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música: "TRIBALISTAS"

BASTA SER O QUE É

por RENATO COSTA (@renatocmcosta)

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No ano de 2002 o grupo Tribalistas, formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, marcou época com um álbum homônimo que alcançou o primeiro lugar no ranking dos discos mais vendidos no Brasil e em Portugal naquele ano. Além do sucesso comercial, o trio conquistou, também, o público nas rádios. A faixa “Velha Infância” foi a música mais tocada no Brasil na década de 2000.

Agora, 17 anos depois, o trio se reuniu novamente e lançou um novo trabalho que, assim como o primeiro, também é denominado Tribalistas. Com 10 músicas (três a menos que o disco de 2002), o grupo manteve sua marca: sons experimentais extraídos de instrumentos inusitados, o contraste entre a voz cristalina de Marisa e o timbre cavernoso de Antunes, o beat-box de Brown e toda a aura lúdica característica do trio.

O diferencial deste álbum fica a cargo de duas músicas que refletem bem o momento atual. Se no primeiro Tribalistas, o disco pairava no universo criativo dos músicos, dessa vez ele esbarra na dura realidade com as canções “Diáspora” e “Lutar e Vencer”. A primeira trata da questão dos refugiados e imigrantes e tem citações pontuais dos poetas Castro Alves e Sousândrade declamadas com o peso da voz de Arnaldo. A segunda, com tom engajado, faz referência aos movimentos populares, como a ocupação das escolas secundárias que, inclusive, receberam o apoio de Marisa no ano passado.

Outra novidade é a participação da cantora portuguesa Carminho, repetindo a presença de um não integrante do trio no disco, como foi a presença de Margareth Meneses na faixa "Passe em Casa", do primeiro disco. Já parceira de Marisa Monte em outros álbuns, a cantora lusa empresta à faixa “Os Peixinhos” com sua voz carregada de sotaque e emoção, dando intensidade à música, mas sem deixar que esta perca sua pureza infantil. Ainda, as composições em que Brown e Marisa não dominam todos instrumentos contam com o impecável apoio musical do baixista Dadi Carvalho, do guitarrista Pedro Baby e do versátil instrumentista Pretinho da Serra.

Se o sucesso dos Tribalistas deu-se graças a uma fórmula específica, não se pode afirmar. O que fica claro é que Tribalistas (2017) é uma continuação de Tribalistas (2002). E dessa sequência extrai-se a certeza de que quando o talentoso trio se junta, a garantia é um trabalho autêntico e lindo. //

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