A Segmentação do Turismo em Mato Grosso

Page 1

FACULDADE LA SALLE FLAVIANE WEISS GONSALVEZ ROBSON JUNIOR HARTMANN

A SEGMENTAÇÃO DO TURISMO EM MATO GROSSO

Lucas do Rio Verde/MT 2010


2

SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................... 03 1 A SEGMENTAÇÃO EM MATO GROSSSO....................................................... 04 2 O TURISMO MATOGROSSENSSE................................................................... 07 3 REGIÕES TURÍSTICAS..................................................................................... 12 4 CONCLUSÃO..................................................................................................... 13 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 15


3

RESUMO A segmentação do Turismo em Mato Grosso A segmentação turística do estado de Mato Grosso está em processo de criação e fortalecimento. Seus onze segmentos estão distribuídos entre as cinco regiões turísticas apontadas pela Secretaria de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso (SEDTUR). No entanto, há necessidade de adequar as nomenclaturas e inserí-las dentro de segmentos apontados pelo Ministério do Turismo, além disso, por causa de sua grande área geográfica, as regiões tratadas pela SEDTUR acabam isolando-se do restante da cadeia turística do estado, tornando estes atrativos em aglomerações de possíveis segmentos turísticos. Uma proposta abordada pelo artigo, é que as regiões hoje trabalhadas para o turismo, sejam renomeadas e trabalhadas como Áreas Turísticas, as quais teriam a função de regionalizar as políticas públicas do turismo, indo assim de encontro às necessidades e políticas do Ministério do Turismo e da SEDTUR, além de se criar nestas áreas condições para que o turismo seja debatido e segmentado de acordo com as realidades de cada região.

PALAVRAS-CHAVES: Segmentação do Turismo, Mato Grosso, Áreas Turísticas.


4

1 A SEGMENTAÇÃO EM MATO GROSSO 1

Professora Flaviane Weiss – flaviane@unilasallelucas.edu.br ²Robson Junior Hartmann – robsonntlrv@hotmail.com

Nas últimas décadas o turismo tem surgido como setor econômico de destaque na economia mundial, e manter seu crescimento, tanto de turistas, quanto de investimentos no setor, é necessário conhecer o mercado, o perfil da demanda, sua real necessidade. Pois quanto mais soubermos qual é a motivação do turista e o potencial da região, mais fácil será de planejar a atividade e atender às necessidades de cada perfil da demanda. Uma das formas utilizadas para se atingir este objetivo é através da segmentação de mercado. A segmentação é utilizada para conhecer cada parte do mercado e assegura uma análise completa dos elementos e estudos que serão realizados para atingir o público alvo. De acordo com Ansarah (1999, pág. 09), “A segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes, da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de vida [...]”. O estado de Mato Grosso está em processo de construção e planejamento de sua atividade turística, iniciada na dec. de 30, pois foi nesta época que o estado se tornou conhecido por causa de sua localização geográfica e política, suas belezas naturais chamam a atenção para o que tem além das matas e morros visíveis, o fluxo de pessoas aumenta e o estado começa a ganhar fama. Além disso, temos as expedições de Rondon e exploradores que testificam da beleza nativa ainda desconhecida naquele tempo e trazida à luz através de suas anotações e histórias de um Brasil desconhecido para o restante do País. Por estes motivos, nesta época temos o primeiro estímulo à atividade turística no estado, quando em 1938 instituiuse por meio de Decreto Estadual a reserva termal de Águas Quentes, no município de Santo Antônio do Leverger. (MATO GROSSO, 2003) 1

Coordenadora do Curso de Turismo da Faculdade La Salle

²Acadêmico do 7º semestre do Curso de Turismo da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde/MT


5

No entanto, o turismo fica inerte por cerca de 30 anos, e a política setorial iniciada em 38 tem continuidade somente na década de 70. Entre 1938 e a década de 70, as mudanças ocorridas no turismo estadual foram o início da implantação da rede hoteleira em Cuiabá, motivada pela expansão da fronteira econômica do estado, sua interligação com o Sul e Sudeste do Brasil, o aumento do fluxo migratório para a região Amazônica e sua posição geográfica. Desta forma, temos os primeiros equipamentos turísticos sendo instalados, juntamente com um empreendimento familiar criado na reserva das águas Quentes. Após o início da construção dos equipamentos de hospedagem, mais para se aproveitar da ocasião promissora que aposta no crescimento da cadeia produtiva do turismo, as décadas subseqüentes se mostram progenitoras do fortalecimento do setor através dos órgãos e leis criadas que favoreceram a atividade e possibilitaram o surgimento das primeiras oportunidades de segmentação do mercado turístico Matogrossensse. As políticas iniciadas em 38 começam a ser retomadas na primeira metade dos anos 70. De acordo com Mato Grosso (2003), em 1974 foi criado o Conselho Estadual de Turismo e a Empresa Matogrossense de Turismo (TURIMAT). Em 1976 o Conselho declara como área de interesse turístico parte dos municípios de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, e em 78 instituí o Parque Nacional de Águas Quentes, em complemento ao decreto de 38. Ainda nesta década foi realizado o Plano Diretor de Chapada dos Guimarães. Criado o Parque Nacional de Águas Quentes, identificado Cuiabá e Chapada dos Guimarães como área de interesse turístico, necessitava criar agora uma campanha que estimulasse a vinda de pessoas para o estado, foi assim que no início dos anos 80 foi criada a campanha publicitária “Mato Grosso, um paraíso natural a sua espera”, com a intenção de desenvolver e divulgar o Turismo. O objetivo

era

atrair

novos

empreendimentos

turísticos

e

implementar

a

operacionalização e comercialização de produtos turísticos do Estado. O bordão “um paraíso natural a sua espera” mostra o tipo de produto turístico que estávamos oferecendo. Tínhamos Chapada dos Guimarães com o véu de noiva, salgadeira, selva de pedras, lagoa azul e outros atrativos e do lado sudoeste do estado havia sido criado o Parque Nacional das Águas Quentes, com suas águas termais e medicinais, mas o grande produto do estado estava por ser criado. Foi no


6

dia 24 de setembro de 1981, que surgiu o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, que se tornou o divisor de águas para o setor turístico. Deste modo, temos no final dos anos 80 dois grandes potenciais produtos turísticos, Chapada dos Guimarães e o Pantanal (como ficou conhecido o Parque Nacional do Pantanal). Me referindo ao Parque e a Chapada, digo que eles tinham potencial para se tornarem produtos turísticos pelo fato que naquela época o turismo estava em processo de construção no estado, e ainda segundo Ignarra (2003), o Produto Turístico é composto por seis componentes: bens e serviços auxiliares, recursos, infraestrutura, gestão, imagem da marca e preço, o que ainda não havia por aqui. Observando e analisando os dois produtos que o estado estava oferecendo (Chapada e Pantanal), podemos chegar ao início da segmentação turística em Mato Grosso. Desde o início a atividade turística no estado tem seu foco principal na bacia do alto Paraguai, tendo como ponto de apoio a grande Cuiabá, visto ela se constituir no principal pólo emissor e receptor de turistas no estado. Dentro desta bacia encontram-se cidades como Rondonópolis, com fluxo turístico de negócios e eventos e Tangará da Serra, que vêm desenvolvendo o ecoturismo em seu território. A leste do estado temos a bacia do Alto e Médio Araguaia, onde a cidade de Barra do Garças exerce papel significativo para o fomento do turismo na região. Temos ainda a exploração da amazônia matogrossensse, mesmo que de forma embrionária, vem ocorrendo na cidade de Alta floresta. Após a produtiva década de 80, os anos 90 começam com uma deterioração da infraestrutura de acesso aos sítios turísticos e a inconstância da existência e funcionamento do órgão estadual de turismo. No entanto, este período não se mostrou inativo, sendo a década que mais fortaleceu o turismo no estado, pois tivemos em 1993 a criação da AMPTUR (Associação dos Municípios com Potencial Turístico), em 1994 foi criado o Fórum Empresarial de Turismo, ocasião em que foi criado um plano de ação integrado entre governo estadual, prefeituras municipais e iniciativa privada. Foi nesta ocasião que foi criada a vitrine do turismo estadual, que é Festa Internacional do Pantanal, idealizada pela AMPTUR e pelo Fórum Empresarial de Turismo. Ainda na década de 90, foi criado em 1995 a SEDTUR (Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo). A criação do órgão governamental foi um marco para o desenvolvimento do Turismo, pois de acordo com a Lei complementar nº 036,


7

de 11 de outubro de 1995, declara as seguintes competências ao órgão, “[...] formular, implementar, executar, avaliar e fiscalizar as políticas, programas, projetos e demais ações pertinentes ao governo do estado para o desenvolvimento do turismo [...]”. (MATO GROSSO, 2003, pág. 22) As ações governamentais continuaram na década seguinte, quando em 2003 foi criado o Conselho Estadual de Turismo. Agora, com a união da SEDTUR, AMPTUR, Fórum e do Conselho Estadual do Turismo, pretendia-se assegurar uma política de gestão descentralizada, compartilhada e mais participativa do turismo em Mato Grosso. Depois de 65 anos, desde a criação da primeira política voltada para o turismo, a criação dos agentes necessários para estruturar o setor está completa em todas as suas esferas representativas, pois temos em 2003 A SEDTUR, O Conselho Estadual do Turismo, A TURIMAT, a AMPTUR e o Fórum Empresarial de Turismo, bem como dois produtos em desenvolvimento, Chapada e Pantanal, passando-se a traçar estratégias de atuação para o desenvolvimento, promoção e divulgação destes produtos turísticos do estado. Dentre as ações pretendidas pela SEDTUR para alcançar estes objetivos, destacam-se o aumento no número de segmentos a serem ofertados através do incremento da infraestrutura para o turismo de negócios e eventos, fomentar o turismo da melhor idade, capitação de eventos para Mato Grosso, desenvolvimento do turismo em áreas naturais, ordenamento e promoção do ecoturismo na bacia do alto Paraguai, desenvolvimento do turismo no vale do Araguaia – PNMA, desenvolvimento do turismo no meio rural e fomento do ecoturismo em áreas indígenas. (MATO GROSSO, 2003)

2 O TURISMO MATOGROSSENSSE

O Estado de Mato Grosso, situado na região Centro Oeste do Brasil, ocupa uma área de 903.386,10 Km², possui uma população de aproximadamente 2,7 milhões de habitantes, tendo o Turismo como uma economia inicial no Estado. Alguns dados estatísticos nos ajudam a visualizar a realidade do Turismo no Estado.


8

QUADRO 1 – Fluxo Turístico no Estado Em 2002 obteve um fluxo turístico de 418.245, a maioria do próprio Estado; A permanência média do turista era de 6,25 dias; Em 2002 o gato médio per capita/estada foi de R$ 364,28. FONTE: (MATO GROSSO, 2003, pág. 57).

Um fator que contribuiu para o crescimento do turismo é que Mato Grosso possuir três dos mais importantes ecossistemas Brasileiros: Cerrado, Floresta Amazônica e o Pantanal. Mato Grosso é um estado riquíssimo em manifestações de Cultura Popular, o mais legítimo legado de nosso Patrimônio Imaterial. Estas manifestações são encontradas no modo de fazer a gastronomia, o artesanato, as danças, lendas e contos, onde estão a síntese das heranças Matogrossenses, principalmente, do índio e do negro e mais recentemente dos migrantes mestiços de norte a sul do Brasil. Sua culinária assume um papel importante no turismo estadual, pois em 2003 representou 26,2% da renda gerada pelo Turismo. (MATO GROSSO, 2003). O estado também possui um rico patrimônio material, como o centro histórico de Cuiabá, Igrejas antigas, palácios e casarões. Além destas manifestações históricas e culturais, temos seus bens naturais, alguns já citados anteriormente e outros como seus rios, florestas e clima. De acordo com material disponibilizado pela ........., o turismo no estado se divide da seguinte forma: •

Bacia do alto Paraguai

Compreende as regiões da Grande Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Áreas mais próximas da transpantaneira (Poconé, Pixain), Santo Antônio do Leverger (Águas Quentes). Esta região possui como principais destinos segmentos turísticos o turismo de negócios e eventos e o ecoturismo. •

Bacia do Alto e Médio Araguaia


9

Barra do GaRças, que possui como destino as praias fluviais no rio Araguaia •

Amazônia Matogrossensse

Possui como ponto em desenvolvimento a cidade de Alta Floresta com seu observatório de pássaros e ainda a cidade de Sinop, que se encontra em desenvolvimento. Fundamentada neste panorama gigantesco, e tendo em vista a política de descentralização e regionalização do turismo, a SEDTUR segmentou o Estado em quatro regiões turísticas, que são: Amazônia, Araguaia, Cerrado e Pantanal. No entanto, Cuiabá e Várzea Grande são consideradas por alguns autores, como (CARREIRA; DEVILLART, 2007) como sendo outra região turística, chamada por eles de Região Metropolitana. A justificativa se deve em função do peso histórico e cultural encontrado nestas localidades e suas imediações. O Ministério do Turismo compreende segmentação como “uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado”. (BRASIL, 2006. pág. 03). Podemos compreender que a segmentação é uma técnica ou estratégia para a venda do produto turístico e um caminho encontrado pelo mercado para melhor gerir e coordenar suas ações, visto que “As empresas e os consumidores estão buscando novos caminhos para o mercado turístico, e o que se observa é a segmentação como um dos caminhos escolhidos”. (ANSARAH, 1999, pág. 19). Através destas cinco regiões turísticas, o estado pretende trabalhar os seguintes segmentos turísticos detalhados pelo site da SEDTUR, que são: Indígena, Contemplação, Ecoturismo, Cultural, Melhor idade, Místico, Esportes radicais, Gls, Pesca, Rural e Negócios. Na realidade, dos 11 segmentos ofertados atualmente no Estado, sete estão com suas nomenclaturas equivocadas ou se encontram dentro de outro segmento reconhecido pelo Ministério do Turismo. Portanto, poderíamos corrigir os segmentos atualmente divulgados da seguinte forma: a Contemplação entra dentro do Ecoturismo, Turismo Cultural no lugar de Turismo Indígena e místico, Turismo de Aventura no lugar de Esportes Radicais, Turismo de Pesca no lugar de Pesca, Turismo de Negócios e Eventos no lugar de Negócios, Turismo Rural no lugar de


10

Rural. O turismo de melhor idade e GLS, que se corrija para GLSTB, não estão segmentados pelo Ministério. Embora a Secretaria de Turismo trabalhe o estado a partir destas cinco regiões turísticas, o que se percebe na realidade é que cada região possui um potencial para a prática do turismo e que os segmentos apresentados por ela são aglomerações de atrativos em uma unidade com alguma vocação para o turismo que precisa ser trabalhado. Atualmente é assim que o turismo está segmentado no estado. Os turistas externos chegam até Cuiabá e partem para o Pantanal ou Chapada. Alguns vão para Águas Quentes ou Jaciara. Outro atrativo que desponta no cenário turístico estadual com a prática do turismo de aventura é a região de Tangará da Serra, que oferece o rafting, rapel e canoagem e que também tem recebido turistas externos. No entanto, ainda como no início, o turismo se concentra no eixo Chapada/Pantanal. Os turistas internos vem do interior do estado para visitarem os mesmos atrativos, ou se deslocam para atrativos da própria região em que reside. Atualmente com Cuiabá sendo uma das cidades sedes para receber o Mundial de Futebol de 2014, o produto que está sendo vendido é o Pantanal. A própria Copa esta sendo chamada de Copa do Pantanal.

Colocaram sobre os

ombros do Pantanal toda a responsabilidade de um setor econômico do Estado. Hoje ele leva sozinho o fardo de representar o Mato Grosso turístico. Há a necessidade de despertarmos uma visão de segmento turístico que não fique apenas no eixo Chapada dos Guimarães/Pantanal, senão vamos ficar mais 65 anos esperando novas mudanças. Um dos conceitos que poderia ser aplicado ao turismo estadual como forma correta de classificação das regiões turísticas e que auxiliariam na segmentação do estado, é o de área turística. Segundo Ignarra (2003, pág. 19), área turística pode ser definida como “um território circundante a um centro turístico que contém vários atrativos e estrutura de transportes e comunicações entre estes vários elementos e o centro”. Fica claro que estas regiões turísticas do estado dependem da região metropolitana para viverem, é nela que ficam os órgãos de apoio ao turismo no estado, é nesta região que são feitos os congressos e feiras mais importantes e é


11

nesta região que se concentra o maior número de habitantes e fluxo de turismo no estado, conforme tabela abaixo:

Tabela 2 – Estimativa de Turistas em Cuiabá Cuiabá recebe aproximadamente 250 mil turistas/ano Turistas nacionais são aproximadamente 230 mil/ano Turistas Internacionais são aproximadamente 6.500/ano Dos turistas nacionais, 70% são provenientes do interior do Estado. Fonte: SEDTUR, 2009 – Estimativa feita pela SEDTUR com ajuda do SEBRAE para o projeto da Copa 2014. Organização do autor.

Como mostra os dados, Cuiabá acaba sendo um ponto de referência para o turismo no estado e principal porta de entrada do Turismo em Mato Grosso. Portanto, para complementar a aplicação da nomenclatura de área turística às divisões turísticas do estado, a região chamada de metropolitana (composta por Cuiabá e Várzea Grande), assumiria o papel de centro turístico, que vem ser “um aglomerado urbano que tem dentro de seu território ou em seu raio de influência atrativos capazes de motivar uma visitação turística”. (IGNARRA, 2003, pág. 19). Uma coisa é clara, Mato Grosso possui pequeno índice de turistas externos, a maioria é de turistas internos que procuram os atrativos da região sul do estado. Os turistas externos vem à Mato Grosso para visitar o Pantanal e acabam ficando poucos dias em Cuiabá ou em Chapada dos Guimarães. Caso este turista não seja estimulado ou incentivado por esta área receptora, dificilmente ele atravessará cerca de 550 Km para ir visitar o parque do Cristalino, em Alta Floresta, por exemplo. Mas caso ele fosse estimulado pelo centro turístico a conhecer suas áreas turísticas, em uma segunda oportunidade ele diversificaria sua rota procurando outros segmentos oferecidos pelo turismo estadual.

3 REGIÕES TURÍSTICAS


12

De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo sobre os hábitos de consumo do turista brasileiro (BRASIL, 2009), Mato Grosso foi o segundo destino turístico mais visitado no Centro-Oeste, com 1,4% dos visitantes que vieram ao estado nos últimos dois anos e 92,6% dos entrevistados disseram que voltaram ao local visitado. A maior motivação dos turistas que vieram ao Centro-Oeste foi para conhecer pontos turísticos. Desta forma, uma política de descentralização do turismo auxiliaria para a maior disperção à outras áreas turísticas. Estas áreas, vendo que há fluxo turístico e que este lhe traz benefícios, prepararia seus segmentos para recebê-lo. Por isso o conceito de área também pode ser aproveitado para a segmentação do turismo. Pois é preciso compreender com clareza que o turismo é um setor que não trabalha interdependente e nem é autosuficiente. Como disse Petrocchi (2001, P. 49), “A praia e o hotel são necessários, mas não são suficientes [...]. O mau desempenho de uma das partes compromete o todo”. Aqui reside a necessidade das áreas turísticas estarem realmente funcionando para se tornarem palco de discussões, planejamento, avaliações e soluções para o turismo da região em que está inserida. Pois como diz Sá (2002, p. 132), “A maioria das ações se limita a ação de divulgação e promoção”. Embora a SEDTUR veja na municipalização a chave para o desenvolvimento dos segmentos turísticos regionais, é preciso por em prática ações como a realizada em março de 2010 no 2º Encontro de Secretários e Dirigentes de Turismo de Mato Grosso, onde a intenção era a de debater propostas e melhorias que os municípios poderiam tomar para melhorar as ações turísticas no Estado. Mas o palco continua no lugar errado, é necessário que estes debates ocorram dentro de cada área turística, que esteja inserido dentro da realidade local e que se proponham ações que visem fortalecer e desenvolver os segmentos encontrados dentro de seu raio de influencia, bem como planejar o desenvolvimento de novos segmentos norteado pela realidade histórica-cultural-geográfica da área turística. A política de descentralização do turismo é a solução para que os outros segmentos das áreas turísticas avancem e contribuam ainda mais para a economia do Estado, sendo subsidiados pelo centro turístico.

4 CONCLUSÃO


13

Apesar dos bons resultados da atividade turística nos últimos anos no Estado, apresentando um crescimento de 37% no fluxo de turistas internos e externos em 2003, o turismo praticado aqui não alcançou uma posição relevante nos mercados turísticos, nacional e internacional (MATO GROSSO EM NÚMEROS, 2008, pág. 176). Podemos dizer que 100 anos após ele ser tratado como atividade organizada e serem realizadas as primeiras viagens e excursões na Inglaterra 2, as ações públicas que viabilizaram o setor começaram a surgir, como a criação das reservas termais das Águas Quentes em 1938, a criação dos primeiros órgãos normativos e de desenvolvimento do turismo na década de 70. Mas o início de sua segmentação turística se deu somente na década de 70 com a declaração do Conselho Estadual de Turismo instituindo Partes dos municípios de Chapada dos Guimarães e Cuiabá como áreas de interesse político e a criação do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense em 1981, que possibilitou ao estado o início da formação de dois produtos (Chapada e Pantanal) e suas primeiras segmentações, com o Turismo de Pesca, Turismo Cultural e o Ecoturismo. Analisando a realidade turística atual do estado, podemos dizer que está em processo de criação o que vem a ser seus produtos e segmentos turísticos. É necessário fortalecer as regiões turísticas divididas pela SEDTUR a partir do conceito de áreas turísticas, o que vai de encontro às necessidades turísticas de Mato Grosso, no que tange à pesquisa, estudo e segmentação do turismo praticado nestas áreas, e que somente políticas voltadas à realidade regional, sem perder de vista a interdisciplinaridade do turismo, podem contribuir para que os segmentos hoje encontrados sejam ofertados como fazendo parte de uma grande rede produtiva, como acontece em Minas Gerais com a criação de seus circuitos turísticos, como o Caminhos do Interior, Recanto de Minas, Estâncias do Sul, Reservas da Natureza, entre outros.

2

Em 1841, na Inglaterra, Thomas Cook organizou uma viagem de trem para 570 passageiros. Com o sucesso da viagem, novas excursões foram organizadas até para os Estados Unidos. “Os historiadores apontam para Thomas Cook como um dos precursores do agenciamento turístico”. (IGNARRA, 2003, pág. 05)


14

Uma tendência para o turismo Matogrossense, que se mostra ao analisarmos o fluxo turístico do estado, somados aos novos incentivos de recursos e infraestrutura advindos em consequência da realização da Copa do Mundo de Futebol ser realizada em Cuiabá, além de todo seu contexto histórico-cultural, é a transformação desta área turística chamada Região Metropolitana, que engloba Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Várzea Grande e Baixada Cuiabá, vir se tornar um Centro Turístico, dando início há um novo ciclo da segmentação turística no estado, em decorrência do pós-copa, com a implantação do Turismo de Esporte e o fortalecimento dos segmentos existentes neste centro, como o Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo de Negócios e Eventos. Além de captar e distribuir os turistas externos para os diferentes segmentos em expansão do estado.

REFERÊNCIAS Abuataka; Antônio, Brito; Marilde, Org. Mato Grosso em Números. 2ª Ed. Cuiabá, Carlini & Caniato, 2008. ANSARAH; Marilia Gomes dos Reis, (org.) Turismo: Segmentação de mercado. São Paulo: Futura, 1999. BAHL; Miguel, Organizador, Perspectivas do Turismo da Sociedade PósIndustrial. São Paulo: Roca, 2003.


15

BRASIL; Ministério do Turismo, Segmentação do Turismo: Marcos conceituais. Brasília/DF: Ministério do Turismo, 2006. BRASIL, Ministério do Turismo, Hábitos de consumo do turismo do brasileiro. Brasília/DF: Ministério do Turismo, 2009. CORREIRA; Tanâne; DEVILLART; Jupirany, Sabores de Mato Grosso. 2ª Edição revisada e atualizada. Cuiabá: Editora Studio Press, 2007. COSTA; Maria de Fátima, A história de um país inexistente: Pantanal. São Paulo: Estação Liberdade: Kosmos, 1999. IGNARRA; Luiz Renato, Fundamentos do Turismo. 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003. MATO GROSO; Secretaria de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso, Política Estadual de Turismo de Mato Grosso, 2004 – 2013. Cuiabá: Genus, 2003. PETROCCHI; Mario, Gestão de Pólos Turísticos. São Paulo: Futura, 2001. SÁ, Rosana Bignami Viana de, A imagem do Brasil no Turismo: Construção, Desafios e Vantagens Competitiva. São Paulo: Aleph, 2002. SIQUEIRA; Elisabeth Madureira, História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: entrelinhas, 2002. Secretaria de Desenvolvimento do Turismo em Mato Grosso - SEDTUR. Disponível em http://www.sedtur.mt.gov.br/> - acesso em 10/03/2010 Associação Matogrossense dos Municípios com Potencial Turístico: Disponível em <http://www.amm.org.br/amm/constitucional/documento.asp?iId=32845> - acesso em 17/03/2010 Associação de Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais. ABRASEL/MG. Disponível em <http://www.abraselmg.com.br/index.php/noticias/item/43> - acesso em 17/03/2010 Site oficial da Copa 2014. Matéria traz assuntos sobre o turismo em Mato Grosso. Disponível em <http://www.copa2014.org.br/noticias/Noticia.aspx?noticia=287> acesso em 19/03/2010 Apresentação de características diversas sobre todos os municípios do estado. Disponível em <http://www.matogrossoeseusmunicipios.com.br/NG/> - acesso em 19/03/2010 Notícia disponibilizada pela secretaria de comunicação do estado sobre segmentação turística. Disponível em <http://www.secom.mt.gov.br/imprime.php? cid=27765&sid=13> - acesso em 21/03/2010 Site da agência de notícias primeira hora que disponibilizou matéria sobre a necessidade de planejamento do turismo no estado. Disponível em <http://www.primeirahora.com.br/noticia-imprimir.php?intNotID=26584> - acesso em 21/03/2010 Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais. Mapa de circuitos turísticos do estado. Disponível em <http://www.turismo.mg.gov.br/circuitos-turisticos/mapa> acesso em 29/03/2010


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.