Revista Tecnologia e Defesa Nº151 drops.

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| NAVIOS |

Projeto simboliza a resiliência da Marinha do Brasil na busca permanente pela evolução da construção naval militar no país

Paulo Maia

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Gino Marcomini

o dia seis de novembro último o monitor fluvial Parnaíba completou 80 anos de seu batismo e lançamento ao mar, evento notável que ocorreu no Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras, hoje Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). O navio, que teve a quilha batida pelo então presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, teve como madrinha a primeira dama, a senhora Darcy Sarmanho Vargas, e representou um marco da retomada da construção naval militar brasileira no século 20. O Parnaíba, ao longo dessas oito décadas, tem sido o símbolo vivo do maior desafio que a Marinha do Brasil (MB) vem enfrentado ao longo dos anos, que é a construção de seus meios em ritmo constante e evolutivo. Apesar da ocorrência em vários períodos de intensa atividade industrial quanto a navios mercantes de diversas Classes, bem como a existência expressiva de estaleiros privados, não foi possível o estabelecimento de recursos satisfatórios, tecnológicos e materiais, para desenvolver e manter a moderna construção de navios de guerra, a exemplo das nações mais desenvolvidas. A falta de uma consistente vocação marítima e a baixa prioridade que sucessivos governos têm destinado à modernização do Poder Naval brasileiro tem forçado ao cancelamento ou redução de programas de renovação e ampliação de meios flutuantes e, consequentemente, na existência de ciclos espasmódicos de construção de navios militares, em especial os destinados ao aparelhamento da Esquadra. Na década de 1930 foi registrado mais um desses ciclos. A construção de navios para Marinha estava estagnada desde o final do século 19. A chamada Esquadra de 1910 era constituída de meios encomendados na Inglaterra e os planos posteriores foram baseados em obtenções no exterior. O ministro da Marinha daquele período, o almirante Henrique Aristides Guilhem, e outros importantes chefes navais estavam convencidos de que a solução do problema deveria ser doméstica, embora avaliassem que o empreendimento demandaria grande esforço devido à radical transformação nos métodos de trabalho, além da evolução vertiginosa das indústrias, em especial as de aço e máquinas, as quais o Brasil não havia acompanhado. Para que o desequilíbrio fosse superado a Administração Naval planejou a preparação de seus arsenais e estaleiros para a produção de navios com material importado formando, asTECNOLOGIA & DEFESA 19


|ANÁLISE|

Esquadra:

muitas tarefas com poucos recursos Condições atuais e perspectivas Paulo Maia

“Estamos deixando morrer a nossa Marinha. A Esquadra agoniza pela idade (...) Estamos numa encruzilhada: ou fazemos renascer o Poder Naval sob bases permanentes e voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa fraqueza provocadora (...) estamos completamente desaparelhados...” Almirante Protógenes Pereira Guimarães Relatório do ministro da Marinha encaminhado ao presidente da República em junho de 1932.

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Marinha do Brasil

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Roberto Caiafa

| EVENTOS |

Discutindo a guerra de Roberto Caiafa

mina submarina é um engenho explosivo destinado a avariar meios navais de superfície ou submarinos, ou, pela sua simples presença em uma determinada área, interromper o tráfego marítimo. Existem minas de contato, ativadas como o próprio nome sugere, e as de influência, que são ativadas pela variação das características acústicas, magnéticas e de pressão do ambiente que as circunda. Esses diferentes tipos podem ser lançadas por navios, submarinos e aeronaves. Assim, “guerra de minas” é o conhecimento e habilidade necessários para se utilizar esses artefatos e anular os seus efeitos quando empregados como instrumento de agressão. Sua operação é dividida em minagem (lançamento) e contramedidas de minagem (destruição de minas lançadas ou por serem lançadas). Na atualidade, a Marinha do Brasil (MB) realiza essas tarefas através de navios e submarinos. A eficácia das minas foi comprovada em inúmeros conflitos e continuam sendo agentes potenciais de destruição. Do ponto de vista econômico, o valor de uma mina é relativamente baixo variando conforme sua sofisticação entre US$ 1.500 e 100 mil. 50 TECNOLOGIA & DEFESA

minas

Congresso internacional reuniu especialistas nesse complexo campo A mina pode ser chamada de a arma do mais fraco contra o mais forte. Qualquer país tem capacidade de empreender esse tipo de guerra, pois pode ser feita a partir de qualquer embarcação, navios pesqueiros, rebocadores, navios -patrulha ou submarinos.

UMA CAPACIDADE ESTRATÉGICA Para o Brasil, a mina é uma arma de defesa territorial perfeita face ao seu baixo custo. Praticamente, toda a costa brasileira é passível de ser minada e o

simples anúncio da sua existência nas proximidades de um porto já constitui um fator de inquietação para interromper o tráfego marítimo. Demonstrar a capacidade de realizar a minagem e a neutralização de minas lançadas em águas nacionais é um fator de grande importância para a defesa. Em função das novas demandas advindas da construção do submarino nuclear e sua base naval, o Comando de Operações Navais julgou necessário efetuar a reestruturação da Guerra de Minas na MB. Criada em 12 de maio de 1962, a Força de Minagem e Varredura (ForMinVar),


sediada na Base Naval de Aratu (BA), encontra-se em seu limite operacional. Seus meios estão obsoletos e, mesmo com o cenário político e financeiro do País, adquirir meios modernos é imprescindível. À ForMinVar cabe a missão de varrer todos os acessos aos portos garantindo a navegação segura de navios de guerra ou mercantes. O treinamento constante é a única maneira de manter o conhecimento adquirido e a capacidade de atuar no caso de crise ou conflito bélico. O Plano de Reequipamento da MB prevê a obtenção, por exemplo, de navios caça-minas. Existem planos para que no futuro a ForMinVar seja desdobrada em pelo menos, dois esquadrões estrategicamente posicionados, para prover canais varridos com elevado grau de limpeza, assegurando a saída e entrada dos submarinos de sua base em Itaguaí (RJ) e atender às necessidades de contraminagem nos demais pontos do litoral brasileiro, a partir de Aratu.

ENCONTRO Dada a relevância do tema, o Comando do 2º Distrito Naval organizou o 1º Congresso Internacional de Contramedidas de Minagem (1º CICMM), na Escola de Guerra Naval, na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 18 de outubro, abrangendo este segmento da guerra em seus ambientes terrestre e marítimo. Participaram representantes das Forças Armadas, instituições de pesquisa, empresas e integrantes dos grupos de operações especiais que atuam tanto em defesa como segurança pública. Palestrantes de Marinhas amigas, com larga experiência no campo, entidades acadêmicas e organizações governamentais de defesa estrangeiras, compuseram o segmento internacional do evento. Na Escola de Guerra Naval (RJ) foi possível reunir a experiência de planejadores, desenvolvedores de conceitos, usuários e tecnólogos de diferentes regiões do Brasil e do mundo que interagem com diferentes ambientes operacionais, inovações e necessidades diversas da área de guerra de minas e contramedidas de minagem. Houve uma intensa troca de informações e conhecimentos com especialistas em mais de 40 palestras e sessões temáticas. Os temas incluíram abordagens sobre veículos de superfície não tripulados, veículos submarinos operados remotamente, as novas tecnologias sonar, novas maneiras de detectar/utilizar o sinal acústico, a nanotecnologia aplicada em guerra de minas, etc. Também foram tratados assuntos como a doutrina empregada pelas Forças Armadas, desativação de ar-

Roberto Caiafa

Fotos: SAAB

O capitão-de-fragata Frederico Albuquerque, comandante do GAAGueM, detalhou a evolução temporal da guerra de minas e as novas tecnologias desejáveis pela Marinha do Brasil tefatos explosivos, a desminagem terrestre e humanitária e táticas de operações com navios caça-minas. Houve também uma exposição com estandes dos maiores fornecedores de produtos e serviços. O 1º CICMM foi uma iniciativa do Grupo de Avaliação e Adestramento de Guerra de Minas (GAAGueM), que tem como missão produzir informações operacionais, contribuindo para o desenvolvimento, consolidação, disseminação e atualização de doutrina, procedimentos táticos e emprego dos equipamentos. Na palestra inaugural, proferida pelo capitão-de-fragata Frederico Albuquerque, comandante do GAAGueM, detalhou-se a evolução temporal da guerra de minas, com o oficial estabelecendo uma importante diferenciação (por comparação) entre navios-varredores, tecnologicamente mais simples, e navios caça-minas, muito mais sofisticados. Destacou ainda que minagem pode ser tanto uma atividade ofensiva (realizada no litoral ou áreas de trânsito de uma força adversária), quanto defensiva, em que acessos aos próprios portos de um país ou regiões de conflitos podem ser negados por meio de campos minados. Para combater essa arma, inteligência é fundamental, e um desenvolvimento essencial, citado pelo oficial, é o Sistema de Aquisição de Dados Acústicos, Magnéticos e de Pressão (SAAMP), em desenvolvimento no Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). Esse equipamento destina-se à coleta e armazenamento de assinaturas acústicas, magnéticas e de pressão de

navios, buscando formar um banco de dados para emprego em guerra de minas e guerra submarina. Caso uma minagem seja constatada, tornam-se necessárias as contramedidas. A Marinha do Brasil, com os quatro Classe Aratu ainda disponíveis, realiza apenas varreduras mecânicas duplas, (onde cabos de aço, tesouras flutuantes rebocadas cortam os cabos das minas de fundeio) ou varreduras combinadas de influência (“ativando” minas que funcionam por assinatura acústica e/ou magnética), com martelos acústicos mecânicos e/ou emprego de cauda magnética. Já os navios da Classe Koster, usados como referência pelo oficial em sua apresentação, são capazes de executar essas tarefas e muito mais. De fato, esse tipo de navio significaria uma elevação de doutrina e acréscimo de capacidades inéditas para a MB, passando da varredura pura e simples para a guerra de minas na sua plenitude, ofensiva e defensiva, de acordo com as circunstâncias e o tipo de enfrentamento. Para operar na moderna guerra de minas, a MB precisa da tecnologia empregada nos ROV (remoted operated vehicles - veículos operados remotamente e desenvolver a capacidade de empregar os SUV (surface unnamed vehicles - veículos de superfície anônimo).

POTENCIALIDADES No planejamento da MB para o futuro da guerra de minas as Bases Navais de Aratu (BNA) e Itaguaí (BNI) mereTECNOLOGIA & DEFESA 51


| INTERNACIONAL |

Esquadra 103 Nas asas de

Portugal Exclusivo:

Tecnologia & Defesa foi conhecer como são formados os pilotos de caça da Força Aérea Portuguesa Kaiser David Konrad Enviado especial a Portugal Base Aérea N° 11 está sediada na cidade de Beja, região do Alentejo, e possui uma das maiores áreas destinadas ao voo de instrução militar da Europa. Ativada em 1967, atualmente abriga três unidades aéreas, respectivamente a Esquadra 601, equipada com aeronaves P-3C e P-3P, responsável por patrulha marítima, busca e salvamento, guerra antissubmarina e minagem; a Esquadra 552, com helicópteros Alouette III, que executa transporte aerotático, instrução complementar em asas rotativas e alerta SAR; e a Esquadra 103, encarregada da formação do piloto de caça da Força Aérea Portuguesa (FAP), outrora conhecida como Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem em Aviões de Combate (EICPAC). Como a mais 64 TECNOLOGIA & DEFESA

antiga unidade aérea da FAP, sua origem remonta ao ano de 1953, com a entrada em serviço dos modernos treinadores T-33A Shooting Star, recebidos dos Estados Unidos. Em 1960 passou a utilizar também os F-84G, o que permitiu realizar a conversão operacional dos pilotos destinados ao F-86F. Em 1961, após ataques terroristas em Luanda e no norte de Angola, que deram início à Guerra do Ultramar – na qual a Força Aérea teve um papel bastante ativo em combate, reconhecimento, evacuação de feridos e apoio logístico às tropas e população civil -, os F-84G foram enviados para a África juntamente com uma série de instrutores, e empregados extensivamente nas diversas missões. Na ocasião, as Forças Armadas Portuguesas empreenderam


Fotos do autor

Os Alpha-Jet da Esquadra 103 em formação sobre a região do Alentejo TECNOLOGIA & DEFESA 65


| EXÉRCITO BRASILEIRO |

Centro de Doutrina O papel desempenhado no processo de transformação da Força Terrestre

Da Redação dinâmica do mundo atual, cenário de incertezas e percepção espaço-temporal sem parâmetros rígidos, trouxe para o Exército Brasileiro (EB) uma necessária reflexão sobre seus paradigmas. Os preceitos da Era Industrial, vigentes no período pós Segunda Guerra Mundial, revelaram-se insatisfatórios no período histórico mais recente, marcado pelos conflitos de 4ª e 5º gerações. Tal cenário exigiu uma adaptação do EB aos parâmetros da chamada Era do Conhecimento, para acompanhar a evolução dos principais Exércitos do mundo. No novo paradigma, enfatizam-se as operações que se desenrolam em áreas povoadas e com fatores desa70 TECNOLOGIA & DEFESA

fiadores para um planejamento de emprego de tropa. As batalhas passam a dividir prioridades com outros fatores inseridos no confronto. As redes sociais, além dos organismos internacionais e das agências estatais e não estatais, têm grande impacto nas relações entre os atores envolvidos numa contenda. Dessa forma, o Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex) foi repensado para atender às novas demandas de uma Força possuidora de atividades e formulações na Era do Conhecimento. Um salto ousado, porém perfeitamente ajustado com o ideário dos Exércitos mais avançados. Em 1º de novembro de 2012, a estrutura do C Dout Ex foi efetivada por portaria do Estado-Maior,

órgão a que se subordinava, numa pioneira iniciativa de constituir-se em um órgão totalmente dedicado ao “pensar soluções de combate”, de forma harmônica, para que o EB pudesse melhor contribuir com a defesa do Brasil. Naquele contexto, o processo de transformação iniciado na Força demandava aproximar a formulação e as experimentações doutrinárias da atividade de preparo e emprego da tropa. O natural dinamismo da doutrina resultou na transferência do Centro de Doutrina para a estrutura do Comando de Operações Terrestres (CoTer), órgão de direção operacional do Exército, efetivada em 06 de novembro de 2015. A medida revelou-se exitosa, e o C Dout


Ex desenvolveu rapidamente uma adequada interação com as Subchefias de preparo e emprego do CoTer. Por conta disso, temas relacionados às áreas de simulação de combate, exercícios e o desenvolvimento de competências tornaram-se rotineiros no C Dout Ex. Na moldura do planejamento estratégico do Exército insere-se o Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SiDoMT), verdadeiro ambiente de trabalho do Centro, baseado em um ciclo de produção doutrinária que considera a evolução da Doutrina de Operações Conjuntas, a Concepção Estratégica do Exército e as necessidades ou novos conceitos indicados pelos integrantes do sistema. O SiDoMT procura desenvolver fundamentos para o emprego da Força Terrestre (F Ter) em operações; desenvolver táticas, técnicas e procedimentos de combate, e orientar sua aplicação no preparo e emprego; estabelecer padrões (modelos, métodos e procedimentos) para organizar, armar e equipar a F Ter; proporcionar, por intermédio do emprego intensivo de técnicas de investigação e estudos prospectivos, a contínua atualização da Doutrina Militar Terrestre, em um processo cíclico e dinâmico que aplique os princípios da gestão do conhecimento e da informação; contribuir para a existência de tropas em permanente estado de prontidão; e estabelecer e manter a unidade de doutrina.

FUNÇÃO E ESTRUTURA Nessa inovadora missão de viabilizar paradigmas para o Exército o C Dout Ex se dedica à tarefa de abrir espaços para o debate em torno da doutrina vigente e para o aprendizado, a partir de intercâmbio com outras forças, outros países, ou de operações levadas a efeito por coligações internacionais. Assim, as “Experimentações Doutrinárias” visam testar propostas organizacionais e materiais de emprego militar (MEM) capazes de atender às demandas atuais, de acordo com a dimensão do País no cenário global. Quanto à gestão do conhecimento, o C Dout Ex assumiu a tarefa de atualizar, formular e difundir, de forma sistêmica, os assuntos doutrinários de interesse da Força. Isso é verdade também no que concerne às experiências de emprego de tropa adquiridas em eventos das mais diversas naturezas (defesa, segurança, cooperação e coordenação com agências, operações conjuntas ou combinadas, grandes eventos, entre outros). Não menos importante, a aproximação com o meio acadêmico tornouse uma necessidade, pois os assuntos atinentes à defesa e à segurança passaram a ser uma constante na sociedade brasileira. Nesse aspecto, os temas discutidos pelas universidades abrem um campo fértil para a parti-

cipação do Exército, com o C Dout Ex discutindo conceitos e concepções que resultarão em importantes aportes às propostas de planejamento estratégico. Tudo isso interessa também à indústria de defesa. Atualmente, o Centro é chefiado por um oficial general, que tem a responsabilidade de propor o peso equânime entre as possibilidades e as necessidades do Exército. O CoTer, como escalão enquadrante, envida esforços voltados para a formulação doutrinária e para o desenvolvimento de um aparato de guerra genuinamente nacional. O C Dout Ex estrutura-se em quatro divisões com missões específicas que cobrem todo o espectro de propostas de “como organizar, equipar e combater” da F Ter. A Divisão de Planejamento e Integração (Div Plj Intg) coordena as atividades administrativas, atendendo às demais divisões. Isso inclui os planos de confecção de publicações, os intercâmbios doutrinários com outros Exércitos e forças de defesa e segurança, a organização administrativa de experimentações doutrinárias e viagens nacionais para acompanhamento das atividades desenvolvidas, bem como o planejamento e a execução financeira anual. A Divisão de Difusão (Div Dif) trata da difusão de produtos doutrinários e o gerenciamento do Portal de Doutrina do Exército, plataforma digital criada

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Swiss Department of Defence, Civil Protection and Sport.

Alerta de


Fotos do autor

defesa aérea nos

Alpes A Força Aérea da Suíça garante a neutralidade armada do país Kaiser David Konrad Enviado especial à Suíça

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| A PALAVRA DO PRESIDENTE|

xiste uma máxima de que o Brasil é um país pacífico, livre de guerras e que, por tal motivo, os investimentos nas Forças Armadas são desnecessários. Mas, essa visão deturpada da realidade já não cabe mais nos discursos e no imaginário popular. O Brasil vive, sim, um cenário de paz em relação a outros países e potências e não conhece situações de conflito como as existentes em diversos países do mundo. Isso não significa que não tenhamos nossos próprios problemas internos. Crises de segurança pública são registradas em diversos estados e, os dados mostram que há um agravamento constante. O cenário de paz internacional não é o que vivemos dentro de nossas fronteiras. Esse é o primeiro ponto que precisa ser analisado. O segundo é que estamos perdendo nossa posição de protagonistas na história mundial. Cada vez mais, decisões são tomadas a ponto de enfraquecer nossa economia e isso reflete no posicionamento internacional do país. Deixamos de ter importância estratégica junto a nossos parceiros econômicos. Ao voltarmos a apostar em uma economia baseada na produção e exportação de matéria-prima, provocando o enfraquecimento da nossa indústria baseada em inovação e em tecnologia, estamos nos posicionando de maneira tímida e subserviente diante da economia mundial. Ao vermos nossas indústrias fecharem as portas e tratarmos esse fato grave com naturalidade, nos encolhemos diante das grandes potências, que deixam de nos ver como uma força geopolítica. Isso é um círculo vicioso que mina, cada vez mais, nossas chances de reação. Mas muitos dirão que os índices econômicos estão melhorando. Mas não estamos produzindo material de alto valor agregado. Estamos perdendo nossa mão de obra qualificada para outros países, as pesquisas estão defasadas e nossas universidades sucateadas. Crescer economicamente é fazer essa engrenagem girar de maneira sustentável, para que possamos lutar por um espaço de real destaque na economia mundial. E, o fortalecimento da indústria de defesa tem papel importante em tudo isso. É por meio dela que o País passa a oferecer produtos com alto valor agregado. É por meio dela que o País mostra seu poder e tem condições de se firmar como líder internacional. É por meio dela que podemos resolver nossos conflitos internos de segurança pública. 44 TECNOLOGIA & DEFESA

Divulgação

O protagonismo mundial passa pelo fortalecimento de nossa indústria

É por meio dela que a sociedade passa a contar com benefícios diretos, como mais empregos, melhores salários e desenvolvimento de tecnologia dual para melhorar a qualidade de vida da população. O fato de não estarmos em guerra, não significa que possamos negligenciar nossa indústria de defesa, ou que possamos deixar de lado programas estratégicos das Forças Armadas. Precisamos manter tais programas, garantindo a proteção de nossas fronteiras, de nossas riquezas naturais e oferecendo mais segurança interna para o brasileiro. Tudo está interligado. Somos um povo pacífico, mas não podemos ficar apáticos ao que está acontecendo. A defesa de nossa indústria é primordial para a mudança nos rumos de toda essa cadeia de acontecimentos. Somente assim, poderemos almejar o protagonismo mundial e geopolítico, que tanto nossos representantes defendem em discursos. A ABIMDE está junto com o Ministério da Defesa e com o Brasil na busca desse protagonismo. Carlos Frederico Queiroz de Aguiar Presidente da ABIMDE


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