Revista Vida bebê 26a. Edição

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Edição de Primavera

ANO VII N. 26 Setembro/2015 R$ 8,90

Saúde

Como cuidar de uma criança com refluxo ARTE

TEATRO NA INFÂNCIA PODE ENSINAR

PEDIATRIA - dicas valiosas para mamães de primeira viagem

Caderno Especial - Nutrição e exercícios físicos

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Editorial Chegou mais uma edição de Primavera, estamos no nosso sétimo ano e muito felizes! Quanta informação e quanto aprendizado! Filhos, vivemos e aprendemos com eles e por eles. Somos apaixonados por tudo isso e em breve com novidades, nossa nova plataforma de videos, com dicas e informações, estamos esperando sua participação através de comentários, sugestões de pautas, depoimentos, enfim, um espaço mais interativo. Acesse nosso site! Nessa edição algumas matérias sobre comportamento e saúde: O nascimento da mãe, dicas para mamães de primeira viagem, teatro infantil, cuidados com o refluxo e muito mais também no Caderno Vida mulher. Tenham uma excelente leitura e uma Primavera de muitas flores e cores. Com amor! Raquel Penedo Oliveira Editora

Expediente

Capinha

Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551 Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo Shutterstock Dollar Photo Club

Projeto gráfico e diagramação Depto. de arte - Vida bebê Comercial Aderley Negrucci 99155-5100 Administrativo 3713-2212 | 99881-8207

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e-mail: revistavidabebe@gmail.com O conteúdo das reportagens são de inteira responsabilidade dos colaboradores, assim como as informações contidas nos anúncios.

Sofia Perassi Cruz Veste : Charlotte Foto : Demétrio Razzo


Índice

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Dicas para mamães de primeira viagem Quando nasce o filho, nasce a mãe

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Refluxo, entenda o problema

Um filho segura casamento?

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Nutrição X Treino

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Labirintite


Mais que informação, formação! NOVA PLATAFORMA DIGITAL VIDA BEBÊ Sempre trazendo assuntos do seu interesse, buscamos mais e mais informações sobre esse universo tão abrangente que envolve gestação, maternidade, bebês, crianças, família. Enfim, que envolve a vida! Entrando no sétimo ano, a revista Vida bebê vai estreitar ainda mais os laços com você que já prestigia nosso conteúdo estampado ao longo de 26 edições. Em breve, teremos também um canal na web. É por meio dessa nova plataforma digital que divulgaremos novidades sobre saúde, comportamento, educação e tantos outros assuntos ligados diretamente ao mundo dos nossos filhos e ao nosso dia a dia. Também é por lá que você

poderá ter acesso ao farto material já veiculado em nossas versões impressas, sempre com a riqueza de detalhes que podem fazer a diferença na sua vida. Nestes anos todos, a Vida bebê sempre se pautou por temas de seu interesse e buscou profissionais de grande referência no mercado. Ao resgatar conteúdos que permanecem atuais, você poderá recordar temas de grande destaque em nossas edições e compartilhar informações com amigos e familiares, afinal, quando falamos de maternidade, incluindo desde a gestação até o crescimento dos nossos filhos, não faltam dúvidas e as possibilidades de aprendizado são permanentes. Por isso, futuras mamães, mamães de primeira viagem ou aquelas que já vivenciaram

essa sublime experiência, sintam-se em casa.

A partir de agora, você constrói a revista Vida bebê conosco, interagindo, expondo suas dúvidas, compartilhando suas experiências, registrando seus comentários e sugerindo assuntos para a nosso departamento de jornalismo. Sua participação é valiosa e importantíssima! Por isso, acesse nosso site, cadastre seu email e participe dessa nova etapa do projeto Vida bebê no qual você é fundamental!

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Editorial bebĂŞ e infantil Fotos: Studio Michele Stahl




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Quando nasce o filho, nasce a mãe

Meu filho terá saúde? Vou ser uma boa mãe? Conseguirei suprir suas necessidades? Educa-lo bem? Para o bem? Para a vida? E o planeta? E o aquecimento global? E a escassez de água? O que o futuro nos reserva? Perguntas, incertezas e medos não faltam quando o assunto é maternidade, afinal, a responsabilidade de ter um filho sempre foi e sempre será extremamente complexa. Entretanto, quando nasce um filho, aflora também a divindade de ser mãe. Surge uma nova mulher que é capaz de enfrentar os próprios receios e se encoraja para viver com plenitude a benção de ser mãe. O sentimento de amor pelo filho se multiplica e ajuda a aumentar nossas forças para enfrentarmos os desafios que esse novo papel representa. Mãe e psicóloga, Juliana Marrara não vê palavra melhor para se referir à maternidade

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que não seja a divindade, ou seja, uma possibilidade divina, proveniente de Deus. “Talvez seja justamente por isso que, gradativamente, quando tomamos os filhos nos braços, uma força nos encoraja a viver os novos desafios”, afirma.

O fascínio pela maternidade, no seu entendimento, está presente nas mulheres desde muito pequenas. "Seja cuidando das bonecas, brincando com crianças menores, em contato com sobrinhos, filhos de amigos ou simplesmente admirando os bebês que encontramos por aí, sempre alimentamos esse desejo no nosso íntimo", relata.

Porém, quando decidimos, ou nos surpreendemos com a maternidade, é natural que a ansiedade tome conta dos nossos sentimentos. Isso porque, além da complexidade e das mudanças que o fato de sermos mães representa em nossas vidas, ela lembra que nós, mulheres, sempre buscamos a perfeição em tudo o que fazemos. "E não seria diferente neste mais valioso papel", reflete. CONTRADIÇÃO DE SENTIMENTOS Por isso, não é difícil perceber que a maternidade também desencadeia uma verdadeira contradição de sentimentos. De um lado, a felicidade e o amor que não têm fim. Do outro, a ansiedade e insegurança o tempo todo. Corpo, parto, saúde, educação e segurança são apenas algumas demonstrações de


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preocupações enormes, além de um processo de tomadas de decisões que podem ser consideradas difíceis para adequação ao novo papel: ser mãe. Soma-se ainda um dos principais desafios da mulher contemporânea: conciliar casamento, profissão e filhos, o que pode ser algo muito complexo e até estressante, principalmente para quem não teve um planejamento. No entanto, o amor que envolve o nascimento de um filho ameniza o impacto de todos esses problemas. "Eis que surge o tempo, a coragem, a energia, a paciência. Eis o nascimento de uma mãe", declara. NASCIMENTO DO PAI Esse processo natural de aprendizado e encorajamento não deve ser restrito a mulher. Segundo ela, é válido ressaltar também que nós, mães, precisamos deixar espaço e favorecer situações para o nascimento do pai. E isso não se resume a "pegue isso, carregue aquilo, coloque ali, faço isso, faça aquilo". Pos-

sibilitar o nascimento do pai é permitir ninar, acariciar, trocar, banhar e passear. Esses exemplos, na verdade, fazem até mesmo parte dos deveres paternos. Da mesma forma, também é muito importante favorecer o nascimento dos avós, irmãos, tios ou primos que possam auxiliar nos cuidados, diminuindo o cansaço e nos encorajando a cada dia. "Muitas vezes, por acharmos que só nós mães sabemos como cuidar, ou até mesmo por ciúmes, acabamos colocando nosso filho numa redoma de vidro ou exclusivamente sob nossos cuidados. É um ato ruim para nós e para a própria criança", observa. CONVIVÊNCIA De acordo com Juliana, conviver com outras pessoas que sentem amor pelos nossos filhos possibilita também que eles se sintam mais protegidos, além de terem melhor socialização e serem mais desenvoltos. Além disso, como consequência, o papel de mãe não se torna tão cansativo, pois haverá

mais tempo para ser esposa, filha, amiga, profissional e desempenhar outros papeis que também desejamos. Para isso, é necessário ainda fugir de pressões e problemas que muitas vezes nós mesmas criamos. A psicóloga alerta que o caminho da maternidade pode se tornar muito mais difícil se suas cobranças forem maiores em relação ao que você de fato pode oferecer. Tudo pode ficar mais complicado também se houver superproteção ao filho para diminuir algum sentimento de culpa, preocupação com o que os outros vão pensar de você e dificuldade para compreender que cada criança é única, e seu desenvolvimento e preferências precisam ser respeitados. "Driblando essas condições e cobranças que nós mesmos muitas vezes nos impomos, é possível que nossos instintos maternos se aflorem mais com naturalidade, tranquilidade e ponderação. Ser mãe é dedicação e amor incondicional e a única recompensa é a felicidade de seu filho", conclui.

Juliana Marrara Psicóloga

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Dicas para mamães de primeira viagem

Dúvidas não faltam na cabeça das mamães quando se veem com seu lindo bebê nos braços e uma pontinha de insegurança que atormenta os pensamentos. Por que meu filho chora tanto? Será que estou cuidado do umbiguinho corretamente? Ele mama ou dorme o suficiente? E se assar? Podemos passear no shopping? Soma-se as essas incertezas o fato de que muitas mulheres desta geração já não teve, como antigamente, a oportunidade de acompanhar suas mães cuidando dos irmãos ou até mesmo suas avós, que lidavam com tanta habilidade com os primeiros procedimentos com os bebês, fossem seus filhos, netos ou bisnetos. Por isso nesta edição a Vida bebê selecionou alguns assuntos simples, porém que acarretam muitas perguntas, res-

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pondidas pela pediatra Maria Cecília Rodrigues Oliveira. Com dicas importantes que podem fazer a diferença na rotina das mamães, favorecendo o desenvolvimento mais saudável e tranquilo dos bebês. CHORO O choro é a primeira forma que a criança encontra para se comunicar. Através dele, o bebê pode manifestar sua dor, insegurança, mal estar ou apenas chamar a atenção dos adultos. Se cessar rapidamente, após a mamada, troca de fraldas ou até mesmo por meio de brincadeiras, não há necessidade de intervenções, mas se for contínuo ou intermitente, deve-se verificar a causa e buscar ajuda médica.

Alguns bebês suportam mais a dor, mas outros não. A indisposição também pode estar relacionada com a quantidade de ar ingerido durante a amamentação, se a pega da mama não estiver sendo feita de forma adequada. “Em casos mais raros e extremos, pode haver malformações gástricas ou intestinais, as quais precisam ser investigadas”, alerta. FRALDAS

A troca de fraldas deve ser feita com maior frequência possível para evitar a umidade da pele e as assaduras.

Deve-se verificar também se o tipo de fralda é o mais adequado para a pele do bebê. Alguns CÓLICA materiais podem desencadear A cólica ocorre em função da alergias e consequentemente imaturidade gastrointestinal. assaduras.


Leilani e seu filho Raul


A limpeza da pele também é muito importante e deve ser feita preferencialmente com água morna, secando bem em seguida. Segundo ela, tomar sol também evita assaduras. AMAMENTAÇÃO É sem dúvida o gesto mais importante após o nascimento. Além de ser o melhor alimento para o bebê por ser o mais completo, o leite materno é rico em anticorpos que protege a criança no seu primeiro ano de vida, enquanto a produção de seu sistema imunológico ainda é deficiente. Além disso, o laço afetivo decorrente da amamentação é muito importante para o desenvolvimento psíquico e neurológico do bebê. SONO A quantidade ideal de sono, assim como para os adultos, varia entre os bebês que, em geral, podem dormir até 18 horas por dia. Para não haver trocas do dia pela noite, as dicas são, evitar que a criança durma em intervalos longos durante o dia, além de amamentá-lo mais vezes. “Assim ficará bem alimentado e terá mais sono a noite”, diz a mé-

dica. O ambiente também deve ser de tranquilidade, com cores leves e tons amenos. BANHO Não há regras fixas para a hora do banho, mas, geralmente nos primeiros meses de vida, o melhor horário é logo no início da tarde, quando a temperatura do dia está mais quente. Já nos meses seguintes, pode-se dar mais de um banho por dia no bebê para refrescá-lo e acalmá-lo também. A temperatura da água deve ser medida com um termômetro ou com o dorso da mão. O volume de água também não deve ser excessivo para não representar perigo. Além da higiene, o banho ainda representa um momento de brincadeira e prazer para o bebê. COTO UMBILICAL O coto umbilical nada mais é que a ligação do bebê com a placenta durante a gestação. Após o nascimento ele é cortado. Geralmente a parte que fica externa na barriguinha do bebê cai entre sete a catorze dias após o nascimento. “Em

alguns casos, quando há demora na queda, pode haver alguma ligação com deficiência da imunidade da criança”, explica. A limpeza do coto deve ser feita durante o banho e depois seque bem o local. Na sequência é necessário o uso de álcool 70%. A médica acrescenta que o banho de sol ajuda na secagem e na queda. VACINAS Todas as vacinas disponíveis na rede pública são importantes e necessárias. “Por isso o calendário deve ser seguido rigorosamente”, observa. Saídas com o bebê no primeiro mês de vida devem ser evitadas, assim como aglomerações e viagens longas. “Bebês gostam e precisam de rotina”. COLO O colo é sempre bem vindo para o bebê e para a mãe, que sabe da necessidade de aconchego, amor e carinho para que o filho se desenvolva de maneira saudável. “Mas deve-se evitar exageros para que o colo não se transforme em um vício. Dessa maneira, teremos bebês saudáveis fisica e emocionalmente”, finaliza.

Dra. Maria Cecilia Rodrigues Oliveira Médica pediatra

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O desmame e as emoções envolvidas

A recomendação da Organização Mundial da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria é que a amamentação seja exclusiva até os seis meses de vida do bebê e complementar até os dois anos. Para o desmame, no entanto, não há um prazo ideal e o início pode depender do filho, da mãe e de seu estilo de vida. Segundo o pediatra Luís Carlos do Amaral Vieira, algumas crianças espontaneamente diminuem o número de mamadas, indicando que chegou a hora do desmame. Como a produção de leite depende do estímulo, a quantidade diminui e o fim do aleitamento materno ocorre como consequência natural. “Já em outros casos isso não ocorre, principalmente quando existe forte componente emocional provocado por vários fatores como, por exemplo, mães que trabalham e apresentam um sentimento de abandono cada vez que vão trabalhar”, comenta. O especialista observa que em nossa sociedade o desmame geralmente ocorre precocemente, normalmente ainda no primeiro ano de vida do bebê. Vida bebê |28

“Para iniciar esse processo, o ideal seria respeitar as características de cada criança, de cada mãe e de cada família, mas, como muitas mulheres voltam a trabalhar após alguns meses de licença-maternidade, esse processo natural muitas vezes é interrompido”, afirma.

O processo de desmame implica em bastante trabalho e paciência, pois, geralmente os bebês e até as mães criam uma dependência emocional. Mas o médico traz uma afirmação tranquilizadora, desde que o processo não seja repentino ou até radical. “Na maioria dos casos o desmame não é tão difícil como muitas mulheres imaginam. O ideal é que seja feito de modo gradativo, com a introdução de outros alimentos que aos poucos vão substituindo o aleitamento materno”, acrescenta. Quando isto não ocorre, ele insiste que geralmente existe um componente emocio-

nal que precisa ser resolvido. “Fala-se muito em dependência por parte da criança, mas muitas vezes são as mães que experimentam um conflito de emoções que dificultam a decisão pelo desmame”, declara. EMOÇÕES Segundo o pediatra, a mãe precisa, acima de tudo, aceitar que seu filho não é mais aquele ser completamente dependente dela, como na fase após seu nascimento. Precisa compreender verdadeiramente que o bebê já anda, começa a falar e alguns até vão à escola. “Acho que não existe desmame sem sofrimento emocional para a criança e para a mãe, mas é uma fase que vai ser superada com essa melhor compreensão do que significa esse momento”, pontua. Em meio as dificuldades, o choro insistente do bebê ou até mesmo sua irritação, exigem atenção a uma recomendação importante: nada de ceder. “As crianças usam o choro quando percebem que serão atendidas em seus desejos. Se as famílias estão resolvidas pelo desmame, as


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por outros alimentos e outros tipos de leite é um passo importante para tornar o desmame um processo mais tranquilo. De acordo com o pediatra, a recomendação atual é do uso do copo sem passar pela fase da mamadeira, que implica em um novo tipo de desmame no futuro. Ele enfatiza que a criança pequena é capaz de usar o copo e a deglutição é mais fisiológica. No entanto, reconhece que, culturalmente, o uso da mamadeira prevalece mesmo ainda com COPINHO OU MAMADEIRA a possibilidade do surgimenSeguir instruções que facilitem to de problemas, como, por a substituição do leite materno exemplo, o favorecimento de crianças percebem e deixam de chorar”, garante. Na tentativa equivocada de tornar o desmame um processo mais fácil, há mulheres que ainda recorrem nos dias de hoje a métodos antigos, como passar pimenta nas mamas, entre outros produtos que acreditam que reduzirão a vontade do bebê do leito materno. “Estes métodos são radicais, não devem ser usados e muitas vezes refletem situações não resolvidas”, opina.

cáries dentárias. Em relação ao que inserir na alimentação do bebê, o pediatra reforça que, quando o desmame ocorre no primeiro ano de vida, devem-se usar fórmulas infantis, que hoje já não são mais denominadas como leites, e que atendem perfeitamente as necessidades nutricionais do bebê. “A ausência dos componentes existentes nas fórmulas pode acarretar danos à saúde da criança como anemia. Portanto, no primeiro ano de vida, o leite comum não é o mais adequado nutricionalmente”, avisa.

Recomendações importantes * Não inicie o desmame em meio a outros processos de mudanças, como primeiros dias na escolinha ou até uma eventual separação dos pais * Comece tirando uma mamada menos importante, como as do meio do dia * Nas horas habituais das mamadas, não ofereça até que a criança peça; tente entretê-la com alguma atividade ou proponha outro alimento * Reduza a duração das mamadas * Troque o lugar onde normalmente costuma amamentá-lo e varie sempre * A mamada antes de dormir ou no meio da noite são as mais difíceis e as últimas a serem tiradas; se a criança tiver mais de um ano, toda vez que ela pedir para mamar de madrugada repita que a noite foi feita para dormir * Caso a criança durma perto da mãe, o primeiro passo é afastá-la *O papel do pai é fundamental, pois é ele quem deve atender aos chamados do filho no meio da noite, ser paciente e resistente mesmo que ele chore.

Dr. Luis Carlos do Amaral Vieira Médico pediatra

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O refluxo caracterizado como doença

Em bebês, crianças ou adultos, o refluxo gastroesofágico consiste na passagem fisiológica do conteúdo gástrico para o esôfago inúmeras vezes ao dia após mamadas ou refeições. Segundo o pediatra e pneumologista André Mendes Aleixo, em recém-nascidos o refluxo é mais frequente, pois, como estão em processo de desenvolvimento, a válvula de controle entre o esôfago e o estômago ainda não funciona devidamente. “Por isso há um frequente retorno de alimentos para o esôfago, assim como de suco gástrico, o que gera desconforto e queimação, mas até o bebê completar um ano é bem comum”, afirma. Em alguns casos podem ocorrer perda de peso, baixo desenvolvimento e até mesmo problemas respiratórios, o que poderá caracterizar doença do refluxo gastroesofágico, quando o material que “volta” atinge diferentes estruturas, como orofaringe, laringe e vias aéreas, causando complicações. “O acesso do material refluído pode atingir o esôfago, produzindo um longo reflexo Vida bebê |34

vago-vagal, estimulando a contração do músculo bronquial e orofaríngeo, estimulando as secreções das vias aéreas e levando aos sintomas respiratórios como chiado e dificuldade de respirar”, explica. As manifestações de estridor e rouquidão são provocadas pela ação ácida do material refluído no esôfago superior e faringe. Há ainda o processo de aspiração do material refluído, causando também vários sintomas respiratórios, como tosse, chiado, dificuldade respiratória e até mesmo pneumonias de repetição. REGURGITAÇÃO E VÔMITO Segundo o médico, a regurgitação e o vômito isoladamente não implicam em complicações. Se o bebê está em bom estado geral, sem desconforto, boa aceitação alimentar, ausência de irritabilidade, de sintomas respiratórios ou otorrinolaringológicos, e adequado ganho de peso e estatura, trata-se de refluxo fisiológico, condição benigna e geralmente autolimitada. “Deve-se apenas orientar os pais”, informa.

Já os principais sintomas e sinais de alarme para que o refluxo gastro esofágico não seja considerado fisiológico são déficit de ganho de peso, interrupção das mamadas, irritabilidade, distúrbio do sono, arqueamento do pescoço e problemas respiratórios. “Quando o refluxo é causado por outros fatores além da imaturidade do sistema digestivo, os sintomas se apresentam de forma mais intensa e não melhoram espontaneamente depois do sexto mês. Desconfie, caso o bebê vomite ou regurgite com frequência e em grandes quantidades, esteja constantemente choroso e irritado e apresente muita dificuldade para se alimentar ou dormir”, alerta. Esses casos exigem investigação criteriosa, principalmente se a criança começa a perder


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peso ou mostra-se apática. Há outros sinais indiretos que devem deixar os pais em alerta. "Nos casos mais graves da doença, o bebê pode apresentar apneia, ou seja, parada rápida da respiração durante o sono, e pneumonia provocada pela aspiração do próprio refluxo". Também merecem atenção dores no tórax, crises asmáticas, doenças no ouvido, como otite, e problemas respiratórios. Se o refluxo não for controlado, os prejuízos aumentam com o tempo. Segundo o pediatra, em alguns casos, até mesmo os dentes são afetados, ficando fracos e propensos a cáries devido ao contato constante com o pH ácido dos alimentos regurgitados. “Mas são situações raras,

nas quais o refluxo pode ser considerado doença e não se resolve sozinho. Nelas, o detonador do problema costuma ser uma alteração no sistema digestivo do bebê, como uma malformação. A intensidade dos sintomas e a persistência do quadro são os sinais mais evidentes de que a criança precisará de acompanhamento médico, com uso de medicamentos antirrefluxo ou mesmo cirurgia para correção”, finaliza. ORIENTAÇÕES •Ao amamentar, apoie o bebê nos braços, de forma que a barriga da mãe toque na barriga do bebê; •Nas mamadas, deixe as narinas do bebê livres para respirar;

•Evite que o bebê fique só sugando o mamilo; •Após as mamadas, para o bebê arrotar, deve-se colocá-lo no colo trinta minutos na posição em pé, antes de deitá-lo; •Dê leite materno o máximo de meses possível; •Evite grandes quantidade de leite de uma só vez; •Aumente a frequência das mamadas; •Evite balançar o bebê; •Vista sempre roupas largas e confortáveis; •A mamadeira deve ser dada sempre elevada, com o bico preenchido pelo leite; •Deite o bebê de lado com a cabeceira do berço elevada em 30 graus ou com almofadas por baixo.

Alimentos e bebidas que devem ser evitados O médico lembra que os pais devem evitar que as crianças maiores tomem refrigerantes, sucos industrializados e achocolatados prontos, além de alimentos como frituras, salgadinhos, catchup, maionese, mostarda, macarrão instantâneo, consumo em excesso de frutas ácidas, hambúrguer, salsicha, linguiça, salame, presunto gordo, churrascos, queijos amarelos e gordurosos, creme de leite, mortadela e bacon. Consumo em excesso de doces, balas, chicletes, biscoitos recheados e pipoca também pode trazer problemas. Por outro lado, são permitidos pães, torradas, biscoitos simples, margarina ou requeijão light, arroz, feijão, massa com molho de tomate feito em casa ou branco, carne de vaca, ave, peixe (grelhados ou cozidos), ovos cozidos, leite semidesnatado, queijo branco, ricota e iogurtes, além de verduras e legumes à vontade, porém com pouco tempero. Frutas devem ser de preferência as que não são ácidas, como mamão, pera, ameixa, banana prata, manga, melancia, goiaba e melão.

Dr. André Mendes Aleixo Médico pediatra e pneumologista

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Um filho pode segurar casamento?

A chegada de um novo membro na família é sempre um momento abençoado, mas dependendo das circunstâncias em que o casamento se encontra, o nascimento de um filho pode aflorar ou até agravar uma situação de crise, distanciando ainda mais casais que já não estavam tão próximos assim. Segundo a psicoterapeuta Solange Dantas Ferrari, apesar de muitas pessoas ainda recorrerem a essa alternativa, não tem filho que “segure” o casamento quando um casal está em crise ou senão existir interesse de ambos em lutar para reconquistar um ao outro. “Pelo contrário, nestes casos podem surgir acusações como ‘você engravidou de propósito’ e a relação ficará ainda mais estremecida, piorando uma crise que já existia de fato”, exemplifica. Obviamente também que em boa parcela dos casos a vinda de um filho ajuda a mascarar o Vida bebê |38

momento conturbado da vida do casal, contribuindo para adiar uma decisão mais radical, como o rompimento efetivo. No entanto, nem sempre postergar o fim pode ser uma atitude sensata ou a garantia de tranquilidade, mesmo que por um tempo determinado. “O filho acabará sendo motivo de discórdia entre o casal. Marido e mulher podem usar a criança para se agredirem mutuamente e isso é muito ruim.

pode representar uma oportunidade de união em torno da criança. “Se o casamento não vai bem não é arrumar um filho ou comprar uma casa nova que vai ajudar recupera-lo. É preciso primeiro buscar orientação se houver interesse em recebê-la de fato. Daí sim, a vinda do filho pode fortalecer esse resgate da vida a dois, proporcionando interesses e objetivos em comum entre o marido e a mulher”, afirma. Se houver verdadeira disposiOs filhos percebem, ção de ambos, marido e mulher podem enxergar juntos sentem isso tudo desde dentro do útero, a chegada de um filho como momento para refletir, rever inclusive a rejeição se a gravidez ocorreu posições e até se aproximar. “Mas é preciso muito equilíbrio. apenas com uma tentativa de segurar o Essa possibilidade existe, mas é casamento”, explica. sempre muito relativa. Não podemos generalizar”, ressalta. REAPROXIMAÇÃO Por outro lado, se houver ma- PLANEJAMENTO turidade, disposição e inte- Em crise, a beira dela ou até resse mútuo em recuperar a mesmo distante, o ideal mesrelação, a vinda de um filho mo é que a vinda de um filho


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seja sempre conversada e planejada pelo casal. Se a gravidez for programada, segundo a psicoterapeuta, o homem terá mais condições de entender, acompanhar e compreender aquele período após o nascimento em que o filho demanda muito mais atenção da mulher. Troca de fraldas, noites mal dormidas, amamentação e atenção para o bebê deixam, de alguma forma, o casamento para segundo plano. E isso tudo contribui naturalmente para agravar o clima ruim de uma relação já desgastada pela crise. Mas, por outro lado, se o marido for um homem inteligente e tiver se preparado para ser pai, ele terá muito mais condições de compreender que esse momento é natural, passageiro e terá mais tolerância nesta fase, além de se tornar participativo. “Por isso é preciso se preparar para ser pai e mãe a fim de não se tornar um pai ou uma mãe incompetente”, observa. Entretanto, a psicoterapeuta lembra que essa fase de adap-

tação e tolerância dever ser substituída, a medida que o tempo passa, por organização e maturidade. “Com o passar do tempo é importante que as mulheres se organizem e se lembrem de que o casamento já existia e a rotina da casa também. Os filhos terão que se adaptar a isso e as mulheres entenderem que também deverão se dedicar aos seus maridos”, aconselha. EDUCANDO JUNTOS Mesmo os casais que não estejam em crise, devem se atentar a fim de evitar situações que propiciem um ambiente desfavorável tanto para a vida a dois quanto para o desenvolvimento da criança. Solange Dantas lembra que a divergência é algo natural e faz parte da vida, nas mais diversas formas de relação, mas a forma de lidar com ela será determinante. “Se os pais discordam em determinado assunto na educação dos filhos, é preciso ter respeito, conversar sempre longe da criança e nunca deixa-la perceber a

discordância para que os pequenos não enxerguem a possibilidade até manipula-los, de acordo com seus interesses”, alerta. O fato do pai e da mãe não terem a mesma opinião não dá a nenhum o direito de gritar, xingar ou ofender. Além do desgaste na relação, esses comportamentos são extremamente prejudiciais para as crianças. “Da mesma forma que os filhos percebem o ambiente saudável, de equilíbrio e harmonia, eles notam a situação de desrespeito. Para os filhos, vale muito mais o que veem, ouvem e presenciam. Os exemplos dos pais valem muito mais do que suas palavras. É assim que aprendem. É assim que se desenvolvem”, esclarece. Para o casal, ter a percepção que o amor é sempre como uma planta é um meio eficaz de nutrir o casamento. “Amor é como planta. Se não regar seca e se molhar muito apodrece. Amor exige respeito, carinho e admiração um pelo outro. Caso contrário, acaba”, finaliza.

Solange Dantas Ferrari

Psicoterapeuta

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Cerâmicas Odontológicas Uma evolução na arte da reconstrução dentária

Dir. técnico: Dr. Juliano B. Bullamah

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Trata-se de um material, surgido no final do século XVIII, utilizado para a confecção de coroas totais e para a restauração parcial de dentes destruídos, que visa obter resultados estéticos e funcionais semelhantes aos dentes naturais. Desde então, a tecnologia empregada para a confecção deste material, cresceu exponencialmente. Atualmente, com as cerâmicas puras, e livres de metal, é possível a devolução de um sorriso harmonioso e da funcionalidade da boca. VANTAGENS DA CERÂMICA PURA EM RELAÇÃO A OUTROS MATERIAIS Estes materiais apresentam algumas vantagens em relação aos outros materiais utilizados, como o metal e com0 a resina. Devido a sua natureza vítrea, é o material que melhor imita os dentes naturais, em cor, em textura, em translucidez, em opalescência e em fluorescência. São altamente resistentes à coloração e abrasão, além de apresentarem superfícies extremamente polidas, o que dificulta a aderência de placa bacteriana, proporcionando restaurações mais duradouras e sem alterações com o passar do tempo. O inconveniente clínico mais comum, verificado nas coroas feitas com infra estrutura metálica, é o aparecimento de um halo escurecido na altura da

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Dr. Juliano B. Bullamah CROSP - 70.167 Endodontista e Reabilitações Estéticas

gengiva. Isso ocorre, pela oxidação do metal e posterior escurecimento da raiz, o que compromete a estética e a satisfação do paciente. Nas coroas construídas em cerâmica pura ,esse problema não ocorre, pois sua infra estrutura é composta de um material branco (dissilicato de lítio),que além de proporcionar uma adesão química extremamente forte com a estrutura dentária, é altamente estético. PRINCIPAIS INDICAÇÕES As cerâmicas dentárias nos permitem alterar a cor e o formato dos dentes naturais, restaurarem dentes destruídos, por cáries ou por fraturas, e repor dentes perdidos com muita naturalidade. Dentre os procedimentos restauradores mais utilizados, podemos destacar as coroas totais ou parciais, as facetas cerâmicas, e coroas sobre implantes.

TRATAMENTO Previamente ao início do tratamento é necessário um planejamento detalhado do caso através de radiografias, de fotos e da confecção de um modelo encerado para o estudo do caso. O tratamento consiste em realizar pequenos desgastes na superfície dentária, na confecção de uma peça protética e na cimentação das mesmas com cimentos resinosos que possuem propriedades altamente estéticas, formando uma linha de união química entre a cerâmica, e o elemento dental imperceptível. Para tanto, é preciso um restabelecimento prévio da saúde gengival e oclusal, através de uma interação, entre as especialidades de periodontia, endodontia e prótese. Um sorriso comprometido pela falta de estética diminui a sua qualidade de vida, por isso procure sempre um profissional especializado.

Dente natural escurecido

Coroa total em cerâmica pura


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Teatro na infância Entre tantas definições técnicas, acadêmicas ou históricas, o teatro pode ser sem dúvida considerado um instrumento de vida, afinal, ajuda a formar pessoas dotadas de referências, valores, visão crítica e conhecedores do mundo sob os mais diversos ângulos. O professor e diretor teatral, Daniel Martins acrescenta que quem faz teatro desenvolve também suas relações pessoais, além de obter benefícios específicos, como melhoria no desempenho escolar, desinibição, entre tantos outros. “Por isso, o contato com o teatro deveria surgir para nós desde os primeiros anos de vida. A arte dramática é algo fundamental na formação do ser humano. A peça de teatro, em si, nada mais é do que o resultado natural de uma vivência artística muito maior e mais importante. A arte é o caminho e não um fim”, define. É muito comum ouvir jovens ou crianças interessados nas artes cênicas dizerem que apreciam esta atividade, mas que não tem coragem de se arriscar em cena porque são tímidos, o que é um grande equívoco, de acordo com o professor. “O teatro é justamente para essas pessoas, pois é como fazer uma faculdade de si mesmo. Quando a criança ou o adolescente embarcam em uma jornada teatral, seja em uma simples aula ou na montagem de um espetáculo, entra em contato Vida bebê |46

com uma experiência coletiva, altruísta e voltada para o autoconhecimento”, observa. Competências como expressão corporal ou vocal, por exemplo, agem diretamente na dificuldade do aluno, mas são trabalhadas sempre de forma muito espontânea, por meio do jogo e da imaginação, respeitando as dificuldades de cada um, mas instigando-o a vivenciar a grande aventura humana. CRIATIVIDADE As artes cênicas ajudam também a estimular a criatividade, que precisa ser trabalhada na infância. “A semente da criatividade já reside em todos nós, mas é como um músculo do nosso corpo e precisa ser exercitada sempre”, afirma. No caso das artes cênicas, por se tratar de uma arte híbrida, formada pela somatória de outras, sua experiência se torna extremamente rica. “Uma verdadeira aula de teatro equivale a um mosaico de referências para a criança”, compara. Segundo ele, o aluno não deve ser exposto apenas as especificidades da arte dramática, mas também a domínios interdisciplinares como a literatura, a música, as artes plásticas, entre outros que agregam valor ao elenco. Essa transversalidade é um grande estímulo à mente criativa.

OUTROS BENEFÍCIOS Aulas de teatro também podem contribuir para o maior desenvolvimento da coordenação motora, noção espacial, concentração e memorização, ajudando até mesmo no aprendizado acadêmico depois. Martins cita que tem alunos de todas as idades, desde crianças de três anos até adultos que já ultrapassaram a casa dos 50. Uma pequena fração está no palco por questões estritamente artísticas, com objetivos de carreira e aperfeiçoamento de técnicas teatrais. Já a maioria, no entanto, procura o teatro por conta dos benefícios que a sua prática possibilita. “São benefícios extremamente sólidos e visíveis logo após as primeiras aulas e as melhorias na relação familiar, desempenho escolar e profissional estão no topo”, garante. No caso específico da criança, seu papel é antes de tudo sensorial. O teatro cumpre a função de um mecanismo que transforma a visão de mundo. CONCENTRAÇÃO Exercícios de concentração, colocação da voz, equilíbrio, confiança, memorização e resolução coletiva de problemas inserem os pequenos em um universo amplo de possibilidades que não se restringe aos interesses do teatro. Pelo contrário, expande suas


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conquistas para o dia a dia de quem o pratica. Por isso, segundo Martins, tão logo souberem andar e já começarem a se manifestar verbalmente, meninos e meninas podem começar a ter aulas de teatro, pois não há restrição por faixa etária. “Evidentemente, a ideia de uma apresentação teatral tradicional, com narrativa linear e estrutura dramática, começa a se manifestar com mais propriedade a partir dos sete anos”, observa. Porém, a formação artística, intelectual e humana desses pequenos atores deve acompanhar já os seus primeiros passos na vida.

IMITANDO A VIDA O professor garante que as crianças, mesmo as menores, não confundem vida real e teatral durante as aulas. “A confusão, se existe, é a mesma que nós adultos fazemos, ou seja, uma confusão plausível porque arte e vida são duas instâncias que, embora singulares, estão totalmente imbricadas uma na outra, como dois novelos embaraçados e de cores distintas. Falar de teatro é falar de nossa vida e vice-versa”, destaca. Teatro é mimese (imitação), e esta faculdade, como bem lembrou Aristóteles, é algo que já nasce conosco. No entanto, o aluno quando entra em cena sabe muito bem

que pisa um terreno específico, tomado por possibilidades infinitas, mas de natureza ficcional, isto é, a mesma consciência lhe ocorre quando faz um desenho, lê uma revista em quadrinhos ou ouve uma história. Ainda assim, para garantir sempre a integridade dos alunos, uma boa aula de teatro deve priorizar sempre o território da invenção, do imaginário e do faz de conta. Para uma criança de três ou quatro anos, portanto, talvez ainda seja cedo para ensaiar uma peça de teatro. “Mas nunca é cedo para experimentar a vida. Deste ‘ensaio’, não podemos prescindir jamais”, finaliza. Daniel Martins Professor e diretor teatral

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Mariane

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Retratinhos

Mateus Papini Rossini

Giovanna Dantas Fonseca Cardoso e Gabriel Dantas Fonseca Cardoso

Christiano Marchetti Kerpe

Fotos: Arquivo Pessoal

Naomi Braun


Caderno Especial Ano IV no. 13

QUALIDADE DE VIDA

Alimentação correta antes e depois da atividade física saúde

Labirintite: confira os tratamentos mais adequados

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Nutrição, antes e depois do treino

Independente da meta na balança de cada praticante de qualquer atividade física, que pode ter como objetivo perder, manter ou até ganhar peso, a alimentação sempre requer atenção especial. Evitar extremos como jejum ou excesso de consumo de alimentos antes dos treinos é um dos cuidados básicos, além de buscar orientação profissional para a garantia de bons resultados. Segundo a nutricionista Isabela Micheletti Lorizola, mestranda em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo da Faculdade de Ciências Aplicadas/Unicamp, o indivíduo que passa, por exemplo, muito tempo em jejum durante a noite e, ao praticar exercício físico sem se

alimentar pela manhã, pode sofrer vários danos na sua musculatura. Outro risco é sentir fraqueza durante a atividade física, comprometendo seu desempenho e principalmente sua saúde. Por outro lado, ela orienta que a melhor maneira de estimar a quantidade ideal de alimentos a ser consumida antes dos exercícios é considerar a ingestão calórica habitual média. Isto pode ser obtido por meio de uma consulta com um nutricionista, que realizará um registro alimentar. “Trata-se do método no qual o indivíduo descreve tudo o que ingeriu em um período determinado. Recomenda-se como ideal, obter uma média da ingestão de no mínimo uma semana”, explica.

Já os tipos de alimentos indicados antes da prática de atividade física variam bastante e são determinados de acordo com o objetivo do paciente, analisando se quer ganho de massa muscular, perda de gordura ou definição muscular.

Os alimentos sugeridos normalmente são os carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, que possuem absorção mais lenta e liberam glicose na corrente sanguínea aos poucos, juntamente com uma proteína que ajudará a reduzir a degradação muscular. “O que também mudará de um indivíduo para outro será Vida Mulher | 55


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a quantidade a ser ingerida e SUPLEMENTOS esta deverá ser calculada pelo Além da água, o consumo de suplementos durante a prática nutricionista”, acrescenta. de atividades também é comum. Para isso basta misturar HIDRATAÇÃO Enquanto muitas pessoas se o produto em pó com a água. hidratam o tempo todo du- “Geralmente esse ‘pozinho’ é rante a prática de modalida- um tipo de suplemento, por des físicas, outras se queixam exemplo a wheyprotein, que é de que o excesso de consumo uma proteína de rápida absorde líquido causa incômodo e ção, que é uma característica reduz o desempenho. Há ain- que a faz especial no período da quem sequer bebe água en- pós-treino, quando nosso organismo está ávido por nuquanto se exercita. De acordo com a nutricionis- trientes”, explica. ta, a água representa apro- Entre as pessoas que têm ximadamente 65% do peso alimentação equilibrada, os corporal do indivíduo e a sua suplementos podem não ser ingestão deve ser fracionada necessários, pois nos alimenao máximo possível durante o tos encontramos todos os nudia todo, não somente em ho- trientes que precisamos. “Por isso, a suplementação deve rários de atividades físicas. A hidratação adequada no pe- ser indicada pelo nutricionisríodo de exercício físico é cer- ta e é recomendada de acordo ca de 500 ml nas duas horas com o objetivo do paciente, anteriores e 150 ml durante o analisando sempre a compoexercício a cada 15 minutos, sição corporal de cada um”, ou seja, buscando sempre fra- explica. cionar a ingestão de água e Isabela enfatiza que a oriennão beber de uma vez só. “As tação nutricional é necessária quantidades podem variar para quem deseja utilizar suconforme as características plementos, pois cada indivíduo individuais, tipo e duração do possui uma composição corpoexercício. Ao término, tam- ral com sua própria identidade bém é adequada a reidrata- biológica, além de objetivos em relação à dieta e aos treinos. ção”, aconselha.

“Em forma excessiva, o uso de suplementos pode gerar problemas renais e efeitos contrários ao real objetivo do paciente”, alerta. NUTRIÇÃO A nutricionista também avisa que, antes de se preocupar com a suplementação pré, durante e pós treinamento, deve-se garantir uma ótima nutrição em todas as refeições do dia. Se existir a deficiência de um único nutriente em qualquer uma das seis refeições diárias, os resultados não serão tão significativos, mesmo com uma suplementação considerada perfeita no horário do treino. “Por isso, reforçamos que é sempre necessário analisar o tipo de objetivo de cada paciente para adequar os alimentos mais indicados para tal finalidade. Para resultados satisfatórios, a alimentação pós o exercício físico é indispensável, visando que é necessário repor os nutrientes que foram utilizados no exercício”, finaliza.

Isabela Micheletti Lorizola Nutricionista

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Labirintite, sintomas e tratamento des que podem provocar sintomas bastante parecidos, como hipoglicemia (queda do açúcar no sangue), diabetes, hipertensão, reumatismo, esclerose múltipla, tumores no nervo auditivo, no cerebelo e em áreas do tronco cerebral. O exame otoneurológico avalia a função do labirinto (orelha interna) e é indicado para pessoas com queixa de tontura, vertigem, desequilíbrio, surdez, zumbidos, enxaqueca ou quando há suspeita de problema no labirinto. Baseado no princípio do eletro-encefalograma e do eletrocardiograma, eletrodos são colocados na cabeça, na região próxima aos olhos e diversos estímulos (visuais, térmicos e de posição) são apresentados. Segundo ele, o diagnóstico correto é fundamental e se possível deve ser feito precocemente. “É comum vermos pacientes se automedicando com remédios errados por não ter sido investigado de forma adequada, o que pode acarretar a evolução de outros sintomas “O estresse influencia EXAMES no desencadeamento A avaliação clínica e o exame ou até de outras doenças”, da sensação de tontura otoneurológico completo são alerta. o que, muitas vezes, muito importantes para estabelecer o diagnóstico da labirinti- TRATAMENTOS acaba confundindo te, especialmente o diagnóstico Vários tipos de medicamentos o diagnóstico da diferencial, pois há enfermida- podem ser indicados no tratalabirintite.”

Embora seja considerado tecnicamente impróprio, labirintite é um termo comumente usado para designar uma afecção que pode comprometer tanto o equilíbrio quanto a audição do paciente, pois afeta o labirinto, que é a estrutura do ouvido interno constituída pela cóclea (responsável pela audição) e pelo vestíbulo (responsável pelo equilíbrio). Segundo o otorrinolaringologista Reinaldo Ragazzo, as principais causas são processos inflamatórios, infecciosos e tumorais, doenças neurológicas e compressões mecânicas, além de alterações genéticas que também podem provocar crises. O médico ainda explica que o estresse pode levar a tonturas, pois é uma alteração do estado normal do organismo com mudanças na liberação de hormônios, das funções cardiovasculares e digestivas, do sistema nervoso e psicológicas que podem afetar secundariamente o labirinto.

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Mas ainda não se sabe com certeza se o estresse poderia causar a labirintite. No entanto, sabe-se que ele pode desencadear uma crise, assim como agravar seus sintomas”, esclarece. Em outras palavras, o estresse muitas vezes pode ser o gatilho para a crise e sua manutenção, gerando insegurança e retroalimentando a tontura e ao estresse. “Em um determinado momento dificulta saber o que veio primeiro a tontura ou o estresse”, acrescenta Se depender da matemática, os números são desanimadores para o sexo feminino. Segundo o médico, as mulheres são mais acometidas pelos transtornos labirínticos, em uma proporção de dois a três casos de mulheres para cada homem. A razão dessa maior incidência não é totalmente esclarecida, mas acredita-se que fatores hormonais estejam envolvidos e, como a mulher é mais susceptível a essas variações, acaba sendo mais acometida.


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mento da labirintite, como os vasodilatadores, que facilitam a circulação sanguínea e melhoram o calibre dos vasos; os labirinto-supressores, que suprimem a tontura pela ação no sistema nervoso; anticonvulsivantes e antidepressivos, que são inibidores seletivos de recaptação da serotonina; além de substâncias que atuam sobre outros sintomas, suprimindo a náusea, o vômito e o mal-estar. Uma vez estabelecida a causa e estabelecido o tratamento adequado, a tendência é a doença desaparecer. Existe também a reabilitação vestibular que, através de manobras especificas, recondiciona o labirinto e favorece a recuperação mais rápida dos sintomas. "Quase 70% dos casos são ocasionados pela VPPB ( vertigem postural paroxística Benigna) a qual é tratada com a reabilitação vestibular sem nenhuma medicação". Além disso, mudanças no estilo de vida são fundamentais para prevenir as crises de labirintite e o paciente deve seguir algumas dicas como evi-

tar ingerir álcool, não fumar, controlar os níveis de colesterol, triglicérides e a glicemia, optar por uma dieta saudável que ajude a manter o peso adequado, não deixar grandes intervalos entre uma refeição e outra, praticar atividade física, ingerir bastante líquido e administrar da melhor forma possível as crises de ansiedade e o estresse. Para quem está sob tratamento, o médico dá um conselho fundamental: “Não dirija durante as crises ou sob o efeito de remédios para tratamento da labirintite”. ALIMENTAÇÃO Os alimentos também podem interferir nas crises. Os três principais inimigos do ouvido interno são o açúcar, o sal e a cafeína. A ingestão de açúcar em excesso pode interferir nas estruturas do labirinto, fazendo com que ele mande mensagens erradas ao cérebro. O sal está relacionado ao aumento da pressão nos vasos, o que também pode perturbar o labirinto. E a cafeína pode estimular demais o labirinto, tam-

bém causando perturbações. O especialista alerta que é preciso prestar atenção não apenas no que se come, mas também em como a refeição é feita. “Comer sentado junto à mesa, sem pressa e tranquilamente diminui o estresse, ajuda a digestão e faz bem para todo o corpo e até mesmo para o equilíbrio”, explica. Outra atitude que ajuda é comer a cada três horas, pois o labirinto precisa de um aporte constante de glicose e oxigênio para exercer suas funções. Hidratar-se também é essencial. “Beber aproximadamente dois litros de água por dia é fundamental para que todas as reações biológicas do corpo ocorram adequadamente”, pontua. Para quem nunca teve labirintite, é possível prevenir ou, para quem já teve, é possível evitar uma crise adotando uma rotina mais saudável, com prática de exercícios físicos, pois estimulam a circulação e o bem- estar de todo organismo, além de alimentação equilibrada e evitar situações de estresse.

Dr. Reinaldo Ragazzo Otorrinolaringologista

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