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NECESSÁRIAEXPLICAÇÃO I

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ATO V

ATO V

Ana Elisa Ribeiro

Para entender o contexto, é importante saber que todo mundo nesta trama é rico ou quase rico. Aliás, ou é patrão ou é empregado. A história é famosíssima, das mais conhecidas do mundo, tendo atravessado não apenas o tempo (é ambientada no século XVI, tipo anos 1500, imagina?) e o espaço (foi na Europa, entre Inglaterra e Itália), mas também as línguas.

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Romeu e Julieta foi escrita como peça de teatro por William Shakespeare (fala-se chêiquispir ou, com sotaque britânico, chêiquispear), em inglês. Existem versões dela em muitas línguas, inclusive em português. Esta aqui é uma versão que também atravessa as tecnologias, como vamos saber. Não é fiel, não pretende ser idêntica (nem teria jeito), mas também não deseja ofender ninguém. Milk-shakespeare que nos perdoe! Mas e se fosse hoje? E se fosse com as nossas tecnologias do século XXI, esta tragédia ainda poderia acontecer, com tantos canais de comunicação?

Eu fiz assim: primeiro eu reli R&J algumas vezes, recentemente, porque eu já conhecia esta história desde que nasci. O querido tradutor Sérgio Karam me deu um livro de presente e eu comecei a estudar. E sempre me vinham umas ideias na cabeça, pensando no mundo de hoje e nos tempos remotos. Depois eu baixei um texto de R&J da internet, em boa tradução também, pus no meu computador e comecei a traduzir.

Só que, em vez de traduzir de uma língua para a outra, eu comecei a traduzir o tempo, as maneiras, a linguagem, os recursos do tempo presente, como os personagens poderiam dizer e fazer as coisas hoje e assim por diante. Foi estressante, mas muito divertido. Durou alguns meses porque eu tinha de ir e voltar, refazer, reler, às vezes ficar um tempo distante, depois ser interrompida por muitas outras coisas, voltar, reler, reescrever. Estava tão ligada na ideia que pensava novos elementos, ouvia adolescentes conversando em Belo Horizonte, onde nasci e resido, mas também no não território das redes sociais, onde conversam jovens de vários lugares, com seus sotaques e suas culturas, que se cosem a outras, formando uma linguagem peculiar; me lembrava de mais detalhes, até chegar a uma versão para entregar à editora, para que ela começasse outra fase do trabalho: copidesque, design, revisão, etc. Uma alegria!

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