao limite superior do escalão ime-
venha a ser - como se prevê - aprovada,
xos rendimentos.
diatamente inferior; e, num segundo
os contribuintes do primeiro escalão
Assim, em sede de IRS, introduzem-se
momento, a propósito das deduções à
(até €4.639,00) e do segundo escalão
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an
19 78 •
(até €7.017,00) poderão passar a de-
diferentes. Quanto ao efeito útil destas
2008. Por fim, e relativamente às pe-
duzir à colecta do IRS, relativamente
alterações é de referir que as mesmas
trolíferas, o Governo pretende avançar
aos encargos com imóveis, € 879,00
visam, por um lado, reduzir o impacto,
com uma tributação autónoma, à taxa
(limite máximo de dedução actual-
no orçamento das famílias, dos encar-
de 25%, a aplicar sobre a diferença
mente em vigor majorado em 50%);
gos com a manutenção da habitação e,
positiva a apurar para fins fiscais entre
já os contribuintes do terceiro escalão
por outro, beneficiar as freguesias me-
o custo de vendas determinado com
(até € 17.401,00), deduzirão € 703,20
nos desenvolvidas, através da possibili-
base na aplicação do método FIFO
(limite máximo de dedução actual-
dade de diferenciação de taxas do IMI
(First-in First-Out) ou do custo médio
mente em vigor majorado em 20%); e
entre freguesias com piores e melhores
ponderado ao invés do actualmente
os do quarto escalão (até €40.020,00),
condições.
aplicado – geralmente o método do LIFO (Last-In First-Out). A alteração, no
apenas € 644,60 (limite máximo de dedução actualmente em vigor majorado em 10%). Estamos aqui, por isso, perante uma medida que visa, sobretudo, apoiar as famílias mais carenciadas e que adquiriram habitação própria através do
os
20 08
Todas estas alterações, a serem aprovadas, produzirão efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2008.
crédito à habitação. No que respeita ao
âmbito dos critérios de valorimetria, proporcionará um impacto favorável à arrecadação de impostos, a curto prazo, nos cofres do Estado, dado que, a ser aprovada, produzirá efeitos já no exercício de 2008. Num período em que a razoabilidade
IMI, propôs-se uma redução, em 0,1%,
Em sede do EBF, foi proposto um alar-
dos encargos tributários se encontra
das taxas máximas de imposto aplicá-
gamento do período da isenção do
em discussão, a adopção destas me-
veis aos prédios urbanos. Para o caso
pagamento de IMI - concretamente, de
didas, aparentemente tendentes ao
dos prédios não avaliados para efeitos
6 para 8 anos, na aquisição de prédios
desagravamento dos impostos nas
do Código do IMI, tal resultará numa re-
para a habitação própria e permanen-
classes de mais baixos rendimentos,
dução da taxa máxima de IMI aplicável,
te, cujo valor patrimonial tributável não
revela uma postura proactiva na busca
de 0,8% para 0,7%, e, para os prédios
seja superior a € 157.500,00, e de 3 para
de soluções para o actual momento di-
já avaliados, de 0,5% para 0,4%. Ainda
4 anos, quando tal valor patrimonial se
fícil que o país atravessa.
no que respeita ao IMI, a proposta de
situe entre €157.500,00 e €236.250,00.
A seu tempo veremos se as alterações
Área de Prática Fiscal
Lei contempla a atribuição de poderes
Esta alteração, a ser aprovada, é aplicá-
serão suficientes para alcançar o fim
de PLMJ
bastantes às autarquias locais para, em
vel às isenções em que o período de 6
último confessado do Executivo: a sua-
Contacto: rff@plmj.pt
cada ano e dentro dos intervalos previs-
ou de 3 anos do benefício ainda esteja
vização dos efeitos da actual crise eco-
tos na lei, fixarem, por freguesia, taxas
vigente ou se extinguiu no decurso de
nómico-financeira. Farmácia Portuguesa | 69
noticiário Transferência excepcional de farmácias Vagas por preencher
A entrada em vigor das novas regras de licenciamento e
Real. Identificou igualmente os concelhos limítrofes com
atribuição de alvarás a novas farmácias foi acompanhada
défice de cobertura farmacêutica, bem como o respectivo
da abertura de um período de transferência extraordinária
número de vagas. E o que se verificou foi a existência de
para concelhos limítrofes. Na portaria 1430/2007 de 2 de
224 farmácias potenciais candidatas à mudança e de 163
Novembro são regulamentadas as condições de acesso desta
vagas por ocupar. No entanto, o número real de possibili-
transferência, justificada com a necessidade de adequar a
dades de transferência é inferior, situando-se em 135.
dispensa de medicamentos aos movimentos demográfi-
Não obstante estas possibilidades, foram em menor nú-
cos, assim assegurando o acesso em concelhos até agora
mero as candidaturas apresentadas ao Infarmed: até 24
deficitários.
de Setembro tinham sido proferidos 73 despachos de
Assim, o artigo 38.º da portaria autoriza a transferência
aptidão, sendo 63 ao abrigo do regime normal (dentro
de farmácias instaladas nos municípios que tenham uma
do mesmo concelho) e apenas dez ao abrigo do regime
capitação inferior a 3500 habitantes por farmácia para
excepcional (para concelhos limítrofes).
concelhos limítrofes em que a capitação seja superior.
Um desfasamento que, na prática, significa que não foram
Mantém-se a possibilidade de transferência no município
devidamente aproveitadas as oportunidades abertas pela
desde que preenchidos cumulativamente dois requisitos:
lei. É que, ao contrário do que acontecia com o antigo re-
uma distância mínima entre farmácias de 350 metros e
gime de abertura e instalação de farmácias, as vagas aber-
uma distância mínima de 100 metros entre a farmácia e
tas não vão ficar por ocupar. O passo seguinte abrange a
uma extensão de saúde, um centro de saúde ou estabe-
abertura de concurso para preenchimento dessas vagas.
lecimento hospitalar, salvo em localidades com menos de
Nos concelhos agora deficitários, a instalação de farmácia
quatro mil habitantes.
far-se-á segundo o modelo de liberalização da proprieda-
Para dar cumprimento a esta portaria, o Infarmed identi-
de. Por saber está o número exacto de farmácias a abrir
ficou 224 farmácias excedentárias em dez concelhos dos
por concurso, dado que o processo de transferência ex-
distritos de Aveiro, Faro, Lisboa, Porto, Santarém e Vila
traordinária ainda decorre junto do Infarmed.
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os
20 08
Dia Europeu da Resistência Antimicrobiana Farmácias sem exclusivo na dispensa de MUV O novo estatuto do medicamento veterinário retira às farmácias a exclusividade na venda a retalho. Assim, o decreto-lei nº 148/2008, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, confere essa possibilidade também a “outras entidades legalmente autorizadas”. Com a entrada em vigor da nova legislação – 60 dias após a sua publicação, a 29 de Julho – apenas as fórmulas magistrais e os preparados oficinais continuam a ser da competência exclusiva das farmácias. Quanto aos novos postos de venda, o decreto estipuSerá a 18 de Novembro, por proposta da Comissão
la que necessitam de autorização do director-geral de
Europeia aprovada pelo Conselho de Ministros do
Veterinária. E entre os requisitos obrigatórios está previsto
Emprego, Segurança Social, Saúde e Defesa do
que mantenham “ao seu serviço uma pessoa qualificada
Consumidor.
como director técnico, bem como pessoal com conheci-
Este Dia Europeu de Sensibilização para a Resistência
mentos técnicos que assegure, nos termos da lei vigente, a
Antimicrobiana visa, como o próprio nome indica, alertar
qualidade das actividades desenvolvidas”. Não é, contudo,
para a dimensão que a resistência aos antibióticos tem
definido o que se entende por “pessoa qualificada”, nem
assumido nos diversos Estados-membros e para as suas
são definidos os “conhecimentos técnicos” necessários.
consequências ao nível da saúde pública.
No preâmbulo do diploma, considera-se que “sistemas de
Esta questão esteve aliás em foco no último Conselho de
distribuição mais restritos promovem o aparecimento de
Ministros da Saúde realizado sob a presidência eslovena
fenómenos de comércio ilegal maior, facto que dificulta o
da União Europeia. Aí se enfatizou que a resistência an-
controlo e põe em causa a segurança alimentar, pelo que
timicrobiana é um problema global de saúde em cresci-
se torna necessário agilizar e simplificar alguns aspectos e
mento na Europa, com reflexos na morbilidade e mortali-
procedimentos por forma a favorecer a concorrência e a
dade por doença infecciosa e na qualidade de vida, além
induzir a redução dos preços dos medicamentos veteriná-
de consumir elevados recursos na saúde.
rios e dos produtos de origem animal, em benefício dos
Tendo em conta esta realidade, o Conselho exortou os
consumidores”.
Estados-membros a alocarem estruturas e recursos à
A lei introduz ainda alterações ao quadro legal que regia as
concretização de estratégias específicas visando conter a
áreas do fabrico e introdução no mercado, instituindo, no-
resistência aos antibióticos, nomeadamente promoven-
meadamente, a possibilidade de importações paralelas.
do um uso prudente daqueles medicamentos. Farmácia Portuguesa | 71
noticiário José de Mello distingue investigação sobre malária
Estrutura associativa completa Três investigadores do Instituto de Medicina
parasita pode multiplicar-se 20 mil vezes). Esta
A eleição dos delegados do círculo
Molecular da Universidade de Lisboa viram
é uma fase sem sintomas, significando que,
14, do distrito de Coimbra, permitiu
o seu trabalho sobre a malária distinguido
com a descoberta feita pelos três investigado-
completar a estrutura associativa da
com o Prémio Amélia da Silva de Mello para
res, se abre caminho a uma via de prevenção
ANF para o triénio 2008-2011.
as Ciências da Saúde, instituído pela José de
de uma doença que mata milhares de pessoas
Foi em Maio que decorreu o acto
Mello Saúde.
em todo o mundo.
eleitoral para a nova estrutura, tendo
A investigação “O SR-B1 do hospedeiro desem-
Tendo em conta a qualidade dos trabalhos,
sido eleitos os delegados de todos os
penha um duplo papel no estabelecimento da
o júri decidiu ainda atribuir duas menções
círculos à excepção do 14, que abar-
infecção de malária no fígado” foi selecciona-
honrosas: a “Clinical and Genetic Study
ca as farmácias da Figueira da Foz. Os
da de entre as 29 que estiveram a concurso,
of Rett Syndrome in Portugal”, de Teresa
44 sócios abrangidos foram entretan-
tendo a decisão pertencido a um júri presidido
Temudo e Patrícia Espinheira de Sá Maciel,
to a votos, tendo sido eleita, como
pelo neurologista João Lobo Antunes.
da Unidade de Neuropediatria do Hospital
delegada de círculo Paula Cristina
No seu trabalho, Maria Manuel Mota, Miguel
de Santo António, e a “Low doses of ionizing
Gonçalves
Prudêncio e Cristina Rodrigues identificaram
radiation induce a pro-angiogenic respon-
Oliveira, em Marinha das Ondas. A
uma molécula – denominada SR-B1 – envolvi-
se in the vasculature”, da autoria de Susana
equipa integra ainda, como delega-
da de forma significativa na invasão das células
Constantina e Inês Sofia Vala, do Instituto de
dos de zona, Margarida Maria Oliveira
do fígado pelo parasita da malária, bem como
Biologia Molecular da Faculdade de Medicina
Dias, da Farmácia Ferreira Souto, em
no seu desenvolvimento e multiplicação.
de Lisboa.
Vila Verde, e Nuno Ricardo Castro
Esta descoberta é o primeiro passo para que,
O galardão, no valor de 50 mil euros, foi en-
Gonçalves, da Farmácia Soure, em
no futuro, se possa actuar sobre a molécula
tregue no dia 19 de Setembro, no âmbito das
Soure. Enquanto elementos da estru-
SR-B1, protegendo-a e neutralizando o papel
XI Jornadas dos hospitaiscuf, realizadas no
tura associativa, os delegados agora
que desempenha na reprodução do parasita,
Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
eleitos funcionarão como plataforma
sem prejudicar a sua função no fígado.
O Prémio Amélia da Silva de Mello para as
de diálogo entre os órgãos directivos
A investigação incidiu sobre a fase hepática
Ciências da Saúde é uma distinção bienal
da ANF e as farmácias, agilizando a
da malária, em que o mosquito (transmissor)
instituída em 2002 pela José de Mello Saúde,
comunicação nos dois sentidos e
introduz o parasita na corrente sanguínea do
aberta a todos os profissionais de saúde e
contribuindo, assim, para uma maior
hospedeiro humano, a partir de onde invade
que visa galardoar trabalhos inéditos de in-
coesão do sector.
as células do fígado, aí se reproduzindo (cada
vestigação na área das Ciências da Saúde.
72 | Farmácia portuguesa
Pereira,
da
Farmácia
30
an
19 78 •
os
20 08
Dívida dos hospitais à indústria dispara A dívida dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde à indústria farmacêutica ascendia, em Setembro, a mais de 744 milhões de euros. Os números foram tornados públicos pela Apifarma que fez saber publicamente da intenção de avançar com medidas contra os devedores até final do ano. A maior fatia da dívida – 572,8 milhões de euros – é da responsabilidade dos hospitais com o estatuto de Entidade Pública Empresarial (EPE), liderados pelo Centro Hospitalar de
170 milhões de euros, com o Hospital
partir daí a dívida voltou a disparar.
Lisboa Central, devedor de mais de
Distrital de Faro a ser responsável por
Actualmente, a demora média de
90 milhões. O Centro Hospitalar de
mais de 25 milhões, o de Braga por
pagamento é de 387 dias, mas há
Setúbal responde por uma dívida
mais de 20 milhões.
um hospital com facturas em pa-
de 54 milhões, enquanto o Hospital
A Apifarma já não tinha um montan-
gamento há 1100 dias. Esta é uma
Garcia da Orta tem por pagar aos la-
te tão elevado a cobrar dos hospitais
situação que, segundo a associação
boratórios 48 milhões.
públicos desde Setembro de 2007.
da indústria farmacêutica, deixa al-
Também os hospitais do Sector
Em Dezembro houve uma redu-
gumas empresas do sector em risco,
Público Administrativo somam dívi-
ção das verbas devidas e em Julho
pelo que estão a ser ponderadas
das à indústria – no total, é superior a
foram feitos pagamentos, mas a
medidas para recuperar o crédito.
Um farmacêutico na Literatura
da Idade Média, quando na iluminação dos templos se usava uma aber-
“A Rosácea” é a mais recente obra
do interior, num regresso ao passa-
tura circular na fachada principal,
de Telmo Cunha, farmacêutico do
do em busca de si próprio e no qual
que inspirou Telmo Cunha, com a
distrito da Guarda que há muito se
descobre a espiritualidade.
obra a desenvolver-se em torno des-
rendeu à arte da escrita, levando já
Este é um livro sobre a luz, conforme
ta analogia.
cinco obras publicadas.
descreveu o autor numa das apre-
Farmacêutico de formação e profis-
Trata-se de um romance cujo prota-
sentações públicas de “A Rosácea”.
são, Telmo Cunha assina igualmente
gonista é Tiago: o fracasso de uma
Daí o título e a imagem que ilustra
“Almeida”, “Estrela de Memória”, “As
relação sentimental leva-o a aban-
a capa: a rosácea da catedral de
portas da cruz” e “A Teia”. É ainda
donar a cidade e a mergulhar no
Ciudad Rodrigo, na Espanha frontei-
colaborador regular do semanário “A
ambiente bucólico de uma aldeia
riça com Portugal. Foi a arquitectura
Guarda”. Farmácia Portuguesa | 73
noticiário ANF renova site Desde 11 de Outubro que o site se apresenta mais dinâmico, com uma nova imagem e organização de conteúdos. Em www.anf.pt, os utentes das farmácias podem ficar a conhecer melhor a associação, com uma área especificamente vocacionada para a pesquisa sobre a história, orgânica, estrutura e intervenção da ANF. Mais fácil é também a consulta das farmácias portuguesas, estando disponíveis – e com actualização constante – as escalas de serviço em todo o território nacional. Informação actualizada sobre o sector, nomeadamente a que tem impacto sobre o público, está igualmente disponível. O mesmo acontece com mensagens de promoção da saúde e prevenção da doença, adequadas aos Reforçar a ligação das farmácias com os cidadãos,
diversos contextos.
através do meio privilegiado de comunicação que é a
Com a renovação do site, a ANF dá cumprimento aquela
Internet, foi o princípio que presidiu à renovação do
que tem sido, desde sempre, a filosofia das farmácias de
site da ANF.
oficina – “Mais perto de si”.
Receita electrónica avança na Madeira A prescrição electrónica vai mesmo avançar na Região
Do ponto de vista terapêutico nada se altera, mas, além da
Autónoma da Madeira, impulsionada por uma parceria en-
eficiência, a receita electrónica contribuirá para reduzir os
tre o Governo Regional e a ANF.
erros de prescrição.
Numa primeira fase, o receituário em papel será abando-
Uma experiência semelhante foi já testada no distrito de
nado numa zona-piloto, que servirá para testar os novos
Portalegre, com resultados muito positivos. Contudo, o
procedimentos, mas em breve todos os doentes do arqui-
projecto – lançado pelo governo de Durão Barroso, quando
pélago beneficiarão desta medida.
Luís Filipe Pereira tutelava a Saúde – foi suspenso durante o
A eliminação do papel vai permitir ganhos de eficiência: às far-
mandato do ministro Correia de Campos, sem justificação.
mácias chegará uma versão desmaterializada da receita, depois
A maioria das farmácias associadas da ANF está preparada
de ter sido lançada numa base de dados do Serviço Regional de
para enveredar por este caminho, com claras vantagens
Saúde, enquanto os doentes ficarão na posse de um chip que
para todos os intervenientes na prescrição e dispensa dos
lhes permitirá adquirir a medicação em qualquer farmácia.
medicamentos.
74 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Alliance Healthcare reforça posição com Serum7 A Alliance Healthcare acaba de
nera a estrutura da pele pre-
reforçar a sua posição no mercado
maturamente envelhecida, na
português da dermoscosmética
mesma proporção que o ácido
mercê do lançamento de Serum7,
retinóico.
uma linha de cuidados anti-en-
Assim acontece porque os
velhecimento com a chancela de
princípios activos deste sérum
qualidade dos laboratórios Boots.
bloqueiam a ruptura do cola-
A chegada a Portugal do Serum 7 é o primeiro passo para a
génio por enzimas, assim travando a perda de firmeza da pele
internacionalização desta gama que é líder de vendas e pre-
e o aparecimento de rugas. Serum7 é o resultado do centro
ferências no Reino Unido. Basta dizer que a cada 2,3 segun-
de investigação da Boots, laboratório com uma forte relação
dos é vendido um produto da linha.
de confiança com os consumidores graças à imbatível rela-
Este é um fenómeno apoiado por diversos estudos científicos
ção de qualidade-custo dos seus produtos e à excelência do
que comprovam as propriedades anti-envelhecimento dos
serviço. A marca pertence ao universo Alliance Boots, o maior
produtos. Um dos estudos mais recentes, de 2007, tem a assi-
grupo internacional de saúde e beleza para a farmácia de que
natura do Grupo de Investigação em Ciências Dermatológicas
faz parte a Alliance Healthcare, uma das 50 maiores empresas
da Universidade de Manchester e permitiu confirmar que o
portuguesas, detida em 51% pela ANF e pela José de Mello
principal produto desta gama – o Sérum de Beleza – rege-
Participações II SGPS.
João Silveira preside ao Fórum Europeu de Farmacêuticos O vice-presidente da ANF João
tou a sua convicção de que irá de-
Silveira é o novo presidente do Fórum
sempenhar “um trabalho fantástico
Europeu de Farmacêuticos (EPF), ten-
representando a visão dos farmacêu-
do sido eleito para um mandato de
ticos de toda a Europa nestes tempos
três anos na terceira reunião de 2008
de novos desafios que a profissão
do organismo, que decorreu em
enfrenta”.
Lisboa a 9 e 10 de Outubro últimos.
Criado em 1999, o EPF propõe-se
Membro do EPF há alguns anos, João
apoiar uma abordagem europeia e
Silveira sucede à holandesa Elvire
transversal da profissão, reunindo far-
Kuyck, tendo como vice-presidentes
macêuticos do Reino Unido, França,
o farmacêutico escocês Frank Owens
Itália, Espanha, Portugal, República,
e o italiano Giancarlo Visini.
Holanda e Suíça.
Ao anunciar a nova equipa, Ornella
O apoio da Alliance Boots inscreve-se
Barra, directora da Alliance Boots,
no compromisso da empresa com os
grupo que apoia o Fórum, manifes-
farmacêuticos europeus. Farmácia Portuguesa | 75
formacao Cursos para farmacêuticos Curso
Data
Local
Doenças Auto-imunes
13 e 14 Novembro
Porto
A Fiscalidade na Farmácia
14 Novembro
Coimbra
Construa o Plano de Marketing da sua Farmácia
14 Novembro
Lisboa
Doença de Alzheimer e outras Demências
15 Novembro
Santarém
Patologias do pé
17 Novembro
Lisboa
Doença de Parkinson
17 Novembro
Porto
O Marketing e a Gestão do Espaço na Farmácia
17 Novembro
Porto
O Boletim de análises
17 e 18 Novembro
Funchal
Asma e DPOC
19 e 20 Novembro
Lisboa
O Boletim de Análises
19 e 20 Novembro
Porto
Alimentação na Infância
21 Novembro
Porto
Doença de Alzheimer e outras Demências
23 e 24 Novembro
Porto
O Sistema Informático como Ferramenta de Gestão na Farmácia
27 de Novembro
Coimbra
Patologias do pé
28 Novembro
Porto
Aparelho Sexual Masculino: patologias e terapêutica
3 Dezembro
Guia
Antibioterapia na Infecção Respiratória
4 Dezembro
Porto
Curso Básico de Formação de Socorristas
4, 5, 11 e 12 Dezembro
Porto
A Contabilidade e a Gestão da Farmácia
9 , 10 e 11 Dezembro
Porto
Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000
10 e 19 Dezembro
Lisboa
Aparelho Sexual Masculino: patologias e terapêutica
11 Dezembro
Castelo Branco
Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000
11 e 19 Dezembro
Lisboa
A Fiscalidade na Farmácia
15 Dezembro
Porto
Comunicação com o Médico e com o Doente
16 Dezembro
Lisboa
O Marketing e a Farmácia
16 e 17 Dezembro
Porto
Curso
Data
Local
Técnicas de Execução de Determinações Bioquímicas e Fisiológicas
14 Novembro
Funchal
Compreender os Antibióticos
24 de Novembro
Porto
Medicamentos e Métodos Anticoncepcionais
28 Novembro
Évora
Curso Básico de Formação de Socorristas
4, 5, 11 e 12 Dezembro
Coimbra
Cursos para ajudantes
Novo curso à distância Curso
N.º de Horas
Cefaleias
4h
Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) • Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • E-mail: escola@anf.pt
76 | Farmácia portuguesa
Farmรกcia Portuguesa | 77
ficheiro mestre Alteração à Propriedade Farmácia Moura Rua Montenegro, 157, 4820 - 280 FAFE Maria Helena G. M. S. Rocha Barros Fafefarma Farmácia, SA
Farmácia Moderna Rua do Porto Fundo, 8 8550 - 455 MONCHIQUE José Manuel da Silva Furtado Olinda da Silva Oliveira, Lda
Farmácia Ferreira Pilar Avenida Miguel Bombarda, 54 2830-355 BARREIRO José Maria Godinho da Silveira José Silveira Saúde, Unipessoal Lda
Farmácia Marques Rego Praça do Comércio, 47 4720 - 337 FERREIROS AMR Dr. Horácio Miguel Vieira Antunes Domingos Rodrigues - Herdeiros
Farmácia Freitas Rua de Vale Formoso de Baixo, 23-A 1950 - 278 LISBOA Patricia Ribeiro dos Santos José Manuel Coelho Varela Barrocas
Farmácia Batalha Rua Avelino Salgado de Oliveira, 6 2685 - 514 CAMARATE Maria Lucia G. Cordeiro Batalha Farmácia Batalha, Lda
Farmácia da Avenida Avenida Rebelo Moniz, 150 4660 - 212 RESENDE Ana Cristina de Sousa Guedes Ana Cristina & Emídio, Lda
Farmácia Martins Rua Heróis de Chaves, 31 2120-091 SALVATERRA DE MAGOS Isabel Maria de Barros Alves Oliveira Casimiro Isabel Alves - Sociedade Unipessoal, Lda
Farmácia Santos Leite Lugar de São Gonçalo 3870 - 195 MURTOSA Ana Filipa Leite Duarte
Farmácia Pereira Alves Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque, 17, 7100 - 690 VEIROS ETZ Maria Adelina Pereira Tropa Alves Maria Adelina Pereira Tropa Alves, Unipessoal, Lda
Farmácia Santa Isabel Rua do Codessal, 109 4415 - 834 SANDIM Maria Adelaide Tavares da Silva Paulo Gandra, Lda Farmácia Paços Travessa de Chartres, 10 7000 - 930 ÉVORA António Clemente Machado dos Paços Avopaços - Farmácias e Serviços Farmacêutios Lda Farmácia Faure Rua Sacadura Cabral, 32 3520 - 070 NELAS Silvia Liliana Caçador Sandiães Maria de Fátima da Cunha Pimenta Faure Farmácia Maria Sequeira Quinta dos Reis 8365 - 019 ALCANTARILHA Mariana Lopes Barros Mouro M. Paula & Vasques Lda Farmácia Dr.Henriques Pereira Rua General Alves Pedrosa, 42 5070 - 051 ALIJÓ Carla Cristina Gonçalves de Sousa José Joaquim Rodrigues Farmácia do Amial Rua do Amial, 1227 4200 - 063 PORTO José Maria da Costa Almeida José Maria da Costa Almeida Farmácia Brito Praça da República, 43 a 45 4910 - 453 VILA PRAIA - DE ÂNCORA Durval Arnaldo Pereira de Brito Durval Arnaldo Pereira de Brito, Herdeiros 78 | Farmácia portuguesa
Farmácia Marques Lugar da Igreja 4760 - 485 FRADELOS VNF Agostinha Marques Assunção Farmácia Marques - Agostinha Marques - Unipessoal, Lda Farmácia Nova Avenida do Sabor, 42 5200 - 288 MOGADOURO Ana Paula Branco Silva Ana Paula Branco Silva Unipessoal, Lda Farmácia de Laveiras Rua de Milão - Bairro da Pedreira Italiana, LOJA 3, 2760 - 084 CAXIAS Paula Cristina Garrucho Barreto Farmácia de Laveiras - Sociedade Unipessoal, Lda Farmácia Morgado Lourenço Largo D. Estefânia, 4 1000-126 LISBOA Maria Alexandrina Vaz Garcia Sogemfar - Soc. de Gestão e Marketing Farmacêutico, Lda Farmácia Feliz Rua da República, 7 6290-518 GOUVEIA António Álvaro Feliz dos Santos e Silva Farmácia Feliz & Feliz, Lda Farmácia Higiénica Avenida da República, 23, R/C Esq. 2825-399 COSTA DE CAPARICA Margarida Isabel Dinis de Campos M e C. de Sá Farmácia Francisco Pires de Matos, Unipessoal,Lda.
Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080-044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Maria da Conceição Leal de F. S. Correia de Oliveira Farmácia Higiene Rua José Luciano de Castro, 162 3800-205 AVEIRO Maria do Rosário S. A. C. Marinho Farmácia Higiene de Esgueira, Lda Farmácia da Serra do Pilar Rua 14 de Outubro, 298 4430-047 VILA NOVA DE GAIA Gisela Maria Teixeira de Sá Leite Pharmacos M. Cunha, Lda Farmácia dos Olivais Rua Alves de Gouveia, 19 1800-021 LISBOA Vasco Manuel Biscaia Rei Vasco Biscaia Rei Unipessoal, Lda Farmácia Gomes de Pinho Avenida 25 de Abril, 3 4540-102 AROUCA Maria de Fátima da Silva Pinheiro Geshealth - Consultoria e Gestão, Lda Farmácia Moura Rua do Bonfim, 582-A-B 4300-068 PORTO Margarida Isabel C. Andrade Gomes Farmácia de Sá da Bandeira II, Lda Farmácia Tovar Chaves Rua Dr. António Elvas, 109 2810-169 ALMADA João Maria de Tovar Chaves Ivone Maria Tovar Almeida Salvador Chaves Herdeiros Farmácia Teixeira Lopes Rua de Laborim, 78 4430-128 VILA NOVA DE GAIA Isabel Maria T. L. Brochado Coelho Isabel Mª. T. L. Brochado Coelho, Sociedade Unipessoal, Lda
30
an
19 78 •
Farmácia Bio-Latina Rua D. Sebastião, LT 2050-A 2975-315 QUINTA DO CONDE Claudia Alexandra dos Santos Oliveira Farmácia Bio-latina, Unipessoal, Lda
Farmácia Ouressa Rua Francisco Sa Carneiro, Lt F 15 Lj B 2725-317 MEM MARTINS Katia Alexandra Coelho Martinho CFCO-Companhia Farmacêutica Central de Ouressa, Unip.,Lda
Farmácia Nuno Alvares Rua da Misericórdia, 3400 - 443 NOGUEIRA DO CRAVO OHP Gonçalo Henriques Lopes da Cunha Santa Casa da Misericórdia
Farmácia Sta. Eulália 5030-061 CUMIEIRA Maria Aurélia Catarino de Araújo Farmácia Santa Eulália Soc. Unipessoal, Lda.
Farmácia Azevedo Rua 25 de Abril, 387 4415-079 PEROSINHO Vitor Manuel Pinto de Sousa Lopes Sousa Lopes – Lda
Farmácia Morgado Lourenço Largo D. Estefânia, 4, 1000-126 LISBOA Maria Alexandrina Vaz Garcia Sogemfar - Soc. de Gestão e Marketing Farmacêutico, Lda
Alteração ao Pacto Social Farmácia Vilaça Lda. Rua Ferreira Borges, 134-136 COIMBRA 3000 - 179 COIMBRA Amadeu Manuel Rodrigues Carvalho Vilaça Lda. Farmácia Pinheiro Praça da República, 55, 8100-270 LOULÉ Sílvia Isabel Baptista Cruz Sílvia Cruz, Unipessoal, Lda Farmácia da Penha Estrada da Penha, 52, 8005-135 FARO Susana Maria Tomé Soares de Andrade Sarraguça Farmácia da Penha, Lda. Farmácia Viriato Avenida da Bélgica, 21 3510-159 VISEU Maria Antónia Caessa M. Rodrigues Farmácia Viriato Lda. Farmácia de Celas Urb. Q. Voimaraes, Av. Armando Gonçalves, LOTE 15, R/C 3000-059 COIMBRA Claudia Cristina da Silva Correia Dias Silvestre Farmácia de Celas Lda
Farmácia do Combro Calçada do Combro, 78-80-82 1200 - 115 LISBOA Jorge Manuel Rodrigues de Carvalho A3I - Serviços Integrados de Saúde II, Lda Farmácia Estácio Rossio, N.º 60-63 1100 - 200 LISBOA Soraia Emerciana Pereira e Costa A3I - Serviços Integrados de Saúde Lda Farmácia de Birre Rua de Birre, 503-A 2750 - 218 CASCAIS Nadine Franco de Lemos Farmácia Birre, SA Farmácia Ferreira Souto Estrada do Cerrado, LT1R/C 3090 - 653 FIGUEIRA DA FOZ Carmen Nogueira Souto / Maria Antónia Ferreira Ferreira & Souto Lda. Farmácia Oliveira Rua do Comércio 72 2100 - 330 COUÇO Maria Isabel Figueira da Silva Maria Isabel Figueira da Silva, S.A. Farmácia Gastão Fonseca Avenida Bombeiros Voluntários, 114 3600 - 140 CASTRO DAIRE Maria João Henriques do Vale e Silva Maria Adelaide Silva Lda
Farmácia Pinheiro Praça da República, 55 8100-270 LOULÉ Sílvia Isabel Baptista Cruz Sílvia Cruz, Unipessoal, Lda Farmácia Higiénica Avenida da República, 23, R/C Esq. 2825-399 COSTA DE CAPARICA Margarida Isabel Dinis de Campos M. e C. de Sá Farmácia Francisco Pires de Matos, Unipessoal,Lda. Farmácia Ferreira Pilar Avenida Miguel Bombarda, 54 2830-355 BARREIRO José Maria Godinho da Silveira José Silveira Saúde, Unipessoal Lda Farmácia Tavares Rua Dr. Mendes Correia (Pai), 3840-443 VAGOS Luísa Margarida Gonçalves Aguiar Farmácia Tavares Unipessoal, Lda. Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080-044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Maria da Conceição Leal de F. S. Correia de Oliveira
Alteração de Direcção Técnica
Farmácia da Penha Estrada da Penha, 52 8005-135 FARO Susana Maria Tomé Soares de Andrade Sarraguça Farmácia da Penha, Lda.
Farmácia Central Avenida Cardoso Lopes, 25 2700-160 AMADORA Margarida Maria dos Santos Pinto Capicêutica - Com. de Med. e Produtos Farmacêuticos, S.A.
Farmácia Vilaça Lda. Rua Ferreira Borges, 134-136 COIMBRA 3000 - 179 COIMBRA Amadeu Manuel Rodrigues Carvalho Vilaça Lda.
Farmácia dos Olivais Rua Alves de Gouveia, 19 1800-021 LISBOA Vasco Manuel Biscaia Rei Vasco Biscaia Rei Unipessoal, Lda
Farmácia Rosa e Viegas Rua Mario Sampaio Ribeiro, Nº 7 2855-598 CORROIOS Crudélia Maria Santos Belo Alves Cruz Rosa, S.A.
Farmácia Santos Leite Lugar de São Gonçalo 3870 - 195 MURTOSA Ana Filipa Leite Duarte Ana Filipa Leite Duarte
Farmácia Chinde Rua Agostinho Lourenço, 6-B 1000-011 LISBOA Silvia Andreia Barreiros Neves Correia Barata Lda
Farmácia Modelar Lg. Dr. António Sousa Macedo, 7 A 1200-153 LISBOA Pedro Galvão Vasques A Correia Martins, Lda.
os
20 08
Farmácia Portuguesa | 79
ficheiro mestre Farmácia Modelar Lg. Dr. António Sousa Macedo, 7 A 1200-153 LISBOA Pedro Galvão Vasques A Correia Martins, Lda.
Farmácia Gastão Fonseca Avenida Bombeiros Voluntários, 114 3600 - 140 CASTRO DAIRE Maria João Henriques do Vale e Silva Maria Adelaide Silva Lda
Farmácia Gomes de Pinho Avenida 25 de Abril, 3 4540-102 AROUCA Maria de Fátima da Silva Pinheiro Geshealth - Consultoria e Gestão, Lda
Farmácia de Birre Rua de Birre, 503-A 2750 - 218 CASCAIS Nadine Franco de Lemos Farmácia Birre, SA
Farmácia Ouressa Rua Francisco Sa Carneiro, Lt F 15 Lj B 2725-317 MEM MARTINS Katia Alexandra Coelho Martinho CFCO-Companhia Farmacêutica Central de Ouressa, Unip.,Lda
Farmácia Freitas Rua da Prensa 4-B, 6060 - 551 ZEBREIRA José Silvestre Ribeiro Pereira de Freitas Farmácia Freitas Lda.
Farmácia Tovar Chaves Rua Dr. António Elvas, 109 2810-169 ALMADA João Maria de Tovar Chaves Ivone Maria Tovar Almeida Salvador Chaves – Herdeiros Farmácia da Misericórdia e Hospital Rua Espirito Santo, 30 7220 - 405 PORTEL Alexandra Augusta Direitinho Vidinha Misericórdia e Hospital Farmácia Maria Sequeira Quinta dos Reis 8365 - 019 ALCANTARILHA Mariana Lopes Barros Mouro M. Paula & Vasques Lda Farmácia do Amial Rua do Amial, 1227 4200 - 063 PORTO José Maria da Costa Almeida José Maria da Costa Ameida
Alteração de Morada
Alteração à Denominação Farmácia Mundial Largo D. Estefânia, 10 1000-126 LISBOA Manuel Ferreira Figueiredo Farmácia Mundial Laboratórios Abc -Sociedade Unipessoal Lda.
Transferência de Local Farmácia Falcão Rua de Eduardo Silva Bastos, 6 3750-805 VALONGO DO VOUGA Ester Maria Rodrigues Falcão José Lopes Falcão Transferência provisória de Local
Farmácia Central Rua Ernesto Brito, 46 4585 - 681 SOBREIRA Dulce Maria Ribeiro S. M. Torres Dulce Maria Ribeiro S. M. Torres Farmácia do Prior Velho Praça Gil Vicente, 2 - B 2685 - 404 PRIOR VELHO Helena Maria Nunes Leal Gonçalves Lages Helena Lages, Unipessoal Lda. Farmácia Nobreza Rua Frederico A. Nobreza, 3 3080 - 546 FIGUEIRA DA FOZ Dulce Ema Pereira Rodrigues Dulce Ema Pereira Rodrigues
Farmácia Cruz de Malta Lda. Rua Jadim do Tabaco, 130-132 1100-139 LISBOA Darida da Conceição Alves Gonçalves Dárida Gonçalves - Comércio de Med, Cosm. e Perf. Unip, Lda. Farmácia Nery Bairro do Vale, lt 8, frac. A R/C 3510-203 ABRAVEZES Madalena de Castro Nery Nery e Castro Lda.
produtos Serum7 contra o envelhecimento Serum7 – com a garantia de qualidade
com resultados em apenas quatro sema-
Boots - é uma gama de cuidados anti-enve-
nas. A ele juntam-se os cremes hidratantes,
lhecimento com provas dadas na regenera-
nas versões para pele seca e pele normal: o
ção da pele prematuramente envelhecida.
de dia hidrata a pele de uma forma suave,
São seis produtos, todos hipoalergénicos,
enquanto o de noite é mais nutritivo.
cujos princípios activos combatem a perda
Finalmente, o creme contorno de olhos
de firmeza da pele e travam o aparecimen-
hidrata em profundidade uma zona
to precoce de rugas.
que é muito vulnerável à perda de elas-
O principal produto da linha é o Sérum de Beleza – 30 ml
ticidade, prevenindo o aparecimento de pequenas ru-
ultraconcentrados que aumentam os níveis de colagénio,
gas, papos e olheiras.
80 | Farmácia portuguesa
cartoon
30
an
19 78 โ ข
os
20 08
Farmรกcia Portuguesa | 81
desta varanda
Cortina de fumo As comparticipações do Estado no
O Estado gastou onde devia poupar
preço dos medicamentos global-
e poupou onde devia gastar.
mente diminuíram. Os doentes pas-
Os beneficiários desta política de
saram a pagar mais.
saúde não foram, obviamente, os
Foi eliminada a majoração na comparti-
cidadãos. Para estes ficaram reserva-
cipação nos medicamentos genéricos.
dos os sacrifícios, com maior despesa
Os doentes passaram a pagar mais.
na aquisição de medicamentos, mais
Os preços dos medicamentos foram
taxas moderadoras e menor acessi-
alvo de uma política de faz de con-
bilidade aos cuidados de saúde.
ta e continuaram a subir, servindo
O encerramento de serviços de saúde
objectivamente os interesses da
pelo País foi apenas a gota de água.
indústria farmacêutica. Os doentes
A sua demissão do Governo pronun-
passaram a pagar mais.
ciou-o como o culpado da política
Em vez do preço mínimo de Espanha,
de saúde. O livro agora publicado é
O livro recentemente publicado
França e Itália, o comparador inter-
a defesa do arguido.
pelo anterior Ministro da Saúde
nacional para fixação dos preços em
Uma defesa preocupada em respon-
merece reflexão.
Portugal passou a ser o preço médio
sabilizar os lóbis pela sua demissão,
Recordamos que o Ministro foi de-
de Espanha, França, Itália e Grécia! Os
tal como já procurava responsabilizar
mitido em virtude da contestação
doentes passaram a pagar mais.
alguns deles pelo insucesso da sua
generalizada das populações à sua
Os medicamentos genéricos enfren-
política, enquanto Ministro. Esta de-
política de saúde.
taram grandes dificuldades, ao nível
fesa está condenada ao insucesso.
De norte a sul do País o povo saiu à
da atribuição de preços e comparti-
Não é fácil contrariar a verdade dos
rua exigindo a sua demissão, fazendo
cipações, para entrarem no mercado.
factos, particularmente quando são
lembrar os tempos idos de 1975.
Os doentes foram prejudicados.
recentes. O Ministro foi corrido do
Não foram os lóbis que demitiram o
Não
Ministro. Foi a sua política.
didas previstas no programa do
O seu livro é uma tentativa de bran-
Os lóbis é que o sustentaram no car-
Governo, tais como a prescrição por
quear a história e uma cortina de
go durante tanto tempo.
Denominação Comum Internacional,
fumo sobre a política de saúde dos
Uns, porque lhes agradava a sua política.
a receita electrónica e a melhoria da
anos de 2005 a 2007.
Outros, porque demiti-lo seria entendi-
qualidade da prescrição médica. Os
do como uma fragilidade do poder e
doentes foram prejudicados.
uma cedência aos seus interesses.
A concorrência no domínio dos me-
Quem demitiu o Ministro foram as
dicamentos não abrangeu a indústria
populações,
farmacêutica. Os doentes foram pre-
atingidas
pela sua política. 82 | Farmácia portuguesa
duramente
foram
judicados.
implementadas
me-
cargo pelas populações.
João Cordeiro
Farmรกcia Portuguesa | 83
84 | Farmรกcia portuguesa