Diรกrio de uma garota solitรกria Bianca Gomes Felipe do Nascimento Correia Giselle dos Santos Pereira
Diário de uma garota solitária Era uma vez, um reino mágico, onde princesas cavalgavam em unicórnios e casavam-se com príncipes. Não! Vamos falar da realidade! Já estamos em 3238, vivendo em uma “Nave-Terra”- naves criadas em 2024 para garantir a sobrevivência da raça humana lançadas ao espaço sem previsão de volta.
Mas esta história começa em 2032, quando as “Naves-Terra” foram lançadas à eterna escuridão do espaço sideral. As pessoas eram divididas pela letra inicial dos seus nomes. Por exemplo: uma moça chamada Ana era mandada para a Nave 1, porém, se fosse casada com um moço chamado Rafael, ele iria para a nave 6 e eles nunca poderiam morar juntos. Foi no meio de lágrimas, gritos e “barracos” que eu o conheci. Seu nome era Kaio. Na época, ele tinha 34 anos; e eu, 31. Assim que nós nos olhamos... Não, não foi amor à primeira vista, mas eu podia sentir que um romance ia nascer. Minha família adotou-o em agradecimento por termos ficado juntos. E, em cinco anos, nossa paixãozinha se tornou amor; e nossa boba amizade,
o mais sério namoro de toda a minha vida. Entretanto, como tudo na vida, isso não durou muito. Duas semanas após a compra de nossas alianças, ele foi servir na Quarta Grande Guerra - a terceira havia sido contra James Dawson, criador das Naves. Não é necessário dizer quem ganhou esta. Nossos encontros foram limitados a um a pequena tela de celular ou computador, mas, durante aquele período, foi a melhor coisa para mim. Eu, mesmo estando ausente, estava presente e sabia de cada coisa que acontecia naquele inferno. E foi por esta tecnologia que eu descobri que ele tinha optado por ter 18 anos, logo depois que inventaram as “Pílulas Semprerígenas” – pílulas que permitem ficar com a mesma idade eternamente – para que pudéssemos casar quando ele voltasse.
Mas ele não voltou. Nunca. Revoltada com a morte do único rapaz que um dia amei, e que me amou também, tive uma ideia genial: criar uma máquina do tempo, voltar ao passado e impedir sua morte. Depois de quase um mês trabalhando em meu projeto, finalmente o terminei. Em seguida, embarquei na minha primeira viagem no tempo.
Como não sabia como chegar ao campo de batalha, resolvi voltar ao dia em que ele foi mandado para lá. Não me pergunte como, porque eu mesma não sei, mas consegui convencer o Kaio que me deixasse acompanhálo até lá. Quando cheguei, me escondi em um canto qualquer do alojamento e lá fiquei até o dia de sua morte. Saí na mesma hora em que uma bala perfurou sua cabeça. Corri em sua direção na esperança de conseguir salvá-lo, mas paralisei ao ouvir suas últimas palavras: “Me perdoe, Bia, por falhar com você e por, junto comigo, morrer nosso futuro!” Voltei ao presente, perplexa. Eu não podia tardar em salvá-lo, ele não podia pronunciar aquela frase de novo. Imediatamente voltei ao passado, no mesmo dia da morte dele, e quando foi baleado, corri até ele e tirei-o de lá. Chamei uma ambulância e voltei ao presente, tranquila. Porém, algo estava estranho. Tudo era diferente, minhas roupas, minha aparência e Kaio. Ele estava paraplégico, andava em uma cadeira de rodas e era incapaz de mexer as mãos, fechar a boca e falar “Oh-oh”. Já sabia o que acontecia: a bala deve ter ferido gravemente seu cérebro. Viajei novamente ao passado e me joguei na frente dele. Quando voltei para o futuro, tudo estava escuro, eu não era mais eu, eu não era nada. Eu tinha morrido. Ao passado novamente, escondi-o debaixo da cama do alojamento. No futuro, fui presa. Voltei para casa no dia do alistamento e o impedi de ir, mas perdemos a guerra e a Nave virou um caos. E sucessivas vezes eu fui ao passado, interferia nele e, em todas elas, as consequências não eram boas.
Foi aĂ que eu percebi: ele precisava estar morto.
Bianca Gomes Felipe do Nascimento Correia Giselle dos Santos Pereira