2004 | Concurso Cine-Teatro

MIRA D’AIRE - PORTO DE MÓS

CONCURSO CINE-TEATRO

2004

O projeto do cine-teatro é simultaneamente pretexto para a reabilitação global de toda a área em estudo, criando e ordenando comportamentos, privilegiando os utentes na sua relação com os espaços projetados e com a envolvente, partindo do princípio que os cidadãos não são apenas clientes destes espaços mas também seus atores. A posição central do volume proposto em relação ao terreno confere-lhe uma dimensão simbólica catalisadora e hierarquizante, definindo na frente sul do lote um plano ajardinado de entrada que engloba o edifício da futura Junta de Freguesia. Do lado norte posiciona-se o parque de estacionamento à superfície, com possibilidade de construção de uma segunda plataforma semi-enterrada. Nos topos nascente e poente do edifício localizam-se os acessos de serviço, respectivamente o dos gabinetes administrativos e o de apoio à zona de palco. A partir da Estrada Nacional, o edifício é acessível por um percurso ascendente que culmina no grande foyer e que continua, ligando também ao parque de estacionamento. O foyer, com 12 metros de pé-direito, é vidrado nos seus topos, criando desta forma um atravessamento visual que se estende até às linhas das serras envolventes. Este atravessamento divide funcionalmente o edifício. De um lado localizam-se as funções de apoio ao foyer (bilheteira, bengaleiro, bar e sala de exposições), assim como os serviços de administrativos. Do outro, a sala de espetáculos propriamente dita, com todos os espaços técnicos a ela dedicados. A sala é recortada por “estalactites” pendentes do tecto, que formam a concha acústica e simultaneamente são atravessadas por percursos técnicos de iluminação. O posicionamento e o simbolismo do volume são reafirmados pelo seu carácter monolítico. As faces moduladas em cheios e vazios definidos por perfis de betão pré-fabricados, ocasionalmente rasgados, provocam um efeito de iluminação cénica no interior e deixam entrever o exterior.