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Revista

GRATUITA Ano IV - No 32

MSF

A médica Raquel Esteves Soeiro faz parte do time dos Médicos Sem Fronteiras, uma história de disciplina e amor.

PEDRO BIGARDI faz balanço de governo







www.revistatouche.com.br www.facebook.com/ revistatouche Editora- Chefe: Mônica Tozetto editora@revistatouche.com.br Jornalista responsável: Mônica Tozetto - MTB: 33.120 Artes: Equipe Revista touché! Editora Laser Press de Comunicação Integrada Diagramação: Alexandra Torricelli Tiragem: 10.000 exemplares Audiência Média: 40 Mil Pessoas Distribuição: Em Jundiaí e região, nas melhores bancas, comércios cadastrados, condomínios horizontais e verticais de alto e médio padrão. Display no Mercadão da Cidade, Mercadão da Vila Arens, Unit Mall e no Bulevar Beco Fino.

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Sobre fronts e fronteiras

O

discurso muitas vezes fácil do amor ao próximo costuma ser lugar comum nessa época do ano. Mais raro, porém, são exemplos M ô n i c a T o z e t t o , e d itora concretos de doação, de contri- editora@revistatouche.com.br buições que de fato mudam a vida de outras pessoas. Assim, impressiona a nossa entrevistada desse mês, a médica Raquel Soeiro, que compõe aquilo que pode ser Na touché! tem classificado como a vanguarda da solidariedade - a orPedro Bigardi: ganização Médicos sem Fronteiras. 08 um ano de governo Em lugares marcados por sequestros, balas perdidas e pobreza extrema, os Médicos sem Fronteiras arriscam sem 14 Doação fronteiras a pele para salvar vidas inocentes. Movidos pela paixão e sob condições subumanas, eles têm como combustível Investimento 24 em tecnologia as vidas salvas em meio a tantas perdidas. No relato de Raquel, muita emoção, suspense e principalmente coraSaúde: dieta Detox gem para atuar em fronts de guerra. 25 ou desintoxicante? Ainda na touché que fecha o ano de 2013, um balanço da administração de Pedro Bigardi, que também Receitas especiais do 28 chef Paulo de Luna luta na fronteira do bem público, com o imenso desafio de construir uma cidade cada vez melhor. Mas a touché Ciesp Jundiaí: ano tem muito mais. Nossos colunistas exclusivos e muitos 30 Alemanha + Brasil outros assuntos para deixar seu fim de ano muito mais Colunistas saboroso. 32 exclusivos da touché! Touché! - uma página mais gostosa que outra.

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Perfil

Pedro Bigardi: um ano de governo Ele faz questão de estar sempre perto da população. Fiscaliza,

toma conta, chama para o trabalho. Mesmo assim, mantém há-

bitos da rotina do dia a dia, como almoçar com a família. Bigardi assumiu a Prefeitura de Jundiaí há um ano e colocou sua marca

em todos os projetos. Ele sabe que o voto não termina nas urnas. A confiança de quem escolheu seu nome precisa ser conquista-

da todos os dias. “É como um namoro. Tem que manter a chama acesa. Um desafio. É preciso cuidar do bairro, de cada pessoa. O Por Mônica Tozetto

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tempo todo. E é isso que eu procuro fazer”.


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uando Pedro Bigardi adentrou seu gabinete pela primeira vez co­ mo prefeito de Jundiaí, no início de 2013, sabia que tinha muito trabalho a fazer. A cidade tinha muitos problemas. O contrato de conservação não estava legalizado, muitas obras iniciadas que precisavam ser terminadas da melhor maneira possível e os eventos programados, que era preciso dar continuidade. E com um detalhe: essa continuidade tinha que ter sua marca. Bigardi não titubeou. Com a ajuda da primeira dama, Margarete Bigardi, que assumiu o Fundo Social de Solidariedade com maestria, realizou o Carnaval e a Festa da Uva. Ambos foram um sucesso. “Fizemos diferente, da maneira como o povo queria. A avenida ficou lotada no Carnaval”, comemora ele. A nova Prefeitura manteve a cidade limpa, mesmo sem contrato. E incrementou coisas novas, como a limpeza mecânica no centro da cidade. Nesse primeiro ano, Jundiaí ganhou um milhão de metros quadrados de asfalto. Mais do que havia sido feito nos últimos quatro anos. Bigardi conseguiu dar encaminhamento às negociações de transposições da Anhanguera e termina o ano com o projeto pronto para início de obras em 2014. “Cumprimos tudo que estava no programa e avançamos, preparando o governo para ter êxito nos próximos anos”, afirma. O prefeito não esconde que contava a seu favor a experiência acumulada nos anos em que trabalhou na Prefeitura e o fato de ter sido deputado Estadual. “Eu compreendia o funcionamento da máquina e conhecia os caminhos”, fala ele. Assim, como é até hoje, muitas vezes bate o olho num documento e sabe se tem algum problema. “Discuto. Não vou assinando qualquer coisa”.

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Perfil

Estilo Pedro Sabendo das dificuldades da trilha política, Bigardi insistiu na unidade de seu grupo. Nunca deixou que se criassem intrigas entre secretarias, estabelecendo o diálogo como base de trabalho. “Quando vejo um problema, chamo pra conversar. Critico, mas também elogio. Isso estabelece um ambiente gostoso, o que ajuda muito nos projetos”, comenta. Ele abre suas portas para secretários, vereadores, servidores, entidades, religiosos. “Atendo muita gente. Quero que aqui seja a casa das pessoas. Muitas nunca tinham entrado no meu gabinete”, fala, divertido. Claro que isso o acaba deixando sobrecarregado. Mas ele sabia

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que ia ser assim e estava preparado. “A exigência de um prefeito é muito maior que a de um deputado, por exemplo. Sinto que fico 24 horas pensando”, diz. Para isso, reforça o outro lado. Procura manter o controle e o equilíbrio. E essa atitude ele também dispensa às críticas. No começo qualquer palavra incomodava. Depois, percebeu que fazia parte do processo. Procura separar as consistentes, daquelas que são puro jogo político e tenta resolver aquilo que é possível. “Mantenho sempre a serenidade, tanto nos momentos de críticas como de euforias, para que as coisas caminhem com fluidez”, ensina. Outra marca de Bigardi é a fiscali-

zação pessoal da cidade. De manhãzinha, ou no final de tarde, sai pelas ruas de Jundiaí pra ver o que está acontecendo. Se vê um buraco, já liga para o responsável. Se ouve uma reclamação no rádio, também dá encaminhamento. Chega a resolver a questão pessoalmente, se precisar. “Não posso ver uma placa velha, que já fico incomodado. Gosto de ver o que está acontecendo, de olhar como o cidadão olha. Aciono todo mundo e colocamos o trabalho em dia”. Ele sente falta de visitar os bairros com mais frequência, mas promete que, ano que vem, quando as coisas estiverem mais tranquilas, vai fazer isso. “Sou um prefeito acessível, mas quero ser ainda mais”.


A busca por recursos em 2013 Uma das grandes tarefas do novo governo nesse ano foi a busca por recursos para viabilizar as obras dos próximos anos e, claro, aquelas que foram feitas esse ano. “Busquei nos governos Federal e Estadual, apresentamos projetos. Foram mais de R$ 250 milhões conquistados”. O fato de ter sido deputado Estadual foi muito importante nessas conquistas. “Os bons relacionamentos colecionados abriram muitas portas”, afirmou. Para trazer inovação à cidade, Bigardi foi conhecer projetos que estão tendo muito êxito em outros países e mesmo no Brasil. Em Bogotá, teve contato com o sistema de transporte. Na Alemanha, com o tratamento de lixo e em Porto Alegre, a política de proteção aos animais. O saldo de tanta dedicação só poderia ser positivo. Todos os compromissos foram cumpridos, obras iniciadas e

convênios assinados. “Mantivemos 90% do que já existia, procurando melhorar e inovar”, destaca. Jundiaí foi preparada para receber novos investimentos e cuidar dos detalhes do dia a dia de maneira tranquila. Para o novo prefeito - que já já completa um ano de cadeira - tem muito mais a se fazer, sem dúvida. Mas há muita coisa acontecendo na cidade. “Todo dia

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tem uma boa novidade. Trabalhamos muito esse ano, mas sabemos que ainda há tarefas pela frente”. Bigardi confessa que sentiu 2013 passar voando. Mas, ao mesmo tempo que rápido, foi intenso. “Finalizo realizado com meus parceiros, com a Câmara, que tenho um excelente relacionamento. Sinto que estamos construindo uma cidade diferente”, comemora.

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Destino

O que esperar de De acordo com Pedro Bigardi, os investimentos começam ano que vem com muito mais intensidade. Várias obras viárias, de saúde, creches, centros esportivos. “Teremos muito mais obras que 2013, que também, na minha avaliação, foi bom”, enfatiza. Uma das estrelas do ano será o Centro de Inovação Tecnológica, que promete revelar destaques na cidade.

E a família, onde fica? Muito ligado à família de maneira geral, Bigardi sente a falta da proximidade que o cargo trouxe. Mas sabe que é uma fase e, faz questão de manter alguns hábitos entre o núcleo mais próximo: a mulher, Margarete e a filha, Patrícia. Procuram almoçar juntos todos os dias, mesmo que não seja em casa. Nesses momentos, a cidade e seus problemas é o assunto preferido. Eles gostam do que fazem: cuidar de Jundiaí e de sua gente. “Isso facilita muito. Principalmente a questão de Margarete ter assumido com tanto empenho o FUNSS. Minha família está muito junto”.

Meio Ambiente

Num futuro próximo, a cidade terá novos projetos. Como o tratamento do lixo, com inspiração na experiência da Alemanha, com a qual Jundiaí fez um convênio para transferência de tecnologia. Bigardi lamenta, porém, o pouco avanço na questão Serra do Japi, mas tem planos para 2014. Em 2013, foi intensificado o controle através de câmaras de segurança. Ainda na questão de meio ambiente, Jundiaí avançou na área de macro-drenagem e tratamento de resíduos.

Educação

Com projeto já assinado pelo ministro Aloísio Mercadante, Jundiaí recebe ano que vem o Instituto Federal, embrião da Universidade Pública. A saúde também ganhou, em 2013, mais 360 vagas em creches. “Para 2014, vamos construir cinco novas creches, o que se refletirá em 800 vagas adicionais. Duas serão erguidas com verbas Federais, duas Estaduais e uma com recursos próprios”, explica.

Transporte

Pouco tempo depois que assumiu o governo, Bigardi se deparou com a greve do sistema de transporte público. Sua decisão, talvez a primeira mais difícil do governo, foi segurar a tarifa através de subsídio. “Queria primeiro, melhorar o transporte público. Depois, pensar num aumento”, disse. Mas essa área vai demandar um pouco mais de estudos, porque é muito complicada.” O prefeita explica que os terminais criaram uma lógica difícil de mudar, com um investimento grande. Mas uma avaliação mais profunda está na pauta. Também na meta a implantação do BRT, o sistema presenciado em Bogotá. O recurso já foi conquistado e o processo já em andamento. O ônibus circula numa canaleta exclusiva, sem interferência.

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Perfil

Saúde

FUNSS

Margarete Bigardi não era da vida pública. Em todas as outras campanhas do marido, ela o acompanhava como podia, mas resguardava sua individualidade como profissional da área da beleza. Dessa vez, ela disse que ia fazer campanha. E falou sério. Abraçou a causa de tal maneira que o prefeito atribui parte de seu sucesso a seu apoio. “Ela foi uma das gratas surpresas do poder. Faz exatamente aqui que o slogan do governo reza: cuidar das pessoas”, elogia. Margarete é uma figura muito querida nas entidades. Autêntica, não consegue ver alguém com dificuldades e já procura uma maneira de ajudar. A Feira da Amizade foi uma festa que ela cuidou com o carinho que se dedica ao preparar a festa dos filhos da gente. “Parecia a casa dela. Não queria sair de lá. Ela queria ver as famílias se encontrando nesse evento e conseguiu”, diz o orgulhoso marido prefeito. Mas que os aproveitadores não se enganem. Apesar da fama de boazinha - e ela é uma pessoa ótima - ao mesmo tempo é cuidadosa e rígida com os procedimentos. Cumpre seu papel na lógica do funcionamento correto da máquina.

Calcanhar de Aquiles da Prefeitura, conforme palavras do Prefeito, a área da saúde vai receber projetos que prometem resolver as falhas na cidade. O PA Central foi construído em 70 dias, ritmo emergencial. Moderno, atende 400 pessoas por dia. No Almerinda Chaves, já tiveram início as obras do UPA e para o ano que vem, mais três unidades serão levantadas. “Projetos e recursos aprovados”, desta Bigardi. Outro grande feito no setor foi o mutirão de cirurgias eletivas, que dizimou uma fila que já durava cinco anos. “A secretaria fez uma parceria com o HU, que cedeu instalações ociosas. Pra mim, foi algo muito emocionante poder resolver esse problema do povo”. A grande esperança de Jundiaí, porém, será a construção do Hospital da Cidade, com início em 2014. Ao lado da Prefeitura, o prédio de 12 andares vai substituir o Hospital São Vicente. “Estamos buscando recursos, mas se não conseguirmos, usaremos recursos próprios. O que eu garanto é que as obras começam e depois vamos continuar correndo atrás do dinheiro para concluir. O projeto está pronto. Será um prédio moderno e urbanizado”, comemora.

Animais não serão esquecidos

Em entrevistas anteriores, Pedro Bigardi me contou do carinho de sua família pelos animais. Sei até que eles ganham fantasia no carnaval. Talvez por isso, nessa administração os bichinhos receberão um olhar especial. A cidade vai ganhar dois ônibus adaptados. Um fará castrações pelos bairros de Jundiaí. Outro, circulará resgatando cachorros e gatos perdidos. “Vamos cuidar, tirar das ruas, buscar a adoção responsável”, promete ele. São Francisco comemora as inovações que vem por aí.

Serviço público

Com uma antena tridimensional, Bigardi olha para todas as áreas ao mesmo tempo. E, logo que assumiu o governo, corrigiu as categorias dos servidores públicos de maneira geral, trabalhando no plano de cargos e salários. Os cargos de comissões foram diminuídos. “Foram criadas também a secretaria de Esportes, Segurança Pública e Meio Ambiente”, destaca. Sem contar as coordenadorias, que cumprem papel de diálogo entre a população e secretarias. Algumas delas são Idoso, Igualdade Racial, Criança e Mulher. E todo esse processo, garante Bigardi, foi muito tranquilo. “Foi uma transição harmoniosa e organizada”, conclui.

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A médica Raquel Esteves Soeiro sempre soube o que queria: ajudar o próximo. Não sossegou até fazer parte do time dos Médicos Sem Fronteiras. Conheça sua história, repleta de determinação, disciplina e amor.

Por Mônica Tozetto

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Ainda adolescente, Raquel Esteves Soeiro observava o trabalho de Zilda Arnes, que investia no fim da desnutrição no Brasil e sabia que, no futuro, faria algo nesse sentido. Foi nesse momento, talvez, que descobriu que seria médica. “Meu sonho era ajudar as pessoas e eu acreditava que, dessa maneira, conseguiria”, lembra. Não foi fácil. Frequentando escola pública a vida toda, precisou fazer cursinho e estudar muito para conseguir uma vaga na Unicamp. Seu primeiro contato com a associação Médicos Sem Fronteira aconteceu quando estava no segundo ano da faculdade, num congresso interno. “Assisti a uma palestra, em 2002 e fiquei fascinada”, conta. Na época, em 2002, ainda não tinha escritório da entidade no Brasil, só na Bélgica e o sonho precisou ser adiado. “Eu precisaria fazer uma prova na Bélgica e não tinha dinheiro pra pagar a passagem”. A vida foi seguindo seu curso. Raquel terminou a faculdade e formou-se em Saúde da Família. A especialidade é bastante abrangente, incluindo até partos. “Na residência que fiz no Hospital de Sumaré, da Unicamp, toda sexta-feira à noite fazia parto e auxiliava em cesáreas”, conta Raquel. A formação abrange também o cuidado de crianças, pequenas cirurgias, além de to-


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Hospital do Congo

das as funções de um Clínico Geral, por exemplo. No último ano de residência, a médica alçou seu primeiro voo em prol das comunidades mais necessitadas, trabalhando num barco no Pará, atendendo os ribeirinhos. Foi nessa época, início de 2011, que ela descobriu que os Médicos Sem Fronteira também estavam no Brasil. “Não perdi tempo. Entrei no site da organização e mandei meu currículo”.

Raquel ressalta que o currículo precisava ser em inglês ou francês. Ela já sabia disso. Tanto que, acalentando o sonho de um dia fazer parte desse seleto grupo, havia começado a estudar francês em 2002. “Eu teria mais chances de participar do projeto se soubesse falar francês, então, quando descobri os Médicos Sem Fronteira, investi no aprendizado da língua”. Na mesma semana, recebeu uma

ligação de recrutamento da organização. Uma cirurgia recente, porém, adiou um pouco mais a concretização do projeto. Dois meses depois, outra telefonema. Dessa vez, ela foi para o Rio de Janeiro para um dia inteiro de provas e entrevistas. Em francês. Uma semana mais tarde, a médica recebia a notícia de que tinha perfil para a organização e que procurariam um projeto para ela.

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A primeira missão

Duas semanas depois de aprovada como integrante da organização, Raquel foi chamada para uma missão no Niger, norte da África. Ela iria como pediatra, cuidar de crianças subnutridas de 0 a 5 anos. “Uma parte do Niger é o deserto do Saara, então, a desnutrição é endêmica. Nada se cultiva. A vida é seca”, conta. A médica pediu um tempo para se desligar dos hospitais em que trabalhava. “Essa fase, apesar de confusa, foi gratificante, porque todos os meus empregadores me dispensaram dos avisos prévios, numa atitude de generosidade”. Carro vendido, cartão de crédito cancelado e todos os detalhes práticos resolvidos, Raquel partiu para uma missão que duraria nove meses. Sabia que 90% da população do Niger era muçulmana e que precisaria seguir uma série de regras: não poderia usar shorts, não poderia dar a mão em cumprimento a um homem antes dele e outros detalhes. “Antes de cada missão, é preciso conhecer teoricamente o país e o projeto que esta-

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mos abraçando”, explica. A realidade, porém, não é tão simples como quando está escrito num pedaço de papel. Para Raquel, a missão tem início mesmo quando se chega e se começa a entender o que se passa. Em Niger, o primeiro choque foi o calor terrível quando desceu do avião. “Devia estar uns 40 graus”. Depois de ser recebida, é o momento de tomar contato com mais informações. E, nesse primeiro projeto, uma regra apareceu de surpresa: não seria possível o deslocamento à pé em momento algum, por conta de sequestros e outros perigos. “Durante os nove meses que fiquei lá, pegava o carro, ia até o hospital e do hospital, pra casa. Não saí”. Como a maioria dos países africanos é tomado pela malária, é preciso tomar um remédio diariamente para prevenção. São três tipos, com vários efeitos colaterais. “Tomei um que fez meu cabelo cair e outro que me deixou com manchas de pele”, conta. O terceiro, que ela tinha certo receio, poderia provocar terrores noturnos. “Mas, felizmente, esse deu certo e é o que tomo até hoje”.

Niger

Uma outra realidade No Niger, a temporada de chuvas traz o pico da malária. As crianças, desnutridas são as maiores vítimas. “Tínhamos um hospital enorme, com mais de 100 leitos. Mas, nessa fase, precisávamos colocar três crianças por leito”, lembra. A doença se cura com remédio, mas os pequenos muitas vezes não chegam a tempo. “As mães têm muitos filhos. A taxa de natalidade é de mais de 10 por mulher”, explica. As africanas precisam também arrumar comida. Ocupadas demais, deixam que os filhos maiores cuidem dos menores. “Elas só percebem que há um doente quando a criança está prostrada”. Filho doente nos braços, a mãe tem que enfrentar ainda a dura distância até o hospital. “Elas

chegam a andar 12 horas no sol, com a criança nas costas, para chegar a um posto médico, passar por uma triagem e, dependendo a gravidade, ser levada de carro até o hospital”. A malária se cura com remédio. Mas, se a criança chega tarde, pode morrer ou ficar com sequelas cerebrais. Raquel enfrentou muitos casos difíceis e perdeu muitas crianças. “A gente não se acostuma. No começo, chorava o tempo todo. Depois, passamos a olhar as conquistas. Chegamos a ter 100 crianças na UTI e perdemos 5. Mas salvamos 95”. No pico da doença, a rotina de trabalho era intensa. “Trabalhamos muito e ficamos tão absorvidos, que não pensamos em nós mesmos”.


O convívio e o lazer

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Em sua primeira missão, Raquel precisou se adaptar à convivência junto aos outros integrantes do MSF. Mas, passado o primeiro impacto, o grupo acaba virando uma família. Nas casas reservadas ao pessoal do projeto, cada um tem seu espaço. Para as funções como cozinha, faxina e roupas, existe um responsável. Os momentos de lazer, mesmo que poucos, são respeitados. Os integrantes arrumam diversos mecanismos de diversão. No Niger, os domingos eram dedicados ao jogo de banco imobiliário. “Levantávamos mais tarde e ficávamos jogando o dia todo”, lembra. Aos sábados, colocavam música e dançavam. “Chegamos até a improvisar uma churrasqueira”. Cozinhar era outra maneira de passar o tempo. “Dispensávamos o cozinheiro e colocávamos a mão na massa”. Os expatriados também têm direito a férias a cada três meses. Entre os lugares que Raquel visitou estão Senegal, Paris, África do Sul e Zanzibar, uma praia da Tanzania.

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De volta ao Brasil Raquel voltou sã e salva ao Brasil, onde ficou por dois meses. O próximo projeto teve como destino o Sudão (fotos acima) e sua função, médica generalista. “A missão era maior e eu fui como responsável por toda a equipe nacional”, lembra ela. O trabalho no Sudão estava no início e o pessoal precisava de muito treinamento. No Sudão, são seis meses de seca e seis de chuva. Havia bastante malária e desnutrição. A incidência de tuberculose também era alta, assim como os níveis de infecção de pele. “A população se machucava no campo e não dava importância, tratando os ferimentos de maneira caseira”, lembra. Ela conta que o cirurgião trabalhava bastante em casos de amputação. Os integrantes do MSF moravam no mesmo espaço do hospital, que ficava no meio do deserto. A cidade mais próxima ficava a três horas de carro. “Éramos 20 expatriados (termo usado para quem trabalha nas mis-

sões), mas cada um tinha seu espaço”. Era possível se locomover e fazer exercícios. Tinha até um pequeno mercado, onde se podia comprar o chapati, tipo de pão local. Às sete horas, porém, o toque de recolher mandava que todos fossem para casa. “O Sudão é muito violento. Ficou 20 anos em guerra e todos têm arma em casa”. Nos finais de semana, assistiam a série “Game of trones”. A presença de uma italiano no grupo levou todos para a cozinha, que virou uma diversão no preparo de pizza e macarrão. E comer é assunto sério nas missões, pelo grande número de pessoas. “Temos que comer aquilo que existe no local”. Raquel, experiente - e vegetariana - leva sempre seu kit sobrevivência, composto de proteína de soja, granola e chás. A família também pode mandar guloseimas. “Os projetos são muito rotativos e todos que chegam, trazem algum petisco, como chocolate, biscoito. É sempre uma festa quando chega”.

Com as amigas, no Niger

QUALQUER PESSOA PODE SER DOADOR PERMANENTE: ENTRE EM CONTATO DIRETAMENTE COM A MSF http://www.msf.org.br 18

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O colorido do Congo, que tem muitos pacientes HIV

No meio da floresta A médica deixou o Sudão e veio passar o Natal com a família. Nem bem matou a saudade e, dois meses depois, Congo Belga. Dessa vez, foi como responsável pela equipe médica, respondendo pelos expatriados e locais. “Íamos transferir o hospital, que estava sendo administrado pelo MSF, para o Ministério da Saúde. Precisamos manter a qualidade e fazer o treinamento, deixando o lugar da melhor maneira possível para que a equipe nacional possa seguir sozinha”, explica. No Congo, o hospital já existia, mas por ser no meio da floresta, estava deteriorado. A população era de cerca

de 100 mil habitantes, mas viviam espalhados e havia muitos desabrigados. Eram 16 centros de saúde, todos distantes um do outro. Quando chovia, as ruas viravam rios. “Era preciso erguer a bicicleta na cabeça pra passar”. Uma das maiores taxas de doença no Congo era de HIV. Quando foram embora, o MSF deixou medicamentos que durariam dois anos para 540 pacientes. Implantaram vacinas e fizeram a distribuição. Foram colocados freezers solares nas unidades. “Lá não tinha energia elétrica. Deixamos também um gerador”. A responsabilidade da médica era

grande nesse projeto. Treinava, passava visita, fazia relatórios. E, para piorar ainda mais a situação, ficou gravemente doente. “Achei que não era nada, mas acabei prostrada numa cama por dez dias, tomando antibióticos fortíssimos”. Passado o susto, ela pôde aproveitar a missão. “O lugar era lindo, com cheiro de mato, passarinhos e muitos bichos”. No Congo os expatriados tinha mais liberdade e chegavam até a frequentar uma pequena mercearia, aos sábados, onde iam encontrar com os novos amigos e dançar. “Foi uma vida mais próxima do real”.

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Síria Atualmente, Raquel está no Brasil. Mas, nem bem terminaremos a distribuição dessa revista e ela já estará de malas prontas para a Síria. Vai para cuidar dos desabrigados de guerra. Poderia dispensar a missão se quisesse. “Os dirigentes até preferem que sejamos francos e digamos não quando não queremos ir. É melhor do que deixar o projeto no meio”. Aos 34 anos, Raquel diz que vive um projeto de cada vez. “A gente nunca sabe quando vai sair”. Quan-

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do está longe de casa, sente falta da família e às vezes até se questiona se está fazendo a coisa certa “Às vezes me pergunto o que estou fazendo longe e penso em ir embora, mas nunca à sério”. Não abortou de todo os planos de formar uma família, mas acha que se tiver que acontecer, vai acontecer. “Tem missões em capitais em que o casal pode ir junto”. Em suas andanças, coleciona muitos amigos. “É muito bom, passamos pelas mesmas coisas e temos experiências parecidas”.

A organização Médicos Sem Fronteira busca profissionais com uma visão ampla, que saibam trabalhar em equipe e não tenham preconceitos. Todos os contratados recebem um salário padrão, de mil euros, além de todas as despesas pagas. Quando volta para o país de origem, o expatriado não recebe nada e precisa se manter com as economias do tempo de trabalho. O objetivo do MSF é ajudar o país que passa por necessidades, mas não substituir o governo. Depois de dar suporte, estrutura, capacitar e treinar, devolve o projeto para que Ministério da Saúde continue. A organização possui mais de 400 projetos no mundo. Os mais caros envolvem HIV. Trabalham também com a promoção (prevenção) da saúde, principalmente atuando para que a população aceite a presença dos expatriados em sua comunidade. Os expatriados que abraçam as missões seguem protocolos rígidos. O MSF é imparcial e zela por imagem correta.



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Inauguração A DAE inaugurou mais uma Estação de Tratamento de Esgotos. A nova unidade funcionará no bairro dos Fernandes.

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Parabéns! O colunista preferido da cidade, Theo Conceição, comemorou idade nova em dezembro. Ele foi entrevistado com exclusividade pela revista touché quando completou 60 anos. A edição esgotou.

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Congresso Com cerca de 120 trabalhos de alunos da ESEF e outras instituições, o 8º Congresso de Educação Física de Jundiaí, promovido pela Escola Superior de Educação Física, reuniu estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da área.

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Modernos equipamentos são fundamentais para manter a qualidade e a rapidez na entrega de resultados. O paciente é o grande beneficiado

Laboratório Anchieta renova seu parque tecnológico Os números não param de crescer. Hoje o Laboratório Anchieta realiza 6.000 exames por dia. São aproximadamente 1.200 pacientes atendidos nas suas mais de 10 unidades localizadas em Jundiaí e região. A fim de suprir esse volume, o laboratório mantém uma política que preza pela qualidade e agilidade de suas análises. Para isso, a cada dois anos, investimentos em novos e avançados equipamentos são necessários. De acordo com Luiz Roberto Del Porto, diretor Superintendente do Laboratório Anchieta, devido a esse grande número de análises foi necessário realizar um upgrade antes do previsto. “Há dois meses mais seis novos aparelhos foram adquiridos para garantir a qualidade e a entregarápida para o médico e o paciente”, explica. Um deles é o Architect, equipamento de origem japonesa, que trouxe para a região uma das maiores tecnologias do mundo. Com alta velocidade de processamento,

a entrega de análises bioquímicas, imunológicas e hormonais é feita em menos tempo. “São 1.600 testes por hora, enquanto outros aparelhos realizam apenas 80”, compara Del Porto. Além disso, atualmente a maior parte do processo para a realização dos exames é automatizada, o que minimiza ainda mais os erros. “Há equipamentos inteligentes que, por exemplo, identificam um resultado de exame alterado, fora do padrão e o confirma automaticamente”, comenta. Com a atualização de seu parque tecnológico, a equipe de profissionais também recicla seus conhecimentos em treinamentos constantes com técnicos especializados. O Laboratório Anchieta também é o único acreditado ONA na região. Esse sistema de avaliação e certificação da qualidade é voluntário e segue padrões estipulados pela ANVISA. Tudo isso reforça o comprometimento com a qualidade na realiza-

ção das análises laboratoriais”, comenta o diretor. Para manter-se atualizados nos avanços tecnológicos desse mercado, Del Porto conta que é preciso acompanhar o que está acontecendo fora do país, principalmente as tendências nos Estados Unidos e Alemanha. Para isso, participa de congressos nacionais e internacionais. “Os mercados americano e alemão são os mais exigentes. Atualmente o nosso mercado vem crescendo e ficando mais criterioso também”, afirma. O diretor lembra que o paciente é o grande beneficiado no fim deste processo. Ao receber o resultado dos exames com agilidade e qualidadegarantida, o médico tem a possibilidade de concluir o diagnóstico mais rapidamente. Isso antecipa o início de um possível tratamento. Todos esses avanços no setor de análises clínicas contribuem para a saúde do paciente, para o bem-estar da população.

Central de atendimento: 11 4527-1797 www.labanchieta.com 24

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Câmara Municipal inova, muda horário de sessão, abre microfone para população e ainda devolve dinheiro “... A tribuna livre é mais um esforço nesse sentido, onde dentro das regras estabelecidas, qualquer cidadão pode, legitimamente, fazer uso do microfone da Câmara”

Gerson Sartori Presidente da Câmara Municipal de Vereadores

Prestes a completar seu primeiro ano à frente da Câmara Municipal de Jundiaí na condição de presidente, o vereador Gerson Sartori tem muito a comemorar. É verdade que 2013 talvez fique marcado como o ano dos protestos, onde a população, em sua maioria jovens, soltou as vozes nas ruas. Mas mesmo nesse episódio, a Câmara de Jundiaí foi apontada como uma das poucas que souberam conduzir o processo, deixando as manifestações no saudável campo do diálogo. “Foi realmente um momento tenso. A gente sabe que quando há uma manifestação popular a maioria está exercendo seu direito democrático e nem sempre tem como controlar quem está ali só pela arruaça. Mas mesmo assim conseguimos assegurar a total integridade da Câmara Municipal e ela serviu como caixa de ressonância das manifestações”, explicou. Foi justamente a ideia de “caixa de ressonância”, que inspirou a bancada do PT a implantar outro espaço fundamental para o exercício da democracia - a tribuna livre. “A ideia de um lugar

onde de fato o povo possa se manifestar, se expressar, é algo que a sociedade anseia e busca desde que a democracia foi imaginada. A tribuna livre é mais um esforço nesse sentido, onde dentro das regras estabelecidas qualquer cidadão pode, legitimamente, fazer uso do microfone da Câmara”, disse. Sartori e seu pares na Câmara vão criando alternativas para ampliar a participação popular. O que também pode ser visto com a alteração do horário das sessões, que depois de várias décadas saiu das terças-feiras pela manhã para serem realizadas no horário noturno. “Como toda boa proposta, o que levou a essa mudança foi uma constatação tão simples como óbvia. Ora, se a sessão ocorre no momento em que a grande maioria está trabalhando, quem é que vai poder nos acompanhar na tribuna?”, indaga Sartori, para continuar, “assim mudamos para o período noturno e demos oportunidade para mais pessoas poderem assistir as sessões”. Uma das preocupações que

por muito tempo travaram a proposta da sessão noturna foi o receio que a Câmara passasse a gastar mais com despesas como hora extras. Não foi o que aconteceu. Graças a uma gestão enxuta, modernidade na administração e cintos apertados, o presidente pôde devolver aos cofres públicos 8 milhões, que acabaram sendo distribuídos para diversas ações na cidade. “Todos os vereadores caminharam comigo nesse esforço e a cidade pôde receber uma contribuição que ajudou várias secretarias e até mesmo o Grendac”, afirmou o Sartori. 2014 Para o próximo ano, Sartori espera continuar firme na trilha que o levou até aqui. “O ano que vem será rápido. Carnaval, Copa do Mundo e eleições devem ocupar a agenda. Apesar disso, ou exatamente por causa disso, a Câmara deve redobrar seu esforço para manter a fiscalização junto ao poder público e contribuir naquilo que lhe cabe para fazer a cidade avançar ainda mais”, concluiu. Dezembro 2013

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Culinária

Pra lá de especial!

O chef Paulo de Luna presenteia os leitores da touché! Com duas receitas especiais. Aproveite a temporada de férias e dê um show na cozinha.

Christmas’s Fillet Ingredientes para 8 pessoas

ü 600g de fillet mignon ü 100g de ervilha fresca lavada ü 1 cebola média picada ü 100g de bacon fatiado e picado ü 6 folhas de sálvia picadas ü 50g de manteiga ü 50g de azeite de oliva ü 6 tâmaras picadas ü 50g de uvas passas brancas sem caroço ü 3 gemas de ovos ü 100g queijo parmesão ü 300g massa folhada laminada ü 4 xícaras de arroz branco já cozido ü 100g de amêndoas laminadas ü Salsinha e cebolinha ü Sal e pimenta-do-reino branca moída na hora

Preparo

Coloque o bacon para fritar na manteiga e no azeite. Após acrescente a cebola picada e misture até ficar transparente. Em seguida acrescente as ervilhas, as tâmaras e as uvas passas. Misture bem, cozinhe rapidamente, retire do fogo deixando esfriar. Depois de frio adicionar as gemas e o queijo. Misture bem e reserve. Abra o fillet em manta e bata a

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Preparo do arroz Misture o arroz branco já cozido com 100g de amêndoas laminadas e a salsa e a cebolinha picadas. Preparo do molho roti Proceda conforme instruções da embalagem Montagem Após fatiar o filé, coloque no prato de serviço duas fatias do lado, e do outro lado o arroz montado em formas. Sobre o filé e ao lado do arroz distribua o molho roti. Decore com salsinha crespa ceboulette.

carne com um martelo de carne. Tempere com sal e pimenta-do-reino branca moída na hora. Coloque sobre a carne o recheio e enrole como um rocambole. Abra a massa folhada numa superfície polvilhada com farinha de trigo, envolva o fillet na massa folhada, e pincele com as gemas dos ovos batida, e leve ao forno preaquecido por 20 minutos a 180º até dourar a massa folhada.

Obs.:

o Para esta receita pode-se utilizar o. suín ou ino bov fillet mignon tâVocê também pode trocar as maras por damascos. pó, Molho rôti é encontrado, em con a ced Pro . das liza ecia em lojas esp em. alag emb da ão ntaç orie forme


Culinária

Guirlanda de figos para o Natal Ingredientes

ü 3 caixas de figos frescos ü Alface frise verde ü 100 g de presunto de parma ü 50 ml azeite de oliva extravirgem ü 10 ml de vinagre branco ü 1 colher (sopa) de mel

Preparo

Tire a tampa do figo e com uma colher de sobremesa retire o figo da casca. Reserve Molhe uma forma de buraco e coloque primeiramente os figos cortados ao meio, faça toda a volta e

o fundo da forma, depois vá preenchendo o espaço com os figos cortados em 4. Dê uma leve apertadinha e leve à geladeira, pelo menos 3 horas antes de servir. Prepare o vinagrete de mel, mis-

turando o azeite, o vinagre, o mel e tempere com sal a gosto. Lave a alface, tempere e coloque sobre um prato de bolo, desenforme a guirlanda sobre a cama de alface. Sobre a guirlanda coloque as fatias do presunto. Sirva em seguida.

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Cultura

CIESP Jundiaí comemora ano Alemanha + Brasil No dia 31 de outubro, o CIESP deu início às comemorações do “Ano Alemanha + Brasil 2013-2014”, para Jundiaí e Região. Com o lema “Quando ideias se encontram”, a temporada que começou em maio deste ano e vai até junho de 2014, é uma estratégia para estreitar ainda mais as relações entre os dois países. Livro Para entender um pouco mais sobre o relacionamento Brasil x Alemanha, o livro “Cinco Séculos de Relações Brasileiras e Alemãs, de Eckhard

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E. Kupfer, aborda a trajetória entre os dois países desde o século XVI até 1942. “Mais de 25 renomados autores das áreas das ciências e da literatura prestam uma contribuição para o diálogo entre os dois países e, com seus artigos, estimulam a comparação entre as culturas”, explicou Kupfer. Jundiaí terá um Jardim Alemão O prefeito de Jundiaí, Pedro Bigardi, garantiu a construção do Jardim Alemão, que fará parte do Jardim Botânico de Jundiaí. “Vamos construir o Jardim Alemão. Já temos o projeto e

uma área reservada que será ideal para homenagear a floracomo as construções em estilo germânico”, comentou. O prefeito também destacou a importância que este momento, em que as duas nações estreitam ainda mais seus laços de parceria e amizade, tem para o Brasil. “Temos admiração pela capacidade de desenvolvimento econômico que a Alemanha possui”, afirmou. Ele também ressaltou o papel do país na formação cultural e concluiu dizendo que tem um profundo respeito e carinho pela comunidade alemã.



Boas recordações de Jundiaí durante o Natal Viver Bem

Fernando Balbino Graduado em Educação Física pela UNESP de Rio Claro, mestre em Filosofia da Educação pela UNIMEP, doutor em Ciências Sociais pela PUC de São Paulo. viverbem@revistatouche.com.br

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O final de ano tem significado diferente para cada pessoa. Da diversidade religiosa e cultural afloram valores que norteiam nossas vidas, dando importância maior ou menor para festividades e acontecimentos. Da infância emergem memórias importantes. Apesar dos diferentes contextos, a comemoração do aniversário de Cristo e o término de mais um ano são motivos de religiosidade, reflexão e alegria para muitos. Recordações estão atreladas ao rito e simbologia desta época do ano. Jundiaí de outrora reservava surpresas para o período natalino. Lembro com saudades destes momentos que ajudaram a formar a minha identidade. Com certeza fazem parte da história de muitos jundiaienses. Todos os anos, uma semana antes do Natal, minha família visitava presépios que existiam na cidade. Obrigatório colocar a melhor roupa. Existia certo tom solene. Todos para o carro, o passeio adquiria sabor de grande evento. Começávamos aquele momento tão especial para a família visitando o presépio montado ao lado da igreja da Vila Arens. Durante minutos se admirava a gruta, os enfeites e a representação da família que aguardava a chegada do filho de Deus que se fez homem. Como sou o mais velho de quatro irmãos, tive a oportunidade de escutar de meus pais por inúmeras vezes a mesma explicação sobre cada imagem do presépio, a importância e simbologia acerca do local do nascimento, o significado dos animais no entorno da família de Deus, e a gloriosa chegada de Jesus ao nosso mundo, ao menos para os que creem. Outras pessoas aproveitavam a montagem daquele presépio dentro de uma gruta. Lembro que me afastava para dar lugar a outras famílias e retornava minutos depois procurando não perder nenhum detalhe. A gruta e seu presépio se foram, não existem mais. O sentimento e a memória

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ficaram. Da Vila Arens seguíamos para o presépio montado na Argos, a poucos metros dali. Ficávamos admirados com o tamanho dos prédios e com árvores centenárias imensas que estão por lá até hoje, como parte do patrimônio de nossa cidade. Chamava atenção o contexto da antiga indústria e tantos detalhes arquitetônicos, conferindo ao presépio ainda mais mistério e admiração. Escutávamos histórias sobre portas de ferro imensas, creches para filhos de funcionários, reservatórios de água enterrados no subsolo, porões e outras coisas que soavam diferentes da vida naquele período da grande Indústria. Nos era dito o quanto tudo aquilo era importante para milhares de pessoas que trabalhavam por ali, a exemplo de alguns parentes e avós. Um verdadeiro resgate do passado de nossas famílias e da história de nossa cidade. Seguíamos nossa jornada em direção ao centro de Jundiaí. Dentro do carro todos estavam em silêncio. Provavelmente a família pensava no significado do Natal, na religiosidade e o que estava sendo transmitido para as crianças. Todos se alegravam com a proximidade das festas e presentes, momentos únicos de todo final de ano. Há muita força e a beleza neste período. A chegada ao centro da cidade era marcada por luzes coloridas e enfeites natalinos. Caminhávamos vagarosamente pelas estreitas ruas de nossa cidade, aproveitando todo o clima de natal. Provavelmente pela precariedade de recursos e tecnologia, existiam poucos lugares iluminados ou com enfeites natalinos. Mas o pouco que se tinha despertava sentimentos intensos. Tudo o que se via era motivo de grande alegria. A Catedral iluminada e o presépio bem montado enchiam nossas mentes e corações. No entanto, para as crianças o auge do passeio no centro da cidade estava por vir. Obrigatoriamente parávamos na frente

de um Papai Noel que estava na vitrine de um comércio local. Restávamos admirados, olhando o Papai Noel autômato que subia e descia devido a algum comando escondido. Era único e diferente naqueles tempos sem computador. Certamente não teria nada de atrativo para as crianças de hoje. Com sorte, na volta para o carro talvez ainda nos deparássemos com um bom velhinho entregando balas, fazendo as vezes de algum comércio a ser divulgado ou agradecido pelo bom ano. Felizes com tudo aquilo, eu tinha a impressão que o carro deslizava macio para nossa casa. Ainda passávamos pela frente da Cica, com sua imensa torre toda iluminada. Existia certo sentimento de plenitude, de pertencimento, de tentativa em reter a alegria daquele período. Um grande amigo criou ritos e momentos especiais para a sua família. Comemoram o Natal e o Final de Ano com brindes, brincadeiras e religiosidade. Entendo que não se trata de uma questão de idade ou classe social criar momentos e estabelecer significados para esta época do ano. Que bom seria que todo ser humano tenha memórias deliciosas deste período. Que o Natal e o final de mais um ano sejam motivo de comemoração e que nunca se perca a doçura, o prazer e a espiritualidade. Que se possa agradecer o que se viveu como preparação para os novos ciclos que virão. Talvez cada um de nós possa cultivar a sua própria árvore de Natal espiritual, que deve surgir frondosa, enfeitada, forte e com muita beleza. Cuidemos de nossa casa como a nossa catedral, um local de reflexão, de bons sentimentos e de bem receber. Agradeçamos por mais um Natal. Das dificuldades e dores enfrentadas surgimos mais plenos, renovando o estoque de alegrias para seguir o caminho. Que não haja outra luz mais forte e colorida do que a emanada dos nossos sentimentos. Feliz Natal e um excelente final de ano.



“NO ESCURINHO DO CINEMA”

Taste

Apreciado por inúmeras pessoas ao redor do mundo, a pipoca é um alimento tão popular quanto o cinema. Para muitos, um não existe sem o outro. Conheço pessoas que só vão ao cinema se tiver uma pipoca. Consideram que ir ao cinema já é um ato contíguo com o sabor que o milho estourado proporciona. Para algumas culturas americanas pré-colombianas o grão de milho armazenava um espírito dentro de si. Assim que o grão era aquecido no fogo esse espírito se irritava até estourar. São por crenças como estas, que a tradição de consumir pipoca enquanto se assiste um filme carrega consigo muito do imaginário.

E

ntre nós, o termo pipoca surgiu por volta de 1714, tendo origem no tupi, e significa milho estalado ou estourado. Existem cerca de 25 tipos diferentes de milhos para pipoca, muitos deles híbridos desenvolvidos para melhorar a aparência do produto final e seu rendimento comercial. Em sua origem, o milho para pipoca pertence à família Poaceae, e difere do milho comum por apresentar plantas de menor porte, colmos mais finos, folhas em menor número e espigas e grãos menores. A origem da pipoca data de milhares de anos. Os índios americanos, acidentalmente, verificaram que alguns grãos de milho secos caiam no borralho e estouravam. É uma das formas mais antigas de utilização do milho. Existem evidências do preparo da pipoca de 4700 a.C encontradas no Peru, e de 3600 a.C no Novo México. O ato de preparar a pipoca pelos índios Godofrêdo Sampaio americanos foi descrito pelos Médico, escritor primeiros exploradores europeus e aficionado por que chegaram ao Novo Munvinhos, charutos e do, havendo relatos do uso para boa mesa. Membro e ex-presidente alimentação e até mesmo para da Academia adorno dos cabelos dos nativos. Jundiaiense de Letras. Por apresentar grandes quanE-mail: bonvivant@ revistatouche.com.br tidades de óleo e água em seus

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grãos, o milho para pipoca permite a dilatação rápida pelo aquecimento, rompendo a casca e expandindo o amido em forma de espuma. Com o esfriamento da espuma, quando em contato com o ar, os polímeros de amido e proteínas se transformam em flocos crocantes, que acrescidos de sal, manteiga ou outros condimentos salgados ou doces, permite um prazer gustativo peculiar. Para os especialistas, a qualidade do grão é calculada pela quantidade de grãos que não estouram e de quanto foi a expansão da espuma de amido. No século XIX a pipoca era vendida nas feiras e parques dos EUA, sendo que no final deste mesmo século, também passou a ser comercializada na porta das primeiras salas de projeções. No início dos anos 20 do século passado os empresários do setor viram uma janela de oportunidades e passaram a convidar os ambulantes para vender a pipoca dentro do próprio cinema. Após o aparecimento das primeiras máquinas elétricas de fazer a pipoca, os cinemas abriram seus próprios negócios, da forma que hoje são conhecidos. Nos EUA estima-se que a venda de pipoca chega a 45% dos lucros do cinema, um negócio de grande proporção se

levar em conta que junto com a pipoca existe demanda para um refrigerante, um doce, ou outro qualquer. É um dos alimentos mais consumido no mundo. Os norte-americanos consumem por ano aproximadamente 15 bilhões de litros de pipoca, cerca de 5 litros por pessoa. Por lá, o consumo é tão grande que seis cidades disputam o título de capital mundial da pipoca, todas do meio-oeste: Ridgway, (Illinois); Valparaiso, (Indiana); Van Buren, (Indiana); Schaller, (Iowa); Marion, (Ohio), e North Loup, (Nebraska). Preparada de forma tradicional, fora do microondas, com pouco sal e sem manteiga, a pipoca tem poucas calorias, faz bem para o coração e é nutritiva. Possui mais polifenóis, substância antioxidante, do que frutas e vegetais, propriedade largamente associada à diminuição das doenças cardíacas e de alguns tipos de câncer. Por se tratar de um alimento integral, também é uma excelente fonte de fibras. Mas, existem outras propriedade da pipoca que não são mensuráveis; Dizem que é “no escurinho do cinema” que as paixões se afloram, por isso mesmo que a mítica da pipoca na sala de projeção pode ser considerado um ato deliberadamente emocional.




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