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Aladdin
from ZINT ⋅ Edição #24: "Aladdin"
by ZINT
O mundo ideal de Guy Ritchie
por BRUNA CURI (@escritorawhovian)
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De uns anos para cá, os estúdios Disney estão investindo em live-actions de suas animações clássicas, resgatando a magia e as lembranças afetivas de uma geração que cresceu com esses filmes. Entre os mais aguardados pelos fãs estava ALADDIN, que chegou as cinemas neste mês de maio e é dirigido por Guy Ritchie (Sherlock Holmes e Rei Arthur: A Lenda da Espada).
O filme começa mostrando uma embarcação com uma família a bordo, onde o pai conta para seus filhos uma história que envolve magia, uma lâmpada mágica, um tapete voador e membros da realeza. Envolvidos pela versão de Arabian Nights, cantada por Will Smith, o público já mergulha em nostalgia ao passo em que conhece a versão live-action da cidade de Agrabah (“Oh, imagine uma terra, é um lugar distante / Onde os camelos das caravanas andam / Onde você vagueia entre todas as culturas e línguas / É caótico, mas ei, é o nosso lar”).
Somos então introduzidos ao nosso protagonista, Aladdin (Mena Massoud), realizando pequenos furtos, junto com seu macaco e fiel amigo Abu. É naquelas mesmas ruas que Aladdin encontra a princesa Jasmine (Naomi Scott) pela primeira vez, fugindo de seu pai super protetor e de sua vida dentro do palácio. Deste ponto, vemos que a película dirigida por Guy Ritchie mantém a mesma essência da animação de 1992, mas apresenta pequenas mudanças ao longo de seu roteiro que dão a identidade do diretor ao filme.
Nesta versão de carne-e-osso, o público é introduzido a dois novos personagens. Dalia (Nasim Pedrad) entra no filme para ser amiga da princesa Jasmine, uma vez que na animação o único amigo da princesa é o tigre Rajah – e ela ainda é a única personagem feminina do desenho. A amizade entre as duas é um ponto positivo para o filme, além de gerar boas risadas. Enquanto isso, o Príncipe Anders (Billy Magnussen) é um dos pretendentes da princesa, com o protagonista constantemente se comparando à ele e sentindo-se inferior – afinal, ele é apenas um “pé rapado” e “ladrãozinho”, e Jasmine merece alguém melhor do que ele e do que ele é capaz de oferecer.
Em tempos de empoderamento, uma bem-vinda mudança em Aladdin é o inédito interesse da princesa: Jasmine sonha em suceder seu pai. Para isso, ela precisa ir contra o sistema machista predominante da época, mostrando que ela é muito mais do que uma esposa bonita de um príncipe. Esse novo desejo da personagem é ilustrado na inédita Speechless, solo criado especialmente para Jasmine: “Eu não vou ser silenciada / Você não pode me manter quieta / Não vai tremer quando você experimenta / Tudo o que sei é que não vou sem palavras / Sem palavras”. Este arco é muito bem desenvolvimento, sendo construído de forma pertinente através de ações que condizem com os ideias que ela defende. Quem também brilha ao longo do filme é o Gênio. Apesar das polêmicas ao redor do personagem, visto que algumas pessoas não gostaram do efeito do CGI, Will Smith consegue entregar um personagem com personalidade autêntica e bastante engraçado. Sem tentar imitar o personagem eternizado por Robin Williams na animação de 1992, ele cria sua própria personalidade para o icônico personagem. Com diversas piadas e brincadeiras, o Gênio ainda faz algumas referências com a cultura pop — como a referência aos parques da Disney— e recebe um toque da própria persona Will Smith.
Como as vezes nem tudo é mágico, Aladdin acaba pecando na construção de Jafar (Marwan Kenzari), um dos personagens mais malvados das animações da Disney. Neste filme, suas motivações estão mais atreladas a motivos políticos do que à ambição de se tornar o feiticeiro mais poderoso. Durante boa parte da trama o personagem usa os seus poderes para manipular os outros, na tentativa de criar conflitos. Sua grande motivação, assim como sua personalidade, é muito pouco trabalhada ou desenvolvida, criando a sensação de superficialidade.
De uma forma geral, no entanto, Aladdin é um filme surpreendente. Ao mesmo tempo em que a história mantém a mesma essência da animação, também cria mudanças que enriqueceram a sua trama, tornando-se facilmente um dos melhores live-actions produzidos pela Disney até então. Ótimos atores, um roteiro consistente, uma caracterização muito bem feita (que tem uma pegada cultural mais forte), cenas de ação dinâmicas e números musicais bem ensaiados dão unidade ao filme. Guy Ritchie, consegue criar o seu próprio mundo em uma história tão amada pelos fãs. //