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NOVAS MESAS NO BAIRRO ALTO

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A NÃO SER

A NÃO SER

Entre francesinhas, petiscos e pratos do receituário nacional, o 151 da Rosa veio trazer novo fôlego à Rua da Rosa. Para acompanhar a sanduíche portuense, sugere-se um branco duriense jovem, frutado e equilibrado.

NASCEU EM TORRES VEDRAS MAS passou as últimas duas décadas em Macau, onde ainda tem dois restaurantes e onde trabalhou na importação e exportação de vinhos e azeites portugueses. A pandemia, as restrições apertadas em Macau e a vinda dos filhos para estudar em Portugal fizeram-no voltar em 2020. “Vinha sempre cá passar férias, em julho. Desta vez, não regressei”, afirma Diogo Giraldes, com um percurso sempre ligado à restauração e hotelaria.

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Foi então que nasceu o 151 da Rosa, um dos mais recentes reforços na oferta da Rua da Rosa, no Bairro Alto, que trouxe nova vida ao local onde funcionou a Francesinha do Bairro. A sanduíche portuense mantém-se na carta, com o apoio dos antigos cozinheiros da casa. É servida em pão de forma caseiro e usa-se bife da vazia por ser mais “tenrinho e suculento”, explica o dono. Depois, empilham-se as camadas de fiambre, linguiça, chouriço, queijo, ovo estrelado e batata frita, para mergulhar no molho onde se juntam “umas coisas secretas”, ri-se Giraldes.

Preço:

Se a ideia é fugir ao óbvio –leia-se cerveja - e harmonizar com vinho, o proprietário sugere um Quinta da Sequeira Reserva Branco 2021, das vinhas durienses, em Vila Nova de Foz Côa, para as mesas do Bairro Alto. “A francesinha liga bem com um branco fresco, frutado, sem muita madeira, jovem, equilibrado e que não tenha demasiada acidez”, explica. Como alternativas, Diogo aconselha um “tinto jovem que não seja muito complexo”, como o Quinta da Ponte Pedrinha Touriga Nacional, do Dão, e um Luís Pato Maria Gomes Bruto, nos espumantes.

Entre paredes e arcadas em pedra, painéis de azulejaria e candeeiros vintage, há tempo para provar outros petiscos e pratos da casa, como bochechas de porco estufadas em vinho tinto; filetes de polvo com arroz de grelos; pica-pau de vitela; bacalhau à Brás; e os arrozes - o de pato no forno e o de cherne com gambas, mais malandrinho, sã o destaques. A pera bêbeda, cheesecakes, tarte de limão merengada e o bolo de amêndoa algarvia ficam com o remate final. NC

Quinta da Sequeira Reserva Douro Branco 2021

Região: Douro

Castas: Malvasia Fina, Rabigato, Gouveio, Códega do Larinho e Viosinho

Preço: 20 euros (garrafa), 7 euros (copo)

Cr Tica Capa

QUEM QUER CASAR COM A FRANCESINHA?

POR

FERNANDO MELO CRÍTICO DE COMIDA E VINHOS

FRANCESINHA BIO A OPÇÃO NATURAL E SAUDÁVEL

Avaliação | 17 Avaliação | 18

VINHOS De orgulho passou em pouco tempo a glória nacional, e é a croque monsieur à portuguesa, rebatizada como francesinha. Para uns petisco, para outros refeição, as declinações possíveis são muitas e muito gulosas. Claro que há lugar para o vinho e para uma volta rápida pelas harmonizações possíveis.

FRANCESINHA POPULAR COM O QUE NINGUÉM DISPENSA

Avaliação | 16,5

Avaliação | 17

FRANCESINHA LIGHT MENOS GORDURA E MOLHO A

Avaliação | 18,5

ADEGAMÃE BIO LISBOA BRANCO 2021 (13%) ADEGAMÃE

Assemblagem feliz das castas Arinto, Fernão Pires, Viosinho e Alvarinho, a criar uma atmosfera elegante e de frescura surpreendente.

É o primeiro vinho deste produtor a resultar de práticas agrícolas biológicas e regenerativas. Uma tendência que se está a impor, com os benefícios óbvios de sustentabilidade.

Este vinho é rico em sabor é é fresco, com acidez bem equilibrada.

Preço: 7,50 euros

QUINTA DO PÔPA TF DOURO TINTO 2018 (13,5%)

QUINTA DO PÔPA

Parcela única de dois hectares de Touriga Franca, 120 metros de altitude e cerca de 25 anos. Brilhante atitude que eleva a revolução bio a um patamar de excelência e isso sente-se na prova. O cuidado com a seleção dos ingredientes da francesinha, juntamente com a intensidade de sabor do vinho, resulta numa experiência única, de forte digestibilidade.

ALMA VITIS ARINTO RESERVA LISBOA BRANCO 2021 (13,5%)

AD. SÃO MAMEDE DA VENTOSA Casta trabalhada em estreme pela mão enológica de António Ventura em ambiente de adega cooperativa como só ele sabe fazer. Este Arinto parece vindo de uma propriedade tratada com todos os cuidados, estamos longe de sentir sequer o volume processado. Excelente trabalho enológico, acidez pronunciada a proporcionar o corte que é essencial para a experiência fina da francesinha.

DETALHE RESERVA TEJO TINTO 2019 (15%)

AD. COOP. CARTAXO Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah, Merlot e Cabernet Sauvignon. Estágio de dez meses em barricas de carvalho francês, e nove meses em garrafa. Maciço e poderoso na boca, apresenta taninos bem domados e uma frescura de certa forma inesperada, conseguindo acompanhar sem qualquer sinal de rusticidade a francesinha. Mais uma marca a acrescentar ao brilhante palmarés da casa.

SOALHEIRO REVIRADO ALVARINHO M&M VERDES BRANCO 2020 (12,5%)

VINUSOALLEIRUS

Uvas provenientes de 400 metros de altitude. Este vinho fermentou em barricas spin, com os sedimentos provenientes da altitude, seguindo um processo que envolve a rotação das barricas em voltas regulares. Faz parte de um conjunto de ensaios muito sérios da casa. O vinho apresenta forte mineralidade e extração acrescida. Diálogo fino de equilíbrios com a francesinha.

Preço: 19,90 euros

Preço: 8,90 euros

Preço: 17 euros

Preço: 40 euros

É INTEIRAMENTE JUSTO atribuir certidão de nascimento da francesinha no Porto, mormente na cervejaria Regaleira de tempos idos. Mas há que reconhecer que no seu ADN está a mesa de bistrô francês e que foi isso mesmo que o fundador e criador do clássico, regressado de França, recriou na sua casa. Rapidamente migrou e se disseminou pelo país inteiro e hoje podemos dizer que a invenção se esfumou nas muitas formas de fazer e servir a francesinha de que dispomos. O exercício da harmonização vínica é dependente da fixação do prato e por isso estabelecemos cin-

Avaliação | 16 co grandes grupos, que no fundo correspondem a outras cinco apresentações. E para cada um, propomos um vinho branco e um vinho tinto, testados e aprovados. E como é nosso apanágio na “Evasões”, os vinhos que apontamos servem de exemplo e pretendem criar pistas de exploração própria, mais do que solução cartesiana e definitiva.

O primeiro grupo é o da francesinha bio. O assunto está na ordem do dia e visa sobretudo o estabelecimento de regras acerca da origem e manipulação dos ingredientes. Encontrámos títulos vínicos muito válidos, selecionámos

FRANCESINHA PICANTE HOT & SPICY

HERDADE DO PESO TRINCA BOLOTAS ALENTEJO TINTO 2020 (14%)

SOGRAPE

Simples e cândido, expressão direta das castas que o compõem e que são Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Aragonês. Vinho muito aromático, copioso na boca, é o complemento ideal de uma francesinha sem excessos no molho ou na gordura. Funciona muito bem, especialmente servido a 15ºC. Excelente surpresa.

Preço: 7 euros

CASA DE SANTAR VINHA DOS AMORES ENCRUZADO DÃO BRANCO 2019 (13,5%)

SOC. AGR. SANTAR Quando o material é de truz e a evolução está no seu zénite, a casta Encruzado é capaz dos maiores prodígios à mesa.

Este exemplar de uma parcela muito especial de vinha opera maravilhas e consegue fazer frente às especiarias e condimentos mais díspares, tudo integrando com mestria.

O picante requer sobretudo hidratação e untuosidade. Sucesso garantido.

Preço: 29,50 euros

CASA FERREIRINHA PAPA FIGOS DOURO TINTO 2020 (13,5%)

SOGRAPE

Esta marca tem dado mostras da sua impressionante flexibilidade à mesa e continua a ser uma das melhores relações preço/ qualidade do mercado. Experiências anteriores com cozinha goesa fortemente especiada e picante fazem confiar nas artes deste tinto para ir ao encontro das necessidades de uma francesinha mais picante. Combinação tradicional das castas tradicionais do Douro, com muita arte.

Preço: 7,50 euros dois, branco e tinto. O segundo grupo é o da francesinha popular, a solução calórica de custo contido que afinal exprime a facilidade com que foi adotada. O terceiro grupo é o da francesinha light e visa encontrar soluções amigas da dieta e da contenção calórica. O quarto trata do ângulo especiado e picante - a francesinha também pode ser um desafio nos sabores e na intensidade. Finalmente, o quinto grupo visa a receita canónica e original, pão rústico, carne assada, enchidos locais e queijo flamengo. Todo um novo mundo e toda uma nova luz sobre a nossa francesinha. Boas provas!

FRANCESINHA

Avaliação | 18

Avaliação | 17

RAVASQUEIRA HERITAGE ALENTEJO BRANCO 2019 (13%)

SOC. AGR. D. DINIZ

Um vinho feito a pensar na mesa longa e demorada e com muito para dar em termos de nuances e camadas de exploração prazerosa. Combinação genial de Arinto, Alvarinho e Viognier, com a segurança da dupla David Baverstock/Vasco Rosa Santos. Além de expor todo o património e valor gastronómico da francesinha feita com pão rústico e carne assada, acrescenta-lhe delicadeza e sabor.

Preço: 26,50 euros

Quinta Da C Rte

PRINCESA RESERVA DOURO TINTO 2021 (13,5%)

PACHECO & IRMÃOS

Na harmonização com um tinto, mesmo no modo mais clássico a francesinha precisa e merece equilíbrio no vinho e oferecer fusão de sabores, mais do que ser dominada e coberta. Este vinho é da lavra da inspirada Marta Casanova e corresponde na perfeição. Maceração prolongada, estágio em barricas de 500 litros de carvalho francês e em foudres de 3 mil litros. 30% das uvas são de vinhas velhas.

Preço: 26 euros

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