Farmácia Portuguesa 178

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Farmácia

Portuguesa BiMESTRAL • N°178 • NOVembro/DEZEMbro ‘08

9.º Congresso Nacional das Farmácias

Confiança no futuro

30

an

19 78 •

os

20 08

Farmácia Portuguesa |

1


2 | Farmรกcia portuguesa


Farmácia

Portuguesa

sumário

Novembro/Dezembro de 2008 • Ano XXX • Nº 178 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528

Editorial Editorial 5 30º aniversário da Farmácia Portuguesa 30th anniversary of Farmácia Portuguesa

6

9.º Congresso Nacional das Farmácias 9th Pharmacies National Congress

8

Sessão de Abertura Opening Session

12

Conferência de Abertura Opening Conference

16

Conquistar a Mudança Conquer the Changing

18

Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança Pharmacy Organization on a Changing Enviroment

26

Que Futuro para a Informação em Saúde? What Future for Health Information?

34

O Valor da Intervenção Farmacêutica The Value of the Pharmaceutical Intervention

38

Sessão de Encerramento Closing Session

44

Conclusões Conclusions

48

15 anos do Programa de Troca de Seringas 15 years of Syringe Exchange Program

52

Workshops Workshops

54

Apresentação de Posters Posters Presentation

58

Pausas entre Pares Pauses among Pairs

62

Informação Terapêutica – Menopausa Therapeutical Information – Menopause

64

Cursos de Formação Training 74 Noticiário News 76 Reuniões e Simpósios Meetings and Simposia

82

Cartoon Cartoon 86 Desta varanda From this balcony 89 Farmácia Portuguesa |

3


Farmácia

Portuguesa

última hora

Propriedade

“Pacote Farmacêutico”

Propostas da Comissão bem recebidas pelo PGEU

Director DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES Sub-Directores DR. LUIS MATIAS Dr. Nuno Vasco Lopes Coordenadora do Projecto DRª MARIA JOÃO TOSCANO Coordenadora Redactorial DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt Coordenadora Redactorial adjunta DRª ana patricia rodrigues Email: ana.rodrigues@anf.pt Telef. 21 340 06 50 Produção

Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt

A Comissão Europeia (CE) acaba de

Justificadas pela Comissão com as

apresentar um conjunto de propostas

necessidades e os interesses dos

legislativas sobre o sector do medica-

doentes, estas propostas foram bem

mento, nas quais reconhece o papel

acolhidas pelo Grupo Farmacêutico da

fundamental do farmacêutico na de-

União Europeia (PGEU). Os farmacêuti-

fesa dos interesses dos doentes.

cos europeus consideram vital comba-

Este “pacote” farmacêutico inclui

ter a crescente ameaça da contrafacção

propostas para lidar com os proble-

de medicamentos e da sua penetração

mas crescentes de falsificação e dis-

na cadeia de distribuição, aplaudindo a

tribuição ilegal de medicamentos,

Comissão por reconhecer o papel que

para proporcionar ao cidadão acesso

o farmacêutico desempenha na pri-

a informação de alta qualidade sobre

meira linha deste combate.

os medicamentos sujeitos a receita

Quanto à farmacovigilância, o PGEU

médica e para melhorar a protecção

é fortemente favorável ao reforço do

dos doentes, reforçando o sistema

actual sistema. Já a proposta relativa

comunitário de monitorização dos

à informação sobre medicamentos,

medicamentos (farmacovigilância).

recebeu com agrado o facto de a

Além disso, a Comissão propõe-se

Comissão ter abandonado algumas

lançar um processo de reflexão so-

das suas ideias mais radicais, congra-

bre as formas de melhorar o acesso

tulando-se com o reconhecimento

ao mercado e conceber iniciativas

do papel dos profissionais de saúde,

que estimulem a investigação far-

incluindo os farmacêuticos.

macêutica, por entender que a União

Para o PGEU, este é um “pacote sen-

Europeia tem vindo a perder terreno

sato que contém boas notícias para

neste domínio.

os doentes europeus”.

4 | Farmácia portuguesa

Director de publicidade Nuno Miguel Duarte nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 Consultora Comercial Sónia coutinho soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 Distribuição gratuita aos associados da ANF Assinaturas 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74 Email: margarida.lopes@anf.pt Powered by Boston Media Impressão e acabamento RPO - Produção Gráfica, Lda. Depósito Legal n.º 3278/83 Isento de registo na ERC ao abrigo do artigo 9.º da Lei de Imprensa n.º 2/99, de 13 de Janeiro Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares Distribuição

FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa

www.anf.pt


editorial

30

Nós, a crise e a ética

2009 abre com a esmagadora maioria

Como motor deste círculo e fazendo

tentados a falsificar, a manter e a

das previsões, se não todas, de que

deslizar o medicamento está o Estado,

compor fugindo à sua própria for-

será um ano de profunda crise. A ser

através do seu Serviço Nacional de

verdade vamos atravessá-la e para isso

Saúde, uma vez que ele é o maior clien-

6) No campo da informação da indús-

devemos estar tanto quanto é possível

te, além de criador de pontos de aten-

tria farmacêutica, a utilização de in-

preparados.

dimento e tratamento de doentes.

verdades vira-se directamente con-

A Revista abre assim estas páginas ti-

A ética do medicamento, encarada

tra o próprio e contra os produtos

tulando o editorial com o tema. Para

como um conjunto de deveres que

que procura comercializar. Hoje se

conteúdo quase que o aspecto pode

optimizam o desempenho de cada ele-

um qualquer profissional de infor-

parecer o de uma colagem de frases

mento, daria, como se calcula, um livro

mação médica cair na tontaria de

feitas. Neste ambiente, com os lucros a

bem volumoso.

utilizar uma inverdade, rapidamen-

descer, o número de clientes também

Resolvi assim enunciar alguns objecti-

te ela se vira contra os interesses

a descer, o que é que não pode acon-

vos que pudessem desafiar o leitor, ao

comerciais que ele poderia estar a

tecer ao sector do medicamento? Ora

exercitar a sua capacidade de análise

vejamos:

condicionar o desempenho no dia-a-

O medicamento roda num círculo que

-dia, que em 2009 o vai rodear:

Saúde sentem-se apenas portado-

o leva desde o laboratório produtor até

1) Os remédios secretos (cuja compo-

res de direitos, há que lembrar e es-

ao doente, que um dia o toma. Esse

sição não está patenteada nem é

círculo, como uma estrada, prevê vá-

descrita na embalagem) não contri-

Para quem deseja melhorar os seus co-

buem para a Saúde Pública.

nhecimentos sobre esta área, sugiro a

rias etapas – a unidade produtora no

os

20 08

mação cientifica.

defender. 7) Muitos utentes dos Serviços de

timular os seus deveres.

estrangeiro ou em Portugal (o labora-

2) Ensaios clínicos ou prescrição de

tório), a unidade importadora para os

medicamentos são intervenções,

“Um Fio de Ética” – Walter Osswald –

fabricados fora do país, o armazenista

entre muitas outras, que obrigam a

2001, Editor – Instituto de Investigação

ou grossista, o médico, a farmácia hos-

constituir equipas multidisciplina-

e Formação Cardiovascular; “Ética em

pitalar, o enfermeiro e a farmácia de

res. A formação, a capacidade profis-

Cuidados de Saúde” – Daniel Serrão

oficina.

sional e a comunicação entre os ele-

e Rui Nunes – 1998, Porto Editora;

Como farmacêutico a minha vida

mentos reflectem-se no resultado.

“La Bioéthique” – Dorothée Benoit

profissional tem-se detido mais lar-

3) A farmacovigilância é um olhar so-

gamente na indústria farmacêutica e

bre as reacções adversas. Devemos,

“Famacovigilância em Portugal” –

em farmácia de oficina. Também não

aos que contactam o doente, torná-

Infarmed 2003.

posso esconder a experiência que a

la permanente.

E termino tal como a Professora Irene

leitura das seguintes obras:

– Browaeys,

Les Essentiels Milan;

deontologia e a ética me deixaram

4) A Ordem dos Farmacêuticos deve

Silveira: “Age sempre de tal modo que

através da passagem pela Ordem dos

publicar um Código de Ética e um

o teu comportamento possa vir a ser o

Farmacêuticos por vários cargos direc-

novo Código Deontológico que re-

principio de uma lei universal” (Kant).

tamente colados ao tema. Estes apon-

sulte da revisão e actualização do

tamentos estão incluídos no texto para

an

19 78 •

actual.

que, esclarecendo as minhas origens,

5) Aos jovens investigadores são en-

se percebam melhor os pontos de vista

tregues objectivos, pedem-se resul-

enumerados.

tados, os visados sob pressão são

Francisco Guerreiro Gomes Farmácia Portuguesa |

5


s8 o n a 0 30 78 • 20 19

30.o aniversário da Farmácia Portuguesa Logo no editorial com que se abre

escreve João Cordeiro, em editorial

o ano de 2006, o presidente da ANF

de Maio/Junho de 2006. Porque a

faz o rescaldo das primeiras medidas

liberalização não decorre de um pro-

legislativas que pretenderam refor-

blema social, nem de uma exigência

mar o sector em nome do interesse

dos doentes ou dos cidadãos em ge-

público. Aliás, o anúncio da libera-

ral. É exclusivamente política. Daí o

lização da venda de medicamentos

receio, exposto na mesma página de

não sujeitos a receita médica, logo na

Farmácia Portuguesa, de que, “esgo-

posse do executivo, gerou na opinião

tado o tempo de vida mediático des-

pública “a ideia da inevitabilidade

ta decisão política, o país ficará com

da alteração legislativa no sector e

um sector de farmácias em piores

de que essa alteração seria um be-

condições para prestar um serviço de

nefício para os consumidores”. Esses

qualidade aos cidadãos”.

benefícios, porém, estão ainda por

Uma esperança se vislumbrava com a

de um discurso

demonstrar.

intenção, manifestada pelo governo,

marcadamente hostil ao

Do que se tratou foi de um ataque às

de dialogar com as farmácias. Houve

farmácias. Ainda que nada o justifi-

diálogo efectivamente e dele resul-

sector das farmácias –

casse. Tanto mais que o sector é, de

tou o Compromisso com a Saúde. O

entre todos os da saúde, aquele em

presidente da direcção admite que o

repercute-se ao longo dos

que há maior equidade no acesso e

acordo não satisfez a ANF. Mas foi a

maior qualidade nos serviços presta-

melhor forma de defender os supe-

dos. Além de que a atitude das far-

riores interesses dos doentes que são

Portuguesa, dominando

mácias e da sua associação sempre

acompanhados nas farmácias. E que

a retrospectiva que nos

foi de diálogo e disponibilidade de

exige ao sector um grande esforço e

colaboração.

uma grande responsabilidade, obri-

propusemos apresentar

Uma atitude que esbarrou na deter-

gando as farmácias a estarem à altura

minação do governo em centrar a

da situação, unidas e determinadas na

em jeito de celebração dos

sua política da saúde no sector das

defesa dos seus legítimos interesses

farmácias. Depois da liberalização

profissionais, morais e económicos.

dos MNSRM, a da propriedade. “Não

As implicações do compromisso

é uma boa notícia para o sector. E, jul-

levaram a direcção a requerer elei-

gamos nós, convictamente, também

ções antecipadas, cumprindo o es-

não é uma boa notícia para o país”,

pírito associativo. E, em nome desse

A posse do actual governo – porque acompanhada

últimos anos de Farmácia

30 anos a dialogar com os associados.

6 | Farmácia portuguesa


mesmo espírito, aos associados foi

vez o sector será capaz de encontrar

O ano começou, de facto, com um

sublinhada a importância de, dada

uma solução”. E foi. A Finanfarma foi

sinal de esperança: a substituição do

a natureza dos temas em questão,

a resposta encontrada. O sector man-

ministro da Saúde. Sobre Ana Jorge, a

não manifestarem desinteresse nem

teve a sua independência, não ficou à

nova titular da pasta, recaiu um clima

alheamento. E não o fizeram. Surgiu

mercê do Ministério da Saúde.

de elevada expectativa, “dos que que-

mesmo, e pela primeira vez, uma

Aliás, as farmácias sempre souberam

rem e dos que não querem a reforma

lista alternativa, que a direcção em

encontrar soluções para as ofensivas

da saúde”. Das farmácias também.

exercício recebeu como sinal de vi-

que as visaram. Fizeram-no, nomea-

E justificadamente: é que havia – e

talidade associativa e de que, apesar

damente, quando foram confronta-

há – um compromisso por cumprir.

dos problemas e das dificuldades, há

das com a liberalização da proprieda-

E porque tinha havido entretanto le-

farmacêuticos dispostos a assumir

de. Em vez de se manterem agarra-

gislação publicada que o contrariava

responsabilidades.

das ao passado, mostraram abertura

na letra e no espírito, a impor reflexão

Os associados reafirmaram, por maio-

ao presente e prepararam o futuro:

objectiva. E serenidade.

ria, a sua confiança na direcção em

daí a alteração de estatutos da ANF,

Do ministro cessante haveria de se

exercício. Um novo desafio a espera-

aprovada pela esmagadora maioria

ter notícias mais à frente no ano.

va entretanto: o fim do acordo com

dos associados que entenderam a

Com a publicação de um livro em

o Ministério da Saúde e a expectativa

necessidade de reflectir a nova reali-

que sai em sua defesa. Uma defesa

da sua renovação. Que não se confir-

dade do sector sem prejuízo da uni-

– escreve João Cordeiro, na Farmácia

mou: o ministro Correia de Campos

dade e da capacidade de liderança.

Portuguesa de Setembro/Outubro –

optou por impor unilateralmente às

“Não devemos fechar os olhos à rea-

“preocupada em responsabilizar os

farmácias as condições de dispensa

lidade”, foi o apelo de João Cordeiro

lóbis pela sua demissão, tal como

de medicamentos a crédito aos be-

no editorial de Maio/Junho de 2007.

já procurava responsabilizar alguns

neficiários do SNS. “É uma questão

Os associados responderam com um

deles pelo insucesso da sua política

de boa fé”, escreve João Cordeiro em

voto de confiança colectiva no futuro.

enquanto ministro”.

editorial de Novembro/Dezembro de

As alterações estatutárias aconteceram

É uma defesa “condenada ao insuces-

2006.

num ano difícil para as farmácias, con-

so”. Porque não foram os lóbis que o

Em vez do acordo de intermedia-

forme é reconhecido no editorial do úl-

demitiram. Foi a sua política. Foram as

ção, o ministério propõe-se pagar

timo número da revista em 2007. O sec-

populações. E o livro mais não é do que

directamente às farmácias. E pagar

tor enfrentou a determinação política

“uma tentativa de branquear a história

pontualmente,

sempre

do governo e do Ministério da Saúde,

e uma cortina de fumo sobre a política

repetida mas nunca cumprida. Uma

mas respondeu com a mesma determi-

de fumo dos anos de 2005 e 2007”.

atitude com uma leitura apenas: “O

nação, com uma estratégia associativa

Foram anos de grande impacto para

que o Ministério da Saúde não quer

renovada. E um projecto colectivo que

o sector. Pela negativa, porque in-

é enfrentar um sector organizado,

nasceu da capacidade de transfor-

troduziram reformas que não foram

capaz de resistir às suas arbitrarie-

mar os desafios em oportunidades: o

reclamadas pela sociedade e de be-

dades e de lhe exigir o adequado

Programa Farmácias Portuguesas. E o

nefícios de alcance duvidoso. Mas

cumprimento das suas obrigações.

entusiasmo com que foi recebido pelos

também pela positiva, porque evi-

O que o Ministério da Saúde verda-

associados permitiu a João Cordeiro

denciaram a capacidade das farmá-

deiramente quer é dividir o sector,

escrever que “2008 será um ano de es-

cias de reagir e seguir em frente. Mais

para impor a sua vontade. Mais uma

perança”.

unidas e mais fortes.

promessa

Farmácia Portuguesa |

7


congresso anf 9º Congresso Nacional das Farmácias

Uma Nova Era para a Saúde em Portugal

8 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Foi sob a égide dos desafios que se

propostas. Este ano também, e pela

O valor da intervenção farmacêutica

colocam ao sector e da estratégia

primeira vez, as farmácias foram de-

esteve sempre subjacente ao longo

concebida para os transformar em

safiadas a apresentar publicamen-

dos quatro dias de trabalhos. Com a

oportunidades que decorreu o 9º

te, sob a forma de posters, o melhor

particularidade de ter sido quantifi-

Congresso Nacional das Farmácias.

da sua intervenção profissional:

cado pela primeira vez: um estudo

Uma estratégia cuja face mais vi-

responderam acima das expecta-

da Universidade Católica lançou um

sível e mais recente é o Programa

tivas, com trabalhos de qualidade

primeiro repto de reflexão, fazendo

Farmácias Portuguesas, daí o tema

e rigor que espelham o contributo

reflectir sobre a verdadeira impor-

desta reunião magna – “Farmácias

do sector para a saúde individual e

tância do acto farmacêutico.

Portuguesas – Uma nova era para a

colectiva.

Outras reflexões se fizeram neste

saúde em Portugal”.

Foi um congresso repleto de moti-

congresso. Sobre a informação em

Mais de 1300 participantes acorre-

vos de interesse, pela oportunidade

saúde, por exemplo, numa confe-

ram ao Centro de Congressos de

de perceber para onde caminha a

rência que assinalou os 30 anos da

Lisboa, motivados pela necessida-

saúde e, sobretudo, o sector. Uma

Revista Farmácia Portuguesa. Ou

de de acompanharem os últimos

oportunidade proporcionada por

sobre o impacto do programa de

desenvolvimentos,

tomarem

oradores de elevada qualidade e

troca de seringas, com uma home-

conhecimento de realidades dife-

reconhecido mérito científico e

nagem à sua mentora, a Professora

rentes da portuguesa e tomarem

profissional.

Odette Ferreira, no 15º aniversário

o pulso ao rumo que a ANF está a

Oradores que deram a conhecer

desta acção de saúde pública sem

delinear para o sector.

realidades tão diferentes da por-

precedentes.

Disso mesmo fazem eco alguns tes-

tuguesa como a norte-americana.

O balanço é positivo. Na senda do

temunhos recolhidos junto de far-

Ou que abordaram, de uma forma

congresso de há dois anos, em que

mácias de diferentes pontos do país

directa, a problemática da susten-

se discutiu a visão e competência

e que reportamos nestas mesmas

tabilidade económica da farmácia

das farmácias num contexto de mu-

páginas. Desses testemunhos emer-

num contexto concorrencial. Ou

dança, foi um momento de inegá-

ge também o entendimento de que

que demonstraram como a farmá-

vel afirmação da tradição associati-

cada congresso é uma oportunida-

cia se deve organizar para integrar

va da ANF em que, mais uma vez,

de de actualização e formação: daí

os novos serviços e se afirmar pela

ficou demonstrado que a união é o

a significativa adesão às workshops

positiva.

seu maior activo.

de

os

20 08

Farmácia Portuguesa |

9


congresso anf

Sílvia Rodrigues, Farmácia Ferrer

Farmácia Ferrer

Farmácia Sacoor Manter a união

“Aprendemos sempre” “De um modo discreto, mas eficaz, Desde que é farmacêutica que Sílvia Rodrigues, proprietária e di-

transmitiu uma mensagem de união”.

rectora técnica da Farmácia Ferrer, em Castelo Branco, participa

Foi com esta impressão que Parveez

nos congressos da ANF. E fá-lo por entender que “é sempre positi-

Sacoor, proprietária e directora técnica

vo, do ponto de vista científico, técnico e social”.

da Farmácia Sacoor, em Lisboa, saiu do

Este ano voltou a estar presente. E do programa reteve sobretu-

9º Congresso Nacional das Farmácias.

do as intervenções que versaram sobre a Economia e a Gestão,

Participou motivada pela necessidade

pois são áreas que cada vez mais têm reflexos na farmácia. “Foi

de perceber em que direcção caminha

importante ouvir aqueles que estudam estas matérias e antever

a Saúde e, sobretudo, o sector, no actu-

os cenários possíveis”. “Esclarecedor” foi igualmente conhecer as

al clima de instabilidade. E para tomar

experiências levadas ao congresso pelos oradores estrangeiros,

contacto com as medidas que as far-

mesmo esperando que algumas das realidades retratadas não

mácias devem adoptar para reagirem à

venham a acontecer em Portugal.

situação.

Sílvia Rodrigues destaca ainda o painel em torno do Programa

Um objectivo alcançado mercê da “al-

Farmácias Portuguesas: “Sempre acreditei”. E os resultados – diz

tíssima qualidade dos oradores” que, na

– demonstram que valeu a pena acreditar. Resultados como os da

abordagem dos diferentes temas, con-

campanha de administração de vacinas nas farmácias: “Deram-

tribuíram para consolidar as suas expec-

nos ânimo e confirmaram que somos competentes para realizar

tativas face ao rumo a seguir.

serviços que exigem qualidade e rigor”.

O congresso permitiu ainda contextu-

Serviços nem sempre valorizados, conforme o estudo apresenta-

alizar aprendizagens, com aplicação

do no último dia do congresso: “O estudo demonstrou a impor-

prática no quotidiano da farmácia. Em

tância do acto farmacêutico, que é muito esquecido e que tentam

particular no que respeita às novas so-

até aniquilar. É um serviço gratuito e de qualidade, que permite ao

luções. Daí ter participado na workshop

Estado poupar mas que é dado como adquirido”.

sobre merchandising, uma ferramenta

Além das sessões propriamente ditas, esta farmacêutica de

recente no sector.

Castelo Branco participou em duas workshops, considerando-as

A opinião geral sobre os trabalhos é que

bastante úteis para a prática profissional: “Ficar actualizada é uma

foram “muito positivos”, demonstrati-

mais-valia. Aprendemos sempre. E há sempre um dia que dize-

vos de que “a ANF consegue manter a

mos que valeu a pena”. É assim que Sílvia Rodrigues sintetiza a sua

unidade no sector da farmácia”.

participação nos congressos da ANF. 10 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Farmácia Luso Britânica Mais confiança, mais esperança

Foi com mais confiança e mais esperança que Maria Teresa Afonso, proprietária e directora técnica da Farmácia Luso Britânica, na ilha

Farmácia Garcês Gonçalves

Vale sempre a pena participar

da Madeira, saiu do congresso de Novembro. Participa sempre que possível, por considerar

Maria Luísa Gonçalves, proprietária e direc-

importante estar com outros colegas, ouvir ou-

tora técnica da Farmácia Garcês Gonçalves,

tras opiniões e confrontá-las com as suas. Mas

no concelho de Valongo, participa habitual-

também “perceber o sentir da ANF em relação

mente nos congressos da ANF. Por um lado,

à classe, à farmácia em geral e à sociedade”. No

porque são uma forma de se manter em con-

fundo, trata-se de “aprender”.

tacto com a classe, por outro, porque consti-

Este ano – com uma situação difícil e grandes

tuem uma oportunidade de ouvir as novida-

mudanças – “por maioria de razão tinha de par-

des relativas ao sector.

ticipar”. E foi importante: “Saí do congresso com

E este ano, particularmente, motivou-a o

os confrontos feitos, mas também com mais con-

“ambiente negativo” que tem influenciado o

fiança e mais esperança. A Associação é forte e

sector. E regressou satisfeita, embora aponte

sabe o que está a fazer. Saímos mais fortalecidos,

“alguma falta de vivacidade”: não a conside-

com alguma serenidade na maneira de encarar

ra propriamente um aspecto negativo, antes

o futuro”.

porventura parte de uma estratégia.

Dos relatos de outras experiências levadas ao

No geral, considera que o congresso estava

congresso, nomeadamente pelos oradores nor-

bem organizado, tendo apreciado, nomea-

te-americanos, reteve a convicção de que, se as

damente, o debate com os representantes

farmácias trabalharem bem, os utentes não vão

dos partidos políticos. Apreciou também as

mudar, pelo que defende que a classe deve con-

duas workshops em que participou: é que

tinuar a aplicar-se e a aperfeiçoar o serviço que

“pensa-se que se sabe muito, mas aprende-

presta.

se sempre”. Valoriza especialmente a partilha

E nesse sentido Maria Teresa Afonso participou

de experiências com os colegas mais jovens,

em duas workshops, ambas viradas para o futuro

que detêm uma preparação diferente da sua

– novas tecnologias e merchandising. “É preciso

e estão muito atentos.

estar actualizado, mas ainda temos muito que

No próximo congresso, o mais provável é que

trabalhar nestas áreas”.

Maria Luísa Gonçalves volte a estar presente:

É, no entanto, o único caminho: “Ninguém nos dá

“Nem ponho a questão de não participar.

nada. É cada um de nós individualmente e somos

Vale sempre a pena”.

todos juntos que fazemos o nosso futuro”. Farmácia Portuguesa | 11


congresso anf Sessão de Abertura

Confiança no futuro

Foi esta a mensagem central que emergiu da João Cordeiro, Presidente da ANF

sessão de abertura do 9º Congresso Nacional das A ofensiva político-legislativa que o sector

Hora Branco, evocou os dois anos trans-

da farmácia de oficina enfrentou nos dois

corridos desde o último congresso. Não

obstante as vicissitudes

últimos anos e as respostas profissionais e

foi – sublinhou – um tempo de acalmia:

vividas nos últimos anos;

associativas da classe e da profissão con-

não foi possível ao sector retemperar for-

feriram o tom à sessão de abertura do 9º

ças depois dos combates travados, nem

confiança porque esses

Congresso Nacional das Farmácias, a 20

exercer em regime de dedicação exclusiva

de Novembro.

o “sacerdócio” da profissão.

mesmos obstáculos vieram

E o tom começou por ser dado pelo pri-

“É certo que trabalhámos muito. É seguro

meiro orador. Perante uma plateia pre-

que trabalhámos bem. Mas é verdade que

enchida no auditório principal do Centro

tivemos de manter atenção e dar com-

de Congressos de Lisboa, o presidente da

bate pronto e permanente às manobras

Mesa da Assembleia Geral da ANF, David

insidiosas dos nossos inimigos, à crueza

Farmácias. Confiança não

reforçar a força associativa e profissional do sector. 12 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

sem tréguas manifestada pelos nossos

É neste contexto que se realiza mais

quem fosse, “manifestando sobre to-

adversários, à força e ousadia eviden-

um congresso, “uma demonstração

das as matérias certezas absolutas in-

ciadas pelos nossos opositores”.

de indomável querer”, de quem pers-

compatíveis com o dever democrático

Foi desgastante o esforço dispendido

pectiva cada contrariedade como uma

de dialogar com os legítimos represen-

a contornar obstáculos. Mas eles foram

oportunidade de interesse associativo

tantes das farmácias”.

vencidos – “graças à excelência de uma

e excelência profissional.

“O ódio do então ministro da Saúde

liderança verdadeiramente ímpar, de uma direcção de excepcional valor, ao formidável empenho de uma estrutura associativa extremamente dedicada

“Só podemos e devemos contar connosco”

e participativa e à união solidária pro-

os

20 08

ao nosso sector fez o resto”, acusou, frontal. De tal forma que o Orçamento de Estado para 2006 incluía uma disposição legal dirigida exclusivamente às farmácias, proibindo a ANF de

porcionada por uma plêiade de sócios

A mesma linha de pensamento presi-

fazer os pagamentos do SNS. “Parecia

muito serenos e lúcidos”.

diu à intervenção do presidente da di-

o fim do sector”.

Para David Hora Branco, foram tempos

recção da ANF, João Cordeiro. Usando

Já outros o haviam tentado antes,

de grande vicissitude, mas também de

da palavra após a conferência inaugu-

sem sucesso. Também esta tentativa

grande coragem, de discernimento e

ral do congresso, a cargo do especialis-

não resultou. Perante os congressis-

de audácia, de discussão frontal e de

ta do Banco Mundial Mukesh Chawla,

tas, João Cordeiro passou em revista

aceitação do compromisso. Tempos

reportou-se ao anterior congresso,

cada uma das ofensivas ministeriais

em que, apesar de cansados de injus-

em Outubro de 2006, quando o sector

e cada uma das respostas das farmá-

tiças e incompreensões, os sócios da

vivia simultaneamente confrontado

cias. Numa primeira fase, tentaram

ANF mantiveram a força, o querer e o

com ameaças e oportunidades, fruto

destruir o sector pelo elevado mon-

ousar. A nível individual, nas suas far-

daquilo que classificou como o lema

tante das dívidas ao sector. Mas as

mácias, optimizando a capacidade de

da política do governo – “destruir o

farmácias organizaram-se e ultrapas-

intervenção, frequentando cursos de

cartel das farmácias”.

saram a asfixia financeira, com a cen-

formação, renovando e dignificando as

“Nada parecia deter a fúria reformadora

tralização dos pagamentos na ANF,

suas instalações, apostando na robóti-

do Ministério da Saúde quanto à legis-

o apoio da banca e o recurso bem

ca. Mas a nível colectivo também não

lação farmacêutica, muito preocupado

sucedido aos tribunais. A estratégia

ficaram ancorados no passado: perse-

com a urgência da reforma e pouco

seguinte visou proibir a centralização

guiram a modernização e o crescimen-

preocupado quanto aos seus funda-

dos pagamentos e a impor o relacio-

to, alterando os estatutos, adaptando-

mentos e às suas consequências”. A

namento directo entre o ministério

os à nova realidade, aumentando o pa-

liberalização impôs-se então “como

e as farmácias. Contudo, o sector re-

trimónio, diversificando e reforçando o

um dogma”, com os responsáveis mi-

agiu com grande demonstração de

universo empresarial.

nisteriais indisponíveis para ouvir fosse

unidade, delegando poderes na ANF Farmácia Portuguesa | 13


congresso anf

João Cordeiro, Presidente da ANF; Mukesh Chawla, Banco Mundial; Maria de Belém Roseira, Comissão Parlamentar de Saúde; David da Hora Branco, Presidente da mesa da Assembleia Geral da ANF

Maria de Belém Roseira, Comissão Parlamentar de Saúde; David da Hora Branco, Presidente da mesa da Assembleia Geral da ANF

e criando uma solução alternativa a

para as farmácias foi concretizado

realidade, acolhendo – ao abrigo de

um modelo que, no passado, se reve-

com rapidez, com falta de equilíbrio

uma alteração estatutária – os novos

lara desastroso. O fim do acordo não

e de bom senso nas soluções, inde-

proprietários de farmácia não farma-

foi, assim, “como alguns pensaram e

pendentemente da sua complexida-

cêuticos.

tanto desejaram”, o fim da ANF. Mas

de e consequências; e o que poderia

Neste ponto, João Cordeiro deixou

– sublinhou – o ódio permaneceu. E

ser compensador foi sempre enten-

claro que a sua posição foi sempre

levou a nova ofensiva – tentar des-

dido como muito complexo, care-

contrária à liberalização da proprie-

truir o sector pela via legislativa. Sem

cido de estudos e não passou ainda

dade e que, hoje como no passado,

querer saber se as farmácias funcio-

da fase de preparação. “Estou hoje

entende que a sua atribuição exclu-

navam bem ou mal, com qualidade

muito desiludido com a forma como

siva ao farmacêutico é garantia de

ou sem ela, no interesse ou não das

o compromisso tem sido imple-

independência no exercício profis-

populações, o governo enveredou

mentado”, admitiu o presidente da

sional. Porém, também entende que

pela liberalização da propriedade.

Associação. Não obstante esta estra-

é do interesse de todos que farmacêu-

Ainda assim, a ANF insistiu no diálo-

tégia, os vaticínios mais pessimistas

ticos e não farmacêuticos trabalhem

go e dele emergiu o Compromisso

não se concretizaram e as farmácias

em conjunto na defesa colectiva de

com a Saúde.

sobreviveram, unidas como sempre.

interesses que são comuns.

O sector empenhou-se nesse com-

Mantiveram a supremacia no domí-

Foram circunstâncias extraordina-

promisso, reconhecendo que cons-

nio dos medicamentos não sujeitos

riamente adversas as dos últimos

tituía um importante desafio mas

a receita médica, afirmando-se pela

três anos. Mas o sector resistiu, re-

acreditando na sua implementação

qualidade dos serviços prestados e

forçando a unidade, redefinindo a

equilibrada. Não foi, porém, o que

pela credibilidade junto das popula-

política associativa e lançando as

aconteceu: o que era penalizador

ções. E souberam adaptar-se à nova

bases de um novo modelo de far-

14 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

mácia de oficina. Preparando, afinal,

sionais fortes, empenhadas e moti-

mente essencial num país com tantas

o futuro, um futuro certamente dife-

vadas, com projectos profissionais e

assimetrias”.

rente mas no qual as farmácias con-

associativos de sucesso.

Para a ex-ministra, o papel das farmá-

tinuarão a ocupar uma posição de

Na sua opinião, os farmacêuticos

cias no futuro – tema, aliás, do con-

relevo no sistema de saúde.

constituem uma classe de profissio-

gresso – tem de estar em permanen-

Aos farmacêuticos, o presidente da

nais de saúde que, há décadas, tem

te questionamento, mas no sentido

ANF deixou uma mensagem de op-

sabido encontrar o seu papel enquan-

de que acompanhe as expectativas

timismo: “Continuo a ter muita con-

to peça do sistema, aprofundando a

dos cidadãos e as preocupações da

fiança no nosso futuro”: “Com unidade,

formação, desenvolvendo programas

classe, reforçando a sua importância

determinação, sentido de responsa-

de qualidade, perseguindo princípios

e desencadeando comportamentos

bilidade, confiança e capacidade de

deontológicos, numa postura que é

similares nos outros grupos profissio-

organização, acredito em melhores

“merecedora de reconhecimento por

nais da Saúde.

dias para as farmácias portuguesas”. E,

parte da sociedade portuguesa”.

Entende Maria de Belém Roseira que

à luz das sucessivas crises que o sector

A actual deputada – eleita pelo

há várias formas de encarar o exer-

tem enfrentado e vencido, deixou uma

Partido Socialista – sustentou ain-

cício profissional e o exercício asso-

outra mensagem fundamental para o

da que as farmácias têm desem-

ciativo. A sua é de acompanhar e es-

futuro da classe e da profissão: “Só po-

penhado um papel inquestionável

timular o investimento na força dos

demos e devemos contar connosco”.

em Portugal. Além da confiança em

corpos de profissionais de saúde, por

termos de qualidade profissional, há

acreditar que “orientar a acção no

uma mais-valia que não é contabili-

sentido de retirar força a quem a tem

zada do ponto de vista económico –

é um exercício de energia negativa”:

a relação afectiva com os clientes: “Só

“É mais interessante ter gente activa,

quem andar muito distraído é que

empenhada, mobilizada e até ousada

não reconhece a importância desse

no exercício da sua profissão do que

À sessão de abertura do 9º Congresso

papel, sobretudo quando as crises

estar a estimular quem não tem ener-

Nacional das Farmácias presidiu a

sociais são graves”.

gia, capacidade, vontade, num esfor-

ex-ministra da Saúde Maria de Belém

“A generosidade, a capacidade de

ço incapaz de produzir resultados”.

Roseira, na qualidade de presidente

ajudar pessoas em situação de vulne-

Esta postura leva-a a “encarar com

da Comissão Parlamentar de Saúde

rabilidade que procuram a farmácia,

toda a tranquilidade o papel que

da Assembleia da República. Numa

que vêem no farmacêutico um ami-

uma associação forte pode ter”. “Não

intervenção em que defendeu a

go, é um papel que normalmente

é – sublinhou – uma vulnerabilidade,

importância de haver classes profis-

não é valorizado, mas que é absoluta-

é uma potencialidade”.

“Retirar a força a quem a tem é exercício de energia negativa”

os

20 08

Farmácia Portuguesa | 15


congresso anf Conferência de abertura

A (in)sustentabilidade do sistema de saúde

Mukesh Chawla, Banco Mundial

“Sistemas de saúde e o seu financia-

sustentabilidade – surge?

enquanto sistema está a crescer em

mento” – foi este o tema proposto a

A questão coloca-se antes de mais

valor absoluto e relativo.

Mukesh Chawla, reputado especialis-

porque as despesas continuam a cres-

Face a este panorama, todos os países

ta do Banco Mundial, para a conferên-

cer – e crescer devido à pressão de-

empreenderam reformas no financia-

cia de abertura do 9º Congresso das

mográfica, à longevidade que implica

mento da saúde. Mas, apesar disso,

Farmácias. Um tema que o próprio

novas doenças, novos tratamentos,

continuam a lutar para sobreviver,

reconheceu ser dos mais fascinantes e

novas tecnologias, exigências cres-

para manter o equilíbrio. Com a crise

em torno do qual levantou uma ques-

centes para recursos diminutos. O

financeira em curso, são previsíveis

tão essencial: “Porque é sempre sobre

que se sabe – disse – é que a quanti-

quebras dramáticas nos rendimentos,

a saúde que esta questão – a da (in)

dade de dinheiro gasto com a saúde

quer dos governos (através dos im-

16 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

postos), quer dos indivíduos (salários).

eficientes, nem eficazes” – é a única

queza global. E a questão é – valerá a

E, sabendo que a crise não vai desa-

conclusão possível.

pena gastar um quinto dos rendimen-

parecer amanhã, são muitas as razões

Centrando-se nas despesas com a saú-

tos na saúde? É dinheiro que não se

para se estar preocupado.

de, Mukesh Chawla procurou desmisti-

gasta noutras coisas... A consequência

A primeira das razões que este espe-

ficar as suas reais causas – não a demo-

poderá ser a polarização dos sistemas

cialista do Banco Mundial apresentou

grafia, nem os novos medicamentos e

(“talvez não tanto em Portugal, por-

prende-se precisamente com o cresci-

tecnologias, nem os salários, mas sim

que existe o SNS”). E, com a divisão

mento das despesas com a saúde face

o desperdício, políticas inadequadas,

entre quem pode pagar e quem não

à riqueza dos países. E a questão que

incentivos errados, má gestão e má

pode, geram-se desigualdades sócio-

se coloca é - o que pode ser feito, in-

governação da saúde. “Não sabemos

económicas que separam os ricos e os

dividual e colectivamente, para conter

gerir os recursos”, concluiu.

pobres, os novos e os velhos, fazendo

estes gastos?

Contudo, não se houve falar em má

com que o conceito de solidariedade

Um segundo motivo para preocupa-

gestão, mas na necessidade de mais

perca o sentido.

ção tem a ver com a eficiência. Não há

recursos. Mas – questionou – “precisa-

Com a perspectiva deste futuro,

dúvida de que a maior parte dos siste-

remos mesmo de mais dinheiro para

Mukesh Chawla deixou um desafio:

mas está a gastar demasiado face aos

a saúde?” Ou “precisaremos de o ge-

olhar para o presente antes que seja

resultados (insatisfatórios) que obtém.

rir melhor, com políticas e incentivos

demasiado tarde. E, no presente,

Assim sendo, o que pode ser feito para

adequados?”.

equacionar que talvez não esteja a

aumentar a eficiência dos sistemas de

Com estas dúvidas por responder,

ser feito o suficiente para garantir a

saúde?

o especialista projectou um cenário

sustentabilidade do sistema.

A preocupação justifica-se por um ter-

para 2050. Cheio de boas notícias: a

E o que se pode fazer? Partilhar com

ceiro motivo – a eficácia. Os contrastes

esperança de vida será de 96 anos;

os doentes a responsabilidade finan-

gritantes nos indicadores de saúde,

os indicadores económicos, como o

ceira pelo consumo de bens e servi-

como a taxa de mortalidade, entre

PIB, serão substituídos pelo Produto

ços de saúde, penalizar os comporta-

países sugerem que há uma grande

Nacional de Felicidade, que mede a

mentos de risco, aplicar os princípios

falta de eficácia nos serviços de saúde.

saúde em vez da riqueza e que esta-

económicos à produção e forneci-

Algumas das diferenças são fáceis de

rá no seu máximo; a satisfação geral,

mento de serviços de saúde, reforçar

entender, podendo ser atribuídas, por

medida pelo Indicador do Progresso

o papel dos governos na definição

exemplo, à falta de recursos.

Genuíno, será elevada.

e na fiscalização do sistema – estas

Mas, e na própria Europa, como se ex-

A má notícia é que as despesas com

foram algumas sugestões deixadas

plicam?

a saúde continuarão a subir, apro-

para reflexão. “É preciso pensar dife-

“Estamos a gastar demais, não somos

ximando-se dos 20 por cento da ri-

rente”.

os

20 08

Farmácia Portuguesa | 17


congresso anf Conquistar a Mudança

Farmácias portuguesas no bom caminho

Esta é a conclusão que se retira das intervenções que deram corpo ao segundo painel do congresso, subordinado ao tema “Conquistar a Mudança”. Uma conclusão à luz das tendências actuais do mercado farmacêutico, da experiência de países como os Estados Unidos e da estratégia que tem vindo a ser delineada para as farmácias de oficina em Portugal. 18 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

A mudança foi o denominador co-

to, mas, no que à Europa diz respei-

ainda têm um elevado potencial

mum a este 9º Congresso Nacional

to, esse crescimento está em declí-

de crescimento, na medida em que

das Farmácias e sobre ela se situou,

nio: apenas nos chamados países

ainda há países onde a penetração

em particular, o I painel, subordinado

emergentes (do Leste) cresce a um

é pequena. E vai crescer menos em

precisamente ao tema “Conquistar a

ritmo de dois dígitos (numa média

países onde haja medidas regulado-

Mudança”.

de 10,3%), com os países de média

ras, como os preços de referência, e

A moderação esteve a cargo do ex-

dimensão a apresentarem uma taxa

mais onde o doente assuma a maior

bastonário da Ordem dos Farma-

de 6% e os principais cinco merca-

fatia da despesa.

cêuticos e ex-presidente do Infar-

dos a ficarem abaixo, nos 5,3%.

Um desafio importante está no hori-

med, José Aranda da Silva, que,

Tal como na Europa, também a nível

zonte: no prazo de cinco anos, o fim

numa breve introdução, começou

mundial os principais mercados es-

de patentes abrirá uma oportuni-

por fazer suas as palavras do poeta

tão a contribuir menos para o cres-

dade excepcional para a contenção

Fernando Pessoa para sublinhar que

cimento, por oposição com as sete

de gastos, avaliada em 128 mil mi-

“não há futuro sem memória do pas-

regiões emergentes (Índia, China,

lhões de dólares em vendas. É uma

sado”. É que – disse – “temos de sa-

Brasil, México, Turquia, Rússia e

oportunidade para os genéricos, tal

ber onde estamos, o que nos condi-

Coreia do Sul).

como acontece já com os biosimila-

ciona e quais as oportunidades que

Este é um crescimento proveniente

res, com uma penetração significati-

a mudança vai trazer”.

de segmentos de mercado não tra-

va em países como a Alemanha.

dicionais, já não influenciado pelos

Eddy Glissen recorreu também à

cuidados primários nem pelos ge-

Alemanha para evidenciar os bene-

néricos, mas pelos medicamentos

fícios de uma política de contrato –

de especialidade. Os genéricos con-

são seleccionados os fornecedores

E o que condiciona o sector da far-

tinuam a crescer é certo, mas tam-

mais baratos, sendo que apenas os

mácia e do medicamento é, desde

bém aqui se assiste a uma mudança:

medicamentos abrangidos pelo sis-

logo, o mercado farmacêutico. E foi

é que crescem menos em valor do

tema são comparticipados, o que

precisamente sobre as tendências

que em volume, constituindo 15%

tem conduzido a um decréscimo

e dinâmicas actuais que se pronun-

do mercado global em valor e 30%

acentuado dos preços.

ciou Eddy Glissen, da IMS.

em volume. Ainda assim, na opinião

O mercado está a mudar também ao

O mercado continua em crescimen-

do orador, estes medicamentos

nível da distribuição e da dispensa:

Mercado em redefinição

os

20 08

Farmácia Portuguesa | 19


congresso anf Os medicamentos constituem apenas uma pequena percentagem da despesa global com a saúde; os medicamentos inovadores acrescentam valor aos doentes, à economia e à sociedade.

novos modelos emergem – a distri-

dar respostas. Entendendo a inova-

micos. Neste contexto, qual o papel

buição directa, a importação parale-

ção como um contínuo, definiu-a

dos farmacêuticos? Para Tamas Suto,

la, o canal único. E se a distribuição

como um processo através do qual os

os farmacêuticos são os profissionais

tradicional quiser sobreviver terá

avanços na ciência dos mecanismos

de saúde melhor colocados para re-

de mudar o seu funcionamento de

moleculares básicos são constante-

colher e fornecer informação sobre

negócio, quer expandindo-o, quer

mente traduzidos em melhorias.

o valor dos novos medicamentos e

através da integração a jusante e a

Em defesa da inovação, rebateu os

a sua relação benefício-custo num

montante.

críticos que a apontam como uma

ambiente real. Essa informação é

A própria dispensa terá de ser mais

das razões para o crescimento do

essencial para uma avaliação mais

multifacetada,

por

custo dos medicamentos e para as

abrangente do verdadeiro valor da

caminhos como a internet, a dose

despesas com a saúde. Contudo, a

inovação. E essa avaliação – defen-

unitária. E a excelência – frisou –

Amgen acredita que a inovação em

deu – deve ser feita em colaboração

prevalecerá como elemento diferen-

medicamentos é parte da solução e

por governos, pagadores privados,

ciador.

não o problema: os medicamentos

prestadores de cuidados de saúde

constituem apenas uma pequena

e produtores, de modo a melhorar o

percentagem da despesa global

acesso aos novos tratamentos e me-

com a saúde; os medicamentos

dicamentos, a uma melhor gestão

inovadores acrescentam valor aos

dos custos e, em última instância, a

Implícita na intervenção do especia-

doentes, à economia e à sociedade.

compensar a inovação.

lista da IMS, a influência da inovação

Não obstante, o valor da inovação

no mercado foi desenvolvida pelo

farmacêutica não é completamente

orador seguinte, Tamas Suto, direc-

reconhecido.

tor médico executivo da Amgen,

A inovação – lamentou – é vista como

empresa líder em Biotecnologia. O

um custo e um risco e, efectivamen-

No outro extremo da indústria farma-

que é a inovação e como podem os

te, implica investimento. Mas é um

cêutica encontram-se os genéricos e

farmacêuticos influenciar o processo

investimento com claros benefícios

sobre as perspectivas de evolução

foram as questões a que procurou

a prazo, individuais, sociais e econó-

deste mercado pronunciou-se o pre-

enveredando

Inovação mal compreendida

20 | Farmácia portuguesa

Genéricos em momento difícil


30

an

19 78 •

Tamas Suto, Amgen

os

20 08

Paulo Lilaia, Apogen

sidente da Associação Portuguesa

stocks existentes no mercado dei-

de se evoluir para alguma consoli-

de Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia.

xaram algumas empresas à beira

dação, na medida em que há dema-

Mostrando-se “totalmente a favor

do estrangulamento financeiro. São

siadas (63) empresas de genéricos a

da inovação”, considerou que ela

medidas – defendeu Paulo Lilaia

operar em Portugal. É – disse – “um

não é contrária, mas antes comple-

- que comprometem o desenvolvi-

número pouco realista” e será “ine-

mentar aos genéricos, sustentando

mento de um mercado que levou

vitável a consolidação”. Com bene-

que aquilo que se poupa com os ge-

tempo a consolidar-se, mas que até

fícios também para as farmácias,

néricos permite investir em medica-

2007 estava a crescer a bom ritmo.

nomeadamente ao nível da gestão

mentos inovadores; por outro lado,

Comprometem também o controlo

de stocks.

a existência destes medicamentos

das despesas com a saúde e, com

Voltando ao contexto actual do

abre a porta a novos genéricos a

elas, a sustentabilidade do sistema.

sector, considerou que se vive um

partir do momento em que a sua pa-

O presidente da Apogen admite que,

ambiente de grande incerteza que

tente expira.

quem paga, sai a ganhar, quer sejam

torna difícil planear a actividade.

Não é, pois, a inovação que ameaça a

os doentes, quer seja o Estado.

Desde logo, incerteza quanto à po-

indústria de genéricos, mas sim me-

É, aliás, esse efeito de poupança o

lítica do medicamento (aproximam-

didas como as que, em Outubro, im-

maior mérito dos genéricos, o que

se eleições): haverá mais reduções

puseram uma nova descida de pre-

demonstrou com sucessivos exem-

de preços? Caminhar-se-á para a

ços, desta vez de 30%. Dificuldades

plos comparativos.

comparticipação por valor fixo? Que

em reduzir despesas num curto

Caracterizando o mercado, manifes-

incentivos para os genéricos? Como

espaço de tempo e em esgotar os

tou a opinião de que, a prazo, terá

evoluirá o processo em torno do Farmácia Portuguesa | 21


congresso anf

os “tempos da boa vida”, como os classificou. Mas, a partir de 1970, este cenário mudou: o mercado farmacêutico cresceu rapidamente, a propriedade múltipla tornou-se a norma, a concorrência intensificouse, as cadeias passaram a dominar o

Donald Hoscheit, Hoscheit Consultants

mercado de MSRM e 65 a 70% das farmácias independentes fecharam. Os sobreviventes modernizaram as “patent linkage” (vinculação a pa-

ao longo dos anos que, connosco, o

suas farmácias, informatizaram-nas

tentes)? São pergunta sem resposta,

que podem é aprender o que não fa-

e investiram em formação, no do-

com Paulo Lilaia a deixar, porém,

zer, é aproveitar a oportunidade de

mínio profissional e da gestão. Mas

uma certeza: é que é necessário que

evitar os nossos erros”.

a maioria nada fez – não acrescen-

a quota de genéricos atinja os 50%

São erros que remontam ao período

tou valor profissional aos serviços,

para que a despesa seja controlada

entre 1930 e 1970, caracterizados

não evoluiu para um modelo de far-

e o sistema seja sustentável.

pela possibilidade de multi-pro-

mácia especializada, não expandiu

priedade por farmacêuticos, mas

o leque de produtos, não investiu

também por empresas, pelo início

em tecnologia nem na melhoria das

Erros a não cometer

das farmácias nos supermercados,

instalações. Foi “a fórmula para o fra-

A realidade europeia sofre, com fre-

pela ausência de restrições geográ-

casso”. E o resultado: a perda de 80%

quência, a influência norte-america-

ficas, pela expansão para a venda de

do mercado.

na. Mas, no que respeita ao sector

MNSRM e de produtos não farma-

Donald Hoscheit tem uma explica-

da farmácia e do medicamento, os

cêuticos.

ção para este fenómeno: a falta de

Estados Unidos não são um exemplo

A mudança foi gradual e a com-

unidade, de uma organização unifi-

a seguir. E quem o disse claramente

petição lenta. Os proprietários vi-

cada, de uma voz que os unisse, de

ao congresso foi Donald Hoscheit,

viam satisfeitos. As farmácias eram

uma liderança.

consultor: “Cometemos tantos erros

um negócio bem sucedido. Eram

Actualmente, o mercado farmacêu-

22 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

O mercado farmacêutico não é, naturalmente, imune à mudança, assistindo-se a um abrandamento do crescimento, à perda de importância do mercado de clínica geral por oposição ao mercado nas classes de especialidade e biotecnologia.

tico norte-americano é caracteriza-

unidade: “O mais importante, o que

custos, mas também pela desregu-

do, por um lado, pela existência de

devem preservar é a unidade. Se se

lamentação e pela emergência de

três grandes cadeias, que se insta-

dividem, perdem. Se ficarem unidos,

novos canais e novos operadores,

lam e funcionam segundo critérios

têm uma oportunidade única”, foi a

num ambiente de concorrência.

de conveniência, com preços muito

mensagem e o repto que deixou aos

O mercado farmacêutico não é, na-

competitivos e um nível mínimo de

congressistas.

turalmente, imune à mudança, as-

serviço. Do outro lado estão as farmácias independentes, que desenvolveram serviços e nichos de mer-

Um programa que protege as farmácias

cado, que apostaram no aconselha-

sistindo-se a um abrandamento do crescimento, à perda de importância do mercado de clínica geral por oposição ao mercado nas classes de es-

mento e na informação, na gestão

E foi exactamente com o olhar da

pecialidade e biotecnologia. E esta é

da doença e na monitorização da

farmácia portuguesa que encerra-

– frisou – uma tendência importante

terapêutica, entre outros. Um tercei-

ram as intervenções deste primeiro

para a definição de uma estratégia

ro sector é constituído por farmácias

painel, na pessoa do vice-presidente

para a farmácia de oficina.

especializadas (oncologia, fertilida-

da ANF João Silveira. “A visão da

Na linha de intervenções anteriores,

de, dor, etc).

farmácia” era o tema em foco, com

sintetizou as tendências no merca-

As farmácias portuguesas – frisou

João Silveira a sublinhar que esta

do de medicamentos inovadores

– apresentam neste momento al-

não é uma visão estática, antes dinâ-

(em crescimento, com a vertente

gumas vantagens: uma relação com

mica, que tem vindo a ser construída

de distribuição hospitalar a ganhar

o utente/doente assente na proxi-

e até impulsionada pelos tempos de

peso), de genéricos (com mais molé-

midade, uma atitude de mudança,

mudança. Mudança enformada pe-

culas e mais unidades, por um lado,

criatividade, informação assente na

los novos contornos dos sistemas

e menores preços, por outro) e de

tecnologia, apoio profissional, em-

de saúde, do seu financiamento e

OTC (estável, com novas mudanças

presarial e político. E, acima de tudo,

da necessidade de contenção de

de estatuto e a distribuição fora das Farmácia Portuguesa | 23


congresso anf

promovidos pelo CEFAR. Os custos

acontece por acaso”. A visão que

do desperdício são conhecidos e

João Silveira apresentou ao con-

medem-se em insucesso terapêu-

gresso é a da farmácia como centro

tico, cuidados de saúde adicionais,

de prevenção e terapêutica, com

quebra de produtividade.

aconselhamento activo, dispensa

Neste cenário, impõe-se uma mu-

activa de medicamentos e serviços

dança de perspectiva ao nível da

farmacêuticos – quatro eixos de de-

avaliação das decisões em saúde

senvolvimento que a orientam cada

(que deve ser crescente), dos pres-

vez mais para a pessoa e a saúde e

critores (com a transição de decisores

menos para a doença. Criar valor na

para executantes nalgumas áreas),

cadeia dos cuidados de saúde e na

dos doentes (cada vez mais exigentes

cadeia do medicamento é, em sínte-

no acesso à inovação), da distribuição

se, o objectivo.

(com canais alternativos e comple-

E é neste quadro que surge o pro-

mentares) e dos pagadores (por via de

grama Farmácias Portuguesas. Que

uma maior capacidade de controlar e

se propôs reforçar a diferenciação,

farmácias). Em Portugal, o mercado

gerir a despesa). As farmácias não são

a qualidade e o desenvolvimento

de ambulatória ainda domina, mas

alheias a este novo modelo, que lhes

de serviços, bem como melhorar a

é o hospitalar que regista o maior

abre grandes perspectivas.

acessibilidade, a pró-actividade, o

crescimento.

Um modelo em que o doente/con-

ambiente da farmácia, o leque de

E no que respeita ao mercado far-

sumidor será a chave do desenvol-

produtos de saúde, os serviços e o

macêutico João Silveira defendeu

vimento, o que deixa as farmácias

atendimento especializado.

a importância de não olhar apenas

numa situação privilegiada – pela

Como? Criando uma marca, de que

para o valor absoluto da factura, mas

proximidade, pela confiança, pela

o cartão é apenas um instrumento.

cada vez mais para os ganhos que se

organização, pela rede de compe-

Porque o Programa é muito mais:

obtêm com esse valor. E, a propósi-

tência, pela rede tecnológica. São

é como um chapéu-de-chuva que

to, destacou os desperdícios gera-

características diferenciadoras face a

protege as farmácias, que lhes dá as

dos pela não adesão à terapêutica,

outros profissionais de saúde: “Uma

ferramentas para o seu desenvolvi-

citando, nomeadamente, estudos

vantagem que soubemos criar, não

mento profissional e empresarial.

João Silveira, Vice-Presidente da ANF

24 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 โ ข

os

20 08

Farmรกcia Portuguesa | 25


congresso anf Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança

Preservar valores e mudar estratégias

É da conciliação entre os valores que sempre enformaram a

“Organização da farmácia num am-

estratégias e dando válidos contribu-

biente de mudança” foi o tema propos-

tos para que os governantes possam

inflexão de rumo nas estratégias

to para o segundo painel do congresso.

desenvolver melhores políticas na área

Um tema enriquecido com o contribu-

da saúde, em geral, e do medicamento,

que reside o “segredo” para

to de diferentes especialistas e abor-

em particular.

dado do ponto de vista do marketing,

O momento actual é, inequivoca-

da sustentabilidade económica e do

mente, de mudança, devido à política

ambiente de mudança. Sabendo

desenvolvimento profissional.

governamental para o sector, mas é

que a evolução implica riscos,

A moderação foi da responsabilidade

também um momento de olhar para

do presidente da Delegação Centro

o futuro sem nostalgia: “O passado fica

mas que nenhum é maior do

da ANF, Miguel Silvestre, cujas palavras

para a História. Estamos aqui hoje para

foram no sentido de enfatizar como as

preparar o futuro”, foi a mensagem

que a inércia.

farmácias têm sabido organizar-se ao

que Miguel Silvestre deixou aos con-

longo dos últimos 20 anos, definindo

gressistas, enquadrando o programa

profissão farmacêutica e a

organizar a farmácia no actual

26 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Simon Silvester, Wunderman

Farmácias Portuguesas como a respos-

clientes. Estratégias como aquilo que

ção. O preço está, tradicionalmente,

ta ao ambiente hostil com que o sector

designou como “smart distribution” – a

no centro das estratégias comerciais.

foi confrontado.

elevada rotatividade dos stocks, visível

As lojas de desconto, em que todos os

sobretudo nas lojas de roupa, em que

produtos têm o mesmo valor, são disso

Reinventar para enfrentar a mudança

já não há uma colecção que prevalece

o exemplo mais disseminado, mas há

uma época inteira, mas subcolecções

outros e mais agressivos que procuram

que vão sendo substituídas regular-

fidelizar clientes garantindo os preços

E num ambiente de mudança novos

mente.

mais baixos.

desafios se colocam, naturalmente, à

Outra técnica prende-se com o con-

É uma questão de atitude. Perante a

organização da farmácia. O recurso de

ceito de “fewer better people”: a di-

mudança, há que reagir, reinventar-se

ferramentas como o marketing é um

minuição dos recursos humanos, com

a si próprio. E foi essa a mensagem que

deles e foi sobre esse ângulo que inci-

a entrega de determinadas tarefas a

Simon Silvester deixou às farmácias.

diu a intervenção do director executi-

máquinas, e a alocação das pessoas a

vo da Young&Rubicam/Wunderman,

um atendimento de maior qualidade.

Simon Silvester. Numa abordagem bas-

O exemplo paradigmático é a banca.

tante gráfica sobre o ponto de venda,

Ou ainda a ideia de que “less is more”:

começou por demonstrar como pouco

poucos produtos atraem mais pesso-

O investimento no desenvolvimento

mudou em dois mil anos de civilização:

as e, sobretudo, pessoas interessadas

e na qualidade profissional é, de certa

entre uma loja de Pompeia e uma loja

nesses produtos. É assim no gigante da

forma, também uma questão de atitu-

actual, a organização do espaço e a

informática Apple.

de, assumida colectivamente como for-

disposição dos produtos são mais se-

Cada vez mais, é preciso inventar novas

ma de antecipar a mudança. Isso mes-

melhantes do que se poderia imaginar.

formas de atrair clientes: das mais bási-

mo decorreu da intervenção de Helena

Foi a Internet que gerou a grande mu-

cas, como oferecer zonas de wi-fi gra-

Amado, proprietária e directora técnica

dança, ainda que, ao contrário do que

tuito, às mais sofisticadas, como criar

da Farmácia Luciano e Matos.

se vaticinava, não tenha posto fim aos

centros incónicos em que os produtos

Depois de enquadrar o contexto ac-

pontos de venda tradicionais.

não se vendem, antes são desfrutados

tual do sector, lançou uma questão:

Para Simon Silvester, as mudanças fun-

pelos potenciais clientes. Ou conce-

“Qual o desenvolvimento e futuro das

damentais não estão à superfície, na

bendo centros comerciais de luxo, com

farmácias portuguesas?”. Entendendo

arquitectura ou na estética. Estão nas

lojas exclusivas. Ou ainda integrando

o farmacêutico como um profissional

estratégias para cativar e manter os

informação nos sistemas de navega-

de saúde liberal, que na sua activida-

Pelo reconhecimento do acto farmacêutico

Farmácia Portuguesa | 27


congresso anf

de exerce também actos de natureza

ambiente de consciência profissional

empresarial e comercial, reconheceu

e sentido do dever, é indissociável de

que uma evolução nas duas direcções

uma liderança assente na comunica-

pode ser contraditória mas é necessá-

ção, capaz de criar sinergias.

ria. Na sua opinião, a farmácia é, antes

Não há evolução sem risco

de mais, uma empresa que presta um serviço público e o farmacêutico um profissional de saúde, mas também um gestor.

Helena Amado, Farmácia Luciano e Matos

Sinergias que são tanto mais importan-

Uma realidade – disse – claramente re-

tes quanto é necessário fazer mais com

forçada pela forma como os farmacêu-

menos recursos. Assim é num ambien-

ticos portugueses estão organizados,

sociados à dispensa do medicamento

te de mudança em que a sustentabi-

quer enquanto classe profissional, quer

– actos que não são identificados pelo

lidade económica da farmácia é uma

como o modelo de farmácia que pre-

público. É neste sentido que – defen-

questão cada vez mais pertinente. Foi

conizam, com a actividade centrada no

deu – o sector deve evoluir, integrando

precisamente sobre os desafios neste

doente. E, neste âmbito, o futuro passa

o desempenho do farmacêutico numa

domínio que se pronunciou o director

pelo envolvimento do farmacêutico na

organização estruturada em que cada

da ANF Luís Matias.

comunidade, dando o seu contributo

profissional de saúde tem a sua função,

Num contexto de crise global, as farmá-

profissional e desenvolvendo parcerias

responsabilidades e actividades bem

cias de oficina em toda a Europa enfren-

de colaboração com os seus pares e ou-

definidas e identificadas. E as farmácias

tam uma série de desafios que colocam

tros profissionais de saúde, no sentido

portuguesas, “pela sua acessibilidade e

em causa o modelo tradicional de ne-

de ir de encontro às necessidades da

desempenho de excelência reconheci-

gócio. É a organização dos sistemas de

população.

do a todos os níveis, têm demonstrado

saúde que está em equação, não só

Helena Amado lamentou que, apesar de

estar aptas para terem o seu espaço

por imperativos de racionalidade eco-

o farmacêutico ser reconhecido e apre-

neste enquadramento”.

nómica ou de mudanças tecnológicas

ciado como um profissional de saúde, o

Ao farmacêutico compete promover

e científicas, mas igualmente porque

acto farmacêutico não seja entendido e

equipas altamente qualificadas e mo-

o cidadão quer melhor saúde, mais

valorizado como um acto de um profis-

tivadas, reforçar a promoção das prá-

transparência e informação. São desa-

sional de saúde. O desejável seria que a

ticas de qualidade e segurança, definir

fios sentidos com particular acuidade

remuneração das farmácias e do farma-

e orientar as necessidades de formação

no sector farmacêutico em Portugal.

cêutico não proviesse exclusivamente

da sua equipa para que possa disponi-

Mas, Luís Matias mostrou-se convicto

da margem comercial, mas de todos os

bilizar um serviço eficaz e competen-

de que “as crises também têm um lado

actos de carácter técnico-científico as-

te. Formar e motivar a equipa, num

virtuoso: o de estimular a procura de

28 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

soluções para os problemas”. As novas

erros é preferível à inércia”. Até porque

exigências – preconizou – potenciam

não há evolução sem risco.

a necessidade de uma liderança forte,

Como evoluir então numa realidade

competente e criativa que envolva a

em mudança? Uma primeira premissa

todos, mas também obrigue individual-

envolve o carácter dual da actividade

mente a uma adaptação aos desafios e

da farmácia: missão social ou activida-

à concorrência, à necessidade de saber

de empresarial, unidade de saúde ou

gerir a mudança, através do desenvolvi-

espaço comercial. Para Luís Matias,

mento de novas estratégias, à alteração

esta dualidade não pode ser fractu-

de valores e hábitos e à aprendizagem

rante, devendo a farmácia assumir-se

de novas formas de operar. “Estaremos

como uma empresa que presta um

então perante um novo paradigma na

serviço de utilidade pública. E assim

é percepcionada e a sua posição no

saúde e na farmácia?”.

sendo importa assumir que, quer a ac-

sistema de cuidados de saúde, tornan-

Essa nova realidade é enformada pelas

tividade empresarial, quer o exercício

do-a mais competitiva, mais atractiva

medidas políticas e legislativas dos últi-

da profissão farmacêutica partilham a

para o consumidor e, sobretudo, mais

mos anos, mercê das quais o panorama

necessidade de desenvolver e melho-

necessária.

actual não se apresenta com contornos

rar continuamente padrões de serviço.

Para levar essa transformação a bom

optimistas: “Mas, como noutras ocasi-

Falhar neste campo – advertiu – pode-

porto, elegeu três pilares – o controlo

ões, estou seguro de que saberemos,

rá, não só, levar a uma actividade não

de gestão, o marketing e a diferencia-

com responsabilidade, usar a vitalidade

lucrativa, como permitir que outros

ção como estratégia. Foi neste contexto

que nos caracteriza para repor os equilí-

comecem a competir por áreas não

que enquadrou o programa Farmácias

brios que nos parecem faltar e garantir

exploradas e, acto contínuo, a absor-

Portuguesas, que – sublinhou – não

a sustentabilidade das nossas empresas

vê-las na sua esfera de competência

será a panaceia que resolverá todas as

em benefício da população que servi-

ou especialização.

necessidades, mas seguramente pro-

mos”.

Impõe-se então um novo modelo de

porcionará uma boa parte dos meios

Para isso, “é premente criar a sensibilida-

negócio, em que o farmacêutico, par-

para apoiar as farmácias e ajudá-las a

de para o facto de que a flexibilidade e a

tindo da sua função principal de dis-

atingir os objectivos. E, entre eles, o de

vontade para mudar são absolutamente

pensa de medicamentos e produtos

se manterem na linha da frente na ofer-

essenciais num ambiente competitivo”,

de saúde, progrida para lhe associar

ta de cuidados de saúde, com empresas

sabendo que “qualquer mudança estra-

a prestação de serviços. O director da

modernas, dinâmicas, competitivas e,

tégica comporta uma elevada probabi-

ANF disse acreditar que esta alteração

portanto, sustentáveis num ambiente

lidade de registar erros, mas sabendo

de posicionamento transformará defi-

concorrencial cada vez mais agressivo.

também que “estar errado e corrigir os

nitivamente a forma como a farmácia

São estes os pressupostos que devem

os

20 08

Luís Matias, Direcção da ANF

Farmácia Portuguesa | 29


congresso anf

A evidência dos ganhos sustentáveis orientar os farmacêuticos no caminho

Um contributo para a diferenciação

ca de cuidados farmacêuticos devem

a percorrer para alterar o paradigma.

provém dos cuidados farmacêuticos,

permitir alcançar resultados clínicos e

Um caminho no qual é preciso juntar à

tema da intervenção do proprietário e

económicos, a nível do indivíduo, da

credibilidade uma cada vez maior pre-

director técnico da Farmácia Adaúfe,

família e da comunidade. No domínio

paração técnica e tecnológica, inter-

Carlos Coimbra, também membro da

pessoal, os benefícios prendem-se

pretar o mercado, as necessidades e os

estrutura associativa da ANF. E, reto-

com a não progressão da doença ou

anseios do consumidor, e demonstrar

mando o tema central do painel – a

aceleração da cura, maior qualidade de

o valor acrescentado que a competên-

mudança – considerou que tem duas

vida, menor incapacidade, redução das

cia e a diferenciação confere às políti-

implicações para a farmácia – uma de

complicações evitáveis e de hospitali-

cas de saúde. Um caminho ao longo

continuidade, de optimizar aquilo que

zações não programadas. Já no cam-

do qual é preciso que as farmácias se

já se faz bem, e outra de inovação, no

po familiar, há ganhos em qualidade

mantenham mobilizadas e unidas,

assumir de uma nova atitude, novos

de vida, bem-estar e motivação. E no

persistindo na busca da integração e

papéis, novas funções. Foi nesta se-

que respeita à comunidade, diminui o

do reconhecimento da prestação far-

gunda perspectiva que integrou os

absentismo laboral, aumenta o rendi-

macêutica como estruturante numa

cuidados farmacêuticos, definindo-os

mento, reduzem-se custos, libertando

adequada política de cuidados de

como estando para além de uma boa

recursos humanos e financeiros que

saúde. É no momento actual, caracte-

dispensa e de um bom atendimento.

podem ser novamente aplicados na

rizado pela redefinição – exortou – que

Na sua óptica, idealmente, todas as

saúde.

as farmácias e os farmacêuticos devem

pessoas que vão à farmácia deviam

De acordo com Carlos Coimbra, há

agir: “O custo da espera pode ser de-

beneficiar de cuidados farmacêuticos

evidência de que o contributo da far-

masiado elevado para ser ignorado.

e é nessa direcção que a farmácia deve

mácia produz ganhos sustentáveis em

Pode ser a diferença entre sobreviver

caminhar. Um caminho naturalmente

termos de saúde e de economia para

ou florescer num modelo mercantil

progressivo e que, neste fase, se deve

as pessoas, as famílias e as comunida-

que nos é imposto e no qual teremos

concentrar num conjunto de grupos-

des, mas essa evidência deve ser ob-

de buscar as virtudes e anular os efei-

alvo: as pessoas que sofrem de doen-

jecto de demonstração continuada.

tos perniciosos, para bem do nosso

ças crónicas, doenças ligadas ao enve-

Para que a farmácia seja reconhecida

equilíbrio e sustentabilidade. Como

lhecimento e doenças ligadas ao estilo

como um parceiro importante. O pro-

quase sempre tem acontecido, só de-

de vida e até de solidão.

grama Farmácias Portugueses cumpre

pendemos de nós!”

A generalização e a melhoria da práti-

esse desiderato.

30 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Carlos Coimbra, Farmácia Adaúfe

os

20 08

Dennis Helling, Kaiser Permanente

Oportunidades em tempo de crise

medicamentos e a sua utilização, bem

volvido – 8,8 milhões de doentes, 15

como para monitorizar a sua seguran-

mil médicos, nove mil farmácias em

ça e eficácia. O objectivo é o mesmo:

oito Estados – tem permitido gerir do-

Os ganhos em saúde decorrentes dos

alcançar resultados terapêuticos indi-

enças e custos.

cuidados farmacêuticos foram de-

vidualizados, zelar pela segurança dos

Voltando à ideia inicial, enfatizou que

senvolvidos pelo orador seguinte, o

doentes e tornar os medicamentos

a crise abre oportunidades aos farma-

director executivo do departamento

acessíveis. Tal como as estratégias: pro-

cêuticos, colocando-os perante novos

de Operações Farmacêuticos da Kaiser

mover o uso adequado dos genéticos,

papéis que – defendeu – devem ser

Permanente, Dennis Helling. Numa

determinar a equivalência terapêutica

assumidos em estreita colaboração

pequena nota antes do tema propria-

e fazer recomendações, promover o

com os outros profissionais de saúde.

mente dito, deu a conhecer a reacção

uso adequado dos MNSRM.

dos americanos à crise económica – no

Num contexto de crescimento dos

que respeita às farmácias, o tempo é de

custos com a saúde, esse é um papel

oportunidade na medida em que os

primordial, que deve ser aproveitado

cidadãos estão a pedir mais genéricos

tanto mais que a farmácia é a porta

Ao exemplo norte-americano seguiu-

e MNSRM, recorrem mais ao aconse-

de entrada no sistema. Dennis Helling

se o exemplo português, com a direc-

lhamento e aos serviços farmacêuticos,

deu exemplos concretos de como essa

tora da ANF Ema Paulino a versar so-

confiam mais no farmacêutico. As far-

mais-valia produz resultados, com base

bre a integração dos novos serviços no

mácias – defendeu – têm de estar pron-

em estudos promovidos nos Estados

dia-a-dia da farmácia. Na sua óptica, a

tas quando os tempos endurecem, nos

Unidos no âmbito de doenças crónicas

legislação que potencia esses novos

Estados Unidos ou em Portugal.

como a diabetes.

serviços é, simultaneamente, um pon-

E, num país como noutro, os farmacêu-

E, situando-se na experiência da sua

to de partida e um ponto de chegada –

ticos são qualificados de uma forma

empresa, demonstrou como o modelo

um ponto de chegada de muitos anos

ímpar para optimizar a selecção de

de cuidados primários por ela desen-

de investimento no desenvolvimento

Do desconforto à longevidade

Farmácia Portuguesa | 31


congresso anf

Também no paradigma da profissão

de ser integrados no dia-a-dia da

houve uma evolução: o que está em

farmácia. É toda uma engrenagem

causa actualmente é como integrar

que é preciso olear – há que adap-

o medicamento no processo de cui-

tar os fluxos de trabalho, a equipa e

dados, é como adicionar serviço à

a liderança. É preciso estar atento e

dispensa numa farmácia que se quer

identificar as necessidades, saben-

afirmar como centro de prevenção e

do que são elas que “escolhem” os

terapêutica.

cuidados e os serviços. O grande

A partir destes conceitos, Ema Paulino

desafio – advertiu – é exactamente

fez uma súmula dos serviços desen-

este: reconhecer os sinais de alerta e

volvidos em 2008 e apresentou as

acrescentar valor à intervenção, para

prioridades para 2009 – o lançamen-

garantir o sucesso.

to de novos serviços (administração

Naturalmente que a mudança leva o

de medicamentos e primeiros socor-

seu tempo, mas “está aí”. E ela acon-

ros), o lançamento de novas áreas em

tece – disse – quando é mais des-

serviços já implementados (integra-

confortável continuar a fazer a mes-

profissional e um ponto de partida

ção da osteoporose no CheckSaúde),

ma coisa do que mudar para uma

para novos campos de intervenção.

dinamização de serviços já implemen-

nova forma de fazer as coisas. “E os

É um mundo de oportunidades que

tados (gestão da terapêutica) e novas

farmacêuticos já estavam de alguma

se abre e que impõe uma flexão na

campanhas (gripe e idosos).

forma desconfortáveis com a manei-

filosofia de intervenção: o doente já

Reconheceu que a concretização destas

ra antiga de fazer as coisas”...

não está apenas no centro do proces-

prioridades pode implicar dificuldades

E para que ela seja efectiva é preci-

so de cuidados, ele lidera o seu pró-

para algumas farmácias, mas sublinhou

so preservar o que deve ser preser-

prio processo. É uma evolução que

que ajudá-las a superar os obstáculos é

vado – valores basilares, o desígnio

comporta riscos, na medida em que,

a função dos diversos departamentos

fundamental da farmácia – e mudar

por um lado, é verdade que há mais

da ANF. E frisou que é preciso que os

o que tem de ser mudado – práticas

informação, mas, por outro, também

serviços sejam aplicados, sob pena de

culturais e operacionais, objectivos

é real que se mantêm assimetrias no

não passarem de boas ideias.

específicos e estratégicos. Esse é o

acesso a essa informação.

Os novos serviços carecem, pois,

segredo da longevidade.

Ema Paulino, Direcção da ANF

32 | Farmácia portuguesa


30

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os

20 08

Farmรกcia Portuguesa | 33


congresso anf 30 anos da revista Farmácia Portuguesa

O imperativo de apoiar a prática na informação Nuno Vasco Lopes, Direcção da ANF; António Vaz Carneiro, Faculdade de Medicina de Lisboa

O 9.º Congresso Nacional das Farmácias decorreu

Os 30 anos decorridos desde o número 1 foram assinalados com uma conferência, na tarde de

em ano de aniversário da revista Farmácia

21 de Novembro, sob a forma de interrogação:

Portuguesa. Elemento importante da identidade

Uma questão mais do que pertinente num

“Que futuro para a informação em saúde?”.

associativa das farmácias portuguesas, há três

contexto em que a informação assume uma

décadas que é intermediária na comunicação entre

profissionais de saúde, quer dos utilizadores

a direcção da ANF e os sócios, quer na vertente política, quer na vertente técnica e profissional. 34 | Farmácia portuguesa

influência crescente nas decisões, quer dos dos cuidados e serviços de saúde. Com moderação a cargo do director da ANF Nuno Vasco Lopes, também membro da direcção da revista, foi orador António Vaz Carneiro,


30

an

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os

20 08

António Vaz Carneiro

responsável pelo Centro de Estudos

no prognóstico e predição clínica, na

a três questões – os resultados dos es-

de Medicina Baseada na Evidência, da

causalidade, na melhoria da qualidade

tudos são válidos, os resultados são im-

Faculdade de Medicina de Lisboa. E o

e no custo-efectividade.

portantes, os resultados são aplicáveis

que levou ao congresso foi a sua visão

E a decisão clínica resulta, actualmen-

aos meus doentes? Na sua opinião, é

sobre os sistemas de informação em

te, da intercessão de três universos – a

fundamental uma triagem da evidên-

saúde, uma visão médica mas que –

relação médico/doente (condicionada

cia, dado que “a maior parte do que se

como sublinhou – é adequada a farma-

por factores culturais, pelas preferên-

publica vale zero” quando transposto

cêuticos, na medida em que parte de

cias e crenças individuais e pelo nível

para a prática.

uma base universal.

educacional), a evidência científica

Nesta transposição, identificou um pro-

A informação é aquilo que suporta a ac-

(que inclui os dados dos doentes, a

blema significativo: o hiato temporal

ção, encontrando os fundamentos para

experiência empírica e os estudos e en-

entre o momento dos estudos e o mo-

tomar umas decisões em detrimento

saios clínicos) e os constrangimentos

mento da sua aplicação por quem tem

de outras. A informação – defendeu –

(políticas de saúde, legislação, financia-

de tomar decisões clínicas. A Ciência –

permite responder à grande questão

mento, prioridades). A propósito, Vaz

disse – é de boa qualidade e aplicável,

ética que rodeia a prática clínica: que

Carneiro sublinhou que é impossível

mas a inércia do sistema impede que

actos, que produtos, porque estes e

a um médico contemplar todos estes

seja traduzida para a prática.

não aqueles?

aspectos – ter uma excelente relação

Há claros problemas de translação

O professor Vaz Carneiro apresentou as

com os doentes, ser um cientista e ser

do conhecimento, que resultam, no-

bases de um sistema individual de in-

um gestor.

meadamente, numa taxa elevada de

formação, identificando, antes de mais,

Defendeu, no entanto, que a evidên-

subtratamento dos doentes crónicos.

os contextos em que é necessária infor-

cia científica é necessária, não só para

E apresentou exemplos deste fenóme-

mação científica – essencialmente, para

a decisão clínica, mas também para a

no que considerou grave e que versam

assistência directa aos doentes e actua-

gestão e a política. Ainda que, no final,

doenças há muito integradas na inter-

lização dos conhecimentos médicos. É

sejam as pessoas a tomar decisões.

venção farmacêutica, como a diabetes

a informação que sustenta uma prática

E, no que respeita à prática clínica, essas

e a hipertensão arterial.

clínica baseada na evidência – no tra-

decisões baseadas na evidência cientí-

Na óptica do professor da Faculdade de

tamento e prevenção, no diagnóstico,

fica requerem sensatez. Para responder

Medicina de Lisboa, distinguem-se esFarmácia Portuguesa | 35


congresso anf

Os riscos da era virtual sencialmente duas fontes de informa-

Na sequência da conferência do pro-

Há um “enorme cuidado” em tornar

ção – as que apoiam a decisão clínica

fessor Vaz Carneiro, a informação em

a informação disponível para os pro-

em tempo real, na presença do doen-

saúde continuou em foco, através

fissionais de saúde, o que a Merck faz

te, permitindo respostas imediatas,

das diferentes perspectivas daqueles

de forma autónoma através da sua

e as que servem para actualização

que a produzem e a utilizam.

plataforma internacional, inicialmen-

e manutenção do conhecimento

Neste diálogo, a indústria farmacêu-

te só dirigida a médicos, mas actual-

considerado relevante para a prática

tica esteve representada por Paula

mente também aberta a farmacêuti-

clínica. É a diferença entre “puxar” a

Martins, da Merck Sharp & Dhome,

cos e, em breve, a enfermeiros. Essa

informação, quando é o clínico que a

que deu conta da preocupação em

plataforma alberga ainda ferramen-

procura, e “empurrar” a informação,

fornecer informação de qualidade

tas de formação à distância, em par-

quando ela vem ao encontro do clíni-

sobre os medicamentos que a sua

ceria com o British Medical Journal.

co de uma forma seleccionada.

empresa investiga, desenvolve e

Com os doentes a indústria farma-

Os decisores clínicos – defendeu

produz. Quem trabalha na área da

cêutica não se relaciona directamen-

– têm obrigação de se rodear dos

inovação – disse – tem naturalmente

te do ponto de vista da informação,

instrumentos necessários a aceder a

necessidade de comunicar a evidên-

por via das disposições legais em

estes dois tipos de informação. É um

cia encontrada, à luz do princípio de

vigor na União Europeia. Mas aqui –

imperativo ético, até porque os do-

avaliação permanente da relação

sublinhou Paula Martins – colocam-

entes são cada vez mais autónomos

risco-benefício e do conceito mais

se duas perplexidades: um doente

e, também eles, mais informados. E

recente de valor terapêutico acres-

obtém toda a informação sobre um

isto é válido para médicos e para far-

centado (a comparação com as alter-

medicamento através da Internet,

macêuticos.

nativas existentes).

mas essa mesma informação é-lhe

36 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

vedada se questionar a empresa pro-

Para atenuar o efeito pernicioso desta

fontes de qualidade questionável, a

dutora. O acesso à Internet colocou

atitude, remeteu para o médico uma

jornalista fez a distinção entre a infor-

novos desafios a médicos e farma-

nova abordagem na sua relação com

mação com origem num clínico ou

cêuticos. E foi sobre eles que se pro-

o doente, por forma a gerir a informa-

na internet, esta última carecendo de

nunciou Mara Guerreiro, proprietária

ção. Para as associações de doentes,

confirmação. Mas reconheceu que

da Farmácia Fialho, em Portel. Desde

a busca de informação é perigosa, na

se colocam alguns problemas, pelo

logo para confirmar que a era virtual

medida em que existe um fosso entre

facto de a informação ser demasia-

veio alterar a forma como o farma-

a linguagem científica e a linguagem

da e demasiado rápido: ou se publi-

cêutico se relaciona com os doentes,

que é acessível ao utilizador.

ca, sob pena de se ser ultrapassado

mais informados.

Geram-se,

falsas

pela concorrência, ou se entra numa

Defensora da capacitação dos doen-

expectativas em relação a processos

corrida contra o tempo para a filtrar,

tes com informação, de modo a que

de cura. Delas falou o professor Vaz

confirmar e publicar. A internet veio

possam ter papel activo nas decisões

Carneiro. Actualmente, o problema é

encurtar dramaticamente os prazos

que concernem a sua saúde, consi-

o excesso de informação, que chega

da informação em papel.

derou que, perante a acessibilidade

de todo o lado, das séries de televisão

E sobre este novo veículo pronun-

da informação, o próximo passo é

(sobre hospitais, serviços de urgên-

ciou-se Tiago Lopes, em representa-

ensinar os utilizadores a avaliá-la,

cia), dos noticiários sensacionalistas.

ção do portal Sapo. A saúde é uma

a distinguir se é fiável, completa e

Hoje, a segunda opinião já não é

área cada vez mais procurada na

actual. E esse pode ser um papel do

pedida a um médico, é procurada na

internet, gerando-se três fluxos de

farmacêutico.

Internet.

informação – entre profissionais, dos

Do lado dos doentes, apesar de o

Estas “fontes” geram um optimismo

profissionais para os não profissio-

acesso à informação ser mais fácil, co-

excesso face à ciência, à medicina. O

nais, e dos não profissionais. E estes,

locam-se algumas questões de ges-

que o levou a propor um sistema em

os doentes e consumidores de saú-

tão dessa informação. Representante

que a informação seja garantida cien-

de, querem respostas rapidamente

da Hepaturix (associação que integra

tificamente, e actualizada, de modo a

mesmo que não sejam as correctas:

a plataforma Saúde em Diálogo),

contrabalançar informações erradas

“Todos

Lígia Costa Martins alertou para a

em tempo real.

mesmo não tendo capacidade para

existência de assimetrias entre os

Boa parte da informação sobre saúde

a analisar”.

próprios doentes na sua relação com

é veiculada pela comunicação social.

Na sua opinião, a internet é incontor-

a informação. Há doentes – susten-

Essa é a experiência de Ivete Carneiro,

nável como fonte de informação em

tou – que acedem a informação não

que no Jornal de Notícias assegura o

saúde, o que é preciso é torná-la cada

filtrada, posicionando-se perante o

noticiário sobre saúde. Concordando

vez mais segura, oferecendo informa-

médico com “diagnósticos” já feitos.

que existem riscos na utilização de

ção de qualidade.

nomeadamente,

procuramos

os

20 08

informação,

Farmácia Portuguesa | 37


congresso anf O Valor da Intervenção Farmacêutica

A caminho da remuneração?

Qual é o valor da intervenção farma-

tabilizam um grande volume de crédi-

cêutica? Foi esta a questão que esteve

to à população portuguesa, ainda não

ar na sequência da apresentação

em foco no terceiro dia do congresso e

identificado mas que – na óptica de

à qual procurou dar resposta um estu-

João Silveira – importa quantificar. É

do estudo sobre o valor da

do produzido pelo Centro de Estudos

um aspecto que não é valorizado, mas

Aplicados da Universidade Católica em

que permite a muitos portugueses,

colaboração com o Centro de Estudos e

nomeadamente pensionistas, aceder

possível quantificar quantos são

Avaliação em Saúde – CEFAR, da ANF.

ao medicamento não obstante a sua

e quanto custam à farmácia e se

Antes, porém, da apresentação dos

debilidade financeira.

resultados propriamente ditos, o vice-

A responsabilidade social das farmácias

os utentes lhe atribuem um valor

presidente da associação João Silveira

traduz-se ainda na garantia de que os

enquadrou o lado menos visível, mas

cidadãos têm acesso ao medicamento

concreto, o passo seguinte pode

não menos importante, da intervenção

independentemente da relação finan-

das farmácias – o da responsabilidade

ceira entre as farmácias e o Estado. O

social.

sistema de pagamento criado pela ANF

mais que geram bem-estar social

Um lado que se cumpre, diariamente,

assegura às farmácias que são pagas

quantificável.

em cada farmácia, através de figuras

pelo fornecimento de medicamentos

como as vendas suspensas e que con-

a crédito aos utentes do SNS, mesmo

Esta foi uma questão que ficou no

intervenção farmacêutica. Se é

ser a sua contratualização. Tanto

38 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Miguel Gouveia, Economista e Professor Universitário

que o Estado não cumpra as suas obri-

Miguel Gouveia, economista e profes-

pessoa, envolvendo 399.900 dias de

gações. E, com frequência, não as cum-

sor universitário. Os actos que a inves-

trabalho, correspondentes a 62,3% do

priu. No continente, a dívida chegou a

tigação procurou quantificar são “to-

trabalho de um quadro a tempo inteiro

atingir os oito meses de facturação em

mados como adquiridos, passando por

por farmácia e a 13,3% do tempo total

atraso, num total de 733 milhões de eu-

baixo do radar consciente dos utentes

anual dos quadros técnicos e farma-

ros; na Madeira ultrapassou os 26 meses

das farmácias”. Mas têm valor.

cêuticos.

e quase somou 58 milhões, enquanto

Esse valor foi calculado com base em

Por farmacêutico, esses actos têm um

nos Açores se aproximou dos 13 me-

inquéritos às farmácias – que visaram

custo horário de 20,15 euros e de 17,68

ses, correspondendo a 27,2 milhões de

recolher informação sobre os actos far-

euros por técnico. E, somando às ven-

euros. Não obstante, os utentes do SNS

macêuticos não pagos, a sua frequên-

das e aos resultados brutos de uma

continuaram a aceder ao medicamento

cia, quem os praticou e o tempo neles

farmácia de média dimensão em 2006

sem qualquer alteração nas condições,

dispendido – e aos utentes – com o ob-

um crescimento anual de 2%, obtém-

nomeadamente em termos de com-

jectivo de medir a valorização atribuída

se o custo dos actos farmacêuticos não

participação. As farmácias asseguraram

a esses mesmos actos.

remunerados: 1,2% das vendas e 20,2%

que assim fosse, montando um esque-

Os actos em análise foram divididos

dos resultados brutos.

ma de pagamento que, em simultâneo,

em três categorias – de aconselha-

Estes foram dados obtidos a partir das

garantiu a sustentabilidade económica

mento sem venda de medicamento ou

respostas das farmácias. Com eles fica-

do sector.

produto, de medição e avaliação e de

se a saber quantos actos se praticam e

O vice-presidente da ANF chamou ain-

intervenção diferenciada. E as respos-

quanto custam. Saber quanto valem foi

da a atenção para os serviços que as far-

tas das farmácias revelaram que, por

o objectivo dos inquéritos aos utentes.

mácias prestam diariamente, gratuitos

ano, praticam 38,8 milhões, sendo que

Inquéritos com uma dificuldade à parti-

para a população e benéficos para o sis-

65,6% deles são praticados por um far-

da: a de valorizar serviços que se rece-

tema, por gerarem poupanças noutros

macêutico e os restantes 34,4% por um

bem gratuitamente.

serviços de saúde, e para o interesse

técnico. E os que predominam são a

O estudo cingiu-se aos três actos mais

público, pelos ganhos em saúde que

interpretação e aconselhamento após

praticados e desenvolveu-se em torno

potenciam. Mas com custos para as far-

realização, na farmácia, de testes de

de três variáveis: tempo de espera na

mácias. Daí que João Silveira tenha de-

medição de parâmetros, o aconselha-

farmácia, preço do medicamento e tipo

fendido a necessidade de avaliar estes

mento de MNSRM e o aconselhamento

de aconselhamento (ausente, básico

actos em termos económicos.

sobre MSRM.

ou aprofundado). Aos utentes foi pe-

Na globalidade dos actos farmacêu-

dido que fizessem escolhas, de modo a

ticos são dispendidas 2,8 milhões de

identificar o que mais valorizam.

horas, com o trabalho envolvido a ser

E, o que se verificou em relação ao

avaliado em 54 milhões de euros.

aconselhamento de MNSRM, é que os

Dos dados recolhidos decorre que, por

utentes estão dispostos a pagar 0,13

Foi esta a reflexão que presidiu ao es-

ano, são praticados 3,7 actos farmacêu-

euros por minuto de espera, atribuindo

tudo apresentado no congresso por

ticos (ligados ao aconselhamento) por

ao aconselhamento básico o valor de

Actos farmacêuticos geram 51 Me de bem-estar social

Farmácia Portuguesa | 39


congresso anf

Judite de Sousa, Jornalista

Maria de Belém Roseira, PS

Bernardino Soares, PCP

3,55 euros e ao aprofundado o valor de

Sabendo-se que os benefícios acres-

do e que, com moderação da jornalista

6,31 euros. Quanto ao aconselhamento

cem aos utentes e os custos às farmá-

Judite de Sousa, se centrou nos últimos

de MSRM, cada minuto de espera vale

cias, Miguel Gouveia colocou algumas

desenvolvimentos da política do medi-

0,17 euros, com o aconselhamento bá-

hipóteses: uma primeira, que considera

camento. Foram seus interlocutores re-

sico a valer 4,85 euros e o aprofundado

que as farmácias já são pagas indirec-

presentantes dos grupos parlamenta-

6,23 euros. Já os testes de medição de

tamente por estes actos através da

res do PS, PSD, PCP e Bloco de Esquerda

parâmetros clínicos mereceram valo-

margem realizada noutras actividades,

- o CDS/PP esteve ausente, apesar de

rização de 4,54 euros quando acom-

e uma segunda, que aponta no sentido

convidado – e dos doentes, através da

panhados de aconselhamento básico

de uma explicitação desta “troca implí-

Plataforma Saúde em Diálogo.

e de 6,55 euros com aconselhamento

cita”, mediante mecanismos de contra-

E a primeira a usar da palavra foi a

aprofundado, com cada minuto de es-

tualização e custeio que contemplem

deputada socialista Maria de Belém

pera a corresponder a 0,15 euros.

os serviços prestados.

Roseira, para deixar uma ressalva: a de

Da intersecção entre os dados colhidos nos dois inquéritos resultou uma estimativa de valor agregado dos três actos farmacêuticos mais importante:

Da DCI à qualidade da prescrição: como conter a despesa?

76,5 milhões de euros. Foi ainda possí-

que muitas das leituras que são feitas da política do medicamento passam mais pela percepção das pessoas do que pela objectividade dos dados. E o que os dados dizem é que, nos últimos

vel calcular o excedente social imputá-

Em que sentido se evoluirá ainda é uma

três anos, houve um “forte decrésci-

vel a estes serviços, ou seja, a diferença

incógnita, sendo certo que a remunera-

mo” na despesa com medicamentos.

entre os benefícios e os custos, e ele

ção do acto farmacêutico é já uma re-

Reconheceu que, “numa determinada

ascende a 51 milhões de euros. É esta a

alidade noutros países. A questão não

fase” houve descida de encargos para

medida monetária do bem-estar social

foi abordada directamente no debate

o Estado e alguma penalização para os

gerado por estes actos farmacêuticos.

que se seguiu à apresentação do estu-

doentes, mas “agora os dados mostram

40 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

João Semedo, Bloco de Esquerda

Joaquim da Ponte, PSD

os

20 08

Francisco Beirão, Plataforma Saúde em Diálogo

que houve poupança para todos”.

compensadas, ao contrário do que ar-

tivos não estão a ser atingidos e a per-

Sublinhando o papel activo da ANF na

gumenta o governo, com duas baixas

cepção que existe é de que a situação

discussão da política do medicamento

de 6% no preço dos medicamentos.

se agravou. E que, se alguma poupança

e na apresentação de medidas concre-

“Só amortecem”.

existe, se fez à conta dos cidadãos e das

tas, disse dispor de informação de que

Da mesma opinião manifestou-se o de-

farmácias.

“estão ultrapassadas algumas dificul-

putado bloquista João Semedo, consi-

Contrapondo as posições dos depu-

dades que permitirão a aplicação de

derando ser indiscutível que o conjun-

tados da oposição, Maria de Belém

medidas que constam do programa de

to de medidas mais ou menos avulsas,

Roseira defendeu que a questão é saber

governo, nomeadamente a prescrição

mais ou menos estruturadas, tomadas

se a poupança conseguida pelo Estado

por DCI”. A esta análise respondeu o de-

relativamente às farmácias e ao medi-

foi redistribuída de maneira adequada.

putado comunista Bernardino Soares,

camento sobrecarregou os utentes.

Além de que – criticou – “nunca se diz

para contestar que tenha havido uma

Já para o parlamentar social-democrata

que as despesas em saúde têm tam-

poupança para os utentes. E citou o ex-

Joaquim da Ponte, o problema come-

bém um benefício social para as pesso-

ministro da Saúde Correia de Campos

çou com o anúncio, na posse do gover-

as que as suportam”. É um encontro de

que, em livro editado recentemente, dá

no, de que a farmácia e o medicamento

contas que nunca é mencionado, mas

conta de uma poupança do Estado na

iriam ter um tratamento especial como

é essencial, na medida em que há um

ordem dos 50 milhões de euros (entre

forma de combater o défice das contas

retorno para os contribuintes.

2005 e 2006), mas uma sobrecarga dos

políticas. “E aquilo que até então tinha

Sem entrar na discussão das estatísti-

utentes em 95 milhões.

sido uma política relativamente con-

cas, Francisco Beirão, representante da

Foram medidas como a diminuição

sensualizada passou a ser uma política

Plataforma Saúde em Diálogo, lamen-

das comparticipações e a eliminação

de contencioso, de afrontamento às

tou a política economicista da saúde,

de majorações que implicaram um

instituições do sector”. Agora que se

responsabilizando-a por dificuldades

aumento de custo para os utentes, não

aproxima o fim da legislatura, os objec-

crescentes dos doentes no acesso ao Farmácia Portuguesa | 41


congresso anf

medicamento. Os doentes e os utentes

em toda a política do medicamento. E,

Outra medida contemplada nos esfor-

de saúde são pessoas, mas isso – criti-

voltando à prescrição por DCI, insistiu

ços para conter a despesa com medica-

cou – não é considerado na decisão

na necessidade de a aplicar, até para al-

mentos (e o desperdício) é a unidose.

política. E a sua experiência, embora

terar “a originalidade nacional que são

Para o deputado Bernardino Soares, há

não quantificada, é a de que há um au-

os genéricos de marca”. Em resposta,

um patamar intermédio que tem a ver

mento do número de pessoas que não

Maria de Belém Roseira reafirmou que,

com a dimensão das embalagens, no

consegue suportar as despesas com

segundo o governo, esta medida avan-

que foi secundado pelo parlamentar

os medicamentos de que necessita

çará em breve, mas sustentou não ha-

social-democrata. Já para o representan-

e que, por isso, não os compra. Ainda

ver relação directa com a qualidade da

te do Bloco de Esquerda, o que é mais

em matéria de acessibilidade, defen-

prescrição. A existir, isso significa que a

irracional é avaliação do valor (económi-

deu o alargamento ao ambulatório de

prescrição é influenciada pela relação

co) e do valor acrescentado dos novos

medicamentos que, actualmente, são

entre médicos e laboratórios.

medicamentos, caros e que acrescen-

de dispensa hospitalar exclusiva, o que

João Semedo admitiu que a prescrição

tam “praticamente zero” aos já existen-

coloca obstáculos aos doentes, sobre-

por DCI não pode ser olhada como uma

tes. Defendeu, por isso, a necessidade de

tudo crónicos.

varinha mágica, até porque há outros

um instrumento isento e competente,

Uma opinião consensual entre os de-

problemas. Um deles – criticou – “é a si-

capaz de fazer essa avaliação.

putados presentes foi a necessidade

tuação consolidada de aceitarmos com

A última pergunta da moderadora re-

de avançar com a prescrição por DCI

ligeireza que o médico se substitua à

caiu sobre a representante do partido

de modo a conter a despesa, pública

vontade do doente, porque aceitamos

no governo, centrada numa das deci-

e privada. Mas, para Maria de Belém

que há uma diferença de informação

sões mais fracturantes da política para

Roseira, há outra questão pertinente –

e conhecimento entre um e outro.

o sector – a liberalização das farmácias.

a da qualidade da prescrição. O depu-

Mas, curiosamente, não se aceita que

Reconhecendo que foi uma medida

tado do Bloco de Esquerda concordou

o farmacêutico faça o mesmo”. É uma

muito criticada pela classe, a ex-minis-

que é um problema sério, mas recor-

situação que é preciso alterar, não de

tra considerou ser ainda cedo para fazer

dou que há anos que está em cima da

uma forma simplificada, mas mudando

um balanço. Mas deixou a posição de

mesa, sem nunca ter avançado. E não

a relação entre o acto médico e o acto

que a questão essencial é definir o con-

avançou porque “implica retirar o con-

farmacêutico: é que “a exclusividade

teúdo funcional do director técnico das

dicionamento da prescrição que é feito

atribuída aos médicos não serve os in-

farmácias que não sejam propriedade

a partir das multinacionais do medica-

teresses dos utentes e da saúde”.

de um farmacêutico: “Não podemos

mento”. Para contrariar esta situação,

Maria de Belém Roseira concordou

pôr o interesse comercial à frente do in-

preconizou a definição de “guidelines”

com uma articulação mais forte entre

teresse dos utilizadores das farmácias.

para o ambulatório, à semelhança do

médico e farmacêutico, considerando

Não gostaria de ter um director técnico

que existe a nível hospitalar.

mesmo que, sem ela, a reforma dos cui-

que estivesse ao serviço de objectivos

Também o representante do PSD con-

dados de saúde primários fica aquém

de rentabilidade financeira em vez de

siderou que esta é uma pedra de toque

dos objectivos.

objectivos de ganhos em saúde”.

42 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 โ ข

os

20 08

Farmรกcia Portuguesa | 43


congresso anf

Regulação das margens transferida para o sector

A liberalização da repartição das margens entre os agentes do sector do medicamento pode vir a ser uma realidade. O anúncio foi feito pela ministra da Saúde no encerramento do 9º Congresso Nacional das Farmácias e recebido pela ANF com a reafirmação da disponibilidade para o diálogo. Do ministério, o presidente da associação disse esperar decisões rápidas que façam justiça às farmácias, ao mesmo tempo que deixava aos associados o desafio de manterem o dinamismo de sempre. 44 | Farmácia portuguesa

O governo vai entregar aos diversos actores do circuito do medicamento a capacidade de regulação das respectivas margens de comercialização. A decisão foi anunciada pela ministra da Saúde, Ana Jorge, na sessão de encerramento do 9º Congresso Nacional das Farmácias, a 23 de Novembro. E tomada com base na “maturidade e responsabilidade” demonstradas por todos os agentes do sector. Justificou a ministra que o trabalho de negociação com os parceiros que tem sido desenvolvido ao longo deste ano “tornou evidente o consenso de que não é indispensável a intervenção do governo na fixação das margens de cada agente económico do sector”.


30

an

19 78 •

os

20 08

Ana Jorge, Ministra da Saúde

O Estado manterá a prerrogativa de

com impacto no sector, admitindo

e intransmissível, do Ministério da

fixar os preços máximos dos medica-

que foram recebidas pelas farmácias

Saúde de garantir a sua materializa-

mentos, garantindo e salvaguardan-

como alterações que dificultavam

ção em condições de inequívoca se-

do o direito ao acesso do cidadão.

especialmente o seu funcionamen-

gurança e qualidade”. Considerando

Como condição para negociar a libe-

to. Mas – sublinhou – “as farmácias

que da cooperação com as farmácias

ralização da repartição das margens,

souberam responder aos desafios

têm resultado benefícios inequívo-

impôs que essa alteração não repre-

colocados, daqui resultando um be-

cos para os cidadãos na melhoria da

sente um aumento dos preços para

nefício inequívoco para os portugue-

sua saúde, a ministra Ana Jorge fina-

os cidadãos.

ses, reflectido no maior e mais fácil

lizou a sua intervenção desejando

A questão dos preços e das margens

acesso ao medicamento e aos vários

que essa cooperação se mantenha e

foi uma das que dominou a sessão

serviços disponibilizados”.

reforce no futuro.

de encerramento do congresso, com

Para o ministério, a farmácia é “um

Ana Jorge a enquadrar as duas baixas

parceiro importante” na concretiza-

administrativas (decretadas em 2005

ção de uma política cujo princípio

e 2007) como “medidas de emergên-

orientador tem sido a promoção de

cia para resolver um problema extra-

uma maior acessibilidade por parte

ordinário que se impunha”. Foram

da população, mantendo a garantia

Vontade de cooperação e disponi-

medidas – reconheceu – com impac-

do cumprimento das Boas Práticas

bilidade para o diálogo foram igual-

to em todos os parceiros do sector,

para o sector.

mente vectores nas palavras finais

daí que tenha havido a preocupação

É com esta visão que – disse – têm

do presidente da direcção da ANF,

de colocar no Orçamento de Estado

sido concretizados os princípios as-

João Cordeiro. Com uma intervenção

a intenção de repor as margens das

sumidos no Compromisso com a

orientada para o futuro das farmá-

farmácias.

Saúde, “procurando harmonizar-se o

cias, sublinhou que ele será cons-

A titular da pasta da Saúde aludiu ain-

interesse, legítimo, das farmácias, na

truído “no respeito pela legalidade

da a outras medidas legislativas no

rápida aplicação de algumas medi-

democrática e em colaboração res-

âmbito da política do medicamento

das, com a responsabilidade, própria

ponsável com as autoridades”, como

Compromissos por cumprir e erros por corrigir

Farmácia Portuguesa | 45


congresso anf

sempre tem acontecido. Mas deixou

DCI do princípio activo, com o presi-

medida de que as farmácias retirem

claro que o sector espera das autori-

dente da ANF a congratular-se com

contrapartidas, mas que defendem

dades “o mesmo respeito e a mesma

a perspectiva da sua aplicação para

por servir o interesse público. Não

colaboração”.

breve anunciada pela presidente da

obstante as reconhecidas vantagens

As farmácias e a sua associação estão

Comissão Parlamentar de Saúde no

na redução do desperdício e na me-

disponíveis para essa colaboração,

debate anterior.

lhoria da adesão à terapêutica, o mi-

mas “não para o improviso, o autori-

Não se compreende – sustentou –

nistério hesita.

tarismo e o menosprezo por aqueles

que, fazendo parte do Programa do

Reconhecidos são também os efeitos

que se esforçam por exercer respon-

Governo e constando do Compro-

das importações paralelas na redu-

savelmente uma actividade profis-

misso com a Saúde, não tenha ainda

ção da despesa e na promoção da

sional, criam e mantêm emprego

sido implementada: “Sabemos que

concorrência. Mas nenhuma foi ain-

digno e cumprem pontualmente as

estão a ser criados junto do primeiro-

da autorizada.

suas obrigações com o Estado”. Uma

ministro fantasmas tenebrosos quan-

Estes são os compromissos por efec-

crítica que – fez questão de ressalvar –

to a esta medida que não têm o me-

tivar. A eles se juntam medidas que,

não se dirige à actual titular da pasta,

nor fundamento”, disse, desafiando

na óptica da associação, importa

que imprimiu um “espírito aberto e

a ministra, também na qualidade de

corrigir. Desde logo o facto de todos

construtivo” ao diálogo com a ANF.

médica prestigiada, a esclarecer no

os medicamentos não sujeitos a re-

Nesse diálogo subsistem assuntos

seio do governo a natureza e os fins

ceita médica poderem ser vendidos

pendentes, ao abrigo do Compro-

da DCI.

fora das farmácias. É um regime que

misso com a Saúde, com João Cor-

Igualmente por cumprir continua a

deve ser revisto, mediante a criação

deiro a reafirmar o desequilíbrio na

dispensa pelas farmácias de medi-

de uma lista de MNSRM de venda ex-

sua aplicação. E a deixar um repto a

camentos actualmente dispensados

clusiva em farmácia, por razões cien-

Ana Jorge: “Começam aqui as suas

exclusivamente em hospitais. Há

tíficas, técnicas e de preservação da

responsabilidades em relação ao fu-

consenso científico e técnico. E a ANF

saúde pública.

turo”. Responsabilidades porque há

enviou, há já dois anos, um projecto

Corrigido deve ser igualmente o

compromissos por cumprir e medi-

de diploma ao Ministério da Saúde.

regime de turnos, extinguindo-se

das já tomadas que devem ser corri-

Sem que tivesse havido qualquer

o regime de reforço e excluindo as

gidas, por razões de equilíbrio e bom

decisão.

farmácias em regime de disponibili-

senso.

Tal como não houve avanços na re-

dade da obrigatoriedade de 55 horas

Por cumprir continua o compromisso

gulamentação da dispensa de me-

semanais.

da generalização da prescrição pela

dicamentos em unidose. Não é uma

Mais do que corrigir, importa revogar

46 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

João Cordeiro, Presidente da ANF

o modelo de sorteio para atribui-

ta rever o actual regime de preços,

igualmente todos os sectores, com

ção de novas farmácias, por violar o

dado que, em Portugal, “os preços

critérios que, se forem bons para uns,

Compromisso com a Saúde e a pró-

dos medicamentos não são transpa-

têm de ser bons para outros.

pria Constituição. Violada foi também

rentes, nem facilmente controláveis

À ministra da Saúde, João Cordeiro

a igualdade fiscal entre farmácias,

pelo Estado e pelos consumidores”.

reafirmou a disponibilidade para o

que deve ser assegurada.

Um défice que resulta da complexi-

diálogo e o espírito de abertura para

dade do regime em vigor, do qual re-

a negociação, esperando, em contra-

sultam preços mais elevados do que

partida, decisões rápidas que façam

nos países de referência.

justiça às farmácias: “Não pedimos

É que, nos diplomas publicados em

nada que não seja ponderação nas

O presidente da ANF fez ainda refe-

2007, a medida de fixação de preços

decisões, avaliação das consequên-

rência a um outro compromisso do

(por comparação) é o preço de ven-

cias, rectificação de erros e exage-

governo – o de repor a margem das

da ao armazenista, que nada diz aos

ros, sentido de justiça e equidade e

farmácias, constante dos últimos

consumidores. O que a estes interes-

disponibilidade para dialogar com

orçamentos de Estado mas ainda

sa é o preço de venda ao público e

transparência. Não acho que seja pe-

não cumprido. O que – disse – é in-

a comparticipação do Estado. O que

dir muito para um sector que tanto

sustentável, sendo que as farmácias

querem saber é se pagam o mesmo,

tem dado à saúde dos portugueses”.

não abdicam do cumprimento dessa

mais ou menos do que um cidadão

E aos associados, pediu determinação

obrigação. Daí não haver oposição

espanhol, francês, italiano ou grego

para ultrapassar as dificuldades, no

de princípio à proposta de liberalizar

pelo mesmo medicamento. É um

entendimento de que é do interesse

a repartição das margens entre os

“controlo impossível”.

das farmácias não só não abrandar

sectores.

O que a ANF defende é uma metodo-

como aumentar o dinamismo que

No entender das farmácias, impor-

logia coerente e equitativa, que trate

têm revelado nos últimos 30 anos.

À espera de decisões rápidas e justas

Farmácia Portuguesa | 47


congresso anf 9.º Congresso Nacional das Farmácias

20 a 23 de Novembro de 2008

Conclusões

As conclusões do 9.º Congresso Nacional das Farmácias, que decorreu sob o lema “Farmácias Portuguesas – Uma nova era para a Saúde em Portugal”, são as seguintes: Maria da Luz Sequeira, Vice-Presidente da ANF

Sobre como Conquistar a Mudança 1. Os sistemas de saúde, por imperativos demográfi-

mento de canais complementares de distribuição e

cos, nomeadamente o aumento da esperança média

dispensa de medicamentos, a uma cada vez maior

de vida, de racionalidade económica e de evolução

penetração de medicamentos genéricos e a inova-

tecnológica e científica ao nível do diagnóstico e da

ção farmacológica direcciona-se para áreas de espe-

terapêutica, estão em profunda redefinição.

cialidade e de biotecnologia.

2. Assistimos a um aumento da capacidade dos pagadores em controlar e gerir a despesa, ao apareci48 | Farmácia portuguesa

3. Os doentes estão mais informados e exigentes no acesso à inovação e a melhor qualidade de saúde.


30

an

19 78 •

4. Em tempos de mudanças estruturais, e face a um ciclo económico menos vigoroso, a contenção dos custos e a procura pelo valor baseado na evidência serão a prioridade.

desafios e aproveitar as oportunidades que ela nos proporciona. 10. A farmácia deve, hoje mais do que nunca, assumir a sua efectiva intervenção na melhoria da qualidade de vida

5. As farmácias portuguesas têm de reagir por anteci-

das populações, prestando um aconselhamento mais

pação às mudanças do mercado, ter vontade para

especializado e um seguimento mais estruturado dos

se adaptarem e competir com outras entidades, re-

doentes, em colaboração com outros profissionais de

forçando a sua orientação para o doente, que nelas

saúde.

deposita enorme confiança.

11. Aliar as tradicionais competências de uma dispensa

6. Devemos saber interpretar o mercado, as necessi-

responsável e segura de medicamentos à prestação de

dades e os anseios do consumidor, de forma a que

Serviços Farmacêuticos é fundamental para que a far-

sejamos parte das soluções que uma sociedade cada

mácia seja reconhecida como espaço de saúde e centro

vez mais informada e exigente nos coloca.

de prevenção e terapêutica.

7. As farmácias devem continuar a investir na moder-

12. Como empresas que prestam serviços de utilidade pú-

nização tecnológica, em conhecer melhor os seus

blica, temos de acreditar na capacidade da profissão

utentes, registar e avaliar constantemente a sua in-

para produzir impactos positivos nos indicadores de

tervenção, estabelecer novas parcerias profissionais

saúde, sobretudo ao nível dos cuidados primários.

e a responder aos desafios de forma colectiva e orga-

13. Devemos ter sempre presente a necessidade de de-

nizada para liderarem o processo de mudança. 8. Devemos manter-nos mobilizados e unidos no pressuposto de que essa união e mobilização são factores determinantes para o sucesso do projecto de desenvolvimento do sector de farmácias, cujos vectores fundamentais foram analisados neste Congresso.

os

20 08

monstrar o valor que as farmácias acrescentam às políticas de Saúde. 14. Esta evolução requer que estejamos disponíveis para investir em recursos humanos e materiais. 15. Temos de garantir a sustentabilidade económica da farmácia e melhorar a sua gestão, nomeadamente no domínio dos stocks, dos recursos humanos, do marketing

Sobre a Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança – Programa Farmácias Portuguesas

e comunicação, entre outros. 16. O Programa Farmácias Portuguesas proporciona às farmácias as ferramentas necessárias para que possam desenvolver estas valências e elevar o nível do serviço que prestam à população. 17. O empenhamento de cada farmácia na prestação de cuidados de saúde é fundamental para que todas

9. O modelo tradicional da actividade da farmácia está igualmente em mudança. Temos de saber vencer os

possam partilhar do sucesso do Programa Farmácias Portuguesas. Farmácia Portuguesa | 49


congresso anf

Sobre o futuro da Informação em Saúde

Portuguesa, em colaboração com o CEFAR, e apre-

18. A integração de plataformas de comunicação deve

actos farmacêuticos.

sentado neste Congresso, permitiu, pela primeira vez, quantificar o volume e o valor económico destes

ser estimulada e devemos apostar no desenvolvi-

22. Nas farmácias portuguesas, anualmente, praticam-

mento de sistemas informáticos de apoio à interven-

se 38,8 milhões de actos farmacêuticos sem que haja

ção profissional.

pagamento associado, na maioria actos de aconselha-

19. A divulgação de mais e melhor informação às popu-

mento e de avaliação.

lações pode e deve ser desenvolvida, mas apenas em

23. Nestes actos, consomem-se 2,8 milhões de horas de

meios de comunicação com informação cientifica-

trabalho, aproximadamente 13% do tempo dos qua-

mente validada, sob pena de criação de falsas expectativas aos doentes.

Sobre o Valor da Intervenção Farmacêutica

dros técnicos das farmácias. 24. O custo anual destes actos para as farmácias é de 54 milhões de euros, equivalente a cerca de 20% dos resultados brutos das farmácias. Este valor reporta-se apenas aos custos de recursos humanos e não inclui custos fixos directos, nem custos de investimento suportados

20. As farmácias constituem uma rede de solidariedade social próxima das populações, que presta um con-

25. Os custos específicos dos principais actos (aconselha-

junto de actos farmacêuticos não remunerados, dos

mento sobre medicamentos sujeitos ou não sujeitos

quais se destacam actos de aconselhamento sobre

a receita médica, sem que tenha ocorrido venda de

medicamentos e outros produtos de saúde, actos de

produto, e actos de medição/avaliação) foram esti-

medição de parâmetros clínicos e avaliação de perfis

mados em 25,5 milhões de euros, tendo os utentes

de risco e actos de maior complexidade, frequente-

valorizado estes actos em 76,5 milhões de euros,

mente associados à administração de medicamentos

representando o excedente – 51 milhões de euros –

e seguimento da terapêutica.

uma medida monetária da criação de bem-estar so-

21. O estudo “Valorização dos Actos Farmacêuticos em Farmácias”, elaborado pela Universidade Católica 50 | Farmácia portuguesa

integralmente pelas farmácias para a sua realização.

cial, gerado por actos farmacêuticos prestados pelas farmácias.


30

an

19 78 โ ข

os

20 08

Farmรกcia Portuguesa | 51


congresso anf 15 anos do Programa de Troca de Seringas

ANF homenageia

Professora Odette Ferreira

João Cordeiro, Presidente da ANF, Henrique de Barros, Coordenação da Luta contra a Infecção por VIH/Sida e Odette Ferreira

Foi um momento emocionado aque-

farmacêutica”, assim expressando a

gunda mão”. Um programa de saúde

le em que a Professora Odette Ferreira

ANF, as farmácias e os farmacêuticos

público de referência, no âmbito do

recebeu das mãos do presidente da

a sua “admiração pela forma como

qual se trocaram (e recolheram) 42

direcção da ANF, João Cordeiro, as

sempre esteve e continuará a estar

milhões de seringas, evitando-se

insígnias da associação, uma home-

na vida, pela força e determinação

mais de sete mil novas infecções e

nagem à mentora do Programa de

que a natureza lhe deu mas que sou-

poupando-se mais de 1700 milhões

Troca de Seringas para assinalar os 15

be muito bem cultivar”.

de euros, para além das vidas.

anos desta acção de saúde pública.

Foi em Outubro de 1993 que, im-

João Silveira não evocou apenas a

Justificando a homenagem, o vice-

pulsionado pela Professora Odette

coragem e determinação da home-

presidente da associação João Silveira

Ferreira, o programa deu os primei-

nageada, mas também a decisão do

disse tratar-se de um “agradecimento

ros passos, alicerçados na mensa-

ministro da Saúde de então, Arlindo

público à mulher, à investigadora e à

gem “Diz não a uma seringa em se-

de Carvalho, e o grande envolvimen-

52 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Odette Ferreira, Henrique de Barros e João Silveira, Vice-presidente da ANF

to das farmácias. Também o actual

a primeira, porque se trata de um

agentes de saúde pública. Valeu a

responsável pela coordenação da

programa inovador com impactos

pena termos construído um progra-

luta contra a infecção por VIH/Sida,

importantes em saúde pública e que

ma que correspondeu a um retorno

Professor Henrique de Barros, subli-

coloca Portugal num lugar destacado

de 70 vezes o seu investimento. Valeu

nhou o mérito deste programa por

pela capacidade de o pôr no terreno,

a pena não desistir do kit, incluindo

ter logrado envolver as farmácias, um

e a segunda, porque o programa foi

mais materiais de acordo com as ne-

“actor importante na facilitação dos

construído com base na colaboração

cessidades”.

meios de prevenção e no combate à

voluntária dos farmacêuticos que,

Odette Ferreira reservou as palavras

discriminação” da população toxico-

nas suas farmácias, foram capazes

finais para a ANF, que, “como é ha-

dependente.

de enfrentar as dificuldades que uma

bitual, sempre respondeu aos desa-

Portugal – sustentou – encontrou

operação como esta comporta.

fios que o país coloca”. E estendeu

um caminho que parece ser razoa-

Os farmacêuticos “foram os guerrei-

os parabéns a ministro de então, às

velmente evidente de diminuição

ros disponíveis para servir de inter-

farmácias, às câmaras municipais, às

da infecção entre esta população e

face social a esta população que se

cooperativas de distribuição farma-

isso foi o resultado de medidas como

evitava em muitos outros lugares

cêutica, por em conjunto terem conse-

a troca de seringas, para as quais os

públicos”. Deu-se, pois, um passo de-

guido um dos melhores programas de

consensos são sempre complexos. A

cisivo no combate à discriminação,

redução de risco da Europa. “É a OMS

Professora Odette Ferreira – elogiou

um contributo inalienável para que

que o diz”.

– “foi capaz de abrir esse caminho e

as futuras gerações possam ter um

Agradecendo, mais uma vez, as insíg-

deixá-lo activo”.

padrão epidemiológico de infecção

nias da ANF, declarou recebê-las com

Numa resposta emocionada, a in-

diferente.

orgulho, empenhada como sempre es-

vestigadora e farmacêutica que,

“Sinto que valeu a pena”: “Valeu a

teve em valorizar o conhecimento e o

em 1993, assumia a presidência da

pena o Ministério da Saúde ter sido

contributo dos farmacêuticos na saúde

Comissão Nacional de Luta Contra

capaz de construir uma plataforma

pública. “Guardo este gesto no coração,

a Sida afirmou-se grata por esta ho-

com as farmácias rentabilizando

onde se devem registar os momentos

menagem e elegeu duas razões:

finalmente o seu potencial como

que ficam connosco para sempre”. Farmácia Portuguesa | 53


congresso anf Workshops

Formação em tempo de Congresso Pela segunda edição consecutiva, o

de Administração de Vacinas na

cia) – administração de vacinas, análi-

Congresso Nacional das Farmácias

Farmácia, Merchandising e Formação

se da terapêutica e merchandising.

incluiu a realização de workshops,

a Distância. São temas absolutamente

No final, os participantes foram con-

sessões formativas consagradas à

pertinentes no contexto actual, em

vidados a preencher um inquérito de

apresentação e demonstração das

que a farmácia enfrenta novos desa-

satisfação, cujos resultados serão ago-

mais recentes ferramentas de su-

fios mas também abraça novas opor-

ra analisados pelo CEFAR, servindo de

porte à intervenção profissional no

tunidades.

orientação para futuras iniciativas.

âmbito da estratégia delineada para

Isso mesmo foi entendido pelos far-

Mesmo sem esses resultados, o ele-

o sector.

macêuticos que acorreram ao Centro

vado número de presenças permite

Neste nono congresso foram con-

de Congressos de Lisboa, com a glo-

concluir que os farmacêuticos de ofi-

siderados prioritários seis temas –

balidade das workshops a merecer

cina valorizam a formação contínua

Acompanhamento de doentes com

mais de mil participações ao longo

como parte indissociável do seu de-

Sifarma 2000, Novas Tecnologias,

dos três dias. Três delas se destacaram

senvolvimento profissional e da sua

Análise

pelo interesse suscitado (em afluên-

intervenção na farmácia.

54 | Farmácia portuguesa

da

Terapêutica,

Serviço


30

an

19 78 •

os

20 08

Acompanhamento de doentes com SIFARMA 2000 Muito Positivo É esta a avaliação da organização do workshop dedicada ao acompanhamento de doentes no dia-a-dia da farmácia com Sifarma 2000. O objectivo – de demonstrar as potencialidades desta ferramenta na intervenção profissional da Farmácia – foi plenamente atingido ao longo das várias sessões, promovidas no âmbito do 9º Congresso Nacional das

Novas Tecnologias O desafio do e-commerce

Farmácias.

Os novos conceitos tecnológicos as-

Para o sucesso contribuiu significativamente a estratégia de-

sociados ao projecto de e-commerce

senhada, promotora da proximidade entre Farmácias.

estiveram no centro da workshop 2.

Foram convidadas a apresentar a sua experiência prá-

Neste Workshop apresentou-se o que

tica quatro farmácias – do Bairro (Cova da Piedade), do

é inovador para o farmacêutico, para

Arco (Madeira), Carrilho (Santa Comba Dão) e Diamantino

a farmácia e grupo de farmácias à luz

(Fundão).

dos novos conceitos.

Com os colegas os farmacêuticos oradores partilharam o

A perspectiva teórica foi transmitida

caminho que trilharam para a implementação bem sucedi-

por farmacêuticos devidamente habi-

da do projecto – que desafios significou na prática, como a

litados, após o que se desenrolou uma

equipa abraçou este projecto profissional, como foi motiva-

componente prática de apresentação

da, como se superaram eventuais dificuldades ou receios ini-

do projecto e representação dos con-

ciais, que objectivos se traçaram e como evoluíram.

ceitos anteriormente explanados.

Este relato foi a plataforma em que assentou a primeira

São conceitos bastante especializa-

parte da workshop, sendo os participantes sido de seguida

dos e que se revelaram mais fáceis de

convidados a debruçar-se sobre casos práticos – situações

apreender na sua aplicação prática do

passíveis de acontecer na farmácia e às quais era necessário

que no enquadramento teórico.

aplicar as valências do Sifarma 2000 no acompanhamento

O objectivo não foi promover o e-

de doentes.

commerce, mas sim desafiar as far-

E a percepção – colhida pelo CEDIME, que organizou as ses-

mácias para as potencialidades do

sões – é de que os participantes ficaram agradavelmente

novo canal. A receptividade foi boa,

surpreendidos, até porque, para muitos, este foi um dos pri-

com muitos dos presentes a encará-lo

meiros contactos com esta ferramenta.

como uma oportunidade de estender

E permitiu-lhes descobrir as diferentes valências e potencia-

a área de negócio, ainda que outros

lidades, de uma forma prática e, acima de tudo, interactiva.

tenham feito eco da controvérsia em

A partilha de experiências contribuiu para dissipar eventu-

torno da venda pela Internet.

ais dúvidas, revelando-se motivadora da implementação

O balanço geral é positivo.

do projecto de Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000. Farmácia Portuguesa | 55


congresso anf

Análise da Terapêutica Motivar para os serviços diferenciados

Serviço de Administração da Vacinas Um contributo para o sucesso

Motivar os farmacêuticos para a implementação de serviços diferenciados na farmácia foi o ob-

Proporcionar aos farmacêuticos um olhar personalizado so-

jectivo subjacente ao workshop sobre “Análise

bre a implementação do novo serviço de administração de va-

da terapêutica”. O workshop começou com

cinas na farmácia foi o princípio que presidiu à workshop 4.

uma breve apresentação daqueles serviços, a

Um princípio concretizado mediante a intervenção de dois

partir do que os participantes se debruçaram

farmacêuticos convidados a dar a conhecer a sua experiência

sobre um caso prático.

de sucesso na recente campanha de vacinação da gripe.

Com elementos da equipa do Departamento de

Em cada sessão, os participantes tiveram oportunidades de

Programas de Cuidados Farmacêuticos da ANF

se inteirar do processo que conduziu à decisão de implemen-

a desempenharem o papel dos vários “doentes”,

tar o serviço e do seu desenvolvimento – quais os aspectos

os participantes foram desafiados a fazer a aná-

prévios equacionados, quais as determinantes que guiaram o

lise de cada simulação a um nível mais essencial.

arranque da vacinação, que resultados foram obtidos e quais

O passo seguinte teve o contributo de dois far-

as perspectivas futuras, na óptica deste serviço mas também

macêuticos – da Farmácia dos Foros de Amora e

dos restantes contemplados na portaria de Novembro.

da Farmácia Loureiro, em Peso da Régua – que

A partir desta exposição individualizada, os participantes tra-

comunicaram a sua experiência com serviços

balharam em grupo, tendo-lhes sido pedido que ponderas-

diferenciados.

sem os pontos fortes e fracos, as oportunidades e as ameaças

Em foco esteve o PCF da Diabetes pela sua dupla

deste serviço na farmácia face a outros locais. Foi-lhes ainda

particularidade de ser facturado pela farmácia e

proposto que ordenassem os novos serviços farmacêuticos

comparticipado (em 75%) pelo Ministério da

por ordem decrescente de importância para a farmácia.

Saúde. Este programa de cuidados farmacêuti-

Foi esta a metodologia seguida por se entender a opinião dos

cos serviu, numa perspectiva prática, de ponte

farmacêuticos como um contributo válido e necessário para

para os serviços diferenciados, com o intuito de

delinear a estratégia a seguir quanto à implementação dos

motivar a adesão das farmácias.

novos serviços.

Mesmo sem serem conhecidos os resultados

Entre os participantes encontravam-se farmacêuticos que

dos inquéritos de satisfação dos participantes,

ainda não adoptaram o serviço de administração de vacinas

a organização da workshop considera que a

na farmácia, com a organização da workshop – a cargo do

receptividade foi positiva. E, perante as muitas

Departamento de Programas de Cuidados Farmacêuticos da

questões suscitadas, está expectante quanto

ANF – a considerar que a aquisição de conhecimentos a par-

aos reflexos na adesão aos serviços propriamen-

tir da experiência de um outro farmacêutico é fundamental

te ditos.

como motivação. Afinal, é a demonstração, entre pares, do sucesso do serviço.

56 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

Merchandising A farmácia como unidade de negócio Proporcionar aos participantes uma perspectiva diferente de farmácia, consonante com o facto de ser, além de um espaço de saúde, também uma unidade de negócio, foi o objectivo subjacente à workshop sobre “Merchandising”. O tema escolhido foi, aliás, apenas o ponto de partida para uma abordagem mais ampla, destinada a passar a mensagem de que – no actual contexto de liberalização e concorrência – a farmácia carece de novas ferramentas que sustentem a sua viabilidade económica. São ferramentas indispensáveis ao delinear de uma nova relação com os fornecedores e que devem estar igualmente presentes na organização da farmácia em função dos consumidores, o que passa, nomeadamente, pela gestão de categorias. Na relação com os fornecedores, e na perspectiva dos resultados da empresa, a ideia-chave é comprar melhor tendo em vista a necessidade de rentabilidade e retorno do investimento. O mesmo é válido para a gestão de categorias e, com base nela, para a construção da imagem da farmácia junto dos consumidores/utentes. Neste domínio foram dados exemplos concretos de categorias de produtos que, sendo obrigatoriamente credíveis e compatíveis com os princípios éticos da profissão, podem estar disponíveis na farmácia. Uma marca “ANF” ou “Farmácias Portuguesas” permitiria enquadrá-los e alavancar a receptividade do público. São novos caminhos que se abrem ao sector. A sua apresentação nesta workshop suscitou duas reacções distintas: houve participantes que consideraram esta abordagem da farmácia “mercantilista”, enquanto outros se mostraram bastante receptivos, pedindo mais informação e até soluções concretas para a sua farmácia. A discussão e o interesse suscitados por esta metodo-

os

20 08

Formação a Distância Uma nova tecnologia Dar a conhecer as potencialidades da formação a distância enquanto tecnologia que permite conciliar a abertura para a valorização profissional contínua com a disponibilidade de tempo e espaço – foi esta a intenção que presidiu à organização da workshop sobre Formação a Distância. Como método de ensino, que associa a perfeita adequação às circunstâncias de cada profissional e a excelência de resultados, a formação a distância não é nova, constando da oferta formativa da Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão. Mas nesta workshop pretendeu-se ir mais além na exploração das suas potencialidades, com recurso a uma ferramenta inovadora que permite a interacção entre formandos e formador. Os participantes em cada sessão acederam, assim, a uma acção de formação em tempo real. “Fidelização do cliente” foi o tema seleccionado e ministrado com a colaboração da psicóloga Ana Maia, que, à distância, teve oportunidade de interagir com os formandos, respondendo às questões colocadas e apresentando resultados. No final, e com base numa primeira análise dos inquéritos de satisfação, verifica-se que a apreciação dos participantes foi muito positiva. Esta workshop permitiu ainda apresentar o site da Escola que deverá estar disponível no início de 2009. Uma das valências é a consulta do percurso formativo individual, além da possibilidade de inscrição online em acções de formação.

logia permite um balanço global positivo. Farmácia Portuguesa | 57


congresso anf Apresentação de Posters

O melhor da farmácia

As farmácias foram desafiadas a mostrar, no congresso, o melhor da sua intervenção profissional. E a resposta ao desafio

A ideia germinou a partir da consta-

mento desta realidade, aliado ao fac-

tação de que as farmácias têm de-

to de noutros congressos, nacionais

senvolvido um vasto e diversificado

e internacionais ser habitual a apre

leque de serviços farmacêuticos, ao

-sentação de posters, que levou

muito positiva, alicerçada

mesmo tempo que se envolvem cada

elementos do CEFAR e do Departa-

num vasto leque de

vez mais nas campanhas de promo-

mento de Programas de Cuidados

ção da saúde e prevenção da doen-

Farmacêuticos (DPCF) da ANF a pro-

ça, bem como nos subsequentes

por à Direcção e à Organização do 9.º

estudos de avaliação. Foi o conheci-

Congresso Nacional das Farmácias a

excedeu as expectativas, revelando uma realidade

serviços farmacêuticos. 58 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

A resposta que as farmácias deram ao desafio lançado este ano faz antever que a experiência tenha continuidade.

introdução desta valência. O desafio

rapêutica num centro de dia, numa

Paralelamente foram expostos pos-

foi aceite internamente, após o que

abordagem multidisciplinar, e de

ters das diferentes áreas da ANF,

foi estendido às farmácias. Antes, po-

uma caminhada contra a obesidade

nomeadamente do CEFAR, do LEF

rém, foi necessário definir normas e

envolvendo a comunidade servida

e do DPCF. Não foram elaborados

critérios para os posters, para o que

pela farmácia.

propositadamente, apenas dados a

foi constituída uma comissão científi-

Os trabalhos foram avaliados, numa

conhecer aos associados, depois de

ca. Presidida por Ana Miranda, médi-

escala de 0 a 30, com base nos se-

terem sido apresentados em con-

ca epidemiologista e consultora cien-

guintes critérios – inovação, clareza

gressos nacionais e internacionais.

tífica do CEFAR, integra outras seis

na definição do objectivo e metodo-

A decisão de expô-los no congresso

pessoas cuja formação e experiência

logia, apresentação sucinta e concre-

visou acentuar o contributo que as

abrangem quer a vertente científica,

ta de resultados, conclusões breves,

farmácias dão na concretização de

quer a vertente profissional.

contributo para a prática farmacêuti-

campanhas e na recolha dos dados

Além dos critérios, necessários para

ca e contributo para a saúde da po-

que servem de matéria-prima aos

garantir rigor e qualidade, foram

pulação alvo da intervenção.

estudos desenvolvidos.

estabelecidas algumas balizas te-

A alguns foram feitas sugestões vi-

A resposta que as farmácias deram

máticas: tendo a intervenção farma-

sando melhorar a qualidade. Outros

ao desafio lançado este ano faz an-

cêutica como denominador comum,

houve que, por versarem a mesma

tever que a experiência tenha conti-

foram identificadas 14 áreas, da me-

temática e incluírem abordagens

nuidade. Os farmacêuticos que acei-

dição de parâmetros aos cuidados

muito semelhantes, com conclusões

taram o repto sentir-se-ão, decerto,

farmacêuticos, passando pela revisão

coincidentes, acabaram por se agre-

estimulados a manter e reforçar o

terapêutica.

gar num único trabalho. Fica a con-

investimento na intervenção farma-

E a surpresa foi “muito agradável”: fo-

vicção de que a iniciativa despertou

cêutica. E os que ainda não partici-

ram recebidos 35 resumos, com enfo-

um interesse significativo junto das

param terão uma oportunidade de

que em domínios como a obesidade,

farmácias. Pelo número de resumos

mostrar o trabalho que desenvol-

a osteoporose, o risco cardiovascular,

recebidos, mas também pela qua-

vem na sua farmácia.

o seguimento de doentes. A maior

lidade e diversidade das interven-

A estreia dos posters num congresso

parte respeitante a intervenção no

ções.

da ANF permitiu mostrar, aos pares

espaço da farmácia, com algumas

Mas o reconhecimento do trabalho

e aos convidados, o que de melhor

excepções. É o caso da revisão da te-

das farmácias não se ficou por aqui.

se faz na farmácia. Farmácia Portuguesa | 59


congresso anf

Figura 1 - Poster “ Intervenção do Farmacêutico na Redução do Índice de Complexidade da Medicação dos Idosos” 60 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Redução da complexidade da medicação dos idosos

O valor da intervenção farmacêutica A ligação da farmácia à comunidade e

de Medicação (MRCI) de 22,9 (médio).

Foi esta a experiência que Sara Pagote,

a mais-valia de levar a intervenção far-

Durante o estudo, que se prolongou

Jorge Silva e Fernando Fernandés-

macêutica para além do espaço físico

por 90 dias, morreram dois idosos do

-Limós, da Farmácia Alcáçovas, deram

da farmácia ficou bem patente no es-

grupo de intervenção e cinco do de

a conhecer no congresso – um poster

tudo que uma equipa da Farmácia da

controlo, tendo a equipa da Farmácia

(ver figura 1) que valeu a melhor classifi-

Misericórdia, em Alcáçovas, submeteu

da Misericórdia avaliado o impacto des-

cação da respectiva comissão científica,

à comissão científica que avaliou os

tes óbitos. E o que se verificou foi que

liderada por Ana Miranda.

posters a apresentar no congresso.

o número de medicamentos a tomar

Não foi apenas nesta farmácia motivada

O trabalho foi desenvolvido em Março

diminuiu no grupo de intervenção, mas

pela questão da terapêutica nos idosos:

de 2007 junto da população institu-

não no de controlo. Também o MRCI

outros dois posters versaram o mesmo

cionalizada num lar de idosos da área

do grupo de intervenção sofreu uma

tema, de um total de 24 seleccionados

de influência da farmácia e visou a re-

descida significativa – dos 22,2 iniciais

para apresentação. Mas foi sobre a ava-

dução do índice de complexidade da

para 16,8 –, com a alteração no grupo

liação do risco cardiovascular que se re-

respectiva medicação. Avaliar a eficácia

de controlo a ser menor – de 23,6 para

gistaram mais trabalhos – seis. A medi-

da intervenção do farmacêutico nes-

20,0. Avaliando os dados, a equipa com-

ção de parâmetros clínicos foi também

sa redução era o objectivo. Os utentes

provou que a uma redução de apenas

versada, com dois posters sobre a glice-

do lar foram, aleatoriamente, divididos

16% no número de medicamentos

mia e um terceiro sobre o PSA. O acom-

em dois grupos, por forma a conseguir

correspondeu um decréscimo de 24%

panhamento farmacoterapêutico e os

comparar os resultados da intervenção.

no MRCI, o que abre claramente lugar à

serviços farmacêuticos registaram dois

No início do estudo, ambos os grupos

intervenção do farmacêutico clínico na

posters cada. Obesidade, osteoporose,

tomavam, em média 7,8 medicamen-

redução da complexidade dos regimes

doentes crónicos, DPOC e Sifarma 2000

tos, com um Índice de Complexidade

terapêuticos em idosos.

foram outros temas abordados.

Farmácia Portuguesa | 61


congresso anf

Pausas entre pares Dois espaços evocativos de diferentes épocas da História de Portugal serviram de palco aos eventos sociais do 9º Congresso Nacional das Farmácias, numa simbólica união entre o passado e a tradição, protagonizados pelo Museu dos Coches, e o futuro e a vanguarda, reflectidos no Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. A escolha destes dois espaços adequa-se perfeitamente ao espírito do congresso, das farmácias e da ANF – de olhos postos no futuro sem virar costas ao passado. Foi no Museu dos Coches, no Picadeiro Real, que decorreu o cocktail de abertura do congresso, no dia 20. Entre os veludos, os brocados e a talha dourada que enriquecem uma das mais notáveis colecções do género em todo o mundo, os congressistas e convidados foram recebidos com ópera, num cenário animado por figurantes trajados a rigor. Foi um regresso aos séculos de reis e rainhas, a contrastar com o ambiente proposto para o jantar de encerramento, a 21 – o pavilhão que levou Portugal ao mundo na Expo-98. Da visão dos arquitectos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura saíram traços ousados mas optimistas e, acima de tudo, orientados para o futuro. Uma perspectiva que as farmácias e os farmacêuticos perfilham, pelo que o espaço se revelou perfeitamente adequado. Os convivas foram recebidos ao som de saxofone, com um atelier de dança a prolongar a animação pela noite. Foram dois momentos de pausa entre pares. Pausa nos trabalhos do congresso, propícia ao reencontro de quem se dedica à mesma causa mas nem sempre consegue fazer coincidir as oportunidades de um maior conhecimento pessoal. Um congresso é também isso – além de um fórum de reflexão e discussão, uma possibilidade de convívio e partilha. 62 | Farmácia portuguesa


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os

20 08

Expofarma 2008 Mais expositores e mais visitantes Durante três dias consecutivos, coincidindo com o 9º Congresso Nacional das Farmácias, o Centro de Congressos de Lisboa foi palco do maior evento ibérico totalmente direccionado para a farmácia – a Expofarma. A edição de 2008 – patente ao longo de 7.800 m2 – acolheu 130 expositores, 41 dos quais se apresentaram pela primeira vez. O sucesso do certame é medido também pelo número de visitantes – 8400, o que corresponde a um aumento em relação ao ano anterior. Além dos números, também o facto de estarem reunidos, num mesmo espaço, as melhores empresas da indústria farmacêutica, equipamentos e serviços atesta a importância da Expofarma. A existência de novos patrocinadores é também a prova de que o retorno do investimento é positivo.

Prémio Responsabilidade Social para Hepaturix À semelhança da edição anterior, também em 2008 foram atribuídos os Prémios Expofarma, concebidos como um estímulo a uma melhor prestação de serviços. No que respeita aos expositores, foram distinguidos os melhores stands em quatro categorias, com a selecção a considerar critérios como a qualidade, modernidade, tecnologia, inovação e design. Assim, sagrou-se “Expositor do Ano” a Mylan, o “Melhor stand da Indústria Farmacêutica” foi o da Ratiopharm, enquanto a Alliance Healthcare venceu na categoria de “Melhor stand de Equipamentos e Serviços”. Com o “Melhor Design” foi premiada a representação da Sandoz. A Expofarma atribuiu também desde 2007 um prémio na categoria de Responsabilidade Social. Depois da ANDAI, distinguida nesse ano, foi a vez da Hepaturix – Associação Nacional das Crianças e Jovens Transplantados ou com Doenças Hepáticas, ambas membros da Plataforma Saúde em Diálogo. O prémio, no valor de dez mil euros, permitirá à associação perseguir os seus objectivos na promoção da saúde dos doentes que representa, bem como dos respectivos familiares, proporcionando-lhes maior informação, recursos e qualidade de vida. Farmácia Portuguesa | 63


informacao terapeutica Menopausa

Bem-estar no feminino Na mulher, o ciclo reprodutivo é marcado essencialmente por dois acontecimentos: a menarca (primeira menstruação) e a menopausa. Antes da primeira menstruação o corpo passa por muitas mudanças. O mesmo acontece antes e após a menopausa.

64 | Farmácia portuguesa

Viver esta etapa da vida de forma saudável, com

pêutica para, por um lado, melhorar os sintomas

tranquilidade e bem-estar constitui um dos ob-

mais desconfortáveis, e por outro lado, prevenir

jectivos principais do aconselhamento e inter-

alguns dos principais riscos decorrentes da me-

venção do Farmacêutico junto das mulheres.

nopausa.

É importante compreender esta mudança como

Promover a correcta adesão à terapêutica e a

natural, conhecer os problemas de saúde que

alteração de estilos de vida que visam o bem-

podem surgir associados e o que fazer para os

estar e a qualidade de vida da mulher é parte

minimizar. Frequentemente é instituída tera-

crucial da intervenção da Farmácia.


30

an

19 78 •

Tal como na puberdade, os sinais e sintomas associados à menopausa podem ter início vários anos antes e durar vários meses ou anos após a menopausa.

Menopausa, perimenopausa e pós-menopausa. De que falamos afinal? No período de transição menopáu-

possível distinguir etapas, que se

hormonais, que causam os sintomas

sica – climatério - muitas mudan-

sucedem umas às outras de acordo

típicos da menopausa, como irregula-

ças

com a idade (Figura 1)

acontecem.

Fisiologicamente

:

ridades menstruais e afrontamentos.

2-7, 9-11

a menopausa decorre do processo

Pré-menopausa: corresponde à fase

Menopausa: representa o final da

de envelhecimento dos ovários que

desde a primeira menstruação, até

fase de transição anterior ao térmi-

determina

hormonais,

à última menstruação regular. É de-

no da capacidade reprodutiva. Neste

que provocam mudanças no corpo e

finido como o período “normal” da

momento, cessam as menstruações.

humor. Mas nem todas as mudanças

função reprodutiva.

A data precisa, é estabelecida por

estão apenas relacionadas com este

Perimenopausa: é o período de tem-

retrospectiva, isto é, após um ano de

processo. Tal como na puberdade,

po que antecede a menopausa. É

amenorreia (ausência de menstrua-

os sinais e sintomas associados à me-

uma fase transitória, que pode iniciar-

ção) afirma-se que ocorreu a meno-

nopausa podem ter início vários anos

se entre 2 a 10 anos antes da última

pausa.

antes e durar vários meses ou anos

menstruação e dura, pelo menos, 1

Pós-menopausa: é a etapa seguinte

após a menopausa.

ano após a última menstruação. Esta

à menopausa e dura até ao resto da

No ciclo reprodutivo da mulher é

fase é caracterizada por flutuações

vida.

alterações

6

1-6

os

20 08

Figura 1 – Etapas do Ciclo Reprodutivo da Mulher (adaptada de European Menopause and Andropause Society)

Idade média (anos) 12 Menarca (primeira menstruação)

14 - 40 Pré - Menopausa (ciclo regular de menstruações)

45 Perimenopausa (ciclo irregular de menstruações)

51 Menopausa (sem menstruação)

52 Pós-menopausa

Farmácia Portuguesa | 65


informacao terapeutica Mulheres com menopausa precoce, além dos sintomas comuns desta etapa, são alvo de perda óssea mais rápida, com maior probabilidade de desenvolver osteoporose. 2,3,5-8

A idade média na qual se atinge a

como diabetes mellitus, anorexia, do-

menstruação), vasomotoras (afronta-

menopausa é os 51 anos de idade,

ença da tiróide, em geral é transitória

mentos, suores nocturnos, cefaleias),

embora em algumas mulheres pos-

e a função ovárica retorna após o tra-

psíquicas (humor depressivo, insó-

sa acontecer por volta dos 40 ou 60

tamento da patologia.

nias, irritabilidade), urogenitais (in-

anos de idade.1-7 Geralmente, a partir

Mulheres com menopausa precoce,

continência urinária, secura vaginal,

dos 38 anos, a depleção dos folículos

além dos sintomas comuns desta

dificuldades sexuais), cardiovascula-

é mais acelerada.

etapa, são alvo de perda óssea mais

res (aumento da pressão arterial e do

Se a menopausa acontece antes dos

rápida, com maior probabilidade de

colesterol) entre outras como o au-

40 anos de idade, trata-se de meno-

desenvolver osteoporose. 2,3,5-8

mento do peso, modificação da pele, enfraquecimento do cabelo, cãibras,

pausa precoce. Se pelo contrário, a menopausa ocorre depois dos 55 anos de idade, designa-se por menopausa tardia. A menopausa precoce pode ocor-

Um fenómeno fisiológico. O que sucede?

rer de forma espontânea, devido a

artralgias e dores ósseas.1-6,9,10,12,13,18 Durante o período reprodutivo os ciclos menstruais repetem-se ininterruptamente,

(excepto

durante

a gravidez), e cada um comporta a

factores genéticos (associados ao

Com o avançar da idade, ocorre uma

maturação de vários folículos ovári-

cromossoma X, história familiar de

inevitável redução do funcionamen-

cos. Desde o nascimento, o número

menopausa precoce) ou a doenças

to dos ovários, que gradualmente

de folículos primários presentes nos

auto-imunes (doença da tiróide, artri-

deixam de libertar, mensalmente, os

ovários está predeterminado e ao

te reumatóide), ou pode ser induzida

óvulos e de produzir as hormonas

longo da vida da mulher vai haver

por factores iatrogénicos (cirurgia

femininas (estrogénios e progesta-

uma perda contínua de folículos. Ao

para remoção total ou parcial do ová-

génios).1,2,4,5

fim de três ou quatro décadas, os fo-

rio, histerectomia, radioterapia, qui-

Quando o organismo deixa de estar

lículos primários restantes já não são

mioterapia), por infecções víricas e

exposto aos habituais níveis eleva-

viáveis.

por certos estilos de vida (tabagismo,

dos de estrogénio, cria-se um novo

De início, alguns folículos amadu-

vegetarianismo).

ambiente hormonal designado hi-

recem de forma irregular e, embora

A falência prematura dos ovários,

poestrogenismo, que implica alte-

produzam uma certa quantidade

secundária a uma patologia de base

rações menstruais (até cessação da

de estrogénios, por vezes, esse pro-

66 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

cesso não é acompanhado de ovu-

mulher. Em alguns casos a sua du-

conduzir a um aumento de hormo-

lação nem de secreção suficiente de

ração não ultrapassa os 2 a 3 anos,

nas masculinas em circulação, o que

progesterona, o que determina um

noutras as queixas prolongam-se por

pode provocar 1,2,4-6,9,10,12-14,18,19:

desequilíbrio hormonal e se traduz

mais de 5 anos e podem nunca desa-

• Cabelo oleoso, perda de cabelo

no início das irregularidades mens-

parecer completamente.

truais, muitas vezes acompanhadas

O climatério caracteriza-se, essencial-

de suores nocturnos, afrontamentos

mente, por

e secura vaginal, que caracterizam a

• Alterações no ciclo menstrual -

ou diminuição da espessura :

1,2,4-6,9,10,12-14,18,19

perimenopausa.6

desde irregularidades até à cessa-

Por fim o tecido ovárico deixa de res-

ção da menstruação

ponder por completo, cessando a sua

• Pêlos em zonas indesejadas, como no queixo ou lábio superior • Os poros da pele dilatam e as impurezas podem acumular-se • Acumulação de massa gorda

• Distúrbios vasomotores - afronta-

(deixa de estar em redor da anca

produção hormonal, o que implica o

mentos, suores nocturnos, cefaleias

e passa a acumular-se na cintu-

desaparecimento da menstruação,

• Alterações psíquicas - humor de-

ra, com aumento do perímetro

para além das modificações orgâni-

pressivo,

cas características da menopausa.

nervosismo, ansiedade e depressão

6

insónias,

os

20 08

irritabilidade,

abdominal, o que constitui um maior risco cardiovascular).

• Perturbações urogenitais - incon-

Sinais e sintomas. Onde intervém a farmácia?

tinência urinária, secura vaginal,

Felizmente, a maioria dos sinais e

dificuldades sexuais.

sintomas da menopausa são tran-

A mulher produz pequenas quan-

sitórios. Além de adoptar algumas

tidades de androgénios, que são

mudanças no estilo de vida, há con-

hormonas masculinas. A redução da

selhos práticos que permitem ali-

São múltiplos os sinais e sintomas

produção de hormonas femininas

viar sintomas mais desconfortáveis

desta fase e diferem de mulher para

(estrogénio e progestagénio), pode

(Tabela 1).2,4,5,13,14 Farmácia Portuguesa | 67


informacao terapeutica Tabela 1 – Sinais e sintomas associados à menopausa, sua caracterização e conselhos práticos

Irregularidades no ciclo menstrual À medida que a mulher alcança a perimenopausa são comuns alterações na duração do ciclo, fluxo e intervalo entre os ciclos menstruais. Em geral, o intervalo entre os ciclos encurta, o fluxo é menor e a duração do ciclo pode aumentar ou diminuir. É comum na fase final da perimenopausa a mulher não ter menstruação e no mês seguinte ocorrer um ciclo normal.

Fazer um registo das datas dos ciclos menstruais (ajuda a perceber em que fase se encontra e a detectar situações de hemorragias anormais) Em caso de hemorragias fora do habitual, encaminhar para o médico

Afrontamentos e suores nocturnos •

Caracterizam-se por uma sensação súbita, intensa e desagradável de calor, particularmente na zona superior do corpo (face, pescoço e tórax), acompanhada por sudação com posterior sensação de frio e nalguns casos por um batimento cardíaco acelerado e ansiedade. A causa parece estar relacionada com a diminuição dos níveis de estrogénio, que causam hiperemia (aumento do afluxo de sangue por vasodilatação). A maioria dos afrontamentos pode durar entre 30 segundos a 10 minutos. Os afrontamentos que ocorrem à noite, chamados de “suores nocturnos”, podem interferir com o sono.

• • • •

Reduzir a ingestão de cafeína (chocolate, café, chá e alguns refrigerantes), álcool e comida muito temperada (sobretudo pimenta ou canela) Comer várias vezes ao dia e pouco de cada vez (para manter os níveis de açúcar no sangue constantes) Beber muitos líquidos Manter-se fresca tanto durante o dia como durante a noite: - Habitação fresca - Vestir roupas em camadas (para poder remover as peças de roupa aos primeiros sinais de calor) - Optar por vestuário de algodão e fibras não sintéticas Respirar fundo e devagar para ajudar a relaxar (fazer este exercício 6 a 8 vezes por minuto durante 15 minutos de manhã e ao final da tarde). Praticar pelo menos 30 minutos de exercício por dia

Distúrbios no sono • • • • Perto da menopausa algumas mulheres apresentam perturbações no sono, especialmente se têm suores nocturnos. As perturbações mais frequentes são: insónias, dificuldade em voltar a adormecer quando se acorda durante a noite e acordar mais cedo.

• • • •

Diminuir a ingestão de cafeína e álcool Tomar um banho morno à noite ou quando acordar a meio da noite Deitar e acordar todos os dias à mesma hora Evitar jantar muito tarde ou fazer lanches pesados antes de ir para a cama Manter o quarto com pouca luminosidade e temperatura confortável Recorrer a técnicas de relaxamento (meditação, respirar fundo e devagar) Praticar pelo menos 30 minutos de exercício por dia (reduz o stresse e relaxa os músculos), sem ser antes de deitar Evitar ou limitar o uso de medicamentos ou produtos para dormir

Cefaleias Em mulheres susceptíveis, podem ser causadas por vários factores como certos alimentos (vinho, queijo), refeições rápidas, muitas ou poucas horas de sono, alterações emocionais (stresse, ansiedade, excitação) e ambientais (barulho, luminosidade excessiva). Mulheres com história de cefaleias, sobretudo perto ou durante o ciclo menstrual ou aquando da toma de contraceptivos orais, estão mais predispostas a ter cefaleias na perimenopausa. Após a menopausa e quando os níveis de estrogénio são permanentemente baixos as cefaleias desaparecem.

68 | Farmácia portuguesa

Evitar os factores predisponentes: certos alimentos (vinho, queijo), refeições rápidas, muitas ou poucas horas de sono, alterações emocionais (stresse, ansiedade, excitação) e ambientais (barulho, luminosidade excessiva) Em caso de dor intensa ou que interfira com as actividades diárias tomar analgésicos; caso não verifique melhoria ao fim de 3 dias, referenciar ao médico


30

an

19 78 •

os

20 08

Alterações na memória e concentração A memória e outras funções cognitivas mudam ao longo da vida devido ao envelhecimento. Não há evidência que a perda de memória e concentração esteja directamente ligada à menopausa. As perturbações no sono, afrontamentos, suores nocturnos podem contribuir para esta diminuição nas capacidades cognitivas, bem como lidar com factores de stresse na meia-idade.

• •

A mulher deve manter-se física, social e mentalmente activa Exercitar e memória (por ex. jogar sudoku, palavras cruzadas, sopa de letras)

Alterações de humor, depressão e ansiedade Algumas mulheres na perimenopausa referem sentir tristeza, choro fácil, desencorajamento e alterações de humor. Não é clara a relação entre estes sintomas e a diminuição gradual da função ovárica, mas a privação de sono associada a afrontamentos e suores nocturnos, frequentemente resultam em fadiga, irritabilidade e mau humor. A sensação de descontrolo sobre o corpo, devido às flutuações hormonais, também pode levar a estes estados de espírito. História de alterações de humor na juventude (associada ao síndrome pré-menstrual), uma perimenopausa longa, sintomas severos e intensos (afrontamentos), mudanças familiares (crescimento dos filhos, envelhecimento dos pais), história familiar de depressão, disfunção da tiróide ou efeitos adversos de medicamentos causam humor deprimido.

• • • • •

Recorrer a técnicas de relaxamento (meditação, respirar fundo e devagar) Optimizar o sono Fazer terapia ou procurar outros tipos de ajuda (por ex. grupos de apoio). Evitar tomar sedativos e ansiolíticos. Fazer pelo menos 30 minutos de exercício por dia (reduz o stresse e relaxa os músculos)

Alterações vulvovaginais Na pós-menopausa ocorrem alterações na zona vulvo-vaginal causadas pelo hipoestrogenismo, que conduz a secura e atrofia vaginal, diminuição das secreções vaginais (com diminuição da lubrificação) e aumento do pH vaginal (maior susceptibilidade a infecções vaginais)

• •

Usar lubrificantes (de preferência à base de água) para diminuir a secura vaginal Utilizar produtos de higiene íntima com substâncias emolientes (como aveia), sem álcool e perfume

Alterações na função sexual • É natural na pós-menopausa haver uma diminuição do desejo sexual. O envelhecimento, o aumento dos níveis de androgénio, os sintomas da perimenopausa (que influenciam o estado de espírito) também podem diminuir o desejo sexual, que juntamente com a secura vaginal, pode tornar o acto sexual desconfortável e por vezes doloroso.

Conversar com o parceiro sobre as alterações físicas e emocionais Em caso de dor durante o acto sexual, além das medidas acima referidas, experimentar posições diferentes para tentar encontrar uma que seja mais confortável Manter-se sexualmente activa (aumenta a vasodilatação na zona vaginal e mantém os músculos tonificados)

Problemas urinários A micção frequente, perda involuntária de urina e incontinência urinária são comuns com o avançar da idade. À medida que a menopausa se aproxima, e nos anos seguintes, a diminuição dos estrogénios conduz ao à perda de elasticidade e firmeza da musculatura pélvica, que suporta a bexiga e uretra, aumentando o risco de incontinência urinária. Os tipos de incontinência mais comuns são a incontinência de esforço e por imperiosidade. Na primeira, há perda de urina quando se faz um esforço (espirrar, rir, tossir, pegar em pesos, mudar de posição, etc), causada pelo enfraquecimento dos músculos pélvicos. A incontinência de urgência ou bexiga hiperactiva deve-se à hiperactividade do músculo detrusor da bexiga e a perda de urina é acompanhada por uma vontade imperiosa (forte e urgente) para urinar, que não se consegue controlar. A incontinência por esforço é mais comum na perimenopausa e não está relacionada com a idade, mas a incidência de incontinência por imperiosidade aumenta ao longo da pós-menopausa. A acompanhar esta fase há também uma maior propensão a infecções urinárias.

• •

• • •

Fazer exercícios de contracção e relaxamento da musculatura circunvaginal – exercício de Kegel - todos os dias para fortalecer os músculos que controlam a pressão de fecho da uretra Fazer uma adequada ingestão de líquidos Evitar alimentos que possam irritar a bexiga, provocando aumento da frequência urinária, entre os quais os picantes, os condimentos, o café, as bebidas gaseificadas, as bebidas alcoólicas, os adoçantes e os corantes artificiais. Redução do peso (pessoas com excesso de peso têm uma maior tendência para a incontinência de esforço, devido à maior pressão abdominal) Diminuição ou cessação tabágica. (fumadores tossem mais, o que pode resultar numa maior incidência de perdas de urina) Tornar o acesso à casa de banho tão fácil quanto possível Utilização de pensos ou fraldas (são produtos absorventes, disponíveis em vários estilos e formas, e adaptados para diferentes quantidades de perda de urina, mas que não resolvem a causa da incontinência)

Farmácia Portuguesa | 69


informacao terapeutica

Efeito protector dos estrogénios. O que muda?

pressão arterial, colesterol, triglicerí-

cialmente (no primeiro caso, não sur-

deos e glicemia.

gem sangramentos; no segundo, há

1,2,5,6

Terapêutica hormonal

Com a atenção centrada nas altera-

“menstruações” mensais). As mulheres sem útero devem tomar apenas estrogénios.1,9,16 O recurso a antidepressivos e tran-

ções hormonais são, por vezes, negli-

A menopausa por si não requer tra-

quilizantes raramente é necessário,

genciados outros problemas de saú-

tamento. Em vez disso, adoptam-se

mesmo quando pareçam estar indi-

de como a osteoporose ou as doen-

terapêuticas para alívio dos sintomas

cados.1,9,16

ças cardiovasculares, para os quais as

e para prevenir patologias crónicas

Cada caso é um caso, e a terapêutica

mulheres após a menopausa se en-

que podem surgir com o envelheci-

deve ser adoptada de forma indivi-

contram mais predispostas.1,2,4,5,6,13,14

mento.1,9,16

dualizada. Durante o tratamento é

Diariamente o organismo faz a re-

Durante a perimenopausa é comum

indispensável verificar se se obtém a

modelação óssea, por reabsorção e

a toma de contraceptivos orais com-

desejada eficácia clínica e se há nor-

formação de nova massa óssea, sen-

binados para controlar menstruações

malização dos factores de risco ósseo

do o papel dos estrogénios ajudar a

irregulares. Estes medicamentos po-

e cardiovascular.1,9,16

controlar a perda óssea. Na falta ou

dem igualmente ajudar no alívio de

diminuição destes, a perda óssea é

sintomas como afrontamentos e pre-

superior à sua renovação, resultando

venir a gravidez.

no enfraquecimento dos ossos (por

Com o aproximar da menopausa é

perda de cálcio), com maior risco de

possível que surjam outros sintomas

fractura.

como afrontamentos, suores noc-

Apesar da terapêutica actualmente

Devido à alteração dos níveis de es-

turnos ou secura vaginal, sendo que

disponível ser uma opção efectiva

trogénio, ao desequilíbrio entre os

nesta fase pode iniciar-se a terapêu-

para o alívio dos sintomas relaciona-

níveis de hormonas femininas e mas-

tica hormonal de substituição (THS).

dos com a menopausa, alterações ao

culinas, e ao processo de envelheci-

Esta, além de ajudar a aliviar os sinto-

estilo de vida constituem uma alter-

mento, as mulheres nesta fase ficam

mas, pode prevenir a perda de massa

nativa ou complemento igualmente

mais predispostas a problemas cardí-

óssea.2,4,9 Actualmente, a THS está

importante.4,9,15,17

acos. As alterações no perfil lipídico,

recomendada como tratamento de

o aumento do peso e outras patolo-

curta duração.1,9,16

1. Exercício físico

gias (hipertensão arterial, diabetes)

Em mulheres com útero intacto re-

A prática de exercício físico adequa-

que surgem, aumentam significativa-

corre-se a terapêutica com estrogé-

do é crucial no alívio da maioria dos

mente o risco cardiovascular. Nesta

nios e progesterona, administrados

sintomas da menopausa, sendo a

fase é crucial vigiar regularmente a

em combinação diária ou sequen-

inactividade física um factor de ris-

1,2-6,10

70 | Farmácia portuguesa

2,4,9

Manter a saúde depois da menopausa


30

an

19 78 •

os

20 08

A menopausa por si não requer tratamento. Em vez disso, adoptam-se terapêuticas para alívio dos sintomas e para prevenir patologias crónicas que podem surgir com o envelhecimento.1,9,16

co para muitas doenças. Actividades

conta, pelo que é crucial adoptar um

Evitar alimentos temperados, bebi-

como andar, correr, dançar, não só

regime alimentar equilibrado.

das quentes, cafeína e álcool ajudam

são benéficas para o coração, como

Para prevenir a doença cardiovas-

no alívio dos afrontamentos.4,5,9,13-15,17

ajudam a nível ósseo, muscular e na

cular, deve reduzir-se ou restringir a

Em paralelo ao regime alimentar, é

manutenção do peso. Melhoram o

ingestão de gordura e limitar o con-

muito importante controlar o peso,

padrão do sono e promovem a sen-

sumo de sal e álcool. Em vez disso,

até porque 30% de excesso de peso,

sação de bem-estar. Em algumas mu-

deve haver uma ingestão elevada de

representa risco de doença cardio-

lheres, a prática regular de exercício

frutas, verduras e leguminosas.

vascular, mesmo na ausência de ou-

físico também diminui a frequência

Para a prevenção de osteoporose é

tros factores de risco.4,5,9,13-15,17

dos afrontamentos.4,9,15,17

necessária uma ingestão adequada

Para um maior benefício deve ser

de cálcio. Se o cálcio presente na

3. Stresse

praticado diariamente 30 minutos de

dieta, através de produtos lácteos e

O stresse assume um forte impacto

exercício aeróbico moderado, o qual

verduras verde-escuras (por ex. bró-

na saúde. Quando atingem a meia-

melhora a frequência cardíaca e res-

culos), não for suficiente pode ser

idade as mulheres ficam sujeitas a

piratória. Exercícios de carga ligeiros

necessário tomar um suplemento de

maior stresse, associado a alterações

ajudam a criar massa muscular e a

cálcio (sem ferro e fibra). A vitamina

na estrutura familiar (os filhos tendem

manter o tónus muscular.

D tem igualmente um papel impor-

a sair de casa, os pais envelhecem),

tante, uma vez que ajuda a absorção

no trabalho, entre muitas outras pos-

2. Alimentação

do cálcio. Além do que se pode ob-

síveis causas de tensão emocional.

A partir da perimenopausa as neces-

ter pela exposição solar (é suficiente

É assim recomendável a prática de

sidades nutricionais são diferentes. O

menos de 15 minutos de exposição

exercício físico ou técnicas de rela-

metabolismo diminui, há acumulação

diária) e através de certos alimentos

xamento (por ex. ioga, meditação,

de massa gorda e diminuição da massa

(leite fortificado, fígado, atum), pode

massagens, banho de imersão). Uma

muscular. A dieta é assim outro factor

ser necessário um suplemento para

menor incidência de afrontamentos

do “estilo de vida” que deve ser tido em

atingir a dose diária recomendada.

está associada ao relaxamento.4,9,15,17

4,9,15,17

Farmácia Portuguesa | 71


informacao terapeutica

4. Tabagismo Todas as mudanças no estilo de vida têm impacto sobre a qualidade de vida, sendo o hábito de fumar o que mais a afecta. Além de aumentar o risco de doença cardiovascular

e

osteoporose,

pode antecipar a menopausa até 3 anos, o que por sua vez também

Quando consultar o Médico 1,2,4-6,9,10,12,13 • Hemorragias intensas (principalmente se não houve situações idênticas no passado)

aumenta o risco de doença cardiovascular e osteoporose. Não fumar é uma das medidas mais saudáveis a adoptar.4,9,15,17

• Hemorragias que durem mais do que 7 dias ou mais 2 dias do que o habitual

5. Vigiar

• Hemorragias frequentes, com intervalos inferiores a 21 dias (desde o

A perimenopausa é uma das

primeiro dia de hemorragia até ao primeiro dia de hemorragia do ciclo

etapas que requer uma maior

seguinte)

vigilância do estado de saúde. É

• Spotting ou pequenas hemorragias entre os ciclos menstruais

importante fazer check-up’s re-

• Sangramento após a relação sexual

gulares para despistar situações

• Secreção vaginal crónica

clínicas como diabetes mellitus,

• Prurido, ardor ou irritação vaginal

hipertensão arterial, alterações na

• Vontade de urinar com maior frequência e ardor

função tiróideia.12 Outros exames

• Ansiedade ou depressão que afecte o sono ou outras actividades do

recomendados incluem a citologia

dia-a-dia

cervical (Papanicolau) e mamogra-

• Cefaleias intensas ou que interfiram com as actividades diárias, que

fia anual, o controle regular dos va-

com a toma de analgésicos durante 3 dias não se verificaram melhoras

lores de colesterol e triglicerídeos, entre outros.4,12,16

72 | Farmácia portuguesa


30

an

19 78 •

os

20 08

Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com Menopausa: Folheto disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação Saúde desde Fevereiro de 2009

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Conclusão O aumento da esperança média de vida e a diminuição da mortalidade têm contribuído para uma percentagem cada vez maior de população feminina que se encontra em pós-menopausa. Actualmente, as mulheres viverão cerca de um terço da sua vida em pós-menopausa. Além de novos problemas com que irão deparar-se, sob os pontos de vista psicológico, social e financeiro, irão sentir os efeitos da privação das hormonas sexuais femininas sobre vários órgãos. Isto resulta num risco aumentado de doença a nível cardiovascular, ósseo e psíquico.1 A intervenção da farmácia deve assim contribuir para que a população feminina seja correctamente tratada e protegida, informando sobre os tipos de tratamentos e outras medidas para alívio dos sintomas. A menopausa não é uma doença, contudo são necessárias algumas medidas para aliviar o desconforto que alguns sintomas podem originar.2,4,5 As naturais preocupações devem ser desmistificadas sugerindo medidas práticas e alterações do estilo de vida que permitam gerir esta fase com serenidade e pela positiva.

1. Sociedade Portuguesa de Menopausa. A Menopausa. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em http://www.spmenopausa.pt/view_article.asp?id=50&cat=39 2. National Institute on Aging. Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.nia.nih.gov/HealthInformation/Publications/menopause.htm 3. European Menopause and Andropause Society. Menopause.[acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emasonline.org/Pages/Menopause(Article).aspx 4. The Hormone Foundation. Menopause – Managing Your Body’s Changes. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.hormone.org/Resources/upload/ menopause_managing_your_body.pdf 5. MayoClinic. Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// www.mayoclinic.com/health/menopause/ DS00119 6. European Menopause and Andropause Society. Menopause, Perimenopause & Postmenopause: Definitions, Terms & Concepts. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/ Pages/Menopause,PerimenopausePostmeno pauseDefinitions,TermsConcepts.aspx 7. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Stages of Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ 8. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Premature Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/menopause/stages/premature.cfm 9. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Perimenopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ perimenopause.cfm 10. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ menopause.cfm 11. European Menopause and Andropause Society. Pre-, Peri-, Menopause, and Beyond.

[acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ MenopauseandBeyond.aspx 12. European Menopause and Andropause Society. Perimenopause: Surviving the Transition to Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emasonline.org/Pages/PerimenopauseSurvivingtheTransitiontoMenopause.aspx 13. European Menopause and Andropause Society. Managing Menopause, Without the Use of Drugs. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/ Pages/ManagingMenopauseWithouttheUseofDrugs.aspx 14. European Menopause and Andropause Society. Ten Tips To Getting Through Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ TenTipsToGettingThroughMenopause.aspx 15. European Menopause and Andropause Society. Alternatives to Menopause Management. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ AlternativestoMenopauseManagement.aspx 16. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Treatment and Talking to Your Doctor. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/ menopause/treatment/ 17. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Eating right and physical activity. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/ menopause/eating/ 18. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Menopause and Mental Health. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/menopause/ mental/ 19. The North American Menopause Society. Menopause Guidebook, 6th Edition. Disponível em: http://www.menopause.org/edumaterials/guidebook.aspx 20. American Osteopathic Association. Exercise in Post-menopausal woman. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.osteopathic.org/index. cfm?PageID=you_exerfs

Farmácia Portuguesa | 73


formacao Cursos para Farmacêuticos NORTE Curso

Data

Local

Acompanhamento com Sifarma

02 e 13 Fevereiro

Coimbra

Acompanhamento com Sifarma

03 e 13 Fevereiro

Coimbra

Administração de Vacinas na Farmácia**

12 e 13 Fevereiro

Coimbra

Criar Equipas positivas

13 Fevereiro

Viseu

A contabilidade e a Gestão

16, 17 e 27 Fevereiro

Coimbra

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

20 Fevereiro

Coimbra

O medicamento e o Idoso

20 Fevereiro

Castelo Branco

Curso

Data

Local

A contabilidade e a Gestão

26, 27 e 28 Janeiro

Porto

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

29 Janeiro

Porto

Administração de Vacinas na Farmácia**

29 e 30 Janeiro

Braga

Doenças da pele: Alopécia

02 Fevereiro

Porto

Criar Equipas positivas

04 Fevereiro

Porto

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

04 Fevereiro

Braga

Administração de Vacinas na Farmácia**

05 e 06 Fevereiro

Porto

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

12 Fevereiro

Porto

Patologias do Pé

13 Fevereiro

Porto

Hipertensão Arterial

16 e 17 Fevereiro

Porto

Curso Europeu de Primeiros Socorros

19 e 20 Fevereiro

Porto

Curso

Data

Local

Acompanhamento com Sifarma

21 Janeiro e 04 Fevereiro

Lisboa

Acompanhamento com Sifarma

22 Janeiro e 04 Fevereiro

Lisboa

Acompanhamento com Sifarma

23 Janeiro e 05 Fevereiro

Lisboa

Comunicação com o médico e com o doente

29 Janeiro

Lisboa

Administração de Vacinas na Farmácia

02 e 03 Fevereiro

Lisboa

Feridas

04 e 05 Fevereiro

Lisboa

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

09 Fevereiro

Lisboa

Diabetes

09 e 10 Fevereiro

Lisboa

CENTRO

SUL

Doenças crónicas e gravidez

10 Fevereiro

Lisboa

Curso Europeu de Primeiros Socorros

11 e 12 Fevereiro

Lisboa

I - O Marketing e a Farmácia

12 Fevereiro

Lisboa

Medicamentos Manipulados em Pediatria

16 Fevereiro

Lisboa

Curso

Data

Local

Hipertensão Arterial e Dislipidemias

10 Fevereiro

Porto

Curso

Data

Local

Hipertensão Arterial e Dislipidemias

02 Fevereiro

Lisboa

** Recomenda-se a frequência no curso de Suporte Básico de Vida com DAE

Curso para Ajudantes NORTE Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 E-mail: escola@anf.pt

74 | Farmácia portuguesa

SUL


Farmรกcia Portuguesa | 75


noticiário Dez anos da Plataforma Saúde em Diálogo

Gala solidária A solidariedade foi o valor que presidiu à constituição da Plataforma Saúde em Diálogo, o mesmo valor que esteve subjacente à celebração do seu décimo aniversário. Uma data assinalada com um jantar de gala no Centro Cultural de Belém, em Lisboa: foi a 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Uma coincidência que faz todo o sentido: afinal, ao fazer sua a voz dos doentes a Plataforma está a pugnar pelos direitos humanos numa das suas vertentes mais essenciais – a saúde. Duas vozes consagradas do panorama musical português abrilhantaram o evento, durante o qual foi leiloada uma tela de Luís Bívar (feita propositadamente para o evento), um cristal Atlantis e duas peças cedidas pelo Museu da Farmácia. A generosidade dos presentes permitiu angariar cerca de 40 mil euros, que reverterão a favor de projectos da Plataforma e das associações que a integram. À iniciativa associaram-se diversas personalidades da sociedade portuguesa, nomeadamente das áreas da Saúde, Economia e Politica. Entre elas, as deputadas Maria de Belém Roseira e Teresa Caeiro. Com esta gala solidária cumpriu-se novamente o espírito que, há dez anos, uniu farmácias, doentes, promotores e consumidores de saúde numa entidade aglutinadora de vontades e energias em prol de uma causa comum. 76 | Farmácia portuguesa


30

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os

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Farmácias da Régua em Feira Social Divulgar, junto da população, a inter-

das entidades locais, nomeadamente

venção da farmácia na promoção da

do presidente da autarquia e da vere-

saúde e prevenção da doença foi o

adora da Cultura, os quais se mostra-

objectivo que presidiu à participação

ram surpreendidos pela diversidade

das farmácias do concelho de Peso

de serviços que as farmácias prestam

da Régua na Feira Social, em finais de

diariamente à população.

Setembro.

Coincidindo com o Dia do Farma-

Durante três dias, pelo stand passa-

cêutico, a 26, o stand acolheu grupos

ram muitos visitantes interessados

de crianças dos infantários e escolas

em obter informação sobre as dife-

do concelho, que assistiram ao DVD

rentes áreas de intervenção da far-

“A farmácia é tua amiga”, após o que

mácia, nomeadamente a cessação

fizeram um desenho alusivo à pro-

tabágica e a obesidade. Ao interesse

fissão de farmacêutico. No sentido

cias e escolas comprometeram-se

demonstrado os farmacêuticos pre-

de os sensibilizar para a importância

a reforçar a colaboração, mediante

sentes responderam com aconselha-

da recolha de medicamentos fora de

visitas regulares dos farmacêuticos

mento acompanhado da entrega de

uso e/ou de prazo, todos receberam

às diversas instituições para abordar

folhetos.

um “verdinho”.

com as crianças temas de saúde e

O primeiro dia foi marcado pela visita

Na sequência desta iniciativa, farmá-

bem-estar.

Órgãos sociais da ANF

Eleições a 21 de Março Os sócios da ANF serão chamados, no próximo dia 21

ciais desde que inscritos na ANF à data da afixação

de Março, a escolher os novos órgãos sociais da asso-

do caderno eleitoral. Esta data está já marcada: até 3

ciação, designadamente Mesa da Assembleia Geral,

de Fevereiro o caderno eleitora estará disponível no

Direcção, Conselho Fiscal e Conselho Disciplinar.

portal (em www.anfonline.pt) e será afixada na sede

As eleições regem-se pelos estatutos da associa-

e nas delegações Norte e Centro da Associação.

ção e pelo regulamento eleitoral aprovado a 18 de

O passo seguinte será a apresentação de listas, que

Outubro último em Assembleia Geral de Delegados.

deverá acontecer até dia 19 do mesmo mês. A 21 de

Ao abrigo deste regulamento, podem eleger e ser

Março acontecerá a votação, que, como habitualmen-

eleitos os sócios no pleno gozo dos seus direitos so-

te, poderá ser por correspondência ou presencial.

Farmácia Portuguesa | 77


noticiário Glintt distingue farmácias e farmacêuticos Inovação premiada

As melhores Os projectos merecedores dos Prémios Glintt são os seguintes: Ø Robótica • Farmácia Lamar (São João da Madeira), • Farmácia Nobre Guerreiro (Amora), • Farmácia Avó (Évora).

Ø Sifarma 2000 • Farmácia Fátima Marques (Vila Verde - Braga), • Farmácia da Lajeosa (Lajeosa do Dão), • Farmácia de Birre (Birre).

Ø Formação e Consultoria • Farmácia Garcês Gonçalves (Alfena), • Farmácia Gama (Viseu), O melhor das farmácias portuguesas e o empre-

• Farmácia Linaida (Lisboa).

endedorismo dos proprietários voltaram a ser distinguidos, com os prémios a deterem, este

Ø Merchandising

ano, a assinatura da Glintt, a empresa do univer-

• Farmácia Martins (Pedras Salgadas),

so ANF que resultou da fusão entre a Consiste e

• Farmácia Raposo (Miraflores),

a Pararede.

• Farmácia Avenida (Loulé).

Atribuídos mais precisamente pela Glintt For Farma, a divisão da empresa responsável pelos

Ø Arquitectura

projectos e soluções globais para farmácia, os

• Farmácia Laranjeira (São João da Madeira),

prémios foram conquistados pelas 18 farmácias

• Farmácia Bastos (Gueifães),

mais inovadoras e pelos três proprietários com

• Farmácia Quaresma (Tábua),

contributos mais relevantes para a execução dos

• Farmácia Terra (Sever do Vouga),

projectos.

• Farmácia Alegro (Alfragide),

À semelhança de edições anteriores – em que

• Farmácia Crespo Santos (Faro).

tinham a chancela da Consiste – as farmácias tendo sido distinguidas três em cada uma delas. A

Ø Prémio JEEP (Jovem Empresário de Elevado Potencial)

Arquitectura foi a excepção, com seis premiadas,

• Diogo José Silva Horta Martins (Farmácia Benisa,

vencedoras distribuíram-se por cinco categorias,

dado implicar uma solução global que abrange

Matosinhos),

aspectos contemplados nas demais categorias.

• José Maria Silveira (Farmácia do Fórum, Barreiro),

Uma escultura de Domingos Oliveira é o símbolo

• Maria João Grades (Farmácia Nova de Aviz, Avis).

dos prémios, entregues a 28 de Novembro. 78 | Farmácia portuguesa


30

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20 08

ANF acolhe Jornadas da Farmácia Latina

Inovação em tempo de incerteza Os farmacêuticos precisam de ser

O debate foi suscitado pela neces-

procedimentos de infracção em curso,

inovadores e buscar novas iniciativas

sidade de, a partir do conhecimento

outros tão importantes e decisivos se

que, em tempo de crise como o actual,

mútuo, debater possíveis

respostas

colocam ao sector. São consequência

possam suportar economicamente a

coerentes e coordenadas aos desafios

da conjuntura actual, caracterizada por

farmácia de oficina enquanto pequena

crescentes que a farmácia de oficina

uma competitividade crescente num

e média empresa e, ao mesmo tempo,

enfrenta nos actuais tempos de in-

horizonte

conferir uma atenção acrescida às

certeza e mudança. Assim sendo, as

dada a crise económica internacional.

necessidades dos doentes e dos con-

jornadas foram organizadas em dois

Esta mesma conjuntura deve, no en-

sumidores.

painéis – um sobre os procedimentos

tanto, ser encarada como uma oportu-

Esta é uma das conclusões que

de infracção instaurados pela Comissão

nidade de crescimento e afirmação da

emanou das 11as Jornadas da Farmácia

Europeia ao sector da Farmácia em

farmácia de oficina, como uma porta

Latina, que decorreram em Lisboa a 17

vários Estados-Membros e outro, sob a

aberta ao desenvolvimento de novas

de Outubro último e de que a ANF foi

forma de mesa redonda, tendo como

valências e à exploração de novos cam-

anfitriã. Como é habitual desde 2001,

tema “A farmácia de oficina numa con-

inhos de intervenção, sem perder de

farmacêuticos portugueses, espanhóis,

juntura de elevada competitividade”.

vista aquela que é a essência do sector

italianos e franceses, em representação

A reflexão produzida foi no sentido

– a saúde.

das respectivas ordens e associações

de que a farmácia de oficina enfrenta

Esta é a terceira vez que Portugal acolhe

profissionais, debateram em conjunto

interesses poderosos que pressionam

reuniões da Farmácia Latina, grupo

os desafios que a classe enfrenta.

as instituições europeias a adoptar

constituído em Maio de 2001 e que se

Portugal esteve representado neste

medidas contrárias aos interesses dos

reúne a cada seis meses para aprofundar

fórum por quatro elementos da di-

doentes, pondo em causa um modelo

o conhecimento mútuo das várias reali-

recção da ANF – João Cordeiro, João

que se tem revelado adequado às ne-

dades nacionais e analisar em conjunto

Silveira, Luís Matias e Ema Paulino

cessidades das populações e da saúde

alguns dos temas mais pertinentes para

– e um elemento da Ordem dos

pública em geral.

a profissão farmacêutica em Portugal,

Farmacêuticos – Rita Ramos.

Além dos desafios decorrentes dos

Espanha, Itália e França.

profundamente

adverso

Farmácia Portuguesa | 79


noticiário Natal para os mais pequenos da ANF

Natal na Delegação do Centro Entre a solidariedade e a ciência

O átrio principal da sede da ANF transformou-se por uma tarde num verdadeiro parque de diversão, ainda que em tamanho mini: insufláveis e piscina de bolas rivalizaram com as cartas ao pai natal e as construções para

Uma palestra de carácter científico mas com espírito solidá-

atrair a atenção dos pequenos convidados da

rio – foi assim que a Delegação do Centro da ANF assinalou o

festa de Natal. Foi no dia 13 de Dezembro, com

Natal de 2008, no passado dia 15 de Dezembro.

direito a uma carta personalizada aquele que, no

O tema que este ano reuniu as farmácias afectas à delega-

imaginário de muitas crianças, é responsável pe-

ção foi “A importância crescente das células estaminais: apli-

las sempre ansiadas prendas.

cações clínicas – o presente e o futuro”, desenvolvido pela

Presentes também houve, naturalmente, mas an-

directora de I&D da Crioestaminal, Margarida Vieira.

tes foi momento de teatro, com uma peça alusiva

A oradora começou por abordar as propriedades das células

à quadra em que pequenos e graúdos eram con-

estaminais e as suas potencialidades, após o que descreveu

vidados a interagir com os actores.

as actuais aplicações clínicas e a evolução científica no do-

Só depois chegou o Pai Natal, acompanhado da

mínio da medicina regenerativa recorrendo a este tipo de

actriz Sofia Arruda, conhecida de séries juvenis

células.

como “Querido pai” e “Morangos com Açúcar”.

A esta oportunidade de actualização de conhecimentos

Foi com eles que as crianças posaram para a foto-

numa área tão actual foi associada uma vertente solidária:

grafia que irá imortalizar a festa de 2008.

a inscrição de cada associado na palestra foi um presente, a

Já com as prendas na mão, a tarde encerrou com

oferecer às crianças desfavorecidas acolhidas por duas insti-

o habitual lanche, tendo como cenário a exposi-

tuições da região - o “Projecto Renascer da Cáritas Diocesana

ção da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre,

de Coimbra” e o Lar Social “O Girassol”.

caracterizada pela transposição, em tecelagem,

No final da palestra, o presidente da direcção da Delegação

de obras de renomados pintores.

do Centro, Miguel Silvestre, procedeu à entrega simbólica de alguns dos presentes recolhidos aos representantes das instituições contempladas.

80 | Farmácia portuguesa


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os

20 08

“Dores Crónicas” por Mário Peixoto Começaram por poder ser lidas no “Espaço Saúde” do Diário do Minho e estão agora em livro: são as “Dores Crónicas”, que reúnem o olhar do farmacêutico Mário Peixoto - coordenador Norte/Centro do Departamento de Apoio aos Associados da ANF - sobre diversos temas da Saúde. No prefácio, o presidente da direcção da ANF, João Cordeiro, escreve que estas crónicas permitem “ficar a conhecer muitos dos males de que padece a Saúde em Portugal, assim como as respectivas causas”, ao mesmo tempo que prescrevem “muitas receitas” para “uma melhor Saúde”. A apresentação da obra aconteceu a 24 de Novembro último, em Braga, na presença, entre outros, do director do Diário do Minho, José Miguel Pereira, e do director do Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina do Porto. A ANF esteve representada pelo secretário-geral, Paulo Duarte.

Museu da Farmácia Paula Basso assina 2º livro da colecção “A Farmácia no Mundo Pré-Clássico

ximo Oriente, como a Mesopotâmia,

e nas Culturas Tradicionais” é o seg-

e do Antigo Egipto.

undo título da colecção do Museu da

Resulta de um trabalho de inves-

Farmácia, com assinatura de Paula

tigação e sistematização de Paula

Basso e Luís Manuel de Araújo.

Basso, conservadora principal do

A obra, lançada recentemente,

Museu da Farmácia e especial-

debruça-se sobre as práticas e os

ista em Museologia e Património

conceitos medicinais da Antigui-

Artístico, e de Luís Manuel de

dade Pré-Clássica e as primeiras sub-

Araújo, docente da Faculdade de

stâncias terapêuticas conhecidas,

Letras de Lisboa e especialista em

focando-se nas civilizações do Pró-

Egiptologia.

Farmácia Portuguesa | 81


noticiário Programa Farmácias Portuguesas

O Apoio de mais de 2000 Farmácias A Confiança de 600 mil Portugueses O Programa Farmácias Portuguesas,

sou os 600 mil – a ultrapassar em muito

Programa Farmácias Portuguesas,

lançado em Março 2008, continua

as expectativas iniciais e os objectivos

com edições semestrais e o desenvol-

a revelar-se um sucesso junto das

definidos pela Direcção da ANF: 440

vimento de novas parcerias na área

Farmácias e da população em geral.

mil cartões até ao final de 2008.

da saúde serão as vias para um maior

Mais de 2000 Farmácias já integraram

De realçar ainda o número de pontos

conhecimento das necessidades de

este projecto, continuando a registar-

atribuídos pelas Farmácias, num total

Saúde e Bem-Estar dos titulares do

se novas adesões.

de mais de 73 milhões assim como o

Cartão e assim acelerar o rebate de

O trabalho diário desenvolvido pelas

número de pontos rebatidos que já

pontos através da oferta de serviços

Farmácias tem-se reflectido no núme-

ultrapassou os 18 milhões.

e produtos divulgados na publicação

ro de cartões emitidos que já ultrapas-

No futuro próximo a revista do

do Programa.

reunioes e simpósios Nacionais

Internacionais

• 6ª Conferência da Rede Europeia de Cuidados Farmacêuticos (PCNE)

• 3rd ACCP-ESCP International Congress on Clinical Pharmacy

“Innovation in Pharmaceutical Care Research”

4 a 7 de Março de 2009 Hotel Golf Mar Vimeiro - Portugal www.pcne.org

24 a 28 de Abril de 2009 Orlando, Florida www.accp.com

• 69th International Congress of FIP

3 a 8 de Setembro de 2009 Istanbul,Turquia www.fip.nl

• Annual Symposia European Society of Clinical Pharmacy (ESCP) Swiss Society of Public Health Administration and Hospital Pharmacists (GSASA)

82 | Farmácia portuguesa

30 Years of Clinical Pharmacy : a bright future ahead! 3 a 6 de Novembro de 2009 Geneve – Suiça www.escpweb.org


ficheiro mestre

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20 08

Alteração à Denominação Farmácia da Praia da Vieira Av. da Articulação, Lote 34, Nº 32, Praia da Vieira de Leiria 2430-672 VIEIRA DE LEIRIA Maria Beatriz Godinho Tomás dos Santos Farmácia Praia da Vieira Unipessoal, Lda. Farmácia das Pontes Lugar de Paredes - Rua 1, Nº 26 4845-024 RIO CALDO Gisela Maria Amoreira Martins Farmácia Entre as Pontes Unipessoal, Lda. Farmácia F. da Silva Graça Rua D. Maria José Fernandes, 436 2425-876 SOUTO DA CARPALHOSA Maria de Fátima Ferreira da Silva Graça F. da Silva Graça - Sociedade Farmacêutica Lda Farmácia S. Miguel Bairro de S. Miguel Prolongamento, 3020-113 COIMBRA Alexandra de Albuquerque Mendes de Sousa Farmácia Lopes Rodrigues Lda.

Alteração de Direcção Técnica Farmácia Branco Avenida José Estévão, 113 3830-554 GAFANHA DA NAZARÉ Vasco Augusto Ferreira Branco Branco & Filha Lda. Farmácia da Misericórdia Rua São Francisco, 81 9600 - 537 RIBEIRA GRANDE Maria da Graça Costa Rodrigues Santa Casa da Misericórdia Santa Casa da Misericórdia Farmácia Moderna Gumiei - Avesosa, 3515-789 RIBAFEITA Luís Miguel Fernandes Almeida Marzze - Unipessoal Lda Farmácia Paiva Largo do Cardal, 44 3100 - 440 POMBAL João Rodolfo Pereira Rocha Quaresma António Fortunato Costa Rocha Quaresma

Alteração à Propriedade Farmácia Adriana Praça da República, 20-22 3000 - 343 COIMBRA Ana Carina Gomes Leite João Pimentel - Unipessoal, Lda

Farmácia Aires Pinheiro Rua Serpa Pinto, 39 9900 – 095 HORTA Maria Gualtéria de Melo Q. Pestana João António Raposo Pinheiro da Silveira

Farmácia Catarino Avenida 25 de Abril, 56 2580 - 367 ALENQUER Carla Maria Figueiredo Raposo Gomes Pereira Farmácia Catarino, Lda

Farmácia Freitas Rua Dr. Miguel Bombarda, 56 7050 - 467 LAVRE Leonilde Maria Lopes Varregoso Fernando Manuel Varregoso Mayer Raposo

Farmácia Almeida Rua Infante D. Henrique, Nº62, 8000-363 FARO Pedro Paulo dos Santos Rodrigues de Passos Bernardo Alves Rodrigues de Passos, Herdeiros

Farmácia Central Rua Alvares Cabral, 137 4400 - 017 VILA NOVA DE GAIA César Gomes dos Santos Plusmed, Lda

Farmácia Galvão Praça Simões Dias, 6-7 3300 - 025 ARGANIL Maria Fernandina da Costa Cerveira Dias Serra Farmácia Galvão, Lda

Farmácia Alto do Lumiar Alameda da Música, 7-A, Alto do Lumiar, 1750-044 LISBOA Maria Angélica Marques Rosa Farmácia Alto do Lumiar, Unipessoal Lda Farmácia Alves de Sousa Avenida da Liberdade, 103-B 8200-002 ALBUFEIRA Isabel Maria Santos da Silva Rosa Farmácia Liberdade - Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Arcuense Rua Cerqueira Gomes, 16 4970 - 444 ARCOS DE VALDEVEZ Paulo Jorge Dias Araújo José Emílio Esteves de Araújo Herdeiros Farmácia Augusta Rua da Vista Alegre 3610 - 073 SALZEDAS Isabel Margarida Moura Santos Farmácia Augusta, Lda Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080 - 044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Correia de Oliveira, Lda Farmácia Belo Avenida de Roma, 53-D 1700-342 LISBOA Isabel Fernanda Lopes Mendes Godinho Cabral Antunes Adelaide Castanheira Belo Martins - Soc. Farmacêutica, Lda Farmácia Bragança Rua Alexandre Herculano, 66 5370 - 299 MIRANDELA Alzira de Assunção Lemos Dra. Alzira de Assunção Lemos Alzira Lemos, Sociedade Unipessoal Lda Farmácia Castro Rua da Ferreirinha, 5050 - 261 PESO DA RÉGUA Maria Ofélia da Costa Leite Sábia Mistura, Unipessoal Lda

Farmácia Central do Lumiar Alameda das Linhas de Torres, 254-B, 1750-152 LISBOA Rui Raimundo Duarte Farmácia Central do Lumiar, Lda Farmácia Confiança Rua Godinho de Faria, 255-257, 4465-155 SÃO MAMEDE DE INFESTA Zilda Manuela Moreira Pinto Cunha Pahrma - Espaço Saúde, Unipessoal Lda Farmácia Cristina Rua Viriato Cabreira, 30 2140 - 383 ULME Isabel Maria Santos Freitas Prosaúde, S.A. Farmácia Deão Rua Nova da Quinta Deão, 15 9050-071 FUNCHAL Maria Francelina Teixeira Melim Cruz Neves Mª Francelina Cruz e Neves Com. Prod. Farm., Soc Uni Lda Farmácia Diana Portas de Moura, 36 7000-647 ÉVORA Lucinda de Matos Alves Martins - Farmácia, Unipessoal, Lda Farmácia dos Olivais Rua Bernardo de Albuquerque, 141 3000 - 073 COIMBRA Maria de Lourdes Barreira de Almeida Mendes Simões Rodrigues Simões Rodrigues Filhos Lda Farmácia F. da Silva Graça Rua D. Maria José Fernandes, 436 2425-876 SOUTO DA CARPALHOSA Maria de Fátima Ferreira da Silva Graça F. da Silva Graça - Sociedade Farmacêutica Lda Farmácia Faure Rua Sacadura Cabral, 32 3520 - 070 NELAS Silvia Liliana Caçador Sandiães M.C. Reimão Costa Cardoso Menezes, Lda

Farmácia Garcia Secades Rua Frederico Garcia Secades, 3060 - 094 CADIMA Regina Paula Margato Pereira Gil Farmácia Secades Unipessoal, Lda Farmácia Higiénica Rua Dr. Moreira Pinto, Nº 8 4740-377 FÃO Ana Isabel Morais Garrido Ludovina Maria Garrido Pires Morais Lda Farmácia Homeopática de Santa Justa Rua de Santa Justa, 6 1100-485 LISBOA Vera Maria Neto Luz Rodrigues Ana Cristina Pires Gaspar Silva Gomes Almeida Farmácia Jotania Petigueiras, Santa Marta Portuzelo 4925 - 090 VIANA DO CASTELO Maria Pedro Arriscado José Augusto Pereira Viana Arriscado Farmácia Loureiro Basto Avenida de Cavado, 235 4700 - 690 PALMEIRA BRG Maria Helena de Areia Loureiro Basto Farmácia Loureiro Basto, Unipessoal Lda Farmácia Mendes Rua António Eloy Godinho, Vilgateira 2005 - 003 VÁRZEA STR Maria Helena R. F. M. Magalhães dos Santos Maria D’Assunção Tainha Rodrigues de Sousa Silva Farmácia Moderna Rua do Porto Fundo, 8 8550-455 MONCHIQUE José Manuel da Silva Furtado Olinda da Silva Oliveira, Lda Farmácia Morais Sarmento Rua Alexandre Herculano, 22 5370 - 299 MIRANDELA Luis Miguel Machado Esteves Francisco de Deus Borges Farmácia Portuguesa | 83


ficheiro mestre Farmácia Nobel Rua de Santo António, 70 4800 - 162 GUIMARÃES Maria Manuela F. Tavares de Sousa Maria Manuela Ribeiro M. Freitas - Herdeiros

Farmácia Salavessa Ferreira Rua dos Correios, 11 6000 - 500 CEBOLAIS DE CIMA Fernanda Paula Salavessa Russell Ferreira Farmácia Salavessa Ferreira, Lda

Farmácia Nova Avenida do Sabor, 42 5200-288 MOGADOURO Ana Paula Branco Silva Ana Paula Branco Silva Unipessoal, Lda

Farmácia Santos Rua 19 Nº 265, 4500-256 ESPINHO Maria Fernanda de Assunção de Almeida Albina Martins Guimarães

Farmácia Nova Rua Direita, 62, Monte da Caparica 2825 - 102 CAPARICA Maria de Fátima Lopes Neves Farmácia Central do Monte da Caparica Unipessoal Lda

Farmácia Soares Rua da Igreja, 798, Canas de Santa Maria 3460-012 TONDELA Susana Nogueira Faria Farmácia Soares , Lda

Farmácia Nova Odivelas Pc. Cidade de Odivelas, Lt 16, ZN2,LJA, Urb. Colinas do Cruzeiro 2675 - 639 ODIVELAS Ricardo Canas Matos Ferreira Farmácia Nova Odivelas Unipessoal, Lda Farmácia Paços Travessa de Chartres, 10 7000-930 ÉVORA António Clemente Machado dos Paços Avopaços - Farmácias e Serviços Farmacêutios Lda Farmácia Pátria Calçada dos Mestres, 30-A 1070-178 LISBOA Dina Sofia de Freitas Gonçalves Simões Mendes D., T. Simões - Produtos Farmacêuticos Lda Farmácia Paula Santos Rua João de Deus, LT 2, LOJA 1 8365-204 PÊRA Paula Rute Sousa dos Santos Farmácia Paula Santos, Unipessoal, Lda Farmácia Pires Avenida Vasco da Gama, 3240-690 SANTIAGO DA GUARDA Diamantino de Jesus Pires Diamantino de Jesus Pires, Unipessoal, Lda Farmácia Romeiro Rua Comandante Ramiro Correia, 12-A, Casal S. Brás 2700-206 AMADORA Raquel Ribeiro Leitão Romeiro Marçal Farmácia Romeiro Irmãos, Lda Farmácia Sá da Rocha Largo da Gandara, 3 4905-604 GERAZ LIMA (STA MARIA) Ana Maria Marques Sá Farmácia Sá da Rocha, Unipessoal, Limitada 84 | Farmácia portuguesa

Farmácia Torres Praça Conselheiro Silva Torres, 4910 - 122 CAMINHA M. Engrácia Veiga da Silva Gomes Farmácia Torres & Amorim Lda Farmácia Triunfo Paredes do Bairro, 3780-611 PAREDES DO BAIRRO Maria Alice da Conceição O. Carreira Triunfarma, Lda

Alteração ao Pacto Social Farmácia Branco Avenida Combatentes da Grande Guerra, 29 1495-039 ALGÉS Andreia Marina Santos Pessoa Milhano Branfarma, S.A. Farmácia Carvalho Serra Lugar do Viso-Sequeade, 4755-502 SEQUEADE José António Carvalho Serra Farmácia Carvalho Serra, Lda Farmácia Central Estrada Nacional 16, 24 6370-147 FORNOS DE ALGODRES Marilia Albuquerque Santinho Farmácia Central de Fornos, Lda Farmácia Central Rua da Junqueira, 11 4490-519 PÓVOA DE VARZIM Manuel João Borges Madureira Pires Farmácia Madureira, Lda Farmácia da Nova Ponte Avenida 5 de Outubro, 24 5400 - 017 CHAVES Maria Alice Lobo Morais Sarmento Madureira Farmácia Nova Ponte SA Farmácia da Pontinha Rua de Santo Eloy, lote SE 4 1675-175 PONTINHA Maria do Céu Gil Pereira Seabra Farmácia da Pontinha, S.A.

Farmácia das Olaias Rua João do Nascimento Costa, 16-A, 1900-269 LISBOA Isabel Maria Plácido Lapa Marques Inácio Farmácia das Olaias, S.A. Farmácia Edite Rua D. Afonso III - Edifício Miramar, R/C 8365-130 ARMAÇÃO DE PÊRA Ana Paula Dias Cadete M. Edite C. C. Siragusa Leal, Lda Farmácia Giraldes Rua Almirante Cândido dos Reis, 45-47 2870-253 MONTIJO Carla Maria O. Sequeira Sapateiro Farmácia Giraldes Lda. Farmácia Leão Avenida da Liberdade, 13 2970 - 635 SESIMBRA Rui Novo da Silva Novo da Silva – Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda Farmácia Marques Avenida Alberto Sampaio, 22 3510-027 VISEU Augusto Manuel da Costa Meneses M. C. Reimão Costa Cardoso Menezes, Lda. Farmácia Moderna Avenida da Liberdade, 49 - R/C 4750-312 BARCELOS Maria Fernanda de Faria Leite Maria Fernanda Faria Leite, Lda Farmácia Pragal Rua Direita, 6-D, Pragal 2800-546 ALMADA Helena Antonieta de Sousa Carreteiro Campos Farmácia Pragal Lda. Farmácia Rainha Santa Rua Afonso Lopes Vieira, 57-B 1700-011 LISBOA Isaura Lucinda Baeta Pereira Simões Cardoso Isaura S. Cardoso - Comércio de Med. Cosm. e Perf. S.A. Farmácia Serra Avenida da Liberdade, 78 2525 - 801 SERRA D’EL REI Maria Margarida Silva Santos Gouveia Abreu Farmácia da Serra de d El-Rei, S.A. Farmácia Toledo Praça Francisco Ornelas da Camâra, 9760-469 PRAIA DA VITÓRIA João Carlos Toledo de Aguiar e Silva Farmácia Toledo, Lda Farmácia Turcifalense Rua Rogério de Figueiroa Rego, 158, Torres Vedras 2565 - 814 TURCIFAL Paula Cristina de Sousa Perdigão Barreiros & Anacleto, Lda

Farmácia Vila do Bispo Rua Ribeira do Poço, 8650 - 426 VILA DO BISPO Maria do Carmo Castro Corte Real Farmácia de Vila do Bispo, Unipessoal, Lda. Farmácia Vilar do Paraíso Rua do Jardim, 1758, Vilar do Paraíso 4405 - 825 VILA NOVA DE GAIA Paulo Rui Fardilha Pacheco Farmácia Vilar do Paraíso S.A.

Transferência de Local Farmácia Batista Ramalho Av. Dr. Ant. Oliveira Salazar Bl.1 frac. J, R/C Esq., Lugar das Moses (Vila Armamar) 5110-159 ARMAMAR Teresa Maria Batista Ramalho Farmácia Batista Ramalho, Unipessoal,Lda. Farmácia Carvalho Rua Hilario de Almeida Pereira, 224 R/C 3560-999 SÁTÃO Ana Maria Carvalho Saraiva Farmácia Dias Costa Rua Coronel Garcês Teixeira, Lote 9 2300-592 TOMAR Gracinda dos Santos Silveira Leal Mourisca Farmácia Ferreira Pinto Largo Dr. António Granja, 2,3 e 4 6050-302 NISA Maria Alexandra Otto Pinto Marçal Farmácia Helena Rua Jorge Sena, Lote 12 R/C Alto da Bexiga 2005-344 SANTARÉM Maria Helena P.F. M. Correia Farmácia Lamar Centro Com. 8ª Avenida, Av. Renato Araújo, Lj 0040 piso 0, 1625 3700-204 SÃO JOÃO DA MADEIRA Andreia Isabel da Silva Costa Alberto Resende Martins Lda. Farmácia Marques Ramalho Rua Comendador Francisco Lima Amorim, 40 e 46 4490-137 PÓVOA DE VARZIM Cristina Maria Moutinho Marques Ramalho Farmácia Marques Ramalho, Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Moura Travessa da Memória, 45 B 1300-402 LISBOA Paula Maria Costa Barata Salgueiro


30

an

19 78 •

Farmácia Pinto de Campos Quinta da Alagoa, Palácio do Gelo - Shopping, Piso 0 3500-606 VISEU Mónica Alexandra de Almeida Couto Mónica A Couto Lda. Farmácia Sanal Avenida Dr. Abilio Pereira Pinto, 42 3770-201 OLIVEIRA DO BAIRRO Maria Angela F. M. Carvalho T. Lima Maria Angela Lima Unipessoal Lda Farmácia Santa Catarina Rua Direita, 66 2140-653 CARREGUEIRA Brígida Luísa da Conceição B. R. M. Borges da Costa Brígida Mendes Borges da Costa - Fª - Soc. Unipessoal, Lda

Instalação de Farmácia Farmácia da Piedade Estrada Regional, 1/2 9930-229 PIEDADE António Joaquim de Amorim Paula

Farmácia da Vila Lugar do Terreiro, S Martinho da Gandra 4990-642 GANDRA PTL Ana Maria F. P. de Castro Magalhães Vastissima Unipessoal, Lda

Alteração à Denominação e Propriedade Farmácia Pontes de Sousa Rua da Igreja, 2 3100-271 MATA MOURISCA Cristina Maria Santos Sousa Ferreira Farmácia Mata Mourisca Lda

Alteração à Direcção Técnica e Propriedade Farmácia Almeida Rua Infante D. Henrique, Nº62 8000-363 FARO Pedro Paulo dos Santos Rodrigues de Passos Bernardo Alves Rodrigues de Passos, Herdeiros

Alteração à Denominação e Direcção Técnica

Farmácia Augusta Rua da Vista Alegre, 3610 - 073 SALZEDAS Isabel Margarida Moura Santos Farmácia Augusta, Lda

Farmácia da Vila Lugar do Terreiro, S Martinho da Gandra 4990-642 GANDRA PTL Ana Maria F. P. de Castro Magalhães Vastissima Unipessoal, Lda

Farmácia Belo Avenida de Roma, 53-D 1700-342 LISBOA Isabel Fernanda Lopes Mendes Godinho Cabral Antunes Adelaide Castanheira Belo Martins - Soc. Farmacêutica, Lda

Farmácia Marialva Avenida do Brasil, Lote 7, R/ 3060 - 125 CANTANHEDE António João Sales Mano Salcel Lda

Farmácia Central Rua Capitão Mouzinho Albuquerque, 7 7630-171 ODEMIRA Helena Maria Raposo Lopo Sabino Silva Samora

Alteração à Denominação, à Direcção Técnica e Propriedade Farmácia Campo Maior Rua Misericórdia, 14 7370-044 CAMPO MAIOR Maria Margarida de Deus M. M. Romão Palmeiro Maria Margarida Mendes Palmeiro - Farmácia Unipessoal Lda. Farmácia Conimbriga Estrada Nacional 342 - Lugar de S. Fipo, Condeixa-a-Nova 3150-256 EGA Nelson João Gomes dos Santos Nelson Gomes dos Santos, Unipessoal, Lda

Farmácia Higiénica Rua Dr. Moreira Pinto, Nº 8 4740-377 FÃO Ana Isabel Morais Garrido Pires Morais Lda Farmácia Odeceixence Rua Nova, 35 8670-320 ODECEIXE Rui Miguel de Freitas Alves Hibiscomed Unipessoal, Lda Farmácia Pulido Suc. Rua Longa, 24-A 7960 - 241 VIDIGUEIRA Tiago Emanuel Serra Silva Lente Crujeira Serra, Silva & Silva - Sociedade de Farmácia, Limitada

Farmácia Soares Rua da Igreja, 798, Canas de Santa Maria 3460-012 TONDELA Susana Nogueira Faria Farmácia Soares , Lda

Alteração de Direcção Técnica e Pacto Social Farmácia Andrade Rua do Alecrim, 125-127 1200-016 LISBOA Joana Dias Borges Nunes Farmácia Andrade, Lda. Farmácia Avenida Avenida Alfredo da Silva, 88 2830-302 BARREIRO Ana Cristina Sousa R. Conceição Santos Silva Pharm e Pharm, Comér. Medic., Cosm. e Perf., Lda Farmácia Azevedo Rua José António Veríssimo da Silva, 13 R/C DTO. Morgado 2625-705 VIALONGA Ana Rita da Rocha Esteves Farmácia Moreira Azevedo, Lda.

Farmácia Nabais Vicente Rua Artur Bual, Nº3A-LJESQ., Quinta Nova 2675-604 ODIVELAS Maria Isabel da Trindade Vieira Panaca Farmácia Nabais Vicente, Unipessoal, Lda. Farmácia Remísio Rua dos Jerónimos, 14-C 1400 - 211 LISBOA Cristina Maria Prata Furtado Farmácia dos Jerónimos, S.A Farmácia Saldanha Avenida Praia da Vitória, 53 1000-246 LISBOA Ana Paula dos Santos Cabral Farmácia Arga, Unipessoal, Lda. Farmácia Santa Cristina Avenida Padre Luis Gonzaga Martins, Santa Cristina do Couto 4780-213 SANTO TIRSO Ana Isabel Pereira Assunção Farmácia Santa CristinaUnipessoal, Lda

Alteração à Denominação, Direcção Técnica e Pacto Social

Farmácia D’Abragão Edificio de Aragão, Fracção C, Lugar de Ribaçais 4560-027 ABRAGÃO André Miguel Brandão Coutinho Farmabragão - Farmácia Lda.

Farmácia Vitória Estrada Nacional 105, 94 4815-135 LORDELO GMR António Cidolino Alves Baltazar Farmácia Maria José Zamith, Unipessoal, Lda

Farmácia Entre-Vinhas Rua Francisco Sá Carneiro, 157 R/C 5370 - 209 MIRANDELA Fátima Filomena Lopes Fernandes Entre Vinhas-Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda.

Alteração à Denominação e Transferência de Local

Farmácia Fonte da Moura Rua de Tangêr, 1535 4150-724 PORTO Patricia Filipa Soares Ferreira Pereira Farmácia Fonte da Moura Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Moderna Rua de Aveiro, 203 4900-495 VIANA DO CASTELO Emília Maria Ferraz Manso Preto Emília Maria Manso Preto Unipessoal, Lda

os

20 08

Farmácia Cavaquinha Rua Artur Garrett, 2 2890-022 ALCOCHETE Rui Jorge Santos Cavaquinha Farmácia Dona Teresa Rua do Sobral, Edificio Gaveto do Sobral, Loja A, Lt 2, Mosteiro 4990-106 PONTE DE LIMA Luis Filipe Martins Alves da Silva Farmácia Guarda Inglesa Avenida da Guarda Inglesa Edifício Cerca da Nora, 7 lote B 3040-256 COIMBRA Elisa Maria Carvalho Rasteiro da Silva

Farmácia Morão Rua da Assunção, 17-19 (Baixa) 1100-042 LISBOA Claudia Alexandra de Medeiros Correia Andrade & Gonçalves, Comércio e Serviços Farmacêuticos, Lda. Farmácia Portuguesa | 85


86 | Farmรกcia portuguesa


Farmรกcia Portuguesa | 87


88 | Farmรกcia portuguesa


desta varanda

As contas da Saúde, um problema político O Governo elegeu, e bem, como um

agitou os responsáveis políticos, do

adoptadas, a ausência de medidas

dos seus objectivos fundamentais o

Governo e da oposição, a propósito

estruturais e a falta de transparência

controlo da despesa do Ministério da

das contas da saúde.

nas decisões políticas e na gestão das

Saúde. Por isso mesmo, o Orçamento

Já ninguém nega que as contas são

instituições.

rectificativo para o ano de 2005 foi

de novo altamente deficitárias e que

Em primeiro lugar, a natureza con-

generoso com o Ministério da Saúde,

a despesa do SNS está fora de con-

juntural das medidas adoptadas.

como nenhum outro Governo tinha

trolo. Não se sabe ao certo qual é o

As reduções de preços, margens e

sido antes, ao atribuir-lhe uma ele-

montante da dívida, mas há números

comparticipações, na medida em

vada verba suplementar para regu-

que falam por si.

que não atacam a raiz dos problemas

larização das dívidas da saúde, com

Os hospitais do SNS devem a for-

e não podem ser repetidas todos os

a promessa que daí em diante tudo

necedores mais de 1.100 milhões

anos, têm um efeito temporário. São

seria diferente.

de euros. Perante esta situação, o

aliciantes, porque são fáceis de adop-

Posteriormente, foram reduzidos, por

Governo viu-se obrigado a reforçar

tar, mas criam constrangimentos

duas vezes, os preços dos medica-

de emergência, em 600 milhões de

económicos aos sectores de activi-

mentos, 6% em 2005 e 6% em 2007.

euros, o Fundo de Apoio ao Sistema

dade e aos doentes, sem resolverem

Foram reduzidas, também, as mar-

de Pagamentos do Serviço Nacional

qualquer problema de fundo.

gens dos grossistas e das farmácias.

de Saúde.

Em segundo lugar, a ausência de

Foram reduzidas, ainda, as compar-

As despesas com pessoal crescem

medidas estruturais. O Ministério da

ticipações do Estado no preço de to-

muito acima das expectativas.

Saúde não adoptou, ainda, as medi-

dos os medicamentos.

Qual é a explicação de tudo isto?

das que todos os diagnósticos reco-

Foram medidas drásticas, alegada-

Como é que se compreende que

mendam, algumas das quais expres-

mente em nome do saneamento das

depois de uma generosa dotação fi-

samente previstas no Programa do

contas da saúde.

nanceira, em 2005, e de medidas tão

Governo. Medidas como a prescrição

Apesar destas medidas, decorridos

drásticas, as contas da saúde estejam

pela denominação comum interna-

três anos, contrariamente ao pro-

outra vez na mesma?

cional (substância activa do medi-

metido, está tudo praticamente na

Em nossa opinião, fundamental-

camento), a dispensa em unidose e

mesma. O recente debate sobre o

mente, por três ordens de razões: a

a prescrição electrónica são apenas

Orçamento de Estado para 2009

natureza conjuntural das medidas

alguns exemplos de medidas estraFarmácia Portuguesa | 89


desta varanda tégicas de efeito comprovado, que

ros em medicamentos. Apesar da

percebermos a política de preços. Há

o Ministério da Saúde vem adiando

dimensão da verba, ninguém sabe

no meio de tudo isto um aspecto po-

desde 2005, apesar de se ter compro-

ao certo qual é o ritmo do seu cres-

sitivo ─ já ninguém tem coragem de

metido com elas.

cimento anual. A percentagem varia

responsabilizar as farmácias pelo dé-

Em terceiro lugar, a falta de transpa-

conforme a fonte. A Secretaria de

ficit das contas do SNS. O acordo que

rência nas decisões políticas e na ges-

Estado da Saúde diz que é 3,2%. O

vigorou entre a ANF e o Ministério da

tão das instituições. Esta é, talvez, a ra-

INFARMED diz que é 5%. O IMS diz

Saúde, até 31 de Dezembro de 2006,

zão mais importante. A transparência

que é 7,1%. E outras fontes a que a

era o bode expiatório sempre que se

é essencial e não existe. As contas dos

imprensa vai tendo acesso falam em

analisavam aquelas contas. Agora, o

hospitais do SNS são um mistério.

percentagens de 15%.

acordo terminou e cada um seguiu o

O Ministério da Saúde foi “determi-

Mas, não há apenas falta de transpa-

seu caminho.

nado” a impor elevados sacrifícios

rência na gestão das instituições do

A ANF e as farmácias seguiram um

financeiros aos sectores privados.

SNS. Há também falta de transparên-

caminho de ambição, risco e sentido

Agiu como grande cliente e árbitro

cia em decisões políticas fundamen-

de responsabilidade, constituindo

dos preços que desejava pagar e dos

tais.

a factoring Finanfarma, que paga às

prazos que queria cumprir. Pouco

É o que acontece, por exemplo, com a

farmácias em prazo mais curto do

se importou com os custos financei-

política de preços dos medicamentos.

que aquele que resultava do acordo e

ros e económicos dessas medidas,

Os fundamentos dessa política não

é já, no nosso País, a quarta empresa

adoptadas sem qualquer avaliação

se compreendem, nem os seus res-

do seu ramo de actividade.

prévia, sem critério e sem medir as

ponsáveis os divulgam. As excep-

O Ministério da Saúde, diferente-

consequências. Mas, não teve a mes-

ções são mais do que as regras. O au-

mente, permaneceu com os mesmos

ma “determinação” para impor aos

mento extraordinário dos preços dos

vícios de sempre ─ austeridade para

seus próprios hospitais e a outras

medicamentos de alguns laborató-

os sectores privados e prodigalidade

instituições regras elementares so-

rios, no primeiro semestre de 2008,

para os seus próprios serviços.

bre a transparência e o rigor das suas

quando a palavra de ordem era de

Nunca se haviam injectado tantos re-

contas.

contenção, foi um exemplo paradig-

cursos financeiros em tão curto espa-

O Ministério da Saúde não conhece a

mático da falta de transparência nas

ço de tempo no Ministério da Saúde.

despesa dos hospitais públicos com

decisões sobre política de saúde.

Apesar disso, a qualidade dos servi-

medicamentos. Esta realidade é as-

Há laboratórios cujas vendas cres-

ços de saúde também não melhorou.

sustadora para os contribuintes.

ceram substancialmente, por força

A protecção de interesses contínua.

O peso da despesa hospitalar em me-

desse aumento extraordinário de

A despesa está descontrolada. A

dicamentos, relativamente ao merca-

preços, que lhes saiu em “sorte” e

dívida está de volta. “Os Senhores

do global, passou em menos de dez

para o qual não foi dada a menor ex-

Deputados que façam as contas...”

anos, de 10% para 25%.

plicação pública.

Se houvesse transparência nas con-

Lançámos recentemente o repto para

tas da saúde, tão grande evolução

um debate público sobre a política

teria sido mais difícil.

de preços dos medicamentos. Não

Os hospitais públicos gastam anual-

foi aceite. Temos pena, porque seria

mente mais de 800 milhões de eu-

uma boa oportunidade para todos

90 | Farmácia portuguesa

João Cordeiro


Farmรกcia Portuguesa | 91


92 | Farmรกcia portuguesa


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