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CHIPRE
from Revista WIT #20 Ed.
by Revista WIT
Desconhecida ilha do Mar Mediterrâneo, Chipre foi destino de Adriana
Oliveira e Fabbio Gomes, que se depararam com praias de azul-turquesa e muitas, muitas histórias do período neolítico, passando pelo medieval e até mesmo mitologia grega. Embarque nessa e descubra Chipre
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Foto aérea da pedra conhecida como Ponte do Amor, lozalizada em um dos mais belos pontos turísticos de Ayia
Napa, na ilha de Chipre
Na imagem principal: Adriana caminha pela cidade fantasma de Famagusta, a Saint-Tropez da era veneziana. Na sequência, de cima para baixo: detalhe da Mesquita
Lala Mustafa Pasha, originalmente conhecida como Catedral de São Nicolau, é o maior edifício medieval de Famagusta; Vista da marina, do interior da Fortaleza Medieval em Kyrenia; Adriana na Igreja de São Lázaro.
Embora seja uma das maiores ilhas do mar mediterrâneo (atrás apenas Sicília e Sardenha), Chipre é um destino pouquíssimo conhecido por nós, brasileiros. Além de praias paradisíacas sob o azul-turquesa da baía mediterrânea, Chipre conserva diversas outras riquezas culturais e achados que vão desde o período neolítico até períodos em que gregos e romanos habitaram a ilha.
Nesta jornada, embarcaram Adriana Oliveira e Fabbio Gomes, que fizeram uma road trip de carro pela ilha durante 10 dias de viagem. “Conhecemos muitos lugares incríveis, mas a ilha é um universo inesgotável de descobertas, não deu para ver tudo”, relata Adriana.
Ela explica que uma peculiaridade da ilha é o fato de ela ser dividida literalmente em norte e sul, com uma parede chamada de “linha verde” fazendo a fronteira entre essas duas porções. Isso porque a ilha, embora esteja no oriente médio, pertence em parte à Europa. Sim, o sul da ilha é habitado por gregos, e constitui a República de Chipre, a única parte da ilha reconhecida internacionalmente, com direito a um assento junto às Nações Unidas e é membro da União Europeia.
Dos 1,3 milhões de habitantes da ilha, a maioria está na região sul da ilha, apenas 18% da população está ao norte, no território ocupado pelo exército turco desde 1974, na região autoproclamada República Turca de Chipre do Norte, reconhecida como tal apenas pela Turquia. Neste lado da ilha, tudo muda, idioma, costumes, religião… “O mais interessante é que nesta divisão entrou até mesmo Nicósia, a capital de Chipre, sendo a única capital do mundo a pertencer a duas nações”, explica Adriana.
Um Caribe No Mediterr Neo
Chipre entrou no roteiro do casal Fabbio e Adriana de uma forma inusitada. Na viagem programada para junho de 2022, em pleno verão do hemisfério norte, eles se programaram para visitar o sul da Espanha, mergulhar na cultura dos mouros e passar por regiões como Gibraltar antes de ir para outro extremo do mar mediterrâneo para visitar Jerusalém e toda a diversidade cultural e religiosa que existe por lá. “Mas qual parada possível de se fazer neste caminho? Quando Fabbio, que já conhece mais de 50 países, sugeriu Chipre, estávamos jantando em um espetinho, onde dei um breve search no Google e vi apenas praias paradisíacas. Na hora pensei, é lá mesmo que vamos! Achei que seria o momento de descanso da viagem, mas ao conhecer Chipre o que menos fizemos foi tomar banho de mar”, conta Adriana aos risos.
Embora Chipre seja sim um Caribe em pleno Mar Mediterrâneo, e também por isso destino queridinho dos europeus durante o verão, o que chamou mesmo a atenção do casal foram as infindáveis possibilidades de descobertas nesta ilha ao mesmo tempo misteriosa e instigante.
Adriana conta que a ilha possibilitou, entre outras coisas, conhecer pela primeira vez uma cidade fantasma de verdade. De nome Famagusta, esta cidade está localizada na parte norte da ilha, mais ao leste, em região invadida pelos turcos otomanos. Antes da invasão, Famagusta era comparável a uma Saint-Tropez, com uma belíssima arquitetura do período veneziano, de beleza visível ainda hoje, quando absolutamente tudo está abandonado e aos poucos tomado pela natureza. “Caminhar pelas ruas de Famagusta é uma sensação difícil de descrever, ao olhar pelas vidraças e janelas vemos que as pessoas não tiveram tempo de fazer nada senão correr, está tudo lá, intacto, até mesmo garrafas nas prateleiras de pubs, tudo está lá, mas não tem ninguém”, explica Adriana.
Ainda no Chipre do norte, eles visitaram também a cidade de Kyrenia, onde puderam visitar um verdadeiro castelo medieval, erguido durante o século X A.C. com o objetivo de proteger a ilha contra as ameaças árabes.
Para chegar a esta parte turca da ilha, foi necessário passar por um controle migratório, com direito a apresentação de passaporte inclusive. “No caso da capital Nicósia a travessia é a pé mesmo, e de repente você entra em um outro mundo”. Fato curioso sobre essa travessia foi que o agente responsável pelo controle migratório inicialmente achou que Adriana e Fabbio eram franceses, porque nunca aparecem brasileiros por lá, segundo ele.
Durante esta road trip, o casal passou também por sítios arqueológicos interessantíssimos, desde o período neolítico (sim, estamos falando de pré-história, quando iniciou a sedentarização e a produção agrícola dos hominídeos) até fragmentos históricos da mitologia grega. Um dos pontos mais visitados da ilha é a Pedra de Afrodite, uma formação rochosa localizada em Paphos, onde Fabbio e Adriana fizeram parada no caminho que seguiam de Paphos para Nicósia. Diz a lenda que foi sobre esta pedra que Cronos mutilou Úrano, e um belo milagre da natureza aconteceu. Nascia Afrodite, e a rocha se tornou o berço oceânico da mítica deusa grega do amor e beleza.
Ainda no Chipre do Sul, o casal visitou Ayia Napa, uma das áreas de praia mais famosas entre os europeus. Uma região mais badalada, também com formações rochosas maravilhosas e um mar azul-turquesa de tirar o fôlego. “O lugar é tão lindo que fizemos várias fotos e vídeos com drone e com câmera. Lá tem uma pedra que se chama Ponte do Amor, porque a rocha faz literalmente uma ponte com o mar, e dizem que o casal apaixonado que ali se beija terá amor eterno. Claro que nós seguimos a tradição e nos beijamos”. Fofos!
Nesta página, em sentido horário: Adriana na Ponte do Amor, no litoral de Ayia Napa. A Pedra de Afrodite. E o casal registra selfie na Blue Lagoon. Na página ao lado, visão aérea do teatro encontrado nas ruínas de Salamis, uma das mais opulentas cidades da antiguidade clássica de Chipre.
A última cidade que eles visitaram no Chipre do Sul foi Larnaca, onde está localizado o maior aeroporto da ilha, ponto de embarque para darem sequência à viagem rumo a Israel.
Em Larnaca foram à praia, um litoral mais tranquilo que Ayia Napa, e também visitaram um importante centro histórico: a Igreja de São Lazaro, que dizem ter sido construída em cima das ruínas da figura bíblica de Lázaro de Betânia. A história relata que Jesus ressuscitou Lázaro antes de ele se refugiar em Chipre, onde passou o resto de seus dias.
Nesta deliciosa viagem multicultural e de cenários paradisíacos, Adriana e Fabbio tinham um roteiro estruturado, mas nada muito crivado. As hospedagens nas diversas cidades da ilha pelas quais passaram não foram com reserva, foi tudo no fluxo mesmo, inclusive a locação do carro. Interessante que em toda Chipre o trânsito é mão inglesa, e as empresas tradicionais de Rent a Car como Hertz e Alamo se recusaram a alugar para eles pelo fato de a CNH não estar em idioma inglês.
“Foi um pouco difícil encontrar uma empresa mais informal de aluguel de carro que nos permitisse devolver o carro em outra região da ilha, já que não voltaríamos ao ponto inicial, mas conseguimos”.
Sobre a culinária mediterrânea, deliciosa e saudável como já tratamos em outras edições da WIT, esta se fez presente em toda a viagem, mas Adriana dá uma dica crucial: “É preciso amar azeitona, tomates e pepinos, eles estão presentes em todos os cafés da manhã”.