CENTRO DE ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO LGBTI+ - SANTA CECÍLIA, SP (MONOGRAFIA)

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FIAM-FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

ROBSON ANDRÉ FABRINI CENTRO DE ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO LGBTI+ Santa Cecília, SP

SÃO PAULO 2020


ROBSON ANDRÉ FABRINI

CENTRO DE ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO LGBTI+ Santa Cecília, SP

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor André Luís Tura Nunes.

SÃO PAULO 2020


AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FABRINI, Robson André – Centro de Assistência e Acolhimento LGBTI+ Santa Cecília, SP. Robson André Fabrini – São Paulo, 2020, 89 páginas. Notas: -Centro de Assistência -Centro de Acolhimento -LGBTI+ -Santa Cecília


ROBSON ANDRÉ FABRINI

Centro de Assistência e Acolhimento LGBTI+ Santa Cecília, SP

Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob orientação do Professor André Luís Tura Nunes. Definido e aprovado em 17 de junho de 2020, pela banca examinadora constituída pelos professores:

_____________________________

______________________________

André Luís Tura Nunes FIAM-FAAM – Orientador

Janaína Krohling Peruzzo FIAM-FAAM – Professora

SÃO PAULO 2020

______________________________ Marina Panzoldo Canhadas Convidada



Este trabalho é dedicado à toda a comunidade LGBTI+ e desta sigla, principalmente aos que vivem em situação de vulnerabilidade social. Vocês são pessoas fortes, guerreiras e acima de tudo, humanas e merecem atenção e respeito de toda a sociedade e enquanto não houver isso por todos, eu estarei aqui para lutar por vocês e eu faço isso através da minha arte, a arquitetura.



Primeiramente agradeço à minha família, que nunca faltou

Agradeço aos meus verdadeiros amigos da graduação que

em nenhum momento da minha graduação, sempre me fazendo

sempre estiveram comigo, nos altos e baixos e que sempre me

acreditar que era possível, mesmo eu achando que não conseguiria.

alertaram “Robson, faça no CAD”. Vocês foram incríveis!

Agradeço ao meu namorado Lucas por estar sempre ao meu

Agradeço a todos os professores que passaram por mim

lado, mesmo quando eu estava insuportavelmente chato (foram

nesses 10 semestres de graduação, em especial Profs. Renata

muitas vezes!)... Você me ensina todos os dias a ser uma pessoa

Coradin, Cynthia Evangelista, Carolina Fidalgo, Braz Casagrande,

melhor e espero que esse trabalho tenha refletido isso.

André Canton, Felipe Lima, Nina Tsukumo, Alexandre Martins, Letízia Vitale e Alessandra Bedolini, pois vocês me instigaram a pensar sempre além e eu não poderia ser mais grato por tudo.

Agradeço ao meu orientador André que, desde o começo acreditou no meu trabalho, abraçou minha ideia de representar tudo à mão, mesmo que parecesse loucura e que me deixou viajar nesse

Quaro agradecer também à toda a equipe do CRT/DST-AIDS

projeto, transformando-o não apenas em um trabalho final de

Santa Cruz que abriu as portas do Centro de Referência para que eu

graduação, mas sim na concretização de um desejo pessoal, de um

pudesse desenvolver meu estudo de caso e compreender mais da

trabalho que transcende os limites da faculdade e me faz ver a

área de atendimento clínico e de apoio e que foi tão importante ao

sociedade com outros olhos.

meu projeto no desenvolvimento da setorização do pavimento assistencial, assim como no entendimento dos serviços necessários à população LGBTI+ em situação de vulnerabilidade social.


Por fim, e não menos importante, quero agradecer do fundo do meu coração à todxs os LGBTI+ que foram não apenas dados no meu trabalho, mas o pilar fundamental desta grande construção social dentro de mim enquanto arquiteto.

Vocês, além de serem as pessoas mais guerreiras que eu conheço, são o meu motivo para tanto estudo e para tanta dedicação neste projeto como um todo.

Tudo que eu aprendi e aprendo com vocês eu apliquei neste trabalho e levarei para minha vida, ajudando tudo e todxs que eu posso, na medida do possível, através das minhas palavras, dos meus desenhos e da minha arquitetura.

A todos vocês, meu muito obrigado!


“Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências; desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem.” CAIO FERNANDO ABREU


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA – Coeficiente de Aproveitamento. CUT – Central Única dos Trabalhadores. GGB – Grupo Gay da Bahia. IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social. LGBTI+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis/Transexuais, Intersexuais. O + representa todas as demais categorias que não cabem na sigla, mas que fazem parte deste universo. PDE – Plano Diretor Estratégico. SMADS – Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. SMDHC – Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. TO – Taxa de Ocupação. TP – Taxa de Permeabilidade. ZEIS – Zona Especial de Interesse Social.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................................................................14

1 - TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO 1.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...............................................................................................................................................................19 1.2 ANÁLISE URBANA................................................................................................................................................................................................25 1.2.1 REGIÃO.............................................................................................................................................................................................................26 1.2.2 BAIRRO.............................................................................................................................................................................................................27 1.2.3 ENTORNO IMEDIATO........................................................................................................................................................................................30 1.3 ANÁLISE DO TERRENO.........................................................................................................................................................................................31 2 - O PROJETO 2.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO..................................................................................................................................................................................37 2.1.1 IMPLANTAÇÃO..................................................................................................................................................................................................41 2.2 PROGRAMA ARQUITETÔNICO.............................................................................................................................................................................44 2.3 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS......................................................................................................................................................................52 3 - PRANCHAS GRÁFICAS..........................................................................................................................................................................................58 4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................................................................................................................83



Arquitetura é algo que vai além de um tipo de manifestação

e divulgado pelo site da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em

artística, ela revela, através de construções e edificações um

maio de 2019, o Brasil registrou, em média, uma morte de LGBTI+ a

propósito, ela tem finalidades.

cada 23 horas.

Antes de ser mera construção, é concebida primordialmente

Esse estudo também aponta que foram 141 mortes somente

para ordenar e organizar espaços, tendo como finalidade alguma

de janeiro a maio, sendo 126 homicídios e 15 suicídios. A cidade de

intenção atrás da construção de tijolos propriamente dita.

São Paulo é a que mais lidera essa lista, com 22 mortes.

Uma dessas finalidades é o comprometimento com a vida

Esse estudo também revela que, além de um alto número de

humana; então, a arquitetura logo assume um papel social através da

homicídios, existe proporcionalmente um alto número de suicídios

busca de conexões com as mais diversas realidades de cada lugar que

na comunidade LGBTI+, demonstrando que essa comunidade tem

existe hoje no planeta.

um alto grau de vulnerabilidade social causada não somente pela

No Brasil não é diferente. Um país que tem a desigualdade

violência da qual sofre, mas porque parte dessa comunidade não tem

social como uma de suas características mais marcantes, deve ter

o apoio do qual necessita, primeiramente da família, e em segundo

arquitetos com o dever da consciência dessa realidade como ponto

plano, da sociedade.

de partida de um projeto arquitetônico com viés social, seja qual projeto for. Dentre tantos problemas sociais hoje vividos no Brasil, um dos que mais chama a atenção, por suas manchetes alarmantes é a de que o país é o que mais mata LGBTI+ no mundo todo. Segundo relatório divulgado pelo GGB (Grupo Gay da Bahia)

É uma comunidade de pessoas que se apoiam nelas mesmas, mas que também acabam encontrando abrigo nas ruas, o que vêm a agravar sua situação. Diante de tal cenário, é possível perceber que o Poder Público vem aumentando suas ações com relação a essa comunidade, mas em diversos casos, essas ações ainda não são

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suficientes para atender a real necessidade que essa população vive.

vulnerabilidade é composta pela comunidade LGBTI+.

São ações pontuais que não garantem uma solução à longo

A partir destas informações, o trabalho se apresenta em dois

prazo, fazendo com que problemas voltem a acontecer e que na pior

capítulos, sendo o primeiro o estudo que engloba especificamente

das hipóteses, apenas estagnam as estatísticas, ao invés de diminuí-

dados e estatísticas acerca do tema e esmiúça estes.

las.

Esse estudo busca entender em uma escala micro como é a A partir do momento em que é identificada esta causa que

dinâmica desta população no bairro e como este se comporta e

abrange uma grande comunidade em situação de vulnerabilidade

recebe essa vivência enquanto cidade. O resultado deste é revertido

social como esta, é visto necessário estudar o tema de forma que,

em arquitetura e passa a pensar em soluções projetuais.

através da arquitetura, possamos minimizá-lo.

Já o segundo capítulo apresenta o projeto de um Centro de

Portanto, este trabalho tem como objetivo, primeiramente,

Assistência e Acolhimento LGBTI+, um equipamento urbano/social

a elaboração de um estudo na cidade de São Paulo, onde identifica

que tem como objetivo não apenas fornecer o acolhimento

através de dados fornecidos pela Prefeitura e órgãos de interesse do

necessário, mas também uma habitação provisória, a caráter de

assunto, regiões onde o índice de vulnerabilidade social apresenta

locação social.

números mais agravantes. A partir destes dados, busca identificar o tipo de população mais prejudicada, entendendo a real necessidade desta. Com esse entendimento, o trabalho foca o olhar no centro

Esta promoverá a formação e a assistência da qual a comunidade LGBTI+ necessita, através da influência da própria arquitetura na saúde e bem-estar tanto físico quanto psicológico do ser humano.

da cidade, especificamente no bairro da Santa Cecília, onde pode-se

Para o projeto elaborado, o estudo passou pela etapa do

enxergar que, em grande parte, a população em situação de

desenvolvimento projetual feito à mão, a fim de criar uma dinâmica

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de trabalho que aproxima o autor do seu desenho e logo, do projeto, trazendo croquis que busquem mostrar o desenvolvimento do trabalho apenas com linhas simples e sem cores. Como resultado final, além do projeto de um equipamento urbano/social para a cidade, este também se apresenta em pranchas gráficas finalizadas à mão (3 - Pranchas Gráficas), apenas com o uso de grafite e papel manteiga. O objetivo é, portanto, além da entrega de um equipamento urbano/social para a cidade de São Paulo, que a representação de suas peças gráficas explorem um resultado mais humano, lúdico e que se aproxime do leitor do trabalho, assim como deve se aproximar um projeto social de seus usuários e com isso, resgatar uma forma de fazer arquitetura que vêm sendo esquecida, que foi tão rica e que ainda serve de escola para os arquitetos do futuro.

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1.1 – BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

deslocamento

São Paulo é um dos 39 municípios que compõem um polo chamado Região Metropolitana de São Paulo. Esses municípios crescem ao redor da capital e hoje se unem a ela, numa grande mancha urbana que vem se desenvolvendo por séculos, contribuindo para inúmeras transformações e mudanças tanto em atividades econômicas quanto industriais, assim como em infraestrutura, mobilidade e afins, mas esse desenvolvimento deve ser entendido por dois pontos distintos, sendo um positivo e um negativo. É fato que o crescimento de uma cidade agrega inúmeros benefícios uma vez que atrai mais investimento, que por sua vez atrai mais emprego e que por sua vez atrai mais dinheiro, ou seja, ponto positivo.

Mapa da Região Metropolitana de São Paulo e indicação de deslocamentos. FONTE: o autor.

deslocamento pelos quais muitas pessoas passam, por viverem afastadas do centro, então, ponto negativo. Foi pensando em questões como a dificuldade e a

Porém, quanto mais a cidade cresce, mais crescem também os deslocamentos que a população necessita fazer em busca desse “desenvolvimento”, logo, está se falando em passar horas em transporte público para chegar ao trabalho e/ou estudo, e depois

desigualdade social na distribuição de empregos e equipamentos de caráter essencial à população que a Prefeitura de São Paulo aprovou, em 31 de julho de 2014 a Lei do PDE (Plano Diretor Estratégico), como uma forma de orientar o desenvolvimento e o crescimento da

passar mais algumas horas para voltar, num desgastante

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cidade a fim de garantir melhoria na qualidade de vida da população

pessoas e inovação na gestão municipal, contemplando todas as

de todos os bairros.

áreas da administração, como zeladoria e manutenção urbana,

Em busca de atender uma demanda que se fazia necessária, o Plano Diretor dividiu a cidade de São Paulo em Macrozonas e

melhorias na infraestrutura da cidade e redução da vulnerabilidade da população mais carente.

Macroáreas, apresentando características e objetivos urbanos,

Entre essas metas que englobam a redução da

sociais, ambientais e econômicos, levando em consideração sistemas

vulnerabilidade da população mais carente encontram-se os

urbanos e ambientais, assim como as características do meio físico.

projetos da SMDHC, (Secretaria Municipal de Direitos Humanos e

Neste sentido, a proposta deste projeto (Centro de

Cidadania), ampliando e qualificando os Centros de Cidadania

Assistência e Acolhimento LGBTI+) é a construção de um

Temáticos, entre eles os Centros de Cidadania LGBT, que hoje são 4

equipamento urbano de caráter social em um terreno de área central

na cidade de São Paulo.

que encontra-se, em uma Macrozona de Estruturação e Qualificação

Um dos projetos propostos é a expansão em uma unidade

Urbana, ou seja, uma área que está situada integralmente em zona

do Centro de Cidadania LGBT e a integração do Transcidadania¹ aos

urbana, que apresenta grande diversidade de padrões de uso e

Centros de Cidadania LGBT, com o objetivo de expandir o

ocupação do solo, desigualdade socioespacial, padrões diferenciados

atendimento à população trans. Os dados oficiais estão no caderno

de urbanização e é uma das áreas do Município mais propícias para

do Programa de Metas da Cidade de São Paulo 2017/2020 e podem

abrigar os usos e atividades urbanas.

ser acessados no site da Prefeitura.

Em abril de 2019, a Prefeitura da Cidade de São Paulo

___________________________________________________________________________________ 1Transcidadania:

anunciou o Programa de Metas para o biênio 2019-2020, uma série de três eixos fundamentais para o cuidado da cidade, proteção das

Projeto de reinserção social que tem como proposta fortalecer as atividades de colocação profissional, reintegração social e resgate da cidadania para pessoas trans (travestis, mulheres e homens transexuais) em situação de vulnerabilidade, atendidas pela Coordenação de Políticas para LGBTI+. FONTE: Prefeitura de São Paulo.

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Além destes centros, a Prefeitura disponibiliza duas Unidades Móveis de Cidadania LGBT que percorrem toda a cidade atuando na prestação e atendimento jurídico, psicológico e de serviço social, além de realizar debates, palestras e seminários voltados exclusivamente à população LGBTI+. Anteriormente, mais precisamente no ano de 2016, a Prefeitura instituiu seu Plano Municipal de Políticas para a População de Rua, sendo mais um instrumento de planejamento para políticas municipais voltadas à população de quem vive nesta situação. Neste mesmo ano a prefeitura divulgou que quase dezesseis mil pessoas viviam em situação de vulnerabilidade, sendo pouco mais de 8.500 em centros de acolhimento e 7.330 em vias e espaços públicos e que, segundo matéria veiculada no portal de notícias G1 (2016), entre 5,3% e 8,9% dessa população em situação de rua pertencem à comunidade LGBTI+. Esses dados são do censo realizado pela SMADS (Secretaria de Assistência e desenvolvimento Social) da Prefeitura, sendo que foi a primeira vez que este levantamento incluiu essa informação específica sobre a comunidade LGBTI+.

Ilustração ressaltando o número de pessoas vivendo em situação de rua na cidade de São Paulo e a média de LGBTIs+ em porcentagem. FONTE: o autor.

Este estudo também aponta que entre a comunidade LGBTI+ a família é fator de exclusão. São vítimas de preconceito que acabam saindo de seus núcleos familiares e que tem índices de violência superiores. Isso levou e ainda leva à necessidade de criação de Centros de Acolhimento LGBTI+, pois ainda que exista violência entre a comunidade que vive em Centros de Acolhimento, essa é menor que

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a comparada a comunidade que continua vivendo nas ruas e essa porcentagem ainda não é estimada nos dias atuais.

Entende-se, então que a população LGBTI+ em situação de rua nos dias atuais pode ser proporcionalmente superior uma vez

Dois anos depois deste estudo, a Prefeitura de São Paulo

que, apesar de existirem avanços nas políticas públicas voltadas para

abordou mais de 105 mil pessoas nas calçadas da cidade, de acordo

a população LGBTI+, a realidade é alarmante já que o Brasil vive

com a base de dados disponibilizada pela Prefeitura e divulgada pelo

tempos sombrios acerca do assunto.

jornal Folha de São Paulo (2018).

Vale ressaltar que se trata apenas de uma previsão com base

Trata-se de um aumento de 88% da população em situação

nas relações sociais que envolvem a recepção da comunidade

de rua (mesmo que esse número de indivíduos não represente

LGBTI+, sendo assim, não existe estatística comprovada de que o

necessariamente a quantidade exata de pessoas vivendo nas ruas,

número de LGBTIs+ em situação de rua seja superior ao que foi

uma vez que parte dessa população abordada é de moradores de

apresentado em 2016.

periferias que passam os dias no centro pedindo doações, mas que,

Além da família ser um fator de exclusão, outra coisa que

eventualmente voltam para suas casas na periferia ou até mesmo em

certamente influenciou e ainda influencia que cada dia mais

outras cidades).

tenhamos LGBTIs+ em situação de rua é o fato de o país viver uma

Os parágrafos acima demonstram que, apesar da veracidade

ligeira regressão quando o assunto é diversidade de gêneros, fato

dos dados levantados pela Prefeitura de São Paulo, estes estão

esse que vêm sendo colocado à tona e sem censura até nas palavras

defasados já que o último censo realizado que aborda a situação

do próprio Presidente do país e por seus representantes legais.

socioeconômica da população foi feito em 2015, incluindo LGBTIs+

Uma comunidade tão marginalizada como essa não

apenas em 2016 e mesmo tendo dados atualizados no ano de 2018,

consegue viver na sua total tranquilidade apenas com o que a

estes não contemplam a parcela de LGBTIs+.

Prefeitura de São Paulo oferece hoje.

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Não basta apenas incorporar equipamentos e programas

Centros de Acolhida à Pessoas em Situação de Rua recebem

públicos já existentes, é preciso criar novos equipamentos de

usuários provisoriamente para pernoite ao mesmo tempo que

acolhimento para essa população a fim de fornecer toda a assistência

garantem a proteção do mesmo, contribuindo para sua reinserção na

devida, assim como uma possibilidade de formação, dentro de um

sociedade, oferecendo salas de atendimento individual, atividades

espaço que seja também de moradia, mesmo que provisória.

coletivas, comunitárias, refeitório para alimentação e lavanderia.

As políticas sobre os tipos de Rede Assistencial da cidade de

As Repúblicas possuem um atendimento mais especializado,

São Paulo seguem as diretrizes da SMADS, caracterizando a rede

dando a possibilidade de encaminhar os usuários a outros serviços e

como de serviços prestados com respectivos recursos humanos

consequentemente benefícios da rede socioassistencial, oferecendo

necessários para operar cada equipamento.

um tempo de permanência pré-estabelecido e com possibilidade de

Os parâmetros que são apresentados para que cada

prorrogação.

equipamento deva funcionar e o que cada um precise para que seu

Então, por meio deste acompanhamento, além da acolhida,

funcionamento seja pleno são apresentados por essa rede que

as Repúblicas se apresentam como mais eficazes na reinserção do

entende como cada público deve ser atendido.

usuário na sociedade e também na conquista de sua autonomia uma

Nesse sentido é importante ressaltar que um Centro de

vez que oferecem quartos e espaços para alocação de seus

Assistência e Acolhimento para LGBTI+ pode (e deve ser) um

pertences, espaços para banho e higiene, cozinha e estar de forma

equipamento que incorpore não uma ou duas, mas várias normas de

individual, além de orientações individuais e também coletivas.

outros equipamentos como Centros de Acolhimento à Pessoas em

Por fim, os Centros de Referência da Diversidade, que não

Situação de Rua, Repúblicas e Centros de Referência da Diversidade,

oferecem a opção de acolhimento, mas fornecem apoio ao LGBTI+

por exemplo.

em situação de vulnerabilidade e risco, tendo como objetivo a

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inclusão social e geração de renda aos usuários através de serviços

social que, acima disso, abraça o bairro em que se insere e abre suas

de apoio psicossociais, estimulação do empreendedorismo,

portas para uma demanda local, seja LGBTI+ ou não.

cidadania e autonomia do usuário, configurando-se mais como um serviço de atendimento semanal, com hora marcada dentro de horário comercial. Estas definições estão dispostas na Portaria nº 46 da SMADS (2010). Sendo assim, fica evidente que um Centro de Assistência e Acolhimento LGBTI+ é muito maior que somente as atividades que dizem respeito a um único equipamento social. Ele se caracteriza pela inserção de diversas atividades remanescentes de diferentes equipamentos, se adequando às necessidades de seus usuários, oferecendo um espaço que propõe a integração de atividades visando o acolhimento, o atendimento, o acompanhamento e a orientação, além de atividades culturais, educacionais, sociais e de saúde.

Ilustração que demonstra a qualidade na soma dos diferentes equipamentos socias. FONTE: o autor.

Tudo isso no mesmo espaço em que também ficam suas moradias, sem deixar que esta última atividade impeça que outros

Diante de tudo que foi apontado, fica evidente que a

usuários façam uso dos serviços oferecidos pelo Centro, mesmo que

comunidade LGBTI+ luta diariamente contra uma discriminação e

estes ali não residam, já que trata-se de um equipamento de caráter

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preconceitos dos quais se tornam muito piores a partir do momento

1.2 – ANÁLISE URBANA

em que essa comunidade vive em situação de rua. Estes são vistos como marginais, promíscuos e até mesmo

É fundamental que qualquer projeto arquitetônico seja

doentes, apenas por serem quem são e isso afeta de forma direta

baseado em uma análise urbana, pois sem esta não há sentido em

suas oportunidades e a reinserção na sociedade, levando-os a

implantar qualquer equipamento público na cidade, seja onde for.

realmente acreditar que são o que as pessoas dizem: marginais, promíscuos e doentes.

Uma cidade com as proporções de São Paulo requer não somente uma análise urbana, mas uma análise local e detalhada, que

Essa comunidade precisa de respeito, mas diante do que

investigue as dinâmicas a nível do pedestre e que, a partir desta

vivem hoje, é necessário reconhecer que precisam de ajuda e de um

investigação estabeleça suas primeiras diretrizes, não somente

atendimento específico, por isso a necessidade de um espaço que

projetuais, mas de relação com o espaço e com seus usuários.

além da promoção da assistência, também seja seguro aos usuários,

Essa análise não deve se pautar apenas em dados e

promovendo a orientação necessária e todos os demais incentivos

estatísticas, mas em uma sensibilidade do arquiteto urbanista que

dos quais esta comunidade vem sendo privada, garantindo que a

vive e sente a cidade.

mesma tenha aceitação e participação na sociedade.

É se colocar como cidadão e usuário desta cidade para que, com os conhecimentos técnicos entender o que é necessário fazer e o que podemos fazer, dentro do escopo da arquitetura e do urbanismo.

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1.2.1 – REGIÃO

região central encontra-se hoje consolidada, com uma rica demanda de infraestrutura e caracterizada por uma grande diversidade de

Uma vez citada a área central como escolhida para a

comércios, serviços e equipamentos e, logo, ainda concentra uma

implantação do projeto, é essencial dizer que esta não foi escolhida

grande parte da população paulistana, sendo que a Santa Cecília é o

por acaso já que o centro é hoje, resultado de um desenvolvimento

bairro central que apresenta maior número, com quase 84 mil

e evolução da cidade, que vem acompanhando diretrizes de

habitantes, segundo último Censo (2010).

diferentes épocas e que resultam na morfologia atual.

Apesar disso, é importante ressaltar que os dados do Atlas

Em um breve resumo histórico, vale lembrar que a área

Socioassistencial da Cidade de São Paulo (2015) apontam que a área

central faz parte do início da verticalização e expansão urbana do

da Prefeitura Regional da Sé, que compreende entre outros distritos,

município, valorizada por sua localização privilegiada e pela grande

o da Santa Cecília, é a região com maior número de População de

oferta de moradia, serviços e emprego.

Rua, sendo 7.180 habitantes, o que compreende 45% da população

Foi uma área extremamente nobre até meados do século

de rua de toda a cidade de São Paulo.

XX, mas que, com o passar do tempo sofreu com a desvalorização e

Comparados os dados com o IPVS (Índice Paulista de

o esvaziamento da população, acabando por se degradar, tendo se

Vulnerabilidade Social) (2010), percebe-se que a região central além

intensificado, em partes, pela construção da Via Elevada em 1970,

de apresentar maiores focos de vulnerabilidade social, ainda é

mais conhecida hoje pelos paulistanos como Minhocão, o que

dividida e os índices diminuem a partir da divisão marcada pelo

consequentemente causou uma visível (até hoje) divisão no bairro,

Minhocão, evidenciando o quanto este projeto dos anos 1970 ainda

observado por Saconi (2013).

é um separador de classes na região e que atualmente, além disso,

Apesar da desvalorização e o consequente esvaziamento, a

se tornou o teto de parte destes 45% de moradores de rua da cidade.

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1.2.2 – BAIRRO

Fica claro a partir da análise macro da região que o centro, apesar do esvaziamento e perca de interesse, foi uma região da cidade que soube se reerguer e se consolidar e hoje, certamente, apresenta inúmeras características que o tornam um dos melhores lugares da cidade para se viver, se unidos a benefícios como infraestrutura e transporte. De alguns anos para cá, mais especificamente de 2014, quando se instituiu o Plano Diretor da Cidade de São Paulo, essa região foi privilegiada por uma série de projetos de estruturação e qualificação urbana, sendo alvo não somente de empreendimentos privados,

mas

de

equipamentos

públicos

necessários

ao

desenvolvimento da metrópole, muitos deles implantados no bairro da Santa Cecília devido às reais condições e necessidades que este apresenta. Foi a partir destes dados coletados que as intenções projetuais deste trabalho se voltaram para a Santa Cecília, pois além Ilustração ressaltando os dados apresentados pelo Atlas Socioassistencial da Cidade de São Paulo. FONTE: o autor.

de concentrarem uma grande parcela de pessoas em situação de

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vulnerabilidade, uma expressiva parte destas compreende LGBTIs+,

É possível observar também, mesmo que ainda na análise

que por sua vez, vivem em peso neste bairro e que precisam ser

macro, uma consolidação que demonstra um entorno com poucas

vistos com novos olhos pelos programas sociais da prefeitura.

áreas

vazias,

das

quais,

as

que

ainda

existem

são

predominantemente ocupadas por estacionamentos com previsão de construção de novos empreendimentos, uma vez que a região vem sofrendo um boom imobiliário, já que trata-se de uma área de estruturação que realmente vêm se estruturando, muitas delas impulsionadas por projetos que sequer existem ainda, como o Parque Minhocão, que promete desativar o elevado e apostar em um parque suspenso, aos moldes do HighLine, na cidade de Nova Iorque, com oferta de áreas verdes e lazer, o que certamente é um dos pretextos de venda das novas unidades residenciais surgindo e que, mesmo sem a certeza de sua construção, vem causando uma supervalorização da região. Nada que vem dessa especulação imobiliária acerca do bairro de Santa Cecília é por acaso. Apesar da grande possibilidade de gentrificação do bairro, características físicas e ambientais chamam atenção e o tornam visado diante de novos projetos, seja de No mapa acima observa-se o limite do município de São Paulo, separado por Zonas, com zoom para a região central e foco no Distrito de Santa Cecília, onde se encontra o projeto. Sem escala. FONTE: o autor.

cunho social ou não.

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No mapa à esquerda é possível observar um recorte em escala metropolitana trazendo um panorama geral de bairros que fazem divisa com a área estudada e tem foco nos principais equipamentos urbanos próximos, modais de transporte, áreas de lazer entre outras coisas. No canto inferior esquerdo apresenta um fluxograma esquemático com a direção da migração da população da Cracolândia para outras áreas da cidade, principalmente para bairros como Campos Elíseos, Santa Cecília e República. Sem escala. FONTE: o autor.

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1.2.3 – ENTORNO IMEDIATO

reabilitar áreas deterioradas e subutilizadas (2014), objetivos que se fundem com as diretrizes do projeto do Centro de Assistência e

Uma vez entendida um pouco da dinâmica do bairro de

Acolhimento LGBTI+.

Santa Cecília, se faz necessária uma análise local a fim de investigar

Já em relação ao uso do solo e gabarito, é evidente uma

aspectos que estão mais próximos do pedestre, ao alcance dos olhos

diversidade, principalmente nos usos, uma vez que a partir do estudo

de cada um que por suas calçadas caminha. Portanto é com esse

de análise urbana, pode-se levantar uma grande variedade de usos

objetivo que esta análise busca esmiuçar tudo que foi abordado

mistos, muitos deles de edifícios remanescentes dos anos 1960 e

anteriormente.

1970, quando nem se fazia uso de recuos e as construções se colavam

Enquanto a análise urbana mostrou a localização em um contexto geral como sendo parte integrante da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, a análise local acrescenta que o bairro

encontra-se

em

uma

Macroárea

de

Estruturação

Metropolitana, que tem como diretrizes promover transformações no espaço urbano, nas condições de uso e ocupação do solo e na base econômica, como foi brevemente dito anteriormente.

às calçadas, trazendo uma variedade de comércios ao nível do pedestre e habitações logo acima. Isso ainda é muito comum atualmente, salvo os novos empreendimentos que hoje, seguem diretrizes impostas pelas leis de zoneamento. Com relação aos equipamentos urbanos, a Santa Cecília possui vasta concentração de equipamentos culturais, de educação,

Porém, o Plano Diretor estabelece que os objetivos

esporte, lazer, segurança, saúde e sociais, se tornando um bairro mais

específicos para essa Macroárea giram em torno de fortalecer o

que privilegiado, uma vez que também é bem atendido de

caráter de centralidade, estimular a provisão habitacional de

infraestrutura, com diversas opções de transporte público de grande

interesse social para população de baixa renda e requalificar e

capacidade, como corredores de ônibus e linhas de metrô, sendo as

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estações Marechal Deodoro e Santa Cecília (principalmente), Linha 3

desestimulado o uso do carro; algo que vêm acontecendo também

– Vermelha as mais próximas do terreno escolhido, fazendo

no Minhocão, uma vez que a partir das 20h (de segunda à sexta, e

integração com várias outras linhas de trem e metrô, facilitando o

finais de semana), este é aberto apenas a pedestres.

deslocamento da população do bairro. Além disso, existem terminais de ônibus como o Amaral Gurgel, que se ocupa embaixo do Minhocão e o Terminal Princesa

Na página seguinte (32) é possível visualizar um mapa que demonstra a morfologia urbana citada nos parágrafos anteriores, a seguir, o trabalho segue com o item “Análise do Terreno”.

Isabel algumas quadras acima, sem contar os pontos de ônibus localizados na Av. São João, com linhas estratégicas para os quatro

1.3 – ANÁLISE DO TERRENO

cantos da cidade. Ainda falando de infraestrutura de transporte, o bairro

O terreno em questão, escolhido para abrigar o Centro de

conta com quilômetros de ciclovias que se ligam a diferentes pontos

Acolhimento e Assistência LGBTI+ está situado na Rua Ana Cintra, nº

da cidade, facilitando a vida de quem prefere se locomover de

233 e Rua Dr. Frederico Steidel, s/n, Sta. Cecília, São Paulo, SP.

bicicleta, o que também só vem a agregar.

Este, certamente não foi escolhido apenas por ser um

Com relação a situação ambiental, o relevo do bairro é

terreno vago no bairro de Santa Cecília, mas por suas qualidades que

relativamente plano, se comparado com o restante da cidade e seu

garantem possibilidades diversas de implantação, permeabilidade,

entorno concentra pequenas porções de áreas verdes, bem

integração com características já existentes no bairro, assim como

distribuídas entre si.

uma possível requalificação de uma parte da borda do Minhocão, já

Outra coisa interessante de ser observada no bairro é que, por ele ser bem atendido por uma infraestrutura de transporte, é

citado anteriormente e que é responsável, até hoje, pela separação da região em duas.

31


No mapa à esquerda é possível observar o entorno imediato do terreno escolhido para o projeto, que demonstra a relação de cheios e vazios, as principais vias, a intensidade de seus fluxos e também a qualidade do passeio do pedestre pelo entorno. O mapa demonstra também uma considerável quantidade de terrenos vazios e estacionamentos, visados para novos empreendimentos no bairro, como apontado anteriormente no texto. Sem escala. FONTE: o autor.

32


Com relação ao zoneamento, o terreno encontra-se em uma

Neste caso, vale ressaltar que o terreno, que tem 1.466m²,

área de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) que são

está hoje vazio, sendo ocupado por um estacionamento na borda da

estabelecidas pelo PDE como locais para a promoção de normas

alça de acesso do Minhocão, com saída para a Rua Ana Cintra e para

próprias de uso e ocupação do solo, destinadas predominantemente

a Rua Dr. Frederico Steidel.

à moradias para pessoas de baixa renda, sendo especificamente o terreno compreendido por ZEIS-3, áreas com ocorrência de imóveis ociosos, subutilizados, não utilizados, encortiçados ou deteriorados, localizados em regiões dotadas de serviços, equipamentos e infraestrutura urbana, boa oferta de empregos, onde aja interesse público ou privados em promover Empreendimentos de Habitação de Interesse Social, como no caso de Santa Cecília, já demonstrado. Portanto fica evidente que o local escolhido para o projeto assim como a previsão do que será construído atende às expectativas estabelecidas pelo Plano Diretor de São Paulo para a região (2014). Uma vez expostas as leis do Plano Diretor assim como o zoneamento que incorpora o terreno escolhido, é interessante voltar a uma análise a nível do pedestre, já que é de extrema importância entender a dinâmica local a nível dos olhos e quais as sensações que esse entorno imediato causa.

Croqui em perspectiva do terreno vazio, apresentando alguns dados básicos. Sem escala. FONTE: o autor.

33


Essa característica por si só, poderia ser um item de exclusão

A questão da insolação no terreno foi mais que

deste terreno devido as grandes dificuldades de implantação de um

determinante, pois em estudos feitos em diferentes períodos do ano,

edifício em um terreno com C.A. (Coeficiente de Aproveitamento

trabalhando em horários diversos entre nascer e pôr do sol,

Máximo) 4, ou seja, que chega a uma metragem total de quase 6 mil

observou-se que o terreno não recebe grande incidência de

m², onde o alto fluxo da rua e os ruídos do Minhocão poderiam

sombreamento como na imagem a seguir:

atrapalhar sua dinâmica. Outra questão de extrema importância e que virá a agregar muita qualidade ao projeto é o fato de que ao lado do terreno existe um “resto” de terreno público, com uma quadra poliesportiva e uma quantidade relevante de árvores de grande porte, porém este encontra-se hoje murado, mas não trancado, com um pequeno acesso. Esse resto de terreno é uma ponte entre o terreno do projeto e o Minhocão acima, assim como o Terminal Amaral Gurgel ao lado. Além disso, outros fatores foram condicionantes na escolha do terreno, como por exemplo a sua topografia. Esta é totalmente plana (cota 737) e, de certa forma, foi fundamental para a implantação do edifício. Estas características também serão melhor abordadas no Capítulo 2, item 2.1 – Partido Arquitetônico.

Croqui esquemático de incidência solar no terreno em diferentes horas e estações do ano. Sem escala. FONTE: o autor.

34


Tais características também foram condicionantes de projeto, mesmo assim, pensando pelo lado de que talvez muito sol

funcionando exclusivamente como área de lazer, trazendo vida noturna à região, algo extremamente necessário.

incidindo também pudesse atrapalhar aspectos projetuais, observa-

Apesar disso, essa característica do Minhocão não foi levada

se uma quantidade relevante de vegetação (principalmente árvores

em consideração no processo de elaboração do projeto

de grande porte) que auxiliam no controle de temperatura em partes

arquitetônico, uma vez que uma das diretrizes do projeto foi

específicas do terreno.

entender o Minhocão na sua dinâmica atual e não sobre o que é

Sobre o fluxo de pessoas em torno do terreno, vale ressaltar

previsto para ele.

que a estação de Metrô Santa Cecília, por exemplo, que fica

Todas essas características são elevadas a um nível de

praticamente ao lado, bastando apenas atravessar a rua, garante

qualidade muito maior quando se é observado que a região já tem

uma movimentação que se faz necessária nessa região, sem que tal

muita qualidade de vida devido a infraestrutura existente.

fluxo intenso atrapalhe entradas e saídas no terreno.

Uma vez entendida a dinâmica do bairro, assim como a

Além disso, o comércio também estimula uma convivência

dinâmica local, o entorno do terreno, as características aqui

mais dinâmica e passeios mais seguros, o que serão melhor

levantadas foram determinantes na elaboração do partido

explorados com a chegada do Centro de Assistência e Acolhimento

arquitetônico e este será apresentado no capítulo a seguir.

LGBTI+. É importante frisar também que, apesar dos problemas apontados com relação ao Minhocão, este nem sempre deve ser visto como um problema para a região, uma vez que, de uns anos pra cá ele passa a ser oficialmente chamado de Parque Minhocão,

35



2.1 – PARTIDO ARQUITETÔNICO

devido aos muros altos. Esta certamente foi a primeira das intenções projetuais: a melhora da qualidade das ruas a qual o projeto se

O Centro de Assistência e Acolhimento LGBTI+, Santa Cecília,

relaciona.

SP parte da ideia de que qualquer projeto arquitetônico, principalmente de caráter social, deve ter sua necessidade estudada e entendida a partir da ótica dos reais dados apresentados pela cidade. Neste sentido, o projeto tem como pilar fundamental a necessidade deste equipamento urbano no bairro de Santa Cecília, sendo que o terreno escolhido foi o que mais determinou as principais diretrizes projetuais deste. Os itens anteriormente analisados como a relação com o Minhocão, a topografia, a insolação e permeabilidade foram os principais aspectos que influenciaram na dinâmica do edifício e como ele se relaciona com seu entorno. Sendo assim, o terreno, que possui acesso por duas ruas desenha em sua forma uma opção de permeabilidade necessária, uma vez que uma destas ruas (Dr. Frederico Steidel), possui hoje baixo fluxo de pessoas e é desinteressante e até mesmo perigosa,

Croquis esquemáticos de desenvolvimento do partido arquitetônico a partir do desenho do terreno. Sem escala. FONTE: o autor.

37


Isso não só permite uma permeabilidade necessária, como intensifica uma sensação de segurança à borda do Minhocão, já que

suas habitações. Claro, é primordialmente destes, mas é também de uso da população do bairro que sinta a necessidade deste.

esta parte específica do elevado se encontra em uma situação de degradação. O “resto” de terreno que é citado no capítulo anterior, agora se

incorpora

ao

terreno

do

projeto,

aumentando

essa

permeabilidade e promovendo uma praça de lazer ao projeto, ao mesmo tempo que beneficia a alça de acesso ao elevado. Assim, o projeto se alinha ao desenho do terreno e começa a definir uma forma que então foi entendida, primeiramente como o embasamento do edifício; embasamento porque trata-se de um edifício de uso misto, sendo, além de um equipamento público, um espaço de moradia. O embasamento é definido por usos públicos e semipúblicos, dispostos em térreo + quatro pavimentos, enquanto duas torres, com 9 andares cada, definem o que é privado no projeto, deixando visualmente muito bem marcada essa separação. Isso existe e é interessante frisar o porquê, pois o uso público do edifício não é apenas para as pessoas que ali residem em

Croquis esquemáticos de desenvolvimento do partido arquitetônico a partir do desenho do terreno e possibilidades de união com a esquina vazia e mais opções de permeabilidade. Sem escala. FONTE: o autor.

38


O embasamento possui, então, áreas de acesso livre ao público, e áreas de acesso controlado, do qual é definido como “semipúblico”, pois é público a todo e qualquer morador deste equipamento, mas não ao público externo. Já as torres, que são duas, estão dispostas uma em cada ponta do embasamento, de forma que suas orientações tenham a fachada principal voltadas ao lado leste da cidade, sendo privilegiadas pelo sol da manhã. Essa opção de projeto foi pensada ignorando a vista principal para o Minhocão, pois como foi dito anteriormente, as intenções arquitetônicas deste projeto levam em consideração a situação atual da Via Elevada. As duas torres estão conectadas a um único núcleo rígido que, por sua vez se encontra no centro do projeto, ligado a elas por passarelas metálicas que atendem todos os pavimentos. Essa ideia surge da necessidade da disposição dos apartamentos para a fachada leste, dessa forma, as torres se afastam uma da outra e a forma encontrada para que ambas tenham uma relação foi a conexão através das passarelas.

Croquis esquemáticos de desenvolvimento do partido arquitetônico a partir do desenho do terreno e possibilidades de definição de uma forma para o edifício. Sem escala. FONTE: o autor.

39


Uma vez que se perdeu a vista principal das janelas para o lado sul da cidade, as passarelas fazem a vez, dando ao morador o visual da cidade através do caminho entre o núcleo rígido e as torres. Além disso, esse distanciamento entre as torres também foi necessário, pois o embasamento que sustenta ambas é provido de um vazio de 14x06 no meio. Esse vazio no centro do embasamento se mantém privilegiado, pois garante ao edifício melhor qualidade de percurso e claro, luz natural, já que este tem maior proporção na ocupação do terreno. Portanto pode-se entender que o partido arquitetônico, neste caso, se aproximou muito mais de alcançar um resultado formal a partir do estudo das características físicas do espaço no qual o edifício foi implantando, deixando assim que estes desenhassem e definissem os espaços do edifício. O reflexo desse estudo tem como resultado um edifício que conversa com as possibilidades de permeabilidade, de diferentes acessos e de espaços que contemplem qualidade ao entorno, tornando a borda do Minhocão um espaço mais atraente.

Croqui do edifício, em perspectiva, demonstrando o resultado final da forma com as passarelas que, inclusive, seguem a mesma direção da permeabilidade do térreo. Sem escala. FONTE: o autor.

40


2.1.1 – IMPLANTAÇÃO

população vulnerável, a ideia aqui é entender que trata-se de um projeto feito para tal população, e claro, para a cidade e por assim

É interessante separar a implantação como sub item para que se possa entender de forma mais direta as intenções projetuais

ser, qualquer pessoa tem o pleno direito de estar ali, seja apenas por estar ali embaixo, seja apenas cruzando entre ruas.

para o térreo do edifício e o porquê das decisões tomadas para este.

O arquiteto urbanista é, muitas vezes questionado na cidade

Um terreno que apresenta uma possibilidade de

de São Paulo sobre trabalhar térreos vazios e abertos, pois, por ser a

permeabilidade tem grande potencial. Esse potencial é visto para

cidade que concentra os maiores índices de pessoas vivendo em

este terreno como uma das maiores qualidades do projeto, visto o

situação de rua, entende-se que locais como este serão atraentes,

local de sua implantação.

tão mais que morar embaixo de uma ponte, por exemplo.

A Santa Cecília é hoje um bairro cortado pelo Minhocão e

Fato é que, se todo projeto na cidade de São Paulo tiver que

este, além da separação do bairro, funciona como abrigo a pessoas

ser cercado porque um morador de rua pode ocupar este espaço, não

em situação de vulnerabilidade social.

vai existir mais nada livre na cidade. Livre no sentido de ser

O terreno está exatamente ao lado do Minhocão, em um dos

livremente fácil de acessar, independentemente do local e horário.

pontos onde há grande concentração da população alvo deste

Portanto, o térreo do Centro de Assistência e Acolhimento

projeto, portanto não faria sentido algum não proporcionar um

LGBTI+ é livre e não tem a intenção de ser fechado em nenhum

espaço acolhedor a essas pessoas.

momento do dia.

Pensando nisso, a primeira decisão tomada com relação à

Trata-se de empatia com a população em situação de rua e

implantação é a de que o projeto não será cercado. Não está sendo

empatia com a cidade, com a forma como esta é encarada, como

colocada em discussão o quanto essa decisão poderá atrair

usamos suas oportunidades de permeabilidade e afins.

41


Este desenho demonstra uma possibilidade de implantação do terreno trazendo uma proposta de quadra aberta, com diferentes possibilidades de acesso e onde não há nenhum tipo de fechamento, sendo suas passagens inteiramente livres, independente do horário do dia. As flechas escuras indicam as possibilidades de permeabilidade entre o terreno do projeto, as ruas envoltas e o terreno da praça proposta. Sem escala. FONTE: o autor.

42


Aliás, permeabilidade é uma palavra que não deveria ser usada em lugares que limitam o horário desta, pois então não existe permeabilidade e sim passagem controlada. Por estas opções, o térreo apresenta usos públicos e que se integram à praça proposta no que antes era apenas uma esquina abandonada, um resto de terreno, ampliando essa oportunidade de passagem, elevando-a a nível de passeio. Passa-se, então, a falar sobre ofertas de qualidade a áreas onde as pessoas tinham medo de passar e que agora pretendam ocupar, por escolha e não por conveniência. Uma implantação que traz usos como salas multiuso, galerias comerciais, café em um espaço aberto à cidade, como uma forma de convite às pessoas a adentrarem ao local, a fazerem uso dos serviços, ou apenas apreciarem o local, o paisagismo, o pé direito duplo com deck.

Croqui esquemático do projeto em volume 3D com entorno em planta baixa e possibilidades de permeabilidade e acesso. Sem escala. FONTE: o autor.

É então a partir deste térreo que a população cruza entra as Ruas Ana Cintra e Dr. Frederico Steidel, sobe a passarela que dá

aprecia a vista do vazio proposto pelo embasamento, ou então,

acesso ao deck do café e tem uma vista privilegiada da praça

apenas ocupa o espaço como área de lazer do edifício ou como uma

proposta, sobe ao pavimento de serviço, ao educacional enquanto

área de respiro do Centro Cultural do Folias (que está ao lado).

43


2.2 - PROGRAMA ARQUITETÔNICO

conceitos, reúna as melhores qualidades de cada um em um único lugar, assumindo usos comerciais, residenciais, de lazer e de serviços,

O programa arquitetônico do projeto é pensado de forma

separando-os, mas também unindo-os em um único modelo de

que seus usos possam ser públicos, semipúblicos e privados, uma vez

edifício multifuncional, com embasamento e torres e assim,

que este tem, como dito no item anterior, um térreo todo livre e um

proporcionando o conceito de quadra aberta, através do térreo livre.

embasamento que abriga serviços e, acima, torres residenciais.

As passarelas que ligam as torres residenciais ao núcleo

Assim, o projeto, em sua totalidade, se inspira em princípios

rígido de escadas e elevadores foram livremente inspiradas no

já existentes que vão de galeria comercial até quadra aberta, com o

projeto de Passarelas Urbanas, do arquiteto Vilanova Artigas que são

objetivo de alcançar uma fruição no espaço urbano.

passarelas em estrutura metálica que cruzam avenidas e que,

Nas palavras de Adilson Costa Macedo, Maria Isabel Imbronito e Jessica Caroline Cavaletti para a revista Arquitextos, do

segundo Rosa Artigas, por serem estruturas leves, são de fácil montagem (2015).

Vitruvius: “os espaços públicos (...) são princípios endossados,

O projeto tem, então, embasamento e duas torres, sendo o

ampliados e aceitos pela sociedade (...) estimulam um estilo de vida

embasamento a parte que abriga os usos públicos, como salas

saudável, trazendo o caminhar, a permanência e o convívio em

multiuso, café, auditório informal, além de pavimentos que

lugares agradáveis” (2019).

contemplem, exclusivamente usos educacionais, assistenciais e de

Sendo assim, o projeto do Centro de Assistência e

apoio às torres residenciais.

Acolhimento LGBTI+ se inspira em grandes obras já construídas como

Desta forma, o programa de necessidades do projeto se

a Galeria Metrópole, o Conjunto Nacional, o Brascan Center e a Praça

divide e se espalha de maneira que o acesso à áreas de apoio dos

das Artes (todos na cidade de São Paulo) para que a partir de seus

moradores seja de uso restrito à sua população, ficando portanto no

44


pavimento mais próximo a este e que usos como a área educacional

Inclusive, seguindo a dinâmica deste pavimento, o auditório

e assistencial sejam mais públicas, pois não atendem somente à

se propõe a ter uma organização mais dinâmica e fluída, com opções

população do edifício.

de arquibancada e, cadeiras que podem ser inseridas ou tiradas do

Assim, o térreo é predominantemente público, uma vez que,

espaço, assim como o palco móvel. Outra característica são as

além da ausência de gradis nos limites do terreno, possui conexão

divisórias retráteis que podem ser abertas ou fechadas, dependendo

com a praça proposta e oferece comércio, lazer e espaços que podem

da necessidade do evento a ser realizado ali.

ser multiuso, além de abrigar também a área de carga e descarga,

Além disso, o primeiro pavimento pode ser entendido

com acesso proposto pela Rua Dr. Frederico Steidel, pois trata-se de

também como um pavimento de apoio, pois abriga tudo que engloba

uma rua mais tranquila, com fluxo menos intenso de veículos.

a área administrativa, sendo uma área de espera, recepção, sala de

O primeiro pavimento ainda mantém uma proposta de uso público já que este tem fácil acesso pela rampa, mas também porque

funcionários, coordenação, direção e reuniões, além de um espaço para refeições, todos de uso restrito.

abriga o auditório e tem uma possibilidade de circulação que se transforma em deck, atendendo o café e servindo como área de estar, espaço de contemplação ou o que as pessoas quiserem que seja, sendo um espaço para ser ocupado por todos. Esse deck possui piso de madeira que se estende até a entrada do auditório e administração, como forma de tornar o espaço mais atraente e que convide as pessoas a ocupar, assim como o térreo.

Acima, um recorte da planta do primeiro pavimento onde se vê o deck do café e o auditório informal, respectivamente. Sem escala. FONTE: o autor.

45


O térreo e o primeiro pavimento são as áreas mais

de locação social² e para que isto ocorra, é preciso que sua população

privilegiadas do projeto, pois com o acesso principal dentro de um pé

contribua da forma que pode, porém, é sabido que essa população

direito duplo que foi proposto entre eles, estes dois pavimentos

muitas vezes não consegue se manter em um aluguel, já que, entre

conversam e se completam entre si, estabelecendo conexões físicas

outras coisas, não tem a oportunidade de conquistar um emprego,

e visuais, tanto com outras partes do próprio edifício assim como

pois não tem uma formação necessária para emplacar alguma coisa.

com a nova praça proposta ao lado.

Fornecer amparo educacional à essa população é o mínimo

O segundo pavimento é de uso exclusivamente educacional

que um equipamento desse porte deve fazer, pois sabe-se que a

e este pode ser usado tanto pela população do edifício quanto pela

realidade hoje é que os centros de acolhimento não abraçam a

população externa. Trata-se de uma área que fornece salas de aula,

pessoa em situação de vulnerabilidade social desta forma e é até por

laboratórios de informática, biblioteca, além de salas multiuso e de

isso que muitas dessas pessoas preferem não viver em locais assim.

oficina que podem ter sua metragem dobrada com o mover das divisórias retráteis.

Neste projeto, além do amparo educacional, a população recebe também assistência no que diz respeito à saúde física e

Este pavimento tem, portanto, o intuito de ser um espaço

mental e foi pensando nisso que o terceiro pavimento foi projetado.

que forneça um amparo educacional à população em situação de

Este pavimento possui salas de apoio jurídico, pensando

vulnerabilidade social que fará uso do edifício. Fornecer

acolhimento

à

pessoa

primordialmente na letra T da sigla LGBTI+, uma vez que é comum em

situação

de

que travestis e transsexuais se deparem com problemas para manter

vulnerabilidade, hoje, é um desafio que envolve não apenas dar

seus nomes sociais, entre outras coisas.

abrigo a estas, mas fornecer assistência e formação, portanto este

___________________________________________________________________________________

projeto, só poderia se sustentar plenamente se funcionasse a caráter

²Locação Social: programa da prefeitura de São Paulo que oferta unidades habitacionais a valores acessíveis de aluguel para o atendimento prioritário da população de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social. FONTE: Prefeitura Municipal de São Paulo/Habitação.

46


Além disso, salas de assistência social, acolhimento e

O projeto conta também com lavanderia coletiva, uma vez

atendimento psicológico fazem as vezes na necessidade que essa

que os apartamentos não possuem essa opção e academia, para que

população tem de entender e encarar seus problemas e entram

entre uma atividade ou outra, essa população cuide do corpo,

nesse programa como uma forma de ajudar estas pessoas a ficarem

seguindo sempre as devidas orientações que podem ser fornecidas

bem com elas mesmas, para que possam encarar uma nova vida.

nas salas de atendimento, deste mesmo pavimento.

Salas de odontologia e atendimento clínico prestam serviços

O quarto pavimento é o início das torres residências, sendo

mais específicos sendo que o atendimento clínico, até pela metragem

este o último pavimento atendido pela rampa. A partir deste, o

disposta se propõe apenas a um atendimento mais voltado a buscar

desenho do edifício deixa de ser o grande embasamento e se

um diagnóstico e encaminhar a pessoa ao devido serviço, caso seja

transforma em duas torres, onde se dispõem três tipologias de

necessário.

apartamento.

O terceiro pavimento, além de prestar serviço assistencial,

Neste ficam os apartamentos acessíveis, de 30m², sendo 12

conta com uma área de apoio à população das torres residenciais,

unidades habitacionais dispostas em duas torres, com seis

sendo disposto entre sala de refeições, lavanderia e academia.

apartamentos cada, para uma pessoa. Estes apartamentos, além de

O espaço de refeições merece uma explicação mais ampla, porque apesar de os apartamentos terem cozinhas individuais,

terem layout 100% acessíveis, contam com um conceito aberto, a fim de que a circulação seja mais fluída.

muitas pessoas acostumadas a viver nas ruas levam um tempo a se

Possuem uma fachada voltada às passarelas, onde se faz o

adaptar as suas individualidades, portanto o programa oferece essa

acesso ao apartamento (pela cozinha) e outra fachada, apenas de

área coletiva de refeição a fim que as pessoas se conectem e se

esquadrias, voltada para leste, sendo o quarto, privilegiado pelo sol

conheçam melhor.

da manhã.

47


Croqui da planta com layout do apartamento acessível, com 30m². Sem escala. FONTE: o autor.

A seguir, o Pavimento Tipo 01, (5º, 6º e 7º pavimentos)

Croqui da planta com layout do apartamento stúdio, com 30m². Sem escala. FONTE: o autor.

Mesmo

assim,

segue

a

mesma

configuração

do

abrigam os apartamentos Stúdio, sendo 36 unidades com a mesma

apartamento anterior, sendo o acesso pela cozinha, o banheiro no

metragem do apartamento acessível (30m²), com a diferença que

centro do apartamento e o quarto recebendo luz da fachada leste.

este, por não ter a necessidade do layout acessível, dispõe de mais espaço para abrigar duas camas (pessoas).

O Pavimento Tipo 02, (8º, 9º, 10º, 11º e 12º pavimentos) são compostos pelos apartamentos Padrão, sendo 30 unidades de 60m²,

48


abrigando até quatro camas (pessoas), sem que a disposição de camas seja feita através de beliches. Este apartamento, apesar da metragem de 60m², também mantém um conceito aberto, sendo que o quarto se fecha do restante do apartamento através do desenho dos armários e não por uma parede de alvenaria construída. Isso torna o layout fluído e mantém a mesma proposta do refeitório de uso público: um apartamento que abriga mais pessoas, com espaço amplo onde estas possam se relacionar entre si, receber visitas de familiares, de outras pessoas do próprio edifício, na intenção de estabelecer um convívio social mais inclusivo para estas.

Croqui da planta com layout do apartamento padrão, com 60m². Sem escala. FONTE: o autor.

E, apesar de ser um apartamento grande, busca acolher apenas quatro pessoas por apartamento, pois a ideia não é buscar

A proposta é manter a individualidade da pessoa, mesmo

aquele conceito de alojamentos, com várias camas, mas fornecer um

que esta ainda divida o apartamento, mas de forma muito menor,

acolhimento confortável, conectando os moradores.

ainda estabelecendo relações entre elas e possibilidade de maiores

Não é pelo fato de estas pessoas estarem vivendo em

interações nos ambientes de uso comum.

situação de rua que elas tenham que viver e um abrigo aos moldes

Sendo assim, os nove pavimentos habitacionais se dividem

de um alojamento, dividindo tudo, e é inclusive por isso que muitas

em duas torres, com 39 apartamentos cada, podendo abrigar até 204

destas pessoas não aceitam viver em centros de acolhimento.

pessoas ao mesmo tempo.

49


-HABITACIONAL (acessível, stúdio e padrão) 3.230m² 55,95% do projeto -ASSISTENCIAL 230m² 3,2% do projeto -EDUCACIONAL 530m² 9,0% do projeto -ADMINISTRATIVO 90m² 1,0% do projeto -APOIO 410m² 6,85% do projeto -PÚBLICO 500m² 8,55% do projeto

Croqui esquemático de setorização (acima) e tabela de áreas (direita). Sem escala. FONTE: o autor.

-CIRCULAÇÃO 900m² 15,35 do projeto -TOTAL: 5860m² / 100%

50


Corte esquemático representando a setorização escrita. Sem escala. FONTE: o autor.

51


2.3 - CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

O critério de escolha dos materiais utilizados para a construção deste projeto foi pensado, principalmente, a partir da dinâmica construtiva de edifícios icônicos ao redor do terreno. Mesmo que este seja um edifício novo na paisagem urbana do bairro de Santa Cecília, neste mesmo bairro e em bairros arredores, edifícios como Racy, Copan e Santa Branca, por exemplo, se destacam na paisagem sem que estes sejam exagerados, ou utilizando técnicas e materiais padronizados pelo mercado. Dessa forma, o projeto atual se inspira nessa paisagem para definir seus materiais, o desenho das fachadas e, além disso, revigora esses elementos acrescentando técnicas mais atuais, de forma que ambas conversem entre si. Para o edifício proposto foram pensadas técnicas que giram em torno do concreto armado e do metal, trazendo a utilização do concreto

aparente,

como

aconteceu

em

muitos

edifícios

modernistas, assim como traz a leveza e a juventude das estruturas metálicas, muito utilizado em construções contemporâneas.

Acima, croqui esquemático da malha estrutural adotada para o projeto. Sem escala. FONTE: o autor.

52


Estruturalmente falando, o edifício se organiza em um

Dessa forma se cria uma lógica construtiva, se evita que

sistema viga/pilar de concreto com vãos que giram entre 7m, 8m e

passem pilares no meio dos apartamentos e mantém as vigas, em

9m sendo estas medidas compatíveis com o pé direito de 4m e 3m,

suma maioria, escondidas nas paredes, priorizando também o

do embasamento e das torres, respectivamente.

conceito de apartamento aberto.

O tamanho dos vãos partiu do dimensionamento dos

No embasamento, o programa do edifício teve suas

apartamentos, sendo que a medida dos apartamentos menores

medidas readequadas para que a descida dos pilares não assumisse

(acessível e stúdio) é duas vezes a medida do apartamento maior

o problema de cair no meio de um ambiente, porém no segundo e

(padrão).

terceiro pavimentos, a ponta do edifício voltada a Rua Ana Cintra assume pilares que ficam a uma distância de 1m das paredes. Essa configuração se manteve assim, pois não seria interessante ao projeto recuar as paredes a fim de que os pilares ficassem escondidos, uma vez que isso ocorre em salas amplas como salas multiuso, oficinas, refeitório, academia e lavanderia, onde tais usos permitem que esta configuração se mantenha. Além disso, indiretamente, este sistema se assemelha a uma técnica muito utilizada em construções dos anos 1970, onde os pilares ficavam recuados das paredes, atribuindo certa leveza as fachadas. Croqui esquemático da lógica do tamanho dos vão para os apartamentos. Sem escala. FONTE: o autor.

53


As lajes, que são no estilo grelha beneficiam vãos maiores e propiciam uma redução das cargas, tornando o projeto mais leve, arquitetonicamente falando. Nas fachadas é adotado um sistema de brises de concreto que seguem o desenho horizontal das lajes, como na imagem seguinte, com distância de 1m cada brise, se aproximando de projetos como o do Edifício Copan e Edifício Santa Branca.

O desenho acima ilustra a situação dos pilares recuados, como dito no texto. Sem escala. FONTE: o autor.

As vigas assumem o tamanho de 90cm, um padrão estabelecido para todo o edifício, a fim de padronizar o desenho do concreto aparente e os pilares se organizam em forma retangular 20x60 de forma que possam se mesclar às paredes, onde for

Croqui esquemático de organização das fachadas das torres. Detalhe para laje que segue por fora do edifício e funciona como brise. Sem escala. FONTE: o autor.

necessário.

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diretamente dentro dos apartamentos, pois em todos eles seriam atingidos as camas, conforme layout dos apartamentos. Além das torres, do embasamento ainda sobe o núcleo rígido, que mesmo sendo um elemento estrutural de apoio para todo o edifício, funciona como o coração do projeto, pois é deste que, a partir do 4º pavimento, distribui passarelas metálicas que se ligam a todos os apartamentos. Essas passarelas são fixadas ao núcleo rígido e distribuídas às duas torres de forma que nestas elas se fixem apenas nas lajes, que são sequências das lajes dos apartamentos. Esta opção reforça a união do concreto e do metal e evidencia uma leveza das fachadas, já que esse sistema ocorre do 4º ao 12º pavimento, portanto, foi opção de projeto manter passarelas metálicas ao invés de prosseguir com o concreto que já era Edifícios Copan e Santa Branca, respectivamente. FONTE: Google/reprodução.

trabalhado no edifício. No embasamento, o vão de 14x06 é seguido por uma rampa

Os brises existem, primeiramente porque ambas as torres

de concreto de 3 lances, sendo cada lance de 13,5m de comprimento

tem as fachadas principais voltadas para leste e mesmo que esta seja

e 1,5 de patamar, a fim de vencer um pé direito de 4m, atendendo

a orientação do sol da manhã, eles permitem que o sol não incida

até o 4º pavimento.

55


A rampa, que apresenta inclinação de 9,85% não atende à NBR 9050/04, que prevê inclinação de 8,33%, porém foi decisão projetual mantê-la uma vez que, mesmo que não atenda a norma, ainda estão à disposição da acessibilidade do edifício, dois elevadores sociais que atendem todos os pavimentos. Ainda assim, esta funciona como uma opção de circulação vertical a quem preferir subir até o quarto pavimento apreciando a vista do vão livre, além de compor com harmonia o espaço do vão. Além disso, ela é coberta por uma estrutura metálica composta por um fechamento em vidro temperado incolor, garantindo a vedação e estanqueidade, além de ser translúcida, para que se tenha garantido iluminação natural à mesma. Essa cobertura não atende ao vão, pois este continua descoberto desde o térreo até o 4º pavimento, criando um vazio de 16m de altura no embasamento e mantendo área interna permeável. Além das qualidades arquitetônicas expostas, este vazio pode ser visto durante o percurso pelas passarelas metálicas, Croqui esquemático separando embasamento e torres, com destaque para rampa que fica escondida por trás da parede de elementos vazados. Sem escala. FONTE: o autor.

proporcionando uma experiência de poder enxergar o interior central do embasamento.

56


Desenho da rampa em planta e vista, respectivamente. A rampa possui inclinação que não atende a norma de acessibilidade, mas foi mantida por opção projetual, uma vez que compõe de forma harmônica o vazio do embasamento. Sem escala. FONTE: o autor.

Croqui esquemático/recorte de uma das plantas do embasamento onde é possível observar o vazio e a circulação em volta, contando com apoio da rampa e do núcleo rígido (escadas e elevadores). Sem escala. FONTE: o autor.

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MAPA EM ESCALA URBANA DESTAQUE PARA O PROJETO (COM PLANTA DE COBERTURA) escala 1/2000


IMPLANTAÇÃO/TÉRREO EMBASAMENTO (público/apoio) escala 1/250


PRIMEIRO PAVIMENTO EMBASAMENTO (público/administrativo) escala 1/250


SEGUNDO PAVIMENTO EMBASAMENTO (educacional) escala 1/250


TERCEIRO PAVIMENTO EMBASAMENTO (assistencial/apoio) escala 1/250


QUARTO PAVIMENTO TORRES (residencial acessível) escala 1/250


PAVIMENTO TIPO 01 TORRES (residencial stúdio) 5º, 6º e 7º pavimentos escala 1/250


PAVIMENTO TIPO 02 TORRES (residencial padrão) 8º, 9º, 10º, 11º e 12º pavimentos escala 1/250


CORTE AA escala 1/250


CORTE BB escala 1/250


CORTE CC escala 1/250


ELEVAÇÃO ANA CINTRA escala 1/250


ELEVAÇÃO DR. FREDERICO STEIDEL escala 1/250


TIPOLOGIAS HABITACIONAIS/CORTES escala 1/100


EM CINZA MAIS IS ESCURO AS PASSAR ELAS QUE L IGAM IG AS DUAS T ORRES RES ID ENCIA (sem esca IAIS IS la)

MALHA ESTRUTURAL escala 1/250


DETALHAMENTO DA LAJE/BRISE sem escala


DETALHAMENTO DA PASSARELA METÁLICA TUBULAR sem escala


DETALHAMENTO DA COBERTURA DA RAMPA sem escala


PERSPECTIVA DA FORMA DO EDIFÍCIO VISTA AÉREA sem escala


PERSPECTIVA DO ACESSO PRINCIPAL VISTA DA CALÇADA DA RUA ANA CINTRA sem escala


PERSPECTIVA DO DECK/CAFร DO 1ยบ PAVIMENTO VISTA DE DENTRO DO DECK OLHANDO PARA RUA ANA CINTRA sem escala


PERSPECTIVA DA RAMPA DO EMBASAMENTO VISTA DO DECK DO PRIMEIRO PAVIMENTO sem escala


PERSPECTIVA DA FACHADA DAS TORRES RESIDENCIAIS VISTA DA ESQUINA DA RUA ANA CINTRA COM AV. SÃO JOÃO sem escala


PERSPECTIVA DO EDIFÍCIO INSERIDO NA CIDADE VISTA AÉREA sem escala



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