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GÂNDARA

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A NÃO SER

A NÃO SER

Um Territ Rio T O Especial

Que At Molda As Palavras

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Idalécio Cação, um destacado escritor das terras e gentes gandaresas, com o auxílio das suas memórias e experiências pessoais, escreveu o Glossário de Termos Gandareses. Para tal, compilou cerca de 2500 palavras, muitas do português antigo, outras influenciadas pela emigração.

Monumento de homenagem ao povo e ao modo de vida gandareses, mandado erguer pela Confraria Nabos e Companhia, em Carapelhos, Mira

Quem é desta região, vai de certeza reconhecer ao ler os falares que foram recolhidos para este Glossário de Termos Gandareses. Quem não o é, vai descobrir expressões que tão depressa não irá esquecer. Ficará a saber que “caralhota” é uma broa pequena, em forma de cacete, por norma feita com a massa que sobra na taça, e que pode ser recheada com sardinha ou chouriça. Vai aprender que “bicho-à-toa” é alguém simples e ingénuo e “cheira-bufas” é quem se mete na vida dos outros. Já a expressão “comer a barrigada” significa abortar voluntariamente. E “burras” podem ser bicicletas, mas também estrias nas pernas causadas pela exposição excessiva ao calor da lareira.

O autor, já falecido, era natural de Lafrana, pertencente à freguesia de Moinhos da Gândara, na Figueira da Foz, e deu um grande destaque na sua obra à Gândara. Uma zona que, no glossário, diz ser “constituída pela metade norte do concelho da Figueira da Foz, pela totalidade do concelho de Mira, por algumas povoações – Gândara, por exemplo – a sudeste do concelho de Vagos, pelas terras a oeste desde Cantanhede até ao litoral e, finalmente, por todo o noroeste do concelho de Montemor-o-Velho”.

De destacar também as Crónicas Gandaresas, nas quais Idalécio Cação fala sobre a gastronomia da região, os moinhos de água ou os terrenos arenosos. Uma das crónicas, em memória da sua mãe, é dedicada à mulher gandaresa, retratada como forte e incansável: “se a Gândara é o que é hoje, este campo raso tão jardinzinho, deve-o em grande parte às suas mulheres”, pode ler-se. “A lavoura foi tratada a pulso por elas, que nem tinham licença de haver uma dor, que até se esqueciam ou tempo nem tinham de comer.”

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