Revista Touché! Junho/2010

Page 1



editorial

a Mônica Tozetto, editor .br om e.c uch ato ist editora@rev

O tempo E O VENTO A idade, caros leitores, traz algumas rugas, marcas de expressões, uma ou outra limitação. Mas traz, também, uma certa tranquilidade, além de algumas certezas. Claro, devemos ser humildes a ponto de saber que precisamos aprender sempre e não nos envergonharmos disso. Porém, precisamos acreditar em nossos sonhos e apostar naqueles que estão há tempos no forno. No início da profissão, no caso de um jornalista, muitas vezes você precisa escrever

aquilo que encomendam pra você, da maneira que encomendam. O seu estilo e criatividades ficam ali, adormecidos. Os filhos e as contas pra pagar, o início da vida independente, falam mais alto. Mas o tempo não é assim tão tirano. Ele vai nos lapidando como a ação do vento sobre uma rocha e a hora de colocar tudo pra fora chega. Está sendo assim com a Touché!. Decidimos, quando lançamos a revista, no início do ano, escrever sobre tudo

que acreditávamos. Da maneira que acreditávamos. E, para nossa imensa alegria, nosso editorial virou o diferencial do produto. Os leitores estão se deliciando com as informações e os textos. Mas o que eles precisam também saber é com que tamanho prazer esse material é produzido. Por isso, coloco aqui meus sinceros e profundos agradecimentos pela oportunidade que a vida me deu. A qual, sem o apoio do público, não seria frutífera.

w w w. r e v i s t a t o u c h e . c o m . b r

no

SÃO BENTO

SITE PARA A GAROTADA Atividades, alimentação, acomodação e outros detalhes do Acampamento Franciscando.

Veja todos os horários para conhecer de perto o Mosteiro de São Bento.

VIAJAR O que levar na mala? O que não posso esquecer, de jeito nenhum? Veja no site as dicas da especialista Rosa Massoti.

Comentários, críticas, elogios e outras sugestões são bem vindos. No site, acesse “Fale conosco” para dar sua palavra.

Distribuição Gratuita

expediente Produção: Laser Press Comunicação Integrada www.laserpress.net – 11 4587-6499 Diretor Executivo: André Luiz de Barros Leite Editora: Mônica Tozetto

CARTAS DO LEITOR

Textos: Mônica Tozetto (MTB 33.120) e Luciana Sanfins (MTB 57.245) Designer: Alexandra Torricelli Depto. Comercial: Mariza de Souza Impressão: Rip Editores - (19) 2121.7188 Tiragem: 6.000 exemplares


gente Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador, Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa

Conhecendo

novos mundos Por Mônica Tozetto

Rosa Massoti sempre gostou de viajar. Mas na sua bagagem inicial não estava contemplada uma agência de turismo. Quis o destino, porém, que o trem parasse em outra estação. E, como em muitas viagens, a surpresa foi muito boa. Acompanhe essa história. Assim que se casou – pela primeira vez - Rosa foi viver no México. Sua área escolhida profissionalmente foi a de línguas. E, no México, decidiu investir ainda mais, estudando literatura e outros temas afins. Ficou no País durante 10 anos. Viajou muito nesse tempo e teve seus dois filhos: Alexandre e Diego Massoti Rossi. Quando voltou para o Brasil, foi trabalhar como profes-

4 touché!

sora nas Faculdades Padre Anchieta. Paralelamente, abriu uma pequena escola em sua casa, voltada para o ensino da língua inglesa para adolescentes. Mas, sabendo da sua experiência, organização e escolhas para viagens, os amigos pediam dicas constantemente. No início, a história ficou por aí mesmo. Com o crescimento da escola, Rosa começou a organizar viagens para o grupo de

adolescentes que ensinava. No cardápio, intercâmbios e visitas à Disney. “O negócio começou a crescer de maneira surpreendente”, conta ela. Por conta disso, a agente de viagens foi interrompendo as aulas e investindo cada vez mais em roteiros. A primeira agência de turismo Rosa abriu com um sócio. Mas como tinha as crianças ainda pequenas, resolveu continuar sozinha.

“Fazia o que dava na casa onde morava e podia, ao mesmo tempo, cuidar das crianças. Isso facilitava”, lembra. Hoje ela afirma que os dois meninos são seus br aços direitos. Os destinos pelos quais ela era mais procurada eram os inter nacionais, área que ainda é especializada hoje. E as coisas foram andando, crescendo. Começou sozinha e hoje são mais de 20 funcionários, divididos em diversos setores num prédio de três andares. “Estamos onde sempre estivemos. Reformamos a casa e hoje moro em


Sei que num dia estou na recepção de um sultão e no outro, colocando o lixo da minha casa na rua

“Tem pessoas que fazem questão de comprar suas viagens comigo, receber meus conselhos. E eu tenho muito prazer em ajudar”, enfatiza. Ela se preocupa com o destino de cada um, com a felicidade que este possa proporcionar. “É um momento muito importante para as pessoas. Às vezes, o sonho de toda uma vida”, fala. Ganhos Fazer uma mala e ganhar o mundo pressupõe a conquista de muitos conhecimentos. Cultura, arquitetura, hábitos. Mesmo o manejo de como se comportar em certas situações. Mas, para Rosa, uma das maiores conquistas é a tolerância. “Aprendemos que existe um mundo de outros costumes, hábitos. Que precisamos respeitar as crenças, os horários, os trajes. Enfim, tolerar o que é diferente de nós, nos adaptarmos às diversas situações”, ensina. Nos lugares onde esteve, a agente conheceu pessoas que procuravam saber do país em que ela vinha e também, ensinavam sobre o seu. “Adoro conhecer museus e arquitetura. Mas me enleva a vida nas ruas, a química, o trabalho das pessoas, a conversa”, diz.

Vai viajar? Rosa diz que não existe uma receita única para se conhecer o mundo, seja no Brasil ou fora dele. O que conta são os sonhos de cada um, os desejos, as metas. Quando atende um passageiro, procura saber o que ele gosta de fazer, se quer ir perto ou longe. Se está comemorando alguma coisa. Talvez, tenha o dinheiro contado e precise se adaptar àquele valor. “Existem inúmeras opções e ótimos lugares para onde ir. Eu e minha família, por exemplo, adoramos pegar o carro num domingo à tarde e passear em Itatiba. O que importa, muitas vezes, são as pessoas que estão ao nosso lado”, ressalta. Algumas dicas, porém, são importantes em determinadas situações. Se for viajar sozinho, o turista deve escolher algo que realmente goste de fazer. Deve, também, tomar muito cuidado com a segurança e deixar em casa todos os contatos por onde vai passar.

No site

outro lugar”, conta. Contrastes Nas várias viagens que realizou, Rosa já conheceu de tudo. As pirâmides do Egito, grandes recepções, hotéis esplendorosos. Mas, uma das coisas que ela mais gosta de todo esse contexto, é saber que vai voltar. “Sei que num dia estou na recepção de um sultão e no outro, colocando o lixo da minha casa na rua”, diz. Natural da Ponte São João, apesar de adorar viajar e não se cansar de conhecer a história do mundo, Rosa afirma que não mudaria para lugar nenhum. “Eu amo viver no Brasil!”, destaca. Por conta também das constantes idas e vindas, a agente de viagens aprendeu a se cuidar. Sabe pintar os cabelos, fazer as unhas, se arrumar para qualquer evento. “Quando viajamos nessa quantidade, temos que ser independentes”, ensina. O excesso de conhecimento adquirido em suas andanças não fez de Rosa uma pessoa arrogante. Sua fala é marcada pela simplicidade, na maneira como coloca seus pontos de vista. Ela ainda atende muitos passageiros, inclusive.

Adoro conhecer museus e arquitetura. Mas me enleva a vida nas ruas, a química, o trabalho das pessoas, a conversa

“Tem que ser um destino realmente muito desejado para se estar sozinho”, fala Rosa. Se a opção for em família, também há muitas alternativas. Mas, um dos pontos mais importantes é encontrar um denominador comum. “Precisa-se chegar num acordo, para que ninguém se sinta lesado”, fala. Além disso, investir na segurança é crucial. “Esquiar, curtir uma praia, a Disney, aí vai da família”, aconselha. Já para os casais em Lua de Mel o que menos importa é o destino. Claro, é preciso analisar os quereres dos pombinhos, mas, neste momento, a companhia um do outro é o melhor ponto turístico. Enfim, os lugares são inúmeros. Os aprendizados são inesgotáveis. Viajar é conhecer culturas, outros modos de viver, de pensar, de levar a vida. Como diz o poema de Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

w w w. r e v i s t a t o u c h e . c o m . b r Veja no site algumas dicas imperdíveis para não perder a viagem

touché! 5


turismo Entrada do Colégio e Faculdade

MOSTEIRO

DE SÃO BENTO

Oásis de arte e paz no centro de São Paulo

Por Mônica Tozetto

Em meio a um trânsito tumultuado, carros e sirenes de polícia, ambulantes, pedintes, sujeira, comércio e barulho de metrô, está erguido, solene, o Mosteiro de São Bento. Na verdade, a fundação da abadia paulista data de 1598, mas o atual edifício é do começo do século vinte, construído em estilo neo-românico. Na quietude da basílica, o badalar dos sinos nos remete a um passado onde o silêncio era uma música tocada com maior frequência. Mesmo assim, ouvindo o repicar, ousamos acreditar num mundo de paz.

6 touché!


Maior igreja da cristandade, superando inclusive a basílica de São Pedro, os mosteiros sofreram muitas perdas na época do império no Brasil, quando foram proibidos de receber novos integrantes. Foi o chamado fechamento dos noviciados em todas as ordens religiosas. Quando da proclamação da República, onde igreja se separa do Estado, novos religiosos puderam ser aceitos. Mas, nesta fase, de acordo com o prior do Mosteiro de São Bento de São Paulo, dom João Evangelista, tudo estava envelhecido. “Era preciso formar novos monges. Então, foi feita uma solicitação a Roma, que mandou representantes da Alemanha”, explicou. O primeiro mosteiro da nova fase instalou-se em Olinda e aos poucos, todos os outros foram se repovoando. Em São Paulo, dom Miguel Kruse, alemão de nascimento, foi o responsável pelo resgate do mosteiro. Ele chegou ao Brasil em 1900. A abadia, então, era representada por um único religioso, o velho Frei Pedro da Ascensão Moreira. Dom Miguel arregaça as mangas e faz ressurgir a obra que se pode admirar atualmente. Em 1903, a cidade ganha o colégio. O mosteiro vem em 1908 e a basílica, em 1912. Nessa época, Dom Miguel já era o abade. Assumiu o cargo em 1907. Empreendedor, o monge sempre teve o cuidado em resgatar a vida beneditina em São Paulo no esplendor da vida monástica. Teve também muitos

O contraste entre a magnitude da igreja e o caos do Centro de São Paulo

outros projetos na cidade. “Ele ajudou a fundar o hospital Santa Catarina e deu uma grande assistência aos imigrantes que chegavam em São Paulo”, conta dom João. Articulista de grande jornais brasileiros, dom Miguel era amigo pessoal de Washington Luiz. Imprimiu no mosteiro uma revolução intelectual. Em 1908, funda a Faculdade São Bento, a primeira de filosofia no Brasil e que deu origem, em 1940, à PUC. A instituição, que ficou um tempo sem funcionar, voltou a ensinar Filosofia em 2002. Ora et Labora Uma vida temperada entre trabalho, leitura e oração, totalmente entregue a Deus. Essa é a regra principal de São Bento. “Ora et labora” – ora e trabalha, acrescentando o lema “et legere” – e leia, principalmente as sagradas escrituras, ponto de força da fé. Esse é o fundamento da vida monástica dos monges beneditinos. A Ordem de São Bento é a primeira da igreja constituída como organização jurídica e de identidade comum. Foi regida sob a regra 585, escrita pelo patriarca para os cenobitas, religiosos que vivem em comunidade. A ordem de São Bento possui uma organização bastante simples. Cada mosteiro é um todo. O Brasil possui quatro grandes abadias: a de Salvador, fundada pelos portugueses em 1581. A de Olinda, em 1587 e a do Rio de Janeiro em 1593. Em São Paulo, a fundação aconteceu em 1598. Todas são irmãs, mas independentes.

touché! 7


O superior do mosteiro é o abade, eleito pela comunidade. Dentro da abadia, os monges devem se ocupar com os trabalhos, próprios de cada região. Para São Bento, não se deve escolher as tarefas. Esta deve ser apenas honrosa e digna, suficiente para sustentar os irmãos na fé. “E também, irradiar para a sociedade em geral”, ensina o prior. Os monges devem manter a vida monástica como foco. Por isso, o trabalho se dá sempre no âmbito do mosteiro, evitando as saídas, como também é aconselhado por São Bento. As tarefas podem variar de acordo com as condições do lugar ou momento. Em São Paulo, são urbanas e educacionais. O cultivo da missa e a celebração também fazem parte dessa lista. No caso também da abadia paulista, a padaria (veja matéria) é um diferencial. Na maioria das vezes, de acordo com dom João, cada monge desempenha diversas atividades, incluindo limpeza de recintos, cozinha, trabalhos administrativos ou intelectuais. Hierarquia da Abadia Os monges beneditinos têm

a simplicidade como meta em suas vidas. E isso também é refletido na hierarquia estabelecida. A comunidade vive sob uma regra (de São Bento) e um abade, que é o pai espiritual e superior. O cargo é vitalício. Após os 75 anos, o abade resigna e então um outro é eleito, por voto direto. Há também o prior e o subprior, que auxiliam o abade. O restante segue a ordem monástica segundo a data de ingresso. São Bento recomenda a obediência mútua. Os mais novos devem respeitar os mais velhos e os mais velhos, amar os mais novos. O abade sabe que precisa servir aos temperamentos de muitos, moderar entre o afeto de um pai e o rigor de um mestre, procurando ser mais amado do que temido. No mosteiro de São Bento, em São Paulo, o cargo de abade está nas mãos de Dom Mathias Tolentino Braga. Dom João Evangelista Kovas e Dom Bruno da Costa são, respectivamente, prior e sub-prior.

Os vitrais filtram os raios de sol e deixam as obras ainda mais belas

8 touché!

Arte no mosteiro A visita ao mosteiro de São Bento vale por muitos aspectos. Apreciar as obras de arte é um deles. Logo na entrada da basílica, o patriarca de três metros de altura guarda, majestoso, o interior que se está por descobrir. A estátua é de autoria de Heinrich Waderé, que foi professor da Academia de Belas-Artes de Munique (foto) . Dentro da igreja, pinturas que cobrem o chão e o teto, ao lado de esculturas, vitrais e mosaicos. O projeto arquitetônico é do alemão Richard Berndl. As pinturas, esculturas e demais ornamentos foram produzidos pelas mãos de monges-artistas alemães e belgas. O maior expoente das obras da basílica é o monge beneditino belga dom Adalberto Gressnicht. Depois do seu trabalho em São Bento, onde ficou por dez anos, foi chamado para decorar a igreja de Santo Anselmo em New York. Em Roma, esculpiu o túmulo de Pio XI. O mosteiro segue o estilo de arte “Beuron”, originário do mosteiro de Beuron, na Alemanha, que tem como fundamento o fato de que a arte é em si venerável. A técnica combina elementos egípcios, bizantinos e românicos, gerando um resultado harmonioso e belo. Muitos mosteiros com esse tipo de obra – que compreende pintura, arquitetura, cálices e mobiliário – foram destruídos. O de São Paulo é um dos poucos remanescentes do estilo que ainda está íntegro. Outro objeto de admiração é o órgão produzido em 1908 pela empresa Späth, que é tocado durante as sessões de canto gregoriano. Seu som, que sai das bocas de sete mil tubos, é admirado por muitos conhecedores e o instrumento é tido como o mais conservado da América Latina.


Mosteiro é rico em detalhes

Os monges de São Paulo Cada um vem de uma família, com histórias e hábitos diferentes. Temperamentos e conhecimentos distintos. Em comum o desejo de seguir a palavra de Deus em comunidade. No mosteiro de São Bento em São Paulo, 40 monges dividem suas vidas, os trabalhos da abadia e a espiritualidade. “Nós deixamos nossa família para formar uma outra, em busca de Deus. Essa é a essência da vida monástica”, diz Dom João Evangelista. Um sóbrio hábito preto e uma rotina de trabalho e orações fazem parte do dia-a-dia da comunidade beneditina. Durante as refeições, o silêncio, quebrado apenas pela leitura de textos espirituais. A alimentação é simples e comum, como reza os

ensinamentos da Ordem. A maioria dos encontros da comunidade é para a oração em coro. “Mas, claro, temos também momentos de confraternização”, conta o prior. Para os monges, a vida no claustro é a busca de Deus. Essa é a essência. “A ordem é um patrimônio espiritual, muito rico, no qual somos devedores”, afirma dom João. No estilo de vida, as descobertas são constantes e sempre renovadas. O alimento maior é poder ouvir a palavra de Deus todos os dias dentro da comunidade, praticar em comunidade e louvar em comunidade. O estudo religioso também está sempre presente na vida dos monges. Para ingressar na

vida monástica, é preciso passar por um tempo de adaptação, sendo então um postulante. “Nesse período, conhece-se a disciplina no mosteiro”, explica o prior. O próximo passo é o noviciado, onde se aprende melhor as tradições, frequentando as aulas de Sagradas Escrituras, história da vida monástica etc. A duração é de dois anos, quando os estudos acadêmicos podem ter início, sobretudo filosofia ou teologia. Findo o noviciado, o irmão pode professar os votos monásticos por três anos, envolvendo a conversão dos costumes, obediência e estabilidade no mosteiro. Depois desses três anos, se quiser, deixa o mosteiro ou consagra-se definitivamente.

touché! 9


O dia-a-dia dos monges

5h00 – Despertar z 5h30 – Ofício de Laudes z 6h15 – Meditação z 7h00 – Santa Missa z 11h45 – Ofício da Hora Meridiana z 12h00 – Almoço z 17h25 – Ofício de Vésperas z 18h00 – Jantar, seguido de um momento de confraternização z 19h00 – Ofícios de Vigílias e Completas z

O silêncio monástico é observado até a Missa do dia seguinte

A história de João

Nascido numa família da Vila Mariana, Dom João Evangelista se preparava para a medicina, como seu pai. Nesse meio tempo, sentiu uma vocação muito forte. No começo, acreditava que se tornaria um padre ou sacerdote. Ainda não conhecia a vida monástica. Na sua busca, conheceu muitas ordens, padres diocesanos, regulares. Um dia, por acaso, descobriu o mosteiro. Foi amor à primeira vista. “Era um estilo de vida que fazia parte da minha personalidade e dos talentos que tinha”, conta. Está lá até hoje. No início, dom João fala que a família sofre um choque traumático, porque a maioria tem outros planos para os filhos. Depois, acabam acompanhando e entendendo a escolha. E aceitam, como cabe ao papel de pai e mãe.

10 touché!


A emoção da celebração litúrgica

Independente de credos, todo ritual deve ser respeitado pelas passagens e mensagens que pretende transmitir. E é isso que se deve observar na celebração litúrgica das 10 horas no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. A harmonia do coro dos monges entoando cantos gregorianos e a beleza do som liberado pelo órgão alemão de sete mil tubos (foto) transmitem a beleza do universo sem precisar que se professe nenhum tipo de fé. Mas, crenças à parte, a Missa da abadia procura passar aos fieis a palavra de Deus de uma maneira solene, piedosa e com muito respeito. “Nossa maneira de celebrar é muito própria. Só vindo aqui para descobrir o cuidado que temos”, diz o prior do Mosteiro, Dom João Evangelista. Ele explica que a vida do monge é marcada pela liturgia, além do trabalho. “Sempre nos reunimos em oração. A oração do coro (comunidade monástica) é a expressão mais importante do nosso louvor a Deus”.

touché! 11


gastronomia

Também nos pães, a mão de Deus Num cantinho que quase não se percebe, está a Padaria do Mosteiro de São Bento. O espaço, apesar de tímido, esconde maravilhas produzidas pelos monges, seguindo a regra de São Bento de que “são verdadeiros os monges, se vivem do trabalho de suas mãos”. São pães, bolos, biscoitos, trufas e geleias. As embalagens, que por si só já são uma degustação aos olhos, prometem uma viagem por sabores únicos e indescritíveis. O local abre todos os dias, mas o passeio perfeito reúne a missa celebrada com canto gregoriano e a magia das mensagens benediti-

12 touché!

nas, acompanhada do órgão alemão de sete mil tubos. O gran finale, então, é adquirir um produto da Padaria do Mosteiro de São Bento. Tudo começou com Dom Bernardo, que na época – anos 90 – era chef de cozinha da abadia. Curioso, descobriu algumas receitas antigas, escondidas nas gavetas do Mosteiro. Resolveu testá-las e oferecê-las aos irmãos e alguns hóspedes que vez ou outra estavam por lá. Quem comia gostava muito e sugeria que se colocassem as delícias à disposição dos fieis, depois da missa. A experiência foi feita e logo

na primeira já foi destaque na imprensa. O ano era 1999 e as receitas seculares do mosteiro estavam ao alcance de todos. De acordo com o prior da abadia, Dom João Evangelista, há todo um cuidado no desenvolvimento dos produtos. Um dos motivos se deve ao fato de se destinarem a um público maior. “Não podemos simplesmente duplicar ou triplicar os ingredientes. É necessária uma adaptação”, explica. Outro diferencial do trabalho de Dom Bernardo é com a apresentação. Os produtos são vendidos numa belíssima embalagem, o que

pode ser uma ótima sugestão de presente. E, por último, mas não nessa ordem, é a qualidade com que são feitos. “Nossos bolos e pães fazem sucesso não porque são feitos por monges, mas porque são bons e terem uma bela apresentação”, diz Dom João. Quem ainda não provou os quitutes do mosteiro, não deve perder tempo. Quem já provou, pode ficar tranquilo. Afinal, a qualidade é inquebrantável, já que a forma de preparação é transmitida apenas de um monge a outro, que continua cumprindo o que escreveu São Bento. “Ora et labora”. A ociosidade é inimiga da alma.


9 Bolo Dom Bernardo Antiga receita francesa que os monges faziam nas grandes festas litúrgicas. À base de café, chocolate, conhaque, nozes, pêssego e gengibre. z VALOR – R$ 50,00 9 Bolo Santa Escolástica A receita foi trazida da Suíça pelos monges europeus que vieram ao Brasil para a restauração dos mosteiros beneditinos. Feita à base de nozes e maçã. z VALOR – R$ 50,00 9 Bolo dos Monges Elaborada à base de vinho canônico, damasco, ameixa e açúcar mascavo. O bolo data do final do século XIX e foi elaborado por monges brasileiros. z VALOR – R$ 40,00 9 Bolo Laetare Receita dos monges portugueses do Mosteiro de Tibães. À base de farinha de amêndoas, ovos, canela e limão. z VALOR – R$ 50,00

9 Benedictus Pão de mel recheado com damasco z VALOR – R$ 40,00 (caixa com nove mini pães) 9 Pão São Bento O ingrediente principal é a mandioquinha. A criação é dos monges beneditinos paulistanos z VALOR – R$ 12,00 9 Pão São Bento O ingrediente principal é a mandioquinha. A criação é dos monges beneditinos paulistanos z VALOR – R$ 12,00 9 Dominus Pão integral, com açúcar mascavo, aveia e azeite. z VALOR – R$ 15,00 9 Mel e geleia de damasco Produtos artesanalmente elaborados pelos monges z VALOR – R$ 20,00 (mel) z VALOR – R$ 12,00 (geleia)

FUNCIONAMENTO Os produtos estão à venda na loja do Mosteiro de segunda a sexta-feira, das 7 às 18 horas. Aos sábados, das 7h30 às 12 horas e aos domingos, após a missa das 10 horas.

NOVO ENDEREÇO Rua Barão de Capanema, 416 Jardim Paulista

No site

w w w. r e v i s t a t o u c h e . c o m . b r Horários de missas, confissões, padaria. Veja no site e não perca tempo. Visite!

touché! 13


leitura

ALIMENTOS CERTOS

garantem qualidade de vida

serviço Livro: Nutrição Simplificada – Aplicada à atividade física e qualidade de vida (2ª edição) Autor: Luiz Roberto Innocente Editora: In House 159 páginas Encontrado nas melhores livrarias Contato com o autor: lunutri@terra.com.br

Lançado no final de 2009, o livro “Nutrição Simplificada - Aplicada à atividade física e qualidade de vida”, do professor Luiz Roberto Innocente, apresenta uma fácil leitura sobre a importância da alimentação e o que ela pode fazer pelo nosso organismo. A obra é indicada a profissionais da área, praticantes de atividade física e pessoas envolvidas com o tema. “O livro vai direto aos principais pontos da nutrição e possui uma linguagem acessível a qualquer pessoa. A intenção foi trazer o conteúdo técnico de uma maneira bem didática e direcionada”, explica Innocente. “Abordei temas bastante atuais, como a nutrição na escola, a obesidade, a medicina ortomolecular e a nutrição funcio-

nal”, acrescenta. De acordo com Innocente, uma boa alimentação traz benefícios à saúde, assim como uma má alimentação também provoca malefícios. A conscientização e a mudança de hábitos alimentares, independente da faixa etária ou profissão, são extremamente necessárias nos dias atuais. “Daqui para frente a nutrição vai ser um fator primordial na vida de cada um. Tanto é, que em grandes institutos, muitas doenças estão sendo tratadas só com a adaptação da alimentação”, afirma. Experiência Luiz Roberto Innocente é professor de Nutrição Esportiva Aplicada, na Escola Superior de Educação Física de Jundiaí; mestre em Ciências

Farmacêuticas (USF Bragança Paulista); graduado em Educação Física (ESEF Jundiaí); graduado em Farmácia Bioquímica (Federal de Ouro Preto - MG); especializado em Treinamento em Educação Física (Unicamp); pós-graduado em Nutrição Humana e Saúde (Universidade Federal de Lavras – MG).

Foto: divulgação

Shopping Paineiras

Conquistar e descobrir que é para sempre

serviço

O mascote da escola de inglês Teddy Bear com o diretor Felipe Simeone e Túlio, do Kalma Zen Spa, durante a entrega do prêmio da promoção Relax Mommy, no dia 8.

TEDDY BEAR English for kids and teens

Rua Jorge Zolner, 300, Centro – Jundiaí/SP Telefone: (11) 3963-5100 jundiaí@teddybear.cm.br - www.teddybear.com.br

14 touché!

Até 12 de junho, celebrando o dia dos namorados, o Shopping Paineiras veicula a campanha onde pretende resgatar o verdadeiro conceito da data, apostando em uma mensagem que pode ser entendida e aplicada para todas as idades. Vale a pena conferir a decoração do espaço, que está muito romântica. E, de quebra, comprar o presente do seu amor. As lojas são voltadas ao público AB e a área gastronômica está renovada. Há ótimas opções para comemoras o dia 12 de junho.


férias

ACAMPAMENTO FRANCISCANDO

Brincando com responsabilidade As férias de julho estão chegando. Pais e mães sabem que é um período relativamente difícil para administrar, visto que a energia das crianças é um item inesgotável. Acampar pode ser uma boa saída. E, um acampamento que conduza os pequenos a procurar um sentido para a vida, brincando com responsabilidade e aprendendo a cuidar da natureza, pode ser ainda melhor. Essa é a proposta do Franciscando, dirigido pelo engenheiro agrônomo e educador ambiental Edson Hiroshi. Voltado para crianças de 5 anos a jovens de 17, a ideia nasceu do fato de que a educação formal e a vivência familiar deixava algumas brechas nos assuntos espirituais e do meio ambiente. “E é isso que nossos participantes aprendem: uma percepção fina da Natureza e do essencial da vida através de métodos lúdicos, com músicas, histórias e conversa”, explica Hiroshi. O Acampamento Franciscando acumula uma experiência

de 20 anos. As atividades acontecem no Sítio Janaína, em Jarinu – São Paulo, a 70 quilômetros da capital. Entre seus diferenciais, oferece uma atenção especial à alimentação. As oficinas são dirigidas para a saúde do corpo, mente e espírito e as atividades procuram desenvolver a percepção dos cinco sentidos, além de concentração e cooperativismo. Agora em julho já estão confirmadas duas temporadas – 4 a 10 e 11 a 17. Uma terceira – de 18 a 24, dependerá de um número mínimo. Em cada temporada o Franciscando recebe de 60 a 90 acampantes. Algumas atividades são feitas com todos e outras, divididas por faixa etária.

No site Planos de pagamento, atividades, acomodações, alimentação e outros detalhes necessários para essa aventura www.revistatouche.com.br

programação z Irmão Sol – Saudação ao Sol, trilhas e caminhadas z Irmã Terra – Plantar a horta, ervas medicinais, reflorestar z Irmã Água – Piscina, hidroterapia, filtros biológicos z Irmã Saúde – Massagens terapêuticas, ioga simplificada e primeiros socorros z Outras atividades – oficinas do artesão, teatro, música e muita brincadeira Informações e inscrições Telefones 11 7202-4389 / 19 34349767 / 19 3301-1268 sathie@merconet.com.br www.franciscando.com.br

VALOR À vista, cada criança investe R$ 850,00. Há planos de parcelamento e descontos para irmãos. Veja no site.

touché! 15


tapeçaria

Dona Ditinha de Oliveira foi terminar um trabalho que a filha havia começado. Nunca mais parou.

Entre tramas e

CONVERSAS

Alice Pansieri veio de São Paulo. Lá, ela já bordava. Quando aqui chegou, sentiu-se bastante sozinha. No Avesso Perfeito, reencontrou-se com as telas e as lãs e fez uma legião de amigas.

Ponto a ponto, se vai tecendo um belo e colorido tapete. Entre as tramas, a lã exerce seu papel, que é o de decorar e de ouvir as conversas trocadas pelas artesãs. Assim é uma tarde passada no Avesso Perfeito, um ateliê de Tapeçaria localizado na Rua Bela Vista e especializado em técnicas como Arraiolo (portuguesa) e Brasileirinho, uma versão do Casa Caiada ou Barroco, ponto criado em 1966 por duas senhoras de Pernambuco. Mas essa história de tapeçaria é antiga, segundo a proprietária do Avesso Perfeito, Neide Muniz. Ela começou quando seu pai, Milton Muniz, trabalhava na primeira loja de tapetes arraiolos de São Paulo, na rua Augusta, em 1968. No início, apenas finas se-

16 touché!

nhoras frequentavam o local. Elas se reuniam em uma grande sala e iam construindo os pontos, copiados de gráficos que ficavam pendurados em cavaletes, um método relativamente difícil e complicado, onde alguns processos podiam se perder. A professora era dona Zezé Pestana, da alta sociedade

paulista, que havia feito o curso em Portugal. Para facilitar o trabalho, Muniz desenvolveu a técnica de pintar a própria juta que era bordada, facilitando muito o ofício das artesãs. Em 1972, dona Zezé decidiu se aposentar. Francisca Muniz, mãe de Neide e aluna de arraiolo, assumiu as aulas. E,

Brigitte Dubner, à esquerda: “Meu marido estranha quando me vê sem algum trabalho à mão”. Flora Bonamiga: “Me curei de uma depressão”.


sentar um avesso impecável. As lãs também estão mais macias para trabalhar. “Ah, estamos sempre procurando novidades para nossas clientes”, fala ela. Mas, mais do que uma peça de decoração, a tapeçaria, como muitos trabalhos manuais, atua em nível psicológico, ajudando a eliminar muitos males. Grande parte das alunas que frequentam o ateliê afirmaram se ver livres de depressão, ansiedade e outros problemas. Para elas, bordar é mais do que uma técnica de bordado. É uma opção de vida.

No alto, a montagem das telas e o ponto sendo feito. Abaixo, Neide marca as cores num tapete. No meio, com Marisa Araújo

Aulas Se você quiser aprender a bordar e, de quebra, melhorar seu estado emocional, não perca tempo. O Avesso Perfeito funciona de segunda a quinta-feira, das 9 às 19 horas. As aulas são gratuitas, basta apenas adquirir o material. O horário é combinado de acordo com a disponibilidade do aluno e professor.

serviço

como ainda tinha as filhas pequenas, levava-as junto. “Me lembro de ficar sentada, fascinada, olhando as mulheres bordando. Me apaixonei pelo clima e pelos trabalhos”, conta ela. Crescida, Neide chegou a trabalhar nessa mesma loja. Depois, abriu sua própria, em São Paulo. Cansada da cidade grande, veio para Jundiaí, onde fincou suas raízes com o Avesso Perfeito em 1992. Hoje, muita coisa mudou. As jutas – tecido para o bordado – já vêm riscadas pela equipe do Avesso Perfeito, que aliás leva esse nome por apre-

Avesso Perfeito Rua Bela Vista, 295 Telefone: 4521-7324 No orkut Avessoperfeito - orkut

touché! 17


desafio

Emagrecer COM SAÚDE Por Luciana Sanfins

Confira como as participantes do Desafio Touché estão encarando o início do Programa de Emagrecimento Sueli Cotarelli e Regiane Francisco, selecionadas para participar do Desafio Touché, iniciaram o Programa de Emagrecimento do Espaço Agir há cerca de um mês. Acompanhadas por profissionais de diversas áreas, aos poucos estão se adequando a novas rotinas. A nutricionista Cíntia de C. Gimenes propôs uma reeducação alimentar a fim de mudar alguns hábitos e crenças relacionadas à alimentação. Cada participante recebeu um planejamento personalizado, de acordo com seus ritmos de vida e situação sócio-econômica. “Ambas já passaram por outras experiências de emagrecimento, mas com alimentação restrita. Agora,

serviço 18 touché!

temos que trabalhar a perda de peso com saúde e levar isso para o resto da vida.”, explica. Regiane comenta que sua maior dificuldade tem sido adequar-se à nova alimentação. “Incluí no meu cardápio soja e integrais, mas não consigo deixar de lado os alimentos calóricos e o chocolate”, disse. “Estou me esforçando muito, mas mudar hábitos de 30 anos é mesmo difícil”, completa. Já é possível perceber mudanças nas medidas das participantes. A fisioterapeuta Jaqueline Oliveira comentou que o tratamento oferecido à Regiane inclui massagem modeladora, endermoterapia e ultrassom. Já Sueli, devido a restrições por pro-

blemas vasculares, recebe drenagem linfática. A atividade física também é fundamental para a perda de peso e uma vida mais saudável. A educadora física Ana Cláudia Penna afirma que elas estão animadas, mas fazendo exercícios dentro dos seus limites. “O ideal nesse primeiro momento é muito alongamento, principalmente porque elas estavam sedentárias. E também um trabalho aeróbio, dentro da frequência cardíaca estimada para a perda de peso, de três a quatro vezes por semana. Numa próxima etapa entraremos com exercícios localizados”, comenta. Regiane já entrou nesse ritmo e Sueli, orientada pelo seu médico, está

fazendo caminhadas regulares. A psicóloga Adriana Sartori trabalha as questões internas de cada uma. “Algumas situações no decorrer da vida influenciam na forma de alimentação, explica. “Sueli e Regiane são muito ansiosas e descontam as emoções na comida. Vamos mostrar algumas estratégias para que elas trabalhem a ansiedade”, ressalta. E é nessa área que Sueli está descobrindo coisas novas sobre si. “O meu maior desafio está na parte psicológica, pois preciso me preocupar mais comigo e menos com os outros. Preciso me cuidar mais, gostar mais de mim e levar isso para o resto da minha vida”, conta.

R. Francisco Morato, nº 77 - Vianelo - Fone: 4586-6965 Jundiaí - CEP: 13.207-250


40 horas de um

NOVO ILUMINISMO * Gerson Sartori

*Gerson Sartori, que foi vereador, presidiu a Comissão Municipal de Emprego, o PT de Jundiaí, além de ter ocupado outros cargos no meio sindical colocou o email gerson.sartori@uol.com.br à disposição para os cidadãos que queriam se manifestar também sobre os pedágios

A relação Capital x Trabalho tem sacudido o mundo muito antes de Marx ter formulado suas propostas em meio a uma Europa que engatava sua revolução industrial. Mas claro que suas ideias acabaram influenciando definitivamente essa relação, a ponto de o mundo se dividir após a Segunda Guerra numa monótona cena bipolar, empurrando a todos um cardápio pouco variado: ou comunismo ou capitalismo. A derrocada dos regimes socialistas e a ampliação dos benefícios sociais no mundo ocidental, parecem ter construído algo que dizia-se impossível – preservar o olhar humanista dos comunistas e as liberdades individuais dos capitalistas. Evidente que há muito ainda a ser feito, mas sem dúvidas, avanços houveram. Discute-se agora no Brasil o regime de 40 horas semanais, mais um sincero avanço na relação Capital x Trabalho. Defendo de forma inequívoca essa proposta, por entender que sua adoção elevará o Brasil num patamar ainda mais alto não só na distribuição de renda, como também na construção de uma sociedade ainda mais preparada para ocupar um lugar de destaque no século que iniciamos. A geração de novos postos de trabalho, o fato de uma camada considerável de trabalhadores poderem ampliar seu tempo disponível para atividades de ensino, culturais e de lazer, me parece alguns dos argumentos irresistíveis para se posicionar favoravelmente ao projeto que está tramitando já em fase final na Câmara Federal. Mas as 40 horas podem produzir efeitos benéficos também para empregadores e empreendedores de uma maneira geral. Imaginar formas para oferecer novos produtos e serviços a esses consumidores com mais tempo para diversão, viagens e com sede de conhecimento são apenas alguns exemplos. As possibilidades me parecem amplas e infinitas. Assim, numa Era marcada pelas transformações em quase todos os campos do conhecimento humano, numa Era de informações rápidas, é fundamental avançarmos para o investimento num ser humano preparado para viver esses novos desafios. O trabalho permanecerá sendo uma das maiores realizações das pessoas em todos os cantos do planeta, mas aqui no Brasil iniciaremos um tempo de novas construções de um iluminismo ainda que tardio, muito bem vindo.

touché! 19


coluna pet

Precisa tomar banho, sim.

Manhã ensolarada de sábado. Você acorda bem disposto. Coloca aqueles shorts e camiseta preferidos. Aquela roupa que te dá a sensação de que a vida é deliciosamente simples. Olha para o seu pet e decide que ele precisa de um banho, já que você está louco pra se molhar. Mas, apesar de ser um momento mágico de carinho e cumplicidade, o resultado final jamais será igual ao do profissional especializado em banho e tosa de animais. As responsáveis pela Estética dos Bichos, Flávia e Leia, ensinam que o mais indicado é levar o seu amiguinho para tomar um banhão a cada 15 dias, a fim de controlar parasitas (pulgas e carrapatos), verificar ouvidos e cortar as unhas. Esses cuidados são importantes na prevenção de doenças. A tosa é outro processo importante para a saúde, mais ainda do que a estética, principalmente nas patas, bumbum e barriga. Nas patas, porque os cães transpiram entre as almofadinhas. Aparados, os pelos grandes evitam ocasionais quedas. Já no bumbum, a tosa é indicada para que as fezes não fiquem grudadas no pelo ao redor. “Dependendo da condição da pelagem, pode até formar um bolo de nó, onde as fezes acabam ficando por baixo e ocasionando até uma constipação”, alertam. Aparar a barriga do pet é necessário por causa da urina. Muitas vezes a tosa vai até as patinhas da frente, para que o bichinho se sinta mais limpo e também não sofra tanto com o calor. Aos bichanos também se deve dar uma atenção. Por isso, devem ser acostumados desde pequenos com a água, para que não fiquem estressados depois de adultos se precisarem se lavar. Àqueles que vivem dentro de casas ou apartamentos, é bom que se corte as unhas e sejam escovados todos os dias. Gatos de pelos grandes, como Persa e Angorá, também fazem a tosa higiênica, limpando ouvidos e as remelinhas. Se apresentarem problemas dermatológicos, a tosa completa é indicada. Para os felinos, tomar banho uma vez no mês já está bom. Aparar os pêlos, a cada três meses. Leia e Flávia garantem que todo o cuidado é pouco quando se escolhe o lugar para onde seu amigão vai dar aquele trato. “Pet shop é igual a salão de beleza. Há profissionais e profissionais”, ressaltam. A Estética dos Bichos oferecem vários tipos de banhos. Há os terapêuticos, para tratar pulgas, carrapatos e problemas dermatológicos. Se o seu pet está com a pelagem rebelde, opte pelas hidratações. Os produtos são todos voltados para animais, já que o uso indevido de xampus e sabonetes podem mais atrapalhar do que ajudar, causando irritações, alergias e até intoxicação. As meninas da Estética dos Bichos alertam também que, para manter a tosa da raça e os pêlos bem cuidados e brilhantes, há a necessidade de manutenção. Por isso, a escovação para melhor visualização dos problemas dermatológicos é imprescindível.

serviço ESTÉTICA DOS BICHOS Banho e Tosa Pet Shop Telefones: 4587-5602 / 9706-3464 Horários de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas z z

20 touché!


CLÍNICA VACINE: uma nova proposta na prevenção de doenças Por Luciana Sanfins Inaugurada no início de maio, em Jundiaí, a Clínica Vacine reúne em um mesmo espaço especialidades médicas, de vacinação e uma estrutura integrada. O objetivo dos sócios é inaugurar um novo conceito, com atendimento diferenciado, equipe médica e enfermagem especialmente treinada e ambiente acolhedor. De acordo com a médica pediatra e intensivista, Daniela Cunha, o local é especializado em vacinação de crianças, adolescentes, adultos, idosos e viajantes. “Oferecemos diversas vacinas disponíveis no mercado e possuímos os mais modernos equipamentos para refrigeração e conservação dos materiais”, destaca. Daniela explica que o ato de vacinar-se tem se mostrado uma das medidas na saúde com melhor relação custo-benefício. “A cobertura oferecida pela imunização tem au-

mentado de forma constante ao longo das últimas duas décadas. Dados mostram que anualmente três milhões de mortes são prevenidas e 750 mil crianças são salvas da incapacitação”, diz. Atualmente, 26 doenças são preveníveis com o uso de vacinas e algumas delas estão disponíveis apenas nas clínicas particulares, como: Antipneumocócica Conjugada Heptavalente (previne pneumonias, septicemias, meningite, otite e sinusite causadas pelo agente Streptococcus pneumoniae); Antimeningocócica “C” Conjugada (previne a meningite bacteriana); Hepatite A; Varicela; HPV (previne o câncer de colo de útero e as verrugas genitais); Pentavalente contra o Rotavírus (previne a gastrenterite), vacinas combinadas. “A proposta da Vacine é cuidar, prevenindo”, afirma a especialista.

Profissionais que integram a Vacine 9 Daniela Cunha: Pediatra e Intensivista 9 Débora Scordamaglia: Pediatra e Intensivista 9 Helaine Toledo: Pediatra e Neonatologista 9 Marco Aurélio Cunha de Freitas: Infectologista

serviço

ac ne

Avenida Antônio Segre, 199, Jundiaí/SP Telefone: 11 4521-5757 Atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas. Sábado das 8 às 13 horas

www.vacineclinica.com.br

touché! 21


INFORME PUBLICITÁRIO

A mais perfeita

TRADUÇÃO Por Eduardo Palhares*

A ideia de um mundo melhor passa necessariamente por uma revolução nos hábitos cotidianos de cada cidadão. Mais do que isso, por uma nova visão do poder público sobre prioridades. Numa democracia esse entendimento, embora considerado correto por grande parte da população, precisa ser defendido e, acima de tudo, negociado. Em Jundiaí os esforços nesse sentido começam a 22 touché!

ficar mais nítidos. A própria estruturação do Partido Verde, de seu bom desempenho nas últimas eleições, quando elegemos três vereadores, me parece uma prova de que o novo milênio começou sob o signo dessas transformações. Mas há outros bons exemplos e talvez a DAE seja a mais perfeita tradução daquilo que possamos entender como boas práticas. Re-

centemente, a imprensa da cidade jogou luz sobre um dado esperançoso – Jundiaí é a líder brasileira em saneamento básico, cravando o primeiro lugar no ranking divulgado pelo Instituto Trata Brasil (www.tratabrasil.org.br), que avaliou 81 municípios com população acima de 300 mil habitantes. Até então ocupávamos a quinta posição. Sou ao mesmo tempo

Jundiaí é a líder brasileira em saneamento Básico entre 81 municípios com mais de 300 mil habitantes

suspeito e qualificado para elogiar a DAE. Suspeito porque tenho uma admiração pública pela entidade, sempre a defendi e a defenderei. Qualificado porque tive a honra de presidi-la por 4 anos, pe-


INFORME PUBLICITÁRIO

ríodo no qual pude dar continuidade a uma tradição de bons administradores que por ali passaram. Claro, não foi de graça que escalamos o topo desse ranking. De qualquer forma, entre os anos que pude comandar a entidade aumentamos em 86% os investimentos e atuamos no delicado front do consumo consciente, reduzindo as perdas de água tratada de 32% para 27%. Perto portanto da meta de alguns países do primeiro mundo, onde esse número está fixado abaixo de 20%. Nessa batalha, a troca de hidrômetros, sem custos para a população, acabou desempenhando um papel fundamental. Ao todo substituímos quase 30 mil aparelhos. Ganhamos

mais precisão e facilidade para as medições. O mesmo pode ser dito com relação à rede de abastecimento de água, onde houve a troca de antigas tubulações de ferro fundido por tubulações em PVC, mais duráveis e não sujeitas a corrosão. Assim, se a guerra é ganha nas pequenas batalhas, a implantação de 81 quilôme-

Contrariamos a máxima sobre o fato dos homens públicos preferir em construir viadutos a enterrar tubulações

tros de novas redes de esgoto, que somaram-se aos 678 já instalados, acabaram conferindo a esse sistema uma distância que equivale a uma viagem entre Jundiaí e Florianópolis. Outras tantas ações foram iniciadas e concluídas entre os anos de 2005 e 2008, orgulhosamente contrariando aquela máxima sobre o fato de os homens públicos preferirem construir viadutos a enterrar

tubulações, num raciocínio tão óbvio quanto perverso, que sugere o valor da visibilidade numa eventual ação midiática. Como disse e tenho defendido, o avanço nas questões ambientais e na qualidade de vida precisa ser acompanha-

do por um novo entendimento do cidadão e do poder público. Cada um precisa fazer sua parte, ambos precisam vigiar e cobrar e todos devem se unir. É assim que vamos construir um novo mundo num novo milênio.

Eduardo Palhares foi presidente da DAE durante os anos de 2005 e 2008, atualmente preside o Partido Verde de Jundiaí.

touché! 23


viver bem

Qualidade de vida E O NOSSO PRECIOSO TEMPO O tempo passa e quando percebemos, os dias se foram! Os meses vão longe e os anos se acumulam. Quem não se assusta com o fato de estarmos quase na metade de 2010? Ao olhar para o passado, existiram momentos mágicos e divertidos, situações felizes e outras nem tanto. Na somatória dos fatos e relatos da vida, a sabedoria sertaneja de João Guimarães Rosa, em Grandes Sertões: Veredas, nos ajuda a pensar em nossas trajetórias e naquilo que foge a possibilidade de registro: “... contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balance, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que nem se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto do que outras de recente data. Assim é que eu acho, assim é que eu conto...”. Avaliar conquistas e ações é inerente ao ser humano. Refletir acerca de como o tempo está sendo empregado é uma constante. Muita gente reclama da falta de tempo para tudo. Será que estamos trabalhando demasiadamente? Alguns pensadores da década de 80 e 90, dentre eles Domenico De Masi, profetizaram que o Homem diminuiria seu ritmo de trabalho, proporcionalmente às grandes descobertas tecnológicas que estavam por vir. O que se observa trinta anos depois que estas teorias foram divulgadas, é que todos aqueles que estão na cadeia produtiva e de consumo, só o que fazem é trabalhar. Se algumas atividades são feitas mais rapidamente, com a ajuda do computador ou celular, o tempo que resta é empregado para mais trabalho. E assim vão as horas, ...os dias, ... os meses ... Infelizmente, o excesso de trabalho comumente é conflituoso com a qualidade de vida ou com a vida saudável. Se por um lado o trabalho gera recursos que nos dão acesso a oportunidades e bens materiais, por outro nos limita quanto ao tempo destinado a inúmeras outras atividades. Estudos recentes demons-

24 touché!

tram que atualmente, o número de horas destinadas ao trabalho é o dobro da década de 70. Resumo da ópera: de maneira geral, apesar do indiscutível avanço dos eletrônicos e das máquinas que nos prestam serviços, estamos sem tempo para outras atividades imprescindíveis para o nosso desenvolvimento. Estar atento a esta questão, é a melhor forma de gradativamente organizar o tempo e, na medida do possível, buscar selecionar aquilo que é imprescindível na rotina do trabalho. É fundamental estar atento ao tempo, entendendo que este é um bem finito, escasso e que deve ser bem empregado, uma vez que vale muito. Afinal, é muito triste pensar que a vida passa e não foi possível usufruir de tantas coisas belas que existem neste planeta, como viagens, cuidados com o corpo e mente, atenção às amizades e relacionamentos amorosos, cultura, educação e outras felicidades e amores para os quais também fomos criados. O bem material conquistado e o trabalho não podem ser os únicos valores e devem ser entendido como estratégia ou condição para

se ter autonomia, ter mais controle sobre o próprio tempo. Precisamos de outros saberes e sabores que nos ajudem a encontrar certo equilíbrio! Isto sim é um luxo necessário! Um bem maior que vai muito além de “coisas e objetos” que temos o terrível hábito de achar imprescindíveis para o nosso viver. Este nosso mundo está abarrotado de coisas supérfluas de valor quase inexistente. Atenção: Estilo de vida tem a ver com educação, trabalho, moradia, condição econômica, saúde e inúmeros outros fatores que são escolhas. E fazer escolhas não é algo fácil, mas quanto mais experientes na escola da vida, se houve aprendizado, melhores deverão ser os resultados. O problema é escolher sempre por estar mais tempo trabalhando. Evidente que isto serve para aqueles que podem fazer esta opção. Um estudo realizado nos Estados Unidos, mostra dados de que o PIB per capta quase dobrou em 35 anos e, nem por isto, os norte-americanos se declaram mais felizes do que décadas atrás, demonstrando que apenas avanços materiais não são suficientes para tornar as pessoas mais felizes.

Mas o que nos torna seres felizes? Apesar da difícil resposta, talvez pela diversidade inerente e peculiaridades de cada ser humano, distinguir o tempo para o trabalho e o tempo necessário para inúmeras outras atividades que nos forma, que nos educa ou mantém nossa saúde e sanidade, parece ser um dos caminhos que tem diferenciado pessoas que se declaram mais felizes com suas vidas. Afinal o tempo é inclemente, escorre pelos dedos e oportunidades perdidas nem sempre voltam. E por falar em oportunidades perdidas, vamos logo pensando no emprego, no aumento, no projeto... Os franceses, diferentemente de outros povos da Europa, se declaram orgulhosamente o povo que trabalha para poder viver, diferente de culturas que defendem que a vida é trabalho. Se o tempo passa, cuide da melhor forma possível de suas escolhas, aguçando sua percepção acerca do tempo e do que é verdadeiramente importante para a nossa existência, neste caleidoscópio que é a vida. Tempus fugiti ...

Fernando Balbino Graduado em Educação Física pela UNESP de Rio Claro, mestre em Filosofia da Educação pela UNIMEP, doutor em Ciências Sociais pela PUC de São Paulo. viverbem@revistatouche.com.br


tecnologia

LOST,

um achado.

A imensa oferta surgida na tevê à partir do advento dos canais pagos trouxe, como é comum nesses casos, uma certa angústia. Aquela angústia que caracteriza não a falta, mas o excesso de informação, de opções, de novos dados. Algo cada vez mais comum em nossa sociedade super hidratada de possibilidades. Embora cause estranhamento, já ouvi mais de uma vez reclamações de que não tem nada de bom passando na tevê, apesar dos mais de 50 canais à disposição. Quando pequeno, lembro, as opções que tínhamos – canal 5, a Globo, 13 a Bandeirantes, 7 a Record, 2 a Cultura e não mais do que isso. Naquela altura, me parecia suficiente... Vai entender... Apesar desse mal estar, tenho acompanhado com certo entusiasmo aquilo que considero o que há de melhor na telinha – os seriados. Alternativa ao

novelão brasileiro, as séries podem ser acompanhadas sem o compromisso de um roteiro interminável, podendo ser consumidas isoladamente ou no todo sem perda de conteúdo. Desde Agente 86, passando por Friends, Seinfeld (meu preferido) e o moderno Heroes, todos me são simpáticos e atemporais. Mas certamente foi o seriado Lost, cujo último episódio foi ao ar mês passado, que teve o mérito de se conectar com o mundo digital. Sua força fora da tevê acabou sendo fundamental para que ele resistisse a seis temporadas no disputado mercado americano. Misturando seitas secretas, monstros e outras crendices, a história de um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo vivendo numa ilha misteriosa foi sensação também na Internet. Fóruns, blogs e comunidades surgiram e acabaram ampliando o poder da trama. A partir daí a compreensão do seriado passou, quase obrigatoriamente, pelos canais digitais. A tendência que já havia se

manifestado em Matrix, depois em Bruxa de Blair, eclodiu mesmo em Lost, um achado para seus produtores que souberam aproveitar a força dos internautas e faturaram alto com toda essa história. A tendência deve crescer e à medida que o computador fica mais parecido com a tevê e essa com o computador, nos resta estar preparados. Ou deixar um anti-ácido à mão, que pelo que sei protege contra a azia e o mal estar.

André Barros, que aprendeu a contar assistindo Vila Sésamo, pois se recusou a fazer o pré-primário. tecnologia@revistatouche.com.br

touché! 25


taste

CERVEJAS ENCORPADAS

uma bebida para o inverno

Desde sua descoberta há mais de 2.000 a.C pelos sumérios, a cerveja se popularizou em quase todo o mundo. Conforme a mitologia suméria, a bebida surgiu pelas mãos da Deusa Ninkasi, que significava água fresca cintilante, feita para saciar o desejo e satisfazer o coração. Ninkasi passou a ser conhecida como a Deusa da Cerveja. Desde então, a bebida cruzou a história por mãos de mestres hábeis, até se tornar um ícone da gastronomia moderna. Há muito as cervejas deixaram de ser uma moda de verão e passaram a ganhar destaque no inverno. A diferença é que as bebidas próprias para o frio são mais encorpadas, escuras, com maior teor alcoólico, e paladar mais complexo. Atualmente, quase todos os produtores dispõem destas cervejas, que podem ser encontradas em pubs, casas especializadas, ou mesmo nos supermercados. Apresentam uma nomenclatura específica que o consumidor deve ficar atento na hora de comprar. Quem pretende se aquecer neste inverno com uma bebida fermentada terá nesse texto uma noção de cada produto, e poderá escolher conforme seu paladar. Uma das mais comuns é do tipo Ale, a primeira cerveja encorpada que surgiu, cujo fermento sobe em forma de espuma (fermentação no alto). São de sabores diferenciados e cores

26 touché!

variadas. A “família Ale” inclui a Red Ale (densa, cremosa, avermelhada, aroma marcante e persistente), a Stout (sabor que vai do amargo ao doce, aroma tostado, muito encorpada, cor escura e creme denso e dourado), e a Golden (corpo médio, sabor leve, com final adocicado e toques de canela). A Golden é considerada a chardonnay das cervejas, o “corpo e alma de uma mulher”, e vai bem com carnes brancas, peixes e carnes leves. A Red é ideal para acompanhar carnes vermelhas, caças e porco, enquanto a Stout combina com pratos condimentados e sobremesas, especialmente chocolates. A segunda grande família das cervejas encorpadas é do tipo Large, cujo fermento fica depositado no fundo (fermentação de fundo). A principal é a Bock, que é produzida de puro malte e lúpulo de qualidade superior, tem corpo médio, escura,

aroma tostado e sabor acentuado. Ideal para acompanhar carnes vermelhas leves, salmão e massas com molhos picantes. Outra large encorpada é a Dunkel, uma cerveja marcante, de aroma incomparável e toques de torrefação e café. Combina com carnes e é perfeita para harmonizar com queijos duros como grana padano, pecorino e cheddar. As outras cervejas da família Large são mais leves e do “tipo verão” como a Ice, a Cristal, a Draft e a Light. A nomenclatura sofre variações conforme a origem e a matéria prima utilizada. Assim, Abbaye, Abdij ou Abbey, são cervejas belgas e holandesas, desenvolvidas em mosteiros; Alt Bier é uma cerveja alemã de fermentação alta e coloração cobreada; Bitter, cerveja inglesa com bastante lúpulo, o que lhe confere um amargor acentuado; India Pale Ale, cerveja

inglesa de elevado teor alcoólica e com uma boa dose de lúpulo para se conservar durante as viagens longas; Pale Ale, designa uma gama relativamente vasta de cervejas de fermentação alta e coloração pouco intensa; Porter, cerveja escura, porém mais leve e de sabor menos torrado que uma Stout; Scotch Ale, cerveja escocesa forte e muito encorpada com uma marcante presença do malte no aroma e no sabor; Weisse, Weizen ou Weiss, cerveja alemã de trigo, turva, normalmente servida com a levedura em suspensão; Schwarzbier, cerveja alemã normalmente tipo large de coloração escura; Viena, como o nome indica, é originária da cidade austríaca de Viena. É uma cerveja tipo large de coloração âmbar ou avermelhada. O Brasil não aparece na lista dos principais países consumidores desta bebida, mas possui excelentes cervejas encorpadas, principalmente as provenientes do vale do Itajaí em Santa Catarina. Para os aficionados por charutos, as encorpadas são as cervejas que melhor harmonizam. A dica é guardar sempre a cerveja longe do sol e com a garrafa em pé. Sirva com “dois dedos” de creme, em copo gelado e bem limpo, e se possível, na temperatura indicada. Escolha a que melhor se adapta ao seu momento e faça um brinde a Ninkasi, afinal é ela quem vai saciar seu desejo.

Godofrêdo Sampaio Médico, escritor e aficionado por vinhos, charutos e boa mesa. bonvivant@revistatouche.com.br




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.