Farmácia
Portuguesa BiMESTRAL • N°178 • NOVembro/DEZEMbro ‘08
9.º Congresso Nacional das Farmácias
Confiança no futuro
30
an
19 78 •
os
20 08
Farmácia Portuguesa |
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2 | Farmรกcia portuguesa
Farmácia
Portuguesa
sumário
Novembro/Dezembro de 2008 • Ano XXX • Nº 178 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
Editorial Editorial 5 30º aniversário da Farmácia Portuguesa 30th anniversary of Farmácia Portuguesa
6
9.º Congresso Nacional das Farmácias 9th Pharmacies National Congress
8
Sessão de Abertura Opening Session
12
Conferência de Abertura Opening Conference
16
Conquistar a Mudança Conquer the Changing
18
Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança Pharmacy Organization on a Changing Enviroment
26
Que Futuro para a Informação em Saúde? What Future for Health Information?
34
O Valor da Intervenção Farmacêutica The Value of the Pharmaceutical Intervention
38
Sessão de Encerramento Closing Session
44
Conclusões Conclusions
48
15 anos do Programa de Troca de Seringas 15 years of Syringe Exchange Program
52
Workshops Workshops
54
Apresentação de Posters Posters Presentation
58
Pausas entre Pares Pauses among Pairs
62
Informação Terapêutica – Menopausa Therapeutical Information – Menopause
64
Cursos de Formação Training 74 Noticiário News 76 Reuniões e Simpósios Meetings and Simposia
82
Cartoon Cartoon 86 Desta varanda From this balcony 89 Farmácia Portuguesa |
3
Farmácia
Portuguesa
última hora
Propriedade
“Pacote Farmacêutico”
Propostas da Comissão bem recebidas pelo PGEU
Director DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES Sub-Directores DR. LUIS MATIAS Dr. Nuno Vasco Lopes Coordenadora do Projecto DRª MARIA JOÃO TOSCANO Coordenadora Redactorial DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt Coordenadora Redactorial adjunta DRª ana patricia rodrigues Email: ana.rodrigues@anf.pt Telef. 21 340 06 50 Produção
Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt
A Comissão Europeia (CE) acaba de
Justificadas pela Comissão com as
apresentar um conjunto de propostas
necessidades e os interesses dos
legislativas sobre o sector do medica-
doentes, estas propostas foram bem
mento, nas quais reconhece o papel
acolhidas pelo Grupo Farmacêutico da
fundamental do farmacêutico na de-
União Europeia (PGEU). Os farmacêuti-
fesa dos interesses dos doentes.
cos europeus consideram vital comba-
Este “pacote” farmacêutico inclui
ter a crescente ameaça da contrafacção
propostas para lidar com os proble-
de medicamentos e da sua penetração
mas crescentes de falsificação e dis-
na cadeia de distribuição, aplaudindo a
tribuição ilegal de medicamentos,
Comissão por reconhecer o papel que
para proporcionar ao cidadão acesso
o farmacêutico desempenha na pri-
a informação de alta qualidade sobre
meira linha deste combate.
os medicamentos sujeitos a receita
Quanto à farmacovigilância, o PGEU
médica e para melhorar a protecção
é fortemente favorável ao reforço do
dos doentes, reforçando o sistema
actual sistema. Já a proposta relativa
comunitário de monitorização dos
à informação sobre medicamentos,
medicamentos (farmacovigilância).
recebeu com agrado o facto de a
Além disso, a Comissão propõe-se
Comissão ter abandonado algumas
lançar um processo de reflexão so-
das suas ideias mais radicais, congra-
bre as formas de melhorar o acesso
tulando-se com o reconhecimento
ao mercado e conceber iniciativas
do papel dos profissionais de saúde,
que estimulem a investigação far-
incluindo os farmacêuticos.
macêutica, por entender que a União
Para o PGEU, este é um “pacote sen-
Europeia tem vindo a perder terreno
sato que contém boas notícias para
neste domínio.
os doentes europeus”.
4 | Farmácia portuguesa
Director de publicidade Nuno Miguel Duarte nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 Consultora Comercial Sónia coutinho soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 Distribuição gratuita aos associados da ANF Assinaturas 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74 Email: margarida.lopes@anf.pt Powered by Boston Media Impressão e acabamento RPO - Produção Gráfica, Lda. Depósito Legal n.º 3278/83 Isento de registo na ERC ao abrigo do artigo 9.º da Lei de Imprensa n.º 2/99, de 13 de Janeiro Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares Distribuição
FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
editorial
30
Nós, a crise e a ética
2009 abre com a esmagadora maioria
Como motor deste círculo e fazendo
tentados a falsificar, a manter e a
das previsões, se não todas, de que
deslizar o medicamento está o Estado,
compor fugindo à sua própria for-
será um ano de profunda crise. A ser
através do seu Serviço Nacional de
verdade vamos atravessá-la e para isso
Saúde, uma vez que ele é o maior clien-
6) No campo da informação da indús-
devemos estar tanto quanto é possível
te, além de criador de pontos de aten-
tria farmacêutica, a utilização de in-
preparados.
dimento e tratamento de doentes.
verdades vira-se directamente con-
A Revista abre assim estas páginas ti-
A ética do medicamento, encarada
tra o próprio e contra os produtos
tulando o editorial com o tema. Para
como um conjunto de deveres que
que procura comercializar. Hoje se
conteúdo quase que o aspecto pode
optimizam o desempenho de cada ele-
um qualquer profissional de infor-
parecer o de uma colagem de frases
mento, daria, como se calcula, um livro
mação médica cair na tontaria de
feitas. Neste ambiente, com os lucros a
bem volumoso.
utilizar uma inverdade, rapidamen-
descer, o número de clientes também
Resolvi assim enunciar alguns objecti-
te ela se vira contra os interesses
a descer, o que é que não pode acon-
vos que pudessem desafiar o leitor, ao
comerciais que ele poderia estar a
tecer ao sector do medicamento? Ora
exercitar a sua capacidade de análise
vejamos:
condicionar o desempenho no dia-a-
O medicamento roda num círculo que
-dia, que em 2009 o vai rodear:
Saúde sentem-se apenas portado-
o leva desde o laboratório produtor até
1) Os remédios secretos (cuja compo-
res de direitos, há que lembrar e es-
ao doente, que um dia o toma. Esse
sição não está patenteada nem é
círculo, como uma estrada, prevê vá-
descrita na embalagem) não contri-
Para quem deseja melhorar os seus co-
buem para a Saúde Pública.
nhecimentos sobre esta área, sugiro a
rias etapas – a unidade produtora no
os
20 08
mação cientifica.
defender. 7) Muitos utentes dos Serviços de
timular os seus deveres.
estrangeiro ou em Portugal (o labora-
2) Ensaios clínicos ou prescrição de
tório), a unidade importadora para os
medicamentos são intervenções,
“Um Fio de Ética” – Walter Osswald –
fabricados fora do país, o armazenista
entre muitas outras, que obrigam a
2001, Editor – Instituto de Investigação
ou grossista, o médico, a farmácia hos-
constituir equipas multidisciplina-
e Formação Cardiovascular; “Ética em
pitalar, o enfermeiro e a farmácia de
res. A formação, a capacidade profis-
Cuidados de Saúde” – Daniel Serrão
oficina.
sional e a comunicação entre os ele-
e Rui Nunes – 1998, Porto Editora;
Como farmacêutico a minha vida
mentos reflectem-se no resultado.
“La Bioéthique” – Dorothée Benoit
profissional tem-se detido mais lar-
3) A farmacovigilância é um olhar so-
gamente na indústria farmacêutica e
bre as reacções adversas. Devemos,
“Famacovigilância em Portugal” –
em farmácia de oficina. Também não
aos que contactam o doente, torná-
Infarmed 2003.
posso esconder a experiência que a
la permanente.
E termino tal como a Professora Irene
leitura das seguintes obras:
– Browaeys,
Les Essentiels Milan;
deontologia e a ética me deixaram
4) A Ordem dos Farmacêuticos deve
Silveira: “Age sempre de tal modo que
através da passagem pela Ordem dos
publicar um Código de Ética e um
o teu comportamento possa vir a ser o
Farmacêuticos por vários cargos direc-
novo Código Deontológico que re-
principio de uma lei universal” (Kant).
tamente colados ao tema. Estes apon-
sulte da revisão e actualização do
tamentos estão incluídos no texto para
an
19 78 •
actual.
que, esclarecendo as minhas origens,
5) Aos jovens investigadores são en-
se percebam melhor os pontos de vista
tregues objectivos, pedem-se resul-
enumerados.
tados, os visados sob pressão são
Francisco Guerreiro Gomes Farmácia Portuguesa |
5
s8 o n a 0 30 78 • 20 19
30.o aniversário da Farmácia Portuguesa Logo no editorial com que se abre
escreve João Cordeiro, em editorial
o ano de 2006, o presidente da ANF
de Maio/Junho de 2006. Porque a
faz o rescaldo das primeiras medidas
liberalização não decorre de um pro-
legislativas que pretenderam refor-
blema social, nem de uma exigência
mar o sector em nome do interesse
dos doentes ou dos cidadãos em ge-
público. Aliás, o anúncio da libera-
ral. É exclusivamente política. Daí o
lização da venda de medicamentos
receio, exposto na mesma página de
não sujeitos a receita médica, logo na
Farmácia Portuguesa, de que, “esgo-
posse do executivo, gerou na opinião
tado o tempo de vida mediático des-
pública “a ideia da inevitabilidade
ta decisão política, o país ficará com
da alteração legislativa no sector e
um sector de farmácias em piores
de que essa alteração seria um be-
condições para prestar um serviço de
nefício para os consumidores”. Esses
qualidade aos cidadãos”.
benefícios, porém, estão ainda por
Uma esperança se vislumbrava com a
de um discurso
demonstrar.
intenção, manifestada pelo governo,
marcadamente hostil ao
Do que se tratou foi de um ataque às
de dialogar com as farmácias. Houve
farmácias. Ainda que nada o justifi-
diálogo efectivamente e dele resul-
sector das farmácias –
casse. Tanto mais que o sector é, de
tou o Compromisso com a Saúde. O
entre todos os da saúde, aquele em
presidente da direcção admite que o
repercute-se ao longo dos
que há maior equidade no acesso e
acordo não satisfez a ANF. Mas foi a
maior qualidade nos serviços presta-
melhor forma de defender os supe-
dos. Além de que a atitude das far-
riores interesses dos doentes que são
Portuguesa, dominando
mácias e da sua associação sempre
acompanhados nas farmácias. E que
a retrospectiva que nos
foi de diálogo e disponibilidade de
exige ao sector um grande esforço e
colaboração.
uma grande responsabilidade, obri-
propusemos apresentar
Uma atitude que esbarrou na deter-
gando as farmácias a estarem à altura
minação do governo em centrar a
da situação, unidas e determinadas na
em jeito de celebração dos
sua política da saúde no sector das
defesa dos seus legítimos interesses
farmácias. Depois da liberalização
profissionais, morais e económicos.
dos MNSRM, a da propriedade. “Não
As implicações do compromisso
é uma boa notícia para o sector. E, jul-
levaram a direcção a requerer elei-
gamos nós, convictamente, também
ções antecipadas, cumprindo o es-
não é uma boa notícia para o país”,
pírito associativo. E, em nome desse
A posse do actual governo – porque acompanhada
últimos anos de Farmácia
30 anos a dialogar com os associados.
6 | Farmácia portuguesa
mesmo espírito, aos associados foi
vez o sector será capaz de encontrar
O ano começou, de facto, com um
sublinhada a importância de, dada
uma solução”. E foi. A Finanfarma foi
sinal de esperança: a substituição do
a natureza dos temas em questão,
a resposta encontrada. O sector man-
ministro da Saúde. Sobre Ana Jorge, a
não manifestarem desinteresse nem
teve a sua independência, não ficou à
nova titular da pasta, recaiu um clima
alheamento. E não o fizeram. Surgiu
mercê do Ministério da Saúde.
de elevada expectativa, “dos que que-
mesmo, e pela primeira vez, uma
Aliás, as farmácias sempre souberam
rem e dos que não querem a reforma
lista alternativa, que a direcção em
encontrar soluções para as ofensivas
da saúde”. Das farmácias também.
exercício recebeu como sinal de vi-
que as visaram. Fizeram-no, nomea-
E justificadamente: é que havia – e
talidade associativa e de que, apesar
damente, quando foram confronta-
há – um compromisso por cumprir.
dos problemas e das dificuldades, há
das com a liberalização da proprieda-
E porque tinha havido entretanto le-
farmacêuticos dispostos a assumir
de. Em vez de se manterem agarra-
gislação publicada que o contrariava
responsabilidades.
das ao passado, mostraram abertura
na letra e no espírito, a impor reflexão
Os associados reafirmaram, por maio-
ao presente e prepararam o futuro:
objectiva. E serenidade.
ria, a sua confiança na direcção em
daí a alteração de estatutos da ANF,
Do ministro cessante haveria de se
exercício. Um novo desafio a espera-
aprovada pela esmagadora maioria
ter notícias mais à frente no ano.
va entretanto: o fim do acordo com
dos associados que entenderam a
Com a publicação de um livro em
o Ministério da Saúde e a expectativa
necessidade de reflectir a nova reali-
que sai em sua defesa. Uma defesa
da sua renovação. Que não se confir-
dade do sector sem prejuízo da uni-
– escreve João Cordeiro, na Farmácia
mou: o ministro Correia de Campos
dade e da capacidade de liderança.
Portuguesa de Setembro/Outubro –
optou por impor unilateralmente às
“Não devemos fechar os olhos à rea-
“preocupada em responsabilizar os
farmácias as condições de dispensa
lidade”, foi o apelo de João Cordeiro
lóbis pela sua demissão, tal como
de medicamentos a crédito aos be-
no editorial de Maio/Junho de 2007.
já procurava responsabilizar alguns
neficiários do SNS. “É uma questão
Os associados responderam com um
deles pelo insucesso da sua política
de boa fé”, escreve João Cordeiro em
voto de confiança colectiva no futuro.
enquanto ministro”.
editorial de Novembro/Dezembro de
As alterações estatutárias aconteceram
É uma defesa “condenada ao insuces-
2006.
num ano difícil para as farmácias, con-
so”. Porque não foram os lóbis que o
Em vez do acordo de intermedia-
forme é reconhecido no editorial do úl-
demitiram. Foi a sua política. Foram as
ção, o ministério propõe-se pagar
timo número da revista em 2007. O sec-
populações. E o livro mais não é do que
directamente às farmácias. E pagar
tor enfrentou a determinação política
“uma tentativa de branquear a história
pontualmente,
sempre
do governo e do Ministério da Saúde,
e uma cortina de fumo sobre a política
repetida mas nunca cumprida. Uma
mas respondeu com a mesma determi-
de fumo dos anos de 2005 e 2007”.
atitude com uma leitura apenas: “O
nação, com uma estratégia associativa
Foram anos de grande impacto para
que o Ministério da Saúde não quer
renovada. E um projecto colectivo que
o sector. Pela negativa, porque in-
é enfrentar um sector organizado,
nasceu da capacidade de transfor-
troduziram reformas que não foram
capaz de resistir às suas arbitrarie-
mar os desafios em oportunidades: o
reclamadas pela sociedade e de be-
dades e de lhe exigir o adequado
Programa Farmácias Portuguesas. E o
nefícios de alcance duvidoso. Mas
cumprimento das suas obrigações.
entusiasmo com que foi recebido pelos
também pela positiva, porque evi-
O que o Ministério da Saúde verda-
associados permitiu a João Cordeiro
denciaram a capacidade das farmá-
deiramente quer é dividir o sector,
escrever que “2008 será um ano de es-
cias de reagir e seguir em frente. Mais
para impor a sua vontade. Mais uma
perança”.
unidas e mais fortes.
promessa
Farmácia Portuguesa |
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congresso anf 9º Congresso Nacional das Farmácias
Uma Nova Era para a Saúde em Portugal
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Foi sob a égide dos desafios que se
propostas. Este ano também, e pela
O valor da intervenção farmacêutica
colocam ao sector e da estratégia
primeira vez, as farmácias foram de-
esteve sempre subjacente ao longo
concebida para os transformar em
safiadas a apresentar publicamen-
dos quatro dias de trabalhos. Com a
oportunidades que decorreu o 9º
te, sob a forma de posters, o melhor
particularidade de ter sido quantifi-
Congresso Nacional das Farmácias.
da sua intervenção profissional:
cado pela primeira vez: um estudo
Uma estratégia cuja face mais vi-
responderam acima das expecta-
da Universidade Católica lançou um
sível e mais recente é o Programa
tivas, com trabalhos de qualidade
primeiro repto de reflexão, fazendo
Farmácias Portuguesas, daí o tema
e rigor que espelham o contributo
reflectir sobre a verdadeira impor-
desta reunião magna – “Farmácias
do sector para a saúde individual e
tância do acto farmacêutico.
Portuguesas – Uma nova era para a
colectiva.
Outras reflexões se fizeram neste
saúde em Portugal”.
Foi um congresso repleto de moti-
congresso. Sobre a informação em
Mais de 1300 participantes acorre-
vos de interesse, pela oportunidade
saúde, por exemplo, numa confe-
ram ao Centro de Congressos de
de perceber para onde caminha a
rência que assinalou os 30 anos da
Lisboa, motivados pela necessida-
saúde e, sobretudo, o sector. Uma
Revista Farmácia Portuguesa. Ou
de de acompanharem os últimos
oportunidade proporcionada por
sobre o impacto do programa de
desenvolvimentos,
tomarem
oradores de elevada qualidade e
troca de seringas, com uma home-
conhecimento de realidades dife-
reconhecido mérito científico e
nagem à sua mentora, a Professora
rentes da portuguesa e tomarem
profissional.
Odette Ferreira, no 15º aniversário
o pulso ao rumo que a ANF está a
Oradores que deram a conhecer
desta acção de saúde pública sem
delinear para o sector.
realidades tão diferentes da por-
precedentes.
Disso mesmo fazem eco alguns tes-
tuguesa como a norte-americana.
O balanço é positivo. Na senda do
temunhos recolhidos junto de far-
Ou que abordaram, de uma forma
congresso de há dois anos, em que
mácias de diferentes pontos do país
directa, a problemática da susten-
se discutiu a visão e competência
e que reportamos nestas mesmas
tabilidade económica da farmácia
das farmácias num contexto de mu-
páginas. Desses testemunhos emer-
num contexto concorrencial. Ou
dança, foi um momento de inegá-
ge também o entendimento de que
que demonstraram como a farmá-
vel afirmação da tradição associati-
cada congresso é uma oportunida-
cia se deve organizar para integrar
va da ANF em que, mais uma vez,
de de actualização e formação: daí
os novos serviços e se afirmar pela
ficou demonstrado que a união é o
a significativa adesão às workshops
positiva.
seu maior activo.
de
os
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congresso anf
Sílvia Rodrigues, Farmácia Ferrer
Farmácia Ferrer
Farmácia Sacoor Manter a união
“Aprendemos sempre” “De um modo discreto, mas eficaz, Desde que é farmacêutica que Sílvia Rodrigues, proprietária e di-
transmitiu uma mensagem de união”.
rectora técnica da Farmácia Ferrer, em Castelo Branco, participa
Foi com esta impressão que Parveez
nos congressos da ANF. E fá-lo por entender que “é sempre positi-
Sacoor, proprietária e directora técnica
vo, do ponto de vista científico, técnico e social”.
da Farmácia Sacoor, em Lisboa, saiu do
Este ano voltou a estar presente. E do programa reteve sobretu-
9º Congresso Nacional das Farmácias.
do as intervenções que versaram sobre a Economia e a Gestão,
Participou motivada pela necessidade
pois são áreas que cada vez mais têm reflexos na farmácia. “Foi
de perceber em que direcção caminha
importante ouvir aqueles que estudam estas matérias e antever
a Saúde e, sobretudo, o sector, no actu-
os cenários possíveis”. “Esclarecedor” foi igualmente conhecer as
al clima de instabilidade. E para tomar
experiências levadas ao congresso pelos oradores estrangeiros,
contacto com as medidas que as far-
mesmo esperando que algumas das realidades retratadas não
mácias devem adoptar para reagirem à
venham a acontecer em Portugal.
situação.
Sílvia Rodrigues destaca ainda o painel em torno do Programa
Um objectivo alcançado mercê da “al-
Farmácias Portuguesas: “Sempre acreditei”. E os resultados – diz
tíssima qualidade dos oradores” que, na
– demonstram que valeu a pena acreditar. Resultados como os da
abordagem dos diferentes temas, con-
campanha de administração de vacinas nas farmácias: “Deram-
tribuíram para consolidar as suas expec-
nos ânimo e confirmaram que somos competentes para realizar
tativas face ao rumo a seguir.
serviços que exigem qualidade e rigor”.
O congresso permitiu ainda contextu-
Serviços nem sempre valorizados, conforme o estudo apresenta-
alizar aprendizagens, com aplicação
do no último dia do congresso: “O estudo demonstrou a impor-
prática no quotidiano da farmácia. Em
tância do acto farmacêutico, que é muito esquecido e que tentam
particular no que respeita às novas so-
até aniquilar. É um serviço gratuito e de qualidade, que permite ao
luções. Daí ter participado na workshop
Estado poupar mas que é dado como adquirido”.
sobre merchandising, uma ferramenta
Além das sessões propriamente ditas, esta farmacêutica de
recente no sector.
Castelo Branco participou em duas workshops, considerando-as
A opinião geral sobre os trabalhos é que
bastante úteis para a prática profissional: “Ficar actualizada é uma
foram “muito positivos”, demonstrati-
mais-valia. Aprendemos sempre. E há sempre um dia que dize-
vos de que “a ANF consegue manter a
mos que valeu a pena”. É assim que Sílvia Rodrigues sintetiza a sua
unidade no sector da farmácia”.
participação nos congressos da ANF. 10 | Farmácia portuguesa
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Farmácia Luso Britânica Mais confiança, mais esperança
Foi com mais confiança e mais esperança que Maria Teresa Afonso, proprietária e directora técnica da Farmácia Luso Britânica, na ilha
Farmácia Garcês Gonçalves
Vale sempre a pena participar
da Madeira, saiu do congresso de Novembro. Participa sempre que possível, por considerar
Maria Luísa Gonçalves, proprietária e direc-
importante estar com outros colegas, ouvir ou-
tora técnica da Farmácia Garcês Gonçalves,
tras opiniões e confrontá-las com as suas. Mas
no concelho de Valongo, participa habitual-
também “perceber o sentir da ANF em relação
mente nos congressos da ANF. Por um lado,
à classe, à farmácia em geral e à sociedade”. No
porque são uma forma de se manter em con-
fundo, trata-se de “aprender”.
tacto com a classe, por outro, porque consti-
Este ano – com uma situação difícil e grandes
tuem uma oportunidade de ouvir as novida-
mudanças – “por maioria de razão tinha de par-
des relativas ao sector.
ticipar”. E foi importante: “Saí do congresso com
E este ano, particularmente, motivou-a o
os confrontos feitos, mas também com mais con-
“ambiente negativo” que tem influenciado o
fiança e mais esperança. A Associação é forte e
sector. E regressou satisfeita, embora aponte
sabe o que está a fazer. Saímos mais fortalecidos,
“alguma falta de vivacidade”: não a conside-
com alguma serenidade na maneira de encarar
ra propriamente um aspecto negativo, antes
o futuro”.
porventura parte de uma estratégia.
Dos relatos de outras experiências levadas ao
No geral, considera que o congresso estava
congresso, nomeadamente pelos oradores nor-
bem organizado, tendo apreciado, nomea-
te-americanos, reteve a convicção de que, se as
damente, o debate com os representantes
farmácias trabalharem bem, os utentes não vão
dos partidos políticos. Apreciou também as
mudar, pelo que defende que a classe deve con-
duas workshops em que participou: é que
tinuar a aplicar-se e a aperfeiçoar o serviço que
“pensa-se que se sabe muito, mas aprende-
presta.
se sempre”. Valoriza especialmente a partilha
E nesse sentido Maria Teresa Afonso participou
de experiências com os colegas mais jovens,
em duas workshops, ambas viradas para o futuro
que detêm uma preparação diferente da sua
– novas tecnologias e merchandising. “É preciso
e estão muito atentos.
estar actualizado, mas ainda temos muito que
No próximo congresso, o mais provável é que
trabalhar nestas áreas”.
Maria Luísa Gonçalves volte a estar presente:
É, no entanto, o único caminho: “Ninguém nos dá
“Nem ponho a questão de não participar.
nada. É cada um de nós individualmente e somos
Vale sempre a pena”.
todos juntos que fazemos o nosso futuro”. Farmácia Portuguesa | 11
congresso anf Sessão de Abertura
Confiança no futuro
Foi esta a mensagem central que emergiu da João Cordeiro, Presidente da ANF
sessão de abertura do 9º Congresso Nacional das A ofensiva político-legislativa que o sector
Hora Branco, evocou os dois anos trans-
da farmácia de oficina enfrentou nos dois
corridos desde o último congresso. Não
obstante as vicissitudes
últimos anos e as respostas profissionais e
foi – sublinhou – um tempo de acalmia:
vividas nos últimos anos;
associativas da classe e da profissão con-
não foi possível ao sector retemperar for-
feriram o tom à sessão de abertura do 9º
ças depois dos combates travados, nem
confiança porque esses
Congresso Nacional das Farmácias, a 20
exercer em regime de dedicação exclusiva
de Novembro.
o “sacerdócio” da profissão.
mesmos obstáculos vieram
E o tom começou por ser dado pelo pri-
“É certo que trabalhámos muito. É seguro
meiro orador. Perante uma plateia pre-
que trabalhámos bem. Mas é verdade que
enchida no auditório principal do Centro
tivemos de manter atenção e dar com-
de Congressos de Lisboa, o presidente da
bate pronto e permanente às manobras
Mesa da Assembleia Geral da ANF, David
insidiosas dos nossos inimigos, à crueza
Farmácias. Confiança não
reforçar a força associativa e profissional do sector. 12 | Farmácia portuguesa
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an
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sem tréguas manifestada pelos nossos
É neste contexto que se realiza mais
quem fosse, “manifestando sobre to-
adversários, à força e ousadia eviden-
um congresso, “uma demonstração
das as matérias certezas absolutas in-
ciadas pelos nossos opositores”.
de indomável querer”, de quem pers-
compatíveis com o dever democrático
Foi desgastante o esforço dispendido
pectiva cada contrariedade como uma
de dialogar com os legítimos represen-
a contornar obstáculos. Mas eles foram
oportunidade de interesse associativo
tantes das farmácias”.
vencidos – “graças à excelência de uma
e excelência profissional.
“O ódio do então ministro da Saúde
liderança verdadeiramente ímpar, de uma direcção de excepcional valor, ao formidável empenho de uma estrutura associativa extremamente dedicada
“Só podemos e devemos contar connosco”
e participativa e à união solidária pro-
os
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ao nosso sector fez o resto”, acusou, frontal. De tal forma que o Orçamento de Estado para 2006 incluía uma disposição legal dirigida exclusivamente às farmácias, proibindo a ANF de
porcionada por uma plêiade de sócios
A mesma linha de pensamento presi-
fazer os pagamentos do SNS. “Parecia
muito serenos e lúcidos”.
diu à intervenção do presidente da di-
o fim do sector”.
Para David Hora Branco, foram tempos
recção da ANF, João Cordeiro. Usando
Já outros o haviam tentado antes,
de grande vicissitude, mas também de
da palavra após a conferência inaugu-
sem sucesso. Também esta tentativa
grande coragem, de discernimento e
ral do congresso, a cargo do especialis-
não resultou. Perante os congressis-
de audácia, de discussão frontal e de
ta do Banco Mundial Mukesh Chawla,
tas, João Cordeiro passou em revista
aceitação do compromisso. Tempos
reportou-se ao anterior congresso,
cada uma das ofensivas ministeriais
em que, apesar de cansados de injus-
em Outubro de 2006, quando o sector
e cada uma das respostas das farmá-
tiças e incompreensões, os sócios da
vivia simultaneamente confrontado
cias. Numa primeira fase, tentaram
ANF mantiveram a força, o querer e o
com ameaças e oportunidades, fruto
destruir o sector pelo elevado mon-
ousar. A nível individual, nas suas far-
daquilo que classificou como o lema
tante das dívidas ao sector. Mas as
mácias, optimizando a capacidade de
da política do governo – “destruir o
farmácias organizaram-se e ultrapas-
intervenção, frequentando cursos de
cartel das farmácias”.
saram a asfixia financeira, com a cen-
formação, renovando e dignificando as
“Nada parecia deter a fúria reformadora
tralização dos pagamentos na ANF,
suas instalações, apostando na robóti-
do Ministério da Saúde quanto à legis-
o apoio da banca e o recurso bem
ca. Mas a nível colectivo também não
lação farmacêutica, muito preocupado
sucedido aos tribunais. A estratégia
ficaram ancorados no passado: perse-
com a urgência da reforma e pouco
seguinte visou proibir a centralização
guiram a modernização e o crescimen-
preocupado quanto aos seus funda-
dos pagamentos e a impor o relacio-
to, alterando os estatutos, adaptando-
mentos e às suas consequências”. A
namento directo entre o ministério
os à nova realidade, aumentando o pa-
liberalização impôs-se então “como
e as farmácias. Contudo, o sector re-
trimónio, diversificando e reforçando o
um dogma”, com os responsáveis mi-
agiu com grande demonstração de
universo empresarial.
nisteriais indisponíveis para ouvir fosse
unidade, delegando poderes na ANF Farmácia Portuguesa | 13
congresso anf
João Cordeiro, Presidente da ANF; Mukesh Chawla, Banco Mundial; Maria de Belém Roseira, Comissão Parlamentar de Saúde; David da Hora Branco, Presidente da mesa da Assembleia Geral da ANF
Maria de Belém Roseira, Comissão Parlamentar de Saúde; David da Hora Branco, Presidente da mesa da Assembleia Geral da ANF
e criando uma solução alternativa a
para as farmácias foi concretizado
realidade, acolhendo – ao abrigo de
um modelo que, no passado, se reve-
com rapidez, com falta de equilíbrio
uma alteração estatutária – os novos
lara desastroso. O fim do acordo não
e de bom senso nas soluções, inde-
proprietários de farmácia não farma-
foi, assim, “como alguns pensaram e
pendentemente da sua complexida-
cêuticos.
tanto desejaram”, o fim da ANF. Mas
de e consequências; e o que poderia
Neste ponto, João Cordeiro deixou
– sublinhou – o ódio permaneceu. E
ser compensador foi sempre enten-
claro que a sua posição foi sempre
levou a nova ofensiva – tentar des-
dido como muito complexo, care-
contrária à liberalização da proprie-
truir o sector pela via legislativa. Sem
cido de estudos e não passou ainda
dade e que, hoje como no passado,
querer saber se as farmácias funcio-
da fase de preparação. “Estou hoje
entende que a sua atribuição exclu-
navam bem ou mal, com qualidade
muito desiludido com a forma como
siva ao farmacêutico é garantia de
ou sem ela, no interesse ou não das
o compromisso tem sido imple-
independência no exercício profis-
populações, o governo enveredou
mentado”, admitiu o presidente da
sional. Porém, também entende que
pela liberalização da propriedade.
Associação. Não obstante esta estra-
é do interesse de todos que farmacêu-
Ainda assim, a ANF insistiu no diálo-
tégia, os vaticínios mais pessimistas
ticos e não farmacêuticos trabalhem
go e dele emergiu o Compromisso
não se concretizaram e as farmácias
em conjunto na defesa colectiva de
com a Saúde.
sobreviveram, unidas como sempre.
interesses que são comuns.
O sector empenhou-se nesse com-
Mantiveram a supremacia no domí-
Foram circunstâncias extraordina-
promisso, reconhecendo que cons-
nio dos medicamentos não sujeitos
riamente adversas as dos últimos
tituía um importante desafio mas
a receita médica, afirmando-se pela
três anos. Mas o sector resistiu, re-
acreditando na sua implementação
qualidade dos serviços prestados e
forçando a unidade, redefinindo a
equilibrada. Não foi, porém, o que
pela credibilidade junto das popula-
política associativa e lançando as
aconteceu: o que era penalizador
ções. E souberam adaptar-se à nova
bases de um novo modelo de far-
14 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
mácia de oficina. Preparando, afinal,
sionais fortes, empenhadas e moti-
mente essencial num país com tantas
o futuro, um futuro certamente dife-
vadas, com projectos profissionais e
assimetrias”.
rente mas no qual as farmácias con-
associativos de sucesso.
Para a ex-ministra, o papel das farmá-
tinuarão a ocupar uma posição de
Na sua opinião, os farmacêuticos
cias no futuro – tema, aliás, do con-
relevo no sistema de saúde.
constituem uma classe de profissio-
gresso – tem de estar em permanen-
Aos farmacêuticos, o presidente da
nais de saúde que, há décadas, tem
te questionamento, mas no sentido
ANF deixou uma mensagem de op-
sabido encontrar o seu papel enquan-
de que acompanhe as expectativas
timismo: “Continuo a ter muita con-
to peça do sistema, aprofundando a
dos cidadãos e as preocupações da
fiança no nosso futuro”: “Com unidade,
formação, desenvolvendo programas
classe, reforçando a sua importância
determinação, sentido de responsa-
de qualidade, perseguindo princípios
e desencadeando comportamentos
bilidade, confiança e capacidade de
deontológicos, numa postura que é
similares nos outros grupos profissio-
organização, acredito em melhores
“merecedora de reconhecimento por
nais da Saúde.
dias para as farmácias portuguesas”. E,
parte da sociedade portuguesa”.
Entende Maria de Belém Roseira que
à luz das sucessivas crises que o sector
A actual deputada – eleita pelo
há várias formas de encarar o exer-
tem enfrentado e vencido, deixou uma
Partido Socialista – sustentou ain-
cício profissional e o exercício asso-
outra mensagem fundamental para o
da que as farmácias têm desem-
ciativo. A sua é de acompanhar e es-
futuro da classe e da profissão: “Só po-
penhado um papel inquestionável
timular o investimento na força dos
demos e devemos contar connosco”.
em Portugal. Além da confiança em
corpos de profissionais de saúde, por
termos de qualidade profissional, há
acreditar que “orientar a acção no
uma mais-valia que não é contabili-
sentido de retirar força a quem a tem
zada do ponto de vista económico –
é um exercício de energia negativa”:
a relação afectiva com os clientes: “Só
“É mais interessante ter gente activa,
quem andar muito distraído é que
empenhada, mobilizada e até ousada
não reconhece a importância desse
no exercício da sua profissão do que
À sessão de abertura do 9º Congresso
papel, sobretudo quando as crises
estar a estimular quem não tem ener-
Nacional das Farmácias presidiu a
sociais são graves”.
gia, capacidade, vontade, num esfor-
ex-ministra da Saúde Maria de Belém
“A generosidade, a capacidade de
ço incapaz de produzir resultados”.
Roseira, na qualidade de presidente
ajudar pessoas em situação de vulne-
Esta postura leva-a a “encarar com
da Comissão Parlamentar de Saúde
rabilidade que procuram a farmácia,
toda a tranquilidade o papel que
da Assembleia da República. Numa
que vêem no farmacêutico um ami-
uma associação forte pode ter”. “Não
intervenção em que defendeu a
go, é um papel que normalmente
é – sublinhou – uma vulnerabilidade,
importância de haver classes profis-
não é valorizado, mas que é absoluta-
é uma potencialidade”.
“Retirar a força a quem a tem é exercício de energia negativa”
os
20 08
Farmácia Portuguesa | 15
congresso anf Conferência de abertura
A (in)sustentabilidade do sistema de saúde
Mukesh Chawla, Banco Mundial
“Sistemas de saúde e o seu financia-
sustentabilidade – surge?
enquanto sistema está a crescer em
mento” – foi este o tema proposto a
A questão coloca-se antes de mais
valor absoluto e relativo.
Mukesh Chawla, reputado especialis-
porque as despesas continuam a cres-
Face a este panorama, todos os países
ta do Banco Mundial, para a conferên-
cer – e crescer devido à pressão de-
empreenderam reformas no financia-
cia de abertura do 9º Congresso das
mográfica, à longevidade que implica
mento da saúde. Mas, apesar disso,
Farmácias. Um tema que o próprio
novas doenças, novos tratamentos,
continuam a lutar para sobreviver,
reconheceu ser dos mais fascinantes e
novas tecnologias, exigências cres-
para manter o equilíbrio. Com a crise
em torno do qual levantou uma ques-
centes para recursos diminutos. O
financeira em curso, são previsíveis
tão essencial: “Porque é sempre sobre
que se sabe – disse – é que a quanti-
quebras dramáticas nos rendimentos,
a saúde que esta questão – a da (in)
dade de dinheiro gasto com a saúde
quer dos governos (através dos im-
16 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
postos), quer dos indivíduos (salários).
eficientes, nem eficazes” – é a única
queza global. E a questão é – valerá a
E, sabendo que a crise não vai desa-
conclusão possível.
pena gastar um quinto dos rendimen-
parecer amanhã, são muitas as razões
Centrando-se nas despesas com a saú-
tos na saúde? É dinheiro que não se
para se estar preocupado.
de, Mukesh Chawla procurou desmisti-
gasta noutras coisas... A consequência
A primeira das razões que este espe-
ficar as suas reais causas – não a demo-
poderá ser a polarização dos sistemas
cialista do Banco Mundial apresentou
grafia, nem os novos medicamentos e
(“talvez não tanto em Portugal, por-
prende-se precisamente com o cresci-
tecnologias, nem os salários, mas sim
que existe o SNS”). E, com a divisão
mento das despesas com a saúde face
o desperdício, políticas inadequadas,
entre quem pode pagar e quem não
à riqueza dos países. E a questão que
incentivos errados, má gestão e má
pode, geram-se desigualdades sócio-
se coloca é - o que pode ser feito, in-
governação da saúde. “Não sabemos
económicas que separam os ricos e os
dividual e colectivamente, para conter
gerir os recursos”, concluiu.
pobres, os novos e os velhos, fazendo
estes gastos?
Contudo, não se houve falar em má
com que o conceito de solidariedade
Um segundo motivo para preocupa-
gestão, mas na necessidade de mais
perca o sentido.
ção tem a ver com a eficiência. Não há
recursos. Mas – questionou – “precisa-
Com a perspectiva deste futuro,
dúvida de que a maior parte dos siste-
remos mesmo de mais dinheiro para
Mukesh Chawla deixou um desafio:
mas está a gastar demasiado face aos
a saúde?” Ou “precisaremos de o ge-
olhar para o presente antes que seja
resultados (insatisfatórios) que obtém.
rir melhor, com políticas e incentivos
demasiado tarde. E, no presente,
Assim sendo, o que pode ser feito para
adequados?”.
equacionar que talvez não esteja a
aumentar a eficiência dos sistemas de
Com estas dúvidas por responder,
ser feito o suficiente para garantir a
saúde?
o especialista projectou um cenário
sustentabilidade do sistema.
A preocupação justifica-se por um ter-
para 2050. Cheio de boas notícias: a
E o que se pode fazer? Partilhar com
ceiro motivo – a eficácia. Os contrastes
esperança de vida será de 96 anos;
os doentes a responsabilidade finan-
gritantes nos indicadores de saúde,
os indicadores económicos, como o
ceira pelo consumo de bens e servi-
como a taxa de mortalidade, entre
PIB, serão substituídos pelo Produto
ços de saúde, penalizar os comporta-
países sugerem que há uma grande
Nacional de Felicidade, que mede a
mentos de risco, aplicar os princípios
falta de eficácia nos serviços de saúde.
saúde em vez da riqueza e que esta-
económicos à produção e forneci-
Algumas das diferenças são fáceis de
rá no seu máximo; a satisfação geral,
mento de serviços de saúde, reforçar
entender, podendo ser atribuídas, por
medida pelo Indicador do Progresso
o papel dos governos na definição
exemplo, à falta de recursos.
Genuíno, será elevada.
e na fiscalização do sistema – estas
Mas, e na própria Europa, como se ex-
A má notícia é que as despesas com
foram algumas sugestões deixadas
plicam?
a saúde continuarão a subir, apro-
para reflexão. “É preciso pensar dife-
“Estamos a gastar demais, não somos
ximando-se dos 20 por cento da ri-
rente”.
os
20 08
Farmácia Portuguesa | 17
congresso anf Conquistar a Mudança
Farmácias portuguesas no bom caminho
Esta é a conclusão que se retira das intervenções que deram corpo ao segundo painel do congresso, subordinado ao tema “Conquistar a Mudança”. Uma conclusão à luz das tendências actuais do mercado farmacêutico, da experiência de países como os Estados Unidos e da estratégia que tem vindo a ser delineada para as farmácias de oficina em Portugal. 18 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
A mudança foi o denominador co-
to, mas, no que à Europa diz respei-
ainda têm um elevado potencial
mum a este 9º Congresso Nacional
to, esse crescimento está em declí-
de crescimento, na medida em que
das Farmácias e sobre ela se situou,
nio: apenas nos chamados países
ainda há países onde a penetração
em particular, o I painel, subordinado
emergentes (do Leste) cresce a um
é pequena. E vai crescer menos em
precisamente ao tema “Conquistar a
ritmo de dois dígitos (numa média
países onde haja medidas regulado-
Mudança”.
de 10,3%), com os países de média
ras, como os preços de referência, e
A moderação esteve a cargo do ex-
dimensão a apresentarem uma taxa
mais onde o doente assuma a maior
bastonário da Ordem dos Farma-
de 6% e os principais cinco merca-
fatia da despesa.
cêuticos e ex-presidente do Infar-
dos a ficarem abaixo, nos 5,3%.
Um desafio importante está no hori-
med, José Aranda da Silva, que,
Tal como na Europa, também a nível
zonte: no prazo de cinco anos, o fim
numa breve introdução, começou
mundial os principais mercados es-
de patentes abrirá uma oportuni-
por fazer suas as palavras do poeta
tão a contribuir menos para o cres-
dade excepcional para a contenção
Fernando Pessoa para sublinhar que
cimento, por oposição com as sete
de gastos, avaliada em 128 mil mi-
“não há futuro sem memória do pas-
regiões emergentes (Índia, China,
lhões de dólares em vendas. É uma
sado”. É que – disse – “temos de sa-
Brasil, México, Turquia, Rússia e
oportunidade para os genéricos, tal
ber onde estamos, o que nos condi-
Coreia do Sul).
como acontece já com os biosimila-
ciona e quais as oportunidades que
Este é um crescimento proveniente
res, com uma penetração significati-
a mudança vai trazer”.
de segmentos de mercado não tra-
va em países como a Alemanha.
dicionais, já não influenciado pelos
Eddy Glissen recorreu também à
cuidados primários nem pelos ge-
Alemanha para evidenciar os bene-
néricos, mas pelos medicamentos
fícios de uma política de contrato –
de especialidade. Os genéricos con-
são seleccionados os fornecedores
E o que condiciona o sector da far-
tinuam a crescer é certo, mas tam-
mais baratos, sendo que apenas os
mácia e do medicamento é, desde
bém aqui se assiste a uma mudança:
medicamentos abrangidos pelo sis-
logo, o mercado farmacêutico. E foi
é que crescem menos em valor do
tema são comparticipados, o que
precisamente sobre as tendências
que em volume, constituindo 15%
tem conduzido a um decréscimo
e dinâmicas actuais que se pronun-
do mercado global em valor e 30%
acentuado dos preços.
ciou Eddy Glissen, da IMS.
em volume. Ainda assim, na opinião
O mercado está a mudar também ao
O mercado continua em crescimen-
do orador, estes medicamentos
nível da distribuição e da dispensa:
Mercado em redefinição
os
20 08
Farmácia Portuguesa | 19
congresso anf Os medicamentos constituem apenas uma pequena percentagem da despesa global com a saúde; os medicamentos inovadores acrescentam valor aos doentes, à economia e à sociedade.
novos modelos emergem – a distri-
dar respostas. Entendendo a inova-
micos. Neste contexto, qual o papel
buição directa, a importação parale-
ção como um contínuo, definiu-a
dos farmacêuticos? Para Tamas Suto,
la, o canal único. E se a distribuição
como um processo através do qual os
os farmacêuticos são os profissionais
tradicional quiser sobreviver terá
avanços na ciência dos mecanismos
de saúde melhor colocados para re-
de mudar o seu funcionamento de
moleculares básicos são constante-
colher e fornecer informação sobre
negócio, quer expandindo-o, quer
mente traduzidos em melhorias.
o valor dos novos medicamentos e
através da integração a jusante e a
Em defesa da inovação, rebateu os
a sua relação benefício-custo num
montante.
críticos que a apontam como uma
ambiente real. Essa informação é
A própria dispensa terá de ser mais
das razões para o crescimento do
essencial para uma avaliação mais
multifacetada,
por
custo dos medicamentos e para as
abrangente do verdadeiro valor da
caminhos como a internet, a dose
despesas com a saúde. Contudo, a
inovação. E essa avaliação – defen-
unitária. E a excelência – frisou –
Amgen acredita que a inovação em
deu – deve ser feita em colaboração
prevalecerá como elemento diferen-
medicamentos é parte da solução e
por governos, pagadores privados,
ciador.
não o problema: os medicamentos
prestadores de cuidados de saúde
constituem apenas uma pequena
e produtores, de modo a melhorar o
percentagem da despesa global
acesso aos novos tratamentos e me-
com a saúde; os medicamentos
dicamentos, a uma melhor gestão
inovadores acrescentam valor aos
dos custos e, em última instância, a
Implícita na intervenção do especia-
doentes, à economia e à sociedade.
compensar a inovação.
lista da IMS, a influência da inovação
Não obstante, o valor da inovação
no mercado foi desenvolvida pelo
farmacêutica não é completamente
orador seguinte, Tamas Suto, direc-
reconhecido.
tor médico executivo da Amgen,
A inovação – lamentou – é vista como
empresa líder em Biotecnologia. O
um custo e um risco e, efectivamen-
No outro extremo da indústria farma-
que é a inovação e como podem os
te, implica investimento. Mas é um
cêutica encontram-se os genéricos e
farmacêuticos influenciar o processo
investimento com claros benefícios
sobre as perspectivas de evolução
foram as questões a que procurou
a prazo, individuais, sociais e econó-
deste mercado pronunciou-se o pre-
enveredando
Inovação mal compreendida
20 | Farmácia portuguesa
Genéricos em momento difícil
30
an
19 78 •
Tamas Suto, Amgen
os
20 08
Paulo Lilaia, Apogen
sidente da Associação Portuguesa
stocks existentes no mercado dei-
de se evoluir para alguma consoli-
de Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia.
xaram algumas empresas à beira
dação, na medida em que há dema-
Mostrando-se “totalmente a favor
do estrangulamento financeiro. São
siadas (63) empresas de genéricos a
da inovação”, considerou que ela
medidas – defendeu Paulo Lilaia
operar em Portugal. É – disse – “um
não é contrária, mas antes comple-
- que comprometem o desenvolvi-
número pouco realista” e será “ine-
mentar aos genéricos, sustentando
mento de um mercado que levou
vitável a consolidação”. Com bene-
que aquilo que se poupa com os ge-
tempo a consolidar-se, mas que até
fícios também para as farmácias,
néricos permite investir em medica-
2007 estava a crescer a bom ritmo.
nomeadamente ao nível da gestão
mentos inovadores; por outro lado,
Comprometem também o controlo
de stocks.
a existência destes medicamentos
das despesas com a saúde e, com
Voltando ao contexto actual do
abre a porta a novos genéricos a
elas, a sustentabilidade do sistema.
sector, considerou que se vive um
partir do momento em que a sua pa-
O presidente da Apogen admite que,
ambiente de grande incerteza que
tente expira.
quem paga, sai a ganhar, quer sejam
torna difícil planear a actividade.
Não é, pois, a inovação que ameaça a
os doentes, quer seja o Estado.
Desde logo, incerteza quanto à po-
indústria de genéricos, mas sim me-
É, aliás, esse efeito de poupança o
lítica do medicamento (aproximam-
didas como as que, em Outubro, im-
maior mérito dos genéricos, o que
se eleições): haverá mais reduções
puseram uma nova descida de pre-
demonstrou com sucessivos exem-
de preços? Caminhar-se-á para a
ços, desta vez de 30%. Dificuldades
plos comparativos.
comparticipação por valor fixo? Que
em reduzir despesas num curto
Caracterizando o mercado, manifes-
incentivos para os genéricos? Como
espaço de tempo e em esgotar os
tou a opinião de que, a prazo, terá
evoluirá o processo em torno do Farmácia Portuguesa | 21
congresso anf
os “tempos da boa vida”, como os classificou. Mas, a partir de 1970, este cenário mudou: o mercado farmacêutico cresceu rapidamente, a propriedade múltipla tornou-se a norma, a concorrência intensificouse, as cadeias passaram a dominar o
Donald Hoscheit, Hoscheit Consultants
mercado de MSRM e 65 a 70% das farmácias independentes fecharam. Os sobreviventes modernizaram as “patent linkage” (vinculação a pa-
ao longo dos anos que, connosco, o
suas farmácias, informatizaram-nas
tentes)? São pergunta sem resposta,
que podem é aprender o que não fa-
e investiram em formação, no do-
com Paulo Lilaia a deixar, porém,
zer, é aproveitar a oportunidade de
mínio profissional e da gestão. Mas
uma certeza: é que é necessário que
evitar os nossos erros”.
a maioria nada fez – não acrescen-
a quota de genéricos atinja os 50%
São erros que remontam ao período
tou valor profissional aos serviços,
para que a despesa seja controlada
entre 1930 e 1970, caracterizados
não evoluiu para um modelo de far-
e o sistema seja sustentável.
pela possibilidade de multi-pro-
mácia especializada, não expandiu
priedade por farmacêuticos, mas
o leque de produtos, não investiu
também por empresas, pelo início
em tecnologia nem na melhoria das
Erros a não cometer
das farmácias nos supermercados,
instalações. Foi “a fórmula para o fra-
A realidade europeia sofre, com fre-
pela ausência de restrições geográ-
casso”. E o resultado: a perda de 80%
quência, a influência norte-america-
ficas, pela expansão para a venda de
do mercado.
na. Mas, no que respeita ao sector
MNSRM e de produtos não farma-
Donald Hoscheit tem uma explica-
da farmácia e do medicamento, os
cêuticos.
ção para este fenómeno: a falta de
Estados Unidos não são um exemplo
A mudança foi gradual e a com-
unidade, de uma organização unifi-
a seguir. E quem o disse claramente
petição lenta. Os proprietários vi-
cada, de uma voz que os unisse, de
ao congresso foi Donald Hoscheit,
viam satisfeitos. As farmácias eram
uma liderança.
consultor: “Cometemos tantos erros
um negócio bem sucedido. Eram
Actualmente, o mercado farmacêu-
22 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
O mercado farmacêutico não é, naturalmente, imune à mudança, assistindo-se a um abrandamento do crescimento, à perda de importância do mercado de clínica geral por oposição ao mercado nas classes de especialidade e biotecnologia.
tico norte-americano é caracteriza-
unidade: “O mais importante, o que
custos, mas também pela desregu-
do, por um lado, pela existência de
devem preservar é a unidade. Se se
lamentação e pela emergência de
três grandes cadeias, que se insta-
dividem, perdem. Se ficarem unidos,
novos canais e novos operadores,
lam e funcionam segundo critérios
têm uma oportunidade única”, foi a
num ambiente de concorrência.
de conveniência, com preços muito
mensagem e o repto que deixou aos
O mercado farmacêutico não é, na-
competitivos e um nível mínimo de
congressistas.
turalmente, imune à mudança, as-
serviço. Do outro lado estão as farmácias independentes, que desenvolveram serviços e nichos de mer-
Um programa que protege as farmácias
cado, que apostaram no aconselha-
sistindo-se a um abrandamento do crescimento, à perda de importância do mercado de clínica geral por oposição ao mercado nas classes de es-
mento e na informação, na gestão
E foi exactamente com o olhar da
pecialidade e biotecnologia. E esta é
da doença e na monitorização da
farmácia portuguesa que encerra-
– frisou – uma tendência importante
terapêutica, entre outros. Um tercei-
ram as intervenções deste primeiro
para a definição de uma estratégia
ro sector é constituído por farmácias
painel, na pessoa do vice-presidente
para a farmácia de oficina.
especializadas (oncologia, fertilida-
da ANF João Silveira. “A visão da
Na linha de intervenções anteriores,
de, dor, etc).
farmácia” era o tema em foco, com
sintetizou as tendências no merca-
As farmácias portuguesas – frisou
João Silveira a sublinhar que esta
do de medicamentos inovadores
– apresentam neste momento al-
não é uma visão estática, antes dinâ-
(em crescimento, com a vertente
gumas vantagens: uma relação com
mica, que tem vindo a ser construída
de distribuição hospitalar a ganhar
o utente/doente assente na proxi-
e até impulsionada pelos tempos de
peso), de genéricos (com mais molé-
midade, uma atitude de mudança,
mudança. Mudança enformada pe-
culas e mais unidades, por um lado,
criatividade, informação assente na
los novos contornos dos sistemas
e menores preços, por outro) e de
tecnologia, apoio profissional, em-
de saúde, do seu financiamento e
OTC (estável, com novas mudanças
presarial e político. E, acima de tudo,
da necessidade de contenção de
de estatuto e a distribuição fora das Farmácia Portuguesa | 23
congresso anf
promovidos pelo CEFAR. Os custos
acontece por acaso”. A visão que
do desperdício são conhecidos e
João Silveira apresentou ao con-
medem-se em insucesso terapêu-
gresso é a da farmácia como centro
tico, cuidados de saúde adicionais,
de prevenção e terapêutica, com
quebra de produtividade.
aconselhamento activo, dispensa
Neste cenário, impõe-se uma mu-
activa de medicamentos e serviços
dança de perspectiva ao nível da
farmacêuticos – quatro eixos de de-
avaliação das decisões em saúde
senvolvimento que a orientam cada
(que deve ser crescente), dos pres-
vez mais para a pessoa e a saúde e
critores (com a transição de decisores
menos para a doença. Criar valor na
para executantes nalgumas áreas),
cadeia dos cuidados de saúde e na
dos doentes (cada vez mais exigentes
cadeia do medicamento é, em sínte-
no acesso à inovação), da distribuição
se, o objectivo.
(com canais alternativos e comple-
E é neste quadro que surge o pro-
mentares) e dos pagadores (por via de
grama Farmácias Portuguesas. Que
uma maior capacidade de controlar e
se propôs reforçar a diferenciação,
farmácias). Em Portugal, o mercado
gerir a despesa). As farmácias não são
a qualidade e o desenvolvimento
de ambulatória ainda domina, mas
alheias a este novo modelo, que lhes
de serviços, bem como melhorar a
é o hospitalar que regista o maior
abre grandes perspectivas.
acessibilidade, a pró-actividade, o
crescimento.
Um modelo em que o doente/con-
ambiente da farmácia, o leque de
E no que respeita ao mercado far-
sumidor será a chave do desenvol-
produtos de saúde, os serviços e o
macêutico João Silveira defendeu
vimento, o que deixa as farmácias
atendimento especializado.
a importância de não olhar apenas
numa situação privilegiada – pela
Como? Criando uma marca, de que
para o valor absoluto da factura, mas
proximidade, pela confiança, pela
o cartão é apenas um instrumento.
cada vez mais para os ganhos que se
organização, pela rede de compe-
Porque o Programa é muito mais:
obtêm com esse valor. E, a propósi-
tência, pela rede tecnológica. São
é como um chapéu-de-chuva que
to, destacou os desperdícios gera-
características diferenciadoras face a
protege as farmácias, que lhes dá as
dos pela não adesão à terapêutica,
outros profissionais de saúde: “Uma
ferramentas para o seu desenvolvi-
citando, nomeadamente, estudos
vantagem que soubemos criar, não
mento profissional e empresarial.
João Silveira, Vice-Presidente da ANF
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os
20 08
Farmรกcia Portuguesa | 25
congresso anf Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança
Preservar valores e mudar estratégias
É da conciliação entre os valores que sempre enformaram a
“Organização da farmácia num am-
estratégias e dando válidos contribu-
biente de mudança” foi o tema propos-
tos para que os governantes possam
inflexão de rumo nas estratégias
to para o segundo painel do congresso.
desenvolver melhores políticas na área
Um tema enriquecido com o contribu-
da saúde, em geral, e do medicamento,
que reside o “segredo” para
to de diferentes especialistas e abor-
em particular.
dado do ponto de vista do marketing,
O momento actual é, inequivoca-
da sustentabilidade económica e do
mente, de mudança, devido à política
ambiente de mudança. Sabendo
desenvolvimento profissional.
governamental para o sector, mas é
que a evolução implica riscos,
A moderação foi da responsabilidade
também um momento de olhar para
do presidente da Delegação Centro
o futuro sem nostalgia: “O passado fica
mas que nenhum é maior do
da ANF, Miguel Silvestre, cujas palavras
para a História. Estamos aqui hoje para
foram no sentido de enfatizar como as
preparar o futuro”, foi a mensagem
que a inércia.
farmácias têm sabido organizar-se ao
que Miguel Silvestre deixou aos con-
longo dos últimos 20 anos, definindo
gressistas, enquadrando o programa
profissão farmacêutica e a
organizar a farmácia no actual
26 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Simon Silvester, Wunderman
Farmácias Portuguesas como a respos-
clientes. Estratégias como aquilo que
ção. O preço está, tradicionalmente,
ta ao ambiente hostil com que o sector
designou como “smart distribution” – a
no centro das estratégias comerciais.
foi confrontado.
elevada rotatividade dos stocks, visível
As lojas de desconto, em que todos os
sobretudo nas lojas de roupa, em que
produtos têm o mesmo valor, são disso
Reinventar para enfrentar a mudança
já não há uma colecção que prevalece
o exemplo mais disseminado, mas há
uma época inteira, mas subcolecções
outros e mais agressivos que procuram
que vão sendo substituídas regular-
fidelizar clientes garantindo os preços
E num ambiente de mudança novos
mente.
mais baixos.
desafios se colocam, naturalmente, à
Outra técnica prende-se com o con-
É uma questão de atitude. Perante a
organização da farmácia. O recurso de
ceito de “fewer better people”: a di-
mudança, há que reagir, reinventar-se
ferramentas como o marketing é um
minuição dos recursos humanos, com
a si próprio. E foi essa a mensagem que
deles e foi sobre esse ângulo que inci-
a entrega de determinadas tarefas a
Simon Silvester deixou às farmácias.
diu a intervenção do director executi-
máquinas, e a alocação das pessoas a
vo da Young&Rubicam/Wunderman,
um atendimento de maior qualidade.
Simon Silvester. Numa abordagem bas-
O exemplo paradigmático é a banca.
tante gráfica sobre o ponto de venda,
Ou ainda a ideia de que “less is more”:
começou por demonstrar como pouco
poucos produtos atraem mais pesso-
O investimento no desenvolvimento
mudou em dois mil anos de civilização:
as e, sobretudo, pessoas interessadas
e na qualidade profissional é, de certa
entre uma loja de Pompeia e uma loja
nesses produtos. É assim no gigante da
forma, também uma questão de atitu-
actual, a organização do espaço e a
informática Apple.
de, assumida colectivamente como for-
disposição dos produtos são mais se-
Cada vez mais, é preciso inventar novas
ma de antecipar a mudança. Isso mes-
melhantes do que se poderia imaginar.
formas de atrair clientes: das mais bási-
mo decorreu da intervenção de Helena
Foi a Internet que gerou a grande mu-
cas, como oferecer zonas de wi-fi gra-
Amado, proprietária e directora técnica
dança, ainda que, ao contrário do que
tuito, às mais sofisticadas, como criar
da Farmácia Luciano e Matos.
se vaticinava, não tenha posto fim aos
centros incónicos em que os produtos
Depois de enquadrar o contexto ac-
pontos de venda tradicionais.
não se vendem, antes são desfrutados
tual do sector, lançou uma questão:
Para Simon Silvester, as mudanças fun-
pelos potenciais clientes. Ou conce-
“Qual o desenvolvimento e futuro das
damentais não estão à superfície, na
bendo centros comerciais de luxo, com
farmácias portuguesas?”. Entendendo
arquitectura ou na estética. Estão nas
lojas exclusivas. Ou ainda integrando
o farmacêutico como um profissional
estratégias para cativar e manter os
informação nos sistemas de navega-
de saúde liberal, que na sua activida-
Pelo reconhecimento do acto farmacêutico
Farmácia Portuguesa | 27
congresso anf
de exerce também actos de natureza
ambiente de consciência profissional
empresarial e comercial, reconheceu
e sentido do dever, é indissociável de
que uma evolução nas duas direcções
uma liderança assente na comunica-
pode ser contraditória mas é necessá-
ção, capaz de criar sinergias.
ria. Na sua opinião, a farmácia é, antes
Não há evolução sem risco
de mais, uma empresa que presta um serviço público e o farmacêutico um profissional de saúde, mas também um gestor.
Helena Amado, Farmácia Luciano e Matos
Sinergias que são tanto mais importan-
Uma realidade – disse – claramente re-
tes quanto é necessário fazer mais com
forçada pela forma como os farmacêu-
menos recursos. Assim é num ambien-
ticos portugueses estão organizados,
sociados à dispensa do medicamento
te de mudança em que a sustentabi-
quer enquanto classe profissional, quer
– actos que não são identificados pelo
lidade económica da farmácia é uma
como o modelo de farmácia que pre-
público. É neste sentido que – defen-
questão cada vez mais pertinente. Foi
conizam, com a actividade centrada no
deu – o sector deve evoluir, integrando
precisamente sobre os desafios neste
doente. E, neste âmbito, o futuro passa
o desempenho do farmacêutico numa
domínio que se pronunciou o director
pelo envolvimento do farmacêutico na
organização estruturada em que cada
da ANF Luís Matias.
comunidade, dando o seu contributo
profissional de saúde tem a sua função,
Num contexto de crise global, as farmá-
profissional e desenvolvendo parcerias
responsabilidades e actividades bem
cias de oficina em toda a Europa enfren-
de colaboração com os seus pares e ou-
definidas e identificadas. E as farmácias
tam uma série de desafios que colocam
tros profissionais de saúde, no sentido
portuguesas, “pela sua acessibilidade e
em causa o modelo tradicional de ne-
de ir de encontro às necessidades da
desempenho de excelência reconheci-
gócio. É a organização dos sistemas de
população.
do a todos os níveis, têm demonstrado
saúde que está em equação, não só
Helena Amado lamentou que, apesar de
estar aptas para terem o seu espaço
por imperativos de racionalidade eco-
o farmacêutico ser reconhecido e apre-
neste enquadramento”.
nómica ou de mudanças tecnológicas
ciado como um profissional de saúde, o
Ao farmacêutico compete promover
e científicas, mas igualmente porque
acto farmacêutico não seja entendido e
equipas altamente qualificadas e mo-
o cidadão quer melhor saúde, mais
valorizado como um acto de um profis-
tivadas, reforçar a promoção das prá-
transparência e informação. São desa-
sional de saúde. O desejável seria que a
ticas de qualidade e segurança, definir
fios sentidos com particular acuidade
remuneração das farmácias e do farma-
e orientar as necessidades de formação
no sector farmacêutico em Portugal.
cêutico não proviesse exclusivamente
da sua equipa para que possa disponi-
Mas, Luís Matias mostrou-se convicto
da margem comercial, mas de todos os
bilizar um serviço eficaz e competen-
de que “as crises também têm um lado
actos de carácter técnico-científico as-
te. Formar e motivar a equipa, num
virtuoso: o de estimular a procura de
28 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
soluções para os problemas”. As novas
erros é preferível à inércia”. Até porque
exigências – preconizou – potenciam
não há evolução sem risco.
a necessidade de uma liderança forte,
Como evoluir então numa realidade
competente e criativa que envolva a
em mudança? Uma primeira premissa
todos, mas também obrigue individual-
envolve o carácter dual da actividade
mente a uma adaptação aos desafios e
da farmácia: missão social ou activida-
à concorrência, à necessidade de saber
de empresarial, unidade de saúde ou
gerir a mudança, através do desenvolvi-
espaço comercial. Para Luís Matias,
mento de novas estratégias, à alteração
esta dualidade não pode ser fractu-
de valores e hábitos e à aprendizagem
rante, devendo a farmácia assumir-se
de novas formas de operar. “Estaremos
como uma empresa que presta um
então perante um novo paradigma na
serviço de utilidade pública. E assim
é percepcionada e a sua posição no
saúde e na farmácia?”.
sendo importa assumir que, quer a ac-
sistema de cuidados de saúde, tornan-
Essa nova realidade é enformada pelas
tividade empresarial, quer o exercício
do-a mais competitiva, mais atractiva
medidas políticas e legislativas dos últi-
da profissão farmacêutica partilham a
para o consumidor e, sobretudo, mais
mos anos, mercê das quais o panorama
necessidade de desenvolver e melho-
necessária.
actual não se apresenta com contornos
rar continuamente padrões de serviço.
Para levar essa transformação a bom
optimistas: “Mas, como noutras ocasi-
Falhar neste campo – advertiu – pode-
porto, elegeu três pilares – o controlo
ões, estou seguro de que saberemos,
rá, não só, levar a uma actividade não
de gestão, o marketing e a diferencia-
com responsabilidade, usar a vitalidade
lucrativa, como permitir que outros
ção como estratégia. Foi neste contexto
que nos caracteriza para repor os equilí-
comecem a competir por áreas não
que enquadrou o programa Farmácias
brios que nos parecem faltar e garantir
exploradas e, acto contínuo, a absor-
Portuguesas, que – sublinhou – não
a sustentabilidade das nossas empresas
vê-las na sua esfera de competência
será a panaceia que resolverá todas as
em benefício da população que servi-
ou especialização.
necessidades, mas seguramente pro-
mos”.
Impõe-se então um novo modelo de
porcionará uma boa parte dos meios
Para isso, “é premente criar a sensibilida-
negócio, em que o farmacêutico, par-
para apoiar as farmácias e ajudá-las a
de para o facto de que a flexibilidade e a
tindo da sua função principal de dis-
atingir os objectivos. E, entre eles, o de
vontade para mudar são absolutamente
pensa de medicamentos e produtos
se manterem na linha da frente na ofer-
essenciais num ambiente competitivo”,
de saúde, progrida para lhe associar
ta de cuidados de saúde, com empresas
sabendo que “qualquer mudança estra-
a prestação de serviços. O director da
modernas, dinâmicas, competitivas e,
tégica comporta uma elevada probabi-
ANF disse acreditar que esta alteração
portanto, sustentáveis num ambiente
lidade de registar erros, mas sabendo
de posicionamento transformará defi-
concorrencial cada vez mais agressivo.
também que “estar errado e corrigir os
nitivamente a forma como a farmácia
São estes os pressupostos que devem
os
20 08
Luís Matias, Direcção da ANF
Farmácia Portuguesa | 29
congresso anf
A evidência dos ganhos sustentáveis orientar os farmacêuticos no caminho
Um contributo para a diferenciação
ca de cuidados farmacêuticos devem
a percorrer para alterar o paradigma.
provém dos cuidados farmacêuticos,
permitir alcançar resultados clínicos e
Um caminho no qual é preciso juntar à
tema da intervenção do proprietário e
económicos, a nível do indivíduo, da
credibilidade uma cada vez maior pre-
director técnico da Farmácia Adaúfe,
família e da comunidade. No domínio
paração técnica e tecnológica, inter-
Carlos Coimbra, também membro da
pessoal, os benefícios prendem-se
pretar o mercado, as necessidades e os
estrutura associativa da ANF. E, reto-
com a não progressão da doença ou
anseios do consumidor, e demonstrar
mando o tema central do painel – a
aceleração da cura, maior qualidade de
o valor acrescentado que a competên-
mudança – considerou que tem duas
vida, menor incapacidade, redução das
cia e a diferenciação confere às políti-
implicações para a farmácia – uma de
complicações evitáveis e de hospitali-
cas de saúde. Um caminho ao longo
continuidade, de optimizar aquilo que
zações não programadas. Já no cam-
do qual é preciso que as farmácias se
já se faz bem, e outra de inovação, no
po familiar, há ganhos em qualidade
mantenham mobilizadas e unidas,
assumir de uma nova atitude, novos
de vida, bem-estar e motivação. E no
persistindo na busca da integração e
papéis, novas funções. Foi nesta se-
que respeita à comunidade, diminui o
do reconhecimento da prestação far-
gunda perspectiva que integrou os
absentismo laboral, aumenta o rendi-
macêutica como estruturante numa
cuidados farmacêuticos, definindo-os
mento, reduzem-se custos, libertando
adequada política de cuidados de
como estando para além de uma boa
recursos humanos e financeiros que
saúde. É no momento actual, caracte-
dispensa e de um bom atendimento.
podem ser novamente aplicados na
rizado pela redefinição – exortou – que
Na sua óptica, idealmente, todas as
saúde.
as farmácias e os farmacêuticos devem
pessoas que vão à farmácia deviam
De acordo com Carlos Coimbra, há
agir: “O custo da espera pode ser de-
beneficiar de cuidados farmacêuticos
evidência de que o contributo da far-
masiado elevado para ser ignorado.
e é nessa direcção que a farmácia deve
mácia produz ganhos sustentáveis em
Pode ser a diferença entre sobreviver
caminhar. Um caminho naturalmente
termos de saúde e de economia para
ou florescer num modelo mercantil
progressivo e que, neste fase, se deve
as pessoas, as famílias e as comunida-
que nos é imposto e no qual teremos
concentrar num conjunto de grupos-
des, mas essa evidência deve ser ob-
de buscar as virtudes e anular os efei-
alvo: as pessoas que sofrem de doen-
jecto de demonstração continuada.
tos perniciosos, para bem do nosso
ças crónicas, doenças ligadas ao enve-
Para que a farmácia seja reconhecida
equilíbrio e sustentabilidade. Como
lhecimento e doenças ligadas ao estilo
como um parceiro importante. O pro-
quase sempre tem acontecido, só de-
de vida e até de solidão.
grama Farmácias Portugueses cumpre
pendemos de nós!”
A generalização e a melhoria da práti-
esse desiderato.
30 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
Carlos Coimbra, Farmácia Adaúfe
os
20 08
Dennis Helling, Kaiser Permanente
Oportunidades em tempo de crise
medicamentos e a sua utilização, bem
volvido – 8,8 milhões de doentes, 15
como para monitorizar a sua seguran-
mil médicos, nove mil farmácias em
ça e eficácia. O objectivo é o mesmo:
oito Estados – tem permitido gerir do-
Os ganhos em saúde decorrentes dos
alcançar resultados terapêuticos indi-
enças e custos.
cuidados farmacêuticos foram de-
vidualizados, zelar pela segurança dos
Voltando à ideia inicial, enfatizou que
senvolvidos pelo orador seguinte, o
doentes e tornar os medicamentos
a crise abre oportunidades aos farma-
director executivo do departamento
acessíveis. Tal como as estratégias: pro-
cêuticos, colocando-os perante novos
de Operações Farmacêuticos da Kaiser
mover o uso adequado dos genéticos,
papéis que – defendeu – devem ser
Permanente, Dennis Helling. Numa
determinar a equivalência terapêutica
assumidos em estreita colaboração
pequena nota antes do tema propria-
e fazer recomendações, promover o
com os outros profissionais de saúde.
mente dito, deu a conhecer a reacção
uso adequado dos MNSRM.
dos americanos à crise económica – no
Num contexto de crescimento dos
que respeita às farmácias, o tempo é de
custos com a saúde, esse é um papel
oportunidade na medida em que os
primordial, que deve ser aproveitado
cidadãos estão a pedir mais genéricos
tanto mais que a farmácia é a porta
Ao exemplo norte-americano seguiu-
e MNSRM, recorrem mais ao aconse-
de entrada no sistema. Dennis Helling
se o exemplo português, com a direc-
lhamento e aos serviços farmacêuticos,
deu exemplos concretos de como essa
tora da ANF Ema Paulino a versar so-
confiam mais no farmacêutico. As far-
mais-valia produz resultados, com base
bre a integração dos novos serviços no
mácias – defendeu – têm de estar pron-
em estudos promovidos nos Estados
dia-a-dia da farmácia. Na sua óptica, a
tas quando os tempos endurecem, nos
Unidos no âmbito de doenças crónicas
legislação que potencia esses novos
Estados Unidos ou em Portugal.
como a diabetes.
serviços é, simultaneamente, um pon-
E, num país como noutro, os farmacêu-
E, situando-se na experiência da sua
to de partida e um ponto de chegada –
ticos são qualificados de uma forma
empresa, demonstrou como o modelo
um ponto de chegada de muitos anos
ímpar para optimizar a selecção de
de cuidados primários por ela desen-
de investimento no desenvolvimento
Do desconforto à longevidade
Farmácia Portuguesa | 31
congresso anf
Também no paradigma da profissão
de ser integrados no dia-a-dia da
houve uma evolução: o que está em
farmácia. É toda uma engrenagem
causa actualmente é como integrar
que é preciso olear – há que adap-
o medicamento no processo de cui-
tar os fluxos de trabalho, a equipa e
dados, é como adicionar serviço à
a liderança. É preciso estar atento e
dispensa numa farmácia que se quer
identificar as necessidades, saben-
afirmar como centro de prevenção e
do que são elas que “escolhem” os
terapêutica.
cuidados e os serviços. O grande
A partir destes conceitos, Ema Paulino
desafio – advertiu – é exactamente
fez uma súmula dos serviços desen-
este: reconhecer os sinais de alerta e
volvidos em 2008 e apresentou as
acrescentar valor à intervenção, para
prioridades para 2009 – o lançamen-
garantir o sucesso.
to de novos serviços (administração
Naturalmente que a mudança leva o
de medicamentos e primeiros socor-
seu tempo, mas “está aí”. E ela acon-
ros), o lançamento de novas áreas em
tece – disse – quando é mais des-
serviços já implementados (integra-
confortável continuar a fazer a mes-
profissional e um ponto de partida
ção da osteoporose no CheckSaúde),
ma coisa do que mudar para uma
para novos campos de intervenção.
dinamização de serviços já implemen-
nova forma de fazer as coisas. “E os
É um mundo de oportunidades que
tados (gestão da terapêutica) e novas
farmacêuticos já estavam de alguma
se abre e que impõe uma flexão na
campanhas (gripe e idosos).
forma desconfortáveis com a manei-
filosofia de intervenção: o doente já
Reconheceu que a concretização destas
ra antiga de fazer as coisas”...
não está apenas no centro do proces-
prioridades pode implicar dificuldades
E para que ela seja efectiva é preci-
so de cuidados, ele lidera o seu pró-
para algumas farmácias, mas sublinhou
so preservar o que deve ser preser-
prio processo. É uma evolução que
que ajudá-las a superar os obstáculos é
vado – valores basilares, o desígnio
comporta riscos, na medida em que,
a função dos diversos departamentos
fundamental da farmácia – e mudar
por um lado, é verdade que há mais
da ANF. E frisou que é preciso que os
o que tem de ser mudado – práticas
informação, mas, por outro, também
serviços sejam aplicados, sob pena de
culturais e operacionais, objectivos
é real que se mantêm assimetrias no
não passarem de boas ideias.
específicos e estratégicos. Esse é o
acesso a essa informação.
Os novos serviços carecem, pois,
segredo da longevidade.
Ema Paulino, Direcção da ANF
32 | Farmácia portuguesa
30
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Farmรกcia Portuguesa | 33
congresso anf 30 anos da revista Farmácia Portuguesa
O imperativo de apoiar a prática na informação Nuno Vasco Lopes, Direcção da ANF; António Vaz Carneiro, Faculdade de Medicina de Lisboa
O 9.º Congresso Nacional das Farmácias decorreu
Os 30 anos decorridos desde o número 1 foram assinalados com uma conferência, na tarde de
em ano de aniversário da revista Farmácia
21 de Novembro, sob a forma de interrogação:
Portuguesa. Elemento importante da identidade
Uma questão mais do que pertinente num
“Que futuro para a informação em saúde?”.
associativa das farmácias portuguesas, há três
contexto em que a informação assume uma
décadas que é intermediária na comunicação entre
profissionais de saúde, quer dos utilizadores
a direcção da ANF e os sócios, quer na vertente política, quer na vertente técnica e profissional. 34 | Farmácia portuguesa
influência crescente nas decisões, quer dos dos cuidados e serviços de saúde. Com moderação a cargo do director da ANF Nuno Vasco Lopes, também membro da direcção da revista, foi orador António Vaz Carneiro,
30
an
19 78 •
os
20 08
António Vaz Carneiro
responsável pelo Centro de Estudos
no prognóstico e predição clínica, na
a três questões – os resultados dos es-
de Medicina Baseada na Evidência, da
causalidade, na melhoria da qualidade
tudos são válidos, os resultados são im-
Faculdade de Medicina de Lisboa. E o
e no custo-efectividade.
portantes, os resultados são aplicáveis
que levou ao congresso foi a sua visão
E a decisão clínica resulta, actualmen-
aos meus doentes? Na sua opinião, é
sobre os sistemas de informação em
te, da intercessão de três universos – a
fundamental uma triagem da evidên-
saúde, uma visão médica mas que –
relação médico/doente (condicionada
cia, dado que “a maior parte do que se
como sublinhou – é adequada a farma-
por factores culturais, pelas preferên-
publica vale zero” quando transposto
cêuticos, na medida em que parte de
cias e crenças individuais e pelo nível
para a prática.
uma base universal.
educacional), a evidência científica
Nesta transposição, identificou um pro-
A informação é aquilo que suporta a ac-
(que inclui os dados dos doentes, a
blema significativo: o hiato temporal
ção, encontrando os fundamentos para
experiência empírica e os estudos e en-
entre o momento dos estudos e o mo-
tomar umas decisões em detrimento
saios clínicos) e os constrangimentos
mento da sua aplicação por quem tem
de outras. A informação – defendeu –
(políticas de saúde, legislação, financia-
de tomar decisões clínicas. A Ciência –
permite responder à grande questão
mento, prioridades). A propósito, Vaz
disse – é de boa qualidade e aplicável,
ética que rodeia a prática clínica: que
Carneiro sublinhou que é impossível
mas a inércia do sistema impede que
actos, que produtos, porque estes e
a um médico contemplar todos estes
seja traduzida para a prática.
não aqueles?
aspectos – ter uma excelente relação
Há claros problemas de translação
O professor Vaz Carneiro apresentou as
com os doentes, ser um cientista e ser
do conhecimento, que resultam, no-
bases de um sistema individual de in-
um gestor.
meadamente, numa taxa elevada de
formação, identificando, antes de mais,
Defendeu, no entanto, que a evidên-
subtratamento dos doentes crónicos.
os contextos em que é necessária infor-
cia científica é necessária, não só para
E apresentou exemplos deste fenóme-
mação científica – essencialmente, para
a decisão clínica, mas também para a
no que considerou grave e que versam
assistência directa aos doentes e actua-
gestão e a política. Ainda que, no final,
doenças há muito integradas na inter-
lização dos conhecimentos médicos. É
sejam as pessoas a tomar decisões.
venção farmacêutica, como a diabetes
a informação que sustenta uma prática
E, no que respeita à prática clínica, essas
e a hipertensão arterial.
clínica baseada na evidência – no tra-
decisões baseadas na evidência cientí-
Na óptica do professor da Faculdade de
tamento e prevenção, no diagnóstico,
fica requerem sensatez. Para responder
Medicina de Lisboa, distinguem-se esFarmácia Portuguesa | 35
congresso anf
Os riscos da era virtual sencialmente duas fontes de informa-
Na sequência da conferência do pro-
Há um “enorme cuidado” em tornar
ção – as que apoiam a decisão clínica
fessor Vaz Carneiro, a informação em
a informação disponível para os pro-
em tempo real, na presença do doen-
saúde continuou em foco, através
fissionais de saúde, o que a Merck faz
te, permitindo respostas imediatas,
das diferentes perspectivas daqueles
de forma autónoma através da sua
e as que servem para actualização
que a produzem e a utilizam.
plataforma internacional, inicialmen-
e manutenção do conhecimento
Neste diálogo, a indústria farmacêu-
te só dirigida a médicos, mas actual-
considerado relevante para a prática
tica esteve representada por Paula
mente também aberta a farmacêuti-
clínica. É a diferença entre “puxar” a
Martins, da Merck Sharp & Dhome,
cos e, em breve, a enfermeiros. Essa
informação, quando é o clínico que a
que deu conta da preocupação em
plataforma alberga ainda ferramen-
procura, e “empurrar” a informação,
fornecer informação de qualidade
tas de formação à distância, em par-
quando ela vem ao encontro do clíni-
sobre os medicamentos que a sua
ceria com o British Medical Journal.
co de uma forma seleccionada.
empresa investiga, desenvolve e
Com os doentes a indústria farma-
Os decisores clínicos – defendeu
produz. Quem trabalha na área da
cêutica não se relaciona directamen-
– têm obrigação de se rodear dos
inovação – disse – tem naturalmente
te do ponto de vista da informação,
instrumentos necessários a aceder a
necessidade de comunicar a evidên-
por via das disposições legais em
estes dois tipos de informação. É um
cia encontrada, à luz do princípio de
vigor na União Europeia. Mas aqui –
imperativo ético, até porque os do-
avaliação permanente da relação
sublinhou Paula Martins – colocam-
entes são cada vez mais autónomos
risco-benefício e do conceito mais
se duas perplexidades: um doente
e, também eles, mais informados. E
recente de valor terapêutico acres-
obtém toda a informação sobre um
isto é válido para médicos e para far-
centado (a comparação com as alter-
medicamento através da Internet,
macêuticos.
nativas existentes).
mas essa mesma informação é-lhe
36 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
vedada se questionar a empresa pro-
Para atenuar o efeito pernicioso desta
fontes de qualidade questionável, a
dutora. O acesso à Internet colocou
atitude, remeteu para o médico uma
jornalista fez a distinção entre a infor-
novos desafios a médicos e farma-
nova abordagem na sua relação com
mação com origem num clínico ou
cêuticos. E foi sobre eles que se pro-
o doente, por forma a gerir a informa-
na internet, esta última carecendo de
nunciou Mara Guerreiro, proprietária
ção. Para as associações de doentes,
confirmação. Mas reconheceu que
da Farmácia Fialho, em Portel. Desde
a busca de informação é perigosa, na
se colocam alguns problemas, pelo
logo para confirmar que a era virtual
medida em que existe um fosso entre
facto de a informação ser demasia-
veio alterar a forma como o farma-
a linguagem científica e a linguagem
da e demasiado rápido: ou se publi-
cêutico se relaciona com os doentes,
que é acessível ao utilizador.
ca, sob pena de se ser ultrapassado
mais informados.
Geram-se,
falsas
pela concorrência, ou se entra numa
Defensora da capacitação dos doen-
expectativas em relação a processos
corrida contra o tempo para a filtrar,
tes com informação, de modo a que
de cura. Delas falou o professor Vaz
confirmar e publicar. A internet veio
possam ter papel activo nas decisões
Carneiro. Actualmente, o problema é
encurtar dramaticamente os prazos
que concernem a sua saúde, consi-
o excesso de informação, que chega
da informação em papel.
derou que, perante a acessibilidade
de todo o lado, das séries de televisão
E sobre este novo veículo pronun-
da informação, o próximo passo é
(sobre hospitais, serviços de urgên-
ciou-se Tiago Lopes, em representa-
ensinar os utilizadores a avaliá-la,
cia), dos noticiários sensacionalistas.
ção do portal Sapo. A saúde é uma
a distinguir se é fiável, completa e
Hoje, a segunda opinião já não é
área cada vez mais procurada na
actual. E esse pode ser um papel do
pedida a um médico, é procurada na
internet, gerando-se três fluxos de
farmacêutico.
Internet.
informação – entre profissionais, dos
Do lado dos doentes, apesar de o
Estas “fontes” geram um optimismo
profissionais para os não profissio-
acesso à informação ser mais fácil, co-
excesso face à ciência, à medicina. O
nais, e dos não profissionais. E estes,
locam-se algumas questões de ges-
que o levou a propor um sistema em
os doentes e consumidores de saú-
tão dessa informação. Representante
que a informação seja garantida cien-
de, querem respostas rapidamente
da Hepaturix (associação que integra
tificamente, e actualizada, de modo a
mesmo que não sejam as correctas:
a plataforma Saúde em Diálogo),
contrabalançar informações erradas
“Todos
Lígia Costa Martins alertou para a
em tempo real.
mesmo não tendo capacidade para
existência de assimetrias entre os
Boa parte da informação sobre saúde
a analisar”.
próprios doentes na sua relação com
é veiculada pela comunicação social.
Na sua opinião, a internet é incontor-
a informação. Há doentes – susten-
Essa é a experiência de Ivete Carneiro,
nável como fonte de informação em
tou – que acedem a informação não
que no Jornal de Notícias assegura o
saúde, o que é preciso é torná-la cada
filtrada, posicionando-se perante o
noticiário sobre saúde. Concordando
vez mais segura, oferecendo informa-
médico com “diagnósticos” já feitos.
que existem riscos na utilização de
ção de qualidade.
nomeadamente,
procuramos
os
20 08
informação,
Farmácia Portuguesa | 37
congresso anf O Valor da Intervenção Farmacêutica
A caminho da remuneração?
Qual é o valor da intervenção farma-
tabilizam um grande volume de crédi-
cêutica? Foi esta a questão que esteve
to à população portuguesa, ainda não
ar na sequência da apresentação
em foco no terceiro dia do congresso e
identificado mas que – na óptica de
à qual procurou dar resposta um estu-
João Silveira – importa quantificar. É
do estudo sobre o valor da
do produzido pelo Centro de Estudos
um aspecto que não é valorizado, mas
Aplicados da Universidade Católica em
que permite a muitos portugueses,
colaboração com o Centro de Estudos e
nomeadamente pensionistas, aceder
possível quantificar quantos são
Avaliação em Saúde – CEFAR, da ANF.
ao medicamento não obstante a sua
e quanto custam à farmácia e se
Antes, porém, da apresentação dos
debilidade financeira.
resultados propriamente ditos, o vice-
A responsabilidade social das farmácias
os utentes lhe atribuem um valor
presidente da associação João Silveira
traduz-se ainda na garantia de que os
enquadrou o lado menos visível, mas
cidadãos têm acesso ao medicamento
concreto, o passo seguinte pode
não menos importante, da intervenção
independentemente da relação finan-
das farmácias – o da responsabilidade
ceira entre as farmácias e o Estado. O
social.
sistema de pagamento criado pela ANF
mais que geram bem-estar social
Um lado que se cumpre, diariamente,
assegura às farmácias que são pagas
quantificável.
em cada farmácia, através de figuras
pelo fornecimento de medicamentos
como as vendas suspensas e que con-
a crédito aos utentes do SNS, mesmo
Esta foi uma questão que ficou no
intervenção farmacêutica. Se é
ser a sua contratualização. Tanto
38 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Miguel Gouveia, Economista e Professor Universitário
que o Estado não cumpra as suas obri-
Miguel Gouveia, economista e profes-
pessoa, envolvendo 399.900 dias de
gações. E, com frequência, não as cum-
sor universitário. Os actos que a inves-
trabalho, correspondentes a 62,3% do
priu. No continente, a dívida chegou a
tigação procurou quantificar são “to-
trabalho de um quadro a tempo inteiro
atingir os oito meses de facturação em
mados como adquiridos, passando por
por farmácia e a 13,3% do tempo total
atraso, num total de 733 milhões de eu-
baixo do radar consciente dos utentes
anual dos quadros técnicos e farma-
ros; na Madeira ultrapassou os 26 meses
das farmácias”. Mas têm valor.
cêuticos.
e quase somou 58 milhões, enquanto
Esse valor foi calculado com base em
Por farmacêutico, esses actos têm um
nos Açores se aproximou dos 13 me-
inquéritos às farmácias – que visaram
custo horário de 20,15 euros e de 17,68
ses, correspondendo a 27,2 milhões de
recolher informação sobre os actos far-
euros por técnico. E, somando às ven-
euros. Não obstante, os utentes do SNS
macêuticos não pagos, a sua frequên-
das e aos resultados brutos de uma
continuaram a aceder ao medicamento
cia, quem os praticou e o tempo neles
farmácia de média dimensão em 2006
sem qualquer alteração nas condições,
dispendido – e aos utentes – com o ob-
um crescimento anual de 2%, obtém-
nomeadamente em termos de com-
jectivo de medir a valorização atribuída
se o custo dos actos farmacêuticos não
participação. As farmácias asseguraram
a esses mesmos actos.
remunerados: 1,2% das vendas e 20,2%
que assim fosse, montando um esque-
Os actos em análise foram divididos
dos resultados brutos.
ma de pagamento que, em simultâneo,
em três categorias – de aconselha-
Estes foram dados obtidos a partir das
garantiu a sustentabilidade económica
mento sem venda de medicamento ou
respostas das farmácias. Com eles fica-
do sector.
produto, de medição e avaliação e de
se a saber quantos actos se praticam e
O vice-presidente da ANF chamou ain-
intervenção diferenciada. E as respos-
quanto custam. Saber quanto valem foi
da a atenção para os serviços que as far-
tas das farmácias revelaram que, por
o objectivo dos inquéritos aos utentes.
mácias prestam diariamente, gratuitos
ano, praticam 38,8 milhões, sendo que
Inquéritos com uma dificuldade à parti-
para a população e benéficos para o sis-
65,6% deles são praticados por um far-
da: a de valorizar serviços que se rece-
tema, por gerarem poupanças noutros
macêutico e os restantes 34,4% por um
bem gratuitamente.
serviços de saúde, e para o interesse
técnico. E os que predominam são a
O estudo cingiu-se aos três actos mais
público, pelos ganhos em saúde que
interpretação e aconselhamento após
praticados e desenvolveu-se em torno
potenciam. Mas com custos para as far-
realização, na farmácia, de testes de
de três variáveis: tempo de espera na
mácias. Daí que João Silveira tenha de-
medição de parâmetros, o aconselha-
farmácia, preço do medicamento e tipo
fendido a necessidade de avaliar estes
mento de MNSRM e o aconselhamento
de aconselhamento (ausente, básico
actos em termos económicos.
sobre MSRM.
ou aprofundado). Aos utentes foi pe-
Na globalidade dos actos farmacêu-
dido que fizessem escolhas, de modo a
ticos são dispendidas 2,8 milhões de
identificar o que mais valorizam.
horas, com o trabalho envolvido a ser
E, o que se verificou em relação ao
avaliado em 54 milhões de euros.
aconselhamento de MNSRM, é que os
Dos dados recolhidos decorre que, por
utentes estão dispostos a pagar 0,13
Foi esta a reflexão que presidiu ao es-
ano, são praticados 3,7 actos farmacêu-
euros por minuto de espera, atribuindo
tudo apresentado no congresso por
ticos (ligados ao aconselhamento) por
ao aconselhamento básico o valor de
Actos farmacêuticos geram 51 Me de bem-estar social
Farmácia Portuguesa | 39
congresso anf
Judite de Sousa, Jornalista
Maria de Belém Roseira, PS
Bernardino Soares, PCP
3,55 euros e ao aprofundado o valor de
Sabendo-se que os benefícios acres-
do e que, com moderação da jornalista
6,31 euros. Quanto ao aconselhamento
cem aos utentes e os custos às farmá-
Judite de Sousa, se centrou nos últimos
de MSRM, cada minuto de espera vale
cias, Miguel Gouveia colocou algumas
desenvolvimentos da política do medi-
0,17 euros, com o aconselhamento bá-
hipóteses: uma primeira, que considera
camento. Foram seus interlocutores re-
sico a valer 4,85 euros e o aprofundado
que as farmácias já são pagas indirec-
presentantes dos grupos parlamenta-
6,23 euros. Já os testes de medição de
tamente por estes actos através da
res do PS, PSD, PCP e Bloco de Esquerda
parâmetros clínicos mereceram valo-
margem realizada noutras actividades,
- o CDS/PP esteve ausente, apesar de
rização de 4,54 euros quando acom-
e uma segunda, que aponta no sentido
convidado – e dos doentes, através da
panhados de aconselhamento básico
de uma explicitação desta “troca implí-
Plataforma Saúde em Diálogo.
e de 6,55 euros com aconselhamento
cita”, mediante mecanismos de contra-
E a primeira a usar da palavra foi a
aprofundado, com cada minuto de es-
tualização e custeio que contemplem
deputada socialista Maria de Belém
pera a corresponder a 0,15 euros.
os serviços prestados.
Roseira, para deixar uma ressalva: a de
Da intersecção entre os dados colhidos nos dois inquéritos resultou uma estimativa de valor agregado dos três actos farmacêuticos mais importante:
Da DCI à qualidade da prescrição: como conter a despesa?
76,5 milhões de euros. Foi ainda possí-
que muitas das leituras que são feitas da política do medicamento passam mais pela percepção das pessoas do que pela objectividade dos dados. E o que os dados dizem é que, nos últimos
vel calcular o excedente social imputá-
Em que sentido se evoluirá ainda é uma
três anos, houve um “forte decrésci-
vel a estes serviços, ou seja, a diferença
incógnita, sendo certo que a remunera-
mo” na despesa com medicamentos.
entre os benefícios e os custos, e ele
ção do acto farmacêutico é já uma re-
Reconheceu que, “numa determinada
ascende a 51 milhões de euros. É esta a
alidade noutros países. A questão não
fase” houve descida de encargos para
medida monetária do bem-estar social
foi abordada directamente no debate
o Estado e alguma penalização para os
gerado por estes actos farmacêuticos.
que se seguiu à apresentação do estu-
doentes, mas “agora os dados mostram
40 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
João Semedo, Bloco de Esquerda
Joaquim da Ponte, PSD
os
20 08
Francisco Beirão, Plataforma Saúde em Diálogo
que houve poupança para todos”.
compensadas, ao contrário do que ar-
tivos não estão a ser atingidos e a per-
Sublinhando o papel activo da ANF na
gumenta o governo, com duas baixas
cepção que existe é de que a situação
discussão da política do medicamento
de 6% no preço dos medicamentos.
se agravou. E que, se alguma poupança
e na apresentação de medidas concre-
“Só amortecem”.
existe, se fez à conta dos cidadãos e das
tas, disse dispor de informação de que
Da mesma opinião manifestou-se o de-
farmácias.
“estão ultrapassadas algumas dificul-
putado bloquista João Semedo, consi-
Contrapondo as posições dos depu-
dades que permitirão a aplicação de
derando ser indiscutível que o conjun-
tados da oposição, Maria de Belém
medidas que constam do programa de
to de medidas mais ou menos avulsas,
Roseira defendeu que a questão é saber
governo, nomeadamente a prescrição
mais ou menos estruturadas, tomadas
se a poupança conseguida pelo Estado
por DCI”. A esta análise respondeu o de-
relativamente às farmácias e ao medi-
foi redistribuída de maneira adequada.
putado comunista Bernardino Soares,
camento sobrecarregou os utentes.
Além de que – criticou – “nunca se diz
para contestar que tenha havido uma
Já para o parlamentar social-democrata
que as despesas em saúde têm tam-
poupança para os utentes. E citou o ex-
Joaquim da Ponte, o problema come-
bém um benefício social para as pesso-
ministro da Saúde Correia de Campos
çou com o anúncio, na posse do gover-
as que as suportam”. É um encontro de
que, em livro editado recentemente, dá
no, de que a farmácia e o medicamento
contas que nunca é mencionado, mas
conta de uma poupança do Estado na
iriam ter um tratamento especial como
é essencial, na medida em que há um
ordem dos 50 milhões de euros (entre
forma de combater o défice das contas
retorno para os contribuintes.
2005 e 2006), mas uma sobrecarga dos
políticas. “E aquilo que até então tinha
Sem entrar na discussão das estatísti-
utentes em 95 milhões.
sido uma política relativamente con-
cas, Francisco Beirão, representante da
Foram medidas como a diminuição
sensualizada passou a ser uma política
Plataforma Saúde em Diálogo, lamen-
das comparticipações e a eliminação
de contencioso, de afrontamento às
tou a política economicista da saúde,
de majorações que implicaram um
instituições do sector”. Agora que se
responsabilizando-a por dificuldades
aumento de custo para os utentes, não
aproxima o fim da legislatura, os objec-
crescentes dos doentes no acesso ao Farmácia Portuguesa | 41
congresso anf
medicamento. Os doentes e os utentes
em toda a política do medicamento. E,
Outra medida contemplada nos esfor-
de saúde são pessoas, mas isso – criti-
voltando à prescrição por DCI, insistiu
ços para conter a despesa com medica-
cou – não é considerado na decisão
na necessidade de a aplicar, até para al-
mentos (e o desperdício) é a unidose.
política. E a sua experiência, embora
terar “a originalidade nacional que são
Para o deputado Bernardino Soares, há
não quantificada, é a de que há um au-
os genéricos de marca”. Em resposta,
um patamar intermédio que tem a ver
mento do número de pessoas que não
Maria de Belém Roseira reafirmou que,
com a dimensão das embalagens, no
consegue suportar as despesas com
segundo o governo, esta medida avan-
que foi secundado pelo parlamentar
os medicamentos de que necessita
çará em breve, mas sustentou não ha-
social-democrata. Já para o representan-
e que, por isso, não os compra. Ainda
ver relação directa com a qualidade da
te do Bloco de Esquerda, o que é mais
em matéria de acessibilidade, defen-
prescrição. A existir, isso significa que a
irracional é avaliação do valor (económi-
deu o alargamento ao ambulatório de
prescrição é influenciada pela relação
co) e do valor acrescentado dos novos
medicamentos que, actualmente, são
entre médicos e laboratórios.
medicamentos, caros e que acrescen-
de dispensa hospitalar exclusiva, o que
João Semedo admitiu que a prescrição
tam “praticamente zero” aos já existen-
coloca obstáculos aos doentes, sobre-
por DCI não pode ser olhada como uma
tes. Defendeu, por isso, a necessidade de
tudo crónicos.
varinha mágica, até porque há outros
um instrumento isento e competente,
Uma opinião consensual entre os de-
problemas. Um deles – criticou – “é a si-
capaz de fazer essa avaliação.
putados presentes foi a necessidade
tuação consolidada de aceitarmos com
A última pergunta da moderadora re-
de avançar com a prescrição por DCI
ligeireza que o médico se substitua à
caiu sobre a representante do partido
de modo a conter a despesa, pública
vontade do doente, porque aceitamos
no governo, centrada numa das deci-
e privada. Mas, para Maria de Belém
que há uma diferença de informação
sões mais fracturantes da política para
Roseira, há outra questão pertinente –
e conhecimento entre um e outro.
o sector – a liberalização das farmácias.
a da qualidade da prescrição. O depu-
Mas, curiosamente, não se aceita que
Reconhecendo que foi uma medida
tado do Bloco de Esquerda concordou
o farmacêutico faça o mesmo”. É uma
muito criticada pela classe, a ex-minis-
que é um problema sério, mas recor-
situação que é preciso alterar, não de
tra considerou ser ainda cedo para fazer
dou que há anos que está em cima da
uma forma simplificada, mas mudando
um balanço. Mas deixou a posição de
mesa, sem nunca ter avançado. E não
a relação entre o acto médico e o acto
que a questão essencial é definir o con-
avançou porque “implica retirar o con-
farmacêutico: é que “a exclusividade
teúdo funcional do director técnico das
dicionamento da prescrição que é feito
atribuída aos médicos não serve os in-
farmácias que não sejam propriedade
a partir das multinacionais do medica-
teresses dos utentes e da saúde”.
de um farmacêutico: “Não podemos
mento”. Para contrariar esta situação,
Maria de Belém Roseira concordou
pôr o interesse comercial à frente do in-
preconizou a definição de “guidelines”
com uma articulação mais forte entre
teresse dos utilizadores das farmácias.
para o ambulatório, à semelhança do
médico e farmacêutico, considerando
Não gostaria de ter um director técnico
que existe a nível hospitalar.
mesmo que, sem ela, a reforma dos cui-
que estivesse ao serviço de objectivos
Também o representante do PSD con-
dados de saúde primários fica aquém
de rentabilidade financeira em vez de
siderou que esta é uma pedra de toque
dos objectivos.
objectivos de ganhos em saúde”.
42 | Farmácia portuguesa
30
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19 78 โ ข
os
20 08
Farmรกcia Portuguesa | 43
congresso anf
Regulação das margens transferida para o sector
A liberalização da repartição das margens entre os agentes do sector do medicamento pode vir a ser uma realidade. O anúncio foi feito pela ministra da Saúde no encerramento do 9º Congresso Nacional das Farmácias e recebido pela ANF com a reafirmação da disponibilidade para o diálogo. Do ministério, o presidente da associação disse esperar decisões rápidas que façam justiça às farmácias, ao mesmo tempo que deixava aos associados o desafio de manterem o dinamismo de sempre. 44 | Farmácia portuguesa
O governo vai entregar aos diversos actores do circuito do medicamento a capacidade de regulação das respectivas margens de comercialização. A decisão foi anunciada pela ministra da Saúde, Ana Jorge, na sessão de encerramento do 9º Congresso Nacional das Farmácias, a 23 de Novembro. E tomada com base na “maturidade e responsabilidade” demonstradas por todos os agentes do sector. Justificou a ministra que o trabalho de negociação com os parceiros que tem sido desenvolvido ao longo deste ano “tornou evidente o consenso de que não é indispensável a intervenção do governo na fixação das margens de cada agente económico do sector”.
30
an
19 78 •
os
20 08
Ana Jorge, Ministra da Saúde
O Estado manterá a prerrogativa de
com impacto no sector, admitindo
e intransmissível, do Ministério da
fixar os preços máximos dos medica-
que foram recebidas pelas farmácias
Saúde de garantir a sua materializa-
mentos, garantindo e salvaguardan-
como alterações que dificultavam
ção em condições de inequívoca se-
do o direito ao acesso do cidadão.
especialmente o seu funcionamen-
gurança e qualidade”. Considerando
Como condição para negociar a libe-
to. Mas – sublinhou – “as farmácias
que da cooperação com as farmácias
ralização da repartição das margens,
souberam responder aos desafios
têm resultado benefícios inequívo-
impôs que essa alteração não repre-
colocados, daqui resultando um be-
cos para os cidadãos na melhoria da
sente um aumento dos preços para
nefício inequívoco para os portugue-
sua saúde, a ministra Ana Jorge fina-
os cidadãos.
ses, reflectido no maior e mais fácil
lizou a sua intervenção desejando
A questão dos preços e das margens
acesso ao medicamento e aos vários
que essa cooperação se mantenha e
foi uma das que dominou a sessão
serviços disponibilizados”.
reforce no futuro.
de encerramento do congresso, com
Para o ministério, a farmácia é “um
Ana Jorge a enquadrar as duas baixas
parceiro importante” na concretiza-
administrativas (decretadas em 2005
ção de uma política cujo princípio
e 2007) como “medidas de emergên-
orientador tem sido a promoção de
cia para resolver um problema extra-
uma maior acessibilidade por parte
ordinário que se impunha”. Foram
da população, mantendo a garantia
Vontade de cooperação e disponi-
medidas – reconheceu – com impac-
do cumprimento das Boas Práticas
bilidade para o diálogo foram igual-
to em todos os parceiros do sector,
para o sector.
mente vectores nas palavras finais
daí que tenha havido a preocupação
É com esta visão que – disse – têm
do presidente da direcção da ANF,
de colocar no Orçamento de Estado
sido concretizados os princípios as-
João Cordeiro. Com uma intervenção
a intenção de repor as margens das
sumidos no Compromisso com a
orientada para o futuro das farmá-
farmácias.
Saúde, “procurando harmonizar-se o
cias, sublinhou que ele será cons-
A titular da pasta da Saúde aludiu ain-
interesse, legítimo, das farmácias, na
truído “no respeito pela legalidade
da a outras medidas legislativas no
rápida aplicação de algumas medi-
democrática e em colaboração res-
âmbito da política do medicamento
das, com a responsabilidade, própria
ponsável com as autoridades”, como
Compromissos por cumprir e erros por corrigir
Farmácia Portuguesa | 45
congresso anf
sempre tem acontecido. Mas deixou
DCI do princípio activo, com o presi-
medida de que as farmácias retirem
claro que o sector espera das autori-
dente da ANF a congratular-se com
contrapartidas, mas que defendem
dades “o mesmo respeito e a mesma
a perspectiva da sua aplicação para
por servir o interesse público. Não
colaboração”.
breve anunciada pela presidente da
obstante as reconhecidas vantagens
As farmácias e a sua associação estão
Comissão Parlamentar de Saúde no
na redução do desperdício e na me-
disponíveis para essa colaboração,
debate anterior.
lhoria da adesão à terapêutica, o mi-
mas “não para o improviso, o autori-
Não se compreende – sustentou –
nistério hesita.
tarismo e o menosprezo por aqueles
que, fazendo parte do Programa do
Reconhecidos são também os efeitos
que se esforçam por exercer respon-
Governo e constando do Compro-
das importações paralelas na redu-
savelmente uma actividade profis-
misso com a Saúde, não tenha ainda
ção da despesa e na promoção da
sional, criam e mantêm emprego
sido implementada: “Sabemos que
concorrência. Mas nenhuma foi ain-
digno e cumprem pontualmente as
estão a ser criados junto do primeiro-
da autorizada.
suas obrigações com o Estado”. Uma
ministro fantasmas tenebrosos quan-
Estes são os compromissos por efec-
crítica que – fez questão de ressalvar –
to a esta medida que não têm o me-
tivar. A eles se juntam medidas que,
não se dirige à actual titular da pasta,
nor fundamento”, disse, desafiando
na óptica da associação, importa
que imprimiu um “espírito aberto e
a ministra, também na qualidade de
corrigir. Desde logo o facto de todos
construtivo” ao diálogo com a ANF.
médica prestigiada, a esclarecer no
os medicamentos não sujeitos a re-
Nesse diálogo subsistem assuntos
seio do governo a natureza e os fins
ceita médica poderem ser vendidos
pendentes, ao abrigo do Compro-
da DCI.
fora das farmácias. É um regime que
misso com a Saúde, com João Cor-
Igualmente por cumprir continua a
deve ser revisto, mediante a criação
deiro a reafirmar o desequilíbrio na
dispensa pelas farmácias de medi-
de uma lista de MNSRM de venda ex-
sua aplicação. E a deixar um repto a
camentos actualmente dispensados
clusiva em farmácia, por razões cien-
Ana Jorge: “Começam aqui as suas
exclusivamente em hospitais. Há
tíficas, técnicas e de preservação da
responsabilidades em relação ao fu-
consenso científico e técnico. E a ANF
saúde pública.
turo”. Responsabilidades porque há
enviou, há já dois anos, um projecto
Corrigido deve ser igualmente o
compromissos por cumprir e medi-
de diploma ao Ministério da Saúde.
regime de turnos, extinguindo-se
das já tomadas que devem ser corri-
Sem que tivesse havido qualquer
o regime de reforço e excluindo as
gidas, por razões de equilíbrio e bom
decisão.
farmácias em regime de disponibili-
senso.
Tal como não houve avanços na re-
dade da obrigatoriedade de 55 horas
Por cumprir continua o compromisso
gulamentação da dispensa de me-
semanais.
da generalização da prescrição pela
dicamentos em unidose. Não é uma
Mais do que corrigir, importa revogar
46 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
João Cordeiro, Presidente da ANF
o modelo de sorteio para atribui-
ta rever o actual regime de preços,
igualmente todos os sectores, com
ção de novas farmácias, por violar o
dado que, em Portugal, “os preços
critérios que, se forem bons para uns,
Compromisso com a Saúde e a pró-
dos medicamentos não são transpa-
têm de ser bons para outros.
pria Constituição. Violada foi também
rentes, nem facilmente controláveis
À ministra da Saúde, João Cordeiro
a igualdade fiscal entre farmácias,
pelo Estado e pelos consumidores”.
reafirmou a disponibilidade para o
que deve ser assegurada.
Um défice que resulta da complexi-
diálogo e o espírito de abertura para
dade do regime em vigor, do qual re-
a negociação, esperando, em contra-
sultam preços mais elevados do que
partida, decisões rápidas que façam
nos países de referência.
justiça às farmácias: “Não pedimos
É que, nos diplomas publicados em
nada que não seja ponderação nas
O presidente da ANF fez ainda refe-
2007, a medida de fixação de preços
decisões, avaliação das consequên-
rência a um outro compromisso do
(por comparação) é o preço de ven-
cias, rectificação de erros e exage-
governo – o de repor a margem das
da ao armazenista, que nada diz aos
ros, sentido de justiça e equidade e
farmácias, constante dos últimos
consumidores. O que a estes interes-
disponibilidade para dialogar com
orçamentos de Estado mas ainda
sa é o preço de venda ao público e
transparência. Não acho que seja pe-
não cumprido. O que – disse – é in-
a comparticipação do Estado. O que
dir muito para um sector que tanto
sustentável, sendo que as farmácias
querem saber é se pagam o mesmo,
tem dado à saúde dos portugueses”.
não abdicam do cumprimento dessa
mais ou menos do que um cidadão
E aos associados, pediu determinação
obrigação. Daí não haver oposição
espanhol, francês, italiano ou grego
para ultrapassar as dificuldades, no
de princípio à proposta de liberalizar
pelo mesmo medicamento. É um
entendimento de que é do interesse
a repartição das margens entre os
“controlo impossível”.
das farmácias não só não abrandar
sectores.
O que a ANF defende é uma metodo-
como aumentar o dinamismo que
No entender das farmácias, impor-
logia coerente e equitativa, que trate
têm revelado nos últimos 30 anos.
À espera de decisões rápidas e justas
Farmácia Portuguesa | 47
congresso anf 9.º Congresso Nacional das Farmácias
20 a 23 de Novembro de 2008
Conclusões
As conclusões do 9.º Congresso Nacional das Farmácias, que decorreu sob o lema “Farmácias Portuguesas – Uma nova era para a Saúde em Portugal”, são as seguintes: Maria da Luz Sequeira, Vice-Presidente da ANF
Sobre como Conquistar a Mudança 1. Os sistemas de saúde, por imperativos demográfi-
mento de canais complementares de distribuição e
cos, nomeadamente o aumento da esperança média
dispensa de medicamentos, a uma cada vez maior
de vida, de racionalidade económica e de evolução
penetração de medicamentos genéricos e a inova-
tecnológica e científica ao nível do diagnóstico e da
ção farmacológica direcciona-se para áreas de espe-
terapêutica, estão em profunda redefinição.
cialidade e de biotecnologia.
2. Assistimos a um aumento da capacidade dos pagadores em controlar e gerir a despesa, ao apareci48 | Farmácia portuguesa
3. Os doentes estão mais informados e exigentes no acesso à inovação e a melhor qualidade de saúde.
30
an
19 78 •
4. Em tempos de mudanças estruturais, e face a um ciclo económico menos vigoroso, a contenção dos custos e a procura pelo valor baseado na evidência serão a prioridade.
desafios e aproveitar as oportunidades que ela nos proporciona. 10. A farmácia deve, hoje mais do que nunca, assumir a sua efectiva intervenção na melhoria da qualidade de vida
5. As farmácias portuguesas têm de reagir por anteci-
das populações, prestando um aconselhamento mais
pação às mudanças do mercado, ter vontade para
especializado e um seguimento mais estruturado dos
se adaptarem e competir com outras entidades, re-
doentes, em colaboração com outros profissionais de
forçando a sua orientação para o doente, que nelas
saúde.
deposita enorme confiança.
11. Aliar as tradicionais competências de uma dispensa
6. Devemos saber interpretar o mercado, as necessi-
responsável e segura de medicamentos à prestação de
dades e os anseios do consumidor, de forma a que
Serviços Farmacêuticos é fundamental para que a far-
sejamos parte das soluções que uma sociedade cada
mácia seja reconhecida como espaço de saúde e centro
vez mais informada e exigente nos coloca.
de prevenção e terapêutica.
7. As farmácias devem continuar a investir na moder-
12. Como empresas que prestam serviços de utilidade pú-
nização tecnológica, em conhecer melhor os seus
blica, temos de acreditar na capacidade da profissão
utentes, registar e avaliar constantemente a sua in-
para produzir impactos positivos nos indicadores de
tervenção, estabelecer novas parcerias profissionais
saúde, sobretudo ao nível dos cuidados primários.
e a responder aos desafios de forma colectiva e orga-
13. Devemos ter sempre presente a necessidade de de-
nizada para liderarem o processo de mudança. 8. Devemos manter-nos mobilizados e unidos no pressuposto de que essa união e mobilização são factores determinantes para o sucesso do projecto de desenvolvimento do sector de farmácias, cujos vectores fundamentais foram analisados neste Congresso.
os
20 08
monstrar o valor que as farmácias acrescentam às políticas de Saúde. 14. Esta evolução requer que estejamos disponíveis para investir em recursos humanos e materiais. 15. Temos de garantir a sustentabilidade económica da farmácia e melhorar a sua gestão, nomeadamente no domínio dos stocks, dos recursos humanos, do marketing
Sobre a Organização da Farmácia num Ambiente de Mudança – Programa Farmácias Portuguesas
e comunicação, entre outros. 16. O Programa Farmácias Portuguesas proporciona às farmácias as ferramentas necessárias para que possam desenvolver estas valências e elevar o nível do serviço que prestam à população. 17. O empenhamento de cada farmácia na prestação de cuidados de saúde é fundamental para que todas
9. O modelo tradicional da actividade da farmácia está igualmente em mudança. Temos de saber vencer os
possam partilhar do sucesso do Programa Farmácias Portuguesas. Farmácia Portuguesa | 49
congresso anf
Sobre o futuro da Informação em Saúde
Portuguesa, em colaboração com o CEFAR, e apre-
18. A integração de plataformas de comunicação deve
actos farmacêuticos.
sentado neste Congresso, permitiu, pela primeira vez, quantificar o volume e o valor económico destes
ser estimulada e devemos apostar no desenvolvi-
22. Nas farmácias portuguesas, anualmente, praticam-
mento de sistemas informáticos de apoio à interven-
se 38,8 milhões de actos farmacêuticos sem que haja
ção profissional.
pagamento associado, na maioria actos de aconselha-
19. A divulgação de mais e melhor informação às popu-
mento e de avaliação.
lações pode e deve ser desenvolvida, mas apenas em
23. Nestes actos, consomem-se 2,8 milhões de horas de
meios de comunicação com informação cientifica-
trabalho, aproximadamente 13% do tempo dos qua-
mente validada, sob pena de criação de falsas expectativas aos doentes.
Sobre o Valor da Intervenção Farmacêutica
dros técnicos das farmácias. 24. O custo anual destes actos para as farmácias é de 54 milhões de euros, equivalente a cerca de 20% dos resultados brutos das farmácias. Este valor reporta-se apenas aos custos de recursos humanos e não inclui custos fixos directos, nem custos de investimento suportados
20. As farmácias constituem uma rede de solidariedade social próxima das populações, que presta um con-
25. Os custos específicos dos principais actos (aconselha-
junto de actos farmacêuticos não remunerados, dos
mento sobre medicamentos sujeitos ou não sujeitos
quais se destacam actos de aconselhamento sobre
a receita médica, sem que tenha ocorrido venda de
medicamentos e outros produtos de saúde, actos de
produto, e actos de medição/avaliação) foram esti-
medição de parâmetros clínicos e avaliação de perfis
mados em 25,5 milhões de euros, tendo os utentes
de risco e actos de maior complexidade, frequente-
valorizado estes actos em 76,5 milhões de euros,
mente associados à administração de medicamentos
representando o excedente – 51 milhões de euros –
e seguimento da terapêutica.
uma medida monetária da criação de bem-estar so-
21. O estudo “Valorização dos Actos Farmacêuticos em Farmácias”, elaborado pela Universidade Católica 50 | Farmácia portuguesa
integralmente pelas farmácias para a sua realização.
cial, gerado por actos farmacêuticos prestados pelas farmácias.
30
an
19 78 โ ข
os
20 08
Farmรกcia Portuguesa | 51
congresso anf 15 anos do Programa de Troca de Seringas
ANF homenageia
Professora Odette Ferreira
João Cordeiro, Presidente da ANF, Henrique de Barros, Coordenação da Luta contra a Infecção por VIH/Sida e Odette Ferreira
Foi um momento emocionado aque-
farmacêutica”, assim expressando a
gunda mão”. Um programa de saúde
le em que a Professora Odette Ferreira
ANF, as farmácias e os farmacêuticos
público de referência, no âmbito do
recebeu das mãos do presidente da
a sua “admiração pela forma como
qual se trocaram (e recolheram) 42
direcção da ANF, João Cordeiro, as
sempre esteve e continuará a estar
milhões de seringas, evitando-se
insígnias da associação, uma home-
na vida, pela força e determinação
mais de sete mil novas infecções e
nagem à mentora do Programa de
que a natureza lhe deu mas que sou-
poupando-se mais de 1700 milhões
Troca de Seringas para assinalar os 15
be muito bem cultivar”.
de euros, para além das vidas.
anos desta acção de saúde pública.
Foi em Outubro de 1993 que, im-
João Silveira não evocou apenas a
Justificando a homenagem, o vice-
pulsionado pela Professora Odette
coragem e determinação da home-
presidente da associação João Silveira
Ferreira, o programa deu os primei-
nageada, mas também a decisão do
disse tratar-se de um “agradecimento
ros passos, alicerçados na mensa-
ministro da Saúde de então, Arlindo
público à mulher, à investigadora e à
gem “Diz não a uma seringa em se-
de Carvalho, e o grande envolvimen-
52 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
os
20 08
Odette Ferreira, Henrique de Barros e João Silveira, Vice-presidente da ANF
to das farmácias. Também o actual
a primeira, porque se trata de um
agentes de saúde pública. Valeu a
responsável pela coordenação da
programa inovador com impactos
pena termos construído um progra-
luta contra a infecção por VIH/Sida,
importantes em saúde pública e que
ma que correspondeu a um retorno
Professor Henrique de Barros, subli-
coloca Portugal num lugar destacado
de 70 vezes o seu investimento. Valeu
nhou o mérito deste programa por
pela capacidade de o pôr no terreno,
a pena não desistir do kit, incluindo
ter logrado envolver as farmácias, um
e a segunda, porque o programa foi
mais materiais de acordo com as ne-
“actor importante na facilitação dos
construído com base na colaboração
cessidades”.
meios de prevenção e no combate à
voluntária dos farmacêuticos que,
Odette Ferreira reservou as palavras
discriminação” da população toxico-
nas suas farmácias, foram capazes
finais para a ANF, que, “como é ha-
dependente.
de enfrentar as dificuldades que uma
bitual, sempre respondeu aos desa-
Portugal – sustentou – encontrou
operação como esta comporta.
fios que o país coloca”. E estendeu
um caminho que parece ser razoa-
Os farmacêuticos “foram os guerrei-
os parabéns a ministro de então, às
velmente evidente de diminuição
ros disponíveis para servir de inter-
farmácias, às câmaras municipais, às
da infecção entre esta população e
face social a esta população que se
cooperativas de distribuição farma-
isso foi o resultado de medidas como
evitava em muitos outros lugares
cêutica, por em conjunto terem conse-
a troca de seringas, para as quais os
públicos”. Deu-se, pois, um passo de-
guido um dos melhores programas de
consensos são sempre complexos. A
cisivo no combate à discriminação,
redução de risco da Europa. “É a OMS
Professora Odette Ferreira – elogiou
um contributo inalienável para que
que o diz”.
– “foi capaz de abrir esse caminho e
as futuras gerações possam ter um
Agradecendo, mais uma vez, as insíg-
deixá-lo activo”.
padrão epidemiológico de infecção
nias da ANF, declarou recebê-las com
Numa resposta emocionada, a in-
diferente.
orgulho, empenhada como sempre es-
vestigadora e farmacêutica que,
“Sinto que valeu a pena”: “Valeu a
teve em valorizar o conhecimento e o
em 1993, assumia a presidência da
pena o Ministério da Saúde ter sido
contributo dos farmacêuticos na saúde
Comissão Nacional de Luta Contra
capaz de construir uma plataforma
pública. “Guardo este gesto no coração,
a Sida afirmou-se grata por esta ho-
com as farmácias rentabilizando
onde se devem registar os momentos
menagem e elegeu duas razões:
finalmente o seu potencial como
que ficam connosco para sempre”. Farmácia Portuguesa | 53
congresso anf Workshops
Formação em tempo de Congresso Pela segunda edição consecutiva, o
de Administração de Vacinas na
cia) – administração de vacinas, análi-
Congresso Nacional das Farmácias
Farmácia, Merchandising e Formação
se da terapêutica e merchandising.
incluiu a realização de workshops,
a Distância. São temas absolutamente
No final, os participantes foram con-
sessões formativas consagradas à
pertinentes no contexto actual, em
vidados a preencher um inquérito de
apresentação e demonstração das
que a farmácia enfrenta novos desa-
satisfação, cujos resultados serão ago-
mais recentes ferramentas de su-
fios mas também abraça novas opor-
ra analisados pelo CEFAR, servindo de
porte à intervenção profissional no
tunidades.
orientação para futuras iniciativas.
âmbito da estratégia delineada para
Isso mesmo foi entendido pelos far-
Mesmo sem esses resultados, o ele-
o sector.
macêuticos que acorreram ao Centro
vado número de presenças permite
Neste nono congresso foram con-
de Congressos de Lisboa, com a glo-
concluir que os farmacêuticos de ofi-
siderados prioritários seis temas –
balidade das workshops a merecer
cina valorizam a formação contínua
Acompanhamento de doentes com
mais de mil participações ao longo
como parte indissociável do seu de-
Sifarma 2000, Novas Tecnologias,
dos três dias. Três delas se destacaram
senvolvimento profissional e da sua
Análise
pelo interesse suscitado (em afluên-
intervenção na farmácia.
54 | Farmácia portuguesa
da
Terapêutica,
Serviço
30
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os
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Acompanhamento de doentes com SIFARMA 2000 Muito Positivo É esta a avaliação da organização do workshop dedicada ao acompanhamento de doentes no dia-a-dia da farmácia com Sifarma 2000. O objectivo – de demonstrar as potencialidades desta ferramenta na intervenção profissional da Farmácia – foi plenamente atingido ao longo das várias sessões, promovidas no âmbito do 9º Congresso Nacional das
Novas Tecnologias O desafio do e-commerce
Farmácias.
Os novos conceitos tecnológicos as-
Para o sucesso contribuiu significativamente a estratégia de-
sociados ao projecto de e-commerce
senhada, promotora da proximidade entre Farmácias.
estiveram no centro da workshop 2.
Foram convidadas a apresentar a sua experiência prá-
Neste Workshop apresentou-se o que
tica quatro farmácias – do Bairro (Cova da Piedade), do
é inovador para o farmacêutico, para
Arco (Madeira), Carrilho (Santa Comba Dão) e Diamantino
a farmácia e grupo de farmácias à luz
(Fundão).
dos novos conceitos.
Com os colegas os farmacêuticos oradores partilharam o
A perspectiva teórica foi transmitida
caminho que trilharam para a implementação bem sucedi-
por farmacêuticos devidamente habi-
da do projecto – que desafios significou na prática, como a
litados, após o que se desenrolou uma
equipa abraçou este projecto profissional, como foi motiva-
componente prática de apresentação
da, como se superaram eventuais dificuldades ou receios ini-
do projecto e representação dos con-
ciais, que objectivos se traçaram e como evoluíram.
ceitos anteriormente explanados.
Este relato foi a plataforma em que assentou a primeira
São conceitos bastante especializa-
parte da workshop, sendo os participantes sido de seguida
dos e que se revelaram mais fáceis de
convidados a debruçar-se sobre casos práticos – situações
apreender na sua aplicação prática do
passíveis de acontecer na farmácia e às quais era necessário
que no enquadramento teórico.
aplicar as valências do Sifarma 2000 no acompanhamento
O objectivo não foi promover o e-
de doentes.
commerce, mas sim desafiar as far-
E a percepção – colhida pelo CEDIME, que organizou as ses-
mácias para as potencialidades do
sões – é de que os participantes ficaram agradavelmente
novo canal. A receptividade foi boa,
surpreendidos, até porque, para muitos, este foi um dos pri-
com muitos dos presentes a encará-lo
meiros contactos com esta ferramenta.
como uma oportunidade de estender
E permitiu-lhes descobrir as diferentes valências e potencia-
a área de negócio, ainda que outros
lidades, de uma forma prática e, acima de tudo, interactiva.
tenham feito eco da controvérsia em
A partilha de experiências contribuiu para dissipar eventu-
torno da venda pela Internet.
ais dúvidas, revelando-se motivadora da implementação
O balanço geral é positivo.
do projecto de Acompanhamento de Utentes com Sifarma 2000. Farmácia Portuguesa | 55
congresso anf
Análise da Terapêutica Motivar para os serviços diferenciados
Serviço de Administração da Vacinas Um contributo para o sucesso
Motivar os farmacêuticos para a implementação de serviços diferenciados na farmácia foi o ob-
Proporcionar aos farmacêuticos um olhar personalizado so-
jectivo subjacente ao workshop sobre “Análise
bre a implementação do novo serviço de administração de va-
da terapêutica”. O workshop começou com
cinas na farmácia foi o princípio que presidiu à workshop 4.
uma breve apresentação daqueles serviços, a
Um princípio concretizado mediante a intervenção de dois
partir do que os participantes se debruçaram
farmacêuticos convidados a dar a conhecer a sua experiência
sobre um caso prático.
de sucesso na recente campanha de vacinação da gripe.
Com elementos da equipa do Departamento de
Em cada sessão, os participantes tiveram oportunidades de
Programas de Cuidados Farmacêuticos da ANF
se inteirar do processo que conduziu à decisão de implemen-
a desempenharem o papel dos vários “doentes”,
tar o serviço e do seu desenvolvimento – quais os aspectos
os participantes foram desafiados a fazer a aná-
prévios equacionados, quais as determinantes que guiaram o
lise de cada simulação a um nível mais essencial.
arranque da vacinação, que resultados foram obtidos e quais
O passo seguinte teve o contributo de dois far-
as perspectivas futuras, na óptica deste serviço mas também
macêuticos – da Farmácia dos Foros de Amora e
dos restantes contemplados na portaria de Novembro.
da Farmácia Loureiro, em Peso da Régua – que
A partir desta exposição individualizada, os participantes tra-
comunicaram a sua experiência com serviços
balharam em grupo, tendo-lhes sido pedido que ponderas-
diferenciados.
sem os pontos fortes e fracos, as oportunidades e as ameaças
Em foco esteve o PCF da Diabetes pela sua dupla
deste serviço na farmácia face a outros locais. Foi-lhes ainda
particularidade de ser facturado pela farmácia e
proposto que ordenassem os novos serviços farmacêuticos
comparticipado (em 75%) pelo Ministério da
por ordem decrescente de importância para a farmácia.
Saúde. Este programa de cuidados farmacêuti-
Foi esta a metodologia seguida por se entender a opinião dos
cos serviu, numa perspectiva prática, de ponte
farmacêuticos como um contributo válido e necessário para
para os serviços diferenciados, com o intuito de
delinear a estratégia a seguir quanto à implementação dos
motivar a adesão das farmácias.
novos serviços.
Mesmo sem serem conhecidos os resultados
Entre os participantes encontravam-se farmacêuticos que
dos inquéritos de satisfação dos participantes,
ainda não adoptaram o serviço de administração de vacinas
a organização da workshop considera que a
na farmácia, com a organização da workshop – a cargo do
receptividade foi positiva. E, perante as muitas
Departamento de Programas de Cuidados Farmacêuticos da
questões suscitadas, está expectante quanto
ANF – a considerar que a aquisição de conhecimentos a par-
aos reflexos na adesão aos serviços propriamen-
tir da experiência de um outro farmacêutico é fundamental
te ditos.
como motivação. Afinal, é a demonstração, entre pares, do sucesso do serviço.
56 | Farmácia portuguesa
30
an
19 78 •
Merchandising A farmácia como unidade de negócio Proporcionar aos participantes uma perspectiva diferente de farmácia, consonante com o facto de ser, além de um espaço de saúde, também uma unidade de negócio, foi o objectivo subjacente à workshop sobre “Merchandising”. O tema escolhido foi, aliás, apenas o ponto de partida para uma abordagem mais ampla, destinada a passar a mensagem de que – no actual contexto de liberalização e concorrência – a farmácia carece de novas ferramentas que sustentem a sua viabilidade económica. São ferramentas indispensáveis ao delinear de uma nova relação com os fornecedores e que devem estar igualmente presentes na organização da farmácia em função dos consumidores, o que passa, nomeadamente, pela gestão de categorias. Na relação com os fornecedores, e na perspectiva dos resultados da empresa, a ideia-chave é comprar melhor tendo em vista a necessidade de rentabilidade e retorno do investimento. O mesmo é válido para a gestão de categorias e, com base nela, para a construção da imagem da farmácia junto dos consumidores/utentes. Neste domínio foram dados exemplos concretos de categorias de produtos que, sendo obrigatoriamente credíveis e compatíveis com os princípios éticos da profissão, podem estar disponíveis na farmácia. Uma marca “ANF” ou “Farmácias Portuguesas” permitiria enquadrá-los e alavancar a receptividade do público. São novos caminhos que se abrem ao sector. A sua apresentação nesta workshop suscitou duas reacções distintas: houve participantes que consideraram esta abordagem da farmácia “mercantilista”, enquanto outros se mostraram bastante receptivos, pedindo mais informação e até soluções concretas para a sua farmácia. A discussão e o interesse suscitados por esta metodo-
os
20 08
Formação a Distância Uma nova tecnologia Dar a conhecer as potencialidades da formação a distância enquanto tecnologia que permite conciliar a abertura para a valorização profissional contínua com a disponibilidade de tempo e espaço – foi esta a intenção que presidiu à organização da workshop sobre Formação a Distância. Como método de ensino, que associa a perfeita adequação às circunstâncias de cada profissional e a excelência de resultados, a formação a distância não é nova, constando da oferta formativa da Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão. Mas nesta workshop pretendeu-se ir mais além na exploração das suas potencialidades, com recurso a uma ferramenta inovadora que permite a interacção entre formandos e formador. Os participantes em cada sessão acederam, assim, a uma acção de formação em tempo real. “Fidelização do cliente” foi o tema seleccionado e ministrado com a colaboração da psicóloga Ana Maia, que, à distância, teve oportunidade de interagir com os formandos, respondendo às questões colocadas e apresentando resultados. No final, e com base numa primeira análise dos inquéritos de satisfação, verifica-se que a apreciação dos participantes foi muito positiva. Esta workshop permitiu ainda apresentar o site da Escola que deverá estar disponível no início de 2009. Uma das valências é a consulta do percurso formativo individual, além da possibilidade de inscrição online em acções de formação.
logia permite um balanço global positivo. Farmácia Portuguesa | 57
congresso anf Apresentação de Posters
O melhor da farmácia
As farmácias foram desafiadas a mostrar, no congresso, o melhor da sua intervenção profissional. E a resposta ao desafio
A ideia germinou a partir da consta-
mento desta realidade, aliado ao fac-
tação de que as farmácias têm de-
to de noutros congressos, nacionais
senvolvido um vasto e diversificado
e internacionais ser habitual a apre
leque de serviços farmacêuticos, ao
-sentação de posters, que levou
muito positiva, alicerçada
mesmo tempo que se envolvem cada
elementos do CEFAR e do Departa-
num vasto leque de
vez mais nas campanhas de promo-
mento de Programas de Cuidados
ção da saúde e prevenção da doen-
Farmacêuticos (DPCF) da ANF a pro-
ça, bem como nos subsequentes
por à Direcção e à Organização do 9.º
estudos de avaliação. Foi o conheci-
Congresso Nacional das Farmácias a
excedeu as expectativas, revelando uma realidade
serviços farmacêuticos. 58 | Farmácia portuguesa
30
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19 78 •
os
20 08
A resposta que as farmácias deram ao desafio lançado este ano faz antever que a experiência tenha continuidade.
introdução desta valência. O desafio
rapêutica num centro de dia, numa
Paralelamente foram expostos pos-
foi aceite internamente, após o que
abordagem multidisciplinar, e de
ters das diferentes áreas da ANF,
foi estendido às farmácias. Antes, po-
uma caminhada contra a obesidade
nomeadamente do CEFAR, do LEF
rém, foi necessário definir normas e
envolvendo a comunidade servida
e do DPCF. Não foram elaborados
critérios para os posters, para o que
pela farmácia.
propositadamente, apenas dados a
foi constituída uma comissão científi-
Os trabalhos foram avaliados, numa
conhecer aos associados, depois de
ca. Presidida por Ana Miranda, médi-
escala de 0 a 30, com base nos se-
terem sido apresentados em con-
ca epidemiologista e consultora cien-
guintes critérios – inovação, clareza
gressos nacionais e internacionais.
tífica do CEFAR, integra outras seis
na definição do objectivo e metodo-
A decisão de expô-los no congresso
pessoas cuja formação e experiência
logia, apresentação sucinta e concre-
visou acentuar o contributo que as
abrangem quer a vertente científica,
ta de resultados, conclusões breves,
farmácias dão na concretização de
quer a vertente profissional.
contributo para a prática farmacêuti-
campanhas e na recolha dos dados
Além dos critérios, necessários para
ca e contributo para a saúde da po-
que servem de matéria-prima aos
garantir rigor e qualidade, foram
pulação alvo da intervenção.
estudos desenvolvidos.
estabelecidas algumas balizas te-
A alguns foram feitas sugestões vi-
A resposta que as farmácias deram
máticas: tendo a intervenção farma-
sando melhorar a qualidade. Outros
ao desafio lançado este ano faz an-
cêutica como denominador comum,
houve que, por versarem a mesma
tever que a experiência tenha conti-
foram identificadas 14 áreas, da me-
temática e incluírem abordagens
nuidade. Os farmacêuticos que acei-
dição de parâmetros aos cuidados
muito semelhantes, com conclusões
taram o repto sentir-se-ão, decerto,
farmacêuticos, passando pela revisão
coincidentes, acabaram por se agre-
estimulados a manter e reforçar o
terapêutica.
gar num único trabalho. Fica a con-
investimento na intervenção farma-
E a surpresa foi “muito agradável”: fo-
vicção de que a iniciativa despertou
cêutica. E os que ainda não partici-
ram recebidos 35 resumos, com enfo-
um interesse significativo junto das
param terão uma oportunidade de
que em domínios como a obesidade,
farmácias. Pelo número de resumos
mostrar o trabalho que desenvol-
a osteoporose, o risco cardiovascular,
recebidos, mas também pela qua-
vem na sua farmácia.
o seguimento de doentes. A maior
lidade e diversidade das interven-
A estreia dos posters num congresso
parte respeitante a intervenção no
ções.
da ANF permitiu mostrar, aos pares
espaço da farmácia, com algumas
Mas o reconhecimento do trabalho
e aos convidados, o que de melhor
excepções. É o caso da revisão da te-
das farmácias não se ficou por aqui.
se faz na farmácia. Farmácia Portuguesa | 59
congresso anf
Figura 1 - Poster “ Intervenção do Farmacêutico na Redução do Índice de Complexidade da Medicação dos Idosos” 60 | Farmácia portuguesa
30
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os
20 08
Redução da complexidade da medicação dos idosos
O valor da intervenção farmacêutica A ligação da farmácia à comunidade e
de Medicação (MRCI) de 22,9 (médio).
Foi esta a experiência que Sara Pagote,
a mais-valia de levar a intervenção far-
Durante o estudo, que se prolongou
Jorge Silva e Fernando Fernandés-
macêutica para além do espaço físico
por 90 dias, morreram dois idosos do
-Limós, da Farmácia Alcáçovas, deram
da farmácia ficou bem patente no es-
grupo de intervenção e cinco do de
a conhecer no congresso – um poster
tudo que uma equipa da Farmácia da
controlo, tendo a equipa da Farmácia
(ver figura 1) que valeu a melhor classifi-
Misericórdia, em Alcáçovas, submeteu
da Misericórdia avaliado o impacto des-
cação da respectiva comissão científica,
à comissão científica que avaliou os
tes óbitos. E o que se verificou foi que
liderada por Ana Miranda.
posters a apresentar no congresso.
o número de medicamentos a tomar
Não foi apenas nesta farmácia motivada
O trabalho foi desenvolvido em Março
diminuiu no grupo de intervenção, mas
pela questão da terapêutica nos idosos:
de 2007 junto da população institu-
não no de controlo. Também o MRCI
outros dois posters versaram o mesmo
cionalizada num lar de idosos da área
do grupo de intervenção sofreu uma
tema, de um total de 24 seleccionados
de influência da farmácia e visou a re-
descida significativa – dos 22,2 iniciais
para apresentação. Mas foi sobre a ava-
dução do índice de complexidade da
para 16,8 –, com a alteração no grupo
liação do risco cardiovascular que se re-
respectiva medicação. Avaliar a eficácia
de controlo a ser menor – de 23,6 para
gistaram mais trabalhos – seis. A medi-
da intervenção do farmacêutico nes-
20,0. Avaliando os dados, a equipa com-
ção de parâmetros clínicos foi também
sa redução era o objectivo. Os utentes
provou que a uma redução de apenas
versada, com dois posters sobre a glice-
do lar foram, aleatoriamente, divididos
16% no número de medicamentos
mia e um terceiro sobre o PSA. O acom-
em dois grupos, por forma a conseguir
correspondeu um decréscimo de 24%
panhamento farmacoterapêutico e os
comparar os resultados da intervenção.
no MRCI, o que abre claramente lugar à
serviços farmacêuticos registaram dois
No início do estudo, ambos os grupos
intervenção do farmacêutico clínico na
posters cada. Obesidade, osteoporose,
tomavam, em média 7,8 medicamen-
redução da complexidade dos regimes
doentes crónicos, DPOC e Sifarma 2000
tos, com um Índice de Complexidade
terapêuticos em idosos.
foram outros temas abordados.
Farmácia Portuguesa | 61
congresso anf
Pausas entre pares Dois espaços evocativos de diferentes épocas da História de Portugal serviram de palco aos eventos sociais do 9º Congresso Nacional das Farmácias, numa simbólica união entre o passado e a tradição, protagonizados pelo Museu dos Coches, e o futuro e a vanguarda, reflectidos no Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. A escolha destes dois espaços adequa-se perfeitamente ao espírito do congresso, das farmácias e da ANF – de olhos postos no futuro sem virar costas ao passado. Foi no Museu dos Coches, no Picadeiro Real, que decorreu o cocktail de abertura do congresso, no dia 20. Entre os veludos, os brocados e a talha dourada que enriquecem uma das mais notáveis colecções do género em todo o mundo, os congressistas e convidados foram recebidos com ópera, num cenário animado por figurantes trajados a rigor. Foi um regresso aos séculos de reis e rainhas, a contrastar com o ambiente proposto para o jantar de encerramento, a 21 – o pavilhão que levou Portugal ao mundo na Expo-98. Da visão dos arquitectos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura saíram traços ousados mas optimistas e, acima de tudo, orientados para o futuro. Uma perspectiva que as farmácias e os farmacêuticos perfilham, pelo que o espaço se revelou perfeitamente adequado. Os convivas foram recebidos ao som de saxofone, com um atelier de dança a prolongar a animação pela noite. Foram dois momentos de pausa entre pares. Pausa nos trabalhos do congresso, propícia ao reencontro de quem se dedica à mesma causa mas nem sempre consegue fazer coincidir as oportunidades de um maior conhecimento pessoal. Um congresso é também isso – além de um fórum de reflexão e discussão, uma possibilidade de convívio e partilha. 62 | Farmácia portuguesa
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20 08
Expofarma 2008 Mais expositores e mais visitantes Durante três dias consecutivos, coincidindo com o 9º Congresso Nacional das Farmácias, o Centro de Congressos de Lisboa foi palco do maior evento ibérico totalmente direccionado para a farmácia – a Expofarma. A edição de 2008 – patente ao longo de 7.800 m2 – acolheu 130 expositores, 41 dos quais se apresentaram pela primeira vez. O sucesso do certame é medido também pelo número de visitantes – 8400, o que corresponde a um aumento em relação ao ano anterior. Além dos números, também o facto de estarem reunidos, num mesmo espaço, as melhores empresas da indústria farmacêutica, equipamentos e serviços atesta a importância da Expofarma. A existência de novos patrocinadores é também a prova de que o retorno do investimento é positivo.
Prémio Responsabilidade Social para Hepaturix À semelhança da edição anterior, também em 2008 foram atribuídos os Prémios Expofarma, concebidos como um estímulo a uma melhor prestação de serviços. No que respeita aos expositores, foram distinguidos os melhores stands em quatro categorias, com a selecção a considerar critérios como a qualidade, modernidade, tecnologia, inovação e design. Assim, sagrou-se “Expositor do Ano” a Mylan, o “Melhor stand da Indústria Farmacêutica” foi o da Ratiopharm, enquanto a Alliance Healthcare venceu na categoria de “Melhor stand de Equipamentos e Serviços”. Com o “Melhor Design” foi premiada a representação da Sandoz. A Expofarma atribuiu também desde 2007 um prémio na categoria de Responsabilidade Social. Depois da ANDAI, distinguida nesse ano, foi a vez da Hepaturix – Associação Nacional das Crianças e Jovens Transplantados ou com Doenças Hepáticas, ambas membros da Plataforma Saúde em Diálogo. O prémio, no valor de dez mil euros, permitirá à associação perseguir os seus objectivos na promoção da saúde dos doentes que representa, bem como dos respectivos familiares, proporcionando-lhes maior informação, recursos e qualidade de vida. Farmácia Portuguesa | 63
informacao terapeutica Menopausa
Bem-estar no feminino Na mulher, o ciclo reprodutivo é marcado essencialmente por dois acontecimentos: a menarca (primeira menstruação) e a menopausa. Antes da primeira menstruação o corpo passa por muitas mudanças. O mesmo acontece antes e após a menopausa.
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Viver esta etapa da vida de forma saudável, com
pêutica para, por um lado, melhorar os sintomas
tranquilidade e bem-estar constitui um dos ob-
mais desconfortáveis, e por outro lado, prevenir
jectivos principais do aconselhamento e inter-
alguns dos principais riscos decorrentes da me-
venção do Farmacêutico junto das mulheres.
nopausa.
É importante compreender esta mudança como
Promover a correcta adesão à terapêutica e a
natural, conhecer os problemas de saúde que
alteração de estilos de vida que visam o bem-
podem surgir associados e o que fazer para os
estar e a qualidade de vida da mulher é parte
minimizar. Frequentemente é instituída tera-
crucial da intervenção da Farmácia.
30
an
19 78 •
Tal como na puberdade, os sinais e sintomas associados à menopausa podem ter início vários anos antes e durar vários meses ou anos após a menopausa.
Menopausa, perimenopausa e pós-menopausa. De que falamos afinal? No período de transição menopáu-
possível distinguir etapas, que se
hormonais, que causam os sintomas
sica – climatério - muitas mudan-
sucedem umas às outras de acordo
típicos da menopausa, como irregula-
ças
com a idade (Figura 1)
acontecem.
Fisiologicamente
:
ridades menstruais e afrontamentos.
2-7, 9-11
a menopausa decorre do processo
Pré-menopausa: corresponde à fase
Menopausa: representa o final da
de envelhecimento dos ovários que
desde a primeira menstruação, até
fase de transição anterior ao térmi-
determina
hormonais,
à última menstruação regular. É de-
no da capacidade reprodutiva. Neste
que provocam mudanças no corpo e
finido como o período “normal” da
momento, cessam as menstruações.
humor. Mas nem todas as mudanças
função reprodutiva.
A data precisa, é estabelecida por
estão apenas relacionadas com este
Perimenopausa: é o período de tem-
retrospectiva, isto é, após um ano de
processo. Tal como na puberdade,
po que antecede a menopausa. É
amenorreia (ausência de menstrua-
os sinais e sintomas associados à me-
uma fase transitória, que pode iniciar-
ção) afirma-se que ocorreu a meno-
nopausa podem ter início vários anos
se entre 2 a 10 anos antes da última
pausa.
antes e durar vários meses ou anos
menstruação e dura, pelo menos, 1
Pós-menopausa: é a etapa seguinte
após a menopausa.
ano após a última menstruação. Esta
à menopausa e dura até ao resto da
No ciclo reprodutivo da mulher é
fase é caracterizada por flutuações
vida.
alterações
6
1-6
os
20 08
Figura 1 – Etapas do Ciclo Reprodutivo da Mulher (adaptada de European Menopause and Andropause Society)
Idade média (anos) 12 Menarca (primeira menstruação)
14 - 40 Pré - Menopausa (ciclo regular de menstruações)
45 Perimenopausa (ciclo irregular de menstruações)
51 Menopausa (sem menstruação)
52 Pós-menopausa
Farmácia Portuguesa | 65
informacao terapeutica Mulheres com menopausa precoce, além dos sintomas comuns desta etapa, são alvo de perda óssea mais rápida, com maior probabilidade de desenvolver osteoporose. 2,3,5-8
A idade média na qual se atinge a
como diabetes mellitus, anorexia, do-
menstruação), vasomotoras (afronta-
menopausa é os 51 anos de idade,
ença da tiróide, em geral é transitória
mentos, suores nocturnos, cefaleias),
embora em algumas mulheres pos-
e a função ovárica retorna após o tra-
psíquicas (humor depressivo, insó-
sa acontecer por volta dos 40 ou 60
tamento da patologia.
nias, irritabilidade), urogenitais (in-
anos de idade.1-7 Geralmente, a partir
Mulheres com menopausa precoce,
continência urinária, secura vaginal,
dos 38 anos, a depleção dos folículos
além dos sintomas comuns desta
dificuldades sexuais), cardiovascula-
é mais acelerada.
etapa, são alvo de perda óssea mais
res (aumento da pressão arterial e do
Se a menopausa acontece antes dos
rápida, com maior probabilidade de
colesterol) entre outras como o au-
40 anos de idade, trata-se de meno-
desenvolver osteoporose. 2,3,5-8
mento do peso, modificação da pele, enfraquecimento do cabelo, cãibras,
pausa precoce. Se pelo contrário, a menopausa ocorre depois dos 55 anos de idade, designa-se por menopausa tardia. A menopausa precoce pode ocor-
Um fenómeno fisiológico. O que sucede?
rer de forma espontânea, devido a
artralgias e dores ósseas.1-6,9,10,12,13,18 Durante o período reprodutivo os ciclos menstruais repetem-se ininterruptamente,
(excepto
durante
a gravidez), e cada um comporta a
factores genéticos (associados ao
Com o avançar da idade, ocorre uma
maturação de vários folículos ovári-
cromossoma X, história familiar de
inevitável redução do funcionamen-
cos. Desde o nascimento, o número
menopausa precoce) ou a doenças
to dos ovários, que gradualmente
de folículos primários presentes nos
auto-imunes (doença da tiróide, artri-
deixam de libertar, mensalmente, os
ovários está predeterminado e ao
te reumatóide), ou pode ser induzida
óvulos e de produzir as hormonas
longo da vida da mulher vai haver
por factores iatrogénicos (cirurgia
femininas (estrogénios e progesta-
uma perda contínua de folículos. Ao
para remoção total ou parcial do ová-
génios).1,2,4,5
fim de três ou quatro décadas, os fo-
rio, histerectomia, radioterapia, qui-
Quando o organismo deixa de estar
lículos primários restantes já não são
mioterapia), por infecções víricas e
exposto aos habituais níveis eleva-
viáveis.
por certos estilos de vida (tabagismo,
dos de estrogénio, cria-se um novo
De início, alguns folículos amadu-
vegetarianismo).
ambiente hormonal designado hi-
recem de forma irregular e, embora
A falência prematura dos ovários,
poestrogenismo, que implica alte-
produzam uma certa quantidade
secundária a uma patologia de base
rações menstruais (até cessação da
de estrogénios, por vezes, esse pro-
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30
an
19 78 •
cesso não é acompanhado de ovu-
mulher. Em alguns casos a sua du-
conduzir a um aumento de hormo-
lação nem de secreção suficiente de
ração não ultrapassa os 2 a 3 anos,
nas masculinas em circulação, o que
progesterona, o que determina um
noutras as queixas prolongam-se por
pode provocar 1,2,4-6,9,10,12-14,18,19:
desequilíbrio hormonal e se traduz
mais de 5 anos e podem nunca desa-
• Cabelo oleoso, perda de cabelo
no início das irregularidades mens-
parecer completamente.
truais, muitas vezes acompanhadas
O climatério caracteriza-se, essencial-
de suores nocturnos, afrontamentos
mente, por
e secura vaginal, que caracterizam a
• Alterações no ciclo menstrual -
ou diminuição da espessura :
1,2,4-6,9,10,12-14,18,19
perimenopausa.6
desde irregularidades até à cessa-
Por fim o tecido ovárico deixa de res-
ção da menstruação
ponder por completo, cessando a sua
• Pêlos em zonas indesejadas, como no queixo ou lábio superior • Os poros da pele dilatam e as impurezas podem acumular-se • Acumulação de massa gorda
• Distúrbios vasomotores - afronta-
(deixa de estar em redor da anca
produção hormonal, o que implica o
mentos, suores nocturnos, cefaleias
e passa a acumular-se na cintu-
desaparecimento da menstruação,
• Alterações psíquicas - humor de-
ra, com aumento do perímetro
para além das modificações orgâni-
pressivo,
cas características da menopausa.
nervosismo, ansiedade e depressão
6
insónias,
os
20 08
irritabilidade,
abdominal, o que constitui um maior risco cardiovascular).
• Perturbações urogenitais - incon-
Sinais e sintomas. Onde intervém a farmácia?
tinência urinária, secura vaginal,
Felizmente, a maioria dos sinais e
dificuldades sexuais.
sintomas da menopausa são tran-
A mulher produz pequenas quan-
sitórios. Além de adoptar algumas
tidades de androgénios, que são
mudanças no estilo de vida, há con-
hormonas masculinas. A redução da
selhos práticos que permitem ali-
São múltiplos os sinais e sintomas
produção de hormonas femininas
viar sintomas mais desconfortáveis
desta fase e diferem de mulher para
(estrogénio e progestagénio), pode
(Tabela 1).2,4,5,13,14 Farmácia Portuguesa | 67
informacao terapeutica Tabela 1 – Sinais e sintomas associados à menopausa, sua caracterização e conselhos práticos
Irregularidades no ciclo menstrual À medida que a mulher alcança a perimenopausa são comuns alterações na duração do ciclo, fluxo e intervalo entre os ciclos menstruais. Em geral, o intervalo entre os ciclos encurta, o fluxo é menor e a duração do ciclo pode aumentar ou diminuir. É comum na fase final da perimenopausa a mulher não ter menstruação e no mês seguinte ocorrer um ciclo normal.
•
•
Fazer um registo das datas dos ciclos menstruais (ajuda a perceber em que fase se encontra e a detectar situações de hemorragias anormais) Em caso de hemorragias fora do habitual, encaminhar para o médico
Afrontamentos e suores nocturnos •
Caracterizam-se por uma sensação súbita, intensa e desagradável de calor, particularmente na zona superior do corpo (face, pescoço e tórax), acompanhada por sudação com posterior sensação de frio e nalguns casos por um batimento cardíaco acelerado e ansiedade. A causa parece estar relacionada com a diminuição dos níveis de estrogénio, que causam hiperemia (aumento do afluxo de sangue por vasodilatação). A maioria dos afrontamentos pode durar entre 30 segundos a 10 minutos. Os afrontamentos que ocorrem à noite, chamados de “suores nocturnos”, podem interferir com o sono.
• • • •
•
Reduzir a ingestão de cafeína (chocolate, café, chá e alguns refrigerantes), álcool e comida muito temperada (sobretudo pimenta ou canela) Comer várias vezes ao dia e pouco de cada vez (para manter os níveis de açúcar no sangue constantes) Beber muitos líquidos Manter-se fresca tanto durante o dia como durante a noite: - Habitação fresca - Vestir roupas em camadas (para poder remover as peças de roupa aos primeiros sinais de calor) - Optar por vestuário de algodão e fibras não sintéticas Respirar fundo e devagar para ajudar a relaxar (fazer este exercício 6 a 8 vezes por minuto durante 15 minutos de manhã e ao final da tarde). Praticar pelo menos 30 minutos de exercício por dia
Distúrbios no sono • • • • Perto da menopausa algumas mulheres apresentam perturbações no sono, especialmente se têm suores nocturnos. As perturbações mais frequentes são: insónias, dificuldade em voltar a adormecer quando se acorda durante a noite e acordar mais cedo.
• • • •
Diminuir a ingestão de cafeína e álcool Tomar um banho morno à noite ou quando acordar a meio da noite Deitar e acordar todos os dias à mesma hora Evitar jantar muito tarde ou fazer lanches pesados antes de ir para a cama Manter o quarto com pouca luminosidade e temperatura confortável Recorrer a técnicas de relaxamento (meditação, respirar fundo e devagar) Praticar pelo menos 30 minutos de exercício por dia (reduz o stresse e relaxa os músculos), sem ser antes de deitar Evitar ou limitar o uso de medicamentos ou produtos para dormir
Cefaleias Em mulheres susceptíveis, podem ser causadas por vários factores como certos alimentos (vinho, queijo), refeições rápidas, muitas ou poucas horas de sono, alterações emocionais (stresse, ansiedade, excitação) e ambientais (barulho, luminosidade excessiva). Mulheres com história de cefaleias, sobretudo perto ou durante o ciclo menstrual ou aquando da toma de contraceptivos orais, estão mais predispostas a ter cefaleias na perimenopausa. Após a menopausa e quando os níveis de estrogénio são permanentemente baixos as cefaleias desaparecem.
68 | Farmácia portuguesa
•
•
Evitar os factores predisponentes: certos alimentos (vinho, queijo), refeições rápidas, muitas ou poucas horas de sono, alterações emocionais (stresse, ansiedade, excitação) e ambientais (barulho, luminosidade excessiva) Em caso de dor intensa ou que interfira com as actividades diárias tomar analgésicos; caso não verifique melhoria ao fim de 3 dias, referenciar ao médico
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Alterações na memória e concentração A memória e outras funções cognitivas mudam ao longo da vida devido ao envelhecimento. Não há evidência que a perda de memória e concentração esteja directamente ligada à menopausa. As perturbações no sono, afrontamentos, suores nocturnos podem contribuir para esta diminuição nas capacidades cognitivas, bem como lidar com factores de stresse na meia-idade.
• •
A mulher deve manter-se física, social e mentalmente activa Exercitar e memória (por ex. jogar sudoku, palavras cruzadas, sopa de letras)
Alterações de humor, depressão e ansiedade Algumas mulheres na perimenopausa referem sentir tristeza, choro fácil, desencorajamento e alterações de humor. Não é clara a relação entre estes sintomas e a diminuição gradual da função ovárica, mas a privação de sono associada a afrontamentos e suores nocturnos, frequentemente resultam em fadiga, irritabilidade e mau humor. A sensação de descontrolo sobre o corpo, devido às flutuações hormonais, também pode levar a estes estados de espírito. História de alterações de humor na juventude (associada ao síndrome pré-menstrual), uma perimenopausa longa, sintomas severos e intensos (afrontamentos), mudanças familiares (crescimento dos filhos, envelhecimento dos pais), história familiar de depressão, disfunção da tiróide ou efeitos adversos de medicamentos causam humor deprimido.
• • • • •
Recorrer a técnicas de relaxamento (meditação, respirar fundo e devagar) Optimizar o sono Fazer terapia ou procurar outros tipos de ajuda (por ex. grupos de apoio). Evitar tomar sedativos e ansiolíticos. Fazer pelo menos 30 minutos de exercício por dia (reduz o stresse e relaxa os músculos)
Alterações vulvovaginais Na pós-menopausa ocorrem alterações na zona vulvo-vaginal causadas pelo hipoestrogenismo, que conduz a secura e atrofia vaginal, diminuição das secreções vaginais (com diminuição da lubrificação) e aumento do pH vaginal (maior susceptibilidade a infecções vaginais)
• •
Usar lubrificantes (de preferência à base de água) para diminuir a secura vaginal Utilizar produtos de higiene íntima com substâncias emolientes (como aveia), sem álcool e perfume
Alterações na função sexual • É natural na pós-menopausa haver uma diminuição do desejo sexual. O envelhecimento, o aumento dos níveis de androgénio, os sintomas da perimenopausa (que influenciam o estado de espírito) também podem diminuir o desejo sexual, que juntamente com a secura vaginal, pode tornar o acto sexual desconfortável e por vezes doloroso.
•
•
Conversar com o parceiro sobre as alterações físicas e emocionais Em caso de dor durante o acto sexual, além das medidas acima referidas, experimentar posições diferentes para tentar encontrar uma que seja mais confortável Manter-se sexualmente activa (aumenta a vasodilatação na zona vaginal e mantém os músculos tonificados)
Problemas urinários A micção frequente, perda involuntária de urina e incontinência urinária são comuns com o avançar da idade. À medida que a menopausa se aproxima, e nos anos seguintes, a diminuição dos estrogénios conduz ao à perda de elasticidade e firmeza da musculatura pélvica, que suporta a bexiga e uretra, aumentando o risco de incontinência urinária. Os tipos de incontinência mais comuns são a incontinência de esforço e por imperiosidade. Na primeira, há perda de urina quando se faz um esforço (espirrar, rir, tossir, pegar em pesos, mudar de posição, etc), causada pelo enfraquecimento dos músculos pélvicos. A incontinência de urgência ou bexiga hiperactiva deve-se à hiperactividade do músculo detrusor da bexiga e a perda de urina é acompanhada por uma vontade imperiosa (forte e urgente) para urinar, que não se consegue controlar. A incontinência por esforço é mais comum na perimenopausa e não está relacionada com a idade, mas a incidência de incontinência por imperiosidade aumenta ao longo da pós-menopausa. A acompanhar esta fase há também uma maior propensão a infecções urinárias.
•
• •
•
• • •
Fazer exercícios de contracção e relaxamento da musculatura circunvaginal – exercício de Kegel - todos os dias para fortalecer os músculos que controlam a pressão de fecho da uretra Fazer uma adequada ingestão de líquidos Evitar alimentos que possam irritar a bexiga, provocando aumento da frequência urinária, entre os quais os picantes, os condimentos, o café, as bebidas gaseificadas, as bebidas alcoólicas, os adoçantes e os corantes artificiais. Redução do peso (pessoas com excesso de peso têm uma maior tendência para a incontinência de esforço, devido à maior pressão abdominal) Diminuição ou cessação tabágica. (fumadores tossem mais, o que pode resultar numa maior incidência de perdas de urina) Tornar o acesso à casa de banho tão fácil quanto possível Utilização de pensos ou fraldas (são produtos absorventes, disponíveis em vários estilos e formas, e adaptados para diferentes quantidades de perda de urina, mas que não resolvem a causa da incontinência)
Farmácia Portuguesa | 69
informacao terapeutica
Efeito protector dos estrogénios. O que muda?
pressão arterial, colesterol, triglicerí-
cialmente (no primeiro caso, não sur-
deos e glicemia.
gem sangramentos; no segundo, há
1,2,5,6
Terapêutica hormonal
Com a atenção centrada nas altera-
“menstruações” mensais). As mulheres sem útero devem tomar apenas estrogénios.1,9,16 O recurso a antidepressivos e tran-
ções hormonais são, por vezes, negli-
A menopausa por si não requer tra-
quilizantes raramente é necessário,
genciados outros problemas de saú-
tamento. Em vez disso, adoptam-se
mesmo quando pareçam estar indi-
de como a osteoporose ou as doen-
terapêuticas para alívio dos sintomas
cados.1,9,16
ças cardiovasculares, para os quais as
e para prevenir patologias crónicas
Cada caso é um caso, e a terapêutica
mulheres após a menopausa se en-
que podem surgir com o envelheci-
deve ser adoptada de forma indivi-
contram mais predispostas.1,2,4,5,6,13,14
mento.1,9,16
dualizada. Durante o tratamento é
Diariamente o organismo faz a re-
Durante a perimenopausa é comum
indispensável verificar se se obtém a
modelação óssea, por reabsorção e
a toma de contraceptivos orais com-
desejada eficácia clínica e se há nor-
formação de nova massa óssea, sen-
binados para controlar menstruações
malização dos factores de risco ósseo
do o papel dos estrogénios ajudar a
irregulares. Estes medicamentos po-
e cardiovascular.1,9,16
controlar a perda óssea. Na falta ou
dem igualmente ajudar no alívio de
diminuição destes, a perda óssea é
sintomas como afrontamentos e pre-
superior à sua renovação, resultando
venir a gravidez.
no enfraquecimento dos ossos (por
Com o aproximar da menopausa é
perda de cálcio), com maior risco de
possível que surjam outros sintomas
fractura.
como afrontamentos, suores noc-
Apesar da terapêutica actualmente
Devido à alteração dos níveis de es-
turnos ou secura vaginal, sendo que
disponível ser uma opção efectiva
trogénio, ao desequilíbrio entre os
nesta fase pode iniciar-se a terapêu-
para o alívio dos sintomas relaciona-
níveis de hormonas femininas e mas-
tica hormonal de substituição (THS).
dos com a menopausa, alterações ao
culinas, e ao processo de envelheci-
Esta, além de ajudar a aliviar os sinto-
estilo de vida constituem uma alter-
mento, as mulheres nesta fase ficam
mas, pode prevenir a perda de massa
nativa ou complemento igualmente
mais predispostas a problemas cardí-
óssea.2,4,9 Actualmente, a THS está
importante.4,9,15,17
acos. As alterações no perfil lipídico,
recomendada como tratamento de
o aumento do peso e outras patolo-
curta duração.1,9,16
1. Exercício físico
gias (hipertensão arterial, diabetes)
Em mulheres com útero intacto re-
A prática de exercício físico adequa-
que surgem, aumentam significativa-
corre-se a terapêutica com estrogé-
do é crucial no alívio da maioria dos
mente o risco cardiovascular. Nesta
nios e progesterona, administrados
sintomas da menopausa, sendo a
fase é crucial vigiar regularmente a
em combinação diária ou sequen-
inactividade física um factor de ris-
1,2-6,10
70 | Farmácia portuguesa
2,4,9
Manter a saúde depois da menopausa
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A menopausa por si não requer tratamento. Em vez disso, adoptam-se terapêuticas para alívio dos sintomas e para prevenir patologias crónicas que podem surgir com o envelhecimento.1,9,16
co para muitas doenças. Actividades
conta, pelo que é crucial adoptar um
Evitar alimentos temperados, bebi-
como andar, correr, dançar, não só
regime alimentar equilibrado.
das quentes, cafeína e álcool ajudam
são benéficas para o coração, como
Para prevenir a doença cardiovas-
no alívio dos afrontamentos.4,5,9,13-15,17
ajudam a nível ósseo, muscular e na
cular, deve reduzir-se ou restringir a
Em paralelo ao regime alimentar, é
manutenção do peso. Melhoram o
ingestão de gordura e limitar o con-
muito importante controlar o peso,
padrão do sono e promovem a sen-
sumo de sal e álcool. Em vez disso,
até porque 30% de excesso de peso,
sação de bem-estar. Em algumas mu-
deve haver uma ingestão elevada de
representa risco de doença cardio-
lheres, a prática regular de exercício
frutas, verduras e leguminosas.
vascular, mesmo na ausência de ou-
físico também diminui a frequência
Para a prevenção de osteoporose é
tros factores de risco.4,5,9,13-15,17
dos afrontamentos.4,9,15,17
necessária uma ingestão adequada
Para um maior benefício deve ser
de cálcio. Se o cálcio presente na
3. Stresse
praticado diariamente 30 minutos de
dieta, através de produtos lácteos e
O stresse assume um forte impacto
exercício aeróbico moderado, o qual
verduras verde-escuras (por ex. bró-
na saúde. Quando atingem a meia-
melhora a frequência cardíaca e res-
culos), não for suficiente pode ser
idade as mulheres ficam sujeitas a
piratória. Exercícios de carga ligeiros
necessário tomar um suplemento de
maior stresse, associado a alterações
ajudam a criar massa muscular e a
cálcio (sem ferro e fibra). A vitamina
na estrutura familiar (os filhos tendem
manter o tónus muscular.
D tem igualmente um papel impor-
a sair de casa, os pais envelhecem),
tante, uma vez que ajuda a absorção
no trabalho, entre muitas outras pos-
2. Alimentação
do cálcio. Além do que se pode ob-
síveis causas de tensão emocional.
A partir da perimenopausa as neces-
ter pela exposição solar (é suficiente
É assim recomendável a prática de
sidades nutricionais são diferentes. O
menos de 15 minutos de exposição
exercício físico ou técnicas de rela-
metabolismo diminui, há acumulação
diária) e através de certos alimentos
xamento (por ex. ioga, meditação,
de massa gorda e diminuição da massa
(leite fortificado, fígado, atum), pode
massagens, banho de imersão). Uma
muscular. A dieta é assim outro factor
ser necessário um suplemento para
menor incidência de afrontamentos
do “estilo de vida” que deve ser tido em
atingir a dose diária recomendada.
está associada ao relaxamento.4,9,15,17
4,9,15,17
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informacao terapeutica
4. Tabagismo Todas as mudanças no estilo de vida têm impacto sobre a qualidade de vida, sendo o hábito de fumar o que mais a afecta. Além de aumentar o risco de doença cardiovascular
e
osteoporose,
pode antecipar a menopausa até 3 anos, o que por sua vez também
Quando consultar o Médico 1,2,4-6,9,10,12,13 • Hemorragias intensas (principalmente se não houve situações idênticas no passado)
aumenta o risco de doença cardiovascular e osteoporose. Não fumar é uma das medidas mais saudáveis a adoptar.4,9,15,17
• Hemorragias que durem mais do que 7 dias ou mais 2 dias do que o habitual
5. Vigiar
• Hemorragias frequentes, com intervalos inferiores a 21 dias (desde o
A perimenopausa é uma das
primeiro dia de hemorragia até ao primeiro dia de hemorragia do ciclo
etapas que requer uma maior
seguinte)
vigilância do estado de saúde. É
• Spotting ou pequenas hemorragias entre os ciclos menstruais
importante fazer check-up’s re-
• Sangramento após a relação sexual
gulares para despistar situações
• Secreção vaginal crónica
clínicas como diabetes mellitus,
• Prurido, ardor ou irritação vaginal
hipertensão arterial, alterações na
• Vontade de urinar com maior frequência e ardor
função tiróideia.12 Outros exames
• Ansiedade ou depressão que afecte o sono ou outras actividades do
recomendados incluem a citologia
dia-a-dia
cervical (Papanicolau) e mamogra-
• Cefaleias intensas ou que interfiram com as actividades diárias, que
fia anual, o controle regular dos va-
com a toma de analgésicos durante 3 dias não se verificaram melhoras
lores de colesterol e triglicerídeos, entre outros.4,12,16
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Suporte ao aconselhamento em situações relacionadas com Menopausa: Folheto disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação Saúde desde Fevereiro de 2009
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conclusão O aumento da esperança média de vida e a diminuição da mortalidade têm contribuído para uma percentagem cada vez maior de população feminina que se encontra em pós-menopausa. Actualmente, as mulheres viverão cerca de um terço da sua vida em pós-menopausa. Além de novos problemas com que irão deparar-se, sob os pontos de vista psicológico, social e financeiro, irão sentir os efeitos da privação das hormonas sexuais femininas sobre vários órgãos. Isto resulta num risco aumentado de doença a nível cardiovascular, ósseo e psíquico.1 A intervenção da farmácia deve assim contribuir para que a população feminina seja correctamente tratada e protegida, informando sobre os tipos de tratamentos e outras medidas para alívio dos sintomas. A menopausa não é uma doença, contudo são necessárias algumas medidas para aliviar o desconforto que alguns sintomas podem originar.2,4,5 As naturais preocupações devem ser desmistificadas sugerindo medidas práticas e alterações do estilo de vida que permitam gerir esta fase com serenidade e pela positiva.
1. Sociedade Portuguesa de Menopausa. A Menopausa. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em http://www.spmenopausa.pt/view_article.asp?id=50&cat=39 2. National Institute on Aging. Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.nia.nih.gov/HealthInformation/Publications/menopause.htm 3. European Menopause and Andropause Society. Menopause.[acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emasonline.org/Pages/Menopause(Article).aspx 4. The Hormone Foundation. Menopause – Managing Your Body’s Changes. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.hormone.org/Resources/upload/ menopause_managing_your_body.pdf 5. MayoClinic. Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// www.mayoclinic.com/health/menopause/ DS00119 6. European Menopause and Andropause Society. Menopause, Perimenopause & Postmenopause: Definitions, Terms & Concepts. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/ Pages/Menopause,PerimenopausePostmeno pauseDefinitions,TermsConcepts.aspx 7. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Stages of Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ 8. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Premature Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/menopause/stages/premature.cfm 9. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Perimenopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ perimenopause.cfm 10. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Menopause. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http:// womenshealth.gov/menopause/stages/ menopause.cfm 11. European Menopause and Andropause Society. Pre-, Peri-, Menopause, and Beyond.
[acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ MenopauseandBeyond.aspx 12. European Menopause and Andropause Society. Perimenopause: Surviving the Transition to Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emasonline.org/Pages/PerimenopauseSurvivingtheTransitiontoMenopause.aspx 13. European Menopause and Andropause Society. Managing Menopause, Without the Use of Drugs. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/ Pages/ManagingMenopauseWithouttheUseofDrugs.aspx 14. European Menopause and Andropause Society. Ten Tips To Getting Through Menopause. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ TenTipsToGettingThroughMenopause.aspx 15. European Menopause and Andropause Society. Alternatives to Menopause Management. [acedido a 10 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.emas-online.org/Pages/ AlternativestoMenopauseManagement.aspx 16. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Treatment and Talking to Your Doctor. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/ menopause/treatment/ 17. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Eating right and physical activity. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/ menopause/eating/ 18. The National Women’s Health Information Center - US Department of Health and Human Services. Menopause and Mental Health. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://womenshealth.gov/menopause/ mental/ 19. The North American Menopause Society. Menopause Guidebook, 6th Edition. Disponível em: http://www.menopause.org/edumaterials/guidebook.aspx 20. American Osteopathic Association. Exercise in Post-menopausal woman. [acedido a 18 de Novembro de 2008]. Disponível em: http://www.osteopathic.org/index. cfm?PageID=you_exerfs
Farmácia Portuguesa | 73
formacao Cursos para Farmacêuticos NORTE Curso
Data
Local
Acompanhamento com Sifarma
02 e 13 Fevereiro
Coimbra
Acompanhamento com Sifarma
03 e 13 Fevereiro
Coimbra
Administração de Vacinas na Farmácia**
12 e 13 Fevereiro
Coimbra
Criar Equipas positivas
13 Fevereiro
Viseu
A contabilidade e a Gestão
16, 17 e 27 Fevereiro
Coimbra
Curso Suporte Básico de Vida com DAE
20 Fevereiro
Coimbra
O medicamento e o Idoso
20 Fevereiro
Castelo Branco
Curso
Data
Local
A contabilidade e a Gestão
26, 27 e 28 Janeiro
Porto
Curso Suporte Básico de Vida com DAE
29 Janeiro
Porto
Administração de Vacinas na Farmácia**
29 e 30 Janeiro
Braga
Doenças da pele: Alopécia
02 Fevereiro
Porto
Criar Equipas positivas
04 Fevereiro
Porto
Curso Suporte Básico de Vida com DAE
04 Fevereiro
Braga
Administração de Vacinas na Farmácia**
05 e 06 Fevereiro
Porto
Curso Suporte Básico de Vida com DAE
12 Fevereiro
Porto
Patologias do Pé
13 Fevereiro
Porto
Hipertensão Arterial
16 e 17 Fevereiro
Porto
Curso Europeu de Primeiros Socorros
19 e 20 Fevereiro
Porto
Curso
Data
Local
Acompanhamento com Sifarma
21 Janeiro e 04 Fevereiro
Lisboa
Acompanhamento com Sifarma
22 Janeiro e 04 Fevereiro
Lisboa
Acompanhamento com Sifarma
23 Janeiro e 05 Fevereiro
Lisboa
Comunicação com o médico e com o doente
29 Janeiro
Lisboa
Administração de Vacinas na Farmácia
02 e 03 Fevereiro
Lisboa
Feridas
04 e 05 Fevereiro
Lisboa
Curso Suporte Básico de Vida com DAE
09 Fevereiro
Lisboa
Diabetes
09 e 10 Fevereiro
Lisboa
CENTRO
SUL
Doenças crónicas e gravidez
10 Fevereiro
Lisboa
Curso Europeu de Primeiros Socorros
11 e 12 Fevereiro
Lisboa
I - O Marketing e a Farmácia
12 Fevereiro
Lisboa
Medicamentos Manipulados em Pediatria
16 Fevereiro
Lisboa
Curso
Data
Local
Hipertensão Arterial e Dislipidemias
10 Fevereiro
Porto
Curso
Data
Local
Hipertensão Arterial e Dislipidemias
02 Fevereiro
Lisboa
** Recomenda-se a frequência no curso de Suporte Básico de Vida com DAE
Curso para Ajudantes NORTE Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 E-mail: escola@anf.pt
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SUL
Farmรกcia Portuguesa | 75
noticiário Dez anos da Plataforma Saúde em Diálogo
Gala solidária A solidariedade foi o valor que presidiu à constituição da Plataforma Saúde em Diálogo, o mesmo valor que esteve subjacente à celebração do seu décimo aniversário. Uma data assinalada com um jantar de gala no Centro Cultural de Belém, em Lisboa: foi a 10 de Dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Uma coincidência que faz todo o sentido: afinal, ao fazer sua a voz dos doentes a Plataforma está a pugnar pelos direitos humanos numa das suas vertentes mais essenciais – a saúde. Duas vozes consagradas do panorama musical português abrilhantaram o evento, durante o qual foi leiloada uma tela de Luís Bívar (feita propositadamente para o evento), um cristal Atlantis e duas peças cedidas pelo Museu da Farmácia. A generosidade dos presentes permitiu angariar cerca de 40 mil euros, que reverterão a favor de projectos da Plataforma e das associações que a integram. À iniciativa associaram-se diversas personalidades da sociedade portuguesa, nomeadamente das áreas da Saúde, Economia e Politica. Entre elas, as deputadas Maria de Belém Roseira e Teresa Caeiro. Com esta gala solidária cumpriu-se novamente o espírito que, há dez anos, uniu farmácias, doentes, promotores e consumidores de saúde numa entidade aglutinadora de vontades e energias em prol de uma causa comum. 76 | Farmácia portuguesa
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Farmácias da Régua em Feira Social Divulgar, junto da população, a inter-
das entidades locais, nomeadamente
venção da farmácia na promoção da
do presidente da autarquia e da vere-
saúde e prevenção da doença foi o
adora da Cultura, os quais se mostra-
objectivo que presidiu à participação
ram surpreendidos pela diversidade
das farmácias do concelho de Peso
de serviços que as farmácias prestam
da Régua na Feira Social, em finais de
diariamente à população.
Setembro.
Coincidindo com o Dia do Farma-
Durante três dias, pelo stand passa-
cêutico, a 26, o stand acolheu grupos
ram muitos visitantes interessados
de crianças dos infantários e escolas
em obter informação sobre as dife-
do concelho, que assistiram ao DVD
rentes áreas de intervenção da far-
“A farmácia é tua amiga”, após o que
mácia, nomeadamente a cessação
fizeram um desenho alusivo à pro-
tabágica e a obesidade. Ao interesse
fissão de farmacêutico. No sentido
cias e escolas comprometeram-se
demonstrado os farmacêuticos pre-
de os sensibilizar para a importância
a reforçar a colaboração, mediante
sentes responderam com aconselha-
da recolha de medicamentos fora de
visitas regulares dos farmacêuticos
mento acompanhado da entrega de
uso e/ou de prazo, todos receberam
às diversas instituições para abordar
folhetos.
um “verdinho”.
com as crianças temas de saúde e
O primeiro dia foi marcado pela visita
Na sequência desta iniciativa, farmá-
bem-estar.
Órgãos sociais da ANF
Eleições a 21 de Março Os sócios da ANF serão chamados, no próximo dia 21
ciais desde que inscritos na ANF à data da afixação
de Março, a escolher os novos órgãos sociais da asso-
do caderno eleitoral. Esta data está já marcada: até 3
ciação, designadamente Mesa da Assembleia Geral,
de Fevereiro o caderno eleitora estará disponível no
Direcção, Conselho Fiscal e Conselho Disciplinar.
portal (em www.anfonline.pt) e será afixada na sede
As eleições regem-se pelos estatutos da associa-
e nas delegações Norte e Centro da Associação.
ção e pelo regulamento eleitoral aprovado a 18 de
O passo seguinte será a apresentação de listas, que
Outubro último em Assembleia Geral de Delegados.
deverá acontecer até dia 19 do mesmo mês. A 21 de
Ao abrigo deste regulamento, podem eleger e ser
Março acontecerá a votação, que, como habitualmen-
eleitos os sócios no pleno gozo dos seus direitos so-
te, poderá ser por correspondência ou presencial.
Farmácia Portuguesa | 77
noticiário Glintt distingue farmácias e farmacêuticos Inovação premiada
As melhores Os projectos merecedores dos Prémios Glintt são os seguintes: Ø Robótica • Farmácia Lamar (São João da Madeira), • Farmácia Nobre Guerreiro (Amora), • Farmácia Avó (Évora).
Ø Sifarma 2000 • Farmácia Fátima Marques (Vila Verde - Braga), • Farmácia da Lajeosa (Lajeosa do Dão), • Farmácia de Birre (Birre).
Ø Formação e Consultoria • Farmácia Garcês Gonçalves (Alfena), • Farmácia Gama (Viseu), O melhor das farmácias portuguesas e o empre-
• Farmácia Linaida (Lisboa).
endedorismo dos proprietários voltaram a ser distinguidos, com os prémios a deterem, este
Ø Merchandising
ano, a assinatura da Glintt, a empresa do univer-
• Farmácia Martins (Pedras Salgadas),
so ANF que resultou da fusão entre a Consiste e
• Farmácia Raposo (Miraflores),
a Pararede.
• Farmácia Avenida (Loulé).
Atribuídos mais precisamente pela Glintt For Farma, a divisão da empresa responsável pelos
Ø Arquitectura
projectos e soluções globais para farmácia, os
• Farmácia Laranjeira (São João da Madeira),
prémios foram conquistados pelas 18 farmácias
• Farmácia Bastos (Gueifães),
mais inovadoras e pelos três proprietários com
• Farmácia Quaresma (Tábua),
contributos mais relevantes para a execução dos
• Farmácia Terra (Sever do Vouga),
projectos.
• Farmácia Alegro (Alfragide),
À semelhança de edições anteriores – em que
• Farmácia Crespo Santos (Faro).
tinham a chancela da Consiste – as farmácias tendo sido distinguidas três em cada uma delas. A
Ø Prémio JEEP (Jovem Empresário de Elevado Potencial)
Arquitectura foi a excepção, com seis premiadas,
• Diogo José Silva Horta Martins (Farmácia Benisa,
vencedoras distribuíram-se por cinco categorias,
dado implicar uma solução global que abrange
Matosinhos),
aspectos contemplados nas demais categorias.
• José Maria Silveira (Farmácia do Fórum, Barreiro),
Uma escultura de Domingos Oliveira é o símbolo
• Maria João Grades (Farmácia Nova de Aviz, Avis).
dos prémios, entregues a 28 de Novembro. 78 | Farmácia portuguesa
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ANF acolhe Jornadas da Farmácia Latina
Inovação em tempo de incerteza Os farmacêuticos precisam de ser
O debate foi suscitado pela neces-
procedimentos de infracção em curso,
inovadores e buscar novas iniciativas
sidade de, a partir do conhecimento
outros tão importantes e decisivos se
que, em tempo de crise como o actual,
mútuo, debater possíveis
respostas
colocam ao sector. São consequência
possam suportar economicamente a
coerentes e coordenadas aos desafios
da conjuntura actual, caracterizada por
farmácia de oficina enquanto pequena
crescentes que a farmácia de oficina
uma competitividade crescente num
e média empresa e, ao mesmo tempo,
enfrenta nos actuais tempos de in-
horizonte
conferir uma atenção acrescida às
certeza e mudança. Assim sendo, as
dada a crise económica internacional.
necessidades dos doentes e dos con-
jornadas foram organizadas em dois
Esta mesma conjuntura deve, no en-
sumidores.
painéis – um sobre os procedimentos
tanto, ser encarada como uma oportu-
Esta é uma das conclusões que
de infracção instaurados pela Comissão
nidade de crescimento e afirmação da
emanou das 11as Jornadas da Farmácia
Europeia ao sector da Farmácia em
farmácia de oficina, como uma porta
Latina, que decorreram em Lisboa a 17
vários Estados-Membros e outro, sob a
aberta ao desenvolvimento de novas
de Outubro último e de que a ANF foi
forma de mesa redonda, tendo como
valências e à exploração de novos cam-
anfitriã. Como é habitual desde 2001,
tema “A farmácia de oficina numa con-
inhos de intervenção, sem perder de
farmacêuticos portugueses, espanhóis,
juntura de elevada competitividade”.
vista aquela que é a essência do sector
italianos e franceses, em representação
A reflexão produzida foi no sentido
– a saúde.
das respectivas ordens e associações
de que a farmácia de oficina enfrenta
Esta é a terceira vez que Portugal acolhe
profissionais, debateram em conjunto
interesses poderosos que pressionam
reuniões da Farmácia Latina, grupo
os desafios que a classe enfrenta.
as instituições europeias a adoptar
constituído em Maio de 2001 e que se
Portugal esteve representado neste
medidas contrárias aos interesses dos
reúne a cada seis meses para aprofundar
fórum por quatro elementos da di-
doentes, pondo em causa um modelo
o conhecimento mútuo das várias reali-
recção da ANF – João Cordeiro, João
que se tem revelado adequado às ne-
dades nacionais e analisar em conjunto
Silveira, Luís Matias e Ema Paulino
cessidades das populações e da saúde
alguns dos temas mais pertinentes para
– e um elemento da Ordem dos
pública em geral.
a profissão farmacêutica em Portugal,
Farmacêuticos – Rita Ramos.
Além dos desafios decorrentes dos
Espanha, Itália e França.
profundamente
adverso
Farmácia Portuguesa | 79
noticiário Natal para os mais pequenos da ANF
Natal na Delegação do Centro Entre a solidariedade e a ciência
O átrio principal da sede da ANF transformou-se por uma tarde num verdadeiro parque de diversão, ainda que em tamanho mini: insufláveis e piscina de bolas rivalizaram com as cartas ao pai natal e as construções para
Uma palestra de carácter científico mas com espírito solidá-
atrair a atenção dos pequenos convidados da
rio – foi assim que a Delegação do Centro da ANF assinalou o
festa de Natal. Foi no dia 13 de Dezembro, com
Natal de 2008, no passado dia 15 de Dezembro.
direito a uma carta personalizada aquele que, no
O tema que este ano reuniu as farmácias afectas à delega-
imaginário de muitas crianças, é responsável pe-
ção foi “A importância crescente das células estaminais: apli-
las sempre ansiadas prendas.
cações clínicas – o presente e o futuro”, desenvolvido pela
Presentes também houve, naturalmente, mas an-
directora de I&D da Crioestaminal, Margarida Vieira.
tes foi momento de teatro, com uma peça alusiva
A oradora começou por abordar as propriedades das células
à quadra em que pequenos e graúdos eram con-
estaminais e as suas potencialidades, após o que descreveu
vidados a interagir com os actores.
as actuais aplicações clínicas e a evolução científica no do-
Só depois chegou o Pai Natal, acompanhado da
mínio da medicina regenerativa recorrendo a este tipo de
actriz Sofia Arruda, conhecida de séries juvenis
células.
como “Querido pai” e “Morangos com Açúcar”.
A esta oportunidade de actualização de conhecimentos
Foi com eles que as crianças posaram para a foto-
numa área tão actual foi associada uma vertente solidária:
grafia que irá imortalizar a festa de 2008.
a inscrição de cada associado na palestra foi um presente, a
Já com as prendas na mão, a tarde encerrou com
oferecer às crianças desfavorecidas acolhidas por duas insti-
o habitual lanche, tendo como cenário a exposi-
tuições da região - o “Projecto Renascer da Cáritas Diocesana
ção da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre,
de Coimbra” e o Lar Social “O Girassol”.
caracterizada pela transposição, em tecelagem,
No final da palestra, o presidente da direcção da Delegação
de obras de renomados pintores.
do Centro, Miguel Silvestre, procedeu à entrega simbólica de alguns dos presentes recolhidos aos representantes das instituições contempladas.
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“Dores Crónicas” por Mário Peixoto Começaram por poder ser lidas no “Espaço Saúde” do Diário do Minho e estão agora em livro: são as “Dores Crónicas”, que reúnem o olhar do farmacêutico Mário Peixoto - coordenador Norte/Centro do Departamento de Apoio aos Associados da ANF - sobre diversos temas da Saúde. No prefácio, o presidente da direcção da ANF, João Cordeiro, escreve que estas crónicas permitem “ficar a conhecer muitos dos males de que padece a Saúde em Portugal, assim como as respectivas causas”, ao mesmo tempo que prescrevem “muitas receitas” para “uma melhor Saúde”. A apresentação da obra aconteceu a 24 de Novembro último, em Braga, na presença, entre outros, do director do Diário do Minho, José Miguel Pereira, e do director do Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina do Porto. A ANF esteve representada pelo secretário-geral, Paulo Duarte.
Museu da Farmácia Paula Basso assina 2º livro da colecção “A Farmácia no Mundo Pré-Clássico
ximo Oriente, como a Mesopotâmia,
e nas Culturas Tradicionais” é o seg-
e do Antigo Egipto.
undo título da colecção do Museu da
Resulta de um trabalho de inves-
Farmácia, com assinatura de Paula
tigação e sistematização de Paula
Basso e Luís Manuel de Araújo.
Basso, conservadora principal do
A obra, lançada recentemente,
Museu da Farmácia e especial-
debruça-se sobre as práticas e os
ista em Museologia e Património
conceitos medicinais da Antigui-
Artístico, e de Luís Manuel de
dade Pré-Clássica e as primeiras sub-
Araújo, docente da Faculdade de
stâncias terapêuticas conhecidas,
Letras de Lisboa e especialista em
focando-se nas civilizações do Pró-
Egiptologia.
Farmácia Portuguesa | 81
noticiário Programa Farmácias Portuguesas
O Apoio de mais de 2000 Farmácias A Confiança de 600 mil Portugueses O Programa Farmácias Portuguesas,
sou os 600 mil – a ultrapassar em muito
Programa Farmácias Portuguesas,
lançado em Março 2008, continua
as expectativas iniciais e os objectivos
com edições semestrais e o desenvol-
a revelar-se um sucesso junto das
definidos pela Direcção da ANF: 440
vimento de novas parcerias na área
Farmácias e da população em geral.
mil cartões até ao final de 2008.
da saúde serão as vias para um maior
Mais de 2000 Farmácias já integraram
De realçar ainda o número de pontos
conhecimento das necessidades de
este projecto, continuando a registar-
atribuídos pelas Farmácias, num total
Saúde e Bem-Estar dos titulares do
se novas adesões.
de mais de 73 milhões assim como o
Cartão e assim acelerar o rebate de
O trabalho diário desenvolvido pelas
número de pontos rebatidos que já
pontos através da oferta de serviços
Farmácias tem-se reflectido no núme-
ultrapassou os 18 milhões.
e produtos divulgados na publicação
ro de cartões emitidos que já ultrapas-
No futuro próximo a revista do
do Programa.
reunioes e simpósios Nacionais
Internacionais
• 6ª Conferência da Rede Europeia de Cuidados Farmacêuticos (PCNE)
• 3rd ACCP-ESCP International Congress on Clinical Pharmacy
“Innovation in Pharmaceutical Care Research”
4 a 7 de Março de 2009 Hotel Golf Mar Vimeiro - Portugal www.pcne.org
24 a 28 de Abril de 2009 Orlando, Florida www.accp.com
• 69th International Congress of FIP
3 a 8 de Setembro de 2009 Istanbul,Turquia www.fip.nl
• Annual Symposia European Society of Clinical Pharmacy (ESCP) Swiss Society of Public Health Administration and Hospital Pharmacists (GSASA)
82 | Farmácia portuguesa
30 Years of Clinical Pharmacy : a bright future ahead! 3 a 6 de Novembro de 2009 Geneve – Suiça www.escpweb.org
ficheiro mestre
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Alteração à Denominação Farmácia da Praia da Vieira Av. da Articulação, Lote 34, Nº 32, Praia da Vieira de Leiria 2430-672 VIEIRA DE LEIRIA Maria Beatriz Godinho Tomás dos Santos Farmácia Praia da Vieira Unipessoal, Lda. Farmácia das Pontes Lugar de Paredes - Rua 1, Nº 26 4845-024 RIO CALDO Gisela Maria Amoreira Martins Farmácia Entre as Pontes Unipessoal, Lda. Farmácia F. da Silva Graça Rua D. Maria José Fernandes, 436 2425-876 SOUTO DA CARPALHOSA Maria de Fátima Ferreira da Silva Graça F. da Silva Graça - Sociedade Farmacêutica Lda Farmácia S. Miguel Bairro de S. Miguel Prolongamento, 3020-113 COIMBRA Alexandra de Albuquerque Mendes de Sousa Farmácia Lopes Rodrigues Lda.
Alteração de Direcção Técnica Farmácia Branco Avenida José Estévão, 113 3830-554 GAFANHA DA NAZARÉ Vasco Augusto Ferreira Branco Branco & Filha Lda. Farmácia da Misericórdia Rua São Francisco, 81 9600 - 537 RIBEIRA GRANDE Maria da Graça Costa Rodrigues Santa Casa da Misericórdia Santa Casa da Misericórdia Farmácia Moderna Gumiei - Avesosa, 3515-789 RIBAFEITA Luís Miguel Fernandes Almeida Marzze - Unipessoal Lda Farmácia Paiva Largo do Cardal, 44 3100 - 440 POMBAL João Rodolfo Pereira Rocha Quaresma António Fortunato Costa Rocha Quaresma
Alteração à Propriedade Farmácia Adriana Praça da República, 20-22 3000 - 343 COIMBRA Ana Carina Gomes Leite João Pimentel - Unipessoal, Lda
Farmácia Aires Pinheiro Rua Serpa Pinto, 39 9900 – 095 HORTA Maria Gualtéria de Melo Q. Pestana João António Raposo Pinheiro da Silveira
Farmácia Catarino Avenida 25 de Abril, 56 2580 - 367 ALENQUER Carla Maria Figueiredo Raposo Gomes Pereira Farmácia Catarino, Lda
Farmácia Freitas Rua Dr. Miguel Bombarda, 56 7050 - 467 LAVRE Leonilde Maria Lopes Varregoso Fernando Manuel Varregoso Mayer Raposo
Farmácia Almeida Rua Infante D. Henrique, Nº62, 8000-363 FARO Pedro Paulo dos Santos Rodrigues de Passos Bernardo Alves Rodrigues de Passos, Herdeiros
Farmácia Central Rua Alvares Cabral, 137 4400 - 017 VILA NOVA DE GAIA César Gomes dos Santos Plusmed, Lda
Farmácia Galvão Praça Simões Dias, 6-7 3300 - 025 ARGANIL Maria Fernandina da Costa Cerveira Dias Serra Farmácia Galvão, Lda
Farmácia Alto do Lumiar Alameda da Música, 7-A, Alto do Lumiar, 1750-044 LISBOA Maria Angélica Marques Rosa Farmácia Alto do Lumiar, Unipessoal Lda Farmácia Alves de Sousa Avenida da Liberdade, 103-B 8200-002 ALBUFEIRA Isabel Maria Santos da Silva Rosa Farmácia Liberdade - Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Arcuense Rua Cerqueira Gomes, 16 4970 - 444 ARCOS DE VALDEVEZ Paulo Jorge Dias Araújo José Emílio Esteves de Araújo Herdeiros Farmácia Augusta Rua da Vista Alegre 3610 - 073 SALZEDAS Isabel Margarida Moura Santos Farmácia Augusta, Lda Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080 - 044 ALMEIRIM Vivian Manuela Gouveia Gomes Correia de Oliveira, Lda Farmácia Belo Avenida de Roma, 53-D 1700-342 LISBOA Isabel Fernanda Lopes Mendes Godinho Cabral Antunes Adelaide Castanheira Belo Martins - Soc. Farmacêutica, Lda Farmácia Bragança Rua Alexandre Herculano, 66 5370 - 299 MIRANDELA Alzira de Assunção Lemos Dra. Alzira de Assunção Lemos Alzira Lemos, Sociedade Unipessoal Lda Farmácia Castro Rua da Ferreirinha, 5050 - 261 PESO DA RÉGUA Maria Ofélia da Costa Leite Sábia Mistura, Unipessoal Lda
Farmácia Central do Lumiar Alameda das Linhas de Torres, 254-B, 1750-152 LISBOA Rui Raimundo Duarte Farmácia Central do Lumiar, Lda Farmácia Confiança Rua Godinho de Faria, 255-257, 4465-155 SÃO MAMEDE DE INFESTA Zilda Manuela Moreira Pinto Cunha Pahrma - Espaço Saúde, Unipessoal Lda Farmácia Cristina Rua Viriato Cabreira, 30 2140 - 383 ULME Isabel Maria Santos Freitas Prosaúde, S.A. Farmácia Deão Rua Nova da Quinta Deão, 15 9050-071 FUNCHAL Maria Francelina Teixeira Melim Cruz Neves Mª Francelina Cruz e Neves Com. Prod. Farm., Soc Uni Lda Farmácia Diana Portas de Moura, 36 7000-647 ÉVORA Lucinda de Matos Alves Martins - Farmácia, Unipessoal, Lda Farmácia dos Olivais Rua Bernardo de Albuquerque, 141 3000 - 073 COIMBRA Maria de Lourdes Barreira de Almeida Mendes Simões Rodrigues Simões Rodrigues Filhos Lda Farmácia F. da Silva Graça Rua D. Maria José Fernandes, 436 2425-876 SOUTO DA CARPALHOSA Maria de Fátima Ferreira da Silva Graça F. da Silva Graça - Sociedade Farmacêutica Lda Farmácia Faure Rua Sacadura Cabral, 32 3520 - 070 NELAS Silvia Liliana Caçador Sandiães M.C. Reimão Costa Cardoso Menezes, Lda
Farmácia Garcia Secades Rua Frederico Garcia Secades, 3060 - 094 CADIMA Regina Paula Margato Pereira Gil Farmácia Secades Unipessoal, Lda Farmácia Higiénica Rua Dr. Moreira Pinto, Nº 8 4740-377 FÃO Ana Isabel Morais Garrido Ludovina Maria Garrido Pires Morais Lda Farmácia Homeopática de Santa Justa Rua de Santa Justa, 6 1100-485 LISBOA Vera Maria Neto Luz Rodrigues Ana Cristina Pires Gaspar Silva Gomes Almeida Farmácia Jotania Petigueiras, Santa Marta Portuzelo 4925 - 090 VIANA DO CASTELO Maria Pedro Arriscado José Augusto Pereira Viana Arriscado Farmácia Loureiro Basto Avenida de Cavado, 235 4700 - 690 PALMEIRA BRG Maria Helena de Areia Loureiro Basto Farmácia Loureiro Basto, Unipessoal Lda Farmácia Mendes Rua António Eloy Godinho, Vilgateira 2005 - 003 VÁRZEA STR Maria Helena R. F. M. Magalhães dos Santos Maria D’Assunção Tainha Rodrigues de Sousa Silva Farmácia Moderna Rua do Porto Fundo, 8 8550-455 MONCHIQUE José Manuel da Silva Furtado Olinda da Silva Oliveira, Lda Farmácia Morais Sarmento Rua Alexandre Herculano, 22 5370 - 299 MIRANDELA Luis Miguel Machado Esteves Francisco de Deus Borges Farmácia Portuguesa | 83
ficheiro mestre Farmácia Nobel Rua de Santo António, 70 4800 - 162 GUIMARÃES Maria Manuela F. Tavares de Sousa Maria Manuela Ribeiro M. Freitas - Herdeiros
Farmácia Salavessa Ferreira Rua dos Correios, 11 6000 - 500 CEBOLAIS DE CIMA Fernanda Paula Salavessa Russell Ferreira Farmácia Salavessa Ferreira, Lda
Farmácia Nova Avenida do Sabor, 42 5200-288 MOGADOURO Ana Paula Branco Silva Ana Paula Branco Silva Unipessoal, Lda
Farmácia Santos Rua 19 Nº 265, 4500-256 ESPINHO Maria Fernanda de Assunção de Almeida Albina Martins Guimarães
Farmácia Nova Rua Direita, 62, Monte da Caparica 2825 - 102 CAPARICA Maria de Fátima Lopes Neves Farmácia Central do Monte da Caparica Unipessoal Lda
Farmácia Soares Rua da Igreja, 798, Canas de Santa Maria 3460-012 TONDELA Susana Nogueira Faria Farmácia Soares , Lda
Farmácia Nova Odivelas Pc. Cidade de Odivelas, Lt 16, ZN2,LJA, Urb. Colinas do Cruzeiro 2675 - 639 ODIVELAS Ricardo Canas Matos Ferreira Farmácia Nova Odivelas Unipessoal, Lda Farmácia Paços Travessa de Chartres, 10 7000-930 ÉVORA António Clemente Machado dos Paços Avopaços - Farmácias e Serviços Farmacêutios Lda Farmácia Pátria Calçada dos Mestres, 30-A 1070-178 LISBOA Dina Sofia de Freitas Gonçalves Simões Mendes D., T. Simões - Produtos Farmacêuticos Lda Farmácia Paula Santos Rua João de Deus, LT 2, LOJA 1 8365-204 PÊRA Paula Rute Sousa dos Santos Farmácia Paula Santos, Unipessoal, Lda Farmácia Pires Avenida Vasco da Gama, 3240-690 SANTIAGO DA GUARDA Diamantino de Jesus Pires Diamantino de Jesus Pires, Unipessoal, Lda Farmácia Romeiro Rua Comandante Ramiro Correia, 12-A, Casal S. Brás 2700-206 AMADORA Raquel Ribeiro Leitão Romeiro Marçal Farmácia Romeiro Irmãos, Lda Farmácia Sá da Rocha Largo da Gandara, 3 4905-604 GERAZ LIMA (STA MARIA) Ana Maria Marques Sá Farmácia Sá da Rocha, Unipessoal, Limitada 84 | Farmácia portuguesa
Farmácia Torres Praça Conselheiro Silva Torres, 4910 - 122 CAMINHA M. Engrácia Veiga da Silva Gomes Farmácia Torres & Amorim Lda Farmácia Triunfo Paredes do Bairro, 3780-611 PAREDES DO BAIRRO Maria Alice da Conceição O. Carreira Triunfarma, Lda
Alteração ao Pacto Social Farmácia Branco Avenida Combatentes da Grande Guerra, 29 1495-039 ALGÉS Andreia Marina Santos Pessoa Milhano Branfarma, S.A. Farmácia Carvalho Serra Lugar do Viso-Sequeade, 4755-502 SEQUEADE José António Carvalho Serra Farmácia Carvalho Serra, Lda Farmácia Central Estrada Nacional 16, 24 6370-147 FORNOS DE ALGODRES Marilia Albuquerque Santinho Farmácia Central de Fornos, Lda Farmácia Central Rua da Junqueira, 11 4490-519 PÓVOA DE VARZIM Manuel João Borges Madureira Pires Farmácia Madureira, Lda Farmácia da Nova Ponte Avenida 5 de Outubro, 24 5400 - 017 CHAVES Maria Alice Lobo Morais Sarmento Madureira Farmácia Nova Ponte SA Farmácia da Pontinha Rua de Santo Eloy, lote SE 4 1675-175 PONTINHA Maria do Céu Gil Pereira Seabra Farmácia da Pontinha, S.A.
Farmácia das Olaias Rua João do Nascimento Costa, 16-A, 1900-269 LISBOA Isabel Maria Plácido Lapa Marques Inácio Farmácia das Olaias, S.A. Farmácia Edite Rua D. Afonso III - Edifício Miramar, R/C 8365-130 ARMAÇÃO DE PÊRA Ana Paula Dias Cadete M. Edite C. C. Siragusa Leal, Lda Farmácia Giraldes Rua Almirante Cândido dos Reis, 45-47 2870-253 MONTIJO Carla Maria O. Sequeira Sapateiro Farmácia Giraldes Lda. Farmácia Leão Avenida da Liberdade, 13 2970 - 635 SESIMBRA Rui Novo da Silva Novo da Silva – Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda Farmácia Marques Avenida Alberto Sampaio, 22 3510-027 VISEU Augusto Manuel da Costa Meneses M. C. Reimão Costa Cardoso Menezes, Lda. Farmácia Moderna Avenida da Liberdade, 49 - R/C 4750-312 BARCELOS Maria Fernanda de Faria Leite Maria Fernanda Faria Leite, Lda Farmácia Pragal Rua Direita, 6-D, Pragal 2800-546 ALMADA Helena Antonieta de Sousa Carreteiro Campos Farmácia Pragal Lda. Farmácia Rainha Santa Rua Afonso Lopes Vieira, 57-B 1700-011 LISBOA Isaura Lucinda Baeta Pereira Simões Cardoso Isaura S. Cardoso - Comércio de Med. Cosm. e Perf. S.A. Farmácia Serra Avenida da Liberdade, 78 2525 - 801 SERRA D’EL REI Maria Margarida Silva Santos Gouveia Abreu Farmácia da Serra de d El-Rei, S.A. Farmácia Toledo Praça Francisco Ornelas da Camâra, 9760-469 PRAIA DA VITÓRIA João Carlos Toledo de Aguiar e Silva Farmácia Toledo, Lda Farmácia Turcifalense Rua Rogério de Figueiroa Rego, 158, Torres Vedras 2565 - 814 TURCIFAL Paula Cristina de Sousa Perdigão Barreiros & Anacleto, Lda
Farmácia Vila do Bispo Rua Ribeira do Poço, 8650 - 426 VILA DO BISPO Maria do Carmo Castro Corte Real Farmácia de Vila do Bispo, Unipessoal, Lda. Farmácia Vilar do Paraíso Rua do Jardim, 1758, Vilar do Paraíso 4405 - 825 VILA NOVA DE GAIA Paulo Rui Fardilha Pacheco Farmácia Vilar do Paraíso S.A.
Transferência de Local Farmácia Batista Ramalho Av. Dr. Ant. Oliveira Salazar Bl.1 frac. J, R/C Esq., Lugar das Moses (Vila Armamar) 5110-159 ARMAMAR Teresa Maria Batista Ramalho Farmácia Batista Ramalho, Unipessoal,Lda. Farmácia Carvalho Rua Hilario de Almeida Pereira, 224 R/C 3560-999 SÁTÃO Ana Maria Carvalho Saraiva Farmácia Dias Costa Rua Coronel Garcês Teixeira, Lote 9 2300-592 TOMAR Gracinda dos Santos Silveira Leal Mourisca Farmácia Ferreira Pinto Largo Dr. António Granja, 2,3 e 4 6050-302 NISA Maria Alexandra Otto Pinto Marçal Farmácia Helena Rua Jorge Sena, Lote 12 R/C Alto da Bexiga 2005-344 SANTARÉM Maria Helena P.F. M. Correia Farmácia Lamar Centro Com. 8ª Avenida, Av. Renato Araújo, Lj 0040 piso 0, 1625 3700-204 SÃO JOÃO DA MADEIRA Andreia Isabel da Silva Costa Alberto Resende Martins Lda. Farmácia Marques Ramalho Rua Comendador Francisco Lima Amorim, 40 e 46 4490-137 PÓVOA DE VARZIM Cristina Maria Moutinho Marques Ramalho Farmácia Marques Ramalho, Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Moura Travessa da Memória, 45 B 1300-402 LISBOA Paula Maria Costa Barata Salgueiro
30
an
19 78 •
Farmácia Pinto de Campos Quinta da Alagoa, Palácio do Gelo - Shopping, Piso 0 3500-606 VISEU Mónica Alexandra de Almeida Couto Mónica A Couto Lda. Farmácia Sanal Avenida Dr. Abilio Pereira Pinto, 42 3770-201 OLIVEIRA DO BAIRRO Maria Angela F. M. Carvalho T. Lima Maria Angela Lima Unipessoal Lda Farmácia Santa Catarina Rua Direita, 66 2140-653 CARREGUEIRA Brígida Luísa da Conceição B. R. M. Borges da Costa Brígida Mendes Borges da Costa - Fª - Soc. Unipessoal, Lda
Instalação de Farmácia Farmácia da Piedade Estrada Regional, 1/2 9930-229 PIEDADE António Joaquim de Amorim Paula
Farmácia da Vila Lugar do Terreiro, S Martinho da Gandra 4990-642 GANDRA PTL Ana Maria F. P. de Castro Magalhães Vastissima Unipessoal, Lda
Alteração à Denominação e Propriedade Farmácia Pontes de Sousa Rua da Igreja, 2 3100-271 MATA MOURISCA Cristina Maria Santos Sousa Ferreira Farmácia Mata Mourisca Lda
Alteração à Direcção Técnica e Propriedade Farmácia Almeida Rua Infante D. Henrique, Nº62 8000-363 FARO Pedro Paulo dos Santos Rodrigues de Passos Bernardo Alves Rodrigues de Passos, Herdeiros
Alteração à Denominação e Direcção Técnica
Farmácia Augusta Rua da Vista Alegre, 3610 - 073 SALZEDAS Isabel Margarida Moura Santos Farmácia Augusta, Lda
Farmácia da Vila Lugar do Terreiro, S Martinho da Gandra 4990-642 GANDRA PTL Ana Maria F. P. de Castro Magalhães Vastissima Unipessoal, Lda
Farmácia Belo Avenida de Roma, 53-D 1700-342 LISBOA Isabel Fernanda Lopes Mendes Godinho Cabral Antunes Adelaide Castanheira Belo Martins - Soc. Farmacêutica, Lda
Farmácia Marialva Avenida do Brasil, Lote 7, R/ 3060 - 125 CANTANHEDE António João Sales Mano Salcel Lda
Farmácia Central Rua Capitão Mouzinho Albuquerque, 7 7630-171 ODEMIRA Helena Maria Raposo Lopo Sabino Silva Samora
Alteração à Denominação, à Direcção Técnica e Propriedade Farmácia Campo Maior Rua Misericórdia, 14 7370-044 CAMPO MAIOR Maria Margarida de Deus M. M. Romão Palmeiro Maria Margarida Mendes Palmeiro - Farmácia Unipessoal Lda. Farmácia Conimbriga Estrada Nacional 342 - Lugar de S. Fipo, Condeixa-a-Nova 3150-256 EGA Nelson João Gomes dos Santos Nelson Gomes dos Santos, Unipessoal, Lda
Farmácia Higiénica Rua Dr. Moreira Pinto, Nº 8 4740-377 FÃO Ana Isabel Morais Garrido Pires Morais Lda Farmácia Odeceixence Rua Nova, 35 8670-320 ODECEIXE Rui Miguel de Freitas Alves Hibiscomed Unipessoal, Lda Farmácia Pulido Suc. Rua Longa, 24-A 7960 - 241 VIDIGUEIRA Tiago Emanuel Serra Silva Lente Crujeira Serra, Silva & Silva - Sociedade de Farmácia, Limitada
Farmácia Soares Rua da Igreja, 798, Canas de Santa Maria 3460-012 TONDELA Susana Nogueira Faria Farmácia Soares , Lda
Alteração de Direcção Técnica e Pacto Social Farmácia Andrade Rua do Alecrim, 125-127 1200-016 LISBOA Joana Dias Borges Nunes Farmácia Andrade, Lda. Farmácia Avenida Avenida Alfredo da Silva, 88 2830-302 BARREIRO Ana Cristina Sousa R. Conceição Santos Silva Pharm e Pharm, Comér. Medic., Cosm. e Perf., Lda Farmácia Azevedo Rua José António Veríssimo da Silva, 13 R/C DTO. Morgado 2625-705 VIALONGA Ana Rita da Rocha Esteves Farmácia Moreira Azevedo, Lda.
Farmácia Nabais Vicente Rua Artur Bual, Nº3A-LJESQ., Quinta Nova 2675-604 ODIVELAS Maria Isabel da Trindade Vieira Panaca Farmácia Nabais Vicente, Unipessoal, Lda. Farmácia Remísio Rua dos Jerónimos, 14-C 1400 - 211 LISBOA Cristina Maria Prata Furtado Farmácia dos Jerónimos, S.A Farmácia Saldanha Avenida Praia da Vitória, 53 1000-246 LISBOA Ana Paula dos Santos Cabral Farmácia Arga, Unipessoal, Lda. Farmácia Santa Cristina Avenida Padre Luis Gonzaga Martins, Santa Cristina do Couto 4780-213 SANTO TIRSO Ana Isabel Pereira Assunção Farmácia Santa CristinaUnipessoal, Lda
Alteração à Denominação, Direcção Técnica e Pacto Social
Farmácia D’Abragão Edificio de Aragão, Fracção C, Lugar de Ribaçais 4560-027 ABRAGÃO André Miguel Brandão Coutinho Farmabragão - Farmácia Lda.
Farmácia Vitória Estrada Nacional 105, 94 4815-135 LORDELO GMR António Cidolino Alves Baltazar Farmácia Maria José Zamith, Unipessoal, Lda
Farmácia Entre-Vinhas Rua Francisco Sá Carneiro, 157 R/C 5370 - 209 MIRANDELA Fátima Filomena Lopes Fernandes Entre Vinhas-Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda.
Alteração à Denominação e Transferência de Local
Farmácia Fonte da Moura Rua de Tangêr, 1535 4150-724 PORTO Patricia Filipa Soares Ferreira Pereira Farmácia Fonte da Moura Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Moderna Rua de Aveiro, 203 4900-495 VIANA DO CASTELO Emília Maria Ferraz Manso Preto Emília Maria Manso Preto Unipessoal, Lda
os
20 08
Farmácia Cavaquinha Rua Artur Garrett, 2 2890-022 ALCOCHETE Rui Jorge Santos Cavaquinha Farmácia Dona Teresa Rua do Sobral, Edificio Gaveto do Sobral, Loja A, Lt 2, Mosteiro 4990-106 PONTE DE LIMA Luis Filipe Martins Alves da Silva Farmácia Guarda Inglesa Avenida da Guarda Inglesa Edifício Cerca da Nora, 7 lote B 3040-256 COIMBRA Elisa Maria Carvalho Rasteiro da Silva
Farmácia Morão Rua da Assunção, 17-19 (Baixa) 1100-042 LISBOA Claudia Alexandra de Medeiros Correia Andrade & Gonçalves, Comércio e Serviços Farmacêuticos, Lda. Farmácia Portuguesa | 85
86 | Farmรกcia portuguesa
Farmรกcia Portuguesa | 87
88 | Farmรกcia portuguesa
desta varanda
As contas da Saúde, um problema político O Governo elegeu, e bem, como um
agitou os responsáveis políticos, do
adoptadas, a ausência de medidas
dos seus objectivos fundamentais o
Governo e da oposição, a propósito
estruturais e a falta de transparência
controlo da despesa do Ministério da
das contas da saúde.
nas decisões políticas e na gestão das
Saúde. Por isso mesmo, o Orçamento
Já ninguém nega que as contas são
instituições.
rectificativo para o ano de 2005 foi
de novo altamente deficitárias e que
Em primeiro lugar, a natureza con-
generoso com o Ministério da Saúde,
a despesa do SNS está fora de con-
juntural das medidas adoptadas.
como nenhum outro Governo tinha
trolo. Não se sabe ao certo qual é o
As reduções de preços, margens e
sido antes, ao atribuir-lhe uma ele-
montante da dívida, mas há números
comparticipações, na medida em
vada verba suplementar para regu-
que falam por si.
que não atacam a raiz dos problemas
larização das dívidas da saúde, com
Os hospitais do SNS devem a for-
e não podem ser repetidas todos os
a promessa que daí em diante tudo
necedores mais de 1.100 milhões
anos, têm um efeito temporário. São
seria diferente.
de euros. Perante esta situação, o
aliciantes, porque são fáceis de adop-
Posteriormente, foram reduzidos, por
Governo viu-se obrigado a reforçar
tar, mas criam constrangimentos
duas vezes, os preços dos medica-
de emergência, em 600 milhões de
económicos aos sectores de activi-
mentos, 6% em 2005 e 6% em 2007.
euros, o Fundo de Apoio ao Sistema
dade e aos doentes, sem resolverem
Foram reduzidas, também, as mar-
de Pagamentos do Serviço Nacional
qualquer problema de fundo.
gens dos grossistas e das farmácias.
de Saúde.
Em segundo lugar, a ausência de
Foram reduzidas, ainda, as compar-
As despesas com pessoal crescem
medidas estruturais. O Ministério da
ticipações do Estado no preço de to-
muito acima das expectativas.
Saúde não adoptou, ainda, as medi-
dos os medicamentos.
Qual é a explicação de tudo isto?
das que todos os diagnósticos reco-
Foram medidas drásticas, alegada-
Como é que se compreende que
mendam, algumas das quais expres-
mente em nome do saneamento das
depois de uma generosa dotação fi-
samente previstas no Programa do
contas da saúde.
nanceira, em 2005, e de medidas tão
Governo. Medidas como a prescrição
Apesar destas medidas, decorridos
drásticas, as contas da saúde estejam
pela denominação comum interna-
três anos, contrariamente ao pro-
outra vez na mesma?
cional (substância activa do medi-
metido, está tudo praticamente na
Em nossa opinião, fundamental-
camento), a dispensa em unidose e
mesma. O recente debate sobre o
mente, por três ordens de razões: a
a prescrição electrónica são apenas
Orçamento de Estado para 2009
natureza conjuntural das medidas
alguns exemplos de medidas estraFarmácia Portuguesa | 89
desta varanda tégicas de efeito comprovado, que
ros em medicamentos. Apesar da
percebermos a política de preços. Há
o Ministério da Saúde vem adiando
dimensão da verba, ninguém sabe
no meio de tudo isto um aspecto po-
desde 2005, apesar de se ter compro-
ao certo qual é o ritmo do seu cres-
sitivo ─ já ninguém tem coragem de
metido com elas.
cimento anual. A percentagem varia
responsabilizar as farmácias pelo dé-
Em terceiro lugar, a falta de transpa-
conforme a fonte. A Secretaria de
ficit das contas do SNS. O acordo que
rência nas decisões políticas e na ges-
Estado da Saúde diz que é 3,2%. O
vigorou entre a ANF e o Ministério da
tão das instituições. Esta é, talvez, a ra-
INFARMED diz que é 5%. O IMS diz
Saúde, até 31 de Dezembro de 2006,
zão mais importante. A transparência
que é 7,1%. E outras fontes a que a
era o bode expiatório sempre que se
é essencial e não existe. As contas dos
imprensa vai tendo acesso falam em
analisavam aquelas contas. Agora, o
hospitais do SNS são um mistério.
percentagens de 15%.
acordo terminou e cada um seguiu o
O Ministério da Saúde foi “determi-
Mas, não há apenas falta de transpa-
seu caminho.
nado” a impor elevados sacrifícios
rência na gestão das instituições do
A ANF e as farmácias seguiram um
financeiros aos sectores privados.
SNS. Há também falta de transparên-
caminho de ambição, risco e sentido
Agiu como grande cliente e árbitro
cia em decisões políticas fundamen-
de responsabilidade, constituindo
dos preços que desejava pagar e dos
tais.
a factoring Finanfarma, que paga às
prazos que queria cumprir. Pouco
É o que acontece, por exemplo, com a
farmácias em prazo mais curto do
se importou com os custos financei-
política de preços dos medicamentos.
que aquele que resultava do acordo e
ros e económicos dessas medidas,
Os fundamentos dessa política não
é já, no nosso País, a quarta empresa
adoptadas sem qualquer avaliação
se compreendem, nem os seus res-
do seu ramo de actividade.
prévia, sem critério e sem medir as
ponsáveis os divulgam. As excep-
O Ministério da Saúde, diferente-
consequências. Mas, não teve a mes-
ções são mais do que as regras. O au-
mente, permaneceu com os mesmos
ma “determinação” para impor aos
mento extraordinário dos preços dos
vícios de sempre ─ austeridade para
seus próprios hospitais e a outras
medicamentos de alguns laborató-
os sectores privados e prodigalidade
instituições regras elementares so-
rios, no primeiro semestre de 2008,
para os seus próprios serviços.
bre a transparência e o rigor das suas
quando a palavra de ordem era de
Nunca se haviam injectado tantos re-
contas.
contenção, foi um exemplo paradig-
cursos financeiros em tão curto espa-
O Ministério da Saúde não conhece a
mático da falta de transparência nas
ço de tempo no Ministério da Saúde.
despesa dos hospitais públicos com
decisões sobre política de saúde.
Apesar disso, a qualidade dos servi-
medicamentos. Esta realidade é as-
Há laboratórios cujas vendas cres-
ços de saúde também não melhorou.
sustadora para os contribuintes.
ceram substancialmente, por força
A protecção de interesses contínua.
O peso da despesa hospitalar em me-
desse aumento extraordinário de
A despesa está descontrolada. A
dicamentos, relativamente ao merca-
preços, que lhes saiu em “sorte” e
dívida está de volta. “Os Senhores
do global, passou em menos de dez
para o qual não foi dada a menor ex-
Deputados que façam as contas...”
anos, de 10% para 25%.
plicação pública.
Se houvesse transparência nas con-
Lançámos recentemente o repto para
tas da saúde, tão grande evolução
um debate público sobre a política
teria sido mais difícil.
de preços dos medicamentos. Não
Os hospitais públicos gastam anual-
foi aceite. Temos pena, porque seria
mente mais de 800 milhões de eu-
uma boa oportunidade para todos
90 | Farmácia portuguesa
João Cordeiro
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