POEMAS PARA CRIANÇC, ÇAS COM DESENHOS DE RITA PINTO
O ELEFANTE E´ UM BICHO NARIGUDO. Com um nariz que nunca mais acaba e um rabo pequenino, é extraordinário: o nariz-tromba é que parece o rabo, um grande rabo mas posto ao contrário.
O ELEFANTE E´ UM PAÂ^NDEGO ORELHUDO. As orelhas tão grandes, largas, rasas, parecem tampas de panelas velhas, folhas de couve, barbatanas, asas, tapetes ou abanos… ai que orelhas!
O ELEFANTE ÉE´ UM ANIMAL DENTUDO. Mostra dois dentes grandes e bonitos, branquinhos, de marfim, ponta aguçada… Aquilo não são dentes, são palitos espetados na boca desdentada!
O ELEFANTE E´ UM BRINCALHAO PANÇUDO. Com um tal peso e um tal tamanho, se pudesse brincava o dia inteiro nos rios, a nadar ou a tomar banho, com a tromba servindo de chuveiro.
O ELEFANTE ÉE´ UM OPERÁRIO MUDO. Quando o homem o caça e ensina, manso, num circo ou lenhador-carregador, não diz nada, trabalha sem descanso: é bom palhaço e bom trabalhador.
O ELEFANTE E´ GRANDE E BOM EM TUDO. Na selva muito bicho mata e caça: Os maiores bichos comem os menores. E ele, o maior, cheio de paz e graça, come só folhas, frutos, talvez flores.
QUE AMIGO INTELIGENTE, O BOM GIGANTE! ão pançudo e dentudo e narigudo e orelhudo e operário mudo, o elefante é grande e bom em tudo… Por isso eu gosto muito do elefante.
Um ponto somente é este animal que pouco se vê e muito se sente. E a gente não gosta da pulga. Porquê? A pulga, afinal, só de animais gosta e gosta da gente. A gente que o diga… Gosta, morde e pica. Mas que rica amiga!
Pica por ser má? Pica por prazer? Lá prazer terá, sabe-lhe isso bem… mas, se a pulga pica, é para comer, não mata ninguém. O pobre animal precisa de sangue… Mas é natural que a gente se zangue.
Vai a gente ver e ela já se foi… e sempre a morder. Quem dera apanhá-la, mordê-la, pisá-la! Será que ela julga que aquilo não dói?
E assim é a pulga: maluca, malvada, mas tão pequenina, ladina e rabina, que a acho engraçada.
Dona Pulga, que vivia dia e noite, noite e dia, dentro da orelha direita do elefante Barnabé, não vivia satisfeita.
E QUEREM SABER PORQUEÊ ^? Andava sempre sozinho o elefante… e falava, resmungava, suspirava. Dona Pulga, no cantinho lá da orelha, escutava. E dizia o elefante que gostava de casar com a menina elefante que havia lá no lugar, chamada Tromba Risonha. E aquilo era um sofrimento: Barnabé tinha vergonha de pedi-la em casamento.
Dona Pulga, que vivia na sua orelha direita, como quase não dormia, nem de noite nem de dia, não andava satisfeita. Com razão! Era de mais: se o Barnabé dava ais, Dona Pulga ouvia tiros; e, se ele dava suspiros, parecia o vento a zunir. E Dona Pulga – coitada! – como não dormia nada, andava quase doente, – que as pulgas são como a gente, também precisam de dormir. Como quase não dormia, nem de noite nem de dia, não andava satisfeita. Ora uma vez, na floresta, houve um baile. E o Barnabé, convidado para a festa, conseguiu ficar ao pé da sua Tromba Risonha.
Começou logo a olhar, muito triste, a suspirar… Mas, como tinha vergonha, nem sequer ia dançar. Então a pulga saltou para um olho do elefante e picou… picou… picou… E Barnabé, nesse instante, fazendo uma carantonha, piscou o olho, piscou o olho à Tromba Risonha!
Ora o engraçado é que ela também lhe queria bem. Vendo aquela piscadela, menina Tromba Risonha piscou o olho também.
Dançaram e conversaram, Conversaram e dançaram… e ele, perdendo a vergonha, lá lhe falou em casar. E o elefante Barnabé mais a sua namorada, uma elefante chamada menina Tromba Risonha, começaram a dançar. Casaram. E – já se vê – depois de feito o casório, acabou-se o falatório do elefante Barnabé. E Dona Pulga, deitada na sua orelha direita, pode dormir descansada e já vive satisfeita.
Às vezes, ainda acorda irritada, como dantes. Ouve gritos, estremece, espreita lá da orelha… e vê a saltar à corda dois meninos elefantes. Mas dona pulga está velha: sorri, deita-se... e adormece.