#5 Edição da Revista Strombolli

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REVISTA

Novembro de 2011 • EDIÇÃ

O #05

PERSONALIZAÇÃO

CINEMA ORIENTAL

RUA DAS FLORES

Confira nessa edição o Ateliê da Beta e o Cadernorama!

A inspiração pode estar nos lugares mais inusitados

Crônica de Savya Alana, nas páginas de Despedida


EXPEDIENTE Coordenação Geral e de Conteúdo REVISTA

Sthefany Frassi | Féffi

Produção Sthefany Frassi | Féffi Bia Oliveira NOVEMBRO DE 2011 • EDIÇÃO #05

Os POEMAS nas PÁGINAS VERDES são de Thaiana Gomes.

Colaboradores Fernando Hereñu (Pulpo), Luisa Amoroso, Rudy Calheiros, Caroline Jambour, Clarissa Paiva, Fernando Triff, Thaiana Gomes, Simone Mendes, Heitor Pontes, Lívia Colbellari, Herton Farias, Celia Gómez de Villavedón Pedrosa, Marianna Schmidt, Zé Antunes, Alison Scarpulla, Simon Tomlinson, Ylenia Arca, Fiona, Toby Mason, Raquel Fialho, Cadernorama – Saulo Dias, Ateliê da Beta – Roberta Alessandra, Banda “Nós”, Savya Alana. Agradecimentos Agradecemos a todos aqueles que de alguma forma participaram desta publicação, direta ou indiretamente, colaborando para a possível realização.

Todos os materiais publicados são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da revista. É proibida a reprodução total, parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização dos artistas ou do editor da revista. A Strombolli está aberta para novas ideias e experimentos. Para colaborar envie seu material para o e-mail: CAPA DE FERNANDO HEREÑU (PULPO) www.flickr.com/pulpocorporate

contato@strombolli.com.br


PORTFÓLIO FERNANDO HEREÑU (PULPO)

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www.flickr.com/pulpocorporate LUISA AMOROSO

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• Celia Gómez de Villavedón Pedrosa

www.flickr.com/luisaamoroso RUDY CALHEIROS

www.flickr.com/fillesurlepont Marianna Schmidt www.flickr.com/marimarianna Zé Antunes www.flickr.com/zeantunes Alison Scarpulla www.flickr.com/aliscarpulla Simon Tomlinson www.flickr.com/simontomlinson Ylenia Arca www.flickr.com/ylenia Fiona www.flickr.com/fionao Toby Mason www.flickr.com/tobesandjess Raquel Fialho www.flickr.com/xkelx

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• •

www.rudycalheiros.com CAROLINE JAMBOUR

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• •

www.fadamariposa.blogspot.com

CLARISSA PAIVA www.variations.deviantart.com

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FERNANDO TRIFF www.flickr.com/photos/ftriff

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SIMONE MENDES www.simonemendes.carbonmade.com

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HEITOR PONTES www.flickr.com/photos/heitorpontes

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CINEMA

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• • • • 84

POR LÍVIA COLBELLARI

HERTON FARIAS www.hagah.blog.terra.com.br

QUITANDA Cadernorama www.cadernorama.com.br

A inspiração pode está nos lugares mais inusitados

PERFIL

FOTOGRAFIA TOP TEN

Ateliê da Beta www.flickr.com/xkelx 60 88

MÚSICAS Nós | www.wix.com/noscontato/nos

DESPEDIDA

Na esquina da Rua das Flores POR SAVYA ALANA


ARTES PLÁSTICAS

PORTFÓLIO

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Fernando Hereñu (Pulpo) • Argentina • www.flickr.com/pulpocorporate


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Fernando Hereñu (Pulpo) • Argentina • www.flickr.com/pulpocorporate


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Fernando Hereñu (Pulpo) • Argentina • www.flickr.com/pulpocorporate


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Fernando Hereñu (Pulpo) • Argentina • www.flickr.com/pulpocorporate


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Luisa Amoroso • Brasil • www.flickr.com/luisaamoroso


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Luisa Amoroso • Brasil • www.flickr.com/luisaamoroso


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Luisa Amoroso • Brasil • www.flickr.com/luisaamoroso


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Luisa Amoroso • Brasil • www.flickr.com/luisaamoroso


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Rudy Calheiros • Brasil • www.rudycalheiros.com


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Rudy Calheiros • Brasil • www.rudycalheiros.com


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Caroline Jambour • Brasil • www.fadamariposa.blogspot.com


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Caroline Jambour • Brasil • www.fadamariposa.blogspot.com


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Caroline Jambour • Brasil • www.fadamariposa.blogspot.com


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Caroline Jambour • Brasil • www.fadamariposa.blogspot.com


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Clarissa Paiva • Brasil • www.variations.deviantart.com


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Clarissa Paiva • Brasil • www.variations.deviantart.com


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Clarissa Paiva • Brasil • www.variations.deviantart.com


Amores modernos Acordei atrasada como de costume. Aliás, o tempo parece sempre estar contra mim. Pego as chaves do carro e saio. Chego ao trabalho e sinto que algo me falta. Uma angústia começa a consumir meus pensamentos. Minhas mãos suam frias, meus batimentos cardíacos estão acelerados, a inquietação toma conta de meus pés; estes batem fortes contra o chão. Sinto-me repleta de buracos, vazios. Não tenho mais controle de nada. O impresumível vem dos ruídos, mas estes desapareceram hoje. Falta o ruído, falta tudo. A situação torna-se insuportável, indagável, intolerável. Reviro a bolsa e os bolsos a procura das chaves do carro, preciso voltar para casa. Olho descontroladamente para os lados e para o chão. Acho as chaves. Pego o carro. Acelero. Uma ansiedade toma conta de mim. Abro a porta, passo pela sala célere. Entro no quarto e lá está ele, estático em cima da cama, parece olhar para mim. Como pude esquecê-lo, questiono-me. Ah, como é difícil viver sem celular!

Thaiana Gomes


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Fernando Triff • Brasil • www.flickr.com/photos/ftriff


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Fernando Triff • Brasil • www.flickr.com/photos/ftriff


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Simone Mendes • Brasil • www.simonemendes.carbonmade.com


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Simone Mendes • Brasil • www.simonemendes.carbonmade.com


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Simone Mendes • Brasil • www.simonemendes.carbonmade.com


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Simone Mendes • Brasil • www.simonemendes.carbonmade.com


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Heitor Pontes • Brasil • www.flickr.com/heitorpontes


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Heitor Pontes • Brasil • www.flickr.com/heitorpontes


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Heitor Pontes • Brasil • www.flickr.com/heitorpontes


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Heitor Pontes • Brasil • www.flickr.com/heitorpontes


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CINEMA

TODA A INTENSIDADE DO CINEMA ORIENTAL O filme “Poesia” mostra que a inspiração pode estar nos lugares mais inusitados Por Lívia Corbellari Talvez o filme do diretor e roeirista sul-coreano Lee Chang-dong deva ser visto aos poucos. Assim como um livro de poesia, que para se apreciar todos os detalhes, precisa ser lido devagar. Ou talvez, o filme deve ser visto aos poucos apenas por causa da sua intensidade. Digo isso, porque esse filme me passou uma angustia. Ao mesmo tempo que sentia pena de todos os infortunios da protagonista, eu também a admirava por ter forças e lutar pelo seu sonho: escrever um poema. O filme “Poesia” (Shi, 2010), assim como alguns filmes de Lars Von Trier, tem a intenção de mostrar a vida dos personagens sem nenhum pudor, com todas as suas tristezas e desventuras. A protagonista é uma senhora chamada Mija (Jeong-hee Yoon), que mora com seu neto nas encostas do rio Han, e resolve frequentar aulas para aprender a escrever poemas.

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Para conseguir escrever seus próprios versos, Mija segue o conselho do professor e passa a observar o seu cotidiano. Porém, ela começa a sentir frustrada por não conseguir ver a beleza e a poesia das coisas simples. Ao mesmo tempo, que ela se dispõe a esse exercício, seu mundo começa a desmoronar devido a vários acontecimentos ruins. Mija descobre que o neto que ela sustenta abusou sexualmente, com outros amigos, de uma menina que acabou de se suicidar. Os pais dos outros meninos a procuram e resolvem que cada um vai doar uma enorme quantia em dinheiro para calar a mãe da menina. Porém, o dinheiro que Mija ganha não é suficiente e na busca para juntar a quantia outras trajédias acontecem. Mesmo com todos os problemas, Mija se reserva um tempo para contemplar a na-

Livia Cobelari • Brasil • www.liviacor.blogspot.com


tureza e frequentar grupos de poetas em busca de inspiração. A todo tempo, ela tenta escrever seu poema antes que seja tarde demais. A atriz Jeong-hee Yoon embeleza cada cena e consegue passar perfeitamente toda a sensibilidade e humildade da personagem. A ausência de trilha sonora na maioria das cenas, a coloca em primeiro plano sempre.

O vencedor de melhor roteiro do Festival de Cannes, não é só um filme sobre o processo criativo. Ele também questiona o que é poesia e a disvincula do sentido de belo. Segundo o professor de Mija, poesia está no cotidiano e nas coisas mais simples, até mesmo numa maçã.

Lívia Corbellari www.liviacor.blogspot.com

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CRÔNICA

PERFIL Kallinca Porto idolatra Madonna, lê Bukowiski, beija – mesmo – garotas e é a popstar de párias e renegados Por Herton Farias Entre uma tragada e outra de cerveja Glacial, dessa que se vende em boteco universitário e da qual os estudantes escolhem pelo preço (R$ 3, experimente! é ótima), Kallinca Porto é a fama personificada. Afinal, no ambiente de penumbra, poluído por fumaça de cigarro e rock n’roll decadente, a universitária de 19 anos concede entrevista a um jovem jornalista interessado na sua vida. O tema clichê – Quem não conhece Kallinca Porto nesta parte ao sul do mundo? – nada tem a ver com a história

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relatada. O lugar-comum está distante de ser habitado por essa garota deslumbrante de um jeito absolutamente excessivo. Quando Truman Capote escreveu a novela Breakfast at Tiffany’s, em 1958, pensou que sua amiga Marilyn Monroe seria a tradução perfeita da personagem Holly Golightly. A garota cabeça de vento, que ingenuamente flanava pela vida e possuía uma inocência ainda que voluptuosa - capaz de tornar a amoralidade antes de

Herton Farias • Brasil • www.hagah.blog.terra.com.br


reprovável, charmosa – é também a descrição da nossa bonequinha luxo. Aliás, as peripécias de Kallinca poderiam render-lhe o título - pouco nobre - de celebridade por qualquer colunista nova-iorquino, a capa da Vogue, Life, Rolling Stones. Kallinca seria facilmente personagem dos filmes underground de Polanski, do mundo pop de Warhol ou Madonna, a quem cultua obstinadamente. Com 1,70 metros de altura, cabelos negros ondulados até o ombro, que contrastam com a pele branca aveludada e olhos por onde navegariam saveiros, Kallinca é ou não decalque da celebridade talhada por Capote? Kallinca cresceu em uma vida confortável, na região quente e de ar abafado do centro-oeste do país. Durante a infância morou com a mãe Lucimar, os avós maternos e a tia em uma casa grande de quintal espaçoso, em meio à sombra de muitas árvores (ela odeia o calor). “Tinha vários pés de frutas, tinha uma mangueira, um pé de fruta do conde, um pé de limão, pé de acerola, de pitanga e de caju, maracujazeiro, tinha uma horta, tomate, alface, hortelão, fora as ervas do vô, arruda, cidreira… entrava muito sol dentro de casa. O cheiro era sempre de algo da cozinha: café, temperos. Tinha o cheiro da minha vó”, recorda. Aos 12 anos mudou-se com a família para o interior de Santa Catarina (o calor só seria problema poucos meses por ano), onde atualmente traça - nem tão

ávida������������������������������������� assim - sua carreira de fama e o estrelato (afirma que a faculdade de Publicidade, que cursa há dois anos como hobbie, pode ajudá-la). A educação de Kallinca é algo cinematográfico. Sua mãe, corretora de seguros e aficionada por música, a educou com discos de Bob Dylan, Duran Duran e, claro, Madonna. Não por acaso ela idolatra a diva do pop. As referências culturais, que de certa forma moldaram a sua personalidade e injetaram ainda mais conteúdo na sua veia artística, têm ainda Supertramp, A-HA e na literatura Bukowiski, o escritor marginal e anarquista do qual o texto, além de escatológico e etílico, fala de pessoas comuns e que não tem futuro. Da infância regada à música, livros e filmes de “adultos”, Kallinca lembra do dia em que, aos cinco anos, assistiu “Lua de Fel” (Roman Polanski, 1992), entre os mais amargos filmes sobre o amor, as obsessões e a sexualidade humana. “Estávamos no sofá, eu deitada no colo dela. Nas cenas de sexo, que são muitas no filme, ela tentava cobrir meus olhos com a mão”, diz revivendo o modo como sua mãe tentava sem êxito censurar sua visão. Na reprodução, o riso, a mão no rosto, o vazio entre os dedos que revelavam seus olhos, denunciavam a suavidade do flashback lacônico. A televisão era uma companhia inseparável. Quando a mãe saia para trabalhar a de-

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ixava na frente do aparelho. Durante as oito horas que a genitora passava fora de casa (e avós ocupados com seus afazeres), as únicas companhias de carne e osso eram de sua tia (com esquizofrenia) e Pimpolho, seu coelhinho de estimação. Brincadeiras na rua, com amiguinhos até os 12 anos eram incomuns. Depois disso, só nos finais de semana. Talvez – e só talvez – por isso ela se considere uma jovem viciada em TV. Com a chegada da internet migrou também de vício. Ela não imagina como seria sua vida hoje sem TV e sem consultas diárias no Google. Desde o tempo do colégio adventista ela se destaca. Não pelos óculos que usava ou pela tiara colorida que a avó insistia em colocar na sua cabeça, como se ali fosse o local ideal para fixar um outdoor anunciando: Olhem para a Kallinca, a menina malvada que ninguém gosta e, que segundo a professora vai para o inferno. “O adventista era particular. Tinha meninas que usavam saia, mas eu usava short… a primeira palavra que eu escrevi foi Jesus, antes do meu nome, acredita? Eles contavam historinhas das Bíblia (isso no pré), e qualquer ato de egoísmo ou malvadeza, a professora dizia que iríamos para o inferno. A professora chamou minha mãe uma vez e disse que eu era muito faladeira. Minha mãe disse que iria começar a me vigiar na escola, eu acreditei e ficava olhando pra

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todos os lugares para ver se a encontrava”, diverte-se sem nenhum saudosismo. Dessa época em que invejava a coleguinha Ingrid – loira, quietinha, pé-pequeno, sem pelos e diabética que todos gostavam – e que ouvia relatos de pecados e penitências ela quer mesmo uma redenção. “Era horrível. Sou cheia de culpa até hoje. Quando faço sexo fico pensando: Meu Deus! Sou uma puta. ‘Dei’ pro cara na primeira vez”. Diante do panorama comportado e conservador da sociedade bairrista e de pós-adolescentes de vinte e poucos anos cheios de preconceitos, Kallinca – que agradece por ter Madonna como inspiração – é uma popstar para os párias e renegados sociais que a conhecem. “Eu acho um carma na minha vida ser fã de Madonna. Isso porque não se espera pouco de quem é fã de Madonna”, revela num timing quase teatral. Com a mesma expressão afirma que se descobriu narcisista. Antes de qualquer coisa, há apenas Kall e seu reflexo. “Vivo me olhando no espelho mexendo no cabelo”. O que ela diz não parece nítido e claro, porém flui de forma avassaladora como pequenos goles de Tequila, limão e sal. A mistura pouco discreta é ainda mais explosiva quando desce pela linda garganta de Kallinca e cai no seu sangue. Imagine a rotina de um bar ser interrompida por uma mulher que não hesita em tirar a roupa em troca de um hit da sua diva? Imagine agora

Herton Farias • Brasil • www.hagah.blog.terra.com.br


o doce pedido “Se tocar Madonna eu fico pelada” tornar-se jargão. Kallinca é Kallinca o tempo todo. Nua num bar ou vestida com uma de suas produções autênticas - a combinação de um corselet de renda branca e minissaia armada da mesma cor, sapatos de salto agulha altíssimo vermelhos, colares de cristais, lábios e unhas pintados de fogo é uma delas - para um ambiente mais “formal”. Essa vida - música, moda, excessos, volúpia e o desejo de ser notada - é tudo o que ela sempre quis. Mas não é só isso. Entre a organização do quarto, do horário para comer, idas e corridas (também ao banheiro), faculdade, fumar, beber cerveja, dar entrevistas, beijar garotos e garotas, transar, e vomitar no travesseiro do seu “ficante”… entre as “coisas cotidianas” da sua existência, ela tem a capacidade de produzir a requintada inquietação em relação à condição humana, tão “over”.

ego do mesmo tamanho de um bonde são coisas que andam de mãos dadas; na verdade, o essencial é não ter ego nenhum. Nada contra ser rica e famosa. Isso está nos meus planos, e qualquer dia desses vai dar certo; mas quando isso acontecer, quero estar com o meu ego aqui comigo. Ainda quero ser eu mesma quando acordar numa bela manhã para tomar café-da-manhã na Tiffany’s”, gritaria Kallinca se fosse Holly Golightly, a bonequinha de luxo de Capote. Mas como não é, ela se contenta com a definição que o avô lhe atribuí com toda sinceridade: “Kallinca é uma santinha”*. *No italiano, o nome de Santa Virgem Maria é vertido, para representação artística, em Madonna.

Herton Farias, é jornalista, mora em Joaçaba • Santa Catarina

Se tudo seguir exatamente do jeito que não foi planejado, Kall não terá muito tempo para relaxar no seu futuro próximo de fama e ostentação - uma ambição que soa muito melhor se não for declarada em voz alta. Mas, mais importante que isso, ela quer inspirar sua legião de fãs bradando por aí. “É difícil demais e, quando você é inteligente, é muito constrangedor. Meus complexos não são tão inferiores assim: todo mundo acha que ser estrela é ter um

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FOTOGRAFIA

TOP TEN

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Celia Gรณmez de Villavedรณn Pedrosa โ ข www.flickr.com/fillesurlepont


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Celia Gรณmez de Villavedรณn Pedrosa โ ข www.flickr.com/fillesurlepont


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Marianna Schmidt • www.flickr.com/marimarianna


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Zé Antunes • www.flickr.com/zeantunes


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Alison Scarpulla • www.flickr.com/aliscarpulla


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Simon Tomlinson • www.flickr.com/simontomlinson


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Ylenia Arca • www.flickr.com/ylenia


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Fiona • www.flickr.com/fionao


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Toby Mason • www.flickr.com/tobesandjess


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Raquel Fialho • www.flickr.com/xkelx


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QUITANDA

CADERNORAMA Suas ideias cabem aqui! Cadernorama é um estúdio de encadernação contemporânea artesanal, que propõe a união do design, arte e artesanato. Os cadernos produzidos aqui, são utilizados por artistas, designers, arquitetos, escritores, ilustradores, fotógrafos, publicitários, e para todos os clientes que procuram qualidade e exclusividade para guardar seus registros. É gratificante perceber a satisfação do cliente ao receber o produto com todas as características escolhidas por ele. Produtos artesanais, sustentáveis, contemporâneos, ecológicos e exclusivos. Produzimos cadernetas, cadernos, agendas, álbuns, blocos de anotações, cadernos de receitas, post-it e muitos outros. Não podemos esquecer dos projetos especiais como restaurações, encadernações, montagem de portfólios e etc. A minha trajetória na encadernação começou em 2008. Um grande amigo radialista Roliber Wanderson tinha uma viagem de férias planejada para Europa (França e Itália) e na volta passaria pelos Estados Unidos. Me veio a ideia de produzir um diário de viagem para presenteá-lo. O mais interessante é que até hoje ele não me mostrou os escritos, rs. Mas diário é diário! Pessoal e intrasferível. Em março de 2009, resolvi encadernar 21 cadernos (mini-livros) no formato 12x9cm e convidar 21 artistas para eles interagirem com os mini-livros. Prontamente aceitaram o desafio e participaram do projeto intitulado “21 REGISTROS – mini-livro de artista”. O resultado foi além das expectativas. Todos os artistas retornaram os mini-livros com excelentes trabalhos e infinitas técnicas. Em maio de 2010, tive o imenso prazer de conhecer pessoalmente Daniel Barbosa (Caderno Listrado) e participar do workshop – Encadernação Contemporânea no SDESIGN 2010 – Semana de Design da UFES. A partir daí, comecei a praticar, errar, criar, acertar, experimentar, pesquisar e não parar mais, até criar o nome Cadernorama.

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Cadernorama • Saulo Dias • www.cadernorama.com.br


www.cadernorama.com.br Em breve loja virtual para compras online. Twitter @cadernorama Encomendas, pedidos e sugest천es: cadernorama@terra.com.br

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QUITANDA

ATELIÊ DA BETA Sempre fui muito ligada em artes em geral, principalmente artes manuais! Comecei fazendo presentes personalizados para meu namorado, devido à falta que eu sentia em encontrar presentes diferentes em lojas físicas, que ofereciam sempre as mesmas coisas. Então eu mesma passei a dar a minha cara nos presentes, que foram ampliando para amigos e família. Foi então que surgiu a idéia de expor meu trabalho na internet e o blog veio como primeira ferramenta de divulgação. Fez sucesso rápido, e aos poucos o Ateliê foi se tornando uma loja de soluções de problemas, não só através de presentes criativos, mas passou a englobar também o universo de festas personalizadas, que envolvem desde as lembrancinhas, os convites, à decoração para aniversários, casamentos, maternidade etc. Aos poucos fomos expandindo para outras redes sociais, como Twitter, Facebook, Orkut, Flickr. Criamos também uma loja virtual para que o cliente pudesse comprar com maior agilidade, sem precisar nos contactar por e-mail.

mente são sempre diferenciadas, o que acaba tornando os presentes totalmente personalizados e exclusivos. Hoje o Ateliê da Beta é conhecido como uma empresa de “Handmade 2.0”, pois o que já era uma mistura de artesanato com design e direção de arte digital, hoje a tecnologia proporciona, principalmente, a interatividade, a divulgação e o relacionamento com os clientes, que participam ativamente da elaboração dos seus produtos. Já enviamos produtos para mais de 20 estados brasileiros e até para Alemanha. A idéia é ampliar cada vez mais a variedade de presentes e produtos diferenciados para eventos, contando sempre com a ajuda dos clientes.

Site: www.ateliedabeta.com.br Loja Virtual: www.ateliedabeta.elo7.com Twitter: www.twitter.com/ateliedabeta Contato: ateliedabeta@gmail.com +55 (27) 9298-5538

Todos os produtos são confeccionados artesanalmente buscando atender sempre as necessidades dos clientes, que normal-

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Roberta Alessandra • Brasil • www.flickr.com/ateliedabeta


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MÚSICA

Nós “Nós” é uma mistura de influências e de sons, é um projeto incrivelmente apaixonante e carismático que envolve rapidamente e se instala, sem que você perceba, nos seus momentos mais íntimos. Se quiser mergulhar em um universo que sempre existiu, mas que você nunca notou, é só sentir o som e deixar-se envolver por nós.

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Nós • Brasil • www.wix.com/noscontato/nos


FOTOS POR MARINA ABRANCHES

A “Nós” é formada por duas amigas (Ana Paula: voz e violão e Bia: violão e outros) que se conheceram a pouco mais de três anos na escada de uma escola. A afinidade musical foi notória e, desde então, em meio a brigas (muitas) e bons momentos, hoje mais maduras e com

influências sólidas, resolveram unir suas individualidades formando a “Nós” em busca de um objetivo maior: a música. É isso que nós somos, um misto de conflitos, alegrias, bons e maus momentos expressados através de canções.

• Confira: Twitter: www.twitter.com/nos_sou Facebook: www.facebook.com/profile.php?id=100002489700198&sk=info Youtube: www.youtube.com/user/contatonos

www.wix.com/noscontato/nos 89


CONTO

DESPEDIDA

Na esquina da Rua Flores *Por Savya Alana

Na esquina da Rua Flores fica a minha

parcialmente o jornal. A garçonete chega

cafeteria preferida, chama-se Toca do

trazendo pãezinhos com alguma pasta no

Café. Chego pontualmente as sete, vou-

meio, informa que as xícaras estão sendo

me despontualmente às 9, em média,

lavadas e pergunta se ela aceita o café

depois de cinco cafés e um jornal, lido

em um copo descartável. Com um leve

calmamente.

sorriso, minha colega de mesa diz que vai esperar pela xícara. A garçonete se vai.

A Toca do Café é um lugar diferente, mesmo constantemente lotada tem a

Abaixo o jornal para um gole e acabo

paz de sonolentos respeitosos. Bocejos

dizendo que ela deveria ter aceitado o

acompanhados de tirin tin tins das colheres

copo, pois certamente a xícara irá demorar.

que mexem o açúcar, levantando o aroma que delicadamente acorda os sentidos.

Olhando bem nos meus olhos, com o

Dividir uma mesa é prática comum dos

sorriso mais singelo e grande que já vi, ela

freqüentes.

me responde em um tom gentil:

Naquela

manhã

em

especial

estava

- É preciso paciência para aproveitar os

extremamente cheio, por de trás do jornal

pequenos luxos da vida. Um café é mais

notei o balançar da mesa quando meu

café em uma xícara.

café se agitou. Respondo então que luxo na vida é tempo, - Bom dia, tudo bem? Licença, vou me

ao qual ela me responde:

sentar com você, Pode ser?. Me chamo Cinder e você?

- O tempo eu não posso escolher, ele não vai parar se eu assim o quiser.

Bem, não sabia qual das perguntas

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respondia primeiro. Arrisquei o bom dia

O café na discutida xícara chegou mais

e disse um fique a vontade, abaixando

rápido do que eu previa.


Erguendo a xícara ela me disse um

dela decorava delicadamente cada copo

saudoso

minha

com decalques de flores, uma espécie de

mostrando que já tinha, ela então bateu

adesivo que não sai com a lavagem. Disse-

delicadamente sua xícara na minha como

me que por mais simples que fossem,

se fosse um brinde.

havia xícaras que não formavam um jogo,

“aceita?”,

levantei

a

mas sempre compunham a mesa do café E eu disse: - um brinde a quem é mais

da manhã. Posto na mesa nada havia de

importante, seja o café ou a xícara.

gostoso a não ser o carinho, que antecedia o dia a dia árduo de quem sonha que o

E ela respondeu em meio ao primeiro

melhor certamente chegará um dia.

gole: Naquela

manhã

Cinder

despediu-se

- De certo que o mais importante é a

apressadamente às 8:30, foi-se sem ao

companhia.

menos saber o meu nome, deixou-me mais do que o seu.

Prosseguimos uma agradável conversa entre goles e risos.

Com Cinder aprendi que a nobreza está nos gestos e que pode ser marcante. Afinal os

Cinder me contou que quando era criança

meus cafés passaram a esperar somente

morava em uma casa muito humilde. Que

uma única companhia. Pontualmente às

só tinham copos reciclados, daqueles

7 e esperançosamente ao longo de todo

que vem extrato de tomate. Que a mãe

um dia.

Conto > Savya Alana www.savyalana.com

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REVISTA

www.strombolli.com.br


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