Revista Rock Meeting #49

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Editorial

Agradecimentos

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o último mês comemoramos quatro anos de existência e persistência enquanto mídia digital e informativa do cenário Rock/Metal. Neste primeiro momento: Muito obrigado! Fazendo um retrospecto de tudo o que já vivenciamos, e não foi pouco, podemos acreditar que somos e estamos fortalecidos. Foram várias formas de apoio e repúdio também. Não vamos citar os momentos desagradáveis, mas com eles aprendemos a nos valorizar mais e buscar sempre o melhor. E pode ter certeza, o que temos feito é o que temos de melhor, porém somos incansáveis em nosso trabalho. Queremos sempre mais. Nesta oportunidade, é inimaginável não agradecer aos parceiros de ontem, hoje e os que estão por vir. Foram tantas parcerias que seria injusto nomear e poderia esquecer de algum. Todos... todos tiveram sua importância durante estes quatro anos que estamos desenvolvendo este trabalho. Também não podemos esquecer-nos

dos colaboradores que aqui já passaram. Suas contribuições são incalculáveis. Muitos risos, discussões, apoios e, no final, deu tudo certo! Muito obrigado! E claro, a parte que nos faz forte: os nossos leitores. Sem vocês, este periódico nunca seria o que é hoje. Todas as mensagens que recebemos é de fundamental importância e mostra que estamos seguindo no caminho certo. Muito obrigado a todos que compareceram no nosso primeiro evento aberto ao público, numa das praças mais representativas para o movimento underground de nossa cidade, Maceió. Obrigado a Prefeitura de Maceió que apoiou a nossa ideia e nos deixa a margem de futuros projetos no Posto 7, na praia de Jatiúca. Que venham mais e mais anos por aí. A estrada é longa, porém com o apoio de todos vamos caminhando a passos curtos, porém deixando rastros.


Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 10 - News - World Metal 14 - Matéria - 4 anos Rock Meeting 20 - Diário de Bordo - Alice in Chains 24 - Review - Miles Kane na Espanha 28 - Capa - Age of Artemis 37 - Entrevista - Maieuttica 46 - Diário de Bordo - Ghost e Rob Zombie 52 - Diário de Bordo - Rock in Rio - Dia 22


Direção Geral

Pei Fon

Revisão

Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa

Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima Colaboradores

Ellen Maris Mauricio Melo (Espanha) Sandro Pessoa

CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting


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Mythological Cold Towers

Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press)

Celebração do Doom Metal Nacional Chegou o mês de outubro e para a felicidade dos doomsters brasileiros chegou também mais um importante evento destinado a este público: o Doomsday Fest. Felizmente, dado a atual repercussão do estilo em nosso país podemos perceber um aumento de bandas e festivais do tipo, culminado em uma maior popularidade do gênero. Tudo isto resultando em maior destaque na mídia especializada e maior facilidade de inclusão destas bandas em festivais maiores onde estilos mais populares detinham todo o espaço. Organizado por Rafael Sade, da Last Time Produções, e Fábio de Paula, ambos integrantes da banda paulista de Doom Metal Helllight, o Doomsday Fest promete ser ao lado do Eclipse Doom Festival os eventos de maior nome e repercussão do país quando o assunto é este gênero musical.

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O evento ocorrerá dia 12 de outubro às 22 horas na Arena Metal, uma casa de shows localizada na cidade de São Paulo. Nesta primeira edição do evento foram selecionadas bandas bastante conhecidas pelo público, são elas: Lugubres, Les Mémoires Fall, Apocalyptichaos, Mythological Cold Towers e Helllight. Atrações de peso e renome em nosso cenário nacional e fora do país. E para apimentar mais ainda o dia do show, no horário das apresentações será sorteada uma guitarra Flying V assinada por todos os integrantes das bandas. Para concorrer basta estar presente no evento. Em uma conversa com Rafael Sade, obtivemos alguns pontos de vista relaciona-


mos que mostrar que o Doom Metal aqui do Brasil também é forte, e que merecemos mais shows, tanto de bandas nacionais quanto que internacionais.

dos ao evento, ao público e futuros planos para outras edições do evento. Confira abaixo o resultado da entrevista. Doomal - Por que um festival de Doom quando se há tantos outros gêneros mais populares no underground brasileiro? Rafael Sade - Em um país que valoriza muito mais o Black/Death, o Thrash Metal, o Metal Melódico e o Metal Tradicional, era fácil perceber que o Doom Metal era deixado de lado, sendo lembrado apenas em bandas de “Gothic/Doom”, que de Doom não tinham nada. E isso prejudicava qualquer possibilidade de festival do estilo, ainda mais aqui em São Paulo. E como músico e apaixonado por esse estilo musical, inspirado por outro festival, o Eclipse Doom Festival, notei que tínha-

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Como é lidar com um público que gosta de Doom Metal? Existe algum comportamento que os diferencie dos fãs de outros gêneros? No geral todos são apaixonados pelo Doom metal, são fieis às raízes do estilo, mas não deixam o fanatismo impedir que o Doom se reinvente sempre, mesclando com outros estilos musicais. São exigentes por natureza, pois gostam de qualidade, tanto nas letras quanto na música. E normalmente todos gostam das mesmas bandas, das mesmas músicas, o que aproximou e expandiu amizades. Existe apoio por parte de alguma organização em prol da música ou até mesmo alguém em específico na preparação do evento? Eu comecei como um mini-evento no mês de março, que reunia duas bandas e chamou a atenção dos fãs do estilo. E com a parceira do Fabio de Paula contatamos as bandas, o local do evento e sites, como União Doom BR


e a Metal Media. Tivemos grande apoio dos membros das bandas participantes e do público na parte da divulgação. Existem planos futuros para o Doomsday Fest? Existe uma grande vontade de fazer uma turnê pelos estados do Brasil com um cast fixo do Doomsday Fest, pra que o pessoal que não seja de São Paulo também tenha a oportunidade de participar do evento. E claro, um Doomsday Fest em 2014 com novas bandas. Deixem suas considerações finais. Deixo aqui um grande abraço ao meu amigo Fabio pela ajuda e apoio que me deu desde o principio, sem ele é certeza que esse projeto seria adiado. Agradeço a todas as bandas participantes pela confiança, em principal aos meus amigos Sandro e Ellen que virão de Goiás com as próprias forças em prol do estilo. Rodrigo Balan pelo lindo flyer e ao público fiel que sempre comparece, ajudando o Doom Metal a ser mais forte cada vez mais aqui no Brasil.

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Les Mémories Fall


De volta A cantora lírica Tarja Turunen anunciou em sua página oficial no facebook que estará de volta ao Brasil em 2014 e já tem data e locais por onde a tour de seu novo álbum, “Colours in the dark”, irá passar. Todas as datas são para setembro: Belo Horizonte (11) no Music Hall, São Paulo (13) no HSBC Brasil e Rio de Janeiro (14) no Circo Voador. Os ingressos começam a serem vendidos agora em outubro. Garanta já o seu e aguarde!

Dose dupla

Lyric video

A banda holandesa Within Temptation lançou o EP “Paradise” recentemente e contém quatro faixas das quais tem a participação de Tarja Turunen. Uma parceria nunca antes feita, mas que agora foi realizada com muito êxito. Assista ao making off do vídeo e saiba como foram as gravações do vídeo “Paradise (What about us?)” AQUI

A banda finlandesa Turisas lançou um lyric video da músic “Piece by piece” do seu novo álbum “Turisas 2013”. O lançamento é pela renomada Century Media Records. Aprenda a cantar AQUI

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Foto: Edney Suiter

Video novo

Era uma vez

E Blaze Bayley lançou o vídeo “Eating Children” que está compilação do “Soundtrack of my life” que contará com dois álbuns, 30 músicas, 2 inéditas. E pode ficar tranquilo, a previsão é para este mês. Portanto, já comece a guardar aquela grana para adquirir o seu. Veja o vídeo AQUI

A banda carioca Hydria encerrou suas atividades. A banda que já abriu para o Nightwish, se despediu dos fãs com um comunicado, onde dizia: “Chega um dado momento em que é preciso fazer grandes mudanças, deixar coisas e pessoas que amamos para crescermos e encontrarmos algo melhor no futuro”. Confira o vídeo da música “Angel’s Lullaby” AQUI

Efetivos A banda finlandesa Nightwish anunciou o que já era de se esperar, Floor Jansen (ReVamp) é a nova vocalista da banda. Mas não para por aí, o multi instrumentista Troy Donockley também foi efetivado na banda. “Vimos que ele é indispensável”, palavras de Tuomas Holopainen, tecladista. O anúncio seria realizado só em 2014, mas chegaram a conclusão de adiantar. E foi lançado o trailer do dvd “Showtime. Storytime”, com previsão de lançamento para 29 de novembro. A pré-venda já começou. Assista ao trailer AQUI

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No Velho Mundo A primeira excursão do Hellish War pelo velho mundo aconteceu em 2009. Batizada de “European First Assault Tour”, o grupo fez oito shows pela Alemanha, Bélgica e Suíça, incluindo três apresentações em festivais, entre eles o mítico “SwordBrothers Festival” na Alemanha. Live In Germany, lançado pela Hellion Records em 2010, é o primeiro disco ao vivo da carreira e trouxe o registro dessa tour. Nesta nova turnê europeia a banda promove seu mais novo disco de estúdio, “Keep It Hellish”. Produzido por Ricardo Piccoli em Biella na Itália, o álbum foi lançado na Europa em junho pela gravadora alemã Pure Steel Records - no Brasil o disco chegou às lojas pela Voice Music. Fonte: Som do Darma.

Live in Athens Em novembro sai o MTV Unplugged Scorpions Live in Athens. Será em cd, dvd eblu-ray que fora gravado em Atenas, capital da Grécia que já tem data marcada, 29 de novembro. O lançamento é uma compilação de três shows feitos no teatro Lycabettus. Agora é esperar para conferir mais esta joia do Scorpions.

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Vídeo Novo

Anneke van Giersbergen divulgou, em sua página no Youtube, seu mais novo clipe. “My mother said” está no seu novo álbum “Drive” lançado em setembro. E você pode conferir o clipe clicando AQUI.


assume os vocais

90 minutos

Desde a morte do seu vocalista num acidente de trânsito, a banda norte-americana Suicide Silence não havia anunciado nada sobre o futuro da banda. Pois bem, eles vão continuar e quem vai assumir os vocais é Hernan “Eddie” Hermida, ex All Shall Perish. O cara saiu da banda para assumir outra. Agora é aguarda o que esta nova parceria nos reserva.

1 hora e meia. Tempo suficiente para ter esgostado os ingressos para os dois shows da banda brasileira Sepultura no Sesc Belezinho em São Paulo. Ok, mais um show do Sepultura, o que tem de especial? Os caras vão executar o Chaos A.D na íntegra. Entendeu porque venderam todos os ingressos num curto espaço de tempo? A banda tem moral ou não?

hANNEMAN AGAIN Após o falecimento do guitarrista Jeff Hanneman, em maio deste ano, muitas coisas estavam incertas, inclusive quem iria substitu-los nas turnês. Agora um outro ponto volta à tona: será que vai ter material de Hanneman no próximo álbum do Slayer? Tom Araya disse que gostaria muito de ter o material do guitarrista e disse: “Ainda não tivemos a oportunidade de ter os arquivos de áudio dele no momento, mas é algo que planejo fazer”, aponta. Agora é esperar até 2014 para conferir se vai ter ou não os riffs do saudoso Jeff. Descanse em paz, cara!

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Rock Meeting: 4 anos aberto ao público e história para con Tudo começou sem muita pretensão e hoje tornou-se Rock Meeting comemorou seu aniversário em grande Por Jonas Sutareli e Pei Fon (@rockmeeting | contato@rockmeeting.net) Fotos: Pei Fon

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o dia 14 de setembro de 2013. Posto 7. Praia de Jatiúca. Maceió. Em um dia muito especial para nós, e acredito que também para vocês leitores, pois foi um novo marco na cena do rock/metal alagoano, comemoramos nossos quatro anos de vida. Nosso primeiro aniversário em caráter de aniversário! Aquela festa que a gente te convida, você chega mesmo que de mãos vazias, festeja conosco e sai com um sorriso de canto a canto por termos dado aquela festança! E tudo gratuitamente, como aconteceu este ano. Nosso primeiro aniversário gratuito. Realmente algo muito importante para nós, colocar a cena em um local público, aberto e bem localizado, onde todos possam ver o que está acontecendo e saber que o rock/metal de 16

Maceió está vivo e fazendo barulho pra todo mundo ouvir! Tivemos as bandas Adrenaline, Necronomicon, Raiser e Pandemmy liderando a festa. Não foi? Perdeu uma das mais belas festas do rock/metal alagoano. Mas não se preocupe! No próximo ano teremos mais! Com o apoio da Prefeitura Municipal de Maceió, conseguimos o apoio total para realizar o evento. Muito válido por parte da gestão plural que quer dar espaço para todas as formas de manifestação cultural que a procurar, e isso apenas faz com que nossa cultura seja fortalecida. Bem, vamos aos shows! Com um pouco de atraso, devido a problemas técnicos com a ligação da energia (nada alarmante e que atrapalhasse o andamento normal das coisas)


nós começamos. Adrenaline fez as honras de abrir essa linda festa, já após o pôr-do-sol. Com um show pesado, gritado e furioso, de ótimas músicas autorais, a banda fez muito bonito na hora de abrir a festa e agradou o público presente. Dentre as músicas autorais cantadas, “Prólogo do Fim”, “Olhos famintos”, “Dante” estavam relacionadas e ainda houve espaço para duas músicas novas, “Ecos” e “Vale de Lágrimas”. Quer lugar melhor para fazer lançamentos? A noite contribuiu bastante! Necronomicon continuou com os trabalhos e mostrou seu poderoso metal oitentista sabático, arrancou gritos entusiasmados da galera. Quem não conhecia passou a conhecer a gostar! Tocando músicas de seus 17

dois álbuns já lançados, entre eles “The Queen of Death”, o mais recente. E como a noite era de festa, houve outro lançamento por parte do powertrio alagoano. A música estará no próximo álbum do grupo. É esperar para conferir o que eles estão aprontando. Em seguida, a Raiser veio colocando o público abaixo, com um ótimo Thrash/Death Metal, fazendo a roda ficar insana (e quando eu falo em insana, insana mesmo. Quem estava lá na roda sabe muito bem do que estou falado) durante os covers de Slayer. Mas calma, não vou contar tudo em poucas linhas. A banda Raiser fez um repertório muito bem elaborado e mal perdeu tempo nas falas, era tocando uma atrás da outra. Como o evento era somente de banda


autorais, o quinteto do Thrash não poderia fazer diferente. Tocando seu mais recente EP, “From the end to the beginning”, o grupo acordou a todos e tinha a missão de deixar a todos no mesmo estado de exaltação que a banda anterior deixou. Para quem esteve presente no Posto 7, viu que a banda só trouxe “pedradas” e a participação dos amigos Renato Morais e Daniel Dantas, pois o momento era muito propício. Sob o comando dos dois foram tocadas: “Flight of Icarus” do Iron Maiden e “Enter Sandman” do Metallica, respectivamente. Para fechar a porradaria sonora, a banda ainda executou três músicas do quarteto do Thrash, Slayer: “Seasons in the abyss”, “Angel of Death” e “Rainning Blood”. Uma singela homenagem a Jeff Hanneman, guitarrista do Slayer que, infelizmente, nos deixou este ano. Descanse em paz, Hanneman! Para finalizar o dia das comemorações dos 4 anos da Rock Meeting, a banda pernambucana Pandemmy esteve presente, pela segunda vez na capital alagoana. Pandemmy já é grande conhecida do público de Maceió, pois eles estiveram na cidade no primeiro aniversário da revista e foi um dia marcante. Com nova formação, a banda trouxe a tour “Reflections & Rebellions” e só teve porrada, no bom sentido, claro. Sob a liderança de André Valongueiro nos vocais, a banda fez um passeio no seu primeiro álbum tocando “Self-destruction”, “Idiocracy”, “The price of dignity” e “Herectic life” que foram algumas das executadas.

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Um sonho: Alice in Chains Por Nigel Santana Foto: Marcelo Mattina (I Hate Flash)

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ouco antes do voo para o Rio de Janeiro, em 19 de setembro, eu ainda arriscava lembrar algumas músicas novas do Alice In Chains, cultuada banda da década de 90, com apresentação marcada para o Palco Mundo, no Rock In Rio. Posso dizer que do setlist montado pelo quarteto de Seattle (EUA), eu, Nigel Santana, cantei, desafinei e gritei como qualquer fã ensandecido ao ver a sua banda de adolescência. Ao pisar pela primeira vez em solo carioca, o tempo cinza já me recordava o clima de Seattle. Nunca fui nesta pequena cidade dos Estados Unidos, mas sempre assisti documentários sobre as influências que as bandas tinham em compor por causa do tempo quase sempre nublado. Algumas músicas do álbum Dirt (1992) foram compostas por Layne Staley em uma época obscura para o cantor, assim como “inverno” nos deixa preso à solidão do lar.

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E foi com esta lembrança que deixei, por alguns dias, a minha casa para me aventurar em um dos momentos mais esperados de minha vida: ver o Alice In Chains tocar no Brasil. Tocar os clássicos que aprendi a cantar olhando as letras nos encartes de todos os álbuns adquiridos durante a minha adolescência. Estava a passos largos até chegae à Cidade do Rock. Meu pensamento não era outro a não ser esperar o Alice In Chains. Evitei passar sufoco a frente do palco para ver meus ídolos de perto. Todo o meu esforço já havia sido feito e o 19 de setembro de 2013 está marcada como uma data histórica em minha vida. Pouco mais das 22h, e um pequeno atraso de 10 ou 15 minutos, mostrava o que estava prestes a subir ao Palco Mundo. Não era necessário fazer qualquer tipo de apresentação. Apenas um toque brusco na guitarra de Jerry Cantrell foi o suficiente para que mais de 80 mil pessoas cantassem Them Bones e avistassem a sintonia da banda mesmo sem as presenças de Layne Staley e Mike Starr, falecidos em 2002 e 2011, respectivamente. Sim, Alice seguia acorrentada com Jerry Cantrell puxando as principais músicas, o baixo nervoso do Mike Inez e os contratempos na bateria de Sean Kinney deram mais impulso para que o substituto de Layne e William DuVall não se perdesse no palco. Torci para que DuVall interpretasse com altivez o saudoso Staley; e assim foi feito. De “Angry Chair”, passando por “Down In Hole”, “Would?”, “Man In The Box”, e as mais recentes” Hollow” e “Check My Brain”, me fizeram viajar em uma mistura de sonho à realidade. Senti o peso de vestir uma camisa com Layne Staley gravado nela. Cantei todas as músicas como se estivesse acompanhando ele no palco. Me acorrentei para sempre ao Alice in Chains.

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BAM - Barcelona Acció Musical com Miles Ka The Free Fall Band e El Petit de Cal Eril Texto e Fotos: Mauricio Melo (Correspondente - Espanha)

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verão oficialmente se despede de Barcelona no final do mês de setembro e os catalães unem o útil ao agradável celebrando, ao mesmo tempo, a festa de La Mercè (Mare de Déu), padroeira da cidade, com vários eventos culturais gratuitos e suas tradições que incluem dança, culinária, projeções em alguns monumentos da cidade e também um festival de música, que pode incluir desde o mais tradicional músico catalão ao mais potente rock internacional e suas misturas. O BAM (Barcelona Acció Musical) que já teve em seu cartaz bandas como Primal Scream, The Hives, Asian Dub Foundation, The Kooks, The National, entre outras, tocando gratuitamente em algum ponto da cidade, este ano apostou em novidades e nós conferimos um dos dias no palco mais badalado dos últimos anos, o já tradicional palco da Antiga Fábrica Estrella Damm, marca de cerveja local. Dentro da programação do sábado (21 de setembro) conferimos três nomes. O primeiro deles é considerada a grande revelação da indie music catalã e se chama The Free Fall Band. Os rapazes conseguiram tanta admiração que já tem como padrinho oficial, o maior festival de música de Barcelona cuidando de seus interesses, o Primavera Sound, que para muitos é sinônimo de qualidade. Segundo a mesma fonte que me confirma tal história, teve a oportunidade de des-

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cobrir esta banda há uns três anos, tocando na rua. A qualidade é nítida e salta aos olhos e ouvidos desde os primeiros acordes de um recém lançado disco chamado “Elephants Never Forget” e músicas como “Miqui’s Two Nostalgic Punk Songs” e “Zombies”. A força dos rapazes é tanta em Barcelona que mesmo tocando em plena luz do dia, o público concentrado diante do palco já era de bom tamanho com jovens recém saídos da adolescência cantando seus versos de um rock misturado ao jazz, com saxofone e clarinete. Não muito depois tivemos El Petit de Cal Eril, também catalão e com um estilo mais local, ainda que dentro de seu show, com um palco bastante populoso e imensa variedade de instrumentos, deu o tom do pôr do sol com seu pop-psicodélico e deixou o exemplo de sua força com “Amb Tot”. Já sob luzes artificiais e recebido como grande atração da noite tivemos Miles Kane. E na boa, Deus salve a Rainha e sua fucking ilha cinza, são os maiores exportadores de rock do mundo. Copa do Mundo só ganharam uma e tem um campeonato de futebol repleto de times com petro-dólares e poucos britânicos de chuteiras, mas para fabricar músicos de qualidade a já mencionada Ilha Cinzenta leva uma enorme vantagem sobre os demais países. Para quem ainda não associou o nome ao som voltemos a um passado recente, quando Alex Turner, do Arctic Monkeys, apareceu


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com um projeto paralelo chamado The Last Shadow Puppets e carregava consigo seu amigo de infância Miles Kane, na época com sua banda de abertura para os Monkeys, o The Rascals. Pois bem, o projeto era realmente parelelo, o The Rascals caiu pelas tabelas e cansado de tudo Kane saiu em solitário e reapareceu com um disco chamado “Colour of the Trap” debaixo do braço que continham algumas composições do amigo Turner, um par de singles foi o suficiente para catapultar o rapaz, lançar um EP e posteriormente um disco produzido por Paul Weller, Don’t Forget Who You Are (2013). Ao ver o figura sair do camarim em direção ao palco que tocou à sua espera músicas de Oasis e The Beatles (Helter Skelter) e sua maneira de caminhar vem a pergunta, qual dos personagens interpreta Kane? Os irmãos Gallagher, Ian Brown ou mesmo Weller? A grande verdade é que o rapaz tem competência de sobra em cima do palco e talvez tenha virado o queridinho do público e crítica. Até o momento vai se garantindo apenas em sua música, não pode oferecer mais: um cidadão magro, de média estatura, com um corte de cabelo ao melhor estilo (capacete) The Jam, com muito estilo e marra apesar de comunicativo e simpático com seu público, mas de pouca beleza, daí quando te falta beleza haja talento para chegar a algum lugar num país que fabrica bandas de rock em série. Abriu a noite com “Take Over” seguida e “You’re Gonna Get It” e incendiou de vez o jovem público que a aquelas alturas já havia crescido de maneira considerável. Ainda que “Rearrange” tenha levantado ainda mais o público, o mesmo surpreendeu cantando letras inteiras de músicas como “First of My Kind”, “Tonight” e “Better Than That”. Fechou em alta com uma versão mais extensa de “Come Closer”. A felicidade de Kane foi latente ao terminar a apresentação, boa parte do público também se deu por satisfeita e quem lá não esteve, que se lamente.

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Entrevista

O que espe 28


Foto: Divulgação

erar deles? | 29


Pode parecer estranho a carinha do Alirio Netto aparecer novamente aqui, mas vamos destacar uma das bandas das quais ele faz parte, a brasiliense Age of Artemis. Numa conversa super divertida, o cantor nos dá algumas brechas de como será o segundo álbum da banda e faz promessas. Quer saber? Acompanhe agora! Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Pei Fon - Rock Meeting

Este é o nosso primeiro contato e, se me permite, não meçam as palavras. Para este momento, quem faz o Age of Artemis? Giovanni Sena: Alirio Netto: Voz Gabriel “T-Bone” Soto: Guitarra Nathan Grego: Guitarra Giovanni Sena: Baixo Pedro Senna: Bateria Alirio Netto: Na verdade gostamos de pensar no Artemis como um organismo vivo feito de várias células diferentes. Cada uma com sua função específica. Ou seja, todos nós temos uma participação nesse sistema. Já começo indagando: E aí, quando sai o novo álbum? Giovanni Sena: O novo álbum estava previsto para sair no final de 2013, porém a nossa gravadora da Alemanha nos pediu que esperássemos um pouco mais até o início de 2014, já que eles tinham agendado o lançamento de outras bandas. Então ficou para 2014, porém, temos a intenção de divulgar, capa, “tracklist” e o “single” do novo álbum ainda em 2013. 30

E o sucessor de “Overcoming Limits” foi gravado no renomado Norcal Stúdio em São Paulo. O que podemos esperar desta parceria? Alirio Netto: Em time que está ganhando não se mexe, então não foi difícil decidir onde gravar o segundo já que o primeiro superou nossas expectativas. O Norcal Stúdio é uma referência no país e as produções que saem dali falam por si próprias. Giovanni Sena: É verdade. Acredito que esse disco tá mais orgânico, mais pesado e os timbres dos instrumentos tiveram uma atenção extra. Experimentamos recursos que não havíamos feito no “Overcoming”. Os nossos produtores Brendan Duffey e Adriano Daga capricharam bastante na timbragem do ál-


bum. Além de todo peso e progressividade na música, e a voz marcante de Alirio Netto, há participações, arranjos...? Quais as surpresas que podem nos adiantar? Giovanni Sena: Temos algumas participações em mente, mas ainda não fechamos nada. Em relação às surpresas, acredito que a maior delas é o leque de influências que está bem amplo. As composições estão mais maduras. Podemos afirmar que esse é um disco que as composições e letras são o foco. Ralamos muito nessas questões e acredito que teremos um ótimo resultado. De onde surgiu o título do novo álbum? 31

De onde buscaram inspiração? Giovanni Sena: O título “The Waking Hour” vem nos perseguindo já alguns meses. Quando digo nos perseguindo não me refiro apenas aos integrantes da AOA, mas aos brasileiros de uma forma geral. Estamos vivendo um momento na história de mudanças, não só mudanças políticas, na música, mas mudanças de pensamento. Apesar de que a consolidação dessa mudança ainda irá demorar, acreditamos que já é um começo. E nós, como artistas, estamos dando a nossa contribuição. Alirio Netto: Devido a todas as manifestações que acabamos que presenciar no país a gente decidiu que seria oportuno para explorar o tema. Então fizemos as letras explorando essa angústia e esse momento, ou seja, algo genuinamente brasileiro. Inventamos um personagem fictício que seria um típico trabalhador brasileiro que passa todos os dias lutando para sobreviver em meio aos problemas que tem que enfrentar. Em falar de inspiração, o “The Waking Hour” foi inspiração em que/quem/ o que? Giovanni Sena: Surgiu da vontade de “soltar o verbo” mesmo. De mostrar que o mundo continua decadente e que isso só vai mudar se nós deixarmos de olhar para o nosso “eu” e


passar a respeitar, apoiar, criticar com consciência, e ajudar o próximo. Alirio Netto: Musicalmente decidimos nos aventurar pela a “brasilidade” que existe em cada um de nós. O músico brasileiro tem a capacidade de tocar e interpretar diversos estilos de música de uma maneira única. Isso é um diferencial, e achamos que deveria ser explorado. Encontramos a razão para tal, não somente na música popular, mas também na música erudita brasileira que infelizmente é pouco explorada pela mídia em geral. Temos músicas literalmente influenciadas por compositores como Pixinguinha e Villa Lobos. Indo no mesmo caminho do primeiro álbum, “The Waking Hour” pode ser lançado nos Estados Unidos, Japão e Europa. Em que pé anda estas negociações? Alirio Netto: Europa, Canadá e Estados Unidos já estão certos. O CD sairá nesses países pela “Power Prog” da Alemanha. No Japão já estamos em negociações bem adiantadas com a King Record que lançou o “Overcoming Limits” por lá. Acreditamos que até o final de novembro deveremos ter as datas de lançamento acertadas. Previsão para lançar alguma música para a audição da galera? Alirio Netto: Provavelmente iremos soltar um single para o natal, vai depender de algumas negociações com os selos. E os managers do selo alemão ouviram o novo álbum e disseram que “é o cd que o Angra nunca fez”. Mas e aí, como se sentem? Alirio Netto: Essa e a opinião dele. A gente mandou umas três músicas que ainda estão

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na pré-mix, ou seja, tem muita coisa pra fazer ainda. Ele deve ter gostado muito pra falar isso rs... Devia estar empolgado! Música não é competição e não acredito que tenha sido por mal, o Angra é a maior referencia do Brasil nesse estilo e isso é um fato. Por outro lado, isso nós deixa muito feliz pelo simples fato de um cara que nunca nos conheceu acreditar no trabalho. Ele está investindo muito na banda, mais do que qualquer outro selo do Brasil. Gostaria que fosse diferente, mas santo de casa não faz milagre né. (risos) Já que o álbum é para início de 2014, vai rolar algum vídeo clipe da primeira música de trabalho deste lançamento? Alirio Netto: Com certeza faremos pelo menos um ou dois clipes de musicais para divulgar o CD. O vídeo hoje em dia é quase uma obrigação para qualquer banda profissional. Será que tem DVD por aí nos planos da banda? Giovanni Sena: Nos planos, com certeza! Vamos ver como as coisas andam para tirar o projeto do papel. E vocês estiveram no Nordeste abrindo o show para o Angra. E aí, o que acharam do público nordestino? Como foi a recepção da galera? Qual o resumo das duas apresentações no Recife e em Salvador? Alirio Netto: Já estivemos em Fortaleza no começo da tour do “Overcoming Limits”, e tivemos uma resposta impressionante do público. Giovanni Sena: A cena metal do Brasil conhece e reconhece a importância que o público nordestino tem no contexto do heavy metal brasileiro. Todas as apresentações nas

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cidades: Fortaleza, Recife e Salvador foram excepcionais. Ficamos super felizes com a participação do público em nossos shows. Alirio Netto: Mais uma vez a resposta do público nos impressionou, até por que tinha muita gente cantando as letras das músicas junto com a banda. Sou do Sul e amo minha região, mas o público do Nordeste me impressiona pela energia que contagia a cada momento do show. São muito receptivos e participativos, queremos voltar sempre! Quais cidades vocês ainda pretendem tocar? Existe algum lugar ou explicação específica? Giovanni Sena: São Paulo capital e interior, pois, principalmente no interior de São Paulo, sabemos que tem um público grande e fiel à música pesada feita no Brasil. BH, pois Belo Horizonte tem um importante papel na música pesada feita no Brasil. E em qualquer lugar, aqui ou fora do país, que tenham pessoas apaixonadas por música como nós. Alirio Netto: Outro lugar que não podemos esquecer é o Japão. Adoraríamos tocar no Japão, pelo que o país representa na cena, e claro, como o Giovanni falou, se o convite for feito, tocamos até em Marte rs... Por fim, o que ainda podemos ver do Age of Artemis ainda em 2013? Saudações galera. Alirio Netto: Temos um show com o Dr. Sin em Luziânia – GO em novembro e mais algumas novidades sobre o lançamento do próximo CD que iremos divulgar aos poucos. Gostaríamos de agradecer a vocês do Rock Meeting pela entrevista e pelo espaço cedido na revista. Muito obrigado também a todos os fãs/amigos do Artemis que direta ou indiretamente nos tem ajudado a manter nosso sonho vivo, vocês são a razão de toda essa loucura! 34


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“Conhece-te a ti mesmo” A Banda Maieuttica iniciou suas atividades em 2011, divulgando aos poucos alguns websingles e realizando apresentações no estado do Rio de Janeiro. Já no ano seguinte lançaram oficialmente seu primeiro EP “Conheça a Ti Mesmo”, que por si só, rendeu à banda estar entre os principais nomes do gênero Metalcore nacional. Com a repercussão totalmente positiva, a banda apostou mais alto: gravou seu primeiro vídeo clipe, iniciou uma turnê pelo país e agora se prepara para lançar seu full-length que está sendo gravado em São Paulo e conta com a produção do renomado produtor Adair Daufembach. Entrevistei o Frank Lima, um dos frontmans da Maieuttica que vai falar um pouco sobre a experiência da banda dentro do cenário underground nacional. Por Ellen Maris (Sunset Metal Press) Foto: Assessoria/Divulgação

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É fato que para uma banda “jovem” com um único EP lançado, além de um vídeo clipe, vocês conseguiram bastante coisas. Tocaram por diversas vezes fora do Rio de Janeiro (estado da banda) e tem uma grande aceitação do público principalmente nas redes sociais. Como vocês enxergam isso? Verdade... Apesar de nosso árduo empenho, devemos muito de tudo isso que conseguimos a muitos amigos que temos, e que temos conquistado por esse Brasil a fora. Cremos que, o reconhecimento do talento vem pra quem trabalha duro, com bom senso e (claro) tem um pouco de sorte, de estar na hora certa e no lugar certo. Bandas mais antigas que nós e que admiramos, já vieram nos dizer que se espelham em nós, pelo que vêem ao vivo e pelas redes, isso é muito gratificante, muito mesmo! 38

Eu e grande parte das pessoas certamente classificamos o gênero/estilo da banda Maieuttica como Metalcore, gênero que nos tempos atuais tem crescido tanto no número de adeptos e simpatizantes quanto no número de bandas surgindo. Vocês acreditam que o sucesso da banda dentro do cenário underground pode ter sido favorecido pela ascensão e popularização do estilo na mídia? Não sabemos se demos sorte ou azar da combinação de nossas influências culminarem nesse tipo de estilo que, teve seu auge no início dos anos 2000 e, apesar de bem aceito por muitos, é marginalizado por outros... O que sabemos é que damos nosso melhor, e colocamos nossos sentimentos mais brutais nas composições, e que vem dando certo, mas (alerta de spoiler) não se surpreenda ao ouvir


Thrash Metal e até Djent (estilo ainda “mais novo” que o Metalcore) em nosso disco vindouro, junto ao nosso já tradicional Metalcore.. Nunca abandonaremos nossas raízes, mas jamais estacionaremos em uma era musical, ainda temos muito Metal e musicalidade a oferecer.

sentimos que tal texto ou ideia cabem em tal instrumental. Nosso grande problema com isso, é que raramente achamos que está bom o suficiente, com isso, algumas músicas mudam muito até que cheguemos no processo de gravação, e outras nem divulgadas serão! Haha!

A Maieuttica tem uma temática filosófica que vai desde o nome da banda até o conteúdo das letras. Quem é o responsável pelas composições? E quanto ao instrumental, todos da banda compõem? Nossas letras tem essa temática, na maior parte, por causa de nosso falecido guitarrista Caléo, que começou compondo as primeiras músicas da banda com essa temática e, ao consolidar nesta formação e começarmos a trabalhar nas músicas, não víamos como ser diferente se, apesar de jovens, tínhamos e temos grandes pensadores na banda... essa temática com certeza ainda durará um bom tempo, mas não nos impede de escrevermos sobre outros assuntos, futuramente. O Caléo era nosso principal letrista, mas tanto eu (Frank), quanto o Bruno e Allan, também escrevemos relativamente bem, e com a ajuda em energia do Caléo, tudo continuará a fluir, com certeza. Atualmente, nossos instrumentais, na maioria, são compostos pelo Tássio, que nos manda a ideia, e vamos aprimorando com o tempo, ele é um grande guitarrista.

A pouco mais de um mês a mídia divulgou nota sobre o falecimento de um dos guitarristas e fundadores da banda Maieuttica, o “Caléo”. Sabemos que se trata de um assunto delicado principalmente para a banda. Como vocês tem superado a falta de alguém tão importante pra vocês e como pretendem dar seguimento sem um dos guitarristas? Esse tipo de fato, ainda mais inesperado assim, é sempre algo difícil de superar pra maioria, e quanto a nós, acho que nunca precisaremos superar, pois tenho certeza que de uma forma ou de outra, ele sempre estará entre nós, mesmo que não fisicamente. A mensagem que ele queria deixar aqui, nós passaremos a diante, e ele estará sempre conosco, como neste momento, me ajudando a responder esta entrevista, nos riffs e solos deixados, nas letras, em nossas mentes e corações de todos que o amavam. Ele tem nos dado força pra seguir em frente, e é o que faremos, por ele, pela família, e por todos nossos fãs e amigos, que nos tem dado força pra continuar. Cumpriremos nossa agenda até o fim do ano, com a ajuda de um grande amigo e guitarrista, que é o Logan (ex-Khaos Inside), e ainda estamos estudando possibilidades para a nova formação do Maieuttica de 2014 pra frente.

Como é o processo de composição? Então, quando o Tássio vem com os novos riffs, o Grilo automaticamente vai dando a cara e pegada dele na bateria, juntamente com o Bruno no baixo... as vezes já temoz algum texto ou ideia pronta, e vamos musicalizando em cima do instrumental, quando 39

Como é o relacionamento entre os integrantes da banda? Todos temos personalidades muito fortes, e


às vezes, saímos na porrada! Haha! Falando sério, passamos por muita coisa juntos nesses quase dois anos, acho que isso fortaleceu ainda mais a admiração e amizade que temos uns pelos outros, cada qual a sua maneira. Nos falamos com pelo menos um dentre nós todos os dias, seja pra resolver algo, pra desabafar, ou só pra zoar mesmo. Posso dizer sem sombras de dúvidas, que atualmente somos tão chegados quanto irmãos. Os sites e as redes sociais noticiaram também sobre o processo de gravação do primeiro álbum da banda que está sendo produzido pelo Adair Daufembach, que é o responsável por trabalhos dos albuns de bandas como Hangar e Project 46. Como tem sido essa experiência e o processo das gravações? Nossa! Quando ganhamos a promoção dele foi um baque pra nós, eu mesmo desliguei o telefone na cara do Junior (manager) quan40

do ele me acordou pela manhã, dizendo que havíamos ganhado, sendo que eu nem queria mandar, pois achei que com tanta gente boa por aí, ele nem iria olhar nosso humilde material, mas ganhamos. Fomos em abril pra SP gravar o segundo Ep, mas acabamos optando por fazer um full álbum, e retornaremos agora em novembro pra gravar a outra metade. Acho que além do resultado sensacional na qualidade em que ele tira o som de nós, o mais válido é o acúmulo de conhecimento que se ganha ao trabalhar com alguém com tanta experiência no meio, com certeza voltamos de lá mais maduros musicalmente, dentre outras coisas, além do prazer imenso de trabalhar com o Júlio Barata, que trabalha com ele, e tem tudo pra se tornar um grande produtor Brasileiro, assim como o mestre Adair. Como já temos metade do novo disco pronto, vamos soltar um lyric video pra divulgação do primeiro single desse trabalho agora em novembro, e conta com uma participação espe-


cial Brutal! Chega de spoiler por hoje.. haha! Para o novo trabalho, o público poderá contar com mudanças ou pretendem seguir a mesma linha do EP (que por sinal, foi muito bem criticado pela mídia especializada)? Ambos. Vamos seguir na mesma linha do Ep, mas experimentamos alguns novos elementos, tanto em instrumental, quanto em vocal e letras.. o Adair nos torceu pra soltarmos nosso melhor, e o resultado está ficando fenomenal. Podem fazer uma comparação da Maieuttica “ontem” e a Maieuttica agora? No que acreditam ter evoluído? Claro! Antes, éramos uma banda de amigos tentando fazer um som com o que tínhamos em mãos e achávamos “legal”.. atualmente continuamos os amigos que formaram a banda de antes, mas com projetos e metas 41

a serem cumpridas, com tudo sendo levado ainda mais a sério, e com a ideia de fazer sempre cada vez melhor, e continuar evoluindo. Creio que evoluímos muito musicalmente após os contatos com a gravação do Ep e agora do Full, além do clipe, mas também como pessoas, após essas viagens que fizemos pra levar nosso som pra Norte e Sul do país, e até mesmo a fatalidade ocorrida com o Leo contribuiu pra que nos uníssemos ainda mais. Muitas bandas opinam sobre o cenário underground nacional. Dessa vez eu gostaria de perguntar a vocês sobre o cenário underground carioca. Como vocês o veem e o que gostariam que fosse diferente? Como vocês colaboram pra melhoria do underground local e nacional? Esse sempre é um tópico delicado, mas vamos lá! Primeiro: diferente do que muitos pensam estando ou não em nossa cidade e estado, o


cenário carioca existe e, é muito bem representado nos mais diversos estilos musicais em âmbito até mesmo internacional, por exemplo com o Confronto, El Efecto, Zander, Lacerated and Carbonized, Plastic Fire, Hatefulmuder, Skore, Anopsy, Cervical, Gangrena Gasosa, Maldita, entre muitos outros. Segundo: se não tem eventos que ache legal tocar, não se submeta a abusos e organize um evento melhor você mesmo... Só reclamar por aí não vai mudar em nada, o que se acha ruim. Terceiro: aliança não é panela. Se mais de uma banda se junta com outras a fim de conseguirem algo juntas, qual o problema? Querer subir um morro com um saco de pedras é tenso, porque não dividir o fardo, ou oferecer ajuda? O que muitos reclamam no RJ, é da falta de lugares pra tocar, mas cara, para pra pensar: temos muitas bandas com muito talento; somos de uma cidade turística onde tudo é mais caro; somos geograficamente pequenos, em relação a São Paulo e seu tão badalado cenário almejado pela maioria. Muitas bandas novas (não todas) saem de casa sem ao menos ter um material apresentável, saber respirar ou afinar um instrumento, e pagam pra tocar ou vendem ingressos “optatórios” (optativos + quase 42

obrigatório), quando deveriam estar estudando, aprimorando e trabalhando num material apresentável pra levar pras ruas quando fosse a hora. E isso, mata todo o trabalho da banda que está investindo e se dedicando ao extremo, pra evoluir. Por quê? Porque a maioria dos produtores de eventos vivem disso, e se a banda que mesmo com todo esse empenho em criar e trabalhar no material próprio não manter o foco e empenho na divulgação (note que eu não disse spam) certa, esses produto-


res vão colocar lá a banda que não se importa em vender ingressos ou paga pra tocar, porque o bendito produtor precisa almoçar! Claro que sempre haverá os canalhas que nem tem outra visão mais, a não ser essa de cobrar das bandas que preferem pagar pra tocar ao invés de investir em material de qualidade, mas tudo é questão de análise e bom senso. A cerca de 10 anos atrás, o RJ era dominado por bandas covers, hoje em dia ainda existem algumas, mas e daí? São músicos também e estão trabalhando com música, que 43

é o sonho de qualquer músico, se sustentar com música, seja produzindo, compondo, freelancer, dando aula, etc.. Não adianta ficar de mimimi dizendo que só tem espaço pra banda cover ou que vende ingressos (da forma que for), tem que chegar, fazer tua música, fazer uma boa produção, e se não souber da forma certa, existem assessorias pra escolher por aí a um preço acessível. Ou acha que músico só precisa fazer música? Se tu queres viver de música, invista, veja tua banda como tua microempresa, ou um trampo autônomo. Tem que haver investimento e pessoal capacitado pra executar as funções que tua empresa precisa pra crescer, e claro, ela também pode falir. Mas e aí? Vai desistir? Atualmente produzimos o evento Brutal Alliance, pois estávamos cansados de ver como as coisas eram feitas por aqui e como as bandas novas, e até algumas mais experientes mas que não se davam o devido valor, eram tratadas... nos espelhamos nos já antigos movimentos “faça você mesmo”, e metemos a cara pra fazer a nossa parte! Não sabemos se foi por conta do Brutal, ou se calhou de tudo ir ocorrendo em se-


guida, mas nosso cenário melhorou muito no último ano! Vemos produtores respeitar mais as bandas, vemos novos eventos feitos por outras bandas acontecendo, vemos bandas investindo mais no próprio trabalho, inspiramos até mesmo alguns amigos de Curitiba (que conhecemos em nossa passagem por lá) a criarem o evento CWB Alliance, dentre muitas outras coisas. E quem se beneficia com isso? Todos! Meio que fiz um desabafo, mas em relação a cena carioca, basicamente é isso, falta um pouco mais de bom senso, empenho, respeito, etc.. Mas estamos caminhando aos poucos, talvez continue melhorando!

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Gostaria de agradecer por atenderem a nossa solicitação para esta entrevista. Peço que deixem suas considerações finais. Eu e todo o Maieuttica é que agradecemos. Quero deixar aqui registrado, que não desistiremos graças ao apoio de todos, e sabemos que essa era a vontade do Caléo, e, um pedido ao pessoal das bandas que lerem isso: vamos juntos! Mas com respeito, dedicação e bom senso sempre! E obrigado a todos que perderam 5minutos lendo aqui, e que apóiam o underground nacional indo a shows, comprando merch, compartilhando nossos links na net. Vocês fazem as regras! Stay Brutal!



Pesadelo dos p Por Breno Airan Foto: Marcelo Mattina (I Hate Flash)

A

5ª edição do Rock in Rio foi a pior de toda a história do evento para os pais de plantão e roqueiros devotos da ideologia judaico-cristã. Houve um show, um rosário por assim dizer, de críticas a bandas que tocaram no evento – simplesmente por elas terem um cunho ligado ao satanismo. Bem, a temática não é de hoje, frise-se. Sendo um culto direto ao cão-miúdo ou não – como não sou muito ligado a religiões e seus amavios, nem me importei –, encarei mais a música como porta de entrada para o meu paraíso cognitivo. Porra (com o perdão do leitor), eu estava me desvirginando do evento. Nunca havia estado em algo tão colossal quanto a Cidade do Rock. A experiência e a aura sentidas no dia 19 – especificamente com as bandas Rob Zombie e Ghost – foram únicas. A expressão é manjada, mas foi único isso tudo. Deixa claro que é muito mais importante o teor das canções, o que elas querem passar não apenas por suas letras, mas por sua vontade própria de chegar a nossos tímpanos já acostumados com sons diversos. Fui para o espetáculo daquela quinta-feira acompanhado com minha lady Mariana Sou-

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za e mais dois amigos jornalistas. A primeira vez que viajei de avião, primeira vez que fui ao Rio de Janeiro, primeira vez que vi o Cristo Redentor ostentar seu poder lá de cima, imune às críticas feitas lá da Barra da Tijuca, onde aconteceu o evento. Tanto o também cineasta de horror Rob quanto a sueca Ghost falam, nas entrelinhas, do homem como um ser unânime. Que tem seus medos e suas crenças. Uns egoístas. É isso que nós somos. Para tanto, não a minha opinião a que conta, mas as mãos à minha frente, como se bradassem, como se cantassem junto, em uníssono. Zombie fez um dos shows mais impecáveis e pulsantes que já vi em vida. Creio que tenho agora um débito de 15 anos por ter assistido aquilo e pulado ao mote das seis cordas do John 5. Executando com maestria hits a exemplo de “Meet the Creeper” – que abriu calorosamente sua apresentação no Palco Sunset –, “Superbeast”, “Living Dead Girl”, “More Human Than Human”, “Thunderkiss 65” (ambos de seus tempos também áureos de White Zombie) e seu mais novo single “Dead City Radio And The New Gods of Supertown”, o


pais

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morto-vivo industrial não ficou devendo em absoluto em relação ao restante do cast. Sem tanto sal, Dr. Sin, Almah, Hibria e Sebastian Bach já haviam dado suas deixas para o mestre do terror mostrar o que um verdadeiro performer faz: levantar a galera como se fosse uma rave headbanger. Então é chegada a grande hora: Ghost. Logo depois de um batucante show do Sepultura e Les Tambours Du Bronx, lá estava eu ao lado de minha namorada recém-fã da banda – havia emprestado o debut deles há pouco tempo e com o agravo: “Não deixe sua mãe ouvir, porque as letras tem alusão ao diabo!”. E ela tomou esse cuidado ao escutar a pérola. E que álbum aquele primeiro destes suecos encapuzados! Referências máximas a Mercyful Fate, Pentagram, Coven, Blues Öyster Cult e tantos grupos bacanas, com essa pegada mais dark, ocultista. Mas o Ghost não conveceu a quem foi para assistir ao Metallica. A mentalidade de quem nunca ouviu a banda e não estava nem aí para ela – de fato, uma “qualidade” de 80% dos metalheads ou, simplesmente, “metaleiros” – é a de que sextexto macabro não correspondeu às expectativas do Palco Mundo. “Se era o objetivo deles impactar, não convenceram!”, alguns disseram. Como não? Quantos roqueiros cristãos – ou não, tanto faz – não foram até Rock Street ou lanchar no momento do espetáculo/culto a Satanás numa cidade maravilhosa que há pouco tinha recebido o representante de Cristo Salvador na Terra, o brando e acessível papa Francisco? Teria sido enfado, tédio? Pode ser. Mas há algo no âmago. Amigo meu gostou do som, mas “não lhe entrava” por sua religiosidade. É bem verdade que o ataque é feroz às divindades e o ritual, feito com leveza no stage. Nenhuma parafernália, nenhum escândalo.

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Muito longe de figuras do Shock Rock, como Arthur Brown e seu mundo maluco, Screamin’ Jay Hawkins, Alice Cooper, Kiss ou Lordi, o Ghost faz de sua música o verdadeiro caminho, para além do bem e do mal. Logo de cara, eles executaram uma trindade não-sagrada: “Infestisumam”, “Per Aspera Ad Inferi” e “Con Clavi Con Dio”. Com canções a exemplo de “Ritual”, “Prime Mover”, “Gulleh/ Zombie Queen” e “Monstrance Clock”, o Papa Emeritus II e sua trupe de Nameless Ghouls mostraram sua força num dos países mais católicos (e, ao que parece, evangélicos) do mundo. Em entrevista, um dos tais Nameless Ghouls – em tradução livre, bestas sem nome – esclareceu que a intenção da banda não chocar; muitas outras já o fizeram nas décadas passadas. Os integrantes, os quais ninguém sabe a verdadeira identidade e que se especula que sejam advindos do Death Metal underground da Suécia, não mostram seus rostos por um detalhe meramente estético. Leia-se “meramente”, mas não com conotação simplória. Segundo o músico, eles se vestem daquele jeito e se escondem para criar uma nova (e já perdida) sensação: a celebração à música em si e para si. “Não precisamos mostrar quem somos para que gostem do nosso trabalho. Isto aqui tem um quê mais teatral, performático, do que qualquer outra coisa. Não queremos que músico tal seja ‘venerado’ como acontece em outras bandas. Somos o Ghost e só”, pontua uma das desconhecidas bestas falantes. Ainda assim, a imprensa brasileira desceu a lenha no grupo... Fazer o quê? Jesus não agradou a todos, imagine o Ghost...

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O DIA QUE O FESTIVAL REALMENTE POD Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net) Foto: Marcelo Mattina (I Hate Flash)

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io de janeiro, dia 22 de setembro de 2013 em “um país tropical, abençoado por Deus e que bonito por natureza” estava no clima pesado, mas não no sentido negativo. Foi o dia que a galera de preto invadiu a Cidade do Rock, em Barra da Tijuca, para o último dia Rock In Rio. Este dia ficou marcado por fazer jus ao nome do festival e levar a música ao sentido literal do evento e do local onde foi realizado. Várias atrações em vários palcos espalhados e os principais navegavam entre o palco Sunset e o palco Mundo onde a maioria do público se concentrava para assistir aos shows. Entre as várias atrações, estiveram no palco Sunset André Matos + Viper, Krisiun + Destruction, Helloween + Kai Hansen e Sepultura + Zé Ramalho. No Palco Mundo teve Kiara Rock, Slayer, Avenged Sevenfold e Iron Maiden. Fãs loucos e ansiosos para ver e ouvir as bandas que se apresentariam já se animavam na fila para entrar e em meio a risadas, gritos de euforia e muita diversão. Não houve confusão. Todos estavam ali para se divertirem, encontrar os amigos e ver a banda que sempre sonhou, aquele era o dia.

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DE SE CHAMAR “ROCK IN RIO”

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O Palco Sunset iniciou com André Matos mostrando o motivo do Metal Brazuca ser um dos melhores do mundo e o detalhe era que o público já lotava a frente do palco para prestigiar os artistas nacionais. Um verdadeiro orgulho e a prova que o metal no Brasil está mais forte que nunca. O Viper se reuniu mais uma vez a André Matos para mostrar para quem não viu e para quem viu, o motivo da turnê de volta ter sido um sucesso. Todos cantavam juntos e mostravam que estavam ali, não como meros espectadores, mas sim como fãs. Sempre cantando e acompanhando todas as canções, foi assim que aconteceu o show do André Matos + Viper. Porém as guitarras distorcidas deram apenas um tempo para que a Alemanha invadisse o Brasil com o puro Thrash Metal. Destruction subiu e mostrou que está vivo e com clássicos da banda como “Curse The Gods” e “Thrash Till Death” para a famosa “roda” se formar e os bangers mostrarem para o mundo o motivo pelo o qual os países latinos, especificamente o Brasil, serem sempre os mais elogiados por artistas internacionais. Antes do Krisiun subir no palco para se apresentar, as duas bandas se juntaram para tocar a música “Black Metal” do Venom e poder contemplar pela primeira vez o Death Metal brasileiro no palco do Rock In Rio. “Combustion Infernal” e outras músicas conhecidas pelos fãs foram entoadas no palco Sunset. Max Kolesne é o cara que dita o ritmo é um baterista de mão cheia, Moyses Kolesne faz a guitarra se tornar um brinquedo e parecer fácil tocar, Alex Camargo passa a mensagem para todos e no baixo faz uma destruição sonora junto com seus parceiros de banda. Um show para entrar para a história do Rock In Rio.

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Dando continuidade ao palco Sunset, “happy, happy, happy Helloween, Helloween” era gritado pelos presentes e quando os caras chegam ao palco iniciam com um grande clássico. “Eagle Fly Free” foi de arrepiar e fazer o caos voltar a tomar conta do local. Algumas músicas do álbum mais recente que se chama “Straight Out of hell” foram tocadas e os presente cantavam junto como se fosse velhos clássicos. Até que chegou a hora do Kai Hansen se juntar ao Helloween e tocar “Dr. Stein”, “Future World” e “I Want Out”. Não é preciso falar muito para saber o quanto foi especial o show do Helloween, tudo girou a favor tanto o público quanto para a banda que fez uma apresentação impecável. Uma pausa no palco Sunset e para que o palco principal pudesse mostrar as bandas que estavam prontas para se apresentar e a primeira foi Kiara Rocks que tocou suas músicas próprias, além de começar com “Ace of Spades” do Motörhead para chamar logo a atenção. Mas a surpresa maior ainda estava por vir, ele convidou para o palco Marcão (ex-guitarrista do Charlie Brown jr) e a maior surpresa de todas que foi Paul Di’anno (exvocalista do Iron Maiden) para tocarem juntos três músicas e essas foram “Highway To Hell” (AC/DC), Blitzkrieg Bop (Ramones) e “Wrathchild” (Iron Maiden). O público foi ao delírio e finalmente o Kiara havia caído nos braços do público que não apostava as fichas na banda. No final foram bastante aplaudidos, ainda que tenha sido mais por tocar a música dos outros, e fizeram muito mais do que qualquer um esperava da banda. Então, os olhos se voltaram novamente para o Sunset e o Sepultura estava programado para tocar com o saudoso Zé Ramalho. Todos esperavam que ele iria tocar apenas uma ou duas músicas, o popular “pocket show”.

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Mas todos foram enganados, após o Sepultura tocar “Spit”, “Propaganda”, uma versão que da música “Da Lama Ao Caos” de Chico Science que estará no próximo álbum e mais algumas, Zé Ramalho é convidado para o palco e fez a outra metade do show tocando “A Dança das Borboletas” que ele gravou junto com o Sepultura para a trilha do filme Lisbela e o Prisioneiro, além de uma música do trabalho solo do Andreas Kisser, além “Ratamahata” do Sepultura, mais uma ou duas para encerrar com “Admirável Gado Novo”. O público gritava “Zepultura” o tempo todo e mostrou para o Zé Ramalho o quanto ele é respeitado pelo público do Metal. Um show excelente e mais um que pode ser considerado histórico e assim se encerrou as apresentações do palco Sunset para que todos possam ir para o palco mundo. Na sequência, quem comandou o show foi um dos ícones do Thrash Metal e finalmente uma das bandas mais esperadas pelos headbangers estava no palco mundo para o caos tomar conta da Cidade do Rock. Slayer mostroi porque é uma das bandas mais veneradas do gênero. “World Painted Blood” deu as boas-vindas ao público que esperava ansiosamente e que parecia não chegar. “War Ensemble”, “Seasons In The Abyss”, “Mandatory Suicide”, “South Of Heaven”, “Raining Blood” e “Angel Of Death” foram algumas das várias músicas que estiveram presentes no setlist. Apenas músicas conhecidas do público estavam no repertório, o que ajudou bastante a cativar os presentes. Mas o Slayer não precisa cativar ninguém, se fizer isso não é o Slayer. O público estava fervoroso e sedento em ver o show dos caras. Uma banda que gerou bastante polêmica por tocar na noite do Metal foi o Avenged Sevenfold. Eles precisariam ter punhos firmes

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para segurar um público que estava ali para ver o Iron Maiden, mas, apesar de não ser o público deles os caras souberam se manter firme e chamar o público para curtir o show deles. Havia muitas pessoas que estavam lá para vê-los, mas a maioria absoluta estava ali pelo Iron Maiden. Um repertório legal, com algumas músicas que foram surpresa para quem estava lá para ver o AX7 e algumas pequenas reclamações por faltar algumas. Uma coisa que é inquestionável é a técnica musical dos caras. Os caras manjam muito e sabem o que estão fazendo. “Buried Alive”, “Nightmare”, “Requiem” e “Shepherd of Fire” foram algumas que os caras executaram na sua primeira passagem pelo Brasil. A pirotecnia chamou bastante atenção, apesar de que era visível no semblante dos maiden maniacs o tédio por esperar ainda mais para ver a donzela. Passava da meia noite quando começou a tocar “Doctor Doctor”, o público cantava e pulava junto, finalmente a hora suprema acabara de dar início. Muitos estavam emocionados por ser a primeira vez que assistiam a um show da donzela e ao terminar a versão do UFO começa um vídeo com a introdução de “Moonchild” e enfim começava o show da turnê “Maiden England” que é uma volta a turnê do álbum Seventh Son Of A Seventh Son de 1988. Em seguida veio “Can I Play With Madness e toda Cidade do Rock cantava junto. Todas as músicas do set list não eram novidades para ninguém e entre elas estavam “2 Minutes To Midnight”, “Afraid To Shoot Strangers”, The Trooper”, The Number Of The Beast”, “Seventh Son Of A Seventh Son”, “Fear Of The Dark” e “Iron Maiden”. Foram duas horas de clássicos interruptos e até uma pequena polêmica gerada pelo vocalista Bruce Dickinson por divulgar a cerveja da banda (Trooper) e dizer “A cerveja daqui é tão ruim que tive que trazer a minha”. Mas nada que tire o brilho e a maestria do Iron Maiden que continua no posto de maior banda do mundo.

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Foto: Divulgação

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