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Disfunção erétil e colesterol elevado: relação e tratamento

A prevalência de disfunção erétil (DE) em pacientes cardiopatas é conhecidamente maior que na população geral. De maneira importante a DE é um marcador de doença cardiovascular. Na verdade os conhecidos fatores de risco, que representam mais de 90% dos casos de DE, são exatamente os mesmos para ambas as condições. Desta maneira cerca de 64% dos homens com DE tem pelo menos uma comorbidade associada, tais como: diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol elevado, resistência a insulina ou obesidade. O conjunto de tais condições é denominada de síndrome metabólica, considerada a mais importante ameaça a saúde pública do século 21. O fato de que as artérias do pênis são menores em calibre que as artérias coronarianas aumentam a possibilidade de uma pessoa se queixar inicialmente de disfunção erétil e posteriormente apresentar também doença arterial coronária (DAC). Os sintomas da DE vão surgir de três a cinco anos antes da DAC se tornar clinicamente evidente.

COLESTEROL ELEVADO OU HIPERCOLESTEROLEMIA O colesterol elevado conhecido como hipercolesterolemia é caracterizada pelo aumento na concentração de um ou mais componentes lipídicos presentes no sangue. Está intimamente relacionada ao processo de aterosclerose, doença progressiva caracterizada pelo acúmulo de lipídios e componente fibroso em grandes artérias. A DE é encontrada com frequência em pacientes com doença aterosclerótica avançada e que apresentam alterações dos lipídios plasmáticos como aumento do LDL colesterol e diminuição do HDL colesterol. A associação entre hiperlipidemia e DE é atribuída ao dano da hipercolesterolemia sobre o relaxamento dependente do endotélio em células do músculo liso do corpo cavernoso, sendo que o tratamento com drogas redutoras do colesterol, como as estatinas, tem se associado com melhora da função endotelial. ENDOTÉLIO E DISFUNÇÃO ERÉTIL LIGADO A HIPERCOLESTEROLEMIA A Disfunção Erétil é uma doença vascular. À exceção de DE induzida por fármaco e das causadas por doenças neuropsiquiátricas, todas as demais causas de DE envolvem presença de endotélio disfuncional, que sempre está presente no tecido arterial afetado pela aterosclerose. Como a hipercolesterolemia está frequentemente associada com prejuízo ao relaxamento dependente do endotélio (diminuindo o relaxamento do pênis no processo de ereção), redução na produção do óxido nítrico pode ser uma explicação para o desenvolvimento de DE em homens com hipercolesterolemia, tendo ainda implicações no manejo de pacientes com risco de doença cardíaca.

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MELHOR CAMINHO O exercício físico aumenta o fluxo sanguíneo pulsátil. A pressão que o sangue exerce sobre a parede vascular é estímulo poderoso para a geração de óxido nítrico (NO) em nosso sistema vascular. Assim, um dos efeitos benéficos do exercício físico regular está intimamente relacionado à maior produção de NO e/ou sua maior biodisponibilidade. Redução nos níveis de lipídios séricos poderia ser considerada como uma abordagem terapêutica potencial para melhorar a função erétil peniana.

DR. MÁRCIO DE CARVALHO

CRM/PR 12020 | RQE 6499 | Urologia

CURRÍCULO

• Titulado em Urologia pela Universidade Pierre e Marie Curie (Paris VI) e em Andrologia pela

Universidade de Paris XI – Faculdade de Medicina Paris-Sud – França; • Professor de Urologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM); • Mestre pela Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP; • Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Secção Paraná; • Coordenador do Departamento de Disfunções Sexuais Masculinas da Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual (ABEMSS).

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