QUEM PAGA A CONTA? -
Complexo do alemao | 2017 -
Coleta de Provas | Praca do Samba
A? QUEM PAGA A CONT -
Complexo do alemao | 2017
Buscando formas de expor que a chamada Guerra as Drogas não funcionou e que insistir na lógica de guerra para abordar a situação é um erro gravíssimo, que expõe moradores de favelas aos riscos diários e gera prejuízos diversos.
Uma casa onde moram em torno de 15 pessoas, a maioria crianças e idosas,acumula prejuízos diversos e significativos. Primeiro porque a polícia proibiu que as donas da casa fechassem o portão que dá acesso à laje, pois eles usam o tempo inteiro a laje dessa casa para efetuar disparos e entrar em uma outra casa invadida, próxima. O portão não pode mais ser trancado pois foi arrombado e a parede de entrada da casa tem 8 marcas de tiros de fuzil.
Dentre os prejuízos, escolhemos o impacto financeiro para provar o quão problemática são essas operações, através de um dossiê de prejuízos diretos para moradores em decorrência de ações políciais no território da Praça do Samba, no Complexo do Alemão, chamado “QUEM PAGA A CONTA?”. É assustadora a quantidade de prejuízos diretos, em reais, que as operações policiais geram para moradores e moradoras de favelas. Não podemos aceitar esse estado de guerra e queremos também o nosso direito à uma segurança pública que respeite os direitos e não que os viole, como históricamente vem acontecendo.
http://facebook.com/coletivopaporeto http://portugues.witness.org
Em nosso relatório teremos 5 casos específicos, de uma agravante situação, onde políciais lotados na área da UPP Nova Brasilia, invadiram casas de moradores e moradoras na localidade Praça do Samba, expulsando famílias, ou ocupando lajes, de forma permanente, violando os direitos da inviolabilidade do lar, gerando medo acometido de abuso de autoridade e trazendo perigo, ao tornarem essas casas alvos, já que os políciais efetuam disparos dessas lajes. Alvarez Ramires teve seu comércio e casa metralhados, por conta das invasões e operações realizadas na localidade Praça do Samba. Seus prejuízos são enormes.
Maria do Socorro, teve a laje da sua casa invadida por quase dois meses, período em que ficou sem poder usar seu terraço. Para acessar o local, policiais arrombaram o portão de ferro, feito sob encomenda, iniciando o quadro de prejuízos. O portão está empenado e a fechadura destruída.
Na laje, um muro caiu e uma caixa d’água está destruída. Uma igreja evangélica, toda fuzilada, com prejúizos que vão desde coisas materiais, até a queda drástica de fiéis que participam das atividades religiosas. Vale ressaltar que a maioria das igrejas fazem suas obras e reparos a partir do dinheiro vindo do dízimo, que se torna cada vez menor, sem a presença de fiéis.
Nesta mesma casa, as filhas da dona tinham um espaço onde trabalhavam com um salão de unhas, que fechou por conta da violência, o que fez a família deixar de ganhar pouco mais de mil reais por mês, o que em 4 meses, desde quando pararam as atividades, já dá mais de 4 mil reais em prejuízos, fora a destruição na laje.
A igreja tem 6 portas caracol e cada uma delas está com no mínimo 10 marcas de fuzil. Os bancos de fiéis e os bancos do altar estão furados a tiros, assim como as paredes. Um ventilador e o púlpito escrito jesus, também foram alvejados. O prejuízo já passa dos 15 mil reais.
Seu trailer que fica em um dos acessos da Praça do Samba aprensenta em torno de 150 marcas de tiros de diferentes calibres, que atravessaram seu comércio de lanches, destruíndo uma chapa de fazer hambúrguer, cadeiras e mesas de plástico, além do próprio trailer, gerando um prejuízo apóximado de 8 mil reais.
Fernando Almeida sua casa foi usada como ocupação e segue até hoje ocupada. Políciais fizeram furos nas paredes, onde fuzis ficam de forma permanente apontados para fora. A casa está invadida há 3 meses e ninguém conseguiu acessar o imóvel.
Em sua casa, já dentro da Praça do Samba, uma obra onde seria o quarto para um de seus filhos está parada por conta dos confrontos. O local escolhido para este cômodo foi alvejado diversas vezes nos ultimos meses, o que fez o filho mais velho ter que ir morar de aluguel. Resultando em mais despesas.
O morador havia gasto dinheiro com material de obras e a reforma se encontra parada, o material se deteriorando e ainda teve de assistir o major responsável da área MENTIR, dizendo que a polícia havia comprado os materias para reformar a casa.
QUEM PAGA A CONTA? -
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O dossiê QUEM PAGA A CONTA? chama atenção para a forma como acontecem essas operações políciais, com descaso e desrespeito aos moradores e moradoras, com graves violações de direitos como invasão permanente de casas e prejuízos como os citados acima. É urgente se discutir uma nova política de drogas e frear essas operações que custam prejuízos financeiros aos moradores e seguem tirando tantas vidas.
Na laje uma geladeira, um sofá e uma cadeira de rodas constam dos prejuízos. Está última desapareceu, a geladeira foi destruída, pois os políciais a usaram de escudo e o sofá também ficou destruído, mas não sabemos o motivo.
O Coletivo Papo Reto coletou e catalogou dezenas de videos e fotos, que são evidências dessas violações, para que as famílias possam lutar por seus direitos na justiça.
Ainda nesta laje, muito coco humano e diversas garrafas com urina foram encontradas, em uma vistoria realizada pela moradora com advogados e imprenssa, após dois meses de ocupação.
Texto e Fotos: Coletivo Papo Reto Formação em Vídeo Como Prova: WITNESS Revisão e Diagramação: Rádio Mutirão
Em breve o relatório completo será lançado em redes sociais.