Bem vindo ao Cérebro do Seu Filho

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BEM-VINDO AO CÉREBRO DO SEU FILHO

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Sandra Aaamodt, Ph.D. Sam Wang, Ph.D.

BEM-VINDO AO CÉREBRO DO SEU FILHO COMO A MENTE SE DESENVOLVE DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ A FACULDADE

Tradução JEFERSON CAMARGO

Prefácio de ELLEN GALINSKY

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Título original: Welcome to Your Child’s Brain. Copyright © 2011 Sandra Aamodt e Sam Wang. Copyright do prefácio © 2011 Ellen Galinsky. Copyright da edição brasileira © 2013 Editora Pensamento-Cultrix Ltda. Texto de acordo com as novas regras ortográficas da língua portuguesa. 1a edição 2013. Crédito das ilustrações: O crédito de todas as ilustrações são de Lisa Haney, exceto nos casos a seguir. Páginas 41, 43, 48, 66, 133, 136, 144, 147, 157, 171, 204 e 278, crédito de Patrick Lane. Páginas 77, 159 e 256, crédito de Sam Wang. Página 101, crédito de Ken Britten. Página 128, ©iStockphoto/Daniel Rodriguez, modificado por Ken Britten. Página 167, cortesia da Gordon Burghardt. Página 175, cortesia da Roger Tsien e Le Prix Nobel 2008. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas. A Editora Cultrix não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços convencionais ou eletrônicos citados neste livro. Editor: Adilson Silva Ramachandra Coordenação editorial: Denise de C. Rocha Delela e Roseli de S. Ferraz Preparação de originais: Roseli de S. Ferraz Produção editorial: Indiara Faria Kayo Assistente de produção editorial: Estela A. Minas Revisão: Nilza Agua e Vivian Miwa Matsushita Editoração Eletrônica: Join Bureau Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Aaamodt, Sandra Bem-vindo ao cérebro do seu filho : como a mente se desenvolve desde a concepção até a faculdade / Sandra Aaamodt, Sam Wang ; tradução Jeferson Camargo ; prefácio de Ellen Galinsky. – São Paulo: Cultrix, 2013. Título original: Welcome to your child’s brain ISBN 978-85-316-1217-6 1. Cérebro – Desenvolvimento 2. Crianças – Desenvolvimento 3. Neurofisiologia I. Wang, San. II. Galinsky, Ellen. III. Título. 12-15514

CDD-618.92 NLM-WS-100 Índices para catálogo sistemático: 1. Desenvolvimento cerebral das crianças : Pediatria : Medicina 618.92 2. Desenvolvimento cerebral das crianças : Pediatria : Medicina WS-100

Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA que se reserva a propriedade literária desta tradução. Rua Dr. Mário Vicente, 368 – 04270-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 2066-9000 – Fax: (11) 2066-9008 http://www.editoracultrix.com.br atendimento@editoracultrix.com.br Foi feito o depósito legal.

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De Sandra, a meus pais, sem dĂşvida De Sam, a Vita, Becca, Rita e Papai

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SUMÁRIO

PREFÁCIO de Ellen Galinsky ...................................................................

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TESTE: Até que Ponto Você Conhece o Cérebro do seu Filho? ......................

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INTRODUÇÃO: O Cérebro que se Constrói Sozinho ...................................

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PARTE 1 – CONHEÇA O CÉREBRO DO SEU FILHO CAPÍTULO 1 Os Cinco Talentos Ocultos do Cérebro do seu Bebê ............... Idades: Do Nascimento a 1 Ano Mito: Se algo der errado, a culpa é da mamãe

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CAPÍTULO 2 No Começo: o Desenvolvimento Pré-Natal ........................... Idades: Da Concepção ao Nascimento Dica prática: Menos stress, menos problemas Dica prática: Coma peixe durante a gravidez

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CAPÍTULO 3 Bebê, Você Nasceu para Aprender....................................... Idades: Do Nascimento aos 2 Anos Mito: A amamentação aumenta a inteligência Dica prática: A prática orientada pode acelerar o desenvolvimento motor

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CAPÍTULO 4 Para Além da Oposição Natureza Versus Criação .................. Idades: Da Concepção à Faculdade Você sabia? Pegadas no genoma Você sabia? A cultura pode ser o motor da evolução

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PARTE 2 – DESENVOLVENDO-SE POR ETAPAS CAPÍTULO 5 Uma Vez na Vida: Períodos Sensíveis................................... Idades: Do Nascimento aos 15 Anos Você sabia? Alimento para o cérebro Você sabia? Os limites da plasticidade cerebral

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CAPÍTULO 6 Linguistas Inatos .............................................................. Idades: Do Nascimento aos 8 Anos Dica prática: O ensino de outras línguas nos primeiros anos de vida

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CAPÍTULO 7 Belo Sonhador ................................................................. Idades: Do Nascimento aos 9 Anos Dica prática: Como fazer seu bebê dormir Você sabia? Com que sonham as crianças

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CAPÍTULO 8 É Menina! Diferenças de Gênero......................................... Idades: Do Nascimento aos 18 Anos Dica prática: Como aumentar as habilidades do seu filho

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CAPÍTULO 9 Adolescência: Nem Tudo é uma Questão de Sexo .................. Idades: De 12 a 20 Anos Mito: Os adolescentes têm um ciclo dia-noite mais longo

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PARTE 3 – COMEÇA A FAZER SENTIDO CAPÍTULO 10 Aprendendo a Ver ........................................................... Idades: Do Nascimento aos 5 Anos Dica prática: Brincar ao ar livre melhora a visão Especulação: A vida moderna está mudando nosso cérebro CAPÍTULO 11 Relacione-se com seu Bebê por Meio da Audição e do Tato ....................................................................... Idades: Do Terceiro Trimestre aos 2 Anos Dica prática: Proteja seu bebê do barulho, começando antes do nascimento Você sabia? A neurociência do aconchego CAPÍTULO 12 Primeiro, a Sobremesa: Preferências por Sabores................ Idades: Do Segundo Trimestre aos 2 Anos

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Dica prática: Como fazer seu filho comer espinafre Dica prática: Preocupados com o peso do seu filho?

PARTE 4 – BRINCADEIRA É COISA SÉRIA CAPÍTULO 13 Autocontrole: o Melhor Presente que Você Pode Dar .......... Idades: De 2 a 7 Anos Dica prática: Amigos imaginários, habilidades reais Dica prática: Aprender duas línguas aprimora o controle cognitivo

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CAPÍTULO 14 Brincadeira Levada a Sério ............................................... Idades: De 2 a 18 Anos Você sabia? A brincadeira na vida adulta

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CAPÍTULO 15 Corpo e Cérebro Trabalhando Juntos................................. Idades: De 4 a 18 Anos Dica prática: Proteja seu filho de ferimentos na cabeça

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CAPÍTULO 16 Diversões Eletrônicas e o Mito da Multitarefa .................... Idades: Do Nascimento aos 18 Anos Especulação: O uso da internet diminui a empatia? Dica prática: Vídeos para bebês fazem mais mal do que bem

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PARTE 5 – SEU FILHO COMO INDIVÍDUO CAPÍTULO 17 Prazer em Conhecê-lo: Temperamento .............................. Idades: Do Nascimento à Faixa dos 20 Anos Você sabia? Por que você está cada vez mais parecida com sua mãe Mito: A ordem de nascimento influencia a personalidade

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CAPÍTULO 18 Emoções no Comando ..................................................... Idades: Do Nascimento aos Vinte e Poucos Anos Mito: O hemisfério direito é o lado emocional Você sabia? O autocontrole favorece a empatia

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CAPÍTULO 19 Empatia e Teoria da Mente .............................................. Idades: De 1 a 5 Anos Você sabia? Irmãos mais velhos agilizam o desenvolvimento da teoria da mente na criança Você sabia? Imitação no cérebro

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CAPÍTULO 20 Saber Brincar com os Outros ............................................ Idades: Do Nascimento aos Vinte e Poucos Anos Você sabia? Estereótipo e socialização Dica prática: Estimular a consciência

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PARTE 6 – O CÉREBRO DO SEU FILHO NA ESCOLA CAPÍTULO 21 Começando a Escrever a História de Vida ........................... Idades: De 2 a 18 Anos Dica prática: Os melhores hábitos de estudo Você sabia? Os bebês esquecem mais rápido

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CAPÍTULO 22 Aprendendo a Resolver Problemas .................................... Idades: De 2 a 18 Anos Dica prática: A rejeição social diminui o QI

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CAPÍTULO 23 Começar pelo Começo: Música ......................................... Idades: Do Nascimento aos 9 Anos Mito: O efeito Mozart Dica prática: Benefícios da música e do teatro

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CAPÍTULO 24 Vai Entender! Aprendendo Matemática ............................. Idades: Do Nascimento aos Vinte e Poucos Anos Dica prática: Estereótipos e desempenho em testes

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CAPÍTULO 25 Muitos Caminhos Levam à Leitura .................................... Idades: De 4 a 12 Anos Dica prática: Ler em casa Você sabia? As causas da dislexia

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PARTE 7 – TROPEÇOS NO CAMINHO CAPÍTULO 26 Segura a Onda, Bebê: Stress e Capacidade de Recuperação .. Idades: Do Terceiro Trimestre aos 18 Anos Dica prática: Crianças dente-de-leão e crianças-orquídea

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CAPÍTULO 27 Cegueira Mental: Autismo ............................................... Idades: De 1 a 4 Anos Especulação: Crianças selvagens são autistas? Dica prática: Terapia comportamental é útil se for usada cedo

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CAPÍTULO 28 Genes Antigos Encontram o Mundo Moderno: TDAH .......... Idades: De 8 a 18 Anos Dica prática: Como identificar tratamentos não confiáveis Mito: A todo-poderosa tomografia computadorizada do cérebro CAPÍTULO 29 Elogie seus Filhos do Modo Certo: Mudanças de Comportamento......................................................... Idades: De 1 a 12 Anos Dica prática: Chegando a bom termo Mito: O elogio leva à autoestima CAPÍTULO 30 Um Caminho Duro a Percorrer: Crescer em Meio à Pobreza .............................................................. Idades: Da Concepção aos 18 Anos Você sabia? A epidemiologia é difícil de interpretar

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AGRADECIMENTOS ...............................................................................

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GLOSSÁRIO ..........................................................................................

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NOTAS .................................................................................................

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REFERÊNCIAS .......................................................................................

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PREFÁCIO

m 1994, a Carnegie Corporation de Nova York publicou um relatório fundamental, “Starting Points: Meeting the Needs of Our Youngest Children” [“Pontos de Partida: Atender às Necessidades de Nossas Crianças Mais Novas”]. Embora o texto só trouxesse algumas frases sobre o desenvolvimento cerebral das crianças bem novas, toda a atenção subsequente da mídia concentrava-se no desenvolvimento do cérebro – o tempo todo e por toda parte. Dois anos depois, estimulada por essa atenção sem precedentes, a organização que dirijo, o Families and Work Institute – juntamente com a Carnegie Corporation, a Harris Foundation e outras –, organizou na University of Chicago um congresso cujo título era “Brain Development of Young Children: New Frontiers for Research, Policy, and Practice” [“O Desenvolvimento do Cérebro das Crianças Mais Novas: Novas Fronteiras para a Pesquisa, a Formulação de Diretrizes e a Prática”]. Pusemos 150 neurocientistas para trabalhar em conjunto com pesquisadores dedicados ao estudo do desenvolvimento social, emocional e intelectual das crianças e fizemos-lhes as seguintes perguntas: As descobertas da neurociência são semelhantes ou diferentes das descobertas de outros estudos do desenvolvimento infantil? De que maneira essas descobertas podem promover o desenvolvimento saudável e a aprendizagem de todas as crianças mais novas? Quando o relatório de nosso congresso foi publicado, o interesse público e a atenção da mídia mostraram-se uma vez mais além das expectativas. Nos meses seguintes, uma campanha de engajamento público sobre crianças de 0 a 3 anos de idade foi lançada, a Casa Branca promoveu um

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colóquio, a Newsweek publicou uma edição especial, a National Governors Association promoveu seminários e séries especiais sobre o desenvolvimento cerebral das crianças mais novas foram apresentadas nos programas televisivos Today Show e Good Morning America. No período subsequente, quase uma década e meia, o interesse público pelo cérebro só fez aumentar. Contudo, juntamente com esse interesse, um grande número de informações equivocadas também veio a público. Fabricantes de brinquedos, programadores de mídia e profissionais de marketing em geral entraram em cena num território em que “até os anjos temem andar”, criando programas e materiais que supostamente produziriam maiores e melhores cérebros. Bem-Vindo ao Cérebro do seu Filho, de Sandra Aamodt e Sam Wang, é um importante antídoto a toda essa desinformação. Como não poderia ser diferente no caso de autores que, juntos, têm quarenta anos de trabalho dedicado à neurociência – Aamodt como editora do periódico Nature Neuroscience e autora de obras científicas, e Wang como professor e pesquisador de Princeton –, este é um livro de abrangência enciclopédica. Espero que se transforme numa obra de referência que ajude famílias e educadores a explorar o desenvolvimento das crianças sempre que surgirem dúvidas ou questões. Mais importante ainda, este livro pode refutar os mitos que surgiram em decorrência de quase duas décadas de interpretações e informações equivocadas. Por exemplo: Ouvir música torna as crianças mais inteligentes? Os autores afirmam que não existe comprovação científica para essa ideia. Contudo, eles observam que aprender a tocar um instrumento pode trazer alguns benefícios, pois essa prática pode ajudar as crianças a aprimorar seu foco. Podemos ter multitarefas? Os autores escrevem: “O cérebro não consegue se concentrar em mais de uma coisa por vez”. E eles também afirmam que “o preço a pagar pelo desempenho crônico de multitarefas pode incluir o empobrecimento do desempenho de uma só tarefa”. A mídia tem algo a ensinar aos bebês? Segundo os autores: “Nenhuma pesquisa confiável mostra que assistir TV traga quaisquer benefícios para os bebês”. No caso de crianças mais velhas, os benefícios dependem do tipo de programa que assistem e do tempo dedicado a essa atividade. A ordem de nascimento influencia a personalidade? Eis a opinião dos autores: “Sentimos muito, leitores primogênitos, mas há pouquíssimos indícios de que a ordem de nascimento exerça qualquer influência sobre a personalidade”. 14

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Depois de passar os últimos dez anos fazendo a revisão crítica de muitos dos mesmos estudos – para meu próprio livro, Mind in the Making –, que Aamodt e Wang revisaram, concordo plenamente com a conclusão deles de que o “melhor presente” que você pode dar aos seus filhos é o autocontrole. Eles observam que o autocontrole e outras funções executivas do cérebro (como a memória funcional, o pensamento flexível e a resistência a pensar e agir como autômatos) “contribuem para o desenvolvimento da mais importante das funções básicas do cérebro [infantil]: a capacidade de controlar seu próprio comportamento a fim de alcançar um objetivo”. Observando que o autocontrole está na base de muitas habilidades, da socialização ao desempenho escolar, eles afirmam que “a capacidade das crianças pré-escolares de resistir à tentação é um preditor muito melhor de um eventual sucesso acadêmico do que as pontuações nos testes de QI”. Foi uma constatação muito semelhante, a partir da minha própria revisão crítica da pesquisa, que me levou a postular sete competências para a vida que podem ajudar as crianças a ser bem-sucedidas nos níveis emocional, social e intelectual. Todas essas competências têm por base as funções executivas do cérebro. Também é importante assinalar que Aamodt e Wang acabam com outro mito ao afirmarem que promovemos o autocontrole não obrigando as crianças a ficar sentadas como se estivessem presas a suas cadeiras, mas por meio do estímulo às brincadeiras. Eles escrevem: “Talvez pouco importe o que, exatamente, estimula nossas crianças; enquanto elas estiverem fortemente engajadas e concentradas numa atividade, estarão aperfeiçoando a capacidade de autorregulação e, desse modo, aprimorando suas perspectivas futuras”. Bem-Vindo ao Cérebro do seu Filho é um livro que não pode faltar na sua estante! — ELLEN GALINSKY, autora de Mind in the Making: The Seven Essential Life Skills Every Child Needs e presidente do Families and Work Institute

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Teste

ATÉ QUE PONTO VOCÊ CONHECE O CÉREBRO DO SEU FILHO?

1) Qual das alternativas abaixo é a melhor maneira de fazer seu filho comer espinafre? a. Esconder o espinafre em queijo derretido b. Começar a refeição com um pouco da sobremesa c. Alimentá-lo com fórmulas à base de soja desde cedo d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 2) O que pode levar uma gestante a apresentar o maior risco ao seu bebê? a. Tomar uma cerveja à noite b. Fugir de um furacão c. Comer sushi no jantar d. Viajar de avião e. Andar cinco quilômetros 3) Que fração das calorias ingeridas por uma criança de 5 anos contribui para o fortalecimento do cérebro dela? a. Um décimo b. Um quarto c. Metade d. Dois terços e. Quase todas

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4) Como os genes de seu filho e seu ambiente interagem durante o desenvolvimento? a. Os genes influenciam a sensibilidade dele às características ambientais b. O ambiente dele influencia a expressão dos seus genes c. Os genes influenciam o modo como você cuida dele d. Os genes e o ambiente dele são inseparavelmente ligados e. Todas as anteriores 5) Qual das alternativas abaixo aumenta a inteligência de um bebê? a. Amamentação na primeira infância b. Comer peixe durante a gravidez c. Ouvir Mozart d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 6) Se você cobrir uma boneca com um pano e depois retirá-lo, o que o bebê ficará mais surpreso em ver? a. Duas bonecas b. Um carro de brinquedo c. Uma boneca de cabeça para baixo d. Um polvo de pelúcia e. Um cheeseburger 7) Qual das atividades abaixo tem maior probabilidade de aumentar o desempenho escolar de uma criança? a. Estudar com um amigo b. Ouvir música enquanto estuda c. Interromper o estudo algumas vezes para jogar video game d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 8) Que tipo de experiência durante um sonho ainda não pertence ao rol de capacidades de uma criança de 3 anos? a. Ver um cachorro por perto b. Entreter-se com brinquedos c. Dormir na banheira d. Observar peixes tropicais e. Olhar para um quarto vazio 18

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9) O que acelera a capacidade de entender o que as outras pessoas estão pensando? a. Aprender uma segunda língua b. Ter um irmão mais velho c. Pais que falam sobre emoções d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 10) Que atividade diminui o risco de uma criança tornar-se míope? a. Comer peixe b. Brincar ao ar livre c. Aprender a tocar um instrumento musical d. Dormir bem e. Descansar os olhos 11) Que categoria um bebê é capaz de distinguir? a. Rostos masculinos de rostos femininos b. Acordes maiores de acordes dissonantes c. A língua falada pela mãe de uma língua estrangeira d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 12) Qual das intervenções abaixo tem melhor resultado? a. Aulas de balé desenvolvem a identidade de gênero b. Aulas de etiqueta desenvolvem a empatia c. Aulas de moral desenvolvem o comportamento d. Aulas de música desenvolvem a capacidade matemática e. Aulas de teatro desenvolvem o ajustamento social 13) O que aumenta a probabilidade de uma criança tornar-se autista? a. Nascer prematuramente b. Ter uma mãe pouco receptiva c. Assistir muito à TV d. Tomar vacinas e. Ter irmãos mais velhos

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14) Como a Ritalina aumenta a concentração de crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade? a. Alterando a estrutura dos circuitos cerebrais b. Deixando a criança ligeiramente sedada c. Ativando as mesmas células cerebrais ativadas pela cocaína e anfetamina d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 15) Qual das atividades abaixo melhora o autocontrole? a. Brincar de bombeiro b. Ser amamentado c. Assistir a vídeos sobre bebês d. Dormir com os pais e. Ter amizades com pessoas de ambos os sexos 16) O que o imageamento cerebral é capaz de fazer? a. Diagnosticar transtornos comportamentais b. Prever a aptidão para leitura e matemática c. Determinar quando um criminoso está mentindo d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 17) Qual dessas experiências é mais associada a futuras dificuldades de leitura? a. Não ter livros infantis na primeira infância b. Escrever de trás para a frente aos 4 anos de idade c. Ter dificuldade para identificar sons falados d. Falar duas línguas e. Não ouvir músicas infantis suficientes no início da vida 18) Qual das experiências abaixo tem maior probabilidade de melhorar a vida futura de uma criança tímida? a. Ter pais que leem obras científicas b. Entreter-se com caminhões de brinquedo c. Crescer na China d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores 20

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19) De onde veio o conceito de “pôr a criança para pensar”? a. Das regras dos esportes organizados b. De pais frustrados c. Da engenharia computacional d. Da gíria militar e. Dos estudos de aprendizagem com animais de laboratório 20) Como as crianças que aprendem uma segunda língua se comparam às crianças monolíngues? a. Têm mais autocontrole b. Assimilam melhor a perspectiva de outras pessoas c. A experiência perde em discernimento intelectual na vida adulta d. Todas as anteriores e. Nenhuma das anteriores

Respostas: 1) d, 2) b, 3) c, 4) e, 5) b, 6) a, 7) c, 8) b, 9) d, 10) b, 11) d, 12) e, 13) a, 14) c, 15) a, 16) e, 17) a, 18) c, 19) e, 20) d 21

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INTRODUÇÃO

O CÉREBRO QUE SE CONSTRÓI SOZINHO

s pais fazem uma série de perguntas. Meu filho diz que os video games o deixam mais inteligente – isso é possível? Até que ponto é fundamental amamentar o bebê? Tudo bem comer peixe durante a gestação? É seguro vacinar as crianças? Minha filha em idade pré-escolar está escrevendo os Rs de trás para a frente – será que ela é disléxica? E por que não consigo arrancar meu filho adolescente da cama? Podem nos chamar de nerds, mas, toda vez que essas preocupações chegam aos nossos ouvidos, pensamos em termos de neurociência. Todas essas perguntas dizem respeito ao cérebro e ao modo como ele se desenvolve. A infância é um período de dramático desenvolvimento cerebral e grandes mudanças comportamentais, e os pais observam tudo em primeira mão. Se você considera esse processo tão fascinante quanto nós o consideramos, ou se apenas está em busca de algumas respostas, este livro é para você. Cobrimos todo o período que vai da concepção à faculdade – porque o desenvolvimento cerebral vai muito além dos primeiros três anos, que é até onde chega a maioria dos outros livros. O crescimento e maturação do cérebro de uma criança é um processo complexo que atravessa décadas, durante as quais o cérebro se desenvolve e se adapta ao mundo circundante. O trabalho só estará completo quando seu filho estiver na faculdade. Portanto, seja o seu filho um bebê, esteja ainda aprendendo a andar ou já tenha entrado na adolescência, leia-o. Entre nós, temos mais de quarenta anos de experiência como neurocientistas. Sandra começou no laboratório, pesquisando o desenvolvimento

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e a plasticidade cerebral, e posteriormente tornou-se editora-chefe de um dos principais periódicos de neurociência. Ela leu milhares de documentos, muitos deles relatando descobertas pioneiras. Seu olho crítico se deve ao fato de ela ter uma visão de campo que é ao mesmo tempo ampla e profunda. Ela sabe quando um resultado é confiável e quando ele é duvidoso. Sam, professor e pesquisador da Princeton University, vem publicando pesquisas originais e lecionando há mais de vinte anos. Sua própria pesquisa diz respeito ao modo como o cérebro processa informações e aprende – e como esse processo pode dar errado no início da vida.

Sam também é pai. Antes do nascimento de sua filha, ele falava muito sobre o que chamava de “neurociência de cocktail party”. Como sua vida mudou, ele agora passou a falar em “neurociência pré-escolar potluck”.* Nessa categoria, pais e professores fazem muitas perguntas engraçadas, mas às vezes ele percebeu que essas questões também podem refletir muita ansiedade. As perguntas que ouvimos nos levaram à biblioteca. Juntos, vasculhamos a literatura técnica, estudando centenas de textos de neurociência, * Ao contrário da cocktail party, uma reunião informal em que o anfitrião serve drinques e salgadinhos variados, um potluck dinner é um jantar no qual cada convidado leva um prato de sua preferência que será compartilhado com os demais. (N.T.)

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psicologia, medicina e epidemiologia. Resumimos essa vasta literatura à nossa melhor interpretação daquilo que se conhece sobre o cérebro da criança. Este livro é o resultado de toda essa pesquisa. Nele, explicamos a ciência, desmascaramos os mitos e incluímos dicas práticas para vocês, pais e mães. Aqui vai nosso primeiro conselho: respire fundo e relaxe. É isso mesmo. As coisas que o preocupam são aspectos bem menos graves, para o bem-estar de seu filho, do que você poderia imaginar. Muitos pais modernos acreditam que a personalidade e o comportamento adulto de seus filhos são formados principalmente pelos cuidados parentais – mas as pesquisas nos mostram um quadro bem diferente. Há um modo muito simples de resumir boa parte das pesquisas sobre a neurociência do desenvolvimento infantil: crianças crescem como dentes-de-leão. Na Suécia, a palavra maskrosbarn (criança dente-de-leão) é usada para descrever crianças que parecem se desenvolver muito bem apesar de suas circunstâncias. Estudos psicológicos sugerem que essas crianças são relativamente comuns (pelo menos quando criadas por pais “suficientemente bons” para não maltratá-las nem deixá-las entregues à própria sorte). De uma perspectiva evolucionista, isso faz sentido; as crianças que conseguem superar as dificuldades, a despeito do pouco tempo e atenção que seus pais podem lhes dedicar, têm mais probabilidades de sobreviver e passar adiante seus genes em condições muito difíceis. Para um grande número de funções cerebrais, do temperamento à linguagem e inteligência, a grande maioria das crianças é dente-de-leão.

Aqui vai nosso primeiro conselho: respire fundo e relaxe. É isso mesmo.

Ao longo do seu desenvolvimento, o cérebro foi moldado por milhares de gerações de evolução até se transformar na mais sofisticada máquina de processamento de informações existente na Terra. E, ainda mais surpreendente, ele se constrói sozinho. Por exemplo, você não precisa ensinar seus filhos a perceber – e finalmente produzir – a fala humana. Seu bebezinho sabe, desde muito cedo, que os ruídos que você faz têm mais significado do que os outros sons. Portanto, mesmo que você nunca ensine seus filhos a falar, é muito improvável que eles comecem a imitar o barulho do 25

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ar-condicionado ou o ronronar do gato da família. No mínimo, não conseguirão fazê-lo de modo convincente. As crianças não são receptores passivos dos cuidados dos pais ou do ambiente escolar, mas sim participantes ativos de cada aspecto de seu próprio desenvolvimento. Já ao nascerem, seu cérebro está preparado para buscar e utilizar as experiências mais apropriadas a suas necessidades e preferências individuais. Por esse motivo, o desenvolvimento do cérebro não requer nenhum equipamento ou treinamento especial, e a maioria das crianças descobre uma maneira de se desenvolver, sejam quais forem as condições que o mundo tenha a lhes oferecer. Se as crianças são tão adaptáveis e inteligentes, por que elas não podem começar a usar o cérebro para atividades mais complexas já desde muito cedo? Em grande parte, porque o processo de desenvolvimento sintoniza o cérebro de cada pessoa com as características de um ambiente específico. Esse é um dos motivos pelos quais as pessoas conseguem viver com sucesso em todas as partes do mundo. Os genes fornecem os programas para a individualidade dos seus filhos, mas os planos certamente serão modificados ao longo da construção, dependendo das condições locais – não só de suas próprias ações enquanto pais, mas também de outros aspectos da vida da criança, como cultura, vizinhos, professores e colegas. Esse processo de adequação é automático, com algum apoio da sua parte ao longo do caminho. Tudo isso nos leva ao tema principal deste livro: o cérebro de seu filho se constrói sozinho. Em algumas circunstâncias, uma ajuda extra se faz necessária. As coisas podem dar errado se o programa genético tiver uma falha ou se as condições ambientais forem muito difíceis, como nos casos de pobreza ou guerra. A vida moderna também criou novos desafios. O desenvolvimento do cérebro pode ter problema quando nosso ambiente modificado não consegue se harmonizar adequadamente com a nossa antiga herança genética. Nesses casos, nós diremos o que você deve fazer para dar essa ajuda extra. Organizamos o livro em torno de sete princípios científicos que ajudarão o leitor a entender como o cérebro de seu filho cresce e muda ao longo do caminho que leva à maturidade. • Parte 1, Conheça o Cérebro do seu Filho. Esta seção é uma introdução ao cérebro do seu filho e ao modo como ele funciona. Em particular, nela falamos sobre o modo como as predisposições inatas para interagir com o 26

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mundo exterior desencadeiam uma conversação de mão dupla entre os genes e o ambiente e como, ao fazê-lo, elas configuram o desenvolvimento neural durante a infância. • Parte 2, Desenvolvendo-se por Etapas. O cérebro passa por períodos ao construir-se a partir de bases anteriores, e é excepcionalmente sensível a certos tipos de informação. Esta seção descreve as experiências que o cérebro de seu filho usa para dar forma ao desenvolvimento do sono, de aprender a andar e a falar. • Parte 3, Começa a Fazer Sentido. Grande parte do desenvolvimento neural se baseia em experiências facilmente disponíveis a qualquer criança. Como pais, vocês pegam carona nesse processo; descontraia-se e limite-se a observar os sentidos de seu filho entrando em sintonia com o mundo. • Parte 4, Brincadeira é Coisa Séria. Uma das melhores maneiras de uma criança se adaptar a suas circunstâncias é a brincadeira. Da pré-escola à adolescência, a brincadeira constitui uma prática para a vida adulta e ajuda a desenvolver algumas das funções cerebrais mais importantes. • Parte 5, Seu Filho Como um Indivíduo. Traços distintivos do programa genético fazem de seu bebê uma pessoa única desde o momento em que nasce. Aqui, explicamos como as características emocionais e sociais individuais de seu filho se desenvolvem e respondem ao mundo circundante. • Parte 6, O Cérebro do seu Filho na Escola. A maior parte da história evolutiva de nossa espécie aconteceu antes que existissem livros, violinos ou cálculos – para não falar no Facebook. Dizemos a você como a flexibilidade do cérebro de seu filho permite que ele lide com conceitos abstratos que nunca passaram pela cabeça de nossos ancestrais. • Parte 7, Tropeços no Caminho. Todos os ambientes apresentam desafios ao cérebro em desenvolvimento. A maioria das crianças consegue obter o necessário para se desenvolver, como os dentes-de-leão, mas algumas são flores mais delicadas que precisam de mais cuidados e atenção. Exploraremos o que você pode fazer para ajudar seu filho se algo der errado. Sinta-se à vontade para começar a ler por onde achar melhor. Os títulos indicam a faixa etária que constitui o enfoque principal de cada capítulo, de modo que você pode descobrir facilmente se temos ou não algo a dizer sobre o cérebro do seu filho, tenha ele a idade que tiver neste momento. Como você pode ver, temos muito chão a percorrer. Portanto, mãos à obra!

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