IBUGHT
INSTITUTO BÍBLICO UNIVERSAL DE GREGO HEBRAICO & TEOLOGIA
HISTÓRIA DA IGREJA dos primórdios à atualidade
Salvador/BA
SUMÁRIO Primeira Palavra
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Introdução
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Primeiro Período
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Segundo Período
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Terceiro Período
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Quarto Período
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Quinto Período
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Sexto Período
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A Igreja Protestante no Brasil
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Movimento Pentecostal
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A Igreja na América Latina
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Referências Bibliográficas
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IBUGHT – GREGO HEBRAICO & TEOLOGIA DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA Turma: 1º Ano Básico/Regular Profº Robespierre Machado
Primeira Palavra Estudar a Bíblia e as matérias auxiliares à sua compreensão e entendimento é fundamental para quem deseja melhor servir ao SENHOR JESUS, na sua obra. Já nos primórdios do cristianismo, no primeiro século, o apóstolo afirmava “procura apresentarte a DEUS aprovado como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” Assim, o tempo investido em longas, trabalhosas e exaustivas horas de estudo, preparação e reflexão e o debruçar-se sobre livros, muitos livros e primeiramente o cânon sagrado, resultará, indiscutivelmente, em apropriação de conhecimento que produzirá o combustível espiritual necessário à formação daquele que propõe, a si mesmo e primeiramente ao SENHOR, militar na seara do MESTRE, sem descanso, até sua vinda gloriosa. A minha oração e o desejo do meu coração é que essa matéria, História da Igreja, contribua de forma significativa nesse propósito, o de formar homens e mulheres de DEUS capacitados a pensar e conseqüentemente interpretar os fatos históricos, referenciais na edificação da fé por nós abraçada, como balizadores do proceder presente e futuro dessa geração. Aqueles que nos precederam escreveram nas páginas do período pós-apóstolico suas próprias histórias alguns tendo como tinta o próprio sangue. Foram, e ainda hoje são, heróis da fé, mártires do SENHOR JESUS. Entretanto nunca será demasiado recordar, que as páginas dessa história não foram cerradas num passado remoto, legando-nos apenas uma lembrança inspiradora, mas ainda agora outros tantos, anônimos para o mundo mas conhecidos do SENHOR, continuam a escrever em circunstâncias iguais e até mais agravadas a história presente da igreja do SENHOR JESUS em todas as nações. Prezado aluno/aluna, que a graça do SENHOR, a unção e poder do ESPÍRITO SANTO sejam sobre sua vida trazendo inteligência e capacitação espiritual para um excelente e abençoado aproveitamento do curso. Finalmente proponha no SENHOR JESUS ser um multiplicador do conhecimento adquirido nesse tempo especialmente preparado por ELE para você. Bem vindo a História do Cristianismo. DEUS muito abençoe você, no Nome de JESUS! Salvador/BA, outono de 2009.
Robespierre Machado professor
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INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DA IGREJA “ estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel ” Js 4:7
INTRODUÇÃO A identidade de um povo é construída pelo conjunto de características sociais, morais, éticas, pessoais, religiosas e culturais agrupadas num processo histórico que se perpetua pela transmissão de uma geração a outra, através dos meios possíveis ( Dt 6:6-9; Js 4:1-7; Pv 22:28 ). Investigar o desenvolvimento das ocorrências na história mundial/local da igreja é descortinar a sua trajetória evangelística e missionária bem como suas lutas e vitórias através dos séculos. VISÃO PANORÂMICA Resumir a uma apostila dois mil anos de história e o trabalho evangelístico, missionário e discipular da igreja é tarefa impensável. Mas é possível obter, em perspectiva, uma visão panorâmica geral, identificando na história bíblica e eclesiástica, os principais fatos e acontecimentos, aqueles que pontuaram épocas ( I Cr 29:29; Lc 1:1-3 ). Os fatos, pessoas e lugares de maior relevância estão para nós, na investigação histórica, como as montanhas estão para as planícies. Deles obteremos uma visão horizonal, isto é, que vê além do horizonte ( II Rs 6:15-17; Jo 4:35 ). Do nosso ponto de observação contemplamos toda paisagem: 2000 anos de história. A vida, as lutas, as vitórias e o legado daqueles que nos precederam. Que o Espírito Santo possa guiar-nos, passo a passo através da estrada da história, e que pela sua unção todo conhecimento adquirido seja transformado em combustível que alimente a vocação profética da igreja e nos transforme em incontidos ganhadores de almas, persistentes pescadores de homens ( Lc 5:10 ). PERÍODOS GERAIS De forma geral a história da igreja está organizada em seis grandes períodos, • • • • • •
Apostólico ( pentecostes até cerca de 100 AD ) Era das Perseguições ( 100 a 313 DC ) Imperial ( 313 a 476 DC ) Idade Média ou Igreja Medieval ( 476 a 1453 ) A Reforma ( 1453 a 1648 ) Cristianismo Moderno ( de 1648 até o início do século 20 )
Acrescidos a esses estudaremos ainda: • A Igreja no Brasil • Movimento Pentecostal PRIMEIRO PERÍODO: A IGREJA APOSTÓLICA de pentecostes até a morte do apóstolo João 30 a 100 d.c
A Igreja de Cristo iniciou sua trajetória com um movimento de caráter mundial, no dia de Pentecostes, cerca do ano 30, no fim da primavera, em Israel. Na cidade de Jerusalém começa a trajetória histórica da Igreja. PRIMEIROS FATOS ( da ascensão de Cristo a pregação de Estevão 30 a 35 ) 1. Primeiras conversões, movimentos de evangelização; 2. Instituição do diaconato ( At 6 ); 3. Primeira perseguição culminando com o martírio de Estevão ( At 7 ) ; ⇒ Observa-se nesse tempo a falta de expansão missionária. A igreja permanecia em seu próprio território quando deveria avançar com a evangelização. A EXPANÇÃO DA IGREJA ( do martírio de Estevão até o concílio de Jerusalém 35 a 50 ) Nessa época decidiu-se uma importante questão: O cristianismo continuaria como seguimento judaico ou abriria suas portas para todas as raças ( At 15 ).
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A igreja nesse tempo estava restrita a Jerusalém e aldeias vizinhas, seus membros eram judeus ou prosélitos. Em 50 d.c. a igreja estava estabelecida na Síria, Frigia, Ásia Central e Europa. Principais fatos: 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Diáspora cristã judaica. Nesse tempo o evangelho chega a Antioquia da Síria cerca de 480 km de Jerusalém; Conversão de Saulo, ( At 9 ); O evangelho chega ao gentio Cornélio ( At 10,11); Integração de Paulo na Igreja de Antioquia – seu discipulador, Barnabé o levita de Chipre; Separação e envio dos primeiros missionários ( At 13 ); Evangelização de grandes cidades e centros urbanos: Antioquia, Lista, Derbe, Listra, Icônio, Salamina etc.
A IGREJA ENTRE OS GENTIOS ( do concílio em Jerusalém até o martírio de Paulo 50 a 68 ) Para conhecimento sobre os acontecimentos dos 20 anos posteriores ao concílio de Jerusalém dependemos do livro de Atos, Epístolas de Paulo e, talvez, o primeiro versículo da primeira carta de Pedro, que se refere, possivelmente, a países visitados por ele. Nesse tempo foram escritos a maior parte dos livros do NT. ⇒ A obra missionária alcança todo Império Romano – “o campo é o mundo“ conforme Mt 13, para a igreja da época. ⇒ Segunda e terceira viagens missionárias de Paulo e sua equipe. O evangelho chegou a Europa, através da cidade de Filipos, ( At 16 ). Os principais líderes do período foram: Paulo, Pedro e Tiago. ⇒ Acontece a primeira perseguição imperial, 64 d.c. O Imperador Nero, lança sobre os cristãos a culpa pelo incêndio de Roma, 18 de julho 64 d.c. Milhares foram presos, torturados e mortos.
Entre esses, Pedro ( 67 ) e Paulo ( 68 d.c ). A DÉCADA SOMBRIA ( do martírio de Paulo até a morte de João 68 a 100 ) Nesse momento foram escritos os últimos livros do NT. No fim da era apostólica encontramos luz e sombras misturadas nos relatos que se referem a igreja. As normas de caráter eram elevadas, porém o nível da vida espiritual era inferior ao que se manifestava nos primitivos dias apostólicos. SEGUNDO PERÍODO: A IGREJA PERSEGUIDA da morte do apóstolo João até o Edito de Constantino, 100 a 313 dc
O segundo e terceiro séculos foram tempos de sucessivas perseguições movidas pelos imperadores romanos. Apesar de não ser contínua contudo se repetia, por vezes, durante anos seguidos. Por mais de dois séculos um exército de milhares de mártires cumpriram At 1:8 ao custo da própria vida ( Fp 2:17; Hb 11:36-38 ). Entretanto a evangelização prosseguiu superando todos os obstáculos, até mesmo a morte ( Ap 2:10,13 ). A primeira geração de cristãos era tida como relacionada com os judeus, uma seita oriunda do judaísmo que sendo esse reconhecido como religião permitida, apesar dos judeus viverem separados dos costumes idólatras, proporcionava segurança aos cristãos em relação ao império. Essa suposta relação preservou os cristãos, por algum tempo, da perseguição. Entretanto no ano 70 com a destruição de Jerusalém o cristianismo ficou isolado sem nenhuma lei que protegesse os seus seguidores. CAUSAS PRINCIPAIS DAS PERSEGUIÇOES 1. O caráter exclusivo do Cristianismo 2. As reuniões secretas dos cristãos 3. A igualdade social na igreja 4. Adoração aos ídolos como parte da vida do povo 5. O culto ao Imperador 6. Os interesses econômicos ( a indústria da idolatria ) IMPERADORES QUE PROMOVERAM PERSEGUIÇÕES 1. Nero, 64 d.c 2. Domiciano, 90-96 d.c 3. Trajano a Antonio Pio, 98-161 d.c 4. Marco Aurélio, 161-180 d.c 5. Septímo Severo, 193-211 d.c 6. Décio, 249-251 d.c 7. Valeriano, 253-260 d.c
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8. Diocleciano. 284-305 d.c; Galério 305-311 APARECIMENTO DE SEITAS E HERESIAS 1. Agnósticos 2. Ebionitas 3. Maniqueus 4. Montanistas CONDIÇÃO GERAL DA IGREJA 1. Uma igreja purificada 2. Ensino unificado 3. Desenvolvimento da organização eclesiástica 4. Crescimento e expansão 5. Desenvolvimento da doutrina Nesse período escolas teológicas foram fundadas na Ásia Menor, Cartago e Alexandria, no Egito, essa atribuída a Titus Flavius Clemens ou Clemente de Alexandria (150-215). Essas escolas objetivavam oferecer o sólido conhecimento da doutrina para defesa da fé – a apologia, e a preparação adequada daqueles que eram candidatos ao ministério da Palavra – a formação de obreiros. TERCEIRO PERÍODO: A IGREJA IMPERIAL do Edito de Constantino a Queda de Roma, 313 a 476 dc
No período denominado na HI como “imperial ” o fato mais notável, e também o mais influente, tanto positiva quanto negativamente, foi a cessação das perseguições contra o cristianismo. Quando Diocleciano abdicou o trono em 305, em favor de Galério, a religião cristã era terminantemente proibida. A pena para os que professavam o nome de Cristo era tortura e morte. Entretanto algumas décadas mais tarde, no governo de Teodósio I, o cristianismo foi elevado à condição de religião oficial do Império Romano. No ano 313¹ é proclamado, por Constantino e Licínio, o Édito de Milão fazendo cessar as perseguições religiosas no império, principalmente contra os cristãos, tornando legal a sua prática e adoração. Em fevereiro de 380 Teodósio² publica um édito deliberando que todos os seus súditos deveriam seguir a fé dos Bispos de Roma e de Alexandria. O vasto império romano foi rapidamente transformado de pagão que era em um império cristão, por decreto. Aparentemente, no início do quarto século, os antigos deuses estavam arraigados na reverência do mundo romano; porém, antes que esse século chegasse ao fim, os templos haviam sido transformados em templos cristãos. O Império Romano era cristão. Em toda parte os bispos governavam as igrejas, porém uma pergunta surgia constantemente entre o povo e no próprio clero: Quem governará os bispos? Esse questionamento lançaria as bases do governo eclesiástico central, em Roma. AVALIANDO PONTOS POSITIVOS
a) b) c) d)
Fim das perseguições Cessação dos sacrifícios pagãos Instituição do domingo como dia de descanso³ Repressão ao infanticídio
PONTOS NEGATIVOS
a) b) c) d)
Todos na igreja ( por decreto ) Costumes pagãos introduzidos na igreja Mundanismo, secularismo Dedicação de templos pagãos ao culto cristão
RESULTADOS DA UNIÃO DA IGREJA E ESTADO
a) Interferência do Imperador no governo da igreja b) Privilégios concedidos ao clero c) Doações oficiais às igrejas A SUPRESSÃO DO PAGANISMO POR DECRETO
a) Confisco das doações aos templos pagãos b) Escritos anti-cristãos destruídos
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c) Proibida a adoração aos ídolos HERESIAS Arianismo - a doutrina da Trindade A heresia Apolinária – a natureza de Cristo O Pelagianismo – o pecado e salvação PRINCIPAIS LÍDERES DO PERÍODO Atanásio ( 293 –373 ) Ambrósio de Milão ( 340 – 407 ) João Crisóstomo ( 345 – 407 ) Jerônimo ( 340 – 420 ) Agostinho ( 354 – 430 ) A IGREJA SAI DAS CATACUMBAS A Igreja saiu das catacumbas quando da conversão do imperador Constantino. A conversão do imperador Constantino é uma das muitas conversões motivadas tanto pela religião quanto pela política. A pergunta que temos que fazer é: o que levaria o imperador da maior e mais forte força político-militar na face da terra, Constantino, a se associar com aqueles a quem o imperador anterior, Diocleciano, havia perseguido de maneira tão brutal e que eram considerados como a escória do mundo do império? No final do terceiro século da era cristã, o império romano era governado por uma tetrarquia. Havia dois Augustos (dignos de receber adoração): Diocleciano no Oriente (Bizâncio) e Maximiano no Ocidente (Roma). Cada Augusto por sua vez tinha um César. O César de Diocleciano era Galério enquanto que o César de Maximiano era Constâncio Cloro. Os quatro eram considerados imperadores, mas Diocleciano era o maior. De acordo com as regras estabelecidas por Diocleciano, cada Augusto seria sucedido pelo seu próprio César, e isto, visando a paz e a estabilidade do império. Entretanto, Diocleciano, instigado por Galério, moveu uma feroz perseguição contra os cristãos, motivada principalmente, pelo fato dos cristãos, por um lado, recusarem o alistamento militar obrigatório e, por outro lado, pelo fato de que muitos convertidos ao cristianismo, em número sempre crescente, tentavam abandonar o exército romano. Diocleciano inicia então, um movimento de perseguição e mediante um edito ordena a expulsão de todos os cristãos das legiões romanas. A perseguição aumenta com novo edito que ordenava a destruição dos edifícios cristãos, a entrega dos seus livros para serem queimados e a ordem de negar aos cristãos todos os direitos civis. Muitos cristãos resistiram entregar seus livros e pagaram com a própria vida. A resistência enfureceu o imperador, que lançou mão da prática mais ardilosa quando alguém desejava destruir algum cristão: ordenar que os cristãos sacrificassem diante dos deuses que em muitos casos incluía a própria imagem do imperador. Alguns historiadores acreditam ter sido esta a maior e mais severa perseguição que os cristãos experimentaram antes de saírem das catacumbas. É importante destacar que a intenção de Galério ao instigar a perseguição dos cristãos era tornar-se único imperador. A aposta de Galério foi colocada de maneira bem firme nos pagãos contra os cristãos. Diocleciano, gravemente enfermo nesta altura, é forçado a abdicar em favor de Galério. Ato contínuo, Galério obriga Maximiano a renunciar sob a ameaça de atacá-lo. Os dois Augustos renunciaram no mesmo ano de 305 A.D. Para manter a tetrarquia (2 Augustos + 2 Césares), Galério obriga Diocleciano a nomear Maximino Daza como seu César e Severo como César de Constâncio Cloro. Os exércitos se recusaram a aceitar estas nomeações, pois preferiam Constantino, filho de Constâncio Cloro e Majêncio, filho de Maximiano. Várias legiões se rebelam e guerras civis explodiram por todos os lados. Severo comete suicídio, e Galério pede ajuda a Diocleciano que nomeia Licínio como imperador do Ocidente (Roma) e confirma Constantino como César do Ocidente e Maximino Daza como César do Oriente (Bizâncio). Entrementes, a perseguição aos cristãos prossegue firme sob Galério. Constantino e Majêncio, todavia, não implementaram a perseguição, pois percebiam a motivação política de Galério. Galério morre no dia 5 de Maio de 311. Todavia, 5 dias antes, em 30 de Abril de 311, Galério fez publicar um Édito de Tolerância, concedendo aos cristãos o perdão, bem como a autorização para que voltem a se reunir em suas assembléias, desde que não atentassem contra a ordem pública. Com isto, Constantino se sentiu fortalecido o suficiente para iniciar a empreitada que por fim o levaria a ser reconhecido como o único imperador. A liberdade concedida por Galério aos cristãos foi vista como uma oportunidade política por Constantino.
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Para Constantino, a compreensão de que os cristãos poderiam se tornar a maior força de influência no exército, foi decisiva para seus planos. Ao contrário de Galério que havia apostado suas fichas nos pagãos Constantino apostou suas fichas firmemente nos cristãos. Constantino se encontrava na Gália (região onde hoje é a França moderna). Ele agrupou seus exércitos que se encontravam na Gália e na Bretanha (onde hoje é a Inglaterra moderna) e marchou célere sobre Roma, cruzando os Alpes em poucas semanas. Majêncio era o imperador em Roma e premido pela situação, agrupou suas tropas na capital ocidental do império (Roma). A ruína de Majêncio foi ter saído em campo aberto, seguindo o conselho de seus adivinhos, para lutar contra Constantino, em vez de ficar dentro da cidade de Roma e resistir ao ataque. É aqui, que evidentemente, temos uma criação fantasiosa. Enquanto Majêncio ouvia os adivinhos pagãos, Constantino recebia alegadamente uma revelação do Deus cristão. Uma das versões mais antigas que temos desta estória pode ser encontrada nos escritos de um historiador cristão chamado Lactâncio. Este historiador que teve a oportunidade de conhecer Constantino, diz que o imperador recebeu, através de um sonho, a orientação de pintar um símbolo cristão sobre o escudo de seus soldados, com a promessa implícita de que ele venceria a batalha. O símbolo, alegadamente pintado, eram as letras gregas XP ("Chi-Rho", as primeiras duas letras de "Cristo") entrelaçadas com uma cruz sobre um sol, juntamente com a inscrição "In Hoc Signo Vinces" - Latim para "Sob este signo vencerás". No dia seguinte, as tropas de Constantino venceram a batalha contra as tropas de Majêncio que, lançado da ponte Mílvio, morreu afogado nas águas do rio Tibre. Após a batalha da ponte Mílvio, Constantino foi a Milão selar uma aliança com Licínio. Esta aliança incluía, entre outras coisas, que as perseguições aos cristãos seriam suspensas e que os cemitérios, as igrejas e outras propriedades que lhes haviam sido confiscadas lhes seriam devolvidas. Esta aliança, conhecida como Edito de Milão é confundida por muitos com o Edito de Tolerância de Galério. Em todo este tempo, apesar de favorecer os cristãos politicamente, Constantino continuava um firme adorador do Sol invicto. O estado pagão, na pessoa do imperador Constantino, resgatava os cristãos das catacumbas atraíndo-os exatamente com todas as coisas contra as quais haviam sido gravemente advertidos de que deveriam se guardar. A partir da incorporação da igreja ao estado, deu-se o início de um processo avassalador de desfiguração da verdadeira igreja. Como no referimos a pouco, a igreja foi engolida pelas coisas contra as quais deveria se guardar. É importante levar em conta que, muito da corrupção que foi iniciada com Constantino, virou regra na igreja desde então. Antes de serem recebidos de braços abertos, os cristãos primitivos eram considerados verdadeiros rebeldes contra o estado. Isto acontecia porque os imperadores romanos assumiam a postura de verdadeiras divindades. Os imperadores tinham suas imagens espalhadas por todos os lados e eram adorados por todos em inúmeros templos erguidos exclusivamente para este ofício. Neste contexto, os cristãos causavam espécie, ao recusarem adorar tais imagens. A recusa de adorar a imagem do imperador aliada ao fato de que os primeiros cristãos não possuíam nem adoravam nenhum tipo de imagens fazia com que fossem considerados inimigos do império, traidores e ateus! Eles também eram acusados de canibalismo já que corriam estranhas estórias, entre as pessoas em geral, acerca de “comer carne e beber sangue”. Como suas reuniões eram secretas, havia também a acusação de serem pervertidos morais, pois, quem poderia dizer que tipos de rituais rolavam por trás das portas fechadas? A sociedade imperial, completamente depravada, projetava sua própria imagem sobre a igreja nascente. Todavia, Constantino, conseguiu atrair os cristãos para fora das catacumbas, oferecendo-lhes privilégios que antes lhes eram negados. Em troca destes privilégios os cristãos de então se comprometeram a participar de vida integral do império Romano com suas nefastas conseqüências. A corrupção que transformou o cristianismo primitivo na cristandade dos dias de hoje, começou com o abandono de posições históricas e a adoção de novas posições mais alinhadas com os interesses do império. Os cristãos daqueles dias tinham certas atitudes práticas que complicavam a situação ainda mais. Entre estas podemos citar o fato de que eles se opunham ao serviço militar por questões de consciência. PARA LER O TEXTO INTEGRAL: A essência da Cristandade: POLÍTICA E PODER (A Igreja Cristã no Brasil no Século XXI - Cap.2) publicado em 5/10/2006 acesse: http://jesussite.com.br/acervo.asp?Id=123 ¹ Édito de Milão, março de 313. "Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim Deus que mora no céu ser-nos-á propício a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não, obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo
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sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... . Observai outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.] Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum." ²Teodósio foi educado numa família cristã. Ele foi batizado em 380 d.C, durante uma doença severa, como era comum nos tempos dos primeiros cristãos. Em fevereiro desse mesmo ano, ele e Graciano fizeram publicar um édito deliberando que todos os seus súditos deveriam seguir a fé dos Bispos de Roma e de Alexandria (Código de Teodósio, XVI,I,2). ³ A 7 de março de 321 o imperador Constantino decreta que o dies Solis — dia do sol, (domingo) é o dia de descanso no Império; "Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu." (in: Codex Justinianus, lib. 13, it. 12, p. 2.)
QUARTO PERÍODO: A IDADE MÉDIA CRISTÃ séculos V a XV
É o período mais longo, e trágico, da história da Igreja Cristã, cerca de mil anos, metade de toda história até o presente. Dez séculos de distanciamento dos princípios, doutrinas e práticas bíblicas. Quase todas as vozes foram silenciadas. Esse foi também um período de protestos por uma práxis, na Igreja, que correspondesse aos ditames da Palavra de Deus. As constantes guerras e conquistas na Europa Ocidental, no período da Idade Média, atingiram profundamente a Igreja, que era mais uma força política que uma extensão do Reino de Deus na terra. O papa tornara-se senhor absoluto da Igreja que se estendia por todo o território da antigo Império Romano. Aquela que antes dependia só de Deus, tornara-se agora um negócio de homens. A VIDA DA IGREJA O declínio moral e espiritual pelo qual passava a Igreja nesse período refletia-se em todos os seus aspectos, em todos os lugares. Na França por volta dos séculos VII e VIII a maioria dos sacerdotes era constituída de escravos foragidos ou criminosos que alcançaram a posição sacerdotal sem qualquer ordenação. Seus bispados eram considerados propriedades particulares e abertamente vendidos a quem oferecesse mais. O arcebispo de Ruão não sabia ler; seu irmão Treves nunca fora ordenado. Embriagues e adultério eram os menores vícios de um clero apodrecido. Por toda Europa o número de sacerdotes envolvidos em escândalos era bem maior que os de vida honesta. Entre eles prevalecia a ignorância e o abandono de seus deveres para com suas igrejas. Eram acusados de roubo e venda de ofícios. O próprio papado por mais de 150 anos, a partir de 890, foi alvo de atos altamente vergonhosos. O CULTO E A RELIGIÃO POPULAR O culto que a igreja cristã na idade média ministrava ao seu povo e os sacramentos ocupavam a maior parte da adoração. Os sacramentos, conforme a prática vigente, eram sete: a) batismo b) confirmação c) eucaristia d) penitência e) extrema unção f) ordem h) matrimônio
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Os sacerdotes ensinavam que o simples cumprimento desses sacramentos era fator determinante para a salvação. A missa era o elemento central do culto. Era celebrada com muito esplendor por meio de cerimônias, movimentos, vestimentas caríssimas, música solene e belíssimos templos. Muita coisa para ser vista e ouvida, tudo com objetivo de impressionar o espírito através dos sentidos. O culto aos santos, principalmente a virgem Maria ( 400/431 ) tinha muito significado para o povo. Qualquer história que tratasse de milagres era ouvida e acatada por todos, como por exemplo a do comerciante de Groningen ( Holanda ) que roubara um braço de João Batista de um certo lugar e o escondera na própria casa. Cria-se que quando um grande incêndio destruiu a cidade somente a sua casa escapou. O supremo Deus revelado por Cristo Jesus já não era o único a quem era dirigido culto. Grande número de outros seres eram cultuados isso devido a veneração dos mártires iniciada no século II. O próprio Constantino mandou erigir um templo em honra a Pedro, enquanto Helena, sua mãe, chegou a empreender uma viagem a Jerusalém para ver a verdadeira cruz na qual Cristo foi crucificado pois corria notícia que a mesma havia sido encontrada. Os cristãos viam nos mártires seu heróis espirituais e passaram a aceitar a idéia de vê-los como seus intercessores junto a Deus e tê-los como seus protetores. Assim desenvolveu-se rapidamente o espírito de idolatria no povo. AS RIQUEZAS DA IGREJA Desde o Imperador Constantino o clero vinha isento do pagamento de impostos. Ora, se homens ricos fossem ordenados consideráveis somos de dinheiro deixariam de entrar para os cofres do Estado. Para evitar que isso acontecesse os governos posteriores dispuseram que só fossem ordenados para o sacerdócio os de “pequena fortuna”. Como resultado disto eram recrutados homens de poucas posses, mas também de pouca ou nenhuma formação. A igreja passou a receber não só ofertas dos fiéis mas foram-lhe doadas muitas extensões de terras, inúmeros edifícios para fins religiosos. A Igreja tornou-se rica e proprietária na Europa chegando a dominar a quarta parte dos territórios da França, Alemanha e Inglaterra. Possuía também muitos bens na Itália e Espanha. Rendas incalculáveis enchiam os cofres da Igreja, isso sem falar do dinheiro arrecadado na venda das indulgências. O controle desse bens estava nas mãos dos bispos. Uma disposição do papa Simplício (468483) determinou a divisão da renda da Igreja em quatro partes: uma para o bispo, uma para os demais clérigos, outra para manutenção do culto e dos edifícios e a última para os pobres. O PAPADO SUA ORIGEM. O Sistema Católico Romano começou a tomar forma quando o Imperador Constantino, convertido ao Cristianismo presidiu o primeiro Concílio das Igrejas no ano 313. No Século IV construíram a primeira basílica em Roma. As Igrejas eram livres, mas começaram a perder autonomia com Inocêncio I, ano 402 que, dizendo-se "Governante das Igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele."Leão I, ano 440, aumentou sua autoridade; alguns historiadores viram nele o primeiro papa. Naqueles tempos ninguém supunha que "S. Pedro foi papa", fora casado e não teve ambições temporais. O poder dos pretensos papas cresceu ainda mais quando o Imperador Romano Valentiniano III, ano 445, bajulado, reconheceu oficialmente a pretensão do papa de exercer autoridade sobre as Igrejas. O papado surgiu das ruínas do Império Romano desintegrado no ano 476, herdando dele o autoritarismo e o latim como língua, embora o primeiro papa, oficialmente falando, foi Gregório no ano 600 d.C. A palavra "papa" significa pai, até o ano 500 todos os bispos ocidentais foram chamados assim: aos poucos, restringiram esse tratamento aos bispos de Roma, que valorizados, entenderam que a Capital do império desfeito deveria ser sede da Igreja. Nicolau l, ano 858, foi o primeiro papa a usar Coroa. Usou um "Documento Conciliar falso (espúrio) dos séculos 2 e 3 que exaltava o poder do papa e impôs autoridade plena. Assim, o "Papado que era recente, tomou-se coisa antiga." Quando a farsa foi descoberta Nicolau já não existia!
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O Vaticano projetou-se quando recebeu de Pepino, o Breve, ano 756, vastos territórios; essa doação foi confirmada pôr Carlos Magno, ano 774, quando ocupava o trono papal Adriano I. (Taglialatela, II pág. 44). Carlos Magno elevou o papado a posição de poder mundial, surgindo o "Santo Império Romano" que durou 1.100 anos. O desenvolvimento da sé romana e a supremacia de seu líder se deram paulatinamente. A primeira menção desta igreja aparece na epístola do apóstolo Paulo dirigida aos cristãos ali congregados. Algo que merece nossa atenção é que nesta epístola, Paulo manda saudações a diversos irmãos, mas em nenhum momento menciona o suposto papa "São Pedro" ou sua primazia. Contudo, muitos fatores contribuíram para dar vida ao papado no cenário mundial; eis alguns deles: AS TRADIÇÕES: No segundo século surgiu uma tradição propalada por Irineu de que tanto Paulo como Pedro, haviam fundado e dirigido àquela igreja, posteriormente diz outra "tradição" levada a cabo por Orígenes de que os dois haviam sido martirizados naquela cidade. Jerônimo chega a dizer que Pedro governou esta igreja durante 25 anos. Assim, mais e mais foi se solidificando a lenda de que Pedro havia fundado a igreja em Roma e transferido para lá o seu pontificado, sem ter contudo apoio bíblico. Este foi apenas o embrião da supremacia da igreja de Roma. Outrossim, visto à grosso modo, muitos pais da igreja como Cipriano e Irineu deram a entender que a sé romana tinha algum tipo de supremacia sobre as demais, ainda que limitada. AUMENTO DO PODER: Além disso, já numa época remota, a igreja de Roma tornou-se a maior, a mais rica e a mais respeitada de toda a cristandade ocidental. Outro fator que contribuiu para a ascendência da igreja romana e do seu líder foi a própria centralidade e importância da capital do Império Romano. Logo apareceram cinco cidades que se destacaram como metrópoles: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, os bispos destas regiões receberam o título de "Patriarcas". Apesar dos bispos das igrejas serem iguais uns aos outros na administração dos ritos litúrgicos e na doutrina, eles começaram a distinguir-se em dignidade de acordo com a importância dos lugares onde estavam localizadas suas dioceses. Ao Bispo de Roma foi concedida a precedência honorária simplesmente porque Roma era então a capital política do mundo, ele foi considerado "o primeiro entre os iguais". PREDOMINÂNCIA DO BISPO ROMANO (I): Outro elemento importante é que desde cedo a igreja romana e os seus líderes reivindicaram direta ou indiretamente, certas prerrogativas especiais. No fim do segundo século, o bispo Vítor (189-198) exerceu considerável influência na fixação de uma data comum para a Páscoa, algo muito importante face à centralidade da liturgia na vida da igreja. Relevante também foi o alvitre de S. Irineu (202) o qual, como ele mesmo confessa, procurou conscienciosamente um bispo que pudesse ser aceito pela maioria do episcopado, para desempenhar a missão de árbitro nas questões disciplinares e nas dúvidas e controvérsias doutrinárias, que surgiam freqüentemente entre os bispos das várias igrejas. Esta proposta foi aceita quase imediatamente pela quase totalidade das igrejas, e fez que o Bispo de Roma começasse a ser consultado com freqüência, o que muito contribuiu para aumentar a sua autoridade, embora a primeira decretal oficial (carta normativa de um bispo de Roma em resposta formal à consulta de outro bispo) só tenha surgido em 385, com Sirício. Por volta de 255, o bispo Estêvão utilizou a passagem de Mateus 16.18 para defender as suas idéias numa disputa com Cipriano de Cartago. E Dâmaso I (366-84) tentou oferecer uma definição formal da superioridade do bispo romano sobre todos os demais. Essas raízes da supremacia eclesiástica romana foram alimentadas pelas atividades capazes de muitos papas. No quinto século destaca-se sobremaneira a figura de Leão I (440-61), considerado por muitos na verdade"o primeiro papa". Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo (o Tomo) que exerceu influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Além disso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal e usou muito o titulo "papa" (mais tarde Gregório VII, reivindicou para a sé romana este título com exclusividade) articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro. Seu sucessor Gelásio I ( 492-496 ) expôs a teoria das duas espadas: dos dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual - representado pelo papa - tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito.O Sínodo de Sárdica declarava que se um bispo fosse deposto pelo sínodo de sua província, este
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poderia apelar para o bispo de Roma. Já o Sínodo de Palma declarava que o bispo de Roma não estava submisso a nenhum tribunal humano. O máximo de pretensão papal de supremacia se encontra no artigo 22 do Dictatus do papa Gregório VII em que se afirma que jamais houve erro na Igreja Romana. Já Inocêncio III cria ser o papa, o verdadeiro "Vigário de Cristo" na terra. O imperador Valentiniano III num edito de 445, reconhece a supremacia do bispo de Roma: "Para que uma tola perturbação não venha a atingir as igrejas ou ameace a paz religiosa, decretamos - de forma permanente - que não apenas os bispos da Gália mas também os das outras províncias, não venham a atentar contra o antigo costume [de submeter-se à] autoridade do venerável padre (papa) da Cidade Eterna. Assim, tudo o que for sancionado pela autoridade da Sé Apostólica será considerado lei por todos, sem exceção. Logo, se qualquer um dos bispos for intimado a comparecer perante o bispo romano, para julgamento, e, por negligência, não comparecer, o moderador da sua província deverá obrigá-lo a se apresentar." PREDOMINÂNCIA DO BISPO ROMANO (2): Comitantemente às reivindicações eclesiásticas cresceu também o poder temporal dos papas devido ao declínio dos principais rivais de Roma. O bispo de Jerusalém perdeu o poder após a destruição pelos romanos. O bispo de Éfeso perdeu o poder quando foi sacudida pelo cisma montanista. Alexandria e Antioquia declinaram logo também, deixando Roma e Constantinopla como as maiores sedes do cristianismo primitivo. Todavia as guerras teológicas e os inúmeros cismas juntamente com as invasões dos mulçumanos, aos poucos foram minando a unidade dos orientais, deixando isolado o bispo de Roma. Este foi se solidificando cada vez mais no Ocidente como o "pai" dos cristãos. Coube a ele defender Roma dos ataques bárbaros. Muito ajudou, a conversão destes povos para o cristianismo romano; no que mais tarde iria desembocar no famigerado poder temporal. FALSOS DOCUMENTOS: Essas teorias fictícias, que foram destinadas a ser reconhecidas como verdadeiras por alguns séculos - entretanto mais tarde identificadas claramente como as fraudes mais habilmente forjadas - são duas: as Pseudo-Clementinas e os Decretos do Pseudo-Isidoro. Os Escritos Pseudo-Clementinos - A Tentativa de Promover Pedro e a Sé de Roma ao Poder Supremo. Os escritos Pseudo-Clementinos eram "Homílias" (discursos) espúrios erroneamente atribuídos ao Bispo Clemente de Roma (93-101), que tentavam relatar a vida do Apóstolo Pedro. O objetivo era um só: a elevação de Pedro acima dos outros Apóstolos, particularmente o Apóstolo Paulo, e a elevação da Sé de Roma diante de qualquer outra Sé episcopal. "Pedro", era alegado, "que foi o mais hábil de todos (os outros), foi escolhido para iluminar o Ocidente, o lugar mais escuro do Universo". As "Homilias" foram escritas para amoldar a interpretação equivocada de Mateus 16:18-19, que "tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei minha igreja . . . e dar-te-ei as chaves do reino do céu". É equivocada porque a palavra "rocha" não se refere a Pedro, mas à fé em que "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (v. 16). Não há mencionado na Bíblia um só sinal da primazia de Pedro sobre os outros Apóstolos e, se uma primazia era pretendida, uma decisão de tal importância e magnitude certamente teria sido mencionada na Bíblia em linguagem inequívoca. Em muitos casos o contrário é verdadeiro; Paulo escreveu aos Gálatas, "eu me opus a ele (Pedro) em rosto, porque ele estava sendo censurável" (2,11); além disso, é bem sabido que Pedro negou Cristo por três vezes. Pedro não fundou a Igreja de Roma; ele efetivamente permaneceu em Antioquia por vários anos antes de chegar a Roma. Dizer que, assim como Cristo reina no Céu, Pedro e seus sucessores os papas governam a Terra, é uma afirmação contrária ao espírito do Evangelho e ao entendimento da Igreja antiga. Cristo era e é a pedra angular e a Cabeça da Igreja, que consiste de todos os membros de Seu Corpo (cf. Col.1:24). As Pseudo-decretais ou decretais pseudo-isidorianas (754 - 852). Eram falsificações entre as quais se encontrava a tal "doação de Constantino". Neste documento constava uma suposta dádiva que o imperador fizera ao bispo de Roma, doando-lhe todas as terras do império em recompensa de uma cura recebida. Colocava o bispo de Roma como"caput totius orbis" (cabeça de toda a terra), tanto sobre a igreja (poder espiritual) como sobre os territórios (poder temporal). Esta falsificação foi considerada autentica até o século XV, e ajudou muito o bispo romano reforçar o primado papal, dando um aparente fundamento jurídico às pretensões dos papas. Os papas usaram e abusaram destes falsos documentos!
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ELEVAÇÃO DO BISPO. Se existe algo que a história da Igreja ensina, este algo é que às vezes um forte zelo pela doutrina ou ênfase demasiada em certos aspectos da vida desta que fora esquecido e tornou a ser resgatado, pode levar uma pessoa ou igreja voluntariamente ao erro. Um exemplo registrado nos anais da história é de Sabélio, que chegou a negar a Trindade ao tentar salvaguardar a unidade de Deus, Ário descambou para uma interpretação anti-biblica do relacionamento de Cristo com o Pai em sua tentativa de evitar aquilo que ele considerava ser o perigo do politeísmo. A doutrina romana da "Sucessão Apostólica" e da elevação do poder do bispo sai igualmente deste molde. Tentando defender a fé ortodoxa das heresias vigentes da época, alguns pais da igreja criaram um mecanismo de defesa contra os hereges (gnósticos) centralizado no poder dos bispos e a elevação deste sobre os presbíteros. Isto mais tarde foi deturpado e alargado pelo bispo de Roma. Por volta do ano 110, Inácio bispo de Antioquia na Síria escreve sobre a importância do bispo na igreja, diz ele: " Cuidado para que todos obedeçam ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai, e o presbiterato como aos apóstolos, e prestem reverência aos diáconos como sendo instituição de Deus. Que os homens não façam nada relacionado à Igreja sem o bispo. Que seja considerada uma apropriada Eucaristia àquela que é (celebrada) seja pelo bispo, seja por alguém a quem ele a confiou. Onde o bispo estiver, ali esteja também a comunidade (dos fiéis); assim como onde Jesus Cristo está, ali está a Igreja Católica. Não é legal sem o bispo batizar ou celebrar festa de casamento; mas tudo o que ele aprovar, isso será aprovado por Deus, de modo que qualquer coisa que seja feita, seja segura e válida" (Inácio de Antioquia, Epístola à igreja em Esmirna 8). Nesta mesma época Clemente de Roma escreve sua carta aos Coríntios para corrigir os cismas que estava havendo entre eles, pois estes haviam chegado a ponto de expulsarem os presbíteros da igreja. Clemente escreve-lhes para impor a importância da hierarquia dos bispos. Mais tarde, Irineu, em sua obra apologética, "Contra Heresias", uma refutação aos argumentos gnósticos, que haviam apelado para a tradição, desenvolve uma linhagem histórica de sucessão episcopal desde os apóstolos até os bispos atuais, tomando como exemplo a Igreja de Roma, por ser a mais conhecida entre todas. Já no ano 200 existe um bispo em cada cidade se declarando cada qual sucessores dos apóstolos. Cada um procura mostrar que o primeiro da lista foi um apóstolo, assim temos as listas das principais igrejas da época: Jerusalém: 1. Tiago, irmão de Jesus 2. Simeão 3. Justo 4.Zaqueu 5. Tobias... Antioquia: 1. Pedro Evódio 2. Inácio 3. Heros 4. Cornélio 5. Eros... Alexandria: 1. Marcos (evangelista) 2. Aniano 3. Abílio 4. Cerdo 5. Primo... Roma: 1. Pedro e Paulo (?) 2. Lino 3. Anacleto ou Cleto 4. Clemente 5. Evaristo... Nesta época a hierarquia já era constituída por 1º- Bispo, 2º- Presbítero, 3º Diáconos. Mais tarde o Concílio de Nicéia estabelece um bispo para cada cidade. No entanto, apesar desta gradual elevação do cargo do bispo, ainda não se fala em supremacia do Bispo de Roma sobre os demais, nem de papa, pois todos eram iguais e independentes, havendo uma união fraternal entre as várias igrejas. Se às vezes a sé romana parece elogiada em demasia é devido à sua posição política e territorial; é devido unicamente ao seu status de capital do Império. O GRANDE CISMA DO ORIENTE A situação doutrinária e prática das igrejas, no início do segundo milênio. No início do segundo milênio da Era Cristã, tanto a igreja católica ocidental, liderada por Roma, como a ala oriental, liderada por Constantinopla, já havia incorporado em suas práticas e liturgias vários pontos que seriam questionados de forma incisiva pela Reforma do século XVI. É interessante notarmos, entretanto, que muitas dessas práticas sofreram contestação ao longo de suas introduções e várias deram lugar à separação entre o leste e o oeste, culminando, em 1054, no Grande Cisma. Desde o ano de 867 circulavam, na igreja oriental, relações de práticas da igreja ocidental romana que eram doutrinariamente contestadas pela ala do leste. Mas a relação mais importante foi escrita pelo patriarca Cerulárius no ano de 1054. Ela era, na realidade, uma reação a uma
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relação de erros da igreja oriental, que havia sido enviada pelo papa Leão IX, pelo cardeal Humberto. A lista de Cerulárius continha, entre outras coisas: condenava o uso de pão fermentado na eucaristia; condenava a aprovação de qualquer carne para alimentação; condenava a permissão de se barbear; rejeitava as adições sobre o Espírito Santo ao Credo Niceno; condenava o celibato clerical; condenava a permissão de se; etc., etc. No final Cerulárius escreveu: "Portanto, se eles vivem dessa maneira, enfraquecidos por esses costumes; ousando praticar essas coisas que são obviamente fora da lei, proibidas e abomináveis; então poderá qualquer pessoa, em seu juízo são, incluí-los na categoria de ortodoxos? Claro que não". No final, Humberto, comissionado pelo papa, excomungou Cerulários e Cerulárius excomungou Humberto e o papa, e estava sacramentado o Grande Cisma de 1054. As seis razões principais para o Grande Cisma. O Cisma, entretanto, não ocorreu em cima de um incidente específico, mas sacramentou uma divisão de doutrina, interesses e estilos que já vinha sendo consolidada ao longo dos últimos séculos. Vejamos seis razões principais para ele ter ocorrido: A primeira razão foi a controvérsia iconoclástica - que quer dizer uma discordância contra a utilização de imagens. O imperador Leão Iasuriano, no ano 726, emitiu um primeiro decreto contra a utilização de imagens na adoração. Nessa ocasião, isso já era uma prática crescente, trazida do paganismo para o seio da igreja. Ocorre que o Islamismo exerceu intensa pressão, pois acusava a igreja de politeísta. Leão agia por pressão e medo dos maometanos, bem mais do que por convicção. Ele foi apoiado pelo patriarca de Constantinopla, que representava o ramo oriental da igreja, e por muitos da alta hierarquia católica. A maioria dos monges e o povo, em geral, discordavam da proibição e incentivavam a continuidade da utilização de ídolos. O papa Gregório II, em Roma, considerou a proibição uma interferência política (oriunda de Constantinopla) nos assuntos da igreja especialmente porque ele, distanciado dos maometanos, em Roma, não sentia o problema de perto. O culto às imagens teve livre curso na igreja católica. Criou-se, então, a partir daí uma divisão marcada entre o leste e o oeste. O ponto curioso é que, cerca de 125 depois, a igreja ortodoxa dissociou-se dos que queriam a abolição dos ídolos e adotou uma iconografia pródiga ou seja, o uso amplo de ilustrações e pinturas na liturgia e na adoração. A segunda razão foi um conflito com a doutrina da "processão" do Espírito Santo. O Concílio de Nicéia, reafirmando a doutrina do Espírito Santo, havia indicado que Deus Pai havia enviado o Filho e o Espírito Santo. Posteriormente, um sínodo realizado na cidade de Toledo, procurou esclarecer a frase indicando que o Espírito Santo procedia tanto do Pai como do Filho (essa inserção é chamada de cláusula filioque - Latin para "e do filho"). Essa declaração substancia aquilo que entendemos como subordinação econômica, ou seja enquanto as três pessoas da trindade se constituem em uma só pessoa divina e são iguais em poder, prerrogativas e essência (chamamos isso de trindade ontológica) - no relacionamento com a criação elas se auto-impõem funções diferentes. Nesse sentido, dizemos que existe diferenciação de atividades e eventual subordinação no plano de salvação: o Pai envia; o Filho executa; o Espírito Santo, procedendo tanto do Pai como do Filho, aplica, revela e glorifica ao Filho - não fala de si mesmo (João16.13-14). A ala oriental da igreja, já destacando-se com uma ênfase mística, não aceitava as afirmações sobre o Espírito Santo como uma expressão do trabalho e da pessoa de Cristo, conforme o Credo do Concílio de Nicéia, ampliado em Toledo, veio a ser aceito pela igreja do oeste. A terceira razão , foi uma falta de predisposição tanto do papa, em Roma, como do Patriarca, em Constantinopla, de se submeterem um ao outro. Até o século nono todos os papas eleitos, em Roma, procuravam confirmação e concordância de suas eleições junto ao Patriarca de Constantinopla - assim procurava manter-se a unidade da ala oriental da igreja, com a ocidental. Gregório III, entretanto, foi o último papa a obter tal confirmação. Em 781 os papas deixaram de mencionar o nome do imperador de Constantinopla em seus documentos. A quarta razão , é que não existiam limites muito bem estabelecidos, com relação às áreas que deveriam ser regidas por Roma ou por Constantinopla. Os poderes se confundiam, as hierarquias se mesclavam. Isso resultava em constantes fricções relacionadas com a jurisdição de cada ala.
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A quinta razão representa as diferenças culturais existentes entre o oriente e o ocidente. Tais diferenças sempre prejudicaram o entendimento e a cooperação entre as duas alas. Pouco a pouco, as diferenças culturais foram se incorporando na liturgia. A igreja oriental foi ficando cada vez mais introspectiva, monástica e mística. A igreja ocidental, mais inovadora e eclética na absorção de práticas pagãs. A sexta razão é que a igreja oriental se colocava sob o Imperador que regia em Constantinopla, enquanto que a igreja ocidental, naquela ocasião, reivindicava independência da ação do estado e o direito de exercitar regência moral sobre os reis e governantes. Assim, no ano de 1054 a bula papal de excomunhão do Patriarca foi depositada no altar de Santa Sofia, em Constantinopla. Houve retaliação por parte do patriarca de Constantinopla e o Cisma estava configurado. A partir daí a história se divide e passamos a acompanhar muito mais a história da igreja romana, do que a da igreja Grega Ortodoxa e de suas variações e ramos (Russa Ortodoxa, Maronitas, etc.) A Igreja Ortodoxa Hoje A Igreja Ortodoxa é um ajuntamento de igrejas auto-governadas. Elas são administrativamente independentes e possuem vários ramos, embora todas reconheçam a preeminência espiritual do Patriarca de Constantinopla. Elas mantêm comunhão, umas com as outras, embora a vida interna de cada igreja independente seja administrada por seus bispos. Atualmente, existem Igrejas Ortodoxas da Rússia, da Romênia, da Sérvia, da Bulgária, da Geórgia, do Chipre, dos Estados Unidos, etc. Algumas características doutrinárias e litúrgicas marcam as Igrejas Ortodoxas com mais intensidade: Tradição: A Igreja Ortodoxa dá enorme importância à tradição. Uma das igrejas, aqui no Brasil, coloca em sua literatura, que "Tradição é a chave para a auto-compreensão". Na compreensão da doutrina da Igreja Ortodoxa, o Espírito Santo inspira não somente a Bíblia, mas também a "tradição viva da igreja". Misticismo: A Igreja Ortodoxa desenvolveu-se com características bem mais místicas e subjetivas do que o ramo ocidental. Um texto dela diz: " A espiritualidade ortodoxa é, de fato, caracteristicamente monástica, o que significa que todo o cristão ortodoxo tende para a vida monástica". Ícones: Como já vimos, ironicamente, apesar da ala oriental ter se posicionado contra o culto às imagens, no século oitavo, quando chegou a ocasião do Grande Cisma, ela já havia retornado à prática de veneração e adoração dos ícones. Existem algumas diferenças, com relação à Igreja Romana: Ela só aceita pinturas bidimensionais; imagens tridimensionais são rejeitadas. Essas pinturas devem sempre conter algum elemento místico, como, por exemplo, um halo, ou algo que identifique a divindade; elas não devem simplesmente retratar semelhança humana. Há uma predominância, nas imagens de cenas do nascimento de Cristo, dele com Maria, etc. Tais imagens são beijadas repetidamente pelos fiéis. Liturgia Rebuscada: A Igreja Ortodoxa se orgulha da "beleza" de sua liturgia. Na realidade, existe um intenso ritualismo e formalismo, na sua adoração. Uma grande aproximação com o formalismo da missa católico romana. Uma Rápida Avaliação da Igreja Ortodoxa. A importância dada à tradição, não somente diminui a importância da Palavra de Deus, na vida das pessoas e da própria igreja, como chega a subordinar a Bíblia à tradição. Ela afirma que as verdades da salvação são "preservadas na Tradição viva da Igreja" e que as Escrituras são "o coração da tradição". Nesse sentido, consideram também que as suas doutrinas e a "Fé Apostólica" têm sido, no seio da Igreja Ortodoxa, "incólume transmitida aos santos". Uma publicação da Igreja Ortodoxa diz, textualmente: "As fontes de onde extraímos a nossa Fé Ortodoxa são duas: a Sagrada Escritura e Santa Tradição". Isso contradiz frontalmente a compreensão reformada das Escrituras - Sola Scriptura ( somente as Escrituras ) foi um dos Pilares da Reforma do Século XVI. Nesse sentido, a Igreja Ortodoxa se aproxima muito da Católica Romana.
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A Igreja Ortodoxa abriga a idolatria. A alta consideração dada aos ícones, os rituais de beijos e afeição e a sua ampla utilização na vida diária de devoção, demonstram que por mais que se declare uma simples "veneração", não há diferença prática da mera adoração a tais imagens. A rejeição às estátuas não basta para eliminar o câncer da idolatria que persegue a mente carnal, desviando os olhos da intermediação única de Cristo e da simplicidade do culto que deve ser prestado, em espírito e em verdade. Uma publicação da Igreja Ortodoxa diz: "dentro da tradição ortodoxa a palavra ícone assumiu o significado de imagem sagrada". Vemos como a tradição gera a idolatria condenada pela Palavra (Is. 44.9-20) A visão da Igreja Ortodoxa sobre a pessoa do Espírito Santo, considerando sua obra quase que independente da obra de Cristo, levou ao desenvolvimento de um misticismo que tem a "aparência de piedade", mas que na realidade desvia o foco da pessoa de Cristo Jesus, nosso único mediador entre Deus e os homens. Nesse sentido, ela se aproxima muito de certos segmentos da igreja evangélica contemporânea que têm procurado transformar a fé cristã e a prática litúrgica extraída da Bíblia, em representações místicas da atuação do Espírito, segundo conceitos humanos. É verdade que a Igreja ortodoxa não aceita a supremacia do papa, e algumas outras práticas da igreja de Roma, mas de uma forma genérica, ela abriga dentro de si muitos dos pontos errados que foram contestados pela Reforma, por terem sido meros frutos do tradicionalismo e não de uma exegese sólida da Palavra de Deus. A Igreja Ortodoxa se orgulha em pregar a unidade, apontando-se a si mesma como a igreja apostólica real, mas a verdadeira unidade se forma ao redor das doutrinas cardeais da fé cristã e não pela tradição. AS CRUZADAS Nesse período a igreja romana constituiu as cruzadas, que objetivavam “converter”, por quaisquer meios, inclusive a espada, povos e nações ao cristianismo. A idade das trevas, como também é conhecida a idade média, apesar da sua longa duração, experimentou muito pouco do fervor evangelístico, da santidade e do compromisso com o Senhor Jesus expresso pelos cristãos do primeiro século e da época das perseguições. As Cruzadas são tradicionalmente definidas como expedições de caráter "militar" organizadas pela Igreja, para combaterem os inimigos do cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos desses infiéis. O movimento estendeu-se desde os fins do século XI até meados do século XIII. O termo Cruzadas passou a designá-lo em virtude de seus adeptos (os chamados soldados de Cristo) serem identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes. A cruz simbolizava o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus. Era o testemunho visível e público de engajamento individual e particular na empreitada divina. Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa -- a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis. "Para os homens que não haviam se recolhido a um mosteiro, havia um meio de lavar suas faltas, de ganhar a amizade de Deus: a peregrinação. Deixar a casa, os parentes, aventurar-se fora da rede de solidariedades protetoras, caminhar durante meses, anos. A peregrinação era penitência, provação, instrumento de purificação, preparação para o dia da justiça. A peregrinação era igualmente prazer. Ver outros países: a distração deste mundo cinzento. Em bandos, entre camaradas. E, quando partiam para Jerusalém, os cavaleiros peregrinos levavam armas, esperando poder guerrear contra o infiel: foi durante essas viagens que se formou a idéia da guerra santa, da cruzada". O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos fatores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros fatores explicativos das Cruzadas. Tendo como base a intensa religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa.
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O Papa Urbano II, idealizador da Primeira Cruzada, realizou sua pregação durante o Concílio de Clermont rompida com a separação da Igreja no Cisma do Oriente, o Papa assim se dirigiu aos fiéis: " Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem impiedosamente contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis. Deixai os que até aqui foram ladrões tornaremse soldados. Deixai aqueles que outrora bateram contra seus irmãos e parentes lutarem agora contra os bárbaros como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixo soldo, receberem agora a recompensa eterna. Uma vez que a terra onde vós habitais, é demasiadamente pequena para a vossa grande população, tomai o caminho do Santo Sepulcro e arrebatai aquela terra à raça perversa e submetei-a a vós mesmos". A ocorrência das Cruzadas Medievais deve ser analisada também como uma tentativa de superação da crise que se instalava na sociedade feudal durante a Baixa Idade Média. Por esta razão outros fatores contribuíram para sua realização. Muitos nobres passam a encarar as expedições à Terra Santa como uma real possibilidade de ampliar seus domínios territoriais. Aliada a esta questão deve-se lembrar ainda de que a sucessão da propriedade feudal estava fundamentada no direito de primogenitura. Esta norma estabelecia que, com a morte do proprietário, a terra deveria ser transmitida, por meio de herança, ao seu filho primogênito. Aos demais filhos só restavam servir ao seu irmão mais velho, formando uma camada de "nobres despossuídos" -- a pequena nobreza -- interessada em conquistar territórios no Oriente por meio das Cruzadas. Tanto a Cruzada Popular como a das Crianças foram fracassadas. Ambas tiveram um trágico fim, devido à falta de recursos que pudessem manter os peregrinos em sua longa marcha. Na verdade, as crianças mal alcançaram a Terra Santa, pois a maioria morreu no caminho, de fome ou de frio. Alguns chegaram somente até a Itália, outros se dispersaram, e houve aqueles que foram seqüestrados e escravizados pelos mulçumanos. Com os mendigos da Cruzada Popular não foi diferente. Embora tivessem alcançado a cidade de Constantinopla (sob péssimas condições), as autoridades bizantinas logo trataram de afastar aquele grupo de despossuídos. Para tanto, o bispo de Constantinopla incentivou os peregrinos a lutarem contra os infiéis da Ásia. O resultado não poderia ser outro: sem condições para enfrentar os fanáticos turcos seldjúcidas, os abnegados fiéis foram massacrados. Além dessas duas cruzadas, tiveram ainda oito cruzadas oficialmente organizadas, em direção à Terra Santa. MOVIMENTOS DE PROTESTO Uma das principais causas do fracasso da Igreja daquela época foi o descuido por parte de seus lideres para com o povo que a compunha. Os sacerdotes acomodados de davam por satisfeitos com o que prescrevia o rito latino o qual nem o povo e às vezes nem eles mesmo entendiam. Não devemos pensar que o povo ficou de todo calado diante de tanto desprezo sofrido sem lançar os seus protestos e condenação à vida acomodada e pecaminosa do clero. No início do século XII surgiram vários movimentos de oposição à atitude do clero e ao estado moral da Igreja por parte de vários homens. Cláudio de Turim. Viveu entre os séculos VIII e IX , tendo morrido no ano 832. Foi bispo em Turim, grande cidade do Norte da Itália. Discípulo de Agostinho na Teologia, opôs-se, entretanto, ao sacerdotalismo. Cria no sacerdócio universal dos crentes ( sem necessidade de mediadores, santos , sacerdotes ); tirou as imagens das igrejas que estavam sob sua jurisdição; condenou hábito da invocação dos santos; não aprovou o costume das orações pelos mortos . Para que tenhamos uma idéia do valor de suas posições, é bom que lembremos que o Sétimo Concílio Ecumênico, realizado em Nicéia no ano 787, havia oficializado o culto às imagens. Os Cataristas. Uma grande força de protesto contra a impureza da Igreja. Foi um poderoso partido religioso que se expandiu grandemente no fim do século XII alcançando o seu apogeu durante o século XIII. Na verdade era uma Igreja que possuía seu próprio ministério, sua organização, seu credo, seus cultos e seus sacramentos. asOs Cataristas se espalharam pela Itália, França, Espanha, Países Baixos e Alemanha. Foram mais fortes no sudeste da França , onde foram chamados Albigenses ( da cidade de Albi). Os Valdenses. Os Valdenses fundaram uma ordem de evangelistas que viajavam pregando ganhando adeptos. Foi um movimento de protesto quanto a situação reinante na Igreja ( 1170 ) liderados por Pedro Valdo, um comerciante de Lyon, na França. Esse movido pelo ensino do
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capítulo 10 de Mateus começou a distribuir todo o seu dinheiro entre os pobres vindo a tornar-se um evangelista itinerante. À ele juntaram-se grandes multidões que faziam frente à Igreja espiritualmente enfraquecida. Foram excomungados pelos papas da época mas ao final da idade média estavam fortemente organizados. Ainda que perseguidos pela inquisição papal continuaram sempre ativos no ensino do Evangelho e na distribuição de manuscritos parciais das Escrituras. Arnaldo de Brescia. Roma (1155). Discípulo de Abelardo , pregava que a Igreja não devia ter propriedades; que o governo civil pertencia ao povo; que Roma devia ser liberta do papado. Ele foi enforcado, a pedido do Papa Adriano IV. Os Irmãos. Eram muito parecidos com os Valdenses. Possuíam uma fé muito simples e eram conhecidos pela vida santa que viviam. Nada tinham com a Igreja romana e seu clero. Realizavam suas reuniões falando a língua do povo; Apreciavam a leitura da Bíblia e possuíam muitas cópias de manuscritos de tradução da Bíblia ou de algumas das suas partes. As sociedades dos "Irmãos" se espalharam pela Europa, correspondendo-se e realizando trabalho em conjunto missionário muito ativo, porém em segredo, por causa das perseguições. Eram numerosos entre os camponeses e operários das cidades, particularmente na Alemanha. Pedro de Bruys e Henrique de Lausane. O mais importante desses movimentos teve lugar no sudeste da França sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausane. Eles se opunham à superstições dominante na Igreja, a certas formas de culto e a imoralidade do clero. Este movimento chamado "Petrobrusssiano" e "Henriquianos", desenvolveu-se por uma vasta região, e muita gente de todas as camadas sociais a eles aderiram, abandonando as Igrejas oficiais. Tanto Pedro de Bruys quanto Henrique de Lausane, viveram no inicio do século XII. Suas doutrinas eram as mesmas. O Cristianismo deveria ser simples, mas poderoso no efeito sobre os homens; salvação pela fé; rejeitavam o batismo infantil; eram contra o uso de imagens no culto; a ceia era um memorial; insistiam na autoridade da Bíblia sobre os pais da Igreja. Pedro de Bruys foi queimado vivo em 1124 e Henrique de Lausane morreu na prisão em 1148. João Wycliffe ( 1328 - 1384) Wycliffe estudou e ensinou em Oxford a maior parte de sua vida. Até 1378, era reformador que queria reformar a Igreja romana através da eliminação dos clérigos imorais e pelo despojamento de sua propriedade , que , segundo ele, era a fonte da corrupção. Em uma obra de 1376 intitulada Of Civil Dominion (sobre o Senhorio Civil), ele exigia uma base moral para a liderança eclesiástica. Deus concedia aos líderes eclesiásticos o uso e a posse dos bens, mas não a propriedade , como um depósito a ser usado para a Sua glória. A falha da parte dos eclesiásticos em cumprir suas próprias funções era uma razão suficiente para a autoridade civil tomar os seus bens e entregá-los somente aos que servem a Deus dignamente . Esta doutrina agradava os nobres que esperavam se apoderar das propriedades da Igreja Romana . Eles e João de Gaunt protegeram Wycliffe para que a Igreja de Roma não conseguisse pegá-lo. As idéias de Wycliffe foram condenadas em Londres em 1382, e foi obrigado a se retirar para seu pastorado em Lutterworth. Ele providenciara a continuação da propagação de suas idéias com a fundação de um grupo de pregadores leigos, os lolardos, que as pregaram por toda a Inglaterra até que a Igreja Romana, por força da declaração "De Haeretico Comburendo" promulgada pelo Parlamento em 1401, introduzisse a pena de morte como castigo à pregação das idéias dos lolardos. As habilidades de Wycliffe influenciaram na preparação do caminho para a reforma na Inglaterra. Ele deu aos ingleses sua primeira Bíblia no vernáculo e criou o grupo lolardo para proclamar idéias evangélicas entre o povo comum da Inglaterra. JOÃO HUSS (1373 - 1415) Reformador religioso e patriota tcheco (Husinec, Boêmia , hoje Tchecoslováquia, 1372 – Constança hoje Konstanz. República Federal da Alemanha. Camponês educou-se em Praga, ordenou-se sacerdote (1400), fez-se confessor da rainha Sofia e professor da universidade Carlos (filosofia). Em 1402 começou a pregar na pequena capela de Bethlehem, hoje reconstruída . Apoiado, de início, pelas autoridades traduziu o Novo Testamento para o tcheco e publicou vários livros: da glorificação do sangue de Jesus Cristo, Contra a adoração das imagens, Vida e Paixão de Cristo segundo os quatro Evangelhos.
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Em 1408 entrou em conflito com o arcebispo Zbvniec por haver demostrado simpatia pelas idéias do reformador inglês John Wycliffe e condenado, do púlpito, os privilégios do clero. Nada o deteve . Publicou um Tratado das indulgências, doze teses contra a bula do antipapa e dez sermões sobre a anatomia do Anticristo. Excomungado deixou Praga a pedido do imperador, embora a população da cidade se tivesse levantado em seu favor e contasse com partidários na nobreza. Escreveu então, sua obra principal De Eccesia 1412; Sobre a Igreja. Intimado a comparecer perante o concílio de Constança, muniu-se de um atestado de ortodoxia, dado pelo inquisidor Nicolau de Husinec, e de um salvo-conduto do imperador Sigismundo. Atacado, no entanto, pelos representantes da Sorbonne, foi sentenciado à fogueira. Queimaram-no no próprio dia da condenação. SAVONAROLA (1452-1498) Wycliffe e Huss foram estigmatizados como hereges que colocaram a Bíblia como o primeiro padrão da autoridade; Savonarola, porém, estava mais interessado na reforma da Igreja em Florença. Depois de se fazer monge dominicano em 1474, foi designado para Florença alguns anos depois ele procurou reformar o Estado e a Igreja na cidade, mas sua pregação contra a vida desregrada do papa provocou a sua morte por enforcamento. POSIÇÃO DA IGREJA A Igreja porém, enquanto instituição, manteve cerrados os seus ouvidos à essa onda de protestos no sentido de corrigir os seus erros. Sua única resposta foi a Inquisição através da qual mandava matar os que falavam contra ela e não se retratassem. Tal atitude vaticinou a sua própria condenação no tempo e na história. A EVOLUÇÃO DO CATOLICISMO ROMANO fonte: Revista Defesa da Fé/ICP
367* – Concílio de Hipo: ratificação dos 66 livros da Bíblia Sagrada; * Daqui para frente, devido à influência do Estado e, principalmente, à intervenção do imperador Teodósio, sucessor de Constantino, o cristianismo começaria a deteriorar até tornar-se catolicismo; 400 – Maria passa a ser considerada “mãe de Deus” e os católicos começam a interceder pelos mortos; 431 – Instituição do culto a Maria no concílio de Éfeso; 451 – Surge a doutrina da virgindade perpétua de Maria; 503 – É criada a doutrina do purgatório; 554 – Convencionada a data de 25 de dezembro como o nascimento de Cristo; 600 – Gregório, o Grande, torna-se o primeiro Papa oficialmente aceito. Podemos considerar instituição da Igreja Católica Apostólica Romana daqui para a frente; 609 – O culto oficial a virgem Maria teve início com Bonifácio III; 787 – Instituição do culto às imagens e às relíquias no II Concílio de Nicéia; 803 – No Concílio de Maguncia, foi instituída a festa da Assunção da Virgem Maria; 850 – Concílio de Paiva. Instituição do rosário e da coroa da virgem Maria e da doutrina da transubstanciação; 880 – Início da canonização dos santos; 1073 – Instituída a doutrina do celibato pelo Papa Hildebrando ( Gregório VIII ); 1094 – No Concílio de Clermont a Igreja Católica cria as indulgências ( venda de salvação ); 1100 – Institui-se o pagamento pelas missas e pelo culto aos santos; 1125 – Aparece pela primeira vez nos cânones a idéia da imaculada concepção de Maria; 1184 – A “Santa Inquisição” é estabelecida no Concílio de Verona; 1229 – A Igreja Católica proíbe aos leigos a leitura da Bíblia; 1317 – João XII ordena a reza “ Ave Maria ”;
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1498 – Jerônimo Savonarola é enforcado e queimado na Praça de Florença; 1500 – Celebrada a primeira missa no Brasil; 1573 – A Igreja Católica altera a Bíblia com a canonicidade de sete livros apócrifos; 1854 – O papa Pio XII cria o dogma da Imaculada Conceição de Maria; 1870 – I Concílio do Vaticano proclama o dogma da infalibilidade papal; 1967 – O papa Paulo VI proíbe os católicos romanos de freqüentarem cultos evangélicos; 2001 – O papa João Paulo II pediu à igreja latino-americana para fomentar uma “ação pastoral decidida” contra as seitas evangélicas, as quais definiu como um “grave obstáculo para a evangelização do continente”. 2005 – Joseph Alois Ratzinger, eleito em 19 de Abril de 2005 ( Papa Bento XVI ). Foi eleito como o 265º Papa. QUINTO PERÍODO: A REFORMA 1453 a 1648
O período da Reforma Protestante ocorre entre 1453, ano da queda de Constantinopla, e 1648, fim da guerra dos trinta anos, que envolveu quase todas nações européias, abrange cerca de dois séculos. O ano que assinala o começo da Reforma é 1517. Na manhã de 31 de outubro daquele ano Martinho Lutero afixou nas portas Catedral de Wittenberg, Alemanha, um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações quase todas relacionadas com a venda de indulgências que denunciava como falsa essa prática e ensino. Conforme já temos estudado, em épocas anteriores ao período de Martinho Lutero, muitas vozes reformadoras se levantaram dentro da igreja, ao custo da própria vida, contra os desvios doutrinários, eclesiais, éticos, morais e comportamentais do clero. MARTINHO LUTERO O reformador nasceu numa família humilde em 10 de novembro de 1483 em Eislebem, na província de Mansfelf, Alemanha. Costumava afirmar: sou filho de camponeses. A educação que recebeu em casa era reta e rigorosa fato que contribuiu para sua formação e o preparou para a grande aventura de sua vida, anos mais tarde. Aos dezoito anos, foi, por ordem de seu pai, para a Universidade de Erfurt estudar direito. Enquanto buscava anelo para sua alma passava os dias vagueando pensativo na biblioteca da universidade, ali se dá o seu primeiro encontrou com uma Bíblia, escrita em latim. Depois dessa longa peregrinação espiritual Lutero finalmente convenceu-se de que a salvação é pela graça, mediante a fé. Nascia o reformador. Lutero, agora amparado nas Escrituras, levanta protestos contra a venda de indulgências e contra toda teologia que se encontrava por detrás dela. Sua teologia, fundamentada no entendimento que agora possuía da Palavra de Deus rapidamente se desenvolveu em direções que entravam em conflito com vários temas da teologia tradicional. PRINCIPAIS CAUSAS DA REFORMA 1) A venda de indulgências; 2) As 95 Teses; 3) A Queima da Bula Papal. PRINCÍPIOS DA RELIGIÃO REFORMADA 1) Bíblia, o lema era: Somente a Escritura; 2) Pessoal, o relacionamento com Deus é acessível a todos; 3) Espiritual, é possível o homem relacionar-se diretamente com o Deus. PRINCIPAIS RESULTADOS DA REFORMA 1) Tradução da Bíblia na língua do povo; 2) Todos têm acesso a Palavra; 3) Restauração de princípios bíblicos; 4) O sacerdócio universal de todos os crentes.
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SÍNTESE DO PERÍODO O movimento da reforma trouxe à igreja a liberdade de acesso a Palavra de Deus e um novo tempo para os fiéis que agora descobriam o caminho de relacionamento direto com o Senhor. Contudo, devido às muitas disputas teológicas decorrentes daquele momento, as missões não foram prioridade imediata para os seus líderes. Nesse período se destacaram ações de restabelecimento dos princípios espirituais da fé bíblica, não formalista e comunhão individual do crente com Cristo. Estavam lançadas as bases para o sexto período: o cristianismo moderno. Os principais líderes desse período foram: Martinho Lutero, na Alemanha, ( 1483-1546 ); João Calvino, na Suíça ( 1509-1564 ) e João Knox, na Escócia ( 1505-1572 ). As 95 Teses de Lutero Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. 1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. 2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes). 3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne. 4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus. 5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones. 6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria. 7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. 8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos. 9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade. 10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório. 11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam. 12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição. 13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas. 14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor. 15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
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16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança. 17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor. 19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso. 20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs. 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa. 22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida. 23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos. 24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena. 25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular. 26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão. 27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. 28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus. 29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal? 30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão. 31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo. 32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência. 33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele. 34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos. 35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão. 36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência. 37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
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38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina. 39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição. 40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor. 42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia. 43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências. 44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. 45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. 46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência. 47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação. 48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar. 49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas. 50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. 51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro. 52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas. 53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas. 54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela. 55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias. 56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo. 57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam. 58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior. 59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
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60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros. 61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente. 62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. 63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos. 64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros. 65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas. 66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens. 67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda. 68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz. 69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas. 70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa. 71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas. 72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências. 73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências, 74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade. 75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura. 76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa. 77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa. 78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII. 79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo. 80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo. 81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos. 82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
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83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos? 84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito? 85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor? 86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis? 87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação? 88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis? 89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes? 90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes. 91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido. 92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz! 93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!. 94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno. 95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz. [ 31 DE OUTUBRO DE 1517 ]
SEXTO PERÍODO: IGREJA MODERNA ou cristianismo contemporâneo de 1648 até o momento atual
Por muito tempo, a partir dos dias apostólicos, o Cristianismo foi uma instituição ativa na obra missionária. Nos primeiros quatro séculos de sua história, a igreja levou o evangelho a todo Império Romano e além. Depois do século dez a igreja e o Estado, o papa e o imperador estavam em luta pelo domínio supremo de modo que o espírito missionário arrefeceu, embora não tenha desaparecido totalmente. O movimento da Reforma, como estudamos em aula anterior, manteve toda sua atenção centrada nas questões teológicas. Os reformadores tinham como objetivos principais: Purificar a igreja na sua doutrina e prática Promover a reorganização eclesial
No período imediato a reforma a Igreja Católica realizou uma contra-reforma, promovendo iniciativas de caráter missionário transcultural. Inácio de Loyola ( 1491-1556 ), nascido na Espanha, fundou em 1534 a Sociedade de Jesus. Conhecida como os Jesuítas esta organização se tornou a mais poderosa instituição para promoção do catolicismo romano.
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Francisco Xavier ( 1506-1552 ) foi um dos primeiros membros da Companhia de Jesus. Tendo a seu cargo o Departamento de Missões Estrangeiras, estabeleceu missões católicas na Índia, no Ceilão, no Japão e outros países do oriente. Morreu repentinamente, de febre, após iniciar o trabalho na China. Xavier organizou tão sabiamente a obra de missões a seu cargo que, mesmo após sua morte o movimento continuou. PRINCIPAIS IGREJAS PÓS REFORMA
Luterana Presbiteriana Batistas Metodista Anglicana
PRINCIPAIS MOVIMENTOS PÓS REFORMA MOVIMENTO PURITANO. Surgiu na Inglaterra do século XVII, cerca de 1654. Repudiavam veementemente as excessivas formalidades clericais e eclesiásticas defendendo padrões simples de apresentação dos ministros, entre outras questões. Proclamavam o sacerdócio universal de todos os crentes conforme o texto de I Pe 2:9. O METODISMO. Por volta de 1739 João Wesley começou a pregar, como dizia: “o testemunho do Espírito”. Do trabalho evangelístico de Wesley, cerca de 50 anos, resultaram milhares de vidas transformadas. O movimento liderado por João Wesley é conhecido hoje, em todo mundo, como Igreja Metodista. IGREJA MORÁVIA. Em 1732 os Irmãos Morávios, liderados pelo Conde Nicolau Von Zinzendorf, iniciaram o estabelecimento de missões estrangeiras enviando missionários à Groelândia. A principal característica das missões morávias era a escolha de campos: Sempre os mais difíceis, sempre os que exigiriam mais paciência e devoção para sua consolidação. Nenhuma outra igreja ou movimento superou a igreja morávia na proporção de membros por missionário enviado: Para cada 82 membros havia 1 missionário em algum campo missionário. ALGUNS LÍDERES NO PERÍODO
Nicolau Zinzendorf - Alemanha João Wesley – Inglaterra Jonatan Edwards – Estados Unidos Guilherme Carey – Inglaterra, considerado o pai das missões modernas
CONCLUSÃO As igrejas, movimentos e/ou denominações, citadas nesse curso, constam entre as mais conhecidas e que ocupam maior espaço na comunidade cristã evangélica internacional. Entretanto, reconhecemos, que milhares de grupos, igrejas e comunidades, não citadas, contribuíram para a propagação do evangelho nas nações, e ainda continuam a fazê-lo, tendo sua história sendo escrita em livros que não se estragam, no céu. A IGREJA PROTESTANTE NO BRASIL Coube ao Brasil a honra de em seu solo ter sido realizado o primeiro culto evangélico no continente americano, culto realizado pelos primeiros cristãos protestantes reformados que aportaram no Novo Mundo. O local desse histórico e significativo acontecimento foi a atual ilha de Villegagnon, na Baía de Guanabara. O primeiro culto evangélico no Brasil aconteceu em 10 de março de 1557. A direção do culto coube ao pastor francês Pierre Richier. A primeira passagem bíblica lida em terras brasileiras foi o Salmo 27:3,4. O hino entoado naquela ocasião foi o salmo 5. No dia 21 de março de 1557 foi organizada a primeira igreja evangélica no Brasil com celebração da primeira Ceia do Senhor em terras brasileiras. O trabalho recém organizado seguia a seguinte rotina: todas as noites havia reuniões onde oravam e pregavam a palavra de Deus. Aos domingos, havia duas reuniões evangelísticas. Os irmãos que implantaram a primeira igreja evangélica em solo brasileiro eram huguenotes vindos da França. Em 9 de fevereiro de 1558, uma sexta-feira, Nicolas Durand de Villegaignon, governador da França Antártica, ordenou a execução de Bourdel, Bourdon e Verneuil¹.
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¹ A CONFISSÃO DE FÉ DA GUANABARA (1558) por Alderi Souza de Matos
Uma das mais antigas declarações da fé reformada foi escrita no Brasil, em meados do século XVI. Seus autores foram huguenotes (calvinistas franceses) enviados pelo próprio reformador João Calvino e pela Igreja Reformada de Genebra. O contexto desse notável documento foi a França Antártica, uma colônia criada na baía de Guanabara, em novembro de 1555, pelo militar Nicolas Durand de Villegaignon. Desejoso de colonos com valores mais sólidos, o comandante escreveu a Genebra pedindo o envio de evangélicos. Em resposta, a Igreja mandou um grupo de catorze pessoas, entre as quais dois pastores. O pequeno contingente desembarcou no Rio de Janeiro no dia 10 de março de 1557, ocasião em que foi realizado o primeiro culto protestante no Brasil e nas Américas. No início, Villegaignon mostrou-se simpático aos recém-chegados. Todavia, logo começou a divergir dos reformados em relação a várias questões doutrinárias, em especial a singela celebração da Ceia do Senhor. No final de outubro, expulsou-os da pequena ilha para o continente. Impossibilitados de dar continuidade ao seu trabalho, no início de 1558, eles retornaram para a pátria. Todavia, diante das condições precárias da embarcação, cinco dos calvinistas decidiram voltar à terra firme. Acusados pelo comandante de serem traidores e espiões, eles foram presos e receberam um questionário sobre pontos teológicos, tendo poucas horas para respondê-lo. A resposta, escrita com tinta de pau-brasil pelo leigo Jean de Bourdel, ficou conhecida como Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense. Os outros signatários foram Pierre Bourdon e Matthieu Verneuil. A confissão, escrita originalmente em latim, tem a forma de um credo, pois a maior parte dos parágrafos começa com a palavra “cremos”. Todavia, sua extensão e variedade de temas a coloca na categoria das confissões de fé, comuns na época da Reforma. A seção introdutória faz uma bela aplicação do texto de 1 Pedro 3.15. Os dezessete parágrafos de diferentes tamanhos tratam de seis questões principais: (a) 1-4: a doutrina da Trindade e, em especial, a pessoa de Cristo, com as suas naturezas divina e humana; (b) 5-9: a doutrina dos sacramentos, sendo a Ceia tratada em quatro artigos e o batismo em um; (c) 10: o livre arbítrio; (d) 11-12: a autoridade dos ministros para perdoar pecados e impor as mãos; (e) 13-15: divórcio, casamento dos religiosos e votos de castidade; (f) 16-17: intercessão dos santos e orações pelos mortos. O texto revela grande conhecimento da Bíblia, da teologia e da história da Igreja por parte do autor. São feitas referências ao Concílio de Nicéia e seu credo, bem como a vários Pais da Igreja: Agostinho, Tertuliano, Ambrósio e Cipriano. O documento tem um forte teor bíblico e reformado, destacando pontos como a centralidade da Escritura, a natureza simbólica dos sacramentos, a supremacia de Cristo, a importância da fé e a eleição, entre outros. Sob alegação de heresia, na sexta-feira 9 de fevereiro de 1558, Villegaignon ordenou a execução de Bourdel, Bourdon e Verneuil. André Lafon foi poupado por vacilar nas suas convicções e ser o único alfaiate da colônia. Jacques Le Balleur, que havia conseguido fugir, mais tarde foi encarcerado na Bahia e executado no Rio de Janeiro. A história dos mártires calvinistas, escrita por Jean de Léry, e o texto da confissão foram incluídos no livro História dos Mártires (1564), de Jean Crespin. Em 1917, sob o título A Tragédia da Guanabara, o presbítero Domingos Ribeiro publicou essa narrativa em português, junto com a tradução da confissão de fé feita por Erasmo Braga em 1907, a pedido do Rev. Álvaro Reis.
PRIMEIRAS MISSÕES HOLANDESES. A presença holandesa no Brasil ( 1630-1654 ) foi marcada por atividades evangelísticas na região nordeste do país. Nessa época obreiros foram enviados aos índios e visitadores saiam a confortar enfermos com a leitura da Bíblia. Nesse tempo, também, muitos templos foram construídos no Recife. Durante a ocupação holandesa no Brasil foi elaborado um projeto para traduzir a Bíblia para a língua nacional. Em 1624 os crentes da frota holandesa, estacionada na Bahia, iniciaram cultos. Mais tarde, em 14 de fevereiro de 1630, teve início uma série de cultos no Recife. LUTERANOS. A primeira igreja luterana chegou ao Brasil com os alemães que emigraram para o sul do país, por volta de 1800. METODISTAS. Em março de 1836, o Rev. Justin Spaulindg, foi designado como primeiro missionário metodista ao Brasil. O Rev. Spaulindg foi enviado, ao Brasil, pela igreja metodista norte-americana. Inicialmente estabeleceram como bases uma escola e uma congregação no Rio de Janeiro, posteriormente estabeleceram trabalhos em Piracicaba, no estado de São Paulo. ROBERT KALLEY. Médico, escocês, chegou ao Brasil desembarcando no Rio de Janeiro ainda no século XIX. Em 1855 organizou o Igreja Evangélica Fluminense, segundo o modelo
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congregacional. Antes de retirar-se do Brasil, em 1876, Kalley havia implantado igrejas em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Foi Robert Kalley quem organizou a primeira Escola Dominical no Brasil, isto em 19 de agosto de 1855 na cidade de Petrópolis, estado do Rio. PRESBITERIANOS. Ashbel Green Simonton, enviado pela Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América do Norte, chegou ao Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro, em 12 de agosto de 1859. Em 12 de abril de 1860 organizou a primeira Escola Dominical, de confissão presbiteriana, com assistência de cinco crianças. Em 12 de janeiro de 1862, Simonton recebeu duas pessoas por profissão de fé, foram os primeiros membros da igreja presbiteriana no Brasil. A conversão do padre José Manoel da Conceição foi o grande fato desse período missionário. José Manoel, assim como Martinho Lutero, converteu-se lendo a Bíblia. Conceição percorreu os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, pregando, sob muitas e severas perseguições, a mensagem do evangelho de Jesus Cristo, Nosso Senhor. BATISTAS. O primeiro pregador batista a trabalhar no Brasil, foi um missionário norte-americano que chegou ao Rio de Janeiro em 1859, mas por problemas de saúde se viu forçado a voltar à sua pátria em 1861. Em 15 de outubro de 1882 William e Ann Bagby, Zachary e Kate Taylor e Antonio Teixeira de Albuquerque organizaram a Primeira Igreja Batista do Brasil, em Salvador, estado da Bahia. CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL. Organizada por Luige Francescon, imigrante italiano, na cidade de São Paulo ocupa, hoje, posição de destaque entre as maiores igrejas do país. ASSEMBLÉIAS DE DEUS. No dia 18 de junho de 1911, na cidade de Belém, capital do estado do Pará, foi organizada a Igreja Assembléias de Deus. Inicialmente o nome adotado foi Missão de Fé Apostólica. Os seus organizadores, Gunnar Vingren e Daniel Berg eram missionários, suecos, e chegaram ao Brasil em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. IGREJAS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO 20 IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR. Organizada por missionários americanos nos anos cinqüenta. IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Organizada na década de cinqüenta pelo Missionário Manoel de Melo, na cidade de São Paulo. IGREJA DEUS É AMOR. Organizada em 1962 pelo Missionário David Miranda, sua sede nacional fica na cidade São Paulo. A igreja Deus é Amor está presente, hoje, em todos os estados da federação. Sua ênfase predominante é sobre milagres, curas principalmente, e dons espirituais. IGREJAS NEOPENTECOSTAIS Na década de cinqüenta começaram a surgir os primeiros movimentos conhecidos hoje como igrejas neopentencostais. A principal característica do movimento está na forte ênfase em libertação e na prática de cruzadas evangelísticas com concentração em milagres. IGREJA DE NOVA VIDA. Primeiramente atuou como Cruzada de Nova Vida, com concentração no ministério de libertação. O Bispo Robert MacAllister, seu organizador, foi um dos pioneiros, no Brasil, na produção de programas evangélicos no rádio. A igreja de Nova Vida, embora esteja presente em várias cidades do país, atua predominante no estado do Rio de Janeiro. OUTRAS IGREJAS: Universal do Reino de Deus; Igreja Internacional da Graça; Igreja Apostólica Renascer, Igreja Evangélica Tabernáculo de Jesus ( Casa da Benção ). OUTRAS MISSÕES Na história eclesiástica do Brasil centenas de igrejas e missões aqui serviram ao Senhor e ainda servem, contribuindo para a plena evangelização desse país. As missões aqui citadas, tais quais montanhas, destacaram-se nas planícies da história evangélica nacional, e, ao nomeá-las o fazemos apenas por necessidade referencial e pela impossibilidade prática de enumerar, em uma apostila, cada fato acontecido seja um culto, uma reunião convencional, de concílio ou ainda
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a implantação de uma igreja ou frente missionária. A obra de Deus, o edifício do Senhor, sua casa espiritual, a igreja, é constituída por cada pedra que a compõe, isto é, homens e mulheres de todas as idades que em todo lugar louvam ao Seu Nome o servem. Assim, pois, como as planícies e montanhas formam um conjunto, também, os acontecimentos e fatos da história eclesiástica, evangelística e missionária, compõem um mesmo e único cenário de igual valor e importância. As igrejas, ministérios e denominações citadas nesse estudo constam entre as mais conhecidas e que ocupam maior espaço na sociedade brasileira. Entretanto milhares de outras comunidades, que aqui não foram citadas, figuram entre os grupos que, nesse país, evangelizando ganham, a cada dia, milhares de almas para o Reino de Deus no poder do Nome de Senhor e Salvador Jesus Cristo. MOVIMENTO PENTECOSTAL final do século dezenove até a atualidade
Embora a origem do movimento pentecostal não possa ser atribuída a determinada pessoa ou lugar é possível traçar sua origem desde o reavivamento no Bethel Bible College. Existem evidências do derramamento simultâneo do Espírito Santo em vários lugares. Um ministro evangélico chamado Daniel Awrey recebeu o batismo do Espírito Santo, em sua plenitude, em janeiro de 1890, na cidade de Delaware, Estado de Ohio, na outra América. Em Nova Inglaterra um grupo de crentes pentecostais realizou uma convenção em 1897. Mais ou menos à mesma época manifestou-se um avivamento no estado de Carolina do Norte, e no estado do Tennessee, segundo testemunho de Clara Smith, que mais tarde foi missionária no Egito. Havia no ano de 1900 registro de cerca de quarenta e cinco pessoas batizadas com o Espírito Santo na América. No mesmo ano manifestou-se um avivamento entre um grupo de crentes de nacionalidade sueca na cidade de Moorhead, estado de Minnesota, cujos resultados são notáveis ainda na atualidade. Outras manifestações de avivamento pentecostal foram registradas também na Europa, ocorridos na Suécia, 1858, e Inglaterra 1740. NASCE O MOVIMENTO PENTECOSTAL O momento considerado como definitivo e marcante do moderno movimento pentecostal é datado em primeiro de janeiro de 1901. Nesse dia, primeiro ano novo do século vinte, um grupo de alunos da Escola Bíblica Betel, em Topeka, estado do Kansas, liderada por Charles Parham, decidiram não viajar aos seus lares para as comemorações do ano novo, mas ficariam em oração, buscando o poder do alto. Muitos foram batizados com o Espírito Santo e, semelhante aos relatos de Atos, falaram em línguas desconhecidas para aqueles que as falavam. Esse dia é considerado o marco inicial do moderno movimento pentecostal. Parham ensinava enfaticamente sobre a doutrina do batismo do Espírito Santo com a evidência glossolalia e a atualidade dos dons espirituais. WILLIAM J. SEYMOUR Seymour nasceu em 2 de maio de 1870 na cidade de Centerville, Louisiana. Era filho de exescravos e desde menino recebeu ensino evangélico. Ainda jovem teve contato com líderes do movimento da santidade ouvindo avivalistas como Martin Wells e Daniel Warner´s. Quando se mudou para Houston, Texas, Seymour serviu em uma congregação dirigida por Lucy Farrow, ex-governanta da casa de Charles Parham, líder da Igreja Apostólica da Fé ( nome adotado pelo movimento pentecostal nos EUA ), nessa igreja foi convidado para integrar-se a um trabalho evangelístico em Los Angeles, CA, onde desembarcou em fevereiro de1906. Dois dias depois começou a pregar ensinando sobre o batismo do Espírito Santo e atualidade dos dons espirituais, encontrando imediata resistência. No domingo, 4 de março, ao retornar para a missão a encontrou fechada, com um cadeado à porta. Entretanto alguns creram e logo começaram a reunir-se na casa de Edward Lee e Seymour ensinava a palavra de Deus. Multidões começaram a afluir todas as noites. Em abril daquele mesmo ano alugaram um galpão na Rua Azuza 312. Durante cerca de três anos houve cultos quase que continuamente, das dez da manhã à meia noite. Muitos daqueles que receberam o batismo pentecostal no Espírito Santo foram espalhando
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a mensagem. Chegavam de todo o mundo e voltavam aos seus países com a mensagem pentecostal. A mensagem pentecostal, a partir da América, se espalhou pela Europa, especialmente na Noruega e Suécia, através daqueles que recebiam o poder do Espírito Santo para levar a Palavra aos confins da terra PENTECOSTES HOJE Hoje os pentecostais somam-se aos milhões em todo mundo. Cerca de quinhentos milhões segundo estatísticas denominacionais. O legado pentecostal é uma herança preciosa que a atual geração de crentes deve preservar. O batismo do Espírito Santo, a atualidade dos dons espirituais, a santidade e visão missionária são características desse movimento. A IGREJA NA AMÉRICA LATINA A história da igreja na América Latina tem um passado marcado por inúmeras perseguições e lutas. Intolerância religiosa, preconceitos e discriminação permearam a implantação de igrejas na AL, mas as vitórias sempre foram maiores e o evangelho triunfou sobre as trevas, sempre. Nas linhas abaixo apresentamos um breve relato do que foi o início da obra em alguns países na região. MÉXICO Entre os anos de 1860/1864 registrou-se um movimento na capital da República do México em favor do evangelho do qual resultou a formação de vários núcleos inteiramente nacionais.Esses grupos eram formados por pessoas que repudiavam as doutrinas praticadas pela igreja de Roma. Os membros desses grupos aceitavam somente as verdades bíblicas – somente a Bíblia, segundo o princípio da reforma. Alguns líderes desse movimento foram ex-padres entre os quais se contavam: o Padre Palácios, o ilustre Presbítero Manoel Águas e Arcádio Morales que veio a ser, anos mais tarde, o dirigente do presbiterianismo no México. Esse Morales se converteu em culto ministrado por Sóstenes Juarez. Referência especial com relação ao trabalho evangelístico no México deve ser feita ao missionário Tiago Pascoe, inglês de nascimento, que viveu no país de 1875 a 1878. Era um homem de profundas convicções evangélicas e vastíssima cultura. À sua própria custa, entre tenaz oposição, fez uma obra gloriosa entre os índios. Contudo ele é mais conhecido como escritor. Seus escritos levaram luz a milhares, despertando as consciências. Tiago Pascoe era polemista de primeira grandeza; confundiu os jesuítas do Estado do Novo México que, no afã de humilharem a causa protestante, atacaram os humildes pregadores do evangelho. A reprodução das obras de Tiago Pascoe seria de grande utilidade, até mesmo em nossos dias. GUATEMALA Os primeiros esforços evangelísticos foram realizados na metade do século dezenove. Porém essa primeira tentativa não surtiu efeito em razão das intensas perseguições e intransigência romanista. Somente em 1884 foi possível estabelecer definitivamente a obra missionária na Guatemala. Essa iniciativa pioneira foi empreendida pelos irmãos presbiterianos. O evangelho lançou raízes nessa república e muitas congregações floresceram. No ano de 1890, organizou-se na cidade de Dallas, Texas, EUA, a Sociedade Missionária Centro-América, com objetivo de levar o evangelho à várias Repúblicas da América Central. Essa Sociedade realizou intensa obra de evangelização e seus missionários penetraram por todos os lugares levando as boas novas. Há trabalhos de importância nas Repúblicas de Nicarágua e El Salvador, pertencente aos Batistas e Assembléia de Deus. Outro trabalho de referência é a Campanha Evangélica na América Latina, orientada pelo Missonário Henrique Strachan, que tinha como centro de atividades a cidade de San José da Costa Rica. Nessa cidade foram organizados dois institutos Bíblicos, um para homens e outro para mulheres. CHILE No ano de 1845 o evangelho chegou a Valparaíso, no Chile, através do trabalho de Daniel Trumbull, porém o seu ministério limitou-se às pessoas de fala inglesa. Contudo, depois de aprender a falar castelhano, fundou um jornal que se chamava “O Vizinho”, e pelas suas páginas
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iniciou uma campanha de esclarecimento, refutando os erros romanistas. Esse trabalho custoulhe muito perseguição. Os evangélicos sofreram muito no Chile por causa da sua fé. Em 1858, a pastoral do arcebispo de Valdevieso proibia, por severas penas e ameaças canônicas, a leitura de livros distribuídos pelos protestantes. Porém apesar das perseguições, dos atentados por parte do clero e de parte da população, o trabalho de evangelização missionária progredia. BOLÍVIA Este país permaneceu fechado ao evangelho durante muitos anos. Quem preparou o caminho, para os pregadores e missionários, foram os colportores da Sociedade Bíblica Americana. Apesar das ameaças e perseguições eles escalaram a Cordilheira dos Andes chegando aos lugares mais longínquos, levando o precioso tesoure, a Palavra de Deus. O colportor José Mongiardino foi assassinado em 16 de julho de 1870. Os esforços de todos esses servos de Deus não foram em vão e os dias de liberdade chegaram para o país. PERU Como aconteceu em outros lugares os primeiros missionários e colportores sofreram perseguições. Apesar das alternativas e mudanças políticas e de governos, não sofreu interrupção. Atualmente conta com um número regular de centros de evangelização e educação. Várias denominações operam naquele campo. EQUADOR Nesse país a marcha do evangelho tem sido lenta, porém segura. No Equador, a eleição de governos liberais possibilitou o avanço da causa evangélica. Em Quito, capital do Equador, foi montada uma emissora de rádio que envia diariamente a mensagem evangélica aos países sulamericanos. ARGENTINA Na Argentina, a primeira pregação do evangelho realizou-se em casas particulares de famílias inglesas, em Buenos Aires e pregação também era em inglês. Isso aconteceu em 1823. A pregação em castelhano somente se verificou mais tarde. O primeiro culto em castelhano realizou-se a 25 de maio de 1867 em templo que os metodistas possuíam na rua Cangallo. Uma das primeiras pessoas convertidas na Argentina foi a professora Fermina Leon Albeder, que dirigia uma escola educacional no Bairro da Boca. Ela colocou à disposição do pregador o salão de aulas, “na qual nasceu a primeira escola dominical em Buenos Aires”. Guilherme Morris que pertencia a Igreja Anglicana contribuiu de modo decisivo para o impulso da educação, estabelecendo escolas em diferentes partes da cidade. URUGUAI Na República do Uruguai também deitou raízes a obra de evangelização, e bem assim equipes educacionais. Uma nota destacada no trabalho no Uruguai, é a ação da mocidade. Esse país caminha na vanguarda dos países sul-americanos, no que se refere à organização da juventude evangélica, e é de esperar que sua influência se desenvolva no bom sentido, a fim de que possa servir de norma e inspiração às demais repúblicas. PORTO RICO E REPÚBLICA DOMINICANA O trabalho evangélico nesses países está representado por numerosos centros missionários pertencentes à várias denominações. Em razão da liberdade de celebrarem cultos nessas ilhas, a causa pôde desenvolver-se, apesar da oposição do obscurantismo. Nas convenções que ali se realizam, geralmente nota-se harmonia e entusiasmo.
_____________________ Robespierre Machado capelão e ministro do evangelho, radialista, palestrante para obreiros, jovens, família/casais, professor de história da igreja, missiologia, evangelismo e EBD. E-Mail: robespierremachado@gmail.com BIBLIOGRAFIA História da Igreja Cristã, Jesse Lyman Hurlbut – Editora Vida A Igreja que Deus Quer, José Pontes Filho – Editora Evangélica Esperança As Igrejas do Novo Testamento, Geo W. MacDaniel – Juerp Atos I, Delcyr de Souza Lima – Juerp Cronologia da História Eclesiástica, Terry Williams – Edições Vida Nova Despertamento Apostólico no Brasil, Ivar Vingren – CPAD Dicionário da Bíblia, John Davis – Juerp Doutrinas Bíblicas, Uma Perspectiva Pentecostal, Menzies & Horton – CPAD História das Assembléias de Deus no Brasil, Emílio Conde – CPAD História do Cristianismo, A. Knight e W. Anglin – CPAD
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História Eclesiástica, Eusébio de Cesáreia – CPAD História da Igreja, Raimundo Pereira – Edições EETAD História da Igreja Cristã, Williston Walker – Aste/Juerp História da Igreja em Quadros, Robert C. Walton – Editora Vida História do Cristianismo, Bruce L. Shelley – Shedd Publicações História Ilustrada do Cristianismo, Justo González – Edições Vida Nova Novo Dicionário da Bíblia, Volumes I,II – Edições Vida Nova O Catolicismo Romano, Ankenberg & Welton – Chamada da Meia-Noite O Cristianismo Através dos Séculos, Earle E. Cairns – Edições Vida Nova Os Padres da Igreja, A. Hamman – Edições Paulinas Pequena Enciclopédia Bíblica, Orlando Boyer – Editora Vida Revista 70 Anos da Assembléia de Deus na Bahia – Edições Adesal Tragédia da Guanabara, Jean Crespin – CPAD Visão Panorâmica da História da Igreja, Justo González – Edições Vida Nova
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