PROJETO RONDON E A UFRRJ

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Breno Cruz, Eduardo da Rocha e Richard Pires

PROJETO RONDON E A UFRRJ fotograas e relatos da operação itacaiúnas



“Não basta olhar o mapa do Brasil aberto sobre a mesa de trabalho ou pregado à parede de nossa casa. É necessário andar sobre ele para sentir de perto as angústias do povo, suas esperanças, seus dramas ou suas tragédias; sua história, e sua fé no destino da nacionalidade.”

Equipe do Projeto Rondon, USP 1979



Era uma vez... Era uma vez uma universidade na região metropolitana do Rio de Janeiro que resolveu inscrever uma proposta a ser submetida ao Projeto Rondon e concorreu com mais de 200 outras universidades em todo o Brasil e que foi escolhida com outras 29 instituições para atuar na Operação Itacaiunas nos estados do Pará e Tocantins em julho de 2015. Itacaiunas é o nome de um importante rio que corta os estados do Pará e do Tocantins e por isso deu nome à operação conduzida e planejada pelo Exército Brasileiro. O nome dessa instituição é Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e está situada na cidade de Seropédica (RJ). À frente deste projeto esteve o professor Breno de Paula Andrade Cruz que sempre se orgulhou da equipe que escolheu para trabalhar. Antes da Operação Itacaiunas, o professora Breno esteve a frente da Operação Porta do Sol pela UFRRJ na Paraíba em janeiro de 2015. Na Operação Porta do Sol, as alunas do curso de Administração Pública da UFRRJ Sônia Martins Passos e Fernanda de Souza Ayres acreditaram que poderiam sensibilizar o professor Breno para juntos escreverem a proposta do Projeto Rondon. Juntos, os três, escreveram o proejo que foi aprovado pelo Ministério da Defesa e que reativou na UFRRJ o Projeto Rondon - visto que a universidade já não participava há 8 anos. Após a Operação Porta do Sol na Paraíba, o professor Breno resolveu convidar outros dois alunos do curso de Administração Pública da UFRRJ para atualizarem a proposta que tinha sido aprovada na edição anterior. Luciano Matheus e Silvia Duarte foram responsáveis pela atualização da proposta da Operação Itacaiunas - que também foi aprovada e relatada neste livro. Sônia e Fernanda e outros rondonistas da operação Porta do Sol, ajudaram o professor Breno a

escolherem os novos integrantes que se juntariam à Sílvia e Luciano. Assim, a equipe já possuía três pessoas e restavam ainda seis vagas para alunos de toda a UFRRJ. Foram mais de 70 inscritos e um processo de seleção muito competitivo. Uma paraense mandou um edil para o professor Breno - era uma aluna de Agronomia de apenas 19 anos e que tinha nascido no Pará. O nome dela e Thays Carmo Sodré e ela escrevia no email que o Projeto Rondon tinha passado pela cidade dela (XXXXXXX - PA) e que o sonho dela seria participar do Projeto Rondon e essa era a oportunidade que ela tinha. E, mais que uma oportunidade, era no estado dela. Não teria como não escolhe-la, não é destino? Além de tantas coincidências, ela ainda tinha um talento musical, cultural e agronômico que seria bem utilizado. Entre os currículos enviados e selecionados para a entrevista, surge Richard Andrade Pires - aluno de Arquitetura e Urbanismo que tinha ganhado um prêmio de teatro na adolescência em São Paulo, tinha realizado trabalho voluntário com curdos na Itália quando participou do Ciência sem Fronteiras e aparentava ter uma capacidade gigantesca para produzir materiais que pudessem comunicar com a população. Ali estava mais um rondonista da UFRRJ. Ainda nas entrevistas, um aluno de Engenharia Florestal começa a falar a bolsa de iniciação cientíca dele e da empresa júnior. O professor Breno redireciona a entrevista dele e pergunta: "João Paulo, qual a relação então das biojóias o Pronaf Mulher que você citou?". E, em menos de dois minutos, aquele aluno associava a pesquisa da iniciação cientíca dele com o Pronaf Mulher apresentava ideias geniais para implementação daquelas técnicas associando-as às possíveis estratégias de aumento de renda das mulheres em Rio Maria por meio do artesanato. "Bingo!" - pensou o professor Breno e ali tinha o quinto membro da equipe da Rural. "E a Mosquetérica pode ser usada para combater os vetores da Dengue, Chyncunguya..." - falava Priscila Paixão quando foi interrompida pelo

professor Breno na entrevista. "Além disso, Priscila, dos seus conhecimentos técnicos, o que você faz nas horas vagas ou que gostava de fazer quando criança?". Pergunta estranha, mas respondida: "Quando eu era criança eu praticava esportes e até z ginástica rítmica" - respondeu a aluna de Ciências Biológicas. Além dos conhecimentos técnicos em suas áreas de formação, os rondonistas da Rural devem possuir outras características e experiências que os possibilitem transitar em outras áreas coo Cultura e Direitos Humanos. Ali estava escolhida mais uma integrante da UFRRJ. O Rafael Moura queria tanto participar do Rondon que levou até uma televisão para a apresentação dele caso o projetor não funcionasse. E o projetor não funcionou, mas ele estava totalmente preparado. Além de seus conhecimentos técnicos na área de Engenharia Ambiental, Rafael tocava auta e junto com Thays foram responsáveis por ensinar as crianças de Rio Maria a tocar auta e apresentarem esse resultado diante da cidade. Lembram do Luciano Matheus que ajudou o professor a rever o projeto e a submete-lo? Então, ele foi o braço direito do professor Breno em toda a operação, atuando como um professor também e ajudando a resolver muitos problemas antes da operação e possibilitando a comunicação entre toda a equipe. E aquela menina da foto no começo dessa estória? Claro... Ela é a Gildete Dias, aluna de Psicologia da UFRRJ. Sabe aquela pessoa que te transmite paz e serenidade? É ela... e, além disso, como é boa tecnicamente na sua área de formação e como foi importante tê-la no grupo para abordar a Cultura de Paz por meio da Capoeira e dos Jogos Rondon. Gildete junto com Luciano, Sílvia, Thays, Richard, João Paulo, Priscila, Rafael completam a equipe do Rondon da UFRRJ na Operação Itacaiunas.




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o Estado Rio de Janeiro tem praia e oresta. Em Seropédica calor, a linda arquitetura antiga da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e seus estudantes com histórias de vida singulares. Para alguns é uma luta constante para sobreviver em função de carências econômicas. Para outros, as demandas da vida acadêmica também são obstáculos a serem vencidos. A sobrevivência na UFRRJ ou na selva Paraense na Operação Itacaiunas preparou os rondonistas ruralinos para uma missão difícil: lidar, problematizar e pensar nas diferenças sociais e econômicas vericadas in lócus na cidade de Rio Maria (PA) e em outras cidades do Pará e Tocantins. A nossa missão é debater e pensar em estratégias de desenvolvimento local para as cidades as quais passamos. A parceria do Exército Brasileiro é essencial para que juntos possamos cumprir nossas missões. E, juntos, sobrevivemos às crises, diferenças e diculdades acreditando que é possível sim multiplicar e viver experiências na busca de um Brasil mais justo.


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ransmitir e construir conhecimento com as comunidades é algo que os rondonistas procuram realizar em todas suas ações nos municípios pelos quais eles passam.

Visualizamos nas crianças o nosso principal multiplicador. Serão elas que multiplicarão aos seus familiares e outras crianças as informações absorvidas relacionadas aos Direitos Humanos, Saúde, Cultura e Meio Ambiente. Crianças são sonhadoras e elas se engajam por um mundo melhor. Assim, preparar materiais e ocinas direcionadas a elas e aos adolescentes tem sido uma estratégia dos rondonistas da UFRRJ para multiplicar a absorção de conteúdos, evitando um conhecimento transmitido de maneira ortodoxa por meio de a u l a s e x p o s i t i v a s . Vamos brincar, aprendar e sonhar com um Brasil melhor?


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evar conhecimento por meio da alegria é outra estratégia adotada pela UFRRJ em suas ações nos m u n i c í p i o s p o r o n d e p a s s a .

As ações de Cultura estão presentes nas apresentações dos rondonistas e nas ocinas que estimulam o resgate da cultura local e da alegria de se viver em um país tão rico c u l t u r a l m e n t e . Com palhaços, bonecos e fantasias que vão desde um cientista maluco até o resgate de danças do Estado, como o Carimbó no Pará, distribuímos alegria, recebemos sorrisos e convidamos a população para construir conosco nossa passagem pela cidade.


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lô cidade! O Rondon chegou...

Respeitável público! Dêem boas vindas ao Rondonzinho e à Rondonzete! Seja por meio dos materiais lúdicos, das ocinas planejadas e ministradas pelos rondonistas com carinho e detalhes minimamente pensados ou pelas conversas com os gestores municipais, sempre procuramos marcar nossa passagem pela cidade ter uma i d e n t i d a d e . Rondonzinho e Rondonzete foi uma ideia proposta pelo João Paaulo Ramos já que iríamos deslar por Rio Maria entregando a programação das ações do Projeto Rondon na cidade. "Se nas Olimpíadas e na Copa do Mundo existem mascastes, teremos o nosso também!" c o n c l u i u J o ã o P a u l o . E foram muitas seles com os mascotes do Projeto Rondon em Rio Maria. Ir aos bairros mais afastados com tanta alegria, com instrumentos musicais e com outras fantasias foi essencial para despertar nas pessoas o sentimento de que o Rondon vai onde existem pessoas querendo este cuidado e contato.



Ai Menina - Lia Sophia Menina o que fazer com seu rebolado? Ai á Menina o que fazer com essa saia rodada? Ai á Se o tambor começa, tua saia gira O mundo inteiro pára pra te ver menina Me diz o que fazer com teu rebolado? Ai á Menina o que fazer com essa saia rodada? Ai á É na palma, é no couro, essa roda gira O que vou fazer pra te ter menina? Ai Menina, vem! Pra roda vem! Ai Menina! Aqui tem carimbó Todo mundo balança no teu bailado Curimbó segue a ginga do teu rodado

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ao som de "Ai Menina", embalamos nossos dias com o gingado de uma paraense que estuda na UFRRJ. E quis o destino que Thays Carmo Sodré, da cidade de XXXXX (PA) fosse aluna de Agronomia da UFRRJ e levasse o seu gingado para o seu estado.E como o Sul do Pará é uma terra de todos os outros estados pelo processo histórico de exploração XXXXXX onde prevalece as culturas dos outros estados e não do Pará, foi possível levar um pouco de Carimbó para a população de Rio Maria.


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ma forma de sensibilizar é por meio da música. Crianças estão sempre dispostas a aprender e a p r e e n d e r . Os professores norteavam a assimilação das primeiras notas. As notas regiam de maneira arranhada nos primeiros acordes a melodia de Anunciação. Os alunos tocaram, encantaram todos naquela noite e "(...) a voz dos anjos por meio de autas sussurrou nos ouvidos de quem ali estava.



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u co com a pureza das respostas das crianças. É a vida. É bonita, é bonita..." As horas de viagem em estradas de terra com imensos buracos; as noites mal dormidas; a distância dos familiares e pessoas queridas; uma Internet de qualidade e um sinal de celular... Tudo isso é esquecido quando olhamos no rosto de uma criança e nos deparamos com um sorriso, com um gesto, com um olhar ou com uma frase do tipo: "Tio, quero ser rondonista!" Essas crianças querem mais que um brinquedo, un chinelo ou uma roupa bonita para irem à festa da cidade. Elas querem a retribuição de um olhar cuidadoso, um sorriso verdadeiro ou um abraço que conforte aquele coração que vive em meio a tantas diculdades. Essas crianças passam a nos seguir pelas ruas, nas ocinas e às vezes cam esperando que algum rondonista saia da escola para que elas recebam um abraço, um carinho e um olhar de c o n  a n ç a e d e r e s p e i t o . Se gentileza gera gentileza, amor gera amor. Respeito gera respeito. E, esses olhares e abraços nos geram saudades. Essa pureza nos olhares e nos abraços nos motivam a cada dia a entender que essa vida é bonita!



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uperfantástico A Turma do Balão Mágico

S u p e r fa n t á s t i c o a m i g o Que bom estar contigo N o n o s s o b a l ã o ! Va m o s v o a r n o va m e n t e Cantar alegremente M a i s u m a c a n ç ã o Ta n t a s c r i a n ç a s j á s a b e m Que todas elas cabem N o n o s s o b a l ã o Até quem tem mais idade Mas tem felicidade N o s e u c o r a ç ã o Sou feliz, por isso estou aqui Também quero viajar nesse balão! S u p e r fa n t á s t i c o ! N o B a l ã o M á g i c o O mundo ca bem mais divertido! Sou feliz, por isso estou aqui Também quero viajar nesse balão! S u p e r fa n ta s t i c a m e n t e ! As músicas são asas da imaginação É como a or e a semente C a n t a r q u e fa z a g e n t e V i v e r a e m o ç ã o Va m o s fa z e r a c i d a d e V i r a r f e l i c i d a d e C o m n o s s a c a n ç ã o Va m o s fa z e r e s s a g e n t e V o a r a l e g r e m e n t e N o n o s s o b a l ã o Sou feliz, por isso estou aqui Também quero viajar nesse balão! S u p e r fa n t á s t i c o ! N o B a l ã o M á g i c o ! O mundo ca bem mais divertido! S u p e r fa n t á s t i c o ! N o B a l ã o M á g i c o ! O mundo ca bem mais divertido! jogaria fora. Vamos tentar?



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emos um presente para vocês: i n f o r m a ç ã o !

Q u e m n ã o g o s ta d e g a n h a r u m presentinho? Pensando em uma forma de transmitir informações de uma maneira lúdica foi proposta ainda na Operação Porta do Sol na Paraíba pelos alunos de Ciências Biológcas Natan Coelho e Lorena Neves um c alendário com informações de combate à Dengue. Após visita e conversa com os agentes de saúde do município de Salgado de São Félix, o professor Breno decidiu ampliar a ideia de atender à demanda das cidades, surgindo assim o calendário com informações sobre as principais formas de combate às doenças identicadas pelas secretarias de saúde dos municípios. Além dos moradores lembrarem do Projeto Rondon pelos próximos 18 meses, eles ganhavam como presente, de maneira lúdica por meio do uso de imagens e textos simples, um presente de grande valor: a informação de como identicar e combater as principais doenças no m u n i c í p i o . E como resultado dessa brilhante ideia, a UFRRJ foi premiada no II Congresso Rondon, obtendo com a explicação deste trabalho por meio de um poster cientíco o prêmio de segundo melhor poster do congresso entre os mais de 190 trabalhos submetidos de diversas i n s t i t u i ç õ e s d e e n s i n o n o pa í s . Acreditar na criatividade e competência dos rondonistas gera prêmios para todos. #cadica



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por que não evidenciar a beleza da mulher de Rio Maria? Foi justamente pensando nem trabalhar com a autoestima das mulheres é que o Miss Rondon foi pensado.

Mulheres, além de guerreiras e batalhadoras, são belas, charmosas e sensuais. E há algo melhor do que ser vista em uma passarela? Com vocês, a beleza da mulher paraense!


PROJETO RONDON E A UFRRJ fotograas e relatos da operação itacaiúnas Breno Cruz, Eduardo da Rocha e Richard Pires


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