Farmácia Portuguesa 193

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PUBLICAÇÃO bimestral • 193 • maIO/JUNHO ‘11

FARMÁCIA PORTUGUESA

Eleições muito participadas

Estrutura Associativa mais importante em tempos difíceis


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PUBLICAÇÃO bimestral • 193 • Maio/junho‘11

FARMÁCIA PORTUGUESA 04 última hora

49 consultoria jurÍdica

05 Editorial 14 entrevista

06

Memorando de entendimento entre o governo e a troika

O programa de ajuda externa a Portugal determina uma redução do défice para 4,5% do PIB em 2012: um objectivo para o qual a Saúde contribuirá com 550 milhões de euros, nomeadamente à custa da margem das farmácias.

Last minute

Technophage conquista contrato internacional technophage conquests international contract

25 Flashes 26 anf

anf e mai assinam protocolo de cooperação anf and mai sign cooperation protocol

30 reuniões profissionais

fip - compromisso entre segurança e qualidade fip - compromise between security and quality

32 reuniões profissionais

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Eleições anf

A organização descentralizada com representatividade é o modelo que melhor serve as farmácias. Esta é a opinião daqueles que foram auscultados a propósito das últimas eleições para a estrutura associativa. Eleições muito participadas e que ditaram uma significativa renovação.

em defesa da economia da farmácia in defense of pharmacy economics

38 política profissional

farmácias com mais doentes em seguimento pharmacies with more patients to follow

40 plataforma

políticas sociais e de saúde para idosos Social and health policies for seniors

42 informação terapêutica

horário de funcionamento das farmácias de oficina opening hours of pharmacies

50 museu da farmácia

manuscrito de odette ferreira odette ferreira’s manuscript

52 programa farmácias

portuguesas

uma arma anti-crise an anti-crisis weapon

55 informação veterinária

doenças dos coelhos rabbit diseases

56 espaço animal

relação entre farmacêutico e veterinário relationship between pharmaceutical and veterinary

58 notIciÁrio

news

60 reuniões e simpósios

meeting and symposia

61 formação

training

62 ficheiro mestre

master file

65 cArtoon 66 desta varanda

from this balcony

quilos a mais na infância extra pounds in childhood

Farmácia portuguesa

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FARMÁCIA PORTUGUESA Propriedade

Director

Dr. Francisco Guerreiro Gomes

última hora 11 ministros e 35 secretários de Estado formam novo governo

Paulo Macedo tutela a Saúde

Sub-Directores

Dr. Luís Matias Dr. Nuno Vasco Lopes Coordenadora do Projecto

Drª Maria João Toscano

Coordenadora Redactorial

Drª Rosário Lourenço Email: rosario.lourenco@anf.pt Tel.: 21 340 06 50

Produção

Redacção: Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, Escritório 49 1800-282 Lisboa Tel.: 21 850 81 10 - Fax: 21 853 04 26 Email: farmaciasaude@lpmcom.pt

Consultora Comercial

Sónia Coutinho soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 81 10 - Fax: 21 853 04 26

Distribuição gratuita aos associados da ANF Assinaturas 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74 Email: margarida.lopes@anf.pt

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Distribuição

FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1, 1249-069 Lisboa

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www.anf.pt

O gestor Paulo Macedo, ex-administrador do BCP e ex-director-geral dos Impostos, é o novo ministro da Saúde, tendo como secretários de Estado um médico, Fernando Leal da Costa, e um economista, Manuel Teixeira. Paulo Macedo é um dos 11 ministros que integram o governo de coligação entre o PSD e o CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, na sequência das eleições legislativas de 5 de Junho último. O executivo, que tomou posse a 21 de Junho, caracteriza-se por alguns superministérios, nomeadamente o da Economia, Obras Públicas, Transportes e Comunicações, entregue ao economista Álvaro Santos Pereira. É o caso também do Ministério do Ambiente, Agricultura e Território, a cargo de Assunção Cristas, dirigente centrista. E ainda do Ministério dos Assuntos Parlamentares, Autarquias e Desporto, tutelado por Miguel Relvas, secretário-geral do PSD. Vítor Gaspar, até então conselheiro da Comissão Europeia, lidera o Ministério das Finanças, enquanto Pedro Mota Soares, vice-presidente do CDS, fica com a Segurança Social. A Administração Interna é tutelada por Miguel Macedo, ex-líder parlamentar social-democrata, e a Justiça por Paula Teixeira da Cruz, vice-presidente do PSD. O líder centrista, Paulo Portas, é o novo responsável pelos

Negócios Estrangeiros, com a pasta da Defesa a cargo de Aguiar Branco. Nuno Crato assume a Educação, enquanto Paulo Macedo sucede a Ana Jorge na Saúde. Dois secretários de Estado tomaram posse no mesmo dia dos ministros: são eles Marques Guedes, na Presidência do Conselho de Ministros, e Carlos Moedas, adjunto do primeiro-ministro. Os restantes foram empossados a 28 de Junho. Na Saúde, Manuel Teixeira presidia à Autoridade Central dos Sistemas de Saúde, enquanto Fernando Leal da Costa exercia Medicina no IPO, sendo, além disso, consultor do Presidente da República para os Assuntos de Saúde. Será a estes 11 ministros e a 35 secretários de Estado que caberá cumprir o programa do governo resultando de um acordo entre o PSD e o CDS-PP, programa esse ainda não conhecido à data de fecho desta edição. No programa eleitoral dos dois partidos, a promoção da prescrição por DCI e dos genéricos aparece como ponto comum em matéria de política do medicamento. Os centristas propõem ainda a unidose, questão que não consta das propostas social-democratas. Na próxima edição, Farmácia Portuguesa retomará este assunto, apresentando de forma mais desenvolvida os novos titulares da Saúde, bem como o programa que terão de executar.


EDITORIAL

Vigiados pela Troika A fase que estamos a atravessar afecta naturalmente a saúde em geral, apontando em particular para a farmácia - a nossa farmácia também. Nesta fase predomina a presença e o poder da Troika que foi ouvida e quer ser obedecida. Pena é que, ao redigir este editorial, eu não tenha tido acesso ao conteúdo do acordo de governo PSD/CDS e muito menos ao programa do governo, cuja posse será conferida na próxima semana, de 20 a 26 de Junho. Pedimos ao leitor que não se “distraia” e leia na imprensa os conteúdos e, naturalmente, os comentários que suscitaram, preparando-se melhor para o apertar do cinto que eles significam. Solicitamos que transmitam à Associação Nacional das Farmácias e à Ordem dos Farmacêuticos as suas visões e as reclamações que gostaria de ver, por elas, defendidas. Serão naturalmente situações que, a serem instaladas, claramente prejudicam os doentes ou nós próprios e as nossas equipas. O nosso pedido pode ser levado directamente, no caso da ANF, quer directamente quer por meio da estrutura associativa. Para finalizar trazemos aqui uma notícia triste, mas interna da revista - a morte do nosso amigo cartoonista, Eduardo Perestrelo (ler no interior).

Francisco Guerreiro Gomes

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ENTREVISTA Memorando de entendimento entre o governo e a troika

Saúde contribuirá com 550 milhões para redução do défice O programa de ajuda externa a Portugal determina uma redução do défice para 4,5% do PIB em 2012: um objectivo para o qual a Saúde contribuirá com 550 milhões de euros, nomeadamente à custa da margem das farmácias. O novo sistema de cálculo deverá conduzir a uma poupança de 50 milhões.

O Estado português assinou com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia (CE) – as três instituições que compõem a chamada troika – um memorando de entendimento que contém um amplo pacote de medidas de austeridade tendentes a uma acentuada contracção do défice público. Uma descida dos 10.068 milhões de euros previstos para 2011 (5,9 por cento do Produto Interno Bruto – PIB) para 7.645 milhões já em 2012 (4,5 por cento do PIB), ou seja, uma diminuição nominal de 2.423 milhões de euros.

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A Saúde deverá contribuir para esta redução com uma poupança de 550 milhões de euros, por via dos seguintes objectivos: “Aumentar a eficiência e eficácia do Serviço Nacional de Saúde, induzindo uma utilização mais racional dos serviços e controlo da despesa; gerar poupanças adicionais na área dos medicamentos para reduzir a despesa pública com medicamentos para 1,25 por cento do PIB até final de 2012 e para um por cento em 2013; gerar poupanças adicionais nos custos operacionais dos hospitais”. No que respeita aos medicamentos

propriamente ditos, o memorando preconiza alterações na definição dos preços e comparticipações, nomeadamente a revisão do sistema de preços de referência: assim, os países de referência passarão a ser os três da União Europeia com os níveis de preços mais baixos ou os países com níveis comparáveis em termos de PIB per capita. Além disso, o preço máximo do primeiro genérico introduzido no mercado fica estabelecido em 60 por cento do preço do medicamento de marca com substância activa similar. Ainda neste domínio, determina-se a remoção de todas


as barreiras à entrada de genéricos, especialmente a redução das barreiras administrativas/legais, com vista a acelerar a comparticipação de genéricos. A prescrição médica é também alvo das medidas acordadas pelo governo português com a troika: a prescrição electrónica de medicamentos e meios de diagnóstico atingidos por sistema de comparticipação pública será obrigatória para todos os médicos, tanto os do sector público como os do privado. Paralelamente, será melhorado o sistema de monitorização da prescrição, pondo em prática uma avaliação sistemática de cada médico, em termos de volume e valor, em comparação com normas de orientação de prescrição. Estão previstas sanções e penalizações no seguimento da avaliação, que poderá ficar a cargo do Centro de Conferência de Facturas. Ao mesmo tempo, os médicos serão incentivados a prescrever os genéricos e os medicamentos de marca menos

dispendiosos, sendo estabelecidas regras claras de prescrição com base em orientações internacionais. No que respeita o sector farmacêutico em concreto, o pacote de austeridade prevê, sem especificar, a implementação efectiva da legislação existente que regula a actividade das farmácias. E prevê a alteração do cálculo das margens de lucro, instituindo uma margem comercial regressiva e um valor fixo para as empresas de distribuição e para as farmácias, com base na experiência adquirida noutros Estados membros. Este novo sistema deverá assegurar uma redução da despesa pública com medicamentos e incentivar a venda de medicamentos menos dispendiosos. O objectivo é que lucros menores na distribuição contribuam, pelo menos, com um mínimo de 50 milhões de euros para a redução da despesa pública com medicamentos. E se esta poupança não for alcançada, deverá introduzir-

-se uma contribuição sob a forma de desconto médio (reembolso), que será calculado sobre a margem de lucro. Esse desconto reduzirá a margem de lucro em pelo menos três pontos percentuais, sendo cobrado mensalmente pelo Estado através do Centro de Conferência de Facturas. É dada a garantia de que será preservada a rentabilidade das farmácias mais pequenas situadas em zonas remotas com menor facturação. Este cenário vem acentuar ainda mais a pressão já exercida sobre o sector das farmácias, que tem sofrido directamente o impacto da crise económico-financeira que o país atravessa, impacto esse que se junta ao das medidas políticas adoptadas nas duas legislaturas anteriores. Por conhecer está o modo como as medidas de austeridade serão concretizadas e aplicadas pelo governo de coligação saído das eleições de 5 de Junho.

Farmácia Portuguesa auscultou os partidos

Prescrição por DCI é denominador comum As eleições de 5 de Junho ditaram um novo ciclo da vida política portuguesa, confirmando a alternância de partidos na governação: ao PS sucedeu o PSD, a José Sócrates sucede Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro. E em plena campanha eleitoral, quando os cidadãos ainda não haviam sido chamados a pronunciar-se, Farmácia Portuguesa quis saber que propostas tinham os principais partidos políticos para o sector da farmácia e do medicamento. As questões que lhes foram colocadas tiveram como balizas a difícil

situação que o sector enfrenta – de que não há memória nos últimos 30 anos, com farmácias a verem ameçada a sua sobrevivência, com fornecimentos cortados, com acordos de regulação de dívidas – mas também as propostas contidas no memorando de entendimento assinado entre o governo português e a chamada “troika” (Comissão Europeia, BCE e FMI), em que se prevêem reduções na despesa pública com medicamentos que certamente afectarão as farmácias. PS, PSD, CDS, Bloco de Esquerda

(BE) e PCP (em representação da CDU) foram os partidos contactados, mas apenas os socialistas, os bloquistas e os comunistas acederam responder às questões colocadas, iguais para todos. São essas perguntas e as reflexões que mereceram a cada um dos três partidos que a seguir se reproduzem. Conhecidos que são os resultados das eleições, estes três partidos terão assento na oposição parlamentar. Ficam por conhecer as opiniões dos que foram chamados à governação.

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ENTREVISTA “Quando há alterações nos preços, promoção dos genéricos, revisão das comparticipações, novos instrumentos de prescrição e conferência de facturas, prescrição electrónica, o que está em causa, em primeira linha, é a saúde dos portugueses e a comportabilidade orçamental desta rubrica” Partido Socialista

As questões Foram sete as questões que Farmácia Portuguesa colocou aos cinco partidos: 1. No programa eleitoral do partido, quais são as principais propostas relativas à política do medicamento? 2. Qual a posição do partido face às questões que ficaram pendentes na última legislatura, nomeadamente a prescrição por DCI, em que o aparente consenso parlamentar quanto à necessidade de avançar nesse sentido não foi suficiente para aprovar uma lei? 3. As medidas liberalizadoras dos últimos anos e a crise económico-financeira mais recente debilitaram a economia do sector das farmácias. Que propostas apresenta para a farmácia de oficina por forma a reequilibrar a economia da farmácia, e assim possibilitar que estas continuem a garantir a acessibilidade dos cidadãos aos medicamentos? 4. Actualmente, há 450 farmácias com fornecimentos suspensos pelos grossistas, 186 com processos judiciais para regularização de dívidas, 462 acordos para regularização de dívidas. Como encara o facto de estas farmácias – uma percentagem significativa do total – estarem a ver ameaçada a sua sobrevivência? 5. Que medidas preconiza para inverter esta tendência e devolver a sustentabilidade a um sector que, sendo de

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iniciativa privada, presta um serviço de interesse público? 6. O plano de ajuda financeira a Portugal prevê a redução da despesa pública com medicamentos em 1,25 por cento do PIB no final de 2012 e 1 por cento em 2013. Em que medida é que essa poupança se fará à custa da farmácia? 7. Outra medida prevista é um sistema de margem degressiva e uma taxa fixa também com o objectivo de reduzir a despesa pública. Mas, sendo que a taxa das farmácias portuguesas, já é das mais baixas da Europa, não há o risco de o sector sair ainda mais penalizado?

PS propõe fee profissional e margem regressiva Em jeito de preâmbulo, o Partido Socialista considerou que estas questões se inserem na problemática mais abrangente do sector do medicamento, pelo que, quando há medidas de políticas nesta área, são tidos em conta sobretudo os critérios de ganhos em saúde e sustentabilidade financeira do SNS. “Quando há alterações nos preços, promoção dos genéricos, revisão

das comparticipações, novos instrumentos de prescrição e conferência de facturas, prescrição electrónica, o que está em causa, em primeira linha, é a saúde dos portugueses e a comportabilidade orçamental desta rubrica”. Em termos financeiros, “os medicamentos em ambulatório representaram mais de 1.660 milhões de euros de despesa pública em 2010 e a despesa com medicamentos em Portugal representa uma fatia sobredimensionada nas despesas com saúde face aos países da OCDE”. Respondendo directamente às questões, o PS, que então estava no governo mas é agora o principal partido da oposição, deixou as seguintes ideias: 1. Na área da política do medicamento, o PS considera indispensável e prioritário proceder à revisão do sistema de comparticipações, tendo em conta as necessidades dos doentes; alargar progressivamente a prescrição por DCI a todos os medicamentos comparticipados pelo SNS; impulsionar o mercado dos genéricos; lançar um programa de melhoria da qualidade da prescrição; e reforçar a prescrição electrónica de medicamentos, com auxiliares de decisão clínica e informação, designadamente sobre custos de dose média diária. 2. Como é sabido o governo do Partido Socialista aprovou em Conselho de Ministros um diploma que permitia o alargamento da prescrição por DCI a todos os medicamentos


comparticipados pelo SNS. “De forma inesperada”, esse diploma não foi promulgado pelo Presidente da República, o que o PS lamentou. E é por isso que assume o compromisso de continuar a trabalhar para concretizar uma reforma que permite generalizar a prescrição por DCI e que representa um avanço para a vida das pessoas. 3. Em 2005, a Autoridade da Concorrência, com o apoio do Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica Portuguesa, debruçou-se sobre o sector das farmácias e concluiu que “ Portugal apresenta o quadro regulamentar da actividade das farmácias mais restritivo da concorrência, de entre os países estudados”, situação que “se tem repercutido numa rentabilidade destes estabelecimentos que se pode considerar claramente supranormal”, pelo que “a introdução de alterações pro-concorrenciais naquela regulamentação se traduziria em benefícios para os cidadãos que utilizam os serviços das farmácias”. Esta situação exigia que se tomassem medidas. De qualquer forma, foi assinado pelo governo e pelas farmácias um “Compromisso para a Saúde” em que se encetava uma via de diálogo para as reformas necessárias. Também é bom de referir que, em 2010, e depois de três anos em que houve essa pretensão, a margem das farmácias foi reposta para os 20 por cento. Nas negociações com a Troika, o governo deixou claro que o serviço prestado pelas farmácias era de grande qualidade e que as medidas tomadas no âmbito da política do medicamento estavam em curso, pelo que não seriam necessárias mais medidas administrativas no sector. 4. O sector das farmácias funciona bem e os portugueses sabem que

hoje as farmácias são espaços modernos, acessíveis e com capacidade para ter todos os medicamentos necessários num curto espaço de tempo. É bom que seja assim e que as farmácias tenham uma rentabilidade que seja adequada. Um dos elementos fulcrais para as farmácias é o dos pagamentos e podemos dizer que vamos terminar o mês de Maio de 2011 sem que haja qualquer atraso de pagamento do Estado, de qualquer ARS, para com as farmácias. Nesse sentido foi muito relevante, por exemplo, o início de actividade do Centro de Conferência de Facturas que permite em duas semanas validar todo o receituário dispensado. A actividade das farmácias tem uma relevante componente de serviço em termos de saúde, mas não deixa de ser uma actividade económica sujeita às regras gerais, pelo que é muito importante que, quando se investe no negócio, haja uma noção clara do esforço financeiro necessário e da rentabilidade expectável. 5. As farmácias tiveram uma alteração legislativa que permitiu a transferência para locais de maior atractividade económica. As diversas medidas tomadas foram sendo discutidas e negociadas com as farmácias. 6. O que diz o Memorando de Entendimento com a Troika é que se pretende “aumentar a eficiência e a eficácia do sistema nacional de saúde, induzindo uma utilização mais racional dos serviços e controlo de despesas; gerar poupanças adicionais na área dos medicamentos para reduzir a despesa pública com medicamentos para 1,25% do PIB até final de 2012 e para cerca de 1% do PIB em 2013 (em linha com a média da UE) ”. Como é sabido, o Ministério da Saúde assinou um Protocolo com a Indústria

Farmacêutica que permite fixar num máximo de 1.320 M€ a despesa com medicamentos de ambulatório em 2012 (face aos 1.660 M€ de 2010). Com quatro meses e meio de execução orçamental de 2011 já poderemos dizer que os resultados da política de medicamentos estão a superar as expectativas. Refira-se que, também no âmbito hospitalar, a despesa com medicamentos teve uma quebra de 2 por cento em Março e está com um registo abaixo do verificado em 2010, 2009 ou 2008. Para mais, a Troika defende, e o governo concorda, que o recurso aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE pode ser um instrumento importante (a par com as negociações, as guidelines, etc.) para reduzir o custo dos medicamentos hospitalares. Assim, o valor de objectivo de 2012 está na linha do que já está a ser aplicado. Quanto a 2013, os “cerca de 1 por cento” obriga a um esforço continuado para caminharmos também nesta área “em linha com a média da UE”. 7. A visão simplista de alguns implicava uma redução administrativa das margens. Não é essa a política que defendemos porque tal não iria ter nenhum impacto estrutural e não teria em conta o efeito das medidas de política assumidas nos últimos anos. Avançar de uma taxa fixa de 28 por cento (sobre o PVP) para a cadeia de distribuição para uma nova metodologia em que há um fee profissional e uma margem regressiva é caminhar no sentido do que existe num número elevado de países da Europa. Em termos económicos o maior ganho reconhecido nesta nova abordagem é o estímulo para a dispensa de medicamentos mais baratos.

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ENTREVISTA

“A política do medicamento deve estabelecer objectivos de médio e longo prazo para o sector farmacêutico e, tendo por base a melhor evidência disponível, identificar as principais estratégias para atingi-los.” Bloco de Esquerda

BE denuncia medidas erráticas 1. As principais propostas do Bloco relativas à política do medicamento são: a obrigatoriedade de prescrição de medicamentos por DCI (nome genérico) e a possibilidade dos utentes optarem por medicamentos genéricos mais baratos; o fim das farmácias privadas nos hospitais do SNS; e o alargamento da dispensa gratuita de medicamentos, pelos serviços farmacêuticos dos hospitais do SNS, aos utentes das urgências e das consultas externas. 2. Quantas vezes já aconteceu os Portugueses preferirem um genérico em vez de um medicamento de marca e não poderem adquiri-lo, porque o médico assinalou na receita “não autorizo o fornecimento de um medicamento genérico”? E quantas vezes acharam a conta da farmácia demasiado cara, sabendo que poderiam ter gasto menos se o médico tivesse prescrito um medicamento igual, com a mesma substância, mas mais barato? Esta é a realidade que, tanto PS como PSD, têm pretendido escamotear, rendidos aos interesses da indústria farmacêutica em detrimento do Estado e dos cidadãos. Só assim se pode compreender que, apesar das

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várias iniciativas legislativas já entregues e discutidas na Assembleia da República sobre esta matéria, não tenha sido ainda possível chegar a consenso, em prejuízo dos doentes e do Estado. Portugal continua a ser um dos países com menor quota de mercado de genéricos (apenas 21%), bastante longe dos mais de 50% da quota de mercado de muitos outros países da EU. Existe portanto ainda um enorme potencial de poupança, que não tem sido devidamente aproveitado. Portugal desperdiça, assim, anualmente, muitos recursos, sem qualquer ganho adicional em saúde. O aumento do consumo de medicamentos genéricos, mais baratos, permitiria não só reduzir a despesa das famílias e do Estado com medicamentos, como libertar recursos mais do que suficientes para promover o acesso a novos medicamentos inovadores, outra área onde Portugal tem dos piores níveis de desempenho, comparativamente com os seus congéneres europeus. Para promover a prescrição e o consumo de genéricos, deve ser estabelecida a obrigatoriedade da prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) e consagrada, na lei, a possibilidade de o utente optar por um genérico, podendo assim pagar menos pelo mesmo tratamento. Quando tal for

aprovado, haverá certamente maior justiça social no acesso ao medicamento em Portugal. 3. Por iniciativa do Bloco de Esquerda, foi aprovada pela Assembleia da República uma lei que restabelece a obrigatoriedade de afixação do preço dos medicamentos nas embalagens. O Bloco defende também o fim das farmácias de venda ao público, localizadas nos hospitais do SNS, uma iniciativa que fracassou, conforme o demonstra o valor avultado das dívidas destas farmácias aos hospitais onde estão instaladas. Por outro lado, ao garantirmos a sustentabilidade do SNS e, no caso dos medicamentos, o acesso a estes através da comparticipação pelo SNS, estamos a garantir a sustentabilidade do Estado Social, que é a principal entidade financiadora das farmácias. As constantes alterações e anúncios de novas medidas são a face visível da permanente instabilidade da política do medicamento seguida pelo governo. Sem qualquer estratégia e compromisso de médio e longo prazo, instalou-se um quadro de incerteza generalizada no sector, com consequências extremamente negativas, nomeadamente para as farmácias. A política do medicamento deve


estabelecer objectivos de médio e longo prazo para o sector farmacêutico e, tendo por base a melhor evidência disponível, identificar as principais estratégias para atingi-los. As medidas legislativas na área do medicamento devem resultar dessa visão estratégica para a política do medicamento. 4. Não respondeu. 5. Nos últimos anos, temos assistido, na área do medicamento, a uma política irracional, com medidas avulsas e em catadupa, que criam uma instabilidade permanente, a qual dificulta a adaptação das farmácias, comprometendo a viabilidade do prosseguimento da sua actividade. Muitas vezes, como no caso da venda de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) fora das farmácias, as alterações impostas pelo governo nem sequem trazem qualquer valor acrescentado considerável. A redução dos preços destes medicamentos, que se alegava na altura para justificar a nova medida, seria imediata e muito significativa, não passou de uma miragem. Relativamente ao regime jurídico de abertura de novas farmácias e de transferência de localização de farmácias já existentes, foi objecto de profundas alterações em 2007. Passados menos de três anos, perante a deslocalização de várias centenas de farmácias e a não abertura de novos concursos para as localidades que ficaram sem farmácia, deixando largos milhares de utentes sem acesso a esse serviço, a Assembleia da República teve que voltar a legislar sobre esta matéria, a fim de resolver as disfuncionalidades da legislação publicada em 2007 pelo governo do PS.

Em contraste, não tem existido qualquer preocupação governativa para aprofundar a intervenção farmacêutica a nível comunitário, quer no âmbito dos serviços farmacêuticos diferenciados, quer no que respeita ao seu papel como parceiros a nível local, nomeadamente numa área que tem sido sempre descurada pelos sucessivos governos a prevenção e a educação para a saúde. 6. A sustentabilidade da despesa pública com medicamentos pode ser alcançada sem comprometer o acesso por parte dos cidadãos aos medicamentos de que necessitam. Para tal propomos uma política do medicamento alternativa, caracterizada pelo rigor e capaz de reduzir os gastos excessivos e supérfluos, mas que, ao mesmo tempo, seja capaz de proteger os cidadãos mais vulneráveis e mais desfavorecidos: crianças, idosos, doentes crónicos e cidadãos com baixos rendimentos. A redução da comparticipação do Estado no preço dos medicamentos, por via das sucessivas medidas decretadas pelo governo ao longo de 2010, agravou excessivamente a factura que os cidadãos pagam pelos medicamentos de que necessitam. O que o Estado poupou saiu directamente do bolso dos doentes. De acordo com os últimos dados disponíveis e assumindo a manutenção da quota do mercado do SNS (no mercado total de medicamentos), verifica-se que, no primeiro trimestre de 2011, o SNS comparticipou apenas 64,0 por cento do custo dos medicamentos, o que representa menos 11,2 por cento que em 2010 e menos 8,1 por cento que em 2005, o ano de tomada de posse do primeiro governo socialista liderado pelo actual primeiro-

-ministro (à data das respostas). Comparativamente com o primeiro trimestre de 2010, o Estado poupou 85 milhões de euros, mas quase metade dessa poupança foi feita à custa dos cidadãos. Estima-se que os Portugueses pagaram mais 40 milhões de euros pelos seus medicamentos, o que representa um aumento de 26,9 por cento na despesa privada das famílias com medicamentos. Um estudo muito recente do Parlamento Europeu, sobre as “Diferenças nos custos e no acesso a produtos farmacêuticos na UE”, veio alertar, exactamente, para a dimensão exagerada dos co-pagamentos em Portugal e os efeitos adversos associados, reclamando a necessidade de implementar medidas adequadas para corrigir esta situação. Na UE e entre os 17 países, só os cidadãos dinamarqueses e finlandeses pagam mais que os Portugueses. A média dos encargos na UE é inferior a 10 por cento, ou seja, menos de um terço do que os Portugueses têm que pagar. Para além da promoção da prescrição e do consumo de medicamentos genéricos, através da prescrição por DCI e da possibilidade de os utentes optarem por medicamentos genéricos, medidas já referidas atrás, deve ser levada a cabo uma revisão profunda do actual sistema de comparticipação de medicamentos, nomeadamente, no que respeita aos escalões de comparticipação e aos grupos farmacoterapêuticos comparticipados em cada escalão. Esta revisão deve ter em mente a aproximação de Portugal ao valor médio de co-pagamentos na EU. Também deve ser promovida uma maior equidade no acesso a medicamentos. Para tal, devem ser

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ENTREVISTA

“A política do medicamento, de importância estratégica para o país, tem de assentar em rigorosos critérios científicos e corresponder pelo custo e disponibilidade às reais necessidades dos doentes.” Partido Comunista Potuguês

criados mecanismos especiais de protecção para os grupos mais desfavorecidos, em particular, crianças, idosos, doentes crónicos e cidadãos com baixo rendimento. 7. Um sistema de margem regressiva ou de taxa fixa para remuneração das farmácias seria mais lógico e traduzir-se-ia em maior racionalidade no que respeita à utilização dos recursos públicos. É também uma inevitabilidade. Os novos medicamentos introduzidos no mercado são vendidos, maioritariamente, a um preço mais elevado do que os medicamentos mais antigos já comercializados. Nesta situação e uma vez que as farmácias recebem uma percentagem fixa (20 por cento) do preço dos medicamentos, estas passam a ganhar mais, sempre que um novo medicamento, mais caro, passa a ser prescrito pelos médicos, em substituição de um medicamento mais antigo, com um preço mais baixo. Dado os custos das farmácias não diferirem em função do preço dos medicamentos, e uma vez que as farmácias prosseguem uma actividade de interesse público, somos favoráveis a que seja estudada uma forma justa e equilibrada de remuneração, com base num sistema de margens regressivas ou numa taxa única (valor absoluto).

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PCP prevê que vulnerabilidade das farmácias aumente 1. A política do medicamento, de importância estratégica para o país, tem de assentar em rigorosos critérios científicos e corresponder pelo custo e disponibilidade às reais necessidades dos doentes. São várias as propostas relativas à política do medicamento inscritas no programa eleitoral do PCP: - desde logo uma questão que consideramos estratégica, que é a da criação do Laboratório Nacional do Medicamento e o incremento da produção nacional; - prescrição por DCI, que deve ser acompanhada de mecanismos de supervisão e informação aos interessados, médicos e utentes, sobre a existência, composição e custos dos genéricos; - revogação do decreto-lei que estabelece os mecanismos do preço de referência; - comparticipação a 100 por cento dos medicamentos nas doenças crónicas; - reposição dos níveis de comparticipação drasticamente reduzidos nos últimos anos;

- revisão do Formulário Nacional do Medicamento e criação do Formulário Nacional de Medicamento de Ambulatório. 2. No essencial a resposta a esta questão está dada na pergunta anterior; no entanto acrescentamos que a procura do consenso não nos impedirá, caso esse consenso não seja conseguido, de tudo fazermos para que a prescrição por DCI, nos termos do nosso Projecto de Lei, venha a ser uma realidade. A prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) assume particular relevância no conjunto das propostas eleitorais do PCP para o medicamento. Desde meados da década de 80, altura em que o PCP apresentou pela primeira vez um Projecto-Lei sobre esta matéria na Assembleia da República, nunca mais deixou de considerar um objectivo a atingir, pelo que, na próxima legislatura, tudo faremos para que se estabeleça um consenso parlamentar sobre esta questão para que a legislação venha a ser alterada, garantindo desta forma a disponibilidade dos medicamentos mais baratos. 3. As farmácias de oficina, que são na sua esmagadora maioria micro e pequenas empresas, sofrem desde logo com as dificuldades que afectam este sector, fustigado com uma carga fiscal


injusta, com elevados custos de energia ou de crédito, por exemplo. Mas sofrem também com a grave crise social que o país atravessa e com as medidas de penalização dos utentes, designadamente ao nível das comparticipações e do preço dos medicamentos. De facto, são cada vez mais os utentes que não podem comprar os medicamentos que lhes são prescritos, ou que deixam dívidas junto das farmácias. 4. A saúde, actualmente reconhecida como um factor endógeno de desenvolvimento económico e social é, em larga medida, resultado do impacto das opções de política económica e social prosseguida. A pobreza e os baixos rendimentos dos indivíduos e das famílias, as más condições de vida em particular na primeira infância, os baixos níveis de escolaridade e de empenhamento cultural, as más condições de trabalho, o desamparo social e em particular as desigualdades sociais, estão identificados como os mais poderosos factores indutores de estilos de vida insalubres e de doença. Um estudo recente da DECO aponta para que seis em cada dez famílias têm dificuldades em pagar as despesas com a saúde. Acresce a tudo isto o facto de que a situação económica da grande maioria das famílias ser muito marcada por viverem com um ren-

dimento mensal bruto muito baixo – 58 por cento dos agregados familiares vivem com um rendimento bruto inferior ou igual a 1024 € -, situação que se agravou com a redução significativa do número de famílias que recebem apoios sociais e do montante desses apoios. É neste quadro de dificuldades que os portugueses têm sido confrontados com uma política do medicamento que os tem vindo a penalizar, nomeadamente a decisão de descomparticipar alguns medicamentos para doenças crónicas. O resultado de tudo isto são as crescentes dificuldades em comprar os medicamentos e outros produtos farmacêuticos e o aumento das dívidas que se vão acumulando nas farmácias. A agravar a situação das farmácias, o facto de o Estado ser mau pagador.

5. A sustentabilidade deste sector, tal como muitos outros, passa em primeiro lugar por um conjunto de medidas económicas e sociais que permitam aumentar o poder de compra e dinamizar o mercado interno. Com o previsível crescimento do desemprego e da precariedade laboral, com a redução dos apoios sociais e um menor investimento por parte do Estado na saúde dos portugueses, o sector das farmácias ficará mais vulnerável.

No curto prazo é preciso garantir o pagamento atempado das verbas devidas pelo Estado às farmácias e promover uma política fiscal que elimine o Pagamento Especial por Conta e faça o reembolso simplificado e célere do IVA. Não devem também ser excluídas outras medidas específicas de apoio ao nível das políticas económicas às farmácias, sobretudo as que se situam em zonas periféricas e deprimidas. 6. A nossa preocupação maior é como esta decisão se vai repercutir nos bolsos das famílias. O documento fala na redução da despesa pública – de 2700 milhões de euros para 1500 milhões de euros — mas não na despesa privada. Estamos convencidos, não estando clara a forma como vai ser reduzida a despesa pública, que a diminuição da despesa para o Estado vai ser realizada, sobretudo à custa de uma política de comparticipações que levará à redução do número de medicamentos comparticipados e do valor das comparticipações. 7. Esta é uma daquelas matérias que merece uma ponderação maior, no entanto pensamos que a taxa fixa não deve pôr em causa nem a viabilidade das farmácias, nem os custos do Estado e dos utentes.

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ENTREVISTA

Technophage conquista importante contrato internacional

Rui Rodrigues, administrador da Technophage e Miguel Garcia, CEO da Technophage

Com apenas seis anos de existência, a Technophage tem já um percurso sólido no domínio da biotecnologia: a assinatura de um contrato com uma grande farmacêutica belga é a prova mais recente do sucesso e da credibilidade desta empresa que integra a aposta estratégica da ANF na inovação. A Technophage, empresa de biotecnologia integrada no universo empresarial da ANF, acaba de dar um importante passo na sua afirmação no panorama internacional da investigação e desenvolvimento: trata-se da assinatura de um protocolo inédito de colaboração com a maior biofarmacêutica belga em Portugal. Assinado a 19 de Maio último, na residência oficial do embaixador da Bélgica em Portugal, o protocolo alia de forma inovadora três áreas científicas, a investigação básica, a investigação aplicada e a investigação clínica – neste caso, no âmbito da Medicina Translacional, prática médica baseada na epidemiologia intervencional.

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Ao abrigo deste acordo a farmacêutica belga financiará a Technophage no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos usando tecnologia já patenteada pela biotecnológica portuguesa para a construção de anticorpos de pequenos domínios. Trata-se de promover o esforço coordenado entre a investigação básica e as aplicações terapêuticas imunomoduladoras que possam trazer melhorias efectivas ao nível das doenças inflamatórias autoimunes. Na cerimónia de assinatura do protocolo, o embaixador belga em Lisboa, Jean-Michel Veranneman de Watervliet, sublinhou a relevância desta colaboração afirmando que “a área das biociências é uma área es-

tratégica importante para o desenvolvimento económico da Europa, capaz de a tornar mais competitiva ao proporcionar soluções inovadoras que permitam melhor gerir os riscos associados ao crescente e preocupante envelhecimento da população Europeia”. Por sua vez, Miguel Garcia, CEO da Technophage, classificou o protocolo como “um passo decisivo para a investigação nacional”: “Envolver desde o início da cadeia de desenvolvimento de um novo medicamento inovador, uma biotech com elevado potencial de descoberta de novas moléculas e de as desenvolver nas fases iniciais, graças à sua equipa e tecnologias próprias, com uma bio-


farmacêutica global com capacidade de desenvolvimento de moléculas nas fases mais avançadas bem como da sua comercialização, tem evidentes ganhos em termos da capacidade de desenvolver novas terapias biológicas, inovadoras e que constituam uma solução para problemas existentes”.

Superar as expectativas é via para o sucesso Este é o primeiro contrato deste género que a Technophage assina com uma empresa global. É efectivamente um marco importante na história desta biotecnológica fundada em 2005 a partir de um núcleo de farmacêuticos vocacionados para a investigação científica. Até agora, a empresa havia estado apenas associada a farmacêuticas nacionais. Contudo, a ligação a uma empresa global, que está presente no desenvolvimento e na comercialização dos produtos em simultâneo, traz outras potencialidades para as plataformas já patenteadas pela Technophage. A empresa – sublinha Miguel Garcia – possui o know how, tem competências na investigação aplicada e a vantagem de estar muito próxima da investigação fundamental, ou seja, da universidade. O

aporte da farmacêutica belga faz-se ao nível da investigação clínica, bem como do financiamento e gestão do projecto. Permite, nomeadamente, acelerar as fases no desenvolvimento do produto, chegando mais rapidamente ao mercado, já que foi eliminada a etapa de identificação de um parceiro intermédio. Quer Miguel Garcia, quer Rui Rodrigues, administrador, defendem que, antes de mais, é preciso acreditar muito na equipa e na empresa. E depois há que superar sempre as expectativas. “É o único caminho de sucesso”, sintetiza o CEO, justificando: “Não temos muitos recursos em termos de pessoas e perdemos muito tempo na procura de parceiros, pelo que temos de ser muito bons no que fazemos. Temos de fidelizar os clientes que temos e isso tem acontecido com todos os projectos. Têm sido conseguidos e ampliados”. É esta postura que abre novos horizontes à Technophage, ao ponto de haver já grandes farmacêuticas a olharem para a biotecnológica portuguesa: “Sabemos fazer bem”. E o que a diferencia: o facto de ser proprietária da tecnologia que desenvolve e aplica, o facto de obter resultados “absolutamente interessantes” tendo em conta os recursos existentes. “Chegamos onde dizemos que chegamos e isso é importante nesta área”, afirma Miguel Garcia. E este ano a empresa vai chegar pela

primeira vez ao fim de uma fase pré-clínica, obtendo o primeiro registo de autorização de ensaios clínicos. Para o ano, outros dois. Mais um passo importante na vida da Technophage, a juntar ao protocolo de colaboração com a farmacêutica belga.

Três domínios de investigação O protocolo respeita a uma das três áreas de investigação e desenvolvimento da empresa: os pequenos domínios de anticorpos. Mas a área original é a dos bacteriófagos: trata-se da procura de respostas para um dos problemas mais sérios de saúde pública da actualidade, a resistência bacteriana. O que acontece é que está a aumentar a necessidade de antibióticos, mas a oferta está a diminuir: há, de facto, um menor investimento na investigação. A Technophage fez ressurgir uma metodologia já usada no leste europeu no início do século XX e que se prende com a utilização de bacteriófagos para terapêutica: geneticamente são vírus com a capacidade de infectar bactérias. Têm a grande vantagem de serem específicos, isto é de não infectarem células humanas, o que garante um elevado grau de segurança. Além de que se não existirem bactérias-alvo se autolimitam, sendo eliminados do

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ENTREVISTA

“O nosso core business é fazer a selecção e optimização das moléculas a desenvolver e a realização, de forma eficiente, dos seus ensaios pré-clínicos.”

organismo. Com a mesma finalidade, estão a ser utilizadas enzimas, que destroem a parede bacteriana. Actualmente, a Technophage está focada na produção de antibacterianos específicos para terapia, tendo dois cocktails de bacteriófagos, para indicações tópica, um dos quais já em ensaios finais de eficácia, prestes a começar a fase mais avançada de pré-clínicos. Quase em simultâneo com a investigação em bacteriófagos nasceu a segunda área de intervenção da empresa – os pequenos domínios de anticorpos. Trata-se de uma tecnologia já patenteada e com aplicações em diferentes áreas terapêuticas, sendo que há um produto à beira dos ensaios clínicos – será o primeiro da empresa. Este vocacionado para uma doença inflamatória, a artrite reumatóide, mas a mesma tecnologia está a ser testada noutras aplicações, nomeadamente cardiologia, osteoporose e oncologia. Em finais do próximo ano, a empresa espera, aliás, ter um segundo produto a entrar em ensaios clínicos, desta vez no domínio da cardiologia. Mais recente é a plataforma technozeb. Esta é uma tecnologia que recorre aos peixes zebra para fazer uma selecção de moléculas com potencial interesse na terapêutica

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da osteoporose. Estes peixes funcionam como modelos vivos no que respeita à formação e regeneração óssea. Face a outras tecnologias, têm, nomeadamente, a vantagem de serem mais acessíveis em termos de custos, além de que os peixes são pequenos e fáceis de manusear e, sobretudo, bons modelos do que se passa em organismos mais diferenciados. Ainda neste âmbito, a Technophage participa, como coordenadora, num projecto europeu Eurostars, financiado pela União Europeia e pelo programa Eureka, visando o desenvolvimento de produtos para o tratamento de doenças do sistema nervoso central. É também mais uma prova da credibilidade que a empresa tem granjeado a nível internacional.

ANF garantiu organização Em pipeline, existem actualmente doze produtos em simultâneo, ou seja, doze potenciais novos medicamentos. Um número muito significativo para uma empresa da dimensão da Technophage: aos três elementos do conselho de administração, todos farmacêuticos, juntam-se cinco doutorados, três mestres e um técnico,

com um sexto doutorado em perspectiva. O CEO argumenta, a propósito, que “empresas eficientes não precisam de muitas pessoas”. É uma questão de modelo de negócio: “O nosso core business é fazer a selecção e optimização das moléculas a desenvolver e a realização, de forma eficiente, dos seus ensaios pré--clínicos. Temos de cumprir o que dizemos para termos credibilidade suficiente e avançarmos para os ensaios clínicos, que são muito exigentes em termos de financiamento. Há sempre necessidade de parceiros e temos de ter capacidade de os atrair e manter”. Quem desde a primeira hora apostou nesta start up foi a ANF. Rui Rodrigues, administrador da Technophage, sublinha que é “uma aposta estratégica em investigação”. Já Miguel Garcia considera que a associação contribuiu com uma mais-valia decisiva – a organização: “Nós temos as competências científicas. Se formos bons, mais tarde ou mais cedo aparece o capital. Mas a organização é absolutamente crucial. Fez toda a diferença”. Diferença é o que já está a fazer a própria Technophage no mundo da biotecnologia. E o contrato assinado com a maior farmacêutica belga a operar em Portugal é disso uma prova irrefutável.


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ANF

Eleições muito participadas

Estrutura Associativa mais importante em tempos difíceis A organização descentralizada com representatividade é o modelo que melhor serve as farmácias. Esta é a opinião daqueles que foram auscultados a propósito das últimas eleições para a estrutura associativa. Eleições muito participadas e que ditaram uma significativa renovação. As últimas eleições para a estrutura associativa da ANF, realizadas de 14 a 19 de Fevereiro último, deram um importante sinal de motivação das farmácias, devido à elevada participação registada e ao grau de renovação. Assim, verificou-se uma taxa de participação de 63,5 por cento dos sócios, correspondente a 1584 farmácias votantes. Círculos houve em que a votação se situou acima da média nacional: é o caso do círculo 30, pertencente ao distrito de Lisboa, com uma votação de 82,9%, e o do círculo 11, em Castelo Branco, em que votaram 82,1% dos sócios. Também em Beja, Braga, Guarda e Viseu se registaram votações muito expressivas. Quanto à renovação, atingiu os 22,38 por cento da es-

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trutura, o que significa que foram eleitos 42 novos delegados num total de 184 (entre círculo e zona) que compõem a estrutura. Por outro lado, o elevado número de delegados que decidiu permanecer em funções pode ser entendido como um indicador de coesão e confiança, valores fundamentais para a estrutura associativa. Há ainda a registar o facto de, por círculo, se ter candidatado apenas uma lista, o que traduz a existência de consenso entre os sócios sobre quem os deve representar nos próximos três anos. A estrutura associativa constitui o interface entre as farmácias e os órgãos dirigentes da associação, assegurando a fluidez da informação e, acima de tudo, a democraticidade do processo decisório.


(estreia) Marco Almeida, Farmácia Nova

Nuno Augusto, Farmácia de Vide

As eleições de Fevereiro último assinalam a estreia do proprietário da Farmácia Nova, em Olival Basto, na estrutura associativa da ANF. Marco Almeida candidatou-se a delegado de círculo a convite da sua antecessora, Clara Ribeiro, da Farmácia Leitão Ribeiro, na Pontinha. “Ela já era delegada há muitos anos e optou por não se recandidatar. Convidou-me por considerar que eu seria a pessoa certa para dar continuidade ao trabalho desenvolvido e também para imprimir uma nova dinâmica, uma vez que sou mais novo”. Eleito pelos colegas, vai agora tentar dar o seu melhor, num mandato em que considera imprescindível apelar à unidade profissional e promover um relacionamento mais estreito entre as farmácias. É sempre importante – diz – mas mais agora com a actual situação de crise: “Temos de caminhar num sentido único”. Marco Almeida é um defensor do modelo de organização descentralizado com representatividade: considera que só assim é possível manter a proximidade entre os sócios e a associação e, com isso, debater em conjunto as soluções para o sector. É – justifica – uma via de dois sentidos, que aproxima os dois extremos da estrutura, diminuindo a distância entre as farmácias e os órgãos de direcção. E foi por acreditar que este modelo funciona que decidiu aceitar o repto e candidatar-se a delegado de círculo.

É a primeira vez que o proprietário da Farmácia de Vide, em Vide, é delegado de círculo, mas a estrutura associativa já não tem propriamente segredos para Nuno Augusto. É que durante quatro anos foi gestor de associados na zona Centro. Uma “escola importante” para saber como funciona a ANF. E foi essa experiência que o levou a acreditar que poderia apoiar e representar as farmácias como delegado. Uma função que assume tendo em mente que, no actual momento que o sector vive, é mais importante do que nunca fomentar a união entre as farmácias: “Se não estivermos unidos, os outsiders vão ter argumentos para nos atacar”, justifica. E acrescenta: “Todos temos de ter consciência de que o sector está sob observação constante”, tanto mais que a troika se virou para as farmácias na tentativa de reduzir a despesa quando há “claramente” outras áreas a merecer intervenção.Nuno Augusto acredita no modelo de estrutura associativa como aquele que permite às farmácias e aos órgãos centrais estarem mais próximos. Pela sua parte, propõe-se ser dinâmico e proactivo e aproveitar a oportunidade dada pelos colegas do círculo para criar condições que reforcem essa proximidade, gerando sinergias para o futuro.

Caminhar num sentido único

(continuidade) Fátima Gomes, Farmácia Lobos Mar

Comunicação mais eficaz Foi o contexto político-económico da Madeira que motivou a proprietária da Farmácia Lobos Mar, em Câmara de Lobos, a recandidatar-se a delegada regional da ANF. A estrutura regional foi renovada em 50 por cento, já que um dos anteriores delegados optou por não continuar, mas Fátima Gomes entendeu que devia haver alguma continuidade, tanto mais que está em curso o processo de regularização da dívida do governo regional às farmácias, que acompanha desde o início.

“O sector está sob observação constante”

A primeira vez que se candidatou, no mandato anterior, fê-lo por entender que podia ser útil às farmácias da Madeira. E sente que a missão foi cumprida, que se conseguiu alcançar os objectivos. Agora, “é mais um projecto pela frente”. Na sua opinião, o modelo de estrutura associativa da ANF é “muito interessante” como elo de ligação às farmácias. Nem todas podem, afinal, estar presentes nas assembleias gerais e os delegados cumprem a função de as manter informadas sobre os assuntos que se debatem e as decisões que se tomam. A comunicação é, além disso, mais eficaz entre farmácias e delegados do que seria directamente entre as farmácias e os órgãos centrais. Para as farmácias tem a vontagem de estarem mais informadas e à ANF proporciona a percepção do que se passa, de facto, com os sócios.

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ANF (continuidade) Jorge Santos, Farmácia S. Brás

Ser delegado é mais importante do que nunca No mandato anterior, Jorge Santos, proprietário da Farmácia S. Brás, em São Brás de Alportel, já tinha sido delegado de zona. Nas últimas eleições apresentou-se ao sufrágio dos colegas como candidato a delegado de círculo. Foi como que uma troca com a sua antecessora, Maria Paula, da Farmácia Maria Paula, em Quarteira, que, por razões pessoais, preferiu ficar um pouco mais na retaguarda, como delegada de zona. Foi ela que o desafiou a assumir o círculo e Jorge Santos aceitou por acreditar que, “nos tempos que correm”, é ainda mais importante o desempenho destas funções. E aceitou também por crer que os colegas do círculo depositam nele confiança para exercer o cargo. A mesma confiança que, aliás, manifestaram ao elegê-lo, no man-

dato anterior, para a estrutura e que agora reiteraram com uma votação expressiva. E Jorge Santos sente-se com capacidade para os representar. Sabe que os delegados desempenham um papel essencial na transmissão de informação, até porque, embora fosse desejável, na prática não é possível que as farmácias participem directamente no processo decisório. O ideal, em sua opinião, era que as farmácias fossem auscultadas sempre que é preciso tomar decisões, mas reconhece que, cada vez mais, essas decisões se têm de tomar na hora e que, às vezes, até só podem ser anunciadas depois de tomadas. Explicá-las é uma das responsabilidades dos delegados, que Jorge Santos assume convicto de que tem a confiança dos colegas do seu círculo.

(passagem de testemunho) Margarida Oliveira, Fármacia Oliveira

Proximidade é união Foram circunstâncias pessoais que levaram Margarida Oliveira, proprietária da Farmácia Oliveira, em Vila Nova da Barquinha, a passar o testemunho ao fim de vários mandatos como delegada de círculo. Uma decisão que se estendeu a outros cargos que desempenhava no concelho, no âmbito de uma participação cívica muito activa. Não houve qualquer desencanto com a estrutura associativa da ANF, apenas lhe falta o tempo necessário para se dedicar: “Não tendo oportunidade de fazer as coisas como acho que devem ser feitas, considerei melhor não assumir essa responsabilidade. Não seria justo para os colegas que me elegessem”. Margarida Oliveira é uma defensora do actual modelo organizativo da associação, entendendo que, de uma forma simples, se aproximam as farmácias umas das outras e da direcção. E – sublinha – proximidade é união. No momento actual, em que o sector atravessa tempos difíceis, a estrutura é ainda mais importante: “Penso muito seriamente que, quanto mais obstáculos há, mais importante é ter uma estrutura bem próxima, em que as farmácias se sintam apoiadas”.

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Rosário Capitão, Farmácia Paiva da Costa

“Somos invejados” Há 12 anos que Rosário Capitão, proprietária da Farmácia Paiva da Costa, em Lisboa, era delegada de círculo. Nas últimas eleições decidiu não se recandidatar, por entender que estava na altura de dar lugar aos novos: “Estes movimentos precisam de ser renovados, caso contrário há o risco de as pessoas – nós, os delegados, e os colegas - se instalarem nos lugares. E há gente muito capaz para fazer coisas novas e revitalizar a estrutura”. Daí que considere que o círculo está “bem entregue”. Rosário Capitão está, no entanto, disponível para o associativismo sempre que seja preciso. E, enquanto foi delegada, esteve de coração, como se está no voluntariado. Faz da sua experiência um balanço positivo, ainda que considere que devem ser os colegas a avaliar o seu desempenho. Sobre a estrutura associativa, sustenta que funciona bem nos dois sentidos – isto é, das farmácias para a direcção e vice-versa. De tal forma que o sector é “invejado por outros grupos profissionais” pela forma como está organizado.


Estrutura Associativa Círculo 1 Farmácia Lemos João Abel Gonçalves Novo Zona 1 Farmácia Central Mário José das Neves Pereira Zona 2 Farmácia Rodrigues Grácia Maria Vieira Rodrigues Círculo 2 Farmácia Machado Carlos Jorge Silva Machado Zona 1 Farmácia Grande Farmácia de Espinho Manuel João R. P. Clemente de Paiva Zona 2 Farmácia Areal Isabel Alexandra da Silva Costa Círculo 3 Farmácia Confiança António Belmiro Gomes Pais Zona 1 Farmácia Afonso Henriques Afonso Henriques Batista Zona 2 Farmácia Brandão Alves Vitor Manuel de Brito A. T. de Sousa Círculo 4 Farmácia Salgado José Orlando Fernandes Salgado Zona 1 Farmácia Carapinha do Ó José Manuel Marujo Grazina Zona 2 Farmácia Faria Maria Violante Moita Coelho Janeiro Círculo 5 Farmácia Ramos Carlos Manuel Pancada Neves Zona 1 Farmácia Popular Margarida Isabel C. Silva Costa Zona 2 Farmácia Nova de Mértola Carla Alexandra Branco Gonçalves Círculo 6 Farmácia Lima Carlos Alberto de Sá Esteves

Zona 1 Farmácia Adaúfe Carlos Miguel Pires F. R. Coimbra Zona 2 Farmácia Mota Maria de Fátima G. L. Ribeiro Barbosa Círculo 7 Farmácia Barbosa Fernando José Carreira Saraiva Monteiro Zona 1 Farmácia de Gondar Luis Filipe de Moura André Leite Pereira Zona 2 Farmácia Neves Ferreira Rui Pedro Neves Ferreira Círculo 8 Farmácia da Estação Hélder Filipe Sousa Mesquita Zona 1 Farmácia Ribeirão Conceição Maria Cardoso de Faria Santos Zona 2 Farmácia Pinto Ferreira Francisco Manuel C. Pinto Coelho Círculo 9 Farmácia Albuquerque Rita Maria Ramos Domingues Zona 1 Farmácia Atlântico Maria Isabel Almendra Rodrigues Gomes Zona 2 Farmácia Barreira Ana Maria Vaz Gonçalves Círculo 10 Farmácia Moderna Maria Raquel de Sá Miranda Moreno Zona 1 Farmácia da Ponte Marilia Teixeira Lopes de Sá Zona 2 Farmácia Rainha Isabel Maria R.S. da Luz

Círculo 11 Farmácia Nuno Álvares Jorge Manuel Rocha Augusto Zona 1 Farmácia Ferrer Silvia Alexandra Lopes Rodrigues Zona 2 Farmácia Farinha João Miguel Martins da Costa Baptista Círculo 12 Farmácia São Cosme Carlos Alberto Gama Tavares Zona 1 Farmácia Cunha Gil Mário Julio Leal da Cunha Gil Zona 2 Farmácia Pedroso João Augusto Faria Figueiredo Fonseca Círculo 13 Farmácia de Celas Luís Miguel de Figueiredo Silvestre Zona 1 Farmácia Silcar Maria Isabel Belchior Zona 2 Farmácia Miraldo Maria Filomena Pereira da Cruz Miraldo Círculo 14 Farmácia Silva & Miranda Paula Cristina Morais Silva M. Gonçalves Pereira Zona 1 Farmácia Ferreira Souto Margarida Maria F. Lopes de Oliveira Dias Zona 2 Farmácia Soure Nuno Ricardo Castro Gonçalves Círculo 15 Farmácia Alva Paula Inês Moreira Dinis Zona 1 Farmácia Borges Rita Cecília Mendes Francisco Borges

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ANF Zona 2 Farmácia Simões Ferreira Maria José da Silva Bolas Carniça Círculo 16 Farmácia Ribeiro José António Dias Ribeiro Zona 1 Farmácia Ferro Suc. Delfina da Luz Caeiro Alves Zona 2 Farmácia Novalentejo Alexandra Isabel Martins Pereira Círculo 17 Farmácia Central Rui Manuel Morgado Aparício Zona 1 Farmácia Canelas Pais Rosa Maria Pereira Carreiro Zona 2 Farmácia Alandroalense Maria Dulce Miranda de Sá Caldeira Gonçalves Círculo 18 Farmácia S. Brás Jorge Afonso Ferreira Santos Zona 1 Farmácia Maria Paula Maria Paula Gonçalves Lopes da Silva Zona 2 Farmácia Carmo Manuel Cumbrera Tavares Círculo 19 Farmácia Rosa Nunes José Carlos Nunes Duarte Zona 1 Farmácia Moderna José Manuel da Silva Furtado Zona 2 Farmácia Santos Pinto Tiago Miguel dos Santos Pinto Círculo 20 Farmácia Central Carolina Maria Ferreira dos S. Mosca Zona 1 Farmácia Anjos Maria Arlete Santos dos Anjos Zona 2 Farmácia Santos Ana Sofia Pereira da Silva Lopes

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Círculo 21 Farmácia de Vide Nuno Miguel Chicau Rasquinho Gardon Augusto Zona 1 Farmácia Patricio Luis Filipe Coutinho Terra Zona 2 Farmácia Andrade Maria Laura Andrade de Lemos Sobral Círculo 22 Farmácia Dulce Caçador Dulce Helena C. Esperança Caçador Zona 1 Farmácia Sol Cristina Clara da Fonseca de Sousa Zona 2 Farmácia Vidigal Maria Adelaide Rodrigues dos Reis Círculo 23 Farmácia Branco Lisboa João Manuel Branco Lisboa Zona 1 Farmácia Sousa Isabel Teresa Ribeiro Santos Laborinho Zona 2 Farmácia Oliveira Maria Teresa da Silva Santos Belga de Oliveira Círculo 24 Farmácia Benfica Tiago Galvão Alves Pereira Zona 1 Farmácia Vitex Maria Alexandra O. C. T. F. Vaz Pereira Zona 2 Farmácia Zenel Rosa Maria Pereira Damaso Círculo 25 Farmácia do Largo Maria Teresa Paiões Lourenço Zona 1 Farmácia Algarve Maria Madalena Vieira Neves Zona 2 Farmácia Patuleia Maria Rosa Carrilho Marcos Nicolau Círculo 26 Farmácia de Marvila Isaura de Almeida Gonçalves Martinho

Zona 1 Farmácia Bela Vista Margarida Maria da Silva Vasconcelos Zona 2 Farmácia Veral Lda. Maria Isabel M. Falcão e Silva Círculo 27 Farmácia Linaida Maria João Tavares Madeira Grilo Zona 1 Farmácia Aurélio Rego José António Janeiro Fialho Zona 2 Farmácia Boa-Hora Maria Antonieta Filipe Miguel Dias Círculo 28 Farmácia Principe Real Glória Maria Miranda da Silva Vilas Boas Zona 1 Farmácia Estácio Soraia Emerciana Pereira e Costa Zona 2 Farmácia Braamcamp Filipe João Faustino Duarte Círculo 29 Farmácia Bastos de Andrade Filipe Miguel Esteves Murcho Zona 1 Farmácia Cruz de Malta Lda. Darida da Conceição Alves Gonçalves Zona 2 Farmácia Confiança Maria Clara Vieira Lima Marinha Lucas Círculo 30 Farmácia Oliveira e Silva Maria Fátima Jorge Santos Zona 1 Farmácia Turcifalense Rui Miguel Barreiros da Silva Anacleto Zona 2 Farmácia Oceano Miquelina Júlia Alves Coelho Tripa Geraldo Círculo 31 Farmácia Baião Santos Maria de Fátima C. Baião Santos Zona 1 Farmácia Tereza Garcia Maria Teresa Miranda Garcia


Zona 2 Farmácia Ascensão Nunes Maria de Lurdes Cordeiro Ascensão Nunes Círculo 32 Farmácia Grincho Maria Manuel Mourão Grincho Zona 1 Farmácia do Rosário João Godinho da Silveira Zona 2 Farmácia Fontes Rocha Lúcia Maria Castanheira Fontes Rocha Círculo 33 Farmácia Marta Marta Adelina Almeida R. Pinto Zona 1 Farmácia Santa Sofia Gertrudes Pinto Zona 2 Farmácia Dias Maria de Lurdes Pereira Carvalho Dias Gameiro Círculo 34 Farmácia Nunes Maria Manuela B. Nunes Bastos Zona 1 Farmácia Cavaca Paula Cristina Lara Miranda Zona 2 Farmácia D. Joao V Lucia Martins Leal M. Pinto Círculo 35 Farmácia do Prior Velho Helena Maria Nunes Leal Gonçalves Lages Zona 1 Farmácia Nova de Loures Ana Maria da Costa Regadas Pires Zona 2 Farmácia Central Miguel Neto Portugal Ramalho Eanes Círculo 36 Farmácia Nova Marco António Pinto Almeida Zona 1 Farmácia de Famões José Augusto Parreira Cardoso Zona 2 Farmácia Santo Adrião Maria do Carmo Lourenço

Círculo 37 Farmácia do Forte Marta Raquel Torres Estrela Salgueiro Baço Zona 1 Farmácia Miranda Dora Maria Simão Miranda Zona 2 Farmácia Nova Alverca Graça Maria da Silva Terrinca Belo Vieira Círculo 38 Farmácia Freixedas André Alexandre Ladeiro Barrigas Zona 1 Farmácia Portalegrense Luzia Maria Filipe Valente Nabais Zona 2 Farmácia Mendes Alexandre António Mendes Raposeira Círculo 39 Farmácia Carvalho Pinto António João Carvalho Pinto Zona 1 Farmácia Vaz Maria Manuela de Santana Maia Leonardo Zona 2 Farmácia Lux Maria Céu Silva Franco Fernandes Círculo 40 Farmácia Moreno João Alexandre Teixeira de Almeida Zona 1 Farmácia Mafalda Maria Aurora Carranho Mafalda Zona 2 Farmácia Firmeza Ricardo Augusto de Sousa Vieira da Silva Alves Círculo 41 Farmácia Alves da Silva João Alberto C. Correia da Silva Zona 1 Farmácia Vasques António Manuel Andrade Seguro Pereira Zona 2 Farmácia Cosme Suc. Maria Manuela Pinto Santos Silva

Círculo 42 Farmácia Faria Francisco Manuel Cardoso de Faria Zona 1 Farmácia Marques Ramalho Cristina Maria Moutinho Marques Ramalho Zona 2 Farmácia Monteiro Maria Rosa M. M. Castro Mamede Círculo 43 Farmácia Maria Adelaide Maria da Graça Bessa Cardoso Zona 1 Farmácia Castro Maria Angelina Alves Castro Neves Zona 2 Farmácia Confiança Raquel Maria Barros da Silva Tavares Círculo 44 Farmácia Saraiva Ana Cristina Gaspar Zona 1 Farmácia Couto António Alberto Lopes Alves Prata Zona 2 Farmácia Gândara José Júlio da Silva Canedo Círculo 45 Farmácia Cruzeiro Maria de Lourdes Martins Vieira Zona 1 Farmácia Lopes Veloso Alfredo Lopes Veloso de Azevedo Zona 2 Farmácia das Guardeiras Irundina Maria de Moura Agante Círculo 46 Farmácia Ribeiro João Manuel Chaves Ribeiro Zona 1 Farmácia Sta. Quitéria Joana Maria Sousa Mesquita Zona 2 Farmácia Confiança Paula Maria Azevedo de Andrade Fonseca Carvalho Círculo 47 Farmácia Central do Cartaxo Hugo Celso Faria Sousa Costa Zona 1 Farmácia Confiança João Pedro Pinto Gonçalves Nogueira

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ANF

Zona 2 Farmácia Carvalho Joana Pinto F. Fernandes Gomes Círculo 48 Farmácia Santos Ana Maria Bento M. Melo D. Santos Zona 1 Farmácia Sousa Trincão Maria do Rosário Trincão Zona 2 Farmácia Beato Nuno Manuela Maria Ferreira da Silva Quartau Círculo 49 Farmácia Moderna Paula Cristina Duarte Vieira Zona 1 Farmácia Joaquim Maria Cabeça Maria Cristina B. M. Cabeça G. Cabral Zona 2 Farmácia Palmeira Carla Maria Prestes Gonçalves Círculo 50 Farmácia Marques Valter Manuel da Conceição Gomes Zona 1 Farmácia Farinha Pascoal Maria Lucília Ramos Farinha Pascoal Zona 2 Farmácia Monteiro Telhada Jorge Paulo B. Monteiro Telhada Círculo 51 Farmácia Braz da Silva Isabel Maria Brás da Silva Zona 1 Farmácia Central Gonçalo Gouveia Martins Paulino Zona 2 Farmácia Vale de Figueira Maria Gabriela Vaz do Nascimento Círculo 52 Farmácia do Vale Maria da Graça Ramos da Silva Rebelo de Campos Zona 1 Farmácia Teixeira Ana Paula Gomes Teixeira Zona 2 Farmácia Tágide Maria Laura Rodrigues Cardoso dos Santos

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Círculo 53 Farmácia do Vale Maria Filipa Duarte Ramos Carmona Zona 1 Farmácia Vale Bidarra Sandra da Conceição Vicente Vaz Zona 2 Farmácia Brás Maria Cidália Costa Brás Círculo 54 Farmácia Central Anabela Bartilotti de Almeida Zona 1 Farmácia Nelsina Maria Manuel de Pina Vaz Sousa Zona 2 Farmácia Correia Lage Manuel Correia da Lage Círculo 55 Farmácia Codeço Sucr. Pedro Nuno Fernandes Ribeiro Zona 1 Farmácia Dona Teresa Luis Filipe Martins Alves da Silva Zona 2 Farmácia Moderna Maria Isabel Soares Casimiro Afonso Círculo 56 Farmácia Tuna Ferreira Maria Manuela Tuna Ferreira Zona 1 Farmácia Barreira Sílvia Ângela Marques dos S. G. Loureiro Zona 2 Farmácia Paula Files Rosa Paula da Silva Files Círculo 57 Farmácia Douro José Manuel Morais Barata Zona 1 Farmácia Arrochela Fernando José Dias Pinto Rodrigues Zona 2 Farmácia Martins Rogério Manuel Barroso Martins Círculo 58 Farmácia Confiança Lucilia Manuela de Oliveira Ribeiro Simões

Zona 1 Farmácia Marques Augusto Manuel da Costa Meneses Zona 2 Farmácia da Lajeosa Hugo Emanuel Serrano Faustino Ângelo Círculo 59 Farmácia da Misericórdia Santo António Isabel Maria Sacadura Montes de Alvão Serra Zona 1 Farmácia Mota Maria Cristina M. S. e Melo Inocêncio Zona 2 Farmácia Eugénia Rito Maria Eugénia de Castro Pais Rito círculo 60 delegado regional Farmácia Vasconcelos Raposo José Aires Vasconcelos Raposo Zona 1 Farmácia Borges da Ponte Maria Filomena Almeida Borges da Ponte Zona 1 Farmácia Açoreana Margarida da Graça T. de Sousa círculo 61 delegado regional Farmácia Menezes Maria Jacinta Goulart Lemos de Menezes Zona 1 Farmácia Picoense José Guilherme Lopes Martins Janeiro círculo 62 delegado regional Farmácia do Arco Francisco Manuel Monteiro de Araújo delegado regional Farmácia Lobos Mar Maria Fátima Figueira Barros Abreu Gomes


FLASHES

Reino Unido Farmácias vão fornecer novo serviço para doentes crónicos As farmácias no Reino Unido vão disponibilizar um novo serviço, no âmbito do NHS (SNS), ainda este ano. O “serviço de novos medicamentos” (new medicines service) pressupõe o aconselhamento, pelo farmacêutico, ao doente que inicia terapêutica crónica, com acompanhamento ao longo do mês seguinte. O objectivo é melhorar a adesão à terapêutica e os ganhos em saúde, reduzindo o desperdício com medicamentos e o recurso a outros serviços de saúde. Este será um serviço farmacêutico avançado, pelo que os farmacêuticos necessitam de formação específica para o desenvolver. O NHS e o PSNC (Pharmaceutical Services Negotiating Committee) chegaram a acordo para que o serviço seja financiado em €110 milhões nos próximos 2 anos. A medida permitirá ao NHS poupar até €20 mil milhões. In pjonline.com, 15/03/2011; Pharmacy Insight, 18/03/2011

Alemanha Proibição de descontos sobre o preço dos medicamentos comparticipados O Tribunal Federal de Justiça da Alemanha decidiu que as farmácias não podem conceder descontos sobre o preço dos medicamentos comparticipados, com excepção de descontos de reduzida escala (na ordem de €1). Os juízes consideram que os descontos na ordem de €5 são uma interferência visível na regulação do mercado. A reacção das farmácias foi imediata: estão a conceder descontos de €4,50, enquanto aguardam pela decisão final dos cinco casos que deram origem ao processo. O tribunal decidiu que as farmácias estrangeiras de venda à distância têm de cumprir a regra, para não ficarem em vantagem competitiva.

Itália Farmácias assumem novas funções Para melhorar a prestação de cuidados de saúde nos meios rurais, as farmácias em Itália vão aumentar as suas competências, assumindo responsabilidades dos médicos. O Governo crê que há deficiências na assistência médica e quer garantir que mais doentes têm acesso a exames médicos. As farmácias vão poder colher amostras de sangue para avaliar o nível de colesterol, fazer análises de urina e pesquisa de sangue oculto nas fezes, bem como prestar cuidados domiciliários e administrar medicamentos no domicílio. Para tal, podem empregar enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais. Cabe a cada região decidir se introduz os novos serviços das farmácias, agora que o modelo de financiamento está acordado. In Pharma Adhoc, 11/12/2010

In Pharma Adhoc, 1/11/2010

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ANF ANF e MAI assinam protocolo de cooperação

Crime nas farmácias com meios de prevenção e combate reforçados Optimizar a articulação entre as farmácias e as forças de segurança é o objectivo do protocolo Farmácia Segura, subscrito pela ANF e pelo Ministério da Administração Interna. Para o efeito foi desenvolvida uma aplicação informática que liga as farmácias à PSP e à GNR: na prática funciona como um alarme que desencadeia a intervenção pronta em situações de risco para a equipa da farmácia e os utentes. A formação, informação e tecnologia são as pedras basilares do programa Farmácia Segura, que define os contornos da colaboração entre as farmácias e as forças de segurança visando a prevenção e o

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combate ao crime praticado em farmácias. Os primeiros passos nesse sentido foram dados em 2006 com a assinatura de um protocolo que formalizou a relação entre a ANF e o

Ministério da Segurança Interna (MAI). No âmbito desse documento estava o estudo, a promoção e o incremento de medidas de segurança nas farmácias. Um novo passo no sentido de re-


Boas práticas de segurança forçar essa articulação foi dada a 28 de Abril último, numa cerimónia no auditório da ANF em Lisboa que contou com a presença do ministro Rui Pereira, dos responsáveis das forças de segurança e do governador civil de Lisboa, entre outros. O que estava em causa era alargar ao todo nacional a experiência em curso nos distritos de Lisboa, Porto e Setúbal, que representam cerca de 80 por cento da criminalidade cometida em farmácias. Nestes distritos, há já 465 farmácias ligadas às forças de segurança por via informática (rede Farmalink) através de uma funcionalidade concebida especificamente para o Sifarma (ver caixa). E porquê esta ligação das farmácias às forças de segurança? Desde logo porque a segurança é um bem público. Mas também porque as farmácias prestam um serviço de proximidade 24 horas por dia, 365 dias no ano. A segurança das farmácias deve, portanto, ser uma prioridade.

Crime contra farmácias é crime contra comunidade Isso mesmo frisou o ministro da Administração Interna na sua intervenção após a assinatura do protocolo. Para Rui Pereira, a celebração deste protocolo está carregada de significado por três razões essenciais, desde logo porque se relaciona com o programa de policiamento de proximidade: este é um programa que implica uma capacidade de resposta rápida às desordens e

incidentes criminais, potenciada, no caso concreto das farmácias, com recurso a centrais de alarme e meios de geo-referenciação e geolocalização. “O que queremos é que haja capacidade de resposta rápida, para protecção deste sector nevrálgico”, justificou. Um segundo significado do protocolo está associado ao conceito de segurança comunitária, ao entendimento de que a responsabilidade pela segurança é, antes de mais, do governo, do MAI e das forças de segurança, mas essa responsabilidade deve ser partilhada, deve envolver toda a comunidade. E a ANF – sublinhou – “deu provas de responsabilidade social ao participar neste esforço”. Finalmente, o programa reveste-se de significado por ir ao encontro da preocupação de protecção de vítimas e sectores especialmente vulneráveis, como as escolas, os hospitais e as farmácias. São sectores em que – sustentou o ministro – “é necessário garantir a máxima segurança” porque qualquer crime contra eles “põe em causa o sentimento de segurança da comunidade, é um crime contra toda a comunidade”. É certo que, em 2010, o número de crimes praticados em farmácias diminuiu, mas essa diminuição “não pode dar tranquilidade”, porque as farmácias constituem um sector nevrálgico em que a criminalidade, isolada ou grupal, actua com frequência. “Estou certo de que hoje demos um passo decisivo que ajuda as forças de segurança a cumprir o seu papel, ajuda o sector das farmácias a preservar a sua segurança em relação a funcionários, público e comunidade. E ajuda os portugueses a usu-

O programa Farmácia Segura proporciona às farmácias e às forças de segurança as ferramentas para uma colaboração mais eficaz no combate ao crime que tenha como cenário as farmácias. Essa articulação faz-se nomeadamente através de meios técnicos, sendo requisitos necessários para as farmácias a existência do sistema informático Sifarma e da rede Farmalink. Com estes meios, accionar o sistema de alarme é simples. E, por via da solução técnica implementada, a ligação às forças de segurança é célere: a ANF cedeu, aliás, todos os dados necessários, nomeadamente os dados de georeferenciação das farmácias, que permitem às forças de segurança localizar rapidamente a farmácia em risco, mas também os dados dos serviços de turno e nocturno, que permitem uma actuação de proximidade mais efectiva. Ainda em relação ao alarme, deve haver a preocupação de o usar correctamente, evitando situações que possam levar ao seu accionamento casual e, em consequência, originar alarmes falsos. Fundamental é também saber que esta ligação às forças de segurança se destina a ocorrências criminais graves, com eventual risco para a integridade física dos colaboradores ou utentes da farmácia.

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ANF

fruírem de um país cada vez mais seguro”, concluiu Rui Pereira.

Sinal de vontade na procura de soluções Antes do ministro usara da palavra o presidente da direcção da ANF, também ele para dar conta da relevância deste protocolo. E para recordar as circunstâncias que levaram à assinatura do primeiro entendimento entre farmácias e forças de segurança: a onda de graves ocorrências criminais registadas em 2005. Dois assaltos com arma de fogo deixaram o colaborador de uma farmácia tetraplégico e causaram a morte de outro. Desde então, associação e ministério têm vindo a desenvolver um intenso trabalho conjunto, de que resultaram importantes iniciativas de formação, concepção de conteú-

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dos e assessoria técnica, intercâmbio de informação. A vertente mais prática e funcional assumiu a forma de uma ligação entre as farmácias e as forças de segurança. A propósito desta articulação, João Cordeiro deixou uma palavra de apreço ao Sistema de Segurança Interna, pela coordenação “exemplar” da planificação e realização das acções desenvolvidas; às forças de segurança pela participação no esforço de garantir a segurança das farmácias; e às farmácias pelo investimento em equipamentos e formação, pela alteração de comportamentos na convicção de que também está nas suas mãos prevenir o crime contra elas cometido. Vivem-se tempos conturbados, a sociedade é hoje mais violenta e o número de ocorrências criminais uma preocupação para a ANF. Contudo, com o contributo de todos, conseguiu-se “criar e estabelecer uma nova cultura de segurança nas farmácias”, evidenciou. As farmácias – continuou João

Cordeiro – são pequenas unidades de saúde que prestam um inestimável serviço público de proximidade às populações. Obedecem a um quadro regulamentar muito rigoroso e estão legalmente obrigadas a períodos de funcionamento alargados, que incluem o período nocturno, prestando uma assistência primordial às comunidades que servem. Visitam, diariamente, as cerca de 2900 farmácias espalhadas por todo o território nacional mais de 300 mil pessoas. Por isso – sublinhou - “um crime cometido numa farmácia fere todo o esforço de segurança que o Estado tem de garantir. É toda uma comunidade que é afectada. São os seus proprietários, os seus colaboradores, os seus utentes e, principalmente, toda a população que ela serve”. E – alertou o presidente da ANF – “a percepção de insegurança que daí resulta não se esgota nesse instante. Sem demagogia ou exageros, é causadora de alarme social”: “Não


podemos, por isso, deixar de continuar a procurar as melhores soluções que visem a promoção e o incremento de medidas de segurança nas farmácias e a redução das oportunidades de crime”. Na sua opinião, é vital o total empenhamento do Estado nesta tarefa. O protocolo agora firmado é mais um passo nesse sentido. A justificar a mensagem final de João Cordeiro: “Quando há responsabilidade, vontade na procura das soluções, não é difícil encontrar caminhos”. Neste caso, mecanismos mais eficientes de articulação entre as farmácias e as forças de segurança. As farmácias estão, aliás, na posse de toda a informação necessária para utilizarem esta funcionalidade técnica de segurança da forma mais adequada. Antes da implementação do sistema, foram realizadas 11 acções de formação presencial sobre Boas Práticas de Segurança ministradas por formadores da GNR e da PSP de Norte a Sul do país. Em complemento foi editado um manual, em formato DVD, apresentado nas sessões e enviado, posteriormente, a todas as farmácias com o objectivo de servir de base à

formação dos restantes membros da equipa. Há, no entanto, outros cuidados importantes a adoptar em situações de risco. Assim, há que: Manter a calma; • Não oferecer resistência (se o assaltante estiver armado, o risco aumenta consideravelmente); • Anunciar todos os movimentos (por exemplo, se estiver à espera de alguém); • Observar bem o assaltante (tomar nota da sua fisionomia, do vestuário e do calçado para o descrever da melhor forma); • Observar os locais onde o assaltante toca; • Observar o assaltante durante a fuga (procurar anotar a direcção da fuga, eventuais cúmplices, veículo utilizado, características e matrícula). • Além do combate ao crime propriamente dito, mediante a actuação correcta da equipa da farmácia e a intervenção célere das forças de segurança, o que está subjacente a este protocolo é reduzir as oportunidades de crime, desmotivar os assaltos e diminuir a recompensa obtida pela prática do crime. Para uma comunidade mais segura.

43 assaltos em quatro meses Os dados relativos à criminalidade contra as farmácias mostram bem a necessidade do Programa Farmácia Segura. Os mais recentes abrangem os primeiros quatro meses do ano, período em que se registaram 43 assaltos. Fevereiro detém o maior número de ocorrências, 16, seguido de Março, com 12, e de Janeiro, com 10. Em Abril verificou-se um decréscimo acentuado, com cinco farmácias assaltadas. Por distritos, Setúbal e Lisboa lideram as estatísticas: assim, em Setúbal contabilizaram-se 14 dos 43 assaltos e em Lisboa 12. Justifica-se assim que estes sejam dois dos distritos em que o Programa Farmácia Segura está a ser implementado em primeiro lugar. Coimbra é o terceiro distrito em incidência, com oito farmácias assaltadas nos quatro meses em análise, seguindo-se os de Braga e do Porto, com três cada. Faro, Viseu e Ilha da Madeira, com um assalto cada, encerram esta lista.

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REUNIÕES PROFISSIONAIS 71.º Congresso da FIP em Hyderabd

Farmacêuticos debatem compromisso entre segurança e qualidade

O compromisso entre a segurança e a qualidade no uso dos medicamentos estará em foco no próximo congresso da FIP, em Setembro, na cidade indiana de Hyderabad. Como sempre com o contributo de farmacêuticos portugueses.

A Federação Farmacêutica Internacional (FIP) volta a reunir-se em congresso no próximo mês de Setembro: depois de Lisboa, em 2010, será a vez de a cidade indiana de Hyderabad receber farmacêuticos de todo o mundo para reflectirem sobre o estado actual

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da ciência e da profissão e perspectivarem os próximos anos. Será o 71.º congresso da FIP, dedicado a uma questão cada vez mais pertinente: a segurança dos medicamentos. “Compromising safety and quality: a risky path” será o ponto de partida para os farma-

cêuticos avaliarem qual poderá ser o seu papel no desenvolvimento e na dispensa de medicamentos seguros e de qualidade. É um desafio para todos, independentemente de exercerem a profissão na investigação, na farmácia hospitalar ou na farmácia comunitária. Em foco


estarão também naturalmente as questões da utilização racional dos medicamentos e da relação custo-eficácia, incontornáveis à luz da luta dos sistemas de saúde pela sustentabilidade. O debate está agendado para os dias 3 a 8 de Setembro, numa organização conjunta da própria FIP e da Associação Farmacêutica Indiana. Será, como habitualmente, um debate que contará com o contributo de farmacêuticos portugueses. Em destaque estará, nomeadamente, Ema Paulino, da direcção da ANF e uma das responsáveis pela concepção do programa no domínio da prática farmacêutica. A primeira intervenção acontecerá a 4 de Setembro, numa das sessões conjuntas promovidas pela Secção de Farmácia Comunitária da FIP. “Um olhar sobre a farmácia comunitária em 2020” é o tema genérico da sessão em que Ema Paulino apresentará a estratégia futura da secção à luz da Visão 2020 da FIP. Neste mesmo dia, uma outra sessão se destaca: trata-se de discutir os diferentes modelos de negócio da farmácia e os aspectos financeiros do desenvolvimento de

serviços farmacêuticos e da sua integração na economia da farmácia. Não conta, pelo menos de acordo com o programa provisório, com intervenientes portugueses, mas a actualidade é inegável no contexto da farmácia em Portugal. A 5 de Setembro, Ema Paulino terá oportunidade de presidir a uma sessão que assume particular acuidade para a farmácia e os farmacêuticos de oficina portugueses: a remuneração dos serviços. “Pagar aos farmacêuticos pelos resultados dos doentes: pagar pelo desempenho?” é a questão que irá suscitar a reflexão em torno de tópicos como a importância dos incentivos económicos na motivação e no compromisso dos farmacêuticos com resultados terapêuticos de qualidade. No dia seguinte, voltará a presidir a uma sessão, desta vez sobre “Tendências na farmácia comunitária – debatendo o futuro da profissão”. Em foco estarão tópicos como a contrafacção de medicamentos, a segurança dos doentes e a saúde materno-infantil. A participação portuguesa neste congresso contará também com o contributo de Cristina Santos, dos Serviços Farmacêuticos da ANF.

Será a 8 de Setembro, no dia dedicado ao tópico “Pergunte ao seu farmacêutico” e em cima da mesa estará o caso particular da vacinação na farmácia. Cristina Santos irá apresentar a experiência portuguesa e debruçar-se sobre o papel do farmacêutico na vacinação. Outro participante português já confirmado é Luís Lourenço, que irá co-presidir no dia 5 de Setembro a uma sessão sobre “Genéricos e a experiência do doente: o papel do farmacêutico em garantir um uso eficaz e seguro dos medicamentos”, organizada pela secção de jovens farmacêuticos da FIP. Confirmada está igualmente a participação de Sónia Faria, da secção de Análises Clínicas da FIP, que irá presidir à sessão sobre “Farmacogenómica em oncologia” prevista também para dia 5. O contributo de farmacêuticos portugueses poderá ainda assumir a forma de posters e apresentações orais. A participação no congresso constitui uma valiosa oportunidade de valorização pessoal e profissional, pela partilha de experiências com farmacêuticos oriundos de realidades muito diferentes.

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REUNIÕES PROFISSIONAIS

Apresentadas em sessões descentralizadas

Novas ferramentas em defesa da economia da farmácia A defesa da economia da farmácia é a motivação subjacente ao desenvolvimento contínuo de novas ferramentas de gestão, as mais recentes das quais foram apresentadas aos sócios e associados da ANF em sessões descentralizadas efectuadas ao longo do mês de Maio. Duas equipas alternaram-se na explicação da razão de ser e da maisvalia de cada uma dessas ferramentas, deixando sempre a mensagem de que é fundamental as farmácias pronunciarem-se, contribuindo assim para uma melhoria dessas mesmas ferramentas. Na sessão que aqui se reproduz – idêntica às demais quanto ao conteúdo, diferente apenas nalguns dos intervenientes – coube ao CEO da Farminveste, Carlos Lacerda, fazer o enquadramento do universo empresarial. Começou por dar conta da constituição da Farminveste SGPS (Sociedade Gestora de

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Participações), detida a 90 por cento pela ANF com os restantes 10 por cento a serem detidos pela maior parte dos sócios (98 por cento da totalidade, na sequência da primeira fase do Projecto + Futuro). A escolha deste modelo visou optimizar a operação do ponto de vista fiscal. E como uma SGPS não pode ter actividade própria, foi constituída a Farminveste – Investimentos, Participações e Gestão, que detém a 100 por cento, e que alberga as unidades de negócio. Desde logo o Programa Farmácias Portuguesas, que visou harmonizar a imagem das farmácias, criando

uma rede virtual orientada para a fidelização dos utentes. E que tem permitido ainda atrair o investimento da indústria farmacêutica e de dermocosmética, que tem aderido crescentemente ao programa.

hmR, um ano de vida e 40% do mercado Entre as unidades de negócio contase também a hmR, a empresa de inteligência de mercado criada em 2009 igualmente com o objectivo de


O Programa Farmácias Portuguesas, que visou harmonizar a imagem das farmácias, criando uma rede virtual orientada para a fidelização dos utentes, tem permitido ainda atrair o investimento crescente da indústria farmacêutica e de dermocosmética.

capturar riqueza fora do universo das farmácias, distribuindo-a depois sob a forma de dividendos aos accionistas da Farminveste SGPS. Esta é uma empresa vocacionada para a recolha de dados de sell out junto das farmácias, sendo que esses dados são consolidados e depois projectados para a escala nacional. Esta informação é vendida à indústria, que assim fica na posse de um retrato do mercado. A propósito, Carlos Lacerda deixou uma mensagem de tranquilização, garantindo que os dados são anónimos, não havendo qualquer risco de a indústria ficar a conhecer as vendas de farmácias específicas. Uma das garantias existentes é o facto de as regiões criadas precisarem de ter no mínimo três farmácias a fornecer dados. Apesar de concorrer com uma multinacional americana, a IMS, a hmR conquistou já 110 clientes da indústria farmacêutica, da dermocosmética e da grande distribuição. Num ano, conseguiu 40 por cento de quota de mercado. E isto – sublinhou o CEO da Farminveste – só é possível porque os dados de sell out das farmácias são a fonte mais valiosa de informação para medir o mercado de ambulatório. Outra área de negócio relativamente recente é o B2B – Business to Business. Trata-se de uma ferramenta que liga as farmácias aos armazenistas e à indústria, permitindo-lhes acima de tudo comprar melhor. Mas proporcionando tam-

bém uma fonte de riqueza, que será redistribuída aos accionistas. A estratégia da Farminveste passa por sair do universo do país, daí a forte componente de internacionalização, nomeadamente na Polónia em parceria com a Jerónimo Martins. A ligação à Alliance Boots por via da aquisição de 49 por cento da Alliance Healthcare enquadra-se no mesmo objectivo. Em matéria de diversificação, destaca-se a Globalvet, uma parceria com a Bioconsulting para desenvolver o segmento veterinário nas farmácias. E uma parceria bem sucedida, visto que as farmácias que aderiram ao Espaço Animal crescem substancialmente acima do mercado. A propósito, Carlos Lacerda sustentou a importância de apostar neste nicho de mercado no actual contexto de grande pressão sobre a farmácia. A área tecnológica é outra das que se destaca no universo empresarial, através da detenção de 49,73 por cento da Glintt. O BES, a União de Bancos Suíços, a Mota Engil e o BPI são também accionistas mas com pequenas participações, sendo que a maior parte do capital circula em Bolsa. Com a Glintt, as farmácias são accionistas de duas empresas em Espanha, responsáveis pelas soluções de sistemas de informação em 9200 farmácias espanholas, isto é, 43 por cento do total. Carlos Lacerda mencionou ainda a quota de 30 por cento na José de Mello Saúde e na José de Mello

Residências e Serviços, por via da qual se concretiza uma participação no maior grupo hospitalar privado em Espanha, o grupo Quirón. Há ainda que referir o Imofarma, o fundo que gere o património imobiliário da Farminveste, rentabilizandoo. Finalmente, a Luso-Atlântico, o quinto maior corretor de seguros em que a sociedade detém uma pequena participação. Entrando depois em particular nalguns dos novos projectos, Carlos Lacerda abordou a importância de as farmácias estarem ligadas através do Farmalink, uma rede de comunicações física assente em equipamentos colocados nas farmácias – subcontratada à Portugal Telecom, é nesta rede que as informações fluem. Já o software – Sifarma clássico e Sifarma 2000 – visa, essencialmente, apoiar a intervenção farmacêutica. As farmácias com Farmalink e Sifarma dispõem, desde há alguns meses, de uma nova funcionalidade, o B2B. Trata-se de um protocolo de comunicação, que substitui o que vigorava há 23 anos e que permite tirar mais partido da comunicação na medida em que integra os fornecedores das farmácias, quer armazenistas, quer laboratórios. Este projecto conquistou já um importante prémio, da International Data Corporation, um dos maiores analistas da área das tecnologias da informação. Hoje – concluiu – a ANF e as farmácias dispõem das infra-estruturas

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REUNIÕES PROFISSIONAIS

de tecnologias de informação mais sofisticadas do país, só a rede multibanco apresenta uma sofisticação semelhante. E as farmácias beneficiam das melhores condições para aceder a essa infra-estrutura: o software é gratuito e os equipamentos estão disponíveis aos preços mais competitivos do mercado, tendo descido, em média, 34 por cento. Também a assistência técnica viu o preço baixar em 12 por cento. Alertou, no entanto, que ainda há cerca de 500 farmácias sem Farmalink, o que dificulta os procedimentos e encarece a manutenção. E para que as farmácias vejam o custo do Farmalink ainda mais reduzido basta que integrem o Programa Farmácias Portuguesas e disponibilizem os dados da prescrição médica. Com estes dados, as farmácias conseguem ser mais competitivas.

Glintt Pharma, para servir melhor as farmácias Depois desta intervenção mais geral, Carlos Lacerda deu a palavra a Nuno Morgado, que introduziu a Glintt Pharma. E começou por recordar que está em funções desde o início de 2011 uma nova comissão executiva que tomou a decisão de congregar numa única estrutura todas as áreas da empresa vocacionadas para a farmácia – nasceu assim a Glintt Pharma. O propósito desta restruturação foi gerar mais dinâmica organizacional, promovendo a transferência de

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conhecimento entre colaboradores, aumentando a eficiência entre cada área de negócio, melhorando a implementação de processos e optimizando os recursos existentes. Sob a tutela directa de Henrique Moreira, designado pela ANF, a Glintt Pharma organiza-se em cinco grandes áreas: Concepção e Design, da responsabilidade do arquitecto João Abreu, Comercial e Técnica, dirigida por Paulo Silva, Suporte e Manutenção, liderada por Nuno Morgado, Robótica, tutelada por Pedro Roma, e Software e Serviços, que responde directamente a Henrique Moreira dada a especificidade de ligação à actividade da farmácia. Independentemente da área, a Glintt Pharma tem como principais linhas orientadoras o apoio às farmácias no actual contexto de crise, o cumprimento dos prazos de prestação de serviços, a credibilização da informação prestada às farmácias e a inovação em soluções que permitam optimizar o funcionamento das farmácias. Sempre tendo em vista a defesa da economia das farmácias. Um dos eixos da Glintt Pharma assenta na rede de comunicações – o Farmalink. Reiterando o que já havia afirmado Carlos Lacerda, deixou a ideia que se trata de uma auto-estrada onde correm os projectos associativos da ANF e os serviços compatíveis com o sistema Sifarma, nomeadamente o programa Farmácias Portuguesas e o B2B. Mas também o projecto Farmácia Segura, que seria abordado mais à frente em cada sessão. A rede está, além disso, preparada para a implementação da receita electrónica e proporciona a possibilidade de acesso remoto à farmácia. O primeiro serviço integrado no

Farmalink foram as transacções por multibanco, gratuitas. Que vantagens tem a rede? É fiável e segura na comunicação de dados, não havendo risco de intrusão por se tratar de uma rede fechada. Simplifica as comunicações, com o valor acrescentado de um preçário especial ao acordo de uma parceria assinada com a PT Prime para as comunicações fixas e com a Vodafone e a TMN para as móveis. Nuno Morgado salientou que o nível de serviço é prioritário.

Pharmacy Watch, conhecer melhor o mercado A rede Farmalink é, nomeadamente, o veículo para o fornecimento de dados das farmácias, dados que são depois trabalhados pela hmR. Coube à directora do CEFAR, Suzete Costa, dar conta do projecto Pharmacy Watch, que visa essencialmente a defesa da economia da farmácia, proporcionando uma ferramenta de gestão eficaz e eficiente. São muitos os factores que têm colocado desafios à farmácia nos tempos mais recentes – seis reduções de preços em cinco anos, quebra nas vendas e na facturação, fornecimentos suspensos pelos grossistas, alterações nas comparticipações, aumento dos custos devido ao alargamento de horários e à obrigatoriedade mínima de dois farmacêuticos. São desafios que tornam ainda mais importante a boa utilização da tecnologia, nomeadamente para o acesso a informação que permita gerir a farmácia de forma mais eficaz.


“Queremos que as farmácias sejam as primeiras a receber a informação sobre produtos novos, campanhas, promoções…”, defendeu Suzete Costa, directora do CEFAR.

Para o Pharmacy Watch entram em linha de conta vários conceitos: o de mercado, que se refere aos medicamentos, produtos de saúde e serviços farmacêuticos; o de amostra, que respeita a cerca de 2200 farmácias que enviam os dados comerciais; o de região, tendo sido definidas 410, cada um com três ou mais farmácias. Mas também o conceito de validação, equivalente a uma triagem automática dos dados para efeitos de rigor e fiabilidade. E ainda de extrapolação, a partir da amostra para o total nacional, com base em critérios estatísticos. Este é um projecto em parceria entre o CEFAR e a hmR, que se apresenta em duas versões: o Pharmacy Watch Profile, sob a forma de PDF com informação estática, com um resumo dos indicadores da farmácia e comparação com a região, o distrito e o nacional, e o Pharmacy Watch Report, mais dinâmico por se apresentar numa plataforma web. O principal objectivo do Pharmacy Watch é fornecer tendências do mercado. Os dados apresentam-se sempre em comparação com o mês homólogo, o trimestre ou o semestre, consoante a selecção do utilizador, sendo que o semestre contempla a sazonalidade (de Abril a Setembro e de Outubro a Março). Há também a possibilidade de aceder ao acumulado, de Janeiro ao último mês disponível, bem como aos dados do crescimento, calculado sempre face ao período homólogo, em volume e valor (neste caso, referente ao PVP com IVA incluído). O mercado apresenta-se por segmentos: total, medicamentos sujeitos a receita médica, não sujeitos a receita médica, genéricos, produtos

de saúde e serviços farmacêuticos desde que tenham registo de venda. Os produtos de saúde foram, por sua vez, segmentos em categorias (dermocosmética, produtos para bebé, entre outras). A prazo, a subsegmentação vai estender-se aos medicamentos, que se apresentarão por grupos homogéneos. O objectivo é estratificar ao máximo o mercado, de modo a que as farmácias tenham acesso aos dados mais reais. Em futuras versões, prevê-se a afinação dos dados por região com reforço do painel, bem como o retorno da informação ao nível da prescrição. A finalizar, Suzete Costa sublinhou que este é um processo aberto e evolutivo, para o qual conta com o contributo das farmácias com propostas de correcções, melhorias e novas funcionalidades desde que exequíveis.

B2B, comprar melhor é a meta A directora do CEFAR devolveu depois a palavra ao CEO da Farminveste, que explicou aos presentes a razão de ser do B2B. O projecto visa proporcionar mais agilidade às farmácias na relação com os fornecedores, ajudando-as a comprar o melhor possível. “Queremos que as farmácias sejam as primeiras a receber a informação sobre produtos novos, campanhas, promoções…”, justificou. Daí a aproximação à indústria e aos armazenistas através de um novo protocolo de comunicação alojado no Farmalink e que beneficia da elevada capilaridade da rede. Com um simples clique, as farmácias têm pos-

sibilidade de consultar os melhores preços e as melhores condições de pagamento, acedendo à disponibilidade dos produtos em cada fornecedor, bem como ao respectivo prazo de entrega. Em suma: abre a porta a uma consulta múltipla, o que signi-

Prémio internacional para B2B A inovação do B2B valeu a este projecto de comércio electrónico e comunicações da ANF um prémio internacional no âmbito dos CIO Awards 2011 da IDC – International Data Corporation, consultora líder mundial na área de inteligência de mercado. Além da inovação, foi distinguido o impacto do projecto na organização, em particular na área das tecnologias. O prémio foi entregue a 12 de Abril, em Lisboa, no final da conferência CIO Summit 2011. O B2B foi um dos dez projectos nacionais, representativos de vários sectores, eleitos entre 450 concorrentes. Na selecção dos vencedores, a IDC levou em consideração a criação de valor para a organização em vectores como a optimização de processos de negócio e a melhoria da produtividade e efectividade dos colaboradores.

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REUNIÕES PROFISSIONAIS

Com o projecto Farmácia Segura, a intenção é gerar uma certa cultura de segurança para que não se repitam acontecimentos graves como os de 2004 e 2005, que resultaram na morte do colaborador de uma farmácia e na incapacidade de outro.

fica eficácia e poupança de tempo e recursos. Em função das respostas, a farmácia faz a sua opção de compra. Outra das funcionalidades do B2B é permitir à farmácia fazer encomendas instantâneas: perante uma solicitação do utente e uma falta de produto, a farmácia em escassos três segundos consegue encontrar o produto ao melhor preço, no melhor prazo, comunicando ao utente nesse mesmo momento quando poderá voltar para levar o produto. A farmácia tem também a possibilidade de, a qualquer altura, consultar o estado da encomenda, ver se já foi facturada, receber a via de remessa com factura, importando de imediato os dados para o Sifarma. Num cenário de várias entregas ao longo do dia, o resultado é uma poupança significativa na recepção das encomendas, logo um aumento da eficácia. O B2B arrancou com a Alliance Healthcare, que esteve aliás na sua génese, mas o objectivo é incluir outros armazenistas. A indústria também está associada a este protocolo de comunicação, que, na prática, constitui uma ferramenta de pressão sobre o preço mas abre igualmente oportunidades de negócio interessantes para os vários fornecedores das farmácias. A verdade é que, de outra forma, a indústria não conseguiria aceder em simultâneo a tão grande número de farmácias. O B2B – concluiu Carlos Lacerda – introduz uma nova dinâmica de mer-

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cado que pode favorecer todos os intervenientes: as farmácias tendem a comprar melhor e a indústria e os armazenistas ganham mais um canal de diálogo com as farmácias. Entre as novidades apresentadas aos sócios e associados contase igualmente o protocolo com a Vodafone, que garante chamadas móveis gratuitas entre números do universo Farminveste. Para o efeito, foi criada uma intraconta, que engloba esses números, estando a ser distribuídos às farmácias telemóveis com um cartão GSM próprio. As chamadas feitas com esses telemóveis entre farmácias e a ANF e diversas empresas do grupo (Glintt, Alliance, hmr) não têm custos, sendo que as demais beneficiam de um precário bastante favorável.

Farmácia Segura, mais um projecto associativo O último interveniente desta sessão foi o responsável pelo Departamento de Apoio aos Associados, Nuno Flora, que deu conta do projecto Farmácia Segura. Em causa está a protecção do bem mais precioso da farmácia, a vida dos seus proprietários e colaboradores. O programa teve início em 2006 com um primeiro protocolo com o Ministério da Administração Interna

(MAI). Desde então foram desenvolvidas acções de formação com as forças de segurança, direccionadas às farmácias. Foi também concebido e distribuído um DVD sobre práticas de segurança nas farmácias. A intenção é gerar uma certa cultura de segurança para que não se repitam acontecimentos graves como os de 2004 e 2005, que resultaram na morte do colaborador de uma farmácia e na incapacidade de outro. O passo seguinte foi conceber uma ligação tecnológica às forças de segurança, aproveitando a capacidade das farmácias. Foi assim concebida uma solução de alarme de fácil activação mas destinada apenas a ocorrências graves. Para já, e ao abrigo de novo protocolo assinado já este ano com o MAI, estão abrangidos somente os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal por serem aqueles onde a PSP e a GNR dispõem de sistemas de gestão alarmística. Para beneficiarem deste recurso, as farmácias necessitam de ter Farmalink e Sifarma. Nuno Flora sublinhou que este é um projecto associativo, só possível de desenvolver, sem custos para as farmácias, porque a ANF, através da Farminveste, captura riqueza com outras iniciativas empresariais. São iniciativas claramente orientadas para a defesa da economia da farmácia, o que é crucial em qualquer altura mas ainda mais no actual contexto de crise em que o sector vive.


Farmรกcia portuguesa

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política profissional

Programa Terapêutico de Administração de Metadona

Farmácias com mais doentes em seguimento

O número de doentes abrangidos pelo Programa Terapêutico de Administração de Metadona e em seguimento nas farmácias tem vindo a crescer. É a prova da mais-valia da intervenção farmacêutica neste domínio da saúde pública. Foi em Junho de 1998 que as farmácias, através da ANF, assumiram o compromisso da participação no Programa Terapêutico de Administração de Metadona em parceria com o Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência, o organismo antecessor do actual Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P. (IDT). O objectivo do protocolo – a que mais tarde, em Janeiro de 2004, se associou o Infarmed – passava por aproveitar a proximidade geográfica das farmácias, bem como as competências dos seus profissionais, para alargar a rede de distribuição de metadona e a monitorização dos doentes seguidos pelos então Centros de Atendimento ao Toxicodependente (CAT) no âmbito do programa de substituição opiácea. O envolvimento das farmácias tem-se revelado fundamental para a adesão dos doentes ao programa, bem como

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para a sua inclusão social e profissional ao permitir-lhes efectuar o tratamento na sua área de residência ou de trabalho. São abrangidos apenas doentes estabilizados, estando a selecção a cargo das Equipas de Tratamento (ET) (antigos CAT). Quanto aos farmacêuticos convidados a integrar o programa beneficiam de formação organizada, em parceria, pela ANF e pelo IDT por forma a estarem habilitados a lidar com as especificidades dos doentes que recebem nas suas farmácias. Desde o início do programa e até 31 de Dezembro último, estiveram envolvidos 780 farmacêuticos, de 504 farmácias, e 2.726 doentes. No ano passado, eram 237 as farmácias que seguiam doentes, em colaboração com 36 equipas de tratamento de Norte a Sul do país. Numa análise temporal, verifica-se que tem havido uma evolução crescente na adesão das farmácias e do nú-

mero de doentes abrangidos. Em 2010, 1.029 doentes fizeram tratamento nas farmácias, isto é, com pelo menos uma toma diária na farmácia. Há um crescimento significativo em relação a 2009, ano em que eram seguidos nas farmácias 848 doentes integrados no programa. No primeiro ano, 1998, eram 52. A causa mais frequente de saída do programa prende-se com a mudança de local, relacionada, muitas vezes, com alterações na actividade laboral do doente mas também com um aumento significativo de tomas em domicílio de doentes que atingiram um nível superior de intervenção. Além disso, desde o início do programa, 211 dos doentes tiveram alta, após cumprirem o esquema terapêutico de redução de doses. O programa terapêutico de administração opiácea não envolve apenas a metadona: inclui duas outras substâncias, a naltrexona e a buprenorfina,


também passíveis de administração na farmácia. No programa terapêutico de naltrexona, estiveram envolvidas desde o início – Junho de 2001 – 256 farmácias, 461 farmacêuticos e 14 doentes. Quanto à buprenorfina, integrou desde a assinatura do protocolo entre a ANF e o IDT, em Janeiro de 2004, 239 farmácias, com um total de 435 farmacêuticos e 54 doentes. Em complemento, são realizadas reuniões com as equipas de tratamento e o gestor da ANF, com o objectivo de dinamizar a articulação entre as várias entidades, mas também de apoiar as farmácias no acompanhamento destes doentes. Assim, entre os temas em foco nas reuniões incluem-se o percurso dos doentes activos nas farmácias, os critérios de exigência do programa (se estão ou não a ser cumpridos), a evolução do programa nas farmácias, a formação às farmácias já em programa e a novas farmácias, a abordagem de casos práticos relevantes, a apresentação teórica de novos doentes. Estes programas terapêuticos são gratuitos, sendo um serviço que as farmácias prestam à sociedade, contribuindo para melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida dos doentes, no-

meadamente ajudando-os a manter um emprego e a reduzir os comportamentos de risco.

Farmácia Saúde, Porto

Toma na farmácia favorece adesão A Farmácia Saúde, no Porto, tem ainda uma experiência curta no programa terapêutico de administração de metadona. Só em 2010 recebeu os primeiros utentes, ainda que – como explica Alexandra Moreira, farmacêutica adjunta – tenha feito a formação ministrada pela ANF assim que o projecto foi apresentado às farmácias. “Disponibilizámo-nos logo para receber utentes, mas nessa altura não houve necessidade”, explica. A necessidade surgiu entretanto, com um primeiro utente que só tinha disponibilidade para fazer a toma ao sábado – o que inviabilizava que o fizesse na Equipa de Tratamento mais próxima fechada nesse dia. Este é um utente “absolutamente exemplar”, que nunca deixa de comparecer a cada sábado. É um doente esta-

bilizado, que faz uma toma presencial, na farmácia, sendo-lhe depois confiadas as doses para a restante semana. A farmácia passou a receber uma segunda utente, que faz uma toma diária e leva as doses para o fim-de-semana. Trata-se de uma utente que está há muito tempo no programa mas ainda não se encontra estabilizada. E neste caso Alexandra Moreira considera ainda mais importante que ela tenha a possibilidade de ser acompanhada na farmácia: a proximidade e o contacto com as duas farmacêuticas responsáveis pelo programa são muito úteis. A presença destes dois utentes na farmácia decorre com toda a normalidade. A farmacêutica adjunta salienta que são doentes estabilizados e que, portanto, têm um comportamento adequado: “Sabem que vir à farmácia é um prémio”. Além disso, a toma processa-se com toda a discrição no gabinete de atendimento. Sobre o envolvimento da farmácia no programa, Alexandra Moreira não tem dúvidas de que é muito útil. Proporciona aos utentes comodidade, proximidade, acompanhamento, tudo factores que favorecem a adesão.

Farmácia Carlos Pereira Lucas, Entroncamento

Um acto farmacêutico

Equipa da Farmácia Carlos Pereira Lucas

A Farmácia Carlos Pereira Lucas, no Entroncamento, dá actualmente apoio a seis utentes integrados no programa terapêutico de administração de metadona. Dois deles para uma toma semanal, sendo que o respectivo responsável fica na posse das restantes doses. Os outros deslocam-se à farmácia todos os dias, excepto ao fim-de-semana, em que cumprem o tratamento em casa.

Sendo naturalmente utentes estabilizados, a sua passagem pela farmácia decorre com toda a normalidade. Pedro Marques, director técnico, mostra-se convicto de que não há risco de discriminação: “São tratados como qualquer outro utente, tiram senha e esperam pela sua vez. E a toma faz-se no mesmo gabinete onde se efectuam os testes bioquímicos. No início, talvez tenha havido algum reparo de uma pessoa ou outra, mas agora não. Confundem-se com os utentes habituais, aliás também eles são nossos utentes”. A Farmácia Carlos Pereira Lucas aderiu ao programa em 2004, altura em que Pedro Marques assumiu a sua direcção técnica.

Já tinha formação e experiência, adquiridas quando trabalhava numa outra farmácia. E já conhecia as equipas da ET de Abrantes, que lhe deram conta da necessidade de colocar alguns utentes em farmácias do Entroncamento. “Sem hesitar, agarrei o projecto”. E fê-lo com a convicção de que este é um contributo importante que a farmácia pode proporcionar à comunidade, permitindo a inserção social das pessoas abrangidas pelo programa. Para essas pessoas, ir à farmácia – sustenta – é “uma obrigação mas também uma forma de inserção num meio de que estavam deslocados”: “Confiam em nós!” Como farmacêutico, entende a prestação neste projecto como uma forma de a farmácia também se integrar na sociedade. Não tem dúvidas de que assistir a toma de metadona é um acto farmacêutico de que não há retorno económico, mas que o orgulha.

Farmácia portuguesa

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plataforma 1.º Encontro Plataforma Saúde em Diálogo em Cascais

Idosos no centro das políticas sociais e de saúde

Leonor Rocha e Mello, Associação Coração Amarelo, Fernando de Pádua, Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, Maria da Luz Sequeira, Associação Nacional das Farmácias, Mário Beja Santos, Direcção-Geral do Consumidor

O envelhecimento saudável foi o tema do 1.º Encontro Plataforma Saúde em Diálogo em Cascais. Um tema que vai ao encontro da intenção da autarquia de colocar os idosos no centro duas suas políticas sociais e que é também uma das preocupações da plataforma enquanto representante de doentes e consumidores de cuidados de saúde. O progressivo envelhecimento da população é uma realidade incontornável na sociedade actual, não só na portuguesa mas em praticamente todo o mundo ocidental. E é uma realidade que coloca desafios aos responsáveis pela delineação das políticas sociais e de saúde, mas também aos profissionais, nomeadamente aos farmacêuticos. Foi precisamente esta pertinência que levou à selecção do

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tema “Envelhecimento saudável” para o 1.º Encontro Plataforma Saúde em Diálogo em Cascais, realizado a 25 de Maio último. Ao usar da palavra na abertura, o presidente da autarquia, Carlos Carreira, sublinhou que a realização do encontro é “a prova de que em Portugal há uma sociedade civil activa, interessada e forte”, “a prova de que as pessoas não se acomodam” e de que os portugue-

ses querem ter impacto nos destinos da sua comunidade. E quando assim é – sublinhou – “os representantes do poder político só se podem dar por muito satisfeitos”. O autarca teve uma palavra de elogio para a Plataforma Saúde em Diálogo, pelo seu trabalho em prol dos interesses de uma camada altamente desprotegida da sociedade – os doentes, porque representa os cidadãos portadores


de doenças raras, porque defende os consumidores de saúde. E porque faz tudo isto sem se limitar à sua zona de conforto, pretendendo ter um impacto ainda mais directo, sensibilizando e aconselhando os decisores políticos e legislativos. Sobre o trabalho da Plataforma pronunciou-se a sua presidente, Irene Domingues, que deu a conhecer as razões que presidiram a esta aliança de associações de doentes, promotores e profissionais de saúde e consumidores, bem como os passos que conduziram à sua formalização como Instituição Particular de Solidariedade Social. Irene Domingues começou por apresentar o panorama à data da génese da plataforma como movimento informal: o movimento associativo de consumidores era débil e sem capacidade de intervenção no contexto dos cuidados de saúde, as organizações de doentes eram assimétricas, havia um grande desconhecimento entre as próprias associações de doentes e mesmo os profissionais de saúde apresentavam um elevado desconhecimento sobre situações específicas de doentes. Foi neste contexto que a Plataforma Saúde em Diálogo assumiu o objectivo de se afirmar como parceiro participante na definição das políticas de saúde através da intervenção junto dos órgãos de decisão. Papel que desempenha em nome das 39 entidades que já representa. “A Plataforma é um projecto de que muito nos orgulhamos e que demonstra bem como é possível entidades diferentes estarem unidas numa mesma causa, tornando realidade valores como a solidariedade, a entreajuda e o diálogo”, concluiu Irene Domingues. Sobre o tema do envelhecimento saudável, foram dadas várias perspectivas numa conferência que contou com a moderação do Prof. Fernando de Pádua. Mário Beja Santos, representante dos consumidores na Plataforma, começou por enquadrar o actual mercado dos consumidores séniores. Os idosos – disse – são alvo de práticas comerciais agressivas que visam aprovei-

tar da sua vulnerabilidade. São práticas que têm subjacentes promessas que envolvem, nomeadamente, os pacotes de internet, telefone e televisão, os rastreios gratuitos, as vendas em grupo e as excursões. A estes consumidores, Beja Santos deixou alguns conselhos: “conheça os seus direitos, esclareçase previamente, saiba dizer não, aprenda as condições em que pode anular um contrato”. Em matéria de saúde, Beja Santos sustentou que os consumidores seniores têm direito a serviços de qualidade, isto é, cuidados eficazes, adequados e não discriminatórios. Têm também direito a estar informados, ou seja, escolher, pedir uma segunda opinião, obter todas as informações que lhe digam respeito, dar consentimento e ter acesso ao dossier médico. A privacidade é outro direito, bem como o poder queixar-se quando sentirem que os seus direitos não estão a ser respeitados pelos prestadores de cuidados de saúde. O representante dos consumidores debruçou-se sobre a importância de os idosos disporem de uma casa confortável e segura, onde possam circular sem perigo e que lhes permita tornarem-se o menos dependentes possível. Para concluir que a idade não é o que está no bilhete de identidade: “A idade são os nossos projectos, os nossos sonhos, a consciência dos limites sem azedume, a vida intensa, a capacidade de nos entregarmos. O consumidor sénior é o espelho deste ser”. Uma das associações que, na Plataforma, trabalha directamente com idosos é a Coração Amarelo, cuja representante neste encontro, Leonor Rocha e Mello, deu a conhecer as actividades desenvolvidas em Cascais no âmbito da promoção da interacção entre idosos e jovens através de uma parceria com as escolas do concelho. Também as farmácias procuram encontrar respostas para os cidadãos idosos, no cumprimento do seu papel de proximidade com as populações e de porta de entrada no sistema de saúde. Sobre essa intervenção pronunciou-se Maria da Luz Sequeira, vice-presidente

da ANF, que começou por dar conta do que motivou as farmácias a lançarem as sementes do que viria a ser a Plataforma Saúde em Diálogo – ouvir a opinião daqueles que servia foi o objectivo primeiro da aproximação às associações de doentes, de consumidores e de promotores de saúde. Tendo em conta que hoje se vive mais e que é cada vez maior a percentagem da população portuguesa com mais de 65 anos, as farmácias organizaram-se para dar resposta a esta população. Assim, criaram serviços específicos, os colaboradores receberam formação adequada, desenvolveram-se sistemas de informação que permitem o acompanhamento sistemático dos doentes idosos. São doentes que se caracterizam pela polimedicação e pelo acréscimo de interacções e efeitos secundários. Maria da Luz Sequeira deu alguns exemplos concretos da intervenção das farmácias, nomeadamente as campanhas de revisão da terapêutica no idoso desenvolvidas em 2007 e 2009 sob o lema “Viver mais, viver melhor conhecendo os seus medicamentos”. No mesmo âmbito inscreve-se a campanha de prevenção do risco cardiovascular intitulada “Conheça os valores do seu coração”. Este acompanhamento de doentes com hipertensão, dislipidemias e diabetes é outra das vertentes da intervenção farmacêutica, que passa também pela informação. E neste sentido têm sido produzidos diversos folhetos dirigidos especificamente à população idosa sobre variadas temáticas como a saúde oral, a saúde dos ossos, o uso dos medicamentos. A revista Farmácia Saúde é outro veículo informativo, contendo todos os meses artigos vocacionados para estes utentes, na perspectiva de que um doente informado é um doente mais responsável. A finalizar, a vice-presidente da ANF sublinhou que as farmácias pugnam pela melhoria contínua do serviço prestado aos seus utentes.

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INFORMAÇÃO TERAPÊUTICA

Quilos a mais na infância… Susana Santos, cedime@anf.pt Lígia Brito Reis, cedime@anf.pt

Em 2009 a prevalência de excesso de peso em crianças entre os 9 e os 18 anos era de 22,6% e de obesidade de 7,8%, pelo que 30,4% dos adolescentes em Portugal apresentam excesso de peso (ensp). Estes números colocam-nos nos primeiros lugares da lista dos países europeus com aumento da prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes.

A obesidade é considerada uma doença do século xxi, aumentando nos vários grupos etários - adultos, adolescentes e crianças. Esta realidade não pode ser ignorada pela farmácia, pelo que importa saber como intervir e contribuir para a prevenção e diminuição do excesso de peso ou da obesidade em crianças e jovens.

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Como determinar o peso da criança? A Organização Mundial de Saúde define obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada que pode atingir graus capazes de afectar a saúde.2 O índice de massa corporal (imc) é o

parâmetro utilizado para determinar o excesso de peso. Este indicador constitui um índice de adiposidade (correlacionado com a gordura corporal) e é definido pelo peso, em quilograma (kg), a dividir pela altura, em metros, ao quadrado. IMC = Peso (Kg) Kg/m2 Altura2


Figura 1 Gráfico representativo das curvas de IMC e respectivos percentis para rapazes (3) (4)

Na interpretação do valor de IMC, em crianças e adolescentes, não são aplicáveis as regras definidas para o adulto. As crianças pequenas apresentam um elevado índice de gordura corporal, o qual vai diminuindo com o crescimento. Por outro lado, há que ter em conta as características dinâmicas dos processos de crescimento e de maturação que ocorrem durante a idade pediátrica e as diferenças entre a composição corporal de meninos e meninas. Com o objectivo de ter todas estas diferenças em consideração, a avaliação da gordura corporal nas crianças é feita de acordo com o IMC por idade, determinado com base na altura, peso e idade da criança, e comparado com os valores apresentados por outras crianças da mesma idade e género inseridos em curvas de percentil. As tabelas de percentis de IMC encontram-se no boletim de saúde infantil. Contrariamente ao adulto, em que é possível definir exactamente a pré-obesidade e a obesidade, na criança e no adolescente, pela enorme variabilidade inter e intraindividual das velocidades de crescimento, em ambos os géneros, tornam dificil o seu diagnóstico. Tido em conta o IMC por idade, uma criança com idade superior a 2 anos, é considerada: • Obesa quando o seu IMC é igual ou superior ao Percentil 95 para o seu género e idade • Com excesso de peso (pré-obesidade) quando o IMC está entre o Percentil 85 e 94 Explicar aos pais como e com que regularidade o IMC deve ser avaliado é

Figura 2 Gráfico representativo das curvas de IMC e respectivos percentis para raparigas (3) (4)

importante para o acompanhamento adequado do crescimento da criança - um estudo recente revelou que 87% dos pais de crianças com IMC superior ao percentil 85 identificavam as crianças como tendo peso igual ou inferior à média para a idade (percentil 50) 5.

Obesidade nas crianças e jovens: que determinantes? O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem factores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Este desequilíbrio tende a perpetuarse, pelo que a obesidade é uma doença crónica. As alterações nos estilos de vida verificados na última década levaram a uma diminuição da actividade física e a um aumento da ingestão de calorias. Ao nível da alimentação, muitos dos bons hábitos alimentares foram perdidos, nomeadamente o consumo de sopa no início da refeição, a ingestão de frutas, legumes ou cereais completos é feita em menores quantidades e não há horários para comer. A quantidade de alimentos consumidos pelas crianças, tanto em casa como fora, tem aumentado 6, 7. Também o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas aumentou, o que está directamente

relacionado com o aumento do excesso de peso e obesidade nas crianças, pela maior ingestão de açúcares simples 7, 8.

Consumo de alimentos de reduzido valor nutricional e elevada densidade calórica. O tempo total que as crianças dedicam a brincar no exterior é cada vez menor, muitas vezes porque os pais não têm tempo para supervisionar as crianças e têm receio de as deixar sozinhas. Tal leva-as a passar mais tempo a ver televisão e a jogar no computador que a praticar actividade física 9, 6. Maior nível de inactividade física. São raras as condições genéticas e endócrinas que levam ao surgimento da obesidade (7). Algumas dessas doenças são: distúrbios na regulação do gene da hormona leptina envolvida no controlo do apetite, hipotiroidismo, síndromas de Prader-Willi, de Cohen, de Cushing ou de Bardet-Biedl (6) (7) (9). A componente genética da obesidade tem sido investigada em estudos efectuados em gémeos e casos de adopção (6). Crianças com pais obesos têm maior tendência para desenvolverem excesso de peso, não só pela possível carga genética (9) (6) , mas também pelos erros dietéticos familiares e hábitos sedentários instituídos (5).

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INFORMAÇÃO TERAPÊUTICA

Aleitamento materno e risco de excesso de peso infantil

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Têm surgido vários estudos que relacionam inversamente o aleitamento materno com a obesidade infantil (9) (10) (11) , sendo esse efeito protector explicado por diversos mecanismos comportamentais e metabólicos. Quando alimentadas com leite materno, as crianças tendem a experimentar e aceitar novos sabores (nomeadamente frutas e legumes), uma vez que este tipo de leite contém sabores provenientes da alimentação materna (10). Os bebés amamentados possuem uma melhor capacidade de auto-regulação alimentar que pode ser importante para o posterior estabelecimento de padrões de regulação do apetite (10).

A composição do leite pode promover alterações no número e/ ou tamanho dos adipócitos, células cujo desenvolvimento ocorre essencialmente nos primeiros 6 meses de vida. Estas células são responsáveis pela produção de hormonas, tais como a leptina e adiponectina. A leptina está presente no leite materno e não no leite de fórmula, sendo importante na regulação do apetite e do gasto energético (24). O consumo de leite de fórmula apresenta uma maior ingestão energética, expondo a criança precocemente a sucessivos balanços energéticos. Esta exposição conduz a uma maior concentração plasmática de leptina que pode originar o desenvolvimento de resistências a esta hormona. Os bebés

amamentados têm maior sensibilidade à leptina e como tal menor propensão para o desenvolvimento de obesidade (10). As elevadas concentrações de adiponectina presentes no leite materno têm efeitos positivos na saúde, uma vez que têm uma função reguladora do metabolismo dos lípidos e hidratos de carbono, o que promove uma maior sensibilidade à insulina e aumento do metabolismo dos ácidos gordos (10). O aleitamento materno deve ser mantido durante 6 meses, visto que é até aos 6 meses de vida que está estabelecida a relação com a prevenção da obesidade (10) (11).

Existem períodos críticos no desenvolvimento da criança que podem levar ao ganho de excesso de peso. A extensão e duração da amamentação têm mostrado estar inversamente relacionada com o risco de obesidade infantil 9, 10, 11 (ver caixa). Bebés que apresentam um crescimento rápido, em especial no que diz respeito ao aumento de peso, têm maior predisposição para desenvolverem obesidade 11. Esta relação é independente do peso ao nascimento e do tipo de alimentação 11. A adolescência é outro período crítico para o desenvolvimento da obesidade, dadas as alterações que ocorrem no corpo. Nos rapazes, a massa muscular tende a aumentar e a gordura corporal diminui em relação ao peso corporal (12). Pelo contrário, nas raparigas a quantidade de massa gorda aumenta. Uma menarca precoce está também associada ao aumento de peso9. Os padrões de distribuição de gordura também são diferentes, em parte por

influências hormonais. Nos rapazes, ocorre uma pronunciada centralização de depósitos de gordura com o aumento da gordura subcutânea e a gordura visceral na região abdominal. No caso das raparigas, para além de este padrão não ser tão dramático, a gordura tende a ser depositada na zona dos seios, quadris e nádegas (12).

As consequências mais comuns a curto prazo são problemas psicosociais (12) (13). As crianças com excesso de peso têm baixa auto-estima, podem ter dificuldades de relacionamento com os seus colegas ou serem descriminadas por estes. Estas crianças apresentam uma diminuição no rendimento escolar e podem vir a desenvolver depressões(12). O agravamento ou o aparecimento de transtornos do comportamento alimentar (como bulimia, anorexia) são outras consequências da obesidade, particularmente no género feminino (14) . Problemas de saúde normalmente desenvolvidos por crianças e adolescentes obesos: • Cardiovasculares - hipercolestrolemia, dislipidemia e hipertensão arterial 7, 9, 15, 6 • Endócrino - hiperinsulinemia, resistência à insulina, tolerância à glucose diminuída, diabetes

Quando não se combate o excesso de peso… A obesidade é associada a problemas de saúde na criança, mas mais importante é o aumento do risco de vir a resultar em obesidade no adulto associada a morbilidade e mortalidade (9) (7) (13) . O risco mantém-se em adultos que foram obesos durante a adolescência e perderam o excesso de peso já na idade adulta (7).


A adolescência é outro período crítico para o desenvolvimento da obesidade, dadas as alterações que ocorrem no corpo. Nos rapazes, a massa muscular tende a aumentar e a gordura corporal diminui em relação ao peso corporal.

mellitus do tipo 2, irregularidade menstrual 7, 9, 6, 13, 15, 16 • Respiratórios - asma, apneia do sono, síndrome de Pickwick (síndroma de hipoventilação do obeso) 9, 7; Estes problemas manifestam-se por dificuldades respiratórias ou sonolência diurna da criança 16 • Ortopédicos - tíbia vara (distúrbio de crescimento que afecta os ossos da perna, fazendo com que estes se curvem para fora) e epifisiólise femoral proximal (que se manifesta por dor nos joelhos e anca) 9, 7, 16 • Complicações gastrintestinais (refluxo gastroesofágico) e hepáticas (tais como esteato-hepatite não alcoólica) 9, 16.

Farmácia: um importante contributo A prevenção da obesidade nas crianças deve ser sempre a primeira linha de tratamento. O objectivo é encontrar o equilíbrio energético que melhor promove alterações na composição corporal, sem interferir com o crescimento normal da criança.

A abordagem geral: 1. A intervenção deve iniciar-se o mais cedo possível e ser multidisciplinar, envolvendo vários profissionais, de saúde e educação 2. A família deve estar motivada para mudar 3. Os profissionais devem educar quanto às complicações clínicas da obesidade 4. Toda a família e cuidadores devem ser envolvidos no programa de tratamento 5. Os programas de tratamento devem visar modificações comportamentais que persistam 6. As modificações comportamentais devem ser graduais 7. Apoiar a família na monitorização do regime alimentar e actividade física 8. Os profissionais devem apoiar e encorajar (sem crítica) 9. Tendo em consideração o IMC da criança, idade e presença ou ausência de complicações médicas associadas ao excesso de peso, o tratamento deve promover a manutenção do peso ou perda do mesmo. A manutenção do peso permite que a criança mantenha

o peso actual para que, com o tempo, o seu IMC diminua gradualmente à medida que cresce. (figura 1.)

Orientar a família A educação alimentar começa muito antes de a criança nascer, uma vez que vários estudos mostraram que o excesso de peso da mãe bem como o facto de a mulher fumar durante a gravidez são factores de risco para o desenvolvimento de obesidade infantil (17)(25). Entre os 2 e os 4 anos de idade, a atenção deve ser reforçada uma vez que nestas idades se dá uma importante mudança no corpo, em particular na distribuição e constituição do tecido adiposo que está relacionada com o risco de a criança vir a ser um adulto obeso. Durante esta fase etária o IMC das crianças atinge os valores mais baixos, de tal forma que todo o peso ganho nesta altura corresponde ao aumento da massa gorda e não de massa muscular ou óssea (11). Após a entrada na escola, é muito importante acompanhar o regime alimentar da criança, conhecendo, nomeadamente, a ementa semanal da escola para conjugar com a alimentação de casa. Como principais orientadores,

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INFORMAÇÃO TERAPÊUTICA

os pais devem impor regras, dar o exemplo e ser capazes de dizer “não” e explicar porquê (17). É ainda importante que os pais não usem a comida como recompensa (“ se te portares bem…deixo-te comer um gelado”), os horários das refeições estejam definidos, as opções recaiam em alimentos saudáveis e sejam eliminadas as “tentações” (alimentos com elevado teor de gordura ou de açúcar).

Apoiar as escolas A escola é um dos elos principais da rede de influências nos hábitos das crianças e por várias razões, entre as quais: muitas crianças fazem duas ou mais refeições na escola, a escola interage com as crianças em períodos de vida fundamentais para a aprendizagem de hábitos saudáveis e através de pessoal qualificado. A modelação dos hábitos alimenta-

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res pode, assim, ser fácil e de baixo custo. Crianças saudáveis têm melhor rendimento escolar, faltam menos à escola, têm menos problemas comportamentais, atitudes mais positivas, melhor qualidade de vida, maior probabilidade de virem a ser adultos produtivos e saudáveis, e pais mais informados 17

Alteração de estilos de vida Alimentação

A dieta deve ser apropriada para a idade e capaz de fornecer as calorias adequadas para a manutenção da saúde e crescimento normal. A criança deve desenvolver e manter hábitos alimentares saudáveis: • Fazer pelo menos 5 refeições por dia (pequeno-almoço, merenda a meio da manhã, almoço, lanche

e jantar), comendo às refeições principais sopa, prato principal (com vegetais) e fruta • A alimentação deve ser rica em frutas e legumes 8, 12; Não deve ser exercida pressão sobre as crianças para que consumam mais frutos e legumes, os pais ou cuidadores devem dar o exemplo de hábitos alimentares saudáveis 18 • O consumo de refrigerantes e bebidas ricas em açúcar deve ser limitado (no máximo 1 por dia), sendo a água a bebida de excelência (1 a 2 L por dia de acordo com a idade) 8, 7 • O consumo de sal (< 6 g/ dia) e açúcar deve ser limitado 12 • O número de refeições feitas fora de casa deve ser reduzido, tal como as idas ao “fast food” 12, 8 O principal objectivo é que toda a família faça uma dieta equilibrada com refeições saudáveis. Essas mudanças devem ser consideradas permanentes ao invés de um plano temporário para uma rápida perda de peso.


A escola é um dos elos principais da rede de influências nos hábitos das crianças e por várias razões, entre as quais: muitas crianças fazem duas ou mais refeições na escola, a escola interage com as crianças em períodos de vida fundamentais para a aprendizagem de hábitos saudáveis e através de pessoal qualificado.

Actividade física

A modificação da dieta por si só não é suficiente para atingir o peso pretendido. Quando diminui a ingestão calórica, o metabolismo fica mais lento, resultando em menor utilização de calorias e dificuldade em perder peso 6. A actividade física é uma peça vital para a perda de peso. É necessário incorporar a actividade física no dia-a-dia da criança, quer a opção passe por uma actividade formal ou estruturada (praticada em ginásio, piscinas, etc.) ou por uma actividade informal, integrada nas actividades quotidianas, como por exemplo ir para a escola a pé. As crianças e adolescentes devem praticar pelo menos 60 minutos de actividades físicas por dia 8, 6 , que preferencialmente devem envolver toda a família. Caso já possuam excesso de peso ou obesidade, devem iniciar a actividade física com períodos de tempo menores, aumentando gradualmente a sua duração 8. O exercício deve ser acompanhado por uma diminuição do tempo dedicado a actividades sedentárias, tais como jogos de computador 8, 7, 11. Actividades sedentárias, como ver televisão, devem de ser limitadas a 2 horas diárias no caso de crianças com idade igual ou superior a 2 anos. Por outro lado, em crianças com idades inferiores não é recomendado ver televisão 11, 8.

Tratamento farmacológico e cirúrgico Os tratamentos farmacológicos e cirúrgicos são normalmente efectivos, no entanto estão reservados para casos em que os benefícios são claramente superiores aos riscos. Em Portugal não existe nenhum medicamento com Autorização de Introdução no Mercado indicado para o tratamento da obesidade infantil. No entanto, existem fármacos que têm sido utilizados off-label. O topiramato é um antiepiléptico e anticonvulsivante que induz a perda de peso 6. Apesar do seu perfil promissor na perda de peso, não tem sido considerado uma boa opção no tratamento da obesidade infantil devido à presença de alguns efeitos adversos (depressão, dificuldade de concentração e de memorização) 6, 19. A metformina, um antidiabético oral largamente utilizado em Portugal, também tem sido utilizada em adolescentes obesos. Alguns estudos têm demonstrado que a metformina melhora a sensibilidade à insulina e o IMC em adolescentes obesos não-

diabéticos com hiperinsulinemia em jejum e uma história familiar de Diabetes mellitus tipo 2. 15, 12, 20, 21, 22 A decisão de iniciar a medicação deve ser realizada somente após uma avaliação completa do estado metabólico da criança e história familiar, tendo em conta a actual e anterior resposta à intervenção no estilo de vida. O recurso a medicamentos deve ser encarado apenas como uma parte da abordagem, a qual não dispensa a intervenção no sentido da adopção de um estilo de vida mais saudável. A cirurgia bariátrica é uma prática pouco comum apenas considerada em adolescente com obesidade mórbida e que preencham os seguintes requisitos 23: • Ter um IMC superior ao percentil 99,5 da respectiva idade e pelo menos uma co-morbidade; • Ter efectuado, pelo menos, seis meses de dieta para redução de peso; • Mostrar maturidade física e mental; • Estar disposto a participar num programa de tratamento multidisciplinar no pós-operatório. Cabe ao profissional de saúde (neste caso, endocrinologista) e família tomarem a difícil decisão de avançar com a cirurgia.

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INFORMAÇÃO TERAPÊUTICA

A obesidade é associada a problemas de saúde na criança, mas mais importante é o aumento do risco de vir a resultar em obesidade no adulto associada a morbilidade e mortalidade.

O excesso de peso e obesidade infantil são um problema, que tem aumentando de forma exponencial e não expectável nos últimos anos. Há indicadores que mostram que 95% da obesidade infantil têm uma causa nutricional associada ao estilo de vida e que apenas 5% têm causa genética. O excesso de peso infantil é um dos nossos mais importantes problemas de saúde pública que ameaça

finalmente inverter a tendência favorável na morbidade e mortalidade cardiovascular que tem ocorrido durante os últimos anos. A prevenção deve ser iniciada no sentido de evitar o ganho excessivo de peso, identificando crianças e adolescente em risco de desenvolver obesidade e suas complicações. É essencial alterar os estilos de vida, não só das nossas crianças, mas também das suas famílias.

1. WHO. [Online] Setembro de 2006. [Citação: 17 de Junho de 2010.] http:// www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/. 2. Saúde, Direcção-Geral da. Programa Nacional de Combate à Obesidade - Circular normativa nº03/DGCG. s.l. : DGS, 2005. 3. Consultas de vigilância de saúde infantil e juvenil - Actualização das curvas de crescimento - Circular normativa nº05/DSMIA. s.l. : DGS, 2006. 4. Wilson, Stephanie. HowStuffWorks. [Online] HSW International, Inc., 2010. [Citação: 28 de Outubro de 2010.] http://saude.hsw.uol.com.br/ indice-de-massa-corporal4.htm. 5. Gomes, Susana, et al., et al. Obesidade em idade pré-escolar - Cedo demais para pesar demais! Acta Médica Portuguesa. 2010, Vol. 23, pp. 371-378. 6. Miller, Jennifer, Rosenbloom, Arlan e Silverstein, Janet. Childhood Obesity. The Journal of clinical endocrinology & metabolism. 2004, Vol. 89, pp. 4211 - 4218. 7. Plourde, Gilles. Preventing and managing pediatric obesity. Canadian Family Physician. March de 2006, Vol. 52, pp. 322 - 328. 8. A. Spear, Bonnie, et al., et al. Recommendations for treatment of child and adolescent overweight and obesity. Pediatrics. December de 2007, Vol. 120, pp. 245 - 288. 9. Nutrition, Committee on. Prevention of pediatric overweight and obesity. Pediatrics. August de 2003, Vol. 112, pp. 424 - 430. 10. Costa, Maria, Breda, João e Rito, Ana. Aleitamento materno e risco de excesso de peso em idade escolar. Nutrícias. Maio de 2010, Vol. 10, pp. 8-10. 11. Olstad, Dana Lee e McCargar, Linda. Prevention of overweight and obesity in children under the age of 6 years. Appl. Physiol. Nutr. Metab. Junho de 2009, Vol. 34, pp. 551-570. 12. Daniels, Stephen R., et al., et al. Overweight in Children and Adolescents - Pathophysiology, Consequences, Prevention, and Treatment. Circulation - Journal of the American Heart association. Abril de 2005, Vol. 111. 13. Fowler-Brown, Angela e C. Kahwati, Leila. Prevention and treatment of overweight in children and adolescents. American Family Physician. June de 2004, Vol. 69, pp. 2591 - 2598. 14. Ávila, Vera Mónica Leal de. Prevalência de Excesso de Peso e de

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Várias campanhas têm sido desenvolvidas no sentido de alertar para o problema da obesidade infantil, sendo que cada vez mais as escolas estão mais envolvidas na prevenção do ganho de peso, promovendo a actividade física bem como uma alimentação saudável. A melhor forma de combater a obesidade infantil é prevenindo, local onde o papel da farmácia é fundamental.

Obesidade em Crianças entre os 6 e os 10 anos de Idade no concelho de Angra do Heroísmo. Covilhã : Universidade da Beira Interior - Faculdade Ciências da Saúde, 2008. 15. Chiarelli, Francesco e Marcovecchio, Maria Loredana. Insulin resistance and obesity in childhood. European journal of endocrinology. 2008, Vol. 159, pp. S67-S74. 16. Barlow, Sarah E. e Dietz, William H. Obesity evaluation and treatment: expert committee recommendations. Pediatrics. Dezembro de 2006, Vol. 102. 17. Rito, Ana. É hora de agir contra a obesidade. Rituais de vida saudável. [Online] 2007. [Citação: 2 de Setembro de 2010.] http://www.rituais.iol.pt/ prevenção/tabid/300/language/pt-PT/Default.aspx. 18. Viana, V., et al., et al. Comportamento alimentar em crianças e controlo parental: uma revisão da bibliografia. Alimentação Humana. 2009, Vol. 15. 19. Monson, Kristin e Schoenstadt, Arthur. Topamax Weight Loss. eMedTv - Health information brought to life. [Online] 8 de Maio de 2007. [Citação: 18 de Agosto de 2010.] http://epilepsy.emedtv.com/topamax/. 20. Dunican, Kaelen C., Desilets, Alicia R. e Montalbano, Julie K. Pharmacotherapeutic options for overweight adolescents. The Annals of Pharmacotherapy. Setembro de 2007, Vol. 41, pp. 1445-1455. 21. Freemark, Michael. Pharmacotherapy of Childhood Obesity. Diabetes Care. Fevereiro de 2007, Vol. 30. 22. Park, Min Hae, et al., et al. Metformin for Obesity in Children and Adolescents: A Systematic Review. Diabetes Care. Setembro de 2009, Vol. 32, pp. 1743-1745 . 23. Fried, Martin, et al., et al. Interdisciplinary European Guidelines on Surgery. Obesity Facts - The European journal of obesity. Fevereiro de 2008, pp. 52-59. 24. Sousa, Mónica, Brás-Silva, Carmen e Leite-Moreira, Adelino. O papel da lectina na regulação da homeostasia energética. Acta Médica Portuguesa. 2009, Vol. 22, pp. 291-298. 25. Wojcicki M. , Janet e Heyman B. Melvin. Let’s Move – Childhood Obesity Prevention from Pregnancy and Infancy Onward. The New England Journal of Medicine. Abril de 2010. http://healthpolicyandreform. nejm.org/?p=3321


CONSULTORIA JURÍDICA

O horário de funcionamento das farmácias de oficina O regime do horário de funcionamento das farmácias de oficina foi recentemente modificado pelo Decreto-Lei n.º 7/2011, de 10 de Janeiro, e pela Portaria n.º 31-A/2011, de 11 de Janeiro, tendo sido introduzidas alterações significativas nesta matéria, com impacto quer ao nível do período de funcionamento diário e semanal das farmácias e sua comunicação, quer mesmo ao nível da organização e aprovação das escalas de turnos. Destas alterações, destacamos as seguintes : Em termos de período de funcionamento diário e semanal, o legislador procurou promover uma maior acessibilidade do cidadão ao medicamento, permitindo assim que as farmácias possam passar a funcionar 24 horas por dia, nos 7 dias da semana, quando estavam antes obrigadas a organizar o seu período de funcionamento de segunda-feira a domingo, entre as 6 e as 24 horas. Por outro lado, operou-se uma redução do período mínimo de funcionamento semanal, passando assim este período mínimo de funcionamento semanal a ser de 50 horas semanais para a generalidade das farmácias e de 44 horas semanais para as farmácias de oficina em turno de regime de disponibilidade. Apesar desta redução, e sempre com vista a assegurar o acesso ao medicamento quando os utentes dele mais necessitam, foram estabelecidos limites à organização do período de funcionamento, através da introdução de um “horário-padrão”. Este horário-padrão significa que, apesar de o proprietário poder fixar livremente o período de funcionamento da sua farmácia, esta liberdade encontra-se parcialmente limitada. Assim, no caso das farmácias cujo período mínimo de funcionamento semanal seja de 50 horas, o proprie-

tário está obrigado a garantir o funcionamento da farmácia de segunda a sexta-feira, das 10 às 13 e das 15 às 19 horas e sábado das 10 às 13 horas, ficando apenas no seu livre arbítrio a distribuição das remanescentes 12 horas mínimas de funcionamento. Já quanto às farmácias cujo período mínimo de funcionamento semanal seja de 44 horas, os proprietários encontramse obrigados a distribuir este número de horas nos períodos diurnos de todos os dias da semana, excepto o domingo (tendo assim necessariamente de assegurar a abertura da farmácia de segunda-feira a sábado). A comunicação do período de funcionamento diário e semanal das farmácias de oficina (que deverá já prever as variações impostas por motivo de sazonalidade), passa a ser efectuada unicamente junto do INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P., através do respectivo sítio electrónico, devendo ser efectuada até ao dia 31 de Março de cada ano (para vigorar no 2.º semestre do ano civil) e até ao dia 30 de Setembro de cada ano (para vigorar no 1.º semestre do ano civil subsequente). No caso de a comunicação não ser efectuada pelo proprietário da farmácia nestes moldes, considera-se que se mantém no semestre seguinte o período de funcionamento diário e semanal que se encontrar em vigor. De salientar ainda que, durante cada semestre, os períodos de funcionamento comunicados só podem ser alterados se ocorrer um motivo devidamente justificado e que se a organização do tempo de trabalho do pessoal da farmácia estiver sujeita a turnos, a comunicação ao INFARMED, I.P. deverá também ser acompanhada do mapa de horário de trabalho do pessoal e da

respectiva habilitação profissional. No que respeita às escalas de turnos, foi definida uma nova forma de organização dos turnos, que passou, no essencial, a estar directamente relacionada com (i) a existência, ou não, no município, de urgências hospitalares e de serviços de urgência básicos do Serviço Nacional de Saúde; (ii) a existência, ou não, de farmácias de oficina em funcionamento no período entre as 22 horas de um dia e as 8 horas do dia seguinte ou de farmácias de dispensa de medicamentos ao público num hospital do Serviço Nacional de Saúde, e (iii) com o número de habitantes. Com esta nova forma de organização, julgamos que o legislador visou assegurar uma melhor adequação entre a necessidade de assegurar a acessibilidade ao medicamento e a cobertura farmacêutica existente, obrigando à disponibilização de maiores recursos nos locais em que se prevê serem efectivamente mais necessários. As escalas de turnos continuam a vigorar pelo período correspondente ao ano civil, podendo no entanto ser revistas semestralmente, desde que ocorra um facto novo que fundadamente justifique essa revisão, como por exemplo se se verificar a abertura de uma nova farmácia de dispensa de medicamentos ao público num hospital do Serviço Nacional de Saúde ou o alargamento do período de funcionamento de uma farmácia, em termos que interfiram com a escala em vigor.

Elaborado por: Eduardo Nogueira Pinto e Eliana Bernardo, advogados PLMJ - Sociedade de Advogados

As alterações aqui em destaque não contemplam as regras transitórias deste regime de aplicabilidade prevista até 30 de Junho de 2011.

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MUSEU DA FARMÁCIA

Manuscrito de Odette Ferreira no Museu

Os avanços e recuos da investigação que conduziu Odette Ferreira à descoberta do VIH2 estão contidos num caderno, escrito à mão pela investigadora. Um documento histórico entretanto doado ao Museu da Farmácia. O Museu da Farmácia deu mais um passo importante na confirmação da sua vocação de museu universal e da Ciência, graças a uma prestigiante doação da Professora Odette Ferreira, farmacêutica que se distinguiu internacionalmente pela descoberta da segunda estirpe do Vírus da Imunodeficiência Humana. Trata-se do caderno, manuscrito, a que a investigadora confiou os avanços e recuos do seu contributo para o conhecimento de um vírus que desafiava – e ainda desafia – a Ciência. Foi há cerca de dois anos que o director do museu, João Neto, teve conhecimento da existência deste verdadeiro documento histórico. A investigação estava naturalmente publicada mas o facto de os registos originais permanecerem acessíveis despertou, irresistivelmente, o seu interesse de historiador. Afinal, o caderno que acompanhou Odette Ferreira no seu caminho até ao VIH2 é um verdadeiro documento histórico, é –

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afirma – um documento vivo que se tornava imprescindível acrescentar ao espólio do museu. Enquanto director, o seu objectivo foi sempre, e continua a ser, transpor as fronteiras da evolução da Farmácia através dos tempos, transformando o museu num espelho da evolução da Humanidade. E a descoberta efectuada pela investigadora portuguesa na década de 80 contribuiu decisivamente para o avanço da Ciência e, através dela, da Humanidade. Os contactos efectuados com Odette Ferreira colheram a melhor das receptividades. Farmacêutica de formação, não podia deixar de entender o significado da doação ao museu. Não é uma simples folha de apontamentos – sublinha João Neto – é todo um registo de impressões, de fórmulas, de hipóteses ponderadas e descartadas, de explicações, de teorias. Em suma, todos os passos do complexo processo que é a investigação científica.

O director do museu recorda o momento da doação. As emoções despertadas pelo virar de cada página. Como a autora dos apontamentos recordou as conversas com os colaboradores, os entusiasmos, as tristezas – tudo, afinal, parte da descoberta, de um caminho trilhado em comum até ao sucesso. João Neto gostava, aliás, de ter este testemunho na primeira pessoa preservado para a posteridade. Sob que moldes ainda não sabe, mas considera fundamental que as impressões que colheu naquela conversa não sejam apenas suas, mas possam ser partilhadas. Acredita que, tal como os apontamentos, também as vivências fazem parte da História. A doação da professora jubilada da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa irá ficar exposta no museu em Lisboa. Juntar-se-á a dois outros testemunhos relevantes da investigação científica: a experiência cien-


tífica que conduziu à descoberta da penicilina e a publicação, em 1853 na revista Nature, do modelo de ADN descrito por Crick e Watson. Para João Neto, é um privilégio para o Museu da Farmácia ser depositário do manuscrito de Odette Ferreira. É mais uma prova da reputação que a instituição já granjeou.

Caderno de apontamentos de Maria Odette Santos Ferreira utilizado durante a sua estadia nos laboratórios de Luc Montagnier e de Barré-Sinoussi do Instituto Pasteur de Paris (1985 -1986) No dia 26 de Setembro de 1985, está anotado o registo de um vírus, no sangue de Graciano Miranda (RT = 75.000 c). Este doente estava internado no hospital Egas Moniz, cujos resultados eram sempre negativos para a infecção VIH/sida. Estava-se perante a descoberta de um novo vírus, designado HIV 2.

Trabalho de uma vida Foi na década de 80 que Odette Ferreira desenvolveu o trabalho científico que a conduziria à identificação da segunda estirpe do vírus da Sida. Dividia-se então entre Lisboa, onde colaborava com José Luís Champalimaud, do hospital Egas Moniz, e Paris, onde integrou a equipa do investigador Luc Montagnier, do Instituto Pasteur. A primeira vez que ouvira falar na ameaça de uma nova doença ameaçadora fora durante um congresso na cidade suíça de Lausanne. Começou a interessar-se porque, como tem dito publicamente, teve o pressentimento de que era uma desgraça muito grande. Em Portugal, nada se sabia sobre a Sida. Mas a investigadora, preocupada que estava, lançou-se no estudo da doença e desenvolveu em Lisboa os primeiros estudos seroepidemiológicos sobre a infecção. Na sequência dessa investigação detectou que doentes com imunodeficiência internados no Egas Moniz não apresentavam as mesmas características atribuídas então ao VIH. Levou para Paris amostras retiradas a esses doentes e os testes efectuados permitiram identificar uma segunda estirpe do vírus. O seu trabalho e persistência valeram-lhe distinção nacional e internacional. Entre 1992 e 2000 foi coordenadora da então Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS).

Procedimento de Isolamento do vírus VIH-2.

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Programa farmácias portuguesas Balanço de três anos de Farmácias Portuguesas

Programa pode ser arma anti-crise

As ferramentas diferenciadoras que o Programa Farmácias Portuguesas proporciona às farmácias são uma eficaz arma contra a crise que o sector enfrenta. A convicção é do Director Executivo do Programa e responsável de Marketing da ANF, Pedro Casquinha, na altura de fazer o balanço dos três anos de uma iniciativa que se consolidou como um programa de fidelização ímpar no país. Em 2008, a ANF propôs às farmácias um desafio ambicioso: o de se unirem numa rede virtual, em torno de uma marca e de uma imagem, símbolos de uma intervenção de qualidade na prestação de cuidados de saúde. Foi com esse objectivo que concebeu o Programa Farmácias Portuguesas, centrado na diferenciação das farmácias e, através dela, na fidelização de utentes/clientes. O programa deu os primeiros passos no terreno em Março desse ano. Três

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anos depois, o balanço não podia ser mais positivo: os números são a prova do sucesso, a prova de que as expectativas mais optimistas foram superadas, quer na adesão das farmácias, quer na adesão dos utentes. Mais de 1,4 milhões de aderentes ao cartão que desde o início é a face visível do programa: destes, 85 por cento são clientes activos, o que significa que não se limitam a ser detentores do cartão, mas que o utilizam em transacções na farmácia de medicamentos não sujei-

tos a receita médica (MNSRM), produtos de saúde e bem-estar e serviços farmacêuticos. Desde o primeiro mês foram efectuadas 35 milhões de transacções, com o volume de compras a ter conhecido um aumento de dois dígitos de 2010 para 2011. No actual contexto económico do país, é um bom sinal. Outro indicador da vitalidade do Cartão Farmácias Portuguesas diz respeito ao número de rebates dos pontos acumulados: mais de 1.250 mil, o que


confirma claramente uma elevada intensidade na utilização do cartão. Ou seja, cumpre-se um dos objectivos do programa: o de motivar uma nova ida à farmácia e assim fidelizar, efectivamente, os clientes.

Resposta ao desafio da concorrência E isto num contexto de grande concorrência do mercado: em cinco anos, abriram 900 novos espaços concorrentes das farmácias no que respeita à venda de MNSRM e produtos de saúde. Em nenhum outro sector se verificou fenómeno semelhante. Com a particularidade de estes espaços utilizarem as mesmas técnicas de vendas do grande consumo, de certa forma procurando banalizar o que a farmácia tem de único. Esta é também uma nova realidade para a indústria, que se vê confrontada com uma nova abordagem comercial que a obriga a apresentar planos promocionais, nem sempre realistas, com as grandes cadeias. Também o consumidor acusa a pressão do preço, escolhendo categorias de produtos mais acessíveis, rendendo-se às marcas próprias. E sendo facilmente vítima daquilo que se poderá chamar a falácia da conveniência, gerada pela localização de espaços de saúde no interior dos hipermercados. A ANF e as farmácias responderam a este cenário. Pedro Casquinha sublinha que havia duas opções: ou ignorar

a mudança ou liderar a mudança. E foi esta a opção: o Programa Farmácias Portuguesas nasceu há três anos com a missão de reforçar a importância da farmácia e relembrar aos seus utentes o que tem de especial, de único. Daí a criação da identidade, de uma marca assente nos valores da autenticidade e da especificidade, mas também da tradição e da portugalidade. Para a farmácia, as vantagens eram óbvias: o falar a uma só voz, como parte de um colectivo, o pertencer a uma marca com uma forte presença, o reforçar da credibilidade e da proximidade com os utentes, o dispor de uma ferramenta de fidelização que lhe proporciona uma vantagem competitiva clara, o de gerar mais tráfego e mais vendas. Para o consumidor, havia igualmente vantagens: a de ver premiada a fidelização à farmácia, com todas as mais-valias inerentes ao valor acrescentado da intervenção farmacêutica. As farmácias aceitaram o repto: 2.055 de um universo potencial de 2.800 farmácias integram já esta rede virtual. O que – sublinha o Director do Programa da ANF – é “extraordinário em três anos, tendo em conta que a adesão é facultativa”. Poderia pensar-se que a meta seria fazer coincidir o universo de farmácias associadas com o universo de Farmácias Portuguesas, mas é preciso equacionar que farmácias há em que o programa poderá não fazer sentido: por exemplo, naquelas onde o receituário ainda é dominante. A preocupação é – sublinha – que quem adere faça um programa positivo da sua experiência. Positivo é também o balanço da partici-

pação da indústria farmacêutica neste projecto: tem sido uma “relação muito produtiva para ambos os parceiros”. Para a indústria trata-se de obter acesso imediato e eficaz a mais de dois mil pontos de venda para os seus produtos: a presença nas publicações Farmácias Portuguesas evidencia esta vantagem, com a primeira edição a incluir 300 produtos e a mais recente, desta Primavera, a registar uma subida para mais de 600 em 15 categorias.

Serviços são o caminho do futuro São produtos de saúde e bem-estar e é esta a direcção certa a seguir no caminho da diferenciação da farmácia face a concorrentes cada vez mais agressivos, que também eles apostam em marcas próprias. É por aqui que as farmácias devem enveredar para se tornarem mais competitivas e transformarem em oportunidades os desafios colocados pela actual situação económica do país e do sector. Pedro Casquinha assume mesmo que o programa Farmácias Portuguesas é uma forte arma anticrise, proporcionando às farmácias ferramentas para acelerarem as vendas em segmentos com acentuado potencial de crescimento. Há produtos resistentes aos ciclos económicos: a puericultura é um deles, a dermocosmética outro – são apenas dois exemplos que permitem às farmácias transferir o enfoque do receituário para áreas mais competitivas.

Reconhecimento O Programa Farmácias Portuguesas é das farmácias e para as farmácias. Mas é também um programa com um forte impacto externo, como o provam os prémios arrecadados em 2010. Sagrou-se, assim, “Projecto do Ano”, no âmbito dos prémios Almofariz, promovidos pela revista

Farmácia Distribuição. E conquistou o Prémio Marketeer na categoria “Saúde e Farmacêuticas”. Em 2011 voltou a ser nomeado para este prémio que visa distinguir a excelência na actividade de marketing, conquistando uma segunda vitória consecutiva. Os vencedores são escolhidos por um júri constituído por reconheci-

dos profissionais do marketing e por votação dos consumidores. A decisão dos consumidores pesa 50 por cento no resultado final, o que confere especial significado a este prémio: demonstra, afinal, a proximidade, a fidelidade e a relevância que o público atribui às Farmácias Portuguesas.

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Programa farmácias portuguesas

Os serviços são outra área a explorar: as farmácias estão capacitadas para o fazer, a população cada vez mais necessitada e os concorrentes em desvantagem, porque os consumidores sabem – e demonstram – que a farmácia é o seu braço direito no diálogo em saúde. A fidelização faz-se aqui por via da qualidade, não do preço. O director de Marketing da ANF acredita que os mais ágeis, os que têm capacidade de se adaptar, são os que resistem. Assim são as farmácias, assim são por maioria de razão as Farmácias Portuguesas.

Testemunho de farmácia Farmácia Nova, Marco de Canavezes

Programa deu sinal de união das farmácias

Ana Cristina Couro Ribeiro, Farmácia Nova

Ana Cristina Couro Ribeiro, proprietária e directora técnica da Farmácia Nova, de Marco de Canavezes, sabe

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que a sua farmácia tem tido um bom desempenho no programa Farmácias Portuguesas. Não tem de memória o número de clientes fidelizados, mas calcula acima dos cinco mil o número de cartões emitidos. Aderiu ao projecto mal foi apresentado pela direcção da ANF. Recorda-se bem da sessão na Fundação Cupertino Miranda, no Porto: foi uma sessão repleta de questões por parte dos associados e ela própria tinha algumas mas “foram muito bem respondidas” pelo presidente da associação, João Cordeiro. Sobre as dúvidas, admite que se deveram a alguma resistência à mudança, a um certo factor de desconfiança perante um projecto inédito no sector. Mas sentiu logo que o programa estava “bem estruturado”, o que ajudou a vencer as dúvidas e a aderir às Farmácias Portuguesas. E com o tempo, bem como com o apoio da equipa de terreno, os pequenos problemas que surgiram foram sendo “limados positivamente” e a forma de trabalhar foi sendo corrigida. Na Farmácia Nova, todos os elementos da equipa – e é uma equipa vasta, de uma dezena e meia de pessoas – entraram no espírito Farmácias Portuguesas. O projecto funcionou até como motivação interna: “Surgiu na altura certa, em que a equipa precisava de ser motivada, de um desígnio. Andávamos um bocadinho desmoralizadas com o aparecimento dos espaços saúde”, evoca Ana Cristina Correia. Nesta farmácia do Marco de Canavezes percebeu-se desde o início a vantagem de conhecer melhor os clientes e de, em consonância, ter uma atitude mais interveniente – uma das mais-valias do programa. Daí que fidelizar os clientes não tenha sido complicado. Actualmente, é-o ainda menos, já que a vertente de crédito foi eliminada do cartão. Era – recorda a directora técnica – um factor que gerava alguma desconfiança, pois

os utentes pensavam que lhes estava a ser vendido mais um cartão. A apresentação do programa e da sua face visível – o cartão – aos clientes tem decorrido com toda a normalidade, já que na Farmácia Nova os utentes “estão habituados a receber informação”: “Não somos uma farmácia de aviamento, somos uma farmácia de atendimento. Aqui não é uma correria, já há muito tempo que conversamos com os utentes”, explica. A Farmácia Nova apresenta uma desproporção entre os medicamentos e os produtos de saúde e bem-estar, na medida em que há um grande investimento em segmentos como o da dermocosmética, nutrição, pediatria. São os clientes destes segmentos que retiram mais vantagens do programa, o que leva Ana Cristina Correia a defender que devia ser encontrada uma forma de compensar os utentes que adquirem predominantemente medicamentos. Sabe que existem constrangimentos legais e formais, mas gostaria que estes utentes recebessem mais do que um ponto pela visita à farmácia. Sem incentivar, naturalmente, o consumo de medicamentos… Desde que aderiu às Farmácias Portuguesas que Ana Cristina Correia conhece melhor os seus clientes: “Os relatórios – Checkpoint – têm sido muito úteis para nos posicionarmos no mercado, para sabermos o lugar que ocupamos, quais as áreas de produtos em que devemos investir, como comprar melhor”. São uma importante ferramenta na gestão da farmácia. A directora técnica da Farmácia Nova acredita que o programa foi importante para as farmácias, em contexto de concorrência, mas também para a própria ANF. Deu uma imagem de união: “Chamem-lhe corporativismo, mas temos de dar sinais claros ao poder político e económico do que valemos. Nos tempos que correm, só temos uma solução: estar unidos”.


informação veterinária

Doenças dos coelhos

vacinação O COELHO

Os coelhos, em particular os coelhos anões, são hoje, a par dos cães e dos gatos, animais de companhia. São animais noctívagos, apesar de grande parte das pessoas não o saber, no entanto habituam-se facilmente à rotina diária dos donos, alterando os seus períodos de sono, estando sempre prontos para “explorar” a casa.

ALIMENTAÇÃO

A alimentação deve ser à base de ração apropriada, complementada com feno, que deve estar sempre à disposição. Também os vegetais frescos como a cenoura, o nabo, o rabanete, a couve (em pequena quantidade), os bróculos, a salsa, entre outros devem fazer parte da sua alimentação devendo constituir cerca de 20% da alimentação total. A batata, as leguminosas secas como o feijão, o grão e a alface (essencialmente devido à falta de nutrientes e capacidade diurética) devem ser evitadas.

MANEIO

Os coelhos devem ser sempre seguros pelo dorso ou barriga, apoiando as patas na mão, para que não se sintam desequilibrados e comecem a “espernear”. Não se deve pegar nunca nos coelhos pelas orelhas. Num coelho saudável, encontramos olhos brilhantes em vez de secos e baços, pêlo completo, sem falhas nem feridas e sem se apresentar quebradiço e sem queda excessiva que faça com que o coelho apresente peladas. O pêlo deve estar limpo e solto, especialmente na zona do ânus, sem sinais de diarreias. Não deve apresentar nem corrimento nasal nem uma mancha amarelo-escura no nariz, já que esta situação pode indiciar problemas respiratórios que podem ser causados por pasteurella. A barriga não deve estar inchada nem rígida. O queixo não deve estar molhado e os dentes devem apresentar-se bem colocados, brancos, sem falhas nem rachas. Para manter o coelho limpo, também é importante levá-lo a aceitar, desde cedo, a escovagem, o corte das unhas e o barulho do secador, para o caso de ser necessário dar-lhe banho.

VACINAÇÃO

O coelho deve ser vacinado contra a mixomatose e contra a doença virica hemorrágica. Também se podem vacinar os coelhos contra a pasteurelose. A Mixomatose é uma doença causada por um vírus que se transmite através da picada de insectos (pulgas, mocas e mosquitos), ou pelo contacto directo entre coelhos. Os sintomas são: febre, conjuntivite, edema das

patas e da cabeça, aparecimento de nódulos rosa e violáceos na zona genital, boca e olhos. A primeira vacinação deve ser iniciada na 4.ª semana de idade, e a revacinação de ser efectuada de 4 em 4, ou 6 em 6 meses, dependendo da incidência da doença na zona. A Doença Vírica Hemorrágica é uma doença causada por um vírus, e é altamente contagiosa por via aérea. O período de incubação é de 24 a 48 horas. A sintomatologia é praticamente inexistente devido à rapidez da evolução. Observa-se, por vezes, sangue nas narinas. A morte é súbita e acompanhada de hemorragias internas extensas. A primeira vacinação é realizada a partir da 4.ª semana de idade, e a revacinação deve ser efectuada anualmente. Existem várias vacinas no mercado, podendo as mesmas serem adquiridas nos fornecedores habituais.

Lançamento de vacina contra a Leishmaniose canina A leishmaniose canina, uma doença mortal, tem agora uma nova medida profiláctica - uma vacina disponível no mercado português desde Maio e que pode reduzir até quatro vezes o risco de os animais contraírem a doença. Esta doença causada por um parasita, um protozoário microscópico, a Leishmania (Leishmania infantum) é transmitida através da picada do flebótomo, um insecto erradamente confundido com o mosquito. Pode afectar vários animais, incluindo os humanos e é potencialmente fatal para os cães. Estima-se que só na Europa, existam 2,5 milhões de cães infectados. Em Portugal, a doença é endémica em todo o território, embora algumas regiões apresentem uma prevalência mais elevada que outras. Contudo, devido à pequena dimensão do país e as distâncias curtas, qualquer deslocação dos animais pode significar um risco acrescido de contágio. O combate a esta doença é feito através de medidas de prevenção da picada do insecto transmissor. Nesta medidas incluem-se a utilização de coleiras impregnadas de deltametrina e a utilização de insecticidas (sprays, spot-on, coleiras repelentes, etc.), assim como a minimização do contacto físico entre cães e insectos evitando a sua exposição no exterior de casa entre o entardecer e o amanhecer. A vacina vem agora complementar as medidas descritas. A sua utilização requer um despiste da doença feito pelo médico veterinário, através de testes serológicos, pelo que os proprietários dos animais deverão sempre consultar o clínico assistente para avaliar a oportunidade da sua utilização.

NOTA: Considerando que estas doenças são comuns aos coelhos de exploração pecuária e aos de companhia, o esquema vacinal pode ser adoptado para todos.

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ESPAÇO ANIMAL

Uma nova dinâmica na relação entre farmacêutico e veterinário

O farmacêutico pode ser um aliado do veterinário se conhecer bem os limites da sua intervenção: o Espaço Animal proporciona a formação e informação que ajudam a criar sinergias entre os dois profissionais. Com a vantagem de promover boas práticas e minimizar o risco de erro na farmácia. O desenvolvimento do segmento de saúde animal nas farmácias faz emergir a questão do relacionamento dos farmacêuticos com os médicos veterinários. Não é uma questão nova, mas, face ao crescimento que se tem verificado no

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mercado veterinário nas farmácias, assume particular relevância. Torna-se necessário encontrar uma nova dinâmica, que respeite as competências de cada profissional de saúde num campo em que ambos podem ter – e têm – inter-

venção. Promover essa dinâmica é um dos objectivos da Globalvet, a empresa responsável pela implementação do projecto Espaço Animal. A principal mensagem – diz Carlos Godinho, gerente da empresa – é


Entre as ferramentas formativas e informativas e as condições comerciais, a verdade é que as farmácias têm colhido frutos da adesão ao Espaço Animal.

transformar aquilo que é percebido como concorrência em complementaridade, criando sinergias benéficas para ambos. O que é perfeitamente possível, assegura, se ficar claro qual é o papel do médico veterinário e qual é o papel do farmacêutico: ao primeiro compete o chamado acto clínico, ou seja, o diagnóstico e a prescrição; já ao segundo competem a dispensa e o aconselhamento, nomeadamente sobre a correcta utilização dos medicamentos e produtos de saúde e bem-estar animal, sublinhando os benefícios e alertando para os riscos e incompatibilidades. Nesta separação de competências, há, contudo, um aspecto a ter em conta: é que muitas vezes o veterinário está integrado em clínicas que têm associada a dispensa dos medicamentos. Está-se perante uma sobreposição com a actividade das farmácias na área comercial. No entanto, sublinha Carlos Godinho, o que à partida parece um problema deve ser encarado e aproveitado como uma oportunidade. As questões comerciais regem-se pelas regras do mercado: é a concorrência. E aqui as farmácias têm vantagens competitivas: com o Espaço Animal têm acesso a condições comerciais que lhes permitem disputar o mercado, competindo como competem em qualquer outro segmento. Fazem-no já nos medicamentos não sujeitos a receita médica, fazem-no nos produtos de saúde e bem-estar e podem fazê-lo também na saúde animal. São, portanto, dois os vectores em que se joga a relação entre farmacêutico e veterinário: no domínio técnico – em que deve haver respeito pelas competências de cada

um – e no domínio comercial – em que as regras são ditadas pela legislação e pelo mercado. Ainda no âmbito profissional, o farmacêutico beneficia do valor acrescentado de ser o especialista do medicamento: o seu conhecimento do medicamento coloca-o nas melhores condições para um aconselhamento de qualidade, diferenciador na promoção de uma utilização criteriosa e responsável. Já é assim nos medicamentos de uso humano, não há razão para que seja diferente nos de uso veterinário. Mas, para isso, o farmacêutico requer formação e informação. Precisa de conhecimento específico na área dos medicamentos e produtos de saúde animal, sob pena de não ser eficiente e cometer erros que – esses sim – vão gerar entropias na relação com o veterinário. A formação permite ao farmacêutico saber quais são os limites da sua intervenção, saber nomeadamente que pode responder a situações imediatas, mas noutras, mais complexas ou mais urgentes, deve remeter para o veterinário. O que não pode nem deve – alerta o responsável da Globalvet – é substituir-se ao veterinário.

Farmácias Espaço Animal continuam a crescer mais O Espaço Animal vai precisamente ao encontro desta preocupação. Uma das grandes mais-valias do projecto é a forma da equipa da farmácia, dotando-a de conheci-

mentos específicos sobre este segmento. O que está subjacente é a importância de adoptar boas práticas que convertem o farmacêutico num aliado do veterinário. É uma pedagogia permanente, transmitida nas acções de formação mas também no quotidiano, nomeadamente através do serviço de apoio telefónico: uma parte significativa das respostas implica o encaminhamento do animal para o veterinário. São, aliás, as farmácias as primeiras a tomar a iniciativa quando na dúvida sobre os casos que lhe surgem: e assim deve ser, na medida em que a farmácia fica resguardada de eventuais complicações. Quanto à questão comercial, o Espaço Animal também proporciona às farmácias condições na aquisição de medicamentos e produtos que lhes permitem serem competitivas. Os preços no canal farmácias são mais baixos do que noutros canais, fruto de parcerias estabelecidas com os distribuidores, nomeadamente com a Alliance Healthcare, que aderiu ao projecto desde a primeira hora. Entre as ferramentas formativas e informativas e as condições comerciais, a verdade é que as farmácias têm colhido frutos da adesão ao Espaço Animal. Só para dar um exemplo, no primeiro trimestre de 2011 conheceram um impulso de 15,4 por cento face ao mesmo período do ano passado, o que é mais do dobro do crescimento verificado nas restantes farmácias (6,6 por cento). O segmento veterinário está a crescer em todas as farmácias, mas cresce mais nas que possuem competências específicas. São actualmente 370.

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NOTICIÁRIO

Beja Santos com novo livro sobre a Guiné “Mulher Grande (Mindjer Garandi)” é o título da nova obra de Mário Beja Santos, especialista em defesa do consumidor com uma longa relação de colaboração com a ANF. A Guiné-Bissau volta a ser palco da narrativa, à semelhança dos dois volumes de “Diário da Guiné”, em que conta a sua experiência de combate naquela ex-colónia portuguesa. Apresentada pela escritora Lídia Jorge em sessão realizada a 10 de Março, “Mulher Grande” é a história de Benedita Estêvão, mulher sábia e destemida com uma vida de quase 90 anos. Mas é tam-

bém a história recente das relações entre Portugal e África. Este novo livro põe fim a uma pausa na escrita literária, durante a qual Beja Santos se dedicou a duas obras sobre segurança alimentar e publicidade. Porém, como ele próprio afirmou na sessão de lançamento, sentia falta de algo. Começou a escrever num blogue para colmatar esse vazio e foi aí que surgiu a ideia de nova incursão pelo romance. Criou assim “Mulher Grande”, publicada com a chancela da Temas & Debates e do Círculo de Leitores.

Farmacêuticos em rastreio da hipertensão

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) associou-se às comemorações do Dia Mundial da Hipertensão, no passado dia 17 de Maio, através de uma parceria com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão. A efeméride foi assinalada este ano em Évora, em cuja praça central decorreram nesse dia acções de medição da pressão arterial à população para rastreio da hipertensão, bem como sessões de esclarecimento e aconselhamento sobre esta doença crónica. Aulas de exercício físico e jogos, para crianças e adultos, bem como a distribuição de um pão com fibra e baixo teor de sal, concebido pela Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte, completaram o programa. As celebrações tiveram também como palco

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a câmara municipal de Évora, com uma sessão pública dedicada à hipertensão. Numa tentativa de tornar o mais abrangente possível a sua participação nas comemorações deste dia mundial e o seu contributo para o despiste e controlo da hipertensão, a OF desafiou os farmacêuticos comunitários de Lisboa e Porto a realizarem, gratuitamente, acções de medição da pressão arterial e aconselhamento dos utentes. As duas cidades foram escolhidas por terem a maior densidade populacional e também o maior número de doentes hipertensos. Em Portugal, quase metade da população sofre de hipertensão, mas apenas 39 por cento dos hipertensos são tratados e, destes, só 11 por cento estão controlados.

Preços regressam às embalagens A indicação do preço de venda ao público nas embalagens de medicamentos voltou a ser obrigatória, ao abrigo da lei nº 25/2011, de 16 de Junho. A mesma disposição legal confere aos distribuidores grossistas e às farmácias o prazo máximo de 30 e 60 dias, respectivamente, para escoarem as embalagens que não contenham preço. Com esta lei, é revogado o artigo 2º do decreto-lei nº 106-A/2010, de 1 de Outubro, que eliminava a obrigatoriedade de indicação do preço nas embalagens. Assim, a partir de 17 de Junho, data da entrada em vigor do novo diploma, o preço de venda ao público tem de estar visível na rotulagem, através de impressão, etiqueta ou carimbo. O regresso do preço às embalagens foi aprovado, por proposta do Bloco de Esquerda, em sede de comissão parlamentar de Saúde na última reunião antes da dissolução da Assembleia da República, na anterior legislatura. E depois de um amplo movimento social, traduzido nomeadamente numa petição com 150 mil assinaturas entregue ao parlamento, exigindo a reposição por preço, no entendimento de que a sua ausência das embalagens colocava problemas de transparência e cerceava o direito dos utentes à informação.


“Pharmácia” em Santa Catarina

Um novo conceito assinala a reabertura do restaurante situado na sede da ANF, em Lisboa. Renovado e com nova gestão, apresenta uma decoração inspirada no ambiente de uma farmá-

cia, com o contributo de mobiliário e outras peças do espólio do Museu da Farmácia. E, precisamente por isso, “Pharmácia” é o seu nome. Na ementa tem lugar de honra a comida tradicional portuguesa, sendo privilegiados os produtos nacionais. E o conceito é de partilha: os pratos escolhidos são partilhados por todos os elementos da mesa, dando a todos oportunidade de provar as diversas iguarias por entre dois dedos de uma conversa também partilhada. Esta inovadora “Pharmácia” está aberta de terça a domingo, das 13 à 01, com a possibilidade de reservas através do 21 3462146. Este é um espaço para o público em geral, mas onde os farmacêuticos e seus convidados se sentirão particularmente em casa.

16.ª campanha de recolha e reciclagem de radiografias Decorreu entre 14 de Junho e 5 de Julho a 16.ª campanha de recolha e reciclagem de radiografias. Dado o elevado sucesso das campanhas anteriores, foi mais uma vez solicitado o envolvimento da ANF no sentido de apoiar esta acção tão importante para a angariação

de fundos para o desenvolvimento dos projectos sociais, humanitários e ambientais da Fundação AMI. Com o apoio das farmácias, em 2010, a AMI angariou 125.551€ provenientes da reciclagem de 48.263 Kg de radiografias recolhidas.

No Museu da Farmácia em Lisboa - Exposição dos 125 anos da Coca-Cola

O Museu da Farmácia em Lisboa, em colaboração com a Coca-Cola, acolhe, até Julho, a exposição comemorativa dos 125 anos da invenção da referida bebida. A exposição apresenta, em estreia em Portugal, os recipientes originais em que foi criado o xarope de cola e um panorama dos acontecimentos mais relevantes da história da famosa bebida. A Coca-Cola foi inventada pelo farmacêutico John Pemberton e servida pela primeira vez na Farmácia Jacob’s, em Atlanta - EUA. A inauguração ocorreu dia 24 de Maio, com a presença de 300 convidados.

Atribuídos Prémios Almofariz 2010 O jovem farmacêutico Pedro Baptista, investigador do Instituto de Medicina Regenerativa da Universidade de Wake Forest, na Carolina do Norte (EUA), foi eleito Figura do Ano no âmbito dos prémios Almofariz 2010. A ele se deve a criação, pela primeira vez em laboratório, de um fígado humano. Pedro Baptista junta-se assim a personalidades como Odette Ferreira, João Cordeiro, João Silveira, José Aranda da Silva, Francisco Guerreiro Gomes, Manuela Teixeira, João Carlos de Sousa, Margarida Caramona, Rui Santos Ivo, Francisco

Batel Marques, Odete Isabel, Francisco Carvalho Guerra, Amílcar Falcão, Claudina Rodrigues-Pousada e Carlos Maurício Barbosa, distinguidos em edições anteriores. Em destaque nesta última edição esteve igualmente a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos, considerada Projecto do Ano. Como é habitual, foram também eleitos o Produto do Ano (BioActivo Slim Duo, da Pharma Nord), o Laboratório do Ano (Boehringer Ingelheim), o Produto de Dermocosmética do Ano (gama Kirege, da Prisfar) e o Medicamento Não Sujeito a Receita Médica do Ano

(Strepfen, da Reckitt Benckiser Healthcare). Estas categorias são votadas directamente pelas farmácias. Já o júri publicitário considerou o anúncio da gama Gripe da Johnson&Johnson, desenvolvido pela agência Fresh Design, como o Melhor Anúncio Profissional dirigido à Farmácia. Esta foi a 17.ª edição dos Prémios Almofariz, que distinguem o que de melhor se faz na área farmacêutica, neste caso em 2010. A cerimónia de entrega decorreu a 19 de Maio último em Lisboa.

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NOTICIÁRIO Obesidade e Controlo do Peso - Tudo o que o Farmacêutico deve Saber

NOVO CURSO A obesidade é uma doença crónica, com enorme prevalência nos países desenvolvidos, que atinge homens e mulheres de todas as etnias e idades reduzindo a sua qualidade de vida. Atenta a este fenómeno, a Escola de Pósgraduação em Saúde e Gestão (EPGSG) criou o curso “Obesidade e Controlo do Peso| Tudo o que o Farmacêutico deve Saber”, em modalidade de E-learning, a partir do curso “Obesidade”.

O curso agora disponibilizado, com duração de 25 h, contribuirá para a excelência do desempenho profissional do farmacêutico de oficina e da sua equipa, assim como para a melhor dinamização da área de Suplementos Alimentares. Para mais informações contacte a Escola de Pós-graduação em Saúde e Gestão, através do 213 400 600 ou em www.escolasaudegestao.pt

reuniões e simpósios Internacionais 71st International Congress of FIP “Compromising, Safety and Quality, a Risky Path” 02-08 de Setembro de 2011 Hyderabad - Índia Mais informações: www.fip.org/congresses

40st Symposium on Clinical Pharmacy “Clinical Pharmacy – Connecting Care and Outcomes” 19-21 de Outubro de 2011 Dublin-Irlanda Mais informações: www.escpweb.org

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formação Curso

Preço*

Associados ANF*

Data

Local

Duração

Nº CDP’s

Administração de Vacinas e Medicamentos Injectáveis **

7 e 8 Set

Porto

14h

1,4

260 €

Feridas ****

14 e 15 Set

Porto

14h

1,4

200 €

Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000

20-Set

Porto

9h

0,9

***

Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000

21-Set

Porto

9h

0,9

***

Criar Equipas Positivas

12-Set

Porto

7h

0,7

175 €

140 €

A Contabilidade e a Gestão da Farmácia

20, 21 e 22 Set

Porto

21h

2,1

330 €

264 €

27-Set

Porto

6h

0,6

125 €

100 €

23 e 24 Set

Porto

12h

188 €

150 €

29-Set

Coimbra

7h

0,7

175 €

140 €

9 Maio

Coimbra

4h

0,4

60 €

27 e 28 Set

Coimbra

14h

1,4

260 €

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

21-Set

Coimbra

6h

0,6

125 €

100 €

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

22-Set

Coimbra

6h

0,6

125 €

100 €

Alterações Metabólicas

19 e 20 Set

Coimbra

12h

188 €

150 €

Sistema Gastrointestinal

26 e 27 Set

Coimbra

12h

188 €

150 €

Zona Norte INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA

GESTÃO

PRIMEIROS SOCORROS Curso Suporte Básico de Vida com DAE FORMAÇÃO AJUDANTES Alterações Metabólicas Zona Centro FARMACOTERAPIA Doenças Autoimunes INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA Administração de Medicamentos Injectáveis ** Administração de Vacinas e Medicamentos Injectáveis ** PRIMEIROS SOCORROS

FORMAÇÃO AJUDANTES

Zona Sul e Ilhas FARMACOTERAPIA 7h

0,7

175 €

140 €

Lisboa

7h

0,7

175 €

140 €

15-Set

Abrantes

7h

a)

175 €

140 €

8 e 9 Set

Lisboa

14h

1,4

260 €

19 e 20 Set

Lisboa

14h

1,4

260 €

21-Set

Lisboa

9h

0,9

***

Administração de Medicamentos Injectáveis **

22-Set - tarde

Lisboa

4h

0,4

60 €

Administração de Medicamentos Injectáveis **

28-Set - tarde

Lisboa

4h

0,4

60 €

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

14-Set

Lisboa

6h

0,6

125 €

100 €

Curso Suporte Básico de Vida com DAE

27-Set

Lisboa

6h

0,6

125 €

100 €

21-Set

Lisboa

6h

100 €

80 €

Alzheimer e Parkinson

13-Set

Doenças Reumáticas

16-Set

Medicamentos Veterinários - Animais de Grande Porte INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA Administração de Vacinas e Medicamentos Injectáveis ** Administração de Vacinas e Medicamentos Injectáveis ** Acompanhamento de Doentes com Sifarma 2000

PRIMEIROS SOCORROS

FORMAÇÃO AJUDANTES Hipertensão Arterial e Dislipidemias

a) aguarda creditação por parte da OF. * - Aos preços indicados acresce IVA à taxa em vigor. ** - Recomenda-se a frequência no Curso de Suporte Básico de Vida com DAE. Ver calendário destas acções. *** - A participação neste curso não tem custos associados.

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ficheiro mestre

Instalação de Farmácia Farmácia Afonso de Medeiros Largo São Miguel, nº 15, 2665-314 MILHARADO Margarida Sofia de Medeiros Sant’ Ana Cifuentes Aguiar Margarida Sofia de Medeiros Sant’ Ana Cifuentes Aguiar Farmácia Alves Largo da Lapa, nº 1, 3020-242 COIMBRA Elisabete de Fátima Alves Elisabete de Fátima Alves Farmácia Arminda Silva Lugar de Manhouce 3660-144 MANHOUCE Farmácia Marques da Costa, Lda. Carlos José Coelho Marques da Costa Carla Raquel da Silva Coelho Marques da Costa Farmácia Campeã Rua de Santa Ana - Lugar da Feira 5000-071 CAMPEÃ Isabel Maria Brandão Gomes da Silva Isabel Maria Brandão Gomes da Silva Farmácia da Bajouca Marco, 3105-038 CARNIDE Farmácia Pinho, Lda. Maria Teresa Morais de Pinho Tebar Manuel Morais de Pinho Cesar Augusto Morais de Pinho Farmácia de Campos Estrada Nacional 13, nº 61 4920-008 CAMPOS VNC Correia de Sampaio Sociedade Farmacêutica Unipessoal, Lda Maria Manuel Varanda Correia de Sampaio Farmácia de Gestaçôes Rua Soeiro Pereira Gomes, nº 30 4640-169 BAIÃO Farmácia Santa Marinha, Unipessoal, Lda. Carla Mónica Martins Madeira Rocha Farmácia de Rebordelo Rua do Canelho, nº 9, 5335 - 101 REBORDELO Lígia Eduarda de Oliveira Barroso Lígia Eduarda de Oliveira Barroso Farmácia do Carriço Estrada Nacional, 109, 3105-064 CARRIÇO Farmácia Pinho, Lda. Maria Teresa Morais de Pinho Tebar Manuel Morais de Pinho Cesar Augusto Morais de Pinho Farmácia Figueiros Rua Direita, nº 32, 2550-305 FIGUEIROS Farmácia Nascimento Ferreira, Unipessoal, Lda. Emanuel do Nascimento Ferreira Farmácia Quinta da Igreja Rua Quinta da Igreja, nº 81, 4510-581 FÂNZERES Rosa Maria Sousa de Oliveira Sousa Rosa Maria Sousa de Oliveira Sousa Farmácia Rostos Rua Casal dos Loureiros, 2 A, 2500-540 LANDAL Farmácia Nascimento Ferreira, Unipessoal, Lda. Emanuel do Nascimento Ferreira Farmácia Santiago Rua Combatentes do Ultramar, nº 65 7150 - 363 RIO DE MOINHOS BRB Marta Isabel Marques Rosa Marta Isabel Marques Rosa

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Farmácia São Miguel Rua dos Estevais, nº 46 e 46 A 7885-272 PÓVOA DE SÃO MIGUEL Ana Catarina Carrilho de Brito Nobre Penedo Valente Ana Catarina Carrilho de Brito Nobre Penedo Valente Farmácia Vida Rua Vale Grande, Lote 1, Loja A, 2410-482 LEIRIA Lúcia Maria Curado Guarda Lúcia Maria Curado Guarda Transferência de Local Farmácia A Medicinal Rua Dr. Álvaro Monteiro, lote 12, R/C Esq. 3510-014 VISEU Rosa Ferreira Marques - Sociedade Unipessoal, Lda. Rosa Margarida Almeida Ferreira Marques Farmácia Albergaria Rua Virgílio Godinho, nº 1-A 2730-204 BARCARENA Farmácia Albergaria Lda. Maria Gabriela Serra Ramos de Sousa Maria Teresa Pinheiro Correia Farmácia Azevedo Rua do Padrão, nº 187, 4485-591 MODIVAS Rita Maria Orfão Antunes de Azevedo Rita Maria Orfão Antunes de Azevedo Farmácia Baptista Rei Rua D. José I, S/N, 2230-862 CARVALHAL ABT José Baptista Lopes Rei José Baptista Lopes Rei Farmácia Bragança Av. dos Bombeiros Voluntários, nº 28 5370-206 MIRANDELA Alzira Lemos, Sociedade Unipessoal Lda Alzira de Assunção Lemos Farmácia Central Av. das Forças Armadas, nº 37 e 37A 5300-430 BRAGANÇA José Pereira da Costa Ferreira José Pereira da Costa Ferreira Farmácia Central de Amora Rua Movimento das Forças Armadas, Nº 22-A 2845-380 AMORA Maria Alice Lucas Almeida Spencer Maria Alice Lucas Almeida Spencer Farmácia D. Dinis Rua Pulido Valente, Zona 8, Lote 22, Loja 2 2675-671 ODIVELAS Rita Marcos Nicolau Rita Marcos Nicolau Farmácia da Estação Av. Dr. Renato Araújo, nº 112 3700-240 SÃO JOÃO DA MADEIRA Exemplo Directo, Lda Maria da Glória Vieira da Rocha Poças Cristina Maria Rodrigues da Costa Geshealth - Consultoria e Gestão, Lda Farmácia da Tamargueira Rua das Tamargueiras, nº 5 3080 - 279 FIGUEIRA DA FOZ Cilésia Maria Torres Saraiva Cilésia Maria Torres Saraiva

Farmácia do Calendário Avenida de França, 1361, Loja 1 4760-282 VILA NOVA DE FAMALICÃO Dinis & Mesquita Saúde, Lda Maria Manuela Machado Almeida de Sousa Mesquita José Pedro Mendes Duran Guimarães Dinis Farmácia do Fórum Sintra Fórum Sintra - IC19, Loja 0.40 2635-018 RIO DE MOURO Área Farmacêutica, Lda Ana Sofia Borges Carpinteiro João Godinho da Silveira Farmácia dos Jerónimos Rua de Belém, nº 89, 1300-083 LISBOA Farmácia Bom Sucesso Lda Mariana Ortet Carmona e Silva Ana Cláudia Mourato Dinis Cardoso Felisberto Maria Luisa Ortet de Carvalho Veiga Gravlin Pedro Miguel Jesus Santos Rui Sérgio Neto Fernandes Farmácia dos Oceanos Alameda dos Oceanos Lote 3, 13.01, Loja C 1990-196 LISBOA Farmácia Arga, Unipessoal, Lda. Ana Paula dos Santos Cabral Farmácia Fonte da Moura Av. da Boavista, nº 2895, 4100-136 PORTO Farmácia Fonte da Moura - Sociedade Unipessoal, Lda. Graciela Henriques Nogueira Farmácia Ibérica Rua da Boavista, 187, 4415-551 GRIJÓ VNG José Manuel Assunção Rocha José Manuel Assunção Rocha Farmácia Laborinho Avenida Rainha Santa Isabel, 254 2445-207 PATAIAS Farmácia Laborinho, Unipessoal, Lda. Maria José S. C. Ribeiro Laborinho Farmácia Machado Avenida Central Sul, 1275, 4500-502 ESPINHO Carlos Jorge Silva Machado Carlos Jorge Silva Machado Farmácia Marisol Praceta Manuel Fevereiro, 1-F 2820-382 CHARNECA DA CAPARICA Susana Filipa Cardoso - Saúde & Conforto, Lda Fernando Manuel do Rosário Cardoso Susana Filipa Estanqueiro Nunes Cardoso Ana Catarina Paixão Rebelo Estanqueiro Nunes Cardoso Claudina Isabel da Fonseca Gonçalves Farmácia Natário R. Bombeiros Voluntários, Edifício dos CTT, Loja B 3140 - 250 MONTEMOR-O-VELHO Mil-Homens Mano, Lda António João Sales Mano Célia Regina Lopes Mil Homens Mano Farmácia Ribeirinha Rua Direita, 1ª parte nº1 9600-327 RIBEIRINHA RGR Farmácia da Ribeirinha Sociedade Unipessoal, Lda. Anabela Maria de Mendonça Soares


Farmácia Rodrigues dos Santos Rua Prof. Dr. Faria Vasconcelos, N16 R/C Dto. 6000-266 CASTELO BRANCO Farmácia Rodrigues dos Santos, Unipessoal, Lda. Adozinda Jesuina F. R. Pires Santos Farmácia Santos Monteiro Rua Dr. António José de Almeida, nº 56-A 7080-098 VENDAS NOVAS Farmácia Santos Monteiro Unipessoal, Lda. Maria Isabel R. P. dos Santos Monteiro Farmácia Santos Pinto Rua Dr. Joaquim Fontes, nº 26 2725-341 MEM MARTINS Anabela Santos Pinto Anabela Santos Pinto Farmácia São Torcato Av. São Torcato Mártir, S/N, 4800-000 GUIMARÃES Farmácia de São Torcato Unipessoal, Lda. José Jacinto Freitas Pereira Farmácia Sousa Trincão Urbanização Barro Vermelho - Rua Amélia Rey Colaço, nº 1 - A, 2200-085 ABRANTES Maria do Rosário S. F. F. S. Trincão Maria do Rosário S. F. F. S. Trincão Farmácia Teresa Bernardes Antunes Urb. Stª Apolónia - R. José Régio, nº 216 R/C 3020-107 COIMBRA Farmácia Teresa Bernardes Antunes Sociedade Unipessoal Lda. Teresa Maria M. Freitas B. B. Antunes Farmácia Viamial Rua do Amial, 731, Loja 3, 4200-062 PORTO Farmácia Nova de Monsanto, Lda Maria Clara Gomes de Oliveira Rui Pedro Neves Ferreira Teoriaglobal, Lda. Transferência provisória de Local Farmácia Baeta Rebelo Largo da Devesa, 16-A 3270-101 PEDRÓGÃO GRANDE Farmácia Baeta Rebelo, Lda. Carlos Pereira, Lda Carlos Alberto Perez Pereira Alteração à Denominação Farmácia Central de Amora Rua Movimento das Forças Armadas, nº 22-A 2845-380 AMORA Maria Alice Lucas Almeida Spencer Maria Alice Lucas Almeida Spencer Farmácia D. Dinis Rua Pulido Valente, Zona 8, Lote 22, Loja 2 2675-671 ODIVELAS Rita Marcos Nicolau Rita Marcos Nicolau Farmácia da Tamargueira Rua das Tamargueiras, nº 5 3080 - 279 FIGUEIRA DA FOZ Cilésia Maria Torres Saraiva Cilésia Maria Torres Saraiva Farmácia do Fórum Sintra Fórum Sintra - IC19, Loja 0.40 2635-018 RIO DE MOURO Área Farmacêutica, Lda Ana Sofia Borges Carpinteiro João Godinho da Silveira

Farmácia dos Jerónimos Rua de Belém, nº 89, 1300-083 LISBOA Farmácia Bom Sucesso Lda Mariana Ortet Carmona e Silva Ana Cláudia Mourato Dinis Cardoso Felisberto Maria Luisa Ortet de Carvalho Veiga Gravlin Pedro Miguel Jesus Santos Rui Sérgio Neto Fernandes Farmácia dos Oceanos Alameda dos Oceanos Lote 3, 13.01 Loja C 1990-196 LISBOA Farmácia Arga, Unipessoal, Lda. Ana Paula dos Santos Cabral Farmácia Luna Praceta Padre Vicente Rodrigues, nº 6 A e B 2695-732 SÃO JOÃO DA TALHA Farmácia Luvifarma, Sociedade Unipessoal, Lda. Júlio César Pereira Godinho Soares Farmácia Redinha Rua Bernardino Marques, 3105-324 REDINHA Maria Antonieta Vilhena Torres - Cabeça de Casal da Herança de Maria da Luz Granes Vilhena Farmácia Sepúlveda Rua Bernardino Machado, 10 7050-556 SANTIAGO DO ESCOURAL José Sepúlveda, Sociedade Unipessoal Lda. José António Beleza Sepúlveda Esteves Farmácia Viamial Rua do Amial, 731, Loja 3, 4200-062 PORTO Farmácia Nova de Monsanto, Lda Maria Clara Gomes de Oliveira Rui Pedro Neves Ferreira Teoriaglobal, Lda. Alteração à Propriedade Farmácia Almeida Avenida Carvalho Araújo, 5000-657 VILA REAL Farmácia Almeida, Unipessoal Lda Marilda de Almeida Padrão Ribeiro Farmácia Arcuense Rua Cerqueira Gomes, 16 4970-444 ARCOS DE VALDEVEZ Irmãos Araújo - Farmácia Arcuense, Lda. José Henrique Fernandes de Araújo Carlos Alberto Fernandes de Araújo Farmácia Avenida Avenida Jorge Luís Borges, 5 5160-287 TORRE DE MONCORVO Zincopac - Produtos Farmacêuticos, Lda Maria Manuela Rosa Martins Durão Maria Beatriz Gonçalves de Magalhães Pimentel Farmácia Balhau Rua da Estação, 78 3130-080 GRANJA DO ULMEIRO Pereira Coelho, Lda António Alves Coelho João Vasco Pereira Coelho Maria José Pereira Coelho Rosa Maria P. Balhau Pereira Coelho Farmácia Barreiros Faria Rua Sol Nascente, 13 2660-349 SANTO ANTÓNIO CAVALEIROS Farmácia Barreiros Faria, Unipessoal, Lda Maria Emília das Dores B. Faria

Farmácia Batista Rua Dr. Roque da Silveira, 22, 5000-630 VILA REAL Farmácia Baptista, Lda. Arnaldo Henrique Metzner Serra Sequeira Cláudia Nunes Serra Marques da Fonseca Maria Celeste Fernandes Rodrigues Farmácia Catarino Avenida 25 de Abril, 56, 2580-367 ALENQUER Farmácia Catarino, Lda Abílio Francisco Leonor Sampaio Carla Maria Figueiredo Raposo Gomes Pereira Farmácia Central Rua Conde de Avelar, 17 2460-642 SÃO MARTINHO DO PORTO Farmácia Central de São Martinho do Porto, Lda. Ana Paula de Oliveira Ferreira Vasconcelos Venceslau Maria Teresa de Oliveira Ferreira Vasconcelos Venceslau Ortelinda Vasconcelos de Oliveira Ferreira Farmácia Central Rua António Carlos Calixto, 6, 7830-336 SERPA Maria de Lurdes Bettencourt, sociedade Unipessoal Lda Maria de Lurdes Martins Varela Bettencourt Farmácia Central Rua Cons. Francisco Pires Soares, nº 10 6250-111 CARIA BMT Elsa Maria Pires Esteves Morão Elsa Maria Pires Esteves Morão Farmácia Costa Pinto Estrada das Várzeas nº 15, Loja D 2790 - 444 QUEIJAS Farmácia Costa Pinto, Lda Regina Costa Gloria Pinto Isabel Maria da Glória Pinto Luísa Maria da Glória Pinto Farmácia Crespo Santos Rua Teófilo da Trindade, 15-A, 8000-357 FARO Farmácia Crespo Santos, SA Ana Cristina Santos Rocio Maria Lucia Fernandes dos Santos Rocio Farmácia Dias Ferreira Lugar de Rio do Porto- Roussas, 213 4960-391 ROUSSAS Julia Eduarda S. C. Dias Ferreira, Unipessoal Lda Júlia Eduarda S. C. Dias Ferreira Farmácia do Magoito Rua da Farmácia, 15 2705-665 SÃO JOÃO DAS LAMPAS Massa Molecular - Investimentos Farmacêuticos, Lda Vasco Guilherme Tábuas Martins Coelho Sónia Alexandra Mendes Pereira Rodrigues Farmácia Europa Rua de Madrid, 2 R/C B, 7350-156 ELVAS Vítor & Santos, Farmácia Lda. Vítor José Reis Courinha Ricardo Paulo Gonçalves Coelho dos Santos Farmácia Faria Av. Luis de Camões - Cidade Nova, 5-D 2660-294 SANTO ANTÓNIO CAVALEIROS Farmácia Faria, Unipessoal, Lda. Armando Faria

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ficheiro mestre

Farmácia Ferraz Martins Rua do Frade, 1, 2205-355 PEGO Farmácia Ferraz Martins, Lda Jorge Gabriel Barradas Martins Maria Manuela Duarte Mesquita Ferraz Martins Farmácia Ferreira Avenida Visconde de Alverca, 45 3150-120 CONDEIXA-A-NOVA Cardoso Ferreira, Lda Margarida de Nazaré Cardoso Ferreira Ana Isabel Cardoso Ferreira Luís Abel Cardoso Ferreira Farmácia Ferreira Praça 5 de Outubro, 6, 2605-021 BELAS Farmácia Central de Belas, S.A. Hélder de Almeida Soares Manuel Henrique Ferreira da Cunha Saraiva Nuno Gonçalo de Almeida Soares Pedro José Ferreira da Cunha Saraiva Gabi Susana Moreira Luís de Brito Farmácia Ferreira Catrapeiro - Souselo, 4690-673 SOUSELO António Ricardo Triães Monteiro, Rosa Ferreira Triães Monteiro e Maria de Lurdes Triães Monteiro António Ricardo Triães Monteiro Maria de Lurdes Triães Monteiro Rosa Ferreira Triães Monteiro Farmácia Ferreira Camilo Rua António Ferreira Camilo, 25 2065-322 MANIQUE DO INTENDENTE Farmácia Ferreira Camilo Unipessoal, Lda Amaro Teófilo Ferreira Camilo Farmácia Garção Rua Amadeu R. F. Matias, Urb. N Conquinha, 2 A e B, 2560-253 TORRES VEDRAS Farmácia Garção, Unipessoal Lda José António Garção Andrade Farmácia Gonçalves Avenida São Salvador, 233, 4415-943 SEIXEZELO Costa Ribeiro & Tomás Teixeira, Lda Maria Beatriz Tomás Teixeira Maria Violante Pereira da Costa Ribeiro Farmácia Helénica Rua Elias Garcia, 372 C, 2700-338 AMADORA Farmões, Sociedade Unipessoal, Lda Joaquim Adelino Baeta Pereira Simões Farmácia Homeopática de Santa Justa Rua de Santa Justa, 6 1100-485 LISBOA De Almeida Rainha, Lda. Alexandre Pedro Silveira de Almeida Rainha Francisco Alberto Silveira de Almeida Rainha Farmácia Imperial Avenida Guerra Junqueiro, 30-B 1000-167 LISBOA Complexo Farmacêutico da Guerra Junqueiro, S.A José Maria Fabião Ribeiro Vítor Manuel Sequeira Nunes Bruno Miguel Canhoto Lourenço Florbela Oliveira Pinto José Manuel Rosado Bengala

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Farmácia Linaida Rua Ferreira Borges 42-48, 1350-133 LISBOA Farmácia da Sé, S.A. José Arnaldo Saraiva Madeira Grilo Joana Marta Coelho Tavares Madeira Grilo Rita Mafalda Coelho Tavares Madeira Grilo O Celeiro da Guarda-Nutrição e Dietética, Lda Maria João Tavares Madeira Grilo Farmácia Lusitana Avenida de Roma, 18-A, 1000-265 LISBOA Sara Maria Silva Medeiros de Almeida Gonçalves Vicente Sara Maria Silva Medeiros de Almeida Gonçalves Vicente Farmácia Melo Av. Visconde Valongo, 6270-486 SEIA Farmácia Melo de Seia, Lda Fernando Luis Miranda de Almeida Melo Maria Adriana Miranda de Almeida Melo Aidos Ana Margarida da Silva Romana Alves Farmácia Moura Rua dos Trabalhadores, 11 2140-418 VALE DE CAVALOS Cristina Neves Santo, Unipessoal Lda Cristina Paula Neves Nogueira Santo Farmácia Nabais Vicente Rua Artur Bual, nº3 A, Loja ESQ. 2675-604 ODIVELAS Micela - Sociedade Farmacêutica, Lda Carlos Joaquim Simões Farmácia Nobre Guerreiro Avenida Marcos Portugal, 20-A, 2845-545 AMORA Farmácia Nobre Guerreiro, Lda Tiago Miguel Silva Nobre Guerreiro António Nobre Guerreiro Raquel Silva Nobre Guerreiro Farmácia Queluz Avenida Dr. Miguel Bombarda, 123-A 2745-175 QUELUZ Farmácia Queluz MTC, Lda João Paulo Alves de Carvalho Nunes Luís Alexandre Alves de Carvalho Nunes Maria José da Trindade Carvalho Pedro Miguel Alves de Carvalho Nunes Farmácia Raposo Rua Ivone Silva, nº 1 2615-224 ALVERCA DO RIBATEJO Maria Teresa Sainz Raposo, Sociedade Unipessoal, Lda Maria Teresa Sainz Raposo Martinho Farmácia Rodrigues da Silva Rua Ferreira Borges, 26, 3000-179 COIMBRA Sentinelas da Vida, Unipessoal Lda Pedro Manuel Ferreira Amaro Farmácia Santa Luzia Rua Augusto Rosa, 22, 1100-059 LISBOA Maria do Rosário Ribeiro, Sociedade Unipessoal, Lda Ana Rita Valente Ribeiro Maia João Carlos Serras Maia

Farmácia São João Quinta da Carreira, Lote 29, 2765-472 ESTORIL Teresa Margarida Cordeiro Machado Teresa Margarida Cordeiro Machado Farmácia Sepúlveda Rua Bernardino Machado, 10 7050-556 SANTIAGO DO ESCOURAL José Sepúlveda, Sociedade Unipessoal Lda. José António Beleza Sepúlveda Esteves Farmácia Simões Lopes Avenida José Elias Garcia, 51, 2745-147 QUELUZ Farmácia Boal, Lda Joana de Almeida Maria Umbelina Correia Boal Farmácia Sousa Estrada de Benfica, 429-431, 1500-078 LISBOA Farmácia Sousa Mourão, S.A. Catarina Pedro Paiva de Sousa Mourão Cintra Dorinda Duarte dos Santos André Maria Teresa Pedro Paiva de Sousa Mourão Paula Pedro Paiva de Sousa Mourão Sofia Pedro Paiva de Sousa Mourão Farmácia Veiga Rua Frei Francisco Macedo, 3020-521 BOTÃO Walk On By, Lda. Hugo Manuel Vaz Afonso Domingues Mota Pedro Ricardo Marques de Sá Cunha António Cidolino Alves Baltazar Farmácia Vidais Rua Dr. João Botelho Moniz, 35, 2500-749 VIDAIS Ana Sofia Antunes Carreira, Sociedade Unipessoal Lda Ana Sofia Antunes Carreira Alteração de Morada Farmácia Central Rua Cons. Francisco Pires Soares, nº 10 6250-111 CARIA BMT Elsa Maria Pires Esteves Morão Elsa Maria Pires Esteves Morão Farmácia Gina Rua António Joaquim Rodrigues, 15 3780-011 AMOREIRA DA GÂNDARA Farmácia Gina Unipessoal Lda Gina Alice Santos T. Melo S. Almeida Farmácia Luna Praceta Padre Vicente Rodrigues, nº 6 A e B 2695-732 SÃO JOÃO DA TALHA Farmácia Luvifarma, Sociedade Unipessoal, Lda. Júlio César Pereira Godinho Soares Farmácia Medeiros Praça Costa Rêgo, 130, 3240-315 AVELAR Maria Alice Abreu Figueiredo Medeiros Maria Alice Abreu Figueiredo Medeiros Desvinculação de Farmácia Farmácia de Alvorninha Rua Central, 10, 2500-334 ALVORNINHA Maria José Pereira Belo Silva Perdigão Maria José Pereira Belo Silva Perdigão


CARTOON

Eduardo Perestrelo de Oliveira Faleceu em Junho o nosso cartoonista, amigo desta revista, Eduardo Perestrelo de Oliveira. Esta amizade era fruto de uma longa colaboração que teve início em 1986 com a publicação do 1.º cartoon, que aqui se reproduz. Podemos contar várias dezenas de cartoons que espelham os aspectos humorísticos da nossa actividade farmacêutica, que nos levaram por vezes a reunir com ele, em noites de grande galhofa, para se inspirar nos desenhos. Recordando a maneira de ser e o entusiasmo profissional do autor, transcrevemos uma parte de um texto da sua autoria (publicado na integra na revista Farmácia Portuguesa N.º 164):

1938 – 2011

“No fundo a essência de uma boa piada de um cartoon reside na sua simplicidade, estimulando o sentido de humor do leitor, nunca esquecendo que o conceito que orienta a sua compreensão é a de “pão, pão, queijo, queijo!”. Nada de entrelinhas! O que não tem a ver com alguma subtileza, o que é substancialmente diferente.”

(…)

“Sabes tu, inteligente leitor, que neste torrãozinho de açúcar mascavado, a derreter-se na espuma da sua vocação atlântica e que dá pelo portuguesíssimo nome de Portugal, tem vindo a se impor como prática corrente a moda de ler certos contextos não tanto pelo seu conteúdo em letra de forma, mas pelo que se antevê que o seu autor tenha deixado nas entrelinhas.”

(…)

“Saberás tu, leitor assíduo, como se dividem as orações das entrelinhas? Adivinharás acaso, qual a pontuação que marca o ritmo e os espaços desta leitura virtual, para não falar da extensão subjectiva do pensamento do autor? Só uma elite entre os eleitos, poderá interpretar este espaço neo-literário, de carácter pós-moderno, que à semelhança das receitas para cozinhar bacalhau, poderá acolher as mais variadas interpretações e sublimes conceitos, consoante os interesses de altos especialistas cujas divagações subliminares acabaram por ceder à acção do tempo que, inexoravelmente as irá lançar para o fundo verde camarário de um caixote de lixo. São como o buraco no centro de um “donut”. Quando se como o bolo, desaparece o orifício.”

Farmácia portuguesa

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DESTA VARANDA

Olhar em frente Portugal tem uma dívida gigantesca para pagar e uma economia em recessão. Estes factores, entre outros, criaram nos portugueses uma ansiedade generalizada. A primeira obrigação de qualquer Governo é, por isso, a de combater este estado de espírito e devolver aos portugueses um clima de confiança que lhes permita serem mais optimistas em relação ao futuro. A dívida tem de ser paga. Por muito que nos custe, temos de honrar os nossos compromissos. Por isso mesmo, não vale a pena olhar para trás. O pior que podemos fazer pelo País e por nós próprios é olhar apenas para o passado, carpir as mágoas e entrar em depressão. O passado só pode servir-nos, neste momento, para aprendermos com os erros e fazermos melhor daqui em diante. Os sacrifícios são inevitáveis. Todos vamos suportá-los. Mas, é preciso que sejam distribuídos com equilíbrio. Na saúde, o bode expiatório de todas as crises financeiras têm sido os medicamentos. Serviços inúteis, unidades mal geridas, desorganização, pessoal excedentário, desperdício, instrumentalização da saúde, etc., etc. têm sido vícios que passaram incólumes de Governo para Governo, durante décadas, enquanto os cidadãos iam vendo agravadas as suas dificuldades de acesso aos medicamentos. A vítima principal e quase exclusiva tem sido a despesa com medicamentos em ambulatório, isto é, os medicamentos dispensados aos cidadãos nas farmácias. Ora, estes medicamentos pesam apenas 15% na despesa total do Ministério da Saúde. Por isso, como sempre temos dito e a realidade tem comprovado, as reduções sucessivas do preço dos medica-

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mentos ocorridas entre 2005 e 2010 não resolveram o problema da despesa da saúde. Pelo contrário, na medida em que desviaram a atenção dos principais problemas, as despesas da saúde continuaram a crescer até níveis incomportáveis. As despesas da saúde têm de ser atacadas com coragem, mas na sua verdadeira origem e na sua globalidade. No ambulatório, os objectivos da redução da despesa pública definidos pela Troika foram ultrapassados no primeiro semestre de 2011. Com efeito, por comparação com o primeiro semestre de 2010, a despesa pública com medicamentos em ambulatório reduziu 25%! É preciso que o Governo reconheça esta realidade e que se concentre agora na redução do consumo hospitalar de medicamentos e, de uma forma mais vasta, na gestão global dos serviços públicos de saúde, particularmente os hospitais. Todos têm de contribuir para que se atinjam os compromissos assumidos com a Troika. O consumo hospitalar de medicamentos precisa de ser controlado. Esse consumo cresceu nos últimos 5 anos a uma taxa média anual superior a 10%, enquanto o consumo nas farmácias cresceu nesse mesmo período a uma taxa média anual de 1,8%. É importante ter presente que a despesa pública com medicamentos em hospitais se deve situar actualmente num valor superior a mil milhões de euros. Acresce que os hospitais têm orçamentos anuais de dezenas de milhões de euros, só comparáveis aos orçamentos das maiores empresas do País, mas continuam a ter enormes deficiências de gestão e de reporte de informação. Há uma permanente dificuldade em conhecer a estrutura de custos dos

hospitais e os números divulgados variam constantemente. O desperdício em saúde, como já foi evidenciado nos estudos que se fizeram sobre a matéria, é de grande dimensão e tem também de ser combatido. É possível prestar melhores cuidados de saúde com os recursos actualmente disponíveis. Para tal é preciso gerir muito melhor os meios ao nosso alcance. Por outro lado, é preciso devolver um clima de confiança às relações entre o Governo e o sector privado. Para que as entidades internacionais confiem em nós é preciso que antes disso os portugueses confiem uns nos outros. Gerir numa atitude de desconfiança em relação ao sector privado contribuiu muito para chegarmos à situação difícil em que nos encontramos. A degradação da situação económica e financeira do sector de farmácias é muito preocupante. É um fenómeno recente, de uma enorme gravidade, porque as farmácias são responsáveis pelo acesso da população aos medicamentos. Mas, não estão paradas a contemplar as desgraças e têm sido proactivas na procura de soluções. Todos temos obrigação de fazer mais e melhor pelo País. As farmácias cumprirão essa obrigação, apesar das enormes dificuldades económicas e financeiras em que o sector está mergulhado. Mas, é preciso que todos cumpram, à procura de um futuro melhor. Se todos quisermos, seremos capazes de o construir.

João Cordeiro


Farmรกcia portuguesa

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