So What are you waiting For? Passada a euforia de completar 10 anos de trabalho e esforço, meço todo esse período fazendo um paralelo do que cresceu e do que estagnou. Há 10 anos, quando ainda estava conhecendo a cena, a discussão era a manutenção, valorização do meio rock/metal. Hoje, esse mesmo papo continua. O pedido é sempre renovado na tentativa de chamar atenção para a causa. Mas será mesmo que estamos fazendo isso da maneira certa? Aliás, existe um modo correto? Independente disso, muitas bandas nasceram, sucumbiram ou continuam na mesma. Poucas, realmente poucas, mantêm firme o leme para seguir reto no objetivo. Outras continuam a lamentar por oportunidades caídas do céu. E tantas outras que só têm a música como hobbie: tocam uma vez ou outra, lançam algo, mas nunca deixaram claros seus reais objetivos. Criticar? Jamais.
Cada um faz o que acha melhor e constrói o seu caminho conforme achar melhor. O que não dá para entender é o porquê de muita banda viver esse tempo inteiro reclamando sem nunca ter dado um passo além. Não adianta, crescimento requer esforço, luta, suor, lágrimas e sorrisos. Sucesso não se alcança apenas sofrendo, se alcança com planejamento, gerenciamento, mente bem definida. Dez anos depois vemos bandas novas despontando de uma maneira impressionante, por trás de tudo isso há trabalho duro e muita dedicação. Todos merecem um lugar ao sol, mas chegar requer mais que vontade. Por fim, aos navegantes desse mar agitado, cuidem bem do seu barco, reforcem a estrutura e sigam firmes. A maré nem sempre estará favorável, mas não desistam. Somente os que persistem com sabedoria continuam navegando.
26 40 10 06 - mETAL rEFLECTIONS Rock in Rio
10 - Entrevista Sioux 66
20 - Matร ria Black Bell Tone
26 - Live Concert As I Lay Dying
32 - destaque Slayer
40 - Live Concert Setembro Negro
56 50 - stressadas Dedo podre
56 - Entrevista Dying Kingdom
64 - Entrevista Fรถxx Salema
70 - Live Concert Rock Fest
80 - Live Concert Phil X
DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto
COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Luiz Divine Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renata Pen Samantha Feehily
CONTATO contato@rockmeeting.net www.rockmeeting.net
2019, e mais uma edição do Rock in Rio aconteceu enquanto escrevia estas linhas. E continuo (assim como muitos) vendo as mesmas reclamações de sempre sobre o festival. Quando é que aprenderão? Vamos lá: o nome “Rock in Rio” é uma marca registrada, não necessariamente ligada ao nome. Novamente, como já disse há dois anos: é um nome simples e marcante, por isso ele é usado, e já entrou para a história. Lide com isso como bem entender, e não encha a paciência. Primeira reclamação: a diversidade musical apresentada. Pelos céus, desde a primeira edição o festival é assim! Ao lado de Iron Maiden, Whitesnake, Ozzy Osbourne, AC/DC e Scorpions, lá estavam os nomes de George Benson, James Taylor, Al Jarreau, The B-52’s e outros. E se falarmos em nomes nacionais, não existiam bandas de Metal (uma cena que o próprio festival ajudou a fortalecer, para os
que não sabem). É uma fórmula vencedora, e que continua dando certo. O único público incomodado é o do Metal, como se fosse deixado de fora (só na edição passada foi relegado por motivos que comentarei abaixo). Segundo: falar mal de artistas que não gosta. Toda edição alguém (seja do Metal ou não) quer fazer uma gracinha. Já até me acostumei, e sinto pena da produção que tem que lidar com isso. Mas como aguentar o público reclamando disso em redes sociais? Os fãs de Metal, então, adoram falar dos artistas de outros gêneros no Facebook, como se os mesmos lhes desse a mínima atenção! O que você faz nessas horas é: gerar indicadores na internet que acabam rendendo popularidade e DINHEIRO ao músico que você está reclamando! Pare com isso e deixe de dar dinheiro aos que não gosta, ao invés de falar do que você gosta! -6-
Fotos: Marta Ayora
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Terceiro: “de novo tal banda?” É, de novo Iron Maiden, de novo Metallica, de novo um gigante como “headliner”. E sabem o motivo? A culpa é do ego do headbanger! Larga de ser pateta, sujeito: tirando esses nomes acima, Black Sabbath e mais 2 ou 3, quem mais poderia atrair público nas proporções devidas? O empresário quer dinheiro, e nada mais justo. Agora, como fã de Metal teima em viver de passado, continuam sendo as mesmas de sempre. E vai continuar sendo assim enquanto esses ‘seres’ do cenário não aprenderem a permitir o crescimento de novos nomes. Quer exemplo como o headbanger brasileiro é tolo? Na edição de 2013, o Ghost tocou na noite do Metallica. Foi vaiado, numa típica mostra da infantilidade e falta de educação à lá Brasil. No Wacken e outros festivais do gênero, quando os europeus têm que ver um show de uma banda que não gostam, eles ou se sentam no chão para descansar ou vão ao banheiro, ou sei lá o que mais. Vaias? Não. Eles são educados. Mas já pensaram que isso é jogar contra o próprio patrimônio? Ninguém é obrigado a gostar do Ghost, do Heaven Shall Burn, do Lamb of God ou outro, mas respeito é bom e todos gostam, inclusive o pateta saudosista que adora clones dos anos 80, achando aquilo um “must”, quando na realidade, é lixo irrelevante. Accept? Judas Priest? Dimmu Borgir? King Diamond? Esses caras NUNCA fechariam uma noite de um Rock in Rio, pois nenhum deles têm o sucesso comercial de Metallica ou Iron Maiden. E digo isso achando que, atualmente, o Accept está massacrando tanto Maiden como Metallica em termos de música e shows (opinião minha, se não gosta,
paciência). E não tem papo, pois comparem as vendagens do Accept (ou de outro que goste) com o Maiden, Metallica e qualquer banda grande que possa pensar. E o grand finale: as últimas gerações de bangers são péssimos em termos de mentalidade! O que quero dizer: o pessoal da minha geração era grato de ter dias do Metal na primeira e segunda edição do festival. Na segunda, quem fechou a noite foi o Guns n’ Roses, mas antes, vieram o Sepultura (confirmado em cima da hora, e que foi a primeira banda nacional de Metal a tocar no festival, graças -8-
Fotos: Marta Ayora
ao sucesso no exterior, e não ao Brasil), Megadeth (turnê do Rust in Peace), Queensrÿche (divulgando “Empire”), e Judas Priest (que tinha lançado “Painkiller” uns meses antes do festival). Ninguém reclamava, todos apenas curtiram o dia. Ponto final, nada de mimimi generalizado de gente frustrada. Aliás, como disse em uma matéria dois anos atrás, também sobre o Rock in Rio: eles sabem de suas reclamações. Sabem, pois como citei: menções a artistas geram indicadores, que são utilizados para valorizar um artista. É por isso que eu quase grito para que deixem de ser burros e parem de falar de
quem não gostam! É jogar contra, bando de chorões sem causa! E quanto mais choram, mais vão ver coisas que não gostam ou repetidas, é assim que funciona! Será que perder dois dias do som que gostamos em 2015 para nenhum em 2017, e em 2019 somente um só, não lhes ensinou nada? Aliás, será que a vaidade sem nexo do headbanger não teve a devida lição com o MOA em 2012? Acordem, desmemoriados! No mais, parabéns à organização e aos veículos de imprensa sérios que lá estão cobrindo o evento. -9-
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sioux 66 A banda Sioux 66 fala sobre a sua trajetรณria, entrada do novo guitarrista e o futuro
Por Augusto Hunter| Foto Anderson Ilma Brito
Foto: Leonardo Palma Benaci
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E
m 2011, Igor Godoi e Fabio Bonnies se reuniram para fazer um som e assim nasceu a Sioux 66. Com o passar do tempo, a banda ganhou corpo, lançou dois discos e já tem experiência de gente grande, tendo aberto shows pro Aerosmith e Papa Roach e no Rock In Rio, na Rock District. Conversamos com o Igor Godoi sobre vários temas, leiam aí. A banda começou por volta de 2011 e queria saber o porquê do nome, Sioux66? Igor Godoi (IG): Começamos a banda com aquele intuito de tocar juntos, fazer aqueles covers e tal, mas aí a parada começou a evoluir, vimos que tínhamos uma química juntos e decidimos procurar o nome. Todos os primeiros nomes eram uma porcaria né, mas aí o Bonnies, com um amigo, falou de uma tribo indígena do filme “Dança com Lobos”, uma tribo nativa americana forte e pegamos essa temática toda. O Bonnies também tem umas raízes indígenas e resolvemos adotar esse nome pra gente. Descobrimos uma banda Argentina já usava esse nome (Sioux), mas mesmo inativa resolvemos colocar o 66 para dar uma diferenciada, vamos combinar que não é o mais fácil de procurar, mas ficou legal. (risos) Me fala sobre as influências da banda, quem vocês escutavam para chegar no som que tem hoje? Cara, a gente já se encontrou por conta da influência do Guns N´Roses na nossa vida. O Bonnies tocava baixo em uma banda tributo e o batera também era da banda tributo. Mas posso falar que dentro do Rock, Metal e do Hard as principais influências são o Guns, Aerosmith, Motorhead, Ramones são também grandes influências. Nossos discos, desde o começo tem uma pegada Metal e Punk, então sempre tivemos essas como grandes influên- 12 -
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Foto: Leonardo Palma Benaci
cias no nosso som.
normais e você tem a experiência né, o mais bacana é sempre trocar as experiências.
Recentemente vocês tiveram uma mudança de formação e agora contam com o Yohan Kisser. Como vocês chegaram nele e se tem alguma diferença por ele ter o pai que ele tem? Esse lance do pai ser uma lenda do Rock, assim como o Branco (Titãs, pai do Bento Mello). Eu ia na casa do Bento e via o Branco lá e ficava de cara, mas depois a gente meio que se acostumou com isso e, de certa forma, traz um sentimento bom, porque eu sou fã dos trabalhos deles, mas ao mesmo tempo são pessoas
Por que trocar essas experiências com essas personas preparam vocês para o que der e vier né... Ah sim, isso acontece, mas o pessoal pode pensar que, por ter eles com a gente, vai ser mais fácil e não, não é isso. Esse tipo de coisa da experiência é muito boa, mas tirando isso, não é nada mais fácil pra gente. Tudo que o Sioux 66 conquistou até hoje foi com o nosso suor, nossa ralação, nos demos muito mal e também nos demos bem, mas tudo com o nosso suor e - 14 -
sangue. E o principal mesmo, é a troca de experiência com esses caras.
Wikimetal entrou posteriormente. A experiência de ter gravado nesse estúdio, com esses caras, nos deu uma bagagem que carregamos até hoje, de gravação, produção e tal. Foram as pessoas certas para aquele momento. Hoje em dia tem muita coisa que eu gostaria de mudar, mas principalmente nos trouxe uma bagagem musical muito grande pra gente.
Vamos falar um pouco dos lançamentos de vocês. “Diante do Inferno” foi lançado pela Wikimetal Music, como foi todo o processo do primeiro disco? Nesse disco eu tinha 18/19 anos e era tudo novo demais pra mim, fizemos no Norcal Estúdios, que hoje não existe mais, trabalhando com Brendan Duffey, que hoje está na Califórnia e o Adriano Daga (baterista do Malta) trabalhou com a gente também. Nós fechamos um acordo com eles e nos trancamos em estúdio, a
Em 2014 vocês chegaram a ser convidados para abrirem para o Guns N´Roses, mas não rolou, acabaram sendo trocados pela Plebe Rude. Depois de tudo que você falou sobre a banda existir por - 15 -
conta do Guns, como vocês receberam essa notícia cara? Foi um dos impactos mais fortes que a gente recebeu na nossa carreira, como você disse, foi confirmado e tal, aquela empolgação, saiu na imprensa e tudo, mas olhando pra trás, eu acho que poderíamos ter tido mais pé no chão com relação a isso. Quanto mais tempo no show business você percebe que as coisas têm que ser mais calmas. Começamos a comemorar, tomamos cerveja, no outro dia de manhã, aquela ressaca e recebo a ligação de que a gente não ia mais abrir, posso falar que ficamos triste, rolou até um certo luto de um, dois dias, só que aí cara, viramos um pro outro e falamos: foda, vamos continuar, a gente vai conseguir. Porque assim, a banda, como em todo o projeto tem suas subidas e descidas. Em 2011, quando a gente surgiu, a gente participou do contest do Sweden Rock Festival, 2012 lançamos clipe e EP, 2013 saiu nosso disco, a gente fazia em vários locais. E em 2014, depois disso, foi a queda e ainda tivemos outras quedas, mas, são nessas quedas que você pergunta a você mesmo: será que eu ainda consigo fazer isso? Mas você olha para os outros caras e estão todos com sangue nos olhos pra fazer, você vai pra dentro.
Foto: Leonardo Palma Benaci
Então, passa esse tempo, vocês assinam com a Sony Music e lançam o segundo disco, Chaos. Abriram para o Papa Roach e Aerosmith, como foi essa experiência pra vocês? Começamos o processo e gravamos o disco com o Henrique Baboom. No início do ano surge o convite pra abrir para eles no final do ano, ficamos empolgados, pois somos fãs do Papa Roach e lá pra março, abril, rola o convite do Aerosmith. Pow, estava trampando no Maksoud Plaza e recebo a ligação do Bonnies, me falando: “mano, já abriu a caixa de e-mail?”. - 16 -
Abri o e-mail e está lá o e-mail de tal pessoa, falando um monte e o convite pra abrir ao Aerosmith, do tipo: “Precisamos de uma banda pra abrir pro Aerosmith, vocês gostariam?”. Lógico que ficamos empolgados e tal, mas aí, a experiência anterior contou, ficamos na nossa, não contamos para ninguém, pesquisamos o que precisava acontecer para fazer esse show acontecer. Colocamos o pé no chão e trabalhamos tudo. A partir do momento que tudo confirmou, aí sim a gente começou a soltar as notas e tudo mais. Mano, energia é um lance que eu acredito muito, então tem que ser assim e olha que foda, no dia do show do Aerosmith, o nosso disco foi lançado, foi tudo perfeito. Essa experiência cara, como foi para vocês encarar 40.000 pessoas? É difícil, é muito difícil mesmo! Estávamos muito concentrados em fazer aquele show, a nossa equipe estava muito bem formada, tudo muito certinho, então fomos muito tranquilos naquele dia, mas vou te falar, eu acho mais treta tocar num clube para 10 pessoas, do que em um estádio pra 40.000 pessoas. Por quê? Nos explica isso aí. 10 pessoas estão ali te mirando, você está olhando nos olhos dela, estádio é aquele lance, você vê a primeira fileira e o resto é tudo igual, mas aquela também, a gente estava do lado do palco e ouviu aquele “barulho de chuva”, mas era a galera já berrando e aí mano, dá um puta sentimento loco, pra mim, foi o melhor dia da minha vida, queria estar lá com o Igor de 10 anos falando: olha isso mano, vai acontecer e você não está ligado e até hoje é arrepiante ver a live, a gente tocou no Rock In Rio, mais nada ainda supera aquele dia. E você acabou entrando no outro assunto, no dia 04 de outubro vocês tocaram - 17 -
na Rock District, na Cidade do Rock. Queira ou não, é uma responsabilidade, é um peso... Cara, a gente ensaiou muito, preparou um set list especial pro dia, com nossas músicas e alguns sons que nos influenciaram, foi bem interativo pra galera, foi muito legal pra todo mundo.
ximo disco vai vir uma coisa mais raiz, mais ainda com a nossa cara, a nossa pegada, timbres de guitarras fortes e mano, está sensacional, não vejo a hora de soltar esse disco. Igor, obrigado pelo tempo, valeu pelo bate papo mano, abraço!! Obrigado aí a vocês também, obrigado a Rock Meeting, por vocês estarem aí, propagando o Rock, não deixando a chama morrer, hoje estamos perdendo espaço e ter um espaço como vocês é muito importante, obrigado aí demais. Abraço!
E do próximo disco, o que você pode nos adiantar, já com o Yohan na banda e tal? Fomos à Rádio 89Rock, no programa do Andreas e ele me fez a mesma pergunta, esse pró- 18 -
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Black Bell Tone Black Bell Tone lança álbum de estreia e clipe que propõem uma reflexão sobre a intolerância no Brasil e questiona o lema da bandeira nacional
Por Samantha Feehily| Foto Leticia Moura
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"Amor, Ordem e Progresso", terceiro vi-
deoclipe da Black Bell Tone, puxa o lançamento do seu primeiro álbum "Engenho Que Fabrica Opinião". A estética do cenário e figurino alternando entre preto e branco faz referência à capa do álbum numa alegoria a polarização política vivida do Brasil nos últimos anos. A música vai além e aborda como as pessoas sucumbiram às possibilidades de comunicação trazidas pela tecnologia, tornando-se avatares frios e insensíveis em uma guerra virtual cuja única finalidade é destruir o discurso que é oposto ao seu.
No refrão, a música trata da supressão
da palavra "Amor" na bandeira brasileira: "O lema Ordem e Progresso é originalmente influenciado pelo pensamento positivista de Auguste Comte: Amor por princípio, Ordem por base e Progresso por fim. Porém o símbolo máximo da nação parece estar incompleto." - afirma o vocalista e guitarrista Taba Kuntz, autor da letra. "Coincidência ou não, parece sintomático e representativo que uma nação não esteja conseguindo estabelecer o entendimento para encontrar a pacificação, quando lhe falta o princípio essencial a todos os povos. Não há como legitimar ordem e progresso para todos se não houver paz, e isso nasce com empatia e amor’ - completa o músico.
O clipe de "Amor, Ordem e Progresso"
foi produzido pela própria banda, no melhor estilo DIY (do it yourself), e também conta projeções de imagens históricas e momentos importantes que ajudam a dar o contexto nacional abordado na música. Todo o processo foi documentado e está disponível no Instagram.
Com guitarras distorcidas e uma melo-
dia pop, a canção dá uma ideia geral do clima do álbum: "Muito embora a temática do disco reflita bastante sobre a instabilidade do cená- 22 -
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rio atual no país e no mundo, ainda há um tom positivo no espírito do disco. Nesse sentido, pode-se dizer que o álbum também fala sobre cura e esperança" - completa o guitarrista Nando Pontin. A BLACK BELL TONE
A Black Bell Tone, formada em março de
2017 em Porto Alegre - RS, faz parte da nova cena independente do rock nacional. A banda é composta por: Taba Kuntz (vocal e guitarra), Nando Pontin (guitarra), Lucas Pontin (baixo) e Fernando Paulista (bateria).
A experiência da estrada e de projetos
anteriores trouxe um foco afiado que contribuiu com o planejamento da Black Bell Tone desde seu primeiro dia. A banda lançou em setembro/2019 seu disco de estreia "Engenho Que Fabrica Opinião", puxado pelo clipe da faixa "Amor, Ordem e Progresso". Antes do álbum foram lançados outros três singles, dois clipes, uma série de vídeos com performances ao vivo, chamada Live@Studio, shows na íntegra, além de dezenas de vídeos de bastidores em seu canal do Youtube . A BBT mantém uma produção sólida e diária de conteúdo para suas redes sociais de forma a manter o seu público engajado e em constante expansão.
Apesar do pouco tempo de existência, a
banda tem no currículo shows em grandes festivais ao lado de nomes como Acústicos & Valvulados, Vera Loca, Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde) e outros, além de ter sido escolhida pelos americanos da Blackberry Smoke como banda de abertura para o seu show em Porto Alegre em maio/2019. O ÁLBUM | ENGENHO QUE FABRICA OPINIÃO - 24 -
Já está disponível em todas as platafor-
mas digitais o álbum de estreia da Black Bell Tone: "Engenho Que Fabrica Opinião". Primeiro álbum de estúdio dos gaúchos de Porto Alegre, o disco traz 12 faixas e é o resultado de dois anos e meio de produção, desde o primeiro dia de ensaio até o lançamento.
O trabalho traz músicas em português e
inglês e trata de temas como a sociedade moderna, a era digital e as angústias e contradições do nosso tempo, onde a tecnologia que poderia aproximar as pessoas parece ser o fio condutor para um futuro de afastamento e polarização.
A sonoridade é uma mistura de subgêne-
ros, do mainstream e do underground, dentro dos pilares fundamentais do Rock. Guitarras distorcidas, peso e vocais rasgados se juntam a elementos especiais e revelam a personalidade da Black Bell Tone. Grooves de bateria, coros, momentos épicos e de silêncio dão a dinâmica e também evidenciam a química do grupo durante o período de composição.
O álbum composto e arranjado em es-
túdio pela própria banda foi produzido pelo engenheiro e guitarrista Nando Pontin, que também assina a gravação e mixagem do trabalho. A masterização é de Mateus Borges (AudioFARM Studios), engenheiro indicado ao Grammy Latino em 2013.
A arte da capa é do artista visual Leo
Lage (Aro 33) e representa uma sociedade em oposição que sangra pela falta de entendimento, e que, na busca por liberdade e paz, está unida pela dor e muito mais próxima do que imagina. Leo Lage é conhecido por seus trabalhos com bandas da cena rock do Rio Grande do Sul como Pública, Ultramen, Dingo Bells, Cartolas, Bidê ou Balde, entre outros.
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As i lay dying Mais de 10 anos sem pisar no Brasil, a banda americana retorna ao país e faz show épico em São Paulo
Texto e Foto Rafael Andrade
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hegou o dia, o grande dia... Mais de 10 anos após sua primeira passagem pelo Brasil, o As I Lay Dying retornou à São Paulo no dia 07 de setembro, no Tropical Butantã. A ansiedade antes do show tomou todas as formas possíveis... A começar com toda história que se passou com o grupo nos últimos anos... Se você está lendo essa resenha do show, sabe muito bem a causa do hiato da banda e deve ter se perguntado: “Qual o impacto disso sobre a banda, sobre a música? Qual o impacto disso sobre mim?”. A verdade é que o mundo mudou demais nos últimos 10 anos, o gênero Metalcore não está mais em alta, e nós também mudamos como pessoas... 12 anos é muito tempo, e não é possível fugir dessa reflexão que o hiato da banda acaba trazendo consigo. Logo na fila já foi possível encontrar vários rostos familiares, amigos de outros mosh-pits e pessoas que pareciam se conhecer desde sempre. Sabe aquela energia que só o Metalcore tinha? Pois é, dá até um frio na espinha de contar isso, mas essa energia continua exatamente a mesma! Então, do público já não tinha dúvidas, quem estava ali estava preparado para dar o máximo para fazer dessa noite algo inesquecível. A abertura ficou com a banda Reckoning Hour do Rio de Janeiro, e não precisaram nem terminar o primeiro riff pra fazer o Tropical Butantã tremer inteiro, com rodas que não se viam em São Paulo desde o último show do Slayer... Ah, mas eu me arrependi tanto de ter achado que o Metal não estava mais em alta! O som que essa galera do Rio entrega é algo que transcende qualquer rótulo, então se você não conhece o trabalho deles recomendo que busque agora o último álbum, “Beyond Conviction”, e deixe as músicas falarem por si. E com uma pontualidade impecável, o - 28 -
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As I Lay Dying entrou no palco com a tríade de abertura “Meaning In Tragedy”, “An Ocean Between Us”, e “Through Struggle”. Não, você não leu errado, eles realmente fizeram isso com o público. Toda a carga emocional das letras, dos acontecimentos recentes da banda, das nossas próprias vitórias e tragédias pessoais... Era hora de enfrentar cada dilema, numa noite de catarse para todos que estavam ali. Eu até peço desculpas ao leitor que acha que estou filosofando demais ao falar do show, mas é aquela história: Você tinha que estar lá para entender.
A noite continuou com as melhores músicas da banda, o vocalista Tim Lambesis em sua energia máxima o tempo todo, agradecendo o público e repetindo diversas vezes como aquele momento era especial, o quão grato eles estavam por estarem fazendo música novamente, e que nunca iriam se esquecer daquela noite. Até então o novo álbum “Shaped by Fire” ainda não tinha sido lançado, mas quando tocaram as músicas “My Own Grave” e “Redefined” o público não conseguia mais segurar o quanto estava esperando por esse álbum. Com letras falando sobre o poder do - 30 -
perdão, de reconhecer erros e reparação, o As I Lay Dying conseguiu retornar ao coração daquele que haviam se distanciado da banda ou do estilo, consolidaram sua importância para aqueles que nunca perderam a fé.
• The Sound of Truth • Instrumental Solo • Forsaken • Shaped by Fire (Live debut) • Condemned • The Darkest Nights • A Greater Foundation • Parallels (Primeira vez desde o Hiato) • My Own Grave • Nothing Left • 94 Hours • Confined
Setlist: • Washed Away (Intro) • Meaning in Tragedy • An Ocean Between Us • Through Struggle • Within Destruction • Redefined (Primeira vez ao vivo) - 31 -
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slayer Em uma noite sold out, os fãs que foram a São Paulo assistir a apresentação do Slayer, saíram felizes e, ao mesmo tempo, saudosos. Aquela seria a última vez
Por Pei Fon | Foto Stephan Solon/Move Concerts
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screver sobre o show do Slayer pode até parecer fácil, mas quando se trata de sua última aparição no Brasil, eleva ainda mais a responsabilidade de tentar trazer um pouco do que foi a apresentação matadora, incomparável e saudosa. No dia 02 de outubro, Espaço das Américas, em São Paulo, aconteceu o primeiro show marcado na passagem pelo Brasil. Certamente, nele seria tocado o setlist na íntegra, diferente do que poderia acontecer no Rock in Rio. Acertada decisão das 8,200 pessoas que presenciaram algo único. De tantas vindas ao Brasil, com toda certeza, essa foi a melhor delas. Ouvindo o burburinho dos fãs, alguns comemoravam, outros indagavam a falta de uma música ou outra, mas na sua maioria, todos estavam buscando a mesma experiência, até para quem já viu a banda noutras oportunidades. Os arredores do Espaço das Américas já estavam tomados pelos fãs ainda na tarde desse dia. Filas enormes foram formadas, afinal, o fã mais cético queria garantir o seu lugarzinho na grade, ver de perto os caras, sentir a energia ainda mais próximo, gravar na memória cada movimento. Aliás, é difícil lembrar de alguma coisa, pois todo mundo estava em êxtase. A pergunta frequente naquele dia, e que será daqui por diante é: que show foi esse? Show Vamos falar em show. O agora trio Claustrofobia ficou responsável pela abertura desse insano dia. Conduzido por Marcus D’Angelo (guitarra e voz), Caio D’Angelo (bateria) e Rafael Yamada (baixo e voz), os caras bateram pesado para afirmar que ainda estão bem vivos na cena. Diante de uma casa lotada, os caras executaram sete músicas, dando destaque para - 34 -
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as conhecidas “Pino da Granada”, “Metal Maloka” e “Peste’. Som esse que representa bem o que é o Claustrofobia. Perto das 22h, a introdução começa, muitos celulares para o alto e dá-se início ao massacre. Numa projeção sob um pano que cobria o palco, a banda ia se posicionando, até que caiu e “Repentless” é tocada. A priori a galera queria registrar o momento e curtir depois. No telão mostrava as pessoas num
movimento que pareceria ser o mar... Um mar de gente sendo conduzida ao som de “World Painted Blood”. Tudo aquilo era muito insano de se ver. Tinha tanta gente, que até bater cabeça era difícil. Todos ficaram hipnotizados, essa é a verdade. Ao longo do setlist, o nome do Slayer foi várias vezes ovacionado. Tom Araya olhava para todos emocionado. Foi bonito de se ver. Gratidão, sabe? Você sentia de onde estivesse.
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E olhe que lindo não é bem o adjetivo que se pode dizer ao Slayer, mais como é uma despedida, pode tudo. Foram 20 clássicos. Um ponto alto para “War Assemble”, que vibração impressionante. Ao vivo funciona muito, mas muito bem. O show foi divido em quatro blocos. Mas as sete músicas finais formaram o ponto alto da noite: “Season in the Abyss”, “Hell Awaits”, “South of Heaven”, “Raining Blood”, “Black Magic”,
“Dead Skin Mask” e “Angel of Death”. Abrir um parágrafo só para falar do clássico maior do Slayer, “Raining Blood”. Até aquele momento, diante de tanta gente, pouco se viu mosh pit. Mas nessa música não tinha como segurar a galera. Uma abriu bem do lado de quem vos escreve. Para contextualizar, havia uma grade no meio do salão, por conta da mesa de som e do iluminador do show. Mas o espaço destinado para tal, era considerado, e
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quem entrava no local achava que se tratava de uma barricada de alguma área premium, mas não era. Voltando, estava à frente de uma das grades. Com o amontoado de gente, facilita bastante para respirar. Na hora da ‘chuva de sangue’, a roda se abriu, fui espremida na grade. Os seguranças estavam loucos porque a grade já não servia de nada, eles não sabiam o que fazer e eu só ria, não achei ruim assim. Aliás, adoro ficar próximo das rodas. Por fim, “Angel of Death” fechou a noite épica. Um verdadeiro massacre sonoro, digno do que é o Slayer. No agradecimento, Tom Araya e Kerry King distribuíam gratidão, emoção e um adeus emocionalmente brutal. Kerry é um monstro ao vivo. Olhando para trás, após toda a catarse ter sido encerrada, vi fãs com os olhos marejados, chorosos, numa energia única de que ‘caramba, eu vi o Slayer’. E esse show será repercutido por muitos anos. Quem viu, viu. Quem não viu, uma pena!
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setembro negro
Pesado, brutal e histórico. Assim foi a 13ª edição do Setembro Negro Festival, em São Paulo.
Por iza Rodrigues| Foto rAFAEL aNDRADE
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evento de música extrema trouxe 24 bandas, sendo 7 brasileiras, em 3 dias onde levaram o melhor do Thrash, Black, Death, Doom e Grind para o Carioca Club. Quando antes no Brasil tivemos tantas bandas assim juntas? Entre idas e vindas, o festival vem se consagrando no calendário de shows, e atraindo amantes da música pesada – inclusive pessoas que não moram no Brasil estavam lá prestigiando essa edição. Muito bem organizado, com shows pontuais, merchandise, chopp e lanches a preço acessível e uma pulseira que dá ao público a liberdade de sair da casa de show – sistema muito usado em festivais estrangeiros. Imagina ter que ficar cerca de 10 horas de pé, dentro da casa de show? Graças às pulseiras, as pessoas podem sair e descansar durante o intervalo de show. Seria ótimo que outros festivais adotassem o sistema. Sexta-feira, primeiro dia de festival, e a banda responsável pelo pontapé inicial foi o Shaytan, banda brasileira que surgiu em 2015 e trouxe um Black Metal poderoso. Seguindo pelos cariocas do Grave Desecrator, que trouxeram um palco com caveiras e caixões, combinando perfeitamente com a brutalidade do Death Metal que a banda propõe. Gorgasm foi a primeira banda estrangeira a pisar no palco dessa edição do Setembro Negro. Os americanos trouxeram um setlist mesclando faixas de toda a história da banda, e animaram o público que ainda estava chegando na casa. Um Death Metal rápido, técnico e com integrantes que revezam as vozes, fazendo tudo soar ainda mais pesado. Os thrashers holandeses do Legion Of The Damned foram recepcionados com entusiasmo, levando boa parte do público para a pista do Carioca Club, fazendo a galera agitar muito e abrirem as rodas não só nas clássicas “Sons Of The Jackal” e “Pray And Suffer”, mas - 42 -
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até mesmo nas músicas do recente álbum, Slaves Of The Shadow Realm. Os veteranos do At War, banda que surgiu no início dos anos 80, vieram na sequência e o público não fez feio. A cada música as rodas iam ficando cada vez maiores e mais agressivas, com um som que remete ao Motörhead, mas mais pesado, rápido e sujo. Com um pouco de atraso, era hora da atração principal da noite: Exodus. Umas das mais importantes bandas de Thrash Metal da história – e para a surpresa, contando com Gary Holt na guitarra, que vem se apresentando com o Slayer desde 2011. E o que é um show do Exodus? Provavelmente um dos mais enérgicos shows de Thrash Metal que existe. Os americanos não pouparam esforços para fazer daquela noite algo memorável. A alegria no rosto de cada integrante era visível, assim como em cada um da plateia, em rodas gigantes, crowdsurfing, refrões cantados em plenos pulmões, enfim, a galera estava totalmente alucinada, a ponto de ser difícil achar palavras para descrever o que foi aquilo. Começando o show com o clássico absoluto “Bonded By Blood” e com músicas como “A Lesson In Violence”, ainda houve uma pausa para cantar ‘parabéns’ para o baixista Jack Gibson, antes da destruidora “War Is My Shepherd”. A felicidade dos músicos era tanta, que mesmo depois de promover a pancadaria geral em todo o set, quando as cortinas começaram a se fechar, o baterista Tom Hunting decidiu que era hora de mais, e voltaram ao palco para “Metal Command” e “Piranha”. Que show! Que espetáculo! Segundo dia de festival, dessa vez começando no início da tarde, não foi possível chegarmos na casa de shows a tempo, e acabamos perdendo os shows dos paraenses do Baixo Calão, do Expose Your Hate, do Rio Grande Do Norte e dos americanos do Full Of Hell.
Fotos: Renato Jacob
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Fotos: Renato Jacob
Fotos: Renato Jacob
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Com a casa ficando cada vez mais cheia, os americanos do Uada trouxeram seu Black Metal sombrio, pesado e atmosférico, mesclando músicas dos únicos dois trabalhos da banda, Devoid Of Light e Cult Of A Dying Sun. Rotten Sound, da Finlândia, veio na sequência trazendo uma música totalmente diferente da banda anterior. Fazendo um Grindcore brutal e barulhento, com músicas curtas, típicas do estilo, os finlandeses trouxeram as rodas de volta ao festival. De volta ao clima sombrio, foi a vez dos suecos do Monolord trazerem o seu Doom/
Stoner com aquela pegada setentista ao Setembro Negro. A banda está divulgando seu último álbum, No Comfort, lançado este ano pela Relapse Records. Seguindo com mais uma banda da Suécia, o Necrophobic fez um show arrebator. A casa encheu para prestigiar o Black/Death metal, com um setist cobrindo boa parte da carreira da banda, desde o álbum The Nocturnal Silence, de 1993, até o último disco, Mark Of The Necrogram. Os também suecos do Vomitory vieram na sequência, para fazer o público abrir rodas
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ainda mais ferozes, com um set recheado de clássicos – já que a banda está fazendo a turnê de celebração de 30 anos de história. O show principal da noite ficou com os americanos do Demolition Hammer, pela primeira vez no Brasil, e a casa ficou cheia para recebê-los em mais um show brutal do Setembro Negro. Em hiato de 1995 a 2015, a banda voltou à ativa em 2016, e fez um show capaz de satisfazer qualquer fã de música pesada. As rodas ficavam, a cada música, maiores e mais agressivas, com homens e mulheres, curtindo um bom e velho Thrash Metal.
Terceiro e último dia de festival começou com os mineiros do Pathologic Noise, que ainda para poucas pessoas, apresentou um show cheio de peso e agressividade, seguido pelo Impurity, banda também de Minas Gerais, que faz um Black Metal daqueles dignos de deixar o ar pesado. Os noruegueses do Svarttjern trouxeram o seu Black Metal pesado e, literalmente, sangrento para o festival. A banda surgiu em 2003, com o vocalista Hans Fyrste, que fez parte do Ragnarök. O Night Demon, banda dos Estados
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Foto: Renato Jacob
Unidos, trouxe um pouco de Heavy para o palco do Setembro Negro, incluindo no setlist um cover do Motörhead e Iron Maiden. O Death Metal voltou ao palco com os gregos do Dead Congregation, trazendo uma música veloz e muito bem executada. Midnight veio ao palco e fez uma das melhores apresentações de todo o festival. Um show cheio de energia e entusiasmo, simplesmente avassalador. Impossível ficar inerte quando o
Midnight está no palco. Os americanos do Monstrosity trouxeram seu Death Metal e não fizeram feio. A banda está divulgando o álbum The Passage Of Existence, lançado em 2018 pela Metal Blade Records, iniciando o show com 3 músicas do novo álbum, “Cosmic Pandemia”, “Kingdom Of Fire” e “Radiated”, mas não deixou de fora as clássicas “Destroying Divinity” e “Angels Venom”. - 48 -
O Incantation veio na sequência, e era uma das bandas mais aguardadas pelo público, os americanos que fazem um Death Metal de respeito, levaram os fãs a loucura com clássicos como “Unholy Massacre” e “Deliverance Of Horrific Prophecies”. A banda que fechou o Setembro Negro foi os veteranos do Cirith Ungol, que surgiu nos anos 70, e que pisava em solo brasileiro pela primeira vez, a casa não estava muito
cheia quando começaram a tocar, mas quem estava lá, estava visivelmente feliz em ter a oportunidade de ver o Cirith Ungol e presenciar um show com setlist que incluiu todos os trabalhos da banda. A edição de 2020 do Setembro Negro já tem datas: 05, 06 e 07 de setembro, e com certeza, terá novamente um lineup imperdível. Se você é fã de música extrema, marque na agenda e não perca esse festival. - 49 -
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uando falamos de empoderamento feminino, é bem comum, inclusive em consultório e nos cursos, receber mulheres que se sentem feias, fracas, mulheres que às vezes já estão dentro de um processo de tristeza, dentro de um processo depressivo e dentro de um processo em que elas verdadeiramente se sentem incapazes. Muitas delas, estão sendo tratadas mal dentro de um relacionamento e não conseguem sair dali. Em todos os casos, elas estão em um círculo sem fim, muitas vezes, inclusive, se auto intitulam como dedo podre, fazem escolhas erradas, escolhendo relacionamentos ruins e isso passa a ser um padrão dentro da vida dela. E todas essas situações vão se enquadrar dentro de um conceito que a hipnoterapia e a neurociência trazem, esse conceito explica que o nosso cérebro está constantemente busca economizar energia, por exemplo, quando a gente faz algo, nosso cérebro
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automatiza aquele processo, por isso que nós temos vários procedimentos automatizados dentro da nossa vida. O cérebro tem aproximadamente 2% do peso do nosso corpo, e gasta aproximadamente 18% da nossa energia já com todos esses processos de automatização. Ele se condiciona a fazer tais coisas e não é preciso mais gastar energia com aquilo, isso acontece também com os processos emocionais, se a minha mente percebe um padrão vivido durante várias vezes seguidas, a minha mente automatiza, faz isso para economizar energia e essa automatização é colocar aquilo como verdade absoluta. Quando a gente fala das mulheres, o que vemos, muitas vezes, é esse padrão consolidado vindo de experiências anteriores, desde a relação pai/mãe em que o pai tem um relacionamento abusivo com a mãe, até relacionamentos amorosos, ela vivencia olhares
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e seu cérebro fica condicionado a achar que isso é normal e automatiza. Por isso que ela verdadeiramente começa a se sentir feia, para baixo, toma decisões erradas, isso tudo é reflexo da automatização e repetições do cérebro. O discurso comum que justifica as más escolhas amorosas resume-se a falta de sorte nas relações. Ouve-se frequentemente que gente assim, com pouca sorte, possui o “dedo podre”. Esta é uma expressão popular que define o comportamento repetitivo de indivíduos de boa índole escolher sempre pessoas de caráter duvidoso para se relacionar. Quando não temos experiência suficiente, não conseguimos reconhecer imediatamente as características de um amor destrutivo, e aceitamos que o mesmo entre em nossas vidas. Entretanto, se estas escolhas se repetem com frequência é preciso aceitar o fato de que não são em nada casuais. É provável que exista uma parcela de responsabilidade daquele que aceita se envolver constantemente em relacionamentos com considerável risco emocional. Esta parcela individual precisa ser reconhecida, pois enxergar a si e os próprios conflitos possibilitará experiências amorosas mais gratificantes no futuro e o amor bem-sucedido poderá deixar de ser uma aspiração mística para se tornar opção. A autoimagem é uma parte significativa da personalidade, e é moldada ainda na infância. Um relacionamento com um adulto significativo a nós, como por exemplo, pai, mãe, avó, professor, entre outros, mas que não é capaz de nos valorizar, respeitar e amar o que somos, faz com que acreditemos que não somos sujeitos de valor suficiente
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para sermos merecedores do amor de qualquer pessoa. Caso durante o nosso desenvolvimento esse padrão não sofra nenhuma modificação, muito provavelmente viremos a ser adultos possuidores de uma baixa autoestima e autoimagem. Assim, quando estamos à procura de um parceiro, possivelmente encontraremos alguém com quem repetiremos a situação que vivenciamos na infância. Para superar este ruim padrão de relacionamento, precisamos compreender e reconhecer quem somos, para que possamos, posteriormente, recuperar e reconstruir nossa autoestima. O autoconhecimento, a cada dia, se torna uma ferramenta essencial. Os indivíduos que ingressam em relacionamentos constantemente complicados, normalmente apresentam dificuldades em verbalizarem ou até mesmo saberem o que os fazem felizes e quais são seus objetivos de vida. Geralmente, o desejo de agradarem leva-os a centrarem-se de tal maneira nas necessidades e anseios do outro, que é como se a sua própria existência apenas se justificasse em função dele. Isso faz com que o outro viva uma relação onde ele sempre recebe muito mais carinho e atenção do que ele esperava da relação. Porém, pouco tempo depois, se iniciam as cobranças, o que gera conflitos. E o sujeito que acreditava estar vivenciando um amor intenso, verdadeiro e mágico, acredita que o parceiro não o dá nada em troca. “A hipnose pode ser a solução para que esse padrão seja quebrado. A hipnose não é reformatação mental, a gente não está falando de mudar a consciência tão pouco a personalidade do indivíduo. A forma de agir da pessoa foi automatizada por memórias vivi-
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das ao longo da vida, por isso, por meio da hipnose, acessamos essas memórias de longo prazo alteramos esse padrão que foi construído a ao longo da vida, ajuda a alterar aquilo que está lá dentro do subconsciente. Vale ressaltar que o esse alterar é no sentido de trazer uma nova percepção, uma ressignificação. A partir do momento que o subconsciente entende que aquele não é um padrão mais necessário ele tira aquilo da automatização e começa a gerar outros padrões. A mulher começa a sentir mais forte, mais capaz, mais empoderada. Aprende a ir buscar sua felici-
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dade, deixa claro o papel dela dentro de um relacionamento e muda completamente a forma de viver. A importância da ressignificação é comprovada, a força de vontade inicial, por exemplo, que leva a gente a fazer alguma coisa, não é suficiente, pois aquela pessoa vai tentar um, dois, três dias e no quarto vai desistir, poiso padrão não foi mudado. Hipnoterapia é mudar os padrões negativos, é tirar aquelas crenças limitantes, é tirar aquilo que efetivamente a prende” explica Pedro Ivo, hipnoterapeuta e fundador do PI Hipnose.
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DYING KINGDOM De Brasília, a banda divulga seu début “Solitude”, fala do passado, presente e futuro
Por Luiz Ribeiro| Foto bANDA/dIVULGAÇÃO
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O álbum de estreia da banda foi lançado no segundo semestre de 2018. Como está sendo a divulgação e repercussão do “Solitude”? Dying Kingdom: Resolvemos juntar o álbum de estreia ao próprio lançamento da banda. Para isso efetivamente acontecer, tivemos que pontuar muito bem o que seria relevante entregar de material para o público (principalmente porque, até então, era um público que não nos conhecia) aliado a ideia de mostrar quem somos e a que viemos. Para isso, desenhamos internamente uma estratégia de lançamento que teve como start o lançamento do clipe da música ‘Solitude’, juntamente com o nosso site, vendas online, distribuição em redes de streaming e redes sociais. O período de lançamento durou dois meses, no qual intervalamos o lançamento de cada música em formato de singles. A repercussão que tivemos foi muito boa, a revista japonesa Burrn! nos procurou para um review do álbum e alguns sites internacionais e nacionais também fizeram seus reviews. Felizmente, talvez isso tenha desencadeado em nos chamarem para abrir o show do Black Label Society aqui em Brasília. Todo o trabalho visto no “Solitude” é de extrema qualidade, tanto sonora, quanto visual. Além disso praticamente tudo feito pela banda de forma independente. Essa sempre foi a ideia desde o início ou para vocês a dificuldade no país os levaram a isso? Ficamos felizes e agradecidos com o reconhecimento! Como batalhamos muito e fizemos tudo nós mesmos o gostinho é muito maior! Desde o início, queríamos que a banda tivesse uma identidade forte, conceitual e estética. Por isso, criamos um universo próprio, tanto para nos expressarmos, quanto para nos
envolvermos com o público. Foi natural vir de forma independente. Além da música, felizmente, temos habilidades individuais que nos permitiram cobrir todas as áreas necessárias na produção e criação de um álbum. Então, todo esforço financeiro normalmente usado em um disco, pudemos direcionar para outros meios, como distribuidoras, domínio do site e gravação de vídeo clipe. Mas precisamos deixar claro que é inegável a dificuldade que todos enfrentamos com cus- 58 -
tos no nosso país. De outra mão, porém, temos que aproveitar que estamos num período no qual podemos extrair muita qualidade dos meios tecnológicos.
geral da banda de liberdade, de cair na estrada e viver. O processo de criação do álbum foi como uma sopa primordial. Tem ideias de várias eras. Não foi rápido, porém foi necessário. Sabíamos que tínhamos boas músicas e que precisávamos dividir com as pessoas. Não era justo manter tudo trancado em uma gaveta. A criação das músicas, quase sempre partia de um conceito e de riffs que pudessem expressar esse sentimento. “Long Road”, por
A música Long Road resume bastante a “pegada” da banda e (na minha opinião a melhor musica do álbum), como foi o processo de criação não só dela, mas do “Solitude” no geral, e tudo foi rápido? “Long Road” certamente resume o sentimento - 59 -
exemplo, saiu de uma ideia de música instrumental de guitarra (que já carregava essa aura de liberdade) e talvez por isso tenha um solo tão enorme! Felizmente, quando a transformamos em uma música de fato, o talento de todos os músicos preencheu cada poro, fazendo Long Road ser o que é hoje. No processo de composição, a principal meta era simplesmente se expressar, por isso temos tantas referências no nosso som. A ideia era tocar algo que gostaríamos de ouvir e gostamos de muitas coisas diferentes, de Metallica, Megadeth, Alice in Chains, Dream Theather a Michael Jackson, existe um mundo! A escola americana fica evidente principalmente no vocal e é uma das grandes influências da banda, misturando o Metal clássico com elementos mais novos. Além disso em algumas músicas, senti também uma veia no Hard Rock e no quase extinto Grunge. Quais bandas mais os influenciaram e o que estão ouvindo no momento? Algo tem chamado a atenção de vocês ? Com certeza, temos grande influência americana no nosso som, tanto do Metallica, Pantera, Symphony X, quanto do Megadeth, Zakk Wylde e AiC. Essas bandas citadas têm uma grande influência no nosso som. Essa parte da influência é bem ampla para nós, todos carregamos nossas influências de uma forma ou de outra para a banda. Em “Solitude”, temos muita coisa nas linhas de baixo inspiradas no Van Halen, na bateria de Portnoy a Lars; na guitarra, de Zakk a Friedman, Adrian Smith; e na voz, temos influências de Russell Allen, Phill Anselmo, James Hetfield e Michael Jackson e etc. Mas bebemos de outras fontes também. Nos inspiramos em compositores de filmes e jogos como John Williams, Hans Zimmer, No- 60 -
buo Uematsu e Yasunori Mitsuda. Atualmente, artistas novos que têm chamado muito a atenção são Ghost e Plini. A Rock Meeting completa 10 anos, e dentro desse tempo o metal mudou e evoluiu bastante. Como vocês enxergam a cena hoje e o futuro como esperam? Enxergamos de forma globalizada. Sabemos que o Metal é muito forte na Europa, em parte da América do Norte e Ásia. São locais mais acolhedores para bandas novas que levam o trabalho a sério e que prezam pela qualidade. Infelizmente, os festivais e shows no Brasil, em grande parte, são feitos das eternas mesmas bandas e o espaço fica um pouco complicado e restrito. Talvez pela insegurança de apostar em novos artistas ou por ter a garantia de lucro que os artistas renomados internacionalmente já trazem consigo. Mas a internet é um grande território e uma excelente ponte para o mundo inteiro. E isso é novo (em termos de streaming/redes sociais) e precisa ser usado a favor! Então, vemos o futuro por este caminho, uma vez que ninguém mais ganha dinheiro com vendas de discos. A internet se mostra uma excelente ferramenta para interagir com o público e se fazer ser conhecido. O Brasil sempre foi um celeiro especial para bandas do som pesado, mas ao mesmo tempo temos que aprender a dar valor as nossas bandas e músicos. Eu, sendo de São Paulo, tenho uma facilidade em ir a shows, comprar material. Agora em Brasília, como funciona? Dizem que se você chutar uma árvore em Brasília, caem uns 10 músicos. Brincadeiras à parte, essa piada tem um fundo de verdade. A cidade tem muitos músicos de qua- 61 -
lidade e muitas bandas. Incrivelmente, dos anos 2000 pra cá, Brasília passou a entrar na rota dos shows internacionais de metal, mas nada de o Metallica chegar... isso mostra que algo ainda está faltando por aqui!
nos planos. Claro que vocês ainda têm muito o que divulgar o primeiro álbum da carreira, mas podem adiantar algum plano futuro? Certamente! Estamos na era do vídeo. Sendo assim, pretendemos explorar o àlbum de todas as formas possíveis. Temos planos para gravar vídeos para todas as músicas em formatos diferentes. Até agora, já temos “Solitude” no formato tradicional de vídeo clipe, “Dead Man’s Dance”, exploramos o formato de animação e
Como está a agenda de shows da banda? Têm planos para uma tour internacional? Estamos enviando material para o máximo de casas de shows e eventos possíveis. No entanto, estamos trabalhando para conseguir algo fora também (porém, essa parte exige um pouco mais financeiramente falando), mas está - 62 -
“Until The End”, em formato Split-Screen. Pretendemos interagir com o público, gravando partes de todas as músicas, solos, riffs, viradas, técnicas vocais, até detalhes de gravação e instrumentos isolados. Tudo isso faz com que o público conheça a fundo o trabalho da banda e o disco “Solitude”.
uma edição tão especial! Welcome to the Dying Kingdom! Amigos! A música foi feita para nos conectarmos uns com os outros e por isso é algo tão forte e maravilhoso. Somos gratos por partilhar com todos vocês um pouco da nossa existência e vice-versa. Sigam-nos nas redes sociais (YouTube, Instagram, Facebook e Twitter) e fiquem por dentro de conteúdos exclusivos, feitos para vocês! Marcus Valls, Pedro Assumpção e Marcos V.
Agradeço muito por reservar um tempinho e fazer parte dessa nossa edição. Para finalizar nossa entrevista deixe uma mensagem para os fãs... Muito obrigado, Luiz! Ficamos extremamente felizes com o convite, principalmente por ser - 63 -
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Föxx salema Com "Rebel Hearts" no mercado, Föxx Salema fala sobre seu début, inspirações e próximos passos da banda
Por Renato Sanson | Foto Luringa
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usicista e cantora autodidata. Assim definimos a Föxx Salema, que com muita perseverança colocou no mercado seu début, “Rebel Hearts”, e nos brinda com um Heavy Metal poderoso e diversificado, bebendo nas influências tradicionais, mas não deixando o lado moderno, unindo ambas as fórmulas. Estrada, formação musical, Andre Matos e muitos mais! São vinte anos de estrada e muita luta para se manter ativa no Heavy Metal. Porém só agora em 2019 o primeiro álbum chega ao público. Qual a sensação do lançamento de “Rebel Hearts” após tanta insistência? Satisfatória, eu mesma tenho as minhas reservas sobre alguns aspectos do álbum na questão de mixagem/timbres e masterização, mas no geral é um sentimento positivo, de realização. Musicalmente “Rebel Hearts” apresenta o poder do Heavy Metal tradicional aliado a ótimas melodias e inserções mais modernas. Como foi o processo de composição do début? De certa forma, difícil e fragmentado. Eu utilizei letras e linhas/melodias de voz que já existiam, mas nunca foram gravadas, criei inéditas/novas em outras canções (estas com riffs de guitarra e levadas de bateria já bem definidas por mim) e também regravei com uma nova roupagem, uma música já anteriormente lançada. Tudo isso sem uma formação de banda, com o produtor musical ajudando nas guias e posteriormente com os musicistas contratados, lapidando o instrumental em estúdio. Queria que você nos contasse um pouco de sua formação musical, já que além de cantora é musicista e tens um grande - 66 -
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Foto: Banda/Divulgação
apreço pela música erudita. Bom, eu sou autodidata em canto e em inglês. A minha apreciação pela música erudita fundida ao Metal dá-se por artistas e bandas que fizeram isso, principalmente o (infelizmente) falecido Andre Matos. Eu participei (inclusive como solista em uma das apresentações) de um coral em minha cidade Natal, Bragança Paulista, o que ajudou a aprimorar minha técnica vocal e foi uma experiência bem interessante.
calista mais te influenciaram? Foi ótimo, fiquei bastante feliz tanto com a receptividade do público, quanto com o fato de ser a minha 1ª vez cantando na casa de shows Mister Rock em Belo Horizonte. Minha participação foi praticamente de improviso, sem ensaio e eu estava meio doente, mas mesmo assim tudo ocorreu bem. Meu marido filmou e o resultado final pode ser assistido em meu canal no YouTube. Quanto as composições do Andre que mais me influenciaram, foram: “Moonlight” (mesmo sendo baseada numa composição originalmente de Beethoven), “Streets of Tomorrow”, “Nothing to Say”, “Carolina IV”, “Holy Land”, “Freedom Call” e “Lisbon”. Aliás, todo álbum “Holy Land” do Angra teve um impacto enorme na maneira como eu canto.
Ainda sobre a música erudita. Uma de suas grandes influências foi o saudoso Andre Matos, e sabemos todo o carinho e respeito que você tem pelo mesmo. Como foi participar do tributo acústico para Andre e quais composições do vo- 68 -
sido o esperado? Ele está sendo muito bem recebido pelo público e também por boa parte da crítica especializada. A grande maioria das resenhas sobre o meu álbum estão sendo positivas. É claro que eu gostaria de estar chegando a mais e mais pessoas, mas tudo a seu tempo. 2019 está quase acabando, o que a Föxx Salema planeja para esta reta final? Arrumar um (a) guitarrista e realizar um show ainda este ano. Não está sendo fácil preencher a vaga para o posto (que inclui também cantar os backings vocals e corais das minhas composições), não é qualquer pessoa que toca com fidelidade os arranjos e solos feitos; assim, os testes continuam. Seja como for, eu, meu marido Cleber (o tecladista da banda) e nosso baixista DC, prosseguimos com os ensaios, usando “samples” dos/para outros instrumentos. Para encerrar qual a importância do Heavy Metal em sua vida e se você pudesse indicar, qual disco mostraria para alguém que nunca tivesse escutado Metal antes e por quê? O Heavy Metal é parte integral da minha essência e de quem eu sou, não é meramente um gênero musical, é um estilo de vida e a minha verdade! Eu me sinto orgulhosa de ter apropriadamente apresentado isso ao meu marido e (principalmente) trazido ele para o mesmo. Já em relação à indicação de um “disco” para quem nunca tivesse ouvido Metal, eu mostraria o “The Number of the Beast” do Iron Maiden, pois além de ser um clássico (quase que obrigatório), foi também o 1º vinil de Metal que eu comprei. Em seguida claro, eu indicaria o meu próprio álbum autoral, “Rebel Hearts”!
“Rebel Hearts” foi lançado em formato físico e digital. Ainda que a era digital domine de forma assombrosa, o disco em formato físico em si traz à tona toda a luta de uma banda. Qual a importância de lançar tanto digitalmente e em mídia física? A mídia física é importante para fãs que querem algo além do virtual (inclusive com autógrafo e/ou dedicatória) e também para ser enviado para rádios, sites, casas de shows e outras mídias especializadas em Metal. Foi pensando nisso que eu e meu marido decidimos prensar o álbum em formato digipak e com encarte, com o máximo de qualidade que conseguimos.
=^.^= \m/ Como está a repercussão do début? Tem - 69 -
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Rock FEST RockFest reuniu grandes nomes do Hard Rock e Heavy Metal em São Paulo
Por RenatA pEN | Foto Marta Ayora
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primeira edição do RockFest reuniu grandes nomes do Hard Rock e do Heavy Metal mundiais em São Paulo, no dia 21 de setembro. No Allianz Parque havia uma multidão de roqueiros fieis para assistir aos clássicos de uma vida toda. As bandas parecem terem sido escolhidas a dedo pela Mercury Concerts. Whitesnake (Inglaterra), Scorpions (Alemanha), Helloween (Alemanha), Europe (Suécia) e Armored Dawn (Brasil). Fãs com suas camisetas favoritas circulavam por todos os cantos. O que não foi visto desta vez foram pessoas com pilhas e pilhas de copos do festival. Este fato talvez se deva ao valor um tanto salgado por um copo sem cerveja (R$20). A pontualidade em que as bandas se apresentaram foi um fator positivo porque um festival que começa de tarde e termina no final da noite, tende a ficar bem cansativo. Assim, esperar aquela troca de palco e passagem de som é algo desgastante. Estes atrasos aconteciam muito no começo dos anos 90 e era muito difícil curtir um show quando já se estava de pé durante horas. ARMORED DAWN Quem abriu o Rock Fest foi a banda brasileira Armored Dawn. Com seu estilo Folk Metal, mostrou ao público que no Brasil também temos bandas que representam muito bem o metal nacional. Apesar da carreira curta, a banda tem feito apresentações relevantes dividindo palco com grandes nomes como: Rhapsody, Megadeth e Symphony X. Durante a apresentação, os músicos se destacaram pela energia das guitarras e carisma do vocalista Eduardo Parras. No palco havia fogo e decoração que remetia a idade média. O show também foi marcado pela ho- 72 -
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menagem que fizeram ao saudoso vocalista do Shaman, André Matos, usando sua foto no telão durante a música “Sail Away”. Com setlist curtíssimo e dedicado ao álbum “Barbarians in Black”, de 2018, Armored Dawn esquentou a plateia para a próxima atração. EUROPE Ainda era dia quando o palco da banda Europe estava sendo montado. Os suecos são responsáveis pela cena hard rock que até hoje luta por seu espaço depois de uma pausa, onde outros estilos como o grunge começaram a apontar. Em apresentação única no Brasil, os suecos subiram ao palco com “Walk the Earth”, música que faz parte do último álbum lançado. Na sequência, vieram clássicos como “Cherokee”, “Carrie” e Rock the Night”. Joey Tempest brincou bastante com seu pedestal e fazia poses a la Jon Bon Jovi encantando a todos com seu domínio de palco. Eles continuam impecáveis e fieis ao estilo no qual começaram. A única diferença é que os cabelões que se usava na década de 80 já não fazem mais parte da cena Glam Metal. A maturidade tomou conta de tudo. Um show cheio de hits e caras bonitões são o segredo para agradar um público de todas as idades e gostos. “The Final Countdown” é tipo aquela música do filme “Rock” (‘The eye of the tiger’), não há uma pessoa que não dê aquela puladinha e vibre só de ouvir o início da música. Coisa linda! HELLOWEEN Já com o céu mais escurecido, chegou a vez dos veteranos do speed metal que já vinham trazendo a turnê “Pumpiking United” - 75 -
desde 2017. As imagens nos telões traziam o significado e magia de cada música. Os vocalistas se revezaram e com sete integrantes foi possível fazer uma apresentação ilustre. O vocalista Andi Deris era o mais comunicativo e em um momento disse que eles estavam ali pelo Megadeth. Explicou que eles vieram substituir devido ao problema de saúde de Dave Mustane que o forçou a cancelar a turnê. Andi pediu que todos torcessem por uma breve recuperação do artista. O palco tinha uma passarela onde os
músicos puderam se aproximar do público. Essa estrutura possibilitou que os caras corressem de uma ponta a outra durante toda a apresentação. A oportunidade de ver uma das bandas mais importantes do metal, e ainda com seus vocalistas originais, levou os fãs a loucura e Kai Hansen, Michael Kiske e Andi Deris detonaram nos vocais. E o que falar sobre os demais integrantes: Michael Weikah, Markus Grosskopf, Dani Loeble e Sasha Gerstner? Se não fosse pelas manchas de idade nas mãos de um guitarris-
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ta avistado pelo telão, poderíamos afirmar que todos eles eram meninos brincando de rock stars. Foi com a sequência: “I’m alive”, “Sr. Stain” e “ Eagle Fly Free” que a galera se descabelou, pulou e cantou sem intervalo para dar um gole na cerveja. Só foi sentida a falta da poderosa “Helloween” no setlist. Fora isso, tudo estava perfeito. Um verdadeiro paraíso para os metaleiros. Pena não podermos congelar os momentos que amamos porque este seria um.
Era hora de deixar o palco para os ingleses do Whitesnake. Uma das bandas mais queridas no cenário Hard Rock, influenciou muitas outras, pelos solos de todos os integrantes, visual e os vídeos que assistíamos incansavelmente na saudosa MTV. A banda já passou por inúmeras trocas de integrantes, mas a que esteve presente neste fest foi: David Coverdale (vocais), Reb Beach e Joel Hoekstra (guitarra), Michele Luppi (teclados), Michael Devi (baixo) e Tommy Aldridge (bateria). O show contou com músicas do novo ál-
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bum “Flesh & Blood”, que obteve ótimas críticas e não fugiu daquela linha de hits e baladas que a banda vem mantendo ao longo da carreira. Em turnê pelo Brasil, Coverdale comemorou seu aniversário de 68 anos no dia 22 de setembro, no hotel em São Paulo, com alguns convidados íntimos e os amigos da banda Scorpions. Com esta idade não é qualquer um que encara um palco e um público fiel pronto para apontar qualquer falha. É claro que sua voz não é mais a mesma e o apoio dos backing vocals foi importantíssimo, mas e daí? É o Whitesnake e isso não tirou a grandeza da banda que coloca todo mundo para cantar em “Here I go Again” e a linda “Is this Love?”. São clás-
sicos do rock que jamais serão superados e devem ser respeitados. Os solos nos shows do Whitesnake são famosos, mas um em especial deste festival foi histórico. Tommy Aldridge jogou as baquetas e começou a solar com as mãos. Sua cabeleira esvoaçante balançava ao ritmo de suas batidas e em seguida foram os murros nos pratos. Nossa, deve ter doído! Para um senhor de quase 70 anos, isso parece loucura, mas não para o super Tommy. E o show seguiu com as lindas poses do guitarrista Joel. Além de ser um cara de presença, é um super guitarrista, tanto que já ofereceu dois workshops sobre guitarras em São Paulo. E a apresentação é encerrada com um cover do Deep Purple “Burn”. Coverdale se - 78 -
despediu dizendo “fiquem seguros e não deixem ninguém te fazer sentir medo”.
soltava fumaça. No começo do show estava meio monótono. Não havia agitação ou entusiasmo, somente os telões que eram exageradamente coloridos. A plateia começou a reagir quando a plataforma, que já estava alta para a bateria de Mikkey Dee, ficou envolta de fumaça e começou a subir como se estivesse em uma nuvem. E em um lindo solo, Dee estraçalhou sua batera e depois disso os hits vieram animando totalmente a galera. “Still Loving You” é uma balada que faz qualquer coração balançar e “Rock You Like a Hurricane” tira qualquer um do chão. E a festa termina com um sentimento de missão cumprida.
SCORPIONS Com uma voz aveludada, Klaus Maine não teve muitos prejuízos com o tempo em sua voz. Isso aconteceu devido a não tê-la forçado tanto como acontece com a maioria dos nossos ídolos. Klaus jogou ao público muitas baquetas no início da apresentação, mimos estes que fez a alegria de muita gente. Sua presença de palco também se difere dos demais frontman. Sua atuação foi mais de andar de um lado para o outro e raramente deu uma corridinha. Já Rudolf Schnenker não se poupou da correria com sua guitarra que - 79 -
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phil x Fundador do The Drills e atualmente guitarrista do Bon Jovi, Phil X fez workshop de guitarra em São Paulo
Por RenatA pEN | Foto lUCAS mACHADO
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quantidade de artistas com quem Phil X já tocou é imensa: Tommy Lee, Methods of Mayhen, Avril Lavigne, Kelly Clakson, Orianthi, Robustezes Zombie, Chris Daughtry, Alice Cooper, Thousand, entre outros. Phil X também é o compositor de músicas e álbuns multipremiados, como o single “Tired", do álbum Tommyland: The Ride, o segundo disco solo do baterista do Mötley Crüe, Tommy Lee, lançado em 2005. No Triumph, o guitarrista gravou o excelente “Edge of Excess”, de 1992. Ele ainda participou do vídeo de “making of” do filme Josie e as Gatinhas, sucesso dos anos 2000. WORKSHOP Phil X aproveitou a vinda para o Brasil e marcou algumas datas para mostrar um pouco de seu talento. Em São Paulo, acompanhamos o guitarrista no Manifesto Bar, que às 19h já se formava fila com fãs da banda Bon Jovi principalmente e é claro que não poderiam deixar a chance de ver de perto um dos integrantes de uma das bandas mais importantes no cenário hard rock da história. Havia aproximadamente umas 10 pessoas na fila quando Phil passa na calçada, quase que desapercebido, mas isso seria um milagre levando em conta que todos estavam ali por causa dele. E então foram sorrisos, abraços e fotos para todos os lados. Em seguida, na mesma calçada, Obie O’Brien, amigo pessoal de Jon Bon Jovi e produtor musical passa e batemos um papinho. Ele contou que já está com o Bon Jovi há 38 anos e agora auxilia o novato Phil X ao redor do mundo. Enquanto ele foleava um livro que eu havia levado com a história da banda, ele lembrava de cada momento e falava “Oh meu Deus, eu me lembro disso” e foi falando da - 82 -
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vida fora de casa e em turnês durante tanto tempo. Quem quiser conferir um pouco mais dele, acesse o site. Voltando ao workshop, quando entramos recebemos um lindo copo azul escrito Phil X, uma lembrança que todos gostaram de receber. Pouco após o horário marcado, Phil sobe ao palco e inicia uma divertidíssima experiência. Com um enorme carisma e generosidade, este guitarrista “novato” conta histórias, faz demonstrações e responde as questões de todos. Contou sobre suas influências e sobre
suas técnicas. Ele respondeu como foi entrar para uma banda que, até dias atrás, ele mesmo era fã, e até hoje quando ele olha e vê que está perto do Bon Jovi não acredita muito. Também afirmou quão difícil é estar no lugar que havia outro respeitado guitarrista, Ritchie Sambora. Falou um pouco sobre composições e como surgem em sua cabeça, às vezes ele está até dirigindo e vem uma melodia na cabeça, e então para, grava um “lalalala” no celular para depois colocar em prática. Perguntaram a ele sobre o futuro do rock e mencionaram a banda
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tão comentada nos últimos tempos Greta Van Fleet. Ele respondeu que a música do Greta é uma musica bem simples e que ele não consegue enxergar alguém compondo um hit tão brilhante como “Living on a Prayer”. Durante a apresentação, presentes foram entregues. Ele ganhou um boneco de pano dele mesmo, o que o fez rir muito porque o bonequinho era uma graça, também aproveitaram para entregar os bonecos dos outros membros da banda. Perto de finalizar, alguém pediu uma palheta e a partir daí foi uma festa. Foi palhe-
ta para todo lugar. Muita gente ficou feliz com mais esse mimo. Pra encerrar, a banda These Days (Bon Jovi cover) já se posicionava para terminar a noite com a responsabilidade de tocar pertinho de um ídolo. Eles subiram ao palco, caracterizados, o vocalista imita até os gestos e a forma física de Bon Jovi e tocaram os hits mais amados por todos. Um show admirável! Enquanto isso Phil X subia ao camarote e atendeu a todos os presentes, tirou fotos e deu autógrafos. Uma noite superpositiva e enriquecedora a todos os amantes da música.
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