3 minute read

CANTANHEDE

Next Article
A NÃO SER

A NÃO SER

UMA TERRA QUE É MUSEU, GALERIA E RESTAURANTE

Quem vai a Gândara, região que inspirou a obra de Carlos de Oliveira, não pode deixar de visitar a casa deste notável escritor português do século XX. Entre livros e mobiliário, esta habitação tornou-se num autêntico museu. Para além disso, é obrigatório apreciar a boa mesa e outras artes que fazem parte desta região.

Advertisement

Carlos de Oliveira foi um dos escritores que melhor retratou a vida dos gandareses. Para conhecer o percurso deste neorelista nada como visitar a sua casa, situada em Febres, uma aldeia do concelho de Cantanhede, onde o pai exerceu medicina. Uma experiência refletida na obra de Carlos de Oliveira, onde a vida dura dos camponeses e falta de condições com que se deparavam é relatada com mestria.

No edifício, transformado pelo município em Casa Museu, integrada na rota dos escritores, está dispo- nível um considerável espólio doado à autarquia: mobiliário, uma significativa parte da sua biblioteca pessoal, complementado por algumas manifestações artísticas no âmbito da pintura. Há ainda ainda uma sala multimédia, bem como um conjunto de painéis resultante do programa Rota dos Escritores do século XX, cujo ponto de partida são textos de Carlos de Oliveira, que se reportam a várias temáticas identitárias da região da Gândara.

A vida neste território é tema de um dos primeiros livros do escritor. Na “Casa na Duna”, considerada uma das suas obras mais perfeitas, a vida dura dos gandareses é matéria do romance: “A fome e a miséria grassam assim na terra estéril da aldeia, mas nada travará o avanço da lógica de mercado e concorrência, que tudo arrasta”. Publicado em 1943, Casa na Duna denuncia a exploração do homem pelo homem, o sistema falacioso da sociedade movida por interesses e regras de mercado e concorrência, temas de que nunca se afastou.

A Arte De Bem Servir Desde 1975

6 CANTANHEDE +

Em Cantanhede, não podia faltar um restaurante de cozinha japonesa. O SUSHI P’RA TI!, que o chef David Neto e a mulher, Marina Cadioli, mantêm há oito anos, abriu, essencialmente, com sushi e, ainda hoje, o que os clientes mais preferem são os combinados com peças à escolha do chef, tradicional ou de fusão. Mas o espítito das izakayas, tascas japonesas onde se petisca, também está presente com pratos de partilha . Na garrafeira estão naturalmente os vinhos da Bairrada, sem faltarem as bebidas nipónicas.

Mas o espeço que há décadas leva de gente de todo o país a Cantanhece continua a ser o emblemático Marquês de Marialva, aberto em 1975 por José Carlos Guerra. Desde aí nas suas mesas já se sentaram presidentes da república e artistas famosos. Hoje ao leme do restaurante está Pedro Guerra, filho do fundador, que mantém os princiios que fizeram deste local um espaço de referência na gastromia portuguesa: comida mediterrânica tradicional que respeita os produtos. Entre as especialidades deste espaço, como entrada, encontramos as que chegam à mesa em folhas de couve-lombarda, com base em produtos regionais: fumeiro, queijos e fruta. Já no que diz respeito ao prato principal, é impossível resistir ao cabrito assado à padeiro, bem como à chanfana.

Arte Da X Vega E Bordalo Ii

NO MESMO ESPAÇO +

É na Praia da Tocha que se localiza o Centro de Interpretação de Arte Xávega, um espaço de cariz cultural, educativo e turístico, dedicado a um método tradicional de pesca que ainda hoje se pratica e que esteve na base do povoamento deste lugar.

Tem em exposição os mais variados objetos, como um remo do barco S. Pedro, dos anos 1980, fotografias e filmes de época, agulhas de coser as redes, algum artesanato e espólio que documentam esta atividade secular, onde se abordam aspetos diversos: o que é a Arte Xá- vega, a sua origem, descrição das embarcações e redes usadas na pesca, relato da faina na Arte Xávega e caracterização dos Palheiros (habitação ocasional ou temporária dos pescadores que se dedicavam à arte).

Numa parede exterior, encontra-se ainda em exibição uma peça do artista Bordalo II, que usou lixo para representar animais extintos ou ameaçados de extinção, num alerta para a importância de cuidar do ambiente. Neste caso, trata-se de uma belemnite, um molusco já desaparecido, que costuma surgir fossilizado no calcário da região.

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA ARTE XÁVEGA JUNTA CULTURA, EDUCAÇÃO E TURISMO

Festival da Sardinha Assada e da Batata Assada n’Areia (e não só)

O Festival da Sardinha Assada na Telha e da Batata Assada n’Areia marcam o verão na praia da Tocha. Em agosto este festival de gastronomia, organizado pela Associaçao de Moradores da Praia da Tocha, recria o mais típico da culinária gandaresa. Em tempos idos a batata era assada nas dunas, perto do mar, o que lhe conferia o sabor a sal e tradicionalmente era acompanhada por bacalhau assado na brasa. As sardinhas, prato usado para levar para os trabalhos no campo, era confecionada

This article is from: