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Brasil constrói sua
BRASIL CONSTRÓI SUA 1ª CIDADE 100% INTELIGENTE
ECOPARK. TRATA-SE DA PRIMEIRA CIDADE 100% INTELIGENTE E SUSTENTÁVEL A SER CONSTRUÍDA NO BRASIL, COM APOIO DAS COMPANHIAS ITALIANAS PLANETA IDEA E SOCIALFARE E DA STARTAU, NOME DO CENTRO DE EMPREENDEDORISMO DA UNIVERSIDADE DE TEL AVIV, EM ISRAEL.
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texto pÂMela silVa | fotos MARKUS SPISKE YUM
O empreendimento está sendo erguido no Ceará e deve se tornar referência para Ela está chegando e já tem até nome: Croatá Laguna outros municípios do Brasil, assim que for inaugurado (ainda em 2017, segundo prometem os envolvidos no projeto).
Em sua primeira fase, a cidade contará com espaço residencial para 150 casas, além de um porto (que até 2025 deve ser o segundo maior do Brasil) e áreas destinadas ao lazer, comércio, serviços públicos e indústria.
Entre outros benefícios, o empreendimento terá:
• corredores verdes ao longo de toda a cidade; • ciclovias de ponta a ponta do município; • aproveitamento de águas pluviais; • coleta inteligente de resíduos; • produção de energia solar e eólica; • praças com equipamentos esportivos que geram energia por meio dos movimentos dos cidadãos; • monitoramento da qualidade do ar e da água; • Redes inteligentes de eletricidade e água; • iluminação pública inteligente; • aplicativos para serviços de mobilidade compartilhada - como carros, motos e bikes; • hortas compartilhadas espalhadas por toda a cidade; • infraestrutura digital com wi-fi grátis para todos os moradores.
Croatá Laguna EcoPark
Incentivar a chegada de novos empreendimentos em São Gonçalo do Amarante também é um compromisso do Governo Municipal. Entre as instalações, está a primeira cidade inteligente inclusiva do mundo, a Smart City Laguna, no distrito de Croatá.
E MAIS!
A população poderá saber tudo o que acontece na cidade, em tempo real, por meio de aplicativo, que funciona como uma espécie de painel de controle do Croatá Laguna EcoPark. Quem aí já quer começar a fazer as malas para mudar para o local? Uma casa por lá custará cerca de R$ 24.300, segundo os idealizadores, que podem ser pagos em até 120 vezes, exatamente para serem uma alternativa à população de baixa renda. Já pensou se todas as cidades do Brasil fossem reformuladas de acordo com o modelo?
Como fazer puff de pneus com baú
Para você fazer a sua reciclagem de pneus e transformar o seu em um puff lindo, vamos ensinar a seguir um passo a passo de como fazer puff de pneus. E o melhor de tudo é que, seguindo nosso tutorial, você vai ter um puff de pneus baú, assim você poderá usar o interior dele para guardar suas coisas.
MATERIAIS NECESSÁRIOS
1 pneu velho
Chapa de MDF de 6mm a 9 mm
4 pés palito com chapa/base para fixar
22 parafusos
12 arruelas
6 porcas
Tecidos
Manta acrílica
Fibra siliconada
Velcro
Tesoura
Furadeira
Parafusadeira
Grampeador de tapeceiro
Mini serra ou lixadeira PASSO A PASSO DE COMO FAZER O PUFF COM BAÚ
1. Meça a parte de cima do pneu;
2. Faça dois círculos com essa medida na chapa de
MDF e corte-os;
3. Marque o meio de um dos círculos de MDF e faça um X sobre ele;
4. Parafuse os pés sobre esse X;
5. Coloque o MDF sobre o pneu e faça seis furos ao redor dele, furando também o pneu; 6. Coloque nesses furos parafusos com arruela;
7. Na parte de dentro, feche com arruelas e porcas;
8. Enrole a manta ao redor do pneu;
9. Encape a manta com uma tira de tecido, prendendo-o ao MDF na parte debaixo e ao pneu na parte de cima com o grampeador;
10. Coloque o outro tecido abaixo do outro círculo de
MDF e corte um círculo um pouco maior;
11. Coloque a fibra siliconada sobre o MDF, o círculo de tecido sobre ela e prenda-o na parte debaixo com o grampeador;
12. Serre ou lixe os parafusos que ficaram salientes na parte de dentro do puff e use velcro no tampo e no pneu.
Como fazer COMPOSTAGEM doméstica passo a passo
Muitas pessoas se perguntam como fazer compostagem. E não é à toa, afinal, esse método permite reciclar os resíduos orgânicos e transformá-los em um adubo de alta qualidade para as plantas. Com apenas alguns minutos no dia a dia, é possível manter uma composteira e diminuir significativamente os resíduos orgânicos na natureza. Para isso, saiba como fazer compostagem passo a passo logo abaixo.
COMO FAZER COMPOSTAGEM COM MINHOCAS 3. MONTE A COMPOSTEIRA
Existem dois métodos de como fazer uma composteira, sendo com ou sem minhocas. No primeiro modelo, é possível ter a composteira em casas, apartamentos e outros locais, e o processo de compostagem é acelerado pelas minhocas. Saiba como fazê-lo.
1. LEVANTE OS ITENS NECESSÁRIOS
Para produzir uma composteira como essa, você vai precisar dos seguintes materiais:
3 caixas plásticas escuras, sendo uma com tampa;
Resíduos orgânicos- cascas de frutas, verduras egumes, etc;
Folhas secas ou serragem;
100 minhocas próprias para fazer compostagem. 1. Pegue a primeira caixa (com tampa) e coloque os materiais. Comece a camada inicial com as folhas secas e a serragem, que vão fazer a drenagem dos líquidos;
2. Em seguida, insira as minhocas e a terra em cima da camada inicial, distribuindo uniformemente.
Agora é hora de colocar os resíduos orgânicos. Você pode adicioná-los em um canto da caixa acima da camada de terra;
3. Para evitar maus odores e facilitar o processo de compostagem, cubra os materiais orgânicos com mais uma camada de folhas secas ou serragem.
Depois, é só adicionar os materiais orgânicos diariamente e cobri-los;
2. PERSONALIZE CAIXAS PARA A COMPOSTEIRA
O segundo passo de como montar uma composteira é fazer algumas adaptações nas caixas. A tampa da primeira caixa deve receber alguns pequenos furos para a ventilação de ar. 4. Após 30 dias ou quando a caixa um estiver cheia, esta deve ser trocada de lugar com a caixa dois, que terá parte do adubo orgânico produzido em três meses. Desse modo, o processo recomeça. Esse adubo pode ser adicionado aos vasos de planta para fortalecê-las e favorecer seu crescimento.
• Além disso, o fundo das caixas um e dois devem ter alguns furos, para que os resíduos possam ser transpassados de uma caixa para a outra. Faça também alguns furos nas laterais para facilitar a ventilação.
• Lembrando que: a última caixa não deve ser furada, já que ela vai abrigar o chorume produzido pela compostagem- líquido fertilizante para ser diluído em água e regar as plantas. Nela, você poderá inserir uma torneira para facilirar a coleta desse líquido.
Bonito sim, e importante pra vida
por Elke Schuch Borges | ILUSTRAÇÃO TIDE HELLMEISTER E
u sempre gostei de escrever.
Sempre fui meio romântica nesse lance de juntar as palavras e dar a elas um certo sentido. Dois livros que eu lia, aos sonhos que sonhava para o futuro.
Lembro-me de uma das primeiras vezes em que participei de um programa de rádio. Na ocasião, os entrevistados éramos nós, calouros da turma de Comunicação Social de 94. Quando a pergunta “por que vocês escolheram o jornalismo?” foi lançada ao centro da mesa, todos que estavam ali, de alguma forma quiseram participar. Integrando aquela mesa de madeira com vários microfones, na minha vez, respondi sem hesitar: “por que acho bonito e importante pra vida”. Confesso que não lembro direito quem era o apresentador, mas lembro da resposta dele para o meu comentário “é...um Jornalismo romântico”. O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico que surgiu na Europa. que durou por grande parte do século xix. Tinha uma visão de mundo contrária ao racionalismo. Mesmo sem tentar ser muito histórico, acho que o apresentador sugeria que eu estava enxergando aquela profissão que começava a se descortinar pra mim, de uma forma idealista ou poética. Vindo de alguém com experiência, é bem compreensível. Hoje, posso dizer que tenho experiência e que ainda sou assim. Mesmo a experiência não me fez perder esse tom idealista romântico. Não é fácil, admito. No cotidiano, nos deparamos com doses cavalares de realismo que é difícil pensar diferente. Basta prestar um pouco
de atenção nas principais notícias que recebemos neste início de ano. Às vezes, para quem escreve e tenta enxergar o lado bom de todas as coisas, há algumas lacunas de inspiração. A gente precisa recobrar o fôlego diante de tantas notícias ruins, e continuar acreditando, nutrindo a esperança. Quando falo e escrevo sobre simplicidade, por exemplo. É claro que busco despertar nas pessoas um olhar para dentro de si. A partir de situações e coisas que observo e outras que eu vivo, procuro abordar atitudes e posicionametos que simplificam a vida, tornando-a mais leve e melhor de viver. Seria esta a função de um jornalista, contribuir por tornar a vida mais palatável, ou ele precisa estar posicionado sempre diante de fatos de difícil digestão? Acho que as duas coisas. Manter-se firme na missão de informar, mas também, inspirado na missão de relembrar ao ser humano qual é a sua essência. Sou feliz com minha profissão, apesar das pautas sem planejamento, da necessidade constante de polivalência e multifunções (o que até é positivo), da desproporção trabalho x resultados. Isso é indiscutível quando, do outro lado da balança a gente encontra valores como aprendizado diário, não à rotina, criatividade e o frescor da vida acontecendo bem diante dos seus olhos. Se aquele apresentador me perguntasse de novo por que escolhi o Jornalismo, o que você acha que eu diria? Novamente, e novamente, romanticamente sem hesitar, eu diria: “porque acho bonito e importante pra vida.
Elke Schuch Borges @elkejornalista
CHRISTIAN ULLMANN
AFINAL, EXISTE DESIGN SUSTENTÁVEL?
Professor de design para sustentabilidade e inovação social, o argentino radicado no Brasil Christian Ullmann desmitifica a economia circular, questiona a formação dos designers e os provoca a repensarem seu papel na construção de um mundo mais verde
por Winnie Bastian
Microrrevolucionário. Crítico elíptico. Maker pré-digital.” A maneira como Christian Ullmann se define em seu LinkedIn dá uma idéia de sua personalidade. Inquieto e provocador, tem se dedicado ao design socioambiental desde 1996 e atualmente leciona no Istituto Europeo di Design (iedBrasil), onde também é coordenador do Centro de Inovação, além de atuar em sociedade com Tania de Paula no escritório iT Projetos. Nesta entrevista, ele fala sobre o papel do design e dos profissionais da área na busca pela sustentabilidade. “As coisas têm de mudar, e nós estamos no meio disso. A Ellen MacArthur Foundation escolheu os designers como agentes de mudanças, ao lado dos gestores públicos”, ressalta.
O que é sustentabilidade para você?
Como vê a relação entre design e sustentabilidade hoje?
Uma vontade, um objetivo a alcançar como designer e minha maior motivação para acordar todos os dias. Há 4 bilhões de anos a natureza evolui e otimiza seu modelo. E nós negamos essa referência e fazemos tudo errado, inclusive colaborando com a sua destruição.
Ela já acontece, porém não estamos olhando para o que é necessário. Por exemplo: em Heliópolis [comunidade na zona sul de São Paulo] há uma gestão da pandemia da Covid-19 bem melhor do que em muitos bairros nobres da cidade. Aí tem design estratégico, tem projeto, tem construção de alternativas. Com muito pouco, eles conseguem olhar para a comunidade, entender suas diferenças, se comunicar, construir pontes e resolver. E nós? Sequer conhecemos o vizinho. Organizamos nosso dia a dia e nossa vida de um ponto de vista individual, não coletivo. Ampliando a escala, as empresas pensam no seu negócio e não consideram os possíveis impactos ambientais e sociais negativos. Por vezes nos comparamos com as realizações da Europa. Esta comparação está correta? É justa? Ah, eles reciclam 70% das embalagens e nós, apenas 5%. Mas nosso problema vai além de investir em tecnologia de reciclagem.
É aí que entra a economia circular?
Você mencionou o fato de nos compararmos com a Europa. Como pensar soluções alternativas deste lado do mundo?
Sim, mas tem de ficar claro que a economia circular não existe: assim como a sustentabilidade, ela é um desejo – à exceção, a meu ver, da produção agroflorestal, que de forma orgânica e cíclica aproveita todo recurso natural disponível. A Ellen MacArthur Foundation, formuladora desse conceito, se descreve como instituição que promove a aceleração da transição da economia linear para a circular. Em tese, a economia circular segue três princípios: eliminar o conceito de lixo, manter os materiais no ciclo produtivo, regenerar o ecossistema natural. Quem faz isso? Ninguém. Cadê a eliminação do lixo? Não basta reduzir 10%. E o ciclo contínuo do material? Há 40 anos, as garrafas de cerveja retornáveis funcionavam bem porque eram todas iguais e tinham um custo. Agora, cada marca adota um modelo.
Estamos atrasados em algumas coisas e não valorizamos os casos em que poderíamos reivindicar um pouco de vanguarda. Um exemplo: devido à realidade socioeconômica, projetos com design social do Brasil sempre foram referência. No início dos anos 2000, Tania, eu e tantos outros colegas viajamos pelo país para trabalhar com comunidades. Isso tornou-se senso comum, mas, na época, a academia não aceitava e o mercado só recebia bem se o produto parecesse industrializado. Muitas vezes é preciso romper com esses padrões de perfeição. Morando em Brasília, visitei um marceneiro que executava uma cadeira para mim e, de cara, vi que os pés estavam todos diferentes, cada um com uma altura. Discuti com ele, mas me diga: que piso de sala no Brasil é nivelado o suficiente para exigir quatro pés iguais? Precisamos adotar uma visão sistêmica, levando em conta três esferas concêntricas: do indivíduo, do negócio e do planeta. Quando penso no meu umbigo, cobro exatidão do marceneiro; quando penso no negócio, aceito uma variável do mercado; mas quando conecto como ecossistema, entram em jogo questões sociais, ambientais e de desenvolvimento local. O rigor europeu não se aplica aqui, e, se consideramos os processos produtivos industriais disponíveis, a precisão gera muito descarte.
Como parar de repetir o que não está funcionando?
“ESTAMOS AGINDO A mídia e o público em geral podem expandir seu olhar, abrir um novo espaço para esse design, que normalmente não dá capa de revista, mas vem ganhando escala e novos mercados. E ainda é bom, melhora, ajuda, ERRADO HÁ QUANTO TEMPO? UMA HORA constrói e questiona. Por que não tirar proveito disso? VEM A CONTA
Como você percebe a indústria nesse contexto?
Novamente, há três pontos de vista: o individual, o do negócio e o do ecossistema. No livro Design for the Real World [Design para o Mundo Real, em tradução livre, Editora Thames & Hudson, 394 págs.], Victor Papanek já abordava essa questão em 1971. Na introdução, o arquiteto e designer Richard Buckminster Fuller conta que, em algum lugar dos Estados Unidos, observava vagões de trem entrando numa fábrica de aviões com centenas de chapas de alumínio e outros tantos saindo com elas sem o miolo. Isso porque a indústria utilizava apenas o núcleo, parte mais homogênea e com a melhor distribuição de cargas. Ele já se preocupava com o aproveitamento de material. Em sala de aula, questiono alunas e alunos: muito bem, você criou essa peça, agora pense na relação entre a matéria-prima original e o produto pronto. O rendimento nunca alcança 50%. Esta pergunta os obriga a imaginar novas estratégias.
Qual o papel das escolas de design nesse caminho?
O mundo acadêmico sempre tratou com carinho o tema do respeito ambiental. Mas a forma de ensinar também deve mudar para que cheguemos a um lugar diferente. Nós, designers, sabemos lidar com máquinas, não com pessoas. Nossa formação é técnica, não humanista. Sempre pergunto a alunas e alunos: qual a primeira coisa que precisamos fazer antes de criar uma cadeira de madeira? A resposta é plantar uma árvore – se você não planta, não tem matéria-prima e não tem cadeira. Eles ficam pasmos: como assim? Tenho que me preocupar com isso? Sim, alguém deve se preocupar.
Como você avalia a questão do ciclo de vida dos produtos? Como melhorar?
Importa pensar na segunda vida deles, depois do descarte, e, se possível, na terceira, quarta e quinta vidas. Um exemplo bom, fabricado por uma empresa brasileira, é a Muzzicycles, única bicicleta do mundo cujo quadro emprega 100% de plástico reciclado. Outra iniciativa muito bem-sucedida nisso, a holandesa Precious Plastic, propõe soluções para lidar como lixo plástico por meio da reciclagem. Eles desenvolveram maquinário e passaram a fornecer ferramentas e a ensinar técnicas para que as pessoas iniciem um negócio e ganhem dinheiro reciclando e transformando a matéria-prima gerada em produtos, além de disponibilizar pontos de coleta, espaços de trabalho equipados e plataformas virtuais.
Como você avalia a questão do ciclo de vida dos produtos? Como melhorar?
Importa pensar na segunda vida deles, depois do descarte, e, se possível, na terceira, quarta e quinta vidas. Um exemplo bom, fabricado por uma empresa brasileira, é a Muzzicycles, única bicicleta do mundo cujo quadro emprega 100% de plástico reciclado. Outra iniciativa muito bem-sucedida nisso, a holandesa Precious Plastic, propõe soluções para lidar como lixo plástico por meio da reciclagem. Eles desenvolveram maquinário e passaram a fornecer ferramentas e a ensinar técnicas para que as pessoas iniciem um negócio e ganhem dinheiro reciclando e transformando a matéria-prima gerada em produtos, além de disponibilizar pontos de coleta, espaços de trabalho equipados e plataformas virtuais.
Qual sua opinião sobre conceito de lixo zero?
Acho muitíssimo importante e urgente. Tanto que o What Design Can Do [organização internacional que defende o design e a criatividade como instrumentos para promover mudanças sociais] e a Ikea Foundation estão promovendo o No Waste Challenge, e convocam designers do mundo todo a propor soluções inovadoras que reduzam o lixo. Mas zerar de fato o resíduo na fabricação de um produto ainda é um desafio. Dois anos atrás, a empresa yvy Reciclagem procurou o cried [Centro de Inovação ied Brasil] buscando um projeto que unisse empreendedorismo e design circular. Eles atendiam a enel [distribuidora de energia elétrica de São Paulo e mais três estados] e recolhiam todos os postes que ela trocava na capital paulista. Assim surgiu o labmob, uma ação com alunas, alunos, ex-alunos e profissionais para desenhar mobiliário com esse material. O problema é que todos acabavam raciocinando a partir de processos convencionais e gerando resíduo. Decidi, então, trabalhar em uma alternativa mais sustentável e circular possível desde a fase de planejamento, e surgiu o banco Pino: 100% upcycling e zero waste. Isso quer dizer que não comprei matéria-prima nenhuma, todas as peças usadas pertencem ao sistema do poste – cruzetas, parafusos, barras rosqueadas, argolas e porcas quadradas, até os mesmos furos que já existiam nelas. Essa iniciativa e interesses comuns me aproximaram da marcenaria compartilhada Fabriko e montamos uma collab: Fernando Iasz Marcenaria, Fabriko e eu criamos e produzimos enquanto o Refúgio Design, um marketplace de jovens designers, comercializa. O que aprendemos com isso? Que para fazer este tipo de design não podemos olhar só para o nosso umbigo, precisamos inventar ecossistemas com novos modelos de negócios. Costumo dizer: mude para mudar. Uma frase simples, mas ao lê-la duas ou três vezes percebemos a dificuldade de modificar nosso comportamento para que as coisas realmente se transformem.
PRÊMIO DESIGN SUSTENTÁVEL PROMOVE VISIBILIDADE
LANÇADO NA EDIÇÃO DE 2016 DA FEMUR, O PRÊMIO “DESIGN SUSTENTÁVEL” É REALIZADO PELO INTERSID, EM PARCERIA COM A SIMBIOSE AMBIENTAL, A UEMG E SENAI.
texto NATALIA CONCENTINO | fotos teRZA sANtos
prêmio “Design SustenO tável” busca incentivar atitudes e projetos que diminuam o impacto ambiental causado pela indústria moveleira. Sucesso desde a sua primeira realização, a premiação do próximo ano vem com novas regras que prometem movimentar a disputa pelo troféu em 2022. Agora, os projetos vão ser desenvolvidos por grupos de estudantes da área de design, e cada empresa pôde inscrever até três projetos, sendo que um deles vai ser adaptado. Os grupos de estudantes vão receber certificados de participação e premiações em dinheiro que podem chegar a até 1200 reais. Já as empresas faturam os troféus e projetos sustentáveis. Quem vem colecionando pódios, não deixa de participar. Esse é o caso da Itatiaia, gigante da indústria moveleira, que foi a primeira vencedora do prêmio, e segunda colocada nas duas últimas edições. Os produtos desenvolvidos para participar do prêmio foram o maior sucesso, e aumentaram ainda mais a visitação nos estandes da empresa durante a feira “o prêmio gera muita visibilidade, é um ótimo diferencial, é muito importante estar participando. Sempre nos questionam sobre os produtos nos estandes. É muito gratificante, como empresa e como setor de desenvolvimento, ver um produto ser tão comentado”, conta Evandro Pinheiro, diretor de projetos da marca. A Cozinha Dandara, primeira vencedora da premiação em 2016, esteve no catálogo de vendas até este ano. Já o armário Smart, segundo colocado em 2018, é sucesso de vendas até hoje e um dos queridinhos do público jovem. Já a cozinha Gourmet G3 é o carro chefe da linha de madeiras, sendo um dos maiores sucessos de vendas da marca. Mas não são apenas as gigantes que conseguem um impulso extra com o prêmio. Na edição de 2020 a vencedora foi exatamente uma estreante. A Montanha Móveis lançou o Buffet Maloca e atraiu a atenção do público e dos jurados logo em sua estreia. O projeto é do diretor da empresa, Lucas Montanha, que tirou do papel o seu trabalho de tcce conquistou o troféu. O móvel que foi produzido com madeira de reflorestamento e retalhos de chapas de mdf, gerou economia de recursos, reaproveitamento de materiais, além de apresentar diversas funcionalidades como prateleiras, uma adega e compartimento interno que pode ser convertido em mesa de centro. O conceito aumentou em muito a visibilidade da empresa “é um produto em que a ideia é inovadora, mas que não é possível produzir em escala. Tem um valor mais agregado e
tem uma história, e até hoje está em linha. Muitas pessoas foram ao estande querendo saber mais sobre, e com ele geramos muitas vendas, dele e de outros produtos”, conta Lucas Montanha. A empresa, que atua em todo o sudeste e vem expandindo para o nordeste e centro-oeste, estava apenas em sua segunda participação na feira, e viu no prêmio a oportunidade de se destacar entre as gigantes do ramo “A femur fez muita diferença no faturamento e na visibilidade da empresa. A feira é muito visitada, ajuda bastante no desempenho do negócio ”, comenta Lucas. E mesmo quem não vence, colhe ótimos frutos com a premiação. Esse é o caso da Suprema Estofados, que faturou o terceiro lugar no prêmio em 2020. A cadeira Levi utilizou diversos materiais reciclados, e foi uma releitura de outro projeto, desenvolvido em ferro e acrílico: “Colocamos os componentes mais sustentáveis. Utilizamos corda náutica reciclada e recouro, que é o couro reutilizado, além do ferro mecânico reciclado, que é a sobra de ferro da indústria de solda”, conta Saulo Meireles, designer. A cadeira Levi, que significa “ligadura”, é feita totalmente com materiais reaproveitados, e gerou uma visibilidade surpreendente para a marca “a partir da premiação, o mercado passou a perceber a Suprema também como criadora de tendências, atraindo a atenção para nossos produtos diferenciados”, ressalta Saulo.
O Prêmio Design Sustentável apresenta diversos benefícios, tanto para as empresas quanto para os estudantes de design que fazem parte dos projetos. As empresas ganham notoriedade e prêmios, enquanto os alunos ganham experiência.
foto by Alexandre Costa
Para o diretor da Suprema Estofados, Saulo Meireles, a busca por um produto diferenciado é sua principal motivação. Ele diz que se diverte desenvolvendo móveis e que faz isso por paixão “sou movido a desafios”, ele afirma. Para Saulo, o novo formato onde estudantes vão alterar os projetos com iniciativas sustentáveis tem tudo para dar certo pois, além de promover novos profissionais do design, mais pessoas pensando sobre o assunto sempre pode aumentar o nível da competição: “várias cabeças pensam melhor do que uma. Nossa ideia é que, nessa edição, a gente consiga melhorar nossa colocação, garantindo pelo menos o segundo lugar”. A Itatiaia também está inscrita, e espera continuar no pódio esse ano “estamos sempre procurando inovar, sempre atentos à sustentabilidade, efetuando pesquisas no mercado para entender melhor o que os clientes desejam e para nos manter competitivos, adaptando aos anseios dos clientes”, afirma Evandro Pinheiro, diretor de projetos. Já a atual campeã não quer perder o posto. A Montanha Móveis disse que ainda não definiu o modelo, mas que vão trazer um Home (rack com painel) para a disputa “somos especialistas em móveis de alto padrão, para a disputa desse ano vamos aliar a qualidade dos nossos produtos, com a durabilidade e sustentabilidade em todo nosso processo de produção”, finaliza Lucas Montanha. A Femur 2022 já confirmou sua realização presencial, e o lançamento da feira vai acontecer em um café da manhã no dia 18 de novembro. Já no dia seguinte, 19 de novembro, vai ser realizada uma live com o diretor do intersind, e realizador da feira, Aureo Barbosa. Para participar da feira é muito importante que expositores e visitantes estejam em dia com a vacinação contra a covid-19. Vacine-se e não fique de fora do maior evento moveleiro do estado de Minas Gerais.
PROJETO NA ROCINHA FABRICA SKATES USANDO TAMPINHAS PLÁSTICAS
INICIATIVA DÁ NOVO USO PARA MATERIAL QUE SERIA DESCARTADO.
texto MARCIA SOUZA| fotos MoRItZ MeNtGes
riar uma solução local para C a gestão de resíduos é um dos grandes propósitos de um projeto em desenvolvimento na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. A iniciativa, batizada de Na Laje Designs, começou reaproveitando tampinhas plásticas para a produção de skates. Ali mesmo, dentro da comunidade, são recolhidas as tampinhas. O material provém de moradores, pescadores e de projetos sociais. Feito à mão, cada skate leva 1,5 kg de tampinhas plásticas em sua composição, o que equivale a cerca de 500 unidades. Além dos resíduos plásticos, a fabricação dos skates também se dá localmente. Para isso, é utilizado um triturador, forno de pizza industrial, prensa mecânica e um molde. O processo consiste basicamente em coletar o “lixo”, limpar, separar, triturar, derreter e transformar em produto. Já o eixo e as rodas são comprados no mercado de produção de skates convencionais. Cada skate leva duas horas para ficar pronto, suporta até 115 kg e é vendido por R$ 480 com as rodas ou R$ 260 sem as rodas. Tendo começado com o skate, a ideia é desenvolver outras peças no futuro. Mais do que isso: reciclar outros materiais, além do plástico, como metal e vidro. Está nos planos também reutilizar redes de pesca. Para além da reciclagem em si, criar um “centro de educação, inovação e oportunidades para lidar com esta crise de gestão de resíduos” é o maior objetivo, segundo o engenheiro mecânico canadense, Arian Rayegani, idealizador do projeto. Rayegani afirma que hoje a Rocinha, com uma população estimada de 150 a 200 mil habitantes, produz 230 toneladas de resíduos por dia.
Para um país que recicla apenas 1,28% do plástico que produz, as chances de resíduos recicláveis terem um destino inadequado – como aterros sanitários – são enormes. Em entrevista à imprensa, o canadense afirmou que o projeto, que teve início em abril de 2021, já evitou que 700 quilos de tampinhas fossem descartados. O “Na Laje Designs” também atua em sintonia com outras iniciativas locais. São elas: Salvemos São Conrado, Vivendo Um Sonho Surf, Horta na Favela e Família na Mesa. Saindo dos limites da cidade maravilhosa, o projeto chamou a atenção da prefeitura de João Pessoa, que solicitou a Rayegani a elaboração de um projeto de reciclagem de plástico. Entre as possibilidades, está a produção de skates em parceria com a secretaria de Juventude, Esporte e Recreação e a produção de bancos de praças a partir de plástico reciclado. Em ambos os casos, o projeto deve envolver as associações de coleta seletiva apoiadas pela gestão. “Nosso objetivo é ampliar a consciência ambiental das pessoas sobre o consumo e o descarte de plástico”, afirmou Ricardo Veloso, superintendente da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (emlur) de João Pessoa.
Ali mesmo, dentro da comunidade, são recolhidas as tampinhas. O material provém de moradores, pescadores e de projetos sociais. Feito à mão, cada skate leva 1,5 kg de tampinhas plásticas em sua composição, o que equivale a cerca de 500 unidades. Além dos resíduos plásticos, a fabricação dos skates também se dá localmente. Para isso, é utilizado um triturador, forno de pizza industrial, prensa mecânica e um molde. O processo consiste basicamente em coletar o “lixo”, limpar, separar, triturar, derreter e transformar em produto. Já o eixo e as rodas são comprados no mercado de produção de skates convencionais. Cada skate leva duas horas para ficar pronto, suporta até 115 kg e é vendido por R$ 480 com as rodas ou R$ 260 sem as rodas.
foto by Moritz Mentges
O projeto Na Laje Designs viabiliza a reciclagem do plástico, promovendo um novo uso para esse material que, muitas vezes, apresentam um descarte incorreto.
foto by KrizJonh R.
Tendo começado com o skate, a ideia é desenvolver outras peças no futuro. Mais do que isso: reciclar outros materiais, além do plástico, como metal e vidro. Está nos planos também reutilizar redes de pesca. Para além da reciclagem em si, criar um “centro de educação, inovação e oportunidades para lidar com esta crise de gestão de resíduos” é o maior objetivo, segundo o engenheiro mecânico canadense, Arian Rayegani, idealizador do projeto. Rayegani afirma que hoje a Rocinha, com uma população estimada de 150 a 200 mil habitantes, produz 230 toneladas de resíduos por dia. Para um país que recicla apenas 1,28% do plástico que produz, as chances de resíduos recicláveis terem um destino inadequado – como aterros sanitários – são enormes. Em entrevista à imprensa, o canadense afirmou que o projeto, que teve início em abril de 2021, já evitou que 700 quilos de tampinhas fossem descartados. O “Na Laje Designs” também atua em sintonia com outras iniciativas locais. São elas: Salvemos São Conrado, Vivendo Um Sonho Surf, Horta na Favela e Família na Mesa. Saindo dos limites da cidade maravilhosa, o projeto chamou a atenção da prefeitura de João Pessoa, que solicitou a Rayegani a elaboração de um projeto de reciclagem de plástico.
Entre as possibilidades, está a produção de skates em parceria com a secretaria de Juventude, Esporte e Recreação e a produção de bancos de praças a partir de plástico reciclado. Em ambos os casos, o projeto deve envolver as associações de coleta seletiva apoiadas pela gestão. “Nosso objetivo é ampliar a consciência ambiental das pessoas sobre o consumo e o descarte de plástico”, afirmou Ricardo Veloso, superintendente da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (emlur) de João Pessoa. Ali mesmo, dentro da comunidade, são recolhidas as tampinhas. O material provém de moradores, pescadores e de projetos sociais. Feito à mão, cada skate leva 1,5 kg de tampinhas plásticas em sua composição, o que equivale a cerca de 500 unidades. Além dos resíduos plásticos, a fabricação dos skates também se dá localmente. Para isso, é utilizado um triturador, forno de pizza industrial, prensa mecânica e um molde. O processo consiste basicamente em coletar o “lixo”, limpar, separar, triturar, derreter e transformar em produto. Já o eixo e as rodas são comprados no mercado de produção de skates convencionais. Cada skate leva duas horas para ficar pronto, suporta até 115 kg e é vendido por R$ 480 com as rodas ou R$ 260 sem as rodas. Tendo começado com o skate, a ideia é desenvolver outras peças no futuro. Mais do que isso: reciclar outros materiais, além do plástico, como metal e vidro.
WALL-E (2008)
Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta. WALL-E é o último destes robôs, e sua vida consiste em compactar o lixo existente no planeta. Até que um dia surge repentinamente uma nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, WALL-E se apaixona e resolve segui-la por toda a galáxia.
Serviço de streaming:
Disney Plus
Moda & sustentabilidade: Design para mudança (2012)
Edição Português por Kate Fletcher (Autor), Grose Lynda (Autor)
Kindle
R$ 58,41
Capa Comum
R$ 116,00
Sustentabilidade no design de interiores (2012)
Sustentabilidade no design de interiores apresenta de forma prática os fundamentos do projeto sustentável e diretrizes para a escolha de materiais, sistemas energéticos e hidráulicos e métodos construtivos sustentáveis. Amplamente ilustrado, Sustentabilidade no design de interiores destina-se a estudantes e profissionais de design de interiores e a todos que são comprometidos com a incorporação de princípios ecorresponsáveis no desenvolvimento de projetos.
Amazon:
A partir de R$ 227,00
Abstract: The art of design (2017)- NETFLIX
Conheça o trabalho desafiador e visionário de alguns dos designers mais importantes e criativos da atualidade. São profissionais que, da arquitetura à fotografia, criam tendências que vão muito além de facilitar o dia-a-dia das pessoas. É olhando para o futuro que eles moldam o mundo e inspiram a vida de todos.
Serviço de streaming:
Netflix
DESIGN SUSTENTÁVEL: O QUE É E ABORDAGENS
O DESIGN SUTENTÁVEL É RESULTADO DA UNIÃO DO DESIGN SOCIAL COM O ECODESIGN.
texto JULIA AZEVEDO fotos NAtHALIA RosA
pesar de muitas pessoas A confundirem design sustentável e ecodesign, essas são áreas diferentes. O design sustentável pode ser entendido como um conjunto de ferramentas, conceitos e estratégias que buscam desenvolver produtos, serviços e soluções para gerar uma sociedade mais sustentável. Já o ecodesign é uma dessas ferramentas de gestão ambiental e é centrado na fase de concepção dos produtos e de seus respectivos processos de produção, distribuição e utilização. Isso significa que o conceito de design sustentável é mais abrangente que o de ecodesign, porque considera também preocupações sociais e econômicas ligadas a um item. O principal objetivo do design sustentável é desenvolver produtos e serviços que sejam economicamente viáveis, ecologicamente corretos e socialmente equitativos. Portanto, o ecodesign é uma etapa necessária para o design sustentável. Quando aplicado em sua completude, o design sustentável utiliza os conceitos do ecodesign automaticamente. Ao ampliar o foco para essa tríade de dimensões, o design sustentável também procura dar atenção para as pessoas influenciadas por todas as etapas do processo produtivo, isto é, do planejamento e fabricação ao descarte de itens. Além disso, o design sustentável pretende satisfazer as necessidades humanas básicas de toda a sociedade, atendendo principalmente a comunidades menos favorecidas. O design sustentável propõe uma visão holística de todos os elementos envolvidos no processo produtivo de um serviço ou produto, oferecendo um maior compromisso com a sustentabilidade ambiental e social. Assim, é mantido também um cuidado em uma gama infinitamente maior de fatores, como a forma como o produto é pensado, projetado e criado; sua embalagem; o transporte; a venda; a forma com que ele chega na casa do consumidor; e como será a forma e meio em que será realizada a reciclagem, descarte ou até mesmo a reutilização do produto, tentando reduzir ao máximo o número de resíduos gerados. O grande mérito dessa vertente mais ampla é a preocupação com quem faz parte de todos os processos de criação, transporte e a venda do produto: as pessoas. Afinal, são elas que têm influência sobre o rumo de toda a cadeia produtiva.
Atualmente, qualquer empresa que não esteja disposta a implantar ou discutir aspectos sustentáveis no seu processo de produção tem grande chance de perder espaço no mercado, já que a sociedade tem se conscientizado cada vez mais sobre a importância de iniciativas que não agridam o meio ambiente. Muitas empresas já tiveram suas imagens danificadas por participarem de produções que envolviam questões prejudiciais à natureza, como a emissão de grande quantidade de poluentes ou o uso de madeira não legalizada para o comércio. Dessa maneira, o design sustentável impacta diretamente na imagem da empresa. Além disso, é possível utilizar o conceito a favor dos negócios, uma vez que existe uma preocupação crescente com a questão ambiental e de sustentabilidade. Vale ressaltar que o consumidor também tem um papel fundamental na escolha de produtos que priorizem o design sustentável. O principal objetivo do design sustentável é desenvolver produtos e serviços que sejam economicamente viáveis, ecologicamente corretos e socialmente equitativos. Portanto, o ecodesign é uma etapa necessária para o design sustentável. Quando aplicado em sua completude, o design sustentável utiliza os conceitos do ecodesign automaticamente. Ao ampliar o foco para essa tríade de dimensões, o design sustentável também procura dar atenção para as pessoas influenciadas por todas as etapas do processo produtivo, isto é, do planejamento e fabricação ao descarte de itens. Além disso, o design sustentável pretende satisfazer as necessidades humanas básicas de toda a sociedade, atendendo principalmente a comunidades menos favorecidas. O design sustentável propõe uma visão holística de todos os elementos envolvidos no processo produtivo de um serviço ou produto, oferecendo um maior compromisso com a sustentabilidade ambiental e social. Assim, é mantido também um cuidado em uma gama infinitamente maior de fatores, como a forma como o produto é pensado, projetado e criado; sua embalagem; o transporte; a venda; a forma com que ele chega na casa do consumidor; e como será a forma e meio em que será realizada a reciclagem, descarte ou até mesmo a reutilização do produto, tentando reduzir ao máximo o número de resíduos gerados. O grande mérito dessa vertente mais ampla é a preocupação com quem faz parte de todos os processos de criação, transporte e a venda do produto: as pessoas. Afinal, são elas que têm influência sobre o rumo de toda a cadeia produtiva.
foto by Toa Heftiba
É importante compreender que design sustentável e ecodesign são coisas diferentes. O primeiro é o conjunto de ferramentas; o outro é uma dessas ferramentas.
foto by Kelly Sikkema
Atualmente, qualquer empresa que não esteja disposta a implantar ou discutir aspectos sustentáveis no seu processo de produção tem grande chance de perder espaço no mercado, já que a sociedade tem se conscientizado cada vez mais sobre a importância de iniciativas que não agridam o meio ambiente. Muitas empresas já tiveram suas imagens danificadas por participarem de produções que envolviam questões prejudiciais à natureza, como a emissão de grande quantidade de poluentes ou o uso de madeira não legalizada para o comércio. Dessa maneira, o design sustentável impacta diretamente na imagem da empresa. Além disso, é possível utilizar o conceito a favor dos negócios, uma vez que existe uma preocupação crescente com a questão ambiental e de sustentabilidade. Vale ressaltar que o consumidor também tem um papel fundamental na escolha de produtos que priorizem o design sustentável. O principal objetivo do design sustentável é desenvolver produtos e serviços que sejam economicamente viáveis, ecologicamente corretos e socialmente equitativos. Portanto, o ecodesign é uma etapa necessária para o design sustentável. Quando aplicado em sua completude, o design sustentável utiliza os conceitos do ecodesign automaticamente. Ao ampliar o foco para essa tríade de dimensões, o design sustentável também procura dar atenção para as pessoas influenciadas por todas as etapas do processo produtivo, isto é, do planejamento e fabricação ao descarte de itens. Além disso, o design sustentável pretende satisfazer as necessidades humanas básicas de toda a sociedade, atendendo principalmente a comunidades menos favorecidas. O design sustentável propõe uma visão holística de todos os elementos envolvidos no processo produtivo de um serviço ou produto, oferecendo um maior compromisso com a sustentabilidade ambiental e social. Assim, é mantido também um cuidado em uma gama infinitamente maior de fatores, como a forma como o produto é pensado, projetado e criado; sua embalagem; o transporte; a venda; a forma com que ele chega na casa do consumidor; e como será a forma e meio em que será realizada a reciclagem, descarte ou até mesmo a reutilização do produto, tentando reduzir ao máximo o número de resíduos gerados.
O lado científico do marketing
porCora Rónai | ILUSTRAÇÃO SAUL STEINBERG S entadas em cadeiras encantadas na parede de um conjunto de escritórios colaborativos, duas mulheres jovens, vestidas coms o despojamento de cariocas típicas, esperavam o momento de serem chamadas para um teste. Elas haviam respondido a um anúncio encontrado na internet, receberiam um pequeno cachê e estavam curiosas a respeito do que precisariam fazer.
Não era nada muito difícil. mas era, com certeza, bem diferente de qualquer outra coisa que já tivessem feito. Numa salinha adjacente , elas seriam apresentadas a meia dúzia de diferentes cremes hidratantes, todos em potes iguais, e marcariam numa tela, as notas que atribuiriam a cada um deles. Sensores conectados ao seu rosto e um discreto leitor de pupilas, instalado no monitor registrariam, enquanto isso, a intensidade das suas reações a cada um dos produtos. AS DUAS MOÇAS, junto com outras setenta igualmente recrutadas, estavam participando de uma análise de neuromarketing, um campo novo do marketing que se propões a estudar, de forma científica, as reações e o comportamento do consumidor. Registrando as reações neurológicas das pessoas a produtos e peças publicitárias, ele pretende ir bem além das pesquisas tradicionais que se baseiam em simples perguntas e respostas. Ele surgiu da constatação de que muitos fatores externos atrapalham o resultado das pesquisas clássicas, em que cultura e percepções de mercado frequentemente se impõem entre o que as pessoas sentem e as respostas que dão, e vem crescendo à medida em que, cada vez mais, os consumidores reagem melhor a “experiências” do que a anúncios. É um aliado fundamental da propaganda, já que um de seus objetivos é eliminar os pontos de irritação do público diante de anúncios. Quem me levou ao teste das moças e me explicou o que é neuromarketing foi Billy Nascimento, professor de Neurociência do Consumo da espm.Billy, que é doutor em neurofisiologia, fundou aqui no Rio, junto com o colega de pós-graduação Ana Souza, uma empresa chamada Forebrain, que nasceu na
incubadora da Coppe-EJ e hoje trabalha para a indústria de produtos de consumo e para agências de publicidade. Ele me contou que a forma como as marcas estão se relacionando com as pessoas está mudando muito rápido, e que nós mesmos nem sempre nos damos conta do que nos estimula, e como esse estímulo acontece. - Nós temos um pacto com a mídia tradicional. Nós aceitamos que a determinados intervalos de tempo, a nossa programação da TV vai ser interrompida por comerciais. Mas qual é o nosso pacto com o YouTube, por exemplo, ou com o conteúdo da internet em geral? O neuromarketing busca entender essas novas frentes, e tudo o que cerca a nossa relação com os produtos. Para Billy, um case clássico de “experiência” é o Red Bull, energético que conseguiu se transformar no lado palpável de um estilo de vida radical. A moeda da experiência é a emoção - mas como mapear a emoção? Aí está a explicação para os sensores conectados às moças que iam testar hidratantes: eles estavam registrando os seus batimentos cardíacos, expressões faciais, dilatamento das pupilas. - Apenas 5% do que acontece no cérebro é percebido de forma consciente- observa Billy- O resto é emoção. Quando uma embalagem de suco de fruta fala dos fazendeiros que colhem as frutas, por exemplo, ou do que é ser italiano, está tentando chegar a esse campo misterioso. O neuromarketing tem as ferramentas para determinar se a estratégia vai funcionar. Perguntei a Billy o quanto as vendas de produtos aumentam quando embalagens e publicidade são analisadas por empresas como a sua. - Ah, nós daríamos tudo para saber, mas este segredo os fabricantes guardam a sete chaves. Nós temos a confirmação de que as análises funcionam na prática através de um fato simples: os clientes voltam.
Cora Tausz Rónai é uma jornalista, escritora e fotógrafa brasileira.
ilustrado por: JuaN Gatti
METAVERSO EM TRANSFORMÇÃO
NOVAS EXPERIÊNCIAS VIRTUAIS IMERSIVAS ESTÃO TRANSFORMANDO A RELAÇÃO DOS CONSUMIDORES COM MARCAS HAUTE COUTURE
texto JULIA STORCH | fotos NIC CHIRo
Nova York, Londres, Milão, Paris e, em 2022, o universo virtual. As mais prestigiadas grifes de roupa do mundo agora desfilam suas criações também no metaverso, o novo destino “it” da moda. Um dos marcos recentes dessa empreitada foi o Metaverse Fashion Week, da plataforma de realidade virtual Decentraland, um mundo virtual aberto que funciona no blockchain de Ethereum, que aconteceu no fim de março. A maior semana de moda totalmente digital até o momento reuniu consagradas grifes, como Tommy Hilfiger, Dolce & Gabbana e Elie Saab, e nativas digitais, como The Fabricant, Auroboros e DressX. Com mais de 60 marcas, artistas e designers participantes, o evento trouxe, ao longo de quatro dias, diversos desfiles, palestras, pós-festas, ativações imersivas e lojas pop-up, com as grifes exibindo looks digitais em avatares nas passarelas virtuais. Mais de 108.000 usuários únicos, também na sua versão avatar, estiveram presentes para conferir as coleções e fazer compras com suas criptomoedas. “O mais interessante na mvfw é a grande adesão de marcas muito amplas e com uma participação expressiva no mercado tradicional a um varejo digital, numa nova dinâmica. Os consumidores puderam comprar peças exclusivas para os seus avatares, e também itens físicos, adquiridos dentro do metaverso e entregues presencialmente”, destaca Carol Garcia, professora do curso de design de moda da Belas Artes. O evento veio na esteira de uma série de incursões da indústria da moda ao metaverso, especialmente nos últimos dois anos, e um maior interesse pelos non-fungible tokens (nfts). Os tokens não fungíveis, na tradução em português, são uma espécie de certificado de autenticidade e propriedade de bens digitais, baseado em blockchain, permitindo que os artigos virtuais se tornem únicos. Nesse período, a Balenciaga, por exemplo, criou um jogo exclusivamente para apresentar sua coleção e, na sequência, fechou uma parceria com o Fortnite, game online que é fenômeno global, para vender roupas (ou skins) para os personagens dentro da plataforma. Outras marcas conceituadas, como Louis Vuitton, Gucci, Burberry e Prada, também foram por esse caminho vestindo digitalmente personagens de videogames.
Esse cenário tem influenciado também as semanas de moda tradicionais, que estão adicionando elementos imersivos ou de realidade aumentada à experiência da passarela. Um exemplo é a estreia de uma linha de prêt-à-porter puramente digital da inovadora Auroboros na London Fashion Week deste ano. Outro caso, na Semana de Moda de Nova York, foi a apresentação da coleção de wearables digitais de Jonathan Simkhai na plataforma Second Life, um dia antes das versões físicas, em um desfile com 11 looks do designer reimaginados virtualmente para o metaverso. Além das roupas, entre os convidados vip estavam modelos, influenciadores, celebridades e jornalistas especializados — todos com seus avatares personalizados vestindo peças de Simkhai Entre os designers que se apresentaram está o carioca Lucas Leão, que desde 2018 produz peças com intervenções digitais, como estampas e avatares, filmes em 3D e realidade aumentada. Em abril do ano passado, o estilista lançou uma coleção de peças digitais e com realidade aumentada no marketplace Shop2gether. Ao comprar os looks, como uma jaqueta puffer e um vestido, o cliente enviava uma foto para que os looks digitais fossem manipulados ao seu gosto na imagem. Em outubro do ano passado, Leão realizou um desfile com realidade aumentada. Munidos de celulares com o aplicativo Snapchat, os convidados puderam visualizar a coleção simultaneamente nos formatos físico e digital. Através da tela, roupas, acessórios e a cenografia da passarela apareciam digitais com o uso de um filtro. Pesquisador de tendências do universo digital, a cada ano Leão traz um novo conceito para suas apresentações. “Para este ano, quero que haja trocas entre o espectador e a peça física, com interação com sensores, por exemplo, para que as pessoas possam sentir frio ou calor”, comenta. Saindo do nicho de luxo, a moda digital também chegou às fast fashions. No final de março, a Renner apresentou sua coleção de outono/inverno com novos recursos possíveis pela tecnologia. Em vez de uma passarela tradicional, as peças desfilavam sem corpos através dos óculos de realidade aumentada. Porém, as roupas foram comercializadas no formato físico. Para Fernando Hage Soares, coordenador do curso de moda da Faap, a digitalização das semanas de moda, que antes eram eventos exclusivos para jornalistas e compradores, agora se tornou uma oportunidade de contato direto com os consumidores finais da marca.
foto by Oladimeji Odu
O metaverso na moda gera diversas discussões: seria esse o futuro da moda? Isso significa que ele torna a moda mais acessível?
foto by Hoxane XUX
Desfile de Jonathan
Simkhai na plataforma Second Life, dentro do metaverso.
Pesquisador de tendências do universo digital, a cada ano Leão traz um novo conceito para suas apresentações. “Para este ano, quero que haja trocas entre o espectador e a peça física, com interação com sensores, por exemplo, para que as pessoas possam sentir frio ou calor”, comenta. Saindo do nicho de luxo, a moda digital também chegou às fast fashions. No final de março, a Renner apresentou sua coleção de outono/inverno com novos recursos possíveis pela tecnologia. Em vez de uma passarela tradicional, as peças desfilavam sem corpos através dos óculos de realidade aumentada. Porém, as roupas foram comercializadas no formato físico. Para Fernando Hage Soares, coordenador do curso de moda da Faap, a digitalização das semanas de moda, que antes eram eventos exclusivos para jornalistas e compradores, agora se tornou uma oportunidade de contato direto com os consumidores finais da marca. Além da Renner, a marca de calcinhas absorventes Pantys entrou no mercado de NFTs ao lançar 33 tokens. As peças, que no mundo físico têm um uso específico, ganharam um valor simbólico no universo digital. A cada transação feita, com valor a partir de 0,015 eth, a empresa se comprometeu a doar uma peça para mulheres em situação de vulnerabilidade social logo contando com o incrremento bilateral de roupas
Se a tendência continuar, será que, no futuro, a moda será mais feita de pixels do que de tecido? Ninguém sabe ao certo. À medida que esse espaço emergente vai sendo explorado, as marcas estão descobrindo o que funciona ou não. O que o mercado fashion já sabe é que há muitas oportunidades na mesa para correr o risco de ficar para trás. Além de trazer diversas possibilidades para entregar experiências completamente diferentes ao consumidor, esse universo abre um novo horizonte de negócios. Esse movimento demonstra o lugar que o universo digital já ocupa em nossa cultura atual, inclusive na moda. “O aumento da ‘vida digital’ vem acontecendo em nossa sociedade desde que os smartphones se popularizaram. E, com a pandemia, fomos ainda mais impulsionados a criar uma presença digital”, observa Soares.
A ideia de um mundo virtual em 3D que simula a vida real, com interações entre avatares, não é exatamente nova — em 2003, o Second Life já fazia isso. Mas não existia uma economia digital em que marcas pudessem ganhar dinheiro com o recurso. Hoje, isso é possível. Porém, para o designer Lucas Leão, o metaverso vai muito além das roupas digitais que as marcas vêm lançando. “Atualmente as grifes vendem o metaverso como um mundo particular, que não é tão recente assim se você pensar que o Second Life e o The Sims já desempenhavam esse papel há 20 anos”, diz. “Precisamos olhar para essa interação do físico com o digital, em vez do digital exclusivamente.” Criadora do brifw, Olivia Merquior concorda com Lucas Leão. “Faz sentido o mercado de luxo testar todas essas plataformas, que contam com altos investimentos e rendas. Mas não acredito que isso será o futuro da moda, e sim um dos exemplos possíveis para o futuro da indústria”, finaliza.
Se olharmos de modo mais superficial, o metaverso é a 'personificação' de um mundo ideal, mas se analisarmos do ponto de vista da sustentabilidade no mundo da moda virtual, muitas preocupações começam a surgir.
Você conhece os termos “Moda Sustentável”, “Moda Consciente”, Slow Fashion e Fast Fashion”? Tais termos têm se popularizado no Brasil, com cada vez mais pessoas repensando seus hábitos de consumo. Mas qual a diferença entre eles? Como a moda afeta o meio ambiente e o nosso modelo de consumo Brasil? Saberemos neste artigo sobre modelos de produção Slow Fashion e Fast Fashion! Quem foram os trabalhadores por trás da produção daquele item? Será que a remuneração deles é justa? Tais questionamentos podem nos ajudar a compreender o impacto do nosso consumo na sociedade.
SLOW FASHION E FAST FASHION: O QUE ISSO QUER DIZER?
Para além dos termos “moda sustentável” e “moda consciente”, há dois outros conceitos importantes que relacionam esse mercado com o meio ambiente: fast fashion e slow fashion.
Moda sustentável busca entender o processo de produção das peças, desde a extração de matéria-prima até a venda nas lojas, de modo a reduzir impactos causados no meio ambiente. De outra forma, a moda consciente busca compreender o padrão de compra dos consumidores, a consciência de compra, em uma dialética de produção e consumo. São as pessoas que conscientemente buscam por uma moda que é produzida de maneira sustentável. Vamos fazer um exercício de refletir sobre o seu consumo: Por que você fez aquela última compra? Era um item que você precisava?
O QUE É FAST FASHION?
“Fast Fashion significa moda rápida, é o termo utilizado para designar a renovação constante das peças comercializadas no varejo de moda.” (sebrae, 2015)
O QUE É SLOW FASHION?
Por outro lado, slow fashion foi um termo adotado em 2004, em Londres, pela escritora da revista Georgia Straight,
Angela Murrills, inspirado pelo conceito de “slow food” originado na Itália. O termo indica a busca por alternativas mais conscientes e sustentáveis para o consumo de roupas. Assim, ao passo que a fast fashion tem como objetivo a moda globalizada, refletindo na alta rotatividade das peças, na antecipação das vendas e na renovação constante das lojas, a slow fashion busca a produção local, a sustentabilidade das peças, a reutilização de peças antigas e o ciclo de vida maior. “Um produto, uma peça de roupa[…] torna-se um produto real, uma peça de roupa real apenas quando usada, desgastada, consumida. Através do uso, ela se desintegra e se nega. Isso estimula mais produção. O consumo cria a necessidade de nova produção” (modefica, 2019)
O VALOR DAS ROUPAS X REMUNERAÇÃO DOS TRABALHADORES
Vocês sabiam que muitas empresas utilizam da mão de obra precarizada para reduzir o investimento na produção e lucrar? É o que afirma o conceito de “Mais-Valia“: Em poucas palavras, seria a disparidade entre remuneração do trabalhador em relação ao valor/tempo gasto na produção de um item. Mas o que isso tem a ver com moda? Uma das críticas que o modelo fast fashion recebe é no sentido da desvalorização das trabalhadoras costureiras. “O emprego de mão de obra precarizada ou escrava é outro grande problema relacionado ao fast fashion. Grandes fabricantes já foram flagradas utilizando contratações ilegais, jornadas de trabalho superiores a 16 horas, condições degradantes e pagamentos ínfimos.” (digitale textil, 2020). Isso porque, no processo de produção, a encomenda chega até você apenas em um clique – e isso pode fazer com que você nem pense realmente por quais estágios aquele produto passou até chegar ao seu destino. Assim, quando algumas lojas fazem sucesso no segmento da moda com o barateamento excessivo das peças – situação comum ao modelo fast fashion – há duas variáveis que entram nesse debate: baixo custo de uso e trabalhos análogos à escravidão. Como explica Barbara Poerner, bacharel em Moda e redatora da página Elas Disseram, Sabiam que dez países asiáticos (Bangladesh, Camboja, China, Índia, Indonésia, Mianmar, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka e Vietnã) somam 75% da força de trabalho da rede produtiva da moda no mundo? (onu e oit). São 65 milhões de pessoas, em maioria (80%) mulheres, trabalhando dia após dia para produzirem um tantão de roupas que pasmem… a gente nem precisa. E muitas com preços bem
foto by Tyler Nix
A indústria têxtil é uma das quatro indústrias que mais consomem recursos naturais, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Por isso, a procura por opções de consumo sustentável de roupas é cada vez maior.
foto by Dominik Kielba
baixos: em 2016, Bangladesh era o segundo fornecedor mais barato de roupas para a União Europeia entre dez países competidores. (elas disseram, 2020, Barbara Poerner)
Contudo, vale destacar que o barateamento das peças não significa necessariamente que existe trabalho análogo à escravidão naquela produção.
ALTA ROTATIVIDADE E OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
Outra crítica relacionada ao modelo fast fashion está na questão de alta rotatividade e obsolescência programada, por trazerem problemáticas para nosso meio ambiente, principalmente com a escassez dos nossos recursos naturais. Afinal, o que acontece com as peças que descartamos? Ainda que “jogadas fora” pelo consumidor, essas peças terminam em algum lugar.
O Pacto Municipal Tripartite Contra a Fraude e a Precarização acompanhou 20 marcas da indústria têxtil que já usaram trabalho escravo na produção. Isso porque, no contexto global, os nossos hábitos de consumo são incentivados pelo capitalismo. Dessa forma, nesse sentimento de precisarmos seguir as tendências, esquecemos da dinâmica de produção dos produtos e muitas vezes compramos coisas que nem precisamos.
Como explica Harvey (2009), teórico que fala sobre produção e capitalismo:
O fetichismo e o consumismo tomam conta do processo de trocas comerciais, onde a propaganda e a comercialização acabam por reduzir os vestígios de construção e produção das verdadeiras imagens do que é consumido. (harvey, 2009). Ou seja, o consumo estreita as trocas comerciais e traz harmonia às fases do ciclo produtivo. E assim, esquecemos de quais condições e contextos as mercadorias passaram até chegar nas nossas mãos.
O SEGMENTO DA MODA AFETA O MEIO AMBIENTE?
Nesse sentido, as críticas da moda rápida trazem o questionamento sobre a produção e a poluição gerada pelo descarte de peças. Além do barateamento da mão de obra, estudos demonstram que o meio ambiente também é afetado com o excesso das peças produzidas. A pesquisa disponibilizada pela fundação Ellen MacArthur Foundantion, afirma que a indústria da moda é segunda indústria mais poluente do mundo.
Além disso, conforme o movimento “Menos 1 Lixo”, todos os anos, a indústria têxtil utiliza 93 trilhões de litros de água, perdendo apenas para a agropecuária, maior
responsável pelo desperdício e poluição das águas doces do mundo. Segundo o Fashion Revolution, consumimos uma média de 10 mil litros de água para fabricar uma calça jeans e 8 mil para um par de sapatos. Além disso, poucas são as empresas que usam tecidos sustentáveis e eco-friendly (amigável ao meio ambiente), seja pela demora de produção e custeamento – no Brasil, menos de 1% do algodão produzido é orgânico (ou seja, cultivado sem o uso de agroquímicos e corantes tóxicos). Dessa forma, o crescimento do consumo sustentável depende da conscientização da sociedade acerca da importância dos recursos naturais, a qual é formada através de projetos voltados para a formação de “consumidores cidadãos”. (santos. a. p. l; fernandes. d.s; 2012)
O BRECHÓ COMO UMA OPÇÃO DA MODA SLOW FASHION
Pode-se afirmar que existem possibilidades pessoais de mudanças para que a moda seja mais sustentável. Baseado nas práticas individuais, algumas pessoas estão procurando formas de reduzir o impacto de seu consumo no mundo com alternativas como brechós. O brechó se popularizou no século xix, no Rio de Janeiro, fundada por um comerciante português chamado Belchior. Atualmente, é muito comum no Instagram vermos as lojas mostrando o processo de curadoria, envio e garimpo, e muitas pessoas aderiram a essa alternativa. Segundo dados da Agência Brasil, “A abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão teve um crescimento de 48,58%, entre os primeiros semestres de 2020 e 2021, de acordo com levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal.” O que nos leva a crer que a pandemia afetou os hábitos de consumo de muitas pessoas. Seja pelo lado financeiro, seja pela preocupação com o meio ambiente, não podemos ignorar a função de refletir nosso impacto no mundo. No Brasil metade da população brasileira vive com 413 reais ao mês, de acordo com o jornal EL PAÍS, é de responsabilidade dos trabalhadores a redução de gases poluentes que as) E como fica a responsabilidade social das empresas do ramo da moda? Apesar de a mudança de hábitos ser importante, esse debate é ainda mais complexo. Afinal, se no Brasil metade da população brasileira vive com 413 reais ao mês, de acordo com o jornal EL PAÍS, é de responsabilidade dos trabalhadores a redução de gases poluentes que as grandes indústrias produzem? Pensando nisso, como afirmam Dierkes (1998) e Rita Von Hunty (2020), o equilíbrio ecológico só é alcançado quando as grandes indús-
Representação do desperdício na indústria da moda
foto by Sunny
trias modificam a dinâmica produtivista do capitalismo. Lembrando que, no processo de conciliação ecológica e circulação da economia, os autores relatam ser imprescindível o diálogo entre todas as etapas do processo de produção de forma transparente e digna aos trabalhadores.
foto by Hoxane XUX Todos os dias, mais e mais consumidores buscam alternativas para minimizar os danos causados ao planeta, sem renunciar ao estilo. Mas ainda assim, devido ao alto custo das peças de Slow Fashion aos consumidores, a indústria de Fast Fashion ainda é muito buscada pelo público e tem muito a crescer.
MODA CIRCULAR
CONCEITO, EXEMPLOS E COMO SE ENGAJAR.
texto MARINA LINS | fotos CeRQUeIRA
oda circular é uma prá M tica da economia circular, que pensa o desenvolvimento de produtos num ciclo de vida mais durável, regenerativo e sustentável. Uma vez que a moda tem um impacto cada vez mais negativo ao planeta, medidas para a circularidade buscam frear os efeitos da crise climática que estamos vivendo. Segundo o instituto internacional Ellen Macarthur Foundation, referência no assunto, a moda circular passa pela eliminação do desperdício e poluição; a circularidade de produtos e materiais; e a regeneração dos solos.
ECONOMIA CIRCULAR NA MODA
Se numa perspectiva linear e tradicional os processos se baseiam em extração, produção, consumo e descarte, a economia circular busca produzir de forma integrada com nossos ecossistemas. Produtos são projetados para serem reciclados e continuar num ciclo de uso, conforme a imagem abaixo. Ainda, é necessário diferenciar a economia circular da reciclagem. Enquanto o processo de reciclar faz gestão dos resíduos no final do processo produtivo, na economia circular isso é pensado desde o princípio. Ou seja, ao desenvolver um produto, é necessário considerar a durabilidade, sua reinserção de volta ao solo ou num novo produto.
MODA CIRCULAR: 5 FORMAS DE PRATICAR
As micro-ações podem parecer pequenas, mas são a porta de entrada pra uma vida mais consciente. Por isso, você também é uma protagonista nessa conversa! Pra exemplificar, aqui vai algumas dicas de como se engajar na moda circular:
1. Pesquise sobre tecidos que façam sentido para sua realidade. Aqui entra fazer compras conscientes e necessárias. Do ponto de vista dos tecidos, dê preferência a materiais de qualidade e peças confortáveis de acordo com o clima da sua cidade.
2. Dê preferência às peças usadas. Sempre que puder, dê uma chance para as peças de brechó. Lá você pode garimpar roupas e acessórios exclusivos e com muito estilo.
3. Prolongue o uso das suas rou++++ pas. Afinal, foi um longo caminho para ela chegar até você. Nada de descartar suas roupas sem usá-las ao máximo, certo?
4. Quando uma roupa chegar ao fim de vida útil, busque as marcas para entender qual soluções elas têm. Por exemplo, aqui na Herself, onde temos um programa de logística reversa!
5. Fique atenta à lavagem verde, já que a moda circular exige dados e transparência.
Mas, não se esqueça: a economia circular é complexa. E, o poder público e privado também são responsáveis por essa transformação. Afinal, se como consumidoras, não está em nossas mãos agir rumo a uma mudança sozinhas, consumir de quem está comprometido com essas ações pode fazer a diferença!
EXEMPLOS DE MODA CIRCULAR
Mas como a moda circular acontece na prática? Bom, não existe uma única bibliografia e nessa transição de um modelo linear para circular, cada negócio deve adaptar seus processos. Nós gostamos muito do método de moda circular lançado recentemente pelo Modefica, que aplicou o conceito de Ellen Macarthur Foundation para as necessidades do Sul Global. Assim, estando nesse Brasil tão plural e cheio de particularidades, podemos ter como parâmetro: Design de produto circular. Aqui entram práticas de design para durabilidade e para reciclagem, que devem ser levados em consideração desde a criação da peça. Design de processos e fluxos circulares. Como por exemplo as práticas de upcyling e logística reversa. Sistemas vivos: regenerar a natureza. Por exemplo, usando materiais compostáveis e se comprometendo com a restauração e melhora do solo. Recursos e toxicidade limitadas. Que diz respeito à redução de energia, água e saídas químicas na produção têxtil. Condições locais do sistema: internalizar externalidades. Aqui, deve ser levado em conta seguir as políticas públicas do país e priorizar a produção nacional com rastreabilidade. Além disso, levar em conta a acessibilidade dos produtos e parcerias com instituições educativas também são essenciais. Sociedade: justiça e ecologia social. Como relações justas, diversidade, geração de novos empregos e inclusão de atores informais. Nesse sentido, a igualdade de gênero e raça são demandas importantes no tema.
MODA CIRCULAR BRECHÓ: QUAL É A RELAÇÃO?
Os brechós possuem um protagonismo na discussão sobre a moda circular. Segundo o Sebrae, de 2020 para 2021, o mercado de se-
foto by Karina Tess
A indústria têxtil é uma das quatro indústrias que mais consomem recursos naturais, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Por isso, a procura por opções de consumo sustentável de roupas é cada vez maior.
foto by Malicki M Beser
gunda mão cresceu 48,5%. Quando as roupas usadas estão circulando, seu tempo de vida útil é estendida. Da mesma forma, o upcycling também é uma prática mais sustentável. A partir de roupas usadas são feitos novos produtos. Embora essas técnicas estejam se popularizando com marcas de grife, essa inteligência coletiva está presente há anos na periferia brasileira. Como é o caso da “Remexe”, cooperativa de moda sustentável do Centro Cultural Lá da Favelinha, que cria a partir de resíduos têxteis. Dessa forma, as práticas se encaixam não só no design para durabilidade, como também na diversidade, por promover renda a pessoas de diferentes etnias e contextos sociais. Mas, então, todo brechó faz parte da moda circular? Em alguma medida, alguns possuem produtos circulares. No entanto, nem todo o brechó opera nessa lógica. Práticas como upcyling, melhor uso dos tecidos, reciclagem e sustentabilidade social também devem ser levados em consideração. 3 livros para se informar sobre o tema Por fim, se você quer se informar mais, temos ótimas dicas. Abaixo listamos as principais referências desse texto. Alguns, como o caso de Cradle to Cradle (Berço ao Berço), infelizmente não tem tradução para o português. Mas os outros três estão disponíveis, repletos de dados e pesquisa. Assim, fica mais fácil se tornar um agente ativo nessa mudança, né? Confira: 1.Cradle to Cradle de William McDonough e Michael Braungart Essa é uma das principais escolas de economia circular. Caso você consiga ler em inglês, vá fundo nessa leitura incrível.
2. Economia Circular, da Catherine Weetman Já esse livro aqui é a principal referência com tradução para o português. Apresenta estratégias e métodos para empreendedores e atuantes em empresas.
3. Fios da Moda, do Instituto Modefica E, por fim, um relatório incrível feito pelo Instituto Modefica, que apresenta todas as teorias da moda circular, métodos, dados e desafios sobre essa agenda aqui no Brasil.
COLEÇÃO “ROOTS OF REBIRTH”
SLOW FASHION E IRIS VAN HERPEN UTILIZA PLÁSTICOS OCEÂNICOS RECICLADOS EM SUA NOVA COLEÇÃO DE ALTA COSTURA.
FAST FASHION: O QUE
SIGNIFICAM? texto RENATO CUNHA | fotos MoLLY sJ LoWe
Em sua nova coleção de alta-costura “Roots of Rebirth” para primavera/verão 2021, a estilista holandesa Iris van Herpen explora uma simbiose de alta tecnologia e o artesanato da alta costura, através de uma coleção que faz referência à complexidade dos fungos e ao emaranhado da vida que respira sob nossos pés. Van Herpen aponta para a milagrosa interconexão da “rede subterrânea florestal”, tecendo um diálogo entre o terrestre e o mundo subterrâneo. As deslumbrantes roupas de Van Herpen são feitas à mão com os melhores materiais, garantindo que duas peças nunca serão iguais. Com a introdução de peças únicas feitas com impressão 3D, a estilista mostrou que designs únicos também podem ser alcançados usando tecnologia. Para a primavera/ verão 2021, Van Herpen colaborou com Parley for the Oceans para incluir tecidos de poliéster feitos de plásticos oceânicos reciclados. “É claro que os clientes [de alta costura] esperam a mais alta qualidade, então você não quer ser sustentável se diminuir a qualidade”, disse ela. “Estamos agora em um momento em que a qualidade, entre uma seda orgânica e um poliéster reciclado, é completamente igual…. Agora é realmente uma questão de decisão, não é uma questão de escolher uma qualidade. Basicamente, não há muitos motivos para não usar mais materiais sustentáveis, a não ser mudar sua mentalidade.” O livro Entangled Life de Merlin Sheldrake, sobre como os fungos sustentam a vida na Terra, inspirou a coleção de Van Herpen em muitos níveis. Seu uso de pregas pode estar relacionado às guelras dos cogumelos. O micélio, a parte ramificada do fungo em forma de renda, influenciou tanto as silhuetas quanto os enfeites. Van Herpen até trabalhou com um artista que cultivava padrões de renda em madeira. O micélio, explica a estilista, forma uma “rede subterrânea florestal”, ou sistema subterrâneo de comunicação. É uma ideia que “me tocou especialmente”, disse Van Herpen,
“porque acho que o ano passado foi, para mim, e acho que para todos nós, um ano de isolamento e separação. E, claro, é muito bonito olhar para a natureza e como a natureza se conecta de uma maneira muito semelhante a como nos comunicamos. E embora a alta-costura seja a expressão mais exclusiva da moda, também é a mais íntima. Um dos motivos pelos quais “eu amo tanto a alta costura”, diz ela, é “porque é uma abordagem muito pessoal da moda. Tenho relacionamentos e contatos diretos com as pessoas para as quais crio, e acho que esse é um valor tão raro hoje em dia, onde tudo é tão separado.” Van Herpen se esforçou muito para alinhar a moda com a ciência e a natureza com a tecnologia.
Conhecida por suas criações etéreas e transcendentais, Iris Van Herpen une o ofício artesanal em sua excelência com a alta tecnologia — peças com impressões 3D detalhadas e um trabalho manual minucioso dos artesãos da marca.
Use cascas e sobras de vegetais e frutas
As cascas de frutas e vegetais que sobram do preparo de refeições podem ter muitos usos, um deles, pouco comum, é transformá-las em corantes naturais para tingir roupas ou tecidos. Isso é ótimo, já que corantes artificiais podem ser prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Se você gosta de artesanato, trabalhos manuais e do trabalho com tecidos, saber como tingir roupa em casa, usando apenas ingredientes naturais, permite criar cores personalizadas e ainda reaproveitar peças de roupa e restos de alimentos orgânicos. INGREDIENTES E MATERIAIS NECESSÁRIOS
COMO PREPARAR CORANTES NATURAIS
1 xícara de cascas de beterraba;
1 xícara de cascas de cebola;
1 xícara com folhas de repolho vermelho;
1 xícara de espinafre;
1 xícara de cascas de laranja;
Sal;
Vinagre;
Panelas pequenas;
Água;
Coador;
Colher de pau;
Recipientes de vidro. Cada um dos vegetais citados cria cores distintas: vermelho (beterraba), amarelo (laranja), verde (espinafre), azul (repolho vermelho) e laranja (cebola). É possível usar outros alimentos, de acordo com as cores desejadas. 1. Para fazer o tingimento de roupas, o primeiro passo é colocar cada ingrediente para ferver com água. Use panelas distintas para cada cor que você quer criar.
2. Leve os legumes ou cascas picados ao fogo junto com o dobro de água em relação à quantidade do alimento (no caso da receita sugerida seriam duas xícaras de água para cada panela de corante natural). Deixe em fogo médio para ferver, durante uma hora.
3. Passado esse tempo, desligue o fogo e deixe esfriar até que a água atinja a temperatura ambiente.
Depois disso, use o coador e coloque os seus corantes naturais nos recipientes de vidro.
4. Pronto! Agora é só começar o tingimento das suas peças de roupa. Para que o corante natural pegue bem, use uma mistura fixadora nos tecidos.
No caso de corantes feito à base de frutas:
1. Ferva o tecido em 4 xícaras de água com 1/4 de xícara de sal por uma hora. Para tinturas feitas com vegetais, use uma xícara de vinagre diluído em 4 xícaras de água. Nos dois casos, ferva a roupa na mistura fixadora durante uma hora.
2. Depois de ferver, espere a roupa esfriar, escorra e coloque a peça de roupa ou tecido em água fria antes de começar o tingimento.
3. Torça bem o tecido e, em seguida, coloque a peça de molho no corante natural por pelo menos uma hora, ou até o tecido atingir a cor desejada.
4. Depois, é interessante lavar as peças tingidas naturalmente em água fria, para preservar a cor por mais tempo, e separadas das outras peças, para evitar manchas.
APRENDA A FAZER: ECOPRINT
O Ecoprint é uma técnica de estamparia apenas com vegetais, ou seja, toda coloração é extraída de flores e plantas. Este tingimento em tecido, pode ser feito em qualquer tipo de peça, desde roupas até acessórios, personalizando o material. A forma ecológica de tingimento e a estética agregam valor ao produto, para quem deseje investir como um negócio ou renda extra.
Peça de tecido (usamos um recorte de seda);
Folhas, ervas, flores (os vegetais irão dar a cor e os desenhos na peça);
Bastão de ferro ou pvc (cerca de 5 cm de bitola e 30 cm de comprimento- pode variar conforme tamanho da peça);
Cordas, cordões ou redes (usamos redes recolhidas dos oceanos, pois além de estilizar a peça também agrega valor ecológico a ela);
Vinagre de álcool;
Panela grande (que caiba o bastão em posição horizontal e totalmente mergulhado) com água fervente e erva mate (ajuda a colorir- deixa mais escuro); 1. Molhe todo o tecido com vinagre e estenda em uma superfície plana (o vinagre ajuda a fixar a cor e melhora o manuseio do tecido);
2. Distribua os vegetais sobre o tecido estendido (a disposição das plantas, conforme suas cores e formatos, é o que vai dar personalidade à peça).
3. Enrole o tecido no bastão e amarre de forma bem firme (a escolha entre cordas, cordões ou redes é significante pois sua pressão sob o tecido também registra marcas na peça);
4. Submerja o bastão na água fervente com erva mate e deixe, no mínimo, 30 minutos. O bastão deve ficar em posição horizontal e totalmente coberto.
Quanto mais tempo a peça ficar na água, mais escura será a sua coloração. É importante não deixar a água ferver enquanto está com o bastão. Desta forma, antes de colocar o objeto, a água que estará fervente esfriará, e deve permanecer nesta temperatura. Então, o indicado é baixar o fogo assim que colocar a peça na água.
5. Deixe esfriar, desamarre, desenrole e lave a peça em água fria.
6. Com o tecido ainda molhado (é importante ser molhado, porque senão a peça pode enrijecer), passe com o ferro quente, de forma que seque a peça no ato de passar.
7. Após dois dias, no mínimo, lave com sabão e amaciante e está pronta a sua peça!