PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA
Fotografias: Alice Okawara, André Salgado, Saulo Albuquerque e Internet
setembro de 2010
PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA ESTUDOS TÉCNICOS PARA A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO FEDERAL
ÍNDICE Seção 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 2. OBJETIVOS.................................................................................................................................................. 3. MÉTODOS.................................................................................................................................................... 4. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA............................................................................................... 5.1. O QUADRILÁTERO FERRÍFERO: RELEVÂNCIA PARA CONSERVAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL......... 5.1.1. Vegetação dos Campos Ferruginosos ou “Cangas”.................................................................... 5.1.2. Floresta Estacional Semidecídua................................................................................................ 5.1.3. Aves no Quadrilátero Ferrífero.................................................................................................... 5.1.4. Mamíferos no Quadrilátero Ferrífero........................................................................................... 5.1.5. Outros Registros de Fauna.......................................................................................................... 5.2. USO DO SOLO.......................................................................................................................................... 5.3. HIDROGRAFIA, RECURSOS HÍDRICOS E ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DE MINAS GERAIS............................................................................................................................................................. 5.4. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E GEOSSISTEMA............................................................................... 6. POTENCIAL TURÍSTICO............................................................................................................................. 7. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS.................................................................................................................................................. 7.1. Barão de Cocais............................................................................................................................. 7.2. Caeté.............................................................................................................................................. 7.3. Itabirito............................................................................................................................................ 7.4. Nova Lima....................................................................................................................................... 7.5. Ouro Preto...................................................................................................................................... 7.6. Raposos.......................................................................................................................................... 7.7. Rio Acima........................................................................................................................................ 7.8. Santa Bárbara................................................................................................................................. 7.9. Síntese dos Aspectos Sócio-Econômicos...................................................................................... 8.CONCLUSÃO................................................................................................................................................. 9. EQUIPE......................................................................................................................................................... 10. AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................. 11. REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 12. ANEXOS.....................................................................................................................................................
Página 3 4 4 5 8 11 11 21 25 29 33 34 38 45 48 50 50 55 59 64 69 74 79 83 87 88 90 90 91 95
2
1. INTRODUÇÃO A área de estudo localiza-se no Estado de Minas Gerais, na Serra do Espinhaço, mais especificamente no Quadrilátero Ferrífero, abrangendo partes dos municípios de Caeté, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Barão de Cocais, Itabirito, Ouro Preto e Santa Bárbara. Apesar de estar localizada muito próxima à Região Metropolitana de Belo Horizonte (os quatro primeiros municípios fazem parte da RMBH), a área apresenta baixa ocupação humana, havendo extensos e diversos ambientes naturais muito bem preservados e apresentando feições de relevo de excepcional beleza, notáveis também sob o ponto de vista geomorfológico. A importância da área que se pretende proteger está demonstrada em diversos estudos, tratando de diferentes aspectos bióticos e abióticos da região. O Quadrilátero Ferrífero é citado desde o século XIX, em trabalhos dos mais relevantes naturalistas da época, como Richard Burton, Peter Claussen, Marianne North, Johann M. Rugendas, Pierre Aime Pissis, Augustin Francois C. P. de Saint-Hilaire, Karl Friedrich Philipp von Martius, Eugenius Warming (Carmo, 2010). Destaca-se, de imediato, o fato da região ser o último fragmento significativo de áreas naturais em bom estado de conservação dentro do Quadrilátero Ferrífero, contendo importantes remanescentes de Mata Atlântica semidecídua, de vegetação de campos rupestres sobre canga e sobre quartzito, em transição com formações do Cerrado. A grande variedade de ambientes, típica de áreas de ecótone, está diretamente relacionada à riqueza de espécies existente e à elevada diversidade biológica. Tais atributos estão entre os mais relevantes para a proposição de criação de uma nova unidade de conservação da natureza. No caso da Serra do Gandarela, à alta diversidade soma-se o fator qualitativo, com taxas excepcionais de ocorrência de espécies raras, endêmicas, microendêmicas e ameaçadas de extinção. Outro ponto importante é a existência na área de uma quantidade expressiva e em bom estado de conservação do geossistema Canga/Itabirito, uma das formações mais ameaçadas do Brasil por sua inevitável coincidência com áreas de interesse minerário. Este geossistema não está protegido em nenhuma unidade de conservação de proteção integral no âmbito Federal e está muito pouco representado, pouco mais de 200 ha, em uma única unidade de conservação de proteção integral estadual (Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG). A posição estratégica entre unidades de conservação já existentes e o estado de conservação da área possibilita a formação de um corredor ecológico com elevada taxa de conectividade entre ambientes naturais, potencializando os efeitos benéficos da futura unidade para a conservação da natureza. Destaca-se ainda o fato de tratar-se de área de recarga de aqüíferos (característica intrínseca às cangas), com grande concentração de nascentes, córregos e rios que drenam para as bacias dos rios Conceição e das Velhas, importantes afluentes, respectivamente, dos rios Doce e São Francisco. Estes mananciais são considerados estratégicos inclusive para o abastecimento presente e futuro da região metropolitana de Belo Horizonte, em face do seu contínuo crescimento populacional. Há ainda a presença de lagoas temporárias de altitude, que são formações únicas e raras. A abundância de nascentes, córregos e rios, aliada à topografia acidentada, leva à existência de inúmeras cachoeiras. Esta variedade de corpos 3
d’água de elevada beleza cênica contribui para outro importante atributo quando se propõe a criação de um Parque Nacional: um imenso potencial turístico. Não menos importante é a ocorrência de grande número de cavidades (cavernas) em canga, consideradas raras, sendo pelo menos quatro delas já indicadas para a classificação “relevância máxima” de acordo com os Decretos 99556/1990 e 6640/2008 e a IN-ICMBio 02/2009 (Coelho et al. 2010). Além dos diversos aspectos que conferem à área importância para a conservação da natureza e das águas, há ainda atributos paleontológicos e históricos notáveis, que tornam ainda mais inequívoca a necessidade de preservação da área proposta para o Parque Nacional. Dentre estes podemos destacar: a existência de sítio paleontológico registrado, homologado pelo SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) como patrimônio da humanidade e a existência de acervo arqueológico, e histórico (ruínas dos séculos XVIII e XIX e trechos da Estrada Real). Pelas suas características singulares, a área apresenta imenso potencial turístico e científico, e despertou o interesse social, existindo hoje uma grande mobilização de cidadãos, ONGs e instituições diversas no sentido da sua preservação. As reivindicações deste movimento popular estão amplamente divulgadas em diversos meios de comunicação e defendem a criação do Parque Nacional e a preservação de todos estes atributos que fazem da Serra do Gandarela um lugar singular. A proposta de criação de um Parque Nacional na região do Gandarela foi inicialmente apresentada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pelo Projeto Manuelzão/UFMG, através de ofício datado de outubro de 2009, com farta documentação anexa, tendo como base os estudos apresentados em dissertação de mestrado do Instituto de Geociências da UFMG. A análise da documentação enviada levou à formalização do processo número 02070.002759/2009-75 e posterior aprofundamento da análise da proposta. Esta análise confirmou sua pertinência, passando-se então aos estudos técnicos e à consolidação da proposta de criação de Unidade de Conservação Federal, conforme a Instrução Normativa – IN no 5/2008 do ICMBio, que apresentamos neste documento.
2. OBJETIVOS Apresentar a proposta de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, no Estado de Minas Gerais, justificar a sua importância e pertinência e identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a criação desta Unidade de Conservação Federal.
3. MÉTODOS Este estudo se iniciou a partir da proposta do Projeto Manuelzão, apoiada por outras 25 entidades. Procedeu-se então a uma revisão bibliográfica, incluindo a revisão de bases cartográficas e imagens de satélite. Concomitantemente, foram realizadas reuniões técnicas 4
da equipe do ICMBio (CR-11 e CCUC) com colaboradores voluntários, para recolhimento e análise do material existente sobre o local e elaboração de um esboço de limites e dos atributos relevantes da região, que justificariam a criação de uma unidade de conservação federal. Para a conferência das informações e verificação in loco da relevância ambiental da área foram realizadas vistorias técnicas nos dias 18 de dezembro de 2009, 24 e 25 de março, 31 de maio, 2 e 15 de junho de 2010. A equipe técnica do ICMBio, auxiliada por colaboradores voluntários, procedeu às vistorias, onde foram feitas anotações sobre pontos relevantes e fotografias digitais dos locais visitados, indexando-os à marcação dos trajetos e pontos visitados com o uso de GPS. Posteriormente, realizou-se o cruzamento das informações de campo com as informações da bibliografia, cartografia e imagens. Colaboradores elaboraram um dossiê com informações complementares, que foi analisado e juntado à documentação pré-existente. Procedeu-se então à organização, sistematização e montagem das bases cartográficas, das imagens e do texto final, consolidando-se a síntese da proposta.
4. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA Propostas de criação de novas unidades de conservação federais no Brasil podem nascer dentro do próprio órgão responsável pela sua criação e gestão (ICMBio) ou ser encaminhadas por pessoas ou entidades externas. No presente caso, a formalização do processo se deu pelo recebimento de um Ofício do Projeto Manuelzão. A apreciação técnica da documentação convenceu a Coordenação de Criação de Unidades de Conservação (CCUC) do ICMBio da pertinência de se considerar a possibilidade da criação de um Parque Nacional na área. A região do Quadrilátero Ferrífero, onde se insere a área em estudos, foi considerada de “prioritdade extremamente alta” pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no estudo "Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira" (MMA 2004, 2007). A ação indicada pelo Ministério do meio Ambiente no referido documento para a região é a “criação de unidade de conservação de proteção integral”. A criação de novas unidades de conservação federais é a principal ferramenta adotada pelo MMA, através do ICMBio, para a proteção do patrimônio natural Brasileiro. Para a definição de quais seriam as áreas mais indicadas para este fim, tem havido algumas iniciativas, governamentais ou não, que visam categorizar as áreas com potencial para a criação de unidades de conservação de acordo com critérios de prioridade. Em 2005 foi publicado o estudo “Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua Conservação” realizado em parceria da Fundação Biodiversitas com o Instituto Estadual de Florestas - IEF/MG. Por meio da consulta a especialistas de diversos grupos taxonômicos. Este estudo definiu oficialmente as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais (Biodiversitas, 2005). Entre as áreas classificadas como de importância biológica “especial” (a categoria de maior prioridade) está a área 85, correspondente ao Quadrilátero Ferrífero. As principais ameaças identificadas à biodiversidade do Quadrilátero 5
são: 1) mineração, 2) expansão urbana, 3) agricultura, 4) queimadas. As ações propostas para a proteção da área são: 1) planos de manejo, 2) unidades de conservação (criação), 3) inventários, 4) recuperação, 5) educação ambiental. As justificativas para o grau de prioridade atribuída ao Quadrilátero são: “endemismo de anfíbios e plantas, alta riqueza de vertebrados, ambiente único no estado (campos ferruginosos)”. Entre os remanescentes de campos ferruginosos que ainda não foram destruídos no Quadrilátero, sobretudo pela atividade minerária, os mais significativos e bem conservados encontram-se na Serra do Gandarela (Carmo, 2010). Outro estudo que merece destaque foi realizado em parceria entre a Conservação Internacional do Brasil e o Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre, também com a participação de diversos especialistas, que procurou definir as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade na Cadeia do Espinhaço. Foi realizado um seminário em 2006, na Serra do Cipó, que reuniu especialistas em diversos grupos taxonômicos e gestores de unidades de conservação, além de consultas via internet para a catalogação de registros de ocorrência de espécies da fauna e da flora nativas no Espinhaço. Entre os principais resultados deste esforço encontra-se o artigo publicado em 2008 que, com base em diversos critérios, incluindo relação custo/ benefício e grau de insubstituibilidade e complementaridade das áreas apontadas (Silva et al. 2008). Este estudo considera a Cadeia do Espinhaço como uma das regiões reconhecidas como “centro de endemismo e biodiversidade” que, apesar de sua importância, apresenta baixo grau de proteção. Neste sentido, haveria a necessidade de quase triplicar a área hoje protegida para que se tornasse efetiva esta proteção. Para tal são apontadas 27 áreas onde se recomenda a criação de novas unidades, entre as quais figura a região da Serra do Gandarela (Silva et al. 2008). Em 2008, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA e o Instituto Estadual de Florestas – IEF/MG, desenvolveram estudo denominado “Identificação de Áreas Prioritárias para a Implantação de Sistema de Áreas Protegidas e Corredores Ecológicos no Setor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte”. Este documento apresentou áreas prioritárias ao sul da RMBH e detalhou ações com vistas à conservação de sua biodiversidade, recursos hídricos e paisagens. Mais uma vez, a Serra do Gandarela aparece em destaque com a clara vocação para a criação de uma nova unidade de conservação. Destacamos a seguir trechos deste estudo que ressaltam esta vocação: “Setor V – Serra do Gandarela/ Cabeceira do rio Conceição” “Justificativas: Trata-se de uma ampla região com baixa ocupação antrópica, havendo extensos e diversos ambientes naturais preservados. Concentra-se neste setor um grande número de cursos d’água contribuintes da margem direita do rio das Velhas, representando significativo volume de água, utilizado no abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esta água é captada pela COPASA na ETA de Bela Fama e é considerada a fonte mais importante de abastecimento da RMBH, captada na bacia do rio das Velhas.” 6
“Relevo: As feições de relevo mais notáveis neste setor, que é possivelmente uma das regiões do Quadrilátero Ferrífero que guardam maior geodiversidade, são as serras que formam o arco do Espinhaço, destacandose na paisagem. A diversidade de litótipos e o gradiente altitudinal permitem interações multivariadas entre os elementos dos sistemas abióticos e bióticos que se traduzem em expressiva riqueza de sítios ainda bem conservados, onde certamente haverá justificativas diversas para a criação de novas unidades de conservação, que já fizeram por incluí-la na Reserva da biosfera do Espinhaço.” “Hidrografia: A região abrange parte do divisor entre as grandes bacias dos rios São Francisco e Doce, representados pelo rio das Velhas e pelos rios Conceição e Socorro ou Barão de Cocais, este com suas nascentes no segmento da Serra do Gandarela. A região com altitudes acima de 1.650 metros é forte produtora de água, possuindo milhares de nascentes, drenando para esses dois grandes sistemas hidrográficos.” “Cobertura vegetal: A vegetação compreende formas de campos rupestres, campos graminosos, cerrados e florestas, todos em bom estado de preservação.” “Conectividade de ambientes naturais: A taxa de conectividade é elevada. Ambientes campestres e savânicos se conectam pelas maiores altitudes e os florestais predominam nas menores cotas, atravessando a cadeia de montanhas pelas grotas encaixadas das maiores altitudes.” “Oportunidades: Esta área apresenta a mais extensa região ocupada por ambientes naturais da porção metropolitana de Belo Horizonte e produz grande volume de água de vital importância para a população humana regional. Por abranger porções das bacias do rio das Velhas, por conseqüência do rio São Francisco, e do rio Doce, todas elas com programas institucionais relacionados à sua conservação e revitalização ambiental, têm-se um amplo leque de oportunidades de se criar estratégias de preservação.” Outra fonte de argumentos em favor da preservação da Serra do Gandarela provém de trabalho realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, intitulado “Contribuição do IBRAM para o zoneamento ecológico-econômico e o planejamento ambiental de municípios integrantes da APA-SUL RMBH”. Este estudo incluiu a classificação de imagens por sensoriamento remoto (IBRAM, 2003) que resultou em mapas que, sobrepostos à proposta de criação do Parque, atestam a sua relevância e vocação para a conservação da biodiversidade, como será demonstrado à frente (Figuras 5.2.1, 5.2.2 e 5.2.3). Há, portanto, uma farta documentação recomendando a tomada de medidas para a proteção e a preservação dos atributos naturais da Serra do Gandarela. Faz-se adiante neste documento o detalhamento de alguns pontos considerados como de maior relevância para tal. 7
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA A área proposta está situada na Cadeia do Espinhaço, em sua porção meridional, no Quadrilátero Ferrífero, a maior parte na região conhecida como Serra do Gandarela, de grande destaque no que se refere à existência de remanescentes muito bem preservados de campos sobre cangas, campos rupestres sobre quartzito, mata atlântica semi-decidual, cavernas em canga (pelo menos quatro de relevância máxima) e grande concentração de nascentes que vertem para as bacias dos rios Doce e São Francisco, através de seus tributários Conceição e das Velhas. Há ainda uma porção ao sul, em região conhecida como Serra.do Capanema, incluída com o intuito de proteger importantes áreas de campos sobre cangas e remanescentes de mata que, juntos, comporão um corredor entre duas unidades de conservação já existentes: a RPPN Santuário do Caraça e a Floresta Estadual de Uaimii. Os limites propostos, principais atributos, rede hidrográfica e participação por município estão ilustrados nas figuras 5.1 e 5.2. A área total da proposta e participação de cada município estão na Tabela 5.1. Esta proposta baseia-se no potencial que se observa dentro do polígono proposto para a conservação de uma grande quantidade de atributos naturais e culturais. Buscou-se maximizar a quantidade de alvos de conservação abrangidos e o potencial de integração com outras áreas protegidas. Com este desenho entende-se que preserva-se um significativo corredor de cangas, nas cristas das Serras do Gandarela e Capanema, que inclui-se um grande remanescente de Floresta Estacional Semidecídua, que protege-se as áreas de recarga de aqüíferos, nascentes e rios e lagoas mais bem preservados da região, que formase um corredor entre a RPPN Santuário do Caraça e a Floresta Estadual de Uaimii e que a futura uniadde de conservação teria um grande potencial turístico. É importante ressaltar que esta proposta de limites é preliminar e que, para se chegar aos limites definitivos é necessário ouvir a sociedade local, que deve ter considerações e contribuições relevantes para o aperfeiçoamento da proposta, como está previsto na IN no 5/2008 do ICMBio e na própria Lei 9.985/2000 (SNUC), através da realização obrigatória de consulta pública.
Tabela 5.1: Área de cada município inserida na proposta e área total da proposta Nome do Município Barão de Cocais Caeté Itabirito Nova Lima Ouro Preto Raposos Rio Acima Santa Bárbara TOTAL:
Área Total do Município (ha)
Área Municipal dentro do Parque (ha)
% do Município Afetado
% do Parque por Município
34.160,0 54.070,0 54.280,0 42.910,0 124.490,0 7.190,0 22.950,0 68.270,0
2.150 3.240 2.870 860 2.180 3.670 6.590 16.650 38.210
6,3 6,0 5,3 2,0 1,8 51,0 28,7 24,4
5,6 8,5 7,5 2,2 5,7 9,6 17,2 43,6 100,0
8
9
Figura 5.1: Limites propostos para o Parque Nacional da Serra do Gandarela, destacando alguns dos atributos mais importantes.
Figura 5.2: Distribuição da proposta entre os territórios dos municípios, com rede de drenagem fluvial.
10
5.1. O QUADRILÁTERO SITUAÇÃO ATUAL
FERRÍFERO:
RELEVÂNCIA
PARA
CONSERVAÇÃO
E
A região conhecida como Quadrilátero Ferrífero (QF) compreende área de cerca de 7.200 km2 na região central de Minas Gerais e no extremo sul da Cadeia do Espinhaço. Sua importância para a conservação está reconhecida pela sua inclusão, como um todo ou de áreas específicas, em todas as listas de áreas prioritárias para conservação em diversas escalas, conforme mencionado anteriormente. As ações concretas no sentido de sua proteção, no entanto, estão longe de fazer frente à ameaça representada pela mineração e pela urbanização. A atual tendência de crescimento da economia brasileira, fato positivo sob a maioria dos aspectos, torna ainda mais forte a ameaça, sobretudo à biodiversidade, às paisagens e às águas. Os principais alvos de conservação no QF são os campos ferruginosos, a floresta estacional semidecídua e os recursos hídricos. Além disso, a presença de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, de sítio paleontológico, de sítios históricos, dos atributos geológicos e geomorfológicos, do potencial turístico e de rios, lagoas e cachoeiras, bens de inquestionável valor para a humanidade, aumenta ainda mais a relevância da área. A Figura 5.1.1 (retirada de Carmo, 2010) mostra a localização do QF em relação à Cadeia do Espinhaço. Esta Cadeia é reconhecida mundialmente como um centro de diversidade e endemismo, sobretudo de flora (Giulietti et al., 1997; Rapini et al., 2008), mas também de anfibios (Eterovick, 2003; Leite et al., 2008) e aves (Silva & Bates, 2002; Vasconcelos et al., 2008). A porção mineira da Cadeia do Espinhaço situa-se em divisor de águas entre importantes bacia hidrográficas brasileiras (São Francisco a oeste, Doce e Jequitinhonha a leste) e também no limite entre biomas: Mata Atlântica a leste e Cerrado a oeste. Situa-se, portanto, no limite entre os dois “hotspots” brasileiros, ou seja, os biomas internacionalmente reconhecidos por abrigarem excepcional diversidade sob forte ameaça (Myers et al., 2000). Esta situação se encontra também no QF, embora sob graus de ameaça acima da média, como veremos a seguir. A Figura 5.1.2 (também de Carmo, 2010) destaca as áreas que concentram a maioria dos afloramentos de cangas do QF.
5.1.1. Vegetação dos Campos Ferruginosos ou “Cangas” A preocupação com a situação dos ecossistemas encontrados nestas áreas peculiares, denominadas cangas, é relativamente recente. Uma das razões para isso é o seu relativo desconhecimento. As cangas ocorrem em poucos locais no Brasil, em fragmentos relativamente pequenos e representam uma fonte direta de riqueza mineral. Daí terem sido sempre vistas como áreas de “destinação natural” à mineração. As cangas da região do QF foram intensamente exploradas pela mineração desde os anos 30 do século XX até o presente. A Figura 5.1.3 (de Carmo 2010) ilustra exemplos da diversidade vegetacional das cangas do QF. A literatura sobre as cangas é incipiente. Os levantamentos já realizados, no entanto, permitem apontar alguns números notáveis. Em levantamentos florísticos realizados em 11
quatro afloramentos de cangas, cujas áreas disjuntas totalizam menos de 300 ha, foram identificados 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas vasculares. Apenas 5% das espécies ocorreram em todas as cangas amostradas, caracterizando uma baixa similaridade florística (alta diversidade β) entre as localidades (Jacobi & Carmo, 2008a).
Figura 5.1.1: A) A Cadeia do Espinhaco e em destaque o Quadrilatero Ferrifero, MG. Adaptado de Giulietti et al. (1997) por Carmo (2010); B) Mapa do relevo do setor mineiro da Cadeia do Espinhaco e em destaque o Quadrilatero Ferrifero. Adaptado de Miranda (2005) por Carmo (2010).
12
Figura 5.1.2: Relevo do Quadrilatero Ferrifero (adaptado de Miranda, 2005) e as principais estruturas geologicas (Endo et al., 1991). A: Serra do Curral; B: Sinclinal Moeda; C: Sinclinal Gandarela; D: Chapada de Canga*; E: Sinclinal Alegria; F: Sinclinal Ouro Fino; G: Sinclinal Conta Historia; H: Sinclinal Dom Bosco. Retirado de Carmo (2010). *A Formacao Chapada de Canga representa uma unidade estratigráfica (Sant’Anna & Schorscher, 1997).
Em um trabalho recente, Carmo (2010) fez uma análise detalhada da situação das áreas de cangas do QF. De forma minuciosa, demonstrou a importância das cangas e a situação atual de ameaça e vulnerabilidade em que se encontram as áreas de canga, propondo áreas prioritárias para ações emergenciais de conservação de pelo menos uma amostra significativa deste singular ecossistema.
13
Figura 5.1.3: Heterogeneidade ambiental e as diversas fisionomias vegetais encontradas em cangas no Quadrilátero Ferrífero. A) Extensos lajeados localizados na Chapada de Canga (Catas Altas) e as ilhas de vegetação formadas por Vellozia sp.; B) Vegetação rupestre em cangas localizadas na Serra de Capanema (Ouro Preto); C) Vegetacao rupestre localizada na Serra da Brígida (Ouro Preto); D) Lagoa localizada em Catas Altas; E) Escarpa com cerca de 20 m de altura localizada no P.E. Serra do Rola Moca (Nova Lima); F) Capão de altitude localizado na Serra da Moeda (Moeda). Retirada de Carmo (2010). Fotos: Flavio Fonseca.
O parágrafo abaixo, extraído de Jacobi & Carmo (2008a) resume adequadamente a situação da vegetação de canga no QF: “Os campos rupestres ferruginosos, conhecidos como vegetação de canga, estão concentrados no Quadrilátero Ferrífero, em áreas associadas a 14
gigantescos depósitos de minério de ferro. É um dos ecossistemas menos estudados de Minas Gerais, embora entre os mais ameaçados, principalmente devido à intensa atividade mineradora associada a seus afloramentos de ferro. Os poucos e recentes levantamentos florísticos restritos a estes afloramentos, que somados não chegam a uma área de 260 ha, indicaram uma alta diversidade alfa e beta. Em quatro levantamentos foram identificadas 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas vasculares, distribuídos nos diversos habitats resultantes de uma evolução geomorfológica muito peculiar. As espécies comuns a esses afloramentos, entretanto, não chegam a 5%. Comparadas com outros afloramentos rochosos, como os de quartzito, as cangas contribuem substancialmente para a diversidade regional da flora. Um dos grupos vegetais mais relevantes para a conservação de regiões metalíferas são as metalófitas, com espécies capazes de crescer na presença de metais tóxicos, podendo oferecer serviços ecológicos como a fitoextração, fitoestabilização e fitoprospecção. O incremento da atividade mineradora, aliado à carência de unidades de conservação que abrigam este ecossistema, constituem as principais ameaças aos campos rupestres ferruginosos.”
De acordo com Jacobi & Carmo (2008b), quase não há áreas públicas protegidas incluindo afloramentos de cangas, como se vê na Tabela 5.1.1. A única é o Parque Estadual da Serra do Rola Moça, que protege apenas pouco mais de 200 ha desta formação (Figura 5.1.4). Este fator explica o alto grau de vulnerabilidade das áreas de canga. O QF está dividido em centenas de pequenos polígonos que delimitam áreas de requerimento ou licença de pesquisa, disponibilidade, requerimento ou licença de lavra, solicitados ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou já concedidos (Figura 5.1.5). Esta destinação historicamente dada às áreas de canga leva à perda de grande quantidade de espécies, pois, como esta comunidade apresenta altos níveis de endemismo, ou seja, de espécies que só ocorrem nesta região, algumas espécies podem ainda nem ter sido descritas pela ciência. Várias destas espécies apresentam adaptações altamente específicas para a sobrevivência em solo com alto teor de metais. As chamadas “metalófilas” são plantas conhecidas em todo o mundo como portadoras de adaptações que levam ao aumento das concentrações destes metais em seus tecidos. O nível de concentração de metais nestas plantas pode ser mais elevado que o encontrado no solo (Jacobi & Carmo, 2008b). Este tipo de adaptação explica as altas taxas de endemismo, na medida em que torna estas espécies incapazes de sobreviver em solos que não tenham as altas concentrações de metais verificadas nas cangas. E faz com que esta flora tenha grande e pouco explorado potencial farmacológico. A Tabela 5.1.2, extraída de Carmo (2010), reforça a importância das cangas do ponto de vista da conservação da biodiversidade. Nela são listadas 89 espécies registradas nas cangas do QF, sendo 77 endêmicas ou provavelmente endêmicas, das quais 51 são citadas no livro “Plantas Raras do Brasil” (Giulietti et al. 2009). Destas espécies, onze são citadas na Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, IN 06/2008) e 40 foram 15
incluídas na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Machado et al. 1998).
Tabela 5.1.1: Unidades de Conservação públicas no sudeste brasileiro contendo afloramentos rochosos (traduzido do original em inglês de Jacobi & Carmo, 2008b)
Tipo de Rocha Canga Granito Arenito
Parques Nacionais — 5 4
Parques Estaduais de Minas Gerais 1 2 11
Área Total dos Parques (hectares) 3.900 210.361 676.976
O estudo de Carmo (2010) apresenta uma avaliação de 34 cangas, totalizando 4.891 ha, com relação à sua situação de ameaça. Nesta avaliação foram estabelecidas categorias de ameaça, onde apenas uma (0,5% da área avaliada) foi classificada como “relativamente estável”; 18 cangas ficaram na categoria “vulnerável”, 11 “em perigo” e quatro “criticamente em perigo”, conforme ilustra a Figura 5.1.6, extraída na íntegra de Carmo (2010).
16
Figura 5.1.4: Mapa de cobertura vegetal do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, no qual se observa a presença da formação de Canga em áreas restritas do Parque (figura extraída do Plano de Manejo do Parque Estadual do Rola-Moça, disponível em: http://www.biodiversitas.org.br/planosdemanejo/pesrm/dados/pdf/Pdf_encartes/Enc3_PESRM_EEF-995.pdf).
17
Tabela 5.1.2: Espécies de plantas vasculares com alto valor para a conservação que ocorrem no Quadrilátero Ferrífero, MG. DG: distribuição geográfica; CG: endêmica ou presumivelmente endêmica de cangas do Quadrilátero Ferrífero; QF: Quadrilátero Ferrífero; PLR: planta rara (sensu Giulietti et al., 2009); BR: Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção; MG: Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora do Estado de Minas Gerais; AE: ameaçada de extinção; EX: extinta; CR: criticamente em perigo; EN: em perigo; VU: vulnerável; NA: não ameaçada; DD: deficiência de dados. (Modificado de Carmo, 2010) Família 1 Pteridófitas Aspleniaceae Grammitidaceae Hymenophyllaceae Lomariopsidaceae Lycopodiaceae Angiospermas Acanthaceae
Annonaceae Apocynaceae
Araliaceae Asteraceae
Bignoniaceae Bromeliaceae
Cactaceae
Caryophyllaceae
Espécie
DG
Alplenium schwackei Christ Ceradenia warmingii (C. Chr.) Labiak Hymenophyllum silveirae Christ Elaphoglossum badinii Novelino Huperzia rubra (Cham. & Schltdl.) Trevis
QF QF QF QF QF
Staurogyne minarum (Nees) Kuntze Staurogyne vauthieriana (Nees) Kuntze Staurogyne warmingiana (Hiern) Leonard Annona saffordiana R.E. Fries Ditassa longisepala (Hua) Fontella & E.A.Schwarz 2 Ditassa monocoronata (Rapini) T.U.P. Konno & Rapini 6 Ditassa myrtilloides Fenzl ex E. Fourn. 6 Ditassa pedunculata Malme Schefflera lucumoides (Decne. & Planch. ex Marchal) Frodin & Fiaschi Chionolaena lychnophorioides Sch.Bip. Dasyphyllum trychophyllum Stevia resinosa Gardner Lundia damazii DC. 3 Billbergia amoena var. minor (Antoine & Beer) L.B. Sm. 3 Billbergia elegans Mart. ex Schult.& Schult. f. 3 Cryptanthus caracensis Leme & E. Gross 3 Cryptanthus glaziovii Mez 3 Cryptanthus schwackeanus Mez Dyckia bracteata (Wittm.) Mez 3,4 Dyckia consimilis Mez 3,4 Dyckia densiflora Schult. & Schult. f. 3 Dyckia elata Mez 3,4 Dyckia schwackeana Mez 3 Dyckia simulans L.B. Sm. 3 Dyckia trichostachya Baker 3 Nidularium linehamii Leme 3 Vriesea clausseniana (Baker) Mez 3,7 Vriesea longistaminea C.C.Paula & Leme 3,4 Vriesea minarum L.B. Sm. 4 Arthrocereus glaziovii (K.Schum.) N.P.Taylor & Zappi Cipocereus laniflorus N.P.Taylor & Zappi Paronychia fasciculata Chaudhri
QF QF QF QF QF CG QF QF QF
QF QF QF QF QF QF QF QF CG CG QF CG QF QF QF QF CG CG CG QF QF
PLR
X X X X X
BR
MG
AE AE DD
CR CR CR
AE
CR
DD AE
EN CR
DD
VU EN
EN VU
X X X X X
DD
VU DD DD
DD DD
VU VU VU NA DD DD
X X
CR DD DD
X X X
DD DD DD AE
EN CR VU CR CR DD
18
Celastraceae Eriocaulaceae
Fabaceae
Gentianaceae Gesneriaceae Lamiaceae
Lauraceae Malpighiaceae Melastomataceae
Monimiaceae Myrtaceae Ochnaceae Oleaceae Orchidaceae
Orobanchaceae Passifloraceae Plantaginaceae Poaceae Polygalaceae Symplocaceae
Maytenus radlkoferiana Loes Actinocephalus falcifolius (Koern.) Sano Leiothrix gomesii Silveira Paepalanthus conduplicatus Koern. Paepalanthus flaviceps Koern. Paepalanthus garimpensis Silveira Paepalanthus langsdorffii (Bong.) Koern. Paepalanthus xiphophyllus Ruhland Chamaecrista caracencis (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby Chamaecrista itabiritoana (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby Chamaecrista pilicarpa (Harms) H.S.Irwin & Barneby 4 Mimosa calodendron Mart. ex Benth. Deianira damazioi E.F.Guim. Sinningia4 rupicola (Mart.) Wiehler Hyptidendron claussenii (Benth.) Harley Hyptis rhypidiophylla Briq. Hyptis tricephala A.St.-Hil. ex Benth. Cryptocarya sellowiana P.L.R. de Moraes Persea pedunculosa Meisn. Banisteriopsis salicifolia (DC.) B. Gates Cambessedesia pityrophylla (Mart. ex DC.) A.B.Martins Eriocnema acaulis Triana Eriocnema fulva Naudin Lavoisiera punctata Mart. & Schrank. ex DC Microlicia cuspidifolia Mart. Microlicia glazioviana Cogn. Microlicia microphylla (Naudin) Cogn. Microlicia suborbicularifolia Hoehne Trembleya calycina Cham. Trembleya rosmarinoides DC Macropeplus schwackeanus (Perkins) I. Santos & Peixoto Accara elegans (DC.) Landrum Campomanesia prosthecepala Kiaersk. Luxemburgia corymbosa A.St.-Hil Chionanthus greenii Lombardi Habenaria itacolumia Garay 4 Oncidium gracile Lindl. 4 Sophronitis milleri (Blumensh. ex Pabst) Van den Berg & M.W. Chase Agalinis schwackeana (Diels) V.C. Souza & Giul. Passiflora hypoglauca Harms. Stemodia lobata J.A.Schmidt Colanthelia distans (Trin.) McClure 4 Paspalum brachytrichum Hack. Securidaca acuminata A.St.-Hil. & Moq. Symplocos angulata Brand
QF QF QF QF QF QF QF QF
X X X X X X X X X
QF
X
QF
X
CG QF CG QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF QF
QF QF QF QF CG CG
QF CG QF
DD CR EX CR CR DD
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X X X X
AE AE DD
VU VU VU VU
DD
NA DD DD
AE AE
DD CR DD DD DD DD
DD DD DD
DD DD DD DD DD
VU DD CR
AE DD DD
CR CR CR DD DD DD CR CR DD
19
Symplocos microstyla Aranha, P.W. Fritsch et Almeda Barbacenia williamsii L.B.Sm. Velloziaceae Vellozia sellowii Seub. Stachytarpheta ajugifolia Schauer Verbenaceae 5 Stachytarpheta confertifolia Moldenke Xyris nigricans L.A.Nilsson Xyridaceae Xyris villosicarinata Kral & Wand. 1: Salino & Almeida, 2008 2: Rapini et al., 2002 3: Versieux et al., 2008 4: Viana, 2008 5: Atkins, 2005 6: Rapini, 2000 7: Leme & Paula, 2004 * S. confertifolia possui distribuição disjunta no estado de Goiás.
QF
X
QF QF
X X X
VU
*CG QF
X X
AE
CR CR EN
Figura 5.1.5: Títulos minerários para ferro em regiões de cangas e formações ferríferas bandadas no Quadrilátero Ferrífero, MG. (Extraído de Carmo, 2010)
20
Figura 5.1.6: Total das áreas (ha) das 34 cangas avaliadas e suas respectivas categorias de ameaça. CR: Criticamente em perigo (n = 4); EP: Em perigo (n = 11); VU: Vulnerável (n = 18); RE: Relativamente estável (n = 1). Extraído de Carmo (2010).
5.1.2. Floresta Estacional Semidecídua A Mata Atlântica é, sem dúvida, o bioma mais alterado pela ocupação humana no Brasil. O processo se iniciou antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, já que as práticas agrícolas dos indígenas incluíam o uso do fogo para a limpeza de áreas para plantio (Dean, 1996). Os efeitos dessas práticas, no entanto, dificilmente são perceptíveis hoje, face à intensidade infinitamente maior do uso e ocupação a partir da chegada dos europeus. É muito recente a preocupação com a devastação da vegetação nativa, em especial da Mata Atlântica. Foram quase 500 anos de expansão ininterrupta da ocupação dos espaços antes cobertos pelas diversas fisionomias enquadradas no domínio da Mata Atlântica. Como resultado, restam apenas cerca de 8% da área original do bioma ainda cobertos de remanescentes em condições de razoáveis a boas de preservação (Galindo-Leal & Câmara, 2005). Ainda mais grave é a situação das Matas Estacionais: este tipo florestal correspondia a cerca de 48% da área original do bioma (Câmara 2005) e dele restam apenas cerca de 3% da cobertura original (Figura 5.1.7, Galindo-Leal & Câmara, 2005). Justamente esta fitofisionomia é encontrada na região do Gandarela (Figura 5.1.8) e corresponde a cerca de 48% da área proposta para o Parque Nacional da Serra do Gandarela (Figura 5.2.1). Trata-se de um tesouro precioso em plena região metropolitana de Belo Horizonte. O texto abaixo, não publicado, foi gentilmente cedido pelas pesquisadoras Luciana Hiromi Yoshino Kamino e Tereza Cristina Spósito (Comunicação pessoal), e acrescenta informações relevantes sobre as formações florestais encontradas na Serra do Gandarela, contribuindo para atestar a relevância destas formações e a importância de sua proteção. 21
“A formação florestal predominante na Serra do Gandarela é a Floresta Estacional Semidecídua, sendo que a maior parte se encontra nos estágios médio e avançado de regeneração. Existem ainda algumas ocorrências de mata em estágio primário. A Mata Primária localizada-se nas encostas íngremes adjacentes às cangas em vales encaixados, com dossel superior a 20m de altura e com ocorrência de árvores emergentes com mais de 30m (Cariniana legalis). Observa-se a presença de indivíduos pioneiros de forma aleatória e pontual (Cecropia hololeuca – embaúba-branca), sugerindo dinâmica de clareira de mata madura (Oliveira-Filho, comunicação pessoal). Destaca-se a ocorrência de Euterpe edulis, o palmito-jussara, espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Em Perigo’ (Fundação Biodiversitas 2009). Observa-se ainda uma riqueza e abundância de epífitas das famílias Araceae, Orchidaceae e Bromeliaceae e de pteridófitas (Asplenium harpeodo, Pecluma trumcorum, Selaginela flexuosa e Thrichomanes sp.). O sub-bosque é composto principalmente por espécies da família Melastomataceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Piperaceae. Observa-se ainda a presença da pteridófita Marattia cicutifolia, ocorrente somente em matas em bom estado de conservação (Prof. Alexandre Salino, UFMG, comunicação pessoal). Além dessas, estão presente ainda Alsophila setosa (samambaiaçu) e Asplenium mucronatum (epífita), pteridófitas indicadoras de matas úmidas. Estas duas últimas espécies são consideradas o primeiro registro para o Quadrilátero Ferrífero e segundo registro para o estado de Minas Gerais, conhecidas apenas na serra do Itambé do Mato Dentro (Salino & Almeida, 2008). Nos pontos de maior altitude, variando entre 1.100 m e 1.600 m, ocorrem capões isolados de matas nebulares. Algumas vezes, esses capões crescem sobre antigas dolinas formadas pelo desabamento dos tetos das cavernas de canga. A composição florística inclui espécies típicas de altitude e aquelas ocorrentes em áreas de grande umidade, como espécies de Drimys brasiliensis, Eremanthus incanus, Ilex spp., Ouratea semiserrata e espécies da família Lauraceae (Oliveira-Filho e Fontes 2000). As florestas ciliares e as de galerias estão presentes em quase todos os cursos d’água, em ótimo estado de conservação, sendo que a maioria ultrapassa os limites das Áreas de Preservação Permanente – APP determinadas no Código Florestal. Essas florestas têm caráter perenifólio nas margens dos cursos d’água e semidecíduo nas encostas adjacentes. No dossel há predomínio de espécies arbóreas emergentes que chegam alcançar 20 m de altura. Como exemplos citamos as espécies Anadenanthera colubrina, Byrsonima stipulacea (espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Vulnerável’), Copaifera langsdorffii, Cupania vernalis, Dalbergia nigra (espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Vulnerável’), Melanoxylon brauna (espécie ameaçada de extinção na categoria ‘Vulnerável’) e Piptadenia gonoacantha. 22
Esses remanescentes florestais constituem um corredor ecológico unindo a Serra do Gandarela, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário do Caraça e a Floresta Estadual de Uaimií, conservando importantes áreas de floresta na região. Considerando o alto nível de destruição ambiental e exploração ocorrente no Quadrilátero Ferrífero, a Serra do Gandarela possui grande vocação para a conservação da biodiversidade.”
Figura 5.1.7: Porcentagem de remanescentes florestais (em preto) nas diferentes regiões biogeográficas do hotspot Mata Atlântica. Note-se que as Florestas Estacionais (Florestas de Interior) são, entre todas as variantes da Mata Atlântica, aquelas com menor percentual de remanescentes (3%), enquanto a porcentagem remanescente do bioma como um todo é de cerca de 8% (Figura retirada de Galindo-Leal & Câmara, 2005).
23
Figura 5.1.8: Imagens da Mata Estacional Semidecidual encontrada na Serra do Gandarela e da ameaça que a cerca com o avanço do uso e da ocupação da região (Fotos: A: Alice Okawara; B: Paulo Baptista; C: Alice Okawara).
24
5.1.3. Aves no Quadrilátero Ferrífero Ferreira et al. (2009) realizaram um levantamento da avifauna de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, a RPPN Mata Samuel de Paula (MSP, com área de 147 ha), no município de Nova Lima. O trabalho resultou em uma lista de espécies e em uma análise comparativa com levantamentos realizados anteriormente em outras cinco áreas protegidas do QF. Os levantamentos usados na comparação foram realizados no Parque Estadual do Itacolomi (PEI, 7.543 ha), na RPPN Santuário do Caraça (11.233 ha), no Parque Natural Municipal Paredão da Serra do Curral (PPSC, 39 ha, Belo Horizonte), na “Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de Peti” (EPDA Peti, 605 ha, pertencente à CEMIG – não é uma unidade de conservação do SNUC) e no Parque Estadual da Serra do Rola Moça (PESRM, 3.941 ha). O conhecimento da composição regional da biota é essencial para um planejamento, que pretenda preencher as lacunas na proteção da biodiversidade, podendo sugerir a criação de novas áreas protegidas que incluam espécies mal representadas nas unidades de conservação já existentes. O Anexo 1 apresenta a lista das espécies registradas pelos autores na RPPN MSP. A Tabela 5.1.3 mostra apenas as espécies consideradas endêmicas ou incluídas em listas de espécies ameaçadas nas seis áreas protegidas que tiveram os levantamentos de avifauna analisados. Espécies classificadas como endêmicas são mais numerosas na Mata Atlântica que no Cerrado. Embora as áreas protegidas analisadas estejam dentro dos limites oficiais da Mata Atlântica, o QF é uma região de transição, sendo normal a presença de espécies dos dois biomas. Os autores ressaltam, no entanto, a baixa representatividade de espécies raras, endêmicas e ameaçadas, apesar de as áreas analisadas conterem fragmentos de mata. Esta escassez é apontada como um indício de que as áreas protegidas do QF não têm tamanho suficiente para abrigar uma comunidade de aves representativa. A Figura 5.1.9 representa gráfica e estatisticamente esta situação, mostrando que a representatividade de espécies raras é maior nas áreas protegidas de maior área, indicando que as áreas menores não são suficientes para conservar comunidades íntegras. Chamamos à atenção para o fato de que a maior destas áreas protegidas tem apenas 11 mil ha. Adicionando as áreas da Floresta Estadual de Uaimii (4.398 ha), da Estação Ecológica de Tripuí (337 ha) e do Monumento Natural da Serra da Piedade (1.945 ha) a soma de todas as áreas protegidas (sem as APAs) perfaz 30.188 ha, ou 4,19% da área do QF, o que evidencia a baixa proteção dos ambientes do QF e ressalta a necessidade da criação de unidades de conservação de proteção integral maiores, de modo a aumentar as chances de sobrevivência, principalmente das espécies mais vulneráveis, algumas já oficialmente ameaçadas de extinção.
25
Tabela 5.1.3: Distribuição e situação de conservação das espécies ameaçadas e/ou endêmicas em seis Unidades de Conservação do Quadrilátero Ferrífero. Conservação: (gc) criticamente em perigo, (gp) em perigo, (gv) vulnerável e (gq) quase-ameaçado de extinção no mundo (BirdLife International 2008); (rc) criticamente em perigo (rp), em perigo e (rv) vulnerável à extinção em Minas Gerais (Machado et al. 1998). Endemismo: (1) endêmica da Mata Atlântica, segundo Stotz et al. (1996); (2) endêmica do Cerrado e (3) endêmica dos topos de montanha do sudeste do Brasil, segundo Silva & Bates (2002) e Vasconcelos et al. (2003). Classificação taxonômica segundo CBRO (2008). Retirada de Ferreira et al. 2009). Espécies Tinamus solitarius crypturellus noctivagus Mergus octosetaceus Penélope obscura Crax blumenbachii Odontophorus capueira Cathartes burrovianus Leucopternis polionotus Harpyhaliaetus coronatus Spizaetus tyrannus Aramides saracura Amazona vinacea Pyrrhura frontalis Primolius maracanã Pulsatrix koeniswaldiana Strix hylophila Macropsalis forcipata Phaethornis eurynome Aphantochroa cirrochloris Florisuga fusca Thalurania glaucopis Leucochloris albicollis Clytolaema rubricauda Augastes scutatus Trogon surrucura Baryphthengus ruficapillus Malacoptila striata Ramphastos dicolorus Melanerpes flavifrons Veniliornis maculifrons Piculus aurulentus Campephilus robustus Melanopareia torquata Mackenziaena leachii Mackenziaena severa Formicivora serrana Drymophila ferruginea Drymophila rubricollis
Endemismo e conservação 1, gq, rc 1, gq, rc 2, gc, rc Rv 1,gp, rc 1, rv 1 1, gq rp Gp, rp rp 1 1, gv, rp 1 gq 1 1, gq 1,rv 1 1 1 1 1 1 2, gq 1 1 1 1 1 1 1, gq 1, rp 2 1 1 1 1 1
MSP
PEI
EPDA Peti X**
RPPN Caraça
PPSC
PESRM X**
X*? X X
X X**
X X** X**
X X X
X X
X X
X
X X* X* X* X* X X X X X X X X X
X
X* X X X X
X X X X
X X X* X
X X X X X X
X X
X
X
X X X*?
X X X X X X X
X X X X* X
X X* X X*
X X X X X
X X
X
26
Drymophila ochropyga Drymophila malura Pyriglena leucoptera Myrmeciza loricata Conopophaga lineata Hylopezus nattereri Psilorhamphus guttatus Scytalopus speluncae Scytalopus indigoticus Chamaeza meruloides Sclerurus scansor Xiphorhynchus fuscus Lepidocolaptes squamatus Campylorhamphus falcularius Oreophylax moreirae Synallaxis ruficapilla Cranioleuca pallida Phacellodomus erythrophthalmus Philydor atricapillus Anabazenops fuscus Automolus leucophthalmus Mionectes rufiventris Hemitriccus diops Hemitriccus nidipendulus Myiornis auricularis Todirostrum poliocephalum Phyllomyias virescens Polystictus superciliaris Phylloscartes eximius Knipolegus nigerrimus Muscipipra vetula Attila rufus Phibalura flavirostris Lipaugus lanioides Pyroderus scutatus Neopelma aurifrons Neopelma chrysolophum Ilicura militaris Antilophia galeata Chiroxiphia caudata Schiffornis virescens Laniisoma elegans Hylophilus poicilotis Cyanocorax cristatellus Tachyphonus coronatus
1,gq 1 1 1 1 1 1, gq 1 1, gq 1 1 1 1
X X
X
X
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1, gq 1 1 1 Gq, rv 1,gq, rv 1, rv 1, gv 1 1 2 1 1 rv 1 2 1
X X X X X X X* X X X* X X X
X X X X
X
X X
X
X
X X X X X
X
X X X
X X X X X X X X* X* X X X X X* X
X X
X X X X X
X X* X*
X X X X
X
X*? X* X
X X X X
X X*
X
X
X X
X X
X X
X*? X
X
X
X
X X# X X
X X
X X X X X X
X* X**
X X
X
X X X X* X
X
X
X
X
X
X X X*? X X X
X
X
X X
X X X
X X
X X
X X X X X X*? X X
27
Thraupis ornata Euphonia cyanocephala Tangara seledon Tangara desmaresti Tangara cyanoventris Hemithraupis ruficapilla Porphyrospiza caerulescens Haplospiza unicolor Poospiza cinérea Sicalis flaveola Embernagra longicauda Saltator atricollis Basileuterus leucoblepharus
1 1 1 1 1 1 2, gq
X
1 2, gv, rv rv 3, gq 2 1
X X
X
X** X*
X X X
X* X X
X*
X
X* X
X
X
X** X*
X X X* X X X X* X X* X X X X
X X X
X X X
X X
X X
(*) Espécies observadas por Carnevalli em EPDA Peti em 1989, em RPPN Caraça em 1980 e em PEI por Mattos na década de 80 e não observados nos levantamentos posteriores. (**) Espécies participantes de programas de reintrodução. (?) Espécies que podem ter sido registradas por erro de identificação. (#) registrada por Carnevalli em Peti em 1989, antes da revisão da espécie por Whitney et al. (1995).
Figura 5.1.9: Relação entre número de espécies ameaçadas e área das Unidades de Conservação avaliadas. A regressão linear é significativa (F = 18,6275; R2 = 0,8232; p = 0,0137). (Retirado de Ferreira et al. 2009).
28
A RPPN Santuário do Caraça, vizinha à área proposta para o Parque Nacional da Serra do Gandarela, mantém sítio na internet no qual divulga informações sobre fauna (http://www.santuariodocaraca.com.br/cultura/biogeografia.php, consultada em 24/09/2010), onde assinala a ocorrencia de 339 espécies de aves, sendo 71 endêmicas da Mata Atlântica, 4 endêmicas do Cerrado e 4 endêmicas dos topos de montanha do Sudeste do Brasil. Segundo o mesmo sítio na internet, quanto ao status de ameaça, 17 espécies estão incluídas em pelo menos uma das listas oficiais de espécies ameaçadas existentes (IUCN, espécies globalmente ameaçadas; lista nacional e lista estadual). Duas espécies são consideradas “vulneráveis” na lista da IUCN (“capacetinho-do-oco-do-pau”, Poospiza cinerea, e “cigarraverdadeira”, Sporophila falcirostris) e 2 “em perigo” (“águia cinzenta”, Harpyhaliaetus coronatus, e “macuquinho-da-várzea”, Scytalopus iraiensis). Da lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção foram registradas três espécies: “águia-cinzenta” (vulnerável), “macuquinho-da-várzea” (em perigo) e “cigarra-verdadeira” (vulnerável). Constam da lista oficial de espécies ameaçadas da fauna de Minas Gerais 15 espécies registradas neste levantamento. Na categoria “vulnerável”: “jacuaçu” (Penelope obscura), “uru” (Odontophorus capueira), “tesourinha-da-mata” (Phibalura flavirostris), “tropeiro-da-serra” (Lipaugus lanioides), “pavó” (Pyroderus scutatus), “chibante” (Laniisoma elegans), “capacetinho-do-ocodo-pau”, “canário-da-terra-verdadeiro” (Sicalis flaveola). Na categoria “em perigo”: “gaviãopombo-grande” (Leucopternis polionotus), “águia-cinzenta”, “gavião-pega-macaco” (Spizaetus tyrannus), “gavião-de-penacho” (Spizaetus ornatus), “pica-pau-rei” (Campephilus robustus), “cigarra-verdadeira”. Na categoria “criticamente em perigo”: “falcão-de-peito-laranja” (Falco deiroleucus). Vasconcelos et al (2008) registraram na região algumas espécies de importância para a conservação, podendo ser citadas a “águia-cinzenta” (Harpyhaliaetus coronatus) e Poospiza cinerea, espécie também ameaçada de extinção em Minas Gerais (Machado et al., 1998) e globalmente (BirdLife International, 2000). Outro registro importante é a existência de duas “IBAs” (sigla em inglês para “áreas importante para aves” – Important Bird Areas), que são áreas que se destacam pela ocorrência de espécies de aves endêmicas, na região do QF: a Serra do Caraça e Ouro Preto/Mariana (Bencke et al., 2006).
5.1.4. Mamíferos no Quadrilátero Ferrífero Um levantamento da fauna de mamíferos realizado na “Estação de Preservação e Desenvolvimento Ambiental” de Peti (EPDA-Peti), pertencente à Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), reserva particular de cerca de 600 ha, traz uma lista de espécies (Tabela 5.1.4) e algumas informações que, pela proximidade da área em relação à Serra do Gandarela, podem ser consideradas no atual contexto (Paglia et al. 2005). O total de espécies de mamíferos já registrados no Brasil era de 524, sendo 245 registrados em Minas Gerais. O QF é uma região de transição entre os biomas Cerrado e Mata Atlântica, o que contribui para um aumento de diversidade de espécies, pela presença de espécies típicas dos dois biomas. Na Mata Atlântica as espécies de mamíferos registradas eram 270, das quais 89 endêmicas ao bioma. Já para o Cerrado havia registro de 195 espécies, sendo 29
19 endêmicas ao bioma (Paglia et al. 2005). A lista oficial brasileira de espécies ameaçadas à época continha 39 espécies, mas atualmente são 69 (Chiarello et al. 2008). A riqueza de espécies de mamíferos encontrada na EPDA-Peti foi considera alta para uma área de 600 ha, o que, segundo os autores, pode ser explicado, pelo menos parcialmente, pela localização na transição entre biomas. Das 46 espécies, 3 constavam da lista de espécies ameaçadas de Minas Gerais, uma delas também na lista brasileira, e uma constava como “vulnerável” na lista da IUCN. Os autores fazem comparações com dois levantamentos anteriores, de 1989 e de 1996. 15 das espécies encontradas pelo estudo de 2005 não haviam sido registradas nos dois estudos anteriores. Por outro lado, 14 espécies registradas por pelo menos um dos estudos anteriores não foram registradas no estudo de Paglia et al. (2005). Os autores consideram importante que novos estudos verifiquem se estas 14 espécies deixaram de ocorrer na EPDA-Peti ou se sua ausência foi um evento fortuito ou resultado de esforço de coleta insuficiente. Assim como no caso das informações referentes a aves, é evidente que o tamanho das áreas protegidas existentes no QF não é suficiente para garantir a sobrevivência de espécies de maior porte nem de uma diversidade de espécies representativa desta porção do bioma Mata Atlântica.
Tabela 5.1.4: Espécies de mamíferos registradas (presente) e não registradas (ausente) na Estação de Preservação e Desenvolvimento Ambiental de Peti, São Gonçalo do Rio Abaixo, MG, entre maio de 2002 e julho de 2004 (estudo de Paglia et al. 2005) e nos estudos anteriores lá citados (Fonseca et al., 1989 e Tavares & Cesari, 1996). Status de conservação nas listas de espécies ameaçadas de Minas Gerais (MG), do Brasil (BR) e da International Union for Conservation of Nature (IUCN); VU – vulnerável; EP – em perigo; CR – criticamente em perigo. Modificado de Paglia et al. (2005). Inventário (P = presente; A = ausente) Táxon Chiroptera Chrotopterus auritus Carollia perspicillata Glossophaga soricina Anoura caudifer Chiroderma doriae Phyllostomus hastatus Anoura geoffroyi Nyctinomops laticaudatus Molossus molossus Artibeus lituratus Artibeus cf. fimbriatus Sturnira lilium Peropteryx macrotis Plathyrhinus lineatus Plathyrhinus recifinus Pygoderma bilabiatum Vampyressa pussilla
Paglia et al. 2005
Estudos Anteriores
P P P P A A A A A P P P P P P P P
P P P P P P P P P P P P A P A P P
Presença em listas de espécies ameaçadas (MG, BR ou IUCN)
VU (MG/IUCN)
VU (MG/BR/IUCN)
30
Desmodus rotundus Myotis cf. nigricans Myotis sp.1 Myotis sp.2 Rodentia Akodon cursor Bolomys lasiurus Blarinomys breviceps Calomys callosus Nectomys squamipes Oecomys trinitatis Oligoryzomys flavescens Oryzomys subflavus Oxymycterus dasytrichus Rhipidomys mastacalis Trinomys setosus Rattus norvergicus Kannabateomys amblyonyx Wilfredomys pictipes Sciurus aestuans Hydrochaeris hydrochaeris Agouti paca Dasyprocta agouti Didelphimorphia Marmosops incanus Didelphis albiventris Didelphis aurita Caluromys philander Philander frenata Gracilinanus agilis Carnivora Nasua nasua Procyon cancrivorus Eira barbara Galictis cuja Cerdocyon thous Chrysocyon brachyurus Puma concolor Herpailurus yagouaroundi Primates Callithrix geoffroyi Callicebus nigrifrons Cebus nigritus Lagomorpha Silvilagus brasiliensis Artiodactila Mazama sp. Xenartha Dasypus sp. Tamandua tetradactyla
P P P P
P P A A
P P P P P P P P P P P P A A P P P P
P A A P P P A A P P P P P P P P P P
P P P P P A
P P P A P P
P P P A P A A A
P P P P P P P P
P P A
P P P
P
P
P
P
A P
P A
VU (MG)
VU (MG/BR) CR (MG) VU (BR)
EP (MG)
31
De
acordo
com
o
sítio
da
RPPN
Santuário
do
Caraça
na
internet
(http://www.santuariodocaraca.com.br/cultura/biogeografia.php, consultada em 24/09/2010), registrou-se a ocorrencia de 66 espécies de mamíferos, dentre as quais se destaca o lobo-guará, como espécie-bandeira da unidade de conservação. Dez espécies de mamíferos ameaçados foram registrados, segundo o mesmo sítio na internet. Citamos as espécies, o status de ameaça e a lista na qual a espécie consta (estadual – MG, nacional – BR, ou global – IUCN): 1) Anta, Tapirus terrestris (em perigo, MG; vulnerável, IUCN); 2) guigó ou sauá (Callicebus nigrifrons, quase ameaçada, IUCN); 3) Lobo-guará, Chrysocyon brachyurus (vulnerável, MG; vulnerável, BR; quase ameaçada, IUCN); 4) Tamanduá-mirim, Tamandua tetradactyla (em perigo, MG); 5) Tamanduá-bandeira, Myrmecophaga tridactyla (em perigo, MG; vulnerável, BR; quase ameaçada, IUCN); 6) Tatu-do-rabo-mole, Cabassous unicinctus (vulnerável, MG); 7) Lontra, Lontra longicaudis (vulnerável, MG); 8) Jaguatirica, Leopardus pardalis (vulnerável, MG); 9) Onça-parda, Puma concolor (vulnerável, MG e BR); 10) Cateto, Pecari tajacu (em perigo, MG). Há ainda registros extra-oficiais de mamíferos, entre os quais cabe destacar a ocorrência da onça pintada (Panthera onca), espécie criticamente ameaçada segundo a lista estadual de espécies ameaçadas e vulnerável segundo a lista nacional, que embora não conste de levantamentos publicados por especialistas, teve dois indivíduos apreendidos na Serra da Piedade pela Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais que foram soltos na região da Serra do Gandarela (Figura 5.1.10).
Figura 5.1.10: Dois machos de onça-pintada (Panthera onca) apreendidos na Serra da Piedade e soltos na região da Serra de Gandarela. Imagens cedidas pelo Cabo Euler, Policia Ambiental de Caeté.
32
5.1.5. Outros Registros de Fauna O QF é citado como área altamente prioritária para a conservação da biodiversidade em Minas Gerais (Biodiversitas, 2005), sendo destacados para justificar este status o endemismo da flora e dos anfíbios. Não foram encontradas referências com informações detalhadas sobre anfíbios da região, mas dois estudos apresentam listas de espécies que contribuem para embasar nossa proposta. Leite et al. (2008) apresentam uma extensa lista de espécies registradas em toda a Cadeia do Espinhaço, da qual extraímos as espécies que são citadas como registradas no QF (Tabela 5.1.5) Canelas & Bertoluci (2007) realizaram levantamento dos anfíbios da RPPN Santuário do Caraça, cuja lista de espécies citamos na íntegra no Anexo 2.
Tabela 5.1.5: Lista de espécies de anfíbios endêmicas à Cadeia do Espinhaço indicadas por Leite et al. (2008) como registradas apenas no Quadrilátero Ferrífero (QF) ou no Espinhaço Mineiro incluindo o Quadrilátero (EM). Família Brachycephalidae
Espécie Ischnocnema izecksohni
Cycloramphidae
Crossodactylodes bokermanni Thoropa megatympanum
EM EM
Hylidae
Bokermannohyla alvarengai Bokermannohyla martinsi Bokermannohyla nanuzae Phasmahyla jandaia Phyllomedusa itacolomi Scinax curicica Scinax machadoi
EM EM EM EM QF EM EM
Hylodidae
Hylodes uai
QF
Leiuperidae
Physalaemus erythros Physalaemus evangelistai
QF EM
Ocorrência QF
Finalmente, no que se refere à fauna, é importante registrar a questão da chamada “fauna troglomórfica” (invertebrados cavernícolas). Há indícios da existência de fauna troglomórfica pouco estudada, rara e microendêmica (Ferreira 2005, 2008), que só poderá ser melhor conhecida com mais estudos nas dezenas de cavernas ainda inexploradas que existem na área proposta para o Parque Nacional.
33
5.2. USO DO SOLO A área proposta apresenta baixa ocupação humana, havendo extensos e diversos ambientes naturais bem preservados. Para a descrição da situação de uso e ocupação do solo foram usados os mapas elaborados pelo Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM, 2003), além de vistorias em campo realizadas pela equipe do ICMBio. A érea trabalhada pelo IBRAM tem uma sobreposição de 88,3% com o perímetro proposto para o Parque, permitindo uma boa avaliação da situação, complementada por observações de campo. A terminologia utilizada no estudo do IBRAM foi “cobertura”, para o tipo de vegetação encontrado; “relevância”, para a importância de cada trecho do ponto de vista da conservação; e “tendência”, para a vocação atribuída a cada trecho. Os mapas com a sobreposição entre o trabalho do IBRAM e o perímetro proposto para o Parque, incluindo gráfico que mostra a porcentagem da área ocupada por cada classe estão nas figuras 5.2.1, 5.2.2 e 5.2.3. Verifica-se que há predomínio de “Floresta Nativa” (48,1% da área proposta para o Parque), “Cerrado” (16,3%), “Campo Natural” (12,3%), “Campo Rupestre” (9,9%) e “Capoeira” (9,4%). Há ainda afloramentos Rochosos que ocupam 1,3% da área. O uso do solo para a Atividade Agropastoril (1,21 %), de Reflorestamento (0,9%) e de Mineração (0,7%) era pouco significativo dentro da área proposta (Figura 5.2.1). Não há ocupação urbana dentro dos limites propostos. Quanto à “relevância” verifica-se que pelos critérios do estudo do IBRAM (2003), há grande predomínio de áreas classificadas como “muito relevantes” (58,2% da área proposta para o Parque) e “relevantes” (37,8%). Portanto, apenas 4,0% da área foram considerados “sem relevância” (Figura 5.2.2). A classificação por “tendência” do mesmo estudo aponta a evidente vocação da área para a conservação da natureza, chegando a 95,5% a parte da área cuja tendência indicada foi a conservação (Figura 5.2.3). Durante as vistorias realizadas pela equipe do ICMBio na área foram registradas 19 edificações inseridas nos limites propostos, sendo: seis sedes de fazendas, dez sítios e quatro casas abandonadas, conforme pode ser observado na figura 5.2.4.
34
0,7%
0,9%
1,2% 1,3%
12,3% 48,1%
9,9% 9,4% 16,3%
Figura 5.2.1: Classificação por “cobertura” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.
35
4,0%
37,8%
58,2%
Figura 5.2.2: Classificação por “relevância” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.
36
0,05%
0,7%
4,6%
95,5%
Figura 5.2.3: Classificação por “tendência” de acordo com o estudo do IBRAM (2003); classificação sobreposta com o polígono proposto para o Parque Nacional. As áreas brancas são trechos incluídos na atual proposta que não fizeram parte do estudo do IBAM, que representam 11,7% da área proposta.
37
Figura 5.2.4: Edificações registradas nos limites propostos durante o trabalho de campo realizado pela equipe do ICMBio entre dezembro de 2009 e maio de 2010.
5.3. HIDROGRAFIA, RECURSOS HÍDRICOS E ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DE MINS GERAIS A Serra do Gandarela é a mais importante área de recarga de aqüíferos do Quadrilátero Ferrífero. O Quadrilátero tem reserva hídrica no aqüífero estimada em 5 bilhões de m3, dos quais estima-se que 4 bilhões de m3 estejam no geossistema canga/ formações ferríferas (IBRAM 2003). Na Serra do Gandarela estão cerca de 40% das áreas restantes de canga no Quadrilátero (Carmo 2010), o que permite inferir que são altamente significativas as reservas hídricas encontradas no aqüífero sob as cangas da região.
38
Figura 5.3.1: Nascentes englobadas pela proposta do Parque Nacional da Serra do Gandarela, em levantamento feito em escala 1:50.000.
A região do Gandarela situa-se nas cabeceiras de importantes tributários de dois dos maiores rios nacionais. Lá nascem grande parte das águas que formam o Rio das Velhas a oeste, que drena para o São Francisco, e o Conceição a leste, que corre para o Rio Doce. Levantamento feito por sensoreamento remoto, em escala 1:50.000, indicou a existência de mais de mil nascentes dentro do polígono proposto para a criação do Parque (Figura 5.3.1). O mesmo levantamento, se feito em escala mais detalhada, certamente levaria a um número ainda maior. Assim, embora ainda possam ocorrer alterações nos limites da presente proposta, não há dúvida quanto à grande concentração de nascentes, que se deve às características climáticas, topográficas, geológicas e geomorfológicas da área. A drenagem fluvial completa pode ser conferida na Figura 5.2. Este importante conjunto hídrico já conta com alguns instrumentos legais a protegê-lo, seja de forma direta ou indireta. Grande parte da área em estudo faz parte da APA Sul da RMBH, área de proteção ambiental que carece de instrumentos mais efetivos para a conservação dos inúmeros atributos levantados neste estudo. Na esfera estadual, o mais importante instrumento de ordenamento do uso e ocupação do solo em Minas Gerais é o seu Zoneamento Ecológio-Econômico (ZEE-MG, SEMAD et al. 2008). O trabalho, realizado em convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente e 39
Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), resultou num amplo diagnóstico das potencialidades e fragilidades existentes em todo o território do Estado de Minas Gerais. Para este diagnóstico foram considerados, sob inúmeros aspectos: Pedologia, Geomorfologia, Geologia, Mineração, Clima, Recursos Hídricos, Flora, Fauna e questões Sócio-Econômicas. Este trabalho inclui a área em estudo para a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, resultando nas figuras e na análise que se segue.
0,8% 1,6% 7,6%
90,0%
Descrição
Zonas
Área (ha)
Terras de baixa vulnerabilidade em locais de alto potencial social
ZEE-1
311
Terras de alta vulnerabilidade em locais de alto potencial social
ZEE-2
34.402
Terras de baixa vulnerabilidade em locais de médio potencial social
ZEE-3
601
Terras de alta vulnerabilidade em locais de médio potencial social
ZEE-4
2.906
Terras de baixa vulnerabilidade em locais de baixo potencial social
ZEE-5
0
Terras de alta vulnerabilidade em locais de baixo potencial social
ZEE-6
0
Figura 5.3.2: Mapa sobrepondo o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais (ZEEMG) e o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela. Toda a área proposta se enquadra nas ZEE 1 a 4. De acordo com o ZEE-MG, portanto, 98% da área proposta apresentam “alta vulnerabilidade”. Quanto ao potencial social, 92% da área têm “alto potencial”, enquanto os 8% restantes têm “médio potencial social”.
40
Primeiramente apresentamos o enquadramento da área em estudo nas diversas Zonas Ecológico-Econômicas resultantes do ZEE-MG. Verifica-se que 90% da área enquadrou-se na ZEE-2, que corresponde a “terras com alta vulnerabilidade em locais com alto potencial social” (Figura 5.3.2). Este é um dado altamente positivo para a proposta do Parque, já que demonstra a necessidade de proteção e o alto potencial da população local para ajudar a realizá-la. Outros 8% da área estão na ZEE-4, correspondente a “terras com alta vulnerabilidade em locais com médio potencial social”. Apenas 2% da área encontram-se em zonas correspondentes a “terras com baixa vulnerabilidade”, nas ZEE-1 e 3. Não houve áreas enquadradas nas ZEE-5 e 6 (Figura 5.3.2). Grande parte das informações que levaram ao quadro mostrado na Figura 5.3.2 estão desmembradas na Figura 5.3.3, onde verificamos que 81% da área apresentam “vulnerabilidade ambiental muito alta”, enquanto 16% têm “vulnerabilidade ambiental alta” e 3% têm “vulnerabilidade ambiental média” (Figura 5.3.3 A). No quesito “Prioridade para Conservação”, 79% da área são de “prioridade muito alta”; 14% de “prioridade alta” e 5% de “prioridade média”. Apenas 2% da área apresentam “prioridade baixa” (Figura 5.3.3 B). A “Integridade da Flora” é “muito alta” em 84% da proposta, “alta” em 6%, “média” em 3% e baixa em 7% da área proposta para o Parque (Figura 5.3.3 C). Finalmente, a “Vulnerabilidade à Erosão” foi classificada como “muito alta” em 41% da área, “alta” em 42%, “média” em 7%, “baixa” em 9% e “muito baixa” em 1% da área proposta para o Parque (Figura 5.3.3 D). Consideramos que estes parâmetros são, ao lado dos recursos hídricos, os que melhor demonstram a pertinência da proposta de proteção desta área, entre as muitas abordadas no ZEE-MG. O enquadramento dos corpos d’água contidos na área proposta para a criação do Parque fica em Classe Especial (Águas destinadas ao abastecimento doméstico, sem prévia ou simples desinfecção e à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas) e Classe 1 (Águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário – natação, esqui aquático e mergulho; à irrigação de hortaliças e frutas a serem consumidas cruas e à aqüicultura), conforme a resolução CONAMA 357/2005, nas bacias do Rio Piracicaba (DN 09/94) e do Rio das Velhas (DN 20/97). Esta já seria uma razão para extrema cautela na destinação das áreas cortadas por estes cursos d’água. O ZEE-MG apontou, em algumas de suas análises parciais, parâmetros como “vulnerabilidade dos recursos hídricos”, “vulnerabilidade dos recursos hídricos à contaminação” e “comprometimento das águas” superficiais e subterrâneas. Estes parâmetros estão classificados para a área proposta para a criação do Parque Nacional na Figura 5.3.4 (A – D).
41
A
B
952 ha 2,5% 1.754 ha; 4,6%
1.121 ha 2,9% 6.2858 ha 16,5%
5.377 ha 14,1% 30.137 ha 78,9%
30.811 ha 80,6%
C
1.203 ha 3,1%
D
3.520 ha 9,2% 2.654 ha 6,9%
2.747 ha 7,2%
2.276 ha 6,0%
15.639 ha 40,9% 16.032 ha 41,9%
31.994 ha 83,7%
Muito Alta
375 ha 1,0%
Alta
Média
Baixa
Muito Baixa
Figura 5.3.3: Mapas sobrepondo o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela a quatro dos aspectos analisados para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais; A) Vulnerabilidade Ambiental; B) Prioridade para Conservação; C) Integridade da Flora; D) Vulnerabilidade à Erosão.
Verifica-se que a vulnerabilidade é “alta” em 41% da área e “média” em 59% da proposta (Figura 5.3.4 A). A “vulnerabilidade à contaminação” é classificada como “muito alta” em 2%, “alta” em 26% e “média” em 34% da proposta. A vulnerabilidade à contaminação é “baixa” ou “muito baixa” em 38% da proposta (Figura 5.3.4 B). O comprometimento das águas, tanto superficiais quanto subterrâneas é bastante baixo (Figura 5.3.4 C e D), o que demonstra que se trata de reservas disponíveis, ainda não destinadas a usos humanos, daí sua qualidade excepcionalmente boa e relativamente baixa vulnerabilidade. 42
A
22 ha 0,1%
B
6.538 ha 17,1%
733 ha 1,9%
9.755 ha 25,5% 8.009 ha 21,0% 13.186 ha 34,5%
15.835 ha 22.363 ha 41,4% 58,5%
C
13.597 ha 36%
21361 ha 56%
24.622 ha 64%
Muito Alta(o)
D
Alta(o)
Média(o)
16.859 ha 44%
Baixa(o)
Muito Baixa(o)
Figura 5.3.4: Mapas sobrepondo o polígono proposto para o Parque Nacional da Serra do Gandarela aos aspectos relacionados a recursos hídricos analisados para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais; A) Vulnerabilidade dos Recursos Hídricos; B) Vulnerabilidade dos Recursos Hídricos à Contaminação; C) Comprometimento das Águas Superficiais; D) Comprometimento das Águas Subterrâneas.
Analisando a situação de alguns municípios abrangidos pela proposta, verifica-se que aproximadamente 85% do abastecimento público de água do município de Caeté e todo o abastecimento do município de Raposos têm a sua captação em mananciais que possuem suas nascentes na Serra do Gandarela. O município de Rio Acima capta água para o abastecimento da sede municipal na APA do Mingu, que recebe contribuição de cursos d’água provenientes da área proposta para o Parque, com a qual faz limite (Figuras 5.3.5 e 5.3.6).
43
Figura 5.3.5: APA do Mingu e captação de água do município de Rio Acima (Foto: Flávio Cerezo).
Figura 5.3.6: Captação de água do município de Rio Acima (Foto: Flávio Cerezo).
O município de Raposos tem em sua Lei Orgânica (de 18 de março de 1990) e no seu Plano Diretor de Desenvolvimento (Lei 976, de 10/10/2006), importantes instrumentos nos quais a preservação da sub-bacia do Ribeirão da Prata é mencionada diversas vezes como fundamental para o município. Entre as “diretrizes específicas para o parcelamento do solo para fins urbanos, no território municipal, em áreas externas aos perímetros urbanos definidos 44
por lei” (Art 20 do Plano Diretor) está o item “Definição de critérios especiais para a ocupação e o uso das áreas que integram o Manancial do Ribeirão da Prata, tombado pelo Conselho Deliberativo Municipal de Cultura de Raposos em reunião realizada dia 13 de julho de 2000, em conformidade com a Lei 815/99 e Decreto 119/99, art. 3º, sendo ouvidos, para isso, o próprio Conselho Deliberativo Municipal de Cultura, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Urbano proposto pelo inciso XIX do Art. 6º desta Lei, e o CODEMA.” A abundância de nascentes, córregos e rios, e a topografia acidentada, levam à existência de dezenas de cachoeiras. Com um bom plano de uso público pode-se obter grandes benefícios aos municípios pela exploração racional deste imenso potencial turístico, sem comprometer a qualidade dos mananciais utilizados para o abastecimento dos municípios e as reservas hídricas, estratégicas para o futuro da RMBH.
5.4. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E GEOSSISTEMA Do ponto de vista geológico, a região do Gandarela representa a última porção do Quadrilátero Ferrífero, região de grande geodiversidade, em boas condições de preservação, constituindo uma oportunidade de se perpetuar sua complexa geologia, que pode ser resumida nas seguintes unidades, de acordo com Silva e Salgado (2009): (i) embasamento cristalino, composto por granitos, gnaisses e migmatitos de idade arqueana; (ii) Supergrupo Rio das Velhas, composto basicamente por quartzitos, xistos e filitos que constituem uma sequência tipo greenstone belt, também de idade arqueana; (iii) Supergrupo Minas, constituído por rochas metassedimentares (quartzitos, xistos, filitos e formações ferríferas) de idade proterozóica e (iv) Grupo Itacolomi, constituído basicamente por quartzitos, igualmente de idade proterozóica, conforme representado na Figura 5.4.1. Do Geossistema, destaca-se a presença das mais significativas amostras existentes do Geossistema Canga/Itabirito, que abriga ecossistemas considerados dos mais raros e ameaçados do Brasil, com variados atributos relevantes. O polígono proposto contém o maior sistema subterrâneo ferruginoso ainda preservado do Brasil extra-amazônico; engloba lagoas temporárias de altitude, que são formações únicas; e é a mais importante área de recarga de aqüíferos do Quadrilátero Ferrífero. A área de canga próxima à Lagoa do Metro é a maior e mais preservada área contínua de cangas do Paleógeno (formado entre 55 e 23 milhões de anos atrás); somada às demais áreas de canga abrangidas pela proposta, chega-se a aproximadamente 40% das áreas de canga do Quadrilátero Ferrífero, que tem a maior área de canga do Brasil (Carmo 2010);
45
Figura 5.4.1: Localização e esboço geológico da Serra do Gandarela no Quadrilátero Ferrífero (MG). Adaptado de Silva e Salgado (2009), elaboração cartográfica (do original) de Juliana Rodrigues da Silva, 2009. Projeção UTM, Datum SAD 69, Fuso 23S.
Do ponto de vista paleontológico, destaca-se a existência de um sítio com “acervo detalhado da sedimentação continental terciária brasileira, com fósseis de três épocas geológicas (Figura 5.4.2), o que possibilita estudos de correlação geológica e paleontológica com outras bacias terciárias do Sudeste do Brasil”, e o estudo da evolução paleoambiental da região. (Maizatto, 2001; Penha, 2008).
46
Figura 5.4.2: Localização do Sítio Paleontológico estudado por Maizatto (2001), com base em testemunhos coletados na década de 1970 pela mineradora MBR. Parte deste material se perdeu (testemunhos perdidos), mas aqueles que puderam ser analisados revelaram importantes informações palinológicas, que justificaram a sua aprovação como “Patrimônio Mundial” pelo “World Heritage Comitee” da UNESCO.
O trecho a seguir, extraído de Maizatto (2001) explica a importância paleontológica do Gandarela: “A bacia terciária do Gandarela se destaca como um dos mais importantes depósitos sedimentares continentais brasileiros, por apresentar um registro litológico constituído por rochas formadas em três idades distintas. Embora seja uma bacia de pequenas dimensões, ocupando uma área de aproximadamente 9km2, apresenta um riquíssimo conjunto de informações. Os depósitos de linhito que ocorrem nesta bacia foram explorados durante a década de 70 pela empresa Minerações Brasileiras Reunidas (M.B.R.). Para viabilizar esta exploração foi necessária a realização de uma campanha de furos de sondagem na região com o objetivo de delimitar esta jazida. Com isso, foram realizados vinte furos de sondagem (Figura 5.4.2) gerando um acervo do registro litológico ímpar, em se tratando de bacias sedimentares terciárias continentais no Brasil.” “Os depósitos de linhito apresentaram uma gênese vinculada a condições climáticas tropicais e subtropicais. Nos linhitos formados sob condições climáticas tropicais foi encontrada a associação de palinomorfos característica de climas quentes e úmidos, constituída por esporos de pteridófitas e grãos de 47
pólen de palmeiras”... “E a deposição de linhitos em condições subtropicais, frias e secas, foi baseada na ocorrência de cistos de dinoflagelados continentais, esporos cicatricosos e grãos de pólen vesiculados” ... “A associação de cistos de dinoflagelados, esporos cicatricosos e grãos de pólen vesiculados à condições subtropicais está de acordo com os trabalhos de Maizatto et al. (2000), Maizatto et al. (1998), Maizatto (1997) e Germeraad et al. (1968).” Do ponto de vista espeleológico, na maior área de canga contínua já foram catalogadas 74 cavidades, sendo que pelo menos quatro delas reúnem atributos para serem classificadas como de “relevância máxima”, conforme Decretos 99556/90 e 6640/08 e IN-ICMBio 02/2009 (Coelho et al. 2010), e há registro da existência de várias outras cavidades em canga ainda não classificadas na área proposta.
6. POTENCIAL TURÍSTICO A proposta do Parque Nacional Serra do Gandarela possui imenso potencial turístico, reforçado pela facilidade de acesso a partir de Belo Horizonte ou Ouro Preto e região. A Serra do Capanema é ligada a Ouro Preto por rodovia asfaltada que encontra a Rodovia dos Inconfidentes, a 25 km de Ouro Preto e 35 km de Mariana. Portanto, é possível estabelecer uma portaria do futuro Parque a poucos minutos de carro do pólo de turismo histórico mais importante do país. De Capanema e de Rio Acima, há dois acessos distintos, cada um a cerca de 70 Km de Belo Horizonte. Contribuem para este potencial as várias possibilidades de práticas de ecoturismo, turismo de aventura, turismo pedagógico, observação da vida selvagem, visitação científica, de realização de caminhadas curtas e longas (travessias), ciclismo, escalada, visitação a cavernas e sítios históricos. E há, ainda, as dezenas de cachoeiras balneáveis, de águas límpidas em meio a remanescentes bem preservados de Mata Atlântica, vegetação campestre e Cerrado. O futuro Parque inclui paisagens inusitadas, como várias lagoas em áreas de altitude, configuração peculiar e rara, grandes mirantes de belíssimas paisagens, com estradas de acesso já existentes e inúmeras trilhas, incluindo a travessia histórica de Capanema ao Caraça, com cerca de 300 anos de existência. Esta diversidade possibilita um rico trabalho de interpretação ambiental que abre os horizontes, principalmente para a população dos municípios envolvidos e vizinhos, para trabalhos de educação ambiental e patrimonial. Além dos atrativos ligados à natureza, a proposta do Parque Nacional da Serra do Gandarela inclui alguns sítios históricos que, além de demandarem cuidados para sua preservação, aumentam ainda mais o potencial turístico da futura unidade de conservação. Na porção sul da proposta, na região da serra de Capanema e Batatal, há importante acervo histórico (ruínas) dos séculos XVIII e XIX, citadas em importantes trabalhos de naturalistas do século XIX que por ali passaram, dentre eles: Spix e Martius, Richard Burton, Barão de Escheweg e Saint-Hilaire Outros sítios de interesse histórico são o “Retiro dos Capetas”, a “Casa Forte” e um muro de pedra considerado parte da “Estrada Real”. 48
Figura 6.1: Exemplos de atrativos turísticos incluídos na proposta do Parque Nacional da Serra do Gandarela. A) Ruínas da Fazenda Cutão (Foto Alice Okawara); B) Ruínas do Retiro dos Capetas (Foto Alice Okawara); C) Lagoa do Metro na estação chuvosa (Foto Paulo Baptista); D) Lagoa do Metro na estação seca (Foto: Paulo Baptista); E) Cachoeira Maquiné (Foto Alice Okawara); F) Cachoeira do Mergulho (Foto: Juliana Silva); G) Cachoeira Santo Antônio (Foto: Robson de Oliveira).
49
Observa-se ainda a presença de um importante sítio paleoambiental e o grande potencial para a instalação de um geoparque na área, possibilitando a constituição de atrativos de grande importância. Este conjunto de possibilidades dará ao Parque Nacional da Serra do Gandarela destaque absoluto no cenário nacional, bastando um investimento relativamente pequeno em infraestrutura para visitação para que possa se tornar um dos mais visitados do Brasil, garantindo fonte de renda e de diversificados negócios e de movimentação financeira para os municípios incluídos, gerando postos de trabalho, arrecadação tributária e desenvolvendo uma economia regional sustentável.
7. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS
INDICADORES
SOCIOECONÔMICOS
DOS
7.1. Barão de Cocais 7.1.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 34.056 ha
•
Principais rios: São João e Conceição
•
Bacia: Rio Doce
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.1.2. História O município de Barão de Cocais é originalmente conhecido pelo nome de São João do Morro Grande. Povoado por sertanistas que procuravam ouro e ali se estabeleceram, construindo a primeira capela em honra a São João Batista. Por se encontrar no sopé de um grande morro, seu nome foi mudado para São João Batista do Morro Grande. A abundância de ouro atraiu novos moradores, e a paróquia foi instalada em 1749. De São João Batista do Morro Grande e São João do Morro Grande, reduz-se para Morro Grande. O município é criado em 1943, quando passa a denominar-se Barão de Cocais. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
50
7.1.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação (queda brusca) em 2003. A arrecadação do ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação municipal, sendo determinante para o seu comportamento e valor (Figura 7.1.1).
7.1.4. População A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento contínuo da população urbana, em detrimento da população rural, que decresceu continuamente no período (Figura 7.1.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 91% da população total (Figura 7.1.3).
Figura 7.1.1: Arrecadação (em reais) do município de Barão de Cocais entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
51
Figura 7.1.2: População residente no município de Barão de Cocais segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.1.3: População urbana e rural no município de Barão de Cocais, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
Quanto à ocupação da população por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 45% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 15% do total, o setor terciário emprega 60% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 33% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 7% do total (Figura 7.1.4). 52
7.1.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, a maior contribuição é da indústria. Para o período analisado, houve discreto aumento anual de 1998 a 2000 e queda em 2001, voltando a subir em 2002. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e mostrou maior regularidade, com discreto, porém constante crescimento anual por todo o período. A contribuição para o PIB do setor agropecuário foi insignificante no período analisado (Figura 7.1.5).
Figura 7.1.4: Parcela da população de Barão de Cocais ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
53
Figura 7.1.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Barão de Cocais entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
54
7.2. Caeté 7.2.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 54.224 ha
•
Principais rios: Ribeirão Comprido; Ribeirão do Juca
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.2.2. História A Serra da Piedade, com sua igrejinha e observatório astronômico, é lugar de parada obrigatória no caminho para se chegar à cidade. Lá, o visitante dispõe de restaurante panorâmico. Vale ainda uma visita à cascata que tem uma queda d'água de 40 metros. Cidade de variados pontos turísticos, pertence à Região Metropolitana de Belo horizonte. Mas ela não tem apenas o turismo para mostrar: os 28 mil habitantes dispõem de todo um equipamento urbano, à altura de uma grande cidade. A descoberta das minas de Caeté data de 1701. Em 1708, o arraial assistiu ao início da Guerra dos Emboabas, provocada por um incidente entre moradores locais e forasteiros e que se espalhou por boa parte de Minas. Este fato contribuiu para a criação da Capitania das Minas, desmembrada da de São Paulo. Vila Nova da Rainha foi o nome primitivo do local, sendo substituído, mais tarde, por Caeté, que significa "mata virgem". A decadência das Minas repercutiu fortemente em Caeté, que teve a vila suprimida e depois restaurada, em 1840, quando foi elevado a município. Além de belos exemplares típicos da arquitetura colonial, pode-se conhecer, a pequena distância da cidade, a serra da Piedade (1.783m de altitude), com seu santuário de Nossa Senhora da Piedade, tradicional ponto de romaria e cuja origem está ligada a muitas lendas. Ao lado do Santuário está o Observatório Astronômico da UFMG. Da serra, tem-se uma linda vista de várias cidades da região. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
55
7.2.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004), contribuindo para isso, pari passo, o ICMS e outras fontes de arrecadação (Figura 7.2.1).
Figura 7.2.1: Arrecadação (em reais) do município de Caeté entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.2.4. População A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve sempre baixas taxas no período (Figura 7.2.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 87% da população total (Figura 7.2.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 52% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 14% do total, o setor terciário emprega 66% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 26% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 8% do total (Figura 7.2.4).
7.2.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior contribuição é do setor de serviços. Para o período analisado, houve discreta redução em 1999 e crescimento contínuo a partir de 2000. Já o setor industrial, com a segunda maior 56
contribuição, mostrou flutuação em todo o período. O setor agropecuário, com a menor contribuição, cresceu discretamente no período analisado (Figura 7.2.5).
Figura 7.2.2: População residente no município de Caeté segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.2.3: População urbana e rural no município de Caeté, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
57
Figura 7.2.4: Parcela da população de Caeté ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
Figura 7.2.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Caeté entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
58
7.3. Itabirito 7.3.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 54.193 ha
•
Principais rios: Rio Itabirito; Ribeirão da Silva.
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.3.2. História Com 1852 metros de altitude, o Pico Itabirito constitui-se num dos lugares atrativos para os turistas. A Mina Cata Branca, soterrada em 1884, considerada uma das grandes reservas auríferas do País; o Balneário Água Limpa, com praias e cascatas artificiais, e a Água Quente, com suas águas termais alcalinas e magnesianas são outros importantes pontos turísticos. A siderurgia e metalurgia, além da extração de minério de ferro, quartzito e caulim, são as principais atividades econômicas locais. Nos últimos anos do séc. XVII, o bandeirante Manoel Garcia descobriu ouro nas vertentes dos córregos Tripuí e Passa Dez, nos sopés do pico do Itacolomi. Logo a notícia se espalhou e surgiram outras expedições em busca de novas lavras. Assim surgiram as minas de Santa Bárbara e de Cata Branca dos Areches, originando-se, desta última, a Itabirito de hoje, no sopé do grande pico de minério de ferro de mesmo nome. Ao redor da mina de Cata Branca dos Areches se desenvolveu um povoado onde foi construída uma capela em honra de São Sebastião. Em 1745, é criada a freguesia, com o nome de Itabira do Campo, que, em 1752 é elevada a distrito. O ouro torna-se escasso e, em 1884, engenheiros da estrada de ferro Dom Pedro II, juntamente com metalurgistas estrangeiros que pretendiam se fixar naquelas paragens, formam a Usina Esperança (empresa pioneira da siderurgia brasileira, cuja história se confunde com a vida e o desenvolvimento de Itabirito). O novo município é formado em 1923, com o território desmembrado de Ouro Preto, recebendo o nome de Itabirito - denominação dada por Von Eschewege a um minério de ferro típico da região. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
59
7.3.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação (queda significativa em 2002, crescimento significativo em 2004). A arrecadação do ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação municipal, sendo determinante para o seu comportamento e valor. Outras fontes de arrecadação contribuíram em menor grau, e tiveram crescimento ao final do período (Figura 7.3.1).
Figura 7.3.1: Arrecadação (em reais) do município de Itabirito entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.3.4. População A população total cresceu no período de 1970 a 2000, influenciada pelo crescimento contínuo da população urbana, enquanto a população rural decresceu continuamente no período (Figura 7.3.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 91% da população total (Figura 7.3.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 42% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 16% do total, o setor terciário emprega 58% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 40% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 2% do total (Figura 7.3.4).
60
Figura 7.3.2: População residente no município de Itabirito segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.3.3: População urbana e rural no município de Itabirito, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
61
Figura 7.3.4: Parcela da população de Itabirito ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
7.3.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior contribuição é da indústria: para o período analisado, houve contínuo aumento anual. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e cresceu moderadamente ao final do período. O setor agropecuário foi insignificante para o período analisado (Figura 7.3.5).
62
Figura 7.3.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Itabirito entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
63
7.4. Nova Lima 7.4.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 42.845 ha
•
Principais rios: Ribeirão Água Preta, Ribeirão da Mutuca, Rio das Velhas
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.4.2. História Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, bandeirante paulista , descobriu, em 1700, dois córregos auríferos na região onde se situa hoje o município, e essa descoberta foi o início do povoamento do lugar que, antes de sua emancipação, foi conhecida como Bela Fama, Cachaça, Vieira, Urubu, Gaia, Gabriela, Faria Garcês, Batista, Morro Velho e Congonhas das Minas de Ouro. Sua economia está centrada na exploração de jazidas minerais. Só a Mineração do Morro Velho é responsável pela metade da produção aurífera do Brasil. No final do séc. XVII, um grupo de bandeirantes liderados pelo coronel Domingos Rodrigues da Fonseca chegava a um ribeirão - mais tarde denominado ribeirão dos Cristais em busca de ouro e pedras preciosas. Nesse local, acampamentos foram erguidos e, com o desenvolvimento do garimpo, eles cederam lugar às primeiras casas de pedra. Surgia, assim, o povoado de Campos de Congonhas, denominação dada em função da grande quantidade dessa planta existente na região. Juntamente com o crescimento da atividade mineradora, o povoado se desenvolveu, passando a ser conhecido como Congonhas das Minas de Ouro. No início do século passado, o arraial foi elevado à categoria de distrito, fazendo parte do município de Sabará. Ganhava, então, o nome de Congonhas do Sabará. Cerca de dois séculos depois do início do povoamento, o distrito, em 1891, consegue sua emancipação política e administrativa, com o nome de Vila Nova de Lima. Era uma homenagem a um de seus moradores, o político e historiador Antônio Augusto de Lima. Em 1923, o município recebe a denominação atual de Nova Lima. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999 64
Figura 7.4.1: Arrecadação (em reais) do município de Nova Lima entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.4.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal, assim como o ICMS, cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação (queda) em 2002. A arrecadação de ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação municipal, mas perdeu importância relativa ao final do período. Outras fontes de arrecadação contribuíram significativamente, porém em menor grau, e tiveram crescimento em valor e importância relativa ao final do período (Figura 7.4.1).
7.4.4. População A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve sempre baixas taxas no período, caindo drasticamente em 2000 (Figura 7.4.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 98% da população total (Figura 7.4.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 59% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 13% do total, o setor terciário emprega 72% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 1% do total (Figura 7.4.4).
65
Figura 7.4.2: População residente no município de Nova Lima segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.4.3: População urbana e rural no município de Nova Lima, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
66
Figura 7.4.4: Parcela da população de Nova Lima ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
7.4.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, o total do município cresceu continuamente no período analisado. A maior contribuição foi da indústria: para o período analisado, houve discreto crescimento anual de 1998 a 2000 e queda em 2001, voltando a subir significativamente em 2002. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição, contribuiu significativamente e mostrou maior regularidade, com discreto, mas constante crescimento anual por todo o período, porém perdendo importância relativa ao final. O setor agropecuário teve contribuição insignificante para o período analisado (Figura 7.4.5).
67
Figura 7.4.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Nova Lima entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
68
7.5. Ouro Preto 7.5.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 124.653 ha
•
Principais rios: Rio das Velhas; Ribeirão funil.
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.5.2. História Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, possui o mais importante conjunto arquitetônico barroco do País Turismo é sua grande força econômica, aliado à indústria extrativa mineral tradição que vem desde sua fundação e agropecuária. 0 ouro, ali foi descoberto na última década do século XVII nos córregos TripuÍ e Passa Dez, nas encostas do Pico do Itacolorni A cidade está a 983 metros de altitude. 0 município esta na Zona Metalúrgica e o chamado Quadrilátero Ferrífero. Tem 1274 quilômetros de área. Nasceu sob o nome de Vila Rica, como resultado da épica aventura da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no final do séc. XVII. Em 1698, saindo de Taubaté, São Paulo, a bandeira chefiada por Antônio Dias descortina o Itacolomi do alto da serra do Ouro Preto, onde edifica a capela de São João. Ali, tem início o povoamento intenso do vale do Tripuí que, trinta anos depois, já possuía perto de 40 mil pessoas em mineração desordenada e sob a louca corrida pelo ouro de aluvião. Em 1711, dá-se o conflito emboaba, luta pela conquista de terras entre paulistas, portugueses e baianos. O Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida, luta para implantar em Vila Rica a cobrança do quinto devido à Coroa e comandar o território, fazendo de Felipe dos Santos sua primeira vítima, em 1720. Vila Rica cresce e exaure-se o ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas artes, nas letras e na política. A Inconfidência Mineira é o apogeu do pensamento político e faz mártires entre padres, militares, poetas e servidores públicos. Com a Independência, recebe o nome de Ouro Preto e torna-se a capital de Minas até 1897. É instituído Patrimônio da Memória Nacional a partir de 1933, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938 e considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco, desde 1980. 69
Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
7.5.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação (leve queda) em 2002. A arrecadação de outras fontes sofreu queda no período, mas voltou a crescer significativamente em 2004, enquanto a arrecadação de ICMS cresceu continuamente, sendo o fator de maior peso na arrecadação municipal (Figura 7.5.1).
Figura 7.5.1: Arrecadação (em reais) do município de Ouro Preto entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.5.4. População A população total cresceu continuamente de 1970 a 2000, determinada pelo crescimento contínuo da população urbana. A população rural flutuou discretamente, mas manteve sempre baixas taxas no período, decrescendo ao final (Figura 7.5.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 85% da população total (Figura 7.5.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 53% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 12% do total, o setor terciário emprega 65% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 8% do total (Figura 7.5.4).
70
Figura 7.5.2: População residente no município de Ouro Preto segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.5.3: População urbana e rural no município de Ouro Preto, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
71
Figura 7.5.4: Parcela da população de Ouro Preto ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
7.5.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, o total do município caiu em 1999 e depois cresceu continuamente no período analisado, porém ao final (2002) ainda ficou abaixo do valor de 1998. A maior contribuição é da indústria, que se comportou de forma idêntica ao PIB total, indicando a influência do setor industrial sobre o PIB municipal. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição, mostrou variações menores, e crescimento ao final do período. A contribuição do setor agropecuário foi insignificante para o período analisado (Figura 7.5.5).
72
Figura 7.5.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Ouro Preto entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
73
7.6. Raposos 7.6.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 7.159 ha
•
Principais rios: Ribeirão Olhos d’Água; Rio das Velhas; Córrego Cabimbe; Ribeirão da Prata.
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.6.2. História Nossa Senhora da Conceição é a Padroeira e tem muita festa no dia 8 de dezembro, com atos religiosos e populares. Economicamente vive da extração de minério, principalmente Integra a Grande-BH e tem ótima infra-estrutura urbana. Segundo o cônego Raimundo Trindade, "a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Raposos foi erguida por volta de 1690, e diz a tradição ser esta a primeira de Minas Gerais". Conta-se que Pedro de Morais Raposo, antes de residir no rio das Mortes, entrara com Artur de Sá e Menezes para a região do rio das Velhas. Neste local, eles mineraram alguns anos e fundaram o arraial de Raposos. O arraial é bastante antigo, pois em documentos datados de 1711, já constam citações a respeito dele. O município de Raposos foi criado em 27 de dezembro de 1948, quando foi desmembrado de Nova Lima. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
7.6.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004). Outras fontes de arrecadação foram o fator de maior peso na arrecadação municipal, sendo determinante para o seu comportamento e valor. O ICMS teve baixa participação e flutuou no período (Figura 7.6.1).
74
Figura 7.6.1: Arrecadação (em reais) do município de Raposos entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.6.4. População A população total, influenciada pelo comportamento da população urbana, cresceu continuamente de 1970 a 2000, reduzindo-se o ritmo de crescimento no final do período. A população rural flutuou discretamente, mas manteve sempre baixas taxas no período (Figura 7.6.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 94% da população total (Figura 7.6.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 51% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 15% do total, o setor terciário emprega 66% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 30% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 4% do total (Figura 7.6.4).
75
Figura 7.6.2: População residente no município de Raposos segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.6.3: População urbana e rural no município de Raposos, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
76
Figura 7.6.4: Parcela da população de Raposos ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
7.6.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, para o período analisado, houve flutuação, com queda no período. A maior contribuição é do setor serviços, com constante crescimento anual. A indústria começa o período com contribuição menor, porém próxima à dos serviços, mas sofre queda contínua e significativa ao longo do período, freando ou puxando para baixo o PIB municipal. O setor agropecuário foi insignificante para o período analisado (Figura 7.6.5).
77
Figura 7.6.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Raposos entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
78
7.7. Rio Acima 7.7.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 23.006 ha
•
Principais rios: Rio do Peixe; Rio das Velhas.
•
Bacia: Rio São Francisco
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.7.2. História Surgido às margens da antiga Estrada Real, que ligava o Rio de Janeiro a Minas, foi habitado por bandeirantes, tropeiros e comerciantes. O povoado foi erguido em torno de uma capela, nos barrancos do rio das Velhas, por volta de 1736, e era conhecido como Santo Antônio do Rio Acima. Com a criação do município de Nova Lima, o distrito deixa de pertencer a Sabará e se incorpora a Nova Lima. Em 7 de setembro de 1890, seu nome foi reduzido para Rio Acima e, em 1948, eleva-se à categoria de município. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
7.7.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu no período analisado (2001-2004), porém com flutuação (leve queda) em 2003. A arrecadação do ICMS, apesar da alta em 2002, sofreu queda no período, enquanto a arrecadação de outras fontes cresceu continuamente, sendo o fator de maior peso na arrecadação municipal (Figura 7.7.1).
7.7.4. População A população total cresceu no período de 1970 a 2005, influenciada pelo crescimento contínuo da população urbana, enquanto a população rural decresceu continuamente no período (Figura 7.7.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 86% da população total (Figura 7.7.3).
79
Figura 7.7.1: Arrecadação (em reais) do município de Rio Acima entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
Figura 7.7.2: População residente no município de Rio Acima segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
80
Figura 7.7.3: População urbana e rural no município de Rio Acima, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 60% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 10% do total, o setor terciário emprega 70% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 27% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega apenas 3% do total (Figura 7.7.4).
Figura 7.7.4: Parcela da população de Rio Acima ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
81
7.7.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, o total do município cresceu no período analisado, apesar da leve queda em 1999. A maior contribuição é do setor de serviços: para o período analisado, houve crescimento contínuo a partir de 1998, até a discreta redução em 2002. Já o setor industrial, com a segunda maior contribuição, cresceu no período, apesar da queda em 1999. O setor agropecuário, com a menor contribuição, foi insignificante no período analisado (Figura 7.7.5).
Figura 7.7.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Rio Acima entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
82
7.8. Santa Bárbara 7.8.1. Caracterização •
Localização: Central
•
Área: 68.471 ha
•
Principais rios: Rio Maquiné; Córrego Lavras Velhas; Rio Conceição.
•
Bacia: Rio Doce
Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
7.8.2. História Ouro foi a motivação para a implantação do município, que abriga um dos mais famosos colégios de Minas, o Caraça, ponto de atração cultural e turística. A construção da primeira igreja é datada de 1774, e sua edificação deve-se ao irmão Lourenço, espécie de personagem lendária, vinda de Portugal. Distante 56 quilômetros de Belo Horizonte, a sede municipal, cidade Santa Bárbara, é considerada "arraial dos mais antigos de Minas". Tem sua origem durante o ciclo das minerações, a exemplo de tantas outras cidades mineiras. No dia 4 de dezembro de 1704, bandeirantes liderados por Antônio da Silva Bueno chegaram às margens de um ribeirão e ali fixaram-se para a exploração do ouro. Em homenagem à santa do dia, batizaram de "Santa Bárbara" o ribeirão. Nas redondezas, logo se desenvolveu um arraial, denominado Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara. Em 1839, emancipa-se de Mariana. O município conserva alguns exemplares arquitetônicos da época colonial, em meio às suas construções modernas. Fonte: Secretaria da Cultura em 01/10/1999
7.8.3. Finanças Públicas A arrecadação municipal cresceu continuamente no período analisado (2001-2004), contribuindo para isso predominantemente o ICMS. Outras fontes de arrecadação contribuíram em menor grau, e tiveram crescimento discreto no período (Figura 7.8.1).
83
Figura 7.8.1: Arrecadação (em reais) do município de Santa Bárbara entre os anos de 2001 e 2004 (Fonte: IBGE).
7.8.4. População A população de Santa Bárbara cresceu de 1970 a 1991 e caiu daí até o ano 2000. Na estimativa, que considera os dados pretéritos, teria voltado a crescer para o ano 2005, o que deve ser verificado no censo de 2010. Houve crescimento contínuo da população urbana, notando-se redução no ritmo de crescimento em 2000. A população rural decresceu continuamente no período (Figura 7.8.2). No ano 2000, a população urbana já perfazia 88% da população total (Figura 7.8.3). Quanto à população ocupada por setores econômicos, predomina o setor de serviços, com 48% do total. Somado ao setor de comércio, que emprega mais 14% do total, o setor terciário emprega 62% da população ocupada. A seguir vem o setor industrial, com 24% do total. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal emprega 14% do total, igualando o setor de comércio em importância (Figura 7.8.4).
84
Figura 7.8.2: População residente no município de Santa Bárbara segundo os censos de 1970 e 2000. O valor atribuído ao ano de 2005 é uma estimativa (Fonte: IBGE).
Figura 7.8.3: População urbana e rural no município de Santa Bárbara, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
85
Figura 7.8.4: Parcela da população de Santa Bárbara ocupada em cada setor da economia, segundo o censo de 2000 (Fonte: IBGE).
7.8.5. Atividades Econômicas Quanto ao PIB, a contribuição da indústria era muito maior que os demais setores em 1998. Porém, em 1999, houve queda brusca, ficando próxima do setor de serviços, continuando a cair em 2000 e voltando a crescer discretamente a partir de 2001. Já o setor serviços, com a segunda maior contribuição, mostrou maior regularidade, caindo discretamente em 1999 e voltando a crescer discretamente a partir de 2000, chegando a superar o setor indústria no ano de 2001. Já o setor agropecuário teve contribuição insignificante para o período analisado (Figura 7.8.5).
86
Figura 7.8.5: Contribuição de cada setor da economia na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Santa Bárbara entre os anos de 1998 e 2002. (Fonte: IBGE)
7.9. Síntese dos Aspectos Sócio-Econômicos Todos os municípios abrangidos têm relação histórica com o Ciclo do Ouro em Minas Gerais, que deixou marcas na cultura local e, em maior ou menor grau, patrimônio histórico, altamente significativo em seu conjunto. A arrecadação municipal cresceu no período analisado em todos os municípios abrangidos. O ICMS foi o fator de maior peso na arrecadação municipal do período para a maioria dos municípios, mas não para todos, e a arrecadação de outras fontes, mesmo quando em menor proporção, foi significativa para a maioria, sendo preponderante em alguns. A população total cresceu em todos os municípios abrangidos, com predomínio absoluto da crescente população urbana sobre a pequena e decrescente população rural, sendo notável o processo crescente de urbanização no conjunto. Quanto à população ocupada por setores econômicos para o conjunto dos municípios, há predomínio absoluto do setor terciário da economia (comércio e serviços), que empregou em média 64,8% da população ocupada no período analisado. Em segundo lugar vem o setor industrial, empregando em média 29,2% da população ocupada no período. O setor agropecuário e extrativista animal e vegetal empregou apenas em média 5,8% da população ocupada no período. Nota-se assim a importância relativa muito maior do setor terciário na geração de empregos para a população do conjunto dos municípios analisados, em comparação com os demais setores. 87
Quanto ao PIB do conjunto dos municípios analisados, houve crescimento em 5 e queda em 3. A contribuição da indústria e dos serviços dividiu importância no conjunto, enquanto o setor agropecuário teve contribuição insignificante.
8. CONCLUSÃO A análise dos atributos biológicos, hidrológicos, geológicos, geomorfológicos, espeleológicos, paleontológicos e histórico-culturais encontrados no perímetro proposto para a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela atestam a imensa relevância para a conservação da biodiversidade, dada a surpreendentemente concentração de atributos que inegavelmente necessitam ser considerados “alvos de conservação” e de outros que potencializam uma futura unidade de conservação como pólo regional de atividades sustentáveis e educativas. A situação da área, em sua maior parte em bom estado de conservação e sem ocupação humana, indica a vocação para a criação de uma unidade de conservação de proteção integral, tendo sido escolhida a categoria Parque Nacional em função do grande potencial para a visitação e para um trabalho qualificado de interpretação ambiental. Cumpre destacar três destes atributos como alvos de conservação entre os mais ameaçados do Brasil e do mundo. Em primeiro lugar, está claro que, se não forem tomadas medidas de proteção, não restará nenhum trecho preservado das cangas do Quadrilátero Ferrífero e de sua singular vegetação campestre, para que se possa sequer saber “como eram”. As cangas são um alvo de conservação que se enquadra no conceito de “alvo guarda-chuva”, na medida em que sua conservação implica na proteção automática de vários outros alvos de conservação: as áreas de recarga de aqüífero, a vegetação de campos rupestres sobre canga, as cavernas em canga, a fauna associada à vegetação e às cavernas e um importante sítio paleontológico. Assim, não faz nenhum sentido falar em propostas de conservação no Gandarela sem a inclusão das cangas. As Matas Estacionais Semidecíduas fazem parte do conjunto de fitofisionomias florestais incluídas no domínio da Mata Atlântica que foram mais implacavelmente destruídas no processo de ocupação do Brasil, as matas estacionais interioranas. Estima-se que restem apenas cerca de 3% da sua cobertura original. Parece ser quase um milagre que restem quase 20 mil hectares desta mata, em sua maior parte em estágio avançado de regeneração, tão próximo a uma das maiores regiões metropolitanas do Brasil. Não se pode conceber que se permita que tal tesouro tenha outro destino que não a sua completa preservação, patrimônio que é das presentes e futuras gerações de brasileiros. Finalmente, estamos tratando de uma área de excepcional concentração de nascentes, mais de mil no polígono proposto para o Parque Nacional, que afloram alimentadas pelo aqüífero que, por sua vez é suprido pelas áreas de recarga dos topos das serras, em grande parte recobertas pelas cangas, conhecidas pela capacidade de infiltração e retenção das águas pluviais. Estima-se que 80% dos 5 bilhões de m3 que se calcula que componham os aqüíferos do Quadrilátero Ferrífero estão sob as cangas. Como 40% das cangas preservadas do QF estão na região do Gandarela, pode-se dizer que cerca de 32% destas reservas estão nestes 88
38 mil hectares, que correspondem a aproximadamente 5% da área do QF. São números que resumem, no que se refere às águas, a singularidade da área que se pretende proteger. Não se pode esquecer, ainda, da importância de não se permitir a degradação dos corpos d’água superficiais existentes – rios, córregos, cachoeiras, lagoas. São cursos d’água de classe especial e classe 1, com imenso potencial para o turismo e recreação, que precisa ser praticada de forma organizada para que este uso seja sustentável. Em função de ser de conhecimento público que é pretensão de uma grande empresa o estabelecimento neste local de um grande empreendimento de mineração de ferro, cujo processo de licenciamento encontra-se em tramitação, parte no órgão de licenciamento ambiental do Estado de Minas Gerais (SUPRAM-Central/ SEMAD) e parte no órgão de licenciamento ambiental federal (IBAMA), e que mais recentemente outras empresas propõem outros empreendimentos de mineração também neste local, entende-se que no momento atual se está prestes a tomar uma decisão que poderá selar definitivamente o futuro do último trecho bem preservado do Quadrilátero Ferrífero. Este documento, portanto, traz a proposta de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, com base no entendimento técnico do ICMBio de que, embora reconhecendo a importância econômica da produção de minério de ferro para o País, para o Estado e para os Municípios da região, o Gandarela é um destes locais onde a riqueza nos foi legada pronta, bastando agir para a sua preservação e boa gestão para, como conseqüência, tornar estes Municípios, o Estado e o País perpetuamente mais ricos, com o aproveitamento do imenso potencial turístico e científico deste local. Trata-se da escolha entre a produção de uma riqueza que, ainda que significativa, tem esgotamento previsto para daqui a alguns anos, deixando um rastro de danos irreversíveis nas imensuráveis riquezas naturais, científicas e históricas do Gandarela e a manutenção do tesouro para as presentes e futuras gerações, com seu aproveitamento em atividades que também geram riqueza para os municípios e suas populações, sem, no entanto, jamais esgotar sua fonte. Um Parque Nacional com tamanho potencial e próximo a uma região metropolitana e de um grande centro turístico (Ouro Preto e região), pode tornar-se, no médio prazo, uma atração internacional.
89
9. EQUIPE Bernardo Ferreira Alves Brito – Analista Ambiental, Coordenador Regional CR-11/ ICMBio Flávio Lúcio Braga Cerezo – Analista Ambiental CR-11/ ICMBio João Augusto Madeira – Analista Ambiental CCUC/ DIREP/ ICMBio
10. AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos a todos os que têm se mobilizado em favor da preservação da Serra do Gandarela. Em especial, temos de destacar as contribuições de: Paulo Horta Rodrigues, Geólogo, DSc (CDTN/ CNEN) – Elaboração de mapas e análises com geoprocessamento. Flávio Fonseca do Carmo, Biólogo, MSc, Depto Biologia Geral, UFMG – Informações fundamentais sobre a biota, em especial da vegetação sobre cangas, entre outras. Luciana Hiromi Yoshino Kamino, Bióloga, DSc e Tereza Cristina Spósito, Bióloga, DSc, Dep. Botânica, UFMG – Informações sobre as matas do Gandarela. Projeto Manuelzão/UFMG, pela iniciativa que alertou o ICMBio para a importância da Serra do Gandarela, em especial Saulo Alvares de Albuquerque e o Coordenador Marcus Vinicius Polignano. Movimento em prol da Criação do Parque Nacional Águas da Serra do Gandarela, que tem apoiado de forma voluntária todo o trabalho de elaboração desta proposta, cujo trabalho pode ser conferido em http://serradagandarela.blogspot.com/ e http://aguasdogandarela.org/, em especial a Teca (Maria Teresa Viana de Freitas Corujo) e Gustavo Gazzinelli. Fotógrafos que cederam gentilmente fotografias de sua autoria para a ilustração deste trabalho: Alice Okawara, André Salgado, Cabo Euler, Flávio Fonseca, Juliana Silva, Paulo Baptista, Robson Oliveira, Saulo Albuquerque,
90
11. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS AMDA – Associação Mineira de Defesa do Ambiente & IEF – Instituto Estadual de Florestas 2008. Identificação de áreas prioritárias para implantação de sistema de áreas protegidas e corredores ecológicos no setor sul da Região metropolitana de Belo Horizonte. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA do ESTADO de MINAS GERAIS. Site: http://www.almg.gov.br/ Link “municípios mineiros”. BIODIVERSITAS 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Costa, CMR, Herrmann, G, Martins, CS, Lins, LV & Lamas, IR (orgs.). Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas, 94p. BIRDLIFE INTERNATIONAL 2008. BirdLife’s online World Bird Database: the site for bird conservation. Version 2.1. Cambridge. Site: http://www.birdlife.org. (último acesso em 20/05/2008). CANELAS, M.A.S & BERTOLUCI, J. 2007. Anurans of the Serra do Caraça, southeastern Brazil: species composition and phenological patterns of calling activity. Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 97(1):21-26 CHIARELLO, A.G., AGUIAR, L.M.S., CERQUEIRA, R., MELO, F.R., RODRIGUES, F.H.G. & SILVA, V.M.F. 2008. Mamíferos Ameaçadas de Extinção no Brasil. Pp. 680-881 In: Machado, A.B.G; Drumond, G.M. & Paglia, A.P. (Eds.) Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, Vol. II, MMA, 881 p., Brasília, DF. CÂMARA, I.G. 2005. Breve Histórico da Conservação da Mata Atlântica. Pp 31-42 In: Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas. Galindo-Leal, C. & Câmara, I.G. (Eds.); traduzido por Edma Reis Lamas. – São Paulo : Fundação SOS Mata Atlântica — Belo Horizonte: Conservação Internacional, 467 pp. CARMO, F.F. 2010. Importância Ambiental e Estado de Conservação dos Ecossistemas de Cangas no Quadrilátero Ferrífero e Proposta de Áreas-Alvo para a Investigação e Proteção da Biodiversidade em Minas Gerais. Dissertação (UFMG), 90 p. COELHO, A., PILÓ, L. B., AULER, A. & BESSI, R. 2010. Espeleologia da Área do Projeto Apolo, Quadrilátero Ferrífero, MG. Estudo contratado para subsidiar o licenciamento para intervenção em área de ocorrência de Cavernas. Conforme Resolução CONAMA Nº 347/2004, integra o processo nº 02015.010195/2008-28 do IBAMA, para anuência. DEAN, W. 1996. A Ferro e Fogo: a História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira. São Paulo, Companhia das Letras. 484 p. ETEROVICK, P. C. 2003. Distribution of anuran species among montane streams in southeastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 19: 219-228. FONSECA, G. A. B.; VALLE, C. M. C.; HERRMANN, G. & SILVA, L. F. B. M. 1989. Estudo dos padrões de diversidade de espécies de pequenos mamíferos não voadores e inventário da mastofauna da EPDA-Peti. Relatório Técnico não publicado. Convênio Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG)/ Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS 2009. Lista da flora brasileira ameçada de extinção. Disponível em <http://www.biodiversitas.org.br/floraBr/>. Acessado em 15 junho 2009. GALINDO-LEAL, C. & CÂMARA, I.G. 2005. Status do hotspot Mata Atlântica: uma síntese. Pp 3-11 In: Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas. Galindo-Leal, C. & Câmara, I.G. (Eds.);
91
traduzido por Edma Reis Lamas. – São Paulo : Fundação SOS Mata Atlântica — Belo Horizonte: Conservação Internacional, 467 pp. GERMERAAD, J.H.; HOPPING, C.A.; MULLER, J. 1968. Palynology of Tertiary sediments from tropical areas. Review of Palaeobotany and Palynology, 6:189-348. GIULIETTI, A.M.; PIRANI J.R.; HARLEY, R.M. 1997. Espinhaço Range Region, Eastern Brazil, Site SA20. Centres of plant diversity: South America. Disponivel em: http://botany.si.edu/projects/cpd/sa/sa20.htm. Consulta em 17/11/2009. GIULIETTI, A.M.; RAPINI, A.; ANDRADE, M.J.G; QUEIROZ, L.P. & SILVA, J.M.C. (Org.). 2009. Plantas Raras do Brasil. Belo Horizonte, MG. Conservation International, 496 pp. IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração. 2003. Contribuição do IBRAM para o zoneamento ecológico-econômico e o planejamento ambiental de municípios integrantes da APA-SUL RMBH, 322 pp. JACOBI, C.M. & CARMO, F.F. 2008a. Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG. Megadiversidade 4: 24-32. JACOBI, C.M. & CARMO, F.F. 2008b. The Contribution of Ironstone Outcrops to Plant Diversity in the Iron Quadrangle, a Threatened Brazilian Landscape. Ambio 37(4):324-326. LAMOUNIER, W. M. 2009. Patrimônio natural da Serra do Gandarela e seu entorno: análise ambiental como subsídio para a criação de unidades de conservação no Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais. Dissertação (UFMG), 148 p. LEITE, F.S.F.; JUNCA, F.A. & ETEROVICK, P.C. 2008. Status do conhecimento, endemismo e conservacao de anfibios anuros da Cadeia do Espinhaco, Brasil. Megadiversidade, 4(1/2):182200. MACHADO, A.B.M., FONSECA, G.A.B., MACHADO, R.B., AGUIAR, L.M.S. & LINS, L.V. 1998. Livro vermelho das espécies ameaçadas em Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, p.605. MAFRA, G. A. & CARMO, L. P. 2010. Diagnóstico do potencial turístico da região da Serra da Gandarela como Parque Nacional. Relatório (Belo Horizonte), 10 p. MAIZATTO, J.R. 1997. Análise paleoecológica e bioestratigráfica dos sedimentos cenozóicos da bacia do Gandarela, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, com base nos aspectos palinológicos e sedimentares. Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Dissertação de mestrado, 183p. MAIZATTO, J.R.; REGALI, M.S.P.; CASTRO, P.T.A. 1998. Análise paleoecológica e bioestratigráfica dos sedimentos terciários da bacia do Gandarela, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil . com base na ocorrência dos dinoflagelados dulciaqüícolas e outros palinomorfos. In: X Congreso Latinoamericano de Geologia, Actas, 1: 293-298. MAIZATTO, J.R.; CASTRO, P.T.A.; REGALI, M.S.P. 2000. Análise sobre o padrão de distribuição de palinomorfos e a sua aplicação na interpretação da evolução paleogeográfica da bacia terciária do Gandarela . Quadrilátero Ferrífero . Minas Gerais . Brasil. In: II Encontro Anual da Sociedade Brasileira de Paleontologia, Anais.
92
MAIZATTO, J. R. 2001. Análise bioestratigráfica, paleoecológica e sedimentológica das bacias terciárias do Gandarela e Fonseca - Quadrilátero Ferrífero - Minas Gerais, com base nos aspectos palinológicos e sedimentares. Tese (UFOP), 249 p., 3 anexos. MIRANDA, E. E. (Coord.). 2005. Brasil em Relevo. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satelite, 2005. Disponivel em: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br. Acesso em: 9 nov. 2009. MYERS, M.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G. FONSECA, G. A. B. & KENT. J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403: 853-858 OLIVEIRA-FILHO, A. T. & FONTES, M. A. L. 2000. Patterns of floristic differentiation among Atlantic forests in south-eastern Brazil, and the influence of climate. Biotropica 32 (4b): 793-810. PAGLIA, A. P., LOPES, M. O. G., PERINI , F. A. & CUNHA, H. M. 2005. Mammals of the Estação de Preservação e Desenvolvimento Ambiental de Peti (EPDA-Peti), São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais, Brazil. Lundiana 6(supplement):89-96. PENHA, U. C. 2008. O patrimônio paleontológico da Bacia do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo. Area Domeniu 3: 79-92. RAPINI, A; RIBEIRO, P.L. & PIRANI, J.B. 2008. A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaco. Megadiversidade, 4(1/2): 16-23. SALINO, A. & ALMEIDA, T. E. 2008. Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil. Megadiversidade (Belo Horizonte), v. 4: 196-216. SANT’ANNA, L.G. & SCHORSCH, H.D. 1997. Estratigrafia e mineralogia dos depositos cenozóicos da regiao da Bacia de Fonseca, Estado de Minas Gerais, Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 69(2):211-226. SEMAD/MG (SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL), IEF/MG (INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS) & UFLA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) 2008. Zoneamento Ecológico e Econômico do Estado de Minas Gerais. Disponível em: http://www.zee.mg.gov.br/zee_externo/ SILVA, J.M.C. & J.M. BATES. 2002. Biogeographic patterns and conservation in the South American Cerrado: a tropical savanna hotspot. BioScience, 52: 225-233. SILVA, J.A., MACHADO, R.B., AZEVEDO, A.A., DRUMOND, G.M., FONSECA, R.L., GOULART, M.F., MORAES JR., E.A., MARTINS, C.S. & RAMOS-NETO, M.B. 2008. Identificação de áreas insubstituíveis para a conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil. Megadiversidade 4: 272-309. SILVA, J.R. & SALGADO, A.A.R. 2009. Mapeamento das unidades de relevo da região da Serra do Gandarela, Quadrilátero Ferrífero, MG. Book Geografias 5 (2): 107-125. STOTZ, D.F., FITZPATRICK, J.W., PARKER III, T.A. & MOSKOVITS, D.K. 1996. Neotropical Birds: ecology and conservation. The University of Chicago Press, Chicago, p.882. TAVARES, V. C. & CESARI, A. 1996. Observações sobre a comunidade de quirópteros da Estação de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental de PETI (EPDA/PETI), leste de MG. Resumos do XXI Congresso Brasileiro de Zoologia, Porto Alegre, p.236-237. UFMG/PROJETO MANUELZÃO. 2009. Proposta de criação do Parque Nacional da Serra da Gandarela. 26 p.
93
VASCONCELOS, M.F., MALDONADO-COELHO, M. & BUZZETTI, D.C.R. 2003. Range extensions for the gray-blacked tachuri (Polystictus superciliaris) and the pale-throated-serra-finch (Embernagra longicauda) with a revision on their geographic distribution. Ornitol. Neotrop. 14(3):477-489. VASCONCELOS, M.F.; LOPES, L.E.; MACHADO, C.G. & RODRIGUES, M. 2008. As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaco: diversidade, endemismo e conservacao. Megadiversidade, 4(1/2): 221-241.
94
12. ANEXOS
ANEXO 1: Lista de espécies de aves registradas na RPPN Mata Samuel de Paula (MG), situações de endemismo e conservação, ambientes(s), meio(s) de registro, situação migratória e freqüência de ocorrência. Conservação (Cons.): (gq) quase-ameaçado, (gp) em perigo e (gv) vulnerável à extinção no mundo (BirdLife International 2008); (rp) em perigo e (rv) vulnerável à extinção em Minas Gerais (Machado et al. 1998). Endemismo (End.): (ATL) endêmica da Mata Atlântica, segundo Stotz et al. (1996); (TM) endêmica dos topos de montanha do Sudeste do Brasil e (CE) endêmica do Cerrado, segundo Silva & Bates (2002) e Vasconcelos et al. (2003). Ambiente de registro (Amb.): (D) área aberta degradada, (M) mata, (C) cerrado, (F) campos ferruginosos. Classificação taxonômica segundo CBRO (2008). (Modificado de Ferreira et al. 2009). Família
Espécie
Nome Popular
Tinamidae Gray, 1840 (23) Cracidae Rafinesque, 1815 Cathartidae Lafresnaye, 1839
Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) Penelope sp.
inhambuguaçu
Cathartes aura (Linnaeus, 1758) Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Buteo albicaudatus Vieillot, 1816 Buteo albonotatus Kaup, 1847 Caracara plancus (Miller, 1777) Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) Falco sp. Aramides saracura (Spix, 1825) Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Vanellus chilensis (Molina, 1782) Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Columbina squammata (Lesson, 1831) Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)
urubu-de-cabeçavermelha urubu-de-cabeçapreta gavião-carijó
Accipitridae Vigors, 1824
Falconidae Leach, 1820
Rallidae Rafinesque, 1815 Cariamidae Bonaparte, 1850 Charadriidae Leach, 1820 Columbidae Leach, 1820 (23)
End. e Cons.
Amb. M M C/D M/C/D M/C
gavião-de-rabobranco gavião-de-rabobarrado caracara
F
carrapateiro
C
Acauã
C
falcão-relógio
C
saracura-do-mato
F
C
ATL
C M
seriema
C
quero-quero
D
rolinha-roxa
D
fogo-apagou
C
pombão
C
95
Psittacidae Rafinesque, 1815
Cuculidae Leach, 1820
Strigidae Leach, 1820 Caprimulgidae Vigors, 1825
Apodidae Olphe-Galliard, 1887
Trochilidae Vigors, 1825 (82)
Trogonidae Lesson, 1828
Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Megascops choliba (Vieillot, 1817) Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) Caprimulgus longirostris Bonaparte, 1825 Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) Phaethornis ruber (Linnaeus, 1758) Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Colibri serrirostris (Vieillot, 1816) Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) Amazilia lactea (Lesson, 1832) Trogon surrucura Vieillot, 1817
pomba-amargosa
M
juriti-pupu
M
juriti-gemedeira
M
periquitãomaracanã tuim
M
periquito-deencontro-amarelo maitaca-verde
C M
alma-de-gato
M
anu-preto
C
saci
C
corujinha-do-mato
M
bacurau
M
bacurau-da-telha
C
andorinhão-dotemporal taperuçu-decoleira-branca rabo-branco-rubro
F
C
M M
rabo-brancoacanelado beija-flor-tesoura beija-flor-preto beija-flor-de-orelhavioleta besourinho-debico-vemelho beija-flor-de-frontevioleta beija-flor-de-bandabranca beija-flor-de-peitoazul surucuá-variado
M D ATL
M C C/D
ATL
M M D
ATL
M
96
Ramphastidae Vigors, 1825 Picidae Leach, 1820
Melanopareiidae Irestedt, Fjeldså, Johansson & Ericson, 2002 Thamnophilidae Swainson, 1824 (163)
Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873 Rhinocryptidae Wetmore, 1930 Dendrocolaptidae Gray, 1840
Furnariidae Gray, 1840 (102)
Ramphastos toco Statius Muller, 1776 Picumnus cirratus Temminck, 1825 Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818) Melanopareia torquata (Wied, 1831)
Tucanuçu
M
pica-pau-anãobarrado pica-pau-do-campo
M
Mackenziaena leachii (Such, 1825) Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Herpsilochmus atricapillus Pelzeln, 1868 Formicivora serrana Hellmayr, 1929 Drymophila ferruginea (Temminck, 1822) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Conopophaga lineata (Wied, 1831) Scytalopus indigoticus (Wied, 1831) Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Xiphocolaptes albicollis (Vieillot, 1818) Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Synallaxis cinerascens Temminck, 1823 Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Synallaxis spixi Sclater, 1856 Phacellodomus rufifrons (Wied, 1821) Syndactyla rufosuperciliata (Lafresnaye, 1832)
C
pica-pau-rei
ATL, rp
M
tapaculo-decolarinho
CE
F
borralharaassobiadora choca-da-mata
ATL
M M
choquinha-lisa
M
chorozinho-dechapéu-preto formigueiro-daserra Trovoada
M ATL
M
ATL
M
papa-taoca-do-sul
ATL
M
chupa-dente
ATL
M
Macuquinho
ATL,gq
M
arapaçu-verde
M
arapaçu-degarganta-branca arapaçu-rajado
M ATL
joão-de-barro pichororé
M D
ATL
M
pi-puí
M
petrim
M
joão-teneném
D
joão-de-pau
C
trepador-quiete
M
97
Tyrannidae Vigors, 1825
Philydor rufum (Vieillot, 1818) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) Xenops rutilans Temminck, 1821 Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Corythopis delalandi (Lesson, 1830) Hemitriccus nidipendulus (Wied, 1831) Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) Myiopagis caniceps (Swainson, 1835) Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia cristata Pelzeln, 1868 Elaenia obscura (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Phaeomyias murina (Spix, 1825) Phylloscartes ventralis (Temminck, 1824) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818
limpa-folha-detesta-baia barranqueiro-deolho-branco
M ATL
M
joão-porca
M
bico-virado-carijó
M
abre-asa-decabeça-cinza cabeçudo
ATL
M M
estalador
M
tachuri-campainha
ATL
M
miudinho
ATL
M
tororó
teque-teque
M
ATL
M
piolhinho
M
guaracava-cinzenta
M
guaracava-decrista-alaranjada guaracava-debarriga-amarela guaracava-detopete-uniforme tucão
M D C/D M/C
risadinha
M/C/D
alegrinho
M
bagageiro
M
borboletinha-domato bico-chato-deorelha-preta
M
patinho
M
M
98
Tityridae Gray, 1840 Vireonidae Swainson, 1837 (16)
Corvidae Leach, 1820
Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Myiobius sp. Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Knipolegus lophotes Boie, 1828 Knipolegus nigerrimus (Vieillot, 1818) Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Colonia colonus (Vieillot, 1818) Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) Myiozetetes similis (Spix, 1825) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Sirystes sibilator (Vieillot, 1818) Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Neopelma pallescens (Lafresnaye, 1853) Ilicura militaris (Shaw & Nodder, 1809) Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838) Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835) Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823)
filipe
M
gibão-de-couro
M C
enferrujado
M
maria-preta-depenacho maria-preta-degarganta-vermelha lavadeiramascarada viuvinha
C ATL
C D M
suiriri-cavaleiro
M
bem-te-vi-pirata
M
bentevizinho-depenacho-vermelho bem-te-vi
D D
bem-te-vi-rajado
M
neinei
M
suiriri
D
gritador
M
irré
M/D
maria-cavaleira
M/D/C
fruxu-do-cerradão
M
tangarazinho
ATL
M
tangará
ATL
M
flautim
ATL
M
pitiguari
M
juruviara
M
vite-vite-de-olhocinza
M
gralha-do-campo
CE
C
99
Hirundinidae Rafinesque, 1815 (16)
Troglodytidae Swainson, 1831 (18) Turdidae Rafinesque, 1815 (17)
Mimidae Bonaparte, 1853 Coerebidae d’Orbigny & Lafresnaye, 1838 Thraupidae Cabanis, 1847 (85)
Emberizidae Vigors, 1825 (74)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Progne tapera (Vieillot, 1817) Progne chalybea (Gmelin, 1789) Troglodytes musculus Naumann, 1823 Turdus subalaris (Seebohm, 1887) Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818) Piranga flava (Vieillot, 1822) Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Thraupis ornata (Sparrman, 1789) Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) Tangara cyanoventris (Vieillot, 1819) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Tersina viridis (Illiger, 1811) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 Poospiza cinerea Bonaparte, 1850 Sicalis citrina Pelzeln, 1870
andorinhapequena-de-casa andorinhaserradora andorinha-docampo andorinhadoméstica-grande corruíra
D
sabiá-ferreiro
M
sabiá-laranjeira
M/D
sabiá-poca
M/D
sabiá-barranco
M/D
sabiá-do-campo
D/C
cambacica
M/D/C
tiê-de-topete
M
sanhaçu-de-fogo
D
tiê-preto
M/D/C D D D
ATL
sanhaçu-cinzento
M M/D
sanhaçu-deencontro-amarelo saíra-viúva
ATL
saíra-douradinha
ATL
M C M/D
saíra-amarela
C/D
saí-andorinha
M
saí-azul
M/D
saíra-ferrugem
ATL
tico-tico
M/D C
cigarra-bambu
ATL
M
capacetinho-dooco-do-pau canário-rasteiro
CE, gv, rv
C F
100
Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 (22)
Icteridae Vigors, 1825
Fringillidae Leach, 1820 Estrildidae Bonaparte, 1850 Passeridae Rafinesque, 1815
Embernagra longicauda Strickland, 1844 Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Arremon flavirostris Swainson, 1838 Coryphospingus pileatus (Wied, 1821) Saltator similis d’Orbigny & Lafresnaye, 1837 Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789)
rabo-mole-da-serra
Basileuterus hypoleucus Bonaparte, 1830 Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) Psarocolius decumanus (Pallas, 1769) Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Carduelis magellanica (Vieillot, 1805) Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) Passer domesticus (Linnaeus, 1758)
TM, gq
F
tiziu
D
baiano
D
coleirinho
D
tico-tico-de-bicoamarelo tico-tico-rei-cinza
M M/C/F
trinca-ferroverdadeiro
C
pia-cobra
C
pula-pula-debarriga-branca canário-do-mato
M
pula-pulaassobiador
M ATL
M
japu
M
graúna
D
pintassilgo
C
fim-fim
M/D
bico-de-lacre
D
pardal
D
101
ANEXO 2: Espécies de Anfíbios registrados na Serra do Caraça por Canelas & Bertoluci (2007). Família / Espécie BRACHYCEPHALIDAE Eleutherodactylus izecksohni Caramaschi & Kisteumacher, 1989 “1988” Eleutherodactylus juipoca Sazima & Cardoso, 1978 Eleutherodactylus sp. (gr. lacteus) BUFONIDAE Chaunus pombali (Baldissera, Caramaschi, & Haddad, 2004) Chaunus rubescens (Lutz, 1925) CENTROLENIDAE Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924) Hyalinobatrachium sp. (aff. eurygnatum) CYCLORAMPHIDAE Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Lütken, 1862) Hylodes uai Nascimento, Pombal & Haddad, 2001 Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1824) HYLIDAE Aplastodiscus arildae (Cruz & Peixoto, 1987 “1985”) Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956) Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) Bokermannohyla martinsi (Bokermann, 1964) Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973) Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Dendropsophus seniculus (Cope, 1868) Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870 “1869”) Phasmahyla jandaia (Bokermann & Sazima, 1978) Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882 Scinax duartei (B. Lutz, 1951) Scinax eurydice (Bokermann, 1968) Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989) Scinax machadoi (Bokermann & Sazima, 1973) Scinax squalirostris (A. Lutz, 1925) Scinax sp.1 (aff. perereca) Scinax sp.2 (gr. catharinae) Scinax sp.3 LEPTODACTYLIDAE Leptodactylus bokermanni (Heyer, 1973) Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978 Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
102
Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967 Physalaemus sp. (aff. olfersii) THOROPIDAE Thoropa megatympanum Caramaschi & Sazima, 1984 Thoropa miliaris (Spix, 1824) MICROHYLIDAE Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799)
103