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Han Solo

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Afinal, quem atirou primeiro?

por RAFAEL BONANNO (@rafabonanno)

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As grandes franquias cinematográficas vêm encontrando na fórmula do universo compartilhado um jeito conveniente de estabelecer longas narrativas que sejam comercialmente satisfatórias à medida que fãs e público casual passem a se interessar pelas histórias, personagens, temas e situações propostos a cada novo capítulo. É assim que a Disney, em conjunto com a Lucasfilm, tem abordado a franquia concebida, há mais de 40 anos, por George Lucas. Mais além até, as histórias que se passam em uma galáxia muito, muito distante extrapolam as telonas e encontram caminhos em outras mídias, constituindo, assim, o novo cânone de Star Wars.

Quando conhecemos o personagem de Han Solo, em Star Wars: Uma Nova Esperança (1977) nos deparamos com um contrabandista mercenário, experiente e oportunista, mas que ao longo da história deixa seu coração se levar por novos princípios ao se afeiçoar por Luke, Leia e a causa da Aliança Rebelde. Em Han Solo: Uma História Star Wars a proposta é explorar as origens deste personagem por meio das aventuras que começaram a moldar sua personalidade. Em outras palavras, é aqui que descobrimos porque Han sempre foi o primeiro a atirar.

Cartaz nacional de "Han Solo: Uma História Star Wars"

Walt Disney/Lucasfilm

Aproximadamente dez anos após o fim da república, o Império Galáctico se estabelece gradualmente enquanto grande parte dos civis enfrentam um período sem lei. Nas ruas de Corellia, o jovem Han serve aos propósitos de uma organização criminosa, mas almeja se tornar um piloto livre. Este objetivo segue presente durante toda a narrativa e é a partir daí que embarcamos em suas primeiras aventuras.

Deixando de lado a polêmica saída dos diretores Phil Lord e Christopher Miller de lado, o produto final é dirigido pelo já consagrado Ron Howard (Uma Mente Brilhante e Apollo 13). Dono de uma proeminente carreira como ator durante sua juventude, Howard ficou conhecido na direção por sua habilidade em trabalhar bem com o elenco e se ater aos aspectos técnicos que caracterizam as grandes produções hollywoodianas.

Sua abordagem com o roteiro, uma colaboração entre pai e filho, de Lawrence Kasdan (Star Wars: O Despertar da Força) e Jon Kasdan (A Primeira Vez), apesar de pragmática, confere um espírito de diversão constante ao longa. Contudo, não há ousadia e poucos riscos são tomados, o que acaba resultando em uma história sem o peso dramático característico dos melhores episódios da saga.

Solo e Chewie rapidamente se tornam amigos e parceiros de trabalho, dando início à relação de anos já conhecida pelos fãs da franquia

Walt Disney/Lucasfilm

Como em todo filme de origem, uma série de questionamentos sobre a lenda e a persona do protagonista e seu universo são explorados. No entanto, o roteiro propõe explorar, com certa parcimônia, os momentos chave deste personagem em detrimento de suas características mais tradicionais. Afinal, este ainda não é aquele personagem que Harrison Ford interpretou quando somos apresentados a ele na cantina de Mos Eisley. Excelente no papel do protagonista, Alden Ehrenreich interpreta um Han Solo juvenil e inocente, mas que já se mostrava prepotente e autoconfiante. Definitivamente uma grata surpresa.

Ainda em Corellian, Han decide se alistar no império como último recurso para deixar de vez o planeta. Três anos se passam e observamos o protagonista encontrar a oportunidade ideal para desertar ao se oferecer como piloto para um grupo de criminosos infiltrados como imperiais. Durante essa sequência, e em uma das cenas mais inspiradas do longa, Han conhece o Wookiee que viria a se tornar seu melhor e mais fiel amigo. Chewbacca (Joonas Suotamo), com muito mais tempo de tela que o normal, forma uma parceria quimicamente compatível e de eficiência instantânea.

Donald Glover se destaca ao dar vida ao jovem e carismático Lando Calrissian

Walt Disney/Lucasfilm

Em busca de uma nave veloz, conhecemos Lando e sua cômica parceira L3-37 (Phoebe Waller-Bridge), androide de navegação que tem a própria agenda em prol do livre arbítrio dos robôs. Contemplado com boas atuações, podemos considerar como um dos principais destaques deste filme a fantástica interpretação de Donald Glover. Ele é responsável por reencarnar o charmoso trapaceiro Lando Calrissian em uma abordagem que faz toda justiça ao personagem sem parecer mera imitação de Billy Dee Williams.

Notavelmente mais colorido e lúdico que o habitual, o visual de Han Solo: Uma História Star Wars não chega a se descaracterizar dos padrões editoriais já conhecidos pelo público geral: muitos aliens, perseguições espaciais, confrontos inspirados em filmes de velho-oeste e a sensação de uma tecnologia avançada, porém precária e decadente. Elementos que definitivamente não poderiam ficar de fora.

Com apenas um tema composto pelo lendário John Williams, é John Powell quem assina, com muita personalidade, o restante da trilha sonora original. Sem muitos momentos dramáticos, a trilha vem para realçar bem o tom de aventura e nostalgia do longa, misturando novos e velhos temas com muita autenticidade. Arrisco dizer que toda a sequência do percurso de Kessel jamais funcionaria tão bem sem a excelente contribuição de Powell.

A história ainda apresenta o primeiro interesse amoroso de solo: a destemida e misteriosa Qi’ra (Emilia Clarke)

Walt Disney/Lucasfilm

Não há discussão sobre o potencial narrativo do universo de Star Wars. Basta uma breve pesquisa na internet para encontrar longas e boas histórias sobre aquele tal personagem que aparece de relance em apenas um frame. Han Solo é um dos principais personagens deste universo e sua história envolve novas amizades, descobertas, uma trama de assalto e algumas reviravoltas desnecessárias. A origem do canalha mais querido da galáxia é um convite empolgado à diversão descompromissada e lúdica a bordo da Millennium Falcon. //

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