| REGISTRO |
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Fotos: Royal Navy/ DoD
Está chegando! A nova nau capitânia da Esquadra será entregue este ano à Marinha do Brasil
Roberto Caiafa
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|ESPECIAL|
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Fotos: SAAB
SAAB e Brasil O panorama de uma parceria de sucesso A aquisição dos 36 Gripen E/F pelo Brasil impacta não somente num caça que será a espinha dorsal da defesa aérea brasileira pelos próximos 40 anos a partir de 2021, mas em boa parte da indústria de defesa nacional com desenvolvimento de capacidades e transferência de tecnologia
João Paulo Moralez TECNOLOGIA & DEFESA 21
| FORÇA AÉREA |
INTEGRAR De fundamental importância para a estratégia da presença e dissuasão, a missão da Força Aérea na Amazônia é essencial para o apoio às unidades militares e a integração da região
Kaiser David Konrad
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Agência Força Aérea/ Sgt Batista
partir dos anos de 1960, as Forças Armadas brasileiras passaram a olhar com mais atenção para as fronteiras nacionais. Do Chuí (RS), no extremo sul, até o Monte Caburaí (RR), ao norte, há uma fronteira “seca” de 16.886 km, que é mais que o dobro dos 7.367 km de linha costeira. Do outro lado dos limites estão nove países: Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, além da Guiana Francesa, que é oficialmente designada como um departamento ultramarino da República Francesa. Daquele total, somente a Amazônia possui 10.938 km, sendo vizinha a sete dessas nações. Essa imensidão territorial, de importância estratégica, é em grande parte inóspita e com diversas peculiaridades de clima, vegetação e variações de terreno, que influem consideravelmente no preparo, planejamento e emprego das forças militares, e sempre se traduziram em um desafio em termos de defesa. Foi então que se iniciou um processo de “migração” para este bastião do território, estabelecendo uma velha e eficiente “operação presença”. As ações para fixar tropas na Amazônia, sob a forma de pelotões fronteiriços, datam de 1921. Foram iniciativas tímidas e pontuais. Quase que “bandeirantes modernos”. Apenas em 1935, com o início das operações do Correio Aéreo Nacional (CAN) na Amazônia e a criação do Grupamento de Elementos de Fronteira do Exército, em Belém (1956) - que originaria o Comando Militar da Amazônia (1969) -, que gradualmente foi se “desbravando e ocupando a selva”, com a transferência de unidades de outras áreas e a criação de novas ao longo de toda a fronteira seca. A partir de 1985 o “povoamento” da Amazônia cresceu quando o Governo Federal estabeleceu o Projeto Calha Norte (PCN), cujo objetivo era aumentar a presença do Estado na região, ampliar a infraestrutura, fortalecer a economia sustentável e criar mecanismos e bases sólidas de defesa do território nacional. O PCN foi acelerado após a invasão, por São Gabriel da Cachoeira (AM), de guerrilheiros colombianos do grupo M-19, em maio daquele ano, para buscar suprimentos, realizar assaltos e pilhagem, que acabaram retirados dias depois pelo Exército, em uma situação de tensão. Estabelecido em fevereiro de 1986, o PCN compreendeu a área das calhas dos rios Amazonas e Solimões, daí o nome do programa. Incialmente cobria 14% do território nacional. Hoje são 32%, englobando 194 municípios, 95 dos quais ao longo da faixa de fronteira, distribuídos em seis Estados (Acre, Amapá, Amazonas,
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|ATUALIDADE|
Uma década da Defesa
Cibernética: Maturidade Roberto Caiafa ecente relatório sobre economia digital divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) colocou o Brasil em quarto lugar no ranking mundial de usuários de internet, com 120 milhões de pessoas conectadas. O aumento crescente das ameaças cibernéticas e a existência de vulnerabilidades nas redes e nos sistemas de informação vem exigindo ações para resguardar a capacidade nacional e de outras estruturas de governo frente a possíveis ações hostis, bem como para reduzir os seus efeitos. 58 TECNOLOGIA & DEFESA
Além de comprometer a infraestrutura de tecnologia da informação e comunicações, as ameaças cibernéticas podem afetar os ativos de informações governamentais e estruturas estratégicas críticas, atingindo diretamente a segurança nacional. Os riscos cibernéticos continuam causando muitos danos. Em 2017, ameaças à segurança de redes gerou milhões em perdas para grandes empresas, que tiveram dados sigilosos acessados por hackers. De acordo com um estudo da Cyber Handbook, até 2019 estimase que os prejuízos com esse tipo de
crime podem atingir US$ 2,1 trilhões. A vulnerabilidade no sistema de segurança pode gerar a perda de dados sigilosos, resultando em sérias consequências reputacionais e financeiras para as organizações. O Brasil possui números alarmantes: é o segundo país que mais perdeu financeiramente com ataques cibernéticos, atrás apenas da China. Em 2017, cerca de 62 milhões de brasileiros foram vítimas de cibercrime, o que representa 61% da população adulta conectada do País. De acordo com o estudo Norton Cyber Security Report, em 2017, os
Fotos: Comando de Defesa Cibernética/Exército Brasileiro
crimes cibernéticos causaram prejuízos de US$ 22 bilhões ao Brasil, sendo que cada vítima perdeu uma média 34 horas com os resultados dos ataques. No caso mais recente, no Brasil, as informações de mais de dois milhões de clientes de um e-commerce foram vazadas, depois que um hacker conseguiu ter acesso a nome completo, data de nascimento, CPF, valor gasto e data da última compra das pessoas cadastradas. O relatório Looking ahead: Cyber Security 2018, produzido anualmente pela FireEye destaca que há o lado bom dos ataques, uma vez que empresas públicas e privadas e os governos têm buscado a inovação de seus departamentos internos – tanto em produtos quanto em estratégias – para que estejam aptos a detectar e responder mais rapidamente às ameaças.
SURGE O ComDCiber Como se sabe, a Estratégia Nacional de Defesa estabeleceu três setores estratégicos para a Defesa Nacional: Nuclear, Espacial e Cibernético. Cada uma das Forças Armadas recebeu a incumbência de gerenciar um desses setores, e coube ao Exército capitanear o processo de estruturação do setor cibernético. A dependência cada vez maior da rede mundial de computadores, verificada em praticamente todas as atividades humanas, a exemplo dos sistemas de defesa e das estruturas
estratégicas, traz consigo o aumento das vulnerabilidades cibernéticas e ameaças importantes a instituições e à sociedade como um todo. Alguns anos após a implantação de um Programa Estratégico voltado para a cibernética, no âmbito do Exército, o Ministério da Defesa (MD), por sua vez, criou o Programa da Defesa Cibernética na Defesa Nacional para potencializar esse campo de atividades no País. O objetivo é incrementar as atividades de capacitação, doutrina, ciência, tecnologia e inovação, inteligência e operações, visando assegurar, de forma conjunta, o uso efetivo do espaço cibernético (preparo e emprego operacional) pelo MD e pelas Forças Armadas, e impedir ou dificultar sua utilização contra os interesses nacionais. A criação do Comando de Defesa Cibernética, órgão responsável pela coordenação e integração das atividades do setor, foi uma das primeiras iniciativas. Ao dotar o MD e as Forças Armadas dos meios necessários para exercer a defesa e o controle contínuo do espaço cibernético de interesse, garantirá fluxo ágil e seguro de informações confiáveis e oportunas, impactando positivamente nas áreas científico-tecnológica e industrial do Brasil. Outro projeto, a criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética, capacitará recursos humanos, civis e militares. Essa estrutura de ensino
possibilitará avanços significativos na sensibilização, na conscientização, na formação e na especialização de cidadãos para a atuação no segmento. Adicionalmente, a implantação e a consolidação da Estrutura de Desenvolvimento Conjunto de Defesa Cibernética possibilitará que o MD e as Forças Armadas atuem perfeitamente integrados e coordenados. O Sistema de Homologação e Certificação, por seu turno, dotará o País de uma estrutura capaz de certificar produtos (equipamentos e programas) para o emprego no setor cibernético. Seu emprego será dual, ou seja, civil e militar, mediante avaliação e certificação, sob demanda, de equipamentos voltados para o mercado nacional do campo da Tecnologia da Informação, ampliando a segurança do espaço cibernético nacional. Quando a portaria Nº 2.777/MD, de 27 de Outubro de 2014, do Ministério da Defesa, oficializou a criação do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) ficou responsável por supervisionar a sua implantação e da Escola Nacional de Defesa Cibernética (ENaDCiber), subordinados ao Comando do Exército. O ComDCiber e a ENaDCiber contam com militares das três Forças Armadas, subordinados ao Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), que foi
A Escola de Defesa Cibernética, além de manter o conhecimento atualizado, é responsável por formar novos quadros para o Comando de Defesa Cibernética, oriundos das três forças TECNOLOGIA & DEFESA 59