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HISTÓRIA DA ARTE


COMPREENDER A ARTE Os artistas são grandes comunicadores de mensagens, mas por vezes os meios, a linguagem e os signos que utilizam são complexos e torna-se difícil compreendê-los.

Pablo Picasso, Guernica, 1937, Óleo sobre tela, 349,3x776,6cm


COMPREENDER A ARTE Entender uma obra de arte não significa saber o que o artista quis dizer com ela, ou identificar apenas o que nela está representado. Muitas obras apelam aos sentimentos da pessoa que a vê portanto cada um reage ou é sensibilizado de forma diferente perante a mesma obra de arte.

Vincent van Gogh, Retrato do Dr. Gachet, 1890, óleo sobre tela, 67 cm × 56 cm

Franz Marc, Formas lutando, 1914, Óleo sobre tela, 91x131cm


Durante muitos séculos a arte identificou-se apenas com as chamadas belasartes: a pintura, a escultura e a arquitectura. Os artistas procuravam corresponder essencialmente ao conceito de “belo” de uma sociedade elitista. Hoje em dia, sabemos que o conceito de “belo” pode variar muito de época para época e de cultura para cultura.

Mulheres girafa em Myanmar (antiga Birmânia)nesta cultura as mulheres com um pescoço longo são consideradas belas e por isso usam uns anéis para o alongar. O preço a pagar por isso é que se retirarem os anéis morrem, pois os músculos do pescoço já não conseguem aguentar sozinhos o peso da cabeça.

Marilyn Monroe, actriz (1926-1962) – foi considerada a mulher mais bela do mundo na sua época, quando eram apreciadas mulheres com formas mais redondas e generosas.


Sabemos também que um artista pode não querer comunicar o que é “belo”, mas antes o “horrível”, o “aberrante”, o “chocante”. Pode até nem querer comunicar nenhuma ideia específica, apenas provocar sensações ou despertar sentimentos.

Leonardo da Vinci, Mona Lisa (Gioconda), 1503-1506, Óleo sobre madeira, 77x53cm

Pablo Picasso, Mulher a chorar, 1937, Óleo sobre tela, 60x49cm


BREVE HISTÓRIA DAS ARTES PLÁSTICAS Pensa-se que, primitivamente, a arte rupestre evocava poderes mágicos e religiosos.

Gravuras de Foz Côa, datadas do Paleolítico Superior (22000 - 10000 a.C.),

Vénus de Willendorf, estima-se que tivesse sido esculpida há 22000 ou 24000 anos, 11,1 cm

Pinturas rupestres de Lascaux, cerca de 15.500 anos


Na antiguidade, a Arte representou deuses e mitos, relatou feitos heróicos.

Pintado talvez por Philoxenos ou Helena do Egipto. Alexander o Grande e Dário III na Batalha de Issos. Mosaico romano copiado a partir de uma pintura grega de 310 a.C.

Agrippa (marido de Júlia filha de Augusto) c. 25 - 24 a.C. mármore

Máscara funerária de Tutankhamon, Egipto, c. 1350 a.C., ouro


Na Europa medieval, o fervor religioso fez com a Arte que se centrasse em temas religiosos.

Tímpano da catedral gótica de Estrasburgo, França, c. 1230 Cimabue, A Virgem e o Menino no trono rodeada por seis anjos, c. 1280, guache sobre madeira, 424 × 276 cm


No RENASCIMENTO, o interesse pelo estudo do Homem e das Ciências originou grandes mudanças na representação. Passaram a retratar-se não só os reis, como fidalgos, donzelas, pessoas do povo e até escravos. Renascimento significa o “renascer” das culturas clássicas (grega e romana), por isso eram frequentes as reproduções de figuras mitológicas e cenas pagãs.

Características gerais: - Racionalidade - Dignidade do Ser Humano - Rigor Científico - Ideal Humanista - Reutilização das artes grecoromanas

Miguel Ângelo, David, c. 1501-1504, Mármore, 410 cm de altura

Jan van Eyck. Giovanni Arnolfini e a sua esposa Giovanna Cenami (O casamento de Arnolfini). 1434. Guache sobre madeira


Características pintura:

principais

da

- Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objectos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria. - Realismo: o artistas do Renascimento não vêm mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada. - Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.

Piero della Francesca: Flagelação de Cristo, 1460. Técnica mista em painel de madeira.


Hans Holbein, o Novo. Retrato do mercador Georg Gisze, 1532. Óleo e guache sobre carvalho.

-

Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.

-

Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.

-

Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitectónicas, tornam-se manifestações independentes.


Sandro BOTTICELLI (1445-1510) - os temas dos seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar o seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus.

Botticelli, O nascimento de Vénus, 1485


Leonardo Da VINCI (1452-1519) - dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos do conhecimento humano. Esta versão está no Louvre e foi pintada por volta de 14831486, ou anteriormente. Esta pintura é um exemplo perfeito da técnica de "sfumato" de Leonardo da Vinci. A palavra "Sfumato" vem do italiano sfumare, que significa esbater ou evaporar como fumo. Refere-se à subtil e perfeita gradação de tons e sombras do mais claro para o mais escuro dando às suas pinturas uma atmosfera de ilusão.

Leonardo Da Vinci, A Virgem nas Rochas, c. 1483-1486


A arte BARROCA originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagónicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria.

Anthony van Dyck. Sansão e Dalila, c. 1630. Óleo sobre tela. Uma história poderosa pintada à maneira de Rubens; o uso de cores saturadas revela um estudo da pintura de Ticciano.


Características da pintura são: - Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista. - Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade. - Realista, abrangendo todas as camadas sociais. - Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.

Jan Bruegel o Velho. Paisagem costeira com o sacrificio de Jonas. s.d . Óleo sobre tela.


Michelangelo Merisi da CARAVAGGIO (1571 – 1610)- o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador.

Caravaggio. O chamamento de S. Mateus. 1599-1600. Óleo. sobre tela

O retrato está dividido em duas partes. As figuras em pé à direita formam um rectângulo. Os que estão à volta da mesa na esquerda um bloco horizontal. Os trajes reforçam o contraste. Levi e seus subordinados, que estão envolvidos em afazeres deste mundo, estão vestidos com trajes contemporâneos, enquanto o Cristo e S. Pedro (que está descalço), que chamam Levi a uma outra vida e mundo, aparecem com roupas intemporais. Os dois grupos são separados também por uma espécie de vácuo, sendo literalmente e simbolicamente a mão de Cristo que faz a transição entre estes dois grupos. Esta mão, como Adão na criação de Miguel Ângelo, unifica os dois grupos formal e psicologicamente. Está subjacente uma grelha de linhas verticais e horizontais que formam a estrutura do quadro. A luz não foi manipulada descuidadamente: a janela coberta com um oleado provavelmente para fornecer uma luz mais difusa; a luz superior para iluminar a cara de Saint Matthew e o grupo sentado; e a luz por detrás de Cristo e S. Pedro, iluminando somente eles. A intenção desta luz poderá der de origem miraculosa pois de que outra forma S. Pedro não projecta nenhuma sombra sobre o rapaz em frente dele?


REMBRANDT

Harmenszoon van Rijn (1606 — 1669)- o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa. O cadáver é o foco da composição, pelo seu brilho intenso. A partir daqui, o olho do espectador é conduzido às cabeças iluminadas dos ouvintes, cujas expressões e as atitudes reflectem graus diferentes de atenção, e à cara e às mãos de Tulp, que é a mais convincente representação de um professor absorvido no seu trabalho. Com o forceps na sua mão direita Tulp prende os músculos e os tendões do braço que controlam o movimento da mão, enquanto os dedos curvados de sua mão esquerda demonstrarem qual a acção desses mesmos músculos. A ilusão é realçada pela caracterização vívida dos indivíduos assim como pelo poder grande do artista em dramatizar o momento dentro de um grupo coerente. Sem o claro-escuro forte e a qualidade atmosférica fina que é combinada com ele, o retrato perderia sua intensidade, a qualidade escultural das formas, e todo a excitação do momento. Aqui, a tensão psicológica e pictórica são combinadas para criar o sentimento de um evento extraordinário. Rembrandt. Aula de anatomia.1632. Óleo sobre tela


O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos do final do século XVIII que foram a Revolução Industrial que gerou novos inventos com o objectivo de solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa que lutava por uma sociedade mais harmónica, em que os direitos individuais fossem respeitados, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Do mesmo modo, a actividade artística tornou-se complexa. Os artistas do período ROMÂNTICO procuraram libertar-se das convenções académicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. Características da pintura: - Aproximação das formas barrocas; - Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo ao observador; - Valorização das cores e do claroescuro; e - Dramaticidade Temas da pintura: - Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos artistas; - Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções humanas; e - Mitologia Grega

Delacroix. A Liberdade guiando o Povo. 1830. Óleo sobre tela.


Francisco de GOYA (1746 — 1828)- Goya e sua mitologia povoada por sonhos e pesadelos, seres deformados, tons opressivos. Senhor absoluto da caricatura do seu tempo. Trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a acção incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela liberdade. Goya aqui representa a insurreição do povo de Madrid contra o exército de Napoleão e que foi punido severamente pela prisão e execuções que continuaram durante todo a noite de 2 maio e da seguinte manhã. Existe uma lenda de que Goya testemunhou as execuções no monte de Príncipe Pío, nos arredores de Madrid, da janela de sua casa e que, enraivecido pelo que tinha visto, foi visitar imediatamente o local e fez esboços dos cadáveres à luz de uma lanterna. O drama é aqui retratado de encontro a um monte estéril à noite. A luz de uma lanterna enorme na terra entre as vítimas e seus executores ilumina principalmente a figura de um homem de camisa branca estarrecido a ajoelhado com braços abertos. A postura, os gestos e as expressões dos madrilenos e a linha impessoal fechada das costas dos soldados enfrentando-os os com musquetes alinhados, enfatizam o horror da cena.

Goya. O três de Maio de 1808- A execução dos defensores de Madrid. 1814. Óleo. sobre tela

As qualidades dramáticas desta composição, com sua piedade pela a execução das vítimas anónimas e a celebração de seu heroísmo, inspiraram diversas versões de Manet da execução de Maximiliano.


Joseph Mallord William TURNER (1775 - 1851), representou grandes movimentos da natureza, mas por meio do estudo da luz que a natureza reflecte, procurou descrever uma certa atmosfera da paisagem. Uma das primeiras vezes que a arte regista a presença da máquina (locomotiva). Por volta de 1840 foi o período de expansão do caminho de ferro e o inquieto Turner apreciava a velocidade e o conforto deste meio de transporte. Uma história que se conta acerca deste quadro diz que este tem a sua origem numa viagem de comboio durante uma tempestade de chuva, na qual o artista pôs a cabeça fora da janela. Desejoso como sempre por sensações fortes, Turner tenta reproduzir a experiência na pintura, embora o espectador seja imaginado vendo o comboio se aproximando de um ponto de vista elevado.

Turner. Chuva, Vapor e Velocidade – O Grande Caminho de ferro do Oeste.1844. Óleo. sobre tela

O ponto de fuga desaparece no centro do quadro numa linha diagonal. A perspectiva exagerada do viaduto é propositada para sugerir velocidade. Os redemoinhos de borrões e manchas e borrifos de tinta sugerem chuva, vapor e velocidade fazendo com que as personagens do velho campo fiquem pouco nítidos. Felicidade e pesar são misturados com alarme; num segundo temos de nos afastar de deixar passar o rugido.


Entre 1850 e 1900 surge nas artes europeias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética chamada REALISMO, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive nas suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjectivas e emotivas da realidade.

Temas

da

pintura:

- Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos. - Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas o povo, em resumo - tornaram-se assunto frequente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura romântica.

Ferdinand Hodler, O sapateiro, 1878. Óleo sobre tela.


Jean-François MILLET (1814 – 1875) sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Os seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh. Um homem e uma mulher recitando “Angelus” uma oração que celebra a anunciação feita pelo Anjo Gabriel a Maria. Pararam de trabalhar e todos os utensílios utilizados na lavoura estão à sua volta. Em 1865, Millet disse: “A ideia para este quadro surgiu-me porque me lembrei que a minha avó, ao ouvir o sino da igreja , enquanto estávamos a trabalhar fazia-nos parar para recitar esta oração, em homenagem dos pobres que partiram.” Foi então esta recordação de infância e não o desejo de glorificar algo religioso, que esteve por detrás desta obra. Quis imortalizar os ritmos seculares da vida no campo e a sua simplicidade. Por detrás dos camponeses consegue-se perceber uma enorme planície, apesar do tamanho reduzido da tela. As suas caras estão à sombra enquanto a luz ilumina os seus gestos e postura. A tela expressa um sentimento profundo de meditação.

Millet. Angelus 1857-1859. Óleo. sobre tela

Talvez todo isto explique o extraordinário destino desta obra: despoletou um inimaginável fervor patriótico quando o Louvre o tentou comprar em 1889, era venerado por Salvador Dali, foi lacerado por um louco em 1932 e tornou-se um famoso icone mundial no século XX.


Jean Désiré Gustave COURBET (1819–1877), foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar nas suas obras temas da vida quotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.

As mulheres representadas são irmãs de Courbet, Zoé e Juliette, juntamente com o seu filho Désiré Binet. Uma obra prima de simplicidade rural, é um brilhante exemplo do género e faz lembrar Millet. O quadro foi exibido no Salão de 1855.

Courbet. Mulheres peneirando trigo 1854. Óleo. sobre tela


O IMPRESSIONISMO foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito mais práticas do que teóricas, que os artistas seguiam nos seus procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram a pintura impressionista. Principais características da pintura: - A pintura deve registar as tonalidades que os objectos adquirem ao reflectir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza modificam-se constantemente, dependendo da incidência da luz do sol. - As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstracção do ser humano para representar imagens. - As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado. - Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos. - As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se óptica. Claude Monet, Mulher com um Guarda Sol, 1875. óleo sobre tela.


A palavra “impressionismo” tem as suas raízes num quadro intitulado Impressão – Nascer o Sol (1874), do pintor Claude Monet . Na altura mal aceite pela crítica de arte, que o comparou a um simples papel de parede.


Monet. Antibes. 1888. óleo sobre tela

Monet. Antibes – efeito à tarde. 1888. óleo sobre tela

Este movimento representou uma ruptura, principalmente com o Realismo. Para os impressionistas, a pintura consistia em reproduzir a impressão que as sensações visuais, submetidas às constantes variações de luz, despertavam no artista. A luz, em mudança permanente, tornou-se o principal motivo da obra, por isso alguns artistas pintavam os mesmos motivos a várias horas do dia.


Pierre-Auguste RENOIR (1841 – 1919), foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida. Os seus quadros manifestam optimismo, alegria e a intensa movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com personagens do quotidiano, os retratos e as naturezas mortas. O quadro foi pintado em Paris, no bairro de Montmartre, e retrata um tema frequente na pintura impressionista e que se encontra na base do movimento: o quotidiano burguês. Foi exibida pela primeira vez no Salon em 1877, na exposição dos impressionistas. Ainda que o rosto de alguns dos seus amigos apareçam na imagem, a intenção de Renoir era captar a vivacidade e a atmosfera alegre desta popular dança de jardim no Butte Montmartre, nas imediações do Moulin, hoje celebrizado pela tela. O estudo da multidão em movimento, a inclusão lumínica natural e artificial e outros efeitos, foram concretizados através de pinceladas de cores vibrantes. A aparência um tanto desfocada da cena, capta algumas críticas negativas desde o seu tempo até à actualidade.

Renoir. O baile no Moulin de la Galette. 1876. Óleo. sobre tela

A descontração das personagens, a sombra imposta pela copa das árvores, os resquícios de luz natural que recaem sobre os vestidos das senhoras e os chapéus dos senhores em primeiro plano, e tantos outros elementos neste quadro, tornam-no numa das principais obras-primas do Impressionismo.


Claude MONET (1840 – 1926), incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em diversas horas do dia, afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade. Em 1866, Claude Monet começou a pintar um quadro grande no jardim da propriedade que ele alugava nos subúrbios de Paris. Ele encarou um desafio duplo: primeiramente, trabalhando a céu aberto como trabalhar na parte superior do quadro sem mudar o seu ponto de vista; e em segundo lugar, trabalhando num formato grande geralmente usado para composições históricas. Mas o seu desafio real era outro: conseguir pintar figuras numa paisagem e dar a impressão que o ar e a luz se moviam à sua volta. Monet achou uma solução pintando as sombras, luz colorida, “pontos” de luz do sol filtrado pela folhagem, e reflexos pálidos brilhando no escuro. Emile Zola escreveu no seu relatório no Salão: "O sol caiu directamente em saias brancas deslumbrantes; a sombra quente de uma árvore recorta um pedaço cinzento do caminho e dos vestidos ensolarados. Que efeito mais estranho e imaginável. O pintor deve estar notavelmente sintonia com o seu tempo para ousar fazer tal coisa, tecidos cortados ao meio pela sombra e pelo sol". Os rostos são deixados vagos e não podem ser considerados retratos. Camille, a companheira do artista, posou para as três figuras na esquerda. Monet habilidosamente deixou o branco dos vestidos, pousando-os firmemente na estrutura da composição – uma sinfonia de verdes e castanhos – fornecido pela árvore central e pelo caminho.

Monet. Mulheres no jardim. 1866-1867. Óleo. sobre tela

Terminado no estúdio, a pintura foi recusada pelo júri do Salão de 1867que, à parte da falta de assunto e narrativa, deplorou as pinceladas visíveis que considerou como um sinal de desatenção e incompletude. Um dos membros do júri terá declarado: “Demasiados jovens não pensam em mais nada senão em continuar nesta direcção abominável. É tempo de protegê-los e salvar a arte"!


O EXPRESSIONISMO é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjectiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. Corrente artística concentrada especialmente na Alemanha entre 1905 e 1930.

Principais características da pintura: -pesquisa no domínio psicológico; - cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas; - dinamismo improvisado, abrupto, inesperado; - pasta grossa, martelada, áspera; - técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões; - preferência pelo patético, trágico e sombrio

Munch, O grito, 1893. óleo, guache e pastel sobre cartão.


Eugène Henri PAUL GAUGUIN (1848 – 1903), aos 35 anos tomou a decisão mais importante da sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX.

Gauguin. O Cristo Amarelo. 1889. Óleo. sobre tela


A sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. As suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores estendem-se planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente. No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e "cloisonnisme" (alveolismo), estilos de representação simbólica da natureza onde são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha negra, e que mostravam uma forte influência das gravuras japonesas. Gauguin. Duas Mulheres Taitianas. 1899. Óleo. sobre tela


Vincent Willem VAN GOGH (1853 – 1890), empenhou-se profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguin, principalmente pela sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade onde passou a pintar ao ar livre. O sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de qualquer naturalismo no emprego das cores. Apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função de representar emoções. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem pelo críticos, que não souberam ver na sua obra os primeiros passos em direcção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores Van Gogh. Cipreste sobre um céu estrelado. 1890. Óleo. sobre tela


Numa carta endereçada ao seu irmão Théo, Vincent explica o que o fez pintar esta obra: queria exprimir a tranquilidade e sobressair a simplicidade do seu quarto através do simbolismo e das cores. Descreveu: as paredes lilás pálido, o chão de um vermelho quebrado e desvanecido, as cadeiras e a cama amarelo crómio, os travesseiros e os lençóis limão verde muito pálido, a colcha vermelho sangue, a mesa dos lavabos alaranjada, a bacia azul, a janela verde “, afirmando: “quis exprimir um repouso absoluto através da diversidade destes tons”. Através destes diferentes tons, é no Japão, nos seus quadros e nas suas estampas que Van Gogh vai buscar as influências-simplicidade. A sua composição é constituída quase unicamente de linhas direitas e por uma combinação rigorosa das superfícies coloridas que equilibram a instabilidade da perspectiva.

Van Gogh. O quarto de Van Gogh em Arles. 1889. Óleo. sobre tela


Paul KLEE (1879 – 1940), considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista. Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor dedicou-se durante a toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. Klee escreveu: "A cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, na sua primeira viagem a Tunes. As formas cúbicas da arquitectura e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de carácter quase surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas.

Klee. Jardins (tunisinos) do Sul. 1919. Aguarela


Este quadro é um dos seus mais célebres. Os críticos são unânimes em afirmar que se trata de de uma obra com um cunho político e histórico, mas as interpretações sobre o seu significado divergem. Esta obra surgiu após um período em que o pintor esteve doente e existem cinco versões deste tema (esta é a última). O fundo do quadro é de um azul relativamente uniforme, que em alguns lugares se torna ligeiramente violeta. Destacam-se deste fundo, arcos de tamanhos e cores diferentes que avançam sobre o observador, que em vez de estarem alinhados estão desordenados. Esta desordem é acentuada pelos tamanhos e variedade de cores. Klee tinha dado o título de Arcos de ponte diferentes à penúltima versão, muito semelhante a este quadro, sugerindo este título uma rejeição da ordem estabelecida. Graças à construção de auto-estradas, as pontes ocupavam um lugar importante na arquitectura do Nacional-Socialismo (Alemanha Nazi). Os seus arcos bem alinhados, a maior parte das vezes com a mesma altura e largura, simbolizavam a conformidade. Mas os arcos representados por Klee não se conformam com isto. Recusam-se a continuar a ser apenas um elo da cadeia e cada um deles procura existir por si próprio, “saem da ordem” e fazem a “revolução”. Cada um por si, e não a passo certo, vão ao encontro do observador, conscientes da sua força, devido à sua superioridade numérica, contra a ordem e conformidade. O quadro é uma declaração de guerra contra os nazis, que tinham conseguido reprimir toda a individualidade na Arte, sempre que esta recusou a uniformização.

Paul Klee. Revolução do viaduto. 1937. Óleo. sobre tela


Paul CÉZANNE (1839 – 1906), a sua principal tendência foi converter os elementos naturais em figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas – que se acentuou cada vez mais, de tal forma que se tornaria impossível para ele recriar a realidade segundo “impressões” captadas pelos sentidos. Era conhecido como um artista subversivo, de difícil temperamento, que quebrou com a visão estereotipada de que a obra de arte tinha de ser uma cópia da realidade. Mais do que reproduzir, Cézanne preocupava-se em interpretar as cenas ao seu redor, violando, literalmente, a realidade do objecto. A maioria dos seus quadros transmite uma emoção, por vezes, considerada intragável pelos críticos da época.

Cézanne. As grandes banhistas. 1906. Óleo. sobre tela


O Monte Saint Victoire, próximo da casa de Cézanne em Aix-en-Provence foi um dos seus temas favoritos. Cézanne ficou fascinado pela dureza arquitectural das suas formas e pintou-a de diversas formas e ângulos. Usou conjuntos de cores ousadas para alcançar um novo efeito espacial conhecido como “profundidadeplana” para retratar as formas geológicas das montanhas, fora do comum.

Cézanne. O Monte Saint Victoire. 1885-1887. Óleo. sobre tela


Historicamente o CUBISMO originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objectos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objectos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. O pintor cubista tenta representar os objectos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas rectas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objectos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes. Principais características da pintura: - geometrização das formas e volumes ; renúncia à perspectiva - o claro-escuro perde sua função; - representação do volume colorido sobre superfícies planas - sensação de pintura escultórica; - cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave;

Juan Gris,.Fantômas, 1915. óleo sobre tela.


O cubismo divide-se em duas fases: Cubismo Analítico - (1909) caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista regista todos os seus elementos em planos sucessivos e sobrepostos, procurando a visão total da figura, examinando-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho, cinza e bege.

Georges Braques. Violino e jarro. 1910. Óleo. sobre tela


O cubismo divide-se em duas fases: Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos objectos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objectos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações tácteis.

Pablo Picasso. Guitarra. 1913. carvão, lápis, tinta em papel


Pablo Picasso

- (1881-1973) Tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte passou por diversas fases: - a fase Azul, entre 1901-1904, que representa a tristeza e o isolamento provocados pelo suicídio de Casagemas, seu amigo, são evidenciados pela monocromia e também a representa a miséria e o desespero humanos; -a fase Rosa, entre 1904-1907, o amor por Fernande origina muitos desenhos, com a paixão de Picasso pelo circo, iniciam-se os ciclos dos saltimbancos e do arlequim. -Depois de descobrir as artes primitivas e africanas compreende que o artista negro não pinta ou esculpe de acordo com a tendência de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior. Picasso desenvolve então uma verdadeira revolução na arte. -Em 1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista subverteu o sentido da arte moderna -Com a declaração de guerra em 1914, chega ao fim a aventura cubista.

Tragédia. 1903. Óleo sobre madeira

Acrobata e jovem arlequim. 1905. Óleo sobre tela


O artista inspirou –se na tela de Jean Dominique Ingres “O banho Turco”, no qual eram representadas mulheres cujos contornos evidenciavam as suas curvas arredondadas e expressavam sensualidade e erotismo. Porém, neste quadro, as figuras femininas perderam toda a expressão sensual e erótica e aparecem com os braços disformes, os cotovelos ponteagudos e a cabeça encravada na carne, transformam a pose provocante no seu inverso.

Aqui, o artista reproduz o objecto (figuras femininas), simultaneamente, de vários ângulos visuais. A iluminação realista do espaço do quadro cede o lugar a uma distribuição de luz e sombra que varia de um elemento pictórico para outro. O corpo e as cabeças são fragmentados em peças angulares. As duas figuras centrais do quadro aparecem pintadas de forma monocromática, de um tom quente, fazendo lembrar a fase Rosa . As expressões de ambas, são de uma beleza evidente, em contraste com as restantes, cujas cabeças e corpos deformados parecem “talhados” a golpes de machado. Na figura do primeiro plano à direita, já não é sequer possível reconstruir a posição do braço direito apoiado. O corpo e cabeça tem uma formação completamente diferente, mostrando ao mesmo tempo as costas e a cara. Também os olhos e a boca não respeitam a posição natural de qualquer humano. Atrás desta figura, outra mulher aparece no quadro afastando do cortinado azul. A sua cabeça está deformada, a cara assemelha-se ao focinho de um cão e de um tom verde/vermelho. O corpo surge fragmentado em várias partículas incompatíveis com a forma das outras. A quinta figura feminina, do lado esquerdo da tela, parece encontrar-se em estado de imobilidade, a expressão do rosto parece “empedernida”, tipo máscara.

Picasso - As Meninas d’Avignon – 1907. Óleo sobre tela.

Todas as figuras diferem entre si, obedecendo a uma geometrização radical, que por lado impõe às proporções naturais as suas próprias regras, deformando-as à sua livre vontade, fundindo-as nitidamente com um plano de fundo também talhado a “pique”. A falta de modelação dos corpos através de luz e sombra e a combinação dos vários ângulos de visão no quadro provocam, além disso, um obscurecer do espaço. Nesta tela, Picasso expressa a sua revolta contra toda a arte Ocidental com génese na Renascença, a qual representava a beleza da mulher e deu expressão a uma nova era da arte denominada “Cubismo”, resultado da sua vivência e do contacto com outros tipos de arte, nomeadamente: as esculturas ibéricas e africanas, cujas formas arcaicas o artista foi modificando até atingir a geometrização rigorosa e, por fim, deformação radical.


O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primeiramente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, mas também pelo Marxismo, o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na actividade criativa. Um dos seus objectivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton é o principal líder e mentor deste movimento.

René Magritte. Gonconda. 1953. óleo sobre tela.


Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealista de 1924. Além de Breton seus representantes mais conhecidos são Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas.

André Breton


O SURREALISMO foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam representar, seja por meio de formas abstractas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.

Max Ernst. O elefante Celebes, 1921.óleo sobre tela.


Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech, 1º Marquês de Dalí de Púbol (1904 —1989), conhecido apenas como Salvador Dalí, foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. Dalí foi influenciado pelos mestres do Renascimento. Salvador Dalí teve também trabalhos artísticos no cinema, escultura, e fotografia. Ele colaborou com a Walt Disney no curta de animação Destino, que foi lançado postumamente em 2003 e, ao lado de Alfred Hitchcock, no filme Spellbound.Também foi autor de poemas dentro da mesma linha surrealista. Dalí insistiu em sua "linhagem árabe", alegando que os seus antepassados eram descendentes de mouros que ocuparam o sul da Espanha por quase 800 anos, e atribui a isso o seu amor de tudo o que é excessivo e dourado, sua paixão pelo luxo e seu amor oriental por roupas. Tinha uma reconhecida tendência a atitudes e realizações extravagantes destinadas a chamar a atenção, o que por vezes aborrecia aqueles que apreciavam a sua arte, já que sua forma de estar teatral e excêntrica tendia a eclipsar o seu trabalho artístico.

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Angelus. ca.1932. Óleo sobre madeira


Na tela encontram-se representados três relógios que marcam diferentes horas tendo como fundo a paisagem de Porto Lligat, localizado no norte de Espanha, (memória de infância de Dali). Segundo o próprio autor, a solução formal dos relógios derivam de um queijo camembert que Dali se encontrava a observar enquanto pintava. As suas formas sensuais têm uma evidente conotação sexual, nomeadamente o que se encontra no centro do quadro, estendido sobre uma pedra que simula o retrato do artista. Dali via os relógios como instrumentos normalizados e exactos que traduziam de forma objectiva a passagem do tempo. O facto de os dotar de formas orgânicas remete-os para o universo de prazer, recordando a dimensão fugidía do tempo e o sentido de ambiguidade que a evolução temporal introduz pelo cruzamento da percepção da realidade com a casualidade e inexplicabilidade da memória.

Esta pintura traduz o interesse do pintor pelas conquistas da ciência moderna, cruzando teorias mais abstractas de física, nomeadamente a relatividade de Einstein, que colocou em causa a ideia de espaço e tempo fixos, com as pesquisas de Freud relativamente ao inconsciente e à importância dos fenómenos dos sonhos. A duplicidade de sentido das imagens e as inúmeras interpretações que promovem assim como a tendência para a criação de cenas absurdas repletas de signos indecifráveis, levaram a Dali a designar esta forma de arte de crítica paranóica, em tudo oposta a uma visão racional do mundo. De um ponto de vista técnico, esta pintura, assim como grande parte das criações de Dali, perseguem um enorme virtuosismo e meticulosidade no desenho das formas e na representação dos pormenores, com objectivo de obter atmosferas dotadas de grande realismo, daí o frequente alinhamento desta fase criativa com o grupo dos surrealistas ilusionistas ou veristas. Contém uma grande quantidade de referências de carácter historicista, particularmente as referentes à pintura maneirista ou à enigmática e fantástica obra do flamengo Jerónimo Bosch.

Dali. A persistência da memória. 1931. Óleo. sobre tela


Marc Chagall

(1887 —1985) O estilo romântico e alegórico é típico de Marc Chagall. As suas obras

são visões místicas e sonhadoras, repletas de símbolos e referências à educação judaica tradicional que Chagall recebeu na Rússia. A natureza da grande maioria das suas obras é indefinível, enigmática, remetendo para o mundo dos sonhos e do subconsciente. Tendo vivido em Paris entre 1910 e 1914, foi inicialmente influenciado pelo Cubismo, mas manteve um estilo único, desafiando a categorização da sua obra em qualquer movimento artístico. Foi um artista incrivelmente prolífero e talentoso, produzindo vitrais, mosaicos, tapeçarias e cenários, além da sua extensa obra de pintura.

Calvário, 1912. Óleo sobre tela


Esta pintura foi inspirada por eventos da vida do artista. Talvez uma memória da infância de seus pais, ou talvez de um auto-retrato de Chagall e de uma amiga. Uma coisa é certa, esta imagem teve um impacto profundo no subconsciente do artista, que é evidente nos pormenores de toda a cena. Reparem no intricado desenho da colcha pendurada acima da cama, e no sombreamento complexo usado na parede traseira.

Chagall. O aniversário. 1915. Óleo sobre cartão

É o facto do protagonista masculino estar contorcido que faz com que prestemos mais atenção a este quadro. É esta forma estranha que serve agarrar a atenção do observador, e que faz com que se olhe com mais atenção aos pormenores. Este é uma das imagens mais famosas de Chagall e que mais emociona os observadores. As formas são bonitas e interessantes, e a composição é dinâmica. Chagall pintou os detalhes com cuidado: sementes de melancia no aparador, as rendas na cortina azul, os cobertores exóticos indianos na cama. A cara do homem é pouco definida, criando movimento e emoção. Esta pintura é admirada pelo que revela sobre o relacionamento do casal. É o seu aniversário ela segura nas flores. Ela vai numa direcção e ele noutra, como mostram os seus pés. Ele acabou de lhe dar as flores e estava prestes a ir-se embora quando algo lhe disse que as flores não eram suficientes. Ela ficaria triste neste aniversário se ele não fizesse algo mais e por isso ele deve agir rapidamente. A parte tocante é que ele consegue estar à altura da ocasião, pula no ar para beijá-la, mesmo a tempo. Faz literalmente acrobacias para provar quanto a ama. Há uma outra interpretação desta pintura: a mulher está num funeral e o seu amante é um espírito que volta para visitá-la. Podem escolher a vossa interpretação.


A arte Abstracta ou abstraccionismo é geralmente entendida como uma forma de arte que não representa objectos próprios da nossa realidade concreta exterior. Ao invés disso, usa as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional". Surge a partir das experiências das vanguardas europeias, que recusam a herança renascentista das academias de arte, em outras palavras, a estética greco-romana. No início do século XX, antes que os artistas atingissem a abstracção absoluta, o termo também foi usado para se referir a escolas como o cubismo e o futurismo que, ainda que fossem representativas e figurativas, buscavam sintetizar os elementos da realidade natural, resultando em obras que fugiam à simples imitação daquilo que era "concreto".

Max Ernst. Desenho ao natural 1947. óleo sobre tela


O abstraccionismo divide-se em duas tendências: Abstraccionismo lírico ou sensívelpredominam os sentimentos e emoções. As cores e as formas são criadas livremente. Na Alemanha surge o movimento denominado "Der blaue Reiter" (O Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os Kandinsky, Franz Marc entre outros. Uma arte abstracta, que coloca na cor e forma a sua expressividade maior. Estes artistas aprofundam-se em pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um expressionismo abstracto, sensível e emotivo.

Franz Marc. Formas Lutando. 1914 óleo sobre tela.

Com a forma, a cor e alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores, sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos da composição devem Ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.


Abstraccionismo geométricoTambém chamado de Neoplasticismo, o seu criador e principal teórico foi Piet Mondrian. Onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a composição resulte apenas na expressão de uma concepção geométrica. O resultado são linhas verticais e horizontais e cores puras (vermelho, azul e amarelo). O ângulo recto é o símbolo do movimento, sendo rigorosamente aplicado à arquitectura.

Piet Mondrian. Composição A. 1920. óleo sobre tela.


Wassily Kandinsky

Sons contrastantes. 1924. Óleo sobre cartão

(1866-1944) - É em 1895 que, de visita a uma exposição em Moscovo sobre o Impressionismo francês, vê um quadro de Monet que o interessa, provocando-lhe a vontade de pintar – contudo, deseja pintar obras que exprimam alguma coisa. De facto, é esta necessidade interior de expressar as suas percepções emocionais que o levam ao desenvolvimento de um estilo de pintura abstracto, baseado em propriedades não-representativas de cor e forma – a abstracção sensível. Executa a sua primeira aguarela enquanto primeiro pintor abstracto e teórico de arte não figurativa, em 1910. Influenciado pelo impressionismo de Monet e pelo romantismo da música de Wagner, faz a apologia da força da cor, em que cada tela é “o teatro da cor”. Claramente espiritualista, tece a sua busca pictórica em torno da procura do próprio conteúdo da arte, da sua essência, da sua alma. As referências ao mundo exterior são, deliberadamente, inexistentes. Mais do que pintor, teoriza sobre a pintura, sobre o seu objectivo, sobre as suas sensações. Para Kandinsky, o objectivo da pintura é, precisamente, “encontrar a vida, tornar perceptíveis as suas pulsações, estabelecer as leis que as regem.” -


O quadro é dividido em dois pelas linhas pretas verticais no centro, sugerindo-nos dois quadros distintos: à esquerda, linhas que se cruzam de forma violenta, profusa; à direita, a supremacia das cores conjugadas numa harmonia de formas. Este turbilhão de cores e formas provoca o espectador, fazendo-o reagir (emocionalmente) perante a obra. No entanto, ainda que tudo pareça abstracto, apenas apelativo aos sentidos, a verdade é que os dois traços centrais pretendem ser armas seguras por Cossacos, perto de uma montanha azul, encimada por um castelo. Assim, primeiro há o aspecto emocional, desprovido de quaisquer considerações representacionais. Depois, a percepção destas características representativas leva o espectador do nível emocional para o nível intelectual: “Luta dos sons, equilíbrio perdido, princípio vencido, o rufar inopinado dos tambores, grandes interrogações, aspirações sem objectivo visível, impulsos aparentemente incoerentes, cadeias quebradas, laços desfeitos e atados num único laço, contrastes e contradições, é esta a nossa harmonia.”

Kandinsky. Composição IV. 1911. Óleo sobre tela


Action Painting ou pintura de acção gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de 1947 a 1950 faz parte da Arte Abstracta Americana.

JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor

Fosforescência.1947. Óleo, esmalte e tinta para alumínio sobre tela

americano, introduziu nova modalidade na técnica, gotejando (dripping) as tintas que escorrem de recipientes furados intencionalmente, numa execução veloz, com gestos bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a superfície escolhida com resultados extraordinários e fantásticos, algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu pesquisas sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o artista usou materiais como pregos, conchas e pedaços de tela, misturavam-se às camadas de tinta para dar relevo à textura. Usou freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na pintura de automóveis. Características da Pintura: - Compreensão da pintura como meio de emoções intensas. - Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo. - Destruição dos meios tradicionais de execução -pincéis, trincha, espátulas, etc. - Técnica: pintura directa na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando tinta à óleo, pasta espessa de areia, vidro moído.


A Pop Arte tem raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, e começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida quotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstracto que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. A sua iconografia era a da televisão, da fotografia, da banda desenhada, do cinema e da publicidade.

Roy Lichtenstein. Rapariga afogando-se. 1963. Óleo e acrílico sobre tela


Os artistas inspiraram–se nas imagens de publicidade, nas revistas, na televisão e na banda desenhada. Qualquer objecto do dia a dia poderia servir para criar arte: conjuntos de latas de conserva ou de refrigerante foram transformados em obras de arte.

Andy Warhol, Latas de sopa Campbell', 1968. Acrílico e liquitex, serigrafía sobre tela

Usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. A intenção dos artistas pop foi a de porem em causa a distinção rígida entre arte erudita e arte popular, ao mesmo tempo que o faziam com humor e alegria Questionaram os próprios limites da arte


Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controversa da pop art. Warhol mostrou a sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objecto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro. Produziu filmes e discos de um grupo musical, (Velvet Underground), incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.

Warhol. Marilyn. 1964. Serigrafía sobre tela


A expressão Op-arte vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte "menos expressão e mais visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se modifica a cada instante. Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto actual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.

Bridget Riley. Blaze 1. 1962. Emulsão em prancha


Victor Vassarely (1908-1997 ) – criou a plástica cinética que se fundamenta em pesquisas e experiências dos fenómenos de percepção óptica. As suas composições compõem-se de diferentes figuras geométricas, a preto e branco ou coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo a que através de constantes excitações ou acomodações retinianas (da retina) provocam sensações de velocidade e sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o contemplador mude de posição. O geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos, mesmo quando em preto e branco, parece obedecer a duas finalidades: sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir a participação activa do contemplador para que a composição se realize completamente como "obra aberta". Vassarely. Vega-Nor. 1969. Óleo sobre tela





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