TIPOS ANO 1. N 1. JULHO 2016
ARQUITETURA E URBANISMO
EDIÇÃO ESPECIAL
CASA ELZA BERQUO - ARTIGAS
ARQUITETURA ORGÂNICA PAULISTA
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Teoria e História Brasil Conteporâneo Autores Camila Joko Leandra Vanessa Jung Santos Marcella Menezes Vaz Teixeira Raimundo Nonato Garcia Roberta Carolina Assunção Faria
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Cenário
Décadas de 40 e 50 Artigo
Arquitetura Organicista Obra Vilanova Artigas - 1942/1943
A Casinha
Lina Bo Bardi - 1950/1951
Casa de Vidro Lina Bo Bardi - 1950/1951
Casa de Vidro Oswaldo Bratke - 1952
Casa Oscar Americano Rino Levi - 1958/19559
Residência Castor Delgado Perez Entrevista
A Arte de Projetar Bem e Construir Bem
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Décadas de 40 e 50
C
ENÁRIO
Em janeiro de 1942 vários navios mercantes do Brasil foram afundados por submarinos alemães. ). O país entra na guerra para lutar em favor da liberaldemocracia entretanto o pais é governado pela ditadura de Getúlio Vargas, essa situação contribuiu para o fim do Estado Novo em 29 de outubro de 1945. Em meados da década de 50 surge o grande parque industrial,
principalmente a indústria automobilística do ABC paulista. Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek fomentam o processo industrial brasi-leiro e abrem a economia para o capital externo, começa assim um grande projeto de infraestrutura. Nesse processo de modernização a construção de Brasília torna-se o maior símbolo.
Quantas transformações econômicas e sociais num pais tipicamente rural, obrigando o homem do campo mudar-se para as cidades. Esse processo gera o inchaço das cidades trazendo problemas sociais até hoje.
Décadas de 40 e 50 1942
Philip Goodwin em sua viagem ao Brasil. O MoMA de Nova York e o Instituto Norte Americano de Arquitetura queriam manter relações com o Brasil, conhecer melhor nossa arquitetura, principalmente as soluções no combate ao calor e aos efeitos do sol em superfícies envidraçadas.
1943
Houve a primeira grande difusão da arquitetura moderna brasileira através da exposição e publicação do catalogo Brasil Builds organizados pelo MoMA de Nova York.
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1944
Em 1944, a revista The Studio é a primeira a trazer a arquitetura moderna brasileira que foi apresentada no Brazil Builds para a Europa.
1945
São fundados Departamentos Estaduais do Instituto de Arquitetos do Brasil.
1946
Chega ao Brasil a italiana Lina Bo Bardi, tornou-se uma das primeiras mulheres a criar arquitetura moderna no Brasil.
1947
As revistas Progressive Architecture, L` Architecture d`Aujourd`hui e The Architecture Fórum publicaram materias sobre arquitetura moderna brasileira.
1948
Lucio Costa produz o texto “Carta depoimento” que contribui para a construção de uma memoria da arquitetura moderna brasileira.
1949
A embaixada brasileira em Paris organizou uma exposição da arquitetura brasileira na École de Beaux-Arts.
1950
Destacam-se artigos sobre as obras dos arquitetos Marcelo, Milton e Mauricio Roberto, Lucio Costa, Rino Levi, Oscar Niemeyer, Affonso E. Reidy, Aldary H. Toledo e Lina Bo Bardi.
1951
Lucio Costa produz o texto “Depoimento de um arquiteto carioca”.
1952
Destacou-se os artigos de H. P. H. West, “Sun control”, na discussão do controle da iluminação solar e as soluções apresentadas.
1953
Exposição da arquitetura brasileira no Building Center em Londres, com projetos de Reidy, Sergio Bernardes, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer.
“Um presságio de progresso” es-creveu que “Em meio aos conflitos e contradições brasileiras, nascidos da oposição permanente de forças residuais às veleidades de crescimento e progresso do país, a nova arquitetura brasileira constitui uma exceção, pela amplitude do apoio que vem recebendo e pelo ímpeto e continuidade de suas realizações. Com efeito, pela nova arquitetura, o Brasil vem participando de um espirito de coragem e de saudável aventura”. - Anísio Teixeira
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Arquitetura Orgânicista
Casa Robie - Frank Lloyd Wright.
“Todo grande arquiteto é, necessariamente, um grande poeta. É imprescindível que seja um grande e original intérprete do seu tempo, dos seus dias, da sua geração”. - Frank Lloyd Wright
Arquitetura Organicista A maneira como a arquitetura organicista é conhecida hoje foi definida pelos ideais do arquiteto americano Frank Lloyd Wright. Famoso por suas casas da pradaria, o estilo Prairie Houses, e também pelo estilo Usonian, Wright defendia que as habitações deveriam atender às necessidades daqueles que as residem, já que a construção tem influência direta em suas vidas. As obras mais famosas do arquiteto são a Casa da Cascata (Fallingwater House ou Casa Kaufmann) e o Museu Guggenheim de Nova York, que exprimem os conceitos fundamentais da sua arquitetura.
O organicismo defendido por Wright ostenta os conceitos de unidade e natureza. A ideia de unidade traz a integração do edifício como um todo, incluindo também a integração com a paisagem, a natureza. Mesmo com essa integração, prioriza-se o interior sobre o exterior, ou seja, o espaço interior determina a forma externa. As obras deveriam confundirse com a natureza, sem ser destacar da paisagem. A própria preferência por materiais naturais e locais, como a madeira, os tijolos e as pedras, intensifica essa ideia simbiose com a natureza. A utilização desses materiais tradicionais também é relacionada com o caráter individualista de Wright, também com a figura do arquiteto Louis Sullivan, da Escola de Chicago, com quem trabalhou,
e com a influência do movimento Arts & Crafts na sua obra. O arquiteto não rejeitava os avanços tecnológicos e os novos materiais, mas criticava que a indústria e a produção em larga escala desses materiais ditassem o partido das obras. A arquitetura orgânica de Wright e seus fundamentos tiveram forte influência na concepção do espaço na habitação americana. Influenciou também muitos arquitetos de todo mundo, inclusive no Brasil, de uma maneira singular. Aplicação em São Paulo Enquanto a produção arquitetônica carioca era voltada a Europa, com os ideais de Le Corbusier, a de São Paulo sofria influência norte americana. Esse
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contraste entre a produção nas cidades existia pelo fato de São Paulo ser uma metrópole cujo desenvolvimento comercial era ainda bem recente e por conta da rivalidade que existia entre as duas cidades. A influência americana na cultura brasileira foi intensificada principalmente pelo cinema e pela televisão. O american way of life era referência para o modo de vida brasileiro, principalmente para a classe dominante paulista. A influência chega na arquitetura paulista com o estilo de Wright, principalmente na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP. Praticamente todos arquitetos de São Paulo formados na época do auge de Wright sofreram alguma influência do arquiteto, mesmo os que não eram wrightianos. Alguns que podem ser citados são: Vilanova Artigas, Oswaldo Bratke, Sérgio Bernades, o grupo wrightiano da FAU-USP, Rino Levi e José Leite de Carvalho e Silva. Citar Rino Levi pode ser um pouco controverso. Segundo o autor do livro Arquitetura Contemporânea no Brasil, Yves Bruand, não se pode caracterizar as obras de Levi como influenciadas pela corrente orgânica. Mas, como já dito anteriormente, os arquitetos formados na época sofreram, de alguma forma, influência de Wright. Seja pela corrente orgânica de Wright em si, quanto pelo que era produzido em São Paulo na época. Rino Levi tem em suas residências paulistas alguns traços da arquitetura orgânica, como a integração arquiteturanatureza e a priorização do interior sobre o exterior.
Oswaldo Bratke teve influência dos princípios orgânicos de Wright em suas produções iniciais, mas também dos princípios racionalistas. Empregava tanto os materiais tradicionais, quanto os modernos, sem se prender em preconceitos. Na década de 60 já quebra essa influência orgânica. O grupo wrightiano da FAU-USP, formado por arquitetos e alunos, era liderado pelo arquiteto Henrique Schneider Pait, professor de desenho/linguagem do cursinho preparatório para o vestibular da FAU. Faziam parte do grupo os arquitetos Arthur Fajardo Netto, Dácio Araújo Ottoni, José Claudio Gomes, Luiz Gastão de Castro Lima e Oduvaldo Ferreira, e os alunos Eduardo de Almeida e Ludovico Martino. A admiração pela produção doarquiteto era tanta que o grupo montou uma exposição das obras de Frank Lloyd Wright logo após sua morte, em 1959, no IAB. Do grupo surgiu, em 1957, o Escritório de Arquitetura Horizonte, no qual participavam Arthur Netto, Dácio Ottoni, Henrique Pait, Eduardo de Almeida e Ludovico Martino. A forte influência de Wright no grupo era clara, mas também de outros arquitetos influenciados por Wright, como Miguel Forte, Cláudio Gomes e Carlos Millan. O grupo ia além da mera reprodução dos ensinamentos da corrente orgânica, preocupando-se com o perfil do cliente e com a realidade brasileira nas obras. Produziram até 1964. José Leite de Carvalho se formou na FAU-USP, em 1956. Teve grande influência de Wright, principalmente no uso dos
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materiais locais, na integração com a natureza e no conceito de unidade. Soube criticar e aplicar a realidade brasileira em seus projetos, assim como o Escritório Horizonte, adequandoos e não somente reproduzindo os conceitos wrightianos. Seus projetos possuem uma divisão clara das áreas íntimas, sociais e de serviço. Os estudos sobre seu trabalho são bem recentes, destacando-se a dissertação de Débora Foresti (2008), sobre a influência da arquitetura orgânica na produção paulista. A influência da corrente orgânica para a arquitetura paulista da época é tão importante que foi foco de estudos recentes, como o livro e a tese Adriana Irigoyen (2000;2002;2005) e a tese de Paulo Fujioka (2003). Existe uma linha de estudos que acredita que a influência orgânica para a produção brasileira é maior do que a descrita historicamente. Vilanova Artigas e sua fase organicista paulista. A partir das ideologias organicistas de Frank Lord Wright, Vilanova Artigas em sua primeira fase projetual, aplica referencias wrigthianas em seus projetos residenciais. A influência de F.L. Wright para Artigas lhe acrescentou uma nova perspectiva de mundo, principalmente a de buscar uma arquitetura mais sóbria para São Paulo. A aproximação da arquitetura de Artigas com a de Wright surgiu após uma viagem de Vilanova para os Estados Unidos. A correlação entre os a arquitetura de Artigas com Wright se dá pela utilização dos materiais, tipos edilícios e estratégias construtivas.
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Arquitetura Orgânicista
As principais referências da arquitetura orgânica agregadas as obras de Vilanova Artigas foram, a simplificação das plantas a fim de racionalizar a função da habitação de acordo com cada indivíduo, aplicação de materiais tradicionais da região, priorização da parte interna no qual o maior objetivo da construção seria atender de forma funcional as necessidades diárias do homem, a rejeição de modelos pré-fabricados a fim de valorizar o aspecto individual de cada situação e uma certa preocupação em amenizar o impacto da inserção da arquitetura na paisagem. A Relação de Artigas com a técnica vem de sua formação engenheiro - arquiteto na politécnica de São Paulo. Nesse artigo, serão apresentadas
Sylvo Sawaya, relata em depoimento que a obra de Rio Branco Paranhos aborda perfeitamente a ideologia organicista de Wright. (PETROSINO, M., 2009). A residência Paranhos está associada a casa Robie Oak no que se diz respeito a forma, devido as platibandas prolongadas, linhas paralelas ao solo e sobreposição de telhados e a volumetria em
e discutidas duas obras de Joao Batista Vilanova Artigas que seguem as ideologias organicistas de Wright para o contexto de urbano de São Paulo, sendo elas a residência Roberto Lacaze e Rio Branco Paranhos. A primeira obra, a residência de Roberto Lacase, na visão de de Yves Bruand, fora a que mais atribuiu os parâmetros da arquitetura orgânica de Frank Lord Wright (BRUAND, Y. 2012). A residência de Roberto Lacase está localizada no alto de uma colina, onde a paisagem está em grande evidencia. Os materiais utilizados na casa estão em seu estado natural, sendo vigas de madeira aparente, pedras na escada e tijolo simples aparente na fachada.
cheios e vazios das fachadas, não permitindo uma caracterização de fachada principal, lateral e posterior. A casa Paranhos possui certas singularidades, tais quais a leveza atribuída a escolha dos materiais, porem a implantação dessa casa não favorece a utilização do estilo orgânico e principalmente dos materiais em questão, devido a imensa irregularidade no terreno.
Esse projeto é considerado uma obra fiel aos ideais da arquitetura orgânica de Wright, principalmente em relação a utilização dos materiais, sua inserção na paisagem e a funcionalidade da parte interna da casa, porém alguns detalhes da fachada principal se destoam da obra proposta por Wright. Sendo ele, o recuo do patamar da escada, uma parede perpendicular dividindo a fachada assimetricamente, a residência se fecha para o seu interior. Esses elementos demonstram que houve uma adaptação da arquitetura orgânica de F.L. Wright dentro da arquitetura orgânica proposta por Vilanova Artigas devido ao cenário da época e a localização espacial.
Por exemplo, J.B. Vilanova Artigas prefere a instalação de vigas metálicas que se apoiam sob as paredes de alvenaria a utilização de concreto armado para solucionar os obstáculos estruturais dessa casa e utiliza complexos vigamentos para sustentar as coberturas que estão parcialmente em balanço. Artigas também trouxe um fechamento para a parte de trás do terreno com a inserção de um muro de arrimo
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para se adaptar a implantação do terreno, a pesar desses detalhes toda a racionalidade da planta interna fora respeitada no projeto. Posteriormente, Artigas ao final de sua primeira fase nota que o estilo arquitetônico por ele aplicada não
Conclusão O ambiente paulista da época estava inserido na necessidade de inovação e principalmente no interesse econômico da nobreza. Sendo assim, a construção civil teve um grande incentivo a procurar novas características, tanto estruturais como arquitetônicas, essas características estavam totalmente ligadas a necessidade econômica do período. Pouco anteriormente a esse quadro paulista, surge a figura de Frank Lord Wright com suas ideologias organicistas, que fora um caminho bastante percorrido pelos arquitetos paulistas da
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estava trazendo uma identidade brasileira, principalmente após a casa Rio Branco Paranhos, inserida em uma malha urbana densificada de São Paulo e não como as obras de Frank, que eram, em sua maioria, inseridas em regiões mais bucólicas.
Além disso, o quadro historio da arquitetura da época buscava consolidar o nacionalismo, afim de conquistar um quadro de independência econômica vivido pelo contexto do período.
época, devido a linha racionalista dada ao estilo.
logo após sua dupla graduação, aplicou uma arquitetura mais racional de forma adaptada para o contexto paulistano. Produziu diversas obras que explicitam as características do movimento orgânico, tais como a residência de Roberto Lacase e a residência Rio Branco Paranhos. No entanto, já no final de sua primeira fase, Artigas percebe que dentro contexto brasileiro, a aplicação de ideologias da arquitetura orgânica proposta por Wright estaria negando o progresso nacional, algo extremamente contra ao cenário da época, na qual se buscava uma identidade brasileira.
Os principais arquitetos em São Paulo nesse período foram Vilanova Artigas, Oswaldo Bratke, Sergio Bernardes, Rino Levi e Jose Leite de Carvalho e Silva. A produção desses arquitetos caracterizou a arquitetura paulista de maneira a aplicar, racionalmente, a forma, os materiais, a implantação e o foco na produção interna da obra. João Batista Vilanova Artigas fora apresentado nesse artigo como um dos arquitetos que sofrera grande influência organicista advinda de F. L. Wright. Vilanova Artigas em sua primeira fase,
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A
A Casinha
RTIGAS
Planta Baixa
A Casinha Arquiteto: Vilanova Artigas Local: Campo Belo, São Paulo Ano do Projeto: 1942/1943 Área Construída: 400m2 Programa
Componentes
Social
Sala de Estar Sala de Jantar Ateliê Cozinha Banheiro Dormitório
Serviço Íntimo Orientação Dormitórios Cozinha Sala de Jantar Sala de Estar Área de Serviço Varanda Ateliê
Nordeste Noroeste Oeste Sudoeste Norte Sul Sudeste
Cobertura
Elevação
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ESCRIÇÃO
A casinha segue a vertente organicista inicialmente ditada por Frank Lord Wright. Joao Batista Vilanova Artigas , recentemente formado, aplica os ideais da arquitetura orgânica em São Paulo de forma mais livre e artesanal no projeto de sua primeira casa. Os três pontos mais marcantes nesse projeto foram a implantação, o tratamento das fachadas e o layout interno. Localizada no bairro de Campo Belo em São Paulo capital, a Casinha projetada por Vilanova Artigas está disposta a 45 graus em um lote 50x20 m (1000m2). Devido a rotação da casa em relação ao terreno, as fachadas perdem a necessidade de se definir em principal, lateral e posterior, característica retroativa à arquitetura colonial. Além disso, o material utilizado nas fachadas remete ao tradicionalismo advindo da arquitetura orgânica, já que estão sendo aplicados tijolos de 20 cm de espessura pintados de branco e madeira na cobertura. A distribuição interna da residência é marcada pela centralização dos serviços, tais como cozinha, banheiro e lareira, propondo um posicionamento
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Detalhe fachada - materiais e cobertura (tijolo e madeira).
mais econômico e racional para essas funções devido a criação do núcleo hidráulico..A partir desse núcleo de serviços são estendidas a ele os outros cômodos da casa, destacando a integração livre de barreiras da cozinha com as salas, e ate mesmo a falta de paredes no dormitório. Com isso se estabelece às paredes existentes apenas a função estrutural. A cobertura da Casinha é assimétrica de quatro águas, sua angulação chega ate 20 graus e 2 m de altura dos beirais, fazendo com que a cobertura vista do exterior não seja notada, mas quando se adentre a obra, a variação de altura seja impactante para o visitante. O projeto possui
Janela da Sala – detalhe esquadria.
Dormitório.
três portas nas fachadas norte, sul e leste, essa disposição das portas permite um fluxo continuo do transeunte, e apenas uma porta interna no banheiro. As janelas são feitas em chapas de aço dobradas, uma delas é em sistema de abertura de guilhotina, as outras cinco janelas são panos fixos e basculantes. A janela da sala possui três lados sendo o maior deles com 3 m de comprimento, as esquadrias são fixas e basculantes. O banheiro recebe luz natural devido ao pé direito duplo do ambiente. O dormitório localizado no mezanino é livre, com a presença apenas de um armário como barreira.
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L Casa de Vidro
INA
Arquiteto: Lina Bo Bardi Local: Morumbi, São Paulo Ano do Projeto: 1950/1951 Área Construída: 7000 m²
Programa Componentes Social Serviço Íntimo Orientação Dormitórios Sala de Estar Sala de Jantar Sala da Lareira Biblioteca Cozinha Lavanderia
Sala de Estar Sala da Lareira Sala de Jantar Varanda Pátio Biblioteca Cozinha Banheiro Lavanderia Dormitório
Sudoeste Sudoeste Sul Sul Sudoeste Sudeste Norte
Plantas Baixas
Pav. Superior
Casa de Vidro
Pav. Inferior
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ESCRIÇÃO
A casa de Vidro projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, construída no bairro do Morumbi em São Paulo, segue os ideais da arquitetura organicista inicialmente ditada por Frank Lord Wright. Localizada em uma reserva ambiental a casa prioriza a relação com a natureza, além de grandes janelas que permitem com que a natureza seja fundo para os ambientes da casa possui jardins centrais como cômodos integrante da residência para o qual se voltam todos os cômodos. A casa com dois pavimentos que se adequa ao terreno em que esta inserida, seguindo os princípios organicistas de pertencimento e respeito do sitio em que se encontra, possui no pavimento inferior um grande jardim que avança ate o segundo pavimento, a entrada se da por uma escada em meio a esse jardim. No segundo pavimento a salas de estar, lareira, jantar e Biblioteca possuem um grande painel de vidro com vista para a natureza que faz parte da composição dos cômodos.
Corte A fluidez do espaço e uma característica muito importante da residência, há a integração entre os cômodos sociais os quais não apresentam divisões por paredes ou divisórias, os ambientes são definidos pelo mobiliário e avançam para a natureza através das grandes aberturas de vidro. Outra característica marcante da arquitetura orgânica é a separação
entre o publico e o privado em que os quartos e áreas de serviço possui uma individualidade com relação ao social que e completamente fluido. Com uma composição harmônica de linhas a residência é um exemplo de integração entre arquitetura e paisagem natural.
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L Casa Paulo Hess
EVI
Residência Paulo Hess Arquitetos: Rino Levi, Luis Carvalho Franco e Roberto Cerqueira César Local: Jardim Paulistano, São Paulo Ano do projeto: 1952/1955 Área construída: Programa
Componentes
Social
Sala de Estar Sala de Jantar Alpendre Escritório Cozinha Copa Despensa Banheiro Lavanderia Dependência de empregados Dormitório Lavabo Vestiário Vestíbulo
Serviço
Íntimo
Corte
Planta Baixa
Orientação Dormitórios Norte/Noroeste Sala de Estar Sul/Sudeste Sala de Jantar Oeste/Sudoeste Cozinha Norte/Noroeste
Corte
TIPOS
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ESCRIÇÃO
A residência localizada no bairro Jardim Paulistano foi construída para Paulo Hess, casado com a irmã de Rino Levi. Hess era proprietário da fábrica Neo-Rex, uma das primeiras fábricas de componentes pré-moldados de concreto, que acabaram sendo muito utilizados na obra. A Residência de Paulo Hess, como é conhecida, está implantada em um lote compacto de meio de quadra, com os recuos mínimos exigidos pela lei e preenchidos por jardins. A residência é térrea e de partido retangular. O projeto paisagístico é do próprio arquiteto, sendo o jardim frontal delimitado pelo muro, que faz divisa com a rua, por um elemento vazado, que separa o jardim da garagem, e pela fachada frontal com os dormitórios. O jardim posterior separa a casa das dependências dos empregados e lavanderia, mas está integrado com a sala de estar e varanda através dos elementos vazados de concreto vedados com vidro. O acesso à residência se dá pela garagem, seguida pelo hall de entrada (vestíbulo). Os fluxos se desenvolvem a partir do hall, que divide o fluxo da parte íntima da parte social e de serviço. Os ambientes da área íntima são integrados por um corredor.
Os dormitórios, localizados na fachada principal, possuem acesso ao jardim frontal. O escritório serve de transição entre o corredor da área íntima e a varanda. A área social está localizada na fachada oposta e tem seus ambientes diretamente ligados, sem corredores. A sala de estar e a varanda são integrados por grandes portas de correr de vidro. A área de serviço se divide na porção que fica dentro da residência (cozinha, copa e
despensa) e o espaço separado pelo jardim, aos fundos do lote, caracterizado pelas dependências dos empregados e a lavanderia. A preocupação com o conforto térmico é marcada na orientação das fachadas, na aplicação de materiais vazados, aberturas acima do telhado e no posicionamento da varanda. Além disso, todos os ambientes da residência possuem ventilação cruzada.
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B Casa Oscar Americano
RATKE
Casa Oscar Americano
Plantas Baixas
Programa Social Pav. Inferior
Pav. Superior
Serviço Pav. Inferior Pav. Superior Íntimo Pav. Inferior Pav. Superior
Pav. Inferior
Arquiteto: Oswaldo Bratke Local: Morumbi, São Paulo Ano do Projeto: 1952 Área Construída: 1500m²
Componentes Varanda Jardim interno Jogos Adega Sala de estudo Governança Rouparia Terraço Hall de entrada Estar Jantar Estar principal Lavanderia Dormitório Cozinha Copa Almoço Estar íntimo Terraço Dormitório Sanitário Rouparia
Pav. Superior
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Implantação Orientação Dormitórios Cozinha Sala de Jantar Sala de Estar Área de Serviço Varanda Estar principal
Leste e Oeste Sul Leste Oeste Sul Leste e Oeste Leste
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ESCRIÇÃO
Oswaldo Bratke e Oscar Americano foram vizinhos, um arquiteto o outro engenheiro. A casa Oscar Americano foi planejada para uma família de vida social intensa. Bratke adotou a geometria e a modulação para compor essa arquitetura, valeu-se da natureza para definir a qualificação do projeto, em que a geometria não competiu com a natureza, o que é observado no posicionamento da edificação na paisagem que tira partido de toda vegetação existente. A estrutura em módulos faz com que exista uma harmonia visual. Os vazios, recuos e aberturas, opõem-se de forma harmônica a rigidez, a estrutura e a volumetria. Esse projeto permite a natureza morar em seus espaços. Localizada no bairro do Morumbi em São Paulo, tem a entrada da propriedade na parte baixa do lote em que se avista a face leste da residência conservando as áreas intimas. Avançando chegase a fachada oeste, transparente e comunicativa marcando assim
Jardim interno
o acesso mais importante que apresenta os espaços sociais. Existem três setores básicos os quais são: setor íntimo, social e de serviços, que são servidos por corredores independentes que evitam cruzamentos na circulação. Integrado a esses setores está o jardim que se abre para o exterior atribuindo a fachada de acesso e as dependências de uso diurno uma aparência própria. O usuário não tem seu senso de direção e localização comprometido, Bratke teve a preocupação de estruturar de forma dinâmica os itinerários no interior do edifício. Os ambientes são acolhedores e surpreendem na combinação dos materiais, acabamentos e texturas e suas fachadas que são transparentes, sombreadas, opacas e iluminadas
tornam o viver nessa residência uma ambiência agradável. Cruzando as varandas chega-se ao hall de entrada. Um estar organiza o acesso para a área social central, mais adiante se avista uma espaçosa sala de visita com vistas para o horizonte, seguindose em frente o visitante desce ao pavimento de lazer deparando-se com a sala intima que se volta aos jardins ligando-se a uma grande varanda. Sombras são criadas por um sistema de lajes e pilares de minuciosas proporções que abriga bar, vestiários, descanso e abraça uma arvore. Hoje essa residência abriga a Fundação Oscar Americano. Essa obra resume a arquitetura de Oswaldo Bratke na harmonia entre arquitetura e natureza.
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Residência Castor Delgado Perez Arquiteto: Rino Levi Local: Bela Vista, São Paulo Ano do Projeto: 1958/1959 Área Construída: Programa
Componentes
Social Serviço Íntimo
Sala de Estar Sala de Jantar Jardins Cozinha Banheiro Lavanderia Dormitório Closet Escritório
Cobertura Planta Baixa Orientação Dormitórios Sala de Estar Sala de Jantar Escritório Cozinha
Noroeste Oeste Leste Oeste Nordeste
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ESCRIÇÃO
A Residência Castro Delgado Perez do arquiteto Rino Levi, localizada no bairro Bela Vista na cidade de São Paulo segue o estilo arquitetônico orgânico inicialmente ditada pelo arquiteto Frank Loyd Wright. A casa com volumetria simples de linhas e ângulos retos se destaca pela relação com a natureza. Esse vinculo com o ambiente se da a partir dos dois jardins centrais que se integram a sala de estar/ jantar através dos grandes painéis de vidro que podem ser abertos fazendo com que o jardim e a sala vire um único ambiente. A residência possui uma relação harmônica entre as partes e o exterior através dessa continuidade dos ambientes sociais para o jardim que caracteriza também a fluidez do projeto tanto para o exterior quanto no interior devido ausência de separação dos ambientes. As áreas privadas da residência se desenvolvem em torno do volume centra da salas e jardins, voltados para o nordeste se encontram os ambientes da cozinha e lavanderia e no noroeste estão dispostos os dormitórios, a dependência de empregados esta localizada em um volume que se destaca
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da casa, dessa forma fica clara a separação entre do publico e do privado característica da arquitetura orgânica. A casa se volta para o interior
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do lote a fim de privilegiar a privacidade dos moradores e a relação dos moradores com a natureza na busca de uma vida mais harmônica e equilibrada.
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A Arte de Projetar Bem e Construir Bem
NTREVISTA
Entrevista de Oswaldo Bratke a Hugo Segawa. Techos extraídos do livro “Oswaldo Arthur Bratke” de Hugo Segawa, 1997.
A Arte de Projetar Bem e Construir Bem Como surgiu a arquitetura? Desde menino gostava de rabiscar. Meu pai – que tinha uma livraria e papelaria em Botucatu, minha cidade natal – gostava de desenho e me incentivou arrumando um professor por dois ou três anos.
Como foi o início de sua carreira como profissional independente? Acabados os serviços do viaduto Boa Vista, tinha uma vida inteira pela frente. Fiquei mais dois anos na Mecânica porque o governo baixou uma ordem de que nenhum empregado poderia ser dispensado com a revolução. Na revolução de 1932, fui servir como capitão. Mas eu não tinha padrinho rico, meu pai não era uma pessoa de recursos. Com poucos meios para manutenção, bati em muitas portas de escritórios com um rolo de desenho de baixo do braço, e inclusive tentei um concurso para conseguir um emprego na prefeitura, para aprovar projetos. Então juntei-me ao amigo fraternal Carlos Botti, para participar de concursos, pois a época era de recessão e não havia muito tra-
Família Bratke nos jardins da casa Morumbi, anos 50.
balho na praça. Ganhamos um segundo lugar no concurso do Matadouro Municipal de São Paulo e uma primeira posição no concurso de projetos para o entorno do Viaduto do Chá a ser construído, mas tivemos invalidado o projeto definitivo do concurso do viaduto por havermos assinado com um pseudônimo, quando era proibida qualquer assinatura (distração nossa na leitura do edital). Henrique Mindlin, arquiteto amigo, juntou-se a nós por algum tempo e depois tomou outro rumo, seguindo para o Rio de Janeiro, onde desenvolveu uma carreira brilhante. Foram momentos difíceis, vencidos pela bondade do pai do meu conterrâneo e seu sócio Carlos Botti, ao custear o primeiro ano do escritório que se chamou Bratke e Botti-, iniciando a construção de uma casa na Freguesia do Ó, obra vistada todos os dias pelos dois
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arquitetos... O aprendizado foi difícil pelo pouco conhecimento de obra e de materiais. A primeira construção, para sorte nossa, foi feita na base de administração. Porém, da segunda em diante, o trabalho foi contratado por empreitada, que era o sistema da época. E o orçamento? Era o diabo. Para compô-lo, era necessário frequentar escritórios de colegas mais velhos para colher dados. E se perdêssemos dinheiro na obra? Não quero pensar... Com a exclusão de alguns raros arquitetos que também construíram ou firmas dirigidas por profissionais competentes, nós, os novos arquitetos, formávamos uma parcela insignificante no meio dominado por mestres-deobras, empreiteiros e escritórios de engenharia que, auxiliados por desenhistas, constituía afrente de trabalho mais significativa. As obras importantes estavam entregues a grandes firmas e ademais, com poucas exceções a mestres-de obras. Nessa época era comum fazer o chamado “projeto de prefeitura” e executar a obra baseada nele, sem uma sistematização racional de desenho desde o estudo preliminar até o final do detalhamento. As partes ou detalhes das obras eram desenhados pelos empreiteiros de cada ramo. Assim: grades, portas e janelas, pelos carpinteiros serralheiros; escadas, pelos escadeiros, verdadeiros artistasmalabaristas ao conceberem uma escada; e assim por diante. A dona da casa falava grosso, aumentava, suprimia, modificava, pintava o bode e o mestre-de-obras ou empreiteiro se limitava a juntar tudo aquilo.
Havia sem dúvida obras de mérito, atendendo aos critérios da época. Mesmo em cidades do interior, prédios públicos como prefeitura, fóruns, grupos escolares eram sem grande criatividade, mas não dissonantes ao meio local, e essas obras eram executadas de acordo com os conhecimentos adquiridos em liceus, pelos mestres-de-obras engenheiros, em geral italianos. Não pretendiam ser obras-primas, porém não eram ruínas precoces, resistiam à intempérie e tinham baixo custo de manutenção. Eram obras bem construídas. Como se explicava isso? Esses homens que construíam nessa época eram em geral bitolados, mas não tinha formação profissional. Não desprezavam os conhecimentos do passado, não filosofam, conheciam o métier. Suas obras não eram muito funcionais, mas muitas obras de hoje, que se passem como modelos, têm mais falsidades que as antigas. No fim dos anos 30, praticava-se em São Paulo uma arquitetura não nos padrões que se estabeleciam na Europa com o moderno, mas de boa solução e aspecto. Melhor que os primeiros arremendos importados. No Velho Mundo, grupos de arquitetos já estabeleciam cânones por uma nova arquitetura, fundamentada no racional, no funcional, na organicidade. Nessa época aconteceu aqui modelos mascarados de moderno. Suas plantas não eram funcionais e suas soluções construtivas eram as tradicionais. Para chegar a formas diferentes, eliminavam, por exemplo, o beiral, sem dar solução para razões que justificavam
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sua adoção: evitar estragos pela intempérie etc. A cobertura era o mesmo telhadinho de sempre, porém escondido pela platibanda, e otras cositas más. Também apareceram extravagâncias inabitáveis, sem lógica, moradias acompanhadas de “manual de instruções de uso”. Chamou-se isso de movimento modernista... Fez-se injustiça aos arquitetos daquela época que desenvolveram obras menos chamativas, mais honestas. Seus nomes hoje não são mais lembrados. Mas tivemos arquitetos que muito fizeram pela boa arquitetura aqui, como Victor Dubugras, Antônio Moya, Ademar de Moraes, Bernard Rudofsky, Walter Brune (influenciado pela revista Moderne Bauformen), Kolde e outros, alguns hoje esquecidos. A divulgação das ideias relativas aos novos princípios que estavam sendo estabelecidos na arquitetura era falha no nosso meio. Estávamos como que ilhados. Poucas revistas traziam novidades e as que recebíamos em geral era de procedência norte-americana, com os maneirismos próprios do país de origem. Nos primeiros tempos, o senhor e o Botti projetavam e construíam. O arquiteto necessariamente tinha que construir se quisesse sobreviver independentemente, o que foi uma ótima experiência. Acompanhar as obras, conhecer os defeitos e qualidade, materiais, resistência, seu comportamento, ver o resultado na pratica. Realizar e ver, por exemplo, o resultado de impermeabilizações e isolações térmicas para então projetar com segurança aquilo
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que deseja. Projetava-se e construía-se inspirados naquilo que conhecíamos. Precisávamos atender a determinadas exigência, pois ainda não tínhamos uma clientela que nos desse sustento, mas procurávamos soluções despojadas, eliminando o desnecessário, avançando com cautela e propondo novas formas. Os clientes menos informados não aceitavam as novidades, que lhes pareciam agressões. Nas primeiras obras tínhamos de fazer alguma concessão (o cliente também tinha certos direitos) e até um certo limite ele precisava ser atendido, se não procuraria outro arquiteto mais conservador que realizaria o que lhe fosse encomendado, perdia-se o serviço e arquitetura continuaria naquela velha “milonga”. Uma lição aprendemos nesse tempo: dez elogios de clientes satisfeitos se invalidavam com a queixa de um mal atendido. Assim, com muita cautela íamos avançando, com pequenas modificações: era um pé-direito pouco menor, o telhado com menor ponto, um beiral mais estruturado, uma janela maior. Em planta era basicamente evitar cruzamentos de circulações e usos. Ao apresentar uma ideia nova, vinha a clássica pergunta do cliente: “O senhor já fez isso em algum lugar? Não? É uma nova ideia? Então vou servir de cobaia? Eu não, Deus me livre! Quero ver primeiro uma feita e depois mando fazer.” Essas coisas eram cem por cento mais normais na vida de um arquiteto. Algumas vezes tive de simular, dizendo que tal solução eu tinha visto numa revista americana, para convencer o cliente que a ideia
(que era nossa) era boa. Aquela história do arquiteto que preferiu ir quebrar pedra a fazer pequenas concessões em seu projeto é só para galã de filme americano. Então, não houve uma luta por uma arquitetura moderna nos anos 30. Houve uma pressão, talvez branda, porém contínua e irreversível, pois estávamos muito defasados na maneira de morar. Acho que as pequenas coisas têm grande valor histórico no desenvolvimento da arquitetura. Veja a simples modificação de uma planta. Era uma coisa rígida: você entrava na casa por um hall central, à direita havia a sala de jantar, pintada de verde, à esquerda uma sala de visitas vermelha... Da sala de jantar ia-se para a cozinha, da sala de visitas para os dormitórios, através de longos corredores. Para acabar com isso, conjugávamos a sala de estar com a de jantar. As primeiras que fazíamos era com forma de L, para o cliente aceitar, e ele ainda exigia que houvesse uma porta de separação que em caso extremo podia fechar, mas... “esquecíamos” de fazer essa porta... Aparentemente parecia uma bobagem, mas a luta era dura para vencer a resistência atávica que existia nesse tempo. Por tentar tirar uma moldura, vinha aquela pergunta: “Esta casa não fica muito pobre? ” O Volpi, o Rebolo e outros, todos eles no início tinham de pintar aquelas flores, festões e outros ornamentos em paredes – tão em moda na época – para sobreviver. Pintura representando a baía de Nápoles era muito chique. Imagine o suplício para esses pintores.
Graças a Deus fui poupado de clientes que exigiam essas extravagâncias. Os imigrantes que ganham dinheiro aqui vinham com aquelas recordações da terra deles – do patrão que tinha um palazzino ou uma casa em estilo basco. Vencendo na vida, por uma questão de status (como que vingança), queriam um remendo do que viam nos verdes anos, para morar. Outra ousadia: você abrir a casa para o exterior. Que luta enorme foi, porque o cliente queria uma casa trancada, fechada, quase uma fortaleza, no tempo em que o ladrão era o ladrão de galinha ou arrombador que arrancava até grades. Houve um caso em que um ladrão, para levar um cofrezinho de parede, carregou junto metade da parede. Você punha vidros e o homem dizia: “Ah, pelo amor de Deus, precisa grade! ” O que fazer? O ladrão hoje evoluiu muito – leva tudo embora e não estraga a casa. Até eu ter coragem de recomendar vidro temperado de 10mm demorou muito, porque eu estaria assumindo uma grande responsabilidade, dada a confiança que o cliente depositava em mim. Se algum ladrão entrasse arrombando por uma das novidades que você aconselhava, você se enrolava numa encrenca. As primeiras modificações foram a nível de planta na organização da casa. Foram. Veja bem uma coisa: as modificações não foram motivadas por formas diferentes de vida. Foi porque se corrigiu uma coisa que nunca teve razão de ser. Os tamanhos que se usavam antigamente não faziam
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sentido. Era espaço em demasia para pouca coisa. Eu me lembro: minha família era de posição social média, o objeto mais caro que tínhamos em casa era um piano de armário. O resto tudo era barato: cadeira, mesa etc. Eu comprei um dos primeiros rádios que apareceram, com jeito de capela, e aquilo me custou praticamente o ordenado de um mês. Era a peça mais cara, mais cara que o piano, e depois disso vieram a geladeira, o aspirador, o lava-roupa, o fogão mais sofisticado... Mas os erros continuam até hoje. Nas salas, o mobiliário é praticamente o mesmo: são dois sofás, mais uma cadeira, ou duas poltronas e um sofá, e assim por diante. O morador e a visitas conversam em posição incomoda na sala, pois não podem perder programas de tv. Nos Estados Unidos, você tem como jantar o TV Dinner, mas a arrumação da sala é a mesma, a clássica. Nesse ponto, hábitos diferentes de vida não provocam mudanças na planta da casa. Por que não fazer uma sala como um cineminha, onde se fica olhando para a tela? O problema não é mais meu, mas o que falta é uma análise mais profunda para desenvolver uma arquitetura diferente. Isso só para mostrar o quanto foi duro mudar aquele atavismo que existia sem razão nenhuma, para tirar a cor verde da sala e a cor vermelha da outra sala... A parafernálha toda que hoje se usa – com o rádio, a televisão, o refrigerador, freezer, aspirador de pó, secadeira elétrica, toda aparelhagem de cozinha – pouco influiu na mudança de plantas, o que seria de se esperar. É um problema que deverá ser resolvido pela rapaziada nova, arquitetos de hoje.
Em todo caso, são pequenas mudanças. Amanhã é possível que sobrevenham mudanças radicais, dado o crescimento exagerado da população e os altos custos de vida (provocados pelo conforto e comodidade que hoje se exigem). Um pequeno exemplo: estuda-se no Japão (ou já existe) um hotel com característica novas. Não há propriamente dormitório, mas sim um nicho confortável no qual a pessoa pode repousar. Nesse espaço Nesse espaço existem um colchão de poliuretano e um receptáculo ou um lugar para guardar seus trens. Não são necessárias a arrumação ou a troca dos lençóis, porque o ar condicionado os dispensa e há um aparelho de desinfecção do ambiente. O custo do metro quadrado é mais caro, mas o espaço ocupado é muito menor, o que resulta numa tarifa de hospedagem menor. Suponhamos que essas novidades se estendam às casas... Quando a arquitetura moderna paulista começou a chamar a atenção? A arquitetura paulista começou a despertar interesse um pouco antes das comemorações do IV Centenário da cidade [1954]. Vinha muita gente querendo ver arquitetura. Quando vinha um, dois, tudo bem – você saia do escritório e ia mostrar o que era mais representativo em arquitetura feito aqui. Depois, não foi mais possível. Então organizamos um grupo de estudantes para mostrar a cidade. Max [Grunewald, editor da revista Acrópole] naquela ocasião fez um vade-mécum da arquitetura de São Paulo que os visitantes
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recebiam, e os estudantes os conduziam, porque para nós já era muito penoso. Lembrou-se no departamento de São Paulo do Instituto de se montar no IAB uns painéis que se abriam como um livro. O arquiteto que quisesse afixava neles o que julgasse mais representativo do seu trabalho. Quando aparecesse uma visita, ela seria encaminhada a esses painéis e poderia conhecer alguns projetos, o nome do seu autor, o endereço das obras e, se quisesse, tinha informações para visitálas. O arquiteto teria o direito de trocar à vontade o material a ser exposto. No entanto, não foi possível concretizar isso porque terminava nosso mandato. Mas poderia ser feito perfeitamente hoje: uma exposição permanente de arquitetos de São Paulo. Como surgiu esse interesse pela arquitetura paulista? Revistas brasileiras, estrangeiras – com material para publicação requisitado após visita de arquitetos de outros países -, exposições do Itamaraty em diversos países, a exposição do Museu de Arte Moderna de Nova York e, enfim, resultante dos festejos do IV Centenário da cidade. As revistas de arquitetura de época saiam de maneira muito irregular]. A L’Architecture d’Aujourd’Hui – às vezes por falta de material – juntava dois números em um; no mundo inteiro era mais ou menos assim. México idem, Argentina idem. Certa vez, Marcel Breuer edificou um modelo de casa no pátio do Museu de Arte Moderna de Nova York. Publicou-se na época que aquela casa poderia ser construída apenas em dois ou três estados
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norte-americanos, porque os demais não permitiriam fazer daquela maneira – dada as normas que cada estado estabeleceria, rigorosas e intransigentes. A mesma coisa acontecia na Europa. No Brasil, com a legislação muito branda, havia muita liberdade. Abria-se um campo muito grande com muitas possibilidades de os arquitetos desenvolverem novidades, e o pessoal de fora ficava com o queixo caído quando vias as loucuras que a gente vinha fazendo. Esse foi um fato que chamou a atenção de meio mundo que vinha visitar o Brasil. Os estrangeiros achavam alguma diferença entre a arquitetura do Rio de Janeiro e de São Paulo? O Rio tinha um maior número de escritórios trabalhando com arquitetura moderna, mas construía-se melhor em São Paulo. Aqui havia oficinas boas de marcenaria, carpintaria, serralheria, que asseguravam um produto final com mais qualidade. Fale-nos um pouco sobre seus métodos para desenvolver projetos. Ao iniciar a carreira de projetista profissional, tínhamos como preocupação obter informações para um projeto que agradasse o cliente e a organização dos elementos que compunham a construção de maneira a facilitar sua leitura pelo construtor. No caso de um projeto residencial, importante é o encontro com o cliente para conhecer seus hábitos familiares, vida social, relacionamentos, manias e outras particularidades, o que se deve fazer com discrição. Bem conduzida essa parte, estamos
aptos a preparar um estudo preliminar sujeito a poucas modificações. Em geral, um cliente procura um arquiteto porque tem identidade de pontos de vista. Um bom projeto é produto das aspirações de um cliente postas em prática através dos conhecimentos e personalidade do arquiteto. Dificilmente um “atravessador” faz carreira, mesmo com todo o alarde que possa fazer. Uma verdadeira residência não é representada pelo impacto que possa provocar, mas pelo seu conteúdo. È o ambiente em que a pessoa, mesmo estando só, não se sente desamparada. Oferece sensação de segurança, bem-estar, não cansa, não é para impressionar os amigos, para demonstrar status. É para si mesmo. Para tanto a sensibilidade do arquiteto é tão importante quanto suas capacidades técnicas e artísticas. Residência-cenário é como doce: se muito doce enjoa. Devemos ter em conta que o julgamento de projetos, sendo residências, é feito pelos clientes ou por aqueles que usufruem a casa. Para premiações, o julgamento pode ser feito por colegas, mas nem sempre representa a verdade. Lembremo-nos do caso de um dos mais famosos arquitetos do mundo que fez uma residência nos Estados Unidos. Defendida por ele e pela categoria como um projeto exemplar, mas repudiada pela moradora – uma médica -, que a considerou inabitável... O julgamento da arquiteta de prédios públicos é feito pela sociedade culta da comunidade. No caso de concursos, deverá
ser feito por uma comissão não soberana nem irrecorrível, apoiado em laudos técnicos emitidos por peritos de várias especialidades relacionados com as propostas, sendo a beleza julgada de forma emotiva. Para o arquiteto se profissionalizar, precisa ter em mente como conduzir um projeto, de maneira a sobrar tempo para encontro com clientes, visitas a obras, conduzir o ateliê e para estudar projetos. Numa visão retrospectiva, como o senhor vê o seu trabalho? No decorrer de nossa vida profissional há muitos momentos em que fazemos pequenas paradas, para reflexão, para um exame, uma análise do tempo decorrido e daquilo que foi feito. Se o trabalho nos satisfez inteiramente, quais as razões pelas quais não fizemos desta ou daquela maneira, porque tomamos este ou aquele caminho. Fazendo um balanço disso tudo, procuramos quais as causas que influenciaram esse procedimento. Dando um balanço, acreditamos que à escola cabe uma parte substancial dessa influência, pelas discussões apaixonadas no exame de exemplos mais em evidência no mundo. (Naquele tempo, as informações sobre arquitetura que recebíamos vinham quase que somente dos Estados Unidos.) Discussões num espírito de pureza, talvez com inexperiência, mas despidas de interesses materiais. Discussões provocadas pela reação ao formalismo de um professor, cansado, conservador, despertando em nós a vontade de fazermos valer nosso ponto de vista, estimulando
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a tenacidade, a grande força propulsora do inconformismo. Ou do professor atualizado, mostrando-nos o caminho mais perfeito, lembrando-nos das experiências do passado, que não devíamos desprezar, dos clássicos que marcaram passagem no mundo, dos capítulos da história da arquitetura, que vieram a construir os estilos. Vem o início da vida profissional. Talvez o formando saia um tanto quanto bitolado, como que preso a placenta, mais isso, longe de construir um defeito, é como um giroscópio - o piloto automático dos primeiros momentos do arquiteto, que, quando dá pela coisa, já está senhor da situação. Começa a grnade jornada, a picada parece que está aberta, vamos enfrentar a malícia, a má vontade, o ativismo pernicioso, e somente com boa base, preparo e tancidade nos manteremos em pé. Nesse momento, sentimos a influência da escola, sua ponderação e paciência, a experiência. Após a Primeira Guerra Mundial, novas ideias e princípios que mais se adequassem aos hábitos e costumes da época iam sendo estabelecidos. Não na forma de uma evolução, que me parecia ser o caminho ideal, mas sim uma verdadeira revolução das artes, e, com não poderia ser de outra forma, a arquitetura foi uma das protagonistas principais desse movimento. Fazia-se necessário corrigir muitas falhas, muita coisa estava fora de época, projetavase ainda como se não percebesse que já se havia entrado na era industrial. O propósito estava certo. A vanguarda rasgou Vignola, rasgou os cadernos da
Beaux Arts, mas também uma soma de experiências, conquistas, de história. A confusão se estabeleceu. Gropius diz: “Projetistas à procura de novas expressões iam além do eclético no esforço de serem diferentes, únicos, originais”. O culto ao ego retardou o acolhimento geral das tendências sadias da arquitetura moderna. Isso pressupunha a determinação de todos no esforço de procurar encontrar o melhor denominador comum em lugar da originalidade provocante. Falava-se muito em filosofia, racionalismo. Palavras ocas. Criavam-se falsas teorias para esconder ou disfarçar incapacidade na solução de problemas que se apresentavam, pela insuficiência de conhecimentos e para justificar fantasias que nunca fizeram uma obra uma peça de verdadeira arquitetura. Destruiu-se o falso, o que já não atendia o homem moderno, deu-se em troca a verdade, mas ultrapassando muitas vezes o bom termo, e praticou-se uma arquitetura onde, o homem foi esquecido e que, para usufruí-la, precisava a ela se adaptar. Não devemos fazer concessões à estética, porém não devemos deixar de atender os hábitos e as funções vitais ao homem. Apesar dos maiores conhecimentos que temos sobre os exemplos da arquitetura, o que se vê por aí é em boa parte, deixa muito a desejar, tanto pela planta como pela forma. É como a arquitetura falsa que combatemos no passado, apenas com outras extravagâncias. Sempre haverá elementos aproveitáveis, de princípios e de forma. Selecionemos os legítimos e com eles formemos o cabedal de uma boa arquitetura. Não
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percamos tempo em formar gênios, que em cada “morte de papa” presentam um exemplo de capo lavoro não por ser uma solução, mas por ser diferente, “de impacto”. Precisamos de escolas que formem profissionais que sejam senhores do métier e resolvam de maneira modesta e com honestidade tudo o que deva construir o espaço de uma comunidade, elevando seu padrão. E a profissão hoje? O arquiteto ao se iniciar no exercício profissional necessita, além do que apreendeu em disciplinas escolares, conhecer intimamente a vida do ser humano e sua sociedade, o que é tão importante quanto os materiais e a técnica de seu uso, pois é baseado na somatória desses conhecimentos que exercerá sua profissão. A importância de um arquiteto não está na sua marca ou estilo e sim na montagem perfeita de uma obra, de acordo com os dados que lhe são fornecidos ou que ele, tarimbado, conseguiu. O arquiteto já teve voz mais ativa nos anos passados, quando a duras penas se iniciou na profissão, concorrendo com o mestre-de-obras e empreiteiros, convencendo o cliente das vantagens de um projeto, daquilo que iria receber, e ainda de não ter gastos supérfluos. Essa geração foi ouvida, se impôs, aplaudida: o arquiteto já falava grosso. As obras realizadas começavam a ser conhecidas no exterior pela boa qualidade, graças ao interesse e a divulgação sobre os quais já conversamos antes. Havia serviço e a concorrência contribuiu para o aperfeiçoamento da arquitetura
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em todos os seus aspectos. Por razões que não vem ao caso comentar – se por piora da qualidade, falta de combatividade, número excessivo de profissionais, crise, inflação, política... – o arquiteto foi perdendo seu prestígio. Hoje compete até com decorador, de quem muitas vezes é apenas “arquiteto responsável”. Os incorporadores já não usavam o nome do arquiteto como fator de prestígio para vender imóveis. Muitos passaram a ser pau-mandado e seu nome em uma placa passa desapercebido. Quando virá a reação contra essa situação?
eles. Um tinha de sair da ativa. Assim, acabou-se minha fase de arquiteto profissional. Eu não queria dar palpites ou sugestões. Eles acatariam, era o pai, mas se o resultado fosse negativo poderia sair-me mal. Khalil Gibran dizia: “Suas almas viviam na casa do amanhã, que eu não poderia visitar nem em sonhos e eles não poderiam retroceder”. Passei a observar campos diferentes, como urbanização, soluções para habitações econômicas, maneiras de pô-las em prática. Fiz alguns trabalhos de consultoria. Passei uma vista em tudo que tinha executado.
Ademais, o grande mal do Brasil – acho que na América Latina – é o pessoal sair da escola tendo o seguinte plano: “Eu vou trabalhar dez anos e depois eu não trabalho mais”. Ao passo que o certo seria: “ Eu vou sair, eu vou viver até o fim daminha vida nessa profissão gostosa que eu tenho e quem sabe se um filho não vai herdar alguma coisa para continuar”. Na Europa, uma livraria tem trezentos anos, passando de pai para filho e os filhos se contentam, não precisam mais do que aquilo. Por que deixou a profissão e como foi? E o que faz agora?
E como hobby, para não largar minha mesa de desenho, comecei a pesquisar e desenhar o que diz respeito a arquitetura espontânea, onde não houve a presença do arquiteto. A arquitetura vernacular, executada com autenticidade e muitas vezes com soluções imaginosas. Visitei vários países para tanto e o que mais me impressionou foi a Espanha, pela diversidade das soluções. É meu desejo ter um material suficiente para um caderno de documentação meio “floreada” do que vi, anotei, fotografei ou pesquisei em livros especializados.
Exerci minha profissão durante muitos anos até que os filhos, já formados e bem encaminhados, me dessem o direito de descanso. Decidimos em família que cada um deveria ter seu próprio escritório, pois em razão da defasagem de ideias, poderíamos ter pontos de vista diferentes que pudessem perturbar a profunda amizade que nos une. Não sendo associado, também não deveria ter concorrência com
Hoje, mais idosos, mais afastado das lutas de arquiteto, aprecio muito as páginas cômicas de venda de apartamentos, nos diversos jornais. Os recursos que se usam para vender plantas mal estudadas, os nomes dados às diversas peças da habitação são tão engraçados! Os nomes dos prédios, ligados à nobreza, em francês, inglês, ou de lugares de prestígio no mundo (brasileiro parece que não vende). Um
passeio em zonas com muitos prédios novos à venda parece uma viagem “turística”: só pelos nomes, a gente se sente na Itália, na França, na Inglaterra, e sem gastar muito... E assim vou levando a vida, mientras el cuerpo aguanta!
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