EDIÇÃO 001 SÃO PAULO
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ILU ST R AÇ ÃO - C A R M E N M O R E N A
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2017
Desde criança, somos obrigados a lidar com o preconceito. Nada satisfaz a sociedade, desde das roupas que vestimos até o formato do nosso nariz. Fomos ensinados que nossos estereótipos não são legais. Agora crescidos, é mais fácil entender o que aconteceu e o que podemos fazer para ter de volta o amor próprio. Aos poucos vamos aprendendo a nos aceitar, vamos descobrindo novas facetas de nós mesmo. Ao passar dos anos vamos aprendendo a driblar o preconceito e aceitar as diferenças e assim construindo nossa própria identidade. O empoderamento e a representatividade é muito importante para pessoas negras, é gratificante se ver estampado na capa e no miolo de uma revista, e ainda por cima, fazendo aquilo acontecer por trás das páginas. Convidei alguns amigos para se expressarem de alguma forma, seja como modelo, fazendo ilustrações ou escrevendo o que sente. Esta revista é uma celebração a pele preta, é um encontro de identidades e estilos e um lugar onde pessoas negras possam se expressar. Porque o negro pode ser o que quiser e estar onde bem entender. Apresento-lhes a Sistá como forma de protesto, arte e moda. Aproveite.
AGNES
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PRÍNCIPES DA QUADRA
Por Felipe Mazzucatto e Agnes Souza
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MANIFESTO REPLAY: ENCONTRO 11 Igi Ayedun recitou o texto no desfile do Brechó Replay na 41ª edição da Casa de Criadores.
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GUCCI ESCRAVOCRATA
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PRETO É LINDO Por Marconi Henrique e Lorraine Brande
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O que a moda entende sobre representatividade.
ORIGINAL FAVELA
Um dos brechós mais legais de Sp em um editorial por @1993Agosto.
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60 RADAR
Estilos e Pensamentos
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PROTEA
Por Felipe Mazzucatto e Agnes Souza
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MOVIMENTO DA RESISTÊNCIA COTIDIANA
Uma das vozes do movimento sobre o que é ser negro no Brasil.
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NANNY OF MAROONS
Por Felipe Mazzucatto e Agnes Souza
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EXPEDIENTE
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BLACK POWER
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PLAYLIST Formation - Beyoncé DNA - Kendrick Lamar Flashing Lights - Kanye West Don’t Touch My Hair - Solange On & On - Erikah Badu Gangsta Paradise - Coolio Doo Woop - Lauryn Hill Um Bom Lugar - Sabotage No Role Modelz - J.Cole Nasty Girl - Notorious B.I.G Ms. Jackson - Outkast Xxplosive - Dr. Dre Ambitionz Az A Ridah - 2Pac Yonkers - Tyler The Creator Pyramids - Frank Ocean Straight Outta Compton - N.W.A Hard Knock Life - Jay-Z
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PRÍNCIPES
DA QUADRA FOTO FELIPE MAZZUCATTO MODA AGNES SOUZA ASSISTENTE CLAYTON OLIVEIRA BELEZA ANGÉLICA SILVA MODELOS PEDRO VILAÇA E GUILHERME HENRIQUE ILUSTRAÇÕES FURMIGA
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MANIFESTO
REPLAY:
ENCONTRO
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TEXTO IGI AYEDUN ILUSTRAÇÃO KEVELYN OLIVEIRA
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Pela porta que eu escancarei passarão todos os meus irmãos. Formados em hipnose, mestrados em resistência, doutorando em revolução. Mas isso não é só sobre vocês. A história começa lá atrás, bem diferente daquilo ensinado na escola, mas conto com um percentual da sua instrução para pular alguns capítulos a fim de abraçar a realidade por meio da vida de uma mulher. Uma mulher que já foi menina, filha de revolucionária apagada da sociedade pela censura, com causa de morte desconhecida durante a ditadura. Uma menina jogada no leito frio do sem sobrenome, puxando um irmão menor pelo braço e escorregando pelas margens dos contos da infelicidade de muitos homens e mulheres sobreviventes. Ao mundo ela prometeu não decepcionar, dos dias de saudades e das noites de solidão ela extraiu forças para continuar. Um banheiro limpo por um prato de comida, móveis lustrados por uma cama quente, uma comida temperada por um lugar para onde voltar. Já faziam quase cem anos que a escravidão tinha acabado e a senzala ainda era o seu lugar por direito de… qual? de quem?
“ACORDAR ANTES DO SOL CHAMAR, VIVER CONTANDO AS HORAS PARA O TEMPO PASSAR, DORMIR ATÉ QUE RESTE APENAS A LUZ DA LUA. TODOS OS DIAS.” Acordar antes do Sol chamar, viver contando as horas para o tempo passar, dormir até que reste apenas a luz da Lua. Todos os dias. Em seus deslumbres uma terra distante no alto do monumento mais emblemático da América do Norte, a filha da patroa passou anos lhe contando que na coroa da estátua da liberdade havia um restaurante. Em seus sonhos um mundo melhor onde ela e seu amor pudessem educar o seu legado com tudo aquilo que os faltou. Da merda retirada dos vasos das fezes da casa grande, o custo da liberdade sócioeducacional da sua família, assim como a carta de alforria de seus ancestrais. Haja merda para comprar a realidade do visto de trânsito social em uma vida justa. Houve merda! Houve merda até para pagar ida e volta à Nova York. Subir cada degrau até o alto da estátua com dólares no bolso, entusiasmada para bancar sua própria liberdade degustando um banquete deslumbrante.
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Chegando lá, não havia nada! Nada! Menos de 15m2, um corredor interrompido e muito desespero, embalado de ódio, revolta, dor, vergonha… não havia nada! Tudo era uma fraude e a verdade se mostrou de cor. “Eles usam sua habilidade para criar imagens, e então eles usam estas imagens que eles criaram pra conduzirem as pessoas. Para confundir as pessoas e fazêlas aceitar o errado como certo e rejeitar o certo pelo errado. Fazer as pessoas atualmente pensarem que o criminoso é a vítima e a vítima é o criminoso. Aqueles que oprimem sabem que você não pode fazer uma pessoa odiar a raiz sem fazêla odiar a árvore. Você não pode odiar a sua origem e não acabar odiando você mesmo.” Malcom X, 16 DE FEVEREIRO DE 1965, o ano de nascença da minha mãe, dona dessa história. Hoje sabemos que aqui a beleza reina e além dela um novo mundo. Temos orgulho do gueto mas não é ali que merecemos viver, a concessão de direitos que o sistema insinua nos fornecer é uma farsa. Nós estamos prontos para habitar no coração das instituições, pilotando eixos e operando os motores. Somos
qualificados e isso não é um número de circo. A ideia de centro é relativa mas essa tal margem não é fértil para perdurarmos. A margem só é produtiva para quem nunca foi obrigado a se escorar nela. Para quem nela nasceu, viveu e nunca conseguiu sair é uma desgraça. Uma desgraça! Quantos homens, crianças, mulheres e humanos sobrevivem às margens? Não estamos mais nos arredores, estamos aqui para instaurar a queda da localização periferia, estamos caminhando e plantando sementes entre vocês. E que hajam flores! E quando brotarmos, pretendemos envenenálos com o que há de mais belo nesse universo: igualdade. Liberdade é ter escolhas e revolução a gente faz todos os dias.
“HOJE SABEMOS QUE AQUI A BELEZA REINA E ALÉM DELA UM NOVO MUNDO. TEMOS ORGULHO DO GUETO MAS NÃO É ALI QUE MERECEMOS VIVER...”
Igi Ayedun – Diretora editorial e co-fundadora da U+MAG, diretora criativa, stylist e jornalista de moda.
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PRETO É
LINDO TEXTO LORRAYNE BRANDE FOTO MARCONI HENRIQUE MODELOS RAFAEL BERTOLLI, PEDRO HENRIQUE E FLÁVIA ROQUE
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Cores. Bocas. Narizes. Cabelo. Resistência. O número de negros e negras que valorizam a estética natural de seus corpos estão crescendo em níveis altos e positivos. Os traços que por muitos anos foram (e ainda são) considerados feios e “exóticos”, estão enaltecidos e sendo motivo de orgulho e exaltação a ancestralidade. Muitos ainda acreditam que somente a pele clara, o cabelo liso e os traços europeus sejam belos. Porém, pluralidades são belas. O corpo negro, na mais incrível simplicidade, carregado de crespura, nariz e lábios grossos também são belos. Desde os tempos da escravidão, os ancestrais africanos mostravam suas identidades no jeito de vestir e se pentear. As roupas que vestiam seus corpos, feitos com amarrações criativas de panos,
eram a estética daquele povo em meio a opressão que sofriam. Também eram confeccionados colares étnicos, brincos e pulseiras artesanais, que mais tarde viriam a ser peças importantes no mundo da moda, muitas vezes desvalorizadas banalizadas por quem não conhece a história por trás dos adereços. Valorizar a estética natural em si já é um ato de resistência. É ir na contramão de um padrão que machuca, inferioriza e prejudica pretos e pretas dia após dia. Tranças de diversos estilos, turbantes dos mais variados tamanhos e cores, texturas capilares que vão desde o cacheado, o black power volumoso e até mesmo curtinho, mostram que a beleza negra é um mundo de diversidades e belezas maravilhosamente distintas.
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“VALORIZAR A ESTÉTICA NATURAL EM SI JÁ É UM ATO DE RESISTÊNCIA. ”
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GUCCI ESCRAVOCRATA TEXTO GABRIEL HILAIR
Sem embargo do êxito, o político pernambucano Joaquim Nabuco, substancial artífice da abolição do regime escravocrata em território brasileiro, reconhecia que “não basta acabar com a escravidão, é preciso destruir sua obra”.
na casa grande e na senzala, a tal campanha da coleção pre-fall 2017 da grife, feita somente por pessoas brancas, e o novo projeto da KENZO para apresentar a coleção verão 2017 de Carol e Humberto, que celebra a juventude nigeriana numa série de fotos e filme dos artistas locais Ruth Ossai e Akinola Davies Jr.
“NÃO BASTA ACABAR COM A ESCRAVIDÃO, É PRECISO DESTRUIR SUA OBRA”.
A Gucci é escravocrata de um novo tipo: a desvalorização, a negação, o aniquilamento e o ocultamento da produção criativa dos negros, hoje, fazem as vezes do sequestro no continente africano, do transporte até outros continentes, do cativeiro e do trabalho forçado, no entanto, tal qual durante o regime escravista, o serviço braçal fica reservado para novos escravizados, os artistas negros sem visibilidade.
Todavia, na moda, o legado da escravidão segue visceral, à sombra do feitio da invisibilização das práticas artísticas contemporâneas afrodescendentes: há pouco tempo, Alessandro Michele, atual diretor criativo branco da Gucci, inspirado por retratos do artista malinês negro Malick Sidibé, dirigiu a campanha da coleção prefall 2017 da grife, escalando um casting 100% negro, porém uma equipe criativa inteira branca.
Antes, os senhores eram vangloriados pela melhoria na alimentação de seus escravos nos anos de alta nos preços dos produtos de exportação, agora, Alessandro Michele é vangloriado por usar a estética de Malick Sidibé, um artista negro, sob um olhar branco que desconsidera como obras as práticas artísticas contemporâneas afrodescendentes em suas legitimidades formais – ambas as medidas “generosas” para inglês ver e sem o arrojo da abolição absoluta.
Ainda que a Gucci não aceite condenar seres humanos ao trabalho forçado pela escravidão, vendê-los e aprisioná-los, ou ainda que não perpetuando estereótipos racistas tente reparar seu erro histórico de ter invisibilizado e excluído o negro de suas campanhas por tanto tempo, por não escalar uma equipe criativa afrodescendente, nós, profissionais negros da criatividade, somos condenados ao silenciamento, uma vez que não podemos narrar nossa própria história, e, sobretudo, à invisibilidade. Ademais, o jornalismo de moda faz-se um alicerce vultoso para a difusão dos ideais escravocratas da Gucci, ao tratar de forma tão diferenciada, do mesmo modo que eram diferenciadas as vidas
Bem como em 1888 no Brasil, onde 800 mil negros foram arremessados na míngua após alforriados, em 2017, a Gucci nega contratar profissionais criativos negros, fazendo com que, à semelhança dos pretos condenados à miséria na história brasileira, hoje inúmeros de nós sejamos reféns de uma nova escravidão, o nosso apagamento da história da moda e da arte. SISTÁ
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Campanha pre-fall 2017 da Gucci fotografada por Glen Luchford
On moto in my studio (c) Malick Sidibé
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Campanha pre-fall 2017 da Gucci fotografada por Glen Luchford
Campanha pre-fall 2017 da Gucci fotografadaSISTĂ por Glen Luchford 042
Nesse sentido, a Gucci semeia na casa grande de sua gestão um racismo estruturante, uma vez que sua equipe criativa branca estuda, produz e obtém empregos graças ao o que o povo negro criou e cria, ou seja, se beneficia da nossa exclusão, tal qual antes os homens livres se beneficiavam do trabalho dos escravizados, vetando qualquer rastro de marca negra na história da formação da grife previamente ao ingresso, pois não faz a distribuição equitativa das funções criativas: instrumento decisivo para a alforria na moda e na arte nos dias atuais. Alessandro Michele, ao não ousar romper as amarras que impedem o salto para uma grife deveras plural, do mesmo modo que por séculos a escravidão amarrava nosso avanço, manufatura um conjunto de manifestações do sistema racista, que se finda com produtores criativos negros recuando por contradição ou ignávia a essa estrutura de dominação ao não se ver, se identificar e ser planejados para ser planejamento. Não obstante, a doença que arquiteta na Gucci o mecanismo escravocrata fundamenta-se na escora dessa edificação lustrosa de diretores criativos e stylists como Alessandro Michele, fotógrafos como Glen Luchford e diretores de arte como Christopher Simmonds em cada espaço da cadeia criativa na produção de uma campanha, nos loiros olhos da curadoria que podem não levar esse nome, mas carregam a responsabilidade da decisão de escolher o racismo para “homenagear” o povo negro. O curador estaria, dessarte, a serviço de um projeto colonizador, que determina o contínuo apagamento da produção cultural afrodescendente a partir da sua marginalização e invisibilização, como certifica a curadora e diretora criativa Diane Lima, e da edificação da obra criada pela escravidão que continua viva, afinal, não somente a Gucci, mas a moda e a arte sem pormenorizar continuam escravocratas e, ao não libertarem os escravos condenados à falta de visibilidade, não percebem a estupidez de não abolir a valer a escravidão nesse meio.
Unity is Strength fotografado por Ruth Ossai
Queremos assistir ao fim desse desserviço e, então, à representação da nossa pluralidade através da legitimidade formal das práticas artísticas contemporâneas afrodescendentes, que pode completar as quase-abolições dos anos 1800, uma vez que, apesar de termos nos libertado da escravidão, ainda arcamos com os resquícios desse passado: somos nós que fazemos o trabalho braçal, contudo, não estamos destinados apenas à esses serviços e à caricatura do que homem branco fez do nosso povo. “Temos orgulho do gueto, mas não é ali que merecemos viver, a concessão de direitos que o sistema insinua nos fornecer é uma farsa. Nós estamos prontos para habitar no coração das instituições, pilotando eixos e operando os motores. (...) A ideia de centro é relativa, mas essa tal margem não é fértil para perdurarmos. A margem só é produtiva para quem nunca foi obrigado a se escorar nela. Para quem nela nasceu, viveu e nunca conseguiu sair é uma desgraça. SISTÁ 043
ORIGINAL
FAVELA FOTOS 1993AGOSTO TEXTO AGNES SOUZA MODELOS ANNE OLIVEIRA E ANNA MARIA
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A criatividade sempre foi algo extremamente explorado pela cultura negra, onde sempre surgem novos conceitos e novas estéticas. Mesmo com todo o preconceito que enfrentam, a criatividade e a vontade de crescer é sempre grande e através disso é nítido perceber uma forma de empoderamento. Assim nasce o Original Favela, uma fusão entre o extremo leste e sul da cidade de São Paulo que gera um espaço para representar o movimento negro. Iris Ingrid e Anne Oliveira criaram um brechó itinerante para conquistarem independência financeira e com isso acabaram transformando esse projeto em um lugar que enaltece a beleza negra, criando uma identidade única. Percebe-se que tem muita coisa além de apenas vender roupas legais. Quais os princípios da Ori?
Como e onde vocês se conheceram? Anne: Nossa, longa história (risos) Anne: A Íris era muito amiga de um exnamorado meu, foi através dele que nos conhecemos. Eu tinha saído de um projeto com uma mina e estava bem frustrada com todo tipo de coisa que envolvesse moda. A Íris me propôs o projeto e eu aceitei sem nem imaginar o que vinha pela frente. (Quem nos acompanha sabe da bagagem dos trampos que fazemos no Ori).
Íris: Fortalecer a cena e tentando passar a visão de algumas das nossas vivências, pautando feminismo e militância, nunca deixando a luta de lado!
E os planos para o futuro? Iris: Uma loja física, num espaço que tenha nossa cara. Queremos um ambiente onde haverá saraus, apresentações, sons e eventos, tudo voltado ao hip hop. Um espaço no qual vamos fazer nosso corre e nossa missão. Mais ou menos isso né Anne? Anne: Sim!
Como nasceu a Original Favela? Anne: Bom, foi algo que aconteceu muito rápido. O Original Favela nasceu de uma amizade de poucos meses, e de uma confiança que temos uma na outra. Nasceu da vontade de não ter mais uma vida com alguém dando ordens na gente, como chefe, supervisor e essas coisas todas que um emprego formal tem. A Íris foi mandada embora do trampo e eu só fazia freela em algumas balada de São Paulo. A Íris já tinha algumas peças e deu a ideia da gente criar o “Ori” (assim que chamamos o Original Favela). E então juntamos as coisas que ela tinha com as minhas.
E vocês pensam em desenvolver coleções próprias? Anne: Sim! Temos uma amiga (@le.thycia) que costura e algumas peças dela já foram vendidas no nosso Instagram. E quem sabe vem a collab, na verdade é meio que um segredo (risos).
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Íris: Exatamente! Mas nós temos planos sim, só que precisamos mergulhar de cabeça nisso. Temos que aprender a costurar. Isso é expandir e evoluir, e é um grande passo porque a gente vai fugir do termo “brechó”, que é uma parada que a gente ama muito. É dá hora ganhar dinheiro, mas viver pelo que você ama é outros quinhentos. Deus sabe que de cada ensaio sai um olhinho brilhando!
Então, enquanto não rola esses planos secretos, vamo focar no Ori como um brechó. Quais são os critérios para escolher as peças? Íris: Tudo aquilo que já foi visto nos clipes das década de 70 a 90 e 2000. A gente vem do hip hop e do samba, que é nosso berço. Então, toda nossa memória é vista nos brechós, nas peças e nesses 1 ano e 4 meses, não fugimos dessa proposta, tanto é que nossa discrição é: a rua nos anos 70, 80 e 90.
Falando nisso, quais os maiores ícones de estilo pra vocês? Íris: em: NWA, Notorious Biggie, Toni Braxton, Aaliyah, Ray Charles. Meu, tem muita referência sabe? Geralmente, a gente vê a peça e lembra de um clipe, artista... Por exemplo, uma vez achei uma jaqueta vermelha igual a que o Michael Jackson tinha. Os óculos a maioria é Ray Charles, as calças muito NWA, as corta vento e afins. Diversos artistas. A real é que nós não temos uma referência a seguir, algo fixo. A gente lembra das fotos dos nossos pais e aí flagra os looks e assim vai.
O que vocês mudariam na moda de hoje em dia? Anne: Eu tirava a branquitude de evidência e colocaria só os pretão e as preta mais chave, os mais lindos das quebrada nas capa de revista, em grandes desfiles. Isso nós já fazemos, nossos modelos não são
conhecidos do grande público da internet, são nossas jóias raras que encontramos dentro das nossas quebrada. Até os modelos nóis garimpa (risos). Íris:: Garimpamos almas né, valorizando a beleza de quem não é notado.
E o que falta? Anne: Hoje já tem grandes avanços nessa parada de modelo negro, mas ainda é pouco, muito pouco. Íris: São modelos negros, com uma beleza e até mesmo uma estética comum. Não é desmerecendo, digo por mim. Quantas pretas na minha pegada eu já vi nos anúncios? Tô falando de corpo, jeito e afins. Ainda não somos representadas pelos pretos que estão no topo. Isso tá interligado a postura, luta e afins, tá ligado? Anne: Exatamente.
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CIDADE E IDADE:
SEU INSTA:
COMO VOCÊ DEFINE SEU ESTILO?
SE FOSSE PRA VOCÊ VIVER UMA ÉPOCA (NA MODA) QUAL VIVERIA E PORQUÊ?
UMA PEÇA QUE VOCÊ AMA E PORQUÊ? UMA PESSOA (ARTISTA, CANTOR, MODELO E ETC) QUE VOCÊ PAGA PAU PRO ESTILO E POR QUÊ? UMA PEÇA DE DESEJO:
UMA MARCA QUE VOCÊ AMA:
UMA MÚSICA PRA VIDA: ESCOLHA UMA PALAVRA E DESCREVA O QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ: BELEZA, LIBERDADE, ESTILO, CRIATIVIDADE, INDEPENDÊNCIA, ORIGINALIDADE:
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DANIELLA
TINÓRIO
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CIDADE E IDADE:
SEU INSTA:
COMO VOCÊ DEFINE SEU ESTILO?
SE FOSSE PRA VOCÊ VIVER UMA ÉPOCA (NA MODA) QUAL VIVERIA E PORQUÊ?
UMA PEÇA QUE VOCÊ AMA E PORQUÊ?
UMA PESSOA (ARTISTA, CANTOR, MODELO E ETC) QUE VOCÊ PAGA PAU PRO ESTILO E POR QUÊ? UMA MARCA QUE VOCÊ AMA: UMA PEÇA DE DESEJO:
ESCOLHA UMA PALAVRA E DESCREVA O QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ: BELEZA, LIBERDADE, ESTILO, CRIATIVIDADE, INDEPENDÊNCIA, ORIGINALIDADE:
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BRUNO GOMES SISTÁ
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CIDADE E IDADE: SEU INSTA:
COMO VOCÊ DEFINE SEU ESTILO? SE FOSSE PRA VOCÊ VIVER UMA ÉPOCA (NA MODA) QUAL VIVERIA E PORQUÊ? UMA PEÇA QUE VOCÊ AMA E PORQUÊ?
UMA PESSOA (ARTISTA, CANTOR, MODELO E ETC) QUE VOCÊ PAGA PAU PRO ESTILO E POR QUÊ?
UMA PEÇA DE DESEJO:
UMA MARCA QUE VOCÊ AMA:
UMA MÚSICA PRA VIDA: ESCOLHA UMA PALAVRA E DESCREVA O QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ: BELEZA, LIBERDADE, ESTILO, CRIATIVIDADE, INDEPENDÊNCIA, ORIGINALIDADE:
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BEATRIZ
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CIDADE E IDADE:
SEU INSTA:
COMO VOCÊ DEFINE SEU ESTILO?
SE FOSSE PRA VOCÊ VIVER UMA ÉPOCA (NA MODA) QUAL VIVERIA E PORQUÊ?
UMA PEÇA QUE VOCÊ AMA E PORQUÊ?
UMA PESSOA (ARTISTA, CANTOR, MODELO E ETC) QUE VOCÊ PAGA PAU PRO ESTILO E POR QUÊ?
UMA PEÇA DE DESEJO:
UMA MARCA QUE VOCÊ AMA:
UMA MÚSICA PRA VIDA:
ESCOLHA UMA PALAVRA E DESCREVA O QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ: BELEZA, LIBERDADE, ESTILO, CRIATIVIDADE, INDEPENDÊNCIA, ORIGINALIDADE:
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PROTEA FOTO FELIPE MAZZUCATTO MODA AGNES SOUZA MODELOS THAÍS MENEZES, DENIZE SENNA E CÍNTIA TOLEDO BELEZA MONIQUE LEMOS E PAULA FORMAGIO
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MOVIMENTOS DA
RESISTÊNCIA
COTIDIANA Empoderamento, representatividade e militância, para mostrar que o lugar do negro é onde ele quiser
TEXTO TATIANE ALVES COLABORAÇÃO JULIANA QUEIROZ E RODRIGO MESQUITA SISTÁ
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De Viola Davis a Beyoncé, de Taís Araújo a Liniker. O mundo está tendo que encarar corpos negros ocupando espaços e mostrando que a luta pela igualdade racial está mais viva do que nunca. De repente (não tão de repente assim), empoderamento virou o assunto da vez, seguida de representatividade e novos padrões estéticos, com um time de novos rostos que roubam a cena. Atuantes na construção do protagonismo negro, encontra-se jovens talentos que, com suas histórias, contribuem para disseminar ideias de resgate da autoestima e da cultura afro nos mais diversos segmentos. Júlia Costa, Tchelo Gomes, Larissa Fernandes e Gabriel Hilair. Guardem esses nomes porque esse quarteto veio para mostrar que o que separa os negros dos demais são as oportunidades e o sistema racista que, em sua estrutura, privilegia um determinado tipo de cor e padrão de beleza. Mergulhe nessas histórias e inspire-se!
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Me descobri negra na infância. Quando eu soltava meu cabelo, as crianças da minha idade riam de mim. O cabelo crespo foi o que mais me fez sofrer na infância. Cheguei a odiar todas as minhas características, mas hoje, sei que isso é o que o racismo faz. Ele faz com que o negro sem conhecimento de que é negro, machuque outro negro por ter características mais fortes e a partir disso começa uma troca de ódio contínua. Aos 15 anos, conheci a música negra e foi a música que me tirou da depressão. Não foi a moda racista, nem foi a novela racista, nem os programas de televisão racistas, foi a música. De Mart’nália a Outkast, é maravilhoso saber que existem negros talentosos no mundo. Então, eu aprendi a lidar com o racismo, quando aprendi a me amar. Tenho a minha própria marca de roupas e por ser mulher preta me dificulta estar fora do padrão de beleza. Então, para a moda branca, racista e elitista me abraçar é complicado. Mas, o que me atrasa muito é a junção de ser preta e periférica. Ainda sim, o modo como me visto expressa a minha identidade e ajuda outras meninas a enxergarem beleza nelas mesmas. Se trata de representatividade, quero que elas comprem porque elas se veem naquilo.
JÚLIA COSTA
ESTILISTA, PROPRIETÁRIA DA MARCA “AJULIACOSTA” E MC, 19 ANOS. SISTÁ
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No meu caso, desde criança percebia que era tratado diferente dos meus amigos ou primos, mas essa “diferença” de tratamento por parte da família só fez sentido para mim quando fui crescendo e me descobrindo como negro, na real. Eu tinha vergonha do meu cabelo crespo, pois, as pessoas ao meu redor, falavam que era “ruim”, “duro”, mesmo dizendo que era “brincadeira”, eu sempre escondi através de boné, ou alisamento. De uns anos pra cá, essas questões começaram a me incomodar bastante e comecei a me aproximar de pessoas que passaram por situações semelhantes e procurei buscar por representatividade, o que foi muito importante para me reconhecer como negro. O que me ajudou a lidar com o racismo foi a música, principalmente, a música internacional. Me fez perceber quem eu realmente sou e me fez querer conhecer mais dos meus, da minha ancestralidade. Sou formado em publicidade, mas comecei a estudar canto com 18 anos e fiz amizades que me convidaram para participar de
seus shows. Chegou uma hora que começaram a pedir shows só meus. O hobby foi ficando cada vez mais sério até que, agora, lancei meu primeiro EP em todas as plataformas digitais. Na minha trajetória como um artista negro sinto dificuldade em alguns espaços específicos,
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onde as festas ou espaços são predominante brancos. Acredito que é importante ocupar esses hiatos, mas acho que estamos fazendo um trabalho de formiga, querendo ou não.
TCHELO GOMEZ CANTOR. 21 ANOS.
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Me vestir, vestir pessoas negras e fazer editoriais com elas difundem os princípios, reconstitui a minha e a representação social dessas pessoas enquanto indivíduos negros, causa provocações e, à frente da hostilidade aplicada aos nossos corpos sobre nossa estética, se torna uma prática política constante. Em 2015, com 16 anos, escrevi no Facebook meu primeiro texto sobre local de fala, protagonismo e privilégio, uma “Carta aberta aos brancos pró-movimento negro”, que em uma semana teve mais de dez mil compartilhamentos e viralizou. Me tornei colaborador da Revista Fórum, revista brasileira que foi impressa mensalmente por 12 anos e hoje é somente digital e um dos mais importantes portais da mídia independente brasileira, a partir daí, nunca mais parei. “Dúdús” em língua iorubá significa “negros, pretos, escuros” e também é o nome da plataforma criativa que nasceu de um grupo do Facebook, criado em abril do ano passado, para reunir as atrações da segunda edição do evento Ocupação Preta que produzi em Itajubá. É uma
plataforma criativa nascida do desejo de dar voz e espaço para artistas negros. A plataforma está aberta para receber projetos e trabalhos de qualquer pessoa negra, especialmente da área das artes plásticas, embora contemplemos múltiplas áreas: fotografia, moda, curta-metragens, videoclipes, performances e experimentos sonoros. Essa galera, antenada nas tendências, entende a importância
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do empoderamento estético no combate ao racismo. Eles vieram para lutar, resistir e derrubar o preconceito e a discriminação racial, marcando presença por onde passam, usando e abusando do estilo, da música e dança. Reforçando a identidade negra e inspirando as pessoas de forma positiva.
GABRIEL HILAIR
STYLIST E FUNDADOR DO PROJETO DÚDÚS. 18 ANOS.
Minha mãe sempre me disse que eu era preta, mas eu ainda não entendia o que era realmente ser preta nessa sociedade. Eu comecei a perceber qual o papel que me impunham quando eu já tinha uns 16 anos, conheci o Feminismo e me senti representada, mas sentia que faltava algo, aí encontrei uma professora minha numa ocupação e ela me apresentou o Feminismo Negro e aí eu vi que ser mulher negra nessa sociedade é ser esmagada todos os dias. O que me ajudou muito nesse processo foi estudar, acredito que o fato de obtermos conhecimento é um ato de militância, pois a sociedade não quer preto inteligente. Na minha adolescência eu me sentia muito sozinha. Assim que minha mãe
faleceu passei por muitos maus momentos, tentei me enquadrar no padrão branco e hoje olhando pra trás vejo que isso fez parte da construção da pessoa que eu sou hoje, mas naquela época eu ficava muito triste e não entendia nada e, então, me veio a ideia de criar o canal no Youtube, pois sei que da mesma forma que eu me sentia sozinha e confusa, tem muitas meninas que se sentem assim, porque não entendem como funciona o sistema opressor. Eu busco falar das minhas experiências porque falo do ponto de vista da vivência e não acadêmico.
LARISSA FERNANDES YOUTUBER. 21 ANOS.
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NANNY OF MAROONS FOTO FELIPE MAZZUCATTO MODA AGNES SOUZA MODELO KAMILLA LEÃO BELEZA MONIQUE LEMOS
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CARMEN MORENA
GABRIEL HILAIR
LORRAYNE BRANDE
MANAS TATIANE ALVES
ILUSTRADORA
STYLING E ESCRITOR
PUBLICITÁRIA
JORNALISTA
UMA CARIOCA VIRGINIANA DE VINTE ANOS QUE GOSTA DE DECORAR COREOGRAFIAS DESNECESSÁRIAS E AMA SÉRIES SOBRE MÉDICOS.
PRÁTICA AUTOLIBERAÇÃO E AUTOCURA ATRAVÉS DO PROCESSO CRIATIVO.
LUTA PELO RECONHECIMENTO DA CULTURA E VALORIZAÇÃO DA ESTÉTICA NEGRA NÃO SER USADA COMO FANTASIA. ACREDITA QUE A BUSCA DE CONHECIMENTO É UM GRANDE PASSO PARA A EVOLUÇÃO DO SER HUMANO.
ESTUDANTE DE JORNALISMO, AFICCIONADA POR CAFÉ, EFUSIVA, NOTÍVAGA E COLECIONADORA DE IMÃS DE GELADEIRA.
ÚLTIMA DESCOBERTA: PÃO DE MILHO É MUITO DOCE E NÃO FICA BOM COM FRANGO UM LUGAR PARA VIAJAR: QUALQUER UM ÚLTIMO LIVRO: SENSE AND SENSIBILITY DA JANE AUSTEN UM SITE: TUMBLR UMA MÚSICA: BROKE MODEST MOUSE UM ARTISTA: KEITH HARING
ÚLTIMA DESCOBERTA: O COLETIVO CONGOLÊS KOKOKO!. UM LUGAR PRA VIAJAR: LAGOS, NIGÉRIA. ÚLTIMO LIVRO: CRÍTICA DE RAZÃO NEGRA, DO HISTORIADOR, PENSADOR PÓS-COLONIAL E CIENTISTA POLÍTICO CAMARONÊS ACHILLE MBEMBE. UM SITE: NOBRASIL.CO UMA MÚSICA: PODE UM EP? BOTTOMS REVENGE, DO DUO MULTIMÍDIA SULAFRICANO FAKA. UM ARTISTA: TABITA REZAIRE.
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ÚLTIMA DESCOBERTA: HAMBÚRGUER DE BERINJELA É (MUITO) BOM UM LUGAR PRA VIAJAR: PERU ÚLTIMO LIVRO: MORANGOS MOFADOS, CAIO FERNANDO ABREU UM SITE: TWITTER UMA MÚSICA: TOGETHER, THE RACONTEURS UM ARTISTA: VIOLA DAVIS
ÚLTIMA DESCOBERTA: BEM, EU NÃO TINHA NETFLIX ATÉ O MÊS PASSADO. ENTÃO MINHAS ÚLTIMAS DESCOBERTAS FORAM AS SÉRIES THE GET DOWN E DEAR WHITE PEOPLE. UM LUGAR PARA VIAJAR: MÉXICO ÚLTIMO LIVRO: SOLIDÃO E OUTRAS COMPANHIAS, DO AUTOR MÁRWIO CÂMARA UM SITE: IH, NÃO SEI. ENTRO SEMPRE NO SITE DO INSTITUTO GELEDÉS. UMA MÚSICA: AIN’T GOT NO / I GOT LIFE - NINA SIMONE UM ARTISTA: BILLIE, HOLIDAY E FRIDA KAHLO.
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EXPEDIENTE DIRETORA E PUBLISHER AGNES SOUZA
FOTÓGRAFO FELIPE MAZZUCATTO
DESIGNER GRÁFICO RAFAEL SNAK
ORIENTADORA PROFª Mª. SILVANA DE VARGAS HOLZMEISTER AGRADECIMENTOS ANNE OLIVEIRA, BEATRIZ MENDES, BRUNO GOMES, CASA JUISI, CÍNTIA TOLEDO, CLAYTON OLIVEIRA, DANIELLA TINÓRIO, DENIZE SENNA, ESTÚDIO MÉLIES, GABRIEL CRISTIANO, GUILHERME HENRIQUE, IGI AYEDUN, IRIS INGRID, JULIA COSTA, KAMYLLA LEÃO, KEVELYN OLIVEIRA, LARISSA FERNANDES, LEKITSCH BAR, MARCELO (1993AGOSTO), MARCELO GOMES, MARCONI HENRIQUE, PARQUE DA INDEPENDÊNCIA, PEDRO VILAÇA, THAÍS MENEZES, TONY JR. VINTAGE DELUXE.
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ILU ST R AÇ ÃO - C A R M E N M O R E N A
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