Exército Brasileiro
6º GLMF/CIF, o
“Grupo Astros” Tecnologia & Defesa visitou a unidade de ponta da Artilharia do Exército Brasileiro, hoje totalmente concentrada no Planalto Central
Lançamento efetuado por um LMF camuflado nas arvores do cerrado 42
Fotos: Hélio Higuchi
Hélio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Jr.
Veículo lançador de foguetes (LMU) . O container é coberto por um encerado para não ficar exposto a um calor excessivo
ma das estrelas de primeira grandeza da indústria de defesa do Brasil, o Sistema Astros foi o resultado de estudos durante mais de 30 anos, realizados pela então Escola Técnica do Exército (ETE), atual Instituto Militar de Engenharia (IME), e que culminou no lançador de foguetes XLF-40. Depois, toda a tecnologia desenvolvida foi repassada pelo Exército Brasileiro (EB) à Avibras Indústria Aerospacial S/A, empresa com larga e consagrada experiência na área, que a aprimorou e acabou criando Sistema ASTROS II, acrônimo para “Artillery Saturation Rocket System”, de grande sucesso no mercado internacional. Foi logo adquirido pelo Iraque (que o utilizou em combate em diversas ocasiões), Arábia Saudita (15 baterias), Catar (1 bateria) e Malásia (3 baterias, mais recentes e, portanto, uma versão mais moderna do sistema, com sistema de navegação por GPS), além da Força Terrestre brasileira (1 bateria inicial sediada em Brasília).
MUDANÇAS Em 2003, pelo Plano Básico de Reestruturação do Exército, decidiu-se a centralização de todas as baterias de Sistema de Artilharia de Foguetes ASTROS II em um único grupo, aquartelado próximo ao Distrito Federal. Até então, o EB tinha em atividade cinco baterias sediadas em Brasília (DF), Cruz Alta (RS), Praia Grande (SP), Niterói (RJ) e Macaé (RJ). Assim, o 6º Grupo de Lançadores Móveis de Foguetes (6º GLMF/CIF) foi criado em setembro de 2003, tendo iniciado suas atividades em 31 de dezembro de 2004, na cidade de Formosa (GO), mais precisamente dentro do Campo de Instrução de Formosa (CIF), a maior área de treinamento do Exército, com 1.040 km2. O 6º GLMF é oriundo do 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizada (GACosM), do qual herdou a denominação de “Grupo José Bonifácio”. Contudo, ao absorver o acervo documental e histórico do 8º GACosM e da 3ª BiaLMF, passou a ostentar a denominação histórica “Grupo José Bonifácio e Presidente Ernesto Geisel”, mas extra-oficialmente é conhecido como “Grupo Astros”. Dentre as razões que levaram a essa grande mudança, com a conseqüente concentração do equipamento em apenas uma unidade destacam-se a necessidade de otimização na logística e manutenção de um meio bélico sofisticado; a possibilidade de se conduzir treinamentos e monitoramento de resultados dentro de um campo de instrução com mais de 70 km de extensão (área exigida para 43
O 6ºGLMF/CIF está localizado na parte sudoeste do Campo de Instruções de Formosa(GO)
o disparo de foguetes com segurança); e a criação de uma doutrina de emprego e um centro de treinamento operacional e de manutenção do equipamento. A escolha de Formosa também se deu por estar situada no centro do Brasil o que possibilita um deslocamento rápido para qualquer ponto do País. E mais, as condições climáticas da região (baixa umidade relativa do ar) são propícias para a manutenção e conservação, notadamente dos componentes eletrônicos. Situado na área sudoeste do CIF, que é, inclusive, utilizado pela própria Avibras para testes, avaliações, etc, o 6º GLMF/CIF foi especialmente projetado e construído para abrigar o ASTROS II. Algumas de suas instalações ainda estão sendo finalizadas, mas isso não tem impedido os trabalhos de desenvolvimento doutrinário.
Em ação! utilização de um sistema de armas poderoso como o ASTROS II é sempre cercado por um minucioso planejamento, até porque é uma arma de Corpo de Exército, mas o seu modo de operação é quase sempre o mesmo: 1 - A bateria inteira fica, inicialmente, oculta na retaguarda. 2 – Recebida a ordem de ação, os AV-LMU saem, separadamente, em direção ao ponto de disparo, normalmente a nove quilômetros de distância do local original (perímetro de operação de 27 km²) e se posicionam para o lançamento. No EB esses veículos são guarnecidos por quatro homens: o chefe de peça e artilheiro é um sargento que fica posicionado no lado direito da cabine; motorista; cabo apontador e soldado municiador para calçar, nivelar e fechar a blindagem do veículo (o motorista e o sargento usam pistolas
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9mm e o cabo e o soldado um fuzil PáraFAL de 7,62mm). O AV-LMU conta ainda com uma metralhadora antiaérea .50 e seis lan-çadores de granadas fu-mígenas. 3 - Antes de cada lançamento, o AV-MET analisa as condições meteorológicas soltando um balão descar-tável de análise para aferir informações como a velocidade do vento e umidade relativa do ar, repassando esses dados, que são válidos por um período de duas horas, ao AV-UCF. 4 - O AV-LMU lança um foguete-guia, equipado com uma série de dispositivos especiais, que é acompanhado pelo AV-UCF, e cuja função é direcionar os outros foguetes da barragem. Entretanto, passa com outra trajetória, propositadamente, para não identificar o local de lançamento. 5 - O AV-UCF analisa a trajetória do fogueteguia, passa as coordenadas do alvo corrigidas para os AV-LMU e dá a ordem de fogo.
6 – A barragem é lançada em cerca de 16 segundos. 7 - Quando o foguete alcança sua altitude máxima, o propelente acaba e ele segue a trajetória como se fosse um projétil de Artilharia de tubo. Suas aletas são projetadas para fazê-lo girar como se fosse a partir de um cano raiado. No caso dos foguetes SS-40 e SS-60, quando atingem 3.000 metros de altura, a ogiva se abre e espalha sub-munições de 75mm sobre uma vasta área. 8 – Depois que a salva é disparada, os AV-LMU saem rapidamente da área, dirigindo-se para outro ponto para serem recarregados, aguardando novas ordens. Isso também se devido à vulnerabilidade representada pela alta assinatura termal depois do tiro e pela fumaça expelida pelos foguetes durante o lançamento.
ATUALIDADE Todas as viaturas integrantes do sistema e recebidas pelo EB foram para lá deslocadas e são: 19 lançadores (LMU); 10 municiadores (RMD); 02 unidades controladoras de fogo (UCF); 01 oficina (OFV); e 04 viaturas meteorológicas (MET). Além desses veículos a unidade foi dotada de outros, orgânicos, tais como jipes, caminhões para transporte, guincho e cisterna, ambulâncias e furgões para ligação. No momento, encontram-se em condições operacionais duas baterias de LMF compostas, cada uma, por seis LMU, três RMD , uma UCF e duas MET e uma bateria de Comando e Serviços com o único OFV e outros veículos de apoio. Uma terceira bateria de LMF está em formação, aguardando a implantação uma nova turma de operadores e apoio logístico. Porém, para que venha a ter eficiência plena, será necessário adquirir mais um veículo UCF, o qual possui o equipamento capaz de monitorar e direcionar corretamente o tiro de toda uma bateria. Conforme o planejamento, também foi ativado o Núcleo do Centro de Instrução de Foguetes, que forma o pessoal que vai trabalhar com o ASTROS II. Ali são ministrados os estágios para oficiais, sargentos e cabos e conta com um CBT (Computer Basic Training),um simulador que ensina, passo a passo, a operação do veículo lançador. Está prestes a acontecer a adoção de um CBT para manutenção e municiamento dos veículos. Isso tudo resultou de uma cooperação com o Centro de Instrução de Aviação do Exército e representou uma considerável economia, pois com apenas R$38mil foi possível implantar o conjunto e uma sala de aula virtual com capacidade para 12 alunos. Antes do 6º GLMF/CIF, apenas a manutenção de primeiro escalão era feita
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Sala de CBT(Computer Basic Training) do Centro de Instrução de Foguetes, com um simulador virtual e capacidade simultânea para até 12 alunos em cada unidade. Com a centralização em Formosa, já é possível a manutenção de até terceiro escalão e, em breve, haverá a capacitação para a de quarto escalão, estágio que inclui mesmo a usinagem de peças de reposição. Outro ponto positivo da localização da unidade é a maior flexibilidade para treinamentos com lançamento de foguetes, freqüentemente, e sem a necessidade de deslocamento de um contingente dispendioso. Em 2007 já foram realizados pelo menos cinco exercícios de tiro real empregando todos os tipos de foguetes adotados no EB (SS-30, SS-40 e SS-60). No final de outubro, pela primeira vez, um desses exercícios, presenciado pela reportagem de T&D, contou com a participação de uma aeronave R-99B do 2º/6ºGAv da FAB. Na oportunidade, o avião monitorou as coordenadas do alvo
e o disparo dos foguetes, a assinatura termal dos veículos (antes e após o tiro) tendo constatado também que são precisos rádios mais potentes nos carros para facilitar a comunicação direta entre ambos os meios. O mais importante enquanto resultado é o fato de que um binômio projetado e fabricado no Brasil, formado pelo R-99B e as baterias do Sistema ASTROS II, representam uma eficaz combinação.
EM OUTRAS REGIÕES Dentro do objetivo de planejamento na obtenção de parâmetros para o deslocamento de baterias, desde o Planalto Central para as mais diversas regiões do País, quando necessário, foram executados vários testes de embarque e transporte, dentro das condições e op-
2 Painel do chefe do carro, com console para coordenadas de tiro e disparo (1) e detalhe do disparador manual dos foguetes do LMU. Em caso de pane elétrica do console interno é possivel direcionar manualmente através de um visor ótico localizado na parte traseira (2) 45
“Os elos do Sistema”
Unidade controladora de fogo (UCF), com capacidade para monitorar uma bateria de até oito LMU. O EB possui apenas dois veículos desses, sendo desejável mais um para equipar uma terceira bateria
Os veículos remuniciadores (RMD), são equipados com um guincho munck
A viatura meteorológica (MET) analisa as condições climáticas durante o processo de preparação do tiro
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s baterias do Sistema ASTROS II são compostas por veículos cujas diferentes carrocerias são colocadas sobre um veículo básico, o qual é um caminhão militar Tectran/ Mercedes-Benz 2028A/38, com cabine blindada, denominado AV-VBA, que pode receber qualquer um dos três tipos de carroceria: Lançadora Múltipla Universal (AVLMU): comporta quatro contêineres de foguetes que podem ser lançados em 16 segundos a uma elevação de 0º a 70º e com azimute de 0º a 60º para cada lado. Na parte traseira possui um sistema de direção de tiro manual para casos de pane no sistema eletrônico. Remuniciadora (AV-RMD): além da munição, a carroceria pode transportar outro tipo de carga para apoio, e atrás leva afixado um pneu sobressalente. Junto à cabine existe um guincho, tipo munck, para auxiliar o manuseio das cargas e o remuniciamento;
O veículo oficina especializado (OFVE), preparado para fazer a manutenção mecânica e eletrônica dos demais componentes do Sistema. No detalhe interior, os recursos para se trabalhar com os elementos eletrônicos
Veículo Básico Nomeclatura Modelo Motor Blindagem Pneus
Dimensões
AV-VBA Caminhão blindado 6x6 Tectran/Mercedes-Benz 2028A/38 (WDB 624 304) Mercedes-Benz OM 422I (422916), 8 cilindros, 280cv Chapa de aço 6 mm, conforme norma MIL-A-46100C 14,00x20, com toróide e 18 lonas (apropriado para areia e terra, mas não para asfalto), várias marcas principalmente Michelin
Comprimento Largura Altura Peso (somente a viatura) Peso de Combate Velocidade Máxima Asfalto Terreno irregular Rampa Máxima Asfalto Terreno irregular Autonomia Asfalto Terreno irregular
8790 mm 3340 mm 3598 mm 12.650 kg 22.000 kg 100 km/h 27 km/h 60° 35° 500 km 300 km
Unidade Controladora de Fogo (AV-UCF): Possui capacidade de monitoramento de uma bateria de até oito AV-LMU, com capacidade de armazenamento de dados de coordenadas dos lançadores, pontos de referencia, áreas de segurança e até 52 alvos diferentes, levando em conta os dados meteorológicos. Pode monitorar toda a trajetória propulsada dos foguetes por meio de um radar. Está dotada de um sistema de transmissão de dados/ comunicações via rádio ou fio com capacidade para até 08 ligações simultâneas e um sistema de alimentação autônomo através de um gerador movido à gasolina de aviação (91 octanas), com autonomia para 6:30 horas (consumo de 10lt/hora). Veículo Oficina Especializado (AVOFVE): equipado com tudo o que é necessário para a manutenção mecânica e eletrônica de campanha dos veículos e dos foguetes, também montado sobre um AV-VBA, mas com carroceria fixa. Outros componentes da bateria são o Veiculo Meteorológico (AV-MET), equipado com medidor Vaisala Marwin Rawinsonde, finlandês, montado numa carroceria Tectran sobre uma camionete Ford de 3,5 toneladas, e o Veículo de Comando e Controle (AV-VCC), com poderosos rádios e todo o ferramental o planejamento de uma missão, montado em veículo blindado 4x4 AV-VBL, também produzido pela Tectran, com chassis Unimog Mercedes-Benz. Até agora, somente a Malásia adotou este carro. 47
ções encontradas. Assim, trabalhou-se nas seguintes modalidades: Aéreo - Em agosto de 2007, um AVLMU foi embarcado num C-130H. O vão demasiado baixo da porta traseira do avião obrigou a retirada da carroceria de lançadores para poder introduzir, primeiramente, o veículo e, depois, puxar a carroceria e montá-la. Uma vez a bordo, e apenas uma unidade por vez, o peso médio de 22 toneladas do carro não permite que o deslocamento a grandes distâncias, pois se o C-130 chegar ao destino com os tanques alares vazios, a alta concentração de peso no centro da fuselagem pode causar um desgaste excessivo nas asas. Na Força Aérea dos Estados Unidos, por exemplo, em tais situações, o avião de transporte é reabastecido no ar antes do pouso para equilibrar a distribuição de peso. Como os C130H da Força Aérea Brasileira não possuem equipamento de REVO, o transporte aéreo é recomendável somente em pequenas e médias distâncias. Isso poderá ser resolvido com o futuro Embraer C-390, que terá maior área de carga e “pods” de REVO. Ferroviário - Os veículos foram embarcados facilmente em pranchas. Todavia, com a variedade de bitolas ferroviárias e de viadutos e túneis com vão inadequado para transportar os componentes do Sistema ASTROS II, não foi considerado ideal. Hidroviário - Durante testes com balsas esta modalidade mostrou-se muito eficaz, sendo a opção mais viável principalmente na Bacia Amazônica e no Pantanal Mato-Grossense. Rodoviário - O Brasil conta hoje com uma grande malha rodoviária, possibilitando um rápido deslocamento a qualquer canto do País. Os veículos do ASTROS II estão equipados com pneus Michelin 14x20, com 18 lonas e toróide. Esse pneumático do tipo QT (Qualquer Terreno) é indicado para trafegar em pisos de terra ou areia. A pouca quantidade de lonas e o toróide fazem com que haja um desgaste muito rápido em rodovias asfaltadas. A substituição dos pneus, por enquanto, está descartada já que o EB possui ainda um considerável estoque daquele modelo. Seja qual for o meio utilizado, o 6º GLMF/CIF tem estudos completos de deslocamento para qualquer ponto do território nacional, que englobam desde o tempo de viagem aos locais de reabastecimento. N.da R.: A direção da revista e os autores agradecem ao tenente-coronel Marco Antonio Souto de Araújo, comandante do 6º GLMF/CIF, ao major Marcelo Rodrigues Miranda e ao capitão Clebiano de Oliveira, a excepcional acolhida naquela unidade militar.
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Modelos de foguetes do Sistema Astros II adotados pelo Exercito Brasileiro: SS30,SS40 e SS60 Foguetes (1) Modelo (2)
Calibre
Capacidade (3)
Ogiva
Alcance
Área atingida (4)
SS-09 TS
70mm
8
SS-30
127mm
8
25 kg HE
3 ~ 40 km
SS-40
180mm
4
45 kg HE
< 35 km
1,25 km2
Cluster 20 Submunições
> 35 km
2,25 km2
180 kg HE
< 45 km
4 km2
SS-60
300mm
1
Preço Unitário
3 ~ 12 km
Cluster 45 ~ 60 km 65 Submunições > 60 km
US$ 20 a 30mil
10,5 km2 16 km
2
US$ 80 mil
US$ 195 mil
150 kg HE SS-80
300mm
1
SS-150 300mm FOG-MPM 180mm TM 300mm
1 4 1
Cluster 25 ~ 90 km 52 Submunições 150 km 12 ~ 60 km 350 km
Observações: (1)O EB utiliza os modelos SS-30, SS-40 e SS-60. A Malásia pagou o desenvolvimento do SS-80, que leva menos carga, mas tem um alcance maior. (2)Os modelos SS-150, FOG-MPM e TM (Tactical Missile, ex-AV/MT) ainda estão em desenvolvimento. (3)Capacidade em relação a cada casulo. Cada AV-MLU possui quatro contêineres. (4)Relativa a cada foguete. A fabricante do sistema também oferece o AV-DMMC (Depósito de Munição Móvel Climatizado), facilmente transportável, podendo acondicionar, cada um, até 16 casulos de foguetes em condições ideais, independente do ambiente onde se encontram. Em 1999, a Avibras apresentou o que seria a evolução do sistema, o ASTROS III, bem mais moderno, que utilizaria todos os aperfeiçoamentos do sistema de guiagem e automação dos ASTROS II da Malásia, com um lançador baseado em um chassi 8x8 da Daimler-Chrysler, com o dobro da capacidade dos AV-LMU atuais. O projeto, até agora, só resultou em um “ mock-up”.
Entrevista com o comandante do “Grupo Astros” ficial de Artilharia, com curso de Estado-Maior, o tenente-coronel Marco Antonio Souto de Araújo serviu no Ministério da Defesa e na 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea. Participou da implantação do Sistema ASTROS II na Artilharia de Costa e de diversos intercâmbios com usuários de sistemas lançadores de foguetes de saturação de área, inclusive com o Exército dos Estados Unidos. Tecnologia & Defesa - Qual é a atual doutrina de utilização de foguetes de saturação dentro do Exército Brasileiro (EB)? Tenente-Coronel Marco Antonio Souto de Araújo: O EB vê o emprego de foguetes para saturação de área, no caso a Artilharia de foguetes, para ser subordinado ao mais alto escalão da Força Terrestre empregado no teatro de operações. T&D – Onde o 6ºGLMF se situa dentro do organograma do EB? Ten-Cel Marco Antonio: A unidade é diretamente subordinada ao Comando Militar do Planalto, mas sugerese seu emprego tático inicialmente centralizado, em proveito da manobra do mais alto escalão da Força Terrestre, em uma primeira fase da campanha. Uma vez iniciadas as ações em terra, onde as divisões normalmente ocupam suas posições no terreno, é recomendável a descentralização das baterias para atender as necessidades de apoio de fogo no escalão divisão. T&D - Depois de Formosa, como ficou a Artilharia de Costa? Ten-Cel Marco Antonio: As baterias Astros equipavam três unidades de Artilharia de Costa, localizadas em Macaé (RJ), Niterói (RJ) e em Praia Grande (SP). Com a sua vinda para Formosa, estas unidades foram extintas, mas não foi extinto a filosofia de emprego de foguetes para a defesa do litoral. Isto continua vivo, e nós estamos trabalhando até em ações coordenadas com a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea na formulação de propostas para melhor empregar a Artilharia de foguetes na defesa do litoral, pois é também uma das nossas atribuições. T&D - Qual é a avaliação operacional que o EB faz do sistema como instrumento de defesa de costa e de campanha? Ten-Cel Marco Antonio: Quanto a avaliação em campanha é uma pergunta simples de ser respondida, porque é um material que já foi testado com muito sucesso em combate real, principalmente na Guerra do Golfo. Uma avaliação como instrumento de defesa de costa, é um processo que nós pretendemos responder em curto prazo. Hoje, por
exemplo, nós temos capacidade de realizar tiros na defesa de costa, mas ainda não com a eficácia que pretendemos, pois há a necessidade de termos alguns equipamentos de detecção e que calcule o tiro predito para uma maior eficácia. Estamos trabalhando neste sentido, visando suprir estas lacunas. T&D - Qual a vida útil de armazenagem dos foguetes? Como são guardados? Ten-Cel Marco Antonio: A vida útil de armazenagem é da ordem de dez anos, sendo que de cinco em cinco anos é necessário fazer uma revalidação. São armazenados em nossos paióis espalhados pelo País, mas hoje a própria empresa desenvolveu um depósito climatizado, que capacita guardar os foguetes em qualquer lugar. Trouxemos aqui a título de experiência um depósito desses e que tem apresentado um bom desempenho. Foram adquiridos uns dez depósitos e espalhados pelo Brasil, que virão futuramente para cá. T&D - Qual é o futuro do ASTROS II? O EB planeja adquirir mais baterias? O ASTROS III foi avaliado pela Força? Ten-Cel Marco Antonio: Eu imagino que a curto prazo não haja planos para adquirir mais baterias. A idéia principal é estruturarmos bem o que temos hoje. O Astros III não foi avaliado pelo EB, mas pela própria Avibras, até pelas encomendas no mercado internacional. T&D - Qual é a assistência que a Avibras fornece para a unidade? Ten-Cel Marco Antonio: A unidade tem um contrato de prestação de ser-
viços de manutenção com a Avibras e isso está sendo realizado e fluindo muito bem; nós temos técnicos dela trabalhando conosco e temos também um escritório (do EB) dentro da empresa. T&D - A compra de munição é continua? Ten-Cel Marco Antonio: Quando da adoção do sistema, foi feita uma compra substancial de munição. Hoje temos munição até o ano 2018. É uma decisão que o EB vai encontrar mais adiante, hoje não é um problema. T&D: Na América do Sul, vários outros países utilizam foguetes de saturação de área, como a Argentina (Pampero), o Chile (LARD-160), o Equador (RM-70), o Peru (BM-21 Grad), o Uruguai (RM-70) e a Venezuela (LAR-160). Como o senhor classificaria o ASTROS II em comparação com os demais? Ten-Cel Marco Antonio: Não tenho dúvidas em afirmar que, em termos de lançadores de foguetes, o Brasil está em posição bem melhor do que os outros da América do Sul. A razão principal está na qualidade do nosso material; ele só tem concorrente em termos de solução logística, operacional, e da capacidade dos foguetes, com material MLRS estadunidense e russo, que não é o material adotado pelos vizinhos sul-americanos. Estes são de calibre e desempenho inferior ao nosso. Além de tudo isso, é um produto de fabricação nacional, um aspecto dissuasório muito grande. O ASTROS II, para o Brasil, têm um valor muito positivo, pois trata-se de um material de alta tecnologia, testado em combate e fabricado pela indústria nacional. 19